Determinantes do consumo alimentar das pessoas com deficiência ou incapacidades (relatório)

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Determinantes do consumo alimentar das pessoas com deficiência ou incapacidades Cláudio Carvalho Mestrado em Ciências do Consumo e Nutrição Faculdade de Ciências e Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação, Universidade do Porto 2013

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Janeiro de 2014 | “Determinantes do consumo alimentar das pessoas com deficiência ou incapacidades”, no âmbito da unidade curricular de Metodologia da Investigação do Mestrado em Ciências do Consumo e Nutrição da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) e da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto (FCNAUP). Autor: Cláudio Carvalho. Avaliação: 17,9 em 20,0 valores.

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Determinantes do

consumo alimentar

das pessoas com

deficiência ou

incapacidades

Cláudio Carvalho Mestrado em Ciências do Consumo e Nutrição

Faculdade de Ciências e Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação, Universidade do Porto

2013

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Agradecimentos

No âmbito da realização deste trabalho importa destacar o papel do Professor Doutor Mário Manuel de Miranda

Furtado Campos Cunha e da Professora Doutora Olívia Maria de Castro Pinho no papel de orientação,

amabilidade e douta instrução.

Particulariza-se, concomitantemente, o papel do Mestre Rui Manuel Almeida Poínhos pela atenção que dedicou

em auxiliar-me em áreas que com estava menos familiarizado como a análise qualitativa. Assinala-se, também,

a sua prontidão e disponibilidade após o contacto por intermédio da Professora Doutora Olívia Maria de Castro

Pinho.

Destaque, ainda, para o saudoso Diogo Vasconcelos que, em certa medida, exerceu influência sobre mim e

sobre a realização do trabalho que aqui se apresenta, evidenciando pelo seu marcante trabalho e perseverança

que é possível conciliar objetivos tidos como à partida irreconciliáveis. À data de junho de 2010 terá escrito ao

"Impulso Positivo" que "(...) houve um tempo que os temas económicos e sociais eram vistos em separado. A

economia produzia riqueza, a sociedade gastava. Na economia do Século XXI, isso já não é verdade. O que

significa que a cartilha ideológica dominante - primeiro produz-se riqueza e depois distribui-se – está obsoleta.

É possível criar riqueza e, ao mesmo tempo, dar resposta a necessidades sociais." Este trabalho, no qual se

procurou imprimir bastante dedicação considerando as perspetivas de utilização futura, desenrola-se em torno

desta questão central.

Um sincero obrigado a todos.

3

Índice

Agradecimentos ................................................................................................................................................... 2 

Índice ................................................................................................................................................................... 3 

Lista de figuras .................................................................................................................................................... 5 

Lista de gráficos .................................................................................................................................................. 5 

Lista de tabelas .................................................................................................................................................... 5 

Lista de siglas e acrónimos .................................................................................................................................. 7 

Chave de pesquisa/palavras-chave ...................................................................................................................... 7 

Introdução ............................................................................................................................................................ 8 

Estado da arte ...................................................................................................................................................... 9 

As «falhas de mercado» e a valorização crescente da responsabilidade social ............................................... 9 

A responsabilidade social, o mercado agroalimentar e os grupos mais vulneráveis ..................................... 10 

Retrato do segmento das pessoas com deficiência ........................................................................................ 11 

A nível mundial ......................................................................................................................................... 12 

A nível nacional ......................................................................................................................................... 12 

As variáveis que influenciam o comportamento do consumidor ................................................................... 14 

Variáveis explicativas individuais ............................................................................................................. 15 

Características permanentes dos indivíduos .............................................................................................. 16 

Variáveis explicativas sociológicas e psicossociológicas .......................................................................... 16 

Os estilos de vida e nutricionais das pessoas com deficiência .................................................................. 17 

Colocação do problema e lacuna de investigação ......................................................................................... 17 

Propósito da investigação e objetivo ............................................................................................................. 18 

Formulação de hipóteses ............................................................................................................................... 18 

Originalidade ................................................................................................................................................. 19 

Metodologia ....................................................................................................................................................... 20 

Desenho do estudo ......................................................................................................................................... 20 

O estudo da população e o procedimento de amostragem ............................................................................. 20 

Recolha de dados ........................................................................................................................................... 22 

4

Gestão de dados: processamento e análise .................................................................................................... 24 

Considerações éticas ...................................................................................................................................... 24 

Cronograma ................................................................................................................................................... 25 

Resultados esperados e expansão da investigação ............................................................................................ 27 

Referências bibliográficas ................................................................................................................................. 28 

Bibliografia ........................................................................................................................................................ 30 

Anexos ............................................................................................................................................................... 31 

Anexo I – Tabelas detalhadas quanto à distribuição das PCDI em território nacional, por faixa etária e por

género ............................................................................................................................................................ 31 

Anexo II – Guião transversal das entrevistas semi-estruturadas em profundidade ....................................... 36 

Anexo III – Questões específicas das entrevistas semi-estruturadas em profundidade: PCDI com deficiência

visual ............................................................................................................................................................. 43 

Anexo IV – Questões específicas das entrevistas semi-estruturadas em profundidade: PCDI com deficiência

motora ............................................................................................................................................................ 44 

Anexo V – Questões específicas das entrevistas semi-estruturadas em profundidade: PCDI com deficiência

auditiva .......................................................................................................................................................... 44 

Anexo VI – Questões específicas das entrevistas semi-estruturadas em profundidade: PCDI com deficiência

mental ............................................................................................................................................................ 45 

Anexo VII – Questões específicas das entrevistas semi-estruturadas em profundidade: PCDI com parilisia

cerebral .......................................................................................................................................................... 45 

Anexo VIII – Folha anexa transversal a todos guiões para preenchimento de respostas a outras questões que

não estejam previstas no guião da entrevista semi-estruturada ..................................................................... 46 

Anexo IX – Folha anexa transversal a todos os guiões para notas adicionais que eventualmente sejam

necessárias efetuar ......................................................................................................................................... 46 

Anexo X – Declaração de consentimento ...................................................................................................... 47 

5

Lista de figuras

Figura 1: Pirâmide de Maslow(11) ...................................................................................................................... 15 

Lista de gráficos

Gráfico 1: Distribuição tipológica da população residente em território nacional com algum tipo de deficiência

(Instituto Nacional de Estatística (INE), Censos 2001) ..................................................................................... 13 

Gráfico 2: Distribuição etária da população residente em território nacional com algum tipo de deficiência (INE,

Censos 2001) ..................................................................................................................................................... 13 

Gráfico 3: Distribuição da população residente em território nacional com algum tipo de deficiência por género

(INE, Censos 2001) ........................................................................................................................................... 14 

Gráfico 4: Distribuição da população, com deficiência, residente em território nacional por género e faixa etária

(INE, Censos 2001) ........................................................................................................................................... 31 

Gráfico 5: Distribuição da população, com deficiência do foro auditivo, residente em território nacional por

género e faixa etária (INE, Censos 2001) .......................................................................................................... 32 

Gráfico 6: Distribuição da população, com deficiência do foro visual, residente em território nacional por género

e faixa etária (INE, Censos 2001) ...................................................................................................................... 32 

Gráfico 7: Distribuição da população, com deficiência do foro motor, residente em território nacional por género

e faixa etária (INE, Censos 2001) ...................................................................................................................... 33 

Gráfico 8: Distribuição da população, com deficiência do foro mental, residente em território nacional por

género e faixa etária (INE, Censos 2001) .......................................................................................................... 34 

Gráfico 9: Distribuição da população, com paralisia cerebral, residente em território nacional por género e faixa

etária (INE, Censos 2001) ................................................................................................................................. 34 

Gráfico 10: Distribuição da população, com outro tipo de deficiência, residente em território nacional por género

e faixa etária (INE, Censos 2001) ...................................................................................................................... 35 

Lista de tabelas

Tabela 1: Estimativa da população mundial com deficiência por região, sexo e idade (OMS, dados de 2004) 12 

Tabela 2: Tipos de variáveis que influenciam o comportamento do consumidor ............................................. 14 

Tabela 3: Procedimento de amostragem não probabilístico na vertente intencional ......................................... 20 

Tabela 4: Critérios adicionais de exclusão por tipo de deficiência ................................................................... 21 

Tabela 5: Entidades passíveis de serem contactadas para auxílio na definição de participantes voluntários ... 22 

6

Tabela 6: Ordem das entrevistas ........................................................................................................................ 23 

Tabela 7: Ativos físicos e não físicos necessários para a realização da investigação e, respetiva, orçamentação

........................................................................................................................................................................... 25 

Tabela 8: Cronograma da dissertação ................................................................................................................ 26 

7

Lista de siglas e acrónimos

ADA - Americans with Disabilities Act

B2C - Business-to-consumer

BPI - Banco Português de Investimento

BRICS - Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul

CEUP - Comissão de Ética da Universidade do Porto

FCNAUP - Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto

FCUP - Faculdade de Ciências da Universidade do Porto

FPCEUP - Faculdade de Psicologia e de Ciências de Educação da Universidade do Porto

INE - Instituto Nacional de Estatística

IPSS - Instituições particulares de solidariedade social

N/A - Não apresenta

OMS - Organização Mundial de Saúde

ONG - Organizações não-governamentais

PCDI - Pessoas com deficiência ou incapacidades

QNQ - Quadro Nacional de Qualificações

RMMG - Retribuição mínima mensal garantida

RSA - Responsabilidade social e ambiental

Chave de pesquisa/palavras-chave

Consumo alimentar, Marketing alimentar, Comportamento do consumidor, Deficiências, Incapacidades

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Introdução

Esta dissertação científica, no âmbito do Mestrado em Ciências do Consumo e Nutrição da Faculdade

de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) e da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da

Universidade do Porto (FCNAUP), visa estudar as variáveis que influenciam, de forma preponderante, o

consumo das pessoas com deficiência ou incapacidades (PCDI).

À luz de princípios como a igualdade de oportunidades e da valorização crescente da responsabilidade

social na gestão de topo das empresas, far-se-á um retrato social e demográfico do segmento das PCDI e, de

seguida, apresentar-se-ão algumas definições úteis para o desenvolvimento deste trabalho, nomeadamente no

domínio das variáveis explicativas individuais, das variáveis ou características permanentes dos indivíduos e

das variáveis explicativas sociológicas e psicossociológicas. Seguir-se-á, no estado da arte, uma referência

sintética aos estilos de vida e nutricionais deste segmento. Depois da revisão de literatura, desenvolver-se-á o

problema central em estudo, a lacuna, o propósito e os objetivos da investigação. Finalmente, irá supor-se

objetivamente algumas hipóteses e realçar-se-á a originalidade do trabalho que aqui se apresenta.

Na segunda parte do documento, apresentam-se as questões de natureza metodológica como o desenho,

o procedimento de amostragem, a recolha e a gestão de dados, as considerações éticas inerentes ao estudo e,

ainda, as questões de natureza operacional como necessidades eventuais de equipamento, financiamento e

cronograma de tarefas.

Na terceira parte, destacar-se-á simultaneamente a expansão da investigação e resultados esperados,

sendo que findar-se-á o documento com as devidas referências bibliográficas, bibliografia e os anexos.

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Estado da arte

As «falhas de mercado» e a valorização crescente da responsabilidade social

Nos últimos cinquenta anos, quer os modelos socioeconómicos assentes no capitalismo da escola

neoclássica, quer os do «capitalismo bem-estar», promoveram um considerável desenvolvimento das economias

e das sociedades dos diferentes países, sobretudo dos países ocidentais, mas também recentemente dos BRICSI.

Assim, conseguiu harmonizar-se alguma desregulamentação, liberalização e transnacionalização dos

mercados (e.g. mercados de crédito, cambiais, de bens e serviços e de pessoas), a competitividade e a primazia

friedmaniana do objetivo «lucro»II por parte das empresas com os interesses das diferentes sociedades com os

interesses dos indivíduos, incrementando-se o nível geral de qualidade de vidaIII. Todavia, sucessivos e danosos

escândalos relacionados com a falta de transparência e de ética empresarial contribuíram para uma mudança de

paradigma no que diz respeito à governança empresarial (corporate governance), forçando muitas empresas a

darem mais importância a outras questões que não a primazia do lucro. Como exemplos mais recentes desta

"falta de transparência e de ética empresarial" temos, em certa medida, a falta de regulação e de supervisão

pública nos antecedentes da crise do crédito imobiliário e bancária de 2007-08 e exemplos do início do século

sobejamente conhecidos como são, por exemplo, os casos da Enron e da WorldCom, entre outros. A nível

nacional, temos casos como a Caixa Económica Faialense e o acidente da queda da ponte de Entre-os-Rios.(1).

Assim, para lá das preocupações como a prestação de contas pública (accountability) e como a gestão do risco

dos seus negócios (risk management), as empresas passaram-se a preocupar mais com questões sociais e de

interesse público. Como escrevem Lambin J-J e Schuiling I (2): "A empresa responsável reconhece que tem uma

responsabilidade para com a sociedade e não só para com os seus acionistas. Esta empresa, grande ou pequena,

deseja estabelecer um relacionamento duradouro e sustentável com a comunidade onde se insere e da qual ele

consegue alcançar a sua prosperidade”. Estes autores acrescentam ainda que “os domínios onde a empresa

responsável pode atuar são muitos e variados”, nomeadamente no combate à exclusão social. Por sua vez, Pina

e Cunha M, Rego A (1) evidenciam que “uma maior consciencialização para a importância da ética resulta

também da constatação dos custos associados à sua ausência” e “os comportamentos não éticos podem ter um

considerável impacto negativo no desempenho dos empregados e nos resultados da empresa”.

Não é do âmbito deste trabalho, efetuar qualquer revisão de literatura ou análise extensiva às teorias e

abordagens associadas à responsabilidade social das empresas, mas tomaremos como referência, para este

I BRICS são os países de economias emergentes ou de economias em que ainda não atingiram a fase dos rendimentos decrescentes, estando ainda na fase inicial ou intermédia da utilização dos fatores de produção (capital, terra, trabalho e fator empresarial). Assim, naturalmente, estes países têm alcançado desde o início do século XXI níveis de crescimento anual do produto elevados comparativamente aos países desenvolvidos. Estes países são: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

II Esta visão empresarial da estrita priorização do lucro é particularmente característica do «Nobel da Economia» Milton Friedman.

III A melhoria do "nível geral de qualidade de vida" é tida como a finalidade da economia focada no longo-prazo.

10

estudo, as seguintes abordagens éticas consubstanciadas em Pina e Cunha M, Rego A (1) e Garriga E e Mele DN (3):

Estratégias para a vantagem competitiva relativa às teorias instrumentais, no sentido de que as

empresas devem promover atividades que “melhorem o contexto competitivo em que se inserem”(1);

Teoria do contrato social integrativo constante das teorias políticas, em que as empresas devem

considerar que têm uma obrigação assente num contrato social para com a sociedade ou para com um

segmento desta;

Desempenho social da empresa respeitante às teorias integrativas, no sentido de cumprir

transversalmente fins económicos, sociais e jurídico-legais;

e, finalmente, transversalmente as abordagens relativas às teorias éticas, em que se priorizam os direitos

humanos universais, o bem comum e, ainda, se tem em conta a teoria normativa dos stakeholders em

que se atenta aos interesses da sociedade em geral e não só dos acionistas ou investidores.

Considerando estas abordagens das respetivas teorias, sinteticamente, considera-se que se podem

conciliar equilibradamente fins económicos com fins sociais, no âmbito das empresas, nomeadamente das

empresas que laboram no consumo agroalimentarIV. Esta ressalva é importante e extensível ao âmbito específico

deste projeto.V

A responsabilidade social, o mercado agroalimentar e os grupos mais vulneráveis

Como se constata, a responsabilidade social é uma franca realidade no setor empresarial nacional e

internacional, sendo o seu crescimento influenciado por diversos fatores exógenos mas, também, endógenos e,

destacando-se as motivações mais ou menos egoístasVI. Ainda assim, independentemente das origens e

motivações, é notório que a responsabilidade social e ambiental (RSA), desde que não se esgote na mera retórica

empresarial, vem beneficiando a «sociedade global» ou as comunidades onde se inserem. Não obstante a

complexidade da temática, a difícil compreensibilidade pública e de ser apenas um pequeno critério de compra,

a RSA tem uma importância clara, não só pela resolução ou atenuação de determinados problemas sociais, como

simultaneamente para as próprias empresas que encetam essas práticas (relação win-win). Genericamente,

investigação tem evidenciado que a adoção de políticas empresariais de RSA tem um impacto positivo nas

atitudes e intenções de compra dos consumidores, assim como na identificação consumidor-empresa, na

IV Tal está claramente em oposição à visão de Milton Friedman e dos seus muitos «seguidores».

V Até porque se pretende salvaguardar a eticidade do estudo que agora se apresenta, visto que este é mais amplo que a vertente microempresarial e económica.

VI Importa clarificar que aqui o termo "egoístas" é usado de uma forma um tanto ou quanto perfunctória ou leviana, pelo que se deve considerar mais correta a interpretação associada à “maximização dos interesses das organizações empresariais pelas próprias organizações”. Tal está alinhado com a visão friedmaniana anteriormente explicitada.

11

lealdade e satisfação.(4) Consequentemente, existem benefícios económico-financeiros inerentes para as

empresas que adotam estas políticas.

No entanto, tomando como particular exemplo o mercado do consumo agroalimentarVII, subsistem

algumas preocupações, nomeadamente quanto à relação deste mercado com certos grupos mais vulneráveis,

onde se incluem, a título de exemplo, crianças, idosos, pessoas com baixas qualificações académicas, pessoas

com problemas de obesidade e PCDI. As PCDI parecem ser um claro grupo que tem sido relegado para segundo

plano em termos de ética empresarial e numa perspetiva económica pelas empresas, tal é a falta de evidência ao

nível da investigação e do parco posicionamento das empresas que se voltam para este segmento. Ou seja,

facilmente, se constata que existe uma ausência de estratégias de marketing, numa lógica business-to-consumer

(i.e. B2C), para com este segmento supranacional. Por exemplo Stephens DL e Bergman K (5) fazem notar que

"a ADA [Americans with Disabilities Act] exerce uma influência indireta bem como serve para «despertar»

aqueles que nunca consideraram as pessoas com deficiência um mercado suficintemente significativo no qual

devessemos concentrar recursos. Estima-se que 20% da população dos Estados Unidos da América seja

incapacitada.” O valor aumenta para 40%, se incluirmos as pessoas que se relacionam de forma próxima com

este segmento. Como se verá de seguida, este segmento ou nicho de mercado é quantitativamente significativo

tanto a nível mundial como a nível nacional, pelo que merece particular atenção e parece revestir-se de uma

oportunidade empresarial (vd. as abordagens éticas referenciadas no subcapítulo As «falhas de mercado» e a

valorização crescente da responsabilidade social).

Retrato do segmento das pessoas com deficiência

As «deficiências são problemas nas funções ou na estrutura do corpo, tais como, um desvio importante

ou uma perda (...) relativamente ao que é geralmente aceite como estado biomédico normal (padrão) do corpo

e das suas funções» que podem ser apenas temporárias ou permanentes, intermitentes ou contínuas e de evolução

progressiva ou regressiva ou, ainda, estáveis(6)VIII. De seguida, apresenta-se uma análise sumária quanto à

demografia destas pessoas.

VII Um exemplo nacional comummente referenciado como uma empresa efetivamente comprometida com a RSA é a “Delta Cafés”, que historicamente sempre procurou fomentar uma relação de proximidade com as comunidades onde se insere e que lhe trouxe dividendos claros em termos de exposição da marca e consequente fidelização dos consumidores, sendo hoje uma marca líder.

VIII Definição baseada na classificação internacional de funcionalidade, incapacidade e saúde - vulgo CIF - aprovada em

22 de maio de 2001 (resoluççãoo WHA54.21) pela World Health Assembly, que se constitui como uma revisão da

classificação internacional de deficiências, incapacidades e desvantagens (ICIDH) da Organização Mundial da Saúde

(doravante, OMS)

12

Tipo de deficiência

Faixa etária

A nível mundial

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS)(7), “estima-se que, incluindo crianças, mais de mil

milhões de pessoas (ou cerca de 15% da população mundial) vivam com algum tipo de deficiência”. «Só» em

situação de deficiência considerada severa (cegueira, tetraplegia ou depressão severa) serão cerca de 190

milhões. Dados mais pormenorizados mostram que 2,9% da população mundial tem deficiência severa, sendo

que a percentagem da população nos países com elevados rendimentos, com este tipo de deficiência, é de 3,2%.

Os dados da Tabela 1 permitem aferir outras conclusões, quanto aos países mais economicamente mais

desenvolvidos.

Tabela 1: Estimativa da população mundial com deficiência por região, sexo e idade (OMS, dados de 2004)

A nível nacional

Quanto a Portugal, a população residente com deficiência, segundo dados do Censos 2001, era de

636059 (i.e. 6,1% da população)(8), registando-se a seguinte distribuição (vd. Gráfico 1): (i) 163569 (25,72% do

valor total da população com deficiência) tem deficiências do foro visual; (ii) 156246 (24,56%) do foro motor;

(iii) 84172 (13,23%) de foro auditivo; (iv) 70994 (11,16%) do foro mental; (v) 15009 (2,36%) possui deficiência

relativa a paralisia cerebral; (vi) 146069 (23,0%) deficiências de outro tipo.

Deficiência severa

Deficiência moderada ou severa

Total Mundial

Países com elevado

rendimento

Total Mundial

Países com elevado

rendimento

Total 2,9 3,2 15,3 15,4

Todas as pessoas (0-14 anos) 0,7 0,4 5,1 2,8

Todas as pessoas (15-59 anos) 2,7 2,3 14,9 12,4

Todas as pessoas (>= 60 anos) 10,2 8,5 46,1 36,8

Todas as pessoas (>= 15 anos) 3,8 3,8 19,4 18,3

Sexo Masc. (0-14 anos) 0,7 0,4 5,2 2,9

Sexo Masc. (15-59 anos) 2,6 2,2 14,2 12,3

Sexo Masc. (>= 60 anos) 9,8 7,9 45,9 36,1

Sexo Fem. (0-14 anos) 0,7 0,4 5,0 2,8

Sexo Fem. (15-59 anos) 2,8 2,5 15,7 12,6

Sexo Fem. (>= 60 anos) 10,5 9,0 46,3 37,4

13

Gráfico 1: Distribuição tipológica da população residente em território nacional com algum tipo de deficiência (Instituto

Nacional de Estatística (INE), Censos 2001)

Sob análise agregada, as faixas etárias mais afetadas situam-se entre os 50 e os 79 anos (vd. Gráfico 2)

e os homens são ligeiramente mais afetados do que as mulheres: 52,6% da população com algum tipo de

deficiência pertence ao sexo masculino, o correspondente a 334879 homens face a 47,4% para o sexo feminino,

o que corresponde a 301180 mulheres (vd. Gráfico 3). Poderá ser consultada informação mais detalhada no

Anexo I – Tabelas detalhadas quanto à distribuição das PCDI em território nacional, por faixa etária e por

género.

Gráfico 2: Distribuição etária da população residente em território nacional com algum tipo de deficiência (INE, Censos 2001)

Auditiva13%

Visual26%

Motora25%

Mental11%

Paralisia Cerebral2%

Outra Deficiência23%

0 10000 20000 30000 40000 50000 60000

0-45-9

10-1415-1920-2425-2930-3435-3940-4445-4950-5455-5960-6465-6970-7475-7980-8485-89

>90

14

Gráfico 3: Distribuição da população residente em território nacional com algum tipo de deficiência por género (INE, Censos

2001)

As variáveis que influenciam o comportamento do consumidor

Segundo Lindon D, Lendrevie J (9), as variáveis que influenciam o comportamento do consumidor

podem ser variáveis explicativas individuais - necessidades, motivações e atitudes -, características permanentes

dos indivíduos - personalidade, imagem de si próprio ou autoimagem e estilo de vida - e variáveis explicativas

sociológicas e psicossociológicas - que se subdividem em fatores vinculados à família, ao grupo ou à classe

social ou, ainda, a fatores culturais (vd. Tabela 2).

Tipos de variáveis

Explicativas

individuais Permanentes dos indivíduos

Sociológicas e

Psicossociológicas

Necessidades

Motivações

Atitudes

Personalidade

Imagem de si próprio

(autoimagem)

Estilo de vida

Família

Grupo

Classe socialIX

Fatores culturais

Tabela 2: Tipos de variáveis que influenciam o comportamento do consumidor

Apresentaremos, agora, com um pouco mais detalhe, cada uma destas variáveis. Contudo, atente-se que

o enfoque é dado a estas variáveis de vocação mais endógena, i.e. o enfoque é dado à vertente da procura em

detrimento da oferta. Isto vem na lógica das alterações empresariais sofridas, sobretudo, ao longo do século XX

IX Implicitamente, consideram-se as condições económicas, para lá das sociais.

Sexo Feminino

47%Sexo

Masculino53%

15

em que o foco deixou de estar sobre as políticas de produto mas sobre o consumidor, sobre as suas

«necessidades» e «exigências», no sentido lato.

Variáveis explicativas individuais

Sendo um conceito que tem sido bastante debatido no seio científico e empresarial e, portanto, contando

com inúmeras e variadas definições, segundo Raiklin E e Uyar B (10), necessidades são tidas como desejos

urgentes em adquirir bens e serviços, para que se possa atingir a satisfação. Ainda que com imperfeições

evidentes, Abraham Maslow subdividiu as necessidades humanas em categorias, ordenando o sentido de

evolução das necessidades sob uma hierarquia piramidal que é bastante estudada nos domínios do marketing,

do consumo e da psicossociologia das organizações. Na base consideram-se estarem as necessidades

consideradas mais básicas, isto é as fisiológicas, seguindo-se a necessidade de segurança no segundo patamar,

as necessidades de pertença ou sociais no terceiro, as de respeito, afeição ou de estima no quarto patamar e as

de autorrealização no topo da pirâmide de Maslow (vd. Figura 1).

Figura 1: Pirâmide de Maslow(11)

Maslow, Freud e Herzberg desenvolveram teorias associadas às motivações humanas que vale a pena

atentar-se. Com Maslow as motivações estão associadas à necessidade de realização de necessidades de forma

encadeada e hierarquizada. Freud associa as motivações a questões mais intrínsecas ao ser humano, assumindo

que o comportamento humano está fundamentalmente associado a questões do domínio inconsciente, sendo a

opinião ou relação com as características de uma marca, de um produto ou de um serviço em muito baseadas

em julgamentos emocionais, ou seja de caráter involuntário.(12) Quanto a Herzberg, a sua teoria assenta nos

conceitos de satisfação e insatisfação, sendo que não basta a inexistência de insatisfação associada a um produto

Necessidades de autorrealização (desenvolvimento e realização pessoais)

Necessidades de respeito (autoestima, reconhecimento,

status)

Necessidades sociais(senso de integração, amor)

Necessidades de segurança(segurança, proteção)

Necessidades fisiológicas(fome, sede)

16

e serviço para que haja um incentivo preponderante à compra do mesmo, pelo que também tem que existir um

fator de satisfação associado.(12)

No âmbito do estudo das questões do consumo, as atitudes perante uma empresa, marca, produto ou

serviço, são respeitantes às crenças, perceções e conhecimentos (componente cognitiva); aos sentimentos tendo

em conta as dimensões prévias adquiridas da componente cognitiva (componente afetiva); às intenções de

comportamento (componente conativa). Segundo Kotler P e Armstrong G (11), as empresas “devem procurar

adequar os seus produtos às atitudes existentes, em vez de mudá-las”, dada a dificuldade de se alterarem atitudes,

não obstante os casos excecionais.

Características permanentes dos indivíduos

Quanto às características permanentes dos indivíduos que influenciam o seu comportamento enquanto

consumidores, destacamos anteriormente três: a personalidade, a imagem de si próprio (autoimagem) e o estilo

de vida.

A primeira tem importância, fundamentalmente se considerarmos que sendo possível conhecer a

personalidade-tipo de um determinado segmento de consumidores, podemos prever o seu comportamento e

definir políticas de marketing em torno consonantes com o comportamento desse segmento. Todavia, segundo

Moura AP (13), “os resultados sobre as correlações entre a personalidade e o comportamento de compra são

fracos e inconclusivos” pelo que, segundo a mesma autora, esta variável estará “muito mais apta a explicar o

«estilo de compra» de uma pessoa” (e.g. se a compra é mais ou menos impulsiva ou então refletida).

A autoimagem relaciona-se com o facto do consumidor se rever na imagem que a marca procura fazer

passar ou, alternativamente, relaciona-se com a imagem que o consumidor procura ter ou transparecer ao

consumir determinado bem ou serviço.

O estilo de vida de um indivíduo está associado a padrões de vida expressos em atividades, interesses e

opiniões, em suma, à interação entre o indivíduo e o meio ambiente onde se insere. Um exemplo clarividente

do alinhamento das empresas ao estilo de vida dos consumidores, são os crescentes produtos associados à

responsabilidade ambiental (e.g. painéis solares, alimentação biológica, produtos com embalagens

biodegradáveis, entre outros). Esta característica, tal como o sexo e a idade, encontra-se na fronteira entre as

variáveis individuais e sociais.(9) Assim, esta variável está de alguma forma também associada aos fatores

culturais respeitantes às variáveis explicativas sociológicas e psicossociológicas.

Variáveis explicativas sociológicas e psicossociológicas

Finalmente e como referido anteriormente, quanto às variáveis explicativas sociológicas e

psicossociológicas subdividem-se em fatores vinculados à família, grupo, classe social e culturais. Segundo

Kotler P e Armstrong G (11), “a família é a mais importante organização”, ao nível de influência exercida na

compra de bens de consumo. A título de exemplo, considerando a realidade norte-americana, o sexo feminino

tinha, naturalmente, uma preponderância maior porque as mulheres eram habitualmente quem faziam

17

maioritariamente as compras para toda a família (mais próxima), mas tal perfil tem vindo a mudar com a maior

integração da mulher no mercado laboral. O papel das crianças nos processos de decisão de compra vem

ganhando, também, cada vez mais preponderância, segundo os mesmos autores.

Ao nível da influência dos grupos, estes podem ser grupos de associação ou grupos de referência. No

primeiro caso, trata-se de “grupos que exercem uma influência direta sobre uma pessoa e dos quais ela faz

parte”, enquanto que no segundo caso trata-se de grupos que são tidos como fatores comparativos ou de

referência direta ou indireta na formação de comportamentos e atitudes individuais dos consumidores(11).

Diversas empresas nacionais vêm apostando na sua promoção (no sentido lato) por via da influência direta pelos

grupos, através de líderes de opinião, i.e. “indivíduos cujo estatuto, nos seus respetivos grupos, é elevado”.

Perante a maior estratificação social, as empresas têm que atender à variação dos padrões de consumo

consoante as classes sociais e às estratégias de marketing que têm necessidade de implementar, com particular

destaque para o marketing-mix, com o intuito de “alcançar” essa determinada classe social. Para lá do padrão

de consumo adequado à pertença a uma determinada classe social, importa atender ao “consumo ostensivo”

“cuja finalidade é a demonstração da riqueza ou do estatuto social” e que incide “especialmente sobre produtos

que tenham uma grande visibilidade, como casas ou automóveis”(9).

Como foi referido anteriormente, as variáveis culturais associam-se interdisciplinarmente com os estilos

de vida, pelo que nos escusamos a repetir os desenvolvimentos anteriores.

Os estilos de vida e nutricionais das pessoas com deficiência

Como se constata são imensas as variáveis que influenciam o comportamento do consumidor, onde se

inserem as questões de saúde e nutricionais. A diversa evidência científica existente(14-21) comprova que as PCDI

têm maiores chances de se tornarem menos saudáveis e mais obesas do que as pessoas que não estão nessa

condição. Consequentemente gera-se um problema em espiral, em que as PCDI desenvolvem as doenças

habitualmente aliadas à obesidade, como diabetes mellitus e doenças cardiovasculares, ficando assim (ainda)

mais dependentes de terceiros, piorando a sua condição física e a sua qualidade de vida. Por conseguinte, a

componente preventiva tem um papel importante. Não obstante a clara importância desta matéria, dado o cariz

do estudo, mais vocacionado para a vertente de marketing de consumo e, sobretudo, o reduzido tempo disponível

para a realização do mesmo, optou-se por não dar tanto destaque a este fator.

Colocação do problema e lacuna de investigação

Como vimos, o desenvolvimento do capitalismo à escala global, conjugado com crises económico-

financeiras e com crises de falta de transparência e de ética empresarialX a par de uma maior exigência social,

X Ou, no mínimo, da maior mediatização e conhecimento público dos casos que se revestem como crises motivadas pela falta de transparência e de ética empresarial.

18

tem promovido um maior comprometimento regional, nacional e até transnacional das empresas com a

responsabilidade pública e com a RSA, resultando numa maior harmonização do sistema económico tradicional

de concorrência com busca primária do lucro com a assunção de princípios e comportamentos ético-morais e

de um maior envolvimento sociocomunitário. No mercado do consumo agroalimentar, existem várias evidências

desta evolução, assim como subsistem naturalmente vários fatores que não deixam de suscitar preocupação,

nomeadamente quanto à relação deste mercado com os grupos mais vulneráveis, onde se incluem crianças,

idosos, pessoas com baixas qualificações académicas, pessoas com problemas de obesidade e PCDI, entre outros

grupos. No caso particular das PCDI, este segmento parece ter sido relegado para segundo plano, numa

perspetiva ético-social, mas também numa perspetiva económica, pelas empresas do setor agroalimentar, apesar

do maior comprometimento destas com a RSA. Isto reflete-se no facto de haver, a nível mundial, uma clara

falta de evidência científica sobre as variáveis que influenciam o comportamento de consumo das PCDI, apesar

de se verificar que existe alguma evidência sobre os hábitos de consumo e perfis nutricionais. Assim,

sumariamente, a formulação do problema será: Qual são as variáveis que influenciam, de forma mais relevante,

o comportamento de consumo das PCDI e como exercem essa influência? Importa, desde já, salientar que dado

a análise ser fundamentalmente qualitativa, como se evidenciará com maior precisão mais adiante, o enfoque

não será dado na frequência mas na variabilidade.

Propósito da investigação e objetivo

Dada a inexistência de evidência científica sobre as variáveis que influenciam o comportamento de

consumo das PCDI e a aparente parca atenção das empresas ao segmento, considerando apenas o âmbito

geográfico nacional, com esta investigação de caráter exploratório pretende-se efetuar uma análise exploratória

e descritiva sobre as variáveis que influenciam, de forma relevante, o comportamento de consumo das PCDI

residentes no território de Portugal Continental e das partições mais substantivas deste segmento, isto é dos

deficientes visuais, motores, auditivos, mentais e com paralisia cerebral.

Como já referido, não iremos estudar incisivamente os perfis nutricionais das PCDI dada a tipologia do

estudo e simultaneamente existir alguma evidência internacional - ainda que se constatem algumas debilidades,

por exemplo na evidência de pessoas com deficiências ou incapacidades intelectuais institucionalizadas(22) - mas

iremo-nos debruçar sobre as variáveis que influenciam o comportamento de consumo das PCDI, tomando como

âmbito geográfico o território continental português.

Formulação de hipóteses

Será, certamente, ousado desenvolver qualquer hipótese dado o caráter do trabalho, não obstante, poder-

se-á efetuar algumas suposições objetivas:

19

As variáveis explicativas individuais e permanentes dos indivíduos autónomos exercem uma

influenciam mais decisiva e positiva no processo de compra e de consumo de produtos

alimentares do que as variáveis sociológicas e psicológicas, considerando algum isolamento e

ostracização social das PCDI, nomeadamente nos casos de deficiência mais severa.

Ao nível das variáveis sociológicas e psicossociológicas, a influência de família poderá

destacar-se em indivíduos não autonomizados. Assim, é possível que exista uma menor

variabilidade nas respostas quanto às variáveis relatadas como mais influentes, no caso das

PCDI com deficiência mental e com paralisia cerebral.

Originalidade

Um conhecimento mais aprofundado sobre estas variáveis neste segmento é vital pelo valor social e

económico associados e esta análise exploratória possibilitará uma orientação a futuras investigações com

caráter mais específico para as variáveis ou subsegmentos/partições que se considerem mais relevantes ou

interessantes consoante o cariz económico, social ou científico que se procure alcançar. Mais informações

poderão ser consultadas no subcapítulo Resultados esperados e expansão da investigação.

20

Metodologia

Desenho do estudo

Considerando que o estudo incide sobre um grupo particularmente vulnerável, o facto da realidade em

estudo ser subjetiva e múltipla(23) - onde se pretende obter uma profundidade e variedade de dados tão ampla

quanto possível (análise holística) – e atendendo ao facto de se querer uma análise exploratória, optou-se pela

realização de uma análise predominantemente qualitativaXI. Como referido em Sousa MJ e Sales BC (23), “este

tipo de investigação é indutivo e descritivo, na medida em que o investigador desenvolve conceitos, ideias e

entendimentos a partir de padrões encontrados nos dados em vez de recolher dados para comprovar modelos,

teorias ou verificar hipóteses como nos estudos quantitativos”.

O estudo da população e o procedimento de amostragem

Estando definida a estratégia genérica desta investigação, importa atentar para as questões relativas à

amostragem. Serão, portanto, entrevistadas 14 pessoas, escolhidas segundo amostragem não probabilística na

vertente intencional (também, definida comummente em vária bibliografia como amostragem por

conveniência), estando definida a seguinte distribuição:

Tipo de deficiência N.º

Visual 4

Sexo masculino, entre 18 e 34 anos de idade 1

Sexo feminino, entre 18 e 34 anos de idade 1

Sexo masculino, entre 35 e 79 anos de idade 1

Sexo feminino, entre 35 e 84 anos de idade 1

Motora 4

Sexo masculino, entre 50 e 79 anos de idade 2

Sexo feminino, entre 60 e 84 anos de idade 2

Auditiva 2

Sexo masculino, entre 50 e 79 anos de idade 1

Sexo feminino, entre 60 e 89 anos de idade 1

Mental 2

Sexo masculino, entre 20 e 49 anos de idade 1

Sexo feminino, entre 25 e 59 anos de idade 1

Paralisia Cerebral 2

Sexo masculino, entre 18 e 79 anos de idade 1

Sexo feminino, entre 18 e 79 anos de idade 1 Tabela 3: Procedimento de amostragem não probabilístico na vertente intencional

XI Fazer-se-á recolha de variáveis sociodemográficas, prevendo-se que o estudo seja, nesta vertente quantitativa, muito pouco intensivo.

21

Após se ter definido uma distribuição para os diferentes tipos de deficiência - i.e. visual, motora,

auditiva, mental, paralisia cerebral - de respetivamente 4, 4, 2, 2 e 2 indivíduos, efetuaram-se limitações por

género e por segmento etário, com base na concentração de aproximadamente 50% do segmento no total da

população, tendo como referência os dados do Censos 2001 (vd. Anexo I – Tabelas detalhadas quanto à

distribuição das PCDI em território nacional, por faixa etária e por género). Excluiram-se, de seguida, menores

de idade, por questões éticas. No caso da paralisia cerebral, dada a dispersão dos dados, optou-se pela limitação

etária de 18 a 79 anos de idade. No caso da deficiência visual optou-se também pela subdivisão dos agregados

de segmentos etários.

As pessoas escolhidas para este estudo devem ter deficiências que não sejam temporárias e nenhuma

das pessoas questionadas deve estar institucionalizada. Quanto à institucionalização, optou-se por esta via para

não obter um viés que favorecesse, de forma muito substancial, as variáveis de cariz sociológico e

psicossociológico. Não obstante não deve ser posto de parte, o estudo específico em indivíduos

institucionalizados, em futuras oportunidades.

Também, as pessoas com mais do que um tipo de deficiência (relativamente às que estão em estudo) ou

que estejam condicionadas por limitações nutricionais recomendadas por médicos, serão excluídas deste estudo,

pelo viés que poderiam induzir neste estudo. Quanto a este último fator de exclusão elencado (i.e. limitações

nutricionais), tal deve-se ao facto deste estudo ter uma vocação tendencialmente mais associada à vertente de

consumo, nomeadamente na vertente de marketing de consumo agroalimentar. Não obstante, uma vez mais, na

extensão da investigação e com uma vocação mais associada a questões de saúde, poderá analisar-se este fator

com maior detalhe e rigor.

No caso das PCDI com tipo de deficiência visual, motora e auditiva, estas deverão ter rendimentos

provenientes de trabalho e serem capazes de responder per si às questões efetuadas na entrevista. No caso das

restantes pessoas que se pretendem entrevistar, não ocorrerá essa limitação e as questões serão efetuadas à

pessoa que mais diretamente apoia estas PCDI. Esta limitação está associada com a necessidade de entrevistar

pessoas com um poder de compra que não seja significativamente baixo e que, portanto, não tenham tão só

propensão à variável “baixo preço”.

Estes critérios adicionais de exclusão, estão sumariados na Tabela 4.

Tipo de deficiência Visual Motora Auditiva Mental Paralisia Cerebral

Deficiência temporária excl. excl. excl. excl. excl.

Institucionalizada excl. excl. excl. excl. excl.

Mais do que um tipo de deficiência excl. excl. excl. excl. excl.

Limitações nutricionais excl. excl. excl. excl. excl.

Sem rendimentos provenientes de trabalho excl. excl. excl.

Sem capacidade para responder autonomamente

excl. excl. excl.

Tabela 4: Critérios adicionais de exclusão por tipo de deficiência

22

Serão estabelecidos contactos com entidades privilegiadas, nomeadamente associações, que

possibilitem, com relativa facilidade, a "captação" de participantes voluntários para o referido estudo.

Tipo de deficiência Entidades

Transversal

APD - Associação Portuguesa de Deficientes

AAJUDE - Associação de Apoio à Juventude Deficiente existir - Associação para a Intervenção e Reabilitação de Pessoas Deficientes e Desfavorecidas

Visual

ACAPO - Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal

AAICA - Associação de Apoio à Informação a Cegos e Amblíopes

ADEVA - Associação de Deficientes Visuais e Amigos

AAJUDE - Associação de Apoio à Juventude Deficiente

Motora

LPDM - Liga Portuguesa dos Deficientes Motores

ANDDEMOT - Associação Nacional de Desporto para Deficientes Motores

Associação Salvador

Auditiva

FPAS - Federação Portuguesa das Associações de Surdos

Associação Portuguesa de Surdos

ASP - Associação de Surdos do Porto

ASAS_M - Associação de Surdos de Apoio a Surdos de Matosinhos

Mental

CEDEMA - Associação de Pais e Amigos dos Deficientes Mentais Adultos APPADCM - Associação Portuguesa dos Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental Raríssimas - Associação Nacional de Deficiências Mentais e Raras

AAJUDE - Associação de Apoio à Juventude Deficiente

Paralisia Cerebral

FAPPC - Federação está a Associação Portuguesa de Paralisia Cerebral

APPC - Associação do Porto de Paralisia Cerebral

APADP – Associação de Pais e Amigos de Deficientes Profundos

AAJUDE - Associação de Apoio à Juventude Deficiente Tabela 5: Entidades passíveis de serem contactadas para auxílio na definição de participantes voluntários

No caso de se ter mais do que um indvíduo indicado pela instituição contactada, proceder-se-á a uma

escolha aleatória entre as possibilidades admissíveis.

Recolha de dados

Tendo em conta o exposto, considerou-se mais adequado adotar pelo método de entrevistas em

profundidade semi-estruturadas e de cariz individual, com recurso a um guião com um conjunto de questões-

tipo abrangentes mas sem necessidade de o seguir de forma estrita e os guiões poderão sofrer melhoramentos,

consoante as entrevistas realizadas (visto o cariz interativo da análise qualitativa). Procurar-se-á, assim, seguir

o guião disposto no anexo respeitante à deficiência que a pessoa entrevistada possua, proceder-se-á à gravação

23

em vídeo das referidas entrevistas e recorrer-se-á observação e registo de todas respostas e comportamentos

verbais e não-verbais, nomeadamente através de registo escrito, de áudio e imagemXII,XIII.

As catorze pessoas entrevistadas sê-lo-ão, durante sensivelmente 130-160 minutos (sem necessidade de

cumprir estritamente este tempo dado ser uma entrevista semi-estruturada). Para que possam ser feitos

incrementos no processo de entrevista - ainda que sem descaracterizar o processo de estudo, como recorremos

a uma análise marcadamente qualitativa -, irá optar-se por não fazer as entrevistas segmento a segmento, mas

de forma alternada. Assim irá seguir-se a ordem das entrevistas constantes da Tabela 6.

Ordem  Caracterização do indivíduo a entrevistar 

#1  Indivíduo com deficiência visual, sexo masculino, agregado etário 18‐34 

#2  Indivíduo #1 com deficiência motora, sexo feminino, agregado etário 60‐84 

#3  Indivíduo com deficiência auditiva, sexo masculino, agregado etário 50‐79 

#4 Pessoa relacionada com o indivíduo com deficiência mental, sexo masculino, agregado etário 20‐49 

#5  Indivíduo com deficiência visual, sexo feminino, agregado etário 35‐84 

#6  Indivíduo #1 com deficiência motora, sexo masculino, agregado etário 50‐79 

#7  Indivíduo com deficiência auditiva, sexo feminino, agregado etário 60‐89 

#8 Pessoa  relacionada com o  indivíduo com paralisia cerebral, sexo  feminino, agregado etário 18‐79 

#9  Indivíduo com deficiência visual, sexo feminino, agregado etário 18‐34 

#10  Indivíduo #2 com deficiência motora, sexo feminino, agregado etário 60‐84 

#11 Pessoa relacionada com o indivíduo com deficiência mental, sexo feminino, agregado etário 25‐29 

#12  Indivíduo com deficiência visual, sexo masculino, agregado etário 35‐79 

#13  Indivíduo #2 com deficiência motora, sexo masculino, agregado etário 50‐79 

#14 Pessoa relacionada com o indivíduo com paralisia cerebral, sexo masculino, agregado etário 18‐79 

Tabela 6: Ordem das entrevistas

Importa ainda referir que, como mencionado anteriormente, no caso das PCDI com deficiência do tipo

mental e paralisia cerebral, as questões serão efetuadas à pessoa que mais diretamente apoia estas PCDI. Assim,

no caso dos indivíduos que têm responsabilidade de apoio aos indivíduos com deficiência mental ou paralisia

cerebral, a questão deverá ser moldada de forma a abranger não só as perspetivas pessoais de quem está a ser

inquirido mas, também, a perceção dos inquiridos quanto às opiniões das PCDI em causa.

No caso das PCDI com deficiência do tipo auditivo, se necessário, recorrer-se-á a assistentes

especialistas em otorrinolaringologia para realizar a entrevista.

XII Estando, obviamente, salvaguardada a devida confidencialidade de todos os dados. Mais informações em

Considerações éticas.

XIII O autor deste trabalho possui todo o material necessário para este efeito pelo que não é necessário qualquer investimento financeiro de elevada grandeza na compra de máquina de filmar ou no gravador áudio digital.

24

No seguimento dos objetivos do estudo, algumas das questões que constarão do guião terão o intuito de

procurar avaliar quais os fatores que têm maior implicância na compra de produtos alimentares do segmento

em análise, considerando, entre diversos fatores, o grau de ponderação, o comportamento de compra, a perceção

sobre a influência dos meios informais onde se inserem (família, amigos, colegas de trabalho, entre outros) e as

necessidades articuladas - afirmadas, esperadas e imaginárias - e as necessidades desarticuladas - reais e

subconscientes.

Gestão de dados: processamento e análise

A parca análise de caráter quantitativo que será feita diz respeito às variáveis sociodemográficas e será

processada através de IBM - SPSS Statistics e de Microsoft Office Excel, cujas as licenças estão disponíveis para

as faculdades que coadministram este ciclo de estudos.

Para efeito de análise qualitativa utilizar-se-á o NVivo, cuja licença tentar-se-á obter junto da Faculdade

de Psicologia e de Ciências de Educação da Universidade do Porto (FPCEUP) ou junto dos serviços centrais da

própria Reitoria da Universidade do Porto. Considerando que a amostra em análise não é quantitativamente

significativa, o processamento da informação também poderá ser feito por outras vias como a manual e pelos

programas de processamento de texto e imagem mais comuns. Assim, far-se-á codificação de categorias e

temáticas e uma interpretação indutiva, i.e. obter uma generalização através da captação de padrões particulares

que forem captados das entrevistas.

Considerações éticas

Ao nível das considerações éticas, estas estão assentes em quatro eixos:

1. Assumiu-se prévia e perentoriamente a autonomia científica e face a entidades empresariais ou

outras que pudessem criar qualquer «conflito de interesses» ou prejudicar a seriedade do

projeto;

2. Salvaguarda-se que não serão entrevistados menores;

3. Estará salvaguardada a devida confidencialidade de todos os dados, sendo que os participantes

ou os responsáveis pelos participantes (em caso de inimputabilidade) terão que assinar uma

declaração de consentimento (vd. Anexo X – Declaração de consentimento);

4. Este projeto será submetido à Comissão de Ética da Universidade do Porto (CEUP), enviando

em anexo os documentos exigidos, i.e. (i) carta dirigida ao Presidente da CEUP a solicitar

emissão de parecer quanto ao projeto; (ii) resumo deste projeto; (iii) termo de consentimento

informado; (iv) curriculum vitae pessoal e do orientador; e outros documentos eventualmente

relevantes que entretanto sejam desenvolvidos. Em caso de atraso na resposta desta entidade,

25

poderá ser contactado, por exemplo, o Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida.

Equipamentos e orçamentação

Com o intuito de realizar esta investigação e considerando as disposições apresentadas ao longo deste

documento relativas a (eventuais) necessidades de equipamentos e demais meios não físicos, consagramos na

Tabela 7, uma sistematização de ativos e dos respetivos custos.

Ativos necessários Custo Previsto Notas Adicionais

Máquina de filmar N/A O autor da investigação possui o material em causa ou acesso ao mesmo.

Gravador áudio digital

N/A O autor da investigação possui o material em causa ou acesso ao mesmo.

Software NVivo 470€ Não obrigatório. Requerer acesso à FPCEUP ou aos serviços centrais da

Reitoria. Software IBM – SPSS Statistics

N/A O autor da investigação possui o material em causa ou acesso ao mesmo.

Software Microsoft Office Excel

N/A O autor da investigação possui o material em causa ou acesso ao mesmo.

Assistentes especialistas em otorrinolaringologia

12,86-38,58€XIV Não obrigatório. A avaliar necessidade consoante o primeiro teste em PCDI com deficiência do tipo auditivo.

Espaço para realização de inquéritos

N/A No espaço das instituições parceiras, das PCDI em causa (e.g. para PCDI com deficiência mental ou paralisia cerebral) ou, por exemplo, requerer espaço na Fundação Eng.º António de Almeida (idealmente).

Tabela 7: Ativos físicos e não físicos necessários para a realização da investigação e, respetiva, orçamentação

Cronograma

A revisão bibliográfica dar-se-á, naturalmente, ao longo de toda a investigação. Quanto ao

desenvolvimento e solidificação da metodologia de investigação, estar dar-se-á durante as quatro primeiras

quinzenas e depois na sexta e sétima quinzena, refletindo, mais uma vez, o caráter dinâmico ou interativo do

processo de análise que se escolheu. Na terceira quinzena, dar-se-á o contacto com a CEUP e, durante esta

quinzena e durante a quarta, serão efetuados contactos com as entidades que colaborarão com este estudo,

nomeadamente para a realização de entrevistas. Seguir-se-á, naturalmente, a definição dos respetivos

entrevistados. Posteriormente, considerando o modelo interativo da análise dos dados de Miles e Huberman(23),

realizaremos quatro tarefas: a redução dos dados, a realização das entrevistas (período de recolha dos dados por

via das entrevistas supra mencionadas), a respetiva organização e verificação dos dados recolhidos.

Finalizaremos, consequentemente, a dissertação.

XIV Calculo efetuado pressupondo: (i) dispêndio de tempo com dois inquéritos de 140 minutos/cada a PCDI com deficiências auditivas; (ii) custo no seguinte intervalo: [(485/22/8)*(2*(140/60)), ((3*485)/22/8)*(2*(140/60))], i.e. o correspondente a intervalo entre a retribuição mínima mensal (RMMG) garantida paga à hora e o tripo da RMMG paga à hora.

26

Portanto, a investigação seguirá o cronograma da Tabela 8 abaixo elencada, que sumaria o que se acabou

de apresentar.

Tarefa Quinzena

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Revisão bibliográfica

Desenvolvimento e solidificação da metodologia de investigação

Contacto com a CEUP

Contacto com as entidades para apoio à escolha de possíveis entrevistados

Definição dos entrevistados

Redução dos dados

Realização das entrevistas (período de recolha dos dados)

Organização dos dados

Verificação dos dados

Finalização da dissertação

Tabela 8: Cronograma da dissertação

27

Resultados esperados e expansão da investigação

Não existem expectativas quanto aos resultados esperados, dada a natureza inovadora do trabalho. Não

obstante, poderão apontar-se possíveis expansões da investigação.

Não obstante o supra exposto, salienta-se que neste trabalho só se apresenta a primeira ronda de

entrevistas, pelo que poderá fazer sentido realizar entrevistas adicionais às mesmas pessoas ou outras, consoante

os resultados que forem obtidos ou sendo obtidos e se o tempo disponível o permitir. Tal só é possível,

considerando o caráter dinâmico da análise qualitativa. Concomitantemente, tal também poderá encetado em

outras oportunidades de investigação.

Ademais, a partir dos resultados deste estudo, o enfoque de futuros estudos poderá recair sobre:

A atuação das empresas e de possíveis necessidades de alteração ao nível da gestão estratégica

das mesmas para atrair este nicho de mercado, melhoramentos ao nível da operacionalização

das estratégias de marketing e alterações para se incrementarem os níveis de RSA, assim como

a sua perceção pública.

O «consumidor PCDI» (sentido mais restrito) e o «indivíduo PCDI» (sentido mais amplo),

aprofundando o estudo ao nível de uma variável ou de um tipo de variável agora estudado, ou

dando enfoque às questões de natureza saúde ou nutricional aqui secundarizadas.

Adicionalmente, como referenciado, o estudo específico de indivíduos institucionalizados em

diferentes entidades poderá ser cientificamente importante, para avaliar as influências dos

diferentes grupos onde se inserem.

A sociedade e a sua relação com as PCDI, na influência que exercem sobre essas pessoas na

«sociedade de consumo».

As autoridades públicas e os agentes reguladores, por exemplo, no sentido de se avaliar se existe

um tratamento justo deste segmento face aos demais segmentos da sociedade.

Poder-se-á, ainda, expandir o âmbito deste mesmo estudo a outros agentes que trabalham de perto com

as PCDI, nomeadamente trabalhadores de organizações não-governamentais (ONG) ou de instituições

particulares de solidariedade social (IPSS), assistentes sociais da Administração Pública, entre outras

personalidades.

28

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31

Anexos

Importa referir que os campos dos documentos constantes dos anexos II a IX foram reduzidos com vista

a racionalizar o espaço deste documento e a facilitar a legibilidade e a interpretação.

Anexo I – Tabelas detalhadas quanto à distribuição das PCDI em território nacional, por

faixa etária e por género

Total 

Faixa Etária 

% Masc.+Fem. 

Masc.+Fem.  %Fem.  Fem.  %Masc.  Masc. 

0‐4  0,8%  5262  42,4%  2230  57,6%  3032 

5‐9  1,8%  11604  43,2%  5012  56,8%  6592 

10‐14  2,8%  17610  45,1%  7936  54,9%  9674 

15‐19  3,8%  23991  45,1%  10808  54,9%  13183 

20‐24  4,5%  28327  42,2%  11965  57,8%  16362 

25‐29  4,9%  31304  41,1%  12863  58,9%  18441 

30‐34  5,0%  31986  39,3%  12573  60,7%  19413 

35‐39  5,6%  35593  40,4%  14394  59,6%  21199 

40‐44  6,0%  38014  42,3%  16070  57,7%  21944 

45‐49  6,7%  42519  44,2%  18776  55,8%  23743 

50‐54  8,0%  50706  43,3%  21979  56,7%  28727 

55‐59  8,2%  52266  44,4%  23228  55,6%  29038 

60‐64  8,5%  54327  46,4%  25219  53,6%  29108 

65‐69  8,5%  54298  48,6%  26412  51,4%  27886 

70‐74  8,1%  51633  51,8%  26731  48,2%  24902 

75‐79  7,2%  45731  55,6%  25414  44,4%  20317 

80‐84  5,0%  31707  60,7%  19236  39,3%  12471 

85‐89  3,1%  19968  67,3%  13433  32,7%  6535 

>90  1,4%  9213  74,9%  6901  25,1%  2312 

Total  100,0%  636059  47,4%  301180  52,6%  334879 Gráfico 4: Distribuição da população, com deficiência, residente em território nacional por género e faixa etária (INE, Censos

2001)

Auditiva 

Faixa Etária 

% Masc.+Fem. 

Masc.+Fem.  %Fem. Fem.  %Masc.  Masc. 

0‐4  0,5%  443  40,9%  181  59,1%  262 

5‐9  1,6%  1388  41,6%  577  58,4%  811 

10‐14  2,4%  1985  43,7%  868  56,3%  1117 

15‐19  3,0%  2567  42,5%  1092  57,5%  1475 

32

20‐24  3,5%  2981  41,4%  1234  58,6%  1747 

25‐29  3,8%  3178  44,3%  1408  55,7%  1770 

30‐34  3,7%  3093  41,8%  1294  58,2%  1799 

35‐39  4,3%  3591  45,4%  1629  54,6%  1962 

40‐44  4,7%  3955  45,4%  1795  54,6%  2160 

45‐49  5,5%  4611  45,0%  2075  55,0%  2536 

50‐54  6,9%  5820  40,4%  2350  59,6%  3470 

55‐59  7,5%  6294  42,4%  2666  57,6%  3628 

60‐64  8,1%  6821  44,4%  3029  55,6%  3792 

65‐69  9,2%  7740  47,3%  3659  52,7%  4081 

70‐74  9,9%  8320  50,5%  4198  49,5%  4122 

75‐79  9,9%  8361  54,3%  4537  45,7%  3824 

80‐84  7,6%  6405  57,7%  3697  42,3%  2708 

85‐89  5,2%  4376  64,0%  2800  36,0%  1576 

>90  2,7%  2243  69,1%  1550  30,9%  693 

Total  13,2%  84172  48,3%  40639  51,7%  43533 Gráfico 5: Distribuição da população, com deficiência do foro auditivo, residente em território nacional por género e faixa

etária (INE, Censos 2001)

Visual 

Faixa Etária 

% Masc.+Fem. 

Masc.+Fem.  %Fem. Fem.  %Masc.  Masc. 

0‐4  0,5%  827  43,4%  359  56,6%  468 

5‐9  2,0%  3231  49,4%  1597  50,6%  1634 

10‐14  3,9%  6458  51,7%  3342  48,3%  3116 

15‐19  6,2%  10071  52,3%  5266  47,7%  4805 

20‐24  6,9%  11319  48,0%  5438  52,0%  5881 

25‐29  6,5%  10666  47,2%  5036  52,8%  5630 

30‐34  5,5%  8928  46,5%  4154  53,5%  4774 

35‐39  5,4%  8765  47,4%  4158  52,6%  4607 

40‐44  5,5%  8996  49,1%  4416  50,9%  4580 

45‐49  6,5%  10713  49,5%  5306  50,5%  5407 

50‐54  7,4%  12118  49,4%  5990  50,6%  6128 

55‐59  7,2%  11714  50,5%  5912  49,5%  5802 

60‐64  7,2%  11805  53,5%  6315  46,5%  5490 

65‐69  7,6%  12445  55,2%  6872  44,8%  5573 

70‐74  7,4%  12075  57,6%  6959  42,4%  5116 

75‐79  6,4%  10515  59,5%  6252  40,5%  4263 

80‐84  4,2%  6813  61,9%  4219  38,1%  2594 

85‐89  2,6%  4237  66,4%  2815  33,6%  1422 

>90  1,1%  1873  72,8%  1363  27,2%  510 

Total  25,7%  163569  52,4%  85769  47,6%  77800 Gráfico 6: Distribuição da população, com deficiência do foro visual, residente em território nacional por género e faixa etária

(INE, Censos 2001)

33

Motora 

Faixa Etária 

% Masc.+Fem. 

Masc.+Fem.  %Fem. Fem.  %Masc.  Masc. 

0‐4  0,6%  954  43,3%  413  56,7%  541 

5‐9  1,0%  1513  41,7%  631  58,3%  882 

10‐14  1,3%  2043  42,4%  867  57,6%  1176 

15‐19  1,7%  2719  36,5%  992  63,5%  1727 

20‐24  2,6%  4050  34,0%  1375  66,0%  2675 

25‐29  3,4%  5279  31,5%  1662  68,5%  3617 

30‐34  3,8%  5904  29,0%  1711  71,0%  4193 

35‐39  4,9%  7656  30,7%  2353  69,3%  5303 

40‐44  5,6%  8808  32,3%  2842  67,7%  5966 

45‐49  6,1%  9472  32,9%  3114  67,1%  6358 

50‐54  7,6%  11906  33,0%  3934  67,0%  7972 

55‐59  8,3%  13010  37,1%  4826  62,9%  8184 

60‐64  9,6%  14952  40,5%  6051  59,5%  8901 

65‐69  10,2%  15910  44,0%  7002  56,0%  8908 

70‐74  10,3%  16066  48,6%  7801  51,4%  8265 

75‐79  9,6%  14977  53,4%  7998  46,6%  6979 

80‐84  6,9%  10816  60,5%  6540  39,5%  4276 

85‐89  4,5%  7005  68,5%  4798  31,5%  2207 

>90  2,1%  3206  78,2%  2507  21,8%  699 

Total  24,6%  156246  43,1%  67417  56,9%  88829 Gráfico 7: Distribuição da população, com deficiência do foro motor, residente em território nacional por género e faixa etária

(INE, Censos 2001)

Mental 

Faixa Etária 

% Masc.+Fem. 

Masc.+Fem.  %Fem. Fem.  %Masc.  Masc. 

0‐4  0,7%  465  41,1%  191  58,9%  274 

5‐9  2,1%  1501  38,8%  583  61,2%  918 

10‐14  4,1%  2936  39,6%  1162  60,4%  1774 

15‐19  5,7%  4051  41,1%  1664  58,9%  2387 

20‐24  6,9%  4931  40,5%  1998  59,5%  2933 

25‐29  8,3%  5867  40,9%  2397  59,1%  3470 

30‐34  9,1%  6442  39,4%  2538  60,6%  3904 

35‐39  9,5%  6715  40,7%  2733  59,3%  3982 

40‐44  8,4%  5969  42,6%  2540  57,4%  3429 

45‐49  7,5%  5336  45,9%  2449  54,1%  2887 

50‐54  7,1%  5057  46,4%  2344  53,6%  2713 

55‐59  6,2%  4428  48,7%  2155  51,3%  2273 

60‐64  5,5%  3911  49,0%  1915  51,0%  1996 

65‐69  5,1%  3591  52,1%  1871  47,9%  1720 

34

70‐74  4,5%  3200  56,2%  1799  43,8%  1401 

75‐79  4,0%  2821  63,2%  1783  36,8%  1038 

80‐84  2,8%  2018  69,9%  1411  30,1%  607 

85‐89  1,7%  1201  74,2%  891  25,8%  310 

>90  0,8%  554  82,5%  457  17,5%  97 

Total  11,2%  70994  46,3%  32881  53,7%  38113 Gráfico 8: Distribuição da população, com deficiência do foro mental, residente em território nacional por género e faixa etária

(INE, Censos 2001)

Paralisia Cerebral 

Faixa Etária 

% Masc.+Fem. 

Masc.+Fem.  %Fem. Fem. %Masc.  Masc. 

0‐4  3,3%  496  41,1%  204  58,9%  292 

5‐9  6,2%  929  44,1%  410  55,9%  519 

10‐14  6,7%  1002  44,0%  441  56,0%  561 

15‐19  6,9%  1037  42,6%  442  57,4%  595 

20‐24  7,5%  1120  44,9%  503  55,1%  617 

25‐29  7,2%  1074  45,3%  486  54,7%  588 

30‐34  6,0%  907  44,9%  407  55,1%  500 

35‐39  5,4%  811  41,4%  336  58,6%  475 

40‐44  4,5%  676  44,1%  298  55,9%  378 

45‐49  4,3%  645  42,9%  277  57,1%  368 

50‐54  4,4%  658  45,4%  299  54,6%  359 

55‐59  4,8%  715  45,3%  324  54,7%  391 

60‐64  5,5%  826  44,9%  371  55,1%  455 

65‐69  6,1%  918  41,3%  379  58,7%  539 

70‐74  6,5%  969  49,0%  475  51,0%  494 

75‐79  6,4%  958  53,3%  511  46,7%  447 

80‐84  4,8%  717  57,5%  412  42,5%  305 

85‐89  2,7%  411  74,0%  304  26,0%  107 

>90  0,9%  140  82,9%  116  17,1%  24 

Total  2,4%  15009  46,6%  6995  53,4%  8014 Gráfico 9: Distribuição da população, com paralisia cerebral, residente em território nacional por género e faixa etária (INE,

Censos 2001)

Outra Deficiência 

Faixa Etária 

% Masc.+Fem. 

Masc.+Fem. %Fem.  Fem.  %Masc.  Masc. 

0‐4  1,4%  2077  42,5%  882  57,5%  1195 

5‐9  2,1%  3042  39,9%  1214  60,1%  1828 

10‐14  2,2%  3186  39,4%  1256  60,6%  1930 

15‐19  2,4%  3546  38,1%  1352  61,9%  2194 

20‐24  2,7%  3926  36,1%  1417  63,9%  2509 

25‐29  3,6%  5240  35,8%  1874  64,2%  3366 

35

30‐34  4,6%  6712  36,8%  2469  63,2%  4243 

35‐39  5,5%  8055  39,5%  3185  60,5%  4870 

40‐44  6,6%  9610  43,5%  4179  56,5%  5431 

45‐49  8,0%  11742  47,3%  5555  52,7%  6187 

50‐54  10,4%  15147  46,6%  7062  53,4%  8085 

55‐59  11,0%  16105  45,6%  7345  54,4%  8760 

60‐64  11,0%  16012  47,1%  7538  52,9%  8474 

65‐69  9,4%  13694  48,4%  6629  51,6%  7065 

70‐74  7,5%  11003  50,0%  5499  50,0%  5504 

75‐79  5,5%  8099  53,5%  4333  46,5%  3766 

80‐84  3,4%  4938  59,9%  2957  40,1%  1981 

85‐89  1,9%  2738  66,7%  1825  33,3%  913 

>90  0,8%  1197  75,9%  908  24,1%  289 

Total  23,0%  146069  46,2%  67479 53,8%  78590 Gráfico 10: Distribuição da população, com outro tipo de deficiência, residente em território nacional por género e faixa etária

(INE, Censos 2001)

36

Anexo II – Guião transversal das entrevistas semi-estruturadas em profundidade

Determinantes do consumo alimentar das pessoas com deficiência ou incapacidades

Guião da entrevista semi-estruturada em profundidade

A ler ao inquirido:

No âmbito do Mestrado em Ciências do Consumo e Nutrição da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) e da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto (FCNAUP) pretende-se estudar, de forma exploratória, as variáveis que influenciam o comportamento de consumo das pessoas com deficiências ou incapacidades residentes no território de Portugal Continental, nomeadamente dos deficientes visuais, motores, auditivos, mentais e com paralisia cerebral

O conhecimento destas variáveis que vão agora ser avaliadas é vital pela importância que têm a nível científico, podendo possibilitar investigações mais profundas num futuro próximo.

Prevê-se que esta entrevista dure entre 130 e 160 minutos. Qualquer dúvida que tenha disponha sempre que assim entender.

Agradecemos a sua estimada colaboração.

O Mestrando,

Cláudio Carvalho

Entrevista n.º ____

Data do questionário: __/__/____

Local do questionário: __________

Tipo de deficiência: _______________

Autonomia (Sim/Não): _______________

37

I parte: Variáveis sociodemográficas

1. Nome: _______________________________________________________________________________ 2. Sexo:

Masculino Feminino

3. Data de nascimento: __/__/____ (Idade atual: ____) 4. Concelho de residência: ____________________ 5. Estado civil: ____________________ 6. Possui filhos(as)?

Sim. Quantas? ____ Não.

7. Quantos elementos tem o seu agregado familiar?

Sim. Não.

8. Habilitações literárias (de acordo com o Quadro Nacional de Qualificações (QNQ) estabelecido pela Portaria n.º 782/2009, de 23 de julho):

Inferior a QNQ = 1 QNQ = 1 (2º ciclo do ensino básico) QNQ = 2 (3º ciclo do ensino básico) QNQ = 3,4,5 (12º ano e similares) QNQ = 6 (licenciatura) QNQ = 7 (mestrado) QNQ = 8 (doutoramento)

9. Profissão: ____________________ 10. Rendimento ilíquido/bruto mensal (aproximado)XV: ____________________

II parte: Questões transversais

Questão/Resposta Tempo

previsível de resposta

1. Após apresentação de imagem e explicação sintética da pirâmide de Maslow questionar: Onde se posicionaria na pirâmide de Maslow? (No caso da PCDI com deficiência visual efetuar descrição oral)

10 min.

R.

Notas Adicionais:

Área de estudo Variáveis explicativas individuais

Palavras-chave de resposta necessidades, autorrealização, respeito, autoestima, reconhecimento, status, sociais, integração, amor, segurança, proteção, fisiológicas, fome, sede

Eventuais questões para aprofundamento

- Quais são os seus objetivos de vida a médio prazo (1-5 anos)? - O que se vê a fazer dentro de 5 anos? - Que me pode dizer mais sobre este assunto?

XV Considerar os seguintes rendimentos: de trabalho dependente (incluindo de estágios profissionais); de trabalho independente; de capital; prediais; provenientes de pensões; provenientes de prestações sociais; apoios à habitação. Não incluir, por exemplo, bolsas de estudo ou de formação.

38

Questão/Resposta Tempo

previsível de resposta

2. Quais são as suas maiores necessidades pessoais atuais? 10 min.

R.:

Notas Adicionais:

Área de estudo Variáveis explicativas individuais

Palavras-chave de resposta alimentação, emancipação, finanças pessoais, sentimentais, pessoais, familiares, aceitação, autonomia

Eventuais questões para aprofundamento

- Que produtos alimentares ou não alimentares não prescinde de consumir/comprar? - Que produtos alimentares ou não alimentares tem mais desejo de consumir/comprar, mas não pode fazê-lo? - Que produtos alimentares ou não alimentares tem mais desejo de consumir/comprar, mas não pode fazê-lo? - Que me pode dizer mais sobre este assunto?

Questão/Resposta Tempo

previsível de resposta

3. Qual é a importância que as marcas de produtos alimentares têm para si e qual é a marca que mais costuma comprar?

5 min.

R.:

Notas Adicionais:

Área de estudo Variáveis explicativas individuais; Variáveis permanentes dos indivíduos

Palavras-chave de resposta marcas, empresas, implicação, responsabilidade social

Eventuais questões para aprofundamento

- Que me pode dizer mais sobre este assunto?

Questão/Resposta Tempo

previsível de resposta

4. Quais são os produtos alimentares que mais lhe agradam? 5 min.

R.:

Notas Adicionais:

Área de estudo Variáveis explicativas individuais; Variáveis permanentes dos indivíduos

Palavras-chave de resposta leite, iogurtes, manteiga, queijo, enchidos, ovos, cereais, massa, arroz, bolachas, pão, produtos dietéticos, doces, batatas, carne, peixe, salada, água, sumo, refrigerantes, vinho

Eventuais questões para aprofundamento

- Que me pode dizer mais sobre este assunto?

39

Questão/Resposta Tempo

previsível de resposta

5. Quais são os fatores que dá mais importância quando compra um produto alimentar? 10 min.

R.

Notas Adicionais:

Área de estudo Variáveis explicativas individuais

Palavras-chave de resposta sabor, aroma, olfato, responsabilidade social, qualidade, segurança, rotulagem

Eventuais questões para aprofundamento

- Que me pode dizer mais sobre este assunto?

Questão/Resposta Tempo

previsível de resposta

6. Costuma fazer alguma listagem de produtos a comprar, antes de realizar o ato de compra, ou costuma não planear o que vai comprar?

5 min.

R.:

Notas Adicionais:

Área de estudo Variáveis permanentes dos indivíduos

Palavras-chave de resposta comportamento de compra, implicação, ponderação, reflexão, impulsividade

Eventuais questões para aprofundamento

- Tem por hábito comprar mais produtos do que estava à espera? - Costuma recorrer a crédito para pagar produtos alimentares? - Que me pode dizer mais sobre este assunto?

Questão/Resposta Tempo

previsível de resposta

7. Que opinião é que tem de si próprio? 10 min.

R.:

Notas Adicionais:

Área de estudo Variáveis permanentes dos indivíduos

Palavras-chave de resposta parcipativo, sociável, extrovertido, tímido, introvertido, dominante, submisso, pragmático, idealista, amigável, hostil, estável, nervoso, duro, sensível, sério, fríovolo, rápido, lento, tolerante, intolerante, desconfiado, egocêntrico, neurótico, alimentação, atividades, interesses, opiniões, trabalho, hobbies, atividades sociais, associativismo, voluntariado, participação política, férias, distração, compras, desporto, lazer, moda, questões sociais, educação, gestão, negócios, empreendedorismo, ambiente, cultura

Eventuais questões para aprofundamento

- Considera-se uma pessoa extrovertida ou tímida e, habitualmente está triste ou alegre? - Que me pode dizer mais sobre este assunto?

40

Questão/Resposta Tempo

previsível de resposta

8. Qual é a sua rotina diária? 15 min.

R.:

Notas Adicionais:

Área de estudo Variáveis permanentes dos indivíduos; Variáveis sociológicas e psicossociológicas

Palavras-chave de resposta alimentação, atividades, interesses, opiniões, trabalho, hobbies, atividades sociais, associativismo, voluntariado, participação política, férias, distração, compras, desporto, lazer, moda, questões sociais, educação, gestão, negócios, empreendedorismo, ambiente, cultura

Eventuais questões para aprofundamento

- Constuma sair à noite? - Costuma almoçar ou jantar fora? Com que frequência? - Costuma ver televisão? - Tem TV por cabo? - Costuma ouvir rádio? - Com que frequência acede à internet? - Que me pode dizer mais sobre este assunto?

Questão/Resposta Tempo

previsível de resposta

9. De que forma a sua condição física/saúde/psicológica condiciona substancialmente o seu dia-a-dia? 10 min.

R.:

Notas Adicionais:

Área de estudo Variáveis permanentes dos indivíduos

Palavras-chave de resposta condicionantes, ostracização, discriminação, barreiras, cansaço, alimentação, estado psicológico, sociável, extrovertido, tímido, introvertido, dominante, submisso, pragmático, idealista, amigável, hostil, estável, nervoso, duro, sensível, sério, fríovolo, rápido, lento, tolerante, intolerante, desconfiado, egocêntrico, neurótico

Eventuais questões para aprofundamento

- Considera-se uma pessoa extrovertida ou tímida e, habitualmente está triste ou alegre? - Que me pode dizer mais sobre este assunto?

Questão/Resposta Tempo

previsível de resposta

10. Tem preocupações nutricionais? Se sim, quais? 10 min.

R.:

Notas Adicionais:

Área de estudo Variáveis permanentes dos indivíduos

41

Palavras-chave de resposta nutrição, alimentação, consumo, dieta, exercício, desporto, fruta, salada, colesterol, obesidade, massa gorda, massa magra, peso, flácido, tonificado,

Eventuais questões para aprofundamento

- Que me pode dizer mais sobre este assunto?

Questão/Resposta Tempo

previsível de resposta

11. A sua família ajuda-o a adquirir algum produto alimentar? Se sim, ajuda-o com vários produtos ou só com alguns? Quais?

10 min.

R.:

Notas Adicionais:

Área de estudo Variáveis sociológicas e psicossociológicas

Palavras-chave de resposta dependência, autonomia, ajuda externa, apoio

Eventuais questões para aprofundamento

- Que me pode dizer mais sobre este assunto?

Questão/Resposta Tempo

previsível de resposta

12. Sente que a sua família de alguma forma influencia o seu comportamento de consumo ou de compra de produtores alimentares? Se sim, em que medida ocorre essa influência?

5 min.

R.:

Notas Adicionais:

Área de estudo Variáveis sociológicas e psicossociológicas

Palavras-chave de resposta influência, persuasão

Eventuais questões para aprofundamento

- Que me pode dizer mais sobre este assunto?

Questão/Resposta Tempo

previsível de resposta

13. Pertence a algum grupo, associação, ou outra entidade e participa frequentemente nesses grupos, associações e entidades similares? Se sim, de que forma ou em que medida se sente influenciado por esse grupo ou por algumas pessoas desse grupo?

5 min.

R.:

Notas Adicionais:

Área de estudo Variáveis sociológicas e psicossociológicas

42

Palavras-chave de resposta atividades, hobbies, atividades sociais, associativismo, voluntariado, participação política, institucionalização, IPSS, ONG, Santa Casa da Misericórdia, amigos

Eventuais questões para aprofundamento

- Quantas vezes por semana está com os seus amigos mais próximos? - Que me pode dizer mais sobre este assunto?

Questão/Resposta Tempo

previsível de resposta

14. Como descreveria a sua condição socioeconómica? 10 min.

R.:

Notas Adicionais:

Área de estudo Variáveis sociológicas e psicossociológicas

Palavras-chave de resposta pobre, rico, finanças pessoais, património, rendimentos, condições de vida, crise, banco, conta à ordem, conta poupança, segurança social, prestações sociais, privação alimentar, fome

Eventuais questões para aprofundamento

- Está satisfeito com as suas posses financeiras e patrimoniais? - Costuma passar privações alimentares por questões financeiras? - Já teve fome durante um período significativo de tempo (e.g. 1 dia) por não ter acesso a alimentação? - Costuma aceder a atividades de lazer? - Tem acesso a prestações sociais? - Tem acesso a rendimentos de capital? - Que me pode dizer mais sobre este assunto?

43

Anexo III – Questões específicas das entrevistas semi-estruturadas em profundidade:

PCDI com deficiência visual

Questão/Resposta Tempo

previsível de resposta

1. Relate-me a sua experiência na compra de produtos num hiper ou supermercado. 15 min.

R.:

Notas Adicionais:

Palavras-chave de resposta Jumbo, Continente, LIDL, Pingo Doce, barreiras arquitetónicas, acessibilidades, prateleiras, localização, processo de pagamento, discriminação, rotulagem, apoio

Eventuais questões para aprofundamento

- Costuma ir sozinho ou acompanhado efetuar compras? - Que me pode dizer mais sobre este assunto?

Questão/Resposta Tempo

previsível de resposta

2. Conhece a lei n.º 33/2008, de 22 de julho que estabelece medidas de promoção da acessibilidade à informação sobre determinados bens de venda ao público para pessoas com deficiências e incapacidades visuais? (Se não ler partes mais relevantes ao entrevistado.) Sente que tais disposições são cumpridas pelas empresas distribuidoras?

15 min.

R.:

Notas Adicionais:

Palavras-chave de resposta discriminação, rotulagem, apoio, informação em braille, compras via eletrónica, etiquetas

Eventuais questões para aprofundamento

- Acha que todos os produtos já deveriam vir etiquetados em braile desde as fábricas? - Que me pode dizer mais sobre este assunto?

Questão/Resposta Tempo

previsível de resposta

3. Qual é o meio de publicidade que presta mais atenção no dia-a-dia? 10 min.

R.:

Notas Adicionais:

Palavras-chave de resposta marketing, publicidade, propaganda, grau de implicação, televisão, rádio, internet, publicidade de rua, folhetos, outdoors, local de compra, amigos, familiares , boca-a-boca

Eventuais questões para aprofundamento

- Que me pode dizer mais sobre este assunto?

44

Anexo IV – Questões específicas das entrevistas semi-estruturadas em profundidade:

PCDI com deficiência motora

Questão/Resposta Tempo

previsível de resposta

1. Sente dificuldades no local de compra em se mover? Se sim, enumere algumas destas dificuldades e aponte soluções possíveis para lhe facilitarem a locomoção.

15 min.

R.:

Notas Adicionais:

Palavras-chave de resposta barreiras arquitetónicas, acessibilidades, prateleiras, localização, processo de pagamento, discriminação, apoio

Eventuais questões para aprofundamento

- Que me pode dizer mais sobre este assunto?

Questão/Resposta Tempo

previsível de resposta

2. Alguma vez sentiu preconceitos advindos de donos, gerentes ou funcionários de estabelecimentos comerciais para consigo, apenas por causa da sua condição física? Se sim, por favor descreve uma ou mais situações.

15 min.

R.:

Notas Adicionais:

Palavras-chave de resposta discriminação, ostracização, igualdade de oporotunidades, apoio, ética, moral

Eventuais questões para aprofundamento

- Já se sentiu rebaixado, ostracizado ou menosprezado? - Associaram-no a uma pessoa com baixos rendimentos imediatamente, por causa da sua condição física? - Que me pode dizer mais sobre este assunto?

Anexo V – Questões específicas das entrevistas semi-estruturadas em profundidade:

PCDI com deficiência auditiva

Questão/Resposta Tempo

previsível de resposta

1. Qual é o meio de publicidade que presta mais atenção no dia-a-dia? 10 min.

R.:

Notas Adicionais:

45

Palavras-chave de resposta marketing, publicidade, propaganda, grau de implicação, televisão, rádio, internet, publicidade de rua, folhetos, outdoors, local de compra, amigos, familiares , boca-a-boca

Eventuais questões para aprofundamento

- Que me pode dizer mais sobre este assunto?

Questão/Resposta Tempo

previsível de resposta

2. Como descreveria a relação da restante sociedade com os surdos? 10 min.

R.:

Notas Adicionais:

Palavras-chave de resposta discriminação, ostracização, igualdade de oporotunidades, apoio, solidariedade, fraternidade

Eventuais questões para aprofundamento

- Que me pode dizer mais sobre este assunto?

Anexo VI – Questões específicas das entrevistas semi-estruturadas em profundidade:

PCDI com deficiência mental

Questão/Resposta Tempo

previsível de resposta

1. Como é que acha que, genericamente, a sociedade vê as PCDI com deficiência mental? 10 min.

R.:

Notas Adicionais:

Palavras-chave de resposta discriminação, ostracização, igualdade de oporotunidades, apoio, solidariedade, fraternidade, ética, moral

Eventuais questões para aprofundamento

- Que me pode dizer mais sobre este assunto?

Anexo VII – Questões específicas das entrevistas semi-estruturadas em profundidade:

PCDI com parilisia cerebral

Questão/Resposta Tempo

previsível de resposta

1. Como é que acha que, genericamente, a sociedade vê as PCDI com paralisia cerebral? 10 min.

46

R.:

Notas Adicionais:

Palavras-chave de resposta discriminação, ostracização, igualdade de oporotunidades, apoio, solidariedade, fraternidade, ética, moral

Eventuais questões para aprofundamento

- Que me pode dizer mais sobre este assunto?

Anexo VIII – Folha anexa transversal a todos guiões para preenchimento de respostas a

outras questões que não estejam previstas no guião da entrevista semi-estruturada

Outras questões não previstas

Questão/Resposta Tempo

previsível de resposta

Q.:

R.:

Notas Adicionais:

Área de estudo

Palavras-chave de resposta

Eventuais questões para aprofundamento

- Que me pode dizer mais sobre este assunto?

Anexo IX – Folha anexa transversal a todos os guiões para notas adicionais que

eventualmente sejam necessárias efetuar

Outras notas

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Anexo X – Declaração de consentimento

Declaração de consentimento

No âmbito do Mestrado em Ciências do Consumo e Nutrição da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) e da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto (FCNAUP) pretende-se estudar, de forma exploratória, as variáveis que influenciam o comportamento de consumo das pessoas com deficiências ou incapacidades residentes no território de Portugal Continental. Neste sentido, a sua participação nesta investigação é fundamental para os domínios sociais, económicos e científicos.

Para que se consiga desenvolver o melhor trabalho possível, nomeadamente captar todas as suas intervenções, proceder-se-á ao registo escrito e gravado (imagem e áudio) da entrevista. Esta entrevista de cariz voluntário será tratada com toda a confidencialidade e assumimos o compromisso que os dados não serão disponibilizados a terceiros, nem serão utilizados para outros fins que não de cariz científico.

A qualquer momento, poderá abandonar voluntariosamente a entrevista.

Agradecemos, desde já, a sua estimável colaboração.

O Mestrando,

Cláudio Carvalho

Declaração

Eu, __________________________________________________________, cidadão/cidadã de nacionalidade portuguesa com o n.º de cartão único/bilhete de identidade ______________, declaro ter lido, compreendido e concordado com o exposto e aceito participar voluntariamente neste estudo.

Data: __/__/____

_______________________________________________________

(Assinatura do participante)