UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ
FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DE SAÚDE
CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA
ELENICE QUADROS SBALCHEIRO
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
RELATÓRIO DE ESTÁGIO E ARTIGO CIENTÍFICO SOBRE A RELAÇÃO ENTRE
NEOPLASIA MAMÁRIA E OBESIDADE
CURITIBA
2015
ELENICE QUADROS SBALCHEIRO
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
RELATÓRIO DE ESTÁGIO E ARTIGO CIENTÍFICO SOBRE A RELAÇÃO ENTRE
NEOPLASIA MAMÁRIA E OBESIDADE
Trabalho de conclusão apresentado ao curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná como requisito parcial para obtenção do
título de Médica Veterinária. Orientador: Prof Adj. Milton Mikio Morishin Filho
CURITIBA
2015
Reitoria Sr. Luiz Guilherme Rangel dos Santos Pró-Reitor Administrativo Sr. Carlos Eduardo Rangel Santos Pró-Reitoria Acadêmica Profª. Carmen Luiza da Silva Pró-Reitor de Planejamento Sr. Afonso Celso Rangel dos Santos Pró- Reitoria de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão Profª. Carmen Luiza da Silva Secretário Geral Sr. Bruno Carneiro da Cunha Diniz Diretor da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde Prof. João Henrique Faryniuk Coordenador do Curso de Medicina Veterinária Prof. Welington Hartmann
CAMPUS BARIGUI
Rua Sydnei A Rangel Santos 238 - Santo Inácio
CEP 82.010-330 – Curitiba - PR FONE: (41) 3331-7700
Dedico este trabalho ao espírito de minha avó Joanina Pilatti de
Quadros, onde quer que esteja tenho certeza de seu orgulho pela
minha luta em realizar o sonho que antes havia adormecido, o
tempo me fez entender o que eu precisava para ter sentido na
vida e tenho certeza que teve um dedinho dela nesta tarefa.
Obrigada por tê-la ao meu lado nesta caminhada mesmo que seja
por pouco tempo. Te amo vó Joanita!!!
"Todas as coisas da criação são filhos do Pai e irmãos do homem... Deus quer que ajudemos aos animais, se necessitam de ajuda. Toda criatura em desgraça tem o
mesmo direito a ser protegida."
São Francisco de Assis
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, por nunca ter me deixado desistir durante as
dificuldades, sem Ele nada seria possível.
Aos meus pais Maurício e Edenilde Sbalcheiro que perante todas as dificuldades
sempre lutaram para que não houvesse obstáculo em minha caminhada, meus
amigos, meus protetores e principalmente meu alicerce.
Ao meu marido querido Vinicius de Moraes pelo companheirismo apoio e
compreensão das noites mal dormidas devido à luz a acesa de madrugada durante
as semanas de provas e a elaboração do trabalho de conclusão de curso. Sou muito
feliz por ele estar ao meu lado nesta jornada.
A todos os professores (as) que muito contribuíram para a minha formação, com
dedicação e paciência, dos quais tenho boas lembranças, principalmente daqueles
que terei um imenso prazer de eternizar a nossa amizade.
Agradeço os residentes e funcionários da Clinica Escola de Medicina Veterinária-
UTP, por terem dividido suas experiências, pela paciência de explicar muitas e
muitas vezes, pela confiança depositada a mim e claro a amizade. Que esta
amizade dure por muito tempo.
Ao orientador professor Milton Morishin Filho pela confiança, empenho e auxílio nos
momentos decisivos para concretizar este trabalho.
Aos amigos fiéis que confiaram em mim e sempre me deram conselhos animadores.
Por último e não menos importante, a todos os animais que fizeram parte da minha
vida e estão em outro lugar esperado por mim e aos que ainda me fazem ter a
certeza de que estou começando a jornada de uma realização pessoal.
RESUMO
O presente trabalho é composto pelo relatório de estágio curricular que
descreve as atividades desenvolvidas e/ou acompanhadas no período de 27 de julho
a 09 de outubro de 2015, na Clínica Escola de Medicina Veterinária (CEMV), da
Universidade Tuiuti do Paraná (UTP) localizada na cidade de Curitiba – PR, seguido
de revisão de literatura e uma pesquisa feita sobre a relação de pacientes obesos
com neoplasia mamária na CEMV utilizando um questionário sobre nutrição aos
proprietários de cães fêmeas com neoplasia mamária.
O câncer de mama é a neoplasia mais comum em cadelas. Entre os fatores
predisponentes estão à influência hormonal como estrógeno, a progesterona e
hormônio do crescimento. Uma das hipóteses mais citadas sobre a etiologia dos
tumores mamários refere-se à obesidade. A falha na atividade física e a má nutrição
acarretam a obesidade e posteriormente suas consequências incluindo a neoplasia
mamária. A pesquisa foi realizada com 34 entrevistas direcionadas a proprietários de
cães fêmeas com neoplasias mamárias diagnosticados na CEMV/UTP no período
de 15/06/2015 a 09/10/2015. As incidências maiores em atendimentos foram em
cães SRD. A idade média de cães fêmeas atendidas com neoplasia mamária foi de
10 anos. Sessenta e dois por cento dos animais recebiam além de ração, comida
caseira. A maioria dos proprietários ofereciam petiscos para seus animais de
estimação e 46% dos entrevistados que tinham mais de um animal de estimação
afirma que seus animais apresentam um comportamento alimentar voraz. Cinquenta
por cento dos proprietários afirmaram nunca praticarem atividades físicas ou que
realizavam de vez em quando e 45% deles costumavam petiscar entre as refeições.
O estudo demonstrou que há uma tendência estatística dos pacientes obesos com
neoplasia mamária na CEMV – UTP. A idade desses pacientes condiz com a média
citada pelos autores descritos.
Palavras-chave: tumor mamário; sobre peso; comportamento.
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1- SALA DE ULTRASSOM DA CEMV – UTP (CURITIBA) –
2015............................................................................................
14
FIGURA 2- CONSULTÓRIO 3 DA CEMV – UTP (CURITIBA) –
2015............................................................................................
14
FIGURA 3- CONSULTÓRIO PARA FELINOS COM GAIOLAS PARA
INTERNAMENTO E TELAS NAS JANELAS DA CEMV – UTP
(CURITIBA) – 2015.....................................................................
15
FIGURA 4- CENTRO CIRÚRGICO DA CEMV – UTP (CURITIBA) –
2015............................................................................................
15
FIGURA 5- SALA PARA AULA DE TÉCNICA CIRÚRGICA DA CEMV –
UTP (CURITIBA) – 2015.............................................................
16
FIGURA 6- SALA DE EMERGÊNCIA DA CEMV – UTP (CURITIBA) –
2015............................................................................................
16
FIGURA 7- SALA DE INTERNAMENTO DA CEMV – UTP (CURITIBA) –
2015............................................................................................
17
FIGURA 8- QUESTIONÁRIO DE ANAMNESE PARA ABORDAGEM
NUTRICIONAL E COMPORTAMENTAL 01. 2015.....................
27
FIGURA 9- QUESTIONÁRIO DE ANAMNESE PARA ABORDAGEM
NUTRICIONAL E COMPORTAMENTAL 02. 2015.....................
28
FIGURA 10- TABELA ACC PARA AVALIAÇÃO DA CONDIÇÃO
CORPÓREA, ESCALA DE 5 PONTOS......................................
29
FIGURA 11- CONDIÇÃO REPRODUTIVA E CORPORAL DE CÃES
FÊMEAS COM NEOPLASIA MAMÁRIA NA CEMV-UTP.
2015............................................................................................
31
LISTA DE GRÁFICOS E TABELAS
GRÁFICO 1- CASOS CLÍNICOS ACOMPANHADOS DURANTE O
ESTÁGIO CURRICULAR NO CEMV-UTP. 01. N=73.
CURITIBA - 2015................................................................
19
GRÁFICO 2- CASOS CLÍNICOS ACOMPANHADOS DURANTE O
ESTÁGIO CURRICULAR NO CEMV-UTP. 02. N=73.
CURITIBA - 2015................................................................
20
GRÁFICO 3- PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS ACOMPANHADOS
DURANTE O ESTÁGIO CURRICULAR NO CEMV-UTP.
N=44. CURITIBA – 2015....................................................
21
GRÁFICO 4- PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS ONCOLÓGICOS
ACOMPANHADOS DURANTE O ESTÁGIO
CURRICULAR NO CEMV-UTP CURITIBA. N=15.
2015....................................................................................
21
GRÁFICO 5- N=34. RAÇAS MAIS ATENDIDAS COM NEOPLASIA
MAMÁRIA NA CEMV. 2015................................................
30
GRÁFICO 6- N=34. ACC DOS ANIMAIS COM NEOPLASIA MAMÁRIA
NA CEMV. 2015.............................................................
31
GRÁFICO 7- N=34. ÁREA DE DESCANSO DOS ANIMAIS,
RELATADOS POR SEUS PROPRIETÁRIOS.
2015....................................................................................
32
GRÁFICO 8- N=34. FREQUÊNCIA DE ATIVIDADES FÍSICAS DOS
ANIMAIS ESTUDADOS. 2015............................................
32
GRÁFICO 9- N=24. COMPORTAMENTO DOS ANIMAIS NO
MOMENTO DA REFEIÇÃOEM RELAÇÃO AOS
CONTACTANTES. 2015.....................................................
33
GRÁFICO 10- N=34. FREQUÊNCIA COM QUE OS CÃES RECEBIAM
ALIMENTOS DURANTE AS REFEIÇÕES DE SEUS
PROPRIETÁRIOS. 2015....................................................
34
GRÁFICO 11- N=34. OPINIÃO DOS PROPRIETÁRIOS EM RELAÇÃO
À CONDIÇÃO CORPORAL DE SEUS ANIMAIS DE
ESTIMAÇÃO. 2015.............................................................
34
GRÁFICO 12- N=34. FREQUÊNCIA COM QUE OS PROPRIETÁRIOS
E FAMILIARES TINHAM DE PETISCAR (COMER FORA
DA HORA DAS REFEIÇÕES). 2015..................................
35
GRÁFICO 13- N=16. TEMPO EM QUE OS ANIMAIS FORAM
ESTERILIZADOS. 2015......................................................
36
GRÁFICO 14- N=34. USO DE PROGESTERONA COMO MÉTODO
CONTRACEPTIVO. 2015...................................................
36
TABELA 01- DISTRIBUIÇÃO DAS CONSULTAS ACOMPANHADAS
DURANTE O ESTÁGIO DIVIDIDAS EM ESPÉCIE E
SEXO. CEMV-UTP. N=73. CURITIBA – 2015....................
19
TABELA 02- PACIENTES ACOMPANHADOS NOS
PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS DURANTE O
PERÍODO DE ESTÁGIO, DIVIDIDOS POR ESPÉCIE E
SEXO. CEMV-UTP. N= 44. CURITIBA – 2015...................
20
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO..................................................................................... 12
2. DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO............................................. 13
2.1 CLÍNICA ESCOLA DE MEDICINA VETERINÁRIA (CEMV-UTP)...... 13
3. DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS........................ 18
3.1. CASUÍSTICA ACOMPANHADA....................................................... 19
3.1.1. Consultas acompanhadas.............................................................. 19
3.1.2 Cirurgias acompanhadas................................................................ 20
4. REVISÃO DE LITERATURA............................................................... 22
4.1. NEOPLASIA MAMÁRIA.................................................................... 22
4.2. OBESIDADE CANINA....................................................................... 23
5. OBJETIVOS GERAIS......................................................................... 25
5.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS.............................................................. 25
6. MATERIAIS E MÉTODOS.................................................................. 26
7. RESULTADOS.................................................................................... 30
8. DISCUSSÃO........................................................................................ 37
9. CONCLUSÃO...................................................................................... 41
REFERÊNCIAS....................................................................................... 42
12
1. INTRODUÇÃO
O relatório descrito a seguir tem o objetivo de descrever as atividades
desenvolvidas durante o estágio curricular que permite colocar em prática o que foi
ensinado em teoria, proporcionando desafios e aperfeiçoamento, contribuindo para a
formação profissional.
O estágio curricular obrigatório foi realizado nas áreas de clínica e cirurgia de
pequenos animais da Clínica Escola de Medicina Veterinária (CEMV), da
Universidade Tuiuti do Paraná (UTP), Campus Prof. Sydnei Lima Santos – Barigui,
sob supervisão do residente nível 2 de clínica cirúrgica M.V Ana Paula H. França,
com a orientação do professor Milton Morishin Filho.
A escolha da CEMV para a realização do estágio foi devido à estrutura que
uma clínica escola modelo oferece devido a uma maior oportunidade para auxiliar
em procedimentos e aprimorar a capacidade de diagnosticar, assim como um corpo
docente sempre disponível para auxiliar nas consultas, exames e procedimentos
cirúrgicos e, por último, devido à alta casuística e por ser um centro de referência em
várias especialidades da medicina veterinária.
13
2. DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO
2.1. CLÍNICA ESCOLA DE MEDICINA VETERINÁRIA (CEMV-UTP)
O estágio curricular supervisionado foi realizado durante o período de 27 de
julho a 09 de outubro deste ano de 2015, totalizando 400h de estágio, na Clínica
Escola de Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná (CEMV-UTP),
localizada na Rua Sidney Antônio Rangel Santos, 238, Bairro Santo Inácio, na área
de clínica e cirurgia de pequenos animais.
A CEMV-UTP atualmente atende animais de pequeno porte e selvagens,
tendo o professor adjunto Milton M. Morishin Filho como diretor e chefe do serviço
de cirurgia, ortopedia e neurologia. A clínica conta com professores responsáveis
por cada área (Clínica Médica, Anestesiologia, Patologia Clínica e Diagnóstico por
Imagem) e conta com Médicos Veterinários Residentes, sendo atualmente, dois
residentes na área de Clínica Médica de Pequenos Animais; dois residentes na área
de Cirurgia de Pequenos Animais; dois residentes na área de Anestesiologia
Veterinária; e um residente na área de Diagnóstico por imagem. A instalação conta
também com funcionários administrativos atuantes na rotina hospitalar.
A estrutura é composta por uma recepção com sala de espera; sala de
emergência, sala de radiologia; sala de ultrassom (Figura 1); farmácia; sala dos
professores; sala dos residentes; dormitório para plantonista, três consultórios
destinados a cães (Figura 2); um consultório para pacientes felinos (Figura 3) e um
laboratório de patologia clínica.
O setor de cirurgia é composto por uma sala cirúrgica com capacidade para
dois procedimentos cirúrgicos simultâneos, equipada com aparelho de anestesia
inalatória, monitor multiparamétrico, bombas de infusão, doppler, mesa cirúrgica
hidráulica, aparelho de videocirurgia, microscópio cirúrgico, eletrocautério entre
outros (Figura 4). Possui ainda um centro cirúrgico para procedimentos
odontológicos e também procedimentos considerados contaminados; uma sala para
aula de técnica cirúrgica com capacidade para atender até 10 procedimentos
cirúrgicos simultâneos equipada com aparelhos de anestesia inalatória, monitores
multiparamétricos e focos cirúrgicos (Figura 5); e salas para o pré e o pós-operatório
com capacidade para até 10 animais. A sala de emergência é composta aparelho de
anestesia, monitor multiparamétrico, desfibrilador cardíaco, medicamentos utilizados
14
durante a emergência e demais materiais necessário para o tratamento emergencial
(Figura 6). Também possui a sala de internamento (Figura 7) e uma sala de
isolamento para animais com doenças infectocontagiosas.
Figura 1: Sala de ultrassom da CEMV – UTP (Curitiba) – 2015.
Figura 2: Consultório 3 da CEMV – UTP (Curitiba) – 2015.
15
Figura 3: Consultório para felinos com gaiolas para internamento e telas nas janelas da CEMV – UTP (Curitiba) – 2015.
Figura 4: Centro cirúrgico da CEMV – UTP (Curitiba) – 2015.
16
Figura 5: Sala para aula de técnica cirúrgica da CEMV – UTP (Curitiba) – 2015.
Figura 6: Sala de emergência da CEMV – UTP (Curitiba) – 2015.
18
3. DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
Durante o tempo de estágio, as atividades desenvolvidas foram:
acompanhamento de consulta, realização da anamnese que depois é conferida pelo
residente, seguindo para o exame físico. Conforme a suspeita diagnóstica os
exames complementares eram solicitados somente pelos residentes ou professores
da clínica tais como exames de sangue (hemograma completo, bioquímicos,
coagulograma etc), citologias aspirativas por agulha fina (CAAF), raspado de pele,
coproparasitológico, coleta de urina (cistocentese ou sondagem), biópsias, exame
radiográfico ou ultrassonográfico, ecocardiograma e/ou eletrocardiograma, assim
como exame específicos nas áreas de ortopedia e neurologia chefiada pelo Prof. Adj
Milton M. Morishin Filho.
Houve a oportunidade de acompanhar consultas e procedimentos
odontológicos além dos procedimentos cirúrgicos como cirurgias de tecidos moles,
eletivas, oncológicas, ortopédicas e neurocirurgia, desde o pré-operatório com o
recebimento do paciente, medicação pré-anestésica (MPA), tricotomia, proceder o
acesso venoso e posicionamento do paciente na mesa de cirurgia, participar dos
procedimentos cirúrgicos instrumentando ou auxiliando, cuidados no pós-operatório
como curativos e monitoração do paciente até estar apto para alimentação e receber
alta.
Era função do estagiário aferir os parâmetros como temperatura, pressão
arterial sistêmica (PAS), frequência cardíaca (FC), frequência respiratória (FR),
tempo de preenchimento capilar (TPC), glicemia, concentração sérica de lactato,
coleta de sangue dos pacientes internados. Houve a oportunidade de cateterizar e
administrar medicamentos sob a supervisão dos veterinários residentes. Além de
cuidados de enfermaria como fornecimento da alimentação e água; passear com
aqueles que se apresentavam em condições para tal, limpar a gaiola quando
necessário; entre outras funções. Também foram acompanhados procedimentos
emergenciais para pacientes em parada respiratória, perfuração torácica com
apnéia, pacientes com dispneia e parada cardíaca.
Semanalmente os residentes da CEMV apresentaram discussões de casos
clínicos com apresentações do tema escolhido alunos da UTP, professores e
estagiários, além de apresentações do serviço de cirurgia e de clinica médica
realizavam discussão sobre os casos da rotina diariamente.
19
3.1. CASUÍSTICA ACOMPANHADA
3.1.1. Consultas acompanhadas
Durante o estágio curricular realizado no período de 27 de julho a 09 de
outubro de 2015, foram realizados 73 anamneses em consultas clínicas e cirúrgicas,
detalhes da casuística estão na Tabela 1.
Tabela 1: Distribuição das consultas acompanhadas durante o estágio divididas em espécie e sexo. CEMV-UTP. N=73. Curitiba – 2015.
SEXO CÃES GATOS TOTAL
MACHO 32
(44%)
8
(11%)
40
(55%)
FÊMEA 29
(40%)
4
(5%)
33
(45%)
TOTAL 61
(84%)
12
(16%)
73
(100%)
Observou-se que durante o período analisado, houve uma maior incidência de
procedimentos dermatológicos, seguido de consultas oncológicas. Estes resultados
podem ser visualizados nos gráficos 1 e 2.
Gráfico 1 Casos clínicos acompanhados durante o estágio curricular no CEMV-UTP. N=73. Curitiba -
2015.
27,39%
16,43%
9,58%
6,84%
6,84%
6,84%
Dermatológico
Oncológico
Ortopédico
Gastrointestinal
Reprodutivo
Oftamológico
20
Gráfico 2: Casos clínicos divididos por especialidades acompanhados durante o estágio curricular no CEMV-UTP. N=73. Curitiba – 2015.
3.1.2 Cirurgias acompanhadas
Dentro do tempo de estágio foram acompanhados 44 procedimentos
cirúrgicos auxiliando, instrumentando ou apenas observando o trabalho dos
cirurgiões. Detalhes da casuística estão descritos na Tabela 2.
Tabela 2: Pacientes acompanhados nos procedimentos cirúrgicos durante o período de estágio, divididos por espécie e sexo. CEMV-UTP. N= 44. Curitiba – 2015.
SEXO CÃES GATOS TOTAL
MACHO 12
(27,27%)
1
(2,27%)
13
(29,55%)
FÊMEA 29
(65,9%)
2
(4,55%)
31
(70,45%)
TOTAL 41
(93%)
3
(7%)
44
(100%)
4,10%
4,10%
4,10%
2,73%
2,73%
1,36%
1,36%
1,36%
Neurológico
Traumatismo
Odontológico
Repiratório
Parasitologia
Cardiologia
Nutrição clínica
Urinário
21
As cirurgias acompanhadas foram divididas em especialidades como:
oncologia com 15 procedimentos, seguido de cirurgias eletivas como
ovaiosalpingohisterectomia (OSH) e orquiectomia totalizando 10 procedimentos
acompanhadas, ortopedia com 8 cirurgias acompanhadas e com menor número
estão as cirurgias de tecidos moles, odontologia, oftalmologia e neurocirurgia
conforme Gráfico 3.
Gráfico 3: Procedimentos cirúrgicos acompanhados durante o estágio curricular no CEMV-UTP. N=44. Curitiba – 2015.
Nos procedimentos cirúrgicos na área de oncologia houve o
acompanhamento em 15 cirurgias sendo 5 mastectomias unilateral; 3 biópsias de
nódulos; 5 nodulectomias e em menor número mastectomia regional e uma
amputação de dígito devido neoplasia maligna segundo Gráfico 4.
Gráfico 4: Procedimentos cirúrgicos oncológicos acompanhados durante o estágio curricular no CEMV-UTP. N=15. Curitiba – 2015.
34,09%
22,72%
18,18%
13,63%
4,54%
4,54%
2,27%
0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00%
Oncologia
Eletiva
Ortopedia
Tecidos moles
Odontologia
Oftalmologia
Neurologia
33,33% 20%
33%
6,66% 6,66%
22
4. REVISÃO DE LITERATURA
4.1. NEOPLASIA MAMÁRIA
O câncer de mama é a neoplasia mais comum em cães fêmeas e seu estudo
vem crescendo em comparação a outras afecções devido o aumento da incidência
das afecções neoplásicas nessa espécie. Cada vez mais os proprietários exigem
que seus animais de estimação tenham o tratamento semelhante ao dos humanos
visto que hoje já se observa uma maior longevidade nestes animais (DALECK et al.,
2008; DE NARDI et al., 2002).
Os tumores mamários em cães constituem, aproximadamente, 52% de todas
as neoplasias que afetam as fêmeas desta espécie, com cerca de 50% dos tumores
mamários apresentando características de malignidade (QUEIROGA & LOPES,
2002).
Em um estudo realizado na Mesorregião Centro Ocidental Rio-Grandense, as
neoplasias foram a principal causa de morte de cães idosos (OLIVEIRA FILHO,
2010). Dos 4.844 cães necropsiados no Laboratório de Patologia Veterinária da
Universidade Federal de Santa Maria (LPV-UFSM), no período de 1965-2004, 7,8%
morreram em consequência de neoplasmas, sendo 25,4% decorrentes de
neoplasmas malignos de mama (OLIVEIRA FILHO, 2010).
Slatter, (2007) afirma que para os cães, 50% dos tumores mamários são
benignos, sendo que a maior parte desses tumores benignos é fibroadenoma ou
neoplasias benignas mistas, outros tumores benignos incluem adenomas simples e
neoplasias mesenquimais benignas. Os tumores malignos representam outros 50%
das neoplasias mamárias, tendo como tipos mais comuns o carcinoma, como
carcinomas sólidos, adenocarcinoma tubular, adenocarcinoma papilar e carcinoma
anaplásico (SLATTER, 2007).
Daleck et al., (2008) afirmam que as neoplasias acometem com maior
frequência fêmeas entre sete a 12 anos de idade, já para Slatter, (2007) a idade
média dos animais com neoplasia de glândula mamária ocorre entre 10 a 11 anos.
Fêmeas jovens são mais suscetíveis aos tumores benignos do que malignos que
acomete fêmeas mais velhas.
Dentre os fatores predisponentes estão à influência hormonal como
estrógeno, a progesterona e hormônio do crescimento que mostram grande
23
influência na carcinogênese. A incidência aumenta ainda mais com o uso de
progesterona para prevenir o estro (DALECK et al., 2008 & FELICIANO et al, 2012).
Slatter, (2007) ressalta que a (OSH) em animais jovens reduz o risco de tumor
na glândula mamária, sendo que uma cadela submetida à (OSH) antes do primeiro
cio o risco de ter neoplasia mamária é de 0,05%. Fossun, (2008) complementa que o
risco aumenta para 8% com a (OSH) após o primeiro ciclo estral e para 26% após o
segundo estro. Caso a (OSH) seja realizada após o terceiro cio, não haverá
proteção contra tumores mamários malignos (SLATTER, 2007).
Dentre as raças de cães mais predispostas incluem-se o poodle, english
spaniel, brittany spaniel, english setter, fox terrier, boston terrier, cocker spaniel,
dachshund, great pyrenees e samoyeda (SLATTER, 2007 & FOSSUM, 2008).
Além destes fatores, Daleck et al, (2008) explica que os fatores nutricionais
podem influenciar no desenvolvimento do tumor mamário. Existem estudos
epidemiológicos em roedores e humanos mostrando que as dietas muito gordurosas
e obesidade aumentam o risco da ocorrência das neoplasias mamárias. Slatter,
(2007) conclui que a obesidade em um animal com um ano de idade ou até antes de
um ano do diagnóstico de tumor da glândula mamária além do consumo de
alimentos caseiros e comerciais aumentam, o risco de neoplasias mamárias. Para
Para D’ Assis, (2006) a hipótese de que dietas ricas em gordura total estão
associadas ao alto risco de neoplasia mamária é plausível, porque se sabe que os
ácidos graxos afetam diretamente a química celular e a ingestão elevada de gordura
causa obesidade, a qual está relacionada com o tumor mamário.
4.2. OBESIDADE CANINA
A obesidade é definida como uma deposição excessiva de tecido adiposo
corporal. Em geral indivíduos com peso acima de 15% do ideal são considerados
com sobrepeso e aqueles acima de 20% são considerados obesos (DALLOZ &
VIEIRA, 2014).
Apesar de ser considerada uma doença essencialmente nutricional, também
os fatores genéticos, sociais, culturais, metabólicos, iatrogênicos e endócrinos como
hipotireoidismo, síndrome de Cushing, diabetes mellitus e acromegalia determinam
um caráter multifatorial a esta afecção, fazendo com que todos esses fatores
24
produzam um desequilíbrio entre o consumo e o gasto energético que conduz a um
balanço energético positivo acumulado na forma de gordura corporal e uma série de
consequências relacionadas que culminam com o surgimento de alterações clínicas
e diminuição da longevidade de cães e gatos (MORAILLON & LEGEARY, 2013;
BRUNETTO et al, 2012).
Nelson, (1994) afirma que a obesidade foi registrada como sendo mais
comum em fêmeas castradas do que em machos. Segundo LOPES (2008), animais
castrados tendem a apresentar a ingestão aumentada de alimentos e ganhar peso.
Jericó (2012) complementa afirmando que a obesidade tem maior incidência em
animais adultos ou idosos, que diminuem a sua atividade física e metabólica. Além
disso, a combinação de comida caseira com ração comercial é a principal fonte de
alimentação oferecida pelos proprietários, sendo a mais consumida por animais
obesos (FREITAS et al, 2006). Os fatores dietéticos que não consistem em
nenhuma dieta específica além da quantidade excessiva de restos caseiros e
petiscos que demonstrou aumentar os riscos de obesidade nos cães e até mesmo
em gatos como abuso no consumo de dietas ricas em gorduras. Além disso, muitos
proprietários de animais com sobrepeso também apresentam obesidade e encaram
a alimentação como atividade social, isto é, consideram a hora da sua alimentação
como meio de interação social, seja com familiares, colegas de trabalho, amigos e
até mesmo com seu animal de estimação. Estes animais são considerados parte da
família e seus donos são incapazes de privar seu ente querido de alimentos
considerados palatáveis por eles mesmos, costumes considerado como parte da
crescente humanização de seus animais (TILLEY & SMITH JR, 2008).
De acordo com Elliot, (2006), existem diferenças genéticas entre animais, de
tal maneira que alguns têm necessidades energéticas significativamente menores e
precisam de menos calorias diárias para manter seu peso ideal. Essas diferenças
energéticas podem ser notadas na crescente propensão de certas raças a ganharem
peso. Dentre as raças comumente reconhecidas com risco de obesidade destaca-se
o golden retriver, labrador, cocker spaniel, beagle e collie. Jericó, (2012) ainda inclui
as raças bassethounds e dachshunds com maior predisposição em se tornarem
obesos, sugerindo assim um fator genético envolvido e evidenciado pela condição
racial.
Em um trabalho realizado na cidade de São Paulo, foram pesquisados 50
cães obesos, de faixas etárias e raças variadas, onde se verificou que 22% dos
25
animais não realizavam nenhuma atividade física, 46% deles eram considerados
moderadamente preguiçosos e 56% destes animais tinham um comportamento
alimentar voraz. Destes cães, 78% consumiam o mesmo tipo de alimento de seu
proprietário. As raças mais acometidas foram cães sem raça definida (SRD) 28%,
cocker spaniel 10,3% e poodle 10,3% (JERICÓ, 2012). Em outro trabalho britânico
foi demonstrado que o risco de obesidade no cão é inversamente proporcional à
condição socioeconômica do proprietário, ou seja, proprietários com menor poder
aquisitivo e com menor acesso à informação e à educação, diminuem os riscos à
condição de obesidade canina (COURCIER et al, 2010).
Os pacientes com excesso de peso têm o aumento de risco em adquirir
doenças cardiorrespiratórias; musculoesqueléticas como doenças osteoarticulares,
incluindo doenças ortopédicas no desenvolvimento dos cães em crescimento, além
de diabetes mellitus, redução da imunidade, neoplasias, principalmente a neoplasia
mamária e diminuição da expectativa de vida. (TILLEY & SMITH JR, 2008; DALLOZ
& VIEIRA, 2014).
5. OBJETIVOS GERAIS
Obter uma casuística dos pacientes com neoplasia mamária e relacionar com
a obesidade advinda de vários fatores incluindo a má nutrição.
5.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
O presente trabalho visa descrever os resultados retrospectivos com
entrevistas aos proprietários de 34 cães fêmeas atendidas na CEMV – Curitiba/PR
diagnosticadas com neoplasia mamária e relacionar esse número com os animais
obesos;
Esclarecer causas da obesidade dos cães com neoplasia mamária atendidos
na CEMV – UTP;
Estabelecer a idade medida dos animais e raças mais atendidas com
neoplasia mamária dentro período de estágio na CEMV – UTP;
Acrescentar outras informações sobre neoplasia mamária e sobre os
proprietários dos animais em estudo.
26
6. MATERIAL E MÉTODOS
Para realização da enquete, sob o número de protocolo (007/2015) pelo
Comitê de Ética da Universidade Tuiuti do Paraná, foram realizadas 34 entrevistas
com proprietários de cães fêmeas com neoplasias mamárias diagnosticados após o
exame (CAAF), realizado na CEMV/UTP, no período de 15/06/2015 a 09/10/2015.
Não se determinou critérios de exclusão como raça, porte ou idade. Foi aplicado um
questionário para os proprietários responderem durante as consultas ou reconsultas
de seus animais, com informações relevantes sobre o proprietário como nome,
endereço e telefone, seguido de um termo de autorização para o uso de imagem do
seu animal de estimação. Os dados do animal como nome, raça, gênero sexual,
idade e peso também foram registrados.
As perguntas relacionadas ao comportamento e obesidade dos cães
consistiam em obter informações sobre habitação (casa ou apartamento, se o animal
vive fora ou dentro de casa, se havia espaço para atividades físicas); caso haja mais
animais vivendo junto, como é o comportamento dos animais perante os demais no
momento da alimentação; qual tipo de dieta o animal recebia (ração ou comida
caseira); quantidade da dieta e das refeições diárias; frequência em que recebia
petiscos industriais (snacks, biscoito, ossinhos artificiais ou defumados, específicos
para cães) ou petiscos caseiros (biscoitos, pão, ossos, comida caseira etc),
fornecidos fora do horário das refeições; se o animal pedia comida durante as
refeições (com que frequência os recebia); informação sobre a condição corporal
dos proprietários, além do tipo de dieta que os mesmos consumiam e se realizavam
atividade física regularmente. Figura 8.
28
Quanto às informações relacionadas à neoplasia mamária, foi questionado
sobre o estado reprodutivo; quando foram esterilizados; quanto tempo foi notado a
existência da neoplasia; se o proprietário tinha conhecimento do tumor mamário dos
parentes do animal; se o animal já havia passado pelo procedimento de
mastectomia; quantidade de partos e se o proprietário já havia feito uso de
progesterona “vacina” como contraceptivo de prenhez. Figura 9.
Figura 9. Questionário de anamnese para abordagem nutricional e comportamental 02, 2015.
29
Para obter a informação do porte do animal foi relacionado o seu peso com o
porte: porte pequeno (0 a 10kg); porte médio (10 a 25kg); porte grande (25 a 45kg);
porte gigante (45 a 60kg).
A avaliação da condição corpórea (ACC), foi em uma tabela disponibilizada
pelo site da Royal Canin® (figura 8) em uma escala de 5 pontos: 1 (muito magro); 2
(magro); 3 (peso ideal); 4 (excesso de peso); 5 (acentuadamente obeso). Figura 10.
Dos dados foram coletados, foram realizados os cálculos da média, variância
e desvio padrão para obtenção da média de idade dos pacientes com neoplasia
mamária, atendidos dentro do período descrito no trabalho. Para demais
informações foi calculado o percentual em relação ao total de animais analisados e
inseridos em uma Planilha do Microsoft Excel, para apuração dos resultados.
Figura 10: Tabela ACC para avaliação da condição corpórea, escala de 5 pontos – 2015.
Fonte: Royal Canin®. http://obesidade.royalcanin.com.br/
30
7. RESULTADOS
A maioria das fêmeas diagnosticadas com neoplasia mamária que
participaram da pesquisa na CEMV, dentro do período descrito era SRD, seguidas
das raças Labrador e Dachshund. As demais raças foram representadas em menor
número, como mostra o gráfico 5.
Gráfico 5: N=34. Raças mais atendidas com neoplasia mamária na CEMV. 2015.
O intervalo de faixa etária desses animais ficou entre três e 16 anos de idade.
A idade média calculada dos animais com neoplasia mamária atendidos na CEMV
foi de 10 anos com desvio padrão de 2,36.
Dentre os 34 animais pesquisados, 25 deles ou (74%) estavam acima do
peso ideal. Este resultado pode ser observado no gráfico 6.
9%
18,00%
24,00%
24,00%
26,00%
0% 5% 10% 15% 20% 25% 30%
Pitbull (=3)
Lhasa Apso, Maltês, Cooker, Staffordshire,Beagle e Schnauzer (n=6)
Poodle, Akita, Rottweiler e Pinscher (n=8)
Labrador e Dachshund (n=8)
SRD (n=9)
31
Gráfico 6: N=34. ACC dos animais com neoplasia mamária na CEMV. 2015.
Com relação ao estudo reprodutivo, 34 dos animais estudados, 18 deles ou
(53%) eram íntegros e destes, 10 ou (56%) estavam com excesso de peso. Já para
os 16 animais esterilizados, 15 deles ou (94%) são obesos. Figura 11.
Figura 11: Condição reprodutiva e corporal de cães fêmeas com neoplasia mamária na CEMV -
UTP. 2015.
6%
20%
56%
18%
2 Magro (N=2) 3 Peso ideal (N=7)
4 Excesso de peso (N=19) 5 Acentuadamente obeso (N=6)
47%
53%
Esterelizados(N=16)
Íntegros (N=18)
94%
56%
Castradas Obesas(N=15)
Íntegras Obesas(N=10)
32
Em relação à habitação dos animais, 32 dos animais ou (94%) habitavam em
casa, sendo que destes, 17 ou (50%) permaneciam maior tempo em área externa,
inclusive para dormir, como mostra o gráfico 7.
Gráfico 7: Área de descanso dos 34 animais, relatados por seus proprietários. 2015.
Em relação à atividade física como andar, correr ou brincar, 22 animais ou
(65%) faziam exercícios diariamente, segundo os seus responsáveis, conforme o
gráfico 8.
Gráfico 8: Frequência de atividades físicas dos 34 animais estudados . 2015.
50%
35%
15%
Fora de casa (N=17)
Dentro de casa em cama própria (N=12)
Dentro de casa bem próximo a um ente da família (N=5)
65% 6%
23%
6%
Diariamente (N=22) Até 3 vezes por semana (N=2)
Até 1 vez por semana (N=8) Não pratica exercícios (N=2)
33
Dos 34 de proprietários entrevistados, 24 deles ou (71%) possuíam outros
cães e/ou gatos. Contudo, 11 animais ou (46%) apresentam um comportamento
voraz na hora da alimentação, perante os outros animais da casa, como comer
rápido sem mastigar, ou comer a sua comida e a do outro, como apresentado no
gráfico 9.
Gráfico 9: N=24. Comportamento dos animais no momento da refeição, em relação aos contactantes.
2015.
Dos 34 animais analisados, 32 deles ou (94%) alimentam-se de ração
comercial, dentro destes, 16 ou (50%) com o fornecimento à vontade.
Em relação ao fornecimento de comida caseira como restos de comida ou
preparadas unicamente, 13 animais ou (38%) recebiam comida caseira como parte
da sua dieta ou exclusivamente.
De todos os 34 proprietários entrevistados, 18 (53%) afirmaram que seus
animais pediam comida durante as suas refeições, sendo que 8 animais (24%) do
total (N=34), recebiam esses alimentos todos os dias, independente de pedirem ou
não durante as refeições. Gráfico 10.
33%
13%
29,00%
4,00%
21%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
Comia rápidosem mastigar
(N=8)
Comia a própriacomida e a dooutro (N=3)
Comiatranquilamente
(N=7)
O proprietárionão observou
(N=1)
Os animais nãose alimentavam
juntos (N=5)
34
Gráfico 10: N=34. Frequência com que os cães recebiam alimentos durante as refeições de seus
proprietários. 2015.
Dos 34 entrevistados, apenas um entrevistado ou (9%) afirmou que não
fornecia petiscos para seu animal de estimação.
Quando questionado aos proprietários se consideravam seus animais de
estimação obesos, 21 deles ou (62%) afirmaram que consideram seu animal obeso
ou “fofinho”, como mostrado no Gráfico 11.
Gráfico 11: N=34. Opinião dos proprietários em relação à condição corporal de seus animais de
estimação. 2015.
24%
18%
32%
26%
Todos os dias (N=8) Às vezes (N=6)
Raramente (N=11) Não recebiam (N=9)
38%
24%
38%
Consideraram Obeso (N=13)
Consideraram "Fofinho" (N=8)
Consideraram Magro (N=13)
35
Após um passeio normal sem excessos ou corridas, 14 animais ou (41%)
ainda apresentavam vitalidade; seguida de algum cansaço 11 ou (33%) e, em menor
número, com muito cansaço e ofego 9 ou (26%). Já em relação a exercícios mais
intensos como subir escadas ou corridas, 18 dos entrevistados ou (53%) asseguram
que seus animais ainda os executava tranquilamente.
Em consideração à condição corporal dos proprietários, 24 deles ou (71%)
avaliaram os membros da família como magros.
Cinquenta por cento dos proprietários (N=17) e familiares da casa realizavam
atividades físicas regularmente.
Vinte e sete ou (79%) dos entrevistados, informaram que o tipo de alimento
mais consumido era o caseiro. E, 19 dos proprietários (55%) raramente tinha o
hábito de petiscar conforme mostrado no gráfico 12.
Gráfico 12: N=34. Frequência com que os proprietários e familiares tinham de petiscar (comer fora do
horário das refeições). 2015.
Referente às informações sobre neoplasia mamária, 12 animais ou (75%),
com neoplasia mamária haviam sido castrados após o segundo cio, mostrado no
gráfico 13.
55%
21%
24%
Raramente (N=19) As vezes (N=7) Sempre (N=8)
36
Gráfico 13: N=16. Tempo em que estes animais foram esterilizados. 2015.
Quando perguntado aos proprietários sobre o tempo em que foi notada a
existência do tumor, 12 deles ou (35%) demoraram mais de um ano para notar a
existência do tumor.
Trinta e dois ou (94%) dos 34 entrevistados não tinham conhecimento sobre
neoplasias mamárias em familiares dos seus animais de estimação, porém, 16
animais ou (47%) do total com neoplasia mamária eram nulíparas (nunca haviam
parido).
Por fim, 9 dos proprietários (26%), afirmaram que seus animais nunca fizeram
o uso de progesterona como contraceptivo. Gráfico 14.
Gráfico 14: N=34. Uso de progesterona como método contraceptivo. 2015.
64%
25%
11%
Antes do 1º Cio (N=2) Entre o 1º e o 2º Cio (N=2) Após o 2º Cio (N=12)
68%
26%
6%
Não (N=23) Sim (N=9) Sem informação (N=2)
37
8. DISCUSSÃO
Os trabalhos científicos evitam citar os cães SRD como os mais predispostos
em neoplasia mamária e obesidade. Na população estudada, mostrou-se uma
incidência maior de atendimentos em cães SRD obesos com tumores mamários,
sobressaindo ainda as raças Labrador, Dachshund e Pitbull. Não quer dizer que
qualquer cão pode vir a apresentar qualquer neoplasia principalmente a neoplasia
mamária. Para Queiroga & Lopes, (2002) não existe predisposição racial evidente,
embora as raças de caça sejam apontadas como tendo uma possível predisposição
para neoplasia mamária. Os animais das raças Boxer e Beagle são referidos como
aqueles que apresentam menor risco de desenvolverem tumores de mama. Os cães
SRD foram os mais frequentes na CEMV – UTP, por ser uma clínica universitária
voltada para atendimento em populações mais carentes de Curitiba e região
metropolitana, porém, em clínicas particulares de Curitiba, pode-se dar outra visão
em quais raças são mais atendidas.
A faixa etária dos animais com neoplasia mamária atendidos no CEMV era entre
três a 16 anos de idade. A média calculada foi de 10 anos, mostrando que está
condizente aos dados de outros autores já citados, variando de 7 a 12 anos. Os
tumores mamários acometem com maior frequência fêmeas entre 10 e 11 anos de
idade, devido ao aumento de células tumorais, fatores hormonais e tempo que foi
esterilizado. Torna-se mais raro em animais com menos de 5 anos de idade
(SANTIN et al, 2009).
Na pesquisa foi mostrando uma maior prevalência de fêmeas castradas, porém
94% delas eram obesas. De acordo com Lazzarotto, (1999) os animais castrados
têm probabilidade em torno de duas vezes maior de se tornarem obesos, em função
das alterações hormonais provocadas pela exérese das gônadas sexuais que vai
influenciar na diminuição do metabolismo, aumento do apetite e do sedentarismo.
A maior parte dos entrevistados 94% residia em casa, destes, 50% dos animais
permanecia sua maior parte do tempo em área externa e mesmo assim, 24% de
todos os proprietários, relataram que seus animais faziam atividades físicas como
correr, andar e brincar no máximo uma vez por semana. Mesmo a maioria dos
animais permanecendo a maior parte da sua vida fora de casa e com espaço para
correr, brincar ou andar, a obesidade ainda pode estar associado aos problemas da
má nutrição, como excesso de alimentos gordurosos, castração e até mesmo a
38
idade avançada que vai diminuir o metabolismo tornando o animal mais preguiçoso
predispondo a obesidade. (LAZZAROTTO, 1999).
Em relação ao comportamento e apetite, os proprietários afirmaram que seus
animais apresentaram um comportamento voraz ou “guloso” na hora da
alimentação.
A alimentação é um dos fatores que está diretamente relacionado com a
condição corporal do animal (APTEKMANN, 2014). Mesmo que a maior parte da
população atendida na CEVM-UTP seja de baixa renda, a ração seca de
manutenção foi a mais utilizada pelos proprietários em seus cães. Trinta e oito por
cento dos proprietários afirmaram fornecer comida caseira aos seus animais, sendo
que metade deles preparava o alimento especificamente para o seu cão, sem ser
formulada proporcionando uma dieta balanceada, e outra metade oferecia o mesmo
alimento que era preparado para o consumo familiar, fornecendo as sobras para
seus cães. Neste caso, não eram apenas os cães obesos que recebiam comida
caseira, também havia uma pequena porcentagem de pacientes magros que
recebiam comida caseira junto com a ração ou exclusivamente.
Em ralação ao convívio, a maioria dos animais permanecia ao lado de seus
proprietários na hora das refeições, uma parte deles ganhavam comida durante
essas refeições, pedindo ou não, visitando que esses proprietários davam a
entender que a alimentação era vista como uma atividade social, fazendo com que
seus animais de estimação eram considerados parte da família.
Observou-se que a maioria dos cães recebiam petiscos diariamente, algumas
vezes ou raramente. Para Courcier et al., (2010), o oferecimento de petiscos, seja
industrial ou caseiro é considerado um fator de risco para o desenvolvimento da
obesidade, isso ocorre, por ser oferecido por vários motivos ao animal como uma
recompensa por bom comportamento, assim como para deixar o cão mais tranquilo,
como agrado e vários outros motivos, principalmente por ser oferecido a qualquer
hora do dia.
A maior parte dos proprietários entrevistados compreende que seu animal de
estimação está acima do peso e afirmaram conhecer que a obesidade é prejudicial à
saúde do animal, porém somente 31% deles já procurou orientação ao veterinário
para controlar o peso do animal. Em outro trabalho observou-se que há uma
consciência por parte dos proprietários quanto aos riscos da obesidade, entretanto,
poucos procuram orientação para tratar o problema (APTEKMANN, 2014). A falta de
39
recursos financeiros na maior parte da população atendida na CEMV-UTP pode ser
um fator para não ser feito um acompanhamento de emagrecimento para o controle
da obesidade de seus cães, já que requer um custo maior com exames, ração
específica para obesidade acompanhamento semanal do médico veterinário e tempo
disponível para se dedicar a esse tratamento.
Cinquenta e nove por cento dos entrevistados afirmaram que seus animais já
apresentaram cansaço ou muito cansaço e ofego quando executavam exercícios
leves como caminhar, esta ocorrência pode estar associada com a idade avançada
que também irá diminuir o metabolismo, tornando o animal mais o sedentário
também predispondo a obesidade, isto, quando descartados outras causas que
acometem a obesidade. Já para exercícios mais pesados 47% já apresentaram
algum tipo de dor e desconforto ao executá-las mostrando que a obesidade já pode
ter acometido problemas articulares, ortopédicas e principalmente doenças
cardiorrespiratórias (TILLEY & SMITH JR, 2008).
Quando perguntado aos proprietários sobre suas condições corporais, se
praticavam exercícios físicos, tipo de alimento que comem e se tinham o hábito de
petiscar, a maioria se consideram magros. Porém metade dos entrevistados afirmou
que nunca fizeram atividades físicas ou que realizavam apenas de vez em quando.
Quarenta e cinco por cento dos entrevistados afirmou que sua alimentação é
composta na maior parte por comida caseira do que industrializada, no Brasil as
famílias de baixa renda costumam realizar suas refeições com comida caseira,
inclusive levando para o trabalho. E 45% dos proprietários tinham o costume de
petiscar entre as refeições mostrando que também pode haver uma interação com
os animais que costumam a receber petiscos e se exercitarem menos.
A maioria dos animais só foi esterilizada após o segundo cio. Este fato
ocorre devido aos fatores como a falta de informação sobre as doenças que podem
ocorrer quando o animal não é castrado; por desejarem suas crias, ou até mesmo
por falta de condições financeiras para realizar o procedimento cirúrgico. A este
realizado antes do primeiro cio reduz o risco de desenvolvimento da neoplasia
mamaria para 0,5%, este risco aumenta significativamente nas fêmeas esterilizadas
após o primeiro ciclo estral 8,0% e no segundo para 26%. A proteção conferida pela
castração desaparece após os dois anos e meio de idade, quando nenhum efeito é
obtido (FONSECA & DALECK, 2000). Quanto mais houver a ação dos hormônios
sexuais, aumenta o risco da neoplasia mamária, por isso recomenda-se a
40
esterilização antes do primeiro cio pelo o risco ser quase nulo, ou após para que
haja total formação dos órgãos sexuais.
Vinte e seis por cento dos proprietários entrevistados fizeram alguma vez o
uso de progesterona em seus animais como método contraceptivo A progesterona
apresenta ação carcinogênica quando seus níveis estão aumentados por períodos
prolongados (FONSECA & DALECK, 2000). É importante ressaltar esta informação
porque muitos proprietários utilizam uma maneira mais barata de contracepção, é
um fator de risco que leva o animal a desencadear a neoplasia mamária além de
outras doenças como a piometra. Este dado é relevante devido a CEMV – UTP
atender boa parte de populações com baixa renda e consequentemente sem
informações.
41
9. CONCLUSÃO
O estágio curricular contribuiu para o crescimento pessoal e para futura
atuação profissional. A convivência e rotina clínica em um ambiente com excelentes
professores e residentes capacitados a ensinar foram de importância fundamental
no término da rotina acadêmica. Cada cirurgia consulta, anamnese, exames,
conduta em cada caso e apresentação clínica de cada paciente possibilitou o
raciocínio e a aplicabilidade da teoria estudada ao longo dos anos de graduação.
O estudo contribuiu na estatística da incidência de cães obesos com
neoplasia mamária. A obesidade é citada como um dos fatores de risco na pré-
disposição da neoplasia mamária, porém a causa ainda é obscura.
A pesquisa também demonstrou que os proprietários ainda têm pouco
conhecimento sobre a neoplasia mamária, suas consequências e, principalmente,
como preveni-la.
A obesidade, de tal modo, mostra haver uma correlação advinda da suposta
humanização que está relacionada com a dieta desbalanceada, sedentarismo, idade
avançada e principalmente a falta de informações dos proprietários perante a
obesidade e os riscos que ela causa principalmente a neoplasia mamária.
As informações sobre a esterilização relatou que a maioria dos animais
obesos ainda eram considerados íntegros, havendo a existência de outros fatores
que levaram esses animais à obesidade como a suposta humanização onde os
animais de estimação já faziam parte da rotina diária de seus proprietários como
alimentar de comida caseira, petiscos, sedentarismo e como a consequência a
obesidade.
A obesidade é um importante transtorno nutricional que requer atenção
especial, por ser um fator altamente predisponente principalmente a neoplasia
mamária onde já existem vários relatos sobre animais neoplásicos obesos. Desta
forma os médicos veterinários devem instruir aos proprietários sobre como prevenir
a obesidade desde filhote com utilização de dietas coerentes com as necessidades
nutricionais que seus animais precisam e assim prevenir várias doenças futuras
como a neoplasia mamária.
42
REFERÊNCIAS
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