UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
CAROLINE RICCE ESPADA
Concepções de professores de comunidades ribeirinhas do Rio
Solimões sobre parasitologia: necessidades para ações de
formação docente em saúde
São Paulo
2015
UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
CAROLINE RICCE ESPADA
Concepções de professores de comunidades ribeirinhas do Rio
Solimões sobre parasitologia: necessidades para ações de
formação docente em saúde
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao
Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da
Universidade Presbiteriana Mackenzie, como
requisito para a obtenção do grau de Licenciada
em Ciências Biológicas.
Professora orientadora: Prof. Dra. Magda
Medhat Pechliye
São Paulo
2015
AGRADECIMENTOS
Gostaria de agradecer à Universidade Presbiteriana Mackenzie e ao Centro
de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS) por me proporcionar um ensino de
qualidade, pela preocupação com a formação social de seus alunos e pelas
vivências que muito me ensinaram. A todos os professores do curso de Ciências
Biológicas e em especial para a minha querida orientadora e amiga Prof. Dra.
Magda Medhat Pechliye, que em suas aulas me proporcionou um crescimento
imensurável como aluna e como pessoa, que me abriu espaço para dar minha
opinião, que me ensinou como o esforço e a dedicação valem a pena. Posso ter
certeza de que saí de suas aulas diferente, e com certeza para melhor. Agradeço
pelo seu esforço, dedicação e confiança em nós, e também pela sua paciência
frente às minhas crises de ansiedade. De todo o coração, muito obrigada.
Agradeço os membros convidados da banca Prof. Dr. Adriano Monteiro de
Castro e Profa. Dra. Camila Sacchelli Ramos não somente pela participação e
colaboração com o meu trabalho, mas por toda a vivência e todo o carinho que
tiveram comigo durante todo o curso. Todas as oportunidades que me
proporcionaram, isso não tem preço, pensarei em vocês sempre com muito carinho.
Agradeço o Prof. Dr. Leandro Tavares Vieira por me escolher para
acompanha-lo na viagem para a Amazônia. Sem você nada disso teria acontecido,
obrigada por acreditar em mim e no meu trabalho e por não me deixar desistir deste
TCC em nenhum momento, mesmo quando fomos abandonados em uma casa na
comunidade alagada, sem professores para entrevistar. Muito obrigada mesmo.
Ao projeto Amazon Vida, por me proporcionar a maravilhosa experiência de
conhecer a Amazônia e sua população maravilhosa. Aproveito para agradecer aos
professores das escolas das comunidades ribeirinhas por participarem desta
pesquisa, por terem sido tão gentis, assim como todo o povo das comunidades,
lembro sempre de vocês com muita saudade e carinho.
Agradeço à minha família por tudo, não tenho palavras para falar o quanto
vocês são importantes para mim. Sem vocês eu não chegaria onde cheguei.
Agradeço minha mãe e melhor amiga por sempre me educar e estar presente em
minha vida, por me ajudar nos tempos de correria, por acreditar no meu potencial e
por sempre ter uma palavra sábia que me guia quando estou perdida. Agradeço meu
pai, herói e companheiro de estádio por sempre me ensinar a seguir pelo caminho
certo, me incentivar nos estudos independente da área que eu quisesse seguir, me
ensinar a buscar minha independência e por sempre acreditar em mim. Agradeço
aos dois por sempre me ensinarem a ser uma pessoa melhor e por todo o amor mais
sincero deste mundo. Agradeço também um pequeno amigo que me deixou,
obrigada pipoca por sempre me colocar um sorriso no rosto e ouvir meus desabafos,
você é a criatura mais amável deste mundo, espero que esteja feliz e saiba que eu
jamais te esquecerei.
Agradeço minha Tia Luisa por todo o apoio na minha formação desde
pequena, e por sempre me incentivar e a seguir meus sonhos.
Aos meus amigos da graduação, por sempre me fazerem sorrir, por me
ensinarem que é possível conviver com pessoas tão diferentes de maneira
harmônica, respeitando a todos. Pelos conselhos e por toda a ajuda, não sei mesmo
como agradecer, muito obrigada seus lindos.
Por fim, gostaria de agradecer todas as pessoas que fizeram parte desta
minha jornada e que sempre me apoiaram, sem a ajuda de vocês esse caminho não
seria tão florido. Obrigada de coração a todos.
“Gosto de ser gente porque, inacabado,
sei que sou um ser condicionado, mas
consciente do inacabamento, sei que
posso ir mais além dele. Esta é a
diferença profunda entre o ser
determinado e o ser condicionado. ”
(Paulo Freire)
RESUMO
As doenças negligenciadas são um grupo de doenças dentre as quais estão as
que são causadas por parasitas. No Brasil, a lei assegura que os cidadãos possuem
direito à saúde e que é dever do Estado garantir este acesso. No entanto, o que se
percebe é uma realidade de contrastes pelo País. O ensino de saúde nas escolas se
baseia principalmente em passar para os alunos hábitos considerados saudáveis.
No entanto, essas normas muitas vezes não levam em conta a cultura daquelas
pessoas e seus hábitos, não tendo muito sentido para essas pessoas e desse modo,
sendo muitas vezes abandonadas. O ensino em saúde deve visar o empoderamento
individual e da comunidade para que possam cobrar seus direitos e realizar seus
deveres visando o bem de todos e construindo hábitos saudáveis naquele contexto.
Deste modo, o objetivo deste trabalho foi analisar as concepções de professores de
comunidades ribeirinhas do rio Solimões sobre parasitologia como ferramenta para
identificar um quadro de necessidades para ações de formação docente em saúde.
Foram entrevistadores 2 professores de cada comunidade visitada totalizando 6
professores. Os resultados obtidos mostraram que os professores possuem
concepções reducionistas e algumas vezes erradas sobre parasitas e parasitoses,
sobre onde vivem e os meios de prevenção. Relacionam também a saúde apenas
ao seu âmbito biológico, associando-a a práticas de higiene enraizadas em suas
concepções pela própria educação que tiveram. Os professores tentam passar para
os alunos hábitos considerados saudáveis que não levam em conta a realidade local
e a política não é vista algo frequentemente associado às parasitoses.
Palavras-chave: Parasitoses, ensino, política, professores, comunidades ribeirinhas
ABSTRACT
The neglected diseases are a group of diseases among which are those
caused by parasites. In Brazil, the law ensures that citizens have a right to
health and that is the state's duty to ensure such access. However, what we
see is a reality contrasts around the country. The health education in schools
is mostly based on teaching habits for students that are considered healthy.
However, these habits often do not take into account the culture of those
people and their habits, and therefore empty of meaning to these people, are
often abandoned. The health education should aim at the individual and
community empowerment so that they can charge their rights and perform
their duties aiming a good life for all the local citizens and building healthy
habits that match with their reality. Thus, the aim of this study was to evaluate
the teachers from riverside communities of the Solimões River conceptions on
parasitology as a tool to identify requirements for teacher training actions.
Interviewers with two teachers from each visited communities were performed.
The results showed that teachers have reductionist conceptions and
sometimes wrong on parasites and parasitic diseases, about where they live
and about the means of prevention. They also relate health only to its
biological context, associating it with rooted hygiene practices. The teachers
try to teach healthy habits to the students but do not take into account local
realities. Besides, politics is not often associated with parasitic infections by
the teachers in their practice.
Keywords: Parasites, education, politics, teachers, riverside communities
SUMÁRIO
1.Introdução ............................................................................................................... 8
2.Artigo ..................................................................................................................... 13
Apêndices ................................................................................................................ 31
8
1. Introdução
O tema escolhido para este trabalho foi o ensino de parasitologia. Desde o
ensino médio sempre tive muito interesse nos parasitas, sempre gostei muito
de saber como eles sobreviviam no nosso organismo, “como são
perspicazes”, pensava eu. Gostava de saber seu ciclo, os sintomas que
causavam, onde viviam. Confesso que a forma de prevenção nunca me
atingiu de fato, era a parte que eu menos me importava.
Na graduação, comecei a fazer iniciação científica com leishmaniose no
Departamento de Parasitologia do Instituto de Ciências Biomédicas da USP
no segundo semestre da graduação, longe ainda de ter a disciplina de
parasitologia que eu tanto queria. Nesse meio tempo, passei a me interessar
pela área da educação, passei a ver que muito do que eu aprendi na escola
não havia de fato contribuído para que eu pudesse aplicar esse conhecimento
em diferentes situações, e isso me incomodou muito.
Recebi um convite inesperado do Prof. Dr. Adriano Monteiro de Castro e
do Prof. Dr. Leandro Tavares Vieira, para participar do projeto Amazon vida,
no qual eu e o professor Leandro iríamos para a comunidades ribeirinhas do
Rio Solimões, no estado do Amazonas, falar com a população sobre
parasitoses. Aceitei o convite assim que tive a autorização, estava muito
ansiosa com essa experiência e torci muito para me recuperar de uma fratura
no quinto metatarso para que eu pudesse ir. Nesse tempo, pensei que eu
talvez finalmente tivesse a oportunidade de reunir minhas duas paixões e
fazer um TCC que eu realmente queria fazer, unindo a educação e a
parasitologia.
Perguntei para a Prof. Dra. Magda Medhat Pechliye se ela aceitaria
orientar meu TCC sobre educação em parasitologia e ela concordou. Em
Junho de 2014 marcamos uma reunião com o Prof. Dr. Leandro e a Profa.
Dra. Paola Lupianhes Dall’Occo, para algumas dicas da viagem e para pensar
sobre como abordaríamos o tema que eu havia escolhido, na Amazônia. A
minha primeira sugestão foi de verificar os conhecimentos dos professores
9
sobre parasitologia, mas isso não mudaria muita coisa, uma vez que
constatados erros, não seria feito um trabalho posterior com os professores.
Deste modo, a segunda ideia foi ver além disso, contemplar também a
importância do ensino de parasitologia para o local.
No Brasil, a lei assegura que os cidadãos possuem direito à saúde e que é
dever do Estado assegurar este acesso. No entanto, o que se percebe é uma
realidade de contrastes pelo País. As condições desfavoráveis de vida, como
falta de acesso a água potável, ao saneamento básico, alimentação correta e
moradia são as principais causas de doenças e mortes prematuras (BRASIL,
1998).
Queríamos saber então, como era o ensino de parasitoses naquele local,
relacionar com as condições de saneamento do local e saber se os cidadãos
de lá tinham consciência de que possuem direito a saneamento básico e se
cobram isso das autoridades.
A entrevista semiestruturada foi elaborada e corrigida algumas vezes antes
da viagem, assim como os termos de consentimento. Embarcamos para
Manaus no dia 26 de Julho de 2014 e no dia 28 visitamos a primeira
comunidade, Fé em Deus, que por motivos de alagamento estava vazia.
Apenas alguns moradores vieram das cidades vizinhas onde estavam para
receber atendimento médico no barco. No entanto, eu e o professor Leandro
fomos levados para um posto de saúde que estava ilhado devido ao
alagamento, e disseram que levariam algumas pessoas até lá para que nós
pudéssemos fazer nossa oficina, no entanto ninguém apareceu. A escola
estava fechada e os professores não foram até o barco o que impossibilitou a
aplicação da entrevista nessa comunidade.
No mesmo dia à tarde fomos para a comunidade Vila do Jacaré. Nesta
comunidade as escolas estavam em atividade, e foi lá que aplicamos nossa
oficina. Falamos com os alunos do ensino fundamental e do ensino médio
sobre parasitoses, mostramos alguns vermes fixados em formol, perguntamos
o que é um parasita, demos algumas imagens de doenças e pedimos para
10
eles identificarem quais conheciam. Os alunos ficavam tímidos com o
assunto, tinham vergonha quando algum colega dizia “Ah, ele já teve isso”.
Conseguimos entrevistar dois professores nesta comunidade, um durante o
intervalo de aula e o outro no final da aula.
Durante a madrugada, o barco foi para outra comunidade, Bom Jesus.
Nessa comunidade também não havia professores. Eles foram para
Manacapurú receber seu salário, segundo a assistente social. Nesse dia
então nossas atividades foram voltadas para a oficina. Nos juntamos com as
alunas da psicologia e fizemos um teatro de fantoches falando sobre vermes e
sobre como preveni-los. Mostramos os vermes fixados, e a reação deles foi
de surpresa, de nojo, espanto, alguns vieram, queria pegar o pote, ver mais
perto, outros tinham medo. Chegou a hora do lanche e nós havíamos
acabado de ensinar para as crianças que para prevenir esses vermes
(lombriga) era importante eles lavarem bem as mãos e os alimentos antes de
comer, ensinamos com música e com os fantoches como lavar as mãos, já
que eram crianças bem pequenas. A escola desta comunidade foi construída
parcialmente, e soubemos que ela já foi inaugurada, mesmo sem estar
acabada e funcionando. Não tínhamos onde lavar as mãos das crianças,
então pegamos água do barco e sabão e lavamos as mãos de
aproximadamente umas 80 ou 90 crianças. Quando elas vinham lavar, elas
nos mostravam que estavam lavando os pulsos, entre os dedos e em baixo
das unhas, assim como havíamos ensinado, algumas nos pediam abraços.
Uma coisa que nos deixou revoltados, foi que não havia lanche para todas as
crianças, as que ficaram por último não receberam a merenda.
No outro dia chegamos à Caviana. Fomos aplicar a oficina com um grupo
de jovens de ensino médio, de mais ou menos uns 16 anos. Era uma grande
roda com aproximadamente 20 jovens. Mostramos os vermes, as imagens,
eles identificaram alguns. Dois jovens já tiveram Taenia e explicaram como
foi, o que sentiram, e deram hipóteses de como contraíram aquele parasita.
11
Fizemos com as crianças depois, o teatro de fantoches junto com as meninas
da psicologia e novamente lavamos suas mãos antes do lanche.
No último dia fomos a comunidade de Repartimento do Tuiué. Lá fizemos a
oficina com os alunos da escola, o que chamou a atenção era que eles
sabiam que deveriam lavar as mãos por exemplo, mas não sabiam explicar
porque, e quando sabiam falavam que era para não pegar bactérias, apenas.
Quando mostramos os vermes eles reconheceram também, uma menina
contou que teve e como foi.
Ao voltar começamos a trabalhar com os dados. Como eu já havia
defendido o TCC do bacharelado, a professora Magda sugeriu que este
trabalho fosse feito em forma de artigo. A revista escolhida para a publicação
foi a Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências.
Primeiramente havia escolhido artigos que falassem da formação dos
professores, da generalização dos microrganismos, para o meu referencial
teórico. A professora Magda sugeriu então alguns artigos que se aproximaram
mais do que eu realmente queria tratar e me deixaram mais animada com o
trabalho. Desde o início houve o pensamento de até em que ponto ditar
hábitos “saudáveis” para a população os atingiria, por exemplo: “não beba a
água do rio, lave as mãos com água limpa, use redes de proteção, repelente”,
é uma realidade muito diferente, que deve ter seus aspectos culturais
contemplados, como falar para eles “não nade no rio, você pode pegar
esquistossomose? ”. Os hábitos devem ser discutidos com as comunidades e
não imposto, se não, ausentes de sentido para aquelas pessoas serão
deixados de lado aos poucos.
Talvez por esse motivo eu gostasse tanto dos parasitas e não da
prevenção, pois para mim não fazia sentido dizer que o modo de prevenir a
doença de Chagas era não morar em casas de pau a pique, afinal eu nem
sabia o que eram casas de pau a pique. A partir deste longo caminho foi
desenvolvido este trabalho. Como o presente trabalho foi escrito em forma de
artigo científico para publicação, foram seguidas as normas da revista e por
12
este motivo, não está formatado de acordo com as normas da ABNT. O artigo
está estruturado em: Referencial teórico, procedimentos metodológicos,
resultados e discussão, e considerações finais. Devido à estrutura mais
compacta do artigo científico, a entrevista integralmente transcrita foi colocada
no trabalho como apêndice, assim como os termos de consentimento.
13
2. Artigo
Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em ciências Vol. XX, Nº X, XXXX
Concepções de professores de comunidades ribeirinhas do Rio Solimões sobre parasitologia: necessidades para ações de formação
docente em saúde.
Rio Solimões riverside communities’ teachers’ conceptions about parasitology: needing actions for teachers’ formation.
Resumo
As doenças negligenciadas são um grupo de doenças dentre as quais estão as que são
causadas por parasitas. No Brasil, a lei assegura que os cidadãos possuem direito à saúde e que é
dever do Estado garantir este acesso. No entanto, o que se percebe é uma realidade de contrastes
pelo País. O ensino de saúde nas escolas se baseia principalmente em passar para os alunos hábitos
considerados saudáveis. No entanto, essas normas muitas vezes não levam em conta a cultura
daquelas pessoas e seus hábitos, não tendo muito sentido para essas pessoas e desse modo, sendo
muitas vezes abandonadas. O ensino em saúde deve visar o empoderamento individual e da
comunidade para que possam cobrar seus direitos e realizar seus deveres visando o bem de todos e
construindo hábitos saudáveis naquele contexto. Deste modo, o objetivo deste trabalho foi analisar
as concepções de professores de comunidades ribeirinhas do rio Solimões sobre parasitologia como
ferramenta para identificar um quadro de necessidades para ações de formação docente em saúde.
Foram entrevistadores 2 professores de cada comunidade visitada totalizando 6 professores. Os
resultados obtidos mostraram que os professores possuem concepções reducionistas e algumas
vezes erradas sobre parasitas e parasitoses, sobre onde vivem e os meios de prevenção. Relacionam
também a saúde apenas ao seu âmbito biológico, associando-a a práticas de higiene enraizadas em
suas concepções pela própria educação que tiveram. Os professores tentam passar para os alunos
hábitos considerados saudáveis que não levam em conta a realidade local e a política não é vista algo
frequentemente associado às parasitoses.
Palavras-chave: Parasitoses, ensino, política, professores, comunidades ribeirinhas
Abstract
The neglected diseases are a group of diseases among which are those caused by parasites. In Brazil,
the law ensures that citizens have a right to health and that is the state's duty to ensure such access.
However, what we see is a reality contrasts around the country. The health education in schools is
mostly based on teaching habits for students that are considered healthy. However, these habits
often do not take into account the culture of those people and their habits, and therefore empty of
meaning to these people, are often abandoned. The health education should aim at the individual
and community empowerment so that they can charge their rights and perform their duties aiming a
good life for all the local citizens and building healthy habits that match with their reality. Thus, the
14
aim of this study was to evaluate the teachers from riverside communities of the Solimões River
conceptions on parasitology as a tool to identify requirements for teacher training actions.
Interviewers with two teachers from each visited communities were performed. The results showed
that teachers have reductionist conceptions and sometimes wrong on parasites and parasitic
diseases, about where they live and about the means of prevention. They also relate health only to
its biological context, associating it with rooted hygiene practices. The teachers try to teach healthy
habits to the students but do not take into account local realities. Besides, politics is not often
associated with parasitic infections by the teachers in their practice.
Keywords: Parasites, education, politics, teachers, riverside communities
Referencial Teórico
As doenças tropicais negligenciadas são um grupo diversificado de doenças causadas por
uma variedade de patógenos como vírus, bactérias, protozoários e helmintos, que afetam mais de
um bilhão de pessoas ao redor do mundo e são endêmicas em 149 países. Dentre estas doenças
estão as infeções causadas por parasitas como helmintos do solo, dengue, doença de Chagas,
filariose, esquistossomose, leishmaniose, teníase e cisticercose (WHO, 2015). Segundo Rey (2003), os
parasitas são seres de porte menor que se associam a um de maior porte à custa ou dependência
deste, de modo que podem ou não causar patologias. Essa definição, no entanto, contrapõe-se à
definição ecológica de parasitismo na qual o parasita utiliza elementos de outro organismo causando
prejuízo ao seu hospedeiro (BEGON et al., 2008).
No Brasil, a lei assegura que os cidadãos possuem direito à saúde e que é dever do Estado
assegurar este acesso. No entanto, o que se percebe é uma realidade de contrastes pelo País. As
condições desfavoráveis de vida, como falta de acesso a água potável, ao saneamento básico,
alimentação correta e moradia são as principais causas de doenças e mortes prematuras (BRASIL,
1998).
A concepção de educação em saúde sofreu mudanças ao longo do tempo. Inicialmente, as
causas das doenças eram atribuídas às condições ambientais. Com o desenvolvimento urbano e
científico, estas passaram a ser atribuídas à presença de patógenos no organismo, e o indivíduo era o
principal responsável por seu estado de saúde. Desse modo, a educação na área de promoção de
saúde era autoritária e se baseava em ditar regras de bem-estar, de modo a moldar os
comportamentos de higiene dos cidadãos de modo que as patologias eram resultado de sua
ignorância. Colocar o indivíduo como responsável pela sua saúde, é uma visão amplamente difundida
que exime o Estados de sua responsabilidade e também atende a diversos interesses de empresas.
Apenas a partir de 1970 é que se entendeu o processo doença-saúde como sendo multifatorial e em
1986 com a carta de Ottawa a saúde foi vista ainda mais amplamente, não apenas como presença ou
ausência de doença, mas como instrumento para o desenvolvimento do indivíduo no ambiente,
possibilitando o pensamento sobre saúde a partir de uma perspectiva crítica e não mais uma
imposição de regras, levando em conta todos os fatores relacionados a ela. (LOPES; TOCANTINS,
2012).
Freire (1966) olha para a educação como uma forma de intervenção no mundo, de modo
que, o objetivo é formar alunos que possam atuar no meio em que vivem e para isso é necessário
que o aluno saia do papel de paciente e atue no processo, desenvolvendo seu pensamento crítico.
Deste modo, a educação doutrinadora, vem sendo criticada por ditar hábitos e regras e manter os
alunos em posição de oprimidos (FIGUEIREDO et al., 2010). Os Parâmetros Curriculares Nacionais
(BRASIL, 1998) defendem que por meio da educação pode-se desenvolver a conscientização da
15
população quanto ao direito a saúde, mobilizar intervenções, ou seja, preparar o cidadão para atuar
criticamente em busca de seus direitos e deveres. Neste documento, a saúde é um tema transversal,
devendo permear as diversas áreas que compõem a grade curricular da escola e não sendo apenas
uma competência dos professores de biologia. Isso está relacionado com a concepção de saúde
defendida pelos PCN que envolve o bem-estar físico, social e psicológico, e não só a ausência ou
presença de doenças, mesma concepção defendida pela carta de Ottawa (BRASIL, 1998).
A educação na área de saúde deve ir além dos conceitos e da divulgação de normas e levar
em conta a formação de hábitos e atitudes, que por sua vez poderão contribuir para uma mudança
de hábitos da população (PEREIRA et al., 2012) desenvolvendo atitudes de prevenção que poderiam
contribuir para mudanças socioambientais e políticas auxiliando no problema levantado por Zaiden
et al.(2008) e pelos PCN (BRASIL, 1998) de que a prevalência de doenças está intimamente
relacionada com condições de saneamento e higiene, contribuindo muitas vezes para problemas
econômicos e sociais. A educação em saúde deve construir ações para promover a saúde, para
garantir a voz a comunidade e ao indivíduo, de modo que eles possam utilizar seus conhecimentos
como forma de intervenção (LOPES; TOCANTINS, 2012).
Desse modo, a escola deve agrupar a aprendizagem, a cultura, o ensino e o desenvolvimento.
Segundo Cordeiro (2010) é uma visão comum dos professores, que os alunos devam chegar à escola
com “bons modos” de comportamento e higiene e é dever da família garantir essa educação. No
entanto, essa visão reduz a função da escola à de instruir os alunos, e fica a cargo dos pais a
educação. Cordeiro (2010) discorda desta visão e diz que quem instrui também educa. Todos devem
ser vistos como sujeitos no processo, professor, alunos e comunidade. A saúde e os hábitos têm uma
construção cultural e histórica e é influenciada pela educação, desenvolvimento econômico e
político. Não basta deste modo, trazer novos hábitos que se julga saudável para esse ambiente, mas
sim criar condições para que eles, em seu contexto, julguem os hábitos que consideram saudáveis
(LOPES; TOCANTINS, 2012). O professor deve provocar uma mudança atitudinal nos seus alunos
(SOLÉ; COLL, 1999) porém, para isso é preciso que o ensino seja contextualizado, o que segundo
(ODA; DELIZOICOV, 2011) não acontece no ensino de parasitologia uma vez que esse encontra-se
amplamente fragmentado na grade curricular de ciências e biologia, sendo pouco aprofundado ou
muitas vezes nem abordado.
Outro problema, levantado por Monroe et al. (2013), começa nos cursos de formação de
professores nas universidades. Alguns professores apresentam uma visão reducionista da saúde
associando-a ao bem-estar, porém de uma forma unilateral e totalmente biológica. Além disso,
possuem uma representação limitada sobre parasitoses dando-as como sinônimo de
microrganismos, lombrigas e amebas. Para mudar isto, os autores defendem que a contextualização
e a interdisciplinaridade devem fazer parte do ensino de parasitologia, que muitas vezes possuem
uma abordagem estritamente conceitual. Nesse aspecto, segundo Mauri (1999), a participação do
professor na construção do currículo é extremamente importante, pois ele irá a partir da realidade
que vivencia, decidir o que irá ensinar de modo a dar as ferramentas para que o aluno viva em
sociedade (MAURI, 1999). No ensino atual de parasitologia, não parece haver uma busca que leve a
participação ativa dos indivíduos na sociedade, mas sim ao aprendizado puramente conceitual
(ASSIS; ARAÚJO-JORGE, 2014), que dificilmente atingirá de maneira efetiva a comunidade, uma vez
que segundo Martínez-Hernáez (2010), para se conseguir o apoio efetivo da população deve-se levar
em conta os saberes e práticas locais. Deste modo, o professor, em contato com a comunidade, deve
organizar o currículo, possibilitando a integração de todos no processo.
O modelo de educação para a saúde deve ser participativo, deve haver troca e reciprocidade
ao invés da hierarquia. Deve levar em conta também a multicausalidade de fatores por trás de um
16
fenômeno e a bidirecionalidade que pressupõe um intercâmbio de informações. Uma relação mais
simétrica entre as partes resulta deste modo, numa participação mais ativa da comunidade, em um
empoderamento individual e coletivo resultando em uma corresponsabilidade pela promoção de
saúde (MARTINEZ-HERNAEZ, 2010; ROSO; ROMANINI, 2014).
Com bases nesses aspectos, é importante analisar as concepções de ensino-aprendizagem
dos professores e suas experiências, assim como seus conhecimentos sobre as parasitoses, pois isso
poderia auxiliar os professores na reflexão sobre o processo de ensino-aprendizagem relacionado a
parasitologia e sua inserção no ambiente no qual vivem, visando proporcionar uma participação mais
ativa do aluno na sociedade o que poderia reduzir o número de casos de doenças nas comunidades
ribeirinhas, por mudança de hábitos baseados em um diálogo entre a comunidade, e também
poderia levar a uma participação maior da população em busca de seus direitos, fazendo com que os
indivíduos saiam de sua posição de oprimidos. Deste modo, o objetivo deste trabalho foi identificar
um quadro de necessidades para ações de formação docente para o ensino de parasitologia.
Procedimentos Metodológicos
Área de estudo e população
Para a realização deste estudo, foram visitadas 4 comunidades localizadas às margens do
Rio Solimões, no Estado do Amazonas: Fé em Deus, Caviana, Repartimento do tuiué, Bom Jesus e
Vila do Jacaré. Foram entrevistados dois professores de cada comunidade com exceção de Fé em
Deus e Bom Jesus que não contava com professores no local. Os professores entrevistados foram
escolhidos ao acaso independentemente de fatores como sexo, disciplina que ministra na escola,
tempo de atuação nas salas de aula, dentre outros. O presente estudo foi aprovado pela
Comissão Interna de Ética e Pesquisa (processo CIEP noL004/10/140).
Coleta de dados
Para a coleta de dados foram realizadas entrevistas semiestruturadas com os professores das
comunidades. A entrevista foi escolhida, frente às outras ferramentas de investigação por possuir
um caráter interativo. Desse modo, pode-se obter respostas mais precisas dos participantes uma
vez que podem ser realizadas modificações ou simplificações das questões que facilitarão o
entendimento do entrevistado. Dentro das classificações de entrevista, foi escolhida a entrevista
semiestruturada. Nesta, a resposta não está condicionada às alternativas elaboradas
previamente, mas sim em um roteiro, elaborado com base em um objetivo e que pode ser
alterado ao longo da entrevista dependendo das respostas do entrevistado. Com isso, ela serve
para guiar a entrevista de modo ao entrevistador não se afastar de seus objetivos, porém torna a
entrevista mais livre pela possiblidade da elaboração de novos questionamentos (MANZINI, 1990/
1991; LUDKE; ANDRÉ, 2008). Além disso, permite e incentiva que o entrevistado fale mais
livremente sobre os assuntos que vão surgindo além do tema principal (PÁDUA, 2008).
As entrevistas foram realizadas em salas fechadas, individualmente, estando presentes
somente o entrevistador e o professor entrevistado. As perguntas que orientaram a entrevista
foram:
1. Gostaria de começar conhecendo sua trajetória. Quando você ia para a sua escola qual era a
matéria que você mais gostava? Qual matéria você não via tanta importância?
17
2. Você se lembra de ter aprendido na escola coisas relacionadas ao corpo humano, sobre
doenças, sobre saúde no geral? Para você, qual a importância de se aprender isso?
3. O que você entende por parasita? E por parasitose?
4. Onde vivem os parasitas?
5. Quais parasitas você conhece?
6. Quais as maneiras de contrair uma parasitose? Você percebe alguma situação ao redor, na
comunidade que possa levar ao contato com os parasitas que você citou?
7. Você sabe como evitar uma parasitose?
8. Quais sintomas de uma parasitose que você conheça?
9. Você, nas suas aulas, conversa com os alunos sobre parasitoses? O que você ensina para eles?
Como? Qual a reação dos alunos quando você fala sobre isso?
10. Porque você ensina isso a eles ou porque não ensina?
11. Você acha que abordar essas questões pode ajudar a reduzir o número de pessoas que
adquirem parasitoses aqui na comunidade? Como?
12. Quais atividades realizadas aqui na comunidade que poderiam ser mudadas de modo a
diminuir possíveis contaminações? Como?
13. Qual a relação entre o excesso de lixo, a falta de água tratada, o contato com o esgoto e o
possível desenvolvimento dessas doenças?
14. Como é o saneamento na região? Existe um contato entra a comunidade e o governo? Como?
15. Por fim, você acha possível em suas aulas, ensinar aos alunos sobre as parasitoses englobando
todos esses aspectos que conversamos, inclusive o político? Qual seria a importância na formação
deles? Qual seria a importância para a comunidade?
A entrevista foi gravada e posteriormente integralmente transcrita (Apêndice 1).
Organização dos dados e análise
Para a organização e análise dos dados foram criados três quadros que contemplassem as
respostas dadas pelos professores. Em cada um desses quadros foram relacionados os
professores e as respostas que deram sobre cada assunto.
O primeiro quadro contém as respostas sobre o histórico dos professores entrevistados
nas seguintes categorias: disciplina que ministra; como foi seu aprendizado na área de saúde; e
qual a importância que o aprendizado em saúde teve para o professor. No segundo quadro estão
organizadas as concepções dos professores sobre parasitas, parasitoses e prevenção, nas
seguintes categorias: o que são parasitas; o que são parasitoses; onde vivem os parasitas; e como
prevenir as parasitoses. O terceiro quadro contém os levantamentos sobre a relação entre o
ensino de parasitologia e as políticas públicas organizados nas seguintes categorias: você ensina
sobre saúde nas suas aulas; qual a importância de ensinar sobre isso; condições da comunidade
que propiciam o aparecimento de doenças; e qual a relação das políticas públicas com a
educação.
18
As respostas dos professores foram classificadas nestas categorias e colocadas nos
quadros de forma literal. Os trechos de interesse foram então selecionados e analisados com base
em trabalhos existentes na área (MANZINI, 1990/1991).
Resultados e discussão
Como explicado anteriormente, as respostas dos professores às perguntas foram
organizadas em três quadros. No quadro 1, é apresentado um histórico dos professores, que
contaram como foi o aprendizado em saúde na sua época. No quadro 2 são apresentadas suas
concepções sobre parasitas, parasitoses e meios de prevenção. No quadro 3, são apresentados os
levantamentos sobre a relação entre o ensino de parasitologia e as políticas públicas.
Quadro 1: Histórico dos professores entrevistados.
Professor Disciplina
que
ministra
Como foi o seu aprendizado na
área da saúde?
Qual a importância que o
aprendizado em saúde teve para
você?
1 Inglês e
Português
“...Na verdade quem vinha
ensinar eram as pessoas da área
da saúde mesmo.”
“...Quanto mais informação...é
sempre bom tá vindo esses tipos
de palestras para eles.”
2 Todas as
disciplinas
1º ao 5º
ano
“...Aos 9 anos eu fui para a
escola...tudo era novidade,
algumas questões de higiene
pessoal...porque a gente não
tinha acesso a isso...foi uma
grande surpresa pois é algo
básico que eu só fui aprender na
escola com a minha professora...
e nunca a esqueci.”
“...Nós não tínhamos
informação...se eu usasse higiene
bucal eu teria todos os meus
dentes né, isso eu passo não
somente para os meus filhos, mas
também para os meus alunos.”
3 Todas as
disciplinas
1º ao 5º
ano
“...Estudei muito assim, foi sobre
a alimentação, a higiene física,
mental e social... também as
verminoses...temos o apoio da
fundação da saúde que eles vêm
aqui dar palestras...”
“...Isso foi muito importante...na
vida de estudante e agora mesmo
na vida de casada...eu trabalho
muito isso aqui porque na nossa
Caviana é muito a falta de
saneamento básico, é muito difícil,
então nós mesmos, familiares,
temos que trabalhar com isso na
nossa própria casa...”
19
Quadro 1 (continuação): Histórico dos professores entrevistados.
Professor Disciplina
que
ministra
Como foi o seu aprendizado na
área da saúde?
Qual a importância que o
aprendizado em saúde teve para
você?
4 Educação
Física
“Lembro que minha professora
de ciências... passava para a
gente que tinha que escovar os
dentes...lavar as mãos...para ter
uma saúde. Não uma saúde boa
né, mas uma saudezinha melhor
né, para não estar adoecendo de
vez em quando.”
“...Posso passar para os meus
alunos um pouco do que eu
aprendi lá né, no anterior.”
5 Todas as
disciplinas
1º ao 5º
ano
“...As professoras sempre
ensinavam a gente a como
cuidar do corpo, a higiene
pessoal, como tomar banho
direitinho, cuidar dos dentes, das
unhas...”
“Isso até hoje é importante para
mim, inclusive eu explico muito
isso para os meus alunos, qual a
importância de a gente andar
limpinho, de a gente tomar um
bom banho, de andar cheiroso.”
6 Reforço de
todas as
disciplinas
de 6º ao 9º
ano
“...Tivemos várias
vezes...Pessoas vêm de
Manacapuru se reúnem né e
sempre vêm fazer isso, na
comunidade de uma forma geral,
incluindo os alunos.”
“...É bom que a gente aprende
coisas a mais né... Eles podem
aprender com a gente como a
gente pode aprender com eles né.”
20
Quadro 2: Concepções dos professores sobre parasitas, parasitoses e meios de prevenção.
Professor
O que são
Parasitas?
O que são
Parasitoses?
Onde vivem os
parasitas?
Como prevenir as
parasitoses?
1 “Tá ali mas
fazendo o que
não é para fazer,
tipo como se
tivesse não
servindo de nada,
somente
parasitando.”
“Acho que eles
não fazem muito
bem.”
“Imagino que
seja uma
bactéria.”
“...Acho que em
locais que não são
limpos né, comida
que fica exposta
acho, porque eles
se alimentam
principalmente
disso né, locais
que não são bem
conservados.”
“Eu imagino que eles
estejam em todos os
cantos, né, pelo que eu
penso, é tipo na limpeza
das coisas né, na forma de
lavar as mãos, na limpeza
das coisas né, e dentre
outros objetos que se não
tiver uma higiene ele vai
estar ali.”
2 “Algo estranho
que vem
hospedar seu
corpo e fica ali
consumindo.”
“...Toda a
alimentação
que você se
alimenta ela
retira os
nutrientes e
causa doença.”
“...Se for fora do
nosso organismo
principalmente na
água né, esse é o
principal foco de
infestação, pelo
consumo da água,
pela ingestão da
água, como a água
não é tratada, é a
via de
contaminação na
nossa
comunidade.”
“...A gente sempre
trabalha a questão da
criança ir ao banheiro,
lavar as mãos, para não se
contaminar, contaminar o
alimento né. Ter o cuidado
de não andar descalço,
porque tem
principalmente cachorros
na rua, pode causar
doença, e trabalhar essa
concepção de melhor
prevenir do que
remediar…mas é algo que
tem que construir aos
poucos né, porque mudar
a forma das pessoas
pensarem é trabalhoso e
leva tempo.”
3 “Parasita que eu
entendo é essas
doenças de
verminose né, as
bacteriazinha
né.”
“ Uma doença
né, que causa
dor de barriga
né, vários
sintomas né...
por exemplo o
amarelão,
barriga d’ água
é isso?”
“Por exemplo, o
alimento cru? A
carne mal cozida
né, ela causa isso,
você não lavar o
alimento bem,
andar descalço,
isso tudo causa,
sujeira.”
“Eu ensinei que nas
ciências da alimentação
né, sobre os alimentos,
que devemos lavar as
frutas, cozinhar bem os
alimentos antes de comer
né, quando for ao
banheiro lavar bem as
mãos, né, tomar banho...”
21
Quadro 2 (continuação): Concepções dos professores sobre parasitas, parasitoses e meios de
prevenção.
Professor
O que são
Parasitas?
O que são
Parasitoses?
Onde vivem os
parasitas?
Como prevenir as
parasitoses?
4 “No sentido...
um verme...”
“Aqui dá muito
o carapanã né
que é um
mosquito, dá
dengue, a
malária, aqui
dá muito, isso
aí é o que mais
tem aqui.”
“...tem o
carrapato...”
“Porque tá
infectado, de
repente pode ter
passado lá um
animal, um bicho
com micose
alguma coisa, e
pode afetar a
gente, mesmo
que a gente não
saiba o que
passou.”
“Entendo que nós antes
do almoço, ou antes da
refeição devemos lavar
as mãos, ou então se
achar um alimento que
tá no chão, por exemplo,
uma fruta, que tá caído,
devemos lavar ela para
não tá ingerindo, ter uma
infecção ou uma coisa.”
5 “Acho que deve
ser bichinhos, né...
Alguns insetos que
através deles são
transmitidas
algumas doenças
né.”
“...Podem ser
vermes também.”
“Da dengue ele
vive na água
parada né.”
“O lixo ele
transmite muita
doença né,
porque se
acumula tudo,
tudo quanto é
tipo de parasitas,
de micróbios né,
de tudo.”
“A dengue a gente evita
então limpando os
quintais né... E a malária
é evitando mesmo
através de mosquiteiros
né. ”
“Através de alimento,
através da água que a
gente toma.”
6 “É algo que só vem
para atrapalhar ai
ne, parasita. ” “Um
parasita que teve
um atraso, como
se fosse uma praga
né, uma coisa
parecida assim.”
“...Infelizmente
não sei não. ”
“Ele pode estar
em qualquer
canto né o
parasita,
depende.”
“...Pode trazer muito
problema o lixo, essas
coisas assim né, poluição.
Aqui por exemplo, mais é
isso né, que não tem um
lugar certo, para dizer
assim, ali a gente vai ter
um tratamento. Ter um
local exato para que
aquilo não venha afetar
tanto, prejudicar tanto a
região.”
22
Quadro 3: Levantamentos sobre a relação entre o ensino de parasitologia e as políticas públicas
Professor Você ensina
sobre saúde nas
suas aulas?
Qual a
importância de
ensinar sobre
isso?
Condições da
comunidade que
propiciam o
aparecimento de
doenças.
Qual a relação das
políticas públicas
com a educação?
1 “Para passar para
eles não, mas as
vezes tem umas
palestras de
saúde que é o PSE
que teve agora
esse ano e aí nós
fizemos uma
participação com
o pessoal da
saúde né, da
UBS.”
“Servia de alerta
para que eles
tomassem
precauções né, as
vezes eles acham
que pega, as
vezes que não
pega né, as vezes
outros nem sabe
se tem ali um
parasita ou uma
bactéria né,
ficarem cientes
do que pode ter
ali naquele local
se estiver limpo
ou não.”
“As fossas são na
beira do rio né, esses
ribeirinhos que
moram né, então as
fezes vão direto para
o rio né.”
“A gente pega a
água da torneira a
gente coloca logo o
cloro, para se
prevenir né.”
“Principalmente
sobre política assim
né, para eles saberem
em quem votar, em
quem não votar, e
também na saúde né,
para eles terem
ciência de tudo isso
para futuramente
não contrair esse tipo
de parasitas né, eu
penso assim.”
2 “É a base, é a base
porque é através,
primeiro você tem
que ensinar a
criança como se
prevenir, porque
ao contaminar-se
não tem mais o
que fazer só
tratar.”
“Muitas coisas
que eles
aprenderam com
a gente ou que
nós apendemos
com eles, eles
tentam repassar
para os pais.”
“...Ele não tinha
essa concepção
de que ele estava
contaminando o
alimento né e
hoje em dia, eles
têm essa
concepção...”
“Nosso esgoto é
aberto... na nossa
cidade não existe,
nós não temos
tratamento de
esgoto né... temos
água de poço mas
que não é de
qualidade. Ela é
branquinha você
pode ver mas se ela
ficar dois, três dias ai
você sente o cheiro
ruim da água, ela
não é tratada.”
“São temas que estão
interligados... porque
a criança por mais
nova que ela seja já
tem uma consciência,
ela sabe o que é bom,
o que é ruim, ela sabe
os deveres dela,
então para gente é
fundamental que a
gente possa trabalhar
essa concepção, e
com isso vai ter uma
melhoria não só para
a escola como para a
comunidade em
geral.”
23
Quadro 3 (continuação): Levantamentos sobre a relação entre o ensino de parasitologia e as
políticas públicas
Professor Você ensina sobre
saúde nas suas
aulas?
Qual a
importância
de ensinar
sobre isso?
Condições da
comunidade que
propiciam o
aparecimento de
doenças.
Qual a relação das
políticas públicas com a
educação?
3 “Eu ensinei que nas
ciências das
alimentação né,
sobre os alimentos,
que devemos lavar
as frutas, cozinhar
bem os alimentos
antes de comer né,
quando for ao
banheiro lavar bem
as mãos, né, tomar
banho...”
“Eles iam
aprender né,
e iam passar
pros filhos
deles né, iam
aprender e
iam passar de
geração em
geração, e ai
tenho
certeza que
daqui um
tempo não
existiria mais
tanta doença
como existe
essa doença
ai.”
“...nós estamos há
dois anos sem ser
lavada essa caixa d’
água...o lixo, ele é
queimado e tem um
local que joga, tem
uma semana que o
caminhão pega o
lixo e leva pra uma
localidade bem
longe né, vidro,
lata, essas coisas,
mas quanto papel,
resto de alimento
essas coisas, é
jogado para fazer
adubo né, e o resto
é enterrado. ”
“é tudo jogado no
rio...Esgoto aqui
não existe.”
4 “Eu coloco assim
para eles, que nós,
como somos uma
comunidade... não
devemos jogar lixo
nas ruas e nem no
rio porque é da
onde nós tiramos
nosso benefício né,
porque ali alguém
pesca, tira o peixe e
vai comer o peixe,
esse peixe pode ter
algum parasita nele
e pode fazer mal
para nós mesmos.”
“Por
exemplo, nós
sentássemos,
conversásse
mos,
chegássemos
a um acordo
e fizéssemos
esse acordo
acontecer, e
os pessoais
que viessem
lá de fora iam
ver isso e nos
apoiar.”
“Vamos dizer assim,
o lixo né, que não
tem um lugar
adequado para
jogar o lixo, como
vocês podem ver
passando aí na rua
a gente vê muito
lixo jogado, daí
pode causar o
levantamento de
algum parasita,
transmitir em
pessoas aqui dentro
mesmo da
comunidade.”
“Eu queria que todos
eles pudessem um dia
pensar em um só fazer,
que ai veria acontecer,
porque muitos vieram
aqui e disseram que ia
acontecer, mas nunca
aconteceu. Então se nós
mesmos nos
motivássemos e
fizéssemos alguma coisa
eu tenho certeza que no
dia que eles voltassem e
vissem isso acontecendo
eles iriam nos dar
apoio.”
24
Quadro 3 (continuação): Levantamentos sobre a relação entre o ensino de parasitologia e as
políticas públicas
Professor Você ensina sobre
saúde nas suas
aulas?
Qual a
importância
de ensinar
sobre isso?
Condições da
comunidade
que propiciam
o aparecimento
de doenças.
Qual a relação das políticas
públicas com a educação?
5 “Sim agora a gente
tá conversando
bastante por causa
das aulas de ciências
né que tá com eles,
e eu explico muito
para eles sobre isso,
quais são as
precauções que a
gente tem que
tomar, os riscos que
a gente corre devido
à isso.”
“Aqui na
comunidade
eles são ainda
muito
ingênuos,
pode se dizer,
eles ficam um
pouco fora do
mundo aqui,
não tem muito
contato com
outros. Tem
muitas
crianças que
nunca saíram
daqui né.”
“É assim,
porque aqui na
comunidade a
gente vê que
saneamento
aqui não tem.
Que não tem
coleta de lixo
né.”
“Algumas pessoas as vezes
se sentem oprimidas né de
chegar e falar alguma coisa,
de reclamar, e achar que
num futuro mais adiante
elas vão ter problemas
sobre isso.”
“A eles estão numa fase
que eles tão descobrindo
muita coisa, então é uma
fase que a gente tem, a
melhor fase que o
professor tem pra explorar,
pra mostrar para eles quais
são seus direitos, o que eles
devem buscar, o que eles
devem na realidade ir atrás
de melhoras para eles no
futuro.”
6 “A gente comenta
né, mais
precisamente é o
caso aqui né de
doenças
sexualmente
transmissiva né,
para ter sempre
cuidado com isso.
As vezes né,
pegando no gancho
de pessoas que vem
sempre nos alertar a
respeito disso que
vem fazer feiras né.”
“...Importância
de eles terem
a realidade né,
na minha
opinião,
saberem,
terem tudo,
enfim, de
conhecerem
né, é que
poderiam ter
seu
pensamento
próprio, em si,
e juntos unir
força para
uma
melhora.”
“Aqui, graças a
Deus, o pessoal
é um pouco
compreensivo
uns com os
outros né, as
pessoas pegam,
eles mesmo e
geralmente
trata disso em
casa mesmo né,
fazem, algumas
pessoas né, por
exemplo, na
questão do lixo,
fazem um
buraco e tacam
fogo. ”
“Possível é né... ter o
domínio de dizer isso é
mais complicado né...a
gente tenta né, fazer o
nosso papel ... o mundo ele
é muito amplo, com
certeza, temos aí coisas
boas e coisas ruins, como
se diz, numa bandeja para
você escolher, e aí cabe a
você escolher o que você
adere para você... tenha
uma porcentagem maior de
pessoas que acertem do
que errem, mas a gente tá
sempre procurando colocar
a realidade de por onde ir,
por onde caminhar.”
25
Discussão
Os professores entrevistados foram escolhidos de forma aleatória, independente da
disciplina que ministrassem, uma vez que a saúde, por ser um tema transversal não é competência
de uma única disciplina. A responsabilidade pelos conteúdos relacionados à saúde é frequentemente
atribuída aos professores de ciências, biologia e educação física, o que é observado na fala do
professor 5 “Sim agora a gente tá conversando bastante por causa das aulas de ciências”. No
entanto, segundo os parâmetros curriculares nacionais, a saúde é um tema transversal, ou seja, deve
ser trabalhado como um grande tema por todas as disciplinas, uma vez que sua definição é mais
ampla do que somente a presença ou ausência de doença, contemplando o bem-estar físico, social e
psicológico, como ferramentas para o desenvolvimento do indivíduo no ambiente (LOPES;
TOCANTINS, 2012).
O que se observa, nas falas do professor 1, sobre o seu aprendizado em saúde é que essa
competência é atribuída em grande parte às pessoas que vêm de outras cidades falar sobre saúde
com os alunos, o mesmo é dito pelo professor 6 “pessoas vêm de Manacapuru se reúnem né e
sempre vêm fazer isso”, “pessoas que vem sempre nos alertar a respeito disso que vem fazer feiras
né”. O professor 3 também comenta sobre a interferência dos agentes de saúde “temos o apoio da
fundação de saúde que eles vêm aqui dar palestra, de mês em mês sobre as verminoses”.
Perguntado sobre o que eles falam nessas palestras respondeu: “Eles falam como, sobre os
alimentos né, o que temos que fazer com os alimentos, lavar os alimentos né, as verduras e legumes,
devemos lavar também. Eles ensinaram pros alunos também, colocar três pinguinhos de água
sanitária na água né e colocar de molho as verduras e os legumes, e depois lava para a gente poder
utiliza-los ne, ferver a água, a gente usa o cloro aqui também né, que dão pra gente né o cloro”. Foi
reportado por moradores, em conversas informais, que este cloro acaba sendo utilizado com o
intuito de clarear as roupas. Isso acontece, segundo Martínez-Hernáez (2010), pois a comunidade
recebe esta informação, mas sem a discussão e consideração da cultura e hábitos do local, a
importância dessas ações se perde e elas deixam de ser seguidas. Esse modo de abordar a educação
em saúde está relacionado com a concepção da relação saúde-doença com base no seu caráter
biológico de presença do patógeno, de modo que a patologia de um indivíduo é vista como resultado
da sua desinformação (LOPES; TOCANTINS, 2012). Deste modo, seria interessante que esses
assuntos fossem abordados primariamente pelos professores e em interação com os alunos e com os
demais componentes da comunidade, pois eles fazem parte da cultura e da realidade do local. A
interação neste processo é indispensável pois é necessário que as vivências e problemas dos alunos e
da comunidade sejam ouvidas. O professor que se recusa a ouvir os alunos impede que este se
afirme como um sujeito que possui conhecimento, negando suas vivências e sua participação no
processo (FREIRE, 1996).
Quatro docentes disseram que suas professoras tiveram papel fundamental no seu
aprendizado em saúde. Segundo eles, o que aprenderam foi como ter hábitos saudáveis, como por
exemplo, escovar os dentes, tomar banho e lavar as mãos. Perguntados sobre a importância desse
aprendizado em saúde, os professores mencionaram primariamente a aquisição de novos
conhecimentos. “Quanto mais informação, é sempre bom...”, “posso passar para os meus alunos um
pouco do que aprendi lá no anterior”, “é bom que a gente aprende coisas a mais né. A gente pode
aprender com eles, como eles podem aprender com a gente”. Vê-se, portanto, que o objetivo dos
professores com o ensino de saúde é passar para os alunos o que aprenderam e o que aprendem até
hoje. Como dito anteriormente, existe um questionamento sobre a efetividade deste tipo de ensino
em saúde que visa moldar o comportamento do indivíduo. Lopes e Tocantins (2012) defendem que o
modelo de educação em saúde deve ser participativo e que deve haver troca e reciprocidade, de
26
modo que faça sentido e seja plausível à cultura local, caso ao contrário, vazio de sentido este
conhecimento será aos poucos descartado. A fala do professor 6 sugere que exista algum tipo de
troca entre os alunos e comunidade e as pessoas que vêm de fora falar sobre saúde, porém não foi
investigado à fundo a essência dessa troca.
Um dos professores diz que ensina seus alunos a sempre lavar as mãos e quando perguntado
se eles mantinham esse hábito ela disse: “eles consideram, mas depois esquecem né, porque assim,
a educação ela vem de casa né, o que a gente ensina aqui para aquelas crianças que são bem
adequadas, elas aprendem e depois levam pra casa, e ai tem mãe, tem pais, que também continuam
nesse ritmo, mas tem pais e mães que não continuam no ritmo e ai esquece né”. Ou seja, se não há
sentido para a criança em dar continuidade àquela ação ela não o fará constantemente, a menos que
haja uma cobrança por parte dos pais. Essa ideia é criticada por Cordeiro (2010), que diz que muitos
professores defendem a ideia de que os alunos devem chegar à escola com “bons hábitos” de
educação e higiene, e que isso seria um dever dos pais. No entanto, esse modo de pensar não
considera a diversidade existente nas famílias. Não se pode garantir que os pais de todos os alunos
tenham tido acesso a informações corretas de prevenção, nem que os alunos tenham uma família e
nem que os pais tenham consciência de que devem ensinar isso aos filhos, acreditam ser esse um
papel da escola. Além disso, essa visão reduz o papel do professor ao de instruir, de fazer o aluno
adquirir conhecimento, quando na verdade, ainda segundo Cordeiro (2010), ao se instruir, mesmo
que não intencionalmente, se educa. O papel do professor não deve ser o de passar a regra, ou a
norma, mas de contextualiza-las e discuti-las com a sociedade. Uma maneira interessante de
convidar os pais de alunos e a comunidade para participar dessas discussões seria por meio de feiras
e festas nas escolas nas quais em algum momento seriam realizadas essas discussões.
Sobre os conceitos relacionados à parasitologia, os professores quando, perguntados sobre o
que é parasita e o que são parasitoses, deram respostas variadas. Dentre as falas o que se observa é
que os parasitas são vistos como seres causadores de doenças, ou algo que não faz bem, como dito
pelo professor 6 “é algo que vem para atrapalhar”, ou segundo o professor 1 “acho que eles não
fazem muito bem”. A visão compartilhada pelos professores, é que é algo que vem para o homem e
que causa doenças, no entanto, segundo Rey (2003) os parasitas podem ou não causar patologias,
não sendo essa uma característica de todos os parasitas. No entanto, o conceito ecológico (e mais
difundido) de parasita, pode justificar a concepção de parasita como causador de doenças, uma vez
que segundo esta, um parasita obrigatoriamente causa prejuízo ao seu hospedeiro. Além disso, não é
considerado pelos professores, que os parasitas são parte do ambiente e muito menos que o homem
muitas vezes não é seu principal hospedeiro e acaba entrando no ciclo devido as interações entre os
seres vivos que ocorrem no ambiente. Além disso, o que se observa ao longo da entrevista é que
para os professores a definição de parasita está mais próxima das bactérias como observado na fala
dos professores 1, 3: “Imagino que seja uma bactéria ne? ”, “Parasita que eu entendo é essas
doenças de verminose né, as bacteriazinhas né”. Essa relação entre parasita e bactéria justifica a
concepção de que parasitas são seres que fazem mal para homem, já que as bactérias são
normalmente associadas à patogenicidade e há a ideia de que os parasitas sempre causam doenças.
Os exemplos de parasitas e parasitoses diferentes de bactérias que surgiram foram: carrapatos,
vermes, lombriga, dengue, ameba, mosquito, malária, amarelão, barriga d’água, que foram citados
pelos professores durante a entrevista. Por essas respostas, observa-se que os professores não
possuem uma distinção clara entre parasita e vetor, o que pode levar ao ensino de conceitos errados
sobre as causas das doenças, podendo levar a decisões erradas de como preveni-las.
Um dos problemas levantados por Monroe et al. (2013) é que muitos professores
apresentam uma visão reducionista da saúde associando-a ao bem-estar, porém de uma forma
unilateral e totalmente biológica e além disso, possuem uma representação limitada sobre
27
parasitoses dando-as como sinônimo de microrganismos, lombrigas e amebas. O parasito não é
considerado deste modo, parte integrante do ambiente, mas sim algo que está ali para causar
doença ao homem. Na fala do professor 1: “Até uma autoridade que veio aqui junto com o prefeito
disse que vai ajeitar as ruas né. Que vai acabar com esses matos essas coisas, pavimentação né, mas
com certeza essas coisas, com pavimentação vêm o saneamento básico né. ”, observa-se um desejo
de urbanização, sem uma preocupação com o equilíbrio ambiental e as consequências que isso pode
causar.
Quando perguntados sobre onde vivem os parasitas, a relação feita pela maioria dos
professores foi a de associar os parasitas a locais, sujos, com lixo, água não tratada, na carne
malcozida e a forma de prevenção levantada por eles relaciona-se diretamente à essas condições, ou
seja, lavar as mãos, jogar o lixo no local certo, tomar banho, não andar descalço. Muitos dos
professores citaram práticas como lavar as mãos e os alimentos como forma de prevenir as
parasitoses, mostrando uma visão generalista desses organismos, desconsiderando as doenças
transmitidas por vetores por exemplo. Uma das professoras contou que já se contaminou várias
vezes com amebas “Ameba, eu tenho muito problema com ameba porque sempre me ataca e eu
tenho que tomar bastante remédio, passo mal, vou para o hospital e aí 6 meses dá de novo...”. Essa
fala pode sugerir que nem mesmo a professora segue as normas que passa para seus alunos, que não
há uma relação por parte dela entre a doença e a sua causa e prevenção, ou ainda que mesmo tendo
noção de que lavar as mãos pode prevenir as amebíases e tendo este hábito, a água disponível para a
comunidade não é tratada, ou lavam as mãos com a água do rio, por exemplo.
Além disso, o que se nota em falas como “tem muitas crianças hoje em dia vem para a escola
sem escovar os dentes ou sem tomar banho e isso é vital na nossa vida. ”, “explico muito isso pros
meus alunos né, qual a importância de a gente andar limpinho, de a gente tomar um bom banho, de
andar cheiroso. ”, é que os professores associam a ideia de estar saudável a estar cheiroso, a tomar
banho, o que evidencia novamente uma visão reducionista da saúde, e não leva em doenças cuja a
transmissão é inerente a esses tipos de hábitos, como doença de Chagas, malária, dentre outras.
Isso, segundo Monroe et al. (2013) pode estar relacionado a formação dos professores, que são
apresentados, também durante o ensino básico e superior, a uma visão reducionista da saúde que
parece estar restrita à higiene pessoal.
Os erros conceituais dos professores, sua visão reducionista e antropocêntrica são indícios
que a educação doutrinadora não atinge de fato o cidadão de modo a fazê-lo refletir e buscar
melhorias, e deste modo vem sendo criticada por ditar hábitos e regras e manter os alunos em
posição de oprimidos (FIGUEIREDO et al., 2010), quando na verdade a educação em saúde deveria
possibilitar a atuação crítica dos alunos na sociedade (FREIRE, 1966), possibilitar o empoderamento
individual e coletivo para que os indivíduos participem ativamente e criticamente da promoção da
saúde, questionando, exigindo mudanças (ROSO; ROMANINI, 2014). O professor deve buscar uma
mudança de atitudes nos alunos, porém a regra esvaziada de sentido e sem contexto não o atingirá
completamente (SOLÉ; COLL 1999). Lopes e Tocantins (2012) alertam ainda para a preocupação por
trás deste ensino doutrinador, dizendo que ao colocar o indivíduo como responsável pela sua saúde,
exime o Estados de sua responsabilidade e também atende a diversos interesses de empresas que
vendem saúde.
O que se observa nas falas dos professores sobre as condições da comunidade, é que existe
ausência de saneamento básico no local. Um dos professores comenta que começaram a receber
água tratada e asfalto recentemente, mas que as fezes são realizadas ainda pelos ribeirinhos no rio,
ou em fossas que podem vir a contaminar lençóis freáticos. Outras falas foram sobre os esgotos a
céu aberto, a água que não é tratada, o descarte de resíduos no rio, ausência de coleta de lixo,
28
condições essas que foram relacionadas pelos professores a situações de risco para o contato com
parasitas.
Os professores comentaram que existe um acesso da comunidade às autoridades
responsáveis, por meio de um intermediário, mas segundo a professora 5 quando perguntada se
existe cobrança por parte da comunidade: “Assim, eu acho que algumas pessoas, não falo todas...
Algumas pessoas elas têm essa noção, só que hoje a gente tá em um mundo, eu posso falar né, que
se diz um mundo tão democrático mas que na realidade não é tão democrático né. Então algumas
pessoas as vezes se sentem oprimidas né de chegar e falar alguma coisa, de reclamar, e achar que
num futuro mais adiante elas vão ter problemas sobre isso”. As pessoas da comunidade têm medo
de pedir por melhoria e acabar perdendo as conquistas que tiveram até então. A educação nos
moldes do ensino tradicional não possibilita a conexão entre os conteúdos conceituais e a realidade
na qual os alunos estão inseridos e ainda assim é o modelo mais de educação mais presente no país.
Para um ensino mais efetivo para a participação do cidadão na comunidade, a educação deveria ser
utilizada nas escolas, empoderando a comunidade, dando-lhes o conhecimento necessário para que
possam reivindicar direitos básicos (ROSO; ROMANINI, 2014).
Quando perguntados sobre a importância do ensino de parasitologia levando em conta esses
aspectos que não apenas o biológico, os professores consideraram ser importante essa abordagem
multicausal, na fala dos professores, como essa: “mostrar para eles quais são seus direitos, o que eles
devem buscar, o que eles devem na realidade ir atrás de melhoras para eles no futuro”, observa-se a
preocupação para que o aluno exija seus direitos mas não fica clara como o ensino de parasitologia
poderia promover essa consciência.
Considerações Finais
A partir da fala dos professores, é possível supor que o ensino de saúde na região é baseado
na educação doutrinadora. Deste modo, foi possível identificar algumas necessidades para ações de
formação docente. Uma delas é que levados para os alunos, pelos professores e agentes da saúde,
normas e hábitos para ter uma vida saudável. No entanto, por não levarem em conta a cultura do
local e por não ser uma educação problematizadora, podem não atingir efetivamente o cidadão de
modo a mobilizá-lo para agir na sociedade. Desse modo, a educação em saúde deve ser
problematizadora, levar em conta as possibilidades, cultura e hábitos locais e também ser baseada
em diálogo, ser contruida. Para Freire (1996), a educação deve ser uma ferramenta para agir no
mundo, e deve ser libertadora, de modo que ações de educação devem sair do plano de
unidirecionalidade e hierarquia, para uma educação compartilhada, na qual são levadas em conta os
conhecimentos de todos os participantes do processo, de modo que os alunos possam atribuir
sentido aquele conhecimento, e o aplicarem na resolução dos problemas da comunidade.
Agradecimentos
NÃO DEVEM SER APRESENTADOS AGRADECIMENTOS NESTA FASE PARA EVITAR IDENTIFICAÇÃO DOS
AUTORES. PODEM SER INCLUÍDOS NA REVISÃO FINAL.
Referências
ASSIS, S. S.; ARAÚJO-JORGE, T. Doenças negligenciadas e o ensino de ciências: Reflexões elaboradas a
partir das propostas curriculares. Educação, Saúde e Ambiente, vol. 7, n. 1. 2014.
29
BEGON, M.; TOWNSEND, C. R.; HARPER, J. L. Ecologia: de indivíduos a ecossistemas. Porto Alegre:
Artmed. 4ª ed., 2008.
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Temas
Transversais – Saúde. Brasília: MEC. 1998.
CORDEIRO, J. A disciplina: mitos e conflitos. In: CORDEIRO, J. Didática. São Paulo: Editora Contexto.
2010. p. 117 – 140.
FIGUEIREDO, M. F. S.; RODRIGUES-NETO, J. F.; LEITE, M. T. S. Modelos aplicados às atividades de
educação em saúde. Rev Bras Enferm, vol. 63, n. 1, p. 117-121, 2010.
FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e
Terra. 1996.
LOPES, R.; TOCANTINS, F. R. Promoção da saúde e a educação crítica. Interface, vol.16, n.40, p. 235-
248, 2012.
LÜDKE, M.; ANDRÉ, M.E.D.A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 2008.
MANZINI, E. J. A entrevista na pesquisa social. Didática, São Paulo, vol. 26/27, p. 149-158,
1990/1991.
MARTINEZ-HERNAEZ, A. Dialógica, etnografia e educação em saúde. Rev. Saúde Pública, vol. 44, n.3,
p. 399-405, 2010.
MAURI, T. O que faz com que o aluno e a aluna aprendam os conteúdos escolares? In: COLL, C;
MARTÍN, E.; MAURI, T.; MIRAS, M.; ONRUBIA, J.; SOLÉ, I.; ZABALA, A. O construtivismo em sala de
aula. São Paulo: Ática. 1999. p. 79-121
MONROE, N. B.; LEITE, P. R. R.; SANTOS, D. N.; SÁ-SILVA, J. R. Representações sociais de professores
sobre as parasitoses intestinais. Investigações em Ensino de Ciências, vol. 18, n. 1, p. 7-22, 2013.
ODA, W.; DELIZOICOV, D. Docência no Ensino Superior: as disciplinas Parasitologia e Microbiologia na
formação de professores de Biologia. Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências, vol.
11, n. 3, p. 101-121, 2011.
PÁDUA, E. M. M. de. Metodologia de Pesquisa (abordagem teórico-prática). São Paulo: Papirus.
2008.
PEREIRA, A. P. M. F.; ALENCAR, M. F. L.; COHEN, S. C.; SOUZA-JÚNIOR P. R. B; CECCHETTO, F.;
MATHIAS, L. S.; SANTOS, C. P.; ALMEIDA, J. C. A.; DE MORAES NETO, A. H. A. The influence of health
education on the prevalence of intestinal parasites in a low-income community of Campos dos
Goytacazes, Rio de Janeiro State, Brazil. Parasitology, vol. 129, n. 6, p. 791-801, 2012.
REY, L. Dicionário de termos técnicos de medicina e saúde. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 2003.
ROSO, A.; ROMANINI, M. Empoderamento individual, empoderamento comunitário e
conscientização: um ensaio teórico. Psicologia e saber social, vol. 3, n.1, p. 83-95, 2014.
SOLÉ, I.; COLL, C. Os professores e a concepção construtivista. In: COLL, C.; MARTÍN, E.; MAURI, T.;
MIRAS, M.; ONRUBIA, J.; SOLÉ, I.; ZABALA, A. O construtivismo na sala de aula. 6ª ed. São Paulo:
Ática. 1999. p. 9-29.
(WHO) World Health Organization. Neglected tropical diseases. Disponível em:
<http://www.who.int/neglected_diseases/diseases/en/>. Acesso em: 07 maio 2015.
30
ZAIDEN, M. F.; SANTOS, B. M. O.; CANO, M. A. T.; NASCIF-JÚNIOR, I. A.; Epidemiologia das parasitoses
intestinais em crianças de creches de Rio Verde – GO. Medicina (Ribeirão Preto), vol. 41, n. 2, p. 182-
187, 2008.
Recebido em ........, aceito em ......
31
Apêndices
Apêndice 1
CARTA DE INFORMAÇÃO ÀO SUJEITO
Esta pesquisa tem como intuito analisar a concepção de professores de escolas de comunidades do Rio
Solimões sobre parasitologia e sobre sua importância para o local. Para tanto, realizaremos entrevistas
semiestruturadas com os professores da comunidade que serão gravadas. Para tal solicitamos sua autorização
para a realização dos procedimentos previstos. O contato interpessoal e a realização dos procedimentos
oferecem riscos físicos e/ou psicológicos mínimos aos participantes. As pessoas não serão obrigadas a participar
da pesquisa, podendo desistir a qualquer momento. Em eventual situação de desconforto os participantes
poderão cessar sua colaboração sem consequências negativas. Todos os assuntos abordados serão utilizados
sem a identificação dos participantes e instituições envolvidas. Quaisquer dúvidas que existirem agora ou a
qualquer momento poderão ser esclarecidas, bastando entrar em contato pelo telefone abaixo mencionado.
Ressaltamos que se trata de pesquisa com finalidade acadêmica, referida à TCC, que os resultados da mesma
serão divulgados em trabalho acadêmico obedecendo ao sigilo, sendo alterados quaisquer dados que
possibilitem a identificação de participantes, instituições ou locais que permitam identificação. De acordo com
estes termos, favor assinar abaixo. Em caso de o sujeito ter menos de dezoito anos, a presente carta deve ser
assinada por um responsável. Uma cópia deste documento ficará com o participante da pesquisa e outra com
o(s) pesquisador (es).
Obrigado.
........................................................... .............................................................
Nome e assinatura do pesquisador Nome e assinatura do orientador
Telefone para contato Instituição
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Pelo presente instrumento que atende às exigências legais, o(a) senhor (a)
___________________________________, representante da instituição, após a leitura da Carta de Informação
ao Sujeito, ciente dos procedimentos propostos, não restando quaisquer dúvidas a respeito do lido e do
explicado, firma seu CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO de concordância quanto à realização da
pesquisa.
Autorizo a entrevista gravada □ sim □ não
Fica claro que a instituição, através de seu representante legal, pode, a qualquer momento, retirar seu
CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO e deixar de participar do estudo alvo da pesquisa e fica ciente que
todo trabalho realizado torna-se informação confidencial, guardada por força do sigilo profissional.
São Paulo, ....... de ..............................de..................
_________________________________________
Assinatura do sujeito
32
Apêndice 2
ENTREVISTAS
Comunidade Vila do Jacaré - Professor 1
Entrevistadora: Boa tarde, meu nome é Caroline, sou aluna de Biologia no
Mackenzie, trabalho na área de parasitologia e gostaria de entrevista-lo para o
meu TCC.
Professor 1: Eu sou o professor 1 e dou aulas de inglês e português aqui na
comunidade, tudo bem, vamos lá.
Entrevistadora: Então, eu queria saber primeiro da sua trajetória. Quando
você ia para a sua escola, qual matéria você tinha mais interesse?
Professor 1: Na verdade, eu gostava mais na escola de inglês né, gostava
muito das aulas de inglês, só que surgiu a oportunidade de fazer uma
licenciatura em português, era o que estava mais próximo, mais viável né,
tanto no custo, e era uma vez mês, não, uma vez por semana, aos sábados
pela Unicel, e foi ai que acabei seguindo nessa área de língua portuguesa.
Entrevistadora: Então você não ensina para os alunos nada na área de
saúde?
Professor 1: Para passar para eles não, mas as vezes tem umas palestras de
saúde que é o PSE que teve agora esse ano e aí nós fizemos uma
participação com o pessoal da saúde né, da UBS.
Entrevistadora: E para falar sobre saúde com os alunos tem um professor
específico então?
Professor 1: Sim
Entrevistadora: Ele está por aqui?
Professor 1: Não, hoje é o planejamento.
33
Entrevistadora: Bom vamos continuar então, e tinha alguma matéria que você
não via tanta importância?
Professor 1: Não, que eu não via tanta importância não, é que nesse tempo
assim a gente não tinha muita afinidade, em área de contas, como
matemática, química, apesar de ser a tua área né, não gostava muito (risos).
Entrevistadora: É um pouco (risos).
Entrevistadora: E você lembra de ter aprendido na sua escola coisas
relacionadas às doenças do ser humano, à saúde?
Professor 1: Eles sempre faziam palestras na sala de aula né.
Entrevistadora: Mas o professor em sala de aula, ensinavam pra vocês?
Professor 1: Não, na verdade quem vinha ensinar era as pessoas da área da
saúde mesmo.
Entrevistadora: Ah então na sala de aula eles não falavam nada sobre saúde?
Professor 1: Não, ah assim só mesmo aquela parte de ciências que tem nos
livros, como por exemplo parasitoses, assim né, não exatamente de doenças
sexualmente transmissíveis , ou coisas assim.
Entrevistadora: E pra você, qual a importância de se aprender isso?
Professor 1: Sobre a saúde na escola você diz?
Entrevistadora: Isso
Professor 1: Eu creio que quanto mais informações, apesar de hoje a
garotada tá meio, alguns terem a cabeça meio assim aérea, avoado, é
sempre bom tá vindo esses tipos de palestras para eles. Eu penso que seja
muito importante para eles.
Entrevistadora: E o que você entende, o que você conhece da palavra
parasita?
34
Professor 1: Parasita? (Risos) Parasitas? Bom, depende do modo né. Tinha
uns colegas na minha sala de aula que quando eu estudava o professor
utilizava essa expressão né tipo “Ah, aquele aluno tá tipo um parasita aqui na
sala de aula, não faz nada”, então de tipo tá ali só na sala de aula mas
fazendo o que não é para fazer, tipo como se tivesse não servindo de nada,
somente parasitando, fazendo os outros seguirem outros caminhos ali na sala
de aula.
Entrevistadora: E assim, uma parasitose, o que você imagina que seja?
Professor 1: Imagino que seja uma bactéria ne?
Entrevistadora: Só bactéria?
Professor 1: Não, acho que tem vários tipos de parasitas né, as bactérias ...
vários tipos.
Entrevistadora: E o que você acha que eles fazem no nosso organismo?
Professor 1: Eu pelo que eu penso, acho que eles não fazem muito bem.
Entrevistadora: Porque?
Professor 1: Ai eu já não sei como explicar. Acho que eles se alimentam de
coisas que o nosso corpo, do nosso corpo mesmo, tem parte que eles se
alimentam.
Entrevistadora: E onde eles vivem?
Professor 1: Depende do..., bom acho que em locais que não são limpos né,
comida que fica exposta acho, porque eles se alimentam principalmente disso
né, locais que não são bem conservados né, comida principalmente, eu
imagino que seja isso?
Entrevistadora: E você conhece algum parasita?
Professor 1: Não
Entrevistadora: Alguém que já teve, ou que você aprendeu?
35
Professor 1: Não, no momento não.
Entrevistadora: Tá, e esse parasita você sabe como ele chega até o nosso
corpo?
Professor 1: Eu imagino que eles estejam em todos os cantos, né, pelo que
eu penso, é tipo na limpeza das coisas né, na forma de lavar as mãos, na
limpeza das coisas né, e dentre outros objetos que se não tiver uma higiene
ele vai estar ali .
Entrevistadora: Então nas suas aulas ou numa palestra, você consideraria
falar sobre esse assunto com seus alunos?
De parasitas você diz?
Entrevistadora: Isso, como eles chegam até nós...
Professor 1: O que eles causam né?
Professor 1: Eu imagino que seja ótimo né, e que não seja tão difícil falar
disso com eles.
Entrevistadora: Você acha que eles se interessariam?
Professor 1: Eu imagino que sim.
Entrevistadora: Porque?
Professor 1: Porque servia de alerta para que eles tomassem precauções né,
as vezes eles acham que pega, as vezes que não pega né, as vezes outros
nem sabe se tem ali um parasita ou uma bactéria né, ficarem cientes do que
pode ter ali naquele local se estiver limpo ou não.
Entrevistadora: Você acha que abordando essas questões poderia reduzir o
número de casos de parasitoses aqui nessa comunidade?
Professor 1: Uhum.
Entrevistadora: E como você vê aqui na comunidade, as atividades, como
você disse, que água suja, não lavar as mãos e os alimentos, então, quais
36
atividades você observa aqui na comunidade que podem ocasionar o
encontro de uma pessoa com um parasita?
Professor 1: O que eu vi principalmente aqui é para as pessoas cuidarem
mais do banheiro assim né, porque as fossas são na beira do rio né, esses
ribeirinhos que moram né, então as fezes vão direto para o rio né.
Entrevistadora: E eles utilizam a água do rio?
Professor 1: Alguns né, aqui no caso na nossa vila, algumas partes já têm
água tratada né, não exatamente tratada mas quando a gente pega a água da
torneira a gente coloca logo o cloro, para se prevenir né.
Entrevistadora: Então vocês adquiriram esse costume de utilizar o cloro?
Professor 1: Sim.
Entrevistadora: E assim, sobre o saneamento aqui da comunidade, vocês têm
contato com alguma autoridade para pedir por saneamento, por tratamento de
esgoto?
Professor 1: Aqui não sei se vocês notaram mas as coisas estão começando
né, agora que chegou o muro na escola, ainda vai chegar ainda, eu não tenho
tanto contato mas os representantes aqui da vila eu imagino que já tenham
pensado nisso né. Até uma autoridade que veio aqui junto com o prefeito
disse que vai ajeitar as ruas né. Que vai acabar com esses matos essas
coisas, pavimentação né, mas com certeza essas coisas, com pavimentação
vêm o saneamento básico né.
Entrevistadora: Você acha que essa interferência assim na mata poderia
talvez ocasionar mais parasitas?
Professor 1: Com essa pavimentação, com saneamento?
Entrevistadora: Talvez com essa intervenção na natureza né.
Professor 1: Eu imagino que sim, por um lado mas por outro vai ajudar muito
para as pessoas que moram aqui, para todos.
37
Entrevistadora: Então assim, finalizando, você acharia possível nas aulas
ensinar os alunos sobre essas parasitoses, falando sobre tudo o que a gente
conversou, saúde, politica, e será que isso seria importante para a formação
deles?
Professor 1: Com certeza, principalmente sobre política assim né, para eles
saberem em quem votar, em quem não votar, e também na saúde né, para
eles terem ciência de tudo isso para futuramente não contrair esse tipo de
parasitas né, eu penso assim.
Entrevistadora: Muito obrigada pela ajuda, e pelo seu tempo.
Professor 1: De nada, imagina.
Comunidade Vila do Jacaré - Professor 2
Entrevistadora: Oi eu sou a Carol, nós vamos fazer uma entrevista, e eu
queria começar conhecendo sua trajetória. Você é professor do que?
Professor 2: Sou professor do primeiro ao quinto ano. Eu trabalho com todas
as disciplinas, e eu trabalho especificamente com o terceiro ano.
Entrevistadora: E na época que você estava estudando, qual era a matéria
que você mais gostava?
Professor 2: Eu gostava de história, geografia, pelo fato de querer conhecer
outros povos, outras nações, curiosidade de conhecer outras nações, então
eu me identificava mais com história e geografia.
Entrevistadora: E tinha alguma que você não via tanta importância assim?
Professor 2: Não, que eu não via importância né porque todas são
importantes, mas tinha algumas que eu tinha dificuldade de assimilar né,
como no caso da matemática eu tinha dificuldade em assimilar alguns
conhecimentos e com isso tinha muita dificuldade, por isso até mesmo fui
mais as humanas, me identificar mais com as humanas mesmo.
38
Entrevistadora: E, você se lembra de ter aprendido na escola, coisas
relacionadas com saúde do corpo humano, com doenças?
Professor 2: Bom... Minha memória não é tão boa né, pois aos 45 anos de
idade fica um pouco difícil lembrar isso né, mas quando eu comecei a estudar
que nós morávamos na zona rural, e na alagação de 1982 eu fui pra cidade
devido a alagação, nós chamamos alagação as cheias, e fomos morar em
Manacapuru e aos 9 anos que eu fui para a escola. Era um mundo totalmente
diferente novo, porque nós basicamente não tínhamos convivência com
outras pessoas pelo fato de morarmos muito longe das demais, então tudo
era uma novidade, algumas questões de higiene pessoal como escovar os
dentes, tomar banho com shampoo, ou sabonete era novo para a gente,
porque a gente ainda não tinha acesso a isso, foi uma grande surpresa pois é
algo básico que eu fui aprender na escola com a minha professora, e ela
permanece hoje na minha memória e eu nunca a esqueci, digamos que foi
minha segunda mãe afetiva, e até hoje quando a gente se encontra só falta
chorar (risos).
Entrevistadora: E você então considerou importante aprender esses hábitos
de higiene?
Professor 2: Com certeza, porque, hoje eu não tenho todos os meus dentes
na arcada dentária porque eu não conhecia o que era um creme dental, o que
era uma escova. Minha família, muito carente, paupérrima, e nós não
tínhamos sequer informação, imagine dinheiro né. Então eu não tenho todos
os meus dentes hoje, uso uma prótese, devido a isso, e hoje, se eu tivesse
essa informação e se eu usasse a higiene bucal eu teria todos os meus
dentes né, e isso eu passo não somente para os meus filhos mas também
para os meus alunos, porque por mais que hoje o mundo seja tecnológico, na
era da informação, tem muitas crianças hoje em dia vem para a escola sem
escovar os dentes ou sem tomar banho e isso é vital na nossa vida .
Entrevistadora: E você conhece sobre parasitas? Conhece essa palavra? Já
estudou sobre isso?
39
Professor 2: Só o superficial, o que a gente estuda na escola, o que eu já
estudei no meu período de primeiro ao ensino médio, minha faculdade não foi
ligada exatamente a essa área né, foi mais de primeiro ao quinto ano, a qual
eu exerço atualmente, mas nada aprofundado.
Entrevistadora: Mas você já teve contato com algum tipo de doença causada
por algum parasita?
Professor 2: O normal mesmo, é que aqui na vila nós não temos nenhum caso
de elefantíase né, mas em Manacapuru eu conheço um rapaz que tem
elefantíase, mas a principal doença causada por parasitas aqui na vila é a
questão da amaeba né, devido à agua que não é tratada, o poço do qual nós
recebemos a água tem várias fossas que a gente chama de fossas negras e
contamina a água né. E é até comum aqui na vila, você pode fazer uma
pesquisa, ter essa parasitose e e outras ligadas a essa situação.
Entrevistadora: E para você o que é um parasita?
Professor 2: Bom, a palavra já tá falando né, é algo estranho que vem
hospedar seu corpo e fica ali consumindo. No caso das parasitoses, toda
alimentação que você se alimenta ela retira os nutrientes e causa doença.
Entrevistadora: E você sabe onde os parasitas vivem?
Professor 2: Bom, depende, se for fora do nosso organismo principalmente na
água né, esse é o principal foco de infestação, pelo consumo da água, pela
ingestão da água, como a água não é tratada, é a via de contaminação na
nossa comunidade.
Entrevistadora: Então, sobre as maneiras de contaminação, ainda aqui nessa
comunidade, ao redor, você vê algumas situações que podem levar a
contaminação das pessoas?
Professor 2: É como eu falei para você, que quase não se usa fossa, mais
sanitários comuns, cavado, buraco, que chama-se fossas negras, então esse
é o principal meio de contaminação da água.
40
Entrevistadora: Mais alguma situação?
Professor 2: É, infelizmente, na nossa comunidade, não há essa concepção
do trato com o lixo, nós não temos esgoto, e com isso faz com que nossas
águas sejam sujas, você pode circular, tem muito lixo. Muitas pessoas que
moram ao redor ao invés de enterrar seu lixo ou queimar, jogam no rio.
Quando nós usamos o transporte, vê-se as pessoas usando descartável jogar
no rio né, e isso infelizmente é uma cultura que vai passando de geração em
geração. Hoje na escola a gente trabalha essa concepção de não sujar o rio,
de ter cuidado com o lixo, da higiene que você falou de trabalhar na escola
né, da criança vir banhada, com um perfumezinho , ou até só o simples
banho, é um trabalho que aos poucos a gente tenta mudar a concepção da
criança e da família.
Entrevistadora: E você então nas suas aulas, você fala com os alunos sobre
saúde, sobre parasitas?
Professor 2: É a base, é a base porque é através, primeiro você tem que
ensinar a criança como se prevenir, porque ao contaminar-se não tem mais o
que fazer só tratar. Graças a Deus hoje nós temos um médico por parte do
projeto do governo federal dos médicos né, nós temos hoje uma doutora
muito boa que veio de Cuba, temos hoje uma enfermeira, o governo do
estado municipal construiu uma UBS e vai melhorar mais ainda a condição de
saúde do nosso comunitário, e a gente sempre trabalha a questão da criança
ir ao banheiro, lavar as mãos, para não se contaminar, contaminar o alimento
né. Ter o cuidado de não andar descalço, porque tem principalmente
cachorros na rua, pode causar doença, e trabalhar essa concepção de melhor
prevenir do que remediar. Mas é algo que a gente tem que construir aos
poucos né, porque mudar a forma das pessoas pensarem é trabalhoso e leva
tempo.
Entrevistadora: E quando você fala sobre isso com seus alunos como eles
reagem?
41
Professor 2: A reação é surpresa porque não é um costume após usar o
banheiro, eles não sabiam que após usar o banheiro ele contamina as mãos e
as vezes a pessoa não presta atenção, e as vezes ao beber um copo com
água ou mesmo um biscoito ou algo que ele possa tocar, ele não tinha essa
concepção de que ele estava contaminando o alimento né e hoje em dia, eles
tem essa concepção, no caso da relação do lixo, lixo pra eles, uma folha de
papel jogada na sala não era considerada lixo para eles, não tinha essa
concepção né, e hoje fizemos um projeto e trabalhamos dois anos com eles e
o objetivo principal era essa percepção do que é o lixo, e é legal porque é
difícil mudar a concepção das pessoas adultas, mas das crianças é mais fácil.
Muitas coisas que eles aprenderam com a gente ou que nós apendemos com
eles, eles tentam repassar para os pais. Chega lá a mãe vai jogar o lixo no rio
ou simplesmente no fundo do quintal, fala “ó mãe o professor disse que tem
que fazer assim dessa forma” e isso é gratificante né, é legal .
Entrevistadora: E, assim, o saneamento aqui na região é bom? Você falou das
fossas negras né.
Professor 2: Na grande realidade não existe né , nosso esgoto é aberto,
infelizmente isso é uma grande realidade do Brasil, cidades grandes onde
deveria ter um saneamento, é precário, principalmente de esgoto né, na
nossa cidade não existe, nós não temos tratamento de esgoto né, e a grande
realidade, nós hoje sonhamos com duas coisas né, um asfalto, porque onde
quando chove nossos alunos para chegar até a escola é difícil por causa da
lama, e uma antena para celular porque nós estamos praticamente isolados
né, só tem um telefone público mas que não funciona. Esse é nosso sonho
né, que as coisas possam vir a melhorar a cada dia, que a gente possa ter um
bom saneamento, uma boa água tratada, que nós não temos, temos água de
poço mas que não é de qualidade. Ela é branquinha você pode ver mas se
ela ficar dois, três dias ai você sente o cheiro ruim da água, ela não é tratada.
Entrevistadora: E como é o contato da comunidade com o governo, para
tentar exigir melhorias?
42
Professor 2: Aqui na vila, é complicado aqui devido às influências políticas
serem muito exacerbadas. Aqui qualquer coisa se transforma em briga, então
a politicagem, não a política que a política é coisa boa, mas a politicagem é
muito grande. Aquele ali não pode falar desse, porque ele pertence ao grupo
desse. Quando chega algo...”ah eu não vou porque é aquele vereador quem
quer trazer”. Tem muita gente querendo mandar e pouca gente correndo atrás
da melhoria, mas graças a Deus que aos poucos as concepções estão
mudando porque hoje a vila tá trabalhando em um novo sistema de
administração que é através de um conselho. Os novos líderes da
comunidade já têm uma nova concepção. Só os comunitários antigos que tem
essas ideias arraigadas, antigas, hoje temos pastores, professores, que
formaram esse conselho para tentar mudar, a prova disso é a nossa escola,
nós somos a única escola em Manacapuru que não temos um sistema de
refrigeração. Nós temos 4 ar condicionado na escola, mas já foram projetos
que trouxeram, enquanto as demais escolas todas têm, há mais de 10 anos a
gente sonha em ter um muro de proteção, que nós vivemos situações de briga
onde houveram invasões de pessoas armadas, e o professor dentro da sala
de aula totalmente indefeso porque queria matar um menino por briga. Então,
coisas básicas que deveríamos ter mas que não tínhamos porque não havia
um consenso político, e agora com essa nova forma de administrar estão
mudando, tanto que o prefeito reformou nossa escola, há mais de 10 anos
pedindo essa reforma, um posto grande que ele vai construir pra gente, uma
UBS, e até uma quadra poliesportiva para fazer educação física que nós não
tínhamos, ou fazia aqui nesse campo lameado ou aqui na frente né, não tinha
como trabalhar, apenas brincar, então graças a Deus que a forma de pensar
das pessoas está começando a querer mudar .
Entrevistadora: Então para finalizar, você acha possível ensinar os alunos
sobre essas parasitoses, sobre essas doenças, englobando tudo o que a
gente conversou, os aspectos políticos, de higiene, de saúde? E qual seria a
importância disso?
43
Professor 2: Olha, é possível e necessário, na grande realidade são temas
que estão interligados, a questão da contaminação, pra você observar são
coisas extremamente básicas, a contaminação por parasitose. Nós estamos
no século vinte e um, pelo amor de Deus, isso não era mais para existir não é
verdade? O grande avanço da tecnologia que existe no mundo, isso não era
mais para existir. Hoje, nós não deveríamos estar pedindo a pavimentação de
rua ou construção de esgoto, já era a para ser feito a muito tempo. Então você
pode ver que está tudo interligado. É possível e na realidade é um dever nós
trabalharmos essa nova forma, porque a criança por mais nova que ela seja já
tem uma consciência, ela sabe o que é bom, o que é ruim, ela sabe os
deveres dela, então para gente é fundamental que a gente possa trabalhar
essa concepção, e com isso vai ter uma melhoria não só para a escola como
para a comunidade em geral .
Entrevistadora: Então muito obrigada pela sua participação.
Professor 2: Ok.
Comunidade de Caviana – Professor 3
Entrevistadora: Olá boa tarde, eu sou a Caroline, aluna de Biologia, e gostaria
de fazer uma entrevista com você para o meu TCC sobre parasitoses tudo
bem?
Professor 3: Tá
Entrevistadora: Bom então eu queria conhecer um pouco de você, da sua
trajetória, então, quando você ia para a escola qual matéria você tinha mais
interesse?
Professor 3: Quando eu estudava, porque minha vida, primeira boa tarde,
meu nome é Professora 3, trabalho aqui nessa escola há dezoito anos,
trabalho com crianças de oito e nove ano, de ciclo né, e quando eu estudava,
eu terminei aqui a oitava série, é serie né que era? Depois que eu terminei
44
aqui fui para Manacapuru porque aqui o estudo parava até a oitava série né,
ai fui para Manacapuru fazer o magistério, onde eu me tornei professora. E a
disciplina que eu mais gostava era geografia, tanto que eu sou pós-graduada
em geografia. Mas como nós trabalhamos aqui com todas as disciplinas né,
então cada coisa tem que aprender um pouco né, ciências, geografia,
matemática, mas a que eu mais gostava era geografia.
Entrevistadora: E tinha alguma outra que você não gostava, ou não via tanta
importância?
Professor 3: Ah, que eu não gostava na verdade era de inglês, porque não é
nossa língua, não entendia né, tanto que agora tão dando muito valor né, na
língua de inglês né, pro pessoal estudar, mas eu na minha infância, nos meus
estudos eu não dei valor ao inglês, tanto que agora está me fazendo falta.
Entrevistadora: E você se lembra de ter aprendido na escola, coisas
relacionadas à saúde, saúde do corpo, ou sobre doenças? E qual foi a
importância para você?
Professor 3: O que eu estudei muito assim, foi sobre a alimentação, a higiene
física, mental e social né, que a gente estuda muito sobre isso, foi muito
importante na minha vida, é sobre também as verminoses né, as doenças
causadas pelas verminoses né, e isso foi muito importante, pegou muito na
minha vida assim, na minha vida de estudante e agora na vida mesmo de
casada, que eu tenho três filhas e eu trabalho muito isso porque aqui na
nossa Caviana é muito a falta de saneamento básico, é muito difícil, então nós
mesmos, familiares, temos que trabalhar com isso na nossa própria casa né .
Então, eu trabalho muito isso na minha casa, trabalho com os meus alunos, e
graças a Deus que nós temos o apoio da fundação de saúde que eles vêm
aqui dar palestra , de mês em mês sobre as verminoses.
Entrevistadora: E ai eles falam sobre...o que eles falam nessas palestras?
Professor 3: Eles falam como, sobre os alimentos né, o que temos que fazer
com os alimentos, lavar os alimentos né, as verduras e legumes, devemos
45
lavar também. Eles ensinaram pros alunos também, colocar três pinguinhos
de água sanitária na água né e colocar de molho as verduras e os legumes, e
depois lava para a gente poder utiliza-los ne, ferver a água, a gente usa o
cloro aqui também né, que dão pra gente né o cloro, se não tem cloro a gente
ferve a água, mas como nossa água é Cosama né, é filtrada, então...
Entrevistadora: E esse cloro que eles dão para vocês, dá para usar por
bastante tempo ou falta?
Professor 3: Falta né, porque quando chega na fundação né, ai eles entregam
pra gente um vidrinho, por exemplo, se o tanque for 5.000 litros, ai eles dão
pra gente cinco vidros daquele para a gente usar durante o mês.
Entrevistadora: E o que você entende pelo termo parasita?
Professor 3: Parasita que eu entendo é essas doenças de verminose né, as
bacteriazinha né.
Entrevistadora: Entendi, e só bactérias?
Professor 3: É, pelo que eu entendo é.
Entrevistadora: E parasitoses?
Professor 3: Para falar a verdade, não sei. A parasitose é um tipo de verme?
Entrevistadora: É um conjunto de doenças...
Professor 3: Uma doença né, que causa dor de barriga né, vários sintomas
né... por exemplo o amarelão, barriga d’ água é isso ?
Entrevistadora: Isso
Entrevistadora: Você sabe então desses parasitas que você citou e outros
também, onde eles vivem?
Professor 3: Por exemplo, o alimento cru? A carne mal cozida né, ela causa
isso, você não lavar o alimento bem, andar descalço, isso tudo causa, sujeira .
46
Entrevistadora: E nesses meios de contaminação que você falou, você
percebe alguma situação aqui na comunidade, algumas atividades, que
podem levar ao contato de uma pessoa com um parasita?
Professor 3: Eu acho que a falta de higiene, tanto que se você, vocês
passaram só um dia aqui né? Se você passasse uma semana aqui vocês iam
ver que muitas pessoas ainda não tem o conhecimento da higiene. Então isso
ai leva, causada essa doença ai, isso, ai.
Entrevistadora: E os sintomas assim que você conhece dessas doenças?
Professor 3: Dor de barriga né, fica pálida a criança, fica com mau estar, não
tem prazer para nada, uma criança triste, isso ai é um dos sintomas já.
Entrevistadora: Eu sei que você é professora dos pequenos né, mas você nas
suas aulas já chegou a falar com eles sobre essas doenças? O que você
ensinou para eles e como?
Professor 3: Eu ensinei que nas ciências das alimentação né, sobre os
alimentos, que devemos lavar as frutas, cozinhar bem os alimentos antes de
comer né, quando for ao banheiro lavar bem as mãos, né, tomar banho, tanto
que tem até uma musiquinha que eu sempre canto para eles né .
Entrevistadora: Você pode cantar para a gente?
Professor 3: Posso claro, é aquela musiquinha que canta assim: “Todas as
crianças deve se banhar, todas as crianças deve se banhar, de manhã
cedinho, de tarde e ao deitar. Unhas cortadinhas, cabelos penteado, unhas
cortadinha , cabelos penteado, pés bem calçado dentinho escovado. Quando
vai a escola, vai para estudar, quando vai pra escola vai para estudar. Na
hora do recreio, da higiene se lembrar, na hora do recreio da higiene se
lembrar”. Porque não é só na escola que devemos lavar nossas mãos né, na
escola também, porque, tanto que na escola eles pega na borracha, pega na
lápis, pega no caderno, pega na mesa, então ali tudo tem a bactéria que vai
pra boca e causa dor de barriga né.
47
Entrevistadora: E quando você ensina sobre isso para os alunos, qual é a
reação deles?
Professor 3: Eles ficam alegres, ficam curiosos, porque tanto eu trabalho com
eles, é que minha sala tá ocupada senão eu levava vocês lá, eu trabalho com
eles com cartazes, figuras, então eu planejo minha aula, se for hoje
alimentação eu corto os tipos de alimento, colo no cartaz e dou minha aula né,
verminose, doenças.
Entrevistadora: Mas sobre lavar as mãos, sobre a higiene que você falou que
ensina para eles, eles depois colocam em prática, ou não ligam?
Professor 3: Uns, eles consideram, mas depois esquecem né, porque assim,
a educação ela vem de casa né , o que a gente ensina aqui para aquelas
crianças que são bem adequadas, elas aprendem e depois levam pra casa, e
ai tem mãe, tem pais, que também continuam nesse ritmo, mas tem pais e
mães que não continuam no ritmo e ai esquece né.
Entrevistadora: Entendi, e você acha que abordando essas questões, ajudaria
a diminuir o número de doenças aqui na comunidade? Como?
Professor 3: Com certeza. Porque com a ajuda da comunidade, tanto de nós,
não sou só eu que falo né, todos os professores falam sobre higiene, sobre
saúde, e com ajuda da fundação ai, acho que minimiza um pouco.
Entrevistadora: E eu queria saber também, como é o saneamento aqui?
Professor 3: Lixo, essas coisas? Pra falar a verdade acho que a caixa d’ água
nós estamos há dois anos sem ser lavada essa caixa d’ água ai, tanto que
nós estamos fazendo um projeto né, pra mandar para a autoridade maior que
é prefeito né, para vir a pessoa que toma conta disso, pra lavar esse tanque
porque esse tanque tá com dois anos que não é lavado. E tem vez que a
gente abre a torneira, porque ele liga a água oito horas da manhã e desliga
onze horas, ai liga três horas de novo e ai vai nove da noite, ai quando desliga
a torneira vem aqueles negócios e lodo e a gente tá preocupado porque essa
caixa tem dois anos que não lava então...Agora quanto ao lixo, ele é
48
queimado e tem um local que joga, tem uma semana que o caminhão pega o
lixo e leva pra uma localidade bem longe né, vidro, lata, essas coisas, mas
quanto papel, resto de alimento essas coisas, é jogado para fazer adubo né, e
o resto é enterrado.
Entrevistadora: E sobre as necessidades fisiológicas das pessoas, tem
esgoto?
Professor 3: Não, é tudo jogado no rio. Tanto que isso é uma das causas que
pode dar verminose nas crianças é a água parada, que as crianças vão né,
pulam na água e ai podem pegar lá, porque a água é parada né, ai quando
chove vai tudo lá pro rio. Esgoto aqui não existe.
Entrevistadora: E tem um contato assim, entre a comunidade e as
autoridades? Por intermédio de alguém assim...?
Professor 3: Tem, deles aí da fundação né, eles levam o problema pra lá né .
Entrevistadora: Então vocês conseguem conversar com eles sobre essas
situações, e aí resolve alguma coisa?
Professor 3: Resolve ! Tanto que nós temos é, agente de saúde né, que é por
área e elas visitam, todo final de semana elas vão de casa em casa, visita,
como é que tá o lixo, eles vão e vão nas casas, ver como tá a limpeza da
água, se é coada, se é filtrada, fervida, então eles têm isso ai. É por área tá, a
gente tem isso ai.
Entrevistadora: Então, para finalizar, você acha que é possível nas suas
aulas, ensinar os alunos sobre essas parasitoses, sobre essas doenças,
englobando tudo isso que a gente falou então, política, limpeza e
comportamento você acha possível?
Professor 3: Sim.
Entrevistadora: E qual seria a importância para a formação deles?
49
Professor 3: Seria que eles iam aprender né, e iam passar pros filhos deles
né, iam aprender e iam passar de geração em geração, e ai tenho certeza que
daqui um tempo não existiria mais tanta doença como existe essa doença ai .
Entrevistadora: Ah ok então, muito obrigada!
Professor 3: Que é isso brigada a Senhora... você né (Risos).
Comunidade de Caviana – Professor 4
Entrevistadora: Oi meu nome é Caroline...
Professor 4: Eu sou o Professor 4.
Entrevistadora: Muito prazer... Sou aluna de Biologia lá no Mackenzie vou me
formar no final desse ano, e estou fazendo um TCC então sobre parasitoses e
então eu queria conversar um pouquinho com você, pode ser?
Professor 4: Pode, pode ser.
Entrevistadora: Então eu queria conhecer um pouquinho de você, um
pouquinho da sua trajetória, então... Quando você ia para a sua escola, qual
matéria que você mais gostava?
Professor 4: Eu gostava mais de matemática na época né, logo que eu
comecei era matemática ai depois já, com o tempo já mudou mais, minha
parte começou a ser física. Aí eu tive que mudar, deixei um pouco a
matemática de lado e me integrei mais em física.
Entrevistadora: E tinha alguma matéria que você não via tanta importância?
Professor 4: Ah, a única que eu não dava muita importância assim, era um
pouco de inglês, eu não queria muito. Mas, tinha que fazer, para concluir o
estudo todo eu tinha que acompanhar né. Não era muito a minha preferência
mas eu tinha que estudar.
Entrevistadora: E você dá aulas do que aqui?
50
Professor 4: Eu sou professor de educação física.
Entrevistadora: E faz quanto tempo?
Professor 4: Dois anos.
Entrevistadora: E você é daqui mesmo?
Professor 4: Sou daqui mesmo. Nasci em Manaus e vim para cá com 13 anos.
Entrevistadora: E, na sua escola, você lembra de ter aprendido coisas
relacionadas à saúde, sobre doenças?
Professor 4: Aprendi, lembro que minha professora de ciências , a professora
X passava para a gente antes do almoço, ou que antes de deitar, tinha que
escovar os dentes, antes de, por exemplo, de dormir tinha que lavar as mãos,
para poder dormir, que era para ter uma saúde... Não uma saúde boa né, mas
uma saúdezinha melhor né para não estar adoecendo de vez em quando.
Entrevistadora: para você qual foi a importância de ter aprendido isso?
Professor 4: Ah que eu posso passar hoje né, dentro do trabalho que eu faço,
já posso passar para os meus alunos, um pouco do que eu aprendi lá no
anterior.
Entrevistadora: E o que você entende por parasita?
Professor 4: Ah entendo que nós antes do almoço, ou antes da refeição
devemos lavar as mãos, ou então se achar um alimento que tá no chão, por
exemplo, uma fruta, que tá caído, devemos lavar ela para não tá ingerindo, ter
uma infecção ou uma coisa.
Entrevistadora: E você sabe porque a gente tem que lavar elas?
Professor 4: Então, porque tá infectado, de repente pode ter passado lá um
animal, um bicho com micose alguma coisa, e pode afetar a gente, mesmo
que a gente não saiba o que passou, mas pode nos trazer algo pior.
Entrevistadora: E uma parasitose, sabe o que é?
51
Professor 4: Uma parasitose? Qual, no sentido... um verme, uma coisa.
Entrevistadora: Sim, uma doença causada por parasita né... você conhece
algum parasita?
Professor 4: Sim... aqui dá muito o carapanã né que é um mosquito, dá
dengue, a malária , aqui dá muito, isso aí é o que mais tem aqui.
Entrevistadora: Tem mais algum?
Professor 4: Tem o carrapato que dá nos animais né, tem muitos animais que
estão morrendo por causa do carrapato, não tem um bom tratamento né. Aqui
tem muito criador de animal, que cria boi, mas não tem o tratamento para
combater o parasita.
Entrevistadora: E esses carrapatos, são eles que causam a doença?
Professor 4: É, eles acabam matando o boi porque eles chupam o sangue, ai
acaba o sangue do boi e ele morre né, magro, seco.
Entrevistadora: E você sabe onde vivem esses parasitas?
Professor 4: No campo né, nos pastos aqui, onde tem gado.
Entrevistadora: Você falou pra mim então a importância da gente lavar as
mãos, as frutas, então, você acha que eles estão nesses locais também?
Professor 4: Podem passar por esses locais também, porque o plantio do
pessoal é mais lá pra estrada né, e de lá que eles trazem para cá. Pode vir
né, qualquer coisa... Como eu vou dizer... pode vir até uma transmissão deles
para cá na vila e ocorrer uma transmissão pro pessoal daqui mesmo.
Entrevistadora: E aqui na comunidade você percebe alguma situação que
possa levar uma pessoa a contrair uma parasitose?
Professor 4: Aqui tem, dentro da comunidade tem, a gente vê casos aqui que,
as vezes de dengue, até a dengue hemorrágica já teve aqui na comunidade,
em Caviana mesmo.
52
Entrevistadora: E você acha que tem alguma situação aqui que contribua
então pra essa transmissão?
Professor 4: Tem, tem muitas, porque, vamos dizer assim, o lixo né, que não
tem um lugar adequado para jogar o lixo, como vocês podem ver passando aí
na rua a gente vê muito lixo jogado, daí pode causar o levantamento de algum
parasita , transmitir em pessoas aqui dentro mesmo da comunidade.
Entrevistadora: Então assim, o esgoto e o saneamento básico como que é
aqui?
Professor 4: Aqui não tem né, se tivesse eu acho que ficaria mais difícil de
acontecer aqui dentro da comunidade, de ter esse vínculo dos insetos com as
pessoas.
Entrevistadora: E aqui na comunidade vocês tem algum contato com as
autoridades para conversar sobre isso, sobre saneamento?
Professor 4: Aqui é muito fechado, muito difícil, para isso agora até vão fazer
uma... Eles tão se reunindo o pessoal para fazer uma comissão, para ir até o
governo para procurar já trazer uma coisa melhor para dentro da comunidade
.
Entrevistadora: Você acha então que as pessoas aqui da comunidade eles
têm essa noção de que eles podem reivindicar sobre saneamento sobre
essas coisas ou não?
Professor 4: Algumas têm mas outras já, por exemplo, tem alguém que quer
fazer isso, mas tem outras pessoas que acham que ele quer fazer pelo bem
dele e não da comunidade , aí já contradiz né tem uns que querem e uns que
não querem. Para ter um apoio melhor tem que ser a comunidade toda querer
o crescimento igual.
Entrevistadora: E você nas suas aulas já conversou com eles sobre doenças,
sobre parasitoses?
Professor 4: Já.
53
Entrevistadora: Como você aborda esse tema?
Professor 4: Eu coloco assim para eles, que nós, como somos uma
comunidade, devemos ver aonde que tá o bem da comunidade e onde tá o
mal pra comunidade. O bem que a gente pode fazer e o mal que a gente
também pode fazer. Aí eu já coloco pra ele assim, não devemos jogar lixo nas
ruas e nem no rio porque é da onde nós tiramos nosso benefício né, porque
ali alguém pesca, tira o peixe e vai comer o peixe, esse peixe pode ter algum
parasita nele e pode fazer mal para nós mesmos . Então nós não devemos
jogar lixo no rio e nem nas ruas pois é onde vocês brincam... Onde passam o
maior tempo é aqui nas ruas mesmo né, então é isso que eu passo para eles.
Entrevistadora: E qual é a reação deles sobre isso?
Professor 4: É como eu disse, muitos deles entendem que não é certo né e
outro já levam para outro lado, já querem levar de outro jeito e ai...
Entrevistadora: E você acha então que você abordar essas parasitoses nas
suas aulas poderia reduzir o número de casos?
Professor 4: Pode, a gente pode reduzir sim, porque se todos entendessem
de uma só maneira, levassem para o mesmo lado, a gente conseguiria.
Entrevistadora: Então, para finalizar você acha possível você nas suas aulas
abordar esse tema de parasitoses, englobando tudo o que a gente conversou
então, sobre a doença, sobre politica, sobre os direitos, senamento básico...
Você acha possível criar um elo entre tudo isso?
Professor 4: Acho que sim.
Entrevistadora: Como você faria isso?
Professor 4: Por exemplo, nós sentássemos, conversássemos, chegássemos
a um acordo e fizéssemos esse acordo acontecer, e os pessoais que viessem
lá de fora iam ver isso e nos apoiar.
Entrevistadora: E qual seria a importância disso na formação deles?
54
Professor 4: Eu queria que todos eles pudessem um dia pensar em um só
fazer, que ai veria acontecer, porque muitos vieram aqui e disseram que ia
acontecer, mas nunca aconteceu. Então se nós mesmos nos motivássemos e
fizéssemos alguma coisa eu tenho certeza que no dia que eles voltassem e
vissem isso acontecendo eles iriam nos dar apoio .
Entrevistadora: Tá certo então, muito obrigada.
Professor 4: Nada.
Comunidade de Repartimento – Professor 5
Entrevistadora: Bom, meu nome é Carol, sou aluna de Biologia e eu queria
conhecer um pouco sobre a senhora. Seu nome, quanto tempo você está
aqui...
Professor 5: Eu sou a professora 5, eu estou aqui há dois anos aqui na
comunidade, dou aula para alunos do primeiro ao quinto ano.
Entrevistadora: E você é daqui mesmo?
Professor 5: Não, sou de Manacapuru, aí eu passo a semana toda aqui
trabalhando e aos finais de semana eu vou para casa.
Entrevistadora: Então eu queria conhecer um pouco mais sobre você, um
pouco a sua trajetória né, então... Quando você ia para a escola, qual matéria
você tinha mais interesse?
Professor 5: Eu sempre gostei muito assim de língua portuguêsa, é a matéria
que eu mais me identifico até hoje né. As outras matérias eu quase não me
identifico.
Entrevistadora: Entendi... Tinha alguma que você não via tanta importância?
Professor 5: Assim, não que não tivesse tanta importância, era que eu não
entendia mesmo, que era matemática né, e eu não gosto né... Até hoje eu não
gosto de matemática
55
Entrevistadora: E você se lembra de ter aprendido na sua escola coisas
relacionadas ao corpo, à saúde?
Professor 5: Lembro, lembro.
Entrevistadora: E qual foi a importância disso na sua vida?
Professor 5: Ah, foi muito importante, eu lembro sim. As professoras sempre
ensinavam a gente como cuidar do corpo, a higiene pessoal, como mesmo a
gente tomar banho direitinho, cuidar dos dentes, cuidar das unhas... e isso até
hoje é muito importante para mim, inclusive eu explico muito isso pros meus
alunos né, qual a importância de a gente andar limpinho, de a gente tomar um
bom banho, de andar cheiroso .
Entrevistadora: E esses ensinamentos que você recebeu você costumava a
aplicar na sua vida?
Professor 5: Sempre! Até com os meus filhos mesmo.
Entrevistadora: O que você entende por parasita?
Professor 5: Parasita? O que eu entendo sobre parasita? Não entendo muito
bem não, mas acho que deve ser bichinhos, né... Alguns insetos que através
deles são transmitidas algumas doenças né. Tem vários tipos de insetos que
transmitem doenças né.
Entrevistadora: Você se lembra de algum?
Professor 5: Eu lembro muito bem de uma né, o barbeiro né, que ele transmite
aquela doença de chagas.
Entrevistadora: Tem mais algum?
Professor 5: Deixa eu ver... tem o mosquito da dengue né.. Que transmite
uma doença terrível que a pessoa pode até morrer. Tem o da malária
também, que é uma doença muito terrível que mata muitas pessoas.
Entrevistadora: E... só por mosquitos?
56
Professor 5: Só, que eu lembre só, só mosquitos.
Entrevistadora: Dessas doenças que você falou, você sabe os sintomas que
elas causam?
Professor 5: Sei eu sei muito bem uma delas, a dengue porque eu já peguei
dengue, peguei dengue duas vezes, e da última vez quase eu morro. Uma
febre muito alta, dores no corpo todo e muita dor de cabeça. É horrível, a
gente não consegue nem levantar.
Entrevistadora: E foi aqui?
Professor 5: Não, foi em Manacapuru mesmo.
Entrevistadora: E ai tinha atendimento fácil por lá?
Professor 5: Tinha sim no hospital, mas o atendimento é só mesmo para
descobrir a doença e o tratamento todo em casa através da hidratação né.
Entrevistadora: E você sabe onde vivem os parasitas?
Professor 5: Da dengue ele vive na água parada né. Que eu já estudei um
pouco é sobre a agua mesmo né que ela fica parada, e lá ele põe os ovos, até
é a fêmea que coloca todos os ovos né e daí eles vão se procriando né.
Entrevistadora: E você sabe então como que a gente contrai uma parasitose e
alguma situação aqui ao redor que pudesse contribuir para causar essas
doenças?
Professor 5: Aqui? Pra causar essa doenças? Aqui eu acho que, muito lixo né,
o lixo ele transmite muita doença né, porque se acumula tudo, tudo quanto é
tipo de parasitas, de micróbios né, de tudo .
Entrevistadora: E ai como eles chegam até a gente?
Professor 5: Eu acho que eu eles voam , e as vezes eles picam algumas
pessoas, e se eu não me engano, no caso, a malária, o mosquito pica uma
pessoa e ai depois ele pica outra pessoa e transmite se eu não me engano
para outra pessoa.
57
Entrevistadora: Então você sabe como evitar essas doenças?
Professor 5: A dengue a gente evita então limpando os quintais né, eles
fazem muitas campanhas aqui no tempo de dengue né eles fazem muito.
Juntando os lixos, juntando, não colocando garrafas para que a água da
chuva não fique ali acumulada né, sempre assim. E a malária é evitando
mesmo através de mosquiteiros né.
Entrevistadora: E alguma parasitose intestinal você conhece?
Professor 5: Deixa eu ver... Não conheço.
Entrevistadora: Você tem ideia de como eles chegariam até a gente?
Professor 5: Acho que através de alimento, através da água que a gente
toma, no caso até, parasitas podem ser vermes também né, as vermes, no
caso a, aquela verme que dá muito através da água... a.... Ameba, eu tenho
muito problema com ameba porque sempre me ataca e eu tenho que tomar
bastante remédio, passo mal, vou para o hospital e aí 6 meses dá de novo ...
Entrevistadora: É, tinha alguns casos de exame de fezes que a gente estava
fazendo no barco tina ameba também.
Entrevistadora: E então, nesse caso das amebas, você vê aqui na
comunidade alguma situação que possa levar ao contato?
Professor 5: Tem sim, é porque assim, a maioria das crianças brinca muito no
chão, descalças, e não tomam muita precaução. Tomam banho no rio e ai as
vezes tá muito poluído, muito lixo, umas coisas assim né.
Entrevistadora: E você nas suas aulas você conversa com os seus alunos
sobre essas doenças?
Professor 5: Sim agora a gente tá conversando bastante por causa das aulas
de ciências né que tá com eles, e eu explico muito para eles sobre isso, quais
são as precauções que a gente tem que tomar, os riscos que a gente corre
devido à isso.
58
Entrevistadora: E quando você fala sobre isso, como eles reagem?
Professor 5: Eles ficam um pouco surpresos né, porque aqui na comunidade
eles são ainda muito ingênuos, pode se dizer, eles ficam um pouco fora do
mundo aqui, não tem muito contato com outros . Tem muitas crianças que
nunca saíram daqui né.
Entrevistadora: Mas, sobre a higiene que você falou nas suas aulas, eles
colocam em pratica assim na hora de tomar o lanche...?
Professor 5: Colocam, a gente sempre diz que antes de comer qualquer coisa
tem que lavar as mãos, devido às bactérias, coisas que a gente tá no meio de
tudo isso né.
Entrevistadora: Então você acha que então você abordando esses assuntos
nas suas aulas conseguiria reduzir o número de casos de parasitoses na
população?
Professor 5: Eu assim, creio que na minha sala de aula sim, mas uns 5% só
porque isso tem que ser um trabalho amplo, para toda a comunidade né, para
que eles fiquem sabendo quais são os riscos e quais são as precauções.
Entrevistadora: Então você falou que é muito sujo aqui, que tem lixo... Qual a
relação então que você vê entre a falta de saneamento aqui da região e essas
doenças?
Professor 5: É assim, porque aqui na comunidade a gente vê que saneamento
aqui não tem. Que não tem coleta de lixo né. As pessoas elas simplesmente
colocam o lixo no quintal, na beira da rua e tocam fogo né. Outro não né,
jogam nos rios, na frente das casas, nos quintais, então isso aí é um risco
muito grande para todo mundo.
Entrevistadora: Manacapuru é muito diferente daqui nesse sentido?
Professor 5: Com certeza, bastante diferente, assim, não digo que lá o
saneamento é 100% mas digo que é uns 90% de diferença daqui é.
59
Entrevistadora: E você as comunidades tem algum contato do governo para
falar sobre saneamento ou exigir outras coisas que vocês precisam?
Professor 5: Assim, no meu ponto de vista, pra mim eu não tenho nenhum tipo
de contato, até porque assim, eles me veem na comunidade aqui como
novata né, eu não sou realmente aqui da comunidade então não tenho
contato com muita gente aqui. Mas o que eu já vi aqui outras pessoas falando
é que muita gente tem contato, porque o presidente da comunidade aqui é
irmão de um vereador aqui, que a família toda dele mora aqui e esse vereador
é presidente da câmara municipal de Manacapuru. Então você tem todo um
universo para que seja trabalhado isso e na realidade como eu não sou daqui,
eu olho com aquele olhar de fora que a gente sempre vê quando chega em
um local diferente e eu vejo que falta muita coisa né. Apesar de eles estarem
no poder, de toda a família morar aqui na comunidade, eu não sei o porquê de
a comunidade ser desse jeito ainda aqui né.
Entrevistadora: Você acha que as pessoas daqui têm essa noção de que elas
têm direito a ter saneamento ou não?
Professor 5: Assim, eu acho que algumas pessoas, não falo todas... Algumas
pessoas elas têm essa noção, só que hoje a gente tá em um mundo, eu
posso falar né, que se diz um mundo tão democrático mas que na realidade
não é tão democrático né. Então algumas pessoas as vezes se sentem
oprimidas né de chegar e falar alguma coisa, de reclamar, e achar que num
futuro mais adiante elas vão ter problemas sobre isso .
Entrevistadora: Então para terminar, você acha possível nas suas aulas
abordar esses temas de parasitoses, de saúde, relacionando com esses
aspectos políticos que nós falamos, de direitos...?
Professor 5: Ah, com certeza! Sim, com certeza, até porque assim, eles estão
numa fase que eles tão descobrindo muita coisa, então é uma fase que a
gente tem, a melhor fase que o professor tem pra explorar, pra mostrar para
60
eles quais são seus direitos, o que eles devem buscar, o que eles devem na
realidade ir atrás de melhoras para eles no futuro.
Entrevistadora: E como você acha que isso mudaria a vida deles?
Professor 5: Ah mudaria, completamente, até porque eles iriam ter um
pensamento totalmente diferente de algumas pessoas daqui que não tiveram
as mesmas chances de conhecer as coisas de adquirir conhecimento.
Entrevistadora: Então tá ótimo, muito obrigada pela entrevista.
Professor 5: Ok... eu que digo obrigada.
Comunidade de Repartimento – Professor 6
Entrevistadora: Oi boa tarde, eu sou a Caroline aluna de Biologia e gostaria
de fazer uma entrevista com você, pode ser?
Entrevistadora: Bom então eu queria que você falasse um pouquinho de você,
o seu nome, há quanto tempo você trabalha aqui.
Professor 6: Bom, eu sou Professor 6, tenho 23 anos né, e moro aqui desde
2000, 14 anos aqui, to trabalhando na área da educação fazem uns três anos,
na área de educação, cursando uma faculdade ainda e a gente tá por ai né.
Entrevistadora: E você é daqui mesmo?
Professor 6: Sim, daqui mesmo.
Entrevistadora: Então vou fazer umas perguntinhas para você... Queria
começar conhecendo um pouco mais da sua trajetória, então, quando você ia
para a sua escola, qual era a matéria que você mais gostava que você tinha
mais interesse?
Professor 6: É... Eu tive assim, um interesse maior, na verdade por
matemática né, eu gostava.
61
Entrevistadora: E tinha alguma outra matéria que você não via tanta
importância?
Professor 6: Não, eu sempre... Eu não via tanta... Assim, eu não tinha o
mesmo interesse que eu tinha pela matemática, mas via porque era
necessário né, porque era necessário passar por aquilo e frequentava normal,
eu não fui de faltar muito não.
Entrevistadora: E você dá aula do que?
Professor 6: Agora nós estamos trabalhando do sexto ao nono ano. São
alunos selecionados que tão uma faixa etária baixa né, ai seleciona aqueles
alunos que estão numa faixa mais baixa né, e faz um reforço com eles.
Entrevistadora: Você se lembra na sua escola de ter aprendido coisas sobre
doenças que acometem o ser humano, ou também sobre saúde?
Professor 6: Tivemos várias vezes, inúmeras vezes, coisas como essa que
tão acontecendo que vem até de Manacapuru mesmo, reúnem né, pessoas
que vem de Manacapuru se reúnem né e vem sempre fazer isso, na
comunidade de uma forma geral até né, incluindo os alunos .
Entrevistadora: E qual foi então a importância de ter ouvido isso na sua vida?
Professor 6: Ah, a importância é sempre que a gente fica ligado né, sempre
aprendendo mais né, que tem coisas que tipo assim, cada um de nós, cada
uma das pessoas que vem fazer assim são especialistas em uma área né, e
ai é bom que a gente aprende coisas a mais né assim como, é, poucas coisas
que a gente aprende né, que eles vem fazer tratamento, e várias coisas a
gente aprende tanto... Eles podem aprender com a gente como a gente pode
aprender com eles né.
Entrevistadora: E assim nessa área de saúde, eles falaram sobre doenças
quando você estudava?
Professor 6: Falaram, teve algumas vezes que eles vieram até mostrar alguns
cartõezinhos do HIV né, que fala sobre a doença e tal, como ela poderia ser
62
transmitida, deram cartões tudo para nós e inclusive eu tava no terceiro ano
né.
Entrevistadora: E isso foi importante para você?
Professor 6: Foi importante com certeza né, porque ai a gente se previne né.
Entrevistadora: E você seguia as orientações dessas pessoas?
Professor 6: Com certeza, é bom né? A gente adere para a gente o que é
bom né, com certeza.
Entrevistadora: O que você entende sobre parasita?
Professor 6: Parasita? (pausa). Parasita é vamos dizer que... Um parasita é
aquilo que chega mesmo num canto só pra acabar né... Pra... De bom não é
né (risos). É isso que eu entendo né... É algo que só vem para atrapalhar ai
ne, parasita.
Entrevistadora: Ele atrapalha como... a gente?
Professor 6: Não, depende da situação né, porque ele pode estar em qualquer
canto né o parasita, depende.
Entrevistadora: E você sabe onde eles vivem?
Professor 6: Não.
Entrevistadora: Essa palavra parasita assim, ela tem algum significado pra
você além de...
Professor 6: Não, é assim, até que tem pessoas que dizem né, tem, vamos se
dizer assim, que nem ditado né, um parasita, é como se algo interrompesse
né. É como se assim, muitas vezes surgiu ao longo da minha, a gente pode
citar, assim, surgiu ao longo da minha carreira um parasita que teve um
atraso, como se fosse uma praga né, uma coisa parecida assim.
Entrevistadora: E você não sabe onde eles vivem?
Professor 6: Não, infelizmente não sei não.
63
Entrevistadora: Você conhece algum parasita? Alguma doença causada por
um parasita?
Professor 6: Não, se eu conheço eu não me lembro agora.
Entrevistadora: Você já ouviu falar de lombriga?
Professor 6: Sim, verdade, todos esses são né.
Entrevistadora: Você sabe onde ela fica no ambiente, como a gente consegue
contrair ela?
Professor 6: Não, não, não sei não.
Entrevistadora: Então, você percebe alguma situação aqui no redor que possa
fazer as pessoas terem alguma doença, um parasita?
Professor 6: Sempre eu penso que assim pode trazer muito problema o lixo,
essas coisas assim né, poluição. Aqui por exemplo, mais é isso né, que não
tem um lugar certo, para dizer assim, ali a gente vai ter um tratamento. Ter um
local exato para que aquilo não venha afetar tanto, prejudicar tanto a região.
Entrevistadora: E aqui como é o saneamento básico na comunidade?
Professor 6: Aqui, graças a Deus, o pessoal é um pouco compreensivos uns
com os outros né, as pessoas pegam, eles mesmo e geralmente trata disso
em casa mesmo né, fazem, algumas pessoas né, por exemplo, na questão do
lixo, fazem um buraco e tacam fogo. Eu vejo isso, isso a gente pode ver de
duas formas né, colabora de um lado mas prejudica de outro por causa da
fumaça que sobe né.
Entrevistadora: E, assim, você sempre foi daqui?
Professor 6: Não, eu cheguei aqui com 9 anos.
Entrevistadora: Você era da onde?
Professor 6: De Manaus.
Entrevistadora: E Manaus é diferente né?
64
Professor 6: Com certeza.
Entrevistadora: Você acharia importante que existisse o sistema de esgoto
que existe em Manaus aqui também?
Professor 6: Com certeza.
Entrevistadora: Você acha que isso poderia diminuir...
Professor 6: Com certeza né, seria muito bom e a gente chega né a esperar
que um dia venha né a ter isso. Até pelo fato que, uma vida em Manaus é
legal né, em São Paulo, seu caso, também né, mas eu digo para quem for
preciso, se aqui continuar a ir do jeito que está indo, vinherem, ter um
investimento alto como sempre dizem. Às vezes eu penso que pode vir né. Se
vier vai ficar muito bom, ótimo, e já tem promessas disso, de virem ajeitar
mesmo, vai ser ótimo com certeza .
Entrevistadora: E então você acha que esse saneamento poderia reduzir
doenças, principalmente as causadas por parasitas?
Professor 6: Se iria reduzir, dependendo de como eles vão fazer né, isso tudo
poderia ser elaborado um projeto né, para que isso vinhesse a acontecer.
Como ainda tá em construção a comunidade né, então não tem uma, como
podemos dizer... Comunidade né, como tá em construção ainda há tempo né,
de fazer com que vinhesse a prejudicar menos né, porque fazer de qualquer
jeito também não adiantaria, prejudicaria de qualquer forma?
Entrevistadora: E você nas suas aulas fala com eles sobre doenças, sobre
parasitas, ou falaria?
Professor 6: A gente comenta né, mais precisamente é o caso aqui né de
doenças sexualmente transmissiva né, para ter sempre cuidado com isso. As
vezes né, pegando no gancho de pessoas que vem sempre nos alertar a
respeito disso que vem fazer feiras né, vem de Manacapuru, de Manaus,
fazer palestra pra gente né e a gente passa pra eles, aproveita o gancho de
que essas pessoas vem dar as palestras pra eles né, e já né...
65
Entrevistadora: E quando vocês falam sobre higiene, sobre as doenças, como
os alunos reagem?
Professor 6: Com certeza, eles reagem conforme que nem a moça até usou lá
né, que nem eles reagiram com vocês né, que era você que estava ali com
eles né, só que, o que eu vejo é que é um negócio que tem que ser batido
naquela tecla né, tem que manter aquele ritmo né. E como a gente tem outras
aulas, não tem tempo pra estar só naquilo, só naquilo. Poxa, seria ótimo, legal
se tivesse, mas...
Entrevistadora: Você acha então que vocês abordarem aspectos de higiene
com eles poderia reduzir o número de casos de doenças?
Professor 6: Com certeza, com certeza, tanto que, é, por exemplo, a gente as
vezes se reúne aqui com eles e ajeita a escola toda, vamos lá, é nossa né,
então a gente coloca isso na cabeça deles que não é nós professores que
estamos aqui trabalhando, pelo fato de que nós concluímos já uma parte, já
estudamos né, e tudo isso. A gente usa métodos para incentivar eles, e junto
também valorizar né.
Entrevistadora: Você como uma pessoa da comunidade e eles também, como
pessoas da comunidade, vocês têm acesso à alguma entidade do governo
para poder pedir por saneamento, pedir por melhoras?
Professor 6: É difícil... Muito difícil. Tem dois, três meses que vem aqui o
governador atual de Manaus, do Amazonas melhor, apareceu por aqui e falou
que iria ter essa melhora do asfalto né, concretar todinho né, ajeitar tudo, mas
ainda não .
Entrevistadora: Certo, e você acha que as pessoas daqui tem noção que elas
têm direito a ter um saneamento, ou, acham que não?
Professor 6: Têm, tem essa noção sim, com certeza, mas só que como vocês
sabem, qualquer canto que nós estamos, nós vivemos uma... pode se dizer...
podemos usar essa palavra, uma hierarquia, você é sabedora disso, que
qualquer canto que vocês for, infelizmente existe isso. Uma hierarquia ela
66
sendo bem usada, tendo pessoas de bom, com certeza ela traz muitos bons
frutos, mas eu vejo também que se ela não for prejudica né, ai a gente fica
totalmente dependente daquilo né, ai aqui nós temos nossa liderança da
comunidade né, com certeza, a comunidade pega, reúne pra pedir, eles estão
mais próximos das pessoas da política né ... É isso.
Entrevistadora: Então, para finalizar, depois do que a gente conversou aqui,
você acha possível nas suas aulas, você falar com as crianças sobre
doenças, sobre essas parasitoses, englobando tudo o que a gente falou,
sobre saúde, saneamento, de política? Você acha possível conciliar isso,
saúde e política?
Professor 6: Possível é né, agora dominar isso, ter o domínio de dizer isso, é
X, é Y, ai é mais complicado né, mas a gente, como somos brasileiros, não
desistimos nunca, a gente tenta né, fazer o nosso papel, até pelo fato de que
eu posso até citar para você como exemplo, é que, o mundo ele é muito
amplo, com certeza, temos aí coisas boas e coisas ruins, como se diz, numa
bandeja para você escolher, e aí cabe a você escolher o que você adere para
você. Ai é isso que a gente sempre faz né, e graças a Deus a gente torce para
que com certeza tenha uma porcentagem maior de pessoas que acertem do
que errem, mas a gente ta sempre procurando colocar a realidade de por
onde ir, por onde caminhar.
Entrevistadora: E qual seria a importância a importância para eles e para a
comunidade de você abordar a saúde e relacionar com a política?
Professor 6: A importância de eles terem a realidade né, na minha opinião,
saberem, terem tudo, enfim, de conhecerem né, é que poderiam ter seu
pensamento próprio, em si, e juntos unir força para uma melhora.
Entrevistadora: Tá certo então, muito obrigada, foi muito importante para o
meu trabalho.
Professor 6: De nada, estamos aqui se precisar.
67
Estou ciente do conteúdo do Trabalho de Conclusão de Curso “Concepções dos
professores de comunidades ribeirinhas do Rio Solimões sobre parasitologia e sua
importância para a comunidade local”
Nome do orientador – Universidade Presbiteriana Mackenzie
Nome do (a) aluno (a) – TIA
Trabalho a ser apresentado em Junho de 2015.
Top Related