Jornal ABRA - 19ª edição

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19ª IMPRESSÃO Santa Maria, junho/julho de 2009 Jornal Experimental do Curso de Comunicação Social - Jornalismo - UNIFRA Carne está fora de cena Batman, em 70 anos de aventuras Namorar ou não namorar, eis a questão Locadoras rivalizam com DVDs piratas O cavaleiro das trevas apareceu nos quadrinhos, em 1939. Depois ganhou novas histórias, novos persona- gens e dominou até mesmo os cinemas, para a diversão de seus admiradores. Página 9 O Dia dos Namorados é uma data especial para quem está acompanhado. Com pre- sentes ou não, é sob medida para expressar carinho. Página 10 Frio e férias combinam quando o assunto é ficar em casa, assistindo a um bom filme. Nesta época, a procura por DVDs aumenta. Página 7 O vegetarianismo é a opção de muita gente. Qualidade de vida, consciência ecológica e preocupação com os animais e com a sociedade estão entre os fatores que levam as pes- soas a aderirem a essa dieta, que exclui a carne. A restrição, por vezes, também abrange ovos, leite e derivados. A preocupação, ressaltam os especialistas, é manter o equi- líbrio nutricional, que pode ficar prejudicado se a proteína animal for retirada do cardá- pio sem o devido cuidado. Página 6 O cardápio vegetariano se caracteriza por ser pobre em gordura saturada e colesterol e rico em antioxidantes, o que ajuda a prevenir doenças cardiovasculares e cancerígenas GABRIELA PERUFO Achados e guardados nas bolsas femininas Que modelos as mulheres preferem e com o que elas recheiam suas inseparáveis bolsas? A questão é respon- dida por suas usuárias, que não as dispensam nos vários momentos do dia, seja para trabalhar ou se divertir. Página 5 ARIÉLI ZIEGLER CAROLINA MORO

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Jornal ABRA - 19ª edição, de junho/julho de 2009. Jornal laboratório do curso de Jornalismo do Centro Universitário Franciscano (Unifra), Santa Maria - RS.

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19ªImpressão

Santa Maria, junho/julho de 2009 Jornal Experimental do Curso de Comunicação Social - Jornalismo - UNIFRA

Carne está fora de cena

Batman, em 70 anos de aventuras

Namorar ou não namorar, eis a questão

Locadoras rivalizam com DVDs piratas

O cavaleiro das trevas apareceu nos quadrinhos, em 1939. Depois ganhou novas histórias, novos persona-gens e dominou até mesmo os cinemas, para a diversão de seus admiradores.

Página 9

O Dia dos Namorados é uma data especial para quem está acompanhado. Com pre-sentes ou não, é sob medida para expressar carinho.

Página 10

Frio e férias combinam quando o assunto é ficar em casa, assistindo a um bom filme. Nesta época, a procura por DVDs aumenta.

Página 7

O vegetarianismo é a opção de muita gente. Qualidade de vida, consciência ecológica e preocupação com os animais e com a sociedade estão entre os fatores que levam as pes-soas a aderirem a essa dieta, que exclui a carne. A restrição, por vezes, também abrange ovos, leite e derivados. A preocupação, ressaltam os especialistas, é manter o equi-líbrio nutricional, que pode ficar prejudicado se a proteína animal for retirada do cardá-pio sem o devido cuidado.

Página 6

O cardápio vegetariano se caracteriza por ser

pobre em gordura saturada e colesterol e rico em antioxidantes, o que ajuda a prevenir

doenças cardiovasculares e cancerígenas

gAbRIElA pERUFo

Achados e guardados nas bolsas femininas

Que modelos as mulheres preferem e com o que elas recheiam suas inseparáveis bolsas? A questão é respon-dida por suas usuárias, que não as dispensam nos vários momentos do dia, seja para trabalhar ou se divertir.

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junho/julho 2009

Expediente

EditorialMade in Índia

Jornal experimental interdisciplinar produzido sob coor-denação do Laboratório de Jornalismo Impresso e Online do curso de Comunicação Social – Jornalismo do Centro

Universitário Franciscano (Unifra)

Reitora: Profª Iraní RupoloDiretora de Área: Profª Sibila RochaCoordenadora do Curso de Comunicação Social - Jornalismo: Profª Rosana Cabral ZucoloProfessores orientadores: Iuri Lammel Marques (Mtb/RS 12734), Laura Elise Fabrício e Sione Gomes (MTb/SC 0743)

Redação - aprendizEditor-chefe: Juliano PiresDiagramação: prof. Iuri Lammel MarquesEquipe de reportagem: Cassiano Cavalheiro, Fellipe Bernardini, Francielle Bueno, Jucineide Ferreira, Juliana Bolzan, Leandro Rodrigues, Liciane Brun, Patric Chagas, Sofia Vieiro e Vanessa Moro.Fotografia: Ariéli Ziegler, Carolina Moro, Cassiano Cavalheiro Ediane Alves, Evandro Sturm, Gabriela Perufo, Leandro Rodrigues Maiara Bersch e Ricardo Borgignon, sob coordenação do Laboratório de Fotografia e Memória.

Se você tiver críticas, sugestões ou quiser ser um colaborador do Abra envie um e-mail para nós! [email protected]

Impressão: Gráfica Gazeta do SulTiragem: 1000 exemplaresDistribuição: gratuita e dirigida

Entre brâmanes, xátrias, vaixás, sudras e dalits, uma nova cultura tem se estabilizado no mercado de bens simbólicos: a indiana. Com uma ajudinha do cinema, e da televisão, os holofotes da mídia tem se virado cada vez mais em direção ao pequeno e populoso país.

Não há dúvidas que o longa de Danny Boyle, Quem quer ser um milionário? (2009), traz para discussão um pouco da realidade vivida pelos habitantes da Índia, e de apresentar elementos até então desconhecidos (visu-almente) da maior parte da população mundial. Na trama, a cada pergunta respondida por Jamal Malik, o expectador experimenta tanto a euforia pela resposta certa, quanto dilemas e angústias vivenciadas pelo jovem. O filme ganha os méritos não apenas por vencer oito Oscares e quatro Globos de Ouro, mas também por não privilegiar e distorcer, em prol do enfoque da trama, a cultura representada, como acontece na abrasileirada Caminho das Índias, da Rede Globo.

A diferença entre as duas abordagens gera outra dis-cussão em torno do papel que a mídia tem diante de suas representações. É visível a recusa dos meios de comuni-cação em aceitar o poder e a influência que exercem, o que se torna generalizável a partir do momento em que exaltam os sucessos e recusam as falhas: quando há um consumo positivo, a mídia assume o papel de propaga-dora de culturas e modas, situação que se inverte radi-calmente diante elementos negativos, como a violência.

“Baguan Keliê”, diria um indiano diante da tela da Globo. É engraçado, mas o etnocentrismo presente na novela é capaz de seduzir até mesmo o mais radical muçul-mano. O choque cultural, no entanto, ocorre quando se abre as páginas de uma revista como a Superinteressante de junho, onde o leitor se depara com o complemento da realidade apresentada no filme de Boyle: 18 línguas ofi-ciais, milhares de dialetos, uma sociedade marcada pela instabilidade entre as crenças religiosas, com o trabalho e o destino das pessoas definidos no momento do nascimento através da classificação em castas, e o desafio de conviver assistindo às diferenças entre os sexos. “Are Baba”!

Diante desse quadro fica claro como o recorte arbi-trário de um determinado contexto social e histórico prejudica a compreensão e compromete a qualidade do que é informado e romanceado. As diferenças existem, sim, e precisam ser mais valorizadas nas construções para não haver a sobreposição de culturas, como já se pode projetar no final clichê entre Bahuan e Maya. Jamal e Latika deixam claro que toda realidade tem um final feliz e adequado à sua trama. “Atchá”!

Boa leitura e “Namastê”!

A profissionalização do amor

Carta a um grande amorQuerido. Aguardo sua chegada

impacientemente, assim como uma criança aguarda pelo seu presente de natal. Sei que as coisas mudaram muito desde a última vez que nos vimos, mas assim como o tempo mudou nossas concepções de mundo, creio que ele também tenha varrido todas as nossas mágoas. Também sei que as coisas não funcionam exata-mente como queremos e que, às vezes, também não medimos as palavras em uma briga. Palavras essas que guar-damos e carregamos pela vida toda por ser muito difícil de nos livrarmos das memórias do passado. Mas com o seu regresso à minha vida acredito que as coisas serão bem melhores.

Sentada na poltrona vermelha da sala que você tanto ama, e olhando uma foto sua em frente à lareira

enquanto escrevo esta carta, espero muitos anos por esse Dia dos Namo-rados em que, depois de todo esse tempo a esperar, enfim, você voltará para casa e talvez nem leia esta carta, mas tive que escrevê-la. Era como uma promessa, um pacto que fiz no dia de sua partida e que, quando retornasse, eu a escreveria lhe dando as boas-vindas antes mesmo de chegar. Eu só queria poder dizer, antecipadamente, através desta, que eu te amo muito e que essa data tem uma importância tão singular em minha vida que você não faz ideia.

Seja como for e mesmo não sendo exatamente como eu imaginei todos esses anos, eu ainda serei então completamente feliz quando ouvir a campainha e quando enxergar seu rosto, tocar seus lábios, te abraçar

bem forte, chorar no seu ombro, poder dizer na sua frente o quanto você representa em minha vida o quanto eu me sinto completa agora. Eu estou aqui meu querido. Eu estou aqui, como no dia em que você partiu, de braços abertos, esperando o seu regresso. E não vai importar o que tenha mudado em nós dois ou o que você tenha feito ou deixado de fazer longe de mim. Tenho a cons-ciência limpa e alma lavada pronta e disposta a lhe amar, mais uma vez.

Com todo o amor do mundo e toda a sinceridade de meu ser lhe desejo então um feliz Dia dos Namorados e assim, contudo, estarei te espe-rando, com a sede de quem ama e a impaciência de quem vive.

Por Fellipe Bernardini

Quando pensamos em amor, logo vem a ideia de sentimento que nasce no coração e de uma relação de carinho entre duas pessoas. Quando pensamos em negócios, logo vem a idéia de pro-paganda, investimento, administração e a busca pelo lucro. Mas uma dúvida desponta: qual é a semelhança entre o amor e os negócios empresariais? É maior do que pensamos.

A relação entre esses dois aspec-tos distintos é a mais nova cláusula do contrato amoroso vivido nos rela-cionamentos de hoje em dia. É fácil de denotar a analogia, para isso basta darmos uma olhada nos vínculos dos casais que nos rodeiam e analisar como é tratado o tema “amor”. Ao conhecer uma pessoa, não estamos livres de sermos pegos pelo famoso amor à primeira vista e que se torna uma linda história. Isso, é claro, se ele sobreviver aos desencontros, às (des)afinidades, à localização, às diferen-ças de (real)idade e a vários outros empecilhos que o impeça de se trans-formar em um “felizes para sempre”.

A fim de evitar que essa possibi-

lidade desapareça, começa a entrar em jogo a propaganda pessoal, com o propósito de atrair a pessoa dese-jada. O primeiro passo é mostrar as intenções e deixar claro a que se veio, revelar os interesses pessoais, o que faz e, principalmente, onde mora e a forma de deslocamento. Marke-ting esse que não se restringe apenas a posses materiais, mas que está pre-sente também no círculo social e até mesmo de amizades

A próxima etapa é encontrar o par ideal: o momento de fazer investimen-tos. A relação entre amor e negócio se torna mais próxima quando chega a hora de pagar a conta do telefone, e ver aquele mesmo número de telefone que foi discado quase todos os dias, a conta do restaurante, escolhido a dedo para impressionar e conhecer melhor o convidado(a), a lembrancinha, para não cair no esquecimento, e a gaso-lina, afinal de contas se a montanha não vem até Maomé, Maomé vai até a montanha. Isso tudo, além de estar implícito na propaganda, justifica o dito de que “nem o amor é de graça”.

A afirmação traz uma certa pre-ocupação, pois mostra que não há um empenho conjunto de ambas as partes, o que acarreta em vantagens para alguns e prejuízos para outros. Esse desequilíbrio também exige domínio e talento para que a adminis-tração faça a relação progredir e obter lucros. Lucro que vem da união de vantagens individuais dos parceiros e das conquistas construídas durante a convivência como casal. A falta de competência é, na maioria das vezes, o que leva as empresas à falência. E nos relacionamentos amorosos não é diferente. Administrar um NÃO não é para qualquer um.

Então, quando for se envolver, tente pensar como um empresário. Seja empreendedor, tenha recursos para investir, trabalhe a criatividade para evitar crises, tenha ambição de ir adiante e, principalmente, consiga um assessor (conselheiro) amoroso. Afinal, Hitch (2005) provou que quem segue as regras consegue o que quer.

Por Jucineide Ferreira

Feche os olhos e entre na dançaEra uma vez uma menina peque-

nina, mas que não queria ser baila-rina, como a da poesia de Cecília Meireles. Ela nunca teve muita disci-plina, detestava rotina e sentia que a vida lhe apresentaria algo diferente. Embora a vida tivesse lhe imposto obstáculos sem dó, ela nunca andou de ré. E mesmo que todos lhe dis-sessem não, ela não perdia a fé. Do nascer ao pôr-do-sol, algo lhe dizia para jamais deixar de confiar em si.

Passou o tempo e a menina já não era mais pequenina. Diziam que vivia “fora do ar” e que nada fazia além de sonhar. Na verdade, sem seus sonhos não poderia viver, pois era a fantasia que não a deixava fenecer. Nunca contou a ninguém que, muitas vezes, quis desistir, mas que, depois de fechar os olhos por um instante, voltava a sorrir. Sabia

que era preciso prosseguir.Cada dia lhe proporcionava uma

surpresa e, em qualquer canto, ela encontrava beleza. A paixão permi-tia à menina enxergar as coisas e as pessoas além do óbvio ou, talvez, tivesse nascido com uma dose extra daquilo que chamamos de encanto. Certa vez, sentiu-se incomodada com aquilo tudo, muita sensibili-dade poderia lhe atrapalhar se como jornalista decidisse trabalhar.

Ainda bem que estava enganada e transformou a emoção em sua aliada. A menina, que agora aos poucos se tornava mulher, percebeu que não seria fácil, que não teria tempo para namorar, que iria se irritar, que muito cedo teria que acordar. Conciliar a jornalista com a mulher seria algo difícil, e deixou de fazer as unhas e cortar o cabelo, mas sentia prazer

em trabalhar. Não quis mais parar.Mesmo que as noites fossem mal

dormidas e que as costas doessem, a “menina” sabia o quanto seu ofício era importante. No dia 17 de junho de 2009, aquela notícia a abalou sim, e outra vez teve vontade de desistir, mas bastou fechar os olhos por um instante para que a certeza nova-mente aparecesse: não largaria tudo assim. E ela lembrou que durante a sua vida, soube transformar todos os “nãos” em combustível para seguir adiante. Escrever se tornou sua dança e sua vocação, e ela fazia aquilo com toda a paixão... Abandonar o jorna-lismo? Não, não e não...

A menina não é mais pequenina, não pode simplesmente esquecer-se da dança e dormir como criança.

Por Sofia Viero

OPINIÃO

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junho/julho 2009

A crise do Jornalismo

Não é a obrigatoriedade do papel que nos fará desistir dos nossos sonhos. Ser jornalista não é apenas gostar muito do que faz, pois gosto temos por muitas coisas. Porém, amor não encon-tramos em qualquer lugar.

O que foi chorado, batalhado e conquistado ao decorrer de nossa trajetória acadêmica jamais será perdido. Quantas críticas já ouvimos em nossas vidas? Não importa se ela foi boa ou não, cor-reções fazem parte de nosso coti-diano. As conquistas dependem apenas de nossa determinação e garra para seguir em frente.

O que vamos fazer agora? Ficar de braços cruzados esperando o tempo passar é o que não pode. Somos gladiadores em uma arena de ‘’supremos’’, e o jogo pode ser invertido se nos mobilizarmos e mostrarmos ao público que, mesmo existindo os novos ‘’cida-dãos jornalistas’’, as pessoas ainda precisam de alguém que realmente conte a elas a realidade em torno dos acontecimentos e dos fatos.

Mesmo que a briga seja difícil, o que importa é lutar por direitos e deveres, e que esses sejam res-peitados. Com ou sem diploma, a graduação será nossa e os obje-tivos permanecerão os mesmos, e não serão oito pessoas que decidirão nosso futuro. Somos jornalistas por formação não por “diplomação”, pois o que real-mente importa é que façamos a diferença onde quer que seja.

Por Francielle Bueno

Revolta, indignação e decep-ção. Foram esses os três senti-mentos que predominaram em acadêmicos e profissionais for-mados em jornalismo desde o último dia 17, quando em uma decisão reconhecidamente infe-liz, o Supremo Tribunal Federal decidiu pela não-obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão. A decisão do STF, além de desprezar a profissionaliza-ção e a qualidade da informação recebida pela sociedade, aumen-tou ainda mais a instabilidade e a disputa pelas fatias específicas do mercado de trabalho. O que antes era definido pela formação acadêmica, agora passa a ser atri-buído a facilidades de execução e a indicações e apadrinhamentos.

Mas, passado o momento “leite derramado” e da terapia do “grito em grupo”, e conscientes de que se estabeleceu um clima de não-aceitação constante, é con-solidado o momento de fazer a diferença. Da mesma forma que entrar no mercado de trabalho parece ter se tornado mais difícil, também é preciso levar em conta

que certos elementos continuam os mesmos, como o piso salarial para os jornalistas formados e a lógica organizacional que privile-gia os obedientes.

Diante desse quadro, mais do que nunca, e indo além do pro-testo de cara pintada, é preciso mostrar a criticidade inteligente, no melhor estilo vivido durante os anos de chumbo. Assim como existem aqueles que, por um lado, preferem optar pelas armas, de outro, estão os que, sem perder a diplomacia, lite-ralmente atacam pela frente das entrelinhas e com uma acidez capaz de derreter o orgulho de qualquer alvo sem tocar na moral dos mesmos.

Toda crise carrega, junto com os problemas trazidos, a obrigação pela transposição desses obstá-culos impostos. Com freqüência, ouvia-se falar em uma “crise do jornalismo”, momento no qual seria necessário dar uma virada de mesa, romper com paradig-mas, estabelecer novas formas de execução e rever teorias. E, final-mente, tal episódio ocorreu.

Falar sobre o fim dos cursos de graduação em jornalismo e no favorecimento das organi-zações e empresas jornalísticas é chover no molhado. O futuro é incerto, e muitas evidências estão se revelando, mas também não se pode afirmar com certeza que era está surgindo.

A concorrência entre os profis-sionais, sim, promete se acirrar. Porém, é fundamental que os competidores jamais se esque-çam que, interesses financeiros e egocêntricos a parte, o período não é de ações e pensamentos centralizadores e individualis-tas, como acontece até então. E que, simultaneamente, é através da disputa que o melhor predo-mina e acontece a segmentação e a divisão, ainda mais quando ela é instigada por interesses de terceiros e envolve elementos mercadológicos.

Se a academia tem entre seus princípios o de estimular o pen-samento crítico, é o que vere-mos a partir de agora, porque mais do que profissionais precá-rios, fazem-se necessários jor-

nalistas de formação que não se encolham atrás de seus cubícu-los redacionais para garantirem seus empregos, e que formem cidadãos capazes de se posicio-nar ao se sentirem ameaçados e prejudicados, como está acon-tecendo nessa “guerra da (des)informação” brasileira.

Jornalista não é cozinheiro, mas a analogia do presidente do STF é válida. À especialidade de saber elaborar uma sopa de letras indigesta para quem dá nome ao prato, um novo e desconhecido ingrediente será adicionado, e que promete dar, além da tradi-cional dor de cabeça, muita insô-nia e dor de barriga.

Embora seja paradoxal falar em um lado positivo, vou me arriscar. Se ser jornalista envolvia talento e paixão pelo ofício, agora é que vamos ver quem tem competên-cia para sacudir a poeira da aco-modação, superar os obstáculos dessa crise e, ainda assim, deixar de lado o individualismo típico de quem tem medo de trabalhar em prol do grupo.

Por Juliano Pires

A realidade do sonho

Em 1918, a Associação Bra-sileira de Imprensa realizou seu primeiro congresso, em que um dos pontos discutidos foi a formação específica para ser jornalista. Já se tinha uma preocupação com o tema em uma época em que os jorna-listas aprendiam a profissão apenas na prática do dia-a-dia. Um dos pontos citava a necessidade de criação de uma Escola de Jornalismo, impres-cindível para habilitar o futuro jornalista. O “curso” servi-ria para elevar o nível moral da profissão, manter a ética, aproximar os jornalistas e teria duração de cinco anos.

Aqueles, que não eram for-mados, plantaram a semente que germinou em 1947, quando foi fundada a Facul-dade de Comunicação Social Casper Libero. Isso colocou a profissão em um novo patamar. Havia a graduação, mas ainda era uma época em que não era exigido diploma para o exer-cício da profissão. Entretanto, isso não foi empecilho para que muitas pessoas concorres-sem a estas vagas.

Em 1969, foi estabelecido o Decreto-Lei 972, de autoria da Junta Militar que governava o país. O documento estipu-lava que só poderiam trabalhar como jornalistas os cidadãos que tivessem a formação e o diploma específicos da área. Agora, passado 40 anos, esse direito foi revogado por uma decisão do Supremo Tribunal Federal. Mas lembremos que o diploma, mais do que uma folha de papel, tem uma série de sentidos inseridos. O prin-cipal deles é o de reconheci-mento pelos quatro anos de curso, que além de promover o aprendizado por meio da teoria, permite que a prática seja compreendida. Essa série de aprendizados só faz com que a qualidade de nossa capa-cidade seja lapidada.

Portanto, daqui para frente vamos mostrar o que já era pensado em 1918: a impor-tância da formação para o exercício do jornalismo e o que diploma representa. E, acima de tudo, mostrar à sociedade uma atuação ética e responsável, que se reflita no resultado da apuração e na qualidade do trabalho reali-zado. São esses os elementos que farão nosso diferencial diante dos “outros”, que não passaram por isso e que agora “conquistaram” a oportuni-dade de exercer a profissão.

Por Leandro Rodrigues

O diferencial da formação

OPINIÃO

Eles tentaram nos derrubarDepois de tanto suspense com

duas votações adiadas, eis que surge o resultado: não existe mais a obrigatoriedade do diploma jornalístico. Foram-se 40 anos, e então é derrubada a lei que exige a formação para o exer-cício da profissão. Agora, tanto um médico, um advogado, um professor, quanto uma doméstica podem ser jornalistas. Aulas de redação, conhecimento das técni-cas de reportagem, entendimento sobre os critérios de noticiabili-dade e quatro anos de curso em que aprende sobre antropologia, sociologia e filosofia: tudo foi considerado desnecessário pelo Supremo Tribunal Federal. E mesmo assim, lá poderão estar

todas as outras profissões, em uma sala de redação ou estúdio de TV formando opiniões.

Afinal, o que pensam os supe-riores ministros do STF? “O direito da liberdade de expressão é para todos”. Concordo, e acres-cento: o direito a ter uma infor-mação de qualidade também é para todos. E já que os cidadãos têm esse direito, merecem ser atendidos. Quem, não sendo qua-lificado, sabe informar devida e corretamente? Escrever bem, muita gente escreve. Mas há uma diferença abismal entre escrever bem e escrever jornalisticamente. Aí entra a compreensão sobre as técnicas e os aparatos disponíveis e que só será adquirida através

de uma formação e qualificação acadêmica.

Talvez os ministros do STF não saibam com o que consentiram no momento da votação. Talvez não tenham percebido que a decisão tomada no dia 17 desvalorizou a comunicação da sociedade, apu-nhalou os jornalistas por forma-ção e deixará o jornalismo cada dia mais precário. Mas querem saber? Não vou desistir assim. Alguém, um dia, em algum lugar, vai entender e valorizar o jorna-lista que pensa. E é isso que se aprende na academia, e nossos futuros “concorrentes não-diplo-mados” não aprenderão a viver e a pensar como jornalista de fato.

Por Liciane Brun

Cadê a Unifra!?!?

Depois que o airbus 447 sumiu, e o diploma de jornalismo “caiu”,

tudo é possível!

Por Cassiano Cavalheiro

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junho/julho 2009

Alcançar a realização profissional junto com a entrada no mercado

de trabalho é uma busca que se divide em etapas. A primeira e mais difícil delas é a escolha da área de atuação, muitas vezes iniciada ainda na adolescên-cia, quando o indivíduo precisa optar por um curso de gradu-ação que o realize pessoal ou financeiramente. Escolha essa que acaba por envolver diversos fatores, inclusive a pressão dos pais e a vocação natural para o ofício.

Passado esse dilema e con-cretizado o caminho a seguir, o graduando precisa projetar seu futuro e buscar a qualificação para manter as portas do mer-cado abertas para recebê-lo. Um bom emprego quase sempre vem acompanhado de um bom está-gio, realizado durante a facul-dade. Foi por essa trilha que passou a turismóloga Larissa da Ross Schafer, 26 anos. Antes de ser efetivada como funcio-nária do Hotel Continental em 2005, Larissa foi estagiária do estabelecimento durante o ano anterior, enquanto ainda estava na graduação. Depois de se formar, em janeiro de 2006, ela preferiu largar o emprego e se mudar para Santa Catarina, em busca de uma especialização.

O estágio, além de ser uma forma de adquirir experiência, também permite que o gradu-ando possa conhecer as diferen-tes áreas de atuação e o mercado de trabalho para, em seguida, ver onde melhor se adapta. O acadêmico de design, Rodolfo Rolim Dalla Costa, 20 anos, explica que o estágio na editora da Unifra, embora não seja na área que ele pretenda trabalhar no futuro, o ajuda a se envolver mais com o curso. “Não exis-tem muitas oportunidades de emprego para design em Santa Maria, por isso pretendo me formar e ir para Bento Gonçal-ves”, comenta Dalla Costa.

Mas conseguir um estágio não é uma tarefa tão fácil, e no Grupo RBS não é diferente. “Damos preferência de vaga para os esta-giários, mas depende dos critérios de seleção. Primeiro, abrimos vagas internamente. Existindo pessoas para trabalhar nas vagas que foram abertas, não abrimos vagas para fora”, comenta Alba Gorete dos Santos, consultora RH do Grupo RBS.

O mercado de trabalho pode parecer meio assustador para

alguns, mas além dos estágios, que são uma oportunidade de entrar no mercado, ainda existe o Sistema Nacional de Empregos (Sine), onde as pessoas interessa-das podem cadastrar seus currícu-los. Segundo o delegado regional da Secretaria da Justiça e Desen-volvimento Social, Leandro Carvalho Sanson, a seleção das pessoas para as vagas oferecidas atendem alguns pré-requisitos: “A triagem só pode ser feita atra-vés da escolaridade e experiência profissional, não podemos discri-minar por idade”.

Estatísticas do Sine revelam que as áreas mais procuradas são as relacionadas à saúde. Em contraponto, as menos pro-curadas pertencem às ciências exatas. E a que mais emprega é a de serviços. O cadastro das pessoas é feito gratuitamente e não exige pré-requisitos para sua realização, apenas a apre-sentação da carteira de trabalho, pois não é feito o cadastramento de profissionais autônomos. O Sine Santa Maria está locali-zado na Rua Alberto Pasqualini, 121, e funciona das 8h às 17h. Os telefones são 3222-9005 e 3221-2260, e o e-mail é [email protected].

Outra forma de ingressar no mercado de trabalho, para quem está estudando, é o Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), que indica os acadêmi-cos de acordo com seus cursos. O endereço da agência é Rua Venâncio Aires, 2035, sala 504. Os telefones são 3222-5833 e 3223-5937. O horário de aten-dimento é das 8h às 11h30 e das 13h30 às 18h.

Juliana Bolzan

Soluções do mercado de trabalho Aos 11 anos, ele queria ser o

melhor guitarrista do mundo. Hoje já não tem essa preten-são, mas, por três vezes con-secutivas, foi eleito pela crítica o melhor guitarrista do ano. Graças a seu irmão mais velho e ao avô, Duca Leindecker entrou no mundo da música. É líder da banda gaúcha Cidadão Quem. Além da guitarra, as compo-sições, palavras envoltas em livros e telas de cinema também são suas paixões.

Duca dirigiu o curta Chá de frutas vermelhas, que foi ao ar na RBS TV no encerramento da edição 2009 de Curtas Gaú-chos. Também é o idealizador do seu próprio estúdio, o Sub-marino Amarelo. Lá, foram produzidas as músicas de seu novo projeto, em parceria com Humberto Gessinger, Pouca Vogal, que esteve no dia 22 de maio em Santa Maria. “Estou adorando esse projeto. É muito bom sair do seu universo único, que é ser líder de uma banda, e entrar na banda de outro líder. É um aprendizado muito grande”, explica Duca.

Além de todas as atribuições que podem ser dadas a Duca Leindecker, o músico sempre teve uma relação muito forte com o paraquedismo. “Foi uma coisa muito legal que aconteceu na minha vida e muito horrível também”, relembra. Ele diz que se divertiu muito, teve prazer e emoção, mas também tristeza por causa da morte do baterista da banda e grande amigo Cau Hafner, que morreu saltando em 1999. “Por isso eu acabei, aos poucos, parando de saltar”.

A Casa da Esquina (1999) e A Favor do Vento (2003) são os seus livros publicados. Ficções mescladas com a vida real: o que há de autobiográfico em A Casa

da Esquina? “Tudo”, responde Duca. “Não é documental, porque não tem compromisso com a verdade, e adaptei algu-mas coisas. Mas ele é baseado em histórias da minha vida”. Descobertas, infância, a família e a perda são temas que predo-minam em sua narrativa.

Não tendo nenhuma formação em curso superior, Duca sempre optou por fazer o que realmente gosta. Não faz nenhuma facul-dade porque ocupa o seu tempo com o seu grande prazer: a música. Mas, se sobrasse tempo para fazer, teria preferências. “Existe faculdade de culinária? Era o que eu faria, culinária e direito”.

Ele sempre teve medo de morrer jovem. Talvez pelo fato de seu pai ter ido cedo. O menino Duca tinha apenas oito anos. Por isso, o pai de Guilherme resolveu compor O amanhã colorido, como um testamento ao seu pequeno de cinco anos. Lágrimas umede-cem seus olhos. “Eu gostaria que ele soubesse como eu vejo a vida. Melhor do que dinheiro ou qualquer coisa que eu deixe, é a minha forma de ver a vida”, confessa o músico.

Duca sempre teve a convicção que o mais importante na vida é acreditar no que está fazendo e fazer com vontade. “Inde-pendente de onde eu estivesse agora, Duca Leindecker, do jeito que ele é, estaria com a mesma realização que tem hoje com a música, sendo cozinheiro ou advogado. Porque se você gosta, não se importa de passar o tempo inteiro fazendo”, comenta. Mas ele não deixaria a música. Dela, ele sempre gostou. Por isso, tamanha realização.

Liciane Brun

No ritmo de um amanhã colorido

Duca Leindecker: o mais importante é acreditar no que faz

Para Dalla Costa, o estágio aumenta interesse no curso

Sine considera escolaridade e experiência na triagem para vagas

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Page 5: Jornal ABRA - 19ª edição

A mulher possui uma companheira insepará-vel, de todas as horas, e

não sai de casa sem sua amiga fiel. É um acessório importante e essencial no dia-a-dia do mundo feminino. Já adivinhou do que de trata? São as bolsas. Grandes, pequenas ou exóti-cas, não importam os tamanhos e os formatos, o conteúdo das bolsas é um mistério para o mundo masculino e desperta a curiosidade deles. Para mostrar que não é só de maquiagem que as bolsas das mulheres sobre-vivem, o ABRA foi conversar com alguns homens e mulhe-res para checar se eles sabem que outros objetos integram a rotina delas.

O estudante Vinicius Gomes da Silveira, 20 anos, arrisca que as mulheres se restringem a carregar maquiagem, carteira, documentos e absorvente. Ele comenta que sua mãe possui em média 40 bolsas, dos mais variados tamanhos e uma para cada ocasião. Inspirado na experiência vivida em casa, o aposentado João Miguel Pulsi-nelli, 67 anos, garante que elas também levam agenda, batom, cartão de crédito e celular. Para ele, o acessório dá um toque especial à beleza feminina. “Mulher sem bolsa não é ele-gante”, afirma.

Adepto das bolsas masculi-nas, o estudante Álisson Jean Coletto, 23 anos, destaca que não usa carteira e celular nos bolsos da roupa para não deixar aparecer o volume. Segundo ele, a bolsa não serve apenas para carregar documentos, mas tem outras serventias e define o acessório como a casa da pessoa. Coletto conta que, independente do sexo, quanto maior for a bolsa mais se coloca dentro, e que já chegou a abrir a bolsa de sua mãe porque estava

curioso para saber o que tanto ela carregava e a deixava volu-mosa e pesada.

Materiais de trabalho como máquina fotográfica e fita métrica são conteúdos normais dentro da bolsa da designer Dariana do Canto, 27 anos, que confecciona adesivos de parede. Além desses, ela acrescenta que escova de cabelo, maquiagem e remédio para dor de cabeça são elementos essenciais no seu dia-a-dia e sempre presentes na bolsa. A enfermeira Dalva

Rezer, 49 anos, comenta que carrega o básico e adora bolsas grandes, tanto que quando faz compras tem a mania de colocar as embalagens dentro do aces-sório, pois não gosta de carre-gar na mão e em sacolas.

A fonoaudióloga Marisa Finger, 50 anos, diz que pre-fere bolsas de tamanho médio e confessa que os objetos que nunca saem de dentro do aces-sório são a máquina de calcular, as fotos dos filhos e a agenda. Já o cartão de crédito e talão

de cheque ela costuma deixar em casa devido aos assaltos a bolsas. Segundo a vende-dora Tuíra Costa Fernandes a procura na loja é por bolsas de tamanho médio. Ela escla-rece que as mulheres preferem os modelos que têm divisões internas e fecho para propiciar maior segurança.

As bolsas além complementar a estética do visual, transmitem um pouco da personalidade da mulher. Aquelas que têm um estilo mais básico optam por

cores mais neutras, já as sofis-ticadas preferem acessórios com brilho. Enquanto para a rotina diária as transpassadas são as mais adequadas e fazem sucesso, para as festas e saídas à noite, as mais recomendadas e apropriadas são as pequenas. Mas, independentemente da ocasião, é válido ter em vista a utilidade, a praticidade e, prin-cipalmente, a criatividade na escolha do acessório.

Vanessa Moro

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junho/julho 2009

O mistério das bolsas femininas

Todo mês de junho é assim, centenas de bandeirinhas colo-ridas forram lojas e pátios de escolas denunciando a chegada de mais uma data característica: as festas de São João. Entre pés-de-moleque, quentões, foguei-ras e quadrilhas, a tradição da festa junina perdura desde o século IV, iniciada na Europa e trazida ao Brasil por coloniza-dores portugueses.

As festas de São João são orga-nizadas nas diferentes regiões do país, cada qual com sua peculia-ridade. A estudante Bárbara Dal Rosso, 17 anos, conta que, em

Mato Grosso, algumas prefei-turas organizam festas juninas em seus municípios. “Na minha cidade, havia concursos entre as escolas para a melhor quadrilha. As turmas de faculdade também organizam as festas para arre-cadar dinheiro”, conta Bárbara, que morou em Tangaré da Serra, com aproximadamente 80 mil habitantes.

Já no nordeste, as comemo-rações são muito maiores. Os nordestinos tratam a data com extrema importância e devoção aos santos. Alguns trocam os perí-odos de folga do Natal por dias de

folga em junho, em função das comemorações. Por estarem em uma região prejudicada pela seca, aproveitam a data para agrade-cer às raras chuvas. Essas festas também movimentam o turismo no nordeste.

“O personagem Jeca Tatu, de Monteiro Lobato, é um tipo social caboclo, definido como um homem que morava no mato, em uma casa miserável. Sua indumentária é exatamente igual a que as crianças utilizam na festa junina”, explica o pro-fessor de história da Unifra, Carlos Rangel. O professor

acredita que é uma lástima que hoje esse tipo social seja repre-sentado como uma sátira social nas festas juninas, sem que haja uma reflexão sobre os níveis de preconceitos que estão subja-centes aos ritos dessa festa.

Os significados das fogueiras nas festas juninas também são os mais diversos. Por um lado, elas podem remeter a um ritual de purificação, como forma de agradecimento aos deuses pelas colheitas. Já para os católicos, a origem do fogo vem da comu-nicação entre Maria, mãe de Jesus, e Isabel, que acendeu a

fogueira para anunciar o nasci-mento de seu filho, João.

São João é considerado o “santo festeiro”, por isso existem tantas comemorações no seu dia, 24 de junho, ou durante o mês. Porém, em meio a barracas de comida e tendas de brincadeiras em suas festas, é necessário refletir até que ponto essa festa é conside-rada religiosa. “A festa é religiosa superficialmente e se converte, na maior parte das vezes, em opor-tunidade ocasional de comércio”, conclui o professor Rangel.

Liciane Brun

Uma data para ser conhecida

As com divisões e fecho são as preferidas, segundo Tuíra

Materiais de trabalho têm vez na bolsa da design Dariana

Marisa tem preferência pelos modelos de tamanho médio

“Mulher sem bolsa não é elegante”, afirma João

Miguel Pulsinelli

O estudante Álisson Jean Coletto é adepto das bolsas masculinas

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A opinião deles

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As dietas vegetarianas são alvo de discus-sões e de pesquisas

na área da saúde, pois elimi-nam do cardápio alimentos de origem animal. Os seguido-res do vegetarianismo têm os mais variados motivos para não consumirem carnes, ovos, leite e derivados. Entretanto, a consciência ecológica, a preo-cupação com os animais e com a sociedade estão entre alguns dos fatores que levam as pes-soas a aderirem a essa dieta.

O fato de ter frequentado fri-goríficos enquanto cursava a faculdade de zootecnia, e ter pre-senciado a dor e sofrimento dos animais abatidos, foi decisivo para o universitário Mauricio Santalucia aderir à dieta ovolac-tovegetariana (ver quadro). Ele é adepto da dieta há quatro anos e explica que não gosta de se ali-mentar da dor de outro ser: “Os seres humanos morrem de medo da morte, mas não refletem que é da morte que se alimentam”. Santalucia acrescenta que os animais fazem parte da natureza e, por isso, o homem deveria respeitá-los, além de valorizar a si próprio e ao planeta.

A acadêmica Francieli Jordão, 20 anos, revela que o interesse pelo vegetarianismo começou pela questão de con-sumir pouca carne. A partir disso, ela fez pesquisas e assistiu a documentários sobre o assunto, como o A Carne é Fraca, do Instituto Nina Rosa. O próximo passo de Francieli, que há quatro anos é ovolac-tovegetariana, foi se tornar vegetariana estrita.

A nutricionista Bianca Passa-mani explica que o vegetaria-nismo é uma filosofia, um estilo que proporciona qualidade de

vida, e não uma dieta que leva à boa forma ou à perda de peso. O cardápio se caracteriza por ser pobre em gordura saturada e colesterol e rico em antioxi-dantes, o que ajuda a prevenir doenças cardiovasculares e cancerígenas. Bianca ressalta que jamais se deve programar um cardápio por conta própria, e que para isso é fundamental o acompanhamento de um pro-fissional, caso contrário podem surgir sinais de deficiência nutricionais, como a carência de vitamina B12, cálcio, ferro, zinco, selênio e proteína.

Para suprir a ausência de nutrientes no organismo, algumas pessoas costumam tomar suplementos alimen-tares, mas esse não é o caso do acadêmico Felipe Angelin Trebin, 23 anos, que procura ingerir alimentos que forne-çam vitaminas, carboidratos e proteína de soja. Ele, que é vegetariano estrito há quatro anos, conta que o mais difícil foi aprender a cozinhar, e que quando vai ao supermercado fica atento a leitura dos rótu-los para não comprar produtos que tenham sido testados em animais. Roupas em couro e lã também não fazem parte do seu vestuário. Trebin escla-rece que nunca pensou em ser vegetariano, mas reconhece que sofreu influência do meio musical.

Segundo a nutricionista, essa dieta não é recomendável para as crianças, as adolescentes gestantes e as mães que estejam em fase de lactação. Ela explica que, nessas fases, a necessi-dade de vitaminas e minerais é maior.

Por Vanessa Moro

Dieta dos opositores da carneA consciência ecológica, a preocupação com os animais e com a sociedade e a busca pela qualidade de

vida estão entre as principais motivações para as pessoas adotam o vegetarianismo como filosofia

reportagem

Francieli tratou de informar-se antes de mudar a alimentação

A nutricionista Bianca Passamani alerta que o vegetarianismo não é uma opção para quem busca apenas a perda de peso

Cardápio se caracteriza por ser rico em antioxidantes e pobre em gordura saturada e colesterol

● Vegetariano estrito ou vegano: alimentam-se exclusivamente de vegetais. Não consomem qual-quer produto de origem animal (leite, ovos, mel) e também não utilizam produtos feitos com couro, lã, seda e cosméticos que contenham ingredientes ani-mais ou que tenham sido testados em animais.

● Lactovegetariano: não consomem carnes e nem ovos, mas incluem na dieta, além dos alimentos vege-tais, queijo e outros laticínios.

● ovovegetariano: permitem a inclusão de ovos, mas laticínios e carne estão excluídos.

● ovolactovegetariano: a carne está excluída, mas ovos e laticínios são admitidos no cardápio.

Conheça os diferentesgraus de vegetarianismo

EvaNdro Sturm

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Alugar um filme é algo corriqueiro desde a invenção do videocas-

sete, há quase três décadas. Porém, em meados dos anos 90, as fitas de vídeo deram lugar aos DVDs. Pegando carona nessa onda, as videolocadoras se ren-deram a essa nova forma de assistir filmes por volta do ano 2000, quando o preço do DVD Player começou a reduzir.

Em Santa Maria, existem mais de 20 locadoras de DVDs que sobrevivem numa época em que se tornou muito fácil conseguir um filme no mercado da pirataria ou por meio de download. Fernando Vasquez, 27 anos, um dos proprietários da Mundo Cinema Videoloca-dora, conta que, mesmo com a concorrência desleal da pirata-ria, resolveu investir na idéia de alugar filmes. Prova disso é que a locadora já tem mais de um ano de funcionamento. “Fide-lizar o cliente é o caminho”, enfatiza Vasquez.

O empresário explica que o fatu-ramento do mês é definido pela quantidade de finais de semana que ele possui, e destaca que nos meses de inverno a demanda de locações aumenta: “É a melhor época. Férias e frio”.

Um cliente assíduo e que concorda com a afirmativa de Vasquez é o bancário Giovani Dunsch, 38 anos. Para ele, assistir a um filme no inverno combina com vinho, pizza e a companhia da namorada. E para não estragar o clima, Dunsch prefere alugar o filme do que baixar da internet. “O download me desanima por que demora e, muitas vezes, a qualidade é ruim. Nunca se sabe se o que vai vir é mesmo o filme desejado”, diz. Em relação aos filmes piratas, ele reforça que prefere alugar, pois é mais seguro.

A grande vilã do negócio: a pirataria

O comércio informal é algo tradicional no centro de Santa Maria, onde muitas vezes o pro-duto mais oferecido é o DVD pirata, e desde que esse comér-cio se instalou muitas loca-doras tiveram que fechar suas portas. A reportagem do ABRA acompanhou um dos pontos de venda instalados na Avenida Rio Branco durante uma hora, e constatou que 33 pessoas adquiriram esse tipo de merca-doria, onde é possível comprar até quatro filmes por R$10,00.

Uma das clientes desse comér-cio informal é a costureira Nilza Coelho, 55 anos. Ela, que não tem o hábito de alugar, explica que sua neta gosta de assistir os filmes mais de uma vez. “É muito caro pegar emprestado na locadora a toda hora. Aqui

eu adquiro vários (filmes), e são meus”. Em relação à ilegalidade do DVD pirata, Nilza reco-nhece que é ilegal a compra que fez, mas que isso já se tornou normal. “Muita gente compra. Eu sou mais uma”, finaliza.

Como o próprio nome indica, o comércio informal surge

como alternativa diante da necessidade de sobrevivência. O vendedor ambulante N. P. C., 50 anos, devido à baixa esco-laridade e ao desemprego, foi uma das pessoas que precisou entrar para a informalidade de vender filmes. “Em dia bom, sem chuva, vendo mais de 600

cópias, mas tem muitas pes-soas que enganam a gente e devolvem para trocar por outro. Dizem que está estragado. Eu troco para não me incomodar”, comenta o vendedor.

Segundo a Associação Anti-Pirataria Cinema e Música, em 2008 foram apreendidos

no Brasil 44 milhões de DVDs e CDs piratas e foram conde-nadas 195 pessoas por viola-ção dos direitos autorais. O Código Penal Brasileiro prevê prisão de dois a quatro anos para estas pessoas.

Por Leandro Rodrigues

Videolocadoras enfrentam a concorrência da internet e do comércio infiormal e reconhecem que julho, quando o inverno e as férias escolares se somam, é a época de maior movimento

reportagem

Alugam-se filmes, alugam-se sonhos

Proprietários e clientes concordam que locar um DVD e assistir a um filme é uma das melhores programações para os dias de frio

Observação feita durante uma hora registrou 33 pessoas adquirindo DVDs piratas em bancas instaladas nas ruas centrais da cidade

fotos Leandro rodrigues

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Preciso de ajuda! Por favor, me ajudem! Socorro!”, “Fogo! Fogo! Chamem

os bombeiros!”. Um acidente de trânsito, um incêndio ou qual-quer outra situação que coloque vidas em risco. Esses são alguns dos momentos em que eles são chamados para entrar em ação. Ao ouvir uma sirene, você logo imagina que alguém, em algum lugar, precisa de ajuda. Treina-dos para salvar vidas, mesmo em circunstâncias de extremo perigo, os bombeiros se espe-cializaram em desempenhar esse tipo trabalho.

Quando a tarefa é socorrer alguém que precise de ajuda, não importa a hora, o dia, o clima ou o lugar, a missão pre-cisa ser atendida e concluída. A coragem, a determinação e a dedicação estão sempre prontas quando o telefone toca, e assim eles partem para atender às chamadas de emergência, sem imaginar a proporção e quais os desafios que lhe esperam. E, acredite, ser bombeiro não é para qualquer um.

A função dos bombeiros dentro da sociedade é o com-promisso com a proteção da vida e do patrimônio, e não se restringe apenas a combater transtornos ou fatalidades, mas também de prevenir que ocor-ram, seja através de palestras ou cursos. Aliás, não é somente de desastres e acidentes que o cotidiano dos bombeiros é com-posto. Circunstâncias inespera-das, como partos, resgates ou outras situações de risco em vias públicas, mostram que, além de soldados do fogo, os profissio-nais também estão prontos para ajudar quando alguém chama, transformando-os em verdadei-ros heróis da vida.

Vidas de aprendizados e trocas constantes

Aptidão para a profissão, tra-balhar salvando vidas ou um sonho de criança. Não importa o caminho ou a motivação, todos eles levaram a um mesmo destino: vestir a farda de bom-beiro. Essas ponderações também fizeram parte da vida de Reginaldo Chaves Machado – tenente Chaves –, 54 anos e há 30 na profissão; e Anderson Fontella – soldado Anderson –, 28 anos e há um atuando como bombeiro; ambos integrantes do 4° Comando Regional de Bom-beiros de Santa Maria. Os dois profissionais, que contrapõem conhecimentos e experiências de vida, ingressaram na corpo-ração de maneiras e com condi-ções de trabalho diferentes.

Ao longo da carreira profis-sional, o tenente Chaves acom-panhou a evolução da profissão, procurando aperfeiçoar seu tra-

balho e o dos novos colegas: “Procuro sempre passar o meu conhecimento para aqueles que estão entrando na corporação, e ao mesmo tempo eu também aprendo com eles”. Ele, que por muito tempo atuou em missões de resgate e de salva-vidas, con-fessa que “passar por momen-tos de sufoco é normal nesta profissão”. O tenente recorda de uma situação no litoral em que precisou fazer salvamento arriscado: “Estávamos apenas eu e mais um colega quando 11 pessoas estavam se afogando no mar. Até chegar ajuda vi a morte bem de perto”.

Em contraponto às dificul-dades, tenente Chaves acredita que a recompensa por enfren-tar os desafios diários está no aprendizado e na lição adquirida após cada ocorrência atendida. O oficial avalia sua trajetória profissional como uma história de vida: “Se tivesse que esco-lher uma profissão novamente, seria a de bombeiro, e começa-ria tudo de novo”.

A gratificação do tenente Chaves é compartilhada pelo soldado Anderson. Para ele, que desde criança pensava em ser bombeiro, o dia a dia da profis-são é uma experiência recom-pensadora. “Eu já era militar antes de fazer o concurso para a Brigada e tive a oportunidade de escolher a vaga para bombeiro”.

Por outro lado, a diferença entre as idades e as experiên-cias dos bombeiros acaba se refletindo na forma de lidar com os desafios da profissão. E, para buscar um equilíbrio do conjunto, a troca de experiên-cias tem se mostrado o caminho mais indicado: “Procuro absor-ver tudo o que eles passam para melhorar cada vez mais meu conhecimento”, destaca o sol-dado Anderson.

Entretanto, os desafios e os momentos de sufoco acabam sendo parecidos para ambos os profissionais. Prova disso foi a primeira missão enfrentada pelo bombeiro principiante em um incêndio que ocorreu na Feira do Livro de Porto Alegre. “O lugar era de difícil acesso e com muita fumaça. Tivemos que entrar para resgatar possí-veis vítimas lá dentro”, relata o soldado, que prefere não lem-brar do acontecido.

Uma rotina de trabalho que envolve a presença constante da adrenalina, aliada a situa-ções que nenhuma pessoa gos-taria de vivenciar, além de ter que dedicar a vida às outras, faz com que a profissão de bobeiro se transforme em uma mistura de coragem, heroísmo e sufoco, com histórias tristes e boas lem-branças.

Por Jucineide Ferreira

A profissão que a ultrapassa limitesO dia 2 de julho é o momento de homenagear aqueles que estão

preparados e sempre prontos para o desafio de salvar vidas

reportagem

A sua adversidade é oinício da nossa capacidade

A rotina de trabalho dos bombeiros é esperar sempre por chamados 24 horas por dia, sete dias por semana. Quando surge uma chamada de emergência, uma campainha é acionada para que a equipe se coloque a postos em até dez segundos.

Ao receber todas informações necessárias sobre a missão – e que, em muitos casos, são insuficientes, devido ao desespero vivido por quem está ligando –, um sino é tocado para que os bombeiros embarquem e se dirijam rapidamente para o local. Caso o proce-dimento seja executado como manda a sistemática, a previsão dos bombeiros é de chegar ao local da ocor-rência em cinco minutos, independentemente de onde o fato esteja ocorrendo.

Treinamento constante habilita os profissionais a lidarem com os riscos cotidianos e os imprevistos

Superar dificuldades faz parte da rotina de ser bombeiro

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O herói sob a sombra do homemToda boa história de super-

herói é marcada pelo con-flito do bem contra o mal

e a eterna disputa entre mocinhos e bandidos. E foi aqui, no mundo ocidental, onde o mal se veste de preto, que em 18 de maio de 1939 surgiu um dos mais céle-bres super-heróis de todos os tempos. Batman, o cavaleiro das sombras, ao contrário do que sugere o nome, foi criado para trazer um pouco de esperança para uma época marcada pela severidade do cotidiano.

O período era de extremo desengano. Em 1929, após a quebra da Bolsa de Nova Iorque, a desilusão se abateu sobre o povo americano. Além dos problemas financeiros naquele país, a Europa sofria nas mãos de homens como Adolf Hitler e Mussolini. Ou seja, era o ambiente propício para a criação de personagens que trouxessem um pouco de sonho para a vida das pessoas. Nascia a chamada época de ouro dos quadrinhos.

A primeira aparição do homem-morcego foi nas pági-nas da revista Dectetive Comic Magazine, hoje DC Comics. Nas tramas, o herói lutava contra ele-mentos que se assemelhavam a mafiosos como Al Capone e que espalhavam terror pelas ruas de Chicago. Batman foi gerado através das mãos de Bob Kane, que idealizou um herói natural do nosso planeta, ao contrário do outro personagem que também fazia sucesso na época, o Super-man, originário de Krypton.

Uma das inspirações de Kane foram as histórias de detetives, marcadas pela violência mos-trada em tons de branco e preto, e acentuadas por sombras. Outra característica da criação de Kane que chama a atenção foi a esco-lha do morcego, que na Idade Média era sinônimo de duplici-dade e na era bíblica represen-tava o dragão alado com asas dos habitantes do inferno.

Após Bob Kane apresentar o personagem para o roteirista Bob Finger, de apenas 22 anos, e os dois fazerem algumas mudan-ças, o homem-morcego estava pronto. Os cidadãos de Gothan City ganharam um justiceiro que pagava o mal com o mal, e que levava uma vida dupla, como o bilionário e gentil Bruce Wayne. Assim, a ambigüidade do mor-cego tornava-se o disfarce per-feito para encarar o crime.

No início, tanto na mansão Wayne, quanto a Bat-caverna, habitavam apenas Batman/Wayne e seu mordomo Alfred, o único que sabia todos os segre-dos do patrão. É nesse momento que Jerry Robinson, assistente de Kane, tem a idéia de acabar com essa solidão: surge Robin, o menino prodígio. Agora, acompanhado, Batman conti-nuaria a saga de fazer justiça e vingar-se de todos os bandidos pela ausência dos pais, mortos por dois ladrões quando tinha 12 anos.

Outra contribuição de Robin-son foi trazer doses de humor para as aventuras e, dessa forma,

acabam surgindo dois arqui-ini-migos bem conhecidos, o Pin-güim e o Coringa. Porém, com a chegada dos anos 70, nos quais a vida nas grandes cidades passa a se tornar cada vez mais perigosa e

o dia-a-dia dos norte-americanos marcado pela tensão do Vietnã e pela corrida tecnológica, o herói cai nas mãos do desenhista Neal Adams. O desenhista, ao buscar inspiração no traço de seu cria-

dor, Bob Kane, atribuiu um clima ainda mais sombrio ao ambiente das histórias, transformando-o totalmente.

Essa fase do homem-morcego durou até os anos 80, quando Batman começa a aparecer na série de televisão Superami-gos com uma imagem de herói adocicado e mais voltado para o público infantil. Em 1985, os dois caminhos se cruzam. Frank Miller, conhecido como o “mão-de-ouro”, cria a série chamada O Cavaleiro das Trevas, marcada pelas sombras excessivas. O herói se transforma em um ser muito mais morcego do que homem e apresenta um Batman alucinado que combate o mal com o mal. Os traços de Miller revelam um mundo pesado e parecido com o pesadelo no qual o persona-gem se desloca, expondo toda a complexidade psicológica de Wayne. Na série de Miller, Batman incorpora e representa a filosofia pregada pelo autor, quando este diz que “ninguém pode sair impune de um con-fronto direto com a vida”.

Outra passagem que marca a trajetória do recém septuagenário herói é a morte de Robin, na his-tória intitulada Morte na Famí-lia, criada por Jim Aparo e Jim Starlim. A trama Piada Mortal, ambientada em um parque de diversões abandonado, e que tem o Coringa como personagem principal pode ser qualquer coisa, menos uma aventura inocente.

Patric Chagas

Da mesma forma que passou por diversas reformulações nos quadrinhos, o homem-mor-cego também ganhou diferentes adaptações para o cinema. Algumas bem sucedidas, outras nem tanto.

● Batman - O filme (1989)Após presenciar a morte dos pais, Bruce Wayne jura proteger e livrar Gothan City de todos seus criminosos e passa a ajudar a policia em sua luta contra o crime. O filme traz no papel principal o ator Michael Keaton, e o ator Jack Nicholson na pele de seu inimigo Coringa. O longa foi premiado com o Oscar de melhor direção de arte.

● Batman – O retorno (1992)A sequência, estrelada por Michael Keaton no papel principal, conta a história de um menino deformado que é jogado por seus pais em rio de Gothan City e que, 30 anos mais tarde, ressurge como o criminoso Pingüim, interpretado por Danny DeVito. O filme concorreu a dois Oscar e traz a atriz Michelle Pfeiffer no papel da Mulher-Gato.

● Batman Eternamente (1995)Interpretado pelo ator Val Kilmer, a novidade da sequência de Batman fica por conta do apare-cimento do menino prodígio, Robin, interpre-tado por Chris O’Donnell. Os vilões da vez são o temido Duas Caras, alterego do promotor Harvey Dent, e o pirado (e engraçado) Charada, interpretado por Jim Carrey.

● Batman e Robin (1997)A trama mantém Batman e Robin juntos. A novi-dade é a presença de George Clooney protago-nizando o homem-morcego. A história traz como vilão Senhor Frio, interpretado pelo atual governa-dor da Califórnia, Arnold Schwarzenegger, e Uma Thurman como Hera Venenosa, além de Alicia Sil-verstone como Batgirl. Em 1997, o longa recebeu 11 indicações ao Framboesa de Ouro, espécie de “o Oscar às avessas” para os piores filmes.

● Batman Begins (2005)Após alguns anos de descanso, o cavaleiro das sombras volta à telona. A nova versão é base-ada em duas histórias clássicas do herói: Ano I e O Longo Dia das Bruxas. Dessa vez, a história conta os passos de Bruce Wayne até se tornar o homem-morcego. Com Christian Bale como Batman e mais um elenco de apoio que conta com nomes como Morgan Freeman, Michael Cayne, Lian Neeson, entre outros. O filme foi muito elogiado e ganhou uma indicação ao Oscar na categoria de Melhor Fotografia.

● Batman – O cavaleiro das trevas (2008)A sequência de Batman Beggins foi o filme mais esperado de 2008. O ponto forte do filme é a luta pessoal entre Batman e Coringa. O vilão tenta de maneira anárquica por a prova a moral do cavaleiro das sombras. Chris-tian Bale permanece no papel do cavaleiro das trevas, mas quem rouba a cena é Heath Ledger, ao interpretar o vilão Coringa. O ator foi premiado, postumamente, com o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante. A produção tornou-se a quarta maior bilheteria da histó-ria, arrecadando US$ 1 bilhão, e ainda abo-canhou outra estatueta na categoria Melhor Edição de Som.

O cavaleiro das trevas nas telonas

O justiceiro, que foi criado em 1939 e migrou das histórias em quadrinhos para a tv e o cinema, comemorou 70 anos em 2009

FOTOS CAROLINA MORO

repOrtagem

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junho/julho 2009

Músicas românticas, cartões com recados de amor, vitrine enfeitadas com corações. Tudo é válido para lembrar o dia 12 de junho. Mas e como ficam os solteiros diante da data que celebra a união?

Estar sozinho no Dia dos Namorados, tanto por opção, quanto por não ter encontrado a pessoa certa (ou errada) não significa estar excluído ou enca-lhado. Da mesma forma que estar comprometido, essa é uma fase de aprendizado e amadure-cimento pessoal. A diferença é a de que, estando sozinha, a pessoa precisa buscar a auto-suficiência e a independência, enquanto acompanhada, o desafio é outro, o de aprender a conviver com outra pessoa e de lidar com todas as dificuldades que esse relacio-namento implica.

Exatamente por isso, estar solteiro acaba privilegiando quem quer curtir um tempo sozinho e respirar outros ares, além de possibilitar apre-ciar bons momentos com os amigos, com a família, fazer festa ou se dedicar a tarefas profissionais. As amigas Dian-dra Lima, 20 anos, Fabiola Moura, 21, e Michele Rocha, 20, que no momento estão solteiras, acreditam que fazer festa entre amigos é a melhor forma de passar a data.

Os colegas de Jornalismo e solteiros, Lucian Ceolin, 21 anos, Felipe Rosa, 22, e Evan-dro Leão, 19, deixam como dica de programa para o Dia dos Namorados, para quem quer aproveitar a fase de solteirice, ir ao clube dançar, sair com os amigos para uma rodada de cer-

veja e dormir mais cedo. Por outro lado, existem os sol-

teiros que por terem terminado o relacionamento recentemente, ou de maneira inesperada, ainda não se recuperaram total-mente. No caso da acadêmica de Direito Larissa França, 18 anos, o fator que decretou o fim do namoro, há dois meses do Dia dos Namorados, foi a distância. “Será um dia normal. Porém, um pouco triste”, ressalta ela.

Entre os que preferem se dedi-car a uma “carreira solo” e enca-rar o 12 de junho como outro dia qualquer está o também solteiro e acadêmico de Jor-nalismo Giulianno Olivar, 20 anos. “Tenho outra prioridades, como a minha faculdade, e não tenho tempo para me dedicar a uma pessoa”, esclarece Olivar.

O fato de se estar só no Dia

Beijos, abraços, afagos e palavras carinhosas são alguns dos gestos que

caracterizam o 12 de junho, conhecido no Brasil como o Dia dos Namorados. E como toda data comemorativa, de uma forma geral, acaba tendo atrelada à sua celebração algum elemento que se vincule ao consumo, colo-cando em segundo plano o lado sentimental e afetivo. E acompa-nhando os batimentos dos cora-ções apaixonados, o comércio foi inovando cada vez mais até chegar ao formato atual, que ofe-rece infinitas opções para todos os gostos e idades.

Entretanto, o Dia dos Namora-dos possui uma peculiaridade: ao mesmo tempo em que valoriza a presença do presente, não per-mite que os sentimentos percam a importância que possuem, e ainda proporciona às pessoas a possibilidade de perceberem de que existem inúmeras formas de agradar seus companheiros. Seja com cartões românticos, choco-lates, flores ou presentes, o que vale é não deixar a data passar em branco. Criar algo diferente e que surpreenda é a ordem do dia.

Um jantar a luz de velas ou uma viagem a dois para um lugarzinho mais frio são formas bem criativas de agradar o com-panheiro e, ao mesmo tempo, um motivo para fugir da rotina. Segundo Nara Santos, 30 anos, funcionária da agência Guinarte Campos Viagens & Turismo, os casais que optam por viagens preferem destinos onde “o frio ajude a esquentar a relação”, como Buenos Aires, Chile e serra gaúcha. Há também quem pre-fira os ares da fronteira, como é

Mais do que bons amigos

Com presentes, flores, beijos e outros gestos carinhosos, o Dia dos Namorados é a data para reforçar os laços afetivos

Lucian (a partir da esquerda), Felipe, Evandro e Giulianno não se preocupam por passar o Dia dos Namorados desacompanhados

o caso de Thays Cervi Ceretta, 17 anos, que decidiu celebrar a data em Rivera, com o seu namo-rado. Do mesmo modo, existem aqueles casais que, para reforçar seus votos, preferem passar o dia juntos e à noite degustar um belo jantar romântico, como planeja-ram Dandara Flores, 19 anos, e Leandro Minato, 21, que namo-ram há quase três anos.

Nessa perspectiva de agradar o namorado, emoção e criatividade não faltam para a acadêmica de jornalismo Liciane Brun, 19 anos, que pretendia fazer uma surpresa para o namorado: “uma camiseta com poemas e frases românticas ou uma caixa com vários presen-tinhos para ele”. No momento de responder sobre o que gostaria de ganhar ou fazer de diferente

no dia, Liciane é direta: “Quero flores, muitas flores”.

As flores ganham destaque entre os símbolos porque acabam representando o sentimento daquele que presenteia, e mesmo que não seja um presente que vá durar por muito tempo, elas se transformam em uma lembrança que passa a ser guardada no coração de quem as recebe. Na floricultura onde Marta Londero trabalha, o Dia dos Namorados é a data em que o estabelecimento é mais procurado depois do dia das mães. Segundo ela, a maior parte dos clientes que procura por flores são homens, pois ainda existe um pouco de preconceito das namoradas em presentear os companheiros dessa forma.

Mas o Dia dos Namorados

também serve para celebrar a união dos casais mais entrosa-dos e que estão em níveis mais avançados de relacionamento, como morando juntos ou casa-dos, o que atribui à data um caráter de reforço dos laços e do amor que os membros desses casais sentem um pelo outro. Marta destaca que a intenção que gira em torno das flores não se restringe ao dia dos namora-dos: “Os nossos clientes geral-mente são casais que mandam flores não só nesta data, mas quase sempre”.

A proprietária da floricultura, Jussara Rosa, explica que as flores são uma boa opção para quem quer emocionar a pessoa amada. “Ganhar flores é o mesmo que ganhar uma jóia, pois a sen-

Enquanto isso, os solteiros...

sação é a mesma. Fica marcado na emoção”, ressalta ela.

No mesmo embalo do impacto causado pelas flores, nada melhor do elaborar uma programação diferenciada e que vá além do beijo e do abraço. Pensou boba-gem não foi? Mas o casal Amanda Lopes, 21 anos, e Antonio Santos, 23, explica. Eles, que namoram há um ano e oito meses, sabem que programas a dois não faltam. “Não sabemos ao certo o que vamos fazer, talvez assistir um filme a dois ou sair para jantar”, sugere Santos.

Aqueles que preferem home-nagear com palavras, poemas ou uma música e não tem coragem ou acreditam que vão gaguejar, a tele-mensagem por telefone ou carro de som se transforma em uma alternativa. Segundo Sil-vana Trindade, dona de um tele-mensagem, a busca pelo serviço aumenta bastante no Dia dos Namorados. “A procura é muito boa pelas mensagens, tanto por eles, quanto por elas. O nosso tra-balho dobra”, comenta Silvana.

Independentemente do presente e da ocasião que se esteja plane-jando, o mais importante no Dia dos Namorados são os sentimentos que envolvem o relacionamento e de que forma eles serão expres-sos. O que pode ser feito tanto em programas externos, como res-taurantes e viagens, quanto casei-ros, e sem perder o romantismo necessário à data. Assim pensa o namorado de Daiane Meinerz, 21 anos, e acadêmico de publicidade e propaganda, Maurício Lavarda, 21: “A melhor declaração não é aquela que é dita, mas o que você for fazer pela pessoa amada. Isso sim é declarar o amor”.

dos Namorados acaba sendo avaliado de diversas maneiras e depende muito do ponto de vista e a fase experimentada por cada pessoa. O certo é que existem diferentes formas de se alcançar

a felicidade e a realização pes-soal tendo companhia ou não. E só depende de cada um.

Jucineide Ferreira e Francielle Bueno

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rEportagEM

Page 11: Jornal ABRA - 19ª edição

As cortinas se abrem perante à plateia ansiosa. De maneira sincronizada

com as sombras que desapare-cerem diante das luzes que se intensificam, o homem passa a dar espaço e vida para o persona-gem. A cada ação que, aleatoria-mente, conjuga a arte apreendida com a necessidade do improviso, a realidade vai se mesclando à arte. Dessa forma, o palco, a plateia, o improviso, as cenas e a ação deixam de serem simples palavras e passam a caracterizar o cotidiano de um ofício nem tão simples assim: os atores de teatro, que tem o palco como uma segunda casa, e a interpretação de histórias e personagens como a paixão de suas vidas.

É o prazer de viver histórias semelhantes a essas que atraiu o estudante Jarbas Franceschi, 19 anos, que há mais de dois anos integra o projeto Literatura em Cena. O grupo de teatro apre-senta de uma forma diferente as obras que integram as leituras obrigatórias do vestibular, e que tem como principal objetivo o de facilitar a memorização. “As obras encenadas são exclusiva-mente voltadas para vestibulan-dos, nossas apresentações são nas salas do cursinho, na biblio-teca pública e em algumas esco-las”, explica o estudante.

Outro personagem que atua no contexto teatral de Santa Maria, e que também integra o projeto Literatura em Cena é o ator Jader Guterres, 34 anos. Ele, que teve o primeiro contato com o teatro na 5ª série do Instituto de Educação Olavo Bilac, é bacharel em Inter-pretação Teatral pelo curso de Artes Cênicas da UFSM. Além de encenar, o ator já dirigiu apro-ximadamente 15 espetáculos, e explica que a afinidade com a arte veio desde pequeno. “O teatro é a mais completa das artes. Engloba artes visuais, música, dança, arquitetura, literatura e tudo mais”, complementa o ator.

E ao falar em teatro torna-se impossível não fazer referência ao Santa Cena, que há oito anos é realizado em Santa Maria. O evento é coordenado pela pro-fessora de teatro, e formada em Publicidade e Propaganda e Artes pela UFSM, Fátima Marques. O festival nasceu de um acordo entre a Associação Santa-Mariense dos Professo-res de Artes Cênicas (Aspac) e a Secretaria de Cultura. “Foi idealizado visando colocar na vitrine toda produção teatral de Santa Maria. A cada ano, abor-damos um tema, mostrando um aspecto do teatro no mundo”, explica Fátima. Segundo ela, já foram retratados temas do

teatro no Brasil, no Rio Grande do Sul e na America Latina, e a próxima edição pretende dar destaque para elementos da escola francesa. “Vamos mos-trar o teatro francês, a erudição e a cultura da França”, comenta a coordenadora.

Uma das características do Santa Cena é a entrada franca, que permite que a comunidade assista, gratuitamente, às apre-sentações. Na contramão da iniciativa que busca garantir o acesso da população à cultura, está a falta de colaboração dos órgãos públicos. “No ano pas-sado foi difícil. O festival se montou sem dinheiro”, explica Fátima, que destaca que a situ-ação financeira desse ano está tranquila. Segundo Jader, o governo municipal poderia investir mais no setor cultural e patrocinar festivais como o Santa Cena. “Existe mão de obra teatral excelente aqui, o que não existe é incentivo”, protesta.

Entretanto, outro problema de Santa Maria com relação ao teatro é a falta de infraestrutura. De acordo com Fátima, a criação de um teatro popular que com-portasse 900 pessoas ampliaria o espaço destinado ao público e, como conseqüência direta, o cenário cultural local, o que não acontece com os 300 lugares dis-ponibilizados pelo Teatro Treze de Maio. “Eu aposto na nossa cidade, existe uma vida cultu-ral muito grande aqui. Tanto faz se é ou não a ‘cidade cul-tura’. Não adianta colocar esse título na cidade sem construir nada antes”, ressalta Fátima. Ela acredita que é preciso empenho político, movimento de união e esforço da população para que a cidade engrene cada vez mais em busca pela ampliação do cenário cultural. “O artista não corre atrás, ele cava seu espaço”, conclui a professora.

Por Liciane Brun

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junho/julho 2009

Em busca do cenário perfeito

Para Jader Guterres (acima, como palhaço, e ao lado, interpretando Noel Rosa):

“o teatro é uma arma. Basta usá-la de maneira correta e para o bem.”

Atores de teatro têm no palco uma segunda casa e, na interpretação de histórias e personagens, a paixão de suas vidas

Os grupos teatrais lutam por dar sequência a suas atividades apesar da falta de infraestrutura adequada em Santa maria

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fotos aRquivo pessoal

Page 12: Jornal ABRA - 19ª edição

juNHO e julHO / 2009

jornal experimental do Curso deComunicação Social - jornalismo - uNIFRA

[email protected]

19ª Impressão

Falar em comunicação, e mais específico em jor-nalismo, remete, para a

maior parte das pessoas dis-tantes desse campo, à ideia de escrever para jornais e apre-sentar telejornais. Essas duas áreas, no entanto, são apenas duas dentre tantas que os profis-sionais podem optar e aos quais são apresentados durante a gra-duação. Correndo por fora dos holofotes da preferência dos acadêmicos está a comunicação comunitária, que se apresenta como um dos carros-chefes da Unifra, e que, reconhecida-mente, aproxima o aprendizado teórico e prático do cotidiano das comunidades da cidade.

A cada semestre, os acadêmi-cos de jornalismo da instituição elaboram e colocam em prática diferentes projetos de extensão que aliam o gosto por determi-nado veículo comunicacional e a necessidade de alguma comu-nidade ou entidade.

Um desses trabalhos desenvol-vidos é a oficina de fotografia, que pretende mostrar à comuni-dade de Santa Maria o dia-a-dia das crianças do Lar de Joa-quina. Os acadêmicos sugerem, a cada aula, diferentes ativida-des que visam estimular o olhar crítico e criativo das crianças e também dão noções de ângulo, foco, enquadramento e outras características técnicas da foto-grafia. Ao final do trabalho, será realizada uma exposição no Lar de Joaquina, na Unifra e nos shoppings da cidade para apre-sentar as fotografias feitas pelas crianças. A autoria do projeto é dos acadêmicos Ananda Dele-vati, Cassiano Cavalheiro, Lais Bozzeto, Manuela Silveira, Marta Kochann e Potira Souto.

Os problemas ecológicos expostos em blog

Já o Blog do Eco (www.blogdoeco.blogspot .com), elaborado pelos acadêmicos Bernardo Bortolotto, Gilberto Rezer, Rita Barchet, Andrez Granez e Osvaldo Henriques buscou conciliar a conscien-tização junto com a inclusão

digital. O trabalho envolve a realização de uma oficina de produção textual com os alunos da escola José Otão e pretende alertar e expor para a comunidade alguns problemas ecológicos. Nas aulas minis-tradas, os acadêmicos ensinam aos alunos noções básicas de construção textual e formas de detectar e divulgar os proble-mas de sua comunidade como forma de buscar por melhorias e soluções. “Além dos textos elaborados em aula, saímos pelas ruas em torno da comuni-dade tirando fotos e realizando entrevistas para, mais tarde, divulgarmos no blog”, explica Osvaldo Henriques. Os alunos da escola José Otão também visitaram a Unifra e participa-ram da gravação de um pro-grama radiofônico transmitido na Rádio Caraí FM.

A TV tem um grande poder de abrangência e visibilidade, e

foram esses princípios que moti-varam as acadêmicas Vanessa Moro, Francine Boijink, Ediane Alves e Denise Braga a produ-zirem uma reportagem televi-siva sobre o Lar Vila das Flores, da zona norte de Santa Maria.

A entidade foi escolhida por ser uma ONG que desenvolve ati-vidades e projetos com o obje-tivo de melhorar a qualidade de vida e o fortalecimento dos laços sociais. “Após visitarmos alguns beneficiados e familia-

res que moram nas redondezas dos trilhos e do Arroio Cadena, vimos a importância do Lar na comunidade. Foi o que motivou o grupo”, afirma Vanessa.

A acadêmica também escla-rece que grande parte dessas famílias não possui vínculo empregatício e sobrevive da coleta de materiais recicláveis, além de morarem em casas insalubres instaladas em terre-nos invadidos nas margens dos trilhos do trem.

Nessas três iniciativas dos aca-dêmicos de jornalismo da Unifra, a comunicação se transforma em um meio de alcançar e levar benfeitorias às comunidades e trazer à tona a realidade vividas por elas, e que, muitas vezes, é de desconhecimento do restante da população justamente por não serem retratadas e enfocadas pela mídia tradicional.

Cassiano Cavalheiro

A serviço da comunidade

As crianças do Lar Vila das Flores (acima)

participaram de uma reportagem

televisiva. Já a garotada do Lar de Joaquina (ao lado) mergulhou

nos mistérios do ‘olhar’ e

aprendeu a lidar com a máquina

fotográfica

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