UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO Departamento de Engenharia Mecânica
DEM/POLI/UFRJ
UTILIZAÇÃO DA FERRAMENTA PAMVEC PARA MODELAGEM
DE CAMINHÕES DE COLETA DE LIXO
Flávio Assumpção de Castro
Projeto de Graduação apresentado ao Curso
de Engenharia Mecânica da Escola
Politécnica, Universidade Federal do Rio de
Janeiro, como parte dos requisitos
necessários à obtenção do título de
Engenheiro.
Orientadores: Prof. Alexandre Salem Szklo,
D.Sc e Silvio Carlos Anibal de Almeida,
D.Sc.
Rio de Janeiro
Novembro de 2013.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO Departamento de Engenharia Mecânica
DEM/POLI/UFRJ
UTILIZAÇÃO DA FERRAMENTA PAMVEC PARA MODELAGEM
DE CAMINHÕES DE COLETA DE LIXO
Flávio Assumpção de Castro
PROJETO FINAL SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO DEPARTAMENTO DE
ENGENHARIA MECÂNICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS
PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO MECÂNICO.
Aprovado por:
________________________________________________
Prof. Silvio Carlos Anibal de Almeida, D.Sc
________________________________________________
Prof. Alexandre Salem Szklo, D.Sc
________________________________________________
Prof. Fernando Augusto de Noronha Castro Pinto, Dr.-Ing.
________________________________________________
Prof. Luciano Basto Oliveira, D.Sc
RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL
NOVEMBRO DE 2013
i
Castro, Flávio Assumpção.
Utilização da ferramenta PAMVEC para modelagem de caminhões de
coleta de lixo/Flávio Assumpção de Castro. – Rio de Janeiro: UFRJ/
Escola Politécnica, 2013.
XIII,101p.:il.; 29,7 cm
Orientadores: Alexandre Salem Szklo e Silvio Carlos Anibal de
Almeida.
Projeto de Graduação – UFRJ/Escola Politécnica/Curso de Engenharia
Mecânica, 2013.
Referências Bibliográficas: p. 105-108
1. Arquitetura Veicular em Caminhão com Compactador de Lixo. 2.
Análise Financeira. 3.Diminuição do Ruído. 4.Consumo de Combustível.
I.Szklo, Alexandre Salem. De Almeida, Silvio Carlos Anibal.
II.Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de
Engenharia Mecânica.III. Utilização da ferramenta PAMVEC para
modelagem de caminhões de coleta de lixo.
ii
“A parte mais importante do progresso é o desejo de progredir”
Sêneca
iii
AGRADECIMENTOS
Dedico o presente trabalho aos meus pais Luiz e Leila, por toda a educação e o
carinho que me deram. Pela luta e dedicação, muitas vezes substituindo momentos de
lazer por trabalho, para que tivéssemos uma vida melhor e para que pudéssemos nos
dedicar integralmente aos estudos. Tenho muito orgulho de dizer que essa é uma
conquista de vocês também.
Dedico às minhas irmãs Flavia e Tatiana por todo o apoio e o exemplo que me
deram, não sendo apenas irmãs, mas também amigas e companheiras, tendo papel
fundamental também na minha educação e formação. Agradeço as longas conversas, os
vários conselhos, além da paciência e da sabedoria para me ajudar nos momentos mais
difíceis.
Finalmente, dedico aos meus avós (in memorian) Mário, Ivani, Teixeira e
Albertina, que sempre me dizia que o seu sonho era me ver formado. Tenho certeza que
eles me acompanham e estão muito felizes por esse momento.
Agradeço aos meus amigos. Fico muito feliz por ter certeza que posso contar com
eles. Aos amigos de EPCAr, pelas longas conversas e pela união, que faz parecer que
convivemos juntos. Aos amigos de UFRJ, por compartilharem todos os momentos,
sejam complicados ou de alegrias e também pela união, que sempre nos fortaleceu. À
minha namorada Marise, que antes de tudo, é uma grande amiga.
Agradeço ao meu professor e orientador Silvio Carlos pela ajuda desde o início da
monitoria, pela disponibilidade para ajudar e pela confiança investida em mim.
Agradeço também ao professor e orientador Alexandre Szklo, por sua vontade e
dedicação de transmitir conhecimento, pela sua atenção e disponibilidade tanto durante
o projeto final quanto para tirar outras dúvidas acadêmicas, ampliando a minha visão de
Engenharia.
iv
SUMÁRIO
ÍNDICE DE FIGURAS...................................................................................... vi
ÍNDICE DE TABELAS..................................................................................... vii
ÍNDICE DE ABREVIATURAS E SIGLAS....................................................viii
ÍNDICE DE SÍMBOLOS....................................................................................ix
RESUMO ............................................................................................................xii
ABSTRACT........................................................................................................xiii
1. INTRODUÇÃO..............................................................................................1
1.1 Metodologia...............................................................................................3
2. SISTEMAS DE PROPULSÃO....................................................................5
2.1 Conceitos Importantes para a Seleção.......................................................5
2.1.1 Sistema de Frenagem Regenerativa...............................................5
2.1.2 Análise dos Dispositivos de Armazenagem...................................5
2.2 Seleção das Arquiteturas Veiculares.........................................................6
2.3 Descrição das Arquiteturas Veiculares Selecionadas................................8
2.2.1 Veículo com Motor de Combustão Interna...................................9
2.2.2 Veículo Elétrico à Bateria............................................................12
2.2.3 Veículo Híbrido em Série............................................................16
2.2.4 Veículo Plug-In em Série............................................................18
2.2.5 Caminhão de Coleta com MCI e Compactador Plug-In.............21
3. PRODUÇÃO DE BIOGÁS EM ETE.......................................................22
3.1 Processo de Tratamento de Esgoto.........................................................22
3.2 Produção de Biogás................................................................................24
3.3 Funções do Biogás..................................................................................26
4. PROGRAMA PARA SIMULAÇÃO........................................................30
4.1 A ferramenta PAMVEC..........................................................................30
4.2 A Interface do PAMVEC e as alterações feitas......................................31
4.2.1 Tela Inicial...................................................................................32
4.2.2 Aba ENTRADAS GERAIS.......................................................33
4.2.3 Aba ARQUITETURAS VEICULARES...................................35
4.2.4 Aba RESULTADOS PRINCIPAIS...........................................41
v
4.2.5 Aba QUANTIDADE MÁXIMA DE CAMINHÕES................43
4.3 Cálculos e Modelagens.............................................................................44
4.3.1 Balanço de Massa.........................................................................44
4.3.2 Potência de Tração.......................................................................47
4.3.3 Frenagem Regenerativa................................................................49
4.3.4 Autonomia....................................................................................51
4.3.5 Custo do Combustível..................................................................51
4.3.6 Volume de Biogás Consumido.....................................................55
4.3.7 Volume de Biogás Disponibilizado pela ETE..............................55
4.3.8 Número Máximo de Caminhões Atendidos pelo Biogás.............56
4.3.9 Particularidades Plug-In...............................................................56
4.3.10 Particularidades do veículo MCI com Compactador Plug-In......57
4.4 Análise Financeira........................................................................................59
5. SELEÇÃO DE PARÂMETROS................................................................61
5.1 Ciclo de Direção........................................................................................61
5.1.1 Escolha do Ciclo de Direção.........................................................62
5.1.2 Obtenção dos Principais Dados do Ciclo Resende.......................63
5.2 Número de Compactações........................................................................68
5.2.1 Valor Ideal de Compactações.......................................................68
5.2.2 Valor Real de Compactações .......................................................69
5.3 Dados Complementares de Arquitetura Veicular.....................................69
5.3.1 Características do Veículo Simulado............................................69
5.3.2 Dados de Entrada para Caminhões de Coleta..............................70
5.4 Dados Complementares da Produção de Energia Elétrica em ETE..........76
6. ESTUDO DE CASO.....................................................................................81
6.1 Valor do Combustível Economizado.........................................................81
6.2 Capacidade de Fornecimento de Biogás...................................................86
6.3 Poluição Sonora.........................................................................................87
6.4 Efeitos Ambientais da substituição do MCI Diesel..................................89
7. CONCLUSÕES.............................................................................................90
BIBLIOGRAFIA................................................................................................92
ANEXO I.............................................................................................................96
vi
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 – Diagrama de Ragone ...........................................................................6
Figura 2 – Plataforma para veículos a combustão interna.....................................9
Figura 3 – Diagramas do ciclo Otto......................................................................9
Figura 4 – Diagrama do ciclo Diesel....................................................................10
Figura 5 – Plataforma para veículos elétricos à bateria........................................13
Figura 6 – Diagrama de Ragone para os principais tipos de Bateria....................14
Figura 7 – Plataforma Veicular de Híbridos Elétricos em Série...........................17
Figura 8 – Pontos de operação de um MCI em um veículo convencional e em um
veículo híbrido completo em condições semelhantes ....................................................17
Figura 9 – Funcionamento em CD e em CS do PHEV........................................19
Figura 10 – Plataforma de um veículo elétrico plug-in em série..........................20
Figura 11 – Fluxograma de um sistema de aproveitamento de esgoto.................24
Figura 12 - Poder calorífico inferior em função do percentual de metano...........25
Figura 13 - Taxa de calor para motores recíprocos...............................................28
Figura 14 – Modelo ilustrativo sobre a metodologia de cálculo do PAMVEC....31
Figura 15 – Tela inicial do PAMVEC..................................................................32
Figura 16 – Aba ENTRADAS GERAIS do PAMVEC........................................34
Figura 17 – Tela do PAMVEC para ARQUITETURAS VEICULARES...........36
Figura 18 – Tela da opção MCI............................................................................37
Figura 19 – Tela da opção “Ver Todas”...............................................................39
Figura 20 - Opções acessível na tela “Dados Biogás ETE”.................................40
Figura 21 – Dados acessíveis na aba RESULTADOS GERAIS.........................42
Figura 22 – Tela da aba QUANTIDADE MÁXIMA DE CAMINHÕES...........43
Figura 23 – Ciclos de condução para ensaios de ônibus urbano em São Paulo....63
Figura 24 – Resultado de caminhão de coleta em Ciclo Resende........................64
Figura 25 – Resultado da análise de dados do ciclo Resende após simplificação64
Figura 26 – Análise de sensibilidade de custo da eletricidade por custo biogás..81
Figura 27 - Relação da energia necessária com a arquitetura veicular ................82
Figura 28 – Gráfico do custo normalizado por arquitetura veicular com MCI....84
Figura 29 – Custo normalizado para as outras arquiteturas veiculares.................84
Figura 30 – Consumo diário de biogás por caminhão de cada estrutura..............87
vii
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1 – Sistemas de Propulsão Propostos e Fontes de Energia Avaliadas........8
Tabela 2 – Características dos principais tipos de bateria....................................14
Tabela 3 - Sistemas de Propulsão Propostos e Motivo da Seleção......................25
Tabela 4 – Comparação entre Motor Otto e Microturbina...................................26
Tabela 5 - Dados de custo de capital para equipamentos de geração elétrica que
usam biogás como combustível.......................................................................................26
Tabela 6 - Faixas de potência e eficiências nos quais podem ser encontrados
equipamento de geração elétrica usando biogás ............................................................27
Tabela 7 – Comparação entre MCI e Microturbina de 30kW..............................29
Tabela 8 – Fração de regeneração dos freios........................................................49
Tabela 9 - Parâmetros de ciclos de direção usados internacionalmente..............66
Tabela 10 Dados do Caminhão Usimeca Delta 28..............................................70
Tabela 11 Dados de massa do caminhão simulados após processo de iteração..73
Tabela 12 – Dados específicos dos combustíveis.................................................79
Tabela 13 – Custo por km das arquiteturas veiculares testadas............................82
Tabela 14 – TCE para cada estrutura nova...........................................................85
Tabela 15 – Número máximo de caminhões atendidos........................................87
Tabela 16 –Nível de critério de avaliação NCA para ambientes externos...........88
viii
ÍNDICE DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABLP – Associação Brasileira de Limpeza Pública
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
ABVE - – Associação Brasileira de Veículos Elétricos
ANP – Agência Nacional do Petróleo
CD – Charge-Depleting
CS – Charge-Sustaining
ETE – Estação de Tratamento de Esgoto
HWFET – Highway Fuel Economy Test
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
GNV – Gás Natural Veicular
MCI – Motor de Combustão Interna
NEDC – New European Driving Cycle
NYCC – New York City Cycle
OMS – Organização Mundial da Saúde
PAMVEC – Parametric Analytical Model of Vehicle Energy Comsumption
PCI – Poder Calorífico Inferior
PHEV – Plug-In Hibrid Eletric Vehicle
UDDC – Urban Dynamometer Driving Cycle
US06 – United States Federal Test Procedure 06
ix
ÍNDICE DE SÍMBOLOS
A - área frontal do veículo [m²];
Aut - autonomia do veículo [km];
Cbiogás - custo total do biogás [R$/MWh];
Ccap nivelado - custo do capital nivelado pelo CRF [R$/kW];
Ccomb - custo do combustível [R$/MWh].
Cd - coeficiente de arrasto aerodinâmico;
Cdistribuição - tarifa de distribuição [R$/MWh].
Cgeração - custo de produção do biogás [R$/MWh];
CO&M - custo de manutenção e operação [R$/kW];
Crr - coeficiente de atrito dinâmico com o solo;
CC - consumo de combustível [Wh/km];
Dbat - distância percorrida pelo veículo quando ele está funcionamento como um
veículo elétrico [km];
Dcomb - distância percorrida pelo veículo funcionando como um veículo híbrido em série
[km];
Delétrico - distância percorrida pelo veículo funcionando como um veículo elétrico à
bateria [km].
Dshev - distância percorrida pelo veículo quando ele está funcionamento como um
veículo híbrido em série [km];
DE - densidade de energia [Wh/L];
DEBiogás - densidade energética do biogás [Wh/m³];
EAC - energia consumida pelo compactador que será atendida pelo combustível a partir
do término da energia disponível na bateria [Wh];
Ebat - energia total consumida pelo veículo quando ele está funcionamento como um
veículo elétrico [Wh];
Ebc - energia armazenada na bateria usada no compactador [Wh];
ECB - quantidade de energia que a bateria tem disponível para ser usada somente no
compactador [Wh].
Ecomb - energia armazenada no combustível [Wh];
Ekm - energia total consumida por km [Wh/km];
ETTPlugIn - energia total consumida por um veículo Plug-In durante o ciclo [Wh];
x
Eshev - energia total consumida pelo veículo quando ele está funcionamento como um
veículo híbrido em série [Wh];
EEbat - energia específica da bateria [Wh/kg];
EEbc - energia específica da bateria usada no compactador [Wh/kg];
EEcomb - energia específica do combustível [Wh/kg];
Enbat - energia armazenada no conjunto de baterias do veículo [Wh];
Entanque - energia armazenada no tanque de combustível do veículo [Wh];
g - aceleração da gravidade [m/s²];
K - fração do biogás produzido que será disponibilizado pela ETE para servir de
combustível nos veículos de coleta;
kestrut - fator de massa, que corresponde a um reforço estrutural para suportar a carga
adicional da estrutura do sistema de propulsão;
km - fator de inércia do veículo;
kr - fração de regeneração da frenagem;
mbat - massa do conjunto de baterias [kg];
mbc - massa da bateria usada exclusivamente para o compactador [kg].
mcarga - massa da carga total transportada (pessoas, bagagens, etc) [kg];
mcarroceria - massa da carroceria do veículo [kg];
mcomb - massa do combustível [kg];
melétrico - massa do motor elétrico [kg];
mmci - massa do motor de combustão interna [kg];
mmec - massa do motor elétrico usado exclusivamente para o compactador [kg];
mprop - massa do sistema de propulsão [kg];
mtotal - massa total do veículo [kg];
mtrans - massa do sistema de transmissão [kg];
Paero - potência consumida devido à força de arrasto aerodinâmico [W];
Patrito - potência dissipada através do atrito dinâmico do pneu com o solo [W];
Pcin - potência devido à variação de energia cinética do veículo [W];
Pcomp - potência real do compactador [kW];
Pelétrico - potência do motor elétrico [W];
Pinércia - potência de inércia do veículo [W];
Ppot - potência devido à variação de energia potencial [W];
Pmci - potência do motor de combustão interna [W];
Pmec - potência do motor elétrico usado somente no compactador [W];
xi
Pmed - energia total consumida pelo compactador dividida pelo tempo total de ciclo
[kW];
Ptrans - potência do sistema de transmissão [W];
Pt - potência de tração [W];
PEmci - potência específica do motor de combustão interna [W/kg];
PEtrans - potência específica do sistema de transmissão [W/kg];
PEelétrico - potência específica do motor elétrico [W/kg];
PEmec- - específica do motor elétrico usado no compactador [W/kg];
Qc - quantidade máxima de caminhões que podem utilizar o biogás da ETE;
tciclo - tempo total do ciclo [h];
T - número de horas por dia que a ETE produz biogás [h];
TD - taxa de débito;
TE - taxa de capital próprio;
TT - taxa de tributos;
V - velocidade instantânea do veículo [m/s];
Vcub med - velocidade cúbica média [m/s];
Vg - volume de biogás consumido por caminhão por dia [m³];
Vmed - velocidade média [m/s];
vu - vida útil [anos];
WACC- custo médio ponderado do capital;
Z - gradabilidade em relação a um ponto referencial [m];
η - rendimento de 1ª lei do motor Otto que faz a conversão de biogás em energia
elétrica;
ρ - densidade do ar .
xii
RESUMO
Este trabalho objetiva estudar a viabilidade de mudança de combustível e do
sistema de propulsão em caminhões de coleta de lixo doméstico. O diesel de origem
mineral, combustível tradicionalmente usado neste tipo de veículo, foi substituído, total
ou parcialmente, por biogás e eletricidade. Adicionalmente, foram simuladas novas
arquiteturas veiculares para o sistema propulsor: veículo elétrico à bateria, híbrido
elétrico em série, plug-in em série e veículos com motor de combustão interna,
utilizando um compactador plug-in.
A utilização da energia elétrica visa, sobretudo, à diminuição do ruído do
caminhão, principalmente no compactador, enquanto o uso do biogás foi proposto com
o objetivo de utilizar energia gerada a partir de resíduos.
O biogás disponibilizado para essa substituição seria gerado por uma Estação de
Tratamento de Esgoto (ETE). Calculou-se a relação entre o número de caminhões que
podem ser alterados e a percentagem de biogás disponibilizada, levando em conta as
particularidades de cada estrutura veicular estudada.
Para analisar o desempenho do veículo, utilizou-se a ferramenta PAMVEC
(Parametric Analytical Model of Vehicle Energy Consumption), que permite gerar
indicadores energéticos, como consumo de energia e combustível, a partir de
características do ciclo de direção e das propriedades dos componentes veiculares.
Para análise de viabilidade, foram usados critérios financeiros e ambientais.
Avaliaram-se o consumo de combustível e o custo das alterações feitas na ETE para
gerar energia elétrica a partir do biogás. Já para os critérios ambientais, foram levadas
em consideração a diminuição de emissão de gases poluentes e a redução do ruído
causado pelo caminhão de coleta.
xiii
ABSTRACT
This work aims to study the feasibility of changing fuel and propulsion system
(powertrain) for garbage trucks. The mineral diesel fuel is generally used in this type of
vehicle. It was partially or fully replaced by biogas and electricity. Furthermore, new
architectures were proposed for the powertrain components. The options selected to be
simulated include: electric vehicle battery, series hybrid electric, series plug-in and
vehicles with internal combustion engine using a plug-in compactor.
The electric-driven compactor is mainly intended to decrease the noise of the
truck, especially in the compactor, while the use of biogas has been proposed to convert
waste to electric power.
The biogas generated would derive from a Waste Water Treatment Plant (ETE).
The number of trucks to be altered and the percentage of biogas released was calculated.
In this case, the particularities of each powertrain were considered.
To analyze the performance of the vehicle, the tool PAMVEC (Parametric
Analytical Model of Vehicle Energy Consumption) was used. It allows the estimation of
energy indicators based on the driving cycle and the properties of the vehicles´
components.
Financial and environmental criteria were used for the feasibility analyses. The
fuel consumption and the cost of changes in ETE to generate electricity from biogas
were evaluated. While for the environmental criteria, the reduction of greenhouse gas
emissions and noise reduction were accounted for.
1
Capítulo 1 - INTRODUÇÃO
Em 2010, o Brasil produziu 60,8 milhões de toneladas de resíduos sólidos
urbanos. Em média, cada brasileiro gerou 1,04 kg de lixo doméstico por dia. Esse valor
tem aumentado com o passar dos anos, suscitando também a necessidade de maior
capacidade de coleta desses resíduos. [1]
Segundo o IBGE [2], nesse mesmo ano, foram coletados 97,8% do lixo doméstico
urbano no Brasil. Boa parte da coleta desses resíduos é feita através de caminhões de
coleta com compactador de lixo. Esses veículos são importantes, pois têm maior
capacidade de transporte, devido à diminuição de volume do lixo.
Dois grandes problemas associados a esse tipo de transporte são o elevado índice
de ruído e o elevado consumo de combustível, especificamente diesel. O primeiro
prejudica em especial os coletores de lixo, podendo gerar, inclusive, danos mais graves
a essas pessoas, como perda parcial da audição. Também representa uma poluição
sonora relevante em metrópoles brasileiras. Já o gasto com diesel é elevado, o que causa
emissões significativas de gases poluentes e maior dependência de derivados de
petróleo. [3]
O presente trabalho tem como objetivo atenuar os dois problemas citados acima,
através de um estudo de viabilidade de mudanças no sistema de propulsão desses
caminhões, mantendo-se inalteradas outras variáveis, tais como a massa de resíduo
transportado e a potência de compactação. Propõe-se também a analisar a possibilidade
de substituição, total ou parcial, do diesel pela eletricidade (adquirida da rede ou gerada
em geradores a biogás) ou por biogás.
Assim, serão comparadas:
1. Diversas configurações veiculares: motor de combustão interna, híbrido ou
elétrico;
2. Fontes de energia: diesel, biogás e energia elétrica.
Em relação a esses sistemas de propulsão, pode-se destacar: a tecnologia para um
caminhão de coleta ter seu sistema de propulsão híbrido Plug-In (veículo que possui
motor de combustão interna, motor elétrico e bateria) está disponível no mercado
europeu desde 2003 e pesquisas desenvolvidas aumentam sua autonomia e
versatilidade. [4] Assim, esse projeto encontra-se fundamentado em tecnologias
desenvolvidas ou em desenvolvimento que apresentam grande potencial.
2
Os estudos sobre aproveitamento energético de biogás normalmente enfatizam seu
uso para geração de eletricidade [5,6,7], ainda que alguns estudos também avaliem seu
uso veicular [8]. No caso de veículos plug-in ou elétricos, normalmente os estudos
enfatizam a análise de veículos leves [9,10,11]. Alguns poucos estudos avaliam o uso de
motor elétrico em ônibus [12]. Mas, não foram encontrados na literatura científica
estudos relacionados ao uso de energia elétrica e ao aproveitamento do biogás em
caminhões de lixo – portanto, estudos que relacionem as três áreas de interesse deste
trabalho (biogás, motor elétrico e caminhões de lixo).
Para vincular esses itens, o primeiro capítulo apresenta uma breve introdução e
mostra a metodologia aplicada para simular o desempenho de um caminhão de lixo com
diversas configurações.
No capítulo 2, o sistema de propulsão tradicional, motor Diesel, é comparado com
outros sistemas de propulsão alternativos.
Já no capítulo 3, o funcionamento de uma Estação de Tratamento de Esgoto
(ETE) é descrito até a geração do biogás.
O PAMVEC, programa que foi utilizado no estudo de viabilidade, é apresentado
em detalhes no capítulo 4, assim como as alterações que foram realizadas para facilitar e
expandir o uso dessa ferramenta. Deve-se ressaltar que o programa original foi alterado
de maneira significativa de modo a atender os requisitos de análise desse trabalho.
O capítulo 5 apresenta as características de um caminhão de coleta: ciclo de
direção, número de compactações, potência média do compactador, distância
percorrida, tempo de cada ciclo, entre outros fatores. Nesse capítulo é feita a escolha de
um ciclo de direção urbano, tipo “anda-pára”, detalhando suas características. Ainda
nesse capítulo, dados do biogás usado na geração de energia são detalhados,
completando as informações necessárias.
Finalmente, as simulações são feitas para a cidade do Rio de Janeiro no capítulo 6,
seguidas de suas análises. Finalmente as conclusões são descritas no capítulo 7.
3
1.1 METODOLOGIA
A análise de desempenho e custos para o caminhão de coleta foi realizada
utilizando a ferramenta PAMVEC (Parametric Analytical Model of Vehicle Energy
Consumption). O PAMVEC é uma ferramenta desenvolvida na plataforma Excel, em
ambiente Windows, que permite ao usuário comparar várias combinações de sistema de
propulsão veicular, combustíveis e arquiteturas veiculares. Essa programação foi
desenvolvida em 2005 por Andrew Simpson em sua tese de doutorado para estudo de
veículos leves. [13]
Por ser desenvolvida em ambiente de planilha eletrônica, essa ferramenta pode ser
facilmente editada, incluindo ou alterando algumas funções, sendo cada relação de fácil
rastreamento. O funcionamento básico consiste em variáveis de entradas (inputs) e de
saída (outputs). As entradas derivam de dados que muitas vezes são encontrados na
literatura ou podem ser fornecidos pelas montadoras.
Simpson propôs o estudo dos seguintes sistemas de propulsão: motor de
combustão interna, veículo híbrido em série, híbrido em paralelo, célula a combustível¹
e veículo elétrico. Para essas, pode ser calculada a potência necessária para o
acionamento do veículo, em função da massa total veicular, autonomia, acessórios,
eficiências dos sistemas de transmissão, do motor, e também em função do ciclo de
direção ao qual o veículo será submetido.
Além da potência, o programa permite obter dados sobre o consumo de
combustível, dimensionamento do tanque de combustível ou do banco de baterias. Os
cálculos relacionados a essas saídas se encontram no capítulo 3 do presente trabalho.
Como o PAMVEC original focava em veículos leves, houve a necessidade de este
estudo propor novos sistemas de propulsão para o presente trabalho, que é focado em
caminhões de coleta. Assim, a ferramenta recebeu novas arquiteturas veiculares que
são:
Veículo plug-in em série, com todo o caminhão (incluindo o compactador)
utilizando uma bateria pré-carregada na rede e um sistema elétrico híbrido.
Maiores detalhes dessa arquitetura estão disponíveis no capítulo 2;
___________________________________________________________________________
¹ Utiliza-se também o termo “pilha a combustível” em língua portuguesa.
4
Veículo com motor de combustão interna sendo utilizado para todo o
caminhão com exceção do compactador. Enquanto a bateria estiver em um
nível adequado para o funcionamento, o compactador utilizará
exclusivamente a energia nela armazenada. Quando sair desse nível, irá
consumir a energia do combustível, assim como nos caminhões de coleta
tradicionais. Essa configuração é exclusiva para caminhões de coleta de
lixo e pode ser vista em detalhes no capítulo 2.
Foi feita outra alteração, essa com o objetivo de simplificar ainda mais a interface
do PAMVEC. Através de um desenvolvimento na linguagem de programação própria
do software Excel, o Visual Basic, foi possível atribuir macros e botões “ComboBox”
nas planilhas. Tal mudança permite que o usuário trabalhe apenas nas planilhas de
“Entrada” e na planilha da configuração veicular desejada. Há também a possibilidade
de comparação instantânea entre os diferentes tipos de combustível.
As entradas, as saídas e as alterações de cada aba serão detalhadas no capítulo 4
do presente trabalho.
5
Capítulo 2 - SISTEMAS DE PROPULSÃO
Sistema de propulsão é uma tradução do termo em inglês “powertrain” que
abrange todo o conjunto de órgãos que desenvolvem e transmitem a força motriz, desde
o motor até chegar às rodas do veículo. [14]
Esse capítulo mostra os sistemas que foram selecionados para o estudo de caso do
caminhão de coleta, assim como suas características, seguindo os critérios descritos
nesse capítulo.
2.1 Conceitos Importantes para a Seleção
Para obter maior clareza no desenvolvimento do trabalho, alguns conceitos
básicos serão explicados. Os termos citados têm influência direta na escolha de sistemas
de propulsão específicos.
2.1.1 Sistema de Frenagem Regenerativa
No sistema convencional de frenagem, a energia cinética do veículo é dissipada
por atrito entre a pastilha de freio e o disco. Com o objetivo de aproveitar parte dessa
energia, utiliza-se o sistema regenerativo de freio nos veículos que possuem motor
elétrico.
Nesse sistema, quando o pedal de freio é acionado, o motor elétrico oferece
resistência ao sistema de transmissão, funcionando como um gerador. Assim, a energia
cinética do veículo é convertida em energia elétrica, que é armazenada no banco de
baterias.
2.1.2 Análise dos Dispositivos de Armazenagem
Para seleção de dispositivos de armazenagem de energia, é importante analisar
duas propriedades desses. São elas:
Densidade de Energia
É a energia armazenada por unidade de peso de um dado acumulador de
energia [15]
Densidade de Potência
É a potência requerida por unidade de peso em um dado acumulador de
energia [15].
6
A figura 1 apresenta o diagrama de Ragone. Esse gráfico relaciona densidade de
energia com densidade de potência de alguns dos principais acumuladores de energia.
Figura 1 – Diagrama de Ragone [16]
De acordo com o Diagrama de Ragone da figura 1, os capacitores convencionais
apresentam maior densidade de potência, sendo mais rápidos para transferir energia,
porém não acumulam energia suficiente, em termos de massa e volume, para minimizar
o impacto das variações bruscas de potência de um veículo. [15]
Para o presente trabalho, foi selecionado um banco de baterias como acumulador
principal para veículos elétricos por apresentar uma relação adequada de densidade de
potência e densidade de energia, além de ser uma tecnologia mais desenvolvida e mais
barata em relação às Células a Combustível (CaC). [9]
2.2 Arquiteturas selecionadas para serem simuladas
Para propor mudanças, deve-se analisar inicialmente a estrutura original. Por isso,
a primeira composição a ser estudada será o caminhão com motor de combustão interna
(Ciclo Diesel) tendo diesel como combustível e sem nenhum método de regeneração na
frenagem.
7
Considerando-se o uso de energia obtida através de resíduos, será testada também,
essa estrutura de veículo, mas com outro combustível, o biogás, que será gerado a partir
de Estações de Tratamento de Esgoto.
Depois, visou-se diminuir a poluição do ar e a sonora, o que é muito relevante já
que as coletas são feitas, em sua maioria, no período da noite. Além disso, foi avaliada
uma solução para reaproveitar a energia na frenagem, que é dissipada em veículos com
motor de combustão interna (MCI). Para isso, foi proposto um veículo totalmente
elétrico. O tipo de acumulador energético principal escolhido foi a bateria, como foi
discutido no item anterior.
Para os veículos puramente elétricos ou aqueles que usem a energia elétrica como
uma de suas fontes, essa poderia ser produzida na própria ETE ou comprada na rede.
Esses veículos apresentam maior aproveitamento da energia, devido ao maior
rendimento do motor elétrico THOMAS[8].
Além disso, veículos puramente elétricos ou que demandam eletricidade como
uma de duas fontes são importantes tecnologias do ponto de vista do consumo de
energia. Suas baterias podem ser recarregadas na rede elétrica, utilizando energia fora
do pico, aproveitando melhor a energia elétrica disponível, que é subutilizada durante
parte do dia. Pode-se também diminuir a dependência por derivados de petróleo.
Por se tratar de um veículo de grande peso, fez-se necessário propor ainda formas
de aproveitar a energia elétrica sem deixar de utilizar o diesel ou o próprio biogás.
Assim, foram selecionados veículos híbridos e plug-in (as características específicas de
cada um serão detalhadas no próximo item desse capítulo.)
Para tal seleção, porém, foi necessário definir entre híbridos (ou plug-in) em série
ou em paralelo. Por se tratar de veículos de grande porte submetidos a ciclo tipicamente
urbano, foi selecionado o tipo “em série”, pois esse possui rendimento maior nessas
condições, quando comparado com os veículos “em paralelo”. [9]
Essas arquiteturas veiculares também atenuam uma grande desvantagem
apresentada pelos veículos puramente elétricos, que é o deficiente armazenamento
eletroquímico de energia. Quando comparadas a combustíveis convencionais, suas
baterias apresentam baixa energia específica em termos de volume e massa e baixa taxa
de reabastecimento por recarga, pois a bateria consome bastante tempo para completar a
sua recarga e voltar a ser utilizada. [9] Já os plug-in apresentam tanto esse
armazenamento eletroquímico quanto podem usar combustíveis convencionais,
enquanto o híbrido já não tem essa bateria.
8
Por fim, foi proposta uma mudança simples em relação à composição original.
Trata-se de utilizar o motor Diesel normal do caminhão, tendo como combustível o
próprio diesel ou o biogás, enquanto o compactador seria alimentado por um motor
elétrico funcionando de forma plug-in, ou seja, o motor elétrico poderia ser alimentado
por uma bateria ou pelo motor de combustão interna do caminhão. Essa composição
economizaria uma quantidade de diesel que seria gasta no compactador, além de o ruído
ser diminuído, pois agora o compactador passaria a ser elétrico.
A tabela 1 mostra todos os sistemas de propulsão simulados nesse trabalho, assim
como suas fontes de energia. A descrição detalhada de cada sistema de propulsão será
feita no item seguinte.
Tabela 1 – Sistemas de Propulsão Propostos e Fontes de Energia Avaliadas
Sistema de Propulsão Fonte de Energia
Motor de Combustão Interna Diesel ou Biogás
Veículo Elétrico à Bateria Energia elétrica da Rede ou Energia
elétrica gerada por Biogás
Híbrido Elétrico em Série Diesel ou Biogás
Plug-in em Série
Diesel ou Biogás (Motor de Combustão),
Energia Elétrica da Rede ou do Biogás
(Motor Elétrico)
Motor de Combustão Interna, utilizando
um compactador Plug-in
Diesel ou Biogás (Motor de Combustão),
Energia Elétrica da Rede ou do Biogás
(Motor Elétrico exclusivo para o
Compactador)
2.3 Descrição das arquiteturas veiculares selecionadas
Esse item tem como finalidade fornecer a descrição detalhada de cada um dos
sistemas de propulsão selecionados. São eles: motor de combustão interna, veículo
elétrico à bateria, híbrido elétrico em série, plug-in em série e veículos com motor de
combustão interna, utilizando um compactador plug-in.
9
2.3.1 Veículo com Motor de Combustão Interna
O automóvel com motor de combustão interna (MCI) é composto basicamente de
um tanque de combustível, um motor de combustão interna e um sistema de transmissão
responsável por acionar as rodas do veículo.
Figura 2 – Plataforma para veículos a combustão interna [17]
Representa o mais tradicional sistema de propulsão. Os principais tipos de MCI
são:
2.3.1.1 Motor Otto
O ciclo Otto Ideal consiste em quatro etapas que podem ser observadas na figura
3. São elas: [18]
AB – Compressão adiabática;
BC – Grande elevação da pressão a volume constante (expansão isocórica);
CD – Expansão adiabática;
DA – Grande diminuição de pressão a volume constante (compressão isocórica).
Figura 3 – Diagramas do ciclo Otto (a) Teórico (b) Real [19]
Os motores Otto possuem as seguintes características: [18]
10
i) A admissão de combustível é feita por injeção ou carburação;
ii) Apresentam mistura ar-combustível dentro do pistão;
iii) Em geral, apresentam ignição por centelha;
iv) Taxa de compressão de 6 a 9 para gasolina e de 9 a 14 para álcool;
v) Há desperdício de combustíveis na lavagem dos anéis;
vi) Utilizam combustíveis com volatilidade adequada, como gasolina,
álcool e GNV.
Deve-se destacar também que a taxa de compressão é característica do motor e
não do combustível. Porém, existe uma relação entre a taxa de compressão obtida pelo
motor e a capacidade de o combustível resistir ao aumento de pressão sem entrar em
combustão, que é medida pela sua octanagem. Tendo-se um veículo bicombustível, seu
motor será projetado para uma relação de compressão que possa atender ambos, sem
grandes perdas de eficiência.
2.3.1.2 Motor Diesel
O ciclo Diesel Ideal é composto pelas seguintes etapas, como pode ser visto na
figura 4.a:
AB – compressão adiabática do ar puro aspirado antes;
BC – combustão em pressão constante (isobárica);
CD – expansão adiabática;
DA – grande queda de pressão (isocórica).
Figura 4 – Diagrama do ciclo Diesel (a) Teórico (b) Real [18]
Os motores Diesel possuem as seguintes características: [19]
i) Admissão de combustível por injeção;
11
ii) Alteração de rotação é feita pela entrada de combustível;
iii) Ignição por compressão;
iv) Taxa de compressão entre 14 e 22;
v) Utilizam, em geral, combustíveis destilados médios como o diesel;
vi) Podem ser de 2 ou 4 tempos.
A eficiência do motor está muito atrelada à razão de compressão. Os motores
Diesel podem operar em uma relação de compressão maior do que um motor Otto,
porque, em um motor de ignição por centelha, comprime-se a mistura ar-combustível, e
a detonação antecipada se torna um grande problema se for usada elevada razão de
compressão. [19] Assim, em geral, o motor Diesel terá um rendimento maior,
trabalhando em condições semelhantes de temperatura e pressão máximas.
Além disso, o rendimento do MCI varia de acordo com o tamanho e peso do
veículo e com o tipo de utilização desse, representado por seu ciclo de direção. A
eficiência encontrada no presente trabalho tende a ser mais baixa do que motores
funcionando em rotação constante, por se tratar de um veículo muito pesado com grande
número de paradas e fortes acelerações [9].
MCI é o tipo mais utilizado tanto para automóveis leves, geralmente ciclo Otto,
enquanto para veículos de grande porte, como caminhões e ônibus, sendo, em sua
grande maioria ciclo Diesel.
Veículos pesados podem ser convertidos para usar apenas gás natural, mas, em
muitos casos, motores duais são preferidos. Um motor Dual usa um sistema de injeção
de diesel e o gás sofre ignição por injeção de pequenas quantidades de diesel. Esses
motores requerem menos mudanças, além de manter a dirigibilidade do veículo a diesel.
Porém, a emissão de gases poluentes não é tão menor quanto a do veículo movido a
metano e a tecnologia do motor deve envolver ignição por centelha e motor diesel. [6]
Várias pesquisas atualmente têm por finalidade viabilizar o uso de álcool e GNV
em motor a ciclo Diesel. Por esses serem menos poluentes, seriam alternativas de
complementos ou até mesmo de substitutos ao diesel. Alguns desafios dessa alteração
são: [20]
Aumento da corrosão, devido à presença de cloretos, acetatos e água do
etanol. A solução são redutores, aumentando os custos;
Baixa cetanagem (entre 5 e 15 para álcool), o que provoca grandes atrasos
na ignição desse tipo de motor. A solução são aditivos promovedores de
12
cetano e lubrificantes. Os aditivos, porém, podem produzir óxidos de
nitrogênio e hidrocarbonetos carcinogênicos.
Para caminhões de coleta típicos, tem-se comumente um veículo que usa diesel
como combustível, que é responsável por alimentar também o compactador que, por sua
vez, é acionado várias vezes durante o ciclo e é responsável por consumir uma parcela
da energia.
Um estudo importante sobre tipos de acumuladores para caminhões de coleta a
diesel foi realizado por CHAVES [15]. As conclusões desse estudo são:
a) O acumulador de energia mais viável na relação custo x benefício para essa
configuração é um acumulador hidráulico, a pistão, sendo utilizado em
frenagem regenerativa;
b) A eficiência desse aproveitamento está em torno de 70% da energia da
frenagem;
c) A adição desse acumulador acarreta em redução de até 17% do consumo de
diesel;
d) Houve aumento do ruído, porém.
Essas conclusões são importantes para o presente estudo, pois possibilitam a
comparação dos resultados aqui apresentados com o resultado de uma outra alternativa
de economia de energia. O ciclo de condução escolhido no presente trabalho é o mesmo
em que o caminhão diesel/hidráulico foi testado, e os caminhões são semelhantes, sendo
assim, a comparação do ponto de vista energético pode ser feita sem grandes problemas.
É importante ressaltar que um dos objetivos desse trabalho é diminuir a poluição
sonora, sendo assim, o aumento do ruído no caso acima é um resultado
consideravelmente negativo, o que mostra que essa configuração não é a mais adequada
para solucionar esse problema.
13
2.3.2 Veículo elétrico à bateria
Os veículos elétricos à bateria tem como fonte de energia elétrica a bateria, que
por sua vez, é recarregada quando conectada à rede elétrica.
Na figura 5, é apresentado um esquema simplificado da plataforma veicular de um
veículo elétrico à bateria.
Figura 5 – Plataforma para veículos elétricos à bateria [13]
Conectado ao banco de baterias através de um conversor eletrônico de potência,
existe um motor elétrico que também pode atuar como gerador. Sendo assim, em
situação de desaceleração, parte da energia que seria dissipada nos freios convencionais
em forma de calor, pode ser aproveitada para recarregar o banco de baterias e, com isso,
aumentar um pouco sua autonomia.
O desenvolvimento tecnológico das baterias permite que o veículo elétrico tenha
um baixo custo por quilômetro rodado, o que pode ser comprovado no estudo de casos
do presente trabalho. Porém, a autonomia da bateria é bastante reduzida quando
comparada a do veículo utilizando um motor de combustão interna. Como exemplo,
tem-se o Fiat Palio Weekend Elétrico que apresenta uma autonomia de 120 km,
enquanto a autonomia do Fiat Palio Weekend 1.4 Flex ICV é de 450 km. [14]
Assim, o principal desafio para a tecnologia atual se encontra na fabricação das
baterias com energia específica suficiente para equiparar sua autonomia com a dos MCI.
O tipo de bateria influencia muito no funcionamento do veículo elétrico. Por isso,
mo próximo item desse capítulo serão discutidos os tipos de baterias mais utilizados e
algumas de suas características.
14
2.3.2.1 Seleção do tipo de bateria
A seleção do tipo de bateria é um dos fatores mais importantes para definição da
vida útil, densidade de energia e de potência, além da autonomia do veículo elétrico. O
Diagrama da figura 6 apresenta a potência específica e a energia específica de alguns
tipos de bateria, e compara esses parâmetros com os de um supercapacitor, que é outro
tipo de acumulador de energia. A tabela 2 mostra um resumo dos principais tipos de
bateria, comparando tópicos importantes.
Figura 6 – Diagrama de Ragone para os principais tipos de Bateria [16]
Tabela 2 – Características dos principais tipos de bateria
Pb Ni-Cd Ni - Mh Li – Ion
Custo Baixo Médio Alto Muito Alto
Energia Específica (Wh/kg) 30-50 50-80 40-100 160
Corrente de Carga Baixa Muito Baixa Moderada Alta
Número de Ciclos 200-500 1000 1000 1200
Autodescarga por mês (% total) Baixa
(5%)
Moderada
(20%)
Alta
(30%)
Baixa
(10%)
Tempo Mínimo de Recarga (h) 8-16 1-1,5 2-4 2-4
Fonte: BORBA [9]
15
As vantagens e desvantagens de cada bateria são:
a) Baterias de chumbo-ácidas (Pb)
Essas baterias são as mais difundidas, por serem mais baratas e de fácil
manutenção. Porém, apresentam menor energia específica e potência específica e são
muito poluentes, além de permitir menor autonomia para o veículo. Assim, não são
soluções muito recomendadas para um veículo elétrico.
b) Baterias de Níquel-Cádmio (Ni-Cd)
As baterias Ni-Cd apresentam energia e potência específicas superiores às das
baterias de chumbo-ácidas, além de a vida útil ser mais elevada. Porém, não são ainda
tão satisfatórias para serem usadas em um veículo elétrico. [9]
Outra desvantagem se deve ao fato de o Cádmio ser uma substância
potencialmente cancerígena. Assim, a aplicação dessa bateria para alimentação de
veículos não é atrativa.
c) Baterias de Hidreto Metálico de Níquel (Ni-Mh)
Para atenuar os problemas da bateria Ni-Cd, o Cádmio foi substituído por uma
liga metálica com hidrogênio. Assim, obteve-se uma bateria com densidades de
potência e energia superiores à anterior, além de ter uma vida útil muito próxima, em
torno de 1000 ciclos.
Esse tipo de bateria tem sido muito utilizado em veículos elétricos por
apresentarem melhores características além de ser uma tecnologia mais desenvolvida.
[9]
Sua grande desvantagem é o preço. O custo de aquisição desse tipo de bateria é da
ordem do dobro do preço da bateria Ni-Cd. [9]
d) Baterias de Íon de Lítio (Li-Ion)
Esse tipo de bateria apresenta maiores densidade de potência, de energia e vida
útil do que todos os tipos de bateria citados anteriormente. É considerado o tipo de
bateria mais promissor por apresentar, além das características já citadas, uma baixa
taxa de auto-descarga, que é a quantidade de carga perdida pela bateria quando esta não
está sendo usada, e ausência do efeito de memória, no qual a bateria perde capacidade
16
ao ser recarregada. Além disso, seus custos de fabricação tendem a se reduzir devido à
produção em massa e ao desenvolvimento de materiais nano-estruturados
(THOMAS[8], BORBA[9]).
Como desvantagens, as baterias Li-Ion necessitam de um sistema de carga
preciso, devido à sua reduzida tolerância a picos de potência, e são ainda relativamente
caras.
Para o estudo de caso, foram selecionadas as baterias de Li-Ion por serem as
consideradas com maior potencial de desenvolvimento. [9]
2.3.3 Veículo Híbrido em Série (Combustível e Bateria)
Algumas possíveis soluções foram apresentadas para resolver a baixa autonomia
dos veículos elétricos à bateria, aproveitando ainda a energia dissipada nas
desacelerações através da frenagem regenerativa.
Veículos híbridos, por definição, são aqueles que possuem mais de um motor de
propulsão. Para o presente trabalho, foi selecionado o híbrido mais comum que
apresenta motor de combustão interna e motor elétrico.
Híbridos em série possuem baixa eficiência em altas rotações, sendo
recomendados para veículos de grande porte e não sujeitos a velocidades elevadas. [9]
Essa configuração é ideal para ciclos urbanos devido ao uso da parte elétrica em
conduções de cidade, enquanto seria necessário o uso da cadeia completa em viagens
mais longas, acarretando maiores perdas na transmissão.
Os veículos elétricos híbridos em série apresentam um tanque, que alimenta com
combustível um motor de combustão interna tradicional, mas de menor porte. A energia
mecânica gerada por esse vai para um gerador, onde se transforma em energia elétrica,
essa energia elétrica segue para um motor elétrico onde, novamente, é convertida em
energia mecânica, podendo assim, ser transmitida para as rodas.
Assim como os veículos elétricos à bateria, nas frenagens, o motor elétrico serve
como conversor, armazenado a energia, que antes era perdida, na bateria.
Na figura 7, pode ser visto um esquema simplificado da plataforma veicular para
híbridos elétricos em série.
17
Figura 7 – Plataforma Veicular de Híbridos Elétricos em Série [13]
O grande diferencial da estrutura híbrida é que o motor elétrico pode funcionar
com alto rendimento a baixas rotações, substituindo, com vantagem, o motor de
combustão interna na região em que este apresenta baixo rendimento energético. Assim,
o MCI pode atuar na região ótima, diminuindo o consumo específico e aumentando a
autonomia do veículo. [9]
A figura 8 tem a função de ilustrar esse funcionamento. À esquerda, tem-se a
região de operação do MCI, submetido a um ciclo de condução tipicamente urbano para
um veículo convencional enquanto à direita, tem-se a região de operação do MCI de um
veículo híbrido completo sendo utilizado em situação semelhante ao primeiro.
Figura 8 – Pontos de operação de um MCI em um veículo convencional e em um
veículo híbrido completo em condições semelhantes [21]
18
Assim, pode-se perceber que no veículo híbrido o MCI operou muito mais tempo
com o torque mais elevado, numa condição de maior eficiência, enquanto o motor de
combustão interna do automóvel convencional funcionou a maior parte do tempo em
uma zona de baixo rendimento.
Para um veículo híbrido em série completo, pode-se obter uma economia de
energia de 30 a 40% em ciclos urbanos, sendo o seu custo de aquisição 30 a 40% maior
que os veículos convencionais. [9]
2.3.4 Veículo Plug-In em Série
Outra opção para aumentar a autonomia e manter a economia de energia através
da frenagem regenerativa é o veículo plug-in em série.
Esse veículo apresenta modos de funcionamento diferenciados dependendo do
nível de bateria e objetivos do usuário, como maior eficiência ou menor custo. Os
principais modos são os seguintes [21]:
Modo de Sustentação de Carga (Charge-Sustaining mode – CS)
Nessa configuração, o estado de bateria é controlado para permanecer dentro
de uma faixa de funcionamento. Essa faixa depende do tipo de bateria e de
configurações do próprio automóvel, tendo como valores possíveis o intervalo
de 30 a 45%. Nele, o estado de carga da bateria não se altera significativamente
com o tempo, sendo o MCI o principal alimentador do veículo. Geralmente,
mantém-se o nível de bateria no mínimo para evitar danos e redução de número
de ciclos de recarga dela.
Modo de Depleção de Carga (Charge-Depleting mode – CD)
Nessa forma, o estado de bateria é controlado para diminuir durante o
funcionamento do veículo. Nesse modo, a bateria é a principal fonte de
energia. O estado da carga do banco de bateria oscila, chegando até
determinado limite inferior. Nesse instante, o banco de baterias precisa do
auxílio do motor de combustão interna para atender às solicitações do
condutor. Nesse modo, o desgaste da bateria é consideravelmente maior,
podendo diminuir a vida útil da bateria.
19
Modo Veículo Elétrico
Funcionando dessa forma, o Plug-In Série opera como um veículo puramente
elétrico, sendo alimentado exclusivamente pela bateria e tendo a conversão de
combustível impedida.
Modo Motor de Combustão Interna
Nesse modo, o Plug-In Série opera como um veículo convencional MCI. O
sistema de tração elétrica não fornece potência para o funcionamento do
veículo.
A figura 9 ilustra a diferença entre os modos CD e CS de funcionamento de um
veículo plug-in.
Figura 9 – Funcionamento em CD e em CS do Plug-In Série [21]
Enquanto no modo CD, a bateria é controlada para perder carga com o
deslocamento, no modo CS, a bateria é controlada para se manter em um determinado
nível.
Fazendo uso de uma combinação dos quatro modos de gerenciamento de energia,
pode-se obter um funcionamento ideal para cada finalidade, destacando as seguintes
combinações:
20
Veículo Híbrido Elétrico Plug-In (PHEV) Extensor de Autonomia
Sua principal função é diminuir o gasto energético. Para isso, utiliza
basicamente o modo de Veículo Elétrico e depois muda para o Modo de
Sustentação de Carga, quando a carga da bateria fica reduzida.
PHEV Zona Verde
Sua função é diminuir as emissões em determinadas regiões. Para isso, opera
no Modo de Sustentação de Carga, mas pode ser controlado pelo usuário para
funcionar no modo de Veículo Elétrico em determinadas regiões.
Para o estudo de caso do presente trabalho, optou-se por um PHEV Extensor de
Autonomia.
Uma notação bastante usada para veículos plug-in é a PHEVX, onde “X”
representa a distância em quilômetros que o automóvel é capaz de percorrer usando
apenas o sistema de baterias, sem utilizar o motor de combustão interna. Para essa
medição, considera-se que a bateria estaria completamente carregada no início do
percurso, usando um ciclo de teste pré-definido. Para a maioria dos plug-in, a
autonomia da bateria está entre 30 e 100 km [10]
É válido ressaltar que, para esse tipo de arquitetura, são necessários dois tipos de
alimentação: Combustível para o tanque e energia elétrica para a bateria.
Na figura 10, é apresentado um esquema da plataforma de um veículo elétrico
plug-in em série.
Figura 10 – Plataforma de um veículo elétrico plug-in em série [17]
21
2.3.5 Caminhão de Coleta de Lixo com Motor de Combustão Interna e
Compactador Plug-In
Essa configuração é exclusiva para caminhões de coleta de lixo, pois apresenta a
particularidade de o compactador funcionar como plug-in. Assim, o compactador teria
um motor elétrico que poderia ser alimentado por uma bateria ou pelo motor de
combustão interna do caminhão. Essa alteração do veículo a motor de combustão
interna pode ser dividida em duas áreas:
A primeira diz respeito ao funcionamento do caminhão em si, a propulsão do
veículo é feita unicamente pelo MCI, da mesma forma que foi descrita para
aquele tipo. Vale lembrar que nesse modelo a energia está sendo dissipada na
frenagem, não havendo recuperação de energia;
Já a segunda é exclusiva para o compactador, que funciona como plug-in.
Enquanto a bateria estiver em um nível adequado para o funcionamento, o
compactador utilizará exclusivamente a energia nela armazenada. Quando sair
desse nível, o compactador irá consumir a energia do combustível, assim como
nos caminhões de coleta tradicionais.
A tabela 3 apresenta uma síntese da motivação da seleção de cada sistema de
propulsão:
Tabela 3 – Sistemas de Propulsão Propostos e Motivo da Seleção
Sistema de Propulsão Motivo da Seleção
Motor de Combustão Interna Sistema tradicional - comparação
Veículo Elétrico à Bateria Diminuição do ruído e das emissões
Híbrido Elétrico em Série Aumento da autonomia, mantendo relativa
diminuição do ruído e das emissões
Plug-in em Série Aumento da autonomia, mantendo relativa
diminuição do ruído e das emissões
Motor de Combustão Interna, utilizando
um compactador Plug-in
Aumento da autonomia, diminuição do
ruído do compactador e maior número de
caminhões atendidos por ETE
22
Capítulo 3 - PRODUÇÃO DE BIOGÁS EM ESTAÇÃO DE
TRATAMENTO DE ESGOTO (ETE)
O segundo item a ser estudado é a fonte energética para propulsão do veículo.
Serão utilizados energia elétrica, diesel e biogás como opções. Além disso, o biogás
pode ser utilizado também na geração de energia elétrica em Estações de Tratamento de
Esgoto – e a energia elétrica ser utilizada, então, na propulsão do veículo ou no
compactador do lixo.
Será descrito nesse capítulo, o processo de tratamento de esgoto, de produção de
biogás e as atividades em que ele pode ser empregado.
3.1 Processo de Tratamento de Esgoto
A água utilizada no dia-a-dia, depois de eliminada, passa a ser chamada de esgoto.
A origem do esgoto pode ser doméstica, usada em atividades como tomar banho e lavar
louça, pluvial, ou seja, originária da chuva, e industrial, como a água utilizada nos
diversos processos nas indústrias. [5]
O esgoto é composto basicamente de 99,9 % de água e 0,1 % de sólidos. Desse
material sólido, 70 % de materiais orgânicos, como proteínas, carboidratos e gorduras e
30 % de materiais inorgânicos, como metais, sais e areia. [5]
O tratamento adequado do esgoto é de grande importância. Ele evita a transmissão
de uma variedade de doenças causadas pelo contato direto com o esgoto ou pelo contato
com animais como ratos e baratas atraídos por ele. Além desses prejuízos à saúde
pública, o esgoto, quando jogado sem o devido tratamento em rios ou em fontes, tem
uma grande carga poluidora, afetando os recursos hídricos e a vida vegetal e animal. [5]
Os processos de tratamento têm o objetivo de diminuir o potencial poluidor do
esgoto antes que ele retorne ao meio ambiente. De um modo geral, consiste em separar
as partes líquidas das sólidas, presentes no esgoto, para tratá-las separadamente,
reduzindo ao máximo a carga poluidora. O tratamento de esgotos se divide nessas duas
fases e como resultado dos dois processos de tratamento têm-se o efluente líquido e o
lodo, respectivamente. [5]
O efluente é a parte líquida com redução significativa dos poluentes. Após o
tratamento, cerca de 90% das impurezas foram retiradas da água, permitindo, assim, que
23
o efluente possa ser lançado em corpos d’água sem causar maiores danos ambientais.
Lá, o processo de purificação é continuado de forma natural e lenta. [5]
O lodo contém material sólido resultante do processo de tratamento de esgoto. Ele
precisa ser tratado para destinação final em aterros sanitários ou na agricultura. O lodo é
uma mistura complexa de matéria orgânica e mineral que é removida do esgoto. Sua
composição e suas características podem variar bastante, dependendo da origem do
resíduo e do processo de tratamento empregado. [5]
Assim, as ETE reproduzem, em menor escala e em intervalo de tempo menor, a
capacidade natural que os cursos d’água têm de decompor a matéria orgânica. As
bactérias aeróbias ou anaeróbias, que são os principais agentes de tratamento,
encontram na ETE condições mais favoráveis e se reproduzem em grande escala,
promovendo a degradação da matéria orgânica contida no esgoto. [5]
No entanto, o metano presente no biogás de esgoto é cerca de 23 vezes mais
prejudicial para o meio ambiente do que o CO2, em termos de seus impactos associados
ao forçamento radioativo¹ (Mudanças Climáticas Globais), para um período considerado
de 100anos [6]. Torna-se, portanto, muito importante o aproveitamento energético desse
biogás, conciliando a geração de energia elétrica renovável com a questão do
saneamento ambiental, através da redução dos gases de exaustão. [6]
A figura 11 mostra um esquema típico de uma ETE. Nela, os três principais
subprodutos são aproveitados. O lodo pode ser usado como adubo, o biogás gerado
desse lodo pode ser utilizado na geração de vapor e eletricidade, além do efluente que
pode ser utilizado como água de reuso em indústrias ou despejado em leito d’água sem
maiores consequências ambientais. Neste estudo, considera-se ainda a possibilidade de
purificação e compressão do biometano para uso veicular, o que não está representado
na figura.
¹ Forçamento radioativo é a perturbação no balanço entre as radiações solar
incidente e infra-vermelho emergente que ocorre devido a mudança na concentração
dos gases do efeito estufa
24
Figura 11 – Fluxograma de um sistema de aproveitamento de esgoto [5]
3.2 Produção do biogás
O biogás é uma mistura gasosa combustível, com maior concentração de metano.
Nas estações de tratamentos de esgoto, ele é produzido a partir do lodo através da
digestão anaeróbia, que consiste na biodegradação de matéria orgânica através da ação
de bactérias na ausência de oxigênio. [6]
A produção de biogás também pode ser realizada através do processo aeróbico.
Porém, os gastos energéticos, devido à necessidade de constante aeração, à menor
capacidade de geração de biogás, assim como à necessidade de utilização de maior
quantidade de lodo, fazem esse processo ser menos viável em relação à biodigestão
anaeróbica. [5]
25
O processo de biodigestão anaeróbica do lodo ocorre em um biodigestor. Ele é um
reator onde bactérias anaeróbicas realizam a digestão da matéria orgânica. Essa reação
obtém o biogás e diminui a carga orgânica do lodo, permitindo que esse seja usado
como fertilizante de forma segura. [6]
O biogás produzido deve passar por um processo de purificação, principalmente se
for usado em um sistema de conversão em energia elétrica ou se for usado como
combustível para veículos. A concentração de metano deve aumentar dos 50 a 75%
obtidos pelo processo comum, para mais de 95%. Esse biogás com maior concentração
de metano passa a ser chamado de biometano. [6]
Um parâmetro importante para analisar a capacidade de geração de energia de um
combustível é o Poder Calorífico Inferior (PCI). O PCI é a entalpia da combustão, que
indica a quantidade de energia líquida liberada na combustão, quando não se é possível
recuperar a energia da reação exotérmica que vaporiza água formada na reação. Esse
parâmetro é muito usado nos balanços energéticos.
De acordo com LIMA apud TAVARES [5], o poder calorífico do biogás depende
da concentração de metano conforme a Figura 12.
Figura 12- Poder calorífico inferior em função do percentual de metano [5]
O biometano usado no presente trabalho terá a função de gerar energia elétrica e
de servir como combustível. Por isso, ele deverá passar por processos de purificação.
Foi considerada, então, a concentração de 99% de metano, que apresenta PCI de
aproximadamente 8500 kcal/m³.
Para maiores detalhes acerca da produção de biogás, vide [6].
26
3.3 Funções do biogás
O biogás gerado na ETE pode ser utilizado de três formas principais. Ele pode
gerar vapor para o aquecimento do próprio biodigestor, diminuindo a dependência de
energia externa da ETE. Pode também ser utilizado como combustível, necessitando de
processos de purificação para exercer tal função. Finalmente pode ser queimado para a
produção de energia elétrica.
A geração de eletricidade através do biogás pode ser feita em dois tipos principais
de equipamentos: microturbinas e motores de combustão interna.
As características gerais desses equipamentos são:
Tabela 4 – Comparação entre Motor Otto e Microturbina [7]
Potência Eficiência Térmica Emissões de NOx
Motores ciclo Otto 4kW – 1,54 MW 30% - 40% 250 ppm – 3000ppm
Microturbinas 30 kW – 1MW 24% - 28% < 9 ppm
Na tabela 5, os principais tipos de equipamentos para geração de energia elétrica
em ETE são relacionados com o custo dessa geração.
Tabela 5 - Dados de custo de capital para equipamentos de geração elétrica que usam
biogás como combustível. [7]
Equipamentos Valor (R$/kW instalado)
Gerador Otto Nacional 1000
Gerador Diesel Nacional 2000
Gerador a Gás Importado 3000
Micro-Turbina 3500
Turbina a Gás 2500
Como se depreende, os menores custos de geração por kW são obtidos em
motores, especialmente o motor Otto com combustível nacional.
Alguns dos fabricantes e modelos de motores projetados especificamente para
biogás disponíveis no mercado brasileiro são:
General Electric, linha Pro2, potências desde 637kW até 2.723kW; [22]
Branco, modelos B4T-5000 Bio e B4T-10.000 Bioflex, com potências de
3,6kVA e 8 kVA respectivamente [23];
27
Caterpillar, diversos modelos com potências de 80, 83, 129, 133, 205, 215,
962, 1287kVA [24] .
Outra alternativa seria adaptar um motor ciclo Otto a gasolina ou a gás natural
para trabalhar com 100% de biogás. Este procedimento é muito usado para potências
pequenas. As modificações devem ser desenvolvidas basicamente no sistema de
alimentação de combustível. Também é importante um projeto apropriado do
carburador, cuja geometria permita minimizar as perdas de pressão e manter a relação
ar-combustível adequada [21]. Finalmente, também é possível:
1. adaptar um motor ciclo Diesel para trabalhar com 100% de biogás [21];
2. adaptar um motor ciclo Diesel para trabalhar em ciclo dual fuel, isto é uma
mistura de diesel e biogás. Entre 8 – 10% de diesel é injetado como combustível piloto
para a ignição.
Na tabela 6, têm-se as variadas composições de um motor de combustão interna,
relacionando isso com o intervalo de potência disponível de cada equipamento e sua
eficiência.
Tabela 6 - Faixas de potência e eficiências nos quais podem ser encontrados
equipamento de geração elétrica usando biogás [22,23,24]
Tecnologia Potência de Equipamentos
no Mercado (kW)
Eficiência (%)
MCI Otto gasolina
adaptado para biogás
0,5-10 20-25
MCI Otto projetado
para biogás
4-2700 20-30
MCI Otto GNV
adaptado para biogás
20-4800 20-30
MCI Diesel Dual Fuel
(biogás e diesel)
300-1000 28-33
MCI Diesel Ottolizado 100-500 28-35
A relação entre energia consumida e energia gerada é um importante parâmetro
para analisar a viabilidade de produção de energia em motores. Na figura 13, tem-se um
gráfico relacionando essas variáveis. Dele, pode-se concluir que motores de menor
potência apresentam maior relação de energia consumida por energia gerada. Assim,
motores com potências maiores seriam mais interessantes para o presente trabalho.
28
Figura 13 - Taxa de calor para motores – PCI. Potências menores a 6MW. [25]
TAVARES [5] fez um estudo sobre a viabilidade da utilização de microturbinas e
motores de combustão interna a ciclo Otto para geração de energia na ETE da Sabesp
em Barueri (São Paulo), utilizando tecnologia comercialmente disponível. Ambos os
equipamentos com potência de 30 kW. Os resultados podem ser observados na tabela 7.
Tabela 7 – Comparação entre MCI e Microturbina de 30kW [7]
Motor ciclo Otto 30 kW Microturbina 30 kW
Energia elétrica média
gerada
25 kW 25 kW
Energia elétrica líquida
entregue à rede
25 kW 19,5 kW (perdas
compressor e secador)
Custo dos Equipamentos R$ 68 000,00 R$151 046,40
Custo O&M para vida útil
de 40000h
R$ 25 816,00 R$ 96 806,00
Custo por kWh instalado R$ 0,10/kWh R$ 0,32/kWh
29
Como vantagens, as microturbinas apresentam:
Dimensões reduzidas e simplicidade de instalação;
Baixos níveis de ruído e vibrações;
Menor índice de emissões.
As microturbinas apresentam as seguintes desvantagens:
São equipamentos importados, necessitando de um elevado investimento inicial;
Possuem baixo rendimento (eficiência de 1ª Lei), aproximadamente 27%;
Necessita de um sistema rígido de limpeza do biogás e remodelação da
microturbina para a sua queima, devido ao baixo poder calorífico do biogás.
Para o presente trabalho, foi considerada a utilização de um motor ciclo Otto de 30
kW na geração de energia elétrica a partir do biogás, pois esse apresenta menores custos
e outras facilidades que viabilizariam mais a instalação do equipamento por parte da
ETE, apesar de ter uma relação de energia consumida por energia produzida maior que
os motores de grande porte
30
Capítulo 4 – PROGRAMA PARA SIMULAÇÃO
Para avaliar as alterações do sistema de propulsão e de combustível propostas no
capítulo anterior, serão feitas simulações com essas alterações. Para isso, foi adaptado e
utilizado o modelo PAMVEC. Esse capítulo apresenta o programa modificado neste
estudo para simulação de diferentes arquiteturas veiculares para caminhões de lixo. Suas
características, suas entradas e saídas, assim como as alterações feitas pelo presente
trabalho serão apresentadas em detalhes a seguir.
4.1 A FERRAMENTA PAMVEC (PARAMETRIC ANALYTICAL MODEL
OF VEHICLE ENERGY CONSUMPTION)
O PAMVEC foi desenvolvido por Andrew G. Simpson para sua tese de
Doutorado na Universidade de Queensland, Austrália. Essa ferramenta tem se mostrado
bastante versátil em análises de veículos convencionais, elétricos e híbridos. [13]
Para o presente trabalho, foram feitas alterações operacionais, facilitando o uso
dessa plataforma, além da inclusão de arquiteturas veiculares não contempladas pelo
trabalho inicial.
A figura 14 ilustra a metodologia de cálculo do PAMVEC.
31
Figura 14 – Modelo ilustrativo da rotina de cálculo do PAMVEC [10]
Para cada arquitetura veicular, são calculados a potência necessária para o
acionamento do veículo, a eficiência do sistema de propulsão, o consumo de
combustível e a energia total consumida a partir das entradas relacionadas ao próprio
veículo e relacionadas ao meio externo em que o veículo fará parte.
As entradas particulares do veículo são sua massa, a energia consumida por seus
acessórios, a autonomia desejada, a aceleração que se deseja imprimir por um intervalo
de tempo e as eficiências do motor utilizado, do sistema de recarga, entre outros.
Já as entradas relacionadas ao ambiente externo são a distância total percorrida
diariamente, o custo dos combustíveis e o ciclo de direção ao qual o veículo está
submetido.
4.2 A interface do PAMVEC e as alterações feitas
Para apresentar melhor o PAMVEC, esse item mostra cada aba disponível e as
opções nelas acessíveis.
32
4.2.1 A tela Inicial
A figura 15 apresenta a tela inicial do PAMVEC modificado1
Figura 15 – Tela inicial do PAMVEC modificado
Essa tela foi programada a partir de macros e permite acesso aos itens apenas com
um clique. A programação em VBA completa que foi utilizada na alteração do
programa se encontra disponível no Anexo I. As opções que podem ser acessadas nela
são:
a) INSTRUÇÕES INICIAIS
Nessa opção, são encontradas as primeiras informações para que o usuário
iniciante consiga utilizar a ferramenta de forma básica e rápida.
b) Sobre o PAMVEC
Tem-se dados gerais como a descrição da ferramenta e históricos sobre o
PAMVEC original, criado por A. Simpson [13].
1 O termo PAMVEC modificado indica que se trata da plataforma modificada neste estudo, para
distinguir da plataforma originalmente desenvolvida.
33
c) Interface MODELAR VEÍCULO
Nela, tem-se estruturada uma ordem lógica para completar os dados para
simulações, permitindo uma fácil comparação entre as opções desejadas de estrutura
veicular.
O primeiro botão dessa interface foi denominado ENTRADAS GERAIS e permite
acesso às características relacionadas ao ambiente externo e aos dados genéricos,
comuns a todos os sistemas de propulsão.
Já o segundo botão é ARQUITETURAS VEICULARES. Nessa opção, tem-se
acesso aos diferentes sistemas de propulsão, permitindo também a seleção do
combustível a ser utilizado.
RESULTADOS PRINCIPAIS é a terceira opção. Nela, pode-se fazer uma
sintética análise comparativa entre os tipos de veículos selecionados.
Finalmente, a quarta opção é a QUANTIDADE MÁXIMA DE CAMINHÕES.
Esse botão dá acesso a um estudo voltado para o uso do biogás de uma ETE. Nele,
pode-se obter o número máximo de caminhões que poderiam ser alimentados pelo
biogás disponibilizado pela ETE, de acordo com as diferentes arquiteturas veiculares,
assim como seu custo.
A seguir, cada uma dessas abas serão detalhadas.
4.2.2 A aba ENTRADAS GERAIS
Essa aba pode ser observada na figura 16. Nela, devem ser preenchidas as
entradas relacionadas à plataforma veicular, dados que são definidos na seleção do
veículo. São eles:
Massa da carroceria (glider mass);
Fator do momento de inércia do veículo;
Fator de massa adicional para suportar a estrutura do veículo;
Coeficiente de arrasto aerodinâmico;
Coeficiente de atrito com o solo;
Massa da carga a ser transportada, o que incluiu pessoas, bagagens entre
outros;
Potência média dos acessórios a serem utilizados no veículo.
34
Figura 16 – Aba ENTRADAS GERAIS do PAMVEC modificado
Na parte “Objetivos de Performance”, podem-se projetar parâmetros mínimos a
serem alcançados pelo veículo. São eles:
Aceleração de 0 a X (onde X é uma velocidade definida pelo usuário) em
um tempo também definido;
Gradabilidade (Manutenção da velocidade mesmo em terreno com
variação de inclinação);
Permitir uma definida velocidade máxima;
Autonomia;
No caso de veículos Plug-In, a autonomia é definida de forma distinta e numa
célula separada. Essa autonomia em quilômetro corresponde à distância que pode ser
percorrida utilizando apenas a energia elétrica armazenada na bateria.
Caso não seja necessário atender algum dos requisitos, seus parâmetros devem
ser definidos como zero, para que esses não influenciem no resultado final do
dimensionamento dos componentes, como por exemplo, a gradabilidade.
A seção “Ciclo de Condução” permite a seleção rápida de um dos ciclos presentes
na lista do PAMVEC, que são os mais utilizados internacionalmente. [13] Os ciclos de
condução apresentam características próprias do ambiente ao qual o veículo está
35
submetido, como tráfego urbano ou em rodovia, horário de trânsito intenso ou leve.
Uma descrição detalhada dos ciclos de direção está disponível no capítulo 5.
Para selecionar um ciclo de condução que não esteja entre os listados, basta
selecionar a opção “outro” no quadro de seleção do ciclo e depois digitar seus dados no
quadro “Ciclo que não está entre as opções”.
A opção VOLTAR permite o acesso à tela inicial, dando continuidade ao processo
de modelagem do veículo.
Finalmente, a última seção de entradas, denominada “Preço – Combustíveis”, tem
como função indicar o preço do combustível para posterior estudo de custos.
Combustíveis não relacionados na lista devem ser indicados na aba do sistema de
propulsão selecionado, como será visto no próximo item.
4.2.3 A aba ARQUITETURAS VEICULARES
A figura 17 ilustra essa aba. Nela, deve-se selecionar o sistema de propulsão do
veículo, entre as opções definidas.
Para facilitar a utilização em estudos com caminhão de coleta, apenas as opções
selecionadas no Capítulo 2 estão disponíveis em forma de botão na tela. Para acessar
alguma arquitetura veicular presente no PAMVEC mas não selecionada para o presente
trabalho, basta clicar na aba com o nome do sistema de propulsão desejado no canto
inferior da tela do Excel.
36
Figura 17 – Tela do PAMVEC modificado para o botão ARQUITETURAS
VEICULARES
Nessa tela, há acesso rápido aos seguintes sistemas de propulsão:
Veículo com motor de combustão interna;
Veiculo totalmente elétrico alimentado por bateria;
Veículo elétrico híbrido em série com motor de combustão interna;
Veículo elétrico Plug-in com baterias e motor de combustão interna;
Caminhão de coleta com motor de combustão interna alimentando todo o
veículo exceto o compactador que é elétrico plug-in.
Na figura 18, tem-se a tela da opção “Motor de Combustão Interna” para
exemplificar as entradas (azul) e saídas de dados (laranja). As células amarelas
correspondem aos dados de um novo combustível, não contido na entre as opções do
item “combustível” e que serão incluídos se forem necessários, como diz a legenda.
37
Figura 18 – tela da opção MCI
38
Nessa figura, podemos destacar os outputs de grande interesse para o presente
trabalho:
Massa total do veículo (seção: Plataforma Veicular), que representa a
massa do veículo, com todos seus equipamentos, pessoas e bagagens;
Energia total consumida por km (seção: Ciclo de Condução), que
representa a soma de todos os gastos energéticos relacionados ao
funcionamento do veículo por quilômetro percorrido;
Custo por km (seção: Custos), que representa o gasto com o combustível
por quilômetro percorrido para se realizar a rota, seguindo o ciclo de
direção definido.
Para visualização rápida de cada sistema de propulsão, foi criada a opção “Ver
Todas”. Nela, várias arquiteturas veiculares podem ser comparadas de forma simples,
através de um esquema para cada uma delas, como pode ser visto na figura 19.
39
Figura 19 – Tela da opção “Ver Todas”
Para ter um controle mais completo dos parâmetros necessários para a simulação,
pode-se clicar na opção “Acessar parâmetros utilizados”. Nesse comando, o usuário terá
acesso a vários dados de cada arquitetura veicular necessários na rotina de cálculo do
PAMVEC, incluindo seu sistema de propulsão e o combustível a ser usado.
Os dados dos combustíveis disponíveis nessa aba são:
Energia Específica em kJ/kg e Wh/kg;
Densidade de Energia em kJ/l e Wh/l para combustíveis líquidos e em
kJ/m³ e Wh/m³ para combustíveis gasosos;
Densidade do combustível em kg/l (líquidos) e kg/m³ (gases).
40
Já os parâmetros para os sistemas de propulsão são:
Potência específica do motor de combustão;
Eficiência do motor de combustão;
Densidade de potência do motor de combustão;
Potência específica da bateria;
Energia específica da bateria;
Eficiência da bateria;
Eficiência de recarga da bateria;
Potência específica da transmissão;
Eficiência da transmissão;
Fração de regeneração de frenagem;
Grau de hibridização.
Finalmente, outro importante recurso acessível na tela ARQUITETURAS
VEICULARES é a opção de cálculo financeiro para a aquisição e operação dos
equipamentos para a geração de energia elétrica a partir do biogás gerado na ETE.
Esse recurso se encontra disponível quando acessada a opção “Dados Biogás
ETE”. A tela encontrada pelo usuário pode ser observada na figura 20.
Essa opção foi desenvolvida exclusivamente para o presente trabalho.
Figura 20 - Opções acessível na tela “Dados Biogás ETE”
41
Os parâmetros financeiros de entrada necessários para realizar a simulação são:
Tributos - descreve a relação de carga, expressa como uma percentagem,
em que uma empresa ou pessoa é tributada;
Fração de Débitos - percentual do custo total que a empresa não dispõe, é
o percentual a ser financiado;
Taxa de Débitos – taxa de juros do financiamento adquirido;
Taxa de capital próprio - medidor de viabilidade do projeto, indica a taxa
de retorno do capital empregado (a percentagem do capital seria retornado
por ano).
Esses parâmetros definirão o Custo Médio Ponderado do Capital (WACC), que é
uma das saídas da planilha. WACC é o retorno mínimo que uma empresa deve ganhar
em uma base de ativos existente para satisfazer os seus credores e proprietários para
tornar o investimento atrativo.
Os outros parâmetros de entrada na planilha são:
Vida Útil;
Cotação do dólar americano;
Custo do Capital;
Custo de O&M anual;
Eficiência na geração de potência;
Fator de capacidade;
Tempo de construção;
Tarifa de uso do sistema de distribuição.
Deve-se destacar que a tarifa de uso do sistema de distribuição é nula para auto-
consumo do biogás, que é o caso do presente trabalho.
O custo do biogás nessa aba se refere aquele que foi produzido e purificado em
uma Estação de Tratamento de Esgoto, não tendo, portanto, relação direta com o custo
do biogás apresentado na aba “Entradas Gerais”, que se refere ao valor do biogás
vendido comercialmente. A partir dessa entrada, a saída “Custo do Combustível” é
calculada.
42
A saída de maior interesse nessa aba é o custo final da energia elétrica, que
representa quanto seria gasto em uma ETE para produzir eletricidade a partir do biogás,
nela gerado e purificado.
4.2.4 A aba RESULTADOS PRINCIPAIS
A aba apresenta comparações numéricas e gráficas entre os variados sistemas
selecionados.
A figura 21 mostra a tela dessa aba. Nela, tem-se uma síntese de dados
importantes comparando as diferentes arquiteturas veiculares, são eles:
Custo R$/km;
Energia necessária em kJ/km;
Consumo de biogás em m³ por caminhão.
43
Figura 21 – Dados acessíveis na aba RESULTADOS GERAIS
4.2.5 A aba QUANTIDADE MÁXIMA DE CAMINHÕES
Essa aba foi criada especificamente para o presente trabalho. Ela relaciona o
número de caminhões atendidos com o biogás disponibilizado, separando os estudos em
2 casos.
No primeiro caso, tem-se definida a quantidade de biogás que será fornecida pela
Estação de Tratamento. Em função dessa, o número de caminhões atendidos é
calculado. Essa configuração pode ser observada na parte esquerda da figura 22.
Já no segundo caso, a situação se inverte. O número de caminhões é definido e a
quantidade de biogás necessária é calculada em função dele. Essa configuração também
é vista na figura 22, do seu lado direito.
44
Figura 22 – Tela da aba QUANTIDADE MÁXIMA DE CAMINHÕES
4.3 Cálculos e Modelagens
Serão abordados a seguir os cálculos das principais saídas do PAMVEC.
4.3.1 Balanço de massa
Um importante dado de saída a ser obtido é a massa total. A análise do PAMVEC
é diferenciada para cada plataforma veicular. A massa total do veículo pode ser descrita,
de forma geral, pela seguinte somatório:
Onde:
mtotal é a massa total do veículo [kg];
45
mcarga é a massa da carga total transportada (pessoas, bagagens, etc) [kg];
mcarroceria é a massa da carroceria do veículo [kg];
mprop é a massa do sistema de propulsão [kg];
kestrut é o fator de massa, que corresponde a um reforço estrutural para suportar a
carga adicional da estrutura do sistema de propulsão.
A massa dos componentes do sistema de propulsão é modelada a partir de seus
valores de entrada para energia específica, potência específica e eficiência. Esse cálculo
varia de acordo com o funcionamento de cada plataforma e pode ser visto a seguir:
a) Veículos com motor de combustão interna (MCI)
Onde:
mcomb é a massa do combustível [kg];
mmci é a massa do motor de combustão interna [kg];
mtrans é a massa do sistema de transmissão [kg];
Ecomb é a energia armazenada no combustível [Wh];
EEcomb é a energia específica do combustível [Wh/kg];
Pmci é a potência do motor de combustão interna [W];
PEmci é a potência específica do motor de combustão interna [W/kg];
Ptrans é a potência do sistema de transmissão [W];
PEtrans é a potência específica do sistema de transmissão [W/kg].
Substituindo (3), (4) e (5) em (2) e (2) em (1), a massa total do veículo MCI a
partir dos dados de entrada é dada por:
46
b) Veículo elétrico à bateria:
Onde:
mbat é a massa do conjunto de baterias [kg];
melétrico é a massa do motor elétrico [kg];
Ebat é a energia armazenada na bateria [Wh];
EEbat é a energia específica da bateria [Wh/kg];
Pelétrico é a potência do motor elétrico [W];
PEelétrico é a potência específica do motor elétrico [W/kg].
Assim, substituindo (8), (9), (10) em (7) e (7) em (1), a formulação final do peso
total do veículo elétrico é dada por:
c) Veículo elétrico híbrido em série
Assim, substituindo (4), (9), (10) em (12) e (12) em (1), o resultado da massa total
apenas em função das entradas:
47
d) Veículo elétrico Plug-In
Assim, substituindo (3), (4), (8), (9), (10) em (14) e (14) em (1), para a massa
final:
(15)
e) Caminhão de coleta com motor de combustão interna e compactador Plug-In
Onde:
mmec é a massa do motor elétrico usado exclusivamente para o compactador [kg];
mbc é a massa da bateria usada exclusivamente para o compactador [kg].
Assim, substituindo (3), (4), (5) em (16) e (16) em (1), a formulação da massa
total será:
Onde:
Pmec é a potência do motor elétrico usado somente no compactador [W];
Ebc é a energia armazenada na bateria usada no compactador [Wh];
PEmec é a específica do motor elétrico usado no compactador [W/kg];
EEbc é a energia específica da bateria usada no compactador [Wh/kg].
48
4.3.2 Potência de tração
A potência de tração do veículo é importante para o cálculo do consumo de
energia por espaço percorrido. Ela pode ser calculada segundo a fórmula abaixo:
Onde:
Pt é a potência de tração [W];
Patrito é a potência dissipada através do atrito dinâmico do pneu com o solo [W];
Paero é a potência consumida devido à força de arrasto aerodinâmico [W];
Pcin é a potência devido à variação de energia cinética do veículo [W];
Ppot é a potência devido à variação de energia potencial [W].
Considerando que o veículo retorne à origem com mesma velocidade, podem ser
anulados os termos relativos às energias cinética e potencial. Além disso, têm-se as
seguintes relações:
Onde:
ρ é a densidade do ar (aproximadamente 1,2 kg/m³);
Cd é o coeficiente de arrasto aerodinâmico;
A é a área frontal do veículo [m²];
V é a velocidade instantânea do veículo [m/s];
Crr é o coeficiente de atrito dinâmico com o solo;
mtotal é a massa total do veículo [kg];
g é a aceleração da gravidade [m/s²].
Assim, obtém-se:
49
Para obter a potência média de tração para um ciclo de direção, a velocidade
instantânea é substituída pela velocidade média e o cubo da velocidade instantânea é
substituído pelo cubo da velocidade cúbica média.
Onde:
Vmed é a velocidade média [m/s];
Vcub med é a velocidade cúbica média [m/s].
Por fim, as velocidades citadas podem ser calculadas pelas seguintes equações:
Onde:
tciclo é o tempo total do ciclo [s].
4.3.3 Frenagem Regenerativa
A porcentagem de energia regenerada durante a frenagem é um importante dado
de entrada. De acordo com Simpson [9], as perdas por frenagem regenerativa dependem
do tipo de arquitetura veicular usada. Os valores padrão dessa entrada podem ser vistos
na tabela 8 e podem ser alterados pelo usuário através da aba “Acessar Parâmetros
Usados” da opção ARQUITETURAS VEICULARES do menu principal.
50
Tabela 8 – Fração de regeneração dos freios [13]
Sistema de Propulsão Regeneração da frenagem
MCI 0%
Elétrico à Bateria 40%
Elétrico Híbrido em Série 50%
Elétrico Híbrido em Paralelo 50%
Plug-In 50%
Célula a Combustível 0%
A fração de regeneração dos freios leva em consideração a potência trativa e a
potência de inércia, que pode ser descrita pela seguinte equação:
Onde:
Pinércia é a potência de inércia do veículo [W];
km é o fator de inércia do veículo;
a é a aceleração instantânea do veículo [m/s²];
V é a velocidade instantânea do veículo [m/s];
g é a aceleração da gravidade [m/s²];
Z é a gradabilidade em relação a um ponto referencial [m].
Para obter a definição completa dos termos envolvidos na equação, vide [9].
Visando a simplificação dos cálculos, Simpson[9] negligenciou os efeitos da
gradabilidade para a parametrização da potência inercial do veículo, apresentando as
seguintes justificativas:
As variações na gradabilidade tendem a se manifestar nas variações de
velocidade do veículo. Nas subidas o veículo tende a perder velocidade
enquanto nas descidas ele tende a ganhar velocidade;
As informações sobre gradabilidade raramente estão disponíveis para
análises veiculares;
51
Considerando as informações de gradabilidade, os resultados comparativos
entre tecnologias veiculares diferentes não apresentam grandes variações.
Assim, obtém-se a equação da potência de inércia para valores médios (Pinmed),
usando a velocidade média (Vmed) e a aceleração característica (ac) e negligenciando a
gradabilidade:
Onde:
Da potência de inércia, pode-se calcular a potência dissipada na frenagem a partir
da relação:
Onde:
kr é a fração de regeneração da frenagem (kr ϵ [0,1] ).
4.3.4 Autonomia
O PAMVEC realiza cálculos de autonomia através das fontes de energia que são a
energia elétrica disponível na bateria ou o combustível disponível no tanque. Para
veículos que utilizem ambas as fontes, pode-se fazer uma soma das autonomias para
obter a autonomia total dele.
a) Tanque de combustível
Onde:
Aut é a autonomia do veículo [km];
Entanque é a energia armazenada no tanque de combustível do veículo [Wh];
52
Pcomb é a potência liberada pelo consumo médio de combustível [W];
Vmed é a velocidade média do veículo durante o ciclo de condução [km/h].
b) Bateria
Onde:
Enbat é a energia armazenada no conjunto de baterias do veículo [Wh];
Pbat é a potência elétrica média fornecida pela bateria [W].
4.3.5 Custo do combustível
Uma das saídas mais importantes do ponto de vista econômico é o custo do
combustível por espaço percorrido, esse dado pode ser obtido na seguinte forma:
Onde:
Ekm é a energia total consumida por km [Wh/km];
CL é o preço do combustível por litro [R$/L] ou preço por m³ para o biogás
[R$/m³];
DE é a densidade de energia [Wh/L] ou, para biogás, [Wh/m³].
Para as configurações Plug-In e MCI com compactador Plug-In, foram
necessários os seguintes complementos:
a) Veículo de coleta completamente Plug-In
Usando um PHEV Extensor de Autonomia, inicialmente o veículo se comporta
como um veículo elétrico, sendo os custos com energia elétrica da bateria iguais a:
53
Onde:
Ekmel é a energia total consumida por km percorrido usando somente a eletricidade
como combustível [Wh/km];
CEE é o preço da energia elétrica [R$/Wh];
DEEE é a densidade de energia da bateria [Wh/m³].
A equação anterior considera que a energia elétrica tem a rede como origem.
Caso considere o biogás da ETE como fonte, as relações são:
Onde:
Cebg é o custo da energia elétrica gerada pelo biogás da ETE por km [R$/km];
EEkm é o consumo de energia elétrica por km [Wh/km];
η é o rendimento de 1ª lei do motor Otto que faz a conversão de biogás em energia
elétrica;
EBkm é o consumo de energia do biogás por km [Wh/km];
DEBiogás é a densidade energética do biogás [Wh/m³];
CBiogás é o preço do biogás gerado na ETE [R$/m³].
Após chegar a certo nível de energia, o veículo passa a funcionar como um
veículo híbrido em série. Assim, os custos estarão relacionados ao biogás ou ao diesel e
não mais com a energia elétrica. Sendo os custos calculados por:
Onde:
Ekmcomb é a energia total consumida por km rodado com combustível (diesel ou
biogás) [Wh/km];
54
CL é o preço do combustível por litro [R$/L];
DE é a densidade de energia do combustível [Wh/L].
O consumo médio pode ser calculado como a média entre os consumos do
combustível e da energia elétrica, ponderados pelos respectivos quilômetros
percorridos. Assim:
Onde:
Ccomb é o custo do combustível por quilômetro rodado como veículo híbrido em
série [R$/km];
Dcomb é a distância percorrida pelo veículo funcionando como um veículo híbrido
em série [km];
Celétrico é o custo da energia elétrica por quilômetro percorrido como veículo
elétrico à bateria [R$/km];
Delétrico é a distância percorrida pelo veículo funcionando como um veículo
elétrico à bateria [km].
b) Caminhão de coleta MCI com compactador Plug-In
Para o caminhão de coleta MCI e compactador plug-in, foram calculados
separadamente os gastos energéticos do compactador e do restante do caminhão. Esse é
análogo ao consumo do caminhão de coleta convencional baseado puramente em MCI,
mas retirando-se os gastos de energia com a utilização do compactador.
Já para o compactador, é definida inicialmente a energia que a bateria conterá;
depois essa energia será subtraída do total de energia consumida no compactador e,
dessa diferença, teremos a energia que o compactador precisa, além da energia contida
na bateria, para funcionar. Para suprir essa energia, será usado o combustível.
Assim, os cálculos de consumo são:
55
Onde:
Ctotal é o custo por km com o combustível [R$/km].
Os custos se alteram em relação à eletricidade se essa for oriunda da rede ou da
queima do biogás da ETE através de um motor Otto. Para a primeira opção, o custo da
eletricidade será calculado como foi disposto acima. Já no segundo caso, o cálculo do
custo da eletricidade será:
Onde:
EEkmcomp é o Consumo de energia elétrica por km pelo compactador[Wh/km];
η é o Rendimento de 1ª lei do motor Otto que faz a conversão de biogás em
energia elétrica;
EBkmcomp é o Consumo de energia do biogás por km pelo compactador[Wh/km];
DEBiogás é a Densidade energética do biogás [Wh/m³];
CBiogás é o Preço do biogás por m³ [R$/m³].
56
4.3.6 Volume de Biogás Consumido
O volume de biogás consumido por caminhão, dependendo do sistema de
propulsão, pode ser calculado de forma geral pela seguinte equação:
Onde:
Vg é o volume de biogás consumido por caminhão por dia [m³];
CC é o consumo de combustível [Wh/km];
Dp é a distância percorrida por cada caminhão por dia [km];
DE é a densidade energética do combustível [Wh/m³].
4.3.7 Volume de biogás disponibilizado pela ETE
Para o presente trabalho, o biogás será produzido em uma Estação de Tratamento
de Esgoto. O volume de biogás disponibilizado pela ETE (Vdisp) pode ser calculado a
partir da seguinte expressão:
Onde:
Vhora é o volume total de biogás produzido na ETE por hora [m³/h]
T é o número de horas por dia que a ETE produz biogás [h]
K é a fração do biogás produzido que será disponibilizado pela ETE para servir de
combustível nos veículos de coleta
57
4.3.8 Número máximo de caminhões atendidos pelo biogás
Onde:
Qc é a quantidade máxima de caminhões que podem utilizar o biogás da
ETE.
4.3.9 Particularidades PLUG-IN
A energia total consumida em um veículo Plug-In é relacionada tanto com o
consumo de energia elétrica armazenada na bateria quanto com consumo de
combustível. Assim, a relação da energia total com os parâmetros calculados é:
Onde:
ETTPlugIn é a energia total consumida por um veículo Plug-In durante o ciclo [Wh];
PTT é a potência total média durante o ciclo [W];
tciclo é o tempo total de percurso [h];
Ebat é a energia total consumida pelo veículo quando ele está funcionamento
como um veículo elétrico [Wh];
Dbat é a distância percorrida pelo veículo quando ele está funcionamento como um
veículo elétrico [km];
Eshev é a energia total consumida pelo veículo quando ele está funcionamento
como um veículo híbrido em série [Wh];
Dshev é a distância percorrida pelo veículo quando ele está funcionamento como
um veículo híbrido em série [km];
Dpercorrida é a distância total percorrida pelo veículo durante o ciclo [km].
58
O valor de Dbat foi definido na aba “Entradas”, onde foi selecionada a bateria
através da sua autonomia em km, considerando as velocidades médias no modo elétrico
e no modo híbrido iguais.
4.3.10 Particularidades do veículo MCI com compactador PLUG-IN
Algumas entradas e saídas foram calculadas especificamente para o caminhão de
coleta MCI com compactador Plug-In. São elas:
Potência Média
A potência média serve como entrada para o PAMVEC. Para encontrá-la, pode-se
colocar o valor diretamente ou usar cálculos para obter um valor e substituir na célula
correspondente.
O cálculo é o seguinte:
Onde:
Pcomp é a potência real do compactador [kW];
Pmed é a energia total consumida pelo compactador dividida pelo tempo total de
ciclo [kW];
tcomp é o tempo gasto em cada compactação [s];
n é o número de compactações;
tciclo é o tempo total da rota do caminhão, incluindo os deslocamentos aterro-
coleta-aterro [h].
O termo tciclo pode ser calculado seguindo a fórmula:
Onde:
59
Dpercorrida é a distância total percorrida na rota do caminhão, incluindo os
deslocamentos aterro-coleta-aterro [km];
Vmed é a velocidade média definida pelo ciclo de direção [km/h].
Energia total consumida pelo compactador ETC
Para encontrar a energia total consumida pelo compactador é necessário a
relacionar com a potência média, calculada no item anterior. Assim:
Uma parte da energia necessária para acionar o compactador é atendida pela
bateria enquanto a outra parte é atendida pelo combustível. A relação entre esses
parâmetros é a seguinte:
Onde:
EAC é a energia consumida pelo compactador que será atendida pelo combustível a
partir do término da energia disponível na bateria [Wh];
ECB é a quantidade de energia que a bateria tem disponível para ser usada somente
no compactador [Wh].
4.4 Análise Financeira
Na versão modificada do PAMVEC realizada para o estudo foi incluída também a
análise de viabilidade financeira para a aquisição dos equipamentos necessários à
geração de energia a partir do biogás em uma ETE.
Considerando que parte do recurso financeiro utilizado é própria e parte é
financiada, para fazer essa análise, foram usadas as seguintes relações:
60
Onde:
WACC é o custo médio ponderado do capital (sigla em inglês Weighted Average
Cost Of Capital);
FD é a fração de débito;
TD é a taxa de débito;
TT são os tributos;
TE é a taxa de capital próprio.
A definição de cada termo citado acima se encontra na página 41.
A partir do WACC, calcula-se o fator de recuperação do capital (CRF), que é um
importante parâmetro para análise do retorno de investimento, por representar a
percentagem da dívida que será paga anualmente.
Onde:
CRF é o fator de recuperação do capital;
vu é a vida útil [anos].
O custo total para a geração de energia elétrica em uma ETE que não possuía os
equipamentos necessários é:
ou
Onde:
Cgeração é o custo de produção do biogás [R$/MWh];
Ccap nivelado é o custo do capital nivelado pelo CRF [R$/kW];
CO&M é o custo de manutenção e operação [R$/kW];
61
Ccomb é o custo do combustível [R$/MWh];
fc é o fator de capacidade;
tc é o tempo de construção [anos];
é a eficiência de 1ª lei na geração de energia elétrica pelo motor.
Para a fórmula acima, a taxa de juros durante a construção foi considerada
equivalente à taxa durante a operação.
Para uma ETE já com a estrutura instalada, o custo do capital nivelado é
considerado nulo. Assim a fórmula anterior fica resumida a:
ou
Essa nova fórmula só deve ser utilizada durante a vida útil dos equipamentos.
Após esse período, um novo custo de capital nivelado deve ser utilizado, considerando
investimentos de reposição ou aumento de vida útil do motor.
Finalmente, para obter o custo da eletricidade gerada por uma ETE, deve-se usar a
seguinte relação:
Onde:
Cgeração é o custo de produção do biogás [R$/MWh];
Cbiogás é o custo total do biogás [R$/MWh];
Cdistribuição é a tarifa de distribuição [R$/MWh].
Deve-se destacar que o custo de distribuição da energia elétrica não foi
considerado no custo da produção de biogás, por se tratar de auto-consumo.
62
Capítulo 5 – SELEÇÃO DE PARÂMETROS
Com os aspectos teóricos e metodológicos já desenvolvidos, inicia-se a
abordagem voltada para o estudo de caso. Assim, esse capítulo apresenta os dados a
serem usados no o estudo de caso.
Primeiramente, descreve-se a escolha do ciclo de direção voltado para as
características de condução de um veículo de coleta. Depois analisa-se o número de
compactações de lixo realizadas por caminhão por dia. Por fim, abordam-se os dados
complementares relacionados com a arquitetura veicular e com a geração de energia
elétrica e do biogás.
5.1 Ciclo de Direção (Driving Cycles)
Ciclo de direção consiste em uma relação de velocidade com o tempo, em
condições padronizadas de condução veicular. Permite simular situações reais, em
condições de tráfego urbano ou de estrada, veículos leves ou pesados, entre outras
variações. [13]
Importantes ciclos de condução utilizados internacionalmente foram configurados
no PAMVEC original [13]. Exemplos desses ciclos são NYCC e NEDC, para ciclos
urbanos e US06 e HWFET para ciclos em estradas. Os dados de cada um desses ciclos
encontram-se na tabela 9, no final do presente item.
No entanto, os ciclos que melhor serviriam para o projeto seriam do tipo “anda-
para”, característicos em ônibus e caminhões de coletas, apresentando uma quantidade
muito maior de paradas do que os ciclos referentes a outros tipos de veículos.
Alguns dos ciclos “anda-pára” mais utilizados são apresentados na figura 23
63
Figura 23 – Ciclos de condução para ensaios de ônibus urbano em São Paulo[21]
O ciclo Manhattan foi produzido em horário de tráfego intenso, já os ciclos
Orange County e Expresso Tiradentes foram produzidos em momentos de menor
trânsito. Todos os três foram baseados em ônibus urbanos, que podem apresentar
características diferentes daquelas dos caminhões de coleta, quanto ao tempo e ao
número de paradas. [26]
Já o ciclo de direção utilizado no presente trabalho foi escolhido por apresentar as
seguintes características: [11]
(i) É do tipo “anda-pára” (stop and go);
(ii) É um ciclo tipicamente urbano;
(iii) Foi testado experimentalmente na cidade de Resende- RJ pela empresa
MAN Latin America, utilizando caminhão de coleta em condições de
vazio e totalmente carregado.
Para facilitar a compreensão, esse ciclo será denominado nesse trabalho de “Ciclo
Resende”.
64
5.1.2 Obtenção dos principais dados do ciclo Resende
O ciclo Resende apresenta o seguinte gráfico de velocidade por tempo:
Figura 24 – Resultado de simulação de caminhão de coleta em Ciclo Resende [15]
Como não havia dados complementares ao gráfico para esse ciclo, fez-se
necessário o uso do software Engauge Digitizer 2 para obter valores de velocidade em
pontos específicos.
No total foram obtidos 260 pontos e foi gerado um novo gráfico, dessa vez,
simplificado utilizando o software Excel. A figura 25 mostra o gráfico obtido após a
simplificação.
Figura 25 – Resultado da análise de dados do ciclo Resende após simplificação
__________________________________________________________________
2 Engauge Digitizer é um software gratuito, com a função de converter um arquivo de imagem,
como gráfico ou mapa, em valores numéricos.
Pode ser obtido por download no site: http://digitizer.sourceforge.net/
0
10
20
30
40
50
60
70
80
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000
Velocidade (km/h) por tempo (s)
65
Para fazer simulações utilizando o PAMVEC, é necessário obter os seguintes
parâmetros de condução do ciclo: velocidade média, velocidade média cúbica, razão de
velocidades e aceleração característica. [13]
A seguir, têm-se a descrição de cada parâmetro e o método de calcular desses
dados para o ciclo Resende.
a) Velocidade Média (Average Speed)
A velocidade média é o atributo principal do padrão de direção, define o quão
rápido será concluído o percurso e pode ser calculada pela seguinte equação: [9]
Onde:
v é a velocidade instantânea [km/h];
T é o tempo total de ciclo [s].
Discretizando (58) e levando em consideração que os pontos não têm mesmo
espaçamento entre si, obtém-se:
Onde:
vn é a velocidade instantânea no tempo n;
vn+1 é a velocidade instantânea no ponto seguinte.
b) Velocidade Cúbica Média (Root-mean-cubed speed)
É a relação cúbica entre as velocidades médias em cada instante. A velocidade
média cúbica pode ser calculada segundo a equação: [13]
66
Novamente, discretizando (60) para diferentes espaçamentos, obtém a relação:
c) Razão de Velocidades (Velocity Ratio)
Quantifica a variação de velocidade do veículo durante o ciclo. A razão de
velocidades é definida por: [13]
d) Aceleração Característica (Characteristic Acceleration)
Quantifica a variação de velocidade de um veículo durante um ciclo e pode ser
equacionada na forma abaixo: [13]
Discretizando (63) para diferentes espaçamentos, obtém:
67
e) Resultados Gerais
Usando essas fórmulas, obtemos os seguintes valores:
Vmed = 21,4 km/h
Vcubmed = 28,2 km/h
Rv = 1,31
Ac = 0,206m/s²
f) Análise qualitativa dos resultados:
Comparando os dados obtidos para o ciclo Resende com os de ciclos de direção
tradicionais, mostrados na tabela 9, é feita a seguinte análise qualitativa:
Tabela 9 - Parâmetros de ciclos de direção usados internacionalmente [13]
Velocidade Velocidade Média Razão de Aceleração
Ciclo Média (km/h) Cúbica (km/h) Velocidades Característica (m/s²)
Vmédia Vmed cub Rv Ac
NYCC 11,4 20,6 1,81 0,293
NEDC 33,0 53,6 1,62 0,112
UDDS 31,4 44,5 1,42 0,171
US06 76,9 91,2 1,19 0,190
HWFET 77,2 80,0 1,04 0,069
RESENDE 21,4 28,2 1,31 0,206
NYCC – New York City Cycle
NEDC – New European Driving Cycle
UDDC – Urban Dynamometer Driving Cycle
US 06 – United States Federal Test Procedure 06
HWFET – Highway Fuel Economy Test
68
Os ciclos HWFET e UDDC foram produzidos nos Estados Unidos e têm como
característica a economia de combustível, sendo o primeiro característico para condução
em estrada, enquanto o segundo representa um ciclo tipicamente urbano.
O ciclo US 06 representa uma condução em rodovia. Devido aos seus elevados
valores de velocidade média e aceleração característica, é considerado um caso extremo.
Já o ciclo NYCC possui baixa velocidade média e elevada aceleração
característica. Representa o padrão de direção “anda-para” em situações de transito
intenso na cidade de Nova Iorque.
Além desses, um importante ciclo é o NEDC. Ele representa o padrão de
condução europeu em meio urbano.
Comparado aos ciclos citados, o ciclo Resende apresenta as seguintes
características:
O valor de velocidade média é um dos menores, estando um pouco acima do
resultado do ciclo NYCC que é um ciclo medido durante trânsito intenso e, por
isso, apresenta a velocidade média mais baixa. O fato de ser uma das menores é
bem compatível com o ciclo “anda-pára” ao qual o caminhão de coleta está
submetido;
A aceleração característica é bastante alta, já que, por fazer muitas paradas também
é necessário acelerar constantemente. Ao contrário, ciclos associados à condução
em estradas, com maiores velocidades, apresentam menor aceleração, pois a
velocidade tende a ser mais constante.
Assim, qualitativamente, os valores encontrados para o ciclo Resende são compatíveis
com os resultados esperados.
69
5.2 Número de Compactações
Como uma grande parte da energia do caminhão de coleta é usada na
compactador, esse parâmetro é fundamental para analisar a energia consumida pelo
veículo.
5.2.1 Valor Ideal de Compactações
Por conservação de massa e supondo que o caminhão fique totalmente lotado de
lixo compactado, o número máximo de compactações feitas por um caminhão por rota
pode ser calculado da seguinte forma:
Onde:
n é o número de compactações por ciclo ;
Vporta é o volume da porta (região onde entra o lixo não compactado) [m³];
ρlixo é a densidade do lixo não compactado, o lixo coletado [t/m³];
ρcompactado é a densidade do lixo após passar pelo compactador [t/m³];
Vcaixa é o volume da caixa (região onde o lixo já se encontra compactado) [m³].
Utilizando como padrão o caminhão de coleta da Usimeca – Delta28, tem-se os
seguintes dados: [27]
Vporta = 2,2 m³ , Vcaixa = 21,1 m³.
Além disso, BARROS [28] determinou que um valor médio para a densidade do
lixo compactado é de 0,70 t/m³, enquanto a densidade média do lixo não compactado é
de 0,25 t/m³.
Assim:
Sendo n um valor inteiro, tem-se, então o valor para n de 27 compactações.
70
5.2.2 Valor Real de Compactações
A equação anterior (66) deixa de considerar que a porta, na maioria das vezes, não
se encontra completamente cheia de lixo quando o compactador é acionado. Sendo
assim, faz-se necessária a inclusão de um fator k de correção para a equação.
Sendo assim, a equação anterior passa a ser:
Onde:
K é a percentagem da porta que está preenchida de lixo (0< k < 1).
Supôs-se que, em média, 70% da porta está cheia no momento da compactação,
tem-se k = 0,70. Considerando também que a caixa termina completamente cheia, o
novo valor para o número de compactações n=39.
5.3 Dados complementares da arquitetura veicular para a utilização do
PAMVEC
Nesse item, serão apresentados os dados do veículo e estudados outros dados de
entrada. Serão feitas hipóteses para complementar as informações necessárias ao
PAMVEC.
5.3.1 Características do veículo simulado
Para o presente estudo de caso, foi simulado um caminhão de coleta modelo
DELTA 28 da empresa USIMECA. Os dados utilizados desse caminhão podem ser
observados na tabela 10.[27]
71
Tabela 10 – Dados do Caminhão Usimeca Delta 28
Delta 28 – Usimeca
Capacidade em Volume
Caixa 21,1 m³
Porta 2,2 m³ Dimensões
BL 4,93 m
L 6,73 m
H 2,49 m
W 2,46 m
D 536 mm
Peso Bruto Total 23 t
Ciclo de Compressão 18-20 s
Caixa é a parte da caçamba posterior ao compactador, onde fica o lixo já
compactado, enquanto Porta é a região inicial da caçamba, onde é posto o lixo não
compactado, recolhido pelos coletores.
5.3.2 Dados de entrada para o caminhão de coleta
A seguir serão apresentados alguns cálculos e outros dados para complementar as
informações do estudo de caso.
(a) Cálculo da massa da carroceria:
A massa total com a caçamba cheia de lixo compactado para o Delta 28 (Peso
Bruto Total) é um dado fornecido pelo catálogo do caminhão. Assim, para obter a
72
massa da carroceria, que deve ser usada como entrada no PAMVEC, foram usadas as
seguintes relações:
Onde:
mcaminhão é a massa apenas do veículo [kg];
mbt é a massa bruta total [kg];
mlixo max é a massa total de lixo compactado quando a caçamba do veículo está
completamente cheia de lixo [kg];
mpessoas é a massa dos trabalhadores responsáveis pela coleta e de seus
equipamentos [kg].
A massa máxima de lixo presente no caminhão é:
Onde:
ρlc é a densidade do lixo compactado [t/m³];
Vcaixa é o volume da Caixa [m³].
Para o termo mpessoas, supôs-se que a equipe de coleta seria composta por um
motorista e quatro coletores.
Segundo o IBGE [2], a massa média de um homem adulto é 75 kg. Supondo que
esses trabalhadores tenham o peso médio e que seus equipamentos (luvas, botas, roupas,
equipamento de proteção) pesem 5 kg para cada coletor. Assim:
Onde:
mequipe é a massa total das 5 pessoas [kg];
mequipamento é a massa total dos equipamentos usados pelas 5 pessoas [kg].
73
Considerando a densidade do lixo compactado como ρlc = 0,70 t/m³ [28] e tendo
os dados citados acima: mtotal = 23 000 kg , Vcaixa = 15,4m³, tem-se:
Finalmente, tem-se a seguinte relação:
Onde:
mcarroceria é a massa da carroceria do veículo (caminhão + caçamba) [kg];
kestrut é o fator de massa, que corresponde a um reforço estrutural para suportar a
carga adicional da estrutura do sistema de propulsão.
Para facilitar o uso do PAMVEC, foram consideradas as massas do compactador e
da caçamba na massa total da carroceria.
A massa do caminhão é composta pela massa do sistema de propulsão e pela
massa da carroceria (incluindo a caçamba). A massa do sistema de propulsão, por sua
vez, depende do combustível e da massa da carroceria. Essa última também depende da
massa do caminhão. Assim, um processo iterativo é necessário para encontrar a massa
da carroceria. Para isso, considerou que o combustível usado seria o diesel, e buscou-se
obter um valor de massa do caminhão próximo do valor da massa total obtido no
PAMVEC.
O resultado se encontra na tabela 11 e mostra que a diferença entre o valor
calculado de massa total e o valor obtido pelo programa é de 5 kg, o que pode ser
desprezado comparado com a massa total, apresentando um erro de 0,042%.
74
Tabela 11 – Dados de massa do caminhão simulados após processo de iteração
Item de Interesse Valor encontrado
Massa da carroceria 10985 kg
Massa do Sistema de Propulsão 830 kg
kestrutura 1,15
Massa do caminhão 11815 kg
(b) Massa da Carga
O PAMVEC precisa de um parâmetro de entrada denominado “massa da carga”.
Para isso, precisa calcular a massa total dos itens transportados. O lixo representa uma
grande parcela desse valor e o seu volume varia consideravelmente durante o ciclo.
Para determinar esse parâmetro, foi considerada a massa média de lixo, que é
metade da caçamba com lixo compactado.
Assim, a massa média de carga pode ser calculada somando 2 parcelas:
Onde:
mcarga é a massa média da carga [kg];
mpessoas é a massa dos trabalhadores responsáveis pela coleta e de seus
equipamentos [kg];
mlixo med é a massa média de lixo que é transportada em um caminhão de coleta
[kg].
Para o termo mlixo med, foi suposto que o volume médio de lixo compactado que um
caminhão de coleta transporta é metade do volume de sua caixa. Assim, tem-se a
seguinte relação:
75
Com isso, tem-se o valor da massa média da carga:
(c) Potência dos Acessórios
O acionamento do compactador influencia bastante na potência instantânea dos
acessórios do caminhão. Por isso, será considerada uma potência média do
compactador. Assim, será obtida a energia total consumida pelo compactador e dividida
pelo tempo total de ciclo.
A energia consumida pelo compactador representa o maior gasto energético com
acessórios do caminhão. Ela pode ser calculada segundo a equação:
Onde:
Ecompac é a energia total consumida pelo compactador [kJ];
nc é o número de compactações durante o ciclo;
tcompac é o tempo de cada compactação [s];
Potcompac é a potência necessária para a utilização do compactador [kW].
Segundo [4], Potcompactador = 13kW. Tem-se também que um valor médio para
tcompac é de 20s [27] e foi considerado que o número de compactações é 39, tendo como
base o item 5.2 do presente trabalho. Assim:
Tendo a distância percorrida por ciclo já estabelecida em 80 km e sabendo que a
velocidade média do veículo durante o ciclo é de 21,4 km/h, têm-se a seguinte relação e
o seguinte valor para o tempo total de ciclo:
76
Onde:
ttc é o tempo total de percurso [h];
Dciclo é a distância total percorrida [km];
Vmed é a velocidade média do veículo durante o ciclo [km/h].
Finalmente, a potência média do compactador:
Onde:
Pmc é a potência média consumida no ciclo [W].
Supondo também que os outros acessórios consumam aproximadamente 200W de
potência, em média, o valor a ser utilizado é de 1000W.
(d) Outros dados disponíveis na literatura:
Segundo BARTH et al. [29], o fator de inércia para veículos pesados é:
Para o fator estrutural do sistema de propulsão, DELUCCHI apud SIMPSON[9]
propôs o seguinte valor:
BARTH et al. [29] definiu também o coeficiente de arrasto para caminhões:
A largura do caminhão foi dada (W= 2,46m) e a altura (A) pode ser obtida
fazendo o seguinte cálculo:
77
Onde D e H estão disponíveis na tabela 10.
Segundo SIMPSON[13], o coeficiente de atrito para esse tipo de veículo tem o
seguinte valor:
A distância percorrida por ciclo foi estimada baseado em [3], o valor considerado
será:
VALENTE[30] confirma essa estimativa e fornece outra informação importante.
Cada caminhão executa esse percurso 2 vezes por dia. Supondo que cada caminhão seja
utilizado 250 dias ao ano, ele perfaz, ao final de um ano, a seguinte distância:
Onde:
d é o número de dias por ano que cada caminhão executa a coleta.
5.4 Dados complementares sobre a produção de energia elétrica através do
biogás em uma ETE.
Para realizar a simulação, são necessárias algumas entradas relacionadas à produção de
biogás em ETE. Nesse item, os valores pesquisados desses parâmetros serão mostrados.
a) PCI do biogás produzido
Para ser utilizado como energia elétrica ou como combustível, o biogás deve ser
purificado e, com isso, apresenta uma elevada concentração de metano. Assim, o
teor de CH4 considerado foi de 99% [31]. Para essa percentagem, tem-se da
figura 12 que o PCI desse biogás é 8500 kcal/m³.
78
b) Densidade do Biogás
Segundo [31], a densidade do biogás com essa concentração de metano é de
0,727 kg/m³.
c) Vazão de biogás gerado
Foi considerada uma vazão de 75m³/h de biogás purificado com 99% de metano,
que é a vazão da ETE Alegria - RJ [31]
d) Custo dos equipamentos necessários para gerar energia elétrica a partir do
biogás e valores financeiros relacionados
Os dados de análise econômica foram retirados dos trabalhos de SEADI et
Al. [6] e GARCILASSO el Al.[7].
GARCILASSO el Al.[7] analisa a geração de energia elétrica a partir do
biogás proveniente de estação de tratamento de esgoto, promovendo um estudo de
custos para a geração de eletricidade a partir de microturbinas e motores Otto, ambos
com potência instalada de 30 kW.
Os dados encontrados nos trabalhos citados são resumidos abaixo:
Tributos (TT)
O valor escolhido para esse parâmetro foi 37%, baseado em [6];
Fração de Débitos (FD)
Foi suposto que o empreendedor tem metade do capital necessário, sendo a
outra metade financiada. Assim, a FD é igual a 50%;
Taxa de Débitos (TD)
Com base em [6], TD foi considerado 8% ao ano;
Taxa de Capital Próprio (TE)
TE é igual a 15% ao ano, com base em [6];
79
Vida Útil
Foi considerada uma vida útil de 7 anos, segundo [7];
Cotação do dólar americano
A cotação do dólar usada foi US$1,00 = R$ 2,00, tendo como base a
cotação do dia 21/04/2013, do Banco Central [32];
Custo do Capital
Segundo GARCILASSO el Al.[7], para o motor Otto de 30 kW de
potência, o custo dos equipamentos é de R$ 68.000,00. Assim, pode-se
obter um custo de capital de US$ 1133,00/kW.
Custo de O&M anual
Foi considerado o valor de US$ 430,30/kW para o custo de O&M anual,
baseado em GARCILASSO el Al.[7], que fornece o custo de O&M de
R$25.816,00 para uma vida útil de 40.000 h.
Eficiência na geração de potência
Em [6], tem-se o valor de 31% para a eficiência na geração de potência;
Fator de capacidade
Para esse parâmetro, [6] fornece o valor de 63%;
Tempo de construção
Foi considerado que o tempo de construção dos equipamentos de geração
de energia elétrica é de 1,5 anos. Esse tempo envolve licenciamento,
projeto, aquisição de equipamentos e construção propriamente dita da
planta.
80
5.5 Energia Específica e Densidade de Energia
Esses dois parâmetros são fundamentais na simulação. Através desses, é possível
comparar diferentes tipos de combustível a serem utilizados. Na tabela 12, são
apresentados esses dados para os combustíveis estudados.
Tabela 12 – Dados específicos dos combustíveis [13]
Energia Específica
(Wh/kg)
Densidade de Energia
VE Bateria de NiMH 70 165 Wh/l
VE Bateria de Li Ion 160 270 Wh/l
Diesel 10360 7970 Wh/l
Biogás (99% metano) 13774 9917 Wh/m³
5.6 Preço dos combustíveis
Para estudo de viabilidade financeira, os preços (ou no caso biogás, o custo) dos
combustíveis envolvidos foram pesquisados:
Biogás produzido em ETE
Os custos operacionais para produção de biogás numa planta com reator
anaeróbico de manto de lodo e fluxo ascendente (RALF), de médio porte,
situam-se entre US$ 0,03/m³ e US$ 0,05/m³. [5] O custo de purificação do
biogás está diretamente relacionado com o custo anterior e, para aquelas
condições, apresenta um valor aproximado de R$0,03/m³. [5] Assim, será
considerado um custo total do biogás produzido em uma ETE de R$0,08/m³.
GNV comprado comercialmente
Com base na ANP [33], o preço médio do GNV no estado do Rio de Janeiro é
de R$1,67/m3, enquanto a média nacional é de R$1,78/m
3. Será usado o último
valor para a simulação. Esses são preços médios obtidos na semana de
14/04/2013 a 20/04/2013;
Eletricidade gerada pelo biogás produzido em ETE
Como foi detalhado no capítulo 9 do presente trabalho, o preço da energia
elétrica depende do custo do combustível, que é o biogás nela gerado. Sendo
81
assim, tendo como base o valor citado acima para o preço do biogás produzido,
o preço aproximado da eletricidade gerada é de R$0,34/kWh.
Esse valor se refere ao custo de geração, supondo que a energia seja fornecida
pela ETE sem lucro, a preço de custo.
A figura 26 mostra um estudo de sensibilidade do custo final da energia elétrica
em relação ao custo do biogás.
Figura 26 – Análise de sensibilidade de custo da eletricidade por custo do biogás
Para as análises de custo das arquiteturas, serão usados os valores de R$0,08/m³
de biogás (sem lucro) e R$0,20/m³.
Eletricidade comprada da Rede Elétrica por uma ETE
Há uma grande variação do preço de eletricidade comprada por uma Estação de
Tratamento de Esgoto. Considerando uma planta de médio porte UASB com
lagoa, o valor médio anual pago pela energia elétrica é de R$0,29/kWh. Para
isso, considerou-se que a ETE paga tarifa horo sazonal verde [34].
Diesel
O preço do Diesel comum a nível nacional é de R$2,33/L, segundo a ANP [33].
0,00
0,10
0,20
0,30
0,40
0,50
0,60
0,08 0,13 0,18 0,23
Cu
sto
da
ener
gia
elét
rica
ger
ada
pel
o b
iogá
s (R
$/kW
h)
Custo do Biogás (R$/m³)
82
Capítulo 6 – ESTUDO DE CASO
No capítulo anterior, foram selecionados os parâmetros a serem usados na
simulação para o caminhão de coleta. O presente capítulo apresenta análises dos
seguintes fatores:
Valor economizado de combustível com a substituição da arquitetura
veicular;
Capacidade de atendimento do biogás;
Além disso, serão feitos comentários, com base na literatura, sobre poluição
sonora causada por caminhão de coleta e emissões de gases poluentes.
6.1 Valor economizado de combustível com a seleção de uma nova
arquitetura veicular
Para calcular a viabilidade de substituição do MCI utilizando diesel como
combustível por uma nova arquitetura veicular, foi calculado inicialmente o consumo de
energia usando o PAMVEC. A figura 27 mostra a energia necessária por km usando
cada sistema de propulsão.
Figura 27 - Relação da energia necessária com a arquitetura veicular selecionada
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
MCI Diesel Elétrico Híbrido Série Plug-In MCI e comp. Plug-In
Energia Necessária por sistema de propulsão (Wh/ km)
83
O consumo de combustível depende também do combustível. A tabela 13 mostra
os custos de combustível por km de todas as arquiteturas testadas no presente trabalho.
A coluna da direita representa os custos, caso o biogás veja vendido a R$0,20/m³ pela
ETE.
Tabela 13 – Custo por km das arquiteturas veiculares testadas
Arquitetura Veicular R$/km (1) R$/km (2)
MCI diesel 1,81 -
MCI Biogás 0,28 0,45
Elétrico à Bateria (energia elétrica da rede) 0,38 -
Elétrico à Bateria (energia elétrica do biogás ETE) 0,55 0,76
Híbrido Série Biogás 0,24 0,34
Plug-In Biogás (en. elétrica do biogás) 0,33 0,46
Plug-In Biogás (en. elétrica da rede) 0,29 -
MCI Biogás e compactador Plug-In (en. el. biogás) 0,29 0,31
MCI Biogás e compactador Plug-In (en. el. rede) 0,28 -
MCI Diesel e compactador Plug-In (en. el. biogás) 1,79 1,81
MCI Diesel e compactador Plug-In (en. el. rede) 1,78 -
Notas: “en. el. rede” significa compra de eletricidade da rede; “en. el. biogás” significa geração
elétrica em ETE a partir do biogás.
(1) Para biogás a preço de custo na ETE – R$ 0,08/m³.
(2) Para biogás vendido com lucro pela ETE – R$ 0,20/m³.
Para simplificar a comparação de consumo de combustível, será feita uma
normalização. Será atribuído o valor 1 à arquitetura veicular tradicional (MCI diesel).
Assim, as outras estruturas apresentarão valor da divisão do custo dessas pelo custo do
MCI diesel. A figura 28 mostra a relação normalizada de consumo de combustível para
as diferentes estruturas que usam motor de combustão interna.
84
Figura 28 – Gráfico do custo normalizado por arquitetura veicular com MCI
Como pode ser obsevado na figura 27, os custos relacionados ao MCI são
consideravelmente menores quanto se utiliza biogás como combustível. As
combinações com MCI diesel apresentam pouca diminuição de custo.
Deve-se lembrar que a combinação MCI híbrido diesel/hidráulico não foi testada
no PAMVEC. Seus dados foram retirados de uma simulação presente em [15]
utilizando o mesmo ciclo de condução, como já foi detalhado no capítulo 2 (item
2.3.1.2).
A figura 29 apresenta a mesma normalização agora para os outros veículos. O
valor 1 é novamente atribuído para o MCI diesel, para obter uma melhor comparação.
Figura 29 – Custo normalizado para as outras arquiteturas veiculares simuladas
1,00
0,15 0,16 0,16
0,99 0,98
0,85
MCI Diesel MCI Biogás MCI (biogás) e compact. Plug-in
(biogás)
MCI (biogás) e compact. Plug-in
(rede)
MCI (diesel) e compact. Plug-in
(biogás)
MCI (diesel) e compact. Plug-in
(rede)
MCI híbrido diesel/hidráulico
Custo normalizado por Arquitetura (somente MCI)
1,00
0,21
0,32
0,13 0,19 0,16
MCI Diesel Elétrico (en. elétrica da rede)
Elétrico (en.elétrica do
biogás)
Híbrido Série Biogás
Plug-in (en.elétrica do
biogás)
Plug-in (en.elétrica da
rede)
Custo normalizado (outras estruturas)
85
Da figura 29, pode-se observar que as estruturas que utilizam motor elétrico são
consideravelmente mais econômicas, em relação ao consumo de combustível.
A viabilidade da utilização dessas estruturas para os caminhões de coleta deve ser
analisada tendo em vista que o custo de aquisição de veículos contendo essas
arquiteturas é sensivelmente maior.
Como a substituição trata de algumas estruturas que ainda não estão disponíveis,
torna-se inviável estimar o custo dessas arquiteturas.
O presente trabalho faz uma análise da economia de combustível durante toda a
vida útil do caminhão. Assim, um usuário pode analisar a viabilidade de seu projeto,
desde que tenha uma estimativa dos gastos iniciais desse.
Para estudar a economia total de combustível durante a vida útil do caminhão, foi
utilizada a seguinte relação:
Onde:
é o total de combustível economizado, corrigido para valor atual [R$];
é o custo do diesel por km rodado usando MCI [R$/km];
é o custo por km rodado usando a nova arquitetura veicular [R$/km];
é a distância percorrida por ciclo [km];
é o número de ciclos que o veículo executa por dia;
é o número de dias por ano que o veículo executa os percursos;
é a vida útil do caminhão [ano];
é o fator de valor atual.
O termo é o único que varia para cada arquitetura veicular. Seus valores de
entrada foram apresentados na tabela 13.
Os valores para outros termos já foram definidos em capítulos anteriores. O
caminhão executaria 2 ciclos de 80 km cada, durante 300 dias por ano.
Para a vida útil do caminhão de coleta, foi considerado o valor de 5 anos [35]. Já
para o valor de FVA, foi considerada também uma taxa de débito de 6,4% ao ano,
relativa aos juros de um financiamento do BNDES [36] na área de infraestrutura de
energia renovável. FVA é definido pela fórmula:
(77)
86
Onde:
é a taxa de juros do financiamento [% ao ano];
é o tempo de vida útil do caminhão de coleta [anos].
Assim, usando os valores citados acima, encontra-se o TCE para cada arquitetura
veicular proposta. A tabela 14 apresenta o total economizado por cada nova estrutura.
Tabela 14 – TCE para cada estrutura nova
Arquitetura Veicular TCE (R$) (1) TCE (R$) (2)
MCI Biogás 88.300 78.600
Elétrico à Bateria (energia elétrica da rede) 82.700 -
Elétrico à Bateria (energia elétrica do biogás ETE) 71.000 60.700
Híbrido Série Biogás 90.600 85.000
Plug-In Biogás (en. elétrica do biogás) 84.800 78.000
Plug-In Biogás (en. elétrica da rede) 87.700 -
MCI Biogás e compactador Plug-In (en. el. biogás) 88.000 86.700
MCI Biogás e compactador Plug-In (en. el. rede) 88.200 -
MCI Diesel e compactador Plug-In (en. el. biogás) 1.500 0
MCI Diesel e compactador Plug-In (en. el. rede) 1.700 -
(1) Para biogás a preço de custo na ETE – R$ 0,08/m³.
(2) Para biogás vendido com lucro pela ETE – R$ 0,20/m³.
Assim, tem-se a diferença máxima de preço em relação ao MCI diesel que
viabilizaria adquirir um veículo com outra arquitetura veicular. Por exemplo, para ser
mais viável economicamente ter um caminhão de coleta híbrido em série que um
caminhão MCI diesel, o custo de aquisição do primeiro deve ser no máximo
R$90.600,00 a mais que o custo do segundo.
É importante destacar que os valores expostos na tabela 14 se baseiam apenas nos
aspectos econômicos. Aspectos ambientais relacionados à poluição sonora e à emissão
de gases poluentes serão abordados nos próximos itens desse capítulo.
87
6.2 Capacidade de fornecimento de biogás em relação ao número de
caminhões atendidos
Como foi visto nos capítulos anteriores, o biogás gerado em uma ETE deve ser
purificado, para depois ser utilizado como combustível ou na geração de energia
elétrica.
Admite-se que toda a vazão de biogás gerado foi purificada e, posteriormente,
usada para os caminhões de coleta (como combustível diretamente ou convertido em
energia elétrica usada nas baterias).
Com isso, foi estimado o número de caminhões que poderiam ser atendidos por
uma ETE de médio porte. Para isso, foi usada uma vazão de 75m³/h de biogás
purificado relativa à Estação de Tratamento de Esgoto de Alegria [31].
A figura 30 apresenta o consumo de biogás por caminhão para cada arquitetura
veicular. As estruturas não mostradas utilizam apenas diesel ou energia elétrica da rede
como fonte.
Figura 30 – Consumo diário de biogás por caminhão de cada estrutura veicular
Assim, tendo o consumo de biogás por caminhão, torna-se possível calcular o
número máximo de caminhões que poderiam ser atendidos pelo biogás gerado
exclusivamente dessa ETE. A tabela 15 apresenta os valores encontrados para esse
estudo.
100
85
85,50
91,26
70,03
97,67
97,57
0,10
MCI Biogás
Elétrico (en.elétrica do biogás)
Híbrido Série Biogás
Plug-in (en.elétrica do biogás)
Plug-in (en.elétrica da rede)
MCI (biogás) e compact. Plug-in (biogás)
MCI (biogás) e compact. Plug-in (rede)
MCI (diesel) e compact. Plug-in (biogás)
Consumo de Biogás diário por caminhão
88
Tabela 15 – Número máximo de caminhões atendidos
Arquitetura Veicular Número Caminhões
MCI Biogás 18
Elétrico à Bateria (energia elétrica do biogás ETE) 21
Híbrido Série Biogás 21
Plug-In Biogás (en. elétrica do biogás) 20
Plug-In Biogás (en. elétrica da rede) 26
MCI Biogás e compactador Plug-In (en. el. biogás) 18
MCI Biogás e compactador Plug-In (en. el. rede) 19
MCI Diesel e compactador Plug-In (en. el. biogás) 18019
Segundo a COMLURB [37], o município do Rio de Janeiro possui 220 caminhões
de coleta com compactador de lixo. Assim, somente a produção de biogás na ETE
Alegria já seria responsável por fornecer aproximadamente 10% do biogás necessário
para alterar todos os caminhões de coleta do município.
Para tornar mais viável a substituição, poderia usar biogás gerado por outras ETE.
Outra opção seria utilizar mais de uma arquitetura veicular. Pode-se ter o máximo
possível de caminhões com qualquer uma das 6 primeiras estruturas da tabela 15 e, para
atender aos outros veículos, utilizar a estrutura MCI Diesel e compactador Plug-In
(energia elétrica do biogás), pois essa consome um valor consideravelmente menor de
biogás.
6.3 Poluição Sonora Causada por Caminhão de Coleta com Compactador
O relaxamento e o descanso são bastante alterados quando as pessoas são
expostas a um índice elevado de ruído. A Organização Mundial de Saúde (OMS)
recomenda que em áreas residenciais o nível de ruído não ultrapasse os 55 dB(A)¹.
______________________________________________________________________
A escala decibel é logarítmica de intensidade sonora. O zero da escala corresponde
ao nível sonoro mínimo que um ser humano é capaz de ouvir (com a frequência de 1000 Hz).
A 160 dB ocorre a perfuração instantânea da membrana do tímpano. [3]
89
De acordo com a OMS, um ruído de até 50 dB(A) pode perturbar, mas o
organismo se adapta facilmente a ele. A partir de 55 dB(A) pode haver a ocorrência de
estresse leve, acompanhado de desconforto. 70 dB(A) é tido como o nível do desgaste
do organismo, aumentando os risco de doenças graves. Já a 100 dB(A), pode haver
perda parcial da audição. Essas taxas de ruído, contudo, são referentes a um elevado
tempo de exposição, não ficando sujeita aos males a pessoa que for exposta
esporadicamente.
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) produziu a norma NBR-
10.151/2000, que analisa os níveis máximos de ruído considerados suportáveis em áreas
habitadas. Na tabela 16, esses limites são relacionados com o tipo de área em que a
pessoa se encontra e com o horário do dia.
Tabela 16 –Nível de critério de avaliação NCA para ambientes externos , em
dB(A) [3]
Tipos de Área Diurno Noturno
Áreas de sítios e fazendas 40 35
Área residencial urbana ou de hospitais e escolas 50 45
Área mista, predominantemente residencial 55 50
Área mista com vocação comercial 60 55
Área mista com vocação recreacional 65 55
Área mista com vocação industrial 70 60
Segundo QUADROS [3], a perda auditiva induzida por ruído é uma doença
cumulativa e insidiosa, que evolui com o tempo de exposição, associada ao ambiente de
trabalho. Pode ser consequência de níveis de ruído que excedam uma média de 90 dB;
oito horas por dia, sucessivamente, por vários anos. Após poucos anos de contato diário
com o estímulo sonoro elevado, a perda auditiva inicia na frequência de 4000 Hz e
atinge uma faixa de 3000 a 6000 Hz.
Os efeitos não auditivos do ruído, de acordo com SELIGMAN apud QUADROS
[3], referem-se às alterações orgânicas, podendo ser neurológicas, cardiovasculares,
bioquímicas, digestivas e comportamentais. O ruído é considerado como fator causador
de inúmeras dessas alterações, especialmente nos casos de exposições ocupacionais,
90
além de ser mencionado como relevante no surgimento de problemas de saúde, tais
como hipertensão, taquicardia, psicoses, neuroses, gastrites, úlceras e outros.
O nível sonoro máximo devido à presença do caminhão com compactador que
chega à edificação está situado na faixa de 77-79 dB(A) [3], causando certo incômodo
mas por um período curto de tempo.
A situação é consideravelmente pior para os funcionários da coleta. Eles são
expostos a 105-115 dB(A) durante a compactação. Dependendo do tempo de exposição
a essa taxa de ruído, os coletores estão passíveis a sofrer vários males, podendo chegar à
perda parcial da audição, com o passar dos anos. [3]
Para caminhões de coleta com compactador elétrico ou caminhões
completamente elétricos, não há informações precisas de quantidade de ruído gerado,
mas, por várias fontes [3,8,11,38], pode-se concluir que o ruído nesses veículos é
consideravelmente menor do que o apresentado na arquitetura tradicional.
6.4 Efeitos ambientais da substituição do MCI Diesel
A utilização de combustíveis fósseis como o petróleo e o gás natural emite para a
atmosfera elevadas taxas de CO2 que estavam armazenadas na crosta terrestre. A
elevação da concentração desse gás na atmosfera acentua o aquecimento global. [6]
A combustão do biogás também gera CO2, mas esse gás foi retido pela fotossíntese
da planta que deu origem ao biogás. No caso da produção de biogás por biodigestão
anaeróbica, como na ETE, a produção de biogás reduz a emissão de metano e N2O, o
que é de grande relevância, pois o potencial poluidor do metano é 23 vezes maior que o
do CO2. [6]
Os veículos movidos à energia elétrica não emitem gases. Sendo assim, as
composições veiculares que possuam parte da energia ou toda ela fornecida por baterias
apresentam emissões de gases poluentes consideravelmente menores, relacionadas
apenas com a geração da energia elétrica. [9]
91
Capítulo 7 - CONCLUSÕES
O MCI diesel é a arquitetura veicular tradicionalmente usada em caminhões de
coleta. Conforme discutido neste trabalho, essa arquitetura apresenta alguns
inconvenientes: o ruído causado pelo compactador é bastante elevado, prejudicando
especialmente os coletores de lixo, e a combustão do diesel, que gera emissões elevadas
de gases poluentes.
A substituição dessa estrutura por outra que atenuasse os problemas citados foi
simulada através da ferramenta PAMVEC. Para isso, a ferramenta foi complementada
de modo a permitir o estudo da geração de biogás em ETE e atender às particularidades
de caminhões de coleta com compactador.
Para cada arquitetura veicular, foi calculado um custo adicional (em relação ao
MCI diesel) máximo no qual ainda seria mais atrativo substituir o MCI diesel por uma
nova estrutura. Por se tratar de tecnologias em desenvolvimento, calcular o custo de
certas arquiteturas seria inviável. Assim, foi obtido um valor de referência para cada
uma delas.
Em relação à produção de biogás, pode-se observar que uma ETE de grande porte
poderia fornecer em torno de 10% do biogás necessário para alimentar toda a frota
caminhões de coleta com compactador do município do Rio de Janeiro. Essa
percentagem se refere a arquiteturas que utilizam somente biogás, tanto no MCI quanto
para geração de energia usada no motor elétrico. Com isso, a diminuição do ruído e a
redução das emissões de gases poluentes são atendidas.
Visando atender a uma maior quantidade de caminhões, a estrutura MCI diesel e
compactador Plug-In (energia elétrica do biogás) foi simulada, já que seu consumo de
biogás é consideravelmente menor. Apesar disso, ela não diminui tanto as emissões de
gases poluentes e não reduz tanto o ruído.
Assim, o uso combinado de diferentes arquiteturas veiculares pode aumentar o
número de caminhões atendidos e alcançar os objetivos ambientais. Usando estruturas
menos poluentes, como aquelas que utilizam energia elétrica, aliadas ao MCI diesel e
compactador Plug-In (energia elétrica do biogás), pode-se atender a todos os
caminhões, além de ter uma frota com veículos menos ruidosos e poluentes.
Para estudos futuros, seria importante fazer a análise de geração de biogás e
energia elétrica através de aterro sanitário. Com isso, poderia ter uma rede de coleta de
92
lixo doméstico que produziria boa parte da energia que seria utilizada por ela. Assim,
além de diminuir a carga poluidora dos resíduos, pode-se gerar energia para seu
funcionamento, reduzindo seus custos.
Outro item de grande relevância para estudos posteriores é a quantificação da
redução de ruído. Um estudo através de ensaios e testes pode indicar a redução de ruído
de forma precisa e mostrar os impactos positivos dessa redução.
93
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<http://www.ablp.org.br/conteudo/artigos.php?pag=integra&cod=498> (acesso em
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<http://www.ibge.gov.br/home/geociencias/recursosnaturais/ids/ids2010.pdf> (acesso
em 23/04/2013)
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Utilidade Pública. Estudo de Caso: Caminhão de Coleta de Resíduo Domiciliar.
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<www.capstoneturbine.com>. (acesso em 23/04/2013)
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[32] COTAÇÃO DO DÓLAR. Disponível em:
http://dolarhoje.com (acesso em 21/04/2013)
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http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/bndes/bndes_pt/Institucional/Apoio_Financeiro/P
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coleta de lixo urbano. Dissertação de Mestrado, UFSCar. Florianópolis, SC, Brasil.
97
Anexo I: Programação em VBA utilizada
Para o presente trabalho, foram utilizados alguns recursos de programação em
Microsoft Visual Basic, que é o software de programação utilizado pelo Microsoft
Excel, onde foi idealizado o PAMVEC, com o objetivo de facilitar o acesso à
informação do usuário.
Abaixo se encontra a estrutura em VBA feita para o presente trabalho:
a) Para a inicialização do PAMVEC
Private Sub Workbook_Open()
Sheets("Entradas").Activate
With ActiveSheet.Ciclo
.AddItem "PF COLETA"
.AddItem "NYCC"
.AddItem "NYCCOMP"
.AddItem "WVUCITY"
.AddItem "UDDS"
.AddItem "NEDC"
.AddItem "US06"
.AddItem "MANHATTAN"
.AddItem "NYCTRUCK"
.AddItem "UDDSHDV"
.AddItem "PERSONALIZADO"
.Value = ""
End With
Sheets("MCI").Activate
With ActiveSheet.Combustivel
.AddItem "Biogás"
.AddItem "Diesel"
.AddItem "Gasolina"
.AddItem "GNV"
.AddItem "Etanol"
.AddItem "Gasolina 77%"
.AddItem "Outro"
.Value = ""
End With
Sheets("Híbrido Série").Activate
98
With ActiveSheet.CombHS
.AddItem "Biogás"
.AddItem "Diesel"
.AddItem "Gasolina"
.AddItem "GNV"
.AddItem "Etanol"
.AddItem "Gasolina 77%"
.AddItem "Outro"
.Value = ""
End With
Sheets("Elétrico").Activate
With ActiveSheet.Bateria
.AddItem "VRLA"
.AddItem "Ion de Lítio"
.AddItem "NiMH"
.Value = ""
End With
Sheets("Início").Activate
End Sub
b) Para a planilha “Entradas”
Private Sub Worksheet_SelectionChange(ByVal Target As Range)
End Sub
Private Sub Ciclo_Change()
If Ciclo.Value = "PF COLETA" Then
Range("B18").Value = Sheets("Ciclos").Range("H20")
Range("B19").Value = Sheets("Ciclos").Range("H21")
Range("B20").Value = Sheets("Ciclos").Range("H22")
Range("B21").Value = Sheets("Ciclos").Range("H23")
ElseIf Ciclo.Value = "NYCC" Then
Range("B18").Value = Sheets("Ciclos").Range("C3")
Range("B19").Value = Sheets("Ciclos").Range("C4")
Range("B20").Value = Sheets("Ciclos").Range("C5")
Range("B21").Value = Sheets("Ciclos").Range("C6")
ElseIf Ciclo.Value = "NYCCOMP" Then
Range("B18").Value = Sheets("Ciclos").Range("D3")
Range("B19").Value = Sheets("Ciclos").Range("D4")
99
Range("B20").Value = Sheets("Ciclos").Range("D5")
Range("B21").Value = Sheets("Ciclos").Range("D6")
ElseIf Ciclo.Value = "WVUCITY" Then
Range("B18").Value = Sheets("Ciclos").Range("E3")
Range("B19").Value = Sheets("Ciclos").Range("E4")
Range("B20").Value = Sheets("Ciclos").Range("E5")
Range("B21").Value = Sheets("Ciclos").Range("E6")
ElseIf Ciclo.Value = "UDDS" Then
Range("B18").Value = Sheets("Ciclos").Range("I3")
Range("B19").Value = Sheets("Ciclos").Range("I4")
Range("B20").Value = Sheets("Ciclos").Range("I5")
Range("B21").Value = Sheets("Ciclos").Range("I6")
ElseIf Ciclo.Value = "NEDC" Then
Range("B18").Value = Sheets("Ciclos").Range("J3")
Range("B19").Value = Sheets("Ciclos").Range("J4")
Range("B20").Value = Sheets("Ciclos").Range("J5")
Range("B21").Value = Sheets("Ciclos").Range("J6")
ElseIf Ciclo.Value = "US06" Then
Range("B18").Value = Sheets("Ciclos").Range("H12")
Range("B19").Value = Sheets("Ciclos").Range("H13")
Range("B20").Value = Sheets("Ciclos").Range("H14")
Range("B21").Value = Sheets("Ciclos").Range("H15")
ElseIf Ciclo.Value = "MANHATTAN" Then
Range("B18").Value = Sheets("Ciclos").Range("C20")
Range("B19").Value = Sheets("Ciclos").Range("C21")
Range("B20").Value = Sheets("Ciclos").Range("C22")
Range("B21").Value = Sheets("Ciclos").Range("C23")
ElseIf Ciclo.Value = "NYCTRUCK" Then
Range("B18").Value = Sheets("Ciclos").Range("D20")
Range("B19").Value = Sheets("Ciclos").Range("D21")
Range("B20").Value = Sheets("Ciclos").Range("D22")
Range("B21").Value = Sheets("Ciclos").Range("D23")
ElseIf Ciclo.Value = "UDDSHDV" Then
Range("B18").Value = Sheets("Ciclos").Range("G20")
Range("B19").Value = Sheets("Ciclos").Range("G21")
Range("B20").Value = Sheets("Ciclos").Range("G22")
Range("B21").Value = Sheets("Ciclos").Range("G23")
100
ElseIf Ciclo.Value = "PERSONALIZADO" Then
Range("B18").Value = Range("B33")
Range("B19").Value = Range("B34")
Range("B20").Value = Range("B35")
Range("B21").Value = Range("B36")
End If
End Sub
c) Para a planilha “MCI” e “Híbrido Série”
Private Sub Combustivel_Change()
If Combustivel.Value = "Biogás" Then
Range("B9").Value = Sheets("Powertrain Components").Range("J18")
Range("B10").Value = Sheets("Powertrain Components").Range("L18")
Range("J26").Value = Sheets("Entradas").Range("J19")
Range("K26").Value = Sheets("Entradas").Range("K19")
ElseIf Combustivel.Value = "Diesel" Then
Range("B9").Value = Sheets("Powertrain Components").Range("J6")
Range("B10").Value = Sheets("Powertrain Components").Range("L6")
Range("J26").Value = Sheets("Entradas").Range("J17")
Range("K26").Value = Sheets("Entradas").Range("K14")
ElseIf Combustivel.Value = "Gasolina" Then
Range("B9").Value = Sheets("Powertrain Components").Range("J4")
Range("B10").Value = Sheets("Powertrain Components").Range("L4")
Range("J26").Value = Sheets("Entradas").Range("J14")
Range("K26").Value = Sheets("Entradas").Range("K14")
ElseIf Combustivel.Value = "GNV" Then
Range("B9").Value = Sheets("Powertrain Components").Range("J9")
Range("B10").Value = Sheets("Powertrain Components").Range("L9")
Range("J26").Value = Sheets("Entradas").Range("J18")
Range("K26").Value = Sheets("Entradas").Range("K19")
ElseIf Combustivel.Value = "Etanol" Then
Range("B9").Value = Sheets("Powertrain Components").Range("J11")
Range("B10").Value = Sheets("Powertrain Components").Range("L11")
Range("J26").Value = Sheets("Entradas").Range("J16")
Range("K26").Value = Sheets("Entradas").Range("K14")
101
ElseIf Combustivel.Value = "Gasolina 77%" Then
Range("B9").Value = Sheets("Powertrain Components").Range("J5")
Range("B10").Value = Sheets("Powertrain Components").Range("L5")
Range("J26").Value = Sheets("Entradas").Range("J15")
Range("K26").Value = Sheets("Entradas").Range("K14")
ElseIf Combustivel.Value = "Outro" Then
Range("B9").Value = Range("B30")
Range("B10").Value = Range("B31")
Range("J26").Value = Range("B32")
End If
End Sub
d) Para a planilha “Elétrico”
Private Sub Bateria_Change()
If Bateria.Value = "VRLA" Then
Range("B7").Value = Sheets("Powertrain Components").Range("B15")
Range("B8").Value = Sheets("Powertrain Components").Range("C15")
Range("B9").Value = Sheets("Powertrain Components").Range("E15")
Range("B10").Value = Sheets("Powertrain Components").Range("D15")
Range("B11").Value = Sheets("Powertrain Components").Range("G15")
ElseIf Bateria.Value = "Ion de Lítio" Then
Range("B7").Value = Sheets("Powertrain Components").Range("B17")
Range("B8").Value = Sheets("Powertrain Components").Range("C17")
Range("B9").Value = Sheets("Powertrain Components").Range("E17")
Range("B10").Value = Sheets("Powertrain Components").Range("D17")
Range("B11").Value = Sheets("Powertrain Components").Range("G17")
ElseIf Bateria.Value = "NiMH" Then
Range("B7").Value = Sheets("Powertrain Components").Range("B16")
Range("B8").Value = Sheets("Powertrain Components").Range("C16")
Range("B9").Value = Sheets("Powertrain Components").Range("E16")
Range("B10").Value = Sheets("Powertrain Components").Range("D16")
Range("B11").Value = Sheets("Powertrain Components").Range("G16")
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