Download - Wolfgang Amadeus Mozart

Transcript
Page 1: Wolfgang Amadeus Mozart

Wolfgang Amadeus Mozart

VIDA e OBRA

    Wolfgang Amadeus Mozart (Johannes

Chrysostomus Wolfgangus Theophilus),

nasceu a 27 de Janeiro de 1756, em

Salzburgo, filho de Leopold Mozart (também músico,

compositor de câmara da corte, segundo violinista

e, por fim, segundo-mestre de capela) e de Anna

Maria Pertl.

Mozart começou a tocar cravo ainda antes dos 4

anos. Segundo conta a “lenda”, Mozart teria

composto o seu primeiro concerto para cravo com 4

anos.

Leopold passou a dedicar-se quase na íntegra ao

ensino dos seus dois filhos (Amadeus e a sua irmã

Nannerl), rapidamente percebendo que tal lhe traria

recompensas. Logo resolveu fazer uma viagem para

Page 2: Wolfgang Amadeus Mozart

apresentar os seus “prodígios”, deslocando-se

a Munique, ainda antes de Mozart completar 6

anos (no início de Janeiro de 1762), tocando

para o Príncipe-Eleitor da Baviera. Seguiu-se, em

Outubro de 1762, um destino mais ambicioso:

Viena, tendo os pequenos Mozart dado concertos

perante vários membros da nobreza.

Após algumas semanas, despertariam a

curiosidade da família imperial, tendo

sido convidados para actuar em 13 de

Outubro; causariam óptima impressão,

deixando espantada a audiência. A partir

daí, passaram a tocar quase diariamente

para a nobreza vienense.

Considerado um dos mais brilhantes compositores

de todos os tempos, Mozart assinou dezenas de

peças, entre sinfonias, sonatas para violino e cravo,

bem como várias óperas, entre as quais “A

Boda de Fígaro”, “A Flauta Mágica”, “Don

Giovanni” ou “O rapto do Serralho”.

Wolfgang Amadeus Mozart faleceu aos 35

anos, na madrugada do dia 5 de Dezembro de

1791. O seu corpo foi enterrado numa vala comum

Page 3: Wolfgang Amadeus Mozart

no pequeno cemitério de Sankt Marx, nos arredores

de Viena. Apesar da forma humilde e

anónima como foi sepultado, a sua obra

tornou-o imortal, como prova o programa

em sua homenagem no seu país, 250 anos

após o seu nascimento. O compositor foi

responsável por 600 peças que marcaram a história

da música.

A pesquisadora Maria Luísa V. de Paiva Boléo, num

trabalho publicado no portal da Internet “O Leme”,

escreve sobre Mozart: «Austríaco, menino

prodígio, foi um dos génios da música de

sempre. Deixou várias óperas e quarenta

sinfonias. Mozart morreu com apenas 35 anos

e, inexplicavelmente, ao seu funeral compareceu

meia dúzia de pessoas. Estava um dia de

tempestade. Doente, compôs até ao fim. Terá dito:

“Deixem-me ouvir, uma vez mais, esses sons que

foram, durante tanto tempo, a minha consolação e

alegria”». Ao que tudo indica, estas terão sido

algumas das suas últimas palavras.

Page 4: Wolfgang Amadeus Mozart
Page 5: Wolfgang Amadeus Mozart
Page 6: Wolfgang Amadeus Mozart

Nasceu em Salzburgo, Áustria, em 27 de Janeiro de 1756. Morreu em Viena, em 5 de Dezembro de 1791.    Foi influenciado por todas as correntes de sua época, mas não pertence a nenhuma delas. A sua influência sobre os que o sucederam foi pequena.    Os trabalhos da primeira mocidade são admiráveis apenas pelo fato de terem sido feitos por uma criança.    Como a sua obra foi publicada sem número de Opus, Ludwig von Köechel fez, em 1862, um registro cronológico-temático, onde as obras têm números, em ordem cronológica, que se citam precedidos da letra K.    Mozart não é um compositor de tipo instrumental como Haydn ou Beethoven, mas sim de tipo vocal como Handel ou Schubert. As suas obras instrumentais, no geral, têm valor inferior; são trabalhos de rotina ou por encomenda.    Suas missas são alegres e brilhantes, com vívidos acompanhamentos orquestrais, árias em estilo operístico e coros.    Embora riquíssimo em invenção melódica, sua melodia nem sempre é pessoal. Isto porque no século XVIII, antes do pré-romantismo, não se exigia originalidade nem genialidade (conceitos românticos). Por isso é confundido, facilmente, com outros compositores da sua época. Seus temas se parecem, por exemplo, com os de J. C. Bach. Mozart escreveu seguindo o estilo do seu tempo.    Embora para o leigo a música de Mozart seja também parecida com a de Haydn, seu contemporâneo, há uma diferença: Haydn não usa o folclore vienense, mas sim o húngaro e eslavo, enquanto Mozart faz exatamente o contrário, usa o folclore vienense. Mas enquanto o primeiro usa o folclore como uma fonte vital para sua arte, Mozart

Page 7: Wolfgang Amadeus Mozart

usa-o como um divertimento, em obras ou trechos de menor seriedade musical. Outra diferença: Mozart explora suas invenções melódicas duma maneira mais conservadora, ortodoxa, dentro de limites estritos; Haydn, ao contrário, emprega as formas que cria duma maneira mais livre, heterodoxa, antecipando a arte de Beethoven.    Apesar de muitas obras-primas instrumentais, convém admitir que Mozart é compositor de tipo vocal. Suas obras mais "mozartianas" são as óperas. Ele próprio se considerava, antes de qualquer outra coisa, como um compositor de ópera e suas óperas são, de todas as suas obras, aquelas que ele próprio mais admirava.

OBRA

Obras orquestrais:Eine Kleine Nachtmusik, K 525 (1787);Concerto para piano nº 21, K 467 (1785);Sinfonia Concertante K 367;Sinfonias nº  29, 39, 40 e 41;

Música vocal:Missa nº 16 (da Coroação), K 317 (1779);Réquiem, K 626 (1791), completado por Süssmayr;

Óperas:Le Nozze di Figaro (As Bodas de Fígaro, 1786);Don Giovanni (1787);Cosi Fan Tutte (São todas assim, 1790);A Flauta Mágica (1791);

Música para piano:Sonata nº 5, K 521, para dois pianos;Sonata  K 448, para dois pianos;

Page 8: Wolfgang Amadeus Mozart

Música de câmara:Quartetos de Cordas K 387 (1782), K 421 (1783), K 428 (1783), K 464 (1784), K 458, (1784) e K 465 (1785), dedicados a Haydn.

Foi há 250 anos que Áustria celebra 250 anos do nascimento de Mozart em 2006

Os 250 anos do nascimento do compositor austríaco Wolfgang Amadeus Mozart vão ser assinalados por toda a Áustria, em 2006, com um vasto programa cultural que inclui espectáculos de música, opera, teatro e exposições.

A cidade de Salzburg, que viu nascer Mozart a 27 de Janeiro de 1756, e a de Viena, onde morreu, estarão em festa no próximo ano com um vasto programa de eventos.

Page 9: Wolfgang Amadeus Mozart

O prestigiado Festival de Música, ópera e teatro de Salzburg, que se celebra todos os verões naquela cidade junto à fronteira com a Baviera alemã, vai homenagear o compositor ao apresentar na totalidade todas as suas obras para concerto, incluindo as suas 22 óperas.

O festival será inaugurado a 26 de Julho na "Casa Mozart" com "As Bodas de Fígaro", sob a direcção de Nikolaus Harnoncourt.

No entanto, os austríacos abrem os festejos no dia 01 de Janeiro com uma homenagem a Mozart que será transmitida em directo para mais de 50 países.

Trata-se do célebre Concerto de Ano Novo que a Filarmónica de Viena oferece todos os anos na famosa sala Dourada do Musikverein, e que a 01 de Janeiro incluirá no seu programa a música de Mozart, além das valsas e polkas dos compositores da dinastia Strauss.

Na capital austríaca, o dia do aniversário do compositor (27 de Janeiro) será assinalado com a reabertura da "Casa Mozart", que esteve encerrada durante alguns anos para obras.

Em Março, o Museu Albertina de Viena abre as suas portas para apresentar durante seis meses uma grande exposição centrada na vida e obra do músico, nas suas viagens e nos seus contemporâneos.

Sob o lema "Viva Mozart", Viena vai também celebrar os 250 anos do nascimento de Mozart com

Page 10: Wolfgang Amadeus Mozart

concertos, leituras, concursos e programas para crianças.

Salzburgo (Áustria) A CIDADE DE MOZART

Abrigada numa curva do rio Salzach e protegida pelas massas imponentes

do Mönchsberg e do Kapuzinerberg, a cidade de Salzburgo revela-se uma das mais acolhedoras da Europa.

Talvez, porque preservou ao longo dos séculos as suas características mais

genuínas, grande parte do seu centro histórico e a memória e obra dos seus

filhos mais ilustres, a começar pelo génio da música que foi Wolfgang

Amadeus Mozart.

BLOCO NOTAS

País: Áustria (República Federal, desde 1920).

Área: 83849 km2.

População: 8,1 milhões de habitantes.

Capital: Viena.

Moeda: Euro.

Idioma: Alemão.

Vacinas: Nenhuma obrigatória

Documentos: Bilhete de Identidade e seguro de viagem.

Page 11: Wolfgang Amadeus Mozart

Hora: GMT +1.

Clima: A Áustria desfruta de um clima continental moderado, com quatro estações do ano distintas (Primavera, Verão, Outono e Inverno). O Verão é quente e agradável (máximo 25º), com noites frias; o Inverno é frio (-5º) mas solarengo e com bons níveis de neve para a prática de uma vasta gama de desportos.

Vestuário: Roupas ao estilo europeu de acordo com as estações do ano e equipamento alpino para as estações de ski.

MOZART (I) Wolfgang Amadeus Mozart (Johannes Chrysostomus Wolfgangus Theophilus), nasceu a 27 de Janeiro de 1756, em Salzburgo, filho de Leopold Mozart (também músico, compositor de câmara da corte, segundo violinista e, por fim, segundo-mestre de capela) e de Anna Maria Pertl.

Mozart começou a tocar cravo ainda antes dos 4 anos. Segundo conta a “lenda”, Mozart teria composto o seu primeiro concerto para cravo com 4 anos.

Leopold passou a dedicar-se quase na íntegra ao ensino dos seus dois filhos (Amadeus e a sua irmã Nannerl), rapidamente percebendo que tal lhe traria recompensas. Logo resolveu fazer uma viagem para apresentar os seus “prodígios”, deslocando-se a Munique, ainda antes de Mozart completar 6 anos (no início de Janeiro de 1762), tocando para o Príncipe-Eleitor da Baviera. Seguiu-se, em Outubro

Page 12: Wolfgang Amadeus Mozart

de 1762, um destino mais ambicioso: Viena, tendo os pequenos Mozart dado concertos perante vários membros da nobreza.

Após algumas semanas, despertariam a curiosidade da família imperial, tendo sido convidados para actuar em 13 de Outubro; causariam óptima impressão, deixando espantada a audiência. A partir daí, passaram a tocar quase diariamente para a nobreza vienense.

Em 31 de Dezembro, os Mozart partiram de Viena, regressando a Salzburgo em 5 de Janeiro de 1763, altura em que Mozart adoeceu, com febre reumática. Em Junho, iniciaram nova expedição, passando por Munique, Paris (Março de 1764), Londres (Abril) e Amesterdão (início de 1766), sempre com grande êxito junto das casas reais; esta viagem prolongar-se-ia por mais de três anos, passando por mais de 80 cidades Viva Mozart”

«Austríaco, menino prodígio, foi um dos génios da música de sempre. Deixou várias óperas e quarenta sinfonias. Mozart morreu com apenas 35 anos e, inexplicavelmente, ao seu funeral compareceu meia dúzia de pessoas. Estava um dia de tempestade. Doente, compôs até ao fim. Terá dito: “Deixem-me

Page 13: Wolfgang Amadeus Mozart

ouvir, uma vez mais, esses sons que foram, durante tanto tempo, a minha consolação e alegria”». Ao que tudo indica, estas terão sido algumas das suas últimas palavras.

Mozart nasceu a 27 de Janeiro de 1756. A efeméride não passa despercebida. Áustria tem um vasto programa comemorativo dos 250 anos sobre o nascimento do compositor Wolfgang Amadeus Mozart. Embora as celebrações estejam previstas para todo o país, as principais irão decorrer em Salzburg, cidade onde o músico nasceu, e em Viena, onde faleceu. Considerado um dos mais brilhantes compositores de todos os tempos, Mozart assinou dezenas de peças, entre sinfonias, sonatas para violino e cravo, bem como várias óperas, entre as quais “A Boda de Fígaro”, “A Flauta Mágica”, “Don Giovanni” ou “O rapto do Serralho”. Wolfgang Amadeus Mozart faleceu aos 35 anos, na madrugada do dia 5 de Dezembro de 1791. O seu corpo foi enterrado numa vala comum no pequeno cemitério de Sankt Marx, nos arredores de Viena. Apesar da forma humilde e anónima como foi sepultado, a sua obra tornou-o imortal, como prova o programa em sua homenagem no seu país, 250 anos após o seu nascimento. O compositor foi responsável por 600 peças que marcaram a história da música. A pesquisadora Maria Luísa V. de Paiva Boléo, num trabalho publicado no portal da Internet “O Leme”, escreve sobre Mozart: «Austríaco, menino prodígio, foi um dos génios da música de sempre. Deixou várias óperas e quarenta sinfonias. Mozart morreu com apenas 35 anos e, inexplicavelmente, ao seu funeral compareceu meia dúzia de pessoas. Estava um dia de tempestade. Doente, compôs até ao fim.

Page 14: Wolfgang Amadeus Mozart

Terá dito: “Deixem-me ouvir, uma vez mais, esses sons que foram, durante tanto tempo, a minha consolação e alegria”». Ao que tudo indica, estas terão sido algumas das suas últimas palavras.

Programa internacional recorda e homenageia compositor

A efeméride dos 250 anos sobre o seu nascimento, denominada “Viva Mozart”, será assinalada um pouco por todo o Mundo, incluindo a Madeira, com a realização de alguns concertos. Na Áustria, o programa conta com espectáculos de música, ópera, teatro e exposições. O Festival de Música, ópera e teatro de Salzburg, que se realiza todos os anos, por altura do Verão, vai homenagear o compositor ao apresentar na totalidade todas as suas obras para concerto, incluindo as suas 22 óperas. A inauguração do festival está agendada para o dia 26 de Julho na “Casa Mozart”, com “As Bodas de Fígaro”, sob a direcção de Nikolaus Harnoncourt. Mas estamos ainda a meio ano desse evento. Muito de Mozart será partilhado antes disso. Os festejos começaram já no primeiro dia do ano, com o célebre Concerto de Ano Novo, que a Filarmónica de Viena oferece todos os anos na Sala Dourada do Musikverein, desta feita com uma homenagem ao compositor, transmitida em directo para mais de 50 países. No dia em que se assinala o dia do aniversário de Mozart, será reaberta, na capital austríaca, a “Casa Mozart”, que esteve encerrada durante alguns anos para obras. Em Março, o Museu Albertina de Viena recebe, durante seis meses, uma grande exposição

Page 15: Wolfgang Amadeus Mozart

centrada na vida e na obra do músico, nas suas viagens e nos seus contemporâneos. “Viva Mozart”, nome dado ao programa comemorativo, conta ainda com concertos, leituras, concursos e programas para crianças, a decorrerem em Viena. À semelhança de vários países, Portugal une-se às comemorações, com a realização de diversos concertos a decorrerem no Teatro Municipal São Luiz, em Lisboa. O primeiro concerto realiza-se já na próxima quarta-feira, dia 11, com interpretações de Jorge Moyano ao piano, que tocará a Sonata em Dó Maior, K 330, e a Sonata em Fá Maior, K 332, na sala principal do teatro. Na Madeira, há um recital, no dia 11, de clarinete, por Filipa Nunes, na Biblioteca Pública Regional, 18h00. No dia 18, realiza-se, no mesmo local e à mesma hora, um recital de trompete por Paulo Ricardo Barros, aluno do 2.º ano, e, no dia 25, Hélder Sousa e João Luís Gonçalves vão tocar cravo e guitarra, também na Biblioteca Pública Regional e às 18 horas. De salientar que os intérpretes são todos alunos do Conservatório de Música da Madeira. Dos mais velhos aos mais novos, Mozart continua a ser ouvido. “Viva Mozart”…MOZART (II) No final de 1764, ainda em Londres, Mozart, com 8 anos, começou a escrever a sua primeira sinfonia: a Sinfonia N.1 em Mi bemol Maior K.16.

Regressado a Salzburgo em 1766, Mozart, que fizera notáveis progressos na ópera, compôs a primeira parte de Die Schuldigkeit des ersten Gebots K.35. Partiria novamente para Viena, em Setembro de 1767; grassava na altura uma epidemia e, apesar

Page 16: Wolfgang Amadeus Mozart

de terem desviado o seu rumo para Brno, os irmãos contraíram varíola, apenas regressando a Viena, após um período de recuperação, no início de 1768.

A proposta do Imperador, Mozart, então com 12 anos, começou a escrever uma ópera: La finta semplice K.51/46ª. Levantou-se alguma contestação, pelos instrumentistas e cantores, ao facto de uma criança com 12 anos reger a orquestra, o que levou ao cancelamento da produção e ao regresso a Salzburgo, em Janeiro de 1769, onde seria então estreada a ópera.

O pai de Mozart começava a planear o triunfo na ópera italiana, centrada em Milão, para onde se dirigiram no final de 1769. Mozart daria o seu primeiro concerto em Itália, em Verona, a 5 de Janeiro de 1770, com grande sucesso; chegariam a Milão a 23 de Janeiro.

Aí tiveram como protector o Conde Karl Joseph Firmian, natural de Salzburgo, que os recomendou a importantes figuras de Bolonha, Florença e Roma. Em Fevereiro e Março de 1770, Mozart daria concertos de grande êxito, com a assistência da nobreza de Milão, originando a encomenda da primeira ópera da temporada seguinte: Mitridate, rè di Ponto K.87/74a.

Mozart seria recebido pelo Papa Clemente XIV em 8 de Julho, seguindo depois para Bolonha, chegando a Milão em Outubro de 1770, começando a escrever os recitativos da ópera Mitridate K.87/74a, a qual viria a ser um sucesso, estreando a 26 de Dezembro de 1770.

Page 17: Wolfgang Amadeus Mozart

Leopold Mozart (1719-1787) descendia de uma família de artesãos que estava estabelecida há décadas na cidade de Augsburgo, no sul da Alemanha. Filho de Johann Georg Mozart (1679-1736), um artesão, e Anna Maria Sulzer (1696-1766), Leopold deixou sua cidade natal aos 18 anos e foi a Salzburgo para completar seus estudos. Mas alguns anos depois ele acabou sendo expulso da universidade por faltas e desatenção, e eventualmente dedicou-se à música. Leopold era ator e cantor (participou de oito peças teatrais entre 1722 e 1736, ainda em Augsburgo), e tornou-se violinista e compositor reconhecidamente talentoso.

Dez anos depois de chegar a Salzburgo, Leopold casou-se, em 21 de novembro de 1747, com Anna Maria Pertl (1720-1778), nativa de S. Gilgen. Ela tinha vindo a Salzburgo acompanhada por sua mãe Eva Rosina (Euphrosina) Pertl (1681-1755) e pela sua irmã Maria Rosina Gertrud (1719-1728), após a morte de seu pai Wolfgang Nikolaus Pertl (1667-1724).

Sete filhos nasceram do “mais belo casal de Salzburgo”. Apenas dois sobreviveram: Maria Anna (1751-1829), carinhosamente chamada de Nannerl, e Wolfgang Amadeus Mozart (Joannes Chrysostomus

Page 18: Wolfgang Amadeus Mozart

Wolfgangus Theophilus), nascido em 27 de janeiro de 1756, que foi o último filho do casal.

A música rodeava a família Mozart. Em julho de 1756, Johann Jacob Lotter publicava o Versuch einer gründlichen Violonschule, ou Ensaio sobre o ensino do violino, de Leopold, que foi escrito por ele em 1755, e que se tornaria um método bastante utilizado pelos violinistas de sua época. Leopold foi nomeado compositor de câmara da corte de arcebispo Sigismund von Schrattenbach (1698-1771) em 1757, segundo violinista em 1758, e vice-kappelmeister em 1761.

Nannerl começou a aprender cravo com o pai aos sete anos de idade. Leopold certamente ficou muito satisfeito com o talento que a criança demonstrava e um ano depois organizou uma série de exercícios para ela em um caderno intitulado  Pour le clavecin, ce Livre appartient à Mademoiselle Marie-Anne Mozartin 1759. Segundo as memórias de Nannerl (1792), seu irmão, então com quase quatro anos, esperava que a lição de cravo terminasse para ficar lá durante horas, tocando terças. Algum tempo depois, Leopold começou a fazer anotações, no livro de Nannerl, do dia e da hora exata em que Mozart aprendia as peças. A  primeira delas foi um Scherzo de Georg Christoph Wagenseil, aprendido em meia hora, em 24 de janeiro de 1761, quando ele tinha quase 5 anos.

Ainda em 1761, o pequeno Mozart surpreendeu enormemente seu pai. Segundo Johann Andreas Schachtner (1735-1795), trompetista da corte de Salzburgo e amigo da família, em uma carta a Nannerl datada de abril de 1792:

Page 19: Wolfgang Amadeus Mozart

Certa vez acompanhei seu Papa à casa de vocês, após o serviço religioso da quinta-feira. Encontramos Wolfgangerl, que tinha então quatro anos, às voltas com uma pena.

Papa: "O que você está escrevendo?"

Mozart: "Um concerto para cravo; estou quase acabando a primeira parte."

Papa: "Deixe-me ver; isso deve ser algo realmente notável!"

Seu Papa pegou a folha e mostrou-me uma lambuzada de notas, escritas na maior parte sobre manchas de tinta apagadas com um lenço [...]. A princípio rimos daquele aparente absurdo, mas aos poucos seu pai começou a perceber o principal, as notas, e a música. Durante um longo tempo ele ficou examinando atentamente aquela folha de papel e, finalmente, lágrimas, lágrimas de admiração e de deleite, tombaram-lhe dos olhos. "Veja isso, Herr Schachtner", disse, "como tudo está composto tão corretamente e em boa ordem; só que é inútil, pois é tão extraordinariamente difícil que ninguém seria capaz de tocá-lo". Mozart interrompeu-o: "É por isso que é um concerto; é preciso praticar até conseguir tocá-lo. Veja, é assim que deve ser." E tocou, mas só conseguiu produzir o suficiente para que percebêssemos o que ele visava. Naquela ocasião ele tinha a concepção de que tocar um concerto era a mesma coisa que realizar um milagre.

Em fevereiro e abril de 1761, Mozart escreveu suas primeiras composições, K.1a até K.1e. Em 1 e 3 de setembro, Mozart participou de peça latina Sigismundus Hungariae Rex. Sua parte na peça não foi especificada no libreto.

Mais surpresas estavam por vir. Leopold começou a ensinar a seus dois filhos quase por tempo integral, afastando-se consideravelmente da composição. Em breve os frutos de seu trabalho amadureceriam.

Page 20: Wolfgang Amadeus Mozart

Leopold Mozart, homem prático e materialista, percebeu logo que tanta dedicação à educação musical de seus filhos lhe daria uma boa recompensa. Depois de alguns meses ele percebeu o quanto o talento de Nannerl e Mozart, especialmente deste último, poderia extasiar o mundo.

Acalentando certamente a esperança de que algum rico mecenas recompensasse o talento de seus filhos e um dia lhes desse uma renda fixa, Leopold preparou uma breve viagem para apresentar seus prodígios. O destino era Munique. Antes do sexto aniversário de Mozart, em 12 de janeiro de 1762, a família (sem Anna Maria) partiu para a cidade alemã. Pouco se sabe sobre essa viagem, senão que eles tocaram diante do Príncipe-Eleitor da Baviera, Maximilian III Joseph (e talvez para alguns dos principais amantes da música daquela cidade), e lá ficaram durante 3 semanas. Podemos dizer que a visita a Munique teve um sucesso bastante considerável para que Leopold planejasse para o outono do mesmo ano um destino mais ambicioso: Viena.

Toda a família Mozart e um criado deixaram Salzburgo em 18 de

Salzburgo  

Maximilian III Joseph 

Page 21: Wolfgang Amadeus Mozart

setembro. Eles chegaram a Passau às 5 da tarde de 20 de setembro. Lá Mozart tocou na residência do Bispo Joseph Maria, Conde Thun-Hohenstein. A família passou por Linz (via Rio Danúbio) em 26 se setembro e lá Mozart deu seu primeiro concerto público na Trindade (Hofgasse, 14), que, segundo Leopold, fez muito sucesso. Os Mozart chegaram à capital austríaca às 3 da tarde do dia 6 de outubro. A família passou o primeiro dia (ou os primeiros dias) no albergue Boi Branco em Fleischmarkt. A partir de meados de outubro eles passaram a morar na casa de Johann Heinrich Ditscher, em Tiefe Graben. Os pequenos Mozart deram concertos diante de vários nobres, como o Conde Thomas Collalto, o Príncipe Rudolf Joseph Colloredo-Melz und Wallsee, entre outros.

Schönbrunn era, na época, o centro político, cultural e econômico da Áustria. Maria Theresia e sua corte mantinham uma verdadeira população de artistas, inclusive a orquestra, coro e companhia de ópera reais. A Imperatriz primava pela educação musical de seus filhos, sendo

Wolfgang Amadeus Mozart 

Page 22: Wolfgang Amadeus Mozart

Gluck, por exemplo, professor de cravo da futura Rainha Marie Antoinette.

Viena era, para quem havia vindo do confinamento que era Salzburgo, sinônimo de revolução, novidade e erudição musicais (Orfeo ed Euridice, de Gluck, havia estreado um dia antes da chegada dos Mozart a Viena). Mas só haveria o que esperar dos vienenses se Maria Theresia os ouvisse e aprovasse. Então as portas dos nobres estariam abertas. Poucas foram as apresentações dos Mozart antes de Schönbrunn.

Algumas semanas após a chegada, os Mozart despertaram definitivamente a curiosidade da família imperial (eles já tinham tido notícia dos Mozart através do Arquiduque Joseph - o futuro Imperador Joseph II -, da Condessa von Schlick e do Conde Pálffy). Em 13 de outubro eles foram convidados para tocar diante da família imperial. Podemos confirmar o sucesso dos Mozart -  descrito nas cartas de Leopold - através de memórias de contemporâneos, como o Conde Zinzendorf. Uma das damas da corte afirmou a Niemetschek (o primeiro biógrafo de

Maria Anna Mozart 

Entrada para o Castelo de Schönbrunn, Viena  

Imperador Francis I Stephen

Page 23: Wolfgang Amadeus Mozart

Mozart) que as crianças causaram uma enorme impressão, e que as pessoas mal podiam acreditar em seus olhos e ouvidos durante a apresentação. O Imperador Francis I testou o pequeno Mozart, cobrindo o teclado com um lenço e pedindo que Mozart tocasse com apenas um dedo de cada mão, e ele tocou da mesma destreza de antes. O Imperador certamente ficou extremamente admirado.

Nesse dia teria ocorrido este incidente famoso: Mozart teria escorregado no chão extremamente polido do castelo de Schönbrunn. A Arquiduquesa Maria Antonia (futuramente Marie Antoinette, Rainha da França), filha de Maria Theresia, o teria ajudado a levantar-se. Mozart ficou tão surpreso e contente por tanta gentileza vinda de um membro da realeza, que a teria pedido em casamento. Todos devem ter achado encantadora a sua ingenuidade. 

Segundo Leopold, a família imperial foi muito gentil para com os Mozart. O príncipe herdeiro Joseph levou os irmãos Mozart para ver sua esposa, a infanta Isabella de

With the kind permission of Brigitte Gastel Lloyd  

Imperatriz Maria Theresia With kind permission of Museen der Stadt Wien

 

Arquiduquesa Marie Antoinette (Maria Antonia) With kind permission of Museen der Stadt Wien

 

Imperador Joseph II  

Maria Theresia e sua família  

Page 24: Wolfgang Amadeus Mozart

Parma, tocar violino (a infanta viria a falecer no ano seguinte, de varíola). Além disso, os filhos mais novos da Imperatriz também levaram Mozart e Nannerl para conhecer alguns dos aposentos do castelo. Dois dias depois os irmãos receberam um traje de gala para cada um, enviados pela Imperatriz, como presente de reconhecimento. O traje dado a Mozart era antes destinado ao Arquiduque Maximilian, filho de Maria Theresia, que tinha praticamente a mesma idade do jovem prodígio e viria a ser um grande admirador seu.

Desde então os irmãos Mozart tocavam exaustivamente e quase diariamente em casas de diversos nobres vienenses. Em 19 de outubro os Mozart receberam de Schönbrunn um pagamento de 100 ducados e um pedido oficial para que permanecessem mais tempo em Viena. Na tarde do mesmo dia os irmãos Mozart tocaram diante do embaixador francês Florent-Louis-Marie, Conde du Châtelet-Lomont, que os convidou para tocarem no Palácio de Versailles. Em 21 de outubro os Mozart tocaram novamente em Schönbrunn. Na mesma noite Mozart

Christoph Willibald Gluck  

Leopold, Mozart e Nannerl  

Rei Louis XV da França With the kind permission of Brigitte Gastel Lloyd

 

Rainha Marie Leszczynska da França With the kind permission of Brigitte Gastel Lloyd

 

Page 25: Wolfgang Amadeus Mozart

ficou seriamente doente. O médico pensou que ele estava com febre escarlatina, mas na verdade teria sido eritema nodoso, certamente conseqüência de seu organismo debilitado. Segundo relatos de contemporâneos, Mozart, criança ou adulto, parecia sempre muito propenso a ter doenças, devido à sua constituição frágil. Mozart recuperou-se em 31 de outubro. Vários convites de nobres para que tocassem em suas casas foram recusados durante o período dessa doença. Somente em 4 de novembro Mozart saiu de casa. Em 19 de novembro os Mozart foram convidados para assistirem ao banquete de aniversário da Arquiduquesa Elisabeth Christine em Hofburg (palácio de inverno dos Habsburgo). Em 8 de dezembro também foram convidados para assistirem ao banquete de aniversário do Imperador Francis I.

Em 31 de dezembro os Mozart deixaram Viena, chegando a Salzburgo em 5 de janeiro de 1763. Assim que chegou à cidade natal, Mozart ficou novamente doente. Desta vez ele estava com febre reumática, e só se recuperou em um

Sonatas K.6 e K.7 dedicadas à Madame Victoire de France

 

Giovanni Manzuoli 

Johann Christian Bach  

Wolfgang Amadeus Mozart no Salão do Príncipe de Conti

 

Page 26: Wolfgang Amadeus Mozart

mês. Logo após sua recuperação, Mozart e Nannerl tocaram em um concerto em homenagem ao Arcebispo Sigismund von Schrattenbach, talvez o patrão mais bondoso e paciente que Mozart teve em Salzburgo. Nessa época os irmãos Mozart foram retratados com os trajes de gala que a Imperatriz Maria Theresia lhes dera. Os retratos foram feitos por Pietro Antonio Lorenzoni.

Leopold quase não deu descanso aos filhos. Já em 9 de junho de 1763 Leopold pediu licença do seu serviço para o Arcebispo Schrattenbach, e saíram todos em uma imensa e exaustiva viagem cujos principais destinos eram Paris e Londres. O Arcebispo levou sua condescendência a ponto de manter o salário de Leopold e guardar seu cargo até sua volta. Leopold conseguiu adiar tanto a chegada a essas cidades, passando por inúmeras outras menores, que a ida e a volta duraram três anos, cinco meses e vinte e dois dias. O total de cidades visitadas é 83, se somarmos com as que foram visitadas mais de uma vez. Desta vez eles foram com a própria carruagem, porque haviam viajado para

Arquiduquesa Maria Josepha Gabriella With the kind permission of Brigitte Gastel Lloyd

                 

Page 27: Wolfgang Amadeus Mozart

Viena em uma carruagem extremamente desconfortável que não era deles. Os Mozart levaram consigo um criado chamado Sebastian Winter.

Na meia-noite do dia seguinte a roda traseira tinha quebrado, e os Mozart tiveram que pernoitar em Wasserburg. De lá, Leopold escreveu para seu amigo e senhorio L. Hagenauer em 21 de junho, quando eles já estavam em Munique (aliás, sabemos de todo o itinerário dessa viagem pelas cartas de Leopold a Hagenauer):

A última notícia é que, indo para o órgão [da Catedral de Wasserburg] para nos divertirmos, eu expliquei a Wolferl o uso dos pedais. Ele imediatamente começou a tentar, empurrou o

Page 28: Wolfgang Amadeus Mozart

banquinho para o lado, preludiou, e pisou nos pedais, e isto, realmente, era como se ele tivesse praticado há muitos meses atrás. Todos ficaram atônitos. Isto é uma nova graça de Deus, tal qual muitos só recebem após muito esforço.

Na manhã do dia 12 de junho os Mozart foram para Munique, chegando à noite. No dia seguinte, em Nymphenburg, Mozart tocou cravo e violino diante do Príncipe-Eleitor Maximilian III Joseph. O concerto durou das 8 às 11 horas da noite e foi tornado possível graças à recomendação do Príncipe Karl August von Zweibrücken, que os Mozart haviam conhecido no

Page 29: Wolfgang Amadeus Mozart

mesmo dia.

É de se notar que Mozart havia evoluído tanto no cravo que já superava sua irmã Nannerl. Além disso, o fato de ele ser uma criança e tocar suas próprias composições impressionava mais o público. Por isso Nannerl foi gradativamente se transformando em uma estrela secundária.

Os Mozart participaram de muitos outros eventos de gala em Munique: em 14 e 15 de junho, eles visitaram o Duque Clemens da Baviera, e os irmãos Mozart tocaram em sua presença; em 18 de junho, os Mozart foram espectadores de um jantar de gala no castelo do Príncipe-Eleitor Maximilian III Joseph. No dia seguinte, os irmãos tocaram na Corte.

Em 22 de junho os Mozart deixaram Munique e chegaram na noite daquele mesmo dia a Augsburgo, cidade natal de Leopold. Os irmãos deram três concertos públicos em 28 e 30 de junho e 4 de julho. Leopold comprou um piano de Johann Andreas Stein para que os irmãos pudessem praticar durante a viagem.

Page 30: Wolfgang Amadeus Mozart

Não há notícia de que a mãe de Leopold, Anna Maria Sulzer Mozart, tenha ido assistir a algum dos concertos de seus netos ou visitar seu filho. Especula-se que ela estivesse agastada com Leopold devido ao casamento deste com Anna Maria Pertl. Anna Maria Sulzer faleceria 3 anos depois.

Um fato curioso é que antes de chegar às grandes cidades, Leopold costumava mandar uma nota anônima para os jornais, avisando o público sobre os meninos-prodígio que em breve os visitariam e louvando detalhadamente cada uma das habilidades dos dois.

Os Mozart chegaram em 6 de julho em Ulm, passaram por diversas cidades como Ludwigsburg (onde conheceram Pietro Nardini e Niccolò Jommelli), Bruchsal, Schwetzingen (os Mozart se apresentaram no palácio dessa cidade), Mannheim, Worms, Mainz, Frankfurt am Main, Coblenz, Bonn, Colônia, Aachen Liège, Tirlemont, Bruxelas e em 18 de novembro de 1763, às três e meia da tarde, chegaram a Paris. Lá eles se hospedaram na residência do embaixador da

Page 31: Wolfgang Amadeus Mozart

Baviera na França, o Conde van Eyck, marido da Condessa Arco, nativa de Salzburgo.

Em Paris, a família recebeu o apoio de Friedrich Melchior von Grimm, que em seu jornal Correspondance Littéraire, e também em outros, fez ostensiva propaganda dos dois pequenos talentos de Salzburgo. A família ficou de 24 de dezembro de 1763 a 8 de janeiro de 1764 em Versailles. Naquela época era comum que os nobres não chamassem as crianças para suas residências antes que o rei os convocasse a Versailles. Eles já haviam passado pela mesma situação em Viena. Finalmente o convite veio em 1º de janeiro de 1764, para que os Mozart estivessem presentes em um jantar da corte francesa. Segundo Leopold, e para o espanto de toda a corte, os Mozart foram cumulados de atenção por Louis XV e sua esposa, a Rainha Marie Leszczynska, pelo Delfim Louis e sua esposa Maria Josepha da Saxônia, por Madame Adélaïde, filha do casal real e por Madame Adrienne-Catherine de Tessé, dama-de-companhia da Delfina. A famosa Marquesa de

Page 32: Wolfgang Amadeus Mozart

Pompadour, porém, os teria tratado orgulhosamente. As duas crianças agradaram aos franceses em geral, e receberam presentes de muitos deles. Mozart tocou o órgão da capela real recebendo a aprovação de todos.

Quando os Mozart retornaram a Paris, receberam diversos convites para que tocassem nas residências dos nobres franceses.

No meio de fevereiro, porém, Mozart ficou doente, com amidalite, adiando os convites. No mês seguinte, Mozart dedicou sua primeira obra publicada - as Sonatas para Cravo e Violino K.6 e K.7, em dó maior e ré maior, respectivamente -, à Madame Victoire da França, segunda filha do Rei Louis XV. A dedicatória foi escrita pelo Barão Grimm.

Em 10 de março de 1764 Mozart e Nannerl deram seu primeiro concerto em Paris, no teatro particular de M. Félix. Foi um grande sucesso, que rendeu 112 luíses de ouro. Em abril foram publicadas as sonatas as Sonatas para Cravo e Violino K.8 e K.9, em Si bemol Maior e Sol Maior, dedicadas à Condessa de Tessé, dama-de-companhia da Delfina Maria

Page 33: Wolfgang Amadeus Mozart

Josepha da Saxônia. As duas sonatas foram publicadas como Opus II. A dedicatória também foi escrita por Grimm. Em 9 de abril os Mozart deram mais um concerto, no teatro de M. Félix, do qual também participaram o violinista Pierre Gavinès e a soprano Clementine Picinelli.

No dia seguinte a família deixou Paris em direção a Londres, via Calais, chegando no dia 23. Eles se hospedaram no albergue Urso Branco, e no dia seguinte passaram a morar com um barbeiro, John Couzin, em Cecil Court, St. Matin's Lane (agora N.19).

Londres era uma cidade cheia de riqueza, não só composta de nobres, mas também de prósperos comerciantes. A cidade era proeminentemente musical, graças ao apoio que o Rei George III e a Rainha Sophia Charlotte davam à música. Handel (falecido em 1759) e J. C. Bach (professor de música da Rainha) eram grandes nomes e suas músicas eram muito apreciadas. Uma das áreas que mais recebiam investimento, e que mais agradava o público naquele momento era a ópera

Page 34: Wolfgang Amadeus Mozart

italiana, pela qual Mozart cada vez mais se interessaria, e na qual então brilhava o castrato Giovanni Manzuoli, que viria a ser um bom amigo dos Mozart, inclusive dando aulas de canto ao pequeno compositor..

No dia 27 os Mozart foram recebidos pelo Rei George III e pela Rainha Sophia Charlotte, diante dos quais tocaram das 6 às 9 da noite, recebendo 24 guinéus pela apresentação. Em 19 de maio eles tocaram novamente em St. James, recebendo  novamente 24 guinéus. George III deu a Mozart peças de Johann Christian Bach, Handel, Wagenseil e Carl Friedrich Abel para que ele as tocasse de primeira vista, tocou órgão, e acompanhou ao cravo a Rainha em uma ária, também tocada a primeira vista. O Rei e a Rainha ficaram encantados com os Mozart, e esta boa circunstância tornou os concertos públicos dos Mozart no final de maio e no início de junho grandes sucessos. Segundo Leopold, "Todas as cortes até hoje nos receberam com extraordinária cortesia, mas as boas vindas que recebemos aqui excede a todas as outras." Notas em jornais londrinos

Page 35: Wolfgang Amadeus Mozart

(certamente escritas por Leopold) fazem uma propaganda ainda mais sensacionalista dos dois prodígios, do que as de outras cidades.

Graças ao fato de a família Mozart estar nas boas graças da família real, o concerto público dos Mozart no dia 5 de junho fosse um estrondoso sucesso. Segundo Leopold, ele recebeu 100 guinéus nessas três horas de concerto, além do que mais de 200 pessoas estavam presentes, incluindo as principais famílias de Londres. Depois do concerto Leopold fez com que Mozart ficasse à disposição de quantos quisessem vê-lo de perto em sua residência no Soho, do meio-dia às duas da tarde.

A maior vantagem que Mozart tirou dessa visita a Londres foi o fato de ter conhecido o compositor Johann Christian Bach, que influenciaria profundamente suas obras posteriores. Há um relato de que o Bach inglês teria colocado Mozart no colo ao cravo, e eles improvisaram alternadamente durante horas a fio, de modo que parecia aos ouvintes que ela apenas uma pessoa que tocava.

Page 36: Wolfgang Amadeus Mozart

Em 25 de outubro de 1764 os Mozart foram novamente recebidos em St. James. 

Mas nem tudo foram flores na Inglaterra. Leopold pegou um resfriado no verão, e para que não se desenvolvesse para a tísica, o que era comum, eles se mudaram para o então calmo e retirado bairro de Chelsea. Segundo as memórias de Nannerl, o médico havia proibido expressamente que os meninos tocassem cravo para não incomodar Leopold, e para se distrair, Mozart começou a escrever sua primeira sinfonia, "no estilo de Bach", sendo sua irmã a copista. Essa sinfonia é, segundo se supõe, a Sinfonia N.1 em Mi bemol Maior K.16.

Para piorar a situação, começaram a correr rumores de que Mozart era na verdade mais velho do que se dizia, devido ao talento que parecia tão extraordinário em uma criança de apenas 8 anos. Para tirar essa dúvida a limpo, o advogado, músico e historiador Daines Barrington, membro da Royal Society, visitou Mozart e o testou e observou seu comportamento. Satisfeito com o resultado, que

Page 37: Wolfgang Amadeus Mozart

provava que Mozart tinha realmente cerca de 8 anos, apresentou sua tese à Royal Society em 1770.

Porém a atenção dos ingleses pelos Mozart começou a cair, segundo Leopold relatou em março de 1765. As crianças provavelmente não foram mais convidadas para tocar em Buckingham. A Rainha, porém, havia respondido generosamente, com uma soma de 50 guinéus, às Sonatas para violino ou flauta com violoncelo obbligato K.10-15, publicados como opus 3, dedicadas a ela.

Antes que a sorte virasse para eles, os Mozart deixaram Londres em 24 de julho, chegando a Lille mais ou menos no dia 5 de agosto. Durante a estada de 1 mês na cidade, Mozart e Leopold adoeceram de amidalite. A família deixou a cidade em 4 de setembro, chegando a Haia no dia 9 às 7 da noite. Três dias depois Nannerl adoeceu de febre tifóide intestinal, sendo impedida de tocar nos concertos do mesmo dia e do dia 18 na residência da Princesa Caroline von Nassau Weilburg, irmã do Príncipe Wilhelm V de Orange.

Page 38: Wolfgang Amadeus Mozart

Mozart também tocou na residência do Príncipe em uma data desconhecida.

Nannerl piorava a cada dia, chegando a receber a extrema-unção em 21 de outubro, mas foi recuperando-se gradualmente. Então, 1 semana após a recuperação de Nannerl, Mozart teve a mesma febre, ficando em risco de vida por durante cerca de 2 meses. Foi certamente um período bastante aflitivo para os Mozart.

Depois da recuperação, as crianças deram vários concertos na em Haia e depois em Amsterdã, nos quais talvez tenha sido executada a Sinfonia N.5 em si bemol maior K.22. Os Mozart voltaram a Haia no início de março de 1766, época em que o Príncipe Wilhelm V de Orange atingia a maioridade e era proclamado Stadholder. Os festejos duraram de 7 a 12 de março. Em 11 de março os Mozart tocaram diante da Corte. Provavelmente tenham sido executados a Galimathias Musicum K.32 e as variações K.24 e K.25. No final de março a família deixou Haia. Joannes Enschedé presenteou Leopold Mozart com uma elegante edição

Page 39: Wolfgang Amadeus Mozart

holandesa do Violonschule. Os Mozart deram novamente um concerto em Amsterdã, no Salão da Escola de Equitação em 16 de abril. Nessa época foram publicadas as Sonatas para cravo e violino K.26-31, dedicadas à Princesa Caroline von Nassau-Weilburg.

Em 18 de abril a família deixou Amsterdã. Em 21 de abril os Mozart deram um concerto no Vreeburg de Utrecht. No final do mês a família deixou Utrecht e partiram para Paris via Moerdjik, Antuérpia e Malines. Em Antuérpia eles deram um concerto no dia 30. A família passou por Bruxelas e por Valenciennes em 8 e 9 de maio, chegando a Paris no dia 10.

Pouco se sabe sobre essa segunda visita à França senão que eles ficaram em Versailles de 28 de maio a 1º de junho, e que deixaram Paris em 9 de julho. Além disso o Barão Grimm escreveu mais um artigo em seu Correspondance Litteráire, exaltando o talento dos Mozart:

Mlle Mozart, que agora tem 13 anos [na

Page 40: Wolfgang Amadeus Mozart

verdade 15], e está ainda mais bela, toca cravo muito melhor e mais brilhantemente do que possamos imaginar; apenas seu irmão é capaz de lhe tomar os aplausos. Esse notável rapaz tem agora 9 anos [na verdade 10]; fisicamente não cresceu bastante, mas musicalmente progrediu extraordinariamente.

 Data dessa época o retrato a óleo da Festa do Chá no Salão de Desenhos do Príncipe de Conti, onde Mozart aparece ao cravo tocando com outros

Page 41: Wolfgang Amadeus Mozart

instrumentistas. Sabemos também que Mozart participou de algumas competições com músicos de renome na França, derrotando a todos.

Nessa última viagem de volta os Mozart passaram em muitas cidades, tocando em diversas delas. Em Munique Mozart adoeceu novamente com um novo ataque de febre reumática. A família chegou a Salzburgo em 29 de novembro de 1766.

O principal resultado dessa jornada, além do dinheiro ganho e da transformação da família Mozart em mito, foi o extraordinário desenvolvimento musical de Mozart em relação ao que ele era quando saiu de Salzburgo em 1763, e as irremediáveis seqüelas na saúde do compositor.

Em Salzburgo, Mozart fez consideráveis progressos em seu caminho à ópera: compôs a primeira parte de Die Schuldigkeit des ersten Gebots K.35, algumas árias de concerto e Apollo et Hyacinthus K.38.

Os Mozart tiveram apenas 10 meses de descanso em Salzburgo. Em 11 de setembro de 1767 partiram em direção a Viena, pondo mais

Page 42: Wolfgang Amadeus Mozart

uma vez à prova a grande paciência do Arcebispo Schrattenbach. Eles chegaram à capital austríaca no dia 15. O motivo dessa viagem era a esperança que Leopold tinha de que seus filhos fossem convidados para tocar nas festividades do casamento do Rei Ferdinand IV de Nápoles e Sicília com a Arquiduquesa Maria Josepha Gabriella, filha da Imperatriz Maria Theresia. Tudo foi baldado quando uma grande epidemia de varíola assolou Viena fazendo muitas vítimas fatais, entre elas a própria Arquiduquesa e a segunda esposa de Joseph II, Maria Josepha. Os Mozart fugiram para Brno (Brünn), tentando escapar da doença, mas foi tarde. Mozart e Nannerl também contraíram varíola, só que de forma mais branda. Poucos dias depois foram para Olomuc (Olmütz), recuperando-se totalmente e retornando a uma Viena triste e gélida no inverno de 1768. Tudo parecia muito ruim para os Mozart, nessa viagem que basicamente seria um fracasso. Mozart ao menos pôde entrar em contato com as novidades musicais, desconhecidas em Salzburgo, progredindo ainda mais como compositor.

Page 43: Wolfgang Amadeus Mozart

Biografia Os Mozart foram finalmente recebidos em 19 de janeiro de 1768 por Maria Theresia e seu filho Joseph II. Embora tenham sido muito bem tratados, essa visita não trouxe a compensação financeira de que eles tanto precisavam. A economia era agora o tom e toda a nobreza seguia seu exemplo. Mozart devia, portanto, estabelecer-se de maneira séria, como compositor e intérprete, já que os nobres não mais pagariam tão caro como antigamente para ver as maravilhas que essa criança podia fazer ao cravo. O Imperador, portanto, propusera que Mozart escrevesse uma ópera italiana. Mozart, que desde muito descobrira sua paixão pela ópera, ficou exultante, e seu pai não menos. Além disso, uma ópera escrita e regida por um menino de 12 anos certamente causaria sensação igual ou maior que suas aparições como intérprete, pelo menos em Viena. A ópera se chamaria La finta semplice K.51/46a e foi iniciada no fim de janeiro. No decorrer da composição dessa ópera, corriam rumores de que Leopold planejava estabelecer-se em Viena com os filhos, portanto seu salário foi cortado pelo Arcebispo em março, ainda que com a permissão de voltar ao serviço quando bem quisesse. No fim daquele mesmo mês Mozart tocou em um grande concerto  na residência do embaixador russo em Viena, o Príncipe Galitzin.

Porém, segundo Leopold, formou-se uma grande intriga contra a ópera do menino prodígio, e vários argumentos infundados foram usados: que a música fora escrita por seu pai, que o texto não condizia com a música, que a música era de baixa qualidade, entre outros. Além disso os instrumentistas e os cantores foram incitados (talvez subornados) a rejeitar a idéia de serem comandados por um menino de 12 anos e a achar que a música era inadequada. A produção foi cancelada. Leopold escreveu ao Imperador em 21 de setembro requerendo uma indenização de Affligio por não cumprimento de contrato, mas lhe foi negada. Contra todos, a luta se tornava desigual, e Joseph II não tinha poder sobre o teatro que estava nas mãos de Affligio, que foi um dos que mais se empenharam contra a produção.

Certamente foi uma experiência traumatizante para o pequeno Mozart - que, além de a ópera já estar terminada, sempre fora aceito e admirado pelas maiores cortes européias - ver rejeitada sua primeira tentativa formal na área que mais amava. Um pequeno consolo foi o fato de que alguns membros na nobreza tiveram a curiosidade de conhecer algumas árias de La finta semplice K.51/46a, e mesmo o finale do primeiro ato, com Mozart ao cravo. Essas apresentações, segundo Leopold, agradaram muito. Isso ajudou a recuperar um pouco a auto estima do menino. Mozart também tocou nas residências de Bonno, Metastasio, Hasse, Duque de Braganza e Príncipe Kaunitz.

Suas obras dessa época demonstram a absorção do estilo musical corrente (mais livre que o italiano) de Vanhal, Haydn, Hoffmann e outros. O estilo próprio de Mozart ainda estava por vir.

Outra pequena compensação veio na forma da opereta alemã Bastien und Bastienne K.50/46b, encomendada pelo Dr. Mesmer, e talvez encenada no outono daquele ano em algum dos cômodos da residência - não no teatro ao ar livre da mesma, como antes se afirmava, porque este ainda não havia sido concluído.

Além disso, na inauguração de uma nova Igreja no Rennweg, em 7 de dezembro, três obras de Mozart foram executadas: uma missa, um ofertório e um concerto para trompete. A Imperatriz estava presente, juntamente com os Arquiduques Ferdinand e Maximilian, e as Arquiduquesas Maria Elisabeth e Maria Amalia.

Pouco dias depois os Mozart iniciaram a viagem de retorno a Salzburgo.

Page 44: Wolfgang Amadeus Mozart

A família chegou à cidade natal em janeiro de 1769, e lá lhes esperava um outro consolo: o Arcebispo Schrattenbach fez com que La finta semplice K.51/46a fosse estreada, talvez no dia do seu onomástico, 1º de maio.

Os Mozart passaram 11 meses em Salzburgo. Leopold já planejava para seu filho verdadeiros consolo e triunfo na ópera italiana, e um dos melhores lugares para isso era Milão. O Arcebispo permitiu mais essa outra viagem, talvez considerando que os extraordinários sucessos do jovem compositor lhe trariam crédito e prestígio. Além disso ele mesmo tinha conhecimento suficiente do talento de Mozart para confiar no êxito de seus triunfos. Ele nomeou o jovem compositor ao cargo não pago de Terceiro Konzertmeister, sem dúvida uma forma de dar um título e uma recomendação tão necessários à ambiciosa viagem. Também poderia ser uma forma de ligá-lo mais a Salzburgo, numa tentativa de impedi-lo de ceder à tentação de mudar-se para uma grande corte musical. Mozart e seu pai Leopold deixaram Anna Maria e Nannerl em casa e partiram em 13 de dezembro de 1769.

Pai e filho chegaram a Verona em 27 de dezembro. Nessa cidade Mozart deu seu primeiro concerto público na Itália, na Accademia Filarmonica de Verona em 5 de janeiro de 1770 com imenso sucesso. Data desse período o retrato feito por Saverio dalla Rosa. Leopold narra, em carta à esposa, as conseqüências do sucesso do filho quando poucos dias depois Mozart tocou numa igreja da cidade e formou-se um tumulto para vê-lo:

A multidão era tão grande que tivemos de entrar pelo mosteiro, onde repentinamente pessoas vieram correndo até nós de forma que não entraríamos se os padres - que nos esperavam no portão - não nos protegessem formando um círculo em torno de nós. Quando o concerto afinal terminou a confusão foi ainda maior, pois todos queriam ver o jovem organista. Assim que entramos na carruagem, mandei que o cocheiro tocasse imediatamente para casa onde me tranquei e comecei a escrever esta carta. Era mesmo necessário fugir, pois senão não nos deixariam a tempo de escrever uma carta.

Saindo de Verona e passando por Mântua (onde Mozart deu um concerto em 16 de janeiro), chegaram a Milão em 23 de janeiro de 1770. Lá, encontraram um amigo e protetor influente, o Conde Karl Joseph Firmian, que era nativo de Salzburgo, protetor dos Mozart na Itália e responsável indireto pela encomenda da primeira ópera que Mozart escreveria para Milão. Firmian escreveria diversas e importantes cartas de recomendação dos Mozart a importantes figuras de Bolonha, Parma, Florença e Roma, cidades que pai e filho visitariam a seguir. Na  residência dele Mozart deu concertos de grande sucesso (fevereiro e março), nos quais compareceram os melhores músicos e a nata da nobreza de Milão, dentre eles, o Duque e a Princesa de Modena. Logo Mozart recebeu a encomenda de compor a primeira ópera da temporada seguinte. Pai e filho deixaram a cidade para onde voltariam para que Mozart escrevesse a ópera, que se chamaria Mitridate, rè di Ponto K.87/74a.A cidade seguinte a ser visitada foi Parma, onde chegaram em 15 de março. Lá conheceram a soprano Lucrezia Aguiari, a "Bastardella", famosa por sua imensa extensão vocal. Pouco mais de uma semana depois deixaram a cidade e chegaram a Bolonha em 24 de março.Em Bolonha, onde ficaram cinco dias, Mozart deu um concerto na residência do Conde Gian Luca Pallavicini, no qual conheceu o famoso erudito Padre Martini. Nessa época, a maior recomendação que um músico poderia receber era o aval positivo do Padre. E este impressionou-se sobremaneira com os talentos do jovem Mozart, que além de lhe dar conselhos em música, tornou-se um bom amigo seu. O motivo dessa curta demora foi transmitida em uma carta do Conde Pallavicini ao Conde Firmian: Leopold tencionava chegar a Roma com o filho para os festejos da Semana Santa.

Page 45: Wolfgang Amadeus Mozart

Em 30 de março chegaram em Florença, onde reencontraram o castrato Giovanni Manzuoli, e conheceram o violinista inglês Thomas Linley. Nessa cidade Mozart deu um importante concerto no Palazzo Pitti, residência de verão do Grão-Duque Leopold de Toscana (futuro Leopold II). De Florença, os Mozart partiram para Roma, onde ficaram um mês, chegando em 11 de abril de 1770. Lá, Mozart foi ouvido em residências da nobreza e de embaixadores, sendo extremamente admirado, a despeito da rigidez com que os romanos tratavam em geral os que se denominavam virtuoses. Um jornal divulgou em 2 de maio de 1770 que "o filho do Kapellmeister de Salzburgo já está aqui há algum tempo e tem sido admirado por todos devido ao seu extraordinário e precoce talento musical." Na tarde do mesmo dia em que chegaram, ocorreu esse fato lendário: tendo pai e filho ido à Capela Sistina para ouvir o Miserere de Allegri, Mozart, ao chegar ao albergue em que estavam hospedados, escreveu-o de memória. Na oportunidade seguinte que tiveram de ouvir o Miserere, Mozart fez algumas poucas correções no que tinha escrito. Pouco depois, os Mozart passaram rapidamente por Nápoles e voltaram a Roma. Não só o público, mas também o Papa Clemente XIV surpreendeu-se com os talentos do menino prodígio. Tendo recebido pai e filho em 15 de abril em São Pedro, agraciou o jovem Mozart em 4 de julho com a Ordem da Espora Dourada. Os únicos músicos, além de Mozart, a receber essa comenda foram Gluck e Ditters. Mas eles não a receberam com a alta distinção de Cavaleiro da Ordem da Espora Dourada. Segundo carta à esposa, o próprio Leopold não acreditou no fato senão quando o Cardeal Pallavicini entregou a Mozart a comenda do Papa, no dia seguinte. Mozart foi recebido pelo Papa em 8 de julho, usando a medalha da Ordem. Dois dias depois, os Mozart deixaram Roma e seguiram para Bolonha, onde chegaram em 20 de julho. Uma semana depois Mozart recebeu o libreto de Mitridate K.87/74a, e imediatamente começou a escrever os recitativos. Em 13 de outubro deixaram Bolonha, passando provavelmente no dia seguinte por Parma e chegando a Milão em 16 ou 18 de outubro de 1770 às cinco horas da tarde. Leopold estava bem prevenido desde o incidente com a ópera La finta semplice K.51/46a em Viena. Portanto, exigiu um contrato escrito que garantia um pagamento de 100 ducados pela ópera. Ocorreram ensaios em 8, 12, 17, 22 e 24 de dezembro. Durante os ensaios ocorreram muitas cabalas. Suspeita-se que o tenor Guglielmo d'Ettore (que faria o papel-título) foi um dos intrigantes principais, primeiro porque Mozart teve de reescrever a cavatina "Se di lauri i crini adorno" quatro vezes, o recitativo "Respira alfin" duas vezes, e a ária "Vado incontro al fato estremo" duas vezes. Além disso, em carta ao filho 8 anos mais tarde, Leopold escreveria: "Não permita que pessoas invejosas se aproveitem de você [...]. Isso acontece em qualquer lugar. Lembre-se da Itália, de sua primeira ópera [Mitridate], de d'Ettore, etc." Circulava o boato de que Mitridate se tratava de uma bárbara ópera alemã, mesmo antes de se ter sido tocada uma nota. Dizia-se também que o jovem compositor mão tinha conhecimento suficiente da língua italiana para haver coerência entre música e texto. Apesar de todas as intrigas sofridas, Mitridate K.87/71a foi um sucesso, estreando em 26 de dezembro de 1770 no Teatro Regio Ducal e sendo reapresentada por 22 vezes consecutivas. Mozart regeu as três primeiras apresentações do cravo, tendo Giovanni Battista Lampugnani tocado o segundo cravo. Mitridate ainda estava em cartaz quando Mozart foi nomeado mestre de capela honorário da Accademia Filarmonica de Verona, em 5 de janeiro de 1771. Em 4 de fevereiro os Mozart deixam Milão, chegando a Veneza no dia 11. Nessa cidade, Mozart deu um concerto, sem muitos detalhes conhecidos. Sabemos, porém, que todos os concertos que Mozart deu na Itália resultaram em sucessos retumbantes. Em 4 de março Mozart recebeu uma encomenda de uma outra ópera para a temporada de carnaval de 1772-3 em Milão. Essa ópera viria a ser Lucio Silla K.135. Em 12 de março eles partiram para Parma, chegando no mesmo dia. Nessa

Page 46: Wolfgang Amadeus Mozart

cidade Mozart recebeu a encomenda do oratório La Betulia liberata K.118/74c. Não se sabe se esse oratório foi apresentado em vida do compositor. Em 16 de março de 1771 os Mozart chegaram a Verona, tendo Mozart tocado para um público seleto no dia seguinte. Doze dias depois, pai e filho retornam a Salzburgo. Logo após a chegada, Mozart recebeu a encomenda de uma pequena ópera (ou serenata teatrale) para a celebração do casamento do Arquiduque Ferdinand da Áustria (filho de Maria Theresia) com a Princesa Maria Beatrice Ricciarda, que iria ocorrer em outubro. O Arcebispo Schrattenbach não podia, em hipótese alguma, recusar mais essa viagem aos Mozart, porque, além de benevolente, sabia os benefícios que lhe traziam as honras recebidas por seu talentoso súdito.  Portanto, em 13 de agosto de 1771, pai e filho partiram para a segunda viagem italiana, que foi relativamente curta, durando quase quatro meses, que consistiu em uma breve estada em Milão, após algumas curtas paradas em cidades que ficavam no caminho. Eles chegaram a Milão em 21 de agosto, e uma semana depois de sua chegada, Mozart recebeu o libreto da nova ópera Ascanio in Alba K.111, na qual começou a trabalhar imediatamente. Os ensaios ocorreram nos dias 4, 8, 11 e 14 de outubro, e foram bem mais calmos que os da ópera anterior. A pequena ópera de Mozart fazia parte, juntamente com a ópera Il Ruggiero, de Hasse, do ápice de uma espetacular seqüência de comemorações matrimoniais, que incluíram corridas de cavalos, mascaradas, bailes, entre outros, e a cidade estava magnificamente iluminada para a ocasião. Curiosamente, 150 casais da região se casaram em cerimônia pública, recebendo dotes dos noivos reais. Em 16 de outubro estreou a ópera Il Ruggiero, de Hasse, que teve sucesso inferior à serenata teatrale de Mozart, que estrearia no dia seguinte. Manzuoli, amigo dos Mozart desde Londres, em 1764, cantaria no papel-título. O sucesso foi tamanho que o Arquiduque e a Princesa exclamaram "Bravissimo, maestro" e aplaudiram, sendo imitados pelo público presente. Leopold, em carta à esposa, dizia o quanto ele e seu filho eram parados na rua por transeuntes que queriam conhecer e parabenizar o jovem compositor. Além disso, a serenata foi repetida em 19 de 24 de outubro, e provavelmente também em 27 e 28 de outubro. Em 30 de novembro os Mozart foram recebidos pelo Arquiduque Ferdinand. Era sua intenção contratar o jovem Mozart para seu serviço, mas em uma famosa carta de 12 de dezembro de 1771, Maria Theresia se escreveu: "[...] você me pede para contratar o jovem salzburguês em seu serviço[.] eu não entendo porque, não crendo que você tenha necessidade de um compositor ou de gente inútil[.] se isso porém te agradar, não me oporei[.] o que eu digo é apenas para evitar que você se comprometa com pessoas inúteis e dê títulos a esse tipo de gente[.] se eles forem contratados a seu serviço eles degradarão esse serviço por vagar pelo mundo como mendigos[.] além disso, ele tem uma grande família." A família Mozart consistia apenas em 4 pessoas. O Arquiduque não contratou Mozart. Em 5 de dezembro, pai e filho deixaram Milão e chegaram a Salzburgo 10 dias depois. No dia seguinte faleceu o Príncipe-Arcebispo Schrattenbach, perdendo os Mozart um grande protetor e admirador. Seu sucessor, Conde Hieronymus Colloredo, assumiu o cargo em 14 de março de 1772. Para a comemoração de sua ascensão, Mozart revisou a serenata drammatica Il sogno di Scipione K.126, que tinha sido originalmente escrita para homenagear seu predecessor. Em 21 de agosto Mozart começou a receber o pequeno salário de 150 gulden por seu cargo de Konzertmeister. Pouco tempo depois, em outubro, Mozart já havia começado a escrever os recitativos de Lucio Silla K.135. O Arcebispo Colloredo deu permissão para a terceira viagem dos Mozart a Milão, depois de terem passado 10 meses em Salzburgo. A viagem começou em 24 de outubro, chegando a Milão em 4 de novembro de 1772. Essa estada foi quase completamente devotada à composição, ensaios e apresentações de Lucio Silla. Em 5 de dezembro Mozart escreveu: "Só posso pensar em minha ópera." Mozart teve ainda de reescrever uma parte do que já havia composto devido a algumas alterações no libreto de Giovanni de Gamerra, que havia sido melhorado por Metastasio.

Page 47: Wolfgang Amadeus Mozart

Lucio Silla estreou em 26 de dezembro de 1772 no Teatro Regio Ducal de Milão. A estréia foi quase caótica, de acordo com a carta que Leopold enviou à família em 2 de janeiro de 1773:

A ópera terminou com sucesso, apesar de na estréia terem ocorrido alguns aborrecimentos. O primeiro foi que a ópera, que geralmente começa uma hora depois de os sinos terem batido as vésperas, começou 3 horas mais tarde [o Arquiduque Ferdinand estava ocupado com assuntos de Estado], umas 8 horas da noite no horário da Alemanha, e só terminou às 2 da manhã. Os cantores estavam muito nervosos por terem de cantar diante de um público tão distinto. Mas os cantores, juntamente com a orquestra e o público, muitos dos quais de pé, tiveram de esperar 3 horas pelo início da ópera. Em segundo, o tenor [Bassano Morgoni, o primeiro Silla], nunca tinha atuado num palco tão importante. Em sua primeira ária [N.4 Dalla sponda tenebrosa], a prima donna Anna de Amicis devia esperar que ele lhe fizesse um gesto de raiva, mas ele o fez de maneira tão exagerada que parecia que ele ia esbofetear seus ouvidos e arrancar seu nariz com o punho, o que fez a platéia em peso cair na risada. Ela não cantou bem pelo resto da noite, também porque ela estava ciumenta do primo uomo [Venanzio Rauzzini, o primeiro Cecilio], que foi aplaudido pela Arquiduquesa no momento em que entrou no palco. Isso foi um truque bem típico de castrati, já que ele fez com que fosse dito à Arquiduquesa que ele estava tão aterrorizado de subir naquele palco que talvez não conseguisse cantar. Sua intenção era que a corte o aplaudisse para encorajá-lo. Para consolá-la, a Signora de Amicis foi chamada para cantar na corte ao meio-dia do dia seguinte, e ela obteve uma audiência com a Arquiduquesa que durou uma hora, e só então a ópera começou a ir bem.

Esses incidentes, somando-se à qualidade quase revolucionária da ópera, para a época, contribuíram para que Lucio Silla não fosse unanimemente bem aceita de início como as outras óperas. Porém a cada apresentação, Lucio Silla vinha ganhando "em popularidade e recebendo cada vez mais aplausos", segundo Leopold em carta de 9 de janeiro de 1773. Embora não venha a ser uma "grande crise romântica", como a classificaram Wyzewa e Saint-Fox, Lucio Silla demonstra a tentativa de Mozart de fazer vencer o sentimento sobre o artifício vocal, sem necessariamente quebrar todas as regras da opera seria. Essa tentativa resulta numa alternância de vocalises e tensão e profundidade musical bem patentes nos recitativos acompanhados e em algumas árias. Os personagens realmente profundos receberam árias de maior proximidade entre drama e música, como N.6 O del padre ombra diletta (Giunia), N.9 Quest'improvviso tremito (Cecilio) e N.22 Fra i pensier più funesti di morte (Giunia), entre outros, além dos recitativos acompanhados. Já os papéis secundários (Cinna, Celia, Aufidio), receberam árias contendo unicamente artifícios vocais, embora Giunia também tenha infinitos vocalises e seja um dos papéis mais difíceis do repertório de soprano coloratura. A orquestração é bem mais ambiciosa que Mitridate, e pode ser considerada, não apenas um estágio, mas um marco na evolução de Mozart como compositor. Durante as viagens italianas, Mozart não escreveu apenas óperas e árias de concertos, mas foi bastante produtivo na escrita sinfônica (suas sinfonias desse período assimilaram profundamente o estilo italiano, e eram partes fundamentais em concertos, servindo para abertura - os três primeiros movimentos - e término - o último movimento). Mozart também fez suas primeiras tentativas para quartetos de cordas, e seus divertimentos, assim designados - não por Mozart - no autógrafo (K.136-138/125a-c), são mais bem compreendidos como quartetos de cordas que música orquestral. Além disso Mozart escreveu diversas peças sacras para coro e/ou solistas, como a antífona Quaerite primum regnum Dei, escrita para sua admissão na Accademia Filarmonica de Bolonha, o oratório La Betulia liberata

Page 48: Wolfgang Amadeus Mozart

K.118/74c e o moteto Exsultate jubilate K.165/158a, escrito para Venanzio Rauzzini e estreada em janeiro de 1773. Já a música para piano é bem rara nesse período. Supõe-se que ele não tenha tido necessidade (ou tempo) de escrever as peças que ele próprio tocava nos concertos italianos. Sugere-se também que os concertos para piano e orquestra feitos a partir de sonatas de J. C. Bach tenham sido escritas para concertos na Itália. Leopold conseguiu estabelecer para o filho a sólida reputação de compositor operístico, o que viria a ser refletido em encomendas posteriores. O triunfo de Mozart em cativar o público italiano foi particularmente notável, porque na época os italianos eram muito rígidos e céticos em relação aos que eram chamados prodígios em outras partes da Europa. Mozart não só conseguiu a aprovação, mas também a estupefação dos mais renomados mestres italianos. Nisso pode-se perceber uma brusca inversão de valores, já que eram os italianos que maravilhavam a Europa, ocupando os mais altos cargos nas melhores cortes, sendo mestres de compositores e cantores famosos como J. C. Bach, Grètry, Johann Valentin Adamberger, Nancy Storace, Michael Kelly e Gluck. Enfim, Mozart ultrapassou a condição de menino-prodígio para tornar-se um compositor maduro, que, embora sem ter ainda um estilo próprio, era capaz de escrever em todas as formas e estilos musicais até então existentes. Infelizmente não conseguiram seu objetivo principal, um cargo na corte do Arquiduque Ferdinand. Em cerca de 4 de março de 1773 eles deixaram Milão, chegando a Salzburgo no dia 13. Poucos dias depois a família se mudava para acomodações maiores na Hannibal-Platz (hoje Makart-Platz). Entrementes, Leopold consegue mais uma autorização de Colloredo para ausentar-se com o filho. O destino agora era Viena. O motivo principal dessa viagem é ignorado, mas certamente era obter um cargo na corte vienense, já que tinham, nesse sentido, falhado na Itália. Enquanto esperavam que a Imperatriz Maria Theresia retornasse de Eisenstadt em 24 de julho, pai e filho passaram o tempo reatando antigas relações, como Dr. Mesmer e Herr von Mayr. No fim do mês o Príncipe-Arcebispo Colloredo também chegava a Viena, e partiu em 2 de agosto para Laxemburg. Em 5 de agosto, Leopold e Mozart foram recebidos pela Imperatriz. Infelizmente nada se sabe dos detalhes dessa audiência. Três dias depois, Leopold regeu a Missa Dominicus K.66, de Mozart, na Igreja dos Jesuítas. Quando o Arcebispo retornou de Laxemburg em 12 de agosto, recebeu os Mozart e permitiu o prolongamento da estada em Viena. Em Viena, Mozart escreveu, além da música incidental para a peça Thamos, König in Ägypten, do Barão Thomas P. von Gebler, os quartetos de cordas K.168-173, baseados nos recentes quartetos de Haydn, op.20. A maior conquista de Mozart nessa viagem a Viena foi o grande avanço em seus conhecimentos das novas técnicas de composição. A escrita orquestral, principalmente, havia mudado muito, e compositores de vanguarda como Gassmann, Vanhal e principalmente Joseph Haydn, seguiam a escola Sturm und Drang, que havia começado na literatura alemã com a peça Wirwarr, mais tarde chamada Sturm und Drang, de F. M. Klinger. O Sturm und Drang - basicamente um movimento de artistas jovens - era um caracterizado pelo estilo egocêntrico, onde há a eterna busca da felicidade, com direito a suicídios (Werther, de Goethe), paixões avassaladoras, choque entre o indivíduo e a sociedade (Götz, de Goethe), e alguma desorganização do conteúdo narrativo. Talvez um pré-romantismo. Na música, as obras orquestrais eram geralmente escritas em tonalidade menor, com diferenças bruscas de dinâmica e uma linguagem musical quase excêntrica. Mozart foi profundamente inspirado por esses aspectos ao escrever a Sinfonia N.25 em Sol menor K.183, que constitui numa composição atípica na escrita mozartiana de até então. Porém, enquanto Vanhal e Haydn abandonaram a escola Sturm und Drang abruptamente, Mozart posteriormente escreveu algumas peças que de uma forma ou de outra seguiam esse modelo: os Concertos para piano N.20 em Ré menor K.466 e N.24 em Dó menor K.491, o Quinteto em Sol menor K.516 e

Page 49: Wolfgang Amadeus Mozart

a famosa Sinfonia N.40 em Sol menor K.550, além da ária Der Hölle Rache (Die Zauberflöte K.620) e o Dies Irae e o Confutatis do Requiem K.626, entre outras. Talvez possamos afirmar que Mozart estava mais perto do romantismo que Haydn e Vanhal, já que para eles o movimento foi uma curta "febre", considerando o fato que que eles tornaram a escrever de acordo com os modelos pré-Sturm und Drang. Porém Mozart, como já foi dito antes, tornava ocasionalmente a esse estilo altamente emotivo, tendo em vista também a qualidade melancólica e lírica de inúmeras peças posteriores, além das peças arrebatadas citadas no parágrafo anterior. Isso nos leva à antiga e controversa questão: e se Mozart tivesse sobrevivido para presenciar o Romantismo? Que corrente ele seguiria, a de Beethoven ou a de Cherubini? O que ele teria escrito?

Index

Após o relativo fracasso em Viena, Mozart ficou em casa por longos meses. Nesse período, sem muitos grandes eventos, Mozart produziu e evoluiu muito, apesar de se encontrar numa cidade em que não se sentia universalmente valorizado como gênio, e onde só poderia escrever uma nova ópera por acaso.

O jovem Mozart, agora com 18 anos, assimilara bem as lições que recebera na Itália e em Viena. Ele já havia composto especialmente um grande número de peças orquestrais, entre elas um sem número de sinfonias, serenatas, divertimentos, quartetos de cordas e peças litúrgicas.

A nobreza e o Arcebispo Colloredo pagavam somas razoáveis - dentro dos limites salzburgueses - por essas peças. Mas podemos deduzir claramente por sua correspondência que Mozart não estava satisfeito com o ambiente musical e a acolhida que suas composições recebiam. Ainda na segunda viagem italiana, Mozart disse à sua irmã que "Não tenho mais saudade de Salzburgo - tenho medo de também enlouquecer" (carta de 21 de setembro de 1771). Em poucas palavras ele traduz um pensamento que o levaria a dar passos ousados no futuro.

Certamente parecia-lhe que enquanto suas composições permanecessem dentro de certas convenções, elas seriam aplaudidas. Ele ressentia-se especialmente - a ponto de desabafar em carta com o Padre Martini - com o fato de suas missas, mesmo as longas, terem um limite de tempo estipulado pelo Arcebispo (além de restrições estilísticas), e isso lhe tirava a possibilidade de ser criativo e inovador.

Mozart certamente previa para si um futuro brilhante nas grandes cortes européias. E, diferentemente dos seus colegas conterrâneos, que nasceram e haviam de perecer inofensivos e domesticados em Salzburgo, Mozart esperava algo grandioso.

Finalmente, em meados de 1774, Mozart recebeu a encomenda de uma ópera para a nova temporada do Teatro de Munique. O responsável por essa encomenda tanto pode ter sido tanto o Conde Joseph Anton Seeau, - responsável pelos assuntos culturais do Príncipe-Eleitor Maximilian III Joseph - como o Bispo de Chiemsee, Conde Ferdinand Christoph Waldburg-Zeil, protetor e amigo dos Mozart.

Cheio de esperança por um cargo nessa cidade promissora, Mozart partiu com seu pai Leopold em 6 de dezembro de 1774, com partes da ópera, La finta giardiniera K.196, já escritas. Lá chegando, ele sofreu porém com uma série de imprevistos, que adiaram a estréia por duas vezes. La finta giardiniera acabou estreando em 13 de janeiro de 1775 com grande sucesso, de acordo com a carta para a casa de 14 de janeiro de 1775. A ópera foi apresentada publicamente mais duas vezes.

Page 50: Wolfgang Amadeus Mozart

Mas, quaisquer que fossem as esperanças de um cargo em Munique, o fato é que os Mozart retornaram para casa sem nenhuma novidade nesse sentido.  Mozart, porém, ficaria ocupado com uma nova encomenda que receberia imediatamente após seu retorno a Salzburgo. O Arcebispo Colloredo necessitava de uma nova ópera para um grande acontecimento.

No início daquele ano de 1775, o filho mais jovem da Imperatriz Maria Theresia, Maximilian Franz, visitava Salzburgo. Maximilian sempre fora um grande admirador e defensor de Mozart. O Arcebispo não errou ao escolher seu jovem Konzertmeister para escrever a nova ópera, ou serenata drammatica, Il rè pastore K.208, para o entretenimento do jovem Arquiduque, que tinha praticamente a mesma idade de Mozart.

Estreada em 23 de abril de 1775 (um dia após a apresentação de Gli orti esperidi, de Domenico Fischietti), Il rè pastore apresenta uma evoluída escrita instrumental, e, individualizando musicalmente os seus personagens, Mozart deu com essa ópera um grande passo na construção do seu próprio estilo. Mozart tinha muita consideração por essa ópera, pois levaria partes dela para serem executadas pela melhor orquestra da Europa na época, a Orquestra de Mannheim.

Depois desse grande evento, Mozart teria agora de esperar outros longos meses por outra chance. Enquanto isso, escreveu peças orquestrais importantes, os seus primeiros grandes concertos para piano e os famosos concertos para violino e orquestra, além de árias para artistas que ocasionalmente apareciam en route em Salzburgo. Os músicos locais sofreram a afronta de ter seu teatro demolido e sido construído um novo, que abrigaria apenas companhias teatrais itinerantes.

Aos 20 anos, Mozart resolveu desabafar com seu estimado amigo Padre Martini em Bolonha. Escreveu-lhe uma longa carta em 4 de setembro de 1776, na qual mandava uma missa que escrevera em Munique a pedido do Príncipe-Eleitor Maximilian III Joseph, sem, portanto, as restrições impostas por Colloredo. Nela também se queixava da situação do pai, ignorado pelo Arcebispo, e da má situação do teatro, impedindo-o de escrever óperas. A resposta de Martini, que porém nada podia fazer, foi consoladora e encorajadora.

Ora, as missas e as peças litúrgicas (cantatas e motetos, especialmente) eram o mais perto possível que Mozart podia chegar de sua forma de composição preferida: a ópera. Esta lhe daria mais tarde a liberdade de criar drama, paixão e comédia em música. Mozart ao menos pôde escrever algumas árias para as raras companhias ou para os artistas intinerantes, como a ária Voi avete un cor fedele K.217, para Caterina Ristorini, de quem pouco se sabe. Mas o exemplo mais surpreendente de sua escrita vocal dessa época é a ária grandiosa escrita para Josepha Dušek (ou Duschek),  Ah, lo previdi... Deh, non varcar quell'onda K.272.  Essa artista, a quem alguns historiadores tentaram ligar romanticamente com o compositor,  recebeu uma ária altamente dramática e inédita na escrita mozartiana. Limitando-lhe a criatividade, Colloredo aumentou sensivelmente a indisposição do compositor para com a claustrofóbica Salzburgo. Isso o fez desejar reviver a glória dos seus dias de menino prodígio.

Façamos porém justiça ao Arcebispo. Sob certo ponto de vista, Colloredo tinha grandes vantagens em relação ao seu antecessor, no sentido de que tinha idéias iluministas - adaptadas ao clero, naturalmente. Ele modernizou o sistema escolar da cidade, combateu as superstições, a idolatria dos santos e a decoração excessiva das Igrejas - estendendo essas restrições à música - antes mesmo de o Imperador Joseph II poder realizar reformas nesse mesmo sentido. Colloredo era porém um autocrata, e não tolerava insubordinação. Diferentemente de Joseph II (ele mesmo um autocrata), Colloredo não aceitava a liberdade de expressão dos mais simples, sendo portanto detestado por seus subordinados.

Page 51: Wolfgang Amadeus Mozart

Em sua juventude, Leopold Mozart tivera notáveis acessos de desobediência e mesmo desrespeito às autoridades. Ele, agora com 58 anos, tentava amenizar no filho as revoltas que ele mesmo tivera. Seu filho porém estava visivelmente aborrecido de escrever divertimentos, serenatas e música litúrgica cheia de restrições. Estava na hora de viajar novamente, e o destino era Paris. Esse projeto ambicioso era o que se pode chamar de tiro no escuro, pois, apesar de conhecerem muitas pessoas influentes, os Mozart não tinham nada de seguro em mãos, como um contrato, ou mesmo uma encomenda. Mas eles estavam decididos a tentar.

Em 14 de março de 1777 Leopold dirigiu um requerimento ao Arcebispo. Esse documento está perdido, e especula-se que tenha sido um pedido de permissão para viajar. Sabemos que esse pedido foi negado, pois este é mencionado num ousado requerimento ditado por Leopold e assinado pelo filho. A citação das "graciosas recusas" recebidas, e especialmente a frase "Aproveitar nossos talentos é algo que nos ensina o Evangelho" receberam uma resposta sarcástica do Arcebispo abaixo do recibo: "Com isso, pai e filho receberam a permissão de procurar sua fortuna de acordo com o Evangelho." Colloredo, porém, voltaria atrás e demitiria apenas o filho.

A mãe deste, Anna Maria, seria então sua acompanhante. Ficando em casa, Leopold poderia ao menos sustentar a família com o salário de vice-kapellmeister. Mozart deixou Salzburgo em companhia de sua mãe e partiu em direção a Paris. A data era 23 de setembro de 1777, e eles chegaram em Munique no dia seguinte. Leopold jamais veria sua esposa novamente.

Em carta ao filho, Leopold relata o quanto Mozart fazia falta a Salzburgo, reproduzindo um diálogo entre o conde Firmian e o  Príncipe-Arcebispo, que comentara: "'Agora temos um músico a menos na orquestra'. Firmian respondeu, 'Vossa Graça perdeu um grande virtuose'. 'Como assim?', perguntou o Príncipe. A reposta foi, 'Mozart é o maior pianista que já conheci em minha vida; como violinista foi de grande valor para Vossa Graça; e ele é um compositor de primeira categoria'. O Arcebispo ficou em silêncio porque não tinha nada a dizer." (Carta de 4 de outubro de 1777).

O não sucesso dessa viagem se deve ao fato de que os governantes de Munique, Mannheim e Paris achavam que Mozart era muito jovem e inexperiente na função de kapellmeister, cargo de várias responsabilidades, embora não duvidassem de suas qualidades como compositor.

Uma das primeiras idéias de Mozart, tendo em vista a recusa do Príncipe-Eleitor Maximilian III Joseph, era estabelecer-se em Munique mesmo sem cargo fixo, como ele faria mais tarde em Viena. Leopold recusou essa idéia, e Nannerl, naturalmente, reforçou essa recusa; uma solução seria trabalhar para algum membro da aristocracia, mas isto também não teve resultado. Parecia mais razoável voltar suas esperanças à corte, baixando o nível de suas pretensões, candidatando-se ao posto de organista ou compositor da corte, em vez de kapellmeister. Ainda assim, nada foi oferecido.

Mozart, em suas cartas, parecia cada vez mais otimista com a perspectiva de encontrar emprego em Mannheim. Essa cidade possuía a melhor orquestra da Europa, e Friedrich Jacobi, um contemporâneo, chamou-a "um paraíso para músicos". Mesmo Leopold estava confiante que, se Mozart passasse ali o inverno, havia grandes possibilidades de uma contratação. É curioso ver como, tendo em vista os fatos que se seguiriam, Leopold viesse a mudar de idéia e ordenasse ai filho que deixasse a cidade.

O Eleitor Paladino daquela cidade, Karl Theodor, era um grande patrono da música, e possuía quatro filhos naturais a quem Mozart poderia dar aulas de piano,

Page 52: Wolfgang Amadeus Mozart

o que de fato ocorreu. Anna Maria Mozart escreveu para casa sobre os salários dos músicos, de 1400 florins ao konzertmeister a 3000 florins ao compositor Ignaz Holzbauer, e que, embora as coisas estivessem procedendo lentamente, ainda havia esperança.

 

 

  ANNA MARIA MOZART(mãe

CONSTANZE WEBER MOZART(esposa)

LEOPOLD MOZART(pai)

CAPAS DE PEÇAS E LIBRETOS

ÁRIAS

Wolfgang Amadeus Mozart

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

(Redirecionado de Mozart)

Ir para: navegação, pesquisa

Wolfgang Amadeus MozartWolfgang Amadeus Mozart (27 de Janeiro de 1756 - 5 de Dezembro de 1791) é um compositor austríaco de música clássica que goza de grande prestígio e é um dos mais populares entre as audiências modernas.

Tabela de conteúdo [esconder]

1 Nascimento, batismo e nome

Page 53: Wolfgang Amadeus Mozart

2 Biografia

3 Obras

3.1 Sinfonias

3.2 Concertos

3.2.1 para piano

3.2.2 para instrumentos de sopro

3.2.3 para violino

3.3 Sonatas

3.4 Música de câmara

3.4.1 Trios

3.4.2 Quartetos

3.4.3 Quintetos

3.5 Danças

3.6 Música Sacra

3.6.1 Missas

3.6.2 Motetos e outras peças

3.7 Óperas

3.8 Árias de Concerto

3.9 Canções

[editar]

Nascimento, batismo e nome

Mozart nasceu em 27 de Janeiro de 1756, em Salzburgo, e foi baptizado um dia depois de nascer, na catedral de São Rupert, em

Page 54: Wolfgang Amadeus Mozart

Salzburgo como Johannes Chrysostomus Wolfgangus Theophilus Mozart. Se o baptismo costuma ser definitivo para a maior parte dos casos, Mozart passou a vida a mudar a forma como se chamava e a forma como era chamado pelos outros.

Os dois primeiros nomes de baptismo recordam que o seu dia de nascimento, 27 de Janeiro, era o dia de São João Crisóstomo. "Wolfgangus" era o nome do seu avô materno. "Theophilus" era o nome do seu padrinho, o mercador Joannes Theophilus Pergmayr. Mais tarde, o seu pai reduziu "Wolfgangus" para "Wolfgang" e retirou o "Johannes Chrysostomus."

Mozart continuou, mais tarde, a fazer modificações no seu nome, em especial o nome do meio, "Theophilus" que significa, em grego, "Amigo de Deus". Só em raras ocasiões usou a versão latina deste nome, "Amadeus", que hoje tornou-se a mais vulgar. Preferia a versão francesa Amadé ou Amadè. Usou também as formas italiana "Amadeo" e alemã "Gottlieb".

O uso de versões múltiplas do nome era, talvez, frequente na época. Joseph Haydn utilizou, além de Joseph (inglês e francês), "Josef" (alemão) e "Giuseppe" (italiano); Ludwig van Beethoven usou, por seu lado, "Luigi" (em italiano) e "Louis" (em francês).

No registo de casamento, na catedral de Santo Estêvão, em Viena, Mozart usou, ainda, o nome "Adam" ou "Adão". Era também frequente que soletrasse o seu nome de trás para a frente.

[editar]

Biografia

Nasceu em Salzburgo, actualmente pertencente à Áustria. Foi uma criança prodígio de uma família musical, que começou a compor minuetos para cravo com a idade de cinco anos. O seu pai foi Leopold Mozart, também compositor. Algumas das primeiras obras que Mozart escreveu enquanto criança foram duetos e pequenas composições para dois pianos, destinadas a serem interpretadas conjuntamente com sua irmã.

Page 55: Wolfgang Amadeus Mozart

Mozart menino (1763)Em 1763 seu pai o levou, junto com a sua irmã Nannerl, então com 12 anos, por uma turnée pela França e Inglaterra. Em Londres, Mozart conheceu Johann Christian Bach, último filho de Johann Sebastian Bach, que exerceria grande influência em suas primeiras obras.

Entre 1770 e 1773 visitou a Itália por três vezes. Lá, compôs a ópera Mitridate que obteve um êxito apreciável. A eleição, em 1772, do conde Hieronymus Colloredo como arcebispo de Salzburgo mudaria esta situação. Colloredo não via com bons olhos que um de seus músicos, considerado por ele um mero serviçal, passasse tanto tempo em viagens fora da corte. A maior parte do restante dessa década foi passada em Salzburgo, onde cumpriu com os seus deveres de Konzertmeister (mestre de concerto), compondo missas, sonatas de igreja, serenatas e outras obras. Mas o ambiente de Salzburgo, cada vez mais sem perspectivas, levava a uma constante insatisfação de Mozart com a sua situação.

Wolfgang Amadeus Mozart - imagem do compositor considerada uma das mais autênticasEm 1781, Colloredo ordena a Mozart que se junte a ele e sua comitiva em Viena. Insatisfeito por ser colocado entre os criados, pediu a demissão. A partir daí passa a viver da renda de concertos, da publicação de suas obras e de aulas particulares. Inicialmente tem sucesso, e o período entre 1781 e 1786 é um dos mais prolíficos de sua carreira, com óperas (Idomeneo - 1781, O Rapto do Serralho - 1782), sonatas para piano, música de câmara (especialmente os seis quartetos de cordas dedicados a Haydn) e

Page 56: Wolfgang Amadeus Mozart

principalmente com uma deslumbrante seqüência de concertos para piano. Em 1782 casa, contra a vontade do pai, com Constanze Weber.

Em 1786, compõe a primeira ópera em que contou com a colaboração de Lorenzo da Ponte: As bodas de Fígaro. A ópera fracassa em Viena, mas faz um sucesso tão grande em Praga que Mozart recebe a encomenda de uma nova ópera. Esta seria Don Giovanni, considerada por muitos a sua obra-prima. Mais uma vez, a obra não foi bem recebida em Viena. Mozart ainda escreveria Così fan tutte, com libreto de Da Ponte, em 1789.

A partir de 1786 sua popularidade começou a diminuir junto do público vienense, o que agravaria a sua condição financeira. Isso não o impediu de continuar compondo obras-primas como quintetos de cordas (K.515 em Dó maior, K.516 em Sol menor em 1787), sinfonias (K.543 em Mi bemol maior, K.550 em Sol menor, K.551 em Dó maior em 1788) e um divertimento para trio de cordas (K.563 em 1788), mas nos seus últimos anos a sua produção declinou devido a problemas financeiros e à precariedade da sua saúde e da sua esposa Constanze.

Em 1791 compõe suas duas últimas óperas: A clemência de Tito e A flauta mágica, seu último concerto para piano (K.595 em si bemol maior) e o belo Concerto para clarinete em lá maior (K.622). Na primavera desse ano, recebe a encomenda de um Requiem (K.626). Contudo, trabalhando em outros projetos e com a saúde cada vez mais enfraquecida, morre a 5 de Dezembro, deixando a obra inacabada (há uma lenda que diz que o requiem estaria sendo composto para tocar em sua própria missa de sétimo dia). Será completada por Franz Süssmayr, seu discípulo. É enterrado numa vala comum de Viena.

[editar]

Obras

O catálogo geral das obras de Mozart foi realizado pelo botânico, miralogista e biógrafo musical alemão Ludwig Köchel (1800 - 1877); daí a letra K que aparece frequentemente junto ao título de suas obras (ou KV, que significa Köchel Verzeichnis, catálogo Köchel). Köchel catalogou as obras de Mozart em ordem cronológica, da mais

Page 57: Wolfgang Amadeus Mozart

antiga para a mais recente, sendo K1 um minueto para cravo, a primeira obra catalogada, e K626 o Requiem, obra inacabada.

[editar]

Sinfonias

- Sinfonia no. 40, 1o. movimento, K550 ?

Köchel numerou as sinfonias de Mozart de 1 a 41. Mais tarde, outras sinfonias foram descobertas, elevando o número total de sinfonias de Mozart para 50. Quando pensamos, porém, nas sinfonias de Beethoven, Schubert, Schumann, Brahms, e Mahler, as primeiras 30 dessas peças não merecem verdadeiramente ser chamadas de sinfonias. São peças curtas, cuja duração às vezes não ultrapassa cinco minutos, e escritas para uma orquestra pequena, que em geral inclui apenas as cordas, dois oboés ou duas trompas. Segundo o conceito actual de Sinfonia, Mozart compôs apenas as 10 que estão numeradas de 31 a 41. Note-se que a Sinfonia No. 37 de Mozart (assim numerada por Köchel), foi composta, de facto, por Michael Haydn (irmão de Franz Joseph Haydn), como se veio a demonstrar mais tarde, ainda que Mozart tenha composto um dos movimentos da obra. As Sinfonias numeradas de 25 a 30 também costumam despertar algum interesse, mas não são, geralmente, consideradas de qualidade comparável à das dez últimas.

A primeira grande sinfonia de Mozart é a Sinfonia No. 31 em Ré Maior, K297, chamada Sinfonia Paris, composta em 1778 durante uma viagem de Mozart a Paris. É também a mais ricamente orquestrada de todas as sinfonias de Mozart: sua orquestração inclui duas flautas, dois oboés, duas clarinetas (é a primeira vez que Mozart as emprega numa sinfonia), 2 fagotes, 2 trompas, 2 trompetes, 2 tímpanos (ré, lá) e cordas. Mozart nunca usou trombone em nenhuma de suas sinfonias. Aliás, o uso de trombones era raro na época, mesmo em orquestra de ópera, em geral mais rica do que a usada nas sinfonias. Apenas se regista o seu uso nas óperas Idomeneo, Don Giovanni, A Flauta Mágica, e no Requiem. Em Idomeneo, por exemplo, três trombones aparecem numa única cena, em que a voz de Netuno anuncia aos habitantes de Creta as condições para que o tsunami pare de assolar a ilha. Em Don Giovanni, três trombones aparecem na cena do cemitério, em que a estátua do comendador fala com Don Giovanni, e novamente na cena final, em que o fantasma do comendador comparece ao banquete convidado por Don Giovanni. Em A Flauta Mágica, Mozart chegou a usar 5 trombones! No Requiem,

Page 58: Wolfgang Amadeus Mozart

um solo de trombone anuncia o Tuba Mirum, de modo que se pode dizer que, em Mozart, o trombone anuncia sempre algum tipo de comunicação com o sobrenatural.

Mozart queria impressionar os parisienses, e a Sinfonia "Paris" começa de maneira bombástica, com quatro acordes em forte na orquestra inteira seguidos de semi-colcheias rapidamente ascendentes nas cordas, flautas e fagotes, dando uma sensação de fogo-de-artifício. O primeiro movimento da sinfonia transcorre num clima festivo, com os "fogos de artifício" explodindo aqui e ali. O segundo movimento, Andante 6/8, é uma dança francesa, delicada e elegante, lembrando um quadro de Fragonard. O terceiro e último movimento, Allegro, começa com uma tremedeira cheia de expectativa só nos violinos, que explode num tutti (acorde de ré), como o estourar de uma rolha de champanhe, e a festa começa.

Outra obra marcante é a Sinfonia No. 36 em Dó Maior, K425 ("Linz"). Mozart e sua mulher deixaram Salzburgo às 9:30 da manhã a 27 de outubro de 1783 com destino a Linz, na Áustria. Assim que lá chegaram, Mozart escreveu uma carta a seu pai, datada de 31 de outubro, na qual dizia: Preciso dar um concerto aqui e, como não trouxe comigo nenhuma sinfonia, estou compondo uma nova o mais rápido que posso. O concerto estava marcado para 4 de novembro, o que significa que Mozart teria 4 dias para compor! E, de fato, a 4 de novembro, a nova sinfonia de Mozart foi apresentada ao público. Nem mesmo um gênio como Mozart poderia compor uma sinfonia como a Linz em apenas quatro dias. Essa carta de Mozart parece só fazer sentido se ele já tinha concebido mentalmente a totalidade da sinfonia quando entrou na carruagem em Salzburgo, já que se calcula que levaria uns três ou quatro dias só para passar a sinfonia para o papel (trabalhando muito rapidamente) mais, talvez, uns dois dias para mandar copiar as partes de cada instrumento e distribuí-las aos músicos (desde que ele tivesse um excelente time de copistas à sua disposição), ensaiar e reger a Linz. O fato é que, mesmo tendo sido composta às pressas, a Sinfonia Linz é um exemplo de arte clássica, bela e bem proporcionada em todas as suas partes, expressando os mais inefáveis e ardentes desejos, num monumento sinfônico digno de figurar ao lado das sinfonias de Mahler e de Beethoven. Podemos ouvir as rodas da carruagem no primeiro movimento da Linz.

O próprio Mozart esclareceu numa carta o seu processo de composição:

Page 59: Wolfgang Amadeus Mozart

Quer saber como eu componho? Posso dizer-lhe apenas isto: quando me sinto bem disposto, seja na carruagem quando viajo, seja de noite quando durmo, ocorrem-me idéias aos jorros, soberbamente. Como e donde, não sei. As que me agradam, guardo-as como se tivessem sido trazidas por outras pessoas, retenho-as bem na memória e, uma após a outra, delas tomo a parte necessária, para fazer um pastel segundo as regras do contraponto, da harmonia, dos instrumentos, etc. Então, em profundo sossêgo, sinto aquilo crescer, crescer para a claridade de tal forma que a obra mesmo extensa se completa na minha cabeça e posso abrangê-la de um só relance, como um belo retrato ou uma bela mulher... Quando chego neste ponto, nada mais esqueço, porque boa memória é o maior dom que Deus me deu.

A Sinfonia No. 38 em Ré Maior, K504 ("Praga") foi composta em Viena em 1786. Em janeiro de 1787, Mozart fez uma viagem a Praga, onde ele estreou sua sinfonia no dia 19 daquele mês. Assim como a Linz, esta sinfonia também tem uma introdução lenta. Haydn quase sempre punha uma introdução lenta nas suas sinfonias; Mozart raras vezes o fazia. Este é um monumento sinfônico comparável à Linz, com um segundo tema extremamente comovente no primeiro movimento.

A Sinfonia No. 40 em Sol Menor, K550 é a única dessas dez em tonalidade menor. Seu tom de angústia é, ao mesmo tempo, tão comovente que levou Schubert a exclamar: Na sinfonia em sol menor de Mozart, pode-se ouvir o canto dos anjos.

As sinfonias nos. 39 e 40 foram inicialmente escritas sem clarinetas. Clarinetas eram raras no tempo de Mozart; o instrumento havia sido recentemente inventado, e Mozart foi um dos primeiros a compor para ele. Mozart não esperava contar com uma orquestra que possuísse clarinetas para poder executar as suas sinfonias. Mais tarde, porém, ele mudou de idéia e resolveu refazer a orquestração das sinfonias no. 39 e 40 para incluir duas clarinetas (para isto, ele só precisou realmente alterar as partes de oboé). A versão que nós ouvimos dessas duas sinfonias hoje em dia é quase sempre a versão com as clarinetas.

Por fim temos a Sinfonia No. 41 em Dó Maior, K551 ("Sinfonia Júpiter"). Quem lhe deu este título foi o editor musical inglês que publicou a partitura após a morte de Mozart, pela "alta elevação de idéias e nobreza de tratamento." É o deus grego passeando por entre

Page 60: Wolfgang Amadeus Mozart

as nuvens, exibindo sua beleza e majestade. Está orquestrada para flauta, dois oboés, 2 fagotes, 2 trompas, 2 trompetes, tímpanos (do, sol) e cordas. É interessante notar que, sempre que aparecem tímpanos em Mozart, aparecem também trompetes. Só existe um exemplo de tímpanos sem trompetes na música de Mozart: na Serenata Notturna, K239. Os tímpanos, quando aparecem, são sempre dois: um na tônica, outro na dominante.

[editar]

Concertos

[editar]

para piano

Mozart era um exímio pianista, podendo ser considerado o primeiro virtuose da história deste instrumento. Ele adorava se apresentar em público exibindo seus dotes de pianista e, nos seus últimos anos em Viena, esta era uma de suas principais fontes de renda. Ao contrário, por exemplo, dos seus concertos para instrumentos de sopro, escritos para um amigo clarinetista (Anton Stadler), ou para um amigo trompista (Ignaz Leutgeb), ou um ou outro instumentista que se aproximava de Mozart pedindo a ele que compusesse música para seu instrumento, os concertos para piano e orquestra de Mozart foram escritos - com algumas exceções - para serem tocados em público pelo próprio Mozart. Não é de surpreender, portanto, que haja tantas obras primas entre os concertos para piano de Mozart. Alguns pensam que a melhor música de Mozart está nos concertos para piano. Outros pensam que está nas óperas. Esta disputa não termina nunca, mas uma coisa é certa: nenhum outro compositor compôs tantos concertos para piano quanto Mozart, e ninguém o superou neste gênero. Os concertos para piano de Beethoven (mormente o No. 5, "Imperador") são mais poderosos que os de Mozart, mas não têm a mesma graça nem a sutileza, nem superam em profundidade os de Mozart. O que Beethoven faz no Concerto "Imperador" é nos esmagar com seu poder, com sua artilharia pesada, enquanto Mozart nos conquista com sua graça.

Embora tenha composto obras primas em todos os gêneros musicais existentes, Mozart parecia manifestar o melhor do seu gênio naquelas situações em que um solista tem que se defrontar com uma orquestra, como nas árias de ópera e nos concertos. Seria isto uma metáfora da contraposição indivíduo/sociedade, ou do gênio que se destaca dos seus contemporâneos? Pode ser, mas nos concertos para piano nós temos a vantagem adicional de que ele próprio era virtuose

Page 61: Wolfgang Amadeus Mozart

do instrumento para o qual estava escrevendo, e isto explica por que encontramos mais obras primas de Mozart entre os concertos para piano que entre as sinfonias, por exemplo, ou os quartetos de cordas.

Köchel numerou os concertos para piano de Mozart de 1 a 27. Só que Köchel não sabia que os que ele numerou de 1 a 4 não são obras originais de Mozart, são só arranjos que Mozart fez para piano e orquestra de sonatas para cravo de outros compositores. Esses arranjos são pièces d'occasion, meros pastiches que Mozart fez aos 11 anos de idade, que ele provavelmente nem sequer pensava em guardar para a posteridade. Além disso, Köchel incluiu entre os "concertos para piano" um que é na realidade para três pianos (no. 7, K242) e outro para dois pianos (no. 10, K365). Subtraindo então estes 6 dos 27 que Köchel numerou, ficamos com 21 concertos para piano e orquestra de Mozart.

O primeiro concerto para piano de Mozart que é universalmente aclamado como uma obra prima por todos aqueles que conhecem e amam a música de Mozart é o Concerto No. 9 em Mi Bemol Maior, K271, também chamado Concerto Jeunehomme devido à pessoa a quem ele foi dedicado, a pianista francesa Mademoiselle Jeunehomme, que visitou Salzburgo no inverno de 1776-1777 e que, segundo alguns, teria despertado uma paixão em Mozart. Não se sabe quase nada a respeito dessa mulher, e depois dessa visita a Salzburgo ela desaparece da história sem deixar rastro. Em todo caso, ela parece mesmo ter sido uma exímia pianista, se é verdade que Mozart pretendia que este concerto fosse tocado por ela.

Outra peça interessante deste período inicial em Salzburgo é o Concerto No. 12 em Lá Maior, K414, uma peça leve, graciosa e despreocupada, capaz de dar grande prazer ao ouvinte. Do número 16 em diante, os concertos para piano de Mozart são todos obras primas.

De todos os concertos para piano de Mozart, apenas dois são em tonalidade menor: o No. 20 em Ré Menor, K466 e o No. 24 em Dó Menor, K491. As tonalidades menores são, como nós sabemos, mais sombrias e mais tristes que as tonalidades maiores, mais claras, mais luminosas, mais alegres. O estado mental transmitido por esses dois concertos se assemelha a uma psicose no No. 20, e a uma neurose no No. 24. Sentimos fantasmas na introdução orquestral do Concerto em Ré Menor (podemos chamá-lo assim sem perigo de confusão, porque

Page 62: Wolfgang Amadeus Mozart

Mozart só compôs um nessa tonalidade), lembrando a cena no último ato de Don Giovanni, em que o fantasma do comendador entra na casa de Don Giovanni. Esta cena, bem como a ária da Rainha da Noite no segundo ato de A Flauta Mágica estão entre as poucas ocasiões em que Mozart utilizou essa tonalidade tétrica, fantasmagórica, ameaçadora de ré menor. Já o Concerto em Dó Menor é muito triste, dando a impressão de que Mozart estava deprimido quando o compôs. Dó menor é a tonalidade trágica por excelência (a mesma tonalidade da Quinta Sinfonia de Beethoven). Um outro ponto a ser marcado neste concerto é a sutileza e o refinamento da escritura para instrumentos de sopro, mormente no segundo movimento, onde há uma seção praticamente só para eles, que se põem a dialogar com o piano. Sviatoslav Richter deixou excelentes gravações tanto do Concerto em Ré Menor como do Concerto em Dó Menor.

O Concerto No. 21 em Dó Maior, K467 é outro favorito, tanto dos pianistas quanto do público. Ele é tão sublime, que qualquer palavra usada em relação a ele seria um despropósito, já que a música começa onde termina o poder das palavras. Tema de um filme famoso (Elvira Madigan, 1967).

O Concerto No. 22 em Mi Bemol Maior, K482, tem um primeiro movimento eufórico e festivo, cheio de fanfarras de tímpanos e trompetes. O segundo movimento, escrito na relativa (dó menor) é triste e sombrio, mas no último a luz e a alegria surgem de novo, com passagens celestiais nos instrumentos de sopro. Este era o concerto predileto da grande pianista brasileira Guiomar Novaes.

O Concerto No. 23 em Lá Maior, K488 tem um caráter angélico e sobrenatural, elevando a mente do ouvinte acima das coisas deste mundo. Mozart excluiu de sua orquestração todos os intrumentos de sonoridade rude ou agressiva; não há tímpanos nem trompetes; apenas uma flauta, duas clarinetas, dois fagotes e duas trompas, além das cordas. Não há contrastes dinâmicos violentos nem explosões orquestrais. O segundo movimento é em fá sustenido menor (a relativa de lá maior), acentuando ainda mais o caráter contemplativo desta música sublime. Maurizio Pollini é um dos melhores e mais refinados intérpretes deste concerto.

A Encyclopaedia Britannica chama o Concerto No. 26 em Ré Maior, K537 (chamado Concerto da Coroação) de "brilhante mas superficial". Isto pode ser verdade, mas esta é uma obra adequada para a

Page 63: Wolfgang Amadeus Mozart

finalidade para a qual foi criada: as festividades da coroação de Leopoldo II, imperador da Áustria, em 1790, ocasião na qual não cabem grandes dramas nem muita profundidade. Ao mesmo tempo majestoso e festivo, esta é uma obra capaz de dar grande prazer ao ouvinte.

Géza Anda gravou todos os concertos para piano de Mozart para a Deutsche Grammophon. Altamente recomendável.

[editar]

para instrumentos de sopro

Os 4 concertos para trompa de Mozart, K412, K417, K447 e K495, bem como o Rondò K371, foram todos escritos para a mesma pessoa, o trompista Ignaz Leutgeb, um dos amigos mais íntimos de Mozart. A primeira dessas peças é em ré maior, as outras todas em mi bemol maior.

- Concerto em Lá Maior para Clarineta, K622, 3o. movimento Rondo (Allegro) ?

O Concerto em Lá Maior para Clarineta, K622, é a última obra instrumental do mestre de Salzburgo, escrita em outubro de 1791 - dois meses, portanto, antes da morte de Mozart - para seu amigo, o clarinetista Anton Stadler. Os obbligati para clarineta na ópera La Clemenza di Tito também foram escritos para ele.

Os dois concertos para flauta, em sol maior, K313, e em ré maior, K314 foram escritos por encomenda. No último movimento do K314 Mozart utiliza a mesma melodia da ária Welche Wonne, welche Lust da ópera O Rapto do Serralho. Há também o Andante em Dó Maior para Flauta e Orquestra, K315, e o sublime Concerto para Harpa,

Page 64: Wolfgang Amadeus Mozart

Flauta e Orquestra, K299 (a única coisa que Mozart escreveu para harpa).

[editar]

para violino

[editar]

Sonatas

[editar]

Música de câmara

[editar]

Trios

6 trios para piano, violino e violoncelo, K254, K496, K502, K542, K548, K564

O trio K254 é cheio daquela graça mozartiana tão deliciosa, mas o violoncelo se limita ao papel de reforço nos baixos, quase sempre dobrando a mão esquerda do pianista, o que torna esta obra um pouco superficial. Já no K548 e no K564 o violoncelo finalmente tem a chance de cantar, ainda que por uns breves instantes, o que torna essas obras mais interessantes que as anteriores.

Trio para clarineta, viola e piano em mi bemol maior, K498

Obra interessantíssima, para uma combinação de instrumentos inusitada. Dedicada ao clarinetista Anton Stadler.

[editar]

Quartetos

6 Quartetos de cordas dedicados a Haydn, K387, K421, K428, K458 "A Caça", K464, K465 "As Dissonâncias"

O Quarteto K458, A Caça, recebe este nome devido ao tema que abre o primeiro movimento, que lembra o chamado de uma trompa de caça. O Quarteto em Ré Menor, K421 (o único em tonalidade menor

Page 65: Wolfgang Amadeus Mozart

da coleção) é uma das peças mais tristes que sairam da pena de Mozart. Mas o Quarteto K465, As Dissonâncias, merece menção especial.

Ninguém é mais apegado ao sistema tonal do que Mozart. Por isso, o abandono da tonalidade nos 22 compassos da introdução lenta deste quarteto causa estupefação. A sensação causada por essa música, é como se penetrássemos numa caverna escura, cheia de mistérios e de perigos. Nunca mais a música ocidental conheceria uma tal excursão para fora do sistema tonal até que Wagner compôs Tristão e Isolda. Em três horas e meia de música, Wagner provou de uma vez por todas que era possível compor música expressiva, e até mesmo de grande impacto emocional, fora do sistema tonal. Teriam Wagner e os compositores atonalistas como Debussy, Schoenberg e outros se inspirado neste quarteto de Mozart? No entanto, após a introdução lenta, voltamos ao território familiaríssimo do dó maior. Tudo soa como uma pilhéria que Mozart estava fazendo com seu amigo Haydn.

Quarteto de cordas em Ré Maior, K499 "Hoffmeister"

3 Quartetos de cordas dedicados ao Rei da Prússia, K575, K589, K590

Adagio e Fuga em Dó Menor para quarteto de cordas, K546

2 Quartetos para piano, violino, viola e violoncelo, K478 e K493

4 quartetos para flauta, violino, viola e violoncelo, K285, K285a, K285b, K298

[editar]

Quintetos

Quinteto em Mi Bemol Maior, para oboé, clarineta, trompa, fagote e piano, K452

Obra de experimentação sonora, para uma combinação de instrumentos fora do comum. Mozart não só faz soar cada instrumento clara e distintamente, mas também combina os instrumentos de diversas maneiras possíveis, criando efeitos sonoros estupendos. Uma delícia para os ouvidos. Parece que só existe uma outra obra, em toda a história da música, para esta mesma combinação instrumental: o Quinteto opus 16 de Beethoven, na mesma tonalidade que o de Mozart.

Page 66: Wolfgang Amadeus Mozart

[editar]

Danças

[editar]

Música Sacra

[editar]

Missas

Mozart compôs muitas missas. Entre as que mais se destacam, podemos citar:

Missa Brevis em Ré Maior, K194

Missa em Dó Maior, K220, "dos Pardais"

Missa Brevis em Si Bemol Maior, K275

Missa em Dó Maior, K317, "da Coroação"

Missa em Dó Menor, K427 (inacabada)

A Missa dos Pardais recebe este nome devido a uma deliciosa figura nos violinos, que sugere o gorjeio de pardais, e que reaparece constantemente no decorrer da missa. A Missa da Coroação não foi composta, como se pensava, para a coroação do imperador José II em 1780, mas sim para a cerimônia religiosa da coroação de uma imagem da Virgem numa igreja de Salzburgo. É uma missa de curta duração, rápida pulsação e radiante alegria, extremamente comovente.

Basta ouvirmos uma só dessas peças para nos convencermos de que o sentimento religioso de Mozart era sincero e profundo. Mozart era católico convicto, apesar do seu envolvimento com a maçonaria, algo não exatamente aprovado pela Igreja Católica. Por fim temos a

Missa de Requiem em Ré Menor, K626

Já doente em seu leito de morte, Mozart trabalhava no Requiem. A etérea melodia do Lacrimosa foi a última coisa que saiu daquela pena divina. Ao terminar de escrever esta melodia, lágrimas lhe vieram aos

Page 67: Wolfgang Amadeus Mozart

olhos, e suas mãos deixaram cair a partitura. Pouco mais tarde, à uma hora da manhã do dia 5 de dezembro de 1791, o mestre estava morto. Alguém escreveu: Um profundo sentimento religioso se evola daquelas notas, que parecem saídas de uma alma em direta comunicação com a Divindade. Houve muita disputa depois da morte de Mozart para saber quem terminaria o Requiem, mas no final a tarefa acabou recaindo sobre seu aluno Franz Xaver Süssmayer. Ele completou a orquestração que Mozart havia deixado incompleta, e escreveu o resto da música, baseando-se em parte em anotações deixadas pelo próprio Mozart.

[editar]

Motetos e outras peças

Exsultate, Jubilate K165

Ave Verum Corpus, K618

Ao ouvir esta última peça, Tchaikovsky exclamou: Sua beleza sobrenatural é indefinível por palavras.

[editar]

Óperas

- Abertura da ópera Don Giovanni ?

La Finta Semplice, K.51 (1769)

Bastien und Bastienne, K.50 (1768)

Mitridate, Rè di Ponto, K.87 (1770)

Lucio Silla, K.135 (1772)

La Finta Giardiniera, K.196 (1775)

Idomeneo, K.366 (1781)

O Rapto do Serralho (Die Entführung aus dem Serail), K.384 (1782)

O Empresário Teatral (Der Schauspieldirektor) K.486 (1786)

Page 68: Wolfgang Amadeus Mozart

As Bodas de Fígaro (Le Nozze di Figaro), K.492 (1786)

Don Giovanni, K.527 (1787)

Così Fan Tutte, K.588 (1790)

La Clemenza di Tito, K.621 (1791)

A Flauta Mágica (Die Zauberflöte), K.620 (1791)

[editar]

Árias de Concerto

[editar]

Canções

Oiseaux, si tous les ans K307, Dans un bois solitaire K308, Warnung K433, Der Zauberer K472, Das Veilchen K476, Als Luise die Briefe ihres untreuen Liebhabers verbrannte K520, Abendempfindung K523, Sehnsucht nach dem Frühlinge K596, Im Frühlingsanfang K597, Das Kinderspiel K598

Retirado de http://pt.wikipedia.org/wiki/Wolfgang_Amadeus_Mozart

Wolfgang Amadeus Mozart

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.(Redirecionado de Mozart)Ir para: navegação, pesquisa

Page 69: Wolfgang Amadeus Mozart

Wolfgang Amadeus MozartWolfgang Amadeus Mozart (27 de Janeiro de 1756 - 5 de Dezembro de 1791) é um compositor austríaco de música clássica que goza de grande prestígio e é um dos mais populares entre as audiências modernas.

Tabela de conteúdo

[esconder] 1 Nascimento, batismo e nome 2 Biografia 3 Obras

o 3.1 Sinfonias o 3.2 Concertos

3.2.1 para piano 3.2.2 para instrumentos de sopro 3.2.3 para violino

o 3.3 Sonatas o 3.4 Música de câmara

3.4.1 Trios 3.4.2 Quartetos 3.4.3 Quintetos

o 3.5 Danças o 3.6 Música Sacra

3.6.1 Missas 3.6.2 Motetos e outras peças

o 3.7 Óperas o 3.8 Árias de Concerto

o 3.9 Canções [editar]

Nascimento, batismo e nome

Page 70: Wolfgang Amadeus Mozart

Mozart nasceu em 27 de Janeiro de 1756, em Salzburgo, e foi baptizado um dia depois de nascer, na catedral de São Rupert, em Salzburgo como Johannes Chrysostomus Wolfgangus Theophilus Mozart. Se o baptismo costuma ser definitivo para a maior parte dos casos, Mozart passou a vida a mudar a forma como se chamava e a forma como era chamado pelos outros.Os dois primeiros nomes de baptismo recordam que o seu dia de nascimento, 27 de Janeiro, era o dia de São João Crisóstomo. "Wolfgangus" era o nome do seu avô materno. "Theophilus" era o nome do seu padrinho, o mercador Joannes Theophilus Pergmayr. Mais tarde, o seu pai reduziu "Wolfgangus" para "Wolfgang" e retirou o "Johannes Chrysostomus."Mozart continuou, mais tarde, a fazer modificações no seu nome, em especial o nome do meio, "Theophilus" que significa, em grego, "Amigo de Deus". Só em raras ocasiões usou a versão latina deste nome, "Amadeus", que hoje tornou-se a mais vulgar. Preferia a versão francesa Amadé ou Amadè. Usou também as formas italiana "Amadeo" e alemã "Gottlieb".O uso de versões múltiplas do nome era, talvez, frequente na época. Joseph Haydn utilizou, além de Joseph (inglês e francês), "Josef" (alemão) e "Giuseppe" (italiano); Ludwig van Beethoven usou, por seu lado, "Luigi" (em italiano) e "Louis" (em francês).No registo de casamento, na catedral de Santo Estêvão, em Viena, Mozart usou, ainda, o nome "Adam" ou "Adão". Era também frequente que soletrasse o seu nome de trás para a frente.[editar]

Biografia

Nasceu em Salzburgo, actualmente pertencente à Áustria. Foi uma criança prodígio de uma família musical, que começou a compor minuetos para cravo com a idade de cinco anos. O seu pai foi Leopold Mozart, também compositor. Algumas das primeiras obras que Mozart escreveu enquanto criança foram duetos e pequenas composições para dois pianos, destinadas a serem interpretadas conjuntamente com sua irmã.

Page 71: Wolfgang Amadeus Mozart

Mozart menino (1763)Em 1763 seu pai o levou, junto com a sua irmã Nannerl, então com 12 anos, por uma turnée pela França e Inglaterra. Em Londres, Mozart conheceu Johann Christian Bach, último filho de Johann Sebastian Bach, que exerceria grande influência em suas primeiras obras.Entre 1770 e 1773 visitou a Itália por três vezes. Lá, compôs a ópera Mitridate que obteve um êxito apreciável. A eleição, em 1772, do conde Hieronymus Colloredo como arcebispo de Salzburgo mudaria esta situação. Colloredo não via com bons olhos que um de seus músicos, considerado por ele um mero serviçal, passasse tanto tempo em viagens fora da corte. A maior parte do restante dessa década foi passada em Salzburgo, onde cumpriu com os seus deveres de Konzertmeister (mestre de concerto), compondo missas, sonatas de igreja, serenatas e outras obras. Mas o ambiente de Salzburgo, cada vez mais sem perspectivas, levava a uma constante insatisfação de Mozart com a sua situação.

Wolfgang Amadeus Mozart - imagem do compositor considerada uma das mais autênticasEm 1781, Colloredo ordena a Mozart que se junte a ele e sua comitiva em Viena. Insatisfeito por ser colocado entre os criados, pediu a demissão. A partir daí passa a viver da renda de concertos, da publicação de suas obras e de aulas particulares. Inicialmente tem sucesso, e o período entre 1781 e 1786 é um dos mais prolíficos de sua carreira, com óperas (Idomeneo - 1781, O Rapto do Serralho - 1782), sonatas para piano, música de câmara (especialmente os seis quartetos de cordas dedicados a Haydn) e principalmente com uma deslumbrante seqüência de concertos para piano. Em 1782 casa, contra a vontade do pai, com Constanze Weber.Em 1786, compõe a primeira ópera em que contou com a colaboração de Lorenzo da Ponte: As bodas de Fígaro. A ópera fracassa em Viena, mas faz um sucesso tão grande em Praga que Mozart recebe a encomenda de uma nova ópera. Esta seria Don Giovanni, considerada por muitos a sua obra-prima. Mais uma vez, a obra não foi bem recebida em Viena. Mozart ainda escreveria Così fan tutte, com libreto de Da Ponte, em 1789.

Page 72: Wolfgang Amadeus Mozart

A partir de 1786 sua popularidade começou a diminuir junto do público vienense, o que agravaria a sua condição financeira. Isso não o impediu de continuar compondo obras-primas como quintetos de cordas (K.515 em Dó maior, K.516 em Sol menor em 1787), sinfonias (K.543 em Mi bemol maior, K.550 em Sol menor, K.551 em Dó maior em 1788) e um divertimento para trio de cordas (K.563 em 1788), mas nos seus últimos anos a sua produção declinou devido a problemas financeiros e à precariedade da sua saúde e da sua esposa Constanze.Em 1791 compõe suas duas últimas óperas: A clemência de Tito e A flauta mágica, seu último concerto para piano (K.595 em si bemol maior) e o belo Concerto para clarinete em lá maior (K.622). Na primavera desse ano, recebe a encomenda de um Requiem (K.626). Contudo, trabalhando em outros projetos e com a saúde cada vez mais enfraquecida, morre a 5 de Dezembro, deixando a obra inacabada (há uma lenda que diz que o requiem estaria sendo composto para tocar em sua própria missa de sétimo dia). Será completada por Franz Süssmayr, seu discípulo. É enterrado numa vala comum de Viena.[editar]

Obras

O catálogo geral das obras de Mozart foi realizado pelo botânico, miralogista e biógrafo musical alemão Ludwig Köchel (1800 - 1877); daí a letra K que aparece frequentemente junto ao título de suas obras (ou KV, que significa Köchel Verzeichnis, catálogo Köchel). Köchel catalogou as obras de Mozart em ordem cronológica, da mais antiga para a mais recente, sendo K1 um minueto para cravo, a primeira obra catalogada, e K626 o Requiem, obra inacabada.[editar]Sinfonias

- Sinfonia no. 40, 1o. movimento, K550 ?Köchel numerou as sinfonias de Mozart de 1 a 41. Mais tarde, outras sinfonias foram descobertas, elevando o número total de sinfonias de Mozart para 50. Quando pensamos, porém, nas sinfonias de Beethoven, Schubert, Schumann, Brahms, e Mahler, as primeiras 30 dessas peças não merecem verdadeiramente ser chamadas de sinfonias. São peças curtas, cuja duração às vezes não ultrapassa cinco minutos, e escritas para uma orquestra pequena, que em geral inclui apenas as cordas, dois oboés ou duas trompas. Segundo o conceito actual de Sinfonia, Mozart compôs apenas as 10 que estão numeradas de 31 a 41. Note-se que a Sinfonia No. 37 de Mozart (assim numerada por Köchel), foi composta, de facto, por Michael Haydn (irmão de Franz Joseph Haydn), como se veio a demonstrar mais tarde, ainda que Mozart tenha composto um dos movimentos da obra. As Sinfonias numeradas de 25 a 30 também costumam despertar algum interesse, mas não são, geralmente, consideradas de qualidade comparável à das dez últimas.

Page 73: Wolfgang Amadeus Mozart

A primeira grande sinfonia de Mozart é a Sinfonia No. 31 em Ré Maior, K297, chamada Sinfonia Paris, composta em 1778 durante uma viagem de Mozart a Paris. É também a mais ricamente orquestrada de todas as sinfonias de Mozart: sua orquestração inclui duas flautas, dois oboés, duas clarinetas (é a primeira vez que Mozart as emprega numa sinfonia), 2 fagotes, 2 trompas, 2 trompetes, 2 tímpanos (ré, lá) e cordas. Mozart nunca usou trombone em nenhuma de suas sinfonias. Aliás, o uso de trombones era raro na época, mesmo em orquestra de ópera, em geral mais rica do que a usada nas sinfonias. Apenas se regista o seu uso nas óperas Idomeneo, Don Giovanni, A Flauta Mágica, e no Requiem. Em Idomeneo, por exemplo, três trombones aparecem numa única cena, em que a voz de Netuno anuncia aos habitantes de Creta as condições para que o tsunami pare de assolar a ilha. Em Don Giovanni, três trombones aparecem na cena do cemitério, em que a estátua do comendador fala com Don Giovanni, e novamente na cena final, em que o fantasma do comendador comparece ao banquete convidado por Don Giovanni. Em A Flauta Mágica, Mozart chegou a usar 5 trombones! No Requiem, um solo de trombone anuncia o Tuba Mirum, de modo que se pode dizer que, em Mozart, o trombone anuncia sempre algum tipo de comunicação com o sobrenatural.Mozart queria impressionar os parisienses, e a Sinfonia "Paris" começa de maneira bombástica, com quatro acordes em forte na orquestra inteira seguidos de semi-colcheias rapidamente ascendentes nas cordas, flautas e fagotes, dando uma sensação de fogo-de-artifício. O primeiro movimento da sinfonia transcorre num clima festivo, com os "fogos de artifício" explodindo aqui e ali. O segundo movimento, Andante 6/8, é uma dança francesa, delicada e elegante, lembrando um quadro de Fragonard. O terceiro e último movimento, Allegro, começa com uma tremedeira cheia de expectativa só nos violinos, que explode num tutti (acorde de ré), como o estourar de uma rolha de champanhe, e a festa começa.Outra obra marcante é a Sinfonia No. 36 em Dó Maior, K425 ("Linz"). Mozart e sua mulher deixaram Salzburgo às 9:30 da manhã a 27 de outubro de 1783 com destino a Linz, na Áustria. Assim que lá chegaram, Mozart escreveu uma carta a seu pai, datada de 31 de outubro, na qual dizia: Preciso dar um concerto aqui e, como não trouxe comigo nenhuma sinfonia, estou compondo uma nova o mais rápido que posso. O concerto estava marcado para 4 de novembro, o que significa que Mozart teria 4 dias para compor! E, de fato, a 4 de novembro, a nova sinfonia de Mozart foi apresentada ao público. Nem mesmo um gênio como Mozart poderia compor uma sinfonia como a Linz em apenas quatro dias. Essa carta de Mozart parece só fazer sentido se ele já tinha concebido mentalmente a totalidade da sinfonia quando entrou na carruagem em Salzburgo, já que se calcula que levaria uns três ou quatro dias só para passar a sinfonia para o papel (trabalhando muito rapidamente) mais, talvez, uns dois dias para mandar copiar as partes de cada instrumento e distribuí-las aos músicos (desde que ele tivesse um excelente time de copistas à sua disposição), ensaiar e reger a Linz. O fato é que, mesmo tendo sido

Page 74: Wolfgang Amadeus Mozart

composta às pressas, a Sinfonia Linz é um exemplo de arte clássica, bela e bem proporcionada em todas as suas partes, expressando os mais inefáveis e ardentes desejos, num monumento sinfônico digno de figurar ao lado das sinfonias de Mahler e de Beethoven. Podemos ouvir as rodas da carruagem no primeiro movimento da Linz.O próprio Mozart esclareceu numa carta o seu processo de composição:Quer saber como eu componho? Posso dizer-lhe apenas isto: quando me sinto bem disposto, seja na carruagem quando viajo, seja de noite quando durmo, ocorrem-me idéias aos jorros, soberbamente. Como e donde, não sei. As que me agradam, guardo-as como se tivessem sido trazidas por outras pessoas, retenho-as bem na memória e, uma após a outra, delas tomo a parte necessária, para fazer um pastel segundo as regras do contraponto, da harmonia, dos instrumentos, etc. Então, em profundo sossêgo, sinto aquilo crescer, crescer para a claridade de tal forma que a obra mesmo extensa se completa na minha cabeça e posso abrangê-la de um só relance, como um belo retrato ou uma bela mulher... Quando chego neste ponto, nada mais esqueço, porque boa memória é o maior dom que Deus me deu.A Sinfonia No. 38 em Ré Maior, K504 ("Praga") foi composta em Viena em 1786. Em janeiro de 1787, Mozart fez uma viagem a Praga, onde ele estreou sua sinfonia no dia 19 daquele mês. Assim como a Linz, esta sinfonia também tem uma introdução lenta. Haydn quase sempre punha uma introdução lenta nas suas sinfonias; Mozart raras vezes o fazia. Este é um monumento sinfônico comparável à Linz, com um segundo tema extremamente comovente no primeiro movimento.A Sinfonia No. 40 em Sol Menor, K550 é a única dessas dez em tonalidade menor. Seu tom de angústia é, ao mesmo tempo, tão comovente que levou Schubert a exclamar: Na sinfonia em sol menor de Mozart, pode-se ouvir o canto dos anjos.As sinfonias nos. 39 e 40 foram inicialmente escritas sem clarinetas. Clarinetas eram raras no tempo de Mozart; o instrumento havia sido recentemente inventado, e Mozart foi um dos primeiros a compor para ele. Mozart não esperava contar com uma orquestra que possuísse clarinetas para poder executar as suas sinfonias. Mais tarde, porém, ele mudou de idéia e resolveu refazer a orquestração das sinfonias no. 39 e 40 para incluir duas clarinetas (para isto, ele só precisou realmente alterar as partes de oboé). A versão que nós ouvimos dessas duas sinfonias hoje em dia é quase sempre a versão com as clarinetas.Por fim temos a Sinfonia No. 41 em Dó Maior, K551 ("Sinfonia Júpiter"). Quem lhe deu este título foi o editor musical inglês que publicou a partitura após a morte de Mozart, pela "alta elevação de idéias e nobreza de tratamento." É o deus grego passeando por entre as nuvens, exibindo sua beleza e majestade. Está orquestrada para flauta, dois oboés, 2 fagotes, 2 trompas, 2 trompetes, tímpanos (do, sol) e cordas. É interessante notar que, sempre que aparecem tímpanos em Mozart, aparecem também trompetes. Só existe um exemplo de tímpanos sem trompetes na música de Mozart: na

Page 75: Wolfgang Amadeus Mozart

Serenata Notturna, K239. Os tímpanos, quando aparecem, são sempre dois: um na tônica, outro na dominante.[editar]Concertos[editar]

para piano

Mozart era um exímio pianista, podendo ser considerado o primeiro virtuose da história deste instrumento. Ele adorava se apresentar em público exibindo seus dotes de pianista e, nos seus últimos anos em Viena, esta era uma de suas principais fontes de renda. Ao contrário, por exemplo, dos seus concertos para instrumentos de sopro, escritos para um amigo clarinetista (Anton Stadler), ou para um amigo trompista (Ignaz Leutgeb), ou um ou outro instumentista que se aproximava de Mozart pedindo a ele que compusesse música para seu instrumento, os concertos para piano e orquestra de Mozart foram escritos - com algumas exceções - para serem tocados em público pelo próprio Mozart. Não é de surpreender, portanto, que haja tantas obras primas entre os concertos para piano de Mozart. Alguns pensam que a melhor música de Mozart está nos concertos para piano. Outros pensam que está nas óperas. Esta disputa não termina nunca, mas uma coisa é certa: nenhum outro compositor compôs tantos concertos para piano quanto Mozart, e ninguém o superou neste gênero. Os concertos para piano de Beethoven (mormente o No. 5, "Imperador") são mais poderosos que os de Mozart, mas não têm a mesma graça nem a sutileza, nem superam em profundidade os de Mozart. O que Beethoven faz no Concerto "Imperador" é nos esmagar com seu poder, com sua artilharia pesada, enquanto Mozart nos conquista com sua graça.Embora tenha composto obras primas em todos os gêneros musicais existentes, Mozart parecia manifestar o melhor do seu gênio naquelas situações em que um solista tem que se defrontar com uma orquestra, como nas árias de ópera e nos concertos. Seria isto uma metáfora da contraposição indivíduo/sociedade, ou do gênio que se destaca dos seus contemporâneos? Pode ser, mas nos concertos para piano nós temos a vantagem adicional de que ele próprio era virtuose do instrumento para o qual estava escrevendo, e isto explica por que encontramos mais obras primas de Mozart entre os concertos para piano que entre as sinfonias, por exemplo, ou os quartetos de cordas.Köchel numerou os concertos para piano de Mozart de 1 a 27. Só que Köchel não sabia que os que ele numerou de 1 a 4 não são obras originais de Mozart, são só arranjos que Mozart fez para piano e orquestra de sonatas para cravo de outros compositores. Esses arranjos são pièces d'occasion, meros pastiches que Mozart fez aos 11 anos de idade, que ele provavelmente nem sequer pensava em guardar para a posteridade. Além disso, Köchel incluiu entre os "concertos para piano" um que é na realidade para três pianos (no. 7, K242) e outro para dois pianos (no. 10, K365). Subtraindo então estes

Page 76: Wolfgang Amadeus Mozart

6 dos 27 que Köchel numerou, ficamos com 21 concertos para piano e orquestra de Mozart.O primeiro concerto para piano de Mozart que é universalmente aclamado como uma obra prima por todos aqueles que conhecem e amam a música de Mozart é o Concerto No. 9 em Mi Bemol Maior, K271, também chamado Concerto Jeunehomme devido à pessoa a quem ele foi dedicado, a pianista francesa Mademoiselle Jeunehomme, que visitou Salzburgo no inverno de 1776-1777 e que, segundo alguns, teria despertado uma paixão em Mozart. Não se sabe quase nada a respeito dessa mulher, e depois dessa visita a Salzburgo ela desaparece da história sem deixar rastro. Em todo caso, ela parece mesmo ter sido uma exímia pianista, se é verdade que Mozart pretendia que este concerto fosse tocado por ela.Outra peça interessante deste período inicial em Salzburgo é o Concerto No. 12 em Lá Maior, K414, uma peça leve, graciosa e despreocupada, capaz de dar grande prazer ao ouvinte. Do número 16 em diante, os concertos para piano de Mozart são todos obras primas.De todos os concertos para piano de Mozart, apenas dois são em tonalidade menor: o No. 20 em Ré Menor, K466 e o No. 24 em Dó Menor, K491. As tonalidades menores são, como nós sabemos, mais sombrias e mais tristes que as tonalidades maiores, mais claras, mais luminosas, mais alegres. O estado mental transmitido por esses dois concertos se assemelha a uma psicose no No. 20, e a uma neurose no No. 24. Sentimos fantasmas na introdução orquestral do Concerto em Ré Menor (podemos chamá-lo assim sem perigo de confusão, porque Mozart só compôs um nessa tonalidade), lembrando a cena no último ato de Don Giovanni, em que o fantasma do comendador entra na casa de Don Giovanni. Esta cena, bem como a ária da Rainha da Noite no segundo ato de A Flauta Mágica estão entre as poucas ocasiões em que Mozart utilizou essa tonalidade tétrica, fantasmagórica, ameaçadora de ré menor. Já o Concerto em Dó Menor é muito triste, dando a impressão de que Mozart estava deprimido quando o compôs. Dó menor é a tonalidade trágica por excelência (a mesma tonalidade da Quinta Sinfonia de Beethoven). Um outro ponto a ser marcado neste concerto é a sutileza e o refinamento da escritura para instrumentos de sopro, mormente no segundo movimento, onde há uma seção praticamente só para eles, que se põem a dialogar com o piano. Sviatoslav Richter deixou excelentes gravações tanto do Concerto em Ré Menor como do Concerto em Dó Menor.O Concerto No. 21 em Dó Maior, K467 é outro favorito, tanto dos pianistas quanto do público. Ele é tão sublime, que qualquer palavra usada em relação a ele seria um despropósito, já que a música começa onde termina o poder das palavras. Tema de um filme famoso (Elvira Madigan, 1967).O Concerto No. 22 em Mi Bemol Maior, K482, tem um primeiro movimento eufórico e festivo, cheio de fanfarras de tímpanos e trompetes. O segundo movimento, escrito na relativa (dó menor) é triste e sombrio, mas no último a luz e a alegria surgem de novo, com

Page 77: Wolfgang Amadeus Mozart

passagens celestiais nos instrumentos de sopro. Este era o concerto predileto da grande pianista brasileira Guiomar Novaes.O Concerto No. 23 em Lá Maior, K488 tem um caráter angélico e sobrenatural, elevando a mente do ouvinte acima das coisas deste mundo. Mozart excluiu de sua orquestração todos os intrumentos de sonoridade rude ou agressiva; não há tímpanos nem trompetes; apenas uma flauta, duas clarinetas, dois fagotes e duas trompas, além das cordas. Não há contrastes dinâmicos violentos nem explosões orquestrais. O segundo movimento é em fá sustenido menor (a relativa de lá maior), acentuando ainda mais o caráter contemplativo desta música sublime. Maurizio Pollini é um dos melhores e mais refinados intérpretes deste concerto.A Encyclopaedia Britannica chama o Concerto No. 26 em Ré Maior, K537 (chamado Concerto da Coroação) de "brilhante mas superficial". Isto pode ser verdade, mas esta é uma obra adequada para a finalidade para a qual foi criada: as festividades da coroação de Leopoldo II, imperador da Áustria, em 1790, ocasião na qual não cabem grandes dramas nem muita profundidade. Ao mesmo tempo majestoso e festivo, esta é uma obra capaz de dar grande prazer ao ouvinte.Géza Anda gravou todos os concertos para piano de Mozart para a Deutsche Grammophon. Altamente recomendável.[editar]

para instrumentos de sopro

Os 4 concertos para trompa de Mozart, K412, K417, K447 e K495, bem como o Rondò K371, foram todos escritos para a mesma pessoa, o trompista Ignaz Leutgeb, um dos amigos mais íntimos de Mozart. A primeira dessas peças é em ré maior, as outras todas em mi bemol maior.

- Concerto em Lá Maior para Clarineta, K622, 3o. movimento Rondo (Allegro) ?O Concerto em Lá Maior para Clarineta, K622, é a última obra instrumental do mestre de Salzburgo, escrita em outubro de 1791 - dois meses, portanto, antes da morte de Mozart - para seu amigo, o clarinetista Anton Stadler. Os obbligati para clarineta na ópera La Clemenza di Tito também foram escritos para ele.Os dois concertos para flauta, em sol maior, K313, e em ré maior, K314 foram escritos por encomenda. No último movimento do K314 Mozart utiliza a mesma melodia da ária Welche Wonne, welche Lust da ópera O Rapto do Serralho. Há também o Andante em Dó Maior para Flauta e Orquestra, K315, e o sublime Concerto para Harpa, Flauta e Orquestra, K299 (a única coisa que Mozart escreveu para harpa).[editar]

para violino

Page 78: Wolfgang Amadeus Mozart

[editar]Sonatas[editar]Música de câmara[editar]

Trios

6 trios para piano, violino e violoncelo, K254, K496, K502, K542, K548, K564

O trio K254 é cheio daquela graça mozartiana tão deliciosa, mas o violoncelo se limita ao papel de reforço nos baixos, quase sempre dobrando a mão esquerda do pianista, o que torna esta obra um pouco superficial. Já no K548 e no K564 o violoncelo finalmente tem a chance de cantar, ainda que por uns breves instantes, o que torna essas obras mais interessantes que as anteriores.

Trio para clarineta, viola e piano em mi bemol maior, K498

Obra interessantíssima, para uma combinação de instrumentos inusitada. Dedicada ao clarinetista Anton Stadler.[editar]

Quartetos

6 Quartetos de cordas dedicados a Haydn, K387, K421, K428, K458 "A Caça", K464, K465 "As Dissonâncias"

O Quarteto K458, A Caça, recebe este nome devido ao tema que abre o primeiro movimento, que lembra o chamado de uma trompa de caça. O Quarteto em Ré Menor, K421 (o único em tonalidade menor da coleção) é uma das peças mais tristes que sairam da pena de Mozart. Mas o Quarteto K465, As Dissonâncias, merece menção especial.Ninguém é mais apegado ao sistema tonal do que Mozart. Por isso, o abandono da tonalidade nos 22 compassos da introdução lenta deste quarteto causa estupefação. A sensação causada por essa música, é como se penetrássemos numa caverna escura, cheia de mistérios e de perigos. Nunca mais a música ocidental conheceria uma tal excursão para fora do sistema tonal até que Wagner compôs Tristão e Isolda. Em três horas e meia de música, Wagner provou de uma vez por todas que era possível compor música expressiva, e até mesmo de grande impacto emocional, fora do sistema tonal. Teriam Wagner e os compositores atonalistas como Debussy, Schoenberg e outros se inspirado neste quarteto de Mozart? No entanto, após a introdução lenta, voltamos ao território familiaríssimo do dó maior. Tudo soa como uma pilhéria que Mozart estava fazendo com seu amigo Haydn.

Quarteto de cordas em Ré Maior, K499 "Hoffmeister" 3 Quartetos de cordas dedicados ao Rei da Prússia, K575, K589, K590 Adagio e Fuga em Dó Menor para quarteto de cordas, K546

Page 79: Wolfgang Amadeus Mozart

2 Quartetos para piano, violino, viola e violoncelo, K478 e K493 4 quartetos para flauta, violino, viola e violoncelo, K285, K285a, K285b, K298

[editar]

Quintetos

Quinteto em Mi Bemol Maior, para oboé, clarineta, trompa, fagote e piano, K452

Obra de experimentação sonora, para uma combinação de instrumentos fora do comum. Mozart não só faz soar cada instrumento clara e distintamente, mas também combina os instrumentos de diversas maneiras possíveis, criando efeitos sonoros estupendos. Uma delícia para os ouvidos. Parece que só existe uma outra obra, em toda a história da música, para esta mesma combinação instrumental: o Quinteto opus 16 de Beethoven, na mesma tonalidade que o de Mozart.[editar]Danças[editar]Música Sacra[editar]

Missas

Mozart compôs muitas missas. Entre as que mais se destacam, podemos citar:

Missa Brevis em Ré Maior, K194 Missa em Dó Maior, K220, "dos Pardais" Missa Brevis em Si Bemol Maior, K275 Missa em Dó Maior, K317, "da Coroação" Missa em Dó Menor, K427 (inacabada)

A Missa dos Pardais recebe este nome devido a uma deliciosa figura nos violinos, que sugere o gorjeio de pardais, e que reaparece constantemente no decorrer da missa. A Missa da Coroação não foi composta, como se pensava, para a coroação do imperador José II em 1780, mas sim para a cerimônia religiosa da coroação de uma imagem da Virgem numa igreja de Salzburgo. É uma missa de curta duração, rápida pulsação e radiante alegria, extremamente comovente.Basta ouvirmos uma só dessas peças para nos convencermos de que o sentimento religioso de Mozart era sincero e profundo. Mozart era católico convicto, apesar do seu envolvimento com a maçonaria, algo não exatamente aprovado pela Igreja Católica. Por fim temos a

Missa de Requiem em Ré Menor, K626

Page 80: Wolfgang Amadeus Mozart

Já doente em seu leito de morte, Mozart trabalhava no Requiem. A etérea melodia do Lacrimosa foi a última coisa que saiu daquela pena divina. Ao terminar de escrever esta melodia, lágrimas lhe vieram aos olhos, e suas mãos deixaram cair a partitura. Pouco mais tarde, à uma hora da manhã do dia 5 de dezembro de 1791, o mestre estava morto. Alguém escreveu: Um profundo sentimento religioso se evola daquelas notas, que parecem saídas de uma alma em direta comunicação com a Divindade. Houve muita disputa depois da morte de Mozart para saber quem terminaria o Requiem, mas no final a tarefa acabou recaindo sobre seu aluno Franz Xaver Süssmayer. Ele completou a orquestração que Mozart havia deixado incompleta, e escreveu o resto da música, baseando-se em parte em anotações deixadas pelo próprio Mozart.[editar]

Motetos e outras peças

Exsultate, Jubilate K165 Ave Verum Corpus, K618

Ao ouvir esta última peça, Tchaikovsky exclamou: Sua beleza sobrenatural é indefinível por palavras.[editar]Óperas

- Abertura da ópera Don Giovanni ? La Finta Semplice , K.51 (1769) Bastien und Bastienne , K.50 (1768) Mitridate, Rè di Ponto , K.87 (1770) Lucio Silla , K.135 (1772) La Finta Giardiniera , K.196 (1775) Idomeneo , K.366 (1781) O Rapto do Serralho (Die Entführung aus dem Serail), K.384 (1782) O Empresário Teatral (Der Schauspieldirektor) K.486 (1786) As Bodas de Fígaro (Le Nozze di Figaro), K.492 (1786) Don Giovanni , K.527 (1787) Così Fan Tutte , K.588 (1790) La Clemenza di Tito , K.621 (1791) A Flauta Mágica (Die Zauberflöte), K.620 (1791)

[editar]Árias de Concerto[editar]CançõesOiseaux, si tous les ans K307, Dans un bois solitaire K308, Warnung K433, Der Zauberer K472, Das Veilchen K476, Als Luise die Briefe ihres untreuen Liebhabers verbrannte K520, Abendempfindung K523, Sehnsucht nach dem Frühlinge K596, Im Frühlingsanfang K597, Das Kinderspiel K598Retirado de "http://pt.wikipedia.org/wiki/Wolfgang_Amadeus_Mozart"