UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO – USF
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS
ENGENHARIA CIVIL
SIMONE JOVITA DINIZ
TÍTULO: Caracterização de dois tipos de concretos refratários
utilizados em fornos reformadores
Itatiba SP, Brasil
Dezembro de 2004
SIMONE JOVITA DINIZ
TÍTULO: Caracterização de dois tipos de concretos refratários
utilizados em fornos reformadores
Monografia apresentada junto à Universidade
São Francisco – USF como parte dos requisitos
para a aprovação na disciplina Trabalho de
Conclusão de Curso.
Área de concentração: Materiais
Orientador: Prof. Dr. Elíria M. J. Agnolon
Pallone
Itatiba SP, Brasil
Dezembro de 2004
ii
“A felicidade depende das qualidades
próprias do individuo e não do estado
material do meio em que se acha.”
Allan Kardec
iv
AGRADECIMENTOS
Ao concluir este trabalho, meus agradecimentos a todos que contribuíram direta e
indiretamente na concretização do presente.
Em especial a Dra. Eliria M.J. Agnolon Pallone, pela dedicada orientação, sem a
qual este trabalho não seria possível.
v
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS....................................................................................................vi
LISTA DE TABELAS...................................................................................................vii
RESUMO / PALAVRAS CHAVES..............................................................................viii
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................1
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.....................................................................................2
2.1 CONCRETOS REFRATÁRIOS..............................................................................2
2.2 USO DOS CONCRETOS REFRATÁRIOS............................................................2
2.3 DISPOSITIVOS DE ANCORAGEM........................................................................3
2.4 APLICAÇÃO DE CONCRETO REFRATÁRIO.......................................................4
3. MATERIAIS E MÉTODOS........................................................................................7
3.1.ENSAIOS DE RESISTÊNCIA A COMPRESSÃO, VARIAÇÃO LINEAR
DIMENSIONAL E MASSA ESPECIFICA APARENTE.................................................9
3.1.1.DETERMINAÇÃO DA MASSA ESPECIFICA APARENTE...............................10
3.1.2. RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO...................................................................11
3.1.3 VARIAÇÃO LINEAR DIMENSIONAL...............................................................12
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO..............................................................................13
5. CONCLUSÃO........................................................................................................19
6. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................21
vi
LISTA DE FIGURAS
Figura 4.1 - Massa específica aparente em função do número de corpos de provas
para o concreto castibar plw 41, usando dois tipos de aplicação: pneumática e
derramamento............................................................................................................14
Figura 4.2 - Massa específica aparente em função do número de corpos de provas
do concreto castibar hvl 241, usando dois tipos de aplicação: pneumática e
derramamento............................................................................................................14
Figura 4.3 - Resistência à compressão em função do número de corpos de provas
do concreto castibar plw 41, usando dois tipos de aplicação: pneumática e
derramamento............................................................................................................16
Figura 4.4 - Resistência à compressão em função do número de corpos de provas
do concreto castibar hvl 241, usando dois tipos de aplicação: pneumática e
derramamento............................................................................................................16
Figura 4.5 - Variação linear dimensional em função do número de corpos de provas
do concreto castibar plw 41, usando dois tipos de aplicação: pneumática e
derramamento............................................................................................................18
Figura 4.6. Variação linear dimensional em função do número de corpos de provas
do concreto castibar hvl 241, usando dois tipos de aplicação: pneumática e
derramamento............................................................................................................18
vii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Ensaios realizados com seus respectivos números de corpos de
dimensões..................................................................................................................10
viii
RESUMO
Concretos refratários são materiais essenciais no revestimento de instalações
submetidas a altas temperaturas, encontradas principalmente nas indústrias
petroquímicas. A qualidade da aplicação dos concretos refratários é de vital
importância, uma vez que nesta etapa as características físicas do material
começam a se definir. Uma aplicação incorreta pode, muitas vezes, trazer
conseqüências desastrosas ao material, chegando ao extremo de ocasionar a
paralisação de um equipamento, causando perdas econômicas. A importância do
acompanhamento da aplicação de concretos refratários através de ensaios
realizados proporciona melhoria na qualidade do produto final, e previne também
que um concreto refratário que não possua características esperadas,
sejamsubstituído a tempo de entrar em operação. Diante de tal cenário, o objetivo
deste trabalho foi realizar uma análise de dois tipos de concretos
refratários,utilizando dois tipos de aplicações: projeção pneumática e derramamento.
Para essa caracterização realizou-se ensaios de massa especifica aparente,
resistência á compressão e variação linear dimensional.
.
PALAVRAS-CHAVE: concretos refratários, aplicação, ensaios, refratários, refinaria.
1
1 INTRODUÇÃO
As empresas usuárias de materiais refratários vêm sofrendo um processo de
adequação de seus sistemas produtivos com o intuito de alcançar níveis superiores
de qualidade e produtividade. Com a globalização da economia mundial, o aumento
da concorrência entre estas empresas desencadeou programas de redução de
custos, com vistas a consolidar a condição vital de competitividade.
Entre os diversos segmentos industriais, as industrias de siderurgia e petroquímica
são as principais consumidoras de produtos refratários, e vem sofrendo profundas e
rápidas modificações após o Programa de Privatizações implementado pelo governo
brasileiro a partir de 1990.
Neste contexto, o panorama das industrias produtoras de materiais refratários
caracteriza-se por avanços contínuos nas tecnologias disponíveis, visando adequar
os produtos às novas e mais agressivas solicitações termomecânicas que os
processos industriais a altas temperaturas vêm demandando.
Os dois grandes grupos de materiais que compõem os refratários são: moldados
(tijolos, válvulas, placas, plugs, peças especiais, etc.) e não moldados ou monolíticos
(concretos, plásticos, massas de socagem, argamassas, etc.) e tem se desenvolvido
de maneira distinta. A evolução ocorrida com os refratários monolíticos nos últimos
20 anos, caracterizada pelo significativo crescimento de sua participação no total de
refratários produzidos, pode ser atribuída aos esforços alocados ao
desenvolvimento dos concretos, que são sua espinha dorsal. Esta evolução ocorreu
com a obtenção de produtos moldados, projetados através das teorias máximas de
empacotamento dos grãos, do emprego de pós ultra finos e do uso de agentes
defloculantes como redutores de água.
Assim o objetivo desse trabalho é apresentar resultados de ensaios
executados durante a aplicação de concreto refratário numa petroquímica.
Até bem pouco tempo atrás, não havia uma preocupação maior com relação à
qualidade dos materiais refratários e sua aplicação. O controle de qualidade de um
revestimento monolítico limitava-se a um teste de martelamento em toda a superfície
após sua aplicação; o comprometimento de inúmeras campanhas levou os usuários
a perceber que esta pratica era insuficiente. (PESSOA, D.S. 1998).
2
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1. Concretos refratários
Os concretos refratários são constituídos por agregados e ligantes. Dentre
suas características, as principais são: menor número de juntas, economia de
instalação, confecção de peças de formatos especiais e principalmente eliminação
de queima previa da peça.
A crescente demanda das industrias siderúrgicas e petroquímicas, tem
estimulado o desenvolvimento de diversos tipos de concretos refratários. Dentre eles
pode citar: concretos com agulhas metálicas, de baixo cimento, de ultrabaixo
cimento e os sem cimento. (Baldo, J. B., 1995).
O concreto refratário isolante é amplamente utilizado nesses equipamentos,
para manter a alta temperatura necessária ao processo.
2.2. Uso dos concretos refratários
As industriais petroquimicas e siderúrgicas são as maiores usuárias de
concretos refratários. Na industria petroquímica os concretos são muito usados em
fornos e caldeiras, mas sua aplicação mais importante é feita em reatores e
regeneradores de Unidade de Craqueamento Fluido Catalítico, que é o
processamento do resíduo atmosférico do petróleo em vários derivados como: nafta,
gasolina, querosene etc. (LOBO, A. C. O., 1989b).
Na industria petroquímica tem sido crescente a utilização de concretos
refratários como revestimentos anticorrosivos e antierosivos dos materiais metálicos.
A principal aplicação dos concretos refratários densos e isolantes na refinaria
de petróleo é permitir o uso de equipamentos fabricados com chapas de aço
carbono, mantendo a energia térmica necessária ao processo. Isso significa uma
considerável redução de custos de fabricação e operacional.(GUERRA. E.C.M.
1989).
A maioria dos equipamentos de uma refinaria opera na faixa de 400 a 700ºC.
Como acima de 350ºC o aço carbono perde muitas de suas propriedades, os
concretos refratários são utilizados de forma a obter-se na chaparia uma
temperatura inferior, com isto evita-se a utilização de chapas de aço liga, de elevado
3
custo e normalmente importadas, e aumenta-se o rendimento térmico do
equipamento (especialmente caldeiras e fornos), através da diminuição das perdas
de calor. Outra propriedade dos materiais refratários é a condutibilidade térmica
(MOURA Filho, H., 1989b).
A seleção do material é feita a partir das solicitações predominantes, sendo
muitas vezes necessário utilizar-se camada dupla de materiais, como por exemplo,
quando se deseja que o revestimento refratário apresente baixa condutividade
térmica e elevada resistência química. São duas propriedades inviáveis de serem
conseguidas com uma única camada. (LOBO, A. C. O., 1989a).
O valor econômico é também um importante item na seleção do material. O
verdadeiro custo do concreto refratário não deve ser avaliado apenas pela razão
econômica por unidade, mas também pelo custo da mão de obra, do transporte, e
pela a continuidade da operação esperada de um equipamento (menor numero de
paradas), levando a uma maior produtividade. (LOBO, A. C. O., 1989b).
Alguns fatores também devem ser considerados para um melhor
desempenho do material, como: compatibilidade química com o ambiente de serviço,
projeto de revestimento, condições de operação e a aplicação. (ETTER, J.A.N.,
1995).
2.3. Dispositivos de ancoragem
Como os concretos refratários normalmente não ficam aderidos ao
equipamento que estão revestindo, sua sustentação consegue-se através de
dispositivos de ancoragem ou fixação (ancoras). (MOURA Filho, H., 1989a).
Os dispositivos de ancoragem são fabricados de materiais metálicos ou
refratários.
Os dispositivos refratários são geralmente fabricados de materiais com alto
teor de alumina, mas pelo seu maior custo e dificuldades de aplicação esta limitado
às situações onde a temperatura impede o uso dos dispositivos metálicos. Os
dispositivos metálicos são fabricados de aços carbono, inox austeníticos e ferríticos
ou inconel. (MOURA Filho, H., 1989b).
4
Os dispositivos de ancoragem devem atender as seguintes características:
- Estar firmemente fixado ao equipamento, de forma a suportar os esforços
gerados pelo revestimento ou pelo equipamento. Sua fixação ao equipamento é feita
normalmente por soldagem.
- Ter formato, dimensões e distribuição de forma a não provocar danos ao
revestimento e ao equipamento.
- Não conduzir calor para o casco do equipamento.
- Permitir uma certa quantidade de movimento do equipamento em relação ao
refratário.
- Ser de material compatível com a temperatura de operação e com a
corrosividade do meio.
Dentro dos infinitos tipos, destacam-se os mais utilizados: grampos, pinos e
malhas. (Norma Petrobrás N-1728)
A seleção do material dos dispositivos de ancoragem é realizada em função
da temperatura e atmosfera do ambiente a ser aplicado.(Norma Petrobrás N-1910)
2.4. Aplicação de concreto refratário
Antes de iniciar a aplicação de concreto refratário, deve ser avaliado o
preparo de superfície que irá receber o revestimento, as condições físicas das
ancoragens, checando a soldagem e a sua distribuição.(MACEDO, W. C., 1989)
Todo serviço de aplicação de concreto refratário deve ser precedido de
procedimentos a serem empregados na obra; uma vez aprovados para execução,
devem ser qualificados no campo. Além dos procedimentos, todos os aplicadores
também deverão ser qualificados. (PESSOA, A.D.S., 1998).
Existem muitas formas de se efetuar a aplicação de concretos refratários, a
seleção do método adequado depende geralmente de fatores peculiares a cada
caso e em função do volume do trabalho, localização do equipamento, tipo de
concreto a ser empregado, equipamentos de aplicação disponíveis, dimensões do
equipamento etc.
5
Os concretos refratários podem ser simplesmente vertidos em fôrmas, podem
ser socados ou ainda projetados ou arremessados com maquinas especiais. Cada
tipo de aplicação empregada influencia no comportamento físico do concreto
conferindo um resultado distinto. Um mesmo concreto, quando aplicado por projeção
pneumática terá resistência mecânica superior àquele que for simplesmente vertido.
Independentemente do método de aplicação, os concretos refratários devem
passar por uma serie de operações para garantir a boa qualidade final do
revestimento, como: planejamento, preparação, homogeneização, dosagem mistura,
transporte, cura secagem e queima.
Nesse trabalho os dois métodos de aplicações estudadas do concreto foram:
projeção pneumática e derramamento.
A projeção pneumática de concretos refratários consiste no lançamento
continuo a alta velocidade do material sobre a superfície a refratar. Para tal usa-se
uma maquina capaz de pressurizar e transportar continuamente o material por uma
mangueira, onde através de um bico especial o mesmo é projetado e a água é
adicionada no bico de saída da mangueira. (MACEDO, W. C. D., 1989)
Vantagens: uniformidade das propriedades ao longo do serviço, rapidez de
execução, menor relação grau/cimento e maior grau de compactação.
Desvantagens: Perda de material (rebote), limitado a equipamento com
diâmetro superior a 2,0 m, inadequado para agregados extremamente leves,
exigência de formulação especial visando reduzir rebote e obtenção de boa
qualidade de revestimento.
A aplicação de concretos refratários através do método do derramamento,
consiste em misturar o material com quantidade de água adequada e vertê-lo entre
formas no casco do equipamento a refratar. O espaço compreendido entre a forma e
o equipamento, deve ficar completamente preenchido pela massa de concreto
durante a operação de derramamento. Para tal recomenda-se vibrar o material com
um vibrador de imersão, de modo a evitar a ocorrência de vazios no revestimento.
(MACEDO, W. C. D., 1989)
Após a aplicação do concreto refratário é realizada a cura do material através
de aspersão de água para hidratação, secagem ao ar por no mínimo 24 h e
inspeção do revestimento. Tudo isso deve ser realizado antes da secagem com
6
aquecimento do material que ocorre na partida de operação do equipamento.
(Norma Petrobrás N-1617)
Como parte do sistema, na execução de aplicação de concreto refratário, são
realizados ensaios físicos (testes), que tem como objetivo, garantir as propriedades
físicas atestadas e ainda o seu desempenho mecânico durante o processo. (ISQI,
1998).
7
3. MATERIAIS E MÉTODOS
Entre os diversos tipos de concretos refratários, o escolhido para ser
estudado foi o concreto isolante, que é caracterizado por uma porosidade acentuada
e baixa resistência mecânica. Os dois materiais analisados foram produzidos pela
IBAR - Indústrias Brasileiras de Artigos Refratários Ltda: castibar plw 41(temperatura
de utilização de 1300ºC massa especifica aparente máxima de 1,30 g/cm3) e
castibar hvl 241(temperatura de utilização de 1000ºC massa especifica aparente
máxima de 1,00 g/cm3).
Foram analisados dois métodos de aplicação desses concretos: projeção
pneumática e derramamento.
Projeção pneumática – consiste no lançamento continuo a alta velocidade
através de máquina onde pressuriza e transporta o material através de mangueira.
Derramamento – consiste na mistura do concreto com água e vertido e
formas.
O estudo experimental ocorreu nos corpos de provas retirados dessas
aplicações, que foram utilizados no forno reformador da Unidade de Hidrotratamento
da Refinaria da Petrobrás localizada em Paulínia – Replan, que consiste em uma
unidade de processo que retira o enxofre do diesel.
Os corpos de prova foram moldados conforme a norma NBR 8382 (materiais
refratários não-conformados - preparação de corpos de prova de concretos para
projeção, concretos isolantes, densos e de fluência livre).
Para a preparação dos corpos de prova para realização dos ensaios de
resistência à compressão, variação linear dimensional e massa específica aparente,
foram utilizados os seguintes equipamentos:
- misturador tipo planetário para a homogeneização do material;
- formas metálicas de aço carbono, desmontáveis e estanques a água, com as
dimensões: 114mm x 114mm x 63mm e 50mm x 50mm x 100mm;
- forma de madeira nas dimensões de 600 mm x 600 mm x 100 mm
- mesa vibratória plana horizontal;
- balança com resolução mínima de um g;
8
- espátula;
- estufa capaz de manter a temperatura a (110 + 5)ºC;
- forno capaz de atingir a temperatura de queima;
- Becker graduado;
- bureta;
- câmara úmida capaz de manter em seu interior a umidade relativa mínima de 80%,
a uma temperatura de (25 + 2)ºC.
- serra clipper com disco diamantado
- maquina de projeção pneumática tipo “allentown”
Os materiais foram pesados em quantidade suficiente para produzir os corpos
de prova a serem ensaiados, e colocado na batedeira. Misturado a seco por 1 min,
usando velocidade lenta. Adicionou-se água potável à 25ºC lentamente no material.
Nos materiais castibar plw 41 e castibar hvl 241 aplicados por projeção
pneumática, foram pré-umedecidos com 6% de H2O antes de serem projetado pela
maquina, onde a água é dosada no bico para aplicação.
Nos materiais que foram aplicados por derramamento, foram adicionados
29% de água nos concretos refratários castibar plw 41 e 55 a 58% no concreto
refratário castibar hvl 241.
Os materiais foram misturados por 5 min, até que o concreto se soltasse das
paredes do recipiente.
Os materiais aplicados por projeção pneumática, foram inseridos dentro de
uma caixa de madeira nas dimensões de 600mm x 600mm x 100mm e
posteriormente cortados nas medidas necessárias, após a cura e a secagem ao ar.
Os aplicados por derramamento foram moldados diretos nas formas.
Para o derramamento do material, as formas com as dimensões utilizadas
foram montadas e fixadas rigidamente à mesa vibratória, imediatamente após a
preparação da mistura de concreto. A mesa vibratória foi ligada e as formas
enchidas com auxilio de uma espátula. A mesa foi mantida ligada até que não
observasse mais acomodação do material na forma, sem, no entanto, promover
segregação no material.
9
O nivelamento da massa na forma foi feito com o uso da espátula, retirando-
se os excessos, quando necessário.
Após a moldagem e o corte, os corpos de provas foram mantidos em um
ambiente com umidade relativa mínima de 80%, a uma temperatura de (25 + 2)ºC,
durante 24 h.
Após cura, os corpos de prova foram retirados da forma e secos ao ar por 24h
e em seguida, colocados na estufa a (110 + 5)ºC para secagem, até obtenção de
massa constante.
3.1. Ensaios de resistência à compressão, variação linear dimensional e
massa específica aparente.
Após a aplicação do concreto refratário foi realizada a cura do material,
secagem ao ar por no mínimo 24 h e inspeção do revestimento. Tudo isso foi
realizado antes da secagem com aquecimento do material que ocorreu na partida de
operação do equipamento. (Norma Petrobrás N-1617)
Para realização dos ensaios resistência à compressão e variação linear
dimensional que requeiram queima dos corpos de prova, os mesmos foram
queimados conforme patamar abaixo (Norma Petrobrás N-1728):
Taxa de aquecimento máximo de 2,50ºC por minuto ate 110ºC;
� Permanência na temperatura de 110ºC, ate obter massa constante;
� Taxa de aquecimento máximo de 150ºC por hora ate 815ºC;
� Permanência de 5 horas na temperatura de 815ºC;
� Resfriamento a uma taxa máxima de 150 ºC por hora.
Após o processo de queima e com resfriamento dentro do forno, os corpos de
prova estavam prontos para serem ensaiados. A Tabela I mostra os ensaios
10
realizados com os números de corpos de prova ensaiados e com as dimensões dos
mesmos.
Tabela 1. Ensaios realizados com seus respectivos números de corpos de prova
dimensões.
Ensaios Nº de CP’s Dimensões
Resistência a Compressão
(queimado a 815ºC) 15
114mm x 114mm x 63mm
Variação Linear Dimensional
(queimado a 815ºC) 12 50mm x 50mm x 100mm
Massa Especifica Aparente
(seco a 110º C) 15 114mm x 114mm x 63mm
Adaptada: Norma Petrobrás N-1617
3.1.1. Determinação de massa especifica aparente
Os ensaios de massa especifica aparente foram realizados segundo a norma
NBR 11221(materiais refratários não-conformados - determinação da densidade
aparente).
Para a determinação de massa especifica aparente, os corpos de prova
devem ter dimensões aproximadas, não podendo ter arestas quebradas. Caso isso
ocorra, os mesmos são descartados. Os corpos de prova para realização desse
ensaio tiveram as seguintes dimensões: 114mm x 114mm x 63mm. Os corpos de
prova foram secos em estufa a (110±5)ºC até a obtenção de massa constante. Em
seguida, resfriados a temperatura ambiente.
Os corpos de prova foram medidos quanto ao comprimento, largura e
espessura, com exatidão de 0,1 mm.
11
Para a determinação da massa dos corpos de prova, utilizou-se exatidão de
1g, e para o calculo da densidade de massa aparente (Da), utilizou-se a seguinte
equação:
elC
mDa
××= [1]
Onde:
Da = densidade de massa aparente (g/cm3)
m = massa do corpo de prova (g)
c = comprimento do corpo de prova (cm)
l = largura do corpo de prova (cm)
e = espessura do corpo de prova (cm)
3.1.2. Resistência à compressão
Os ensaios foram realizados segundo a conforme: NBR 11222 (materiais
refratários densos não-conformados - determinação das resistências á flexão e á
compressão á temperatura ambiente).
Foram preparados os corpos de prova para medida de resistência à
compressão, com dimensões de 114mm x 114mm x 63mm e sinterizado a 815°C.
Para realização do ensaio, os corpos de prova foram colocados em uma
prensa entre gabaritos metálicos e foi aplicada a carga com velocidade de (800 +
100) N/s. No momento da ruptura do corpo de prova, a carga máxima foi anotada
Anotado a carga máxima aplicada para a ruptura do corpo de prova, a
resistência à compressão foi calculada usando a equação:
A
PRcta = [2]
12
Onde:
Rcta = resistência à compressão ( kgf/cm2)
P = é a carga máxima atingida no momento de ruptura (kgf)
A = é a área de aplicação da carga, em centímetros quadrados (cm2).
3.1.3 Variação linear dimensional
Os ensaios foram realizados segundo a NBR 8385 (materiais refratários não-
conformados - determinação da variação linear dimensiona)l.
Foram preparados os corpos de prova para medida da variação linear
dimensional, com dimensões de 50mm x 50mm x 100mm e sinterizado a 815°C.
Efetuaram-se três medidas do comprimento do corpo de prova com exatidão de
0,1mm. Efetuaram-se marcas de referencia para indicar a exata posição de onde a
medida foi tomada. Mediram-se os corpos de prova após queima e, nas posições
exatas onde as primeiras medidas foram tomadas, determinando assim a variação
linear dimensional após queima, tomando-se como base às medidas iniciais do
corpo de prova após a sua secagem a 110 º C.
A variação linear dimensional (Vld) foi expressa em porcentagem, com uma
casa decimal, calculada por meio da seguinte expressão:
0
0
L
LLV
f
ld
−= [3]
Onde:
Vld é a variação linear dimensional, (%).
Lo é a media aritmética das medidas efetuadas no corpo de prova, após a secagem,
(mm).
Lf é a media aritmética das medidas efetuadas no corpo de prova, após a queima,
(mm).
13
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Figura 4.1 mostra o gráfico de massa específica aparente em função do
número de corpos de prova ensaiados, para o concreto refratário castibar plw 41,
usando dois tipos de aplicações: projeção pneumática e derramamento. As curvas
apresentadas mostram um pequeno aumento da massa específica aparente, usando
a aplicação por projeção pneumática.
A Figura 4.2 mostra o gráfico de massa específica aparente em função do
número de corpos de prova ensaiados, para concreto refratário castibar hvl 241,
usando dois tipos de aplicações: projeção pneumática e derramamento. As curvas
apresentadas mostram um pequeno aumento da massa específica aparente usando
a aplicação por projeção pneumática, o mesmo que ocorreu para o concreto castibar
plw 41.
Comparando os valores de massa específica aparente para os dois concretos
aplicados de maneiras diferentes, observa-se que tanto o concreto castibar plw 41,
quanto o castibar hvl 241, apresentaram valores maiores, usando o método de
aplicação por projeção pneumática. Esse método de utilização pode proporcionar
uma massa especifica aparente maior, devido à pressão de aplicação do material
arremessado. A pressão do arremesso do material é maior do que a compactação
do material provocada pelo vibrador imerso quando derramado. Assim, a massa
especifica do material deve ser controlada. Quando projetado, a massa especifica
aparente pode ser muito alta, evidenciando assim um menor número de poros
vazios, prejudicando a função isolante do concreto.
O método de aplicação por projeção pneumática apresenta várias vantagens
entre elas pode-se citar, maior rendimento e aplicação na vertical, mas uma das
suas desvantagens é o alto valor da massa especifica aparente, que quando não
controlada, pode descaracterizar o concreto refratário.
14
Castibar p lw41
1,12
1,14
1,16
1,18
1,20
1,22
1,24
1,26
1,28
1,30
1,32
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
corpos de prova
ma
ssa
esp
ecí
fica
ap
are
nte
(g
/cm
3)
p ro je tado derram ado
Figura 4.1 - Massa específica aparente em função do número de corpos de provas
para o concreto castibar plw 41, usando dois tipos de aplicação: pneumática e
derramamento.
C a s t ib a r h v l 2 4 1
0 , 8 8
0 , 9 0
0 , 9 2
0 , 9 4
0 , 9 6
0 , 9 8
1 , 0 0
1 , 0 2
1 , 0 4
1 , 0 6
1 , 0 8
1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 0 1 1 1 2 1 3 1 4 1 5
c o r p o s d e p r o v a
mas
sa e
spec
ífic
a ap
aren
te (
g/cm
3)
p r o j e t a d o d e r r a m a d o
Figura 4.2 - Massa específica aparente em função do número de corpos de provas
do concreto castibar hvl 241, usando dois tipos de aplicação: pneumática e
derramamento.
15
A Figura 4.3 mostra o gráfico de resistência à compressão em função do
número de corpos de prova ensaiados para o concreto refratário castibar plw 41,
usando dois tipos de aplicações: projeção pneumática e derramamento. As curvas
apresentadas mostram maior resistência à compressão, usando a aplicação por
projeção pneumática.
A Figura 4.4 mostra o gráfico de resistência à compressão em função do
número de corpos de prova ensaiados para o concreto refratário castibar hvl 241,
usando dois tipos de aplicações: projeção pneumática e derramamento. As curvas
apresentadas mostram maior resistência à compressão usando a aplicação por
derramamento, diferenciando do concreto castibar plw 41.
Comparando os valores de resistência à compressão para os dois concretos
aplicados de maneiras diferentes, observa-se que o concreto castibar plw 41,
apresentou valores maiores quando utilizou-se a aplicação por projeção, e no
castibar hvl 241, quando utilizou-se a aplicação por derramamento.
Os valores da massa específica aparente, fornecidos pelo fabricante, do
concreto castibar plw 41 é 1,3 g/cm3 e do concreto castibar hvl 241 é de 1, 0 g/cm3.
O concreto castibar hvl 241 por sua massa especifica aparente ser menor, o seu
poder isolante é maior, com isso, a sua composição contem maior quantidade de
agregados isolantes do que no concreto castibar plw 41. Quando o concreto é
aplicado por projeção pneumática, ocorre o rebote, que é a dispersão de material do
fluxo que é arremessado, com isso, o material que é dispersado é o isolante por ser
mais leve. Como no concreto castibar plw 41 a quantidade de material isolante é
menor do que no concreto castibar hvl 241, sobra assim, material mais denso (mais
resistente), o que caracteriza os valores de maior resistência a compressão. O
concreto castibar hvl 241 também perde material isolante na aplicação, mas pela
quantidade desse material ser maior na sua composição, a perda não é tão
significativa.
16
Castibar plw 41
40,00
60,00
80,00
100,00
120,00
140,00
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
corpos de prova
resi
stên
cia
a co
mpr
essã
o (K
gf/c
m2)
projetado derramado
Figura 4.3 - Resistência à compressão em função do número de corpos de provas
do concreto castibar plw 41, usando dois tipos de aplicação: pneumática e
derramamento.
Castibar hvl 241
20,00
30,00
40,00
50,00
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
corpos de prova
resi
stên
cia
a co
mpr
essã
o (K
gh/c
m2)
projetado derramado
Figura 4.4 - Resistência à compressão em função do número de corpos de provas
do concreto castibar hvl 241, usando dois tipos de aplicação: pneumática e
derramamento.
17
A Figura 4.5 mostra o gráfico de variação linear dimensional em função do
número de corpos de prova ensaiados para concreto refratário castibar plw 41,
usando dois tipos de aplicações: projeção pneumática e derramamento. As curvas
apresentadas não mostram variações significativas de variação linear dimensional,
usando tipos diferentes de aplicações.
A Figura 4.6 mostra o gráfico de variação linear dimensional em função do
número de corpos de prova ensaiados para concreto refratário castibar hvl 241,
usando dois tipos de aplicações: projeção pneumática e derramamento. As curvas
apresentadas não mostram variações significativas de variação linear dimensional,
usando tipos diferentes de aplicações. Comparando os valores de variação linear
dimensional para os dois concretos aplicados de maneiras diferentes, observa-se
que o concreto castibar hvl 241, apresentou valores maiores. Por ser mais isolante, o
concreto castibar hvl 241, apresenta maior quantidade de materiais voláteis que
após a queima deixam vazios, contribuindo assim para um maior isolamento. Com a
queima dos materiais voláteis, o restante dos materiais se agregam, fazendo com
que diminua o volume do concreto, justificando assim, esse pequeno aumento na
variação linear.
Antes de aplicar um revestimento deve-se analisar o meio e as condições
onde se vai trabalhar. Em meios onde ocorre atrito ou fluxo é mais adequado aplicar
um concreto refratário com uma resistência mecânica maior. A variação linear
dimensional do concreto refratário também influi na sua resistência ao meio, ou seja,
o concreto com variações maiores, é que o caso do concreto castibar hvl 241, esta
mais propenso a trincas, tornando-o menos adequado para uso em atmosferas
corrosivas.
O acompanhamento do uso do concreto refratário durante a sua aplicação,
através de ensaios realizados, é muito importante para observar se suas
características estão conforme pré-determinado, Através de resultados não
esperados, pode-se detectar problemas durante a aplicação ou até mesmo na
composição do concreto refratário.
Ensaios de caracterização, como os realizados durante a aplicação do
concreto refratário nesse trabalho, podem contribuir para a caracterização de algum
tipo de problema e assim os mesmos podem ser corrigidos antes da total aplicação
do concreto, ou até antes da entrada do equipamento em operação. Se esses
18
problemas não forem solucionados pode-se gerar altos custos financeiros, devido à
paralisação do equipamento, mão de obra e materiais.
Castibar plw 41
-0,20
-0,15
-0,10
-0,05
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
corpos de prova
varia
ção
line
ar d
ime
nsio
nal (
%)
projetado derramado
Figura 4.5 - Variação linear dimensional em função do número de corpos de provas
do concreto castibar plw 41, usando dois tipos de aplicação: pneumática e
derramamento.
Castibar hvl 241
-0,10
-0,05
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
corpos de prova
varia
ção
lin
ear
dim
en
sion
al (
%)
projetado derramado
Figura 4.6. Variação linear dimensional em função do número de corpos de provas
do concreto castibar hvl 241, usando dois tipos de aplicação: pneumática e
derramamento.
19
5. CONCLUSÕES
Caracterizando os dois tipos de concretos refratários, castibar plw 41 e castibar hvl
241, e utilizando dois métodos de aplicação, projeção pneumática e derramamento,
pode-se concluir:
• Os valores de massa específica aparente para os dois concretos refratários
estudados, foram maiores quando utilizou-se o método de aplicação por
projeção pneumática, evidenciando assim um menor número de poros vazios,
prejudicando a função isolante do concreto.
• Os valores de resistência à compressão para o concreto refratário castibar plw
41, foram maiores usando a aplicação por projeção pneumática e para o concreto
refratário castibar hvl 241, foram maiores usando a aplicação por derramamento.
• Os valores de variação linear dimensional não variaram para os dois concretos
estudados, quando utilizou-se métodos diferentes de aplicação. Comparando os
valores encontrados para os dois tipos de concreto, observou-se que o concreto
castibar hvl 241, apresentou valores maiores de variação linear, caracterizando
seu maior poder de isolamento, em conseqüência, mais propenso a trincas e
menos resistente a atmosfera corrosiva.
20
6. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8382: materiais refratários não-conformados - preparação de corpos de prova de concretos para projeção, concretos isolantes, densos e de fluência livre. Rio de Janeiro, janeiro 2001.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8385: materiais refratários não-conformados - determinação da variação linear dimensional. Rio de janeiro, agosto 1999.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 11221: materiais refratários não-conformados - determinação da densidade aparente. Rio de janeiro, maio 1997.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 11222: materiais refratários densos não-conformados - determinação das resistências á flexão e á compressão á temperatura ambiente. Rio de janeiro, abril 2002.
BALDO, João Batista. Apostila de materiais refratários, Universidade Federal de São Carlos, 1995.
ETTER, Jose Ademar Nucci. Desempenho de revestimentos refratários. REPLAN/DIAPRO/SETEQ. Paulínia, setembro 1989.
GUERRA, Eduardo C.de M. Calculo de revestimentos refratários para conversores de FCC, Rio de Janeiro, setembro 1989.
ISQI-INSTITUTO SANTISTA DE QUALIDADE INDUSTRIAL: Curso de manutenção e Inspeção de revestimentos refratários. Santos, agosto 1998.
LOBO, Alfredo Carlos Orphão. IV Curso funcional de refratários: Refratários. In: IV CURSO FUNCIONAL DE REFRATÁRIOS, 1998 Duque de Caxias: REDUC/SETRE. 1989a
LOBO, Alfredo Carlos Orphão. IV Curso funcional de refratários: Conhecimentos básicos sobre refratários. In: IV CURSO FUNCIONAL DE REFRATÁRIOS, 1998 Duque de Caxias: REDUC/SETRE. 1989b
21
MACEDO, Wilson Carvalho. IV Curso funcional de refratários: Aplicação de refratários. In: IV CURSO FUNCIONAL DE REFRATÁRIOS, 1998 Duque de Caxias: REDUC/SETRE. 1989
MOURA Filho, Heyder de. IV Curso funcional de refratários: Projeto mecânico de refratários. In: IV CURSO FUNCIONAL DE REFRATÁRIOS, 1998 Duque de Caxias: REDUC/SETRE. 1989a
MOURA Filho, Heyder de. IV Curso funcional de refratários: Conhecimentos sobre refratários. In: IV CURSO FUNCIONAL DE REFRATÁRIOS, 1998 Duque de Caxias: REDUC/SETRE. 1989b
N-1617 Normas Petrobrás. Aplicação de concreto refratário – rev E – janeiro 2004.
N-1728 Normas Petrobrás. Concreto refratário – rev H – janeiro 2002.
N-1910 Normas Petrobrás. Projeto de revestimentos de concretos refratários – rev E – julho 2000.
PESSOA, Domingos Sávio. Curso de manutenção e inspeção de revestimentos refratários. ABAST-REF/REGAP. Betim, agosto 1998.
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