A Utilizacao de Derivativos

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A UTILIZACAO DE DERIVATIVOS COMO INSTRUMENTO DE HEDGE CAMBIAL.

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A UTILIZACAO DE DERIVATIVOS COMO INSTRUMENTO DE

HEDGE CAMBIAL.

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Dedico aos meus Pais, e minha

família que tanto me apoiou em todos os

momentos.

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AGRADECIMENTO

Agradeço a todos os participantes desta conquista, durante minha longa

caminha para a realização desta etapa.

Agradeço ao apoio fundamental da Prof. M.ª Silvana Filereno, e a todos os

mestres que participaram.

Aos amigos, que participaram desta longa jornada, apoiando e entendo minhas

faltas.

Aos colegas, Cláudia Daniel e João Segundo que participaram ativamente na

conclusão deste trabalho.

À empresa Gerdau S.A. que me auxiliou e oportunizou a conclusão desta

pesquisa.

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"O verdadeiro significado das coisas

se encontra na capacidade de dizer as

mesmas coisas com outras palavras".

(Charlie Chaplin)

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RESUMO

Frente à grande competitividade entre as empresas atuantes no mercado

internacional, torna-se necessário uma estratégia adequada que utilize instrumentos

financeiros para investimentos que possuem atividades no mercado externo onde o

risco envolvido na constante variação cambial acaba influenciando o resultado

financeiro das empresas. O desenvolvimento atual do mercado financeiro

internacional tem possibilitado a criação de novos mecanismos para proteção eficaz

ou de forma a minimizar os riscos envolvidos contra a variação indesejada de preços

utilizando instrumentos financeiros conhecidos como derivativos. Este trabalho

investiga a utilização de derivativos como instrumento de hedge para minimizar o

impacto no resultado das empresas assim como o risco associado a uma variação

cambial utilizado na Companhia Gerdau S/A.

Palavras-chave: Mercado Financeiro Internacional, Hedge Cambial,

Derivativos.

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ABSTRACT

Knowing the great competitiveness among companies operating in the international market, it becomes necessary to use an appropriate strategy for the financial instruments for investments that have activities in foreign markets where the risk involved in constant exchange rate ends up influencing the financial results of companies. The current development of international financial market has enabled the creation of new mechanisms for effective protection or to minimize the risks involved against unwanted variation in prices using financial instruments known as derivatives. This work investigates the use of derivatives as a hedging instrument to minimize the impact on the business as well as the risk associated with an exchange rate used in the company Gerdau S / A.

Key Words. International financial market,hedging,derivatives.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Incoterms 2000...............................................................................21

Quadro 2 - Composição do Sistema Financeiro Nacional.................................23

Quadro 3 - Simulação de Swap.........................................................................38

Quadro 4 - Simulação de Hedge BM&F............................................................44

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Números Consolidados Gerdau S.A................................................15

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SUMÁRIO

1 INTRODUCAO.......................................................................................................11

2. DEFINIÇÃO DO PROBLEMA...............................................................................13

2.1. Caracterização da Empresa.............................................................................13

2.2 Situação Problemática......................................................................................15

2.3 Justificativa........................................................................................................18

3. OBJETIVOS..........................................................................................................19

3.1 Objetivo Geral....................................................................................................19

3.2 Objetivos Específicos........................................................................................19

4. REVISÃO DE LITERATURA.................................................................................20

4.1. Exportação........................................................................................................20

4.2 Sistema Financeiro Nacional............................................................................22

4.3 Mercado Cambial Brasileiro..............................................................................24

4.4 Câmbio................................................................................................................27

4.4.1 Contratação do Câmbio de Exportação............................................................29

4.4.2 Contratação do câmbio antes do embarque.....................................................30

4.4.3 Contratação de Câmbio após o Embarque.......................................................31

4.4.4. Negociação da Moeda.....................................................................................32

4.4.5 Liquidação do Contrato de Câmbio..................................................................32

4.5 Derivativos.........................................................................................................33

4.6 Hedge..................................................................................................................33

4.6.1 Hedge Cambial.................................................................................................36

4.6.1.1 Modalidades de Hedge Cambial....................................................................37

4.6.1.2 Hedge Cambial via Swap...............................................................................37

4.6.1.3 Swap e Depósito............................................................................................39

4.6.2 Fundo Hedge Cambial.....................................................................................40

4.6.3. Hedge Cambial via BM&F................................................................................41

4.6.4 Contratos Futuros e Hedge...............................................................................46

4.6.5 Mercado a Termo..............................................................................................47

4.6.6 NDF (NON DELIVERABLE FORWARD)..........................................................47

5.METODOLOGIA.....................................................................................................49

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5.1 Delineamento do tipo de estudo......................................................................49

5.2 Delineamento da área alvo de estudo..............................................................50

5.2.1 Sujeitos do estudo............................................................................................51

5.3 Instrumento de coleta de dados.......................................................................51

5.4 Plano de análise de dados................................................................................52

6 ANÁLISE DOS RESULTADOS..............................................................................53

6.1 Os principais derivativos utilizados no mercado financeiro.........................53

6.2 Análise dos principais benefícios de cada derivativo como instrumento de

proteção cambial;....................................................................................................54

6.3 Descrição e análise da utilização de derivativos como instrumentos de

Hedge cambial para a Gerdau S.A.........................................................................56

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................58

REFERÊNCIAS.........................................................................................................61

APÊNDICE A - Entrevista semi estruturada realizada Junto o Departamento de

Relações com investidores........................................................................................69

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1 INTRODUCAO

Até o final da década de 80, a economia brasileira era relativamente fechada

para negócios internacionais. Foi quando o então Presidente, Fernando Collor, deu

início à política de abertura econômica, com o objetivo de incrementar a balança

comercial do país e reverter o quadro de inflações altas.

Em 1994, com a criação do Plano Real, obteve-se a momentânea estabilização

da economia brasileira, o controle da inflação e a equiparação cambial (em relação

ao Dólar Norte-americano). O reflexo da equiparação na Balança Comercial

brasileira foi imediato: segundo dados do Banco Central do Brasil (2010), - após

vários anos de resultados positivos, este índice acusou déficits de US$ 3,4 bilhões,

em 1995, US$ 6,7 bilhões, em 1997, US$ 6,5 bilhões, em 1998.

Mesmo com a desvalorização do Real, ocorrida em 1999, os resultados

negativos na Balança Comercial se estenderam até o ano de 2001, quando, após

seis anos de sucessivos déficits, encerrou-se o ano com um superávit de US$ 2,6

bilhões.

A partir de então, associando as novas desvalorizações da moeda brasileira

aos incentivos do governo às exportações, os anos de 2002 e 2003 apresentaram

resultados positivos na ordem de US$ 13,1 bi e US$ 24,8 bi, respectivamente. Ou

seja, em menos de dez anos, o cenário do comércio exterior brasileiro teve

oscilações exorbitantes, refletindo a fragilidade da economia brasileira e a

dependência das circunstâncias do cenário mundial.

As seguidas desvalorizações do Real acarretaram, sobretudo, a adoção de

taxas de câmbio flutuantes e o abandono do controle rígido exercido até então pelo

governo. Esta mudança na forma de controle do preço da moeda estrangeira refletiu

imediatamente na realidade da economia interna, pois obrigou as empresas

operantes no mercado internacional a buscarem alternativas que as isentassem do

risco de oscilação do Dólar Norte-americano.

Elucida-se este cenário com o exemplo de um importador que assumiu o

compromisso de pagamento em moeda estrangeira, mas tem suas receitas em

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moeda nacional. No caso de uma desvalorização do Real, a sua dívida aumentaria e

o seu recebível permaneceria o mesmo, alterando o resultado da empresa. Por isso,

faz-se necessária a utilização de ferramentas que garantam o resultado satisfatório

da operação, independentemente das mudanças nas taxas de câmbio.

Assim, revelam-se as dificuldades dos administradores financeiros para

gerenciar os fluxos de caixa de suas empresas, impondo aos mesmos um esforço

redobrado para manter eficiência nos procedimentos de controle, análise e decisão.

Ressalta-se, também, a importância do papel do administrador financeiro no

acompanhamento das mudanças, analisando o desempenho da empresa, propondo

alterações na política de negócios, objetivando a maximização do resultado da

relação entre desempenho e lucratividade.

A atuação destes profissionais exige atualização permanente e empenho

constante na obtenção de informações a respeito de todas as ferramentas

disponíveis no mercado para o gerenciamento dos recursos da empresa. Entretanto,

é importante citar as dificuldades encontradas para coletar dados e informações

sobre Hedge, devido à escassez de publicações pertinentes e ao pouco

aprofundamento no estudo do assunto, o que prejudica a iniciação de novos

estudos, bem como a utilização deste mecanismo pelos profissionais da área.

A presente vulnerabilidade da economia brasileira, ainda que em menor grau,

decorrente da dependência externa para o financiamento do balanço de

pagamentos, reflete imediatamente na taxa de câmbio e na volatilidade da moeda.

Não obstante, a utilização de Hedge como instrumento de proteção não pode

ser desconsiderada por estes profissionais, por tratar-se de um instrumento

indispensável, sobretudo para organizações que buscam financiamentos ou que

atuam no comércio internacional, operando com indexadores atrelados à variação

cambial.

Neste trabalho de pesquisa visamos identificar neste cenário o uso de

derivativos como o melhor instrumento de hedge cambial para proteção de dívidas e

recebíveis das exportações da Gerdau S.A. descrevendo as teorias relativas às

modalidades disponíveis. Realizando em conjunto a apresentação e os últimos

movimentos da Gerdau S.A.

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2. DEFINIÇÃO DO PROBLEMA

Esta pesquisa visa à identificação e análise dos instrumentos de proteção

cambial disponíveis no mercado financeiro atual, identificando para Gerdau S.A. qual

o melhor derivativo para sua estratégia de mercado.

2.1. Caracterização da Empresa

O Grupo Gerdau ocupa a posição de maior produtor de aços longos comuns e

especiais e aços planos do Continente Americano, possui 45 usinas espalhadas por

14 Países, principalmente por meio do processo de produção de fornos elétricos a

partir de sucata e ferro-gussa adquiridos, em sua maior parte, na região de atuação

de cada usina.

Gerdau S.A e uma sociedade anônima de capital aberto, com sede na cidade

do Rio de Janeiro, capital, empresa Holding integrante do grupo Gerdau, dedicado,

principalmente, a produção e a comercialização de produtos siderúrgicos em

geral,através de usinas localizadas no Brasil, Argentina, Chile, Colômbia,

Guatemala, México, Peru, Republica Dominicana, Uruguai, Venezuela, Estados

Unidos, Canadá, Espanha e Índia.

Fundada em 16 de janeiro de 1901 por João Gerdau e seu filho, Hugo

Gerdau, a Companhia participa do desenvolvimento da economia brasileira há mais

de 100 anos, quando começou a operar com a Fábrica de Pregos Pontas de Paris,

em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. A partir da década de 80, expandiu-se para

os demais países da América do Sul e do Norte, alcançando hoje uma capacidade

instalada total de 13,5 milhões de toneladas de aço por ano. (Base 2009).

Dentro desta trajetória de crescimento, consolidou a sua cultura empresarial

baseada em valores éticos, no respeito a todos os públicos e na busca do equilíbrio

entre crescimento e rentabilidade. Investe na valorização de seus mais de 40 mil

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colaboradores, na preservação do meio ambiente e na evolução das comunidades

em que atua.

Na sua produção, recicla milhões de toneladas de sucata ferrosa por ano,

seguindo os princípios de eco-eficiência e de desenvolvimento sustentável. Principal

insumo em cerca de 65% da produção do Grupo, a sucata é transformada em

vergalhões, barras, perfis, fios-máquina, alambrados e demais produtos siderúrgicos

para os setores de construção civil, indústria, agropecuário e automotivo.

O aço Gerdau está presente em grandes obras de infra-estrutura, residências,

prédios, escolas, hospitais, peças de automóveis, carrocerias de caminhões,

máquinas e implementos agrícolas, eletrodomésticos e no trabalho do campo.

O Grupo Gerdau atua também no mercado de capitais há quase 60 anos,

quando a Fábrica de Pregos Hugo Gerdau Ltda., atual Metalúrgica Gerdau S.A., foi

transformada em sociedade anônima, com registro na Bolsa de Valores de Porto

Alegre, e iniciou o pagamento de dividendos aos acionistas.

Atualmente, o Grupo possui Cinco empresas de capital aberto, a Metalúrgica

Gerdau S.A., a Gerdau S.A. e a Aços Villares S.A. Empresa siderúrgica Del Peru

S.A.A(Siderperu) e Gerdau Ameristeel corporation. Suas ações são negociadas nas

bolsas de valores de São Paulo, Nova York, Toronto, Lima e Madri, contando com

mais de 140 mil acionistas

No exercício de 2009, o Grupo obteve um faturamento de R$ 30.125 Bilhões

(36,76% a menor em relação a 2008) e um lucro líquido Consolidado de R$ 1

bilhão, produzindo 13,509 milhões de toneladas. Esse menor resultado financeiro e

conseqüência, principalmente da desvalorização do real frente ao dólar norte-

americano frente à menor demanda por aço no mundo, reflexo da crise econômica

mundial.

Na tabela que segue (Tabela 1), pode se acompanhar os números

consolidados da Gerdau S/.A.

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Tabela 1 - Números Consolidados Gerdau S.A.

Gerdau S.A. Consolidado

 PRODUÇÃO (milhares de toneladas) 1ºT2010 4ºT2009Variaçã

o 1T10/4T09

 Aço bruto(placas/blocos/tarugos) 4.360 3.836 14%

 Laminados 3.592 3.180 13%

 Vendas (1.000 t) 4.053 3.670 10%

Receita Liquida( R$ milhões) 7.108 6.363 12%

 Lucro líquido (R$ milhões) 573 643 -11%

 EBITDA (R$ milhões) 1.401 1.246 12%

Patrimônio Liquido (R$ milhões) 22.654 22.005

Ativos Totais(R$ milhões) 45.636 44.583

Lucro liquido /Patrimônio liquido 7% 5%

Divida Bruta/Capitalização total 39% 40%

Margem liquida 8% 10%

Divida Bruta( R$ milhões) 14.631 14.521

Divida Liquida (R$ milhões) 10.126 9.702

1. EBITDA. Resultados antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização.

Fonte:Gerdau, 2010

Analisando a tabela apresentada podemos verificar que a produção de aço

bruto da Gerdau alcançou 4,4 milhões de toneladas no 1T10, um aumento de 71%

em relação ao mesmo período do ano anterior.

2.2 Situação Problemática

De acordo com o que propõe a administração financeira, qualquer profissional

desta área deve estar atento às opções de mercado futuro, já que o hedge cambial

caracteriza-se em uma ferramenta excepcional de proteção de ativos e passivos,

frente aos altos índices de variação do dólar, em especial para as empresas que

atuam no mercado internacional, onde a moeda norte-americana é o referencial de

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negociação.

Mesmo assim, é surpreendente que considerável parcela do empresariado

nacional desconheça a importância desta ferramenta como fator de proteção e

maximização de resultados financeiros.

O Grupo Gerdau, por sua vez, utiliza-se de operações de derivativos desde

1992, como hedge para as aplicações financeiras e passou a utilizá-lo como

mecanismo de proteção de dívida e recebíveis de exportação no final de 1998.

As operações de hedge da Gerdau têm sempre na contra-parte um banco de

primeira linha e são realizadas através de modalidades de investimento formatadas

pelas carteiras de Asset Management destas instituições, chamadas operações “de

balcão”. Desta forma, a garantia da operação restringe-se ao grau de estabilidade do

banco.

A exposição cambial do Grupo Gerdau, ate 31/03/2009, girou em torno de US$

11,0 Bilhões, isto é, em havendo uma drástica oscilação cambial, este seria o

montante do passivo da empresa a sofrer correção. Considerando a projeção de

recebíveis de exportação (hedge natural) para o exercício de 2009 de US$ 14,65

bilhão conforme Gerdau (2010), portando, pode-se afirmar que há descasamento na

posição cambial, pois o total do passivo lastreado pela variação cambial é muito

inferior ao ativo com a mesma referência.

Para controlar a exposição cambial, analisa-se o descasamento das obrigações

e dos direitos da empresa sob duas perspectivas que são:

1. Perspectiva contábil: Investimentos no exterior, somando-se a este as

contas a receber de exportações e as operações de Swaps contratadas, subtraindo-

se as dívidas contraídas no Brasil em dólares.

2. Perspectiva financeira: formado pelas aplicações no exterior (em US$),

contas a receber de exportações efetuadas (conta caixa no exterior) e exportações

futuras (Hedge natural, ou garantia de recebimento), subtraindo-se as dívidas

contraídas do Brasil em moeda estrangeira (US$).

Basicamente, a Gerdau opera com a modalidade Swap para travar suas

operações. Em períodos de grande desvalorização e instabilidade, como no

segundo semestre de 2002 (quando a relação era US$ 1,00 = R$ 3,85), a

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Companhia acumulava cerca US$ 1 bilhão em operações. Atualmente, os valores

não ultrapassam US$ 200 milhões, conforme Gerdau (2010).

A Companhia não exerce nenhum controle específico sobre o retorno das

operações de derivativos, o que existe é sempre uma avaliação do custo final de

uma captação com seu respectivo Swap. Por exemplo, contrata-se um ACC

(Adiantamento de Contrato de Câmbio) e não se pretende ficar com um passivo

atrelado ao dólar, então se contrata em conjunto uma operação de derivativo

(Swap), e o custo final desta captação é medida pela associação das duas

operações (ACC e Swap), ou seja, este custo total da operação será um percentual

do CDI (Certificado de Depósito Interbancário), geralmente abaixo de 100% deste

indexador.

Entretanto, para travar uma operação de Swap, o contratante precisa

disponibilizar uma garantia de 100% do valor travado (cotas em fundos de

investimento, ações, CDB – Certificado de Depósito Bancário, Poupança, imóvel, ou

qualquer outro ativo) que fica indisponível até o encerramento da operação, além do

alto custo da operação.

Portanto, o problema identificado é o percentual da garantia, que corresponde

ao valor integral da dívida ou do recebível, e os elevados custos para contratação

desta ferramenta, bem como os efeitos gerados na composição do fluxo de caixa da

Companhia.

Conforme política interna, o resultado financeiro da companhia deve ser

oriundo da geração de caixa do seu negócio e não de ganhos no mercado

financeiro. Portanto, considera que a utilização de derivativos deve ser apenas para

proteger eventuais exposições que ela possa ter decorrentes dos riscos nos quais

ela esta exposta, sem fins especulativos.

Assim, este estudo busca responder a seguinte questão:

Como os derivativos disponíveis no mercado financeiro podem ser utilizados

como instrumento de hedge cambial?

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2.3 Justificativa

O grande aumento das negociações internacionais, ocorrido após a abertura da

economia brasileira, levou as empresas a procurar estratégias para minimizar os

riscos de possíveis perdas em função de oscilação cambial.

Esta situação se agravou ainda mais, após a adoção do regime de cambio

flutuante, em janeiro de 1999, pois as empresas importadoras e exportadoras

tiveram que redobrar suas atenções com as modificações no cenário mundial, que

passaram a refletir no preço moeda norte-americana.

Maluf (2000, p.18) diz que “o comércio exterior assume cada vez mais um

papel vital para a maioria dos países do mundo, constituindo-se uma variável

fundamental para o desenvolvimento das nações”. Cabe ao administrador possuir

uma adequada percepção do cenário nacional e internacional para a tomada de

decisões e, sobretudo, considerar o impacto das oscilações políticas e econômicas

no mercado de câmbio.

Estas circunstâncias propiciaram um elevado grau de risco envolvendo

transações com moeda estrangeira e passaram a comprometer a boa performance

das empresas de comércio internacional. E uma das alternativas para projetar o

ganho calculado passou a ser obtido através de mecanismos de proteção, dentre

eles, o hedge cambial.

Portanto, este trabalho se justifica para a empresa como um instrumento de

avaliação de tomada de decisão, bem como para o meio acadêmico, de forma a ser

uma fonte de informação e análise, delineando os derivativos disponíveis no

mercado financeiro que podem ser utilizados como meio de proteção cambial.

Page 18: A Utilizacao de Derivativos

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3. OBJETIVOS

Neste capitulo apresentamos o objetivo geral e os objetivos específicos da

presente pesquisa.

3.1 Objetivo Geral

Identificar os derivativos disponíveis no mercado financeiro passíveis de

utilização como instrumento de hedge cambial pela Gerdau S.A.

3.2 Objetivos Específicos

Identificar os principais derivativos utilizados no mercado financeiro;

Analisar os principais benefícios de cada derivativo como instrumento de

proteção cambial;

Descrever e analisar a utilização de derivativos como instrumentos de

Hedge cambial para a Gerdau S.A.

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4. REVISÃO DE LITERATURA

A fundamentação teórica que segue tem por objetivo embasar e orientar o

desenvolvimento deste trabalho, inserindo o leitor no contexto das exportações e

evidenciando as informações relevantes sobre os instrumentos de proteção cambial.

A respeito, Chauí (1997, p.157) diz que:

“Teoria é explicação, descrição e interpretação geral das causas,

formas, modalidades e relações de um campo de objetos conhecido graças

a procedimentos específicos, próprios à natureza dos objetos investigados”.

4.1. Exportação

Segundo Ratti (1997), exportação são todas as negociações de venda ao

mercado externo a partir de um país e que envolvem uma série de procedimentos de

ordem comercial, administrativa, financeira e cambial, os quais são obrigatoriamente

registrados e controlados pelo governo federal através do SISCOMEX – Sistema

Integrado de Comércio Exterior. Por sua vez, os contratos de câmbio pertinentes a

uma transação internacional são registrados no SISBACEN – Sistema de

Informações do Banco Central e, conforme regulamentação vigente deve ser

vinculado ao seu respectivo RE – Registro de Exportação.

Para Ratti (1997, p.319):

“Exportação vem a ser a remessa de bens de um país para outro. Em

um sentido amplo poderá compreender, além dos bens propriamente ditos,

também os serviços ligados a essa exportação (fretes, seguros, serviços

bancários etc)”.

Considerando-se o fato de existirem diferentes práticas comerciais entre os

países, algumas podem acarretar em desentendimentos, disputas e litígios. Em

função disto, a Câmara de Comércio Internacional (CCI) publicou, em 1936, os

Incoterms (International Commercial Terms). Pela definição de Maluf (2000), são um

Page 20: A Utilizacao de Derivativos

21

conjunto padrão de definições determinando regras e práticas neutras que servem

para definir, dentro de um contrato de compra e venda, os direitos, obrigações e

responsabilidades de exportadores e importadores em negociações internacionais.

Segundo, Aduaneiras (2010), os Incoterms são representados por 13 siglas,

relacionados somente a contrato de compra e venda internacional, conforme pode

ser constatado no quadro abaixo (Quadro 1).

Quadro 1 - Incoterms 2000

INCOTERM Descrição Responsabilidade da mercadoria

EXW

Ex works at named place Importador é responsável pela carga

(à disposição em local designado)a partir do seu embarque na fábrica do

vendedor.

FCAFree carrier at named place Exportador é responsável até a entrega

(livre após carregado no local designado) Ao transportador principal.

FAS*Free alongside ship at port of shipment Exportador é responsável até deixá-la

(livre no costado do navio no porto de embarque) Ao lado do navio no porto de origem.

FOB*Free on board at port of shipment Exportador é responsável até carga

(livre a bordo no porto de embarque) estar a bordo do navio na origem.

CFR*Cost and freight at port of destination Responsabilidade do exportador vai até o

(custo e frete no porto de destino) embarque da carga no porto de origem.

CPTCarriage Paid To at place of destination Exportador é responsável até a entrega

(transporte pago até local de destino) Ao transportador principal.

CIF*

Cost, insurance and freight at port of

destination Responsabilidade do exportador vai até o

(custo, Seguro e Frete no porto de

destino) embarque da carga no porto de origem.

CIP

Carriage and Insurance paid to place of

destinationResponsabilidade do exportador vai até o

(transporte e seguros pagos até local de

destino)embarque da mercadoria na origem.

DAF

Delivered at frontier at named place Responsabilidade do exportador vai até a

(entregue na fronteira em local designado)passagem da carga pela fronteira na

origem.

DES* Delivered ex ship at port of destination Exportador entrega mercadoria no porto

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(entregue a bordo do navio no porto de

destino)de destino sobre o navio.

DEQ*Delivered ex-quay at port of destination Risco do exportador vai até a descarga no

(entregue no cais no porto de destino) cais do porto de destino.

DDU

Delivered duty unpaid .....place of

destinationResponsabilidade do exportador até a

(entregue impostos não pagos .....local de

destino)entrega no destino.

DDP

Delivered duty paid .....place of destination Responsabilidade do exportador até a

(entregue impostos pagos .....local de

destino)entrega no destino.

* INCOTERMS exclusivos de modais de transporte marítimo.

Fonte: Aduaneiras, 2010.

Assim, podemos verificar que os Incoterms servem para definir, os direitos e

obrigações do exportador e do importador, estabelecendo um conjunto de

definições e determinando regras e práticas. Enfim, os Incoterms têm o objetivo, de

serem regras internacionais, imparciais, de caráter uniformizador, que constituem

toda a base dos negócios internacionais e objetivam promover sua harmonia.

Na realidade, os incoterms não impõem suas regras e sim propõem o

entendimento entre vendedor e comprador, quanto às obrigações e direitos de cada

um.

4.2 Sistema Financeiro Nacional

Segundo Bessada (2005), o sistema financeiro é um conjunto de instituições e

instrumentos financeiros que possibilita a transferência de recursos dos ofertadores

finais para os tomadores finais, criando condições para que os títulos e valores

mobiliários possuam liquidez no mercado.

O sistema financeiro nacional se define como o conjunto de órgãos e

instituições que regula, fiscaliza e executa todas as operações de circulação de

moedas e de crédito.

Page 22: A Utilizacao de Derivativos

23

A estrutura do sistema financeiro nacional passou por diversas alterações ao

longo de sua composição que hoje conta com três órgãos normativos, e quatro

entidades supervisoras, como pode se visualizar no Quadro 2 a composição do

sistema financeiro nacional.

Quadro 2 - Composição do Sistema Financeiro Nacional

Fonte: Banco Central 2010.

O Sistema Financeiro Nacional segundo ANBID, 2010 é constituído da seguinte

maneira:

Do Conselho Monetário Nacional - Órgão Maximo do Sistema Financeiro

nacional, autarquia publica composta pelo Ministro da Fazenda (Presidente

do conselho), Ministro do Orçamento, Planejamento e Gestão e o Presidente

do Banco Central do Brasil.

Do Banco Central do Brasil; Autarquia vinculada ao Ministério da

Fazenda,Principal órgão executivo do sistema financeiro.

CVM (Comissão de Valores Mobiliários), Órgão normativo voltado para o

desenvolvimento do mercado de títulos e valores mobiliários,entidade

autárquica,vinculada ao governo através do Ministério da Fazenda,

Page 23: A Utilizacao de Derivativos

24

Do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social; - das

demais instituições financeiras públicas e privadas.

4.3 Mercado Cambial Brasileiro

O Mercado de Câmbio brasileiro é regulamentado pelo RMCCI – Regulamento

de Mercado de Cambio e Capitais Internacionais, sua última atualização o RMCCI

31 está em vigor desde 27.07.2009, através da Circular 3.462.

O RMCCI trata das disposições normativas e dos procedimentos relativos ao

mercado de câmbio, de acordo com a Resolução n° 3.568, de 29.05.2008.

Conforme Banco Central (2010) As disposições do RMCCI este título aplicam-

se às operações realizadas no mercado de câmbio, que engloba as seguintes

operações:

a) de compra e de venda de moeda estrangeira e as operações com ouro-

instrumento cambial, realizadas com instituições autorizadas pelo Banco Central do

Brasil a operar no mercado de câmbio, bem como as operações em moeda nacional

entre residentes, domiciliados ou com sede no País e residentes, domiciliados ou

com sede no exterior;

b) relativas aos recebimentos, pagamentos e transferências do e para o

exterior mediante a utilização de cartões de uso internacional, bem como as

operações referentes às transferências financeiras postais internacionais, inclusive

vales postais e reembolsos postais internacionais.

O RMCCI define que as pessoas físicas e as pessoas jurídicas podem comprar

e vender moeda estrangeira ou realizar transferências internacionais em reais, de

qualquer natureza, sem limitação de valor, sendo contraparte na operação agente

autorizado a operar no mercado de câmbio, observada a legalidade da transação,

tendo como base a fundamentação econômica e as responsabilidades definidas na

respectiva documentação.

Segundo o Banco Central (2010), também se aplica, às compras e às vendas

de moeda estrangeira por pessoas físicas ou jurídicas, residentes, domiciliadas ou

com sede no País, para fins de constituição de disponibilidade no exterior e do seu

retorno, bem como às operações de "back to back". (NR).

Page 24: A Utilizacao de Derivativos

25

Para o RMCCI, Banco Central (2010) é permitido às pessoas físicas e jurídicas

residentes, domiciliadas ou com sede no País pagar suas obrigações com o exterior:

a) em moeda estrangeira, mediante operação de câmbio;

b) em moeda nacional, mediante crédito à conta de depósito titulada pela

pessoa física ou jurídica residente, domiciliada ou com sede no exterior, aberta e

movimentada no País nos termos da legislação e regulamentação em vigor;

c) com utilização de disponibilidade própria, no exterior, observadas, quando

for o caso, disposições específicas contidas na legislação em vigor

As operações do mercado de câmbio de que trata o presente Regulamento

devem ser realizadas exclusivamente por meio de agentes autorizados pelo Banco

Central do Brasil para tal finalidade.

Assim, as referências à compra ou à venda de moeda estrangeira significam

que o agente autorizado a operar no mercado de câmbio é o comprador ou o

vendedor, respectivamente.

Determinando ainda que os pagamentos ao e os recebimentos do exterior

devem ser efetuados por meio de transferência bancária ou, excepcionalmente, por

outra forma prevista na legislação e no Regulamento.

A ordem de pagamento não cumprida no exterior deve ser objeto de

contratação de câmbio com o tomador original da ordem, utilizando-se a mesma

classificação cambial da transferência ao exterior e código de grupo específico,

cabendo ao banco comunicar o fato ao referido tomador no prazo de até 3 dias úteis,

contados a partir da data em que o banco recebeu a informação do não

cumprimento da ordem por parte de seu correspondente no exterior.

O regulamento indica que as operações de câmbio devem ser formalizadas por

meio de contrato de câmbio a partir dos dados registrados no Sisbacen,

a) nas operações para liquidação pronta ou futura, a taxa de câmbio deve

refletir exclusivamente o preço da moeda negociada para a data da contratação da

operação de câmbio, sendo facultada a pactuação de prêmio ou bonificação nas

operações para liquidação futura.

Determinado ainda pelo RMCCI, conforme BancoCentral (2010), a taxa de

câmbio é livremente pactuada entre os agentes autorizados a operar no mercado de

câmbio ou entre estes e seus clientes, podendo as operações de câmbio ser

Page 25: A Utilizacao de Derivativos

26

contratadas para liquidação pronta ou futura e, no caso de operações interbancárias,

a termo, observado que:

a) nas operações para liquidação pronta ou futura, a taxa de câmbio deve

refletir exclusivamente o preço da moeda negociada para a data da contratação da

operação de câmbio, sendo facultada a pactuação de prêmio ou bonificação nas

operações para liquidação futura;

b) nas operações para liquidação a termo, a taxa de câmbio é livremente

pactuada entre as partes e deve espelhar o preço negociado da moeda estrangeira

para a data da liquidação da operação de câmbio.

Nas operações em que for exigida a realização de pagamento antecipado ao

exterior, caso não venha a se concretizar a operação que respaldou a transferência,

o comprador da moeda estrangeira deve providenciar o retorno ao País dos recursos

correspondentes, utilizando-se a mesma classificação da transferência ao exterior,

quando do efetivo ingresso dos recursos, com utilização de código de grupo

específico.

Não são admitidos fracionamentos de contratos de câmbio para fins de

utilização de prerrogativa especialmente concedida nos termos deste regulamento.

As instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo

Banco Central do Brasil, autorizadas a operar no mercado de câmbio, podem

converter câmbio manual em sacado e câmbio sacado em manual entre si ou com

instituições financeiras do exterior.

Por solicitação das instituições financeiras e demais instituições autorizadas a

funcionar pelo Banco Central do Brasil, autorizadas a operar no mercado de câmbio,

o Banco Central do Brasil pode, a seu critério, transformar câmbio manual em

sacado ou vice-versa, bem como realizar operações de arbitragem.

É facultativa a interveniência de sociedade corretora quando da contratação de

operação de câmbio de qualquer natureza, independentemente do valor da

operação, sendo livremente pactuado entre as partes o valor da corretagem.

A contratação de câmbio e a transferência internacional em reais relativas aos

pagamentos ao exterior e aos recebimentos do exterior devem ser realizadas

separadamente pelo total de valores de mesma natureza.

Page 26: A Utilizacao de Derivativos

27

Nos contratos de câmbio ou nas transferências internacionais em reais que

tiverem, respectivamente, liquidação ou lançamento no sistema, na mesma data, a

contratação e o registro da transferência internacional em reais devem ser efetuados

pelos valores integrais, podendo a movimentação dos recursos, do e para o exterior,

ser efetuada pelo valor líquido, respeitadas as condições de legítimos credor e

devedor previstas na regulamentação.

As operações simultâneas de câmbio ou de transferências internacionais em

reais são consideradas, para todos os efeitos, operações efetivas, devendo ser

adotados os procedimentos operacionais previstos na regulamentação e

comprovado o recolhimento dos tributos incidentes nas operações.

4.4 Câmbio

Segundo Ratti (1997), câmbio significa troca, ou seja, a compra e venda de

moedas estrangeiras ou de papéis que as representem. Ratti (1997, p.26) prossegue

conceituando moeda como “um bem instrumental que facilita as trocas e permite a

medida ou a comparação de valores”.

Segundo Maluf (2000, p.29):

“O comércio exterior no Brasil tem o seu câmbio centralizado, isso

quer dizer que o valor a ser recebido pelo exportador deverá ser “trocado”

por moeda nacional através de interveniência bancária. Assim sendo, toda

vez que a empresa/pessoa quiser operar em comércio internacional deverá

procurar um banco autorizado a operar em câmbio para realizar a operação.

A tramitação bancária será determinada pela modalidade de pagamento

acertada entre as partes atendendo às exigências e regulamentações

cambiais impostas pelo BACEN (Banco Central do Brasil). O exportador tem

a prerrogativa de fazer operações de adiantamentos sobre os contratos

internacionais, antes mesmo do importador efetuar o seu pagamento”.

Na visão de Zini Jr.(1993), a taxa de cambio e um dos preços relativos

básicos de toda economia de mercado. Sua importância esta em intermediar todas

as transações entre a economia domestica e o restante do mundo. Conceitualmente,

Page 27: A Utilizacao de Derivativos

28

isto significa defini-la como adequada ao refletir a competitividade externa do pais e

a confiança sobre os fatores macroeconômicos fundamentais da economia.

A relação entre taxas de cambio, juros e inflação e determinada pelas teorias

básicas de formação de taxas de cambio. Paridade do poder de compra, paridade

de taxas de juros e teoria de expectativas. Com estas taxas são medidos os valores

externos da moeda, fornecendo uma relação direta entre preços domésticos das

mercadorias, fatores produtivos e preços destes nos demais países.

Conforme as normas do RMCCI, o Banco Central (2010) aplica às operações

no mercado de câmbio, adicionalmente, o seguinte:

a) as transferências financeiras relativas às aplicações no exterior por

instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco

Central do Brasil devem observar a regulamentação específica;

b) os fundos de investimento podem efetuar transferências do e para o exterior

relacionadas às suas aplicações fora do País, obedecida a regulamentação editada

pela Comissão de Valores Mobiliários e as regras cambiais editadas pelo Banco

Central do Brasil;

c) as transferências financeiras relativas a aplicações no exterior por entidades

de previdência complementar devem observar a regulamentação específica.

Ainda o RMCCI destaca que devem ser observadas as disposições específicas

de cada operação, tratadas em títulos próprios deste Regulamento, ressaltando-se

que a realização de transferências do e para o exterior está condicionada, ainda, ao

cumprimento e à observância da legislação e da regulamentação sobre o assunto,

inclusive de outros órgãos governamentais.

Conforme o Banco Central (2010) o regulamento indica que é facultada a

liquidação, no mercado de câmbio, em moeda estrangeira equivalente, de

compromissos em moeda nacional, de qualquer natureza, firmados entre pessoas

físicas ou jurídicas residentes, domiciliadas ou com sede no País e pessoas físicas

ou jurídicas residentes, domiciliadas ou com sede no exterior, mediante

apresentação da documentação pertinente.

Assim a realização de operações destinadas à proteção contra o risco de

variações de taxas de juros, de paridades entre moedas estrangeiras e de preços de

mercadorias no mercado internacional

Page 28: A Utilizacao de Derivativos

29

A operacionalização de câmbio é composta de três etapas bem definidas: a

contratação do câmbio, a negociação ou entrega das divisas, e a liquidação, as

quais serão desdobradas a seguir.

4.4.1 Contratação do Câmbio de Exportação

Trata-se da primeira fase de uma operação cambial de exportação, que vem a

ser a assinatura de um termo junto a um banco autorizado pelo Banco Central do

Brasil a operar contratos de câmbio, comumente chamado fechamento de câmbio.

Fortuna (1998, p.327) salienta que:

“Sob o aspecto cambial, as exportações brasileiras podem ser com ou

sem cobertura cambial. A regra geral consiste na simultaneidade do

processo, ou seja, ao saírem mercadorias do país, deve entrar o equivalente

em divisas para o país. A cobertura cambial, em princípio, dá-se sempre em

moeda conversível. A forma de pagamentos poderá ser através de carta de

crédito à vista ou a prazo, cobrança à vista ou a prazo, pagamento

antecipado ou remessa sem saque”.

Para Maluf (2000), a operação cambial é de ordem financeira e por isso cabe

ao exportador decidir sobre o momento mais adequado e o banco com o qual será

concretizada. A contratação do câmbio pode ser feita antes do embarque da

mercadoria para o exterior, para financiamento da produção; ou após o embarque da

mercadoria para o exterior, para financiamento do fluxo de caixa, ficando a critério

do exportador, desde que respeitando algumas limitações que lhe são impostas.

Page 29: A Utilizacao de Derivativos

30

4.4.2 Contratação do câmbio antes do embarque

São as operações de câmbio efetuadas antes do embarque da mercadoria

para o exterior, como por exemplo:

Pagamento Antecipado: modalidade geralmente contratada para liquidação

pronta, mediante o embarque obrigatório da mercadoria em até 360 dias da

contratação do câmbio.

A respeito, Maluf (2000, p.171) diz que as divisas serão remetidas pelo

importador ao exportador anteriormente ao embarque. Após a chegada das divisas

no banco brasileiro, o exportador negociará com o banco a taxa cambial, as

despesas e fechará o câmbio dentro do prazo estabelecido pelo Banco Central.

O ACC – Adiantamento sobre Contrato de Câmbio é uma modalidade de

financiamento à produção do exportador, segundo Maluf (2000), onde lhe são

antecipadas as divisas referentes ao contrato de exportação e terá um prazo

máximo para embarcar e vincular estes contratos de câmbio pactuados junto ao

banco.

Segundo Lunardi (2000), após a celebração o contrato de câmbio o

adiantamento pode ser concedido a qualquer tempo, a critério das partes.

Usualmente, é concedido no dia da contratação do câmbio (ou no dia útil seguinte),

e resulta para o exportador em pagamento do “deságio” (juros) pelo período de sua

utilização. O deságio é pago ao banco na entrega dos documentos ou na liquidação

e, normalmente, é calculado sobre o valor em moeda estrangeira e possui como

base taxas de juros internacionais.

Esses contratos são livremente negociados entre o exportador e o banco,

embora existam parâmetros básicos nas condições de financiamentos. Mas vale

salientar, conforme Maluf (2000), que ao contratar um ACC, o exportador deverá

levar em conta algumas particularidades, como a definição e não possibilidade de

alteração da parte exportadora; não possibilidade de alteração da taxa cambial

contratada, bem como o valor em moeda nacional a receber mencionado no contrato

de câmbio; comprovação efetiva do embarque das mercadorias dentro dos prazos

regulamentares.

Page 30: A Utilizacao de Derivativos

31

Ainda segundo Maluf (2000) a política de taxa de câmbio comercial flutuante

demanda que o exportador analise as oscilações da taxa relativa aos seus custos

internos e até mesmo em função de comportamento financeiro do mercado, para

optar pela contratação anteriormente ao embarque da mercadoria para o exterior.

Um ACC ainda pode ser utilizado de forma indireta, fomentando a produção

dos fornecedores do exportador. Para Maluf (2000), esta modalidade tem o objetivo

de financiar os fabricantes e fornecedores de matérias-primas, produtos

intermediários e materiais de embalagem, considerados insumos ao processo

produtivo de mercadorias a serem exportadas.

4.4.3 Contratação de Câmbio após o Embarque

As contratações de câmbio após o embarque devem respeitar o prazo fixado

pelo Banco Central do Brasil. Maluf (2000, p.173) diz que, “não havendo

adiantamento de recursos, a contratação de câmbio ficará condicionada ao prazo de

pagamento da operação de exportação e, conseqüentemente, à chegada das

divisas”.

Nesta circunstância contrata-se um ACE - Adiantamento sobre cambiais

entregues, que deve ser avaliada pelo exportador depois de uma analise financeira

das necessidades da empresa. Esta operação financeira caracteriza-se pelo

adiantamento dos recursos, realizado após o embarque das mercadorias ao exterior,

porém antes do banco receber as divisas da respectiva operação.

Maluf (2000, p.174) diz que para melhor escolha por uma destas alternativas,

deve se considerar os seguintes pontos:

Maior ou menor necessidade de recurso financeiro: visto que a contratação em

si permite-lhe “lançar mão” do adiantamento. O comportamento das variações

cambiais, em face ao resultado que a contratação poderá proporcionar-lhe em

moeda nacional.

Page 31: A Utilizacao de Derivativos

32

As diferenças entre o custo do adiantamento em moeda nacional resultante da

operação cambial e o custo dos financiamentos em operações normais do mercado

financeiro.

Outra alternativa a ser analisada, muito comum em determinados momentos da

economia, é a contratação antecipada com recebimento da correspondente moeda

nacional em data futura, operação conhecida por “trava de câmbio” ou “câmbio

travado.

4.4.4. Negociação da Moeda

Para Maluf (2000), a negociação caracteriza a segunda etapa da operação

cambial. Como pôde se observar anteriormente, esta negociação pode ser efetuada

antes ou após o embarque da mercadoria para o exterior, dependo das

necessidades do exportador.

Segundo Ratti (2001) o câmbio, vem a ser a troca de moedas de diferentes

países. Evidentemente para que a troca possa realizar-se, torna-se necessário

estabelecer uma relação de equivalência entre várias moedas. Assim, pode-se

afirmar que a relação de equivalência, que nada mais é do que o preço de uma

moeda em relação a outra ou taxa de câmbio.

4.4.5 Liquidação do Contrato de Câmbio

A liquidação de um contrato de câmbio é efetuada mediante entrega pactuada

da moeda estrangeira. Maluf (2000, p.178) diz que “a liquidação do câmbio se dá

quando do recebimento das divisas do exterior, ou seja, quando o importador paga e

o banco remete as divisas ao banco brasileiro”.

Page 32: A Utilizacao de Derivativos

33

4.5 Derivativos

Segundo Fortuna (2005), é um instrumento financeiro cujo preço deriva de um

ativo ou instrumento financeiro, sua finalidade é a obtenção de um ganho

especulativo especifico e como Hedge (proteção) contra eventuais perdas no ativo

financeiro de referência.

O mercado de derivativos é um mercado de liquidação futuro onde são

operados os derivativos.

Para Bessada (2005), derivativos são ativos cujos valore dependem de valores

de outras variáveis, mais básicas como o valor de uma opção de ação depende do

preço da ação em questão. Desta forma são instrumentos financeiros que tem o seu

valor determinado pelo valor de outro ativo.

Ainda para Elsevier (2005), derivativos são titulos que derivam seu valor de um

ativo-objeto. Inicialmente negociando mercadorias ou produtos primários, evolui-se

para negociação de derivativos de ouro e metais preciosos,obrigações e titulos

governamentais, moedas extrangeiras, petróleo, madeira compensada e outros.

Bens ativos e indicadores.

4.6 Hedge

Segundo Mauro (1994, p.122), na tradução literal do inglês, “hedge” significa

"cerca". Na sua utilização mercadológica, segundo Fortuna (1998), configura-se

numa forma de proteger ativos e passivos contra as oscilações do mercado.

Para Silva Neto (1998), apesar de a negociação de commodities (mercadorias)

existir desde a Idade Antiga e ter se consolidado na Idade Média, com a

especialização das práticas comerciais, pode-se afirmar que a origem do termo

“hedge", tal como é conhecido atualmente, surgiu na da década de 70, com o

aparecimento dos Swaps, operações utilizadas, inicialmente, para proteção contra o

risco de oscilação de moedas. Paralelamente a isso, segundo Silva Neto (1998), o

Page 33: A Utilizacao de Derivativos

34

mercado desenvolvia outros mecanismos de garantia, entre eles o contrato futuro de

derivativos, onde especuladores compravam o risco de variação de preços das

empresas que desejavam eliminar tal incógnita de suas receitas futuras.

Silva Neto (1998, p.116) define hedge como “uma operação que tem por

objetivo diminuir o risco de determinada posição de caixa estoque ou até mesmo de

outra operação”. Silva Neto (1998, apud Hull, 1996, p.116) prossegue:

“Seu objetivo [do hedger] é utilizar os mercados futuros para reduzir

determinado risco que possam enfrentar, relacionando ao preço do petróleo

de uma taxa de câmbio, ao nível do mercado de ações ou a outras

variáveis. Um hedge perfeito, que na pratica é raro, é aquele que elimina

completamente o risco”.

Segundo BM&F (2010), as modalidades de contratos futuros estão

diretamente vinculadas aos tipos de riscos envolvidos nos mais diversos ativos a

serem avaliados (commodities, títulos federais, títulos privados, ações, ouro, dólar,

imóveis, etc). Segundo Securato (1996, p.42) o risco total a que está sujeito um ativo

pode ser subdividido em duas partes: risco sistemático ou conjuntural (recessão,

greves, crises políticas, econômica, social, etc.) e risco não sistemático ou próprio (a

descoberta de uma mina de ouro fará com que os preços do ouro recuem, por

exemplo). O certo é que eles poderão atuar estabelecendo uma posição relativa da

taxa de retorno dos vários ativos.

Para Silva Neto (1998, p.135), “uma das principais funções dos derivativos é

permitir a transferência do risco do hedger para outro participante do mercado,

geralmente o especulador. Sem o risco do hedger não há mercado, não há o que

negociar”. Ele adianta que o primeiro passo para uma operação de hedge eficiente é

entender bem o risco a ser coberto e a modalidade a ser utilizada.

Segundo o RMCCI, Banco Central (2010), as operações de proteção (hedge)

negociadas, no exterior, em bolsas ou em mercado de balcão com instituições

financeiras, pode ser:

As transferências financeiras do e para o exterior, decorrentes de operações

destinadas à proteção (hedge) de direitos ou obrigações de natureza comercial ou

financeira, sujeitos a riscos de variação, no mercado internacional, de taxas de juros,

de paridades entre moedas estrangeiras ou de preços de mercadorias, podem ser

Page 34: A Utilizacao de Derivativos

35

realizadas por pessoas físicas ou jurídicas residentes, domiciliadas ou com sede no

País em bancos autorizados a operar no mercado de câmbio.

Incluem-se entre os direitos e obrigações os pagamentos e os recebimentos:

a) em moeda nacional, decorrentes de repasses de obrigações contraídas em

moeda estrangeira;

c) operações em bolsas de mercadorias e de futuros no País;

d) exposições assumidas, no País, pelos bancos autorizados a operar no

mercado de câmbio com seus clientes, desde que vinculadas a direitos ou

obrigações passíveis de hedge no exterior nos termos deste capítulo.

Sendo que essas regras não se aplicam às operações realizadas por fundos de

investimento de qualquer natureza, inclusive caracterizados como clientes, os quais

devem observar regulamentação específica.

Cabendo assim ao banco interveniente na operação de câmbio celebrada para

fins de pagamento ou recebimento de valores decorrentes de obrigações e direitos

relacionadas à operação de hedge observar os parâmetros vigentes no mercado

internacional para operações semelhantes e assegurar-se da legalidade e da

legitimidade da operação mediante avaliação:

a) da documentação apresentada pelo cliente; ou

b) da qualificação do cliente quanto a seu perfil, desempenho e capacidade

financeira.

O RMCCI segundo Banco Central (2010), ainda destaca que podem também

ser efetuadas transferências financeiras referentes a hegde de variações de taxas

de juros e de paridade entre moedas estrangeiras:

a) destinadas à constituição de depósitos a título de caução (collateral, escrow

accounts);

b) necessárias à efetivação de hedge relativo a recursos externos a serem

desembolsados no futuro.

Para estas operações, são admitidas remessas destinadas à abertura de

contas correntes em corretores no exterior e a depósitos de margens de garantia,

bem como o financiamento dessas margens pelos bancos autorizados a operar em

câmbio, mediante a utilização de linhas de crédito externas. Observado os riscos de

variação previstos, pode ser utilizada qualquer modalidade de hedge regularmente

Page 35: A Utilizacao de Derivativos

36

praticada no mercado internacional ofertada por instituições financeiras do exterior

ou por bolsas estrangeiras relativos a importação, exportação ou negociação no

mercado interno de mercadorias cujo preço seja estabelecido consoante suas

cotações em bolsa no exterior.

4.6.1 Hedge Cambial

Ratti (1997, p.311) diz que o comércio exterior envolve uma exposição às

flutuações nas taxas de câmbio, sempre que o pagamento ou a receita envolver

moeda estrangeira.

Segundo Lopes (2003), o importador que deverá pagar uma determinada

obrigação em moeda estrangeira terá uma posição de câmbio, pois as receitas das

vendas do importador serão, provavelmente em moeda local, entretanto, seus

custos, deverão ser pagos em moeda estrangeira. Em contrapartida, o exportador

que fatura em moeda estrangeira, também terá uma posição de câmbio, na medida

em que seus custos serão provavelmente em moeda local, e suas receitas, em

moeda estrangeira.

Lopes (2003) complementa que, nos dois casos, a diferença entre as receitas e

os custos (lucratividade) não poderão ser conhecidas com certeza, até que a taxa de

câmbio para conversão da moeda seja determinada.

Segundo Securato (1996, p.36):

“Sempre que houver exposição ao risco de câmbio, na condução de

um negócio que envolva moeda estrangeira, uma decisão deverá ser

tomada para que a lucratividade da operação não seja comprometida pelo

risco de uma flutuação indesejada na taxa de câmbio”.

Para Securato (1996), quando se permite que uma posição de câmbio

permaneça aberta até a sua liquidação, haverá um risco de flutuação do câmbio, se

a posição for fechada (“hedgiada”), este risco será minimizado.

A respeito, Securato (1996) permite concluir que caso um administrador

financeiro deseje reduzir o risco de variação do indexador, ele optará pelo

Page 36: A Utilizacao de Derivativos

37

fechamento da posição de câmbio, ou seja, o objetivo final do hedge cambial contra

uma exposição às flutuações é nivelar o fluxo de caixa, tornando iguais os ingressos

e os desembolsos, para cada moeda.

4.6.1.1 Modalidades de Hedge Cambial

Pôde-se observar que são diversas as modalidades de se operacionalizar

hedge, sempre levando em conta o risco envolvido. Portanto, apresentar-se-ão

aquelas mais demandadas, sob o prisma da eliminação de risco de variação

cambial.

4.6.1.2 Hedge Cambial via Swap

Para definir o hedge cambial via swap Ratti (1997, p.178) identifica que as

operações de Swap (troca) consistem, basicamente, na troca de posições em

determinados índices entre dois agentes econômicos. Estes agentes econômicos

por meio de um contrato de Swap, definem um valor base e elegem um índice (taxa

de juros, moeda, mercadoria) distinto para correção original deste valor base.

Silva Neto (1998) conceitua swap como um contrato futuro de moeda não

padronizado, negociado fora do âmbito de uma Bolsa de Futuros (é ofertado em

bancos e instituições financeiras). Trata-se de uma ferramenta que visa minimizar

riscos existentes frente ao descasamento entre ativo e passivo das contrapartes;

prazos divergentes de vencimento das operações que causam descasamento; e

troca do fluxo (resultado financeiro) em função do descasamento entre ativo e

passivo, considerando cenários do preço futuro do derivativo, a fim de propiciar o

ganho projetado.

Segundo Fortuna (1998), o Banco Central deu um importante passo para

definição das regras do uso de derivativos no Brasil, a partir da divulgação das

Resoluções 2.138 e 2.139, ambas de 29 de dezembro de 1994.

Page 37: A Utilizacao de Derivativos

38

Para Fortuna (1998), a Resolução 2.138 explicita a legitimidade desta operação

que alguns bancos já ofereciam abertamente a seus clientes (normalmente grandes

empresas), caracterizando uma modalidade de hedge cambial. Já, a Resolução

2.139, que passou a vigorar a partir de 1º de julho de 1995, incluiu os Swaps nas

normas do acordo de Basiléia para definição do patrimônio líquido mínimo das

Instituições Financeiras, ficando definido que o patrimônio líquido deve ser no

mínimo 8% dos ativos ponderados mais 1,5% da posição total da instituição em

Swaps.

Uma das alternativas de swap vinculado à variação cambial pode ser

representada por uma operação em que o investidor fica tomado (captado) em uma

taxa pré-fixada e, de outro, aplicado com base na variação do dólar americano,

como poder ser verificado no exemplo a seguir (Quadro 3).

Quadro 3 - Simulação de Swap

CONDIÇÕES CUSTO RECEITA

Valor Inicial: R$ 1.000,00

Data base: 23/08/2004

Data Vencimento: 23/09/2004

Taxa Pré-fixada: 16% a.a.

Considerando o prazo de 31

dias, têm-se:

(0,16 x 31/360) x 100 = 1,38

Cotação 23/08/2004= R$ 3,10

Cotação 23/09/2004= R$ 3,15

Variação:

(3,15/3,10) - 1 * 100 = 1,61

RECEITA – CUSTO = 1.610,00 – 1.380,00 = R$ 230,00*

*Neste caso, o cliente aqui caracterizado como comprador na operação, terá um crédito em sua conta corrente pela diferença obtida na operação. Se o cenário apresentado fosse desfavorável, ele teria um débito em sua conta corrente. Ainda, se o cenário não sofresse alterações, não haveria nem crédito nem débito.

Fonte: adaptado de Bessada, 1994.

Silva Neto (1998, p.79) ressalta que, no Brasil, é muito comum negociação de

swap de taxa pré contra taxa de câmbio. É um tipo de swap pré-pós (aquele que

negocia uma taxa já conhecida contra uma que só será conhecida no vencimento da

operação).

A respeito, Fortuna (1998, p.304) afirma que as operações de swap

normalmente são contratadas através de instituições financeiras ativas na compra e

venda de swaps (swaps dealers) que dão liquidez e dinamismo a este mercado,

Page 38: A Utilizacao de Derivativos

39

existindo uma associação de classe: The International Swap Dealers Association

(ISDA), que reúne seus principais membros.

Ainda Fortuna (1998) enfatiza que, em uma operação de swap de taxa de

câmbio, haverá sempre, além do banco intermediário, duas empresas: uma que tem

dívidas e outra com receitas, ambas futuras e em moeda estrangeira.

Segundo Fortuna (1998) a principal vantagem de um swap é a proteção sob

medida, incluindo todo o valor da operação em um único contrato. [...] O swap

permite que se faça um hedge perfeitamente ajustado ao prazo e ao valor da

operação, embora com custos mais elevados.

Portanto podemos entender que a utilização de swap é vantajosa para apenas

um único contrato, com custos mais elevados, mas uma proteção com melhor ajuste

de prazo.

4.6.1.3 Swap e Depósito

O Swap consiste na compra ou venda de câmbio pronto contra a simultânea

venda ou compra de câmbio futurosegundo Ratti (1997). Em outras palavras, nada

mais é do que uma operação de financiamento mútuo, compreendendo quantidades

equivalentes de duas moedas diferentes (uma nacional e outra estrangeira ou,

ainda, duas moedas estrangeiras). No final do período estipulado, cada uma das

partes retorna à outra os montantes originais das moedas negociadas”.

Ratti (1997) exemplifica admitindo, inicialmente, a existência de um banco

norte-americano, cujas linhas de crédito no exterior estejam carentes de reforço em

moeda estrangeira (marco alemão, por exemplo). De outro lado, tem-se um banco

alemão que esteja necessitando de dólares. O banco americano compra os marcos,

para entrega pronta (imediata) e lhe vende a mesma moeda, no mesmo momento,

para entrega futura (três meses, por exemplo), mediante uma margem a ser

combinada.

Conforme Ratti (1997), a liquidação da operação de compra pronta resulta que

o banco americano entra na posse dos marcos e o banco alemão na posse dos

Page 39: A Utilizacao de Derivativos

40

dólares. No vencimento da operação de venda, por sua vez, a situação se inverte: o

banco americano recupera os dólares e devolve os marcos ao banco alemão. No

entanto, caso o banco alemão que participou do swap não estiver necessitando dos

dólares, deixaria, então, os dólares com o banco americano, sob a forma de um

depósito a prazo e recebendo juros.

Ainda segundo Ratti (1997) conclui que o banco americano poderia, assim,

utilizar ambas as moedas durante a duração da transação. O lucro do banqueiro

alemão dependerá dos juros que perderá pela cessão de seus marcos, dos juros

que receberá pelo depósito em dólares junto ao banco americano, mais ou menos

os juros representados pela diferença entre as taxas pronta e futura utilizadas na

transação corrente.

4.6.2 Fundo Hedge Cambial

Fortuna (1998) assinala que se trata de uma modalidade normalmente ofertada

ao mercado, geralmente administrada por uma instituição financeira e disponível,

inclusive, aos pequenos investidores para aplicar seus recursos, lastreando pela

flutuação cambial. Desta forma, os valores aplicados serão convertidos em cotas

que serão atualizadas de acordo com a variação cambial dos papéis existentes na

carteira dos mesmos.

Exemplificando Fortuna (1998), supõe que uma família vá fazer uma viagem ao

exterior e debite a maioria de suas despesas em cartão de crédito. Como qualquer

gasto no exterior é calculado em dólar pela Administradora, o valor das despesas

será indexado à variação da cotação dessa moeda.

Fortuna (1998) ainda permite concluir que, para se proteger de qualquer crise

cambial, o investidor calcula em média quanto gastará em sua viagem e aplica o

dinheiro em um Fundo Cambial (atrelado ao dólar). Ao retornar da viagem, poderá

resgatar suas cotas adquiridas para efetuar o pagamento da fatura. Assim, é

eliminado o risco de uma crise cambial, com a desvalorização da moeda nacional.

Page 40: A Utilizacao de Derivativos

41

4.6.3. Hedge Cambial via BM&F

Segundo Acionista (2004), a BM&F opera com contratos futuros de produtos

derivativos, ou seja, com a cotação de produtos como café, carne e ouro, por

exemplo, para estabelecer os seus parâmetros e respectivos preços de mercado.

Não obstante, também opera com o dólar. O hedge cambial é destinado a empresas

que trabalham com contratos de importação e/ou exportação, vulneráveis à

oscilação do dólar, e busca garantir a taxa de juro que excede a variação do

indexador (COPOM, SELIC, CDI) a ser recebido ou a ser pago no vencimento da

fatura, pois, neste caso, o indexador é neutralizado.

Segundo Bessada (2000), mercados futuros são mercados organizados de

compra ou venda de contratos de uma determinada mercadoria, ativo financeiro ou

índice econômico, para liquidação numa data futura preestabelecida.

Para Bessada (2000, p.25), derivativos “são contratos cujo valor depende (ou

deriva) do valor de um bem básico, ou seja, commodities, taxa de juro, taxa de

câmbio, ou contrato de ações”.

Bessada (2000) exemplifica que quando uma empresa possui dívidas em dólar

e quer se prevenir de uma eventual alta da moeda norte-americana. Através da

BM&F, ela compra um contrato de dólar futuro, garantindo que, em determinada

data, poderá comprar determinada quantia de dólares a determinada cotação. Se o

dólar ultrapassar a cotação fixada, a empresa estará protegida, pois terá direito a

comprar a moeda a um preço inferior.

Prosseguindo na análise de Bessada (1994), paralelamente, um exportador

brasileiro, com receita futura em dólar, deseja proteger sua receita de exportação de

uma baixa na cotação da moeda estrangeira, efetuando um contrato de hedge. Caso

haja a depreciação do preço do dólar entre a data do fechamento do contrato e o

recebimento efetivo das divisas, esta depreciação será compensada pelo ganho na

operação financeira de venda de moeda estrangeira junto à Bolsa de Mercadorias &

Futuros.

Page 41: A Utilizacao de Derivativos

42

O Acionista (2008), ressalta que o grande diferencial desta modalidade é que o

Hedge Cambial via BM&F, requer uma garantia que oscila entre 12% a 20% dos

valores contratados, variando conforme o volume de contratos, o ativo dado em

garantia e o risco do mercado, ao contrário dos outros instrumentos de proteção,

que exigem em garantia um ativo equivalente a 100% do valor da operação,

comprometendo o capital de giro e elevando o custo da empresa.

Os contratos a termo operados via Bolsa de Mercadorias são liquidados

através de clearings, com a finalidade de dar mais transparência e credibilidade às

operações nelas realizadas. A respeito, o site da BM&F (2010) relata que nas

últimas duas décadas a globalização, o aumento do fluxo de capitais, vindos de

especulação e comércio exterior, e avanços tecnológicos resultaram no crescimento

das transações de câmbio em todo o mundo e promoveram mudanças significativas

nas relações financeiras internacionais. À medida que as instituições desenvolvem

bases tecnológicas para negociações e operações de liquidação de câmbio cada

vez mais sofisticadas, órgãos de regulamentação se preocupam com o risco ao qual

os sistemas financeiros locais estão sendo expostos, devido ao grande número de

transações internacionais.

Através do desenvolvimento da Câmara de Registro, Compensação e

Liquidação de Operações de Câmbio da BM&F, o risco de crédito (principal), em

transações interbancárias, foi eliminado. A clearing de câmbio faz parte dos

contratos de câmbio, para finalidade de liquidação. Os sistemas da clearings

permitem o uso da metodologia de pagamento versus pagamento, evitando assim,

que um banco após pagar moeda local para um outro participante não receba a

moeda estrangeira, ou vice-versa. Além disso, os pagamentos são efetuados

considerando a exposição líquida de cada participante, que permite a redução do

risco de liquidez operacional.

Cabe ressaltar é importante notar que a clearing de Câmbio da BM&F faz parte

da reestruturação completa Sistema de Pagamento Brasileiro, que melhora as

condições operacionais e permite um processo de gerenciamento de risco de acordo

com o processo de liquidação financeira, especialmente daqueles que possam gerar

riscos sistêmicos.

Page 42: A Utilizacao de Derivativos

43

O Acionista (2008) adverte, entretanto, que estas operações são destinadas a

grandes investidores, haja vista que os contratos de dólar são negociados junto a

BM&F em lotes de US$ 50.000, com contratação mínima de cinco contratos. Além

disso, deve-se considerar o custo incidente sobre estas operações e o fato de que

as mesmas somente podem ser operacionalizadas através empresas especializadas

ou bancos.

A respeito das particularidades dos contratos de hedge via BM&F, Bessada

(1994) salienta o ajuste diário do contrato ao preço praticado no mercado, o que faz

necessário o depósito de uma margem de garantia junto à bolsa (valor oscilante de

acordo com o volume de operações e características da empresa), para, no caso de

a parte ter de pagar por uma oscilação desfavorável, o débito ser descontado deste

montante. Outra particularidade é identificada nas operações day trade, onde a parte

pode comprar ou vender contratos de moeda estrangeira com liquidação diária,

desde que realizadas no mesmo pregão, tendo as perdas ou ganhos obtidos em tais

operações creditados ou debitados no dia útil seguinte à sua realização.

Para Bessada (1994), outro aspecto importante a ser considerado é o

fato de raramente ocorrer o encerramento operação futura simultaneamente ao fim

da operação que originou a necessidade da sua contratação, já que os contratos

futuros são liquidados no primeiro dia útil de cada mês, prejudicando o casamento

dos prazos das operações. Contudo as operações de hedge via BM&F têm liquidez

diária, ou seja, os contratos podem ser vendidos a qualquer momento, desde que

haja demanda para tal.

Além do mercado futuro, contratos de hedge podem ser obtidos através do

mercado de opções. A respeito, Bessada (1994, p.135) afirma que nesta modalidade

“não existe negociação do produto, chamado título-objeto (ações, ouro, dólar, etc).

Opção é o direito de uma parte comprar ou vender à outra parte, até determinada

data, um quantidade do título-objeto a um preço preestabelecido.

Bessada (1994, p.137) prossegue exemplificando que uma opção de compra

dá ao titular o direito de comprar o objeto da opção, ao preço de exercício, a

qualquer instante, até a data do seu vencimento. Após essa data, se não exercida, a

opção simplesmente deixa de existir. O lançador de uma opção de compra é aquele

que vende uma opção de compra, assumindo a obrigação de vender o objeto a que

Page 43: A Utilizacao de Derivativos

44

se refere a opção, caso sua posição seja exercida. Ele entregará a totalidade do

objeto mediante o recebimento do preço do exercício.

Uma opção de venda dá ao seu titular o direito de exigir a compra, pelo

lançador, do objeto da opção ao preço do exercício, na data prefixada. O lançador

de uma opção de venda é aquele que vende uma opção de venda, assumindo a

obrigação de comprar o objeto a que se refere à opção, caso sua posição seja

exigida.

Segundo Silva Neto (1998) os contratos futuros são menos perfeitos que os

swaps para a cobertura de risco, mas são mais baratos. Os contratos de opções

possuem a característica de permitir que a posição tenha lucro, caso o preço das

mercadorias evolua ao nível desejado, além de proteger a posição contra

movimentos de preço adversos; entretanto eles são muito mais caros.

Exemplificando uma operação de contrato futuro de moeda estrangeira via

Bolsa de Mercadorias & Futuros, tem-se a simulação dos ajustes diários, como no

quadro a seguir (Quadro 4).

Quadro 4 - Simulação de Hedge BM&F

Supõe-se que um investidor resolve especular no mercado futuro de dólar e vendeu um contrato futuro de dólar comercial (US$ 50.000,00), em 20/09/2008, a R$ 2,904 (a cotação é negociada em R$/US$ 1,00).

Como em 01/09/2008, o dólar fechou a R$ 2,860, o investidor acredita que a correção no mês não seria superior a 1,5% (quociente entre R$ 2,904 e R$ 2,860). A variação no período segue abaixo:

DataPreço ajuste

vencimento outubro/08

17/09 R$ 2,879

20/09 R$ 2,879

21/09 R$ 2,873

22/09 R$ 2,887

23/09 R$ 2,892

Page 44: A Utilizacao de Derivativos

45

Fonte: adaptado de Bessada, 1994.

Nesta simulação se exemplifica uma operação de contrato futuro via BM&F

com ajustes diários em moeda estrangeira.

Considerando a taxa de corretagem de compra e de venda de 0,15% e a hipótese de o investidor comprar um contrato outubro/08 por R$ 2,885 dia 23/09, liquidando a operação, tem-se os ajustes diários.

O valor do contrato na entrada da operação (20/09/2008):V = US$ 50.000 (1 contrato) X 2,904 = R$ 145.200,00

O custo da corretagem (0,15%) da venda do contrato:C = 0,0015 X 50.000,00 X 2,879 = R$ 215,93

onde R$ 2,879 é o preço de ajuste do pregão anterior (do primeiro vencimento em aberto), isto é 17/09/2008. Logo, o investidor paga, em 20/09/2008, R$ 215,93.

No mesmo dia, o mercado teve o preço de ajuste fixado em R$ 2,879. Portanto, o investido recebe a título de ajuste diário, em D+1: (2,904 – 2,879) X 50.000 = R$ 1.250,00.

No dia 21/09/2008, o investidor volta a receber, pois a cotação caiu ainda mais: (2,879 – 2,873) X 50.000 = R$ 300,00, em D+1 (22/09/2008).

Dia 22/09/2008, o preço fixou em R$ 2,887. Assim, o investidor que estava ajustado em R$ 2,873 (pregão do dia anterior), tem de desembolsar: (2.887 – 2,873) X 50.000 = R$ 700,00, em D+1.

Enfim, no dia 23/09/2008, o investidor compra um contrato por R$ 2,885 zerando sua posição.

Recebe: (2,887 – 2,885) X 50.000 = R$ 100,00

Corretagem: 0,0015 X 2,887 X 50.000 = 216,53

Data Recebe Paga

21/09 1.250,00 215,93

22/09 300,00 ---

23/09 --- 700,00

24/09 100,00 216,53

SOMA 1.650,00 1.132,46

Nesta operação, o investidor teve uma receita de R$ 517,54, conforme pode ser observado na tabela acima que detalha os ajustes diários do período.

Page 45: A Utilizacao de Derivativos

46

4.6.4 Contratos Futuros e Hedge

Segundo Silva Neto (1998) quando se fala em hedge com swap, a operação é

relativamente simples; definem-se o risco, sua duração, o montante a ser protegido

e buscam-se no mercado várias cotações para essa operação; escolhe-se a melhor

(que pode ser ou não a mais barata) e fecha-se o negócio com o Banco. No caso

dos contratos futuros é um pouco diferente.

“Os contratos futuros são padronizados para que sejam negociados

em uma Bolsa. Esta padronização “engessa” um pouco sua versatilidade e,

então, alguns problemas surgem, como: tamanho do contrato; data de

vencimento; forma de liquidação; ajustes diários”. Silva Neto (1998, p.124)

Apesar das desvantagens apresentadas, Silva Neto (1998, p.124) ressalta

inúmeras vantagens dos contratos futuros, sobretudo, o seu preço. Ele enfatiza que

“o preço de um swap é formado pelo Banco e não possui a transparência de um

contrato futuro negociado na Bolsa”. O preço de um swap geralmente é superior ao

preço de um contrato futuro e dificilmente é inferior.

Outros diferenciais dos contratos futuros, em comparação com contratos de

balcão, que devem ser considerados na escolha de derivativos para hedge e

salientados por Silva Neto (1998) referem-se:

- ao risco imensamente inferior de um contrato futuro, pois, dependendo do

modelo de garantias e liquidação, as bolsas oferecem grande segurança quanto a

sua boa liquidação;

- a liquidez menor dos contratos de bolsa, que geram spreads de compra e

venda menores e formação de preços mais transparentes;

- a possibilidade de liquidar a operação por meio da realização de uma

operação inversa à inicialmente realizada;

- a possibilidade de liquidação a qualquer momento da vigência da posição a

um preço muito competitivo.

Silva Neto (1998), concluindo, afirma que para a realização de um hedge, não

existe um instrumento melhor ou pior, existe aquele que se adapta mais ou menos

às necessidades de hedge que uma empresa tem. Ainda, esses instrumentos

Page 46: A Utilizacao de Derivativos

47

podem ser empregados em conjunto, buscando gerenciamento do risco a um preço

mais baixo.

4.6.5 Mercado a Termo

Segundo Hull (1995), os contratos a termo são similares aos contratos

futuros,uma vez que também são um acordo de compra ou venda de um ativo para

uma certa data futura e a um determinado preço.A principal diferença entre eles e

que os contratos a termo são negociados em mercado de balcão enao em bolsa

como os futuros.

As particularidades dos contratos a termo devem-se ao fato destes serem

negociados em mercados de balcão. Desta forma, não estão sujeitos a

padronizações da bolsa. Todos os detalhes do contrato podem ser negociados pelas

contra partes Volume, prazo ,data de vencimento, ativo objeto do contrato.

Assim os contratos são adaptados as necessidades pontuais de cada

participante, alem disso, no mercado a termo não há margem de garantia e os

contratos não são marcados a mercado. Assim, não há fluxo de caixa entre as

contrapartes durante o período do contrato,apenas na liquidação deste.As

operações a termo podem ser do tipo Deliverable (quando há entrega efetiva dos

ativos) ou Non Deliverable (liquidação pela diferença entre a taxa contratada e o

valor do ativo no vencimento).

4.6.6 NDF (NON DELIVERABLE FORWARD)

O NDF e uma operação de Forward de moedas realizadas no mercado

internacional, ou seja, uma compra ou venda de moeda a termo. A sua principal

característica e que não há entrega dos fluxos, ele e liquidado pela diferença

destes. O NDF e muito utilizado para negociações de moedas de países

Page 47: A Utilizacao de Derivativos

48

emergentes, pois estas não são conversíveis devido às características contratuais

do NDF a moeda estrangeira vendida ou comprada a termo não e entregue.

Embora seja um contrato a termo de moeda sem entrega física e um derivativo

operado em mercado de Balcão, que tem como objetivo a taxa de cambio de uma

determinada moeda. E uma operação normalmente utilizada como instrumento de

hedge, pois o contratante de um NDF garante uma taxa de cambio futura à moeda

base do contrato. No Brasil, as operações de NDF são contratadas nas mesas de

operações dos Bancos comerciais e registradas na CETIP. Os vencimentos padrões

vão de um mês a um ano (30,30,90,180,270 e 360 dias),porem prazos

intermediários ou superiores a estes podem ser pactuados entre as partes,

geralmente as operações não ultrapassam dois anos e a liquidez concentra-se em

contratos de ate um ano.

O NDF e um instrumento bastante utilizado no mercado e serve para a

construção da curva da taxa dólar x real off shore. Este apresenta precificação do

mercado local por conta da eliminação do risco político Brasil nos potencias ajustes.

Segundo Securato (2003), existe um risco inerente a manutenção de recursos

dolarizados no Brasil, apesar da ausência de risco de variação cambial.Isso ocorre

porque o capital que permanece no país esta sujeito a alterações legais e imposição

de restrições a remessa de capitais.Este risco e conhecido como risco de

conversão.Já a operação registrada no exterior não apresenta esta susceptibilidade

a mudança acorrida no Brasil,alem da vantagem do título ser liquidado em dólar.

Page 48: A Utilizacao de Derivativos

49

5.METODOLOGIA

Este capítulo visa apresentar o tipo de pesquisa escolhido, a área alvo de

estudo, a coleta de dados, e a forma de análise e tratamento dos dados.

A importância do capítulo se justifica, por ser o item que descreve de que forma

o pesquisador atingiu os objetivos propostos, de de acordo com Roesch (2006).

5.1 Delineamento do tipo de estudo

Vergara (2005), define que o delineamento do tipo de estudo informa o leitor

como será o tipo da pesquisa, com suas conceituações e justificativas. Assim o

presente trabalho se qualificará por dois aspectos: quanto aos fins e quanto aos

meios.

Quanto aos fins, a metodologia utilizada para realização desse estudo foi

definida como exploratória. Segundo Vergara (2005), a investigação exploratória é

realizada em área na qual há pouco conhecimento acumulado e sistematizado.

O presente estudo está focado na identificação dos derivativos existentes e a

utilização dos mesmos como meio de hedge cambial. A empresa Gerdau S.A. já

trabalha com a utilização destes derivativos, mas não possui uma análise das

vantagens oferecidas por cada um e utilizam diferentes derivativos para seus

processos, com a intenção de adquiri melhores resultados.

Quanto aos meios, a pesquisa define-se como pesquisa de campo, por tratar

de uma investigação acerca dos derivativos disponíveis no mercado financeiro

passíveis de utilização como instrumento de hedge cambial. Para Vergara (2005) a

pesquisa de campo é investigação empírica realizada no local onde ocorre ou

ocorreu um fenômeno ou que dispõe de elementos para explicá-lo.

Page 49: A Utilizacao de Derivativos

50

Este estudo também se qualifica como uma pesquisa bibliográfica, pois como

define Vergara (2005), pesquisa bibliográfica é o estudo sistematizado desenvolvido

com base em material publicado em livros, revistas, jornais, redes eletrônicas, isto é,

material acessível ao público em geral.

Segundo Gil (2002):

“a principal vantagem da pesquisa bibliográfica reside no fato de

permitir ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais

ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente”.

Para a obtenção de alguns dados foi utilizada consulta na Internet, cabe

ressaltar que Gil (2002, p. 74) considera a pesquisa na Internet também como forma

de pesquisa bibliográfica.

Yin (2005, p. 19) afirma que estudo de caso é uma estratégia de pesquisa que

examina um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto de realidade. Assim o

estudo de caso possibilita uma investigação para preservar as características

holísticas e significativas dos acontecimentos.

Conforme Yin (2005, p. 33), a investigação de estudo de caso se depara com

uma situação única em que existem mais variáveis de interesse do que pontos de

dados. Da mesma forma, que se baseia em varias fontes de evidencias,

beneficiando-se do desenvolvimento prévio de proposições teóricas que auxiliam

para conduzir a coleta e a análise de dados.

A definição da área-alvo da pesquisa é apresentada na seção que segue.

5.2 Delineamento da área alvo de estudo

A pesquisa foi realizada na empresa Gerdau S.A, direcionada,

especificamente, na área de transporte internacional

A escolha da organização para aplicação da pesquisa de campo foi definida em

função dos seguintes critérios:

Page 50: A Utilizacao de Derivativos

51

Compatibilidade das características da organização com o objeto de

estudo;

Interesse da empresa no desenvolvimento do trabalho, e

Facilidade de acesso e coleta de dados.

5.2.1 Sujeitos do estudo

Segundo Vergara (2005, p.53) os sujeitos da pesquisa são as pessoas que

fornecerão os dados de que você necessita.

Dessa forma, esta pesquisa apresenta como sujeitos o de Gerente de

Relações com investidores Sr. Tarcísio Beuren que atua no setor financeiro e é a

pessoa responsável pela área de Atendimento a investidores e analistas da Gerdau

S.A.

5.3 Instrumento de coleta de dados

Segundo Vergara (2005, p. 54) na coleta de dados, o leitor deve ser informado

como você pretende obter os dados de que precisa para responder ao problema.

A coleta de dados foi dividida em duas partes:

Bibliográfica e entrevista pessoal.

Realizou-se um estudo da bibliografia existente sobre o tema, com estudos de

livros, revistas especializadas e sites, o referencial que contribuiu para o

desenvolvimento da pesquisa. Para a posterior suporte das análises também foram

pesquisas pela Internet para a coleta de informações.

Foram efetuadas também, entrevistas pessoais com os sujeitos da pesquisa

citados na seção anterior. Gil (2002, p. 90) considera a entrevista bastante

adequada como técnica de coleta de dados quando o objetivo da pesquisa é obter

explicações ou razões a respeito das coisas precedentes.

Page 51: A Utilizacao de Derivativos

52

Conforme Yin (2005, p. 33), a investigação de estudo de caso se depara com

uma situação única em que existem mais variáveis de interesse do que pontos de

dados. Da mesma forma, que se baseia em varias fontes de evidencias,

beneficiando-se do desenvolvimento prévio de proposições teóricas que auxiliam

para conduzir a coleta e a análise de dados.

Para Roesch (2006), as perguntas abertas em questionário consistem na forma

mais elementar de coleta de dados qualitativos e têm como propósito permitir ao

pesquisador entender e capturar a perspectiva dos respondentes.

Com aplicação de um roteiro semi estruturado (APÊNDICE A), as entrevistas

foram efetuadas tendo o objetivo de identificar as práticas da empresa, a importância

da área de estudo, bem como, a relação existente entre as mesmas.

5.4 Plano de análise de dados

A análise dos dados desta pesquisa se realiza através da análise documental,

análise de material divulgado na internet, como reportagens, observação direta,

entrevistas semi estruturadas e estudo de caso.

Roesch (1996, p.156), afirma que no tipo de pesquisa de caráter qualitativo, o

pesquisador deve organizar os dados, para depois interpretar. Isso acontece em

virtude da quantidade de notas de pesquisa, de depoimentos ou textos que foram

sendo criados ao desenrolar da coleta de dados.

Conforme Yin (2005, p. 130), a análise das evidências do estudo de caso, se

realiza através de examinar, categorizar, classificar em tabelas ou, do contrário,

recombinar as evidências tendo em vista as proposições iniciais de estudo.

Page 52: A Utilizacao de Derivativos

53

6 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Este capitulo objetiva a apresentação dos resultados do estudo proposto.

Assim, apresenta os dados coletados e as análises realizadas, através do material e

informações disponibilizadas pela empresa Gerdau S.A.

Serão abordados nesta seção as respostas aos objetivos específicos que

seguem:

Identificar os principais derivativos utilizados no mercado financeiro;

Analisar os principais benefícios de cada derivativo como instrumento de

proteção cambial;

Descrever e analisar a utilização de derivativos como instrumentos de

Hedge cambial para a Gerdau S.A.

6.1 Os principais derivativos utilizados no mercado financeiro

Para a conclusão do primeiro objetivo especifico, foram realizas pesquisa junto

ao responsável pelas aplicações na empresa, além do mesmo usa se a experiência

do autor. Abaixo listamos e descrevemos os principais derivativos utilizados no

mercado financeiro atual:

1.Mercado a termo;

2.Mercado Futuro;

3.Mercado de opções;

4. Mercado de Swaps.

Mercado a termo - Segundo BM&F 2010, são contratos para compra ou a

venda de uma determinada quantidade de ações, a um preço fixado, para liquidação

em prazo determinado. O prazo do contrato a Termo é livremente escolhido pelos

investidores, obedecendo ao prazo mínimo de 16 dias e máximo de 999 dias

corridos.

Segundo Bessada 2005, são contratos de compra e venda de um ativo com

montante, preços, e prazos definidos pelas partes diferenciando-se dos contratos

Page 53: A Utilizacao de Derivativos

54

futuros por não apresentarem ajustes diários, com liquidação fisica ou financeira na

data determinada pelo contrato.

Para Fortuna (2005), os mercados a termo são semelhantes aos mercados

futuros, por serem acordos de compra e venda de um ativo em uma data futura, por

preço previamente estabelecido. No entanto, não são negociados embolsas com as

mesmas características dos contratos futuros, já que são acordos particulares entre

duas instituições financeiras e/ou seus clientes.

Mercado Futuro - Segundo Fortuna (2005), os mercados futuros têm como

objetivo básico a proteção dos agentes econômicos – produtores primários,

industrias, comerciantes, instituições financeiras e investidores- contra oscilações

dos preços de seus produtos e de seus investimentos em ativos financeiros. São

lotes padronizados e obedecem a um ajuste diário de posições e de margens, de

acordo com o preço de ajuste da mercadoria.

Mercado de opções - conforme Bessada (2005), são instrumentos que

permitem que o investidor adquira o direito de comprar ou vender um ativo a um

preço e data preestabelecidos.

Mercado de Swaps - são operações de troca de posições entre dois

investidores que alterarem suas posições quanto às variações dos papéis no futuro.

O swap é combinado por certo prazo e, atingido o limite, há um acerto de contas

entre os contratantes.

Após a descrição dos principais derivativos utilizados no mercado financeiro,

efetuamos a análise dos principais benefícios de cada um deles.

6.2 Análise dos principais benefícios de cada derivativo como instrumento de

proteção cambial;

Segue a análise dos principais benefícios de cada derivativo como instrumento

de proteção cambial, efetuada a partir da literatura e das indicações de utilização da

Gerdau S.A.

Page 54: A Utilizacao de Derivativos

55

Mercado a termo – o mercado a termo se diferencia pela para proteção de

preços de compra quando o investidor acredita na alta dos preços.

Diversificação de riscos onde o aplicador pode comprar algumas ações e

diversificando envolve riscos menores.

Obter recursos, como financiamento vende papel a avista e compra a termo

futuro, fazendo caixa.

Alavancagem, possibilitando o investidor adquirir uma quantidade de ações

superior a sua disponibilidade financeira.

Mercado Futuro - a vantagem que o mercado futuro oferece para quem opera

além da simples proteção do preço, o investidor pode sair a qualquer momento de

sua posição, antes do vencimento do contrato, recomprando suas posições e dias

depois voltando a vender.

Facilita a formação dos preços e implementa liquidez, facilitando sua

negociação.

Mercado de opções – possibilita um alto potencial de rentabilidade, proteção

das oscilações de preços, possibilita a operação em mercados de alta ou baixa e

alavancagem dos seus investimentos.

Mercado de Swaps - A grande vantagem do swap ocorre quando duas

empresas estão sujeitas a taxas de juros diferentes Ao trocarem de posições (taxa

fixa por flutuante) as empresas aproveitaram suas vantagens comparativas e

reduziram o custo do empréstimo para ambas.

Ao término da análise dos principais derivativos utilizados como instrumento de

hedge, se efetua a descrição e análise da utilização dos derivativos como

instrumento de hedge para a Gerdau S.A.

Page 55: A Utilizacao de Derivativos

56

6.3 Descrição e análise da utilização de derivativos como instrumentos de

Hedge cambial para a Gerdau S.A.

Para a obtenção do último objetivo específico se utilizou de análise

documental, dos dados divulgados pela empresa no seu balanço do segundo

trimestre do ano corrente, 2010.

Conforme a Gerdau, 2010 a companhia acredita que o gerenciamento de riscos

é importante na condução de sua estratégia de crescimento com rentabilidade, A

companhia está exposta a riscos de mercado, principalmente no que diz respeito a

variações nas taxas de câmbio e volatilidade das taxas de juros. O Objetivo de

gerenciamento de risco é eliminar possíveis variações não esperadas nos resultados

das empresas do grupo.

Hoje a Gerdau utiliza os derivativos swaps e NDFs sendo que os NDFs estão

sendo utilizados por algumas unidades do exterior, pois o NDF os custos estão

atrelados amoeda local sendo que as operações de NDFs constituem um excelente

mecanismo de proteção contra o risco cambial, nas empresas do exterior pois as

mesmas trabalham com contratos em dóllar.

No Brasil a estratégia mais utilizada é o swap por que além do custo mais

barato por ser atrelada ao Real também

A Gerdau S.A e suas controladas mantêm operações com instrumentos

financeiros, em que os riscos são administrados, através de estratégias de posições

financeiras e sistemas de controles de limites de exposição aos mesmos.

Objetivando a proteção contra variações cambiais nas captações realizadas em

moeda estrangeira e contra várias de taxas de juros sem fins especulativos.

A companhia efetuou o teste de efetividade e demonstrou a alta efetividade do

hedge como resultado para a empresa.

A medição de eficiência e avaliação dos resultados ocorre no final dos

contratos quando o derivativo é encerrado. O monitoramento do impacto destas

transações é analisado mensalmente pelo comitê de gerenciamento de caixa e

divida onde a marcação a mercado destas transações é discutida e validada.

Page 56: A Utilizacao de Derivativos

57

A Gerdau e as suas controladas mantém suas operações com instrumentos

derivativos cujo os riscos são administrados através de estratégias de posições

financeiras, que vem ao encontro a teoria de Securato (1996), que enfatiza a

importância de proteger-se ao risco financeiro e cambial, garantindo maior retorno e

rentabilidade para a empresa.

Em entrevista ao Sr. Tacisio Beurem, foi possível identificar as principais

estratégias de utilização de derivativos em suas exportações. Hoje a empresa

desenvolve suas posições, considerando as operações de NDF – Non deliverable

forwards e Swaps de taxas de juros, (tanto em Libor de dólar, como em outras

moedas) Swap de moeda. Por política interna da empresa,não são mantidas

captações em moedas nas quais não exista uma correspondente geração de caixa.

A NDF e utilizada pela Gerdau s/a pois nesta operação ,e possível fixar a taxa

do dólar de um ativo ou passivo antes de seu vencimento, sendo possível travar o

custo de sua divida em reais ou em dólar, o que pode não representar ganhos mas

evita perdas futuras com a volatilidade do mercado de cambio atual. Pode-se

considerar também como vantagem nesta operação o fato de permitir a empresa ter

uma exata noção das suas posições futuras de cambio, possibilitando um

planejamento estratégico de longo prazo.

O entrevistado expõe a importância que o swap representa na estratégia da

empresa, pois através desta operação a organização pode estender o prazo das

operações financeiras sendo mais flexível que o NDF, pois nesta operação e

possível a escolha do indexador de suas obrigações, assim protegendo-se das

variações cambiais, podendo trocar uma divida em dólar, por uma indexação ao

CDI, caso a companhia tenha mais passivos em dólar do que ativos.

Page 57: A Utilizacao de Derivativos

58

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

De acordo com o estudo desenvolvido, verificou-se que o mercado financeiro

brasileiro, regulamentado pelo RMCCI apresenta diferentes termos de derivativos e

analisando os diferenciais de cada um.

Conforme se verificou junto à companhia estuda a mesma se utiliza das

operações de derivativos com o objetivando a eliminação dos riscos de mercado,

identificados em nas políticas e diretrizes e, também, com o gerenciamento da

volatilidade dos fluxos financeiros. A medição da eficiência e a avaliação dos

resultados ocorrem no final dos contratos quando o derivativo é encerrado. O

monitoramento do impacto destas transações, é analisado mensalmente onde a

marcação a mercado destas transações são discutidas e validadas. Todos os

ganhos ou perdas decorrentes de instrumentos financeiros derivativos estão

reconhecidos pelo seu valor justo.

Por política interna, o resultado financeiro da Companhia deve ser oriundo da

geração de caixa do seu negócio e não de ganhos no mercado financeiro. Portanto

considera que a utilização de derivativos deve ser apenas para proteger eventuais

exposições que ela possa ter decorrentes dos riscos nos quais ela está exposta,

sem fins especulativos.

Assim a Companhia só efetua a contratação de um derivativo quando possui

um ativo ou um passivo descoberto, nunca alavancando a posição, portanto, o

critério adotado para definição do valor de referência dos derivativos está atrelado

ao valor da dívida e/ou dos ativos.

Para a política de apuração do valor justo da Companhia o critério de

determinação do valor justo dos instrumentos financeiros derivativos é baseado na

utilização das curvas de mercado de cada derivativo, trazidas a valor presente, na

data de apuração. Os métodos e premissas levam em conta a interpolação de

curvas, como no caso da Libor, e de acordo com cada mercado onde a empresa

está exposta. Os swaps, tanto a ponta ativa quanto a ponta passiva são estimadas

de forma independente e trazidas a valor presente, onde a diferença do resultado

entre as pontas gera o valor de mercado do swap.

Page 58: A Utilizacao de Derivativos

59

Os valores são apurados com base em modelos e cotações disponíveis no

mercado, que levam em conta condições de mercado presentes ou futuras, sendo

valores brutos, anteriores à incidência de impostos.

Em função da variação das taxas de mercado, esses valores poderão sofrer

alterações até o vencimento ou liquidação antecipada das transações.

As operações de derivativos podem incluir: swaps de taxas de juros, (tanto em

Libor de dólar, como em outras moedas); swap de moeda; e também NDF’s (Non

Deliverable Forwards). Vamos apresentar a seguir a análise dos derivativos

utilizados para controlada Aços Villares S.A.

Contratos futuros de dólar - NDF’s (Non Deliverable Forwards) - a controlada

Aços Villares S.A. possui venda de NDF’s (Non Deliverable Forwards), qualificados

como hedge de fluxo de caixa (cash flow hedge), com valor nocional de US$ 47,4

milhões, o equivalente a R$ 85.391 em 30/06/2010, pelo qual assume a média da

PTAX do mês anterior ao de vencimento e o banco assume uma cotação fixa do

dólar norte-americano para a data do vencimento. O montante está distribuído em

tranches para cobrir receitas oriundas de exportações de cilindros, sendo que a

última vencerá em 01/01/2011. O valor justo deste contrato em 30/06/2010 é um

ganho líquido de R$ 4.260. A respectiva contrapartida foi registrada em conta

específica do Patrimônio Líquido no montante de R$ 1.376 (líquido de impostos). A

contraparte desta operação é com os bancos Banco Itaú S.A., UBS Pactual e

Unibanco S.A.

Contratos de Swap - Swap de taxas de juros - A controlada Aços Villares S.A.

possui swaps no valor de US$ 21,55 milhões (R$ 38.822 em 30/06/2010), nos quais

os encargos financeiros pactuados em contratos de pré-pagamento de exportação,

equivalentes à taxa Libor acrescida de um percentual de juros, são trocados por

taxas de juros pré-fixadas. O valor justo deste contrato em 30/06/2010 é uma perda

líquida de R$ 1.467. A contraparte desta operação é com o banco Unibanco e ABN

Amro Bank.

Assim verificamos ao término dessa análise constatamos que para a Gerdau

S.A. não existe um tipo de Hedge perfeito para suas operações. A companhia

acredita que o gerenciamento de riscos e importante na condução de sua estratégia

de crescimento com rentabilidade, principalmente no que diz respeito a variações

Page 59: A Utilizacao de Derivativos

60

das taxas de cambio e volatilidade das taxas de juros. A mesma utiliza-se de

gerenciamento de risco para eliminar possíveis variações não esperadas nos

resultados das empresas do grupo,advindas dessas variações.

Conclui-se que o tema Derivativos, alem de atual e bastante intrigante, mesmo

as empresas que utilizam-se destes instrumentos como forma de proteção a riscos,

estão sujeitas as incertezas do próprio mercado financeiro,o que requer cuidado e

correta informação de seus administradores.

Page 60: A Utilizacao de Derivativos

61

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______________Mercado Financeiro e Analise de investimento,5 Ed. São Paulo.Saint Paul, 2007

______________Credito analise e avaliação do risco. 4Ed. São Paulo ,Saint Paul,2007

______________Economia: Historia, conceitos e atualidade. São Paulo,Saint Paul,2007.

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ZINI JR, A. A. A Taxa de Câmbio e Política Cambial no Brasil. São Paulo: USP,1993;

Page 63: A Utilizacao de Derivativos

64

GLOSSÁRIO

ACC: Adiantamento de Contrato de Câmbio. Operação financeira de financiamento

à produção para venda ao mercado externo, garantida pelo receita futura da

exportação.

ACE: Adiantamento sobre Cambiais Entregues. Operação de financiamento do fluxo

de caixa do exportador, após o embarque da mercadoria, garantida pela receita

futura de exportação.

Asset management: Instituição Financeira monetária ou não-monetária que

disponibiliza serviços de gestão sobre ativos, buscando as melhores alternativas de

investimentos, de acordo com o perfil e as necessidades do investidor.

Banco Central do Brasil: órgão público, subordinado ao Conselho Monetário

Nacional e ao Ministério da Fazenda que regula e fiscaliza as operações das

instituições financeiras no mercado nacional.

Banco de primeira linha: Instituição Financeira com alta conceituação perante o

mercado e seus concorrentes. Apreciado pela sua performance operacional, pelo

seu patrimônio acumulado e por garantir aos seus clientes menor risco em suas

operações.

BM&F: Bolsa de Mercadorias & Futuros. Tem por objetivo efetuar o registro, a

compensação e a liquidação, física e financeira, das operações realizadas em

pregão ou em sistema eletrônico, bem como desenvolver, organizar e

operacionalizar mercados livres e transparentes, para negociação de títulos e/ou

contratos que possuam como referência commodities, ativos financeiros, índices,

indicadores, taxas, mercadorias e moedas, nas modalidades a vista e de liquidação

futura.

Page 64: A Utilizacao de Derivativos

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CDB: Certificado de Depósito Bancário. Documento emitido por Instituição

Financeira em favor de seu cliente a título de investimento. Modalidade de captação

de recursos com rendimento fixo (pré ou pós-fixado) adotado pelas instituições

financeiras para repassar aos clientes na forma de empréstimo.

CDI: Certificado de Depósito Interbancário. São títulos de emissão das instituições

financeiras que lastreiam as operações do mercado interbancário. Sua função é de

emprestar recursos das instituições com dinheiro disponível para as que não têm.

Commodity: toda mercadoria com derivação de preço acompanhada pelo mercado.

COPOM: Comitê de Política Monetária. É responsável pela administração da taxa de

juros básica do mercado brasileiro (atual taxa SELIC). Este comitê, em reuniões

mensais, analisa a conjuntura da economia brasileira e o cenário mundial, para

determinar aumento, diminuição ou manutenção do juro no Brasil.

Day trade - Fazer um day trade significa comprar e vender, no mesmo dia, a mesma

quantidade de títulos de uma empresa, utilizando para isso a mesma corretora e

também o mesmo agente de compensação. Exemplo: você compra ou vende um

certo número de ações por um preço, acompanha a variação da cotação daquele

papel ao longo do dia e inverte a posição vendendo ou comprando no mesmo dia. E

a diferença do preço de compra para o preço de venda, multiplicado pela quantidade

das ações (considerando também as taxas da operação e os impostos), é o

resultado do day trade.

Derivativos: contrato compra e venda, lastreados pela variação preço da

mercadoria objeto do negócio, ou por um índice (taxa de juro, taxa de câmbio).

Exposição cambial: valor total do passivo de uma pessoa, física ou jurídica, que

deriva da oscilação da taxa de câmbio.

Page 65: A Utilizacao de Derivativos

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Especulador: participante de uma operação de hedge disposto a assumir o risco

anulado pelo hedger. Pessoa que assume o risco de perdas futuras esperando

auferir ganhos na oscilação de preços.

Hedge: operações realizadas com o objetivo de obter proteção contra o risco de

variações de taxas de juros, de cotação entre moedas e do preço de mercadorias,

no mercado internacional.

Hedge cambial: mecanismos de proteção de ativos e passivos frente à oscilação da

taxa de câmbio.

Hedge natural: proteção à oscilação cambial através do casamento das operações

com os recebíveis de exportação.

Hedge perfeito: contratos que eliminam totalmente e de forma eficaz o risco

originário do contrato futuro.

Hedger: pessoa, física ou jurídica, que opera com derivativos buscando eliminar o

risco de perdas.

Holding: pessoa jurídica que possui poder acionário e/ou de gestão sobre empresas

coligadas e controladas.

Instituição financeira: organização autorizada pelo Banco Central a operar no

mercado financeiro, disponibilizando, basicamente, serviços de financiamento e

investimentos.

Mercado futuro: mercado organizado para de compra e venda de contratos de um

bem específico (mercadorias ou índices financeiros, por exemplo), com data futura e

pré-estabelecida de liquidação.

Page 66: A Utilizacao de Derivativos

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Mercado interbancário: mercado exclusivo das instituições financeiras, sem

intervenção do Banco Central e, portanto, sem qualquer tributação. Utilizado para

compre e venda de dinheiro lastreado por títulos privados.

Mercado de opções: mercado onde se contrata direito de compra ou venda de uma

mercadoria específica, com preço e data pré-estabelecidos, precavendo-se de uma

indesejável derivação no seu preço original.

Market makers: bancos ou corretoras que operam sempre em determinado

mercado, carregando posições próprias (investem o próprio capital). Além de se

especializarem em determinado produto, tem preferência nas negociações e custos

operacionais menores.

Mercado a Termo: Promessa de compra e venda, em que as partes contratantes

especificam o bem objeto do contrato e o seu volume,estipulam o preço assim como

estabelecem a data de sua entrega,que coincide com a do pagamento.

NDF- ( Non Deliverable Forward). Contrato a termo de moeda sem entrega fisica e

um derivativo operado em mercado de balcão , que tem como objetivo a taxa de

cambio de uma determinada moeda.

Operação pronta: fechamento de câmbio mediante entrega imediata (até D+2) das

divisas estrangeiras.

Operação futura: fechamento de câmbio contra entrega das divisas estrangeiras

em data futura pré-estabelecida.

SELIC: representa a taxa média ponderada do volume de operações de

financiamento lastreadas por títulos públicos federais, realizadas através do Sistema

Especial de Liquidação e Custódia de títulos públicos -SELIC. Esta taxa é fixada

atualmente na expressão anual e serve de regulador do juro básico do mercado

brasileiro.

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Swap: operação financeira de troca de posições em determinados índices entre dois

agentes econômicos. Através de um contrato de Swap, as partes estipulam um valor

base e elegem um índice (taxa de juros, moeda, mercadoria) para correção do valor

original.

Spread: resultado de uma operação financeira, obtida a partir de subtração do custo

da captação do recurso do retorno esperado sobre sua alocação.

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APÊNDICE A - Entrevista semi estruturada realizada Junto o Departamento de

Relações com investidores

A presente entrevista é fundamental para esse estudo que será encaminhado a

banca examinadora do Curso de Administração de Empresas – Comércio Exterior

do Unilasalle, como exigência para a obtenção do grau de Bacharel em

Administração de empresas.

A entrevista será utilizada para melhor entendimento a respeito dos motivos

que levam a companhia utilizar-se de mecanismos de proteção. As perguntas

contidas na entrevista são as abaixo relacionadas, respondidas pelo responsável do

departamento de relações com investidores Sr. Tarcisio Beuren.

a) Quais os derivativos utilizados pela Gerdau S/A?

b) Qual a finalidade de Utilização de NDF(Non Deliverable Forwards)

pela Gerdau S/A?

c) Quais as vantagens de utilização dos derivativos pela Gerdau S/A?

d) Quais as desvantagens de utilização de derivativos pela Gerdau S/A?

e) Qual e a política de uso de Derivativos pela Gerdau S/A?

f) A Gerdau S/A considera que existe uma ferramenta de hedge

considerada perfeita?