UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
ESCOLA DE ENFRMAGEM AURORA DE AFONSO COSTA
MESTRADO PROFISSIONAL ENFERMAGEM ASSITENCIAL
SAÚDE DO TRABALHADOR EM AMBIENTE COM EXPOSIÇÃO A
MATERIAL BIOLÓGICO: UMA PRODUÇÃO TECNOLÓGICA
Autora: Camila Moreira Serra e Silva Melo
Orientadora: Profª. Dra. Simone Cruz Machado Ferreira
Linha de Pesquisa: O Contexto do Cuidar em Saúde
Niterói, Fevereiro 2017
SAÚDE DO TRABALHADOR EM AMBIENTE COM EXPOSIÇÃO A
MATERIAL BIOLÓGICO: UMA PRODUÇÃO TECNOLÓGICA
Autora: Camila Moreira Serra e Silva Melo
Orientadora: Profª. Dra. Simone Cruz Machado Ferreira
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação Stricto Sensu - Mestrado
Profissional em Enfermagem Assistencial da
Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa
da Universidade Federal Fluminense/UFF como
parte dos requisitos para obtenção do título de
Mestre.
Linha de Pesquisa: O Contexto do Cuidar em
Saúde
Niterói, Fevereiro 2017
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
MESTRADO PROFISSIONAL ENFERMAGEM ASSISTENCIAL
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
SAÚDE DO TRABALHADOR EM AMBIENTE COM EXPOSIÇÃO A
MATERIAL BIOLÓGICO: UMA PRODUÇÃO TECNOLÓGICA
Linha de Pesquisa: O Contexto de Cuidar em Saúde
Autora: Camila Moreira Serra e Silva Melo
Orientadora: Profª. Dra. Simone Cruz Machado Ferreira
Banca: Prof.ª Dra. Simone Cruz Machado Ferreira EEAAC/UFF
Prof.ª Dra. Maria Luiza de Oliveira Teixeira EEAN/UFRJ
Prof.ª Dra. Cristina Lavoyer Escudeiro EEAAC/UFF
Suplente (s): Prof.ª Dra. Elen Martins da Silva Castelo Branco EEAN/UFRJ
Prof.ª Dra. Dayse Mary da Silva Correia EEAAC/UFF
M 528 Melo, Camila Moreira Serra e Silva.
Saúde do trabalhador em ambiente com exposição a
material biológico: uma produção tecnológica. / Camila
Moreira Serra e Silva Melo. – Niterói: [s.n.], 2017.
100 f.
Dissertação (Mestrado Profissional em Enfermagem
Assistencial) - Universidade Federal Fluminense, 2017.
Orientador: Profª. Simone Cruz Machado Ferreira.
1. Enfermagem. 2. Equipe de enfermagem. 3. Exposição
a agentes biológicos. 4. Acidente de trabalho. 5. Tecnologia
educacional. I. Título. CDD 610.73
Dedico este trabalho aos meus pais, irmã,
ao meu esposo e à minha querida Maria Eduarda,
sempre tão presentes nesta jornada.
AGRADECIMENTOS
Gostaria de agradecer a Deus que deu a oportunidade de testar a minha capacidade e os meus
limites, superando os obstáculos e percebendo que mesmo nas dificuldades, perante Ele, tudo
posso.
À profª. Dra. Simone Cruz Machado Ferreira, a melhor orientadora que eu poderia sonhar em ter.
Sempre tão tranquila; tão alegre. Ensinou-me a ter calma e paciência nos momentos de aflição,
onde tentei absorver de sua competência durante toda a convivência.
Aos meus pais, Alcides e Lúcia Silva, a minha irmã Jéssica Silva e ao meu esposo Caio Kawaoka
que estiveram ao meu lado, mesmo não estando presente fisicamente, mas que me apoiaram e
torceram por mim a cada etapa que eu vencia, incentivando a não desistir quando os momentos de
dificuldade se abateram sobre mim. Tudo que alcancei até hoje devo a vocês!
Um agradecimento especial à minha amiga, fada-madrinha, “prima” Marina Izu, por sempre ter
acreditado em mim; na minha capacidade e ter sido aquele empurrão necessário para eu buscar
mais. Além de ser um exemplo de inteligência, competência, humildade e amizade. É amizade pra
vida toda!
À minha querida equipe do CTI, que tanto me ajudou e sempre se mostraram solícitos a participar
da minha pesquisa, torcendo pelo meu sucesso. Em especial a figura da minha chefe Glaucia, que
tantas vezes me ajudou com a escala para que não perdesse aulas ou trabalhos. Que reconheceu o
meu esforço, fazendo-me sentir valorizada! Minha gratidão!
Às amizades que fiz no MPEA, que batalhamos e sofremos juntas desde o Estágio Probatório.
Compartilhamos os sonhos, os obstáculos, os choros, as horas de estudo, as dúvidas, mas as
risadas, as torcidas e as vitórias também. Olha aí meninas, chegamos lá!
À Isabela Carla Bastos Ribeiro, minha designer, que muito me ajudou nesse momento de
finalização, com sua competência e amizade! Obrigada!
Aos professores, incluindo a banca que me acompanhou desde o princípio, e que tanto contribuiu
para que primássemos pela qualidade, nos levando a ampliação de nossos conhecimentos e
consequentemente a melhoria da nossa prática. Espero continuar me espelhando em cada um que
passou pela minha vida e deixou um pouquinho de si.
RESUMO
Melo, CMSS. Saúde do trabalhador em ambiente com exposição a material biológico: uma
produção tecnológica [dissertação de mestrado profissional em enfermagem]. Rio de Janeiro:
Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa, Universidade Federal Fluminense; 2017.
A presente pesquisa abordou a exposição do profissional de enfermagem que atua na terapia
intensiva e o seu atendimento pós-exposição ao material biológico, tendo como objeto o
atendimento que os membros da equipe de enfermagem do Centro de Terapia Intensiva (CTI)
recebem após exposição aos agentes biológicos, por incidentes ou acidentes. Objetivos: Elaborar
cartilha educativa acerca de exposição a material biológico e dos procedimentos preconizados no
atendimento no Hospital Federal cenário do estudo; Descrever os sentimentos envolvidos e as
necessidades de informação da equipe de enfermagem após exposição a material biológico no
atendimento realizado no Hospital Federal cenário do estudo; Disseminar a informação acerca dos
procedimentos envolvidos no atendimento dos membros da equipe de saúde após exposição a
material biológico e Avaliar os aspectos relativos ao conteúdo e estrutura da cartilha educativa com
os membros da equipe de enfermagem do CTI do Hospital cenário do estudo. Método: Trata-se de
um estudo de caso com abordagem qualitativa, tendo como cenário o Centro de Terapia Intensiva
de um Hospital Federal da Cidade do Rio de Janeiro. Os sujeitos foram 29 profissionais de
enfermagem que atuam na assistência direta ao paciente internado no setor de terapia intensiva. As
etapas de desenvolvimento da pesquisa foram: (1) assinatura do Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE); (2) a entrevista semiestruturada escolhida como instrumento para coleta dos
dados, onde foi identificado também o perfil sócio demográfico dos profissionais entrevistados; (3)
análise dos dados onde convergiram para 3 categorias; (4) construção da tecnologia educativa
escolhida, no caso a cartilha e (5) avaliação da tecnologia pelos profissionais da enfermagem.
Resultados e discussão: Dos trabalhadores de enfermagem que participaram, 10 profissionais da
equipe de enfermagem afirmaram já terem se acidentado com exposição a material biológico
(totalizando 34%). Os dados da entrevista foram agrupados em três categorias: 1-A exposição ao
material biológico e suas consequências; 2 – O atendimento pós-exposição ao material biológico na
ótica dos participantes; 3 – A necessidade de informação. Os resultados revelaram que os
profissionais de enfermagem em sua maioria não sabem como proceder para iniciar o atendimento
e se sentem inseguros quanto ao atendimento que é prestado no hospital cenário do estudo.
Surgindo assim, quadro de ansiedade e medo quanto à contaminação por doenças
infectocontagiosas como o HIV e hepatites B e C. Sugeriram fortemente a qualificação do
profissional que presta o atendimento ao acidentado, o fácil acesso a todos os profissionais ao
protocolo da instituição, bem como orientações a todos os trabalhadores quanto aos riscos reais e
como proceder em caso de acidente com material biológico. Conclusão: A utilização das
tecnologias educativas, como a cartilha, podem auxiliar o trabalhador da saúde, complementando a
sua práxis, bem como a realização de ações de educação permanente e/ou capacitações com os
profissionais é uma das estratégias fundamentais para adoção de ações seguras no trabalho em
saúde.
Descritores: Equipe de enfermagem; Exposição a agentes biológicos; Acidentes de trabalho;
Tecnologia educacional.
ABSTRACT
Melo, CMSS. Health of workers in environment with exposure to biological material: a
technological production [professional master's dissertation in nursing]. Rio de Janeiro: Nursing
School Aurora Afonso Costa, Fluminense Federal University, 2017.
This research approach the exposure of nursing professional of intensive care and their post-
exposure care to biological material, with the purpose of the attendance that the members of the
Intensive Care Center (ICC) nursing team receive after exposure to biological agents, due to
incidents or accidents. Objectives: Elaborate an educational booklet about exposure to biological
material and procedures recommended in the Federal Hospital study scenario; Describe the feelings
involved and the information needs of the nursing team after exposure to biological material in the
care performed at the Federal Hospital study scenario; disseminate information about the
procedures involved in the care of health team members after exposure to biological material and
evaluate the aspects related to the content and structure of the educational booklet with the
members of the ICC nursing team of the hospital scenario of the study. Method: This is a case
study with a qualitative approach, based on the Intensive Care Center of a Federal Hospital of the
City of Rio de Janeiro. The subjects were 29 nursing professionals who work in the direct
assistance to the patient hospitalized in the intensive care sector. The stages of development of the
research consisted: (1) signature of the Free and Informed Consent Form (FICF); (2) the data
collection using a semi-structured interview, where was also identified the socio-demographic
profile of the professionals interviewed; (3) the data analysis where converged to 3 categories; (4)
construction of the elected educational technology, in which case it is a booklet and (5) evaluation
of technology by nursing professionals. Results and discussion: The nursing workers who
participated, 10 professionals from the nursing team said that they had already been injured with
exposure to biological material (totaling 34%). The interview data were grouped into three
categories: 1-Exposure to biological material and its consequences; 2 – The participants' point of
view about the after exposure to biological material attendance; 3 - The need for information. The
results revealed that nursing professionals mostly do not know how to start the attendance and feel
insecure about the attendance that is provided in the hospital setting of the study. Emerging thus, a
scenario of anxiety and fear about the contamination by infectious diseases such as HIV and
hepatitis B and C. They strongly suggested the qualification of the professional who provides
attendance for the injured, easy access for all professionals to the protocol of the institution, as well
as orientation to all workers about the real risks and how to proceed in case of an accident with
biological material. Conclusion: The use of educational technologies, such as the leaflet, can help
the health worker, complementing his praxis, as well as carrying out permanent education actions
and / or training with professionals is one fundamental strategy for adopting safe actions in the
Health work.
Descriptors: Nursing, Team; Exposure to Biological Agents; Accidents, Occupational;
Educational Technology.
SUMÁRIO
LISTA DE QUADROS.......................................................................................... 11
LISTA DE SIGLAS............................................................................................... 12
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 13
1.1 Identificação do problema.................................................................................. 13
1.2 Questões norteadoras ......................................................................................... 16
1.3 Objetivos.............................................................................................................. 16
1.3.1 Geral................................................................................................................... 16
1.3.2 Específicos......................................................................................................... 17
1.4 Justificativa........................................................................................................... 17
2 BASES CONCEITUAIS....................................................................................... 20
2.1 Reflexões sobre o trabalho na área da saúde e no contexto brasileiro............ 20
2.2 Riscos ocupacionais e Acidentes de trabalho: reações do acidentado frente
ao risco real de contaminação pelo vírus HIV/ Hepatite B e C..............................
22
2.3 Segurança e Saúde do Trabalhador em Saúde: Norma Regulamentadora
nº 32, o Protocolo de exposição a materiais biológicos do Ministério da Saúde e
a Rotina de atendimento do Hospital Federal cenário do estudo.........................
25
2.3.1 Norma Regulamentadora nº 32 (NR-32)......................................................... 25
2.3.2 O Protocolo de exposição a materiais biológicos do Ministério da Saúde........ 27
2.3.3 Rotina de atendimento ao trabalhador acidentado com material biológico no
Hospital Federal cenário do estudo.............................................................................
28
2.4 Levantamento bibliográfico acerca do atendimento dos profissionais de
enfermagem em situação de exposição aos riscos biológicos..................................
30
2.5 A tecnologia educacional - cartilha: possibilidade de informação quanto
aos riscos biológicos e procedimentos pós-exposição.............................................. 32
3 METODOLOGIA.................................................................................................. 37
3.1 Tipo de estudo...................................................................................................... 37
3.2 Levantamento bibliográfico................................................................................ 38
3.3 Cenário do Estudo.............................................................................................. 39
3.4 Sujeitos.................................................................................................................. 40
3.5 Coleta de dados.................................................................................................... 41
3.6 Análise de dados.................................................................................................. 42
3.7 Aspectos éticos do estudo.................................................................................... 43
3.8 Análise de riscos e benefícios.............................................................................. 43
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................ 44
4.1 Perfil dos trabalhadores de enfermagem do CTI do Hospital Federal que
participaram do estudo..............................................................................................
44
4.2 Os momentos relacionados à exposição aos riscos biológicos do
trabalhador de enfermagem apreendidos nas entrevistas: a exposição
propriamente dita, o atendimento e a necessidade de informação........................
49
4.2.1 Categoria 1 – A exposição ao material biológico e suas consequências............ 49
4.2.2 Categoria 2 – Os sentimentos vivenciados e o atendimento pós- exposição a
material biológico na ótica dos participantes...............................................................
53
4.2.3 A necessidade de informação.............................................................................. 56
5 PRODUTO DA PESQUISA................................................................................... 59
5.1 Elaboração da tecnologia educacional- Cartilha.............................................. 59
5.2 Cartilha Educativa............................................................................................... 61
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................. 75
REFERÊNCIAS.................................................................................................... 77
APÊNDICE A – QUADRO DE ARTIGOS SELECIONADOS NA REVISÃO
INTEGRATIVA DA LITERATURA.........................................................................
86
APÊNDICE B – SOLICITAÇÃO DE AUTORIZAÇÃO PARA REALIZAR O
DESENVOLVIMENTO DO ESTUDO.....................................................................
90
APÊNDICE C – ROTEIRO DE ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA............. 91
ANEXO A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO....... 92
ANEXO B - PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA................... 95
ANEXO C - INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO DA CARTILHA PELOS
PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM DO CTI-ADULTO................................... 99
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Perfil dos sujeitos do estudo em relação ao acidente com exposição
biológica.................................................................................................................
44
Quadro 2 – Perfil sócio demográfico dos enfermeiros acidentados e não
acidentados............................................................................................................
45
Quadro 3 – Perfil sócio demográfico dos técnicos de enfermagem acidentados e
não acidentados.....................................................................................................
46
Quadro 4 – Perfil dos enfermeiros acidentados e não acidentados relacionado à
atividade profissional.............................................................................................
47
Quadro 5 – Perfil dos técnicos de enfermagem acidentados e não acidentados
relacionado à atividade profissional......................................................................
48
LISTA DE SIGLAS
BVS – BIBLIOTECA VIRTUAL EM SAÚDE
CAT – COMUNICADO DE ACIDENTE DE TRABALHO
CLT – CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS TRABALHISTAS
CIPA – COMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTE
CRIE – CENTRO DE REFERÊNCIA PARA IMUNOBIOLÓGICOS ESPECIAIS
CTI – CENTRO DE TERAPIA INTENSIVA
CTQ – CENTRO DE TRATAMENTO DE QUEIMADOS
DGH – DEPARTAMENTO DE GESTÃO HOSPITALAR
EEAAC – ESCOLA DE ENFERMAGEM AURORA DE AFONSO COSTA
EPI – EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL
HBIG – GAMAGLOBULINA HIPERIMUNE PARA HEPATITE B
HIV- VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA
HBV - VÍRUS DA HEPATITE TIPO B
HCV – VÍRUS DA HEPATITE TIPO C
HUAP – HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ANTÔNIO PEDRO
LILACS – LITERATURA LATINO-AMERICANA E DO CARIBE EM CIÊNCIAS DA
SAÚDE
MEDLINE – SISTEMA ONLINE DE BUSCA E ANÁLISE DE LITERATURA MÉDICA
MPEA – MESTRADO PROFISSIONAL ENFERMAGEM ASSISTENCIAL
MS – MINISTÉRIO DA SAÚDE
NECIGEN – NÚCLEO DE ESTUDO E PESQUISAS EM CIDADANIA E GERÊNCIA DE
ENFERMAGEM
NEP – NÚCLEO DE EPIDEMIOLOGIA
NR-32 – NORMA REGULAMENTADORA N° 32
OIT – ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO
OS – ORGANIZAÇÕES SOCIAIS
PACS - PROGRAMA DE AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE
SIDA/AIDS – SÍNDROME DA IMUNODEFICIÊNCIA ADQUIRIDA
SINAN – SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE AGRAVOS DE NOTIFICAÇÃO
SUS – SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
TLCE – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
UFF – UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
13
INTRODUÇÃO
1.1 Identificação do problema
Os centros de terapia intensiva (CTI) são considerados áreas críticas por se
destinarem à internação de pacientes graves, que requerem atenção profissional
especializada de forma contínua, materiais específicos e tecnologias necessárias ao
diagnóstico, monitorização e terapia. Sendo assim, considerado área crítica por existir
risco aumentado para desenvolvimento de infecções relacionadas à assistência à saúde, seja
pela execução de processos envolvendo artigos críticos ou material biológico, pela
realização de procedimentos invasivos ou pela presença de pacientes com susceptibilidade
aumentada aos agentes infecciosos ou portadores de microrganismos de importância
epidemiológica1.
Os centros de terapia intensiva constituem locais onde se internam pacientes
graves, que necessitam de recursos técnicos e humanos especializados para sua
recuperação; ou seja, um ambiente onde são utilizados técnicas e procedimentos
sofisticados, para tratar doenças com risco potencial à vida. Na terapia intensiva observam-
se situações complexas, onde é possível perceber o quanto os profissionais de saúde, em
especial a equipe de enfermagem está exposta a diversos riscos de contaminação,
principalmente, a presença de material biológico e a possibilidade do contato na realização
de procedimentos técnicos2.
A exposição ocupacional a material biológico se caracteriza pelo contato com
sangue e fluidos orgânicos no ambiente de trabalho. Sendo assim, a exposição ocupacional
a agentes biológicos decorre da presença desses agentes no ambiente de trabalho, podendo-
se distinguir duas categorias de exposição: Exposição derivada da atividade laboral que
implique a utilização ou manipulação do agente biológico (deliberada) e exposição que
decorre da atividade laboral sem que essa implique na manipulação direta do agente
biológico como objeto principal do trabalho (não deliberada)3.
Dessa forma existem riscos potenciais aos quais os profissionais da saúde, em
especial a equipe de enfermagem pode estar exposta, dependendo da atividade que
desenvolvem em seu local de trabalho4. As cargas de trabalho existentes, biológicas,
físicas, químicas, psíquicas, mecânicas, entre outras, geram processos de desgaste e o risco
biológico é o mais relacionado à prática profissional, uma vez que a terapia intensiva é um
14
local que propicia o constante contato com sangue ou outros fluidos orgânicos, conferindo
a esses trabalhadores a possibilidade de adquirirem doenças como as hepatites B e C e a
Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA)5.
A equipe de enfermagem é uma das principais categorias ocupacionais sujeita à
exposição por material biológico. O número elevado de exposições relaciona-se ao fato
dessa categoria de trabalhadores da saúde estar em contato direto na assistência com os
pacientes e também ao tipo e à frequência de procedimentos realizados, notadamente no
que se refere ao cuidado intensivo6.
Como enfermeira de terapia intensiva de um hospital público pude me deparar
com diversas situações de exposição aos riscos biológicos, como por exemplo, no
momento da admissão de pacientes externos, procedentes de outro hospital, com
diagnóstico interrogado, que inicialmente não têm indicação de ser internados em leito de
isolamento, mudando apenas para esse, após resultados de exames, podendo levar semanas
para que isso ocorra. O que nos faz refletir até que ponto o profissional da enfermagem
está exposto em sua rotina de trabalho no CTI, como também, os demais pacientes.
Nesta perspectiva, de fato foi internado um paciente no CTI cenário deste estudo,
onde o diagnóstico de tuberculose pulmonar foi confirmado em torno de 7 a 10 dias após
sua internação. Pouco tempo depois um funcionário da equipe de enfermagem foi
diagnosticado com a mesma doença, numa situação em que houve exposição ocupacional.
Há uma coincidência do mesmo agravo à saúde do paciente e do trabalhador, embora não
haja elementos que comprovem a relação direta do contato com o paciente como causa do
adoecimento do trabalhador.
O ambiente do CTI é insalubre, onde a falta de treinamento e de precaução dos
profissionais que trabalham nesse setor pode resultar em transmissão de doenças
infectocontagiosas e acidentes de trabalho1
. Em situações como a relatada acima, onde o
diagnóstico não foi esclarecido no momento da admissão, as medidas de precaução devem
ser observadas, como também o uso dos equipamentos de proteção individual (EPI).
Entretanto, o uso dos EPI não elimina a possibilidade de acidentes, como o que
ocorre durante a manipulação com perfuro-cortantes, quando rompem a barreira da luva.
Situação esta, vivenciada pela autora deste estudo, que atuando como enfermeira no CTI,
sofreu um acidente com material perfuro-cortante durante a administração de medicamento
por via subcutânea, que perfurou a pele mesmo utilizando capote e luvas descartáveis.
15
Cabe ressaltar que após o acidente constatou-se o desconhecimento dos membros
das equipes de enfermagem e médica do CTI em como proceder para a realização do
atendimento pós-exposição. A única orientação recebida foi no sentido de procurar o
médico plantonista de um setor denominado “Interface”, que funciona como um Pronto-
atendimento. Chegando lá, o médico da Interface também foi buscar informação por
telefone, descobrindo então que havia uma conduta padronizada, que tem como início a
solicitação de exames laboratoriais.
Dever-se-á considerar as ações individuais, de assistência e de recuperação dos
agravos, com ações coletivas, de promoção, de prevenção, de vigilância dos ambientes,
processos e atividades de trabalho, e de intervenção sobre os fatores determinantes da
saúde dos trabalhadores; e o conhecimento técnico e os saberes, experiências e
subjetividade dos trabalhadores e destes com as respectivas práticas institucionais7.
Desta forma, a capacitação dos profissionais deve ser adaptada à evolução do
conhecimento e à identificação de novos riscos biológicos, incluindo os dados disponíveis
sobre riscos potenciais para a saúde; medidas de controle que minimizem a exposição aos
agentes; normas e procedimentos de higiene; utilização de equipamentos de proteção
coletiva, individual e vestimentas de trabalho; medidas a serem adotadas pelos
trabalhadores no caso de ocorrência de incidentes e acidentes, oferecendo qualidade no
atendimento ao trabalhador acidentado8.
Neste movimento de reflexão, é possível fazer o seguinte questionamento: Os
membros da equipe de enfermagem do CTI de um Hospital Federal sabem o que deve ser
feito no caso de acidente com exposição a material biológico? Isto nos remete ao
conhecimento sobre o fluxo de atendimento que é preconizado pelo Ministério da Saúde
(MS) após exposição a material biológico, como também sobre o funcionamento do setor
no hospital que deve ser procurado em caso de acidente com material biológico. Ainda,
envolve as experiências e vivências dos trabalhadores acerca desse atendimento.
Tendo em vista a problemática levantada, o objeto deste estudo é o atendimento
que os membros da equipe de enfermagem do CTI recebem após exposição aos agentes
biológicos, por incidentes ou acidentes. Assim, pretende-se intervir na realidade estudada
através da construção de uma cartilha educativa para disseminação da informação sobre o
Protocolo do Ministério da Saúde e sua operacionalização em um Hospital Federal,
16
buscando ainda uma reflexão produtiva junto aos órgãos responsáveis por esse
atendimento.
Esta Dissertação de Mestrado está inserida na linha de pesquisa “O contexto do
cuidar em saúde” do Mestrado Profissional Enfermagem Assistencial (MPEA) da Escola
de Enfermagem Aurora de Afonso Costa (EEAAC) da Universidade Federal Fluminense
(UFF), e faz parte das pesquisas desenvolvidas pelos integrantes do Núcleo de Estudos e
Pesquisas em Cidadania e Gerência de Enfermagem (NECIGEN). Essa linha de pesquisa
aborda o processo de gestão em enfermagem, que inclui os aspectos envolvidos nos
processos de trabalho com enfoque na intervenção sobre os fatores determinantes dos
danos à saúde do trabalhador.
1.2 Questões norteadoras
Nesse sentido elaboramos algumas questões que norteiam o desenvolvimento do
estudo:
1. Como se dá o atendimento dos membros da equipe de enfermagem do CTI
de um Hospital Federal em caso de acidente com exposição a material biológico?
2. Quais são as necessidades de informação e orientação acerca do
atendimento ao trabalhador após exposição a agentes biológicos?
3. Como membros da equipe de enfermagem do CTI avaliam a cartilha
elaborada para orientar o trabalhador após exposição a agentes biológicos?
1.3 Objetivos
A partir destas questões norteadoras foram traçados os objetivos abaixo:
1.3.1Geral:
Elaborar cartilha educativa acerca de informações relevantes quanto à exposição a
material biológico e os procedimentos preconizados no atendimento no Hospital Federal
cenário do estudo.
17
1.3.2 Específicos:
1. Descrever os sentimentos envolvidos e as necessidades de informação da equipe de
enfermagem após exposição a material biológico, no atendimento realizado no
Hospital Federal cenário do estudo.
2. Disseminar a informação acerca dos procedimentos envolvidos no atendimento dos
membros da equipe de saúde após exposição a material biológico.
3. Avaliar os aspectos relativos ao conteúdo e estrutura da cartilha educativa com os
membros da equipe de enfermagem do CTI do Hospital Federal cenário do estudo.
1.4 Justificativa
Os riscos ocupacionais, no ambiente de trabalho, podem ser ou estar ocultos por
ignorância ou ainda, por falta de conhecimento e sensibilização, situação na qual o
trabalhador sequer suspeita da sua existência9. As exposições ocupacionais a materiais
biológicos potencialmente contaminados são um sério risco aos profissionais em seus
locais de trabalho. Estudos desenvolvidos nesta área mostram que os acidentes envolvendo
sangue e outros fluidos orgânicos correspondem às exposições mais frequentemente
relatadas10
.
As doenças profissionais continuam sendo as principais causas das mortes
relacionadas com o trabalho. Segundo estimativas da Organização Internacional do
Trabalho (OIT), de um total de 2,34 milhões de mortes com causas relacionadas ao
trabalho a cada ano, somente 321.000 se devem a acidentes de trabalho. Os restantes 2,02
milhões de mortes são causadas por diversos tipos de enfermidades relacionadas com o
trabalho, equivalendo a uma média diária de mais de 5.500 mortes. O que significa que, a
cada 15 segundos, um trabalhador morre de acidentes ou doenças relacionadas com o
trabalho. Levando-se em consideração o número total de acidentes de trabalho, com mortes
ou não é possível afirmar que a cada 15 segundos, 115 trabalhadores sofrem um acidente
laboral11
.
O problema dos Acidentes de Trabalho envolvendo a exposição de trabalhadores
de saúde a materiais biológicos é uma preocupação mundial. Estima-se que os
18
profissionais de saúde nos Estados Unidos sofrem 365.000 acidentes por ano - ou seja,
1.000 acidentes por dia12
.
As doenças infectocontagiosas se destacam como as principais fontes de
transmissão de microrganismos para pacientes e para profissionais. Uma importante fonte
de contaminação refere-se ao contato direto com fluidos corpóreos durante a realização de
procedimentos invasivos ou através da manipulação de artigos, roupas, lixo e até mesmo
das superfícies contaminadas, atividades estas realizadas com maior frequência pela equipe
de enfermagem6.
Ressalta-se ainda que o trabalhador de enfermagem é a maior força de trabalho
nos hospitais e estudos mostram que o quantitativo de pessoal de enfermagem nessas
instituições está aquém do necessário. Números reduzidos de pessoal predispõem perigos a
quem assume trabalhos em alta sobrecarga, com desgastes físico e mental intensos,
aumentando a possibilidade de acidentes durante a realização da assistência13
.
O risco de exposição aos patógenos veiculados pelo sangue, sobretudo, os vírus de
imunodeficiência humana (HIV), hepatite B (HBV) e hepatite C (HCV), é proporcional ao
manuseio de materiais perfuro-cortantes e de fluidos orgânicos. Os profissionais de
enfermagem formam o maior contingente de trabalhadores na área da saúde e, por
prestarem assistência direta e ininterrupta aos pacientes, diariamente estão expostos a
materiais biológicos, o que contribui para as maiores taxas de soro-conversão ao HIV14
.
A consequência da exposição ocupacional aos patógenos transmitidos pelo sangue
não está somente relacionada à infecção, mas também a fatores psicológicos. Todos os
anos milhares de trabalhadores de saúde que sofrem exposição a agentes biológicos
permanecem durante meses à espera dos resultados dos exames sorológicos, o que pode
gerar transtornos psicológicos. Dentre outras consequências, estão ainda as alterações das
práticas sexuais, os efeitos colaterais das drogas profiláticas e a perda do emprego15
.
Um acidente com material biológico traz diversas consequências, como também o
custo gerado para o atendimento do trabalhador, avaliado em 2005 variou entre R$ 800,00
a R$ 2.000,00 por acidente, uma vez que o trabalhador deve ser acompanhado através da
realização de exames sorológicos, além da possibilidade de usar medicações profiláticas
para impedir a soro-conversão do HIV (quimioprofilaxia)16
.
No Centro de Terapia Intensiva são fundamentais os recursos que propiciem
segurança aos pacientes e trabalhadores sob condições normais e de emergência, portanto
19
estudos que tenham como objetivo o conhecimento dos riscos ocupacionais, o uso dos
equipamentos de proteção individual e o manejo adequado pós-exposição a material
biológico, atendendo também as necessidades psicossociais e afetivas do trabalhador de
enfermagem são atuais e poderão contribuir, em parte, para a prevenção de acidentes
ocupacionais e na melhoria do ambiente laboral17
.
Justifica-se a escolha da temática, visto que a exposição e contaminação dos
profissionais da enfermagem no ambiente da terapia intensiva é um evento recorrente,
havendo ações que deverão ser discutidas e trabalhadas com os diversos sujeitos
envolvidos na assistência no momento do seu atendimento. Por isso, é relevante
desenvolver junto à equipe de enfermagem estratégias de intervenção para realizar
atendimento adequado conforme orientações preconizadas pelo Protocolo de Exposição a
Materiais Biológicos do Ministério da Saúde (MS) junto à equipe de enfermagem no
cenário de estudo desta pesquisa.
Portanto, a realização deste estudo irá contribuir com as publicações científicas na
área, promovendo incentivo e auxiliando na construção de práticas de intervenção para
diversas instituições de saúde, contribuindo com o atendimento do processo saúde-doença
dos trabalhadores de enfermagem e reduzindo custos para as instituições.
20
2 BASES CONCEITUAIS
2.1 Reflexões sobre o trabalho na área da saúde e no contexto brasileiro
Mundialmente existem 59,8 milhões de trabalhadores da saúde envolvidos no
cuidado ao ser humano. Desse total, 2/3 são prestadores de serviço e trabalham na
assistência propriamente dita, enquanto que o 1/3 restante é composto por gestores em
diversos níveis e trabalhadores de apoio17
.
Os trabalhadores de saúde desempenham um papel importante na sociedade, pois
assistem a comunidade em processo de adoecimento. No entanto, eles mesmos constituem
um grupo vulnerável, que manifestam insatisfações e estão expostos às doenças e
condições de trabalho adversas, caracterizando muitas vezes, a carência de medidas de
proteção à sua saúde18
.
A inexistência de vínculo com a instituição na qual os profissionais da área de
saúde desenvolvem as suas atividades; a não valorização da categoria; não recebimento de
algumas vantagens destinadas ao trabalhador do quadro permanente e insegurança pelo
tipo de contrato de trabalho, são situações que geram sentimentos de não pertencimento à
instituição contratante e de desvalorização social que contribuem para a piora nas
condições de trabalho no setor saúde19
.
As condições de trabalho caracterizam-se pelos requisitos necessários ao
desenvolvimento de determinada atividade, que incluem instalações apropriadas, materiais
específicos, pessoal com formação adequada e a própria organização desses recursos, para
que atendam a dinâmica do processo de trabalho, tanto em quantidade quanto em
qualidade, suficientes à sua realização. Assim, os trabalhadores, como força de trabalho
gastam energia física e mental na sua execução e na forma de organização do trabalho.
Todavia, é possível entender que o trabalho, como processo sócio- histórico e, portanto, em
movimento, relaciona-se às características tecnológicas do seu contexto e está inserido
numa organização social20
.
Na sociedade contemporânea a força de trabalho encontra-se distribuída de acordo
com as características contratuais do emprego. Os trabalhadores sem contrato de trabalho
de acordo com a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), por exemplo, estão sujeitos a
longas jornadas, menos acesso à informação sobre a exposição aos riscos ambientais e
amparo durante o afastamento por adoecimento18
.
21
A flexibilização do vínculo caracterizada, sobretudo, pelas terceirizações e
cooperativas, decorrente das mudanças sofridas no mundo do trabalho e do processo de
globalização, presentes também na esfera da administração pública brasileira, e em
particular no setor saúde, traz consequências para o vínculo subjetivo do sujeito com as
organizações de trabalho, pois o trabalho está ligado à constituição da identidade e da
subjetividade21
.
Historicamente, os trabalhadores da área da saúde não eram considerados como
categoria profissional de alto risco para acidentes do trabalho. A preocupação com os
riscos biológicos surgiu, somente, a partir da epidemia da HIV/AIDS nos anos 80, onde
foram estabelecidas normas para as questões de segurança no ambiente do trabalho6.
Por outro lado, nos anos de 1980, o Brasil passava por diversas mudanças nas
relações de trabalho, ocorrendo em paralelo a Reforma Sanitária Brasileira, que nasceu dos
movimentos sociais na sociedade civil, culminando em um conjunto de fatos sociais como
a 8ª Conferência Nacional de Saúde, que criou um dos maiores sistemas públicos de saúde
já existentes, o Sistema Único de Saúde (SUS) 21.
Somente com a Constituição Federal de 1988, a saúde foi reconhecida como direito
social, sendo direito dos trabalhadores a redução de riscos inerentes ao trabalho, cabendo
ao Estado assegurá-lo22
.
Em 1990 foi elaborada a lei nº 8.080/90 que serviu para operacionalizar as
proposições constitucionais referentes à saúde e reforçar o SUS. A lei orgânica tem como
objetivo a normatização das condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde
23.
Na década de 90 do século XX, observou-se uma redução de recursos federais para
a saúde, e mesmo com a criação do Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS),
ocorreu à extinção de cargos e órgãos, ocasionando um grande número demissões de
pessoal21
. A criação de estratégias específicas pelo SUS, como a Estratégia Saúde da
Família caminhava na contramão do plano de demissões, contribuindo para flexibilização
dos contratos de trabalho22
.
A reforma do Estado no setor saúde criou alternativas jurídico-institucionais, como
a criação de fundações de apoio, adoção de sistemas de cooperativas de profissionais de
saúde para prestar serviço em unidades públicas e criação de organizações sociais,
conhecidas como OS, que são entidades jurídicas sem fins lucrativos que executam
22
atividades de interesse público, sem a competência exclusiva do Estado. Contribuindo
desta forma com a rotatividade dos profissionais de saúde em instituições públicas, em
parte pela vulnerabilidade do vínculo de trabalho23
.
No que tange ao trabalho em serviços de saúde, entende-se que a ideia de
humanização do cuidado, que perpassa, também, pela melhoria das condições de trabalho
de quem cuida deve ser tomada como base referencial, onde o trabalhador é o sujeito na
luta contra a nocividade do trabalho conferindo autonomia e emponderamento do
trabalhador sobre os processos de trabalho, como questões de saúde, segurança e
organização de trabalho24
.
Desta forma, surgem transformações nas práticas de saúde, como a mudança de
paradigma sobre o cuidado que introduz novos conceitos e técnicas em relação aos
processos de trabalho, da mesma forma que ocorre a expansão das tecnologias que inovam
os procedimentos na rotina dos estabelecimentos de saúde, aumentando a complexidade
das tarefas diárias18
.
Portanto, se faz necessário melhorar a qualidade das condições de saúde no trabalho
priorizando a identificação de problemas em cada situação, com participação ativa dos
sujeitos e replanejá-los sempre que se fizer necessário24
.
2.2 Riscos ocupacionais e Acidentes de trabalho: reações do acidentado frente ao risco
real de contaminação pelo vírus HIV/ Hepatite B e C
Os trabalhadores da saúde estão sujeitos a vários riscos ocupacionais, adoecem,
acidentam-se e, na maioria das vezes, não relacionam esses problemas à
sua atividade de trabalho, e estão cada vez mais submetidos a uma grande diversidade
de riscos, porém esses profissionais preocupam-se muito com o trabalho a ser realizado
e os cuidados com os clientes e não têm a mesma clareza com os riscos ocupacionais
a que estão expostos22
.
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) reconhece que praticamente todos
os profissionais padecem de estresse, porém a área da enfermagem é considerada como
uma das mais estressantes. Os enfermeiros encontram-se expostos a fatores de risco de
natureza física, química e biológica, o que justifica a inclusão da profissão de enfermagem
no grupo das profissões mais desgastantes25
.
23
Entre diversas situações de risco ao qual o profissional de enfermagem está exposto
encontra-se temperatura ambiental desconfortável, dermatites de contato devido ao uso
frequente de sabão, álcool e luvas, acidentes com perfuro-cortantes e contato direto com
fluidos corpóreos dos pacientes18
. O ambiente de trabalho hospitalar também é considerado
insalubre, por agrupar diversos pacientes portadores de doenças infectocontagiosas, e
viabilizar muitos procedimentos que oferecem riscos de acidentes e doenças para a equipe
de saúde25
.
Acidente de trabalho ocorre quando no exercício do trabalho, a serviço da empresa
ou instituição, de forma direta ou indireta haja lesão corporal, doença ou perturbação
funcional, no trabalhador, que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou
temporária, da capacidade para o trabalho26
.
Risco é definido como qualquer possibilidade de que uma circunstância existente
num dado processo ou ambiente de trabalho possa causar danos à saúde, seja por meio de
acidentes, doenças ou do sofrimento dos trabalhadores, ou ainda por poluição ambiental27
.
Na prevenção de acidentes são necessários esforços concentrados inicialmente na
eliminação dos perigos e/ou eliminação dos riscos, não permitindo interação direta entre
pessoas e perigos e, posteriormente, orientações e fornecimento de equipamentos de
proteção individual. Possibilitando obter melhores resultados na prevenção de acidentes do
trabalho e de doenças ocupacionais através da combinação dessas medidas6.
A equipe de enfermagem é uma das principais categorias ocupacionais sujeita à
exposição por material biológico. A grande maioria das exposições percutâneas está
associada à punção venosa periférica (30 a 35% dos casos), há também a ocorrência de
exposições envolvendo, por exemplo, procedimentos com escalpes, flebotomia, lancetas
para punção digital e coleta de hemocultura28
.
A transmissão ocupacional do HIV de pacientes a trabalhadores da saúde ocorre
com maior frequência por via percutânea ou através de mucosas, por contato com sangue
ou fluidos corpóreos. Segundo estudos prospectivos com trabalhadores da saúde, estima-se
que o risco médio para transmissão do HIV, após exposição percutânea a sangue HIV
positivo é aproximadamente de 0,3% e após exposição de mucosas, de 0,09%. No caso de
exposição percutânea à hepatite B o risco de contaminação pode chegar a 40%, já em
relação ao vírus da hepatite C os valores variam entre 1 a 10%28
.
24
As cargas de trabalho são classificadas como biológicas, físicas, química,
mecânicas, fisiológicas e psíquicas, estando o trabalhador de enfermagem expostos durante
sua jornada de trabalho, mesmo não possuindo consciência dos riscos inerentes a essa
exposição26.
No Brasil, os trabalhadores de enfermagem submetem-se aos riscos ocupacionais,
sofrem acidentes de trabalho e adoecem, não atribuindo esses problemas às condições
insalubres e aos riscos oriundos do trabalho30
.
É predominantemente no ambiente hospitalar que a enfermagem realiza a sua
atividade quase de forma ininterrupta, em turnos alternados, cansando-se física,
mentalmente e psicologicamente realizando horas extras, tendo alterações em seu ritmo
biológico, vivenciando situações de angústia em decorrência de suas atividades,
submetendo-se a riscos variados. Nestes locais está sujeita a trabalhar em condições
penosas e desagradáveis, para atender aos rodízios de escalas de turnos noturnos e diurnos,
incluindo-se os finais de semana e feriados31
.
Os trabalhadores de enfermagem adoecem, acidentam-se e morrem em decorrência
de seu trabalho. Atualmente questiona-se sobre a vida tão curta destes profissionais, que
vêm tentando lutar por melhores condições de higiene, saúde e segurança em seus
ambientes laborais32
.
A exposição dos trabalhadores de saúde ao risco ocupacional biológico é uma
realidade que vem sendo muito discutida. Apesar da frequente ocorrência, existe grande
subnotificação desses acidentes entre os trabalhadores de saúde. Onde alguns fatores como
o desconforto que os trabalhadores sofrem com a ameaça de contaminação eminente, bem
como a ansiedade, medo da morte e depressão contribuem para essa subnotificação33
.
Os fatos evidenciam que tanto o empregado quanto o empregador, costumam
desvalorizar os acidentes ocupacionais por não terem a real consciência dos riscos
envolvidos nos acidentes com materiais biológicos que podem, ao longo do tempo, serem
causadores de doença e até de morte do trabalhador34
.
A ansiedade como a mais universal das emoções humanas, que é experimentada por
todas as pessoas em algum momento durante sua vida, notadamente, quando a pessoa está
submetida a uma situação de adaptação e/ou estressora. O medo da morte é outro fator
importante que acomete a equipe de enfermagem quando um dos membros é realmente
ameaçado num acidente de trabalho com material perfuro-cortante35
.
25
Desta forma compreendemos que ansiedade e medo são respostas emocionais dos
indivíduos sob ameaça ou riscos desconhecidos e conhecidos. Assim a avaliação
psicossocial desse profissional que sofre um acidente com material biológico, pode revelar
vários medos que diferem de pessoa para pessoa.
Os sentimentos expressos pelos trabalhadores no momento da exposição biológica
variam desde a complexidade à amplitude que esta exposição pode gerar. Os sentimentos
relatados não se restringem apenas ao trabalhador; envolvem também familiares,
superiores e outras pessoas, que fazem parte do convívio social desse trabalhador33
.
Com os trabalhadores observam-se sentimentos fortes e profundos, que têm a
capacidade de alterar seu convívio social, sua integridade moral e a dinâmica familiar, com
a possível chance de adoecer pelo vírus HIV, HVB e HCV30. O risco de contrair a SIDA,
após um acidente de trabalho traz à tona preocupações que estão muito mais associadas ao
estigma da doença que ao medo da morte36
.
2.3 Segurança e Saúde do Trabalhador em Saúde: Norma Regulamentadora nº 32, o
Protocolo de exposição a materiais biológicos do Ministério da Saúde e a Rotina
de atendimento do Hospital cenário do estudo
2.3.1 Norma Regulamentadora nº 32 (NR-32)
A NR-32 estabelece diretrizes básicas para implementação de medidas de
proteção à segurança e à saúde dos trabalhadores, assim como daqueles que exercem
atividades de promoção e assistência à saúde em geral8. Buscou-se no texto a seguir
destacar aspectos importantes dessa norma que se referem ao objeto deste estudo.
A carência de padrões normativos de biossegurança para os trabalhadores do setor
saúde no Brasil, somada à enorme ocorrência de acidentes e à subnotificação dos mesmos,
foram os principais motivos que levaram o Ministério do Trabalho e Emprego a publicar a
Norma Regulamentadora nº 32 (NR-32) em 2005. Norma esta que trata da segurança e
saúde no trabalho em serviços de saúde, englobando desde os riscos biológicos até a
manutenção de máquinas e equipamentos, estabelecendo também a responsabilidades
cabíveis as prestadoras de serviço, incluindo terceirizadas37
.
26
Segundo a NR-32, o Empregador tem a responsabilidade de capacitar os
trabalhadores quanto aos riscos, às medidas de prevenção e àquelas a serem adotadas em
casos de acidentes ou incidentes; e o empregado tem o direito de ser capacitado. Sendo
importante ressaltar que, toda capacitação deve ser fornecida de forma inicial e continuada.
O registro da capacitação deve ser documentado e estar à disposição da fiscalização e das
auditorias de risco37
.
Em caso de ocorrência de acidente, com ou sem afastamento do trabalhador,
sempre deve ser realizada a emissão do CAT (Comunicado de Acidente de Trabalho),
consequentemente a mesma é obrigatória; inclusive quando se tratar de exposição a
agentes biológicos37
, na qual o dano pode ocorrer ou não, mas o risco de agravo à saúde
está presente.
O empregador deve informar aos trabalhadores e aos seus representantes qualquer
acidente ou incidente grave que possa provocar a disseminação de um agente biológico
suscetível de causar doenças graves nos seres humanos, as suas causas e as medidas
adotadas ou a serem seguidas para corrigir a situação8.
O Empregador deve garantir a conservação e a higienização dos materiais, dos
instrumentos e local de trabalho. Provendo condições adequadas para a guarda e transporte
adequado de materiais infectantes, fluidos e tecidos orgânicos. Além da disponibilização
dos EPI, descartáveis ou não, devendo estar em número suficiente nos postos de trabalho8.
A NR-32 orienta que todo local onde exista possibilidade de exposição a agente
biológico deve ter lavatório exclusivo para higiene das mãos provido de água corrente,
sabonete líquido, toalha descartável e lixeira provida de sistema de abertura sem contato
manual8.
Em todo local onde exista a possibilidade de exposição a agentes biológicos,
devem ser fornecidas aos trabalhadores instruções por escrito, em linguagem acessível, das
rotinas realizadas no local de trabalho e medidas de prevenção de acidentes e de doenças
relacionadas ao trabalho8.
A todo trabalhador deve ser fornecido, gratuitamente, programa de imunização
ativa contra tétano, difteria, hepatite B e agentes biológicos aos quais os trabalhadores
poderão estar expostos, sempre que houver vacina eficaz contra eles37
.
Os trabalhadores que manuseiam objetos e equipamentos perfuro-cortantes são
responsáveis pelo seu descarte. A norma proíbe o reencape e desconexão manual de
27
agulhas. Os recipientes para descarte devem ter limite máximo de enchimento localizado a
5 cm abaixo do bocal. Devendo eles serem rígidos, resistentes à punctura, ruptura ou
vazamento, possuir tampa e estarem devidamente identificados8.
2.3.2 O Protocolo de exposição a materiais biológicos do Ministério da Saúde
O Protocolo de exposição a materiais biológicos do Ministério da Saúde propõe
aos serviços de saúde que irão prestar atendimento ao trabalhador após exposição a
material biológico, avaliar a capacidade de atendimento em unidades básicas de saúde;
estabelecer medidas de avaliação e orientação ao acidentado; oferecer orientações de
atendimento imediato na profilaxia para vírus da hepatite B e quimioprofilaxia para o vírus
da imunodeficiência humana; manter o seguimento dos acidentados com risco de soro-
conversão por, no mínimo, seis meses; privilegiar o acolhimento do paciente durante o
atendimento e a responsabilidade de orientação junto à comunidade e ao ambiente de
trabalho; manter o Sistema de Notificação e Registro permanentemente atualizado no
Ministério da Saúde com vistas a permitir ações de vigilância em saúde do trabalhador10
.
O atendimento deve ocorrer imediatamente após o acidente e, inicialmente,
basear-se em uma adequada anamnese do acidente, caracterização do paciente fonte,
análise do risco, notificação do acidente e orientação de manejo e medidas de cuidado com
o local exposto10
.
As orientações quanto à conduta vão desde cuidados com a área exposta, como a
lavagem do local exposto com água e sabão nos casos de exposição percutânea ou cutânea.
Enquanto que nas exposições de mucosas, deve-se lavar exaustivamente com água ou
solução salina fisiológica. Ressaltando a importância de não realizar procedimentos que
aumentem a área exposta, tais como cortes e injeções locais. O Protocolo também orienta
realizar a avaliação do acidente, devendo estabelecer o material biológico envolvido
(sangue e fluidos orgânicos), o tipo de acidente (perfuro-cortantes, contato com mucosa e
contato com pele), o conhecimento da fonte (conhecida, desconhecida)10
.
As exposições de maior gravidade envolvem:
Maior volume de sangue: lesões profundas provocadas por material cortante;
presença de sangue visível no instrumento; acidentes com agulhas previamente
28
utilizadas em veia ou artéria de paciente-fonte; acidentes com agulhas de grosso
calibre; agulhas com lúmen10
;
Maior inoculação viral: paciente-fonte com HIV/AIDS em estágio avançado;
infecção aguda pelo HIV; situações com viremia elevada; − deve-se observar, no
entanto, que há a possibilidade de transmissão, mesmo quando a carga viral for
baixa e quando houver a presença de pequeno volume de sangue10
.
Ressalta-se a importância das orientações e aconselhamentos realizados ao
acidentado, como em relação ao risco do acidente, possível uso de quimioprofilaxia,
consentimento para realização de exames sorológicos, comprometimento do acidentado
com seu acompanhamento durante seis meses, prevenção da transmissão secundária,
suporte emocional devido ao estresse pós-acidente, orientando o acidentado a relatar de
imediato os seguintes sintomas: linfoadenopatia, rash, dor de garganta, sintomas de gripe
(sugestivos de soro-conversão aguda), reforçando a prática de biossegurança e precauções
básicas em serviço10
.
A instituição de saúde deve divulgar e treinar seus profissionais quanto aos
procedimentos de prevenção à exposição a material biológico. Realizando um programa de
prevenção, incluindo medidas preventivas e gerenciais, treinamentos e educação, controle
médico, registro e vigilância10
.
2.3.3 Rotina de atendimento ao trabalhador acidentado com material biológico do
Hospital Federal cenário do estudo
Segundo a Rotina de Atendimento na Exposição a Material Biológico do Hospital
Federal cenário do estudo emitida em agosto de 2011 e revisada em outubro de 2013 que
tem como referência o Manual de Condutas em Exposição Ocupacional a Material
Biológico- Ministério da Saúde (2010) é exigido à notificação obrigatória em caso de
acidente com material biológico.
O profissional acidentado deverá dirigir-se ao Plantão Interno, localizado no 8°
andar, setor denominado Interface, que possui 01 médico plantonista, local este que realiza
o atendimento de pacientes já internados anteriormente, e que apresentem agravamento de
sua condição, semelhante a uma emergência, com plantão diurno e noturno, ou seja, sem
interrupção nas 24h. Este mesmo setor é responsável pelo atendimento inicial desses
29
profissionais. Onde será realizado a avaliação do acidente, solicitação dos exames
sorológicos e orientações, bem como avaliação da necessidade de profilaxia pós exposição
para hepatites B e C, e HIV.
Cabe ao laboratório, localizado no 2º andar, providenciar a coleta, processar
prontamente os exames solicitados pelo médico do Plantão Interno, como teste rápido para
HIV e sorologias para hepatites B e C, e informar ao médico o resultado.
A Farmácia, localizada no térreo, possui a função de dispensar os medicamentos
para início da profilaxia pós-exposição, após a avaliação médica dos resultados sorológicos
e entrega do Receituário Especial emitido pelo Plantão Interno, devendo funcionar 24h.
Caso haja necessidade de utilização da gamaglobulina hiperimune para Hepatite B (HBIG),
o médico do Plantão Interno deverá encaminhar o profissional ao Centro de Referência
para Imunobiológicos Especiais (CRIE). Tendo como CRIE de referência o Hospital
Municipal Rocha Maia, localizado no bairro de Botafogo.
O Núcleo de Saúde do Trabalhador, localizado no 6° andar, é responsável por
realizar o levantamento diário junto ao Plantão Interno para saber da ocorrência de
acidentes com material biológico e buscar Ficha de Atendimento em Exposição a Material
Biológico, encaminhar essa ficha ao Núcleo de Epidemiologia (NEP) para o
preenchimento da Ficha de Notificação do SINAN (Sistema de Informação de Agravos de
Notificação), realizar a notificação do acidente, buscar os resultados de exames e
encaminhar o profissional acidentado para o acompanhamento. Este setor é também
responsável pela avaliação do perfil vacinal dos profissionais, acompanhando o
profissional acidentado junto com um infectologista, orientando sobre restrições às
atividades laborais, se necessário.
Cabe ao profissional obrigatoriamente ir ao Núcleo de Saúde do Trabalhador
(NST), para fazer o registro do acidente em Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT),
preencher a Ficha de notificação do SINAN após a ocorrência do acidente, seguindo o
fluxograma do atendimento em Acidente com Material Biológico.
Este documento informa que o conhecimento e a obediência desta rotina são de
responsabilidade de todos os funcionários, expostos a acidentes com risco biológico e de
todos aqueles envolvidos no seu tratamento.
Caberá à Educação Continuada* (denominação do setor de Educação Permanente
nessa instituição), localizado no 10º andar, responsável pela educação permanente da
30
equipe de enfermagem e supervisão da residência em enfermagem. Sendo responsável
também por divulgar a rotina aos profissionais de enfermagem, capacitando-os como agir
no caso de acidente com material biológico. Promovendo capacitação periódica para a
enfermagem quanto à prevenção dos riscos de acidentes com materiais biológicos.
2.4 Levantamento bibliográfico acerca do atendimento dos profissionais de
enfermagem em situação de exposição aos riscos biológicos
Em análise às produções científicas identificadas na busca nas bases de dados
acerca do atendimento dos profissionais de enfermagem em situação de exposição aos
riscos biológicos por incidentes e acidentes, foi possível perceber pontos relevantes sobre o
aperfeiçoamento da estrutura organizacional e quanto à necessidade de informação.
Com relação ao aperfeiçoamento da estrutura organizacional foi evidenciada a
necessidade de reformulação do protocolo de atendimento do acidentado e participação
efetiva da enfermagem no processo. Sobre tal, sabemos o quanto é importante à
participação do trabalhador, mas não é essa percepção que o mesmo tem. Já que pesquisas
afirmam que as organizações que são orientadas para processos de trabalho verticalizados
apresentam, notadamente, estruturas rígidas, centralização do poder e forte especialização
no trabalho. Formalizam as relações e muitas vezes dificultam a comunicação; havendo
forte controle dos procedimentos e dos trabalhadores, que sofrem pressão de suas chefias
no desenvolvimento de tarefas, onde não participam dos processos decisórios e sentem que
seus problemas pessoais não importam para a organização38
.
Foi observado em um dos estudos selecionados que não há disponibilização de
luvas em tamanhos variados e os acidentes geralmente envolvem agulha de insulina no
momento em que se realizava o teste da glicemia capilar. Também se faz necessário
realizar monitoramento do status vacinal como medida preventiva, através das seguintes
ações: busca ativa nos cartões de vacinas dos funcionários, realização de campanhas
vacinais e promoção da educação em serviço39
.
O ambiente de atuação do pessoal de enfermagem é, muitas vezes, nocivo à saúde,
por suas condições desfavoráveis ao bem-estar e à satisfação pessoal. A precarização do
trabalho, que ocorre pelo excesso de trabalho seja físico e/ ou mental, pelo acúmulo de
horas trabalhadas ou mesmo pela má remuneração ocupacional no sistema de saúde, tem
31
sido identificado como fator determinante dos acidentes e doenças ocupacionais40
.
Ainda relacionado ao fator estrutura organizacional, identificamos em alguns
estudos que muitos trabalhadores acidentados referiram à inexistência de serviço
especializado de orientações à saúde do trabalhador e informaram nunca ter recebido
orientações sobre biossegurança14
. Dados estes que contradizem pesquisas que afirmam ser
imprescindível a oferta de condições de trabalho seguras e reforçar as informações aos
profissionais sobre a importância da adoção de medidas preventivas ocupacionais. Mas,
essas afirmativas, vão na contramão do que a NR-32 legisla, quando determina que o
trabalhador ao sofrer um acidente que o exponha a agentes biológicos, deve comunicar
imediatamente o responsável da unidade, o serviço de segurança no trabalho e a Comissão
Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA)38
.
O não preenchimento da CAT descaracteriza a possibilidade de associação entre a
exposição a material biológico e a ocorrência do acidente, bem como do desenvolvimento
da doença ocupacional41
.
No entanto, os serviços que se apresentaram organizados, viabilizaram de forma
mais qualificada as consultas e o acompanhamento dos profissionais, o que provocou nos
trabalhadores um sentimento de satisfação em relação ao ambiente laboral42
.
Faz-se necessário o desenvolvimento de uma escuta pedagógica no ambiente de
trabalho em saúde que tem, portanto, o potencial de apreender e avigorar movimentos de
interação e de construção coletiva. Além de ações voltadas à melhoria das condições e
organização do trabalho para prevenir os acidentes com material biológico, também é
indispensável para reduzir os riscos envolvidos na dinâmica do trabalho em saúde a
reestruturação organizacional, que inclui materiais, estrutura e recursos humanos no que se
refere a ter pessoal para o atendimento e treinamento para qualificar os processos
comportamentais que envolvem esse tipo de atendimento 38,42
.
Com relação à necessidade de informação foi evidenciada a necessidade de
educação continuada sobre imunização completa, medidas de biossegurança, a importância
da notificação, a aderência ao seguimento clínico e a valorização do enfermeiro como
educador em sua formação, na adoção de medidas preventivas de biossegurança no ato de
cuidar do cliente 43,44
.
Resultados esses que corroboram com as pesquisas que afirmam que as principais
causas de acidentes ocupacionais se relacionam a não observação de normas, imperícia,
32
condições laborais inadequadas, instruções incorretas ou insuficientes, falhas de supervisão
e orientação, falta ou inadequação no uso de EPI 45
.
Dados mostraram a realidade de alguns profissionais que ao se acidentarem não
conheciam o fluxograma de atendimento pós-exposição. Fluxo esse, que deveria ser
divulgado em todos os serviços. Toda instituição de saúde deve ter um protocolo que
oriente as ações acerca do acidente com material biológico46
.
Quanto à situação vacinal contra a hepatite B entre os trabalhadores de
enfermagem acidentados com material biológico, apesar da gratuidade das doses
preconizadas e oferecidas pelo Ministério da Saúde aos profissionais da saúde, esses ainda,
não se encontram totalmente imunes para o vírus da hepatite B. Portanto, se faz necessário
constantes campanhas de vacinação contra a hepatite B e a orientação em serviço, uma vez
que a transmissão ocorre mesmo com quantidades mínimas de sangue ou fluidos de
indivíduos portadores crônicos, quando em contato com a superfície ocular ou outras
mucosas expostas 47,48
.
Destaca-se também que o conhecimento técnico-científico é facilitador para o
atendimento qualificado. Já a falta do mesmo quanto às condutas e procedimentos a serem
realizados, potencializa a sensação de desamparo diante da situação 42
.
A educação permanente deve utilizar abordagem educativa capaz de
problematizar as situações de exposição ocupacional vivenciadas no cotidiano, discutindo
as causas da sua ocorrência, contribuindo para a conscientização do risco, viabilizando um
ambiente laboral mais seguro46
.
Dessa forma a educação permanente em saúde constitui importante força para
mudar práticas desatualizadas, tendo uma de suas propostas, a modernização de realidades
nas ações e serviços, favorecendo espaços para a discussão de assuntos que despertem o
pensar crítico para o que necessita ser problematizado 38,48
.
2.5 A tecnologia educacional - cartilha: possibilidade de informação quanto aos riscos
biológicos e procedimentos pós-exposição
A disseminação do uso de tecnologia educacional nos processos de aprendizagem
vem sendo estimulada graças às diversas vantagens, que incluem oferecer aos indivíduos
uma fácil compreensão do tema estudado, respeitando o ritmo de cada um e permitindo a
33
repetição quantas vezes forem necessárias, facilitando a busca imediata ou rápida. Embora
essas vantagens sejam reconhecidas, as tecnologias educacionais precisam ser avaliadas
para garantir a qualidade do material49
.
Quando disponibilizadas aos usuários, as tecnologias educacionais fornecem
informações qualificadas que podem ser apresentadas por meio de ferramentas de apoio à
decisão do cliente. Essas ferramentas auxiliam o diálogo com os profissionais de saúde,
explicitam opções, facilitando a comunicação e o processo de tomada de decisão, podendo
ser apresentada de diversas formas, como panfletos, cartilhas, multimídia ou até mesmo
sites de internet50
.
Consideramos que o desenvolvimento de materiais educacionais pode contribuir
para um ensino mais participativo oferecendo conteúdos que poderão ser utilizados de
acordo com suas necessidades e ritmos de aprendizagem. Esse avanço tecnológico também
pode apoiar o cotidiano do enfermeiro, disponibilizando informações e potencializando a
aquisição de conhecimentos, na educação permanente deste profissional51
.
No caso da capacitação dos profissionais de enfermagem relacionada à exposição
aos riscos biológicos, o conteúdo deve ser adaptado à evolução do conhecimento e à
identificação de novos riscos biológicos, incluindo os dados disponíveis sobre riscos
potenciais para a saúde; medidas de controle que minimizem a exposição aos agentes;
normas e procedimentos de higiene; utilização de equipamentos de proteção coletiva,
individual e vestimentas de trabalho; medidas a serem adotadas pelos trabalhadores no
caso de ocorrência de incidentes e acidentes, oferecendo qualidade no atendimento ao
trabalhador acidentado através das tecnologias educacionais52
.
Ao se abordar a necessidade de ferramentas tecnológicas no ensino da enfermagem,
destaca-se que é imprescindível desmistificar a ideia de tecnologia apenas vinculada ao uso
de equipamentos de última geração, uma vez que o saber profissional e o processo
relacional constituem mecanismos inerentes ao processo de trabalho em saúde53
.
As cartilhas educativas podem ser entendidas como um recurso dedicado a informar
a população sobre direitos, deveres, doenças, acidentes, dentre outros. Tais temáticas
devem ser abordadas por meio da divulgação de conceitos e mensagens, bem como de
perguntas e respostas, podendo mesclar narrativas em quadrinhos e textos didáticos e/ou
informativos53
.
34
A enfermagem tem se implicado na produção e busca de tecnologias para auxiliar
no seu cotidiano profissional, permeando suas atividades assistenciais, administrativas e
educacionais, pois se acredita que os materiais de ensino dinamizam as atividades de
Educação em Saúde51
.
Entretanto, é possível refletir que os trabalhadores de enfermagem necessitam de
conhecimentos prévios dos fatores associados à exposição do profissional dentro do
ambiente hospitalar para estabelecer estratégias para realizar e dar continuidade ao
processo de cuidar sem ser acometido por doenças infecciosas, como também por outros
agravos durante a continuidade no atendimento.
Diante do exposto, reconhece-se a importância de estudos que valorizem o
emponderamento do profissional de enfermagem através da busca de conhecimentos para
prevenção ou atendimento adequado do profissional em exposição ao material biológico,
facilitado pelo uso de tecnologias educacionais, como a cartilha educativa, ou que mais se
adequem a realidade e cotidiano do profissional de enfermagem.
A utilização da cartilha como ferramenta para sensibilização do profissional e
facilitador do processo de ensino e aprendizagem têm benefícios como auxiliar na
construção do conhecimento, favorecendo a mudança de atitudes e comportamentos,
permitindo consultas rápidas e permanentes a respeito de um determinado tema54
.
A educação é um processo permanente que precisa ser garantido também para os
profissionais. Visão essa preconizada pelo Ministério da Saúde que associa humanização à
valorização dos usuários, profissionais e gestores e é operacionalizada, entre outras ações,
na troca e construção de saberes, estimulando processos de educação permanente54
.
Contudo, chama-se a atenção para a pequena produção científica sobre o uso de
cartilhas voltadas para a orientação do trabalhador, como pode ser identificada na
afirmativa a seguir:
“Na saúde, o uso de cartilhas tendo em vista a educação do usuário é prática
comum. A literatura mostra que o uso destes instrumentos na formação de cuidadores,
como no caso dos bebês pré-termos, na orientação para o autocuidado dos pacientes com
diabetes e câncer, apresenta bons resultados. Porém, cartilhas voltadas para a educação do
profissional de saúde não são tão comuns, fato que deve ser incrementado no processo de
educação permanente em saúde, de modo a complementar as necessidades e preencher
lacunas em uma perspectiva construtivista-dialética”54
.
35
A criação de novos saberes favorece a capacidade de produzir e readaptar novos
recursos tecnológicos. Desta forma, as atividades desenvolvidas por meio de tecnologias
educacionais, como a cartilha, podem satisfazer uma educação em saúde baseada em ações
que identificam as reais necessidades dos clientes55
.
A discussão sobre a utilização na abordagem profissional-paciente emergiu da
necessidade de se avaliar se o uso da cartilha tem melhor aproveitamento. Assim, como
exemplo pode-se citar um estudo no qual os autores analisaram a construção e validação de
cartilha educativa sobre alimentação saudável na gravidez e foi observada a ausência desse
tipo de material de ensino direcionado às gestantes. Após a validação com profissionais da
saúde (juízes) e gestantes, concluiu-se que a cartilha é relevante e se apresenta como novo
material de ensino nas atividades de educação em saúde, com o objetivo de motivar a
gestante à alimentação saudável, estimulando o uso de alimentos regionais 56
.
Outro estudo evidenciou que após a experiência com pacientes em um Centro de
Tratamento de Queimados (CTQ), foi identificada a real necessidade de se orientar o
paciente sobre procedimentos e cuidados, muita das vezes desconhecidos, contribuindo
para aumentar a tranquilidade e colaboração do mesmo. A pesquisa abordou o
levantamento de um diagnóstico situacional, para identificar as lacunas e dúvidas sobre a
rotina de cuidados realizados 57
. Após a construção da cartilha e sua validação pode-se inferir que a educação em
saúde na prática de enfermagem não se limita somente à comunicação de conteúdos e
realizações de intervenções, mas também no desenvolvimento e avaliação de recursos
educativos produzidos para uso de seus clientes, o que reafirma a Enfermagem como
ciência58
.
A cartilha educativa tem uma contribuição valiosa no desenvolvimento de
habilidades, favorecendo a autonomia do indivíduo59
. A validação da cartilha como
tecnologia educacional identificou a incorporação de novas informações que proporcionam
aprendizado a partir das múltiplas potencialidades, capacidades e interesses dos
educandos55
. Os resultados obtidos mostram que é importante adotar tecnologias que
incorporem novos métodos de ensino. A cartilha, por exemplo, é capaz de ofertar uma
gama de informações relevantes para a educação em saúde55
.
A cartilha educativa surge como um recurso pedagógico capaz de possibilitar a
integração dialógica entre enfermeiro-paciente e família possibilitando a construção de um
36
conhecimento multidimensional facilmente disponível e de baixo custo, capaz de
empoderar pacientes e famílias58
.
A educação permanente deve utilizar estratégias como as tecnologias educacionais,
por exemplo; a cartilha educativa para a construção do conhecimento e sua atualização no
ambiente ocupacional. O uso da cartilha no processo de ensinar e aprender, ou em
educação no trabalho, tem as vantagens de: poder conter textos mais extensos, permitindo
melhor apontamento do conteúdo; possuir elevada seletividade; permitindo a incorporação
de uma variedade de tamanhos e formatos; e auxiliando na incorporação da mensagem55
.
A exposição ocupacional é vivenciada no cotidiano do trabalho, porém existe um
grande número de subnotificação desses acidentes e no protocolo de monitoramento
biológico, constatando que muitas vezes os trabalhadores não aderem ao monitoramento.
Considerando a alta frequência e a gravidade da exposição ocupacional com fluidos
biológicos e a necessidade de disseminar conhecimentos sobre as práticas preventivas, a
cartilha educativa pode ser bem aplicada com o objetivo de fornecer subsídios para as
condições de trabalho seguras, no que diz respeito à exposição dos trabalhadores,
emponderando assim os profissionais de saúde expostos.
37
3 METODOLOGIA
3.1 Tipo de estudo
Trata-se de um estudo de caso com abordagem qualitativa, onde se tenta
compreender um problema das perspectivas dos sujeitos que o vivenciam59
.
O estudo de caso é uma investigação sobre um único evento ou situação, em
que se busca um aprofundamento dos dados, sem preocupação sobre a frequência da sua
ocorrência60
.
O estudo de caso pode ser tratado como importante estratégia metodológica
para a pesquisa em ciências humanas, pois permite ao investigador um aprofundamento
em relação ao fenômeno estudado, revelando nuances difíceis de serem enxergadas “a
olho nu”. Além disso, o estudo de caso favorece uma visão holística sobre os
acontecimentos da vida real, destacando-se seu caráter de investigação empírica de
fenômenos contemporâneos61
.
Um Estudo de Caso exige do investigador, o emprego de alguns
procedimentos metodológicos, como protocolo do estudo; preparação prévia para o
trabalho de campo; estabelecimento de base de dados61
.
Segundo seus objetivos este estudo é classificado como descritivo, no qual a
pesquisa descritiva tem como finalidade primordial a descrição das características de
determinada população ou fenômeno ou, então o estabelecimento de relações entre
variáveis60
.
Quanto ao delineamento, optou-se pelo estudo de campo, que é aquele
utilizado com o objetivo de conseguir informações e/ou conhecimentos acerca de um
problema, para o qual se procura uma resposta, ou de uma hipótese, que se queira
comprovar, ou, ainda, descobrir novos fenômenos ou as relações entre eles62
. É um
estudo desenvolvido geralmente em cenários naturais, onde se procura examinar
profundamente as práticas, comportamentos, crenças e atitudes das pessoas ou grupos,
na realidade da prática.
Sendo assim, torna-se viável através da clientela pesquisada, buscarmos
respostas compatíveis com as questões norteadoras, alcançando assim os objetivos
propostos.
38
3.2 Levantamento bibliográfico
A busca bibliográfica para este estudo teve por objetivo identificar a produção
científica sobre o trabalhador de enfermagem em situação de exposição aos riscos
biológicos por incidentes ou acidentes, tendo como questão de pesquisa: De que forma
ocorre o atendimento do trabalhador de enfermagem acidentado?
Para tal, elaborou-se uma revisão integrativa da literatura, este tipo de revisão
possibilita a construção do conhecimento em enfermagem fundamentado e uniforme, e
permite a busca, a avaliação crítica e síntese das evidências disponíveis do tema
investigado.
Os descritores utilizados foram: acidentes ocupacionais; exposição a agentes
biológicos; equipe de enfermagem e acolhimento. Ocorrendo a busca cruzada entre dois
descritores por vez, utilizando o operador boleano AND, sendo mantido constante o
descritor “acidentes ocupacionais”. Realizou-se a seleção dos artigos na Biblioteca
Virtual em Saúde (BVS/BIREME) nas bases de dados MEDLINE, LILACS e PORTAL
CAPES nos meses de novembro de 2014 a janeiro de 2015.
Adotou-se como critérios de inclusão: artigos publicados nos últimos cinco
anos (2010 a 2014), publicados nos idiomas português, espanhol e inglês, indexados nas
bases supracitadas. Os critérios de exclusão definidos foram artigos incompletos,
repetidos e que não abordassem a temática equipe de saúde.
Através destas pesquisas nas bases de dados, foram encontrados 1.196 artigos
com os descritores acidentes ocupacionais e exposição a agentes biológicos, 159 artigos
com os descritores acidentes ocupacionais e equipe de enfermagem e 0 (nenhum) artigo
com os descritores acidentes ocupacionais e acolhimento. Mesmo realizando o
cruzamento do descritor acolhimento com os demais descritores, o resultado foi o
mesmo; nenhum artigo encontrado. A partir dos critérios de inclusão e exclusão
mencionados e da leitura dos textos encontrados, foram selecionados 10 artigos + 3
artigos do PORTAL CAPES, conforme o fluxograma abaixo. Segue em anexo o quadro
com os artigos selecionados (Apêndice A).
39
Figura 1. Fluxograma de pesquisa. Rio de Janeiro-RJ, Brasil, 2015.
A síntese desta revisão encontra-se nas bases conceituais deste estudo, na seção
2.4, denominada “Levantamento bibliográfico acerca do atendimento dos profissionais
de enfermagem em situação de exposição aos riscos biológicos”.
3.3 Cenário do estudo
O Hospital onde está inserido o cenário deste estudo é um edifício projetado
pelo arquiteto Oscar Niemeyer, construído em 1952 e inaugurado em 1958. O hospital
possui 10 pavimentos, e foi construído para a Sul América e o Banco Lar Brasileiro.
Passou a ser conhecido como Hospital dos Bancários.
O Hospital está subordinado a Coordenação Geral de Gestão Hospitalar do
Estado do Rio de Janeiro (DGH), do Departamento de Atenção Especializada, da
Secretaria de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde. É um hospital da rede pública do
Estado do Rio de Janeiro caracterizado como uma Unidade terciária e quaternária
(serviços de média e alta complexidade), voltada para as áreas cirúrgicas, com
especialidades em Cabeça e Pescoço, Cirurgia Geral, Cirurgia Pediátrica, Cirurgia
40
Plástica e Reparadora, Cirurgia Torácica, Cirurgia Vascular, Coloproctologia,
Ginecologia, Neurocirurgia, Oftalmologia, Ortopedia e Traumatologia,
Otorrinolaringologia, Urologia. Além do serviço de Clínica Médica com foco em
Oncologia, Quimioterapia ambulatorial e Hemodiálise.
Conta com 167 Leitos Convencionais; 22 leitos de CTI – Tipo II, sendo 12
leitos de UTI adulto e 10 leitos de CTI pediátrica; 6 leitos de Unidade Coronariana; 18
leitos de Hospital Dia; e 11 Salas de Cirurgia. É habilitado em quatro Serviços de Alta
Complexidade. Ao todo, por ano, são mais de 20.000 atendimentos ambulatoriais e mais
de 500 procedimentos cirúrgicos. A clientela é composta por demanda referenciada.
O cenário deste estudo foi o Centro de Terapia Intensiva, localizado no 7º
andar do Hospital. Setor este que possui 12 leitos, sendo um deles leito de isolamento
respiratório. Neste setor há uma enfermeira-coordenadora, uma enfermeira diarista, seis
equipes divididas em 03 plantões diurnos e 03 plantões noturnos com carga horária de
30h semanais. Cada equipe é composta por 02 enfermeiros plantonistas e 06 técnicos de
enfermagem. Possui também um técnico de enfermagem responsável pelos materiais,
mas que eventualmente atua na assistência direta, dois médicos por plantão. Este local
foi escolhido por ser um campo de atuação da equipe de enfermagem em assistência
intensiva a pacientes em condições críticas de saúde, ampliando as possibilidades de
exposição a material biológico e ser um hospital de referência no Estado do Rio de
Janeiro, que recebe clientes referenciados de diversos setores do Hospital e de outras
unidades de saúde da cidade. O setor possui um perfil de pacientes heterogêneo, que
inclui desde pacientes de pós-operatório imediato à pacientes com agravamento de
doenças de base, oncológicos e principalmente pacientes com doenças respiratórias.
3.4 Sujeitos
Os 29 participantes deste estudo foram todos os trabalhadores de enfermagem
lotados no centro de terapia intensiva do Hospital Federal cenário desse estudo, tendo
em vista que já sofreram algum tipo de acidente com material biológico durante sua
atuação profissional e que estão sujeitos à ocorrência desse tipo de acidente em sua
rotina de trabalho. Para inclusão na amostra considerou-se o quadro de pessoal que
realiza assistência direta aos pacientes. Foram excluídos os trabalhadores que estavam
de licença-médica, licença-maternidade e férias no período da coleta de dados. Foi
garantido o anonimato dos sujeitos e os mesmos foram identificados no estudo como
41
Depoente 1, Depoente 2 e assim sucessivamente, de acordo com a ordem de realização
das entrevistas.
3.5 Coleta de dados
A coleta de dados foi realizada pela pesquisadora nos seis plantões (03 diurnos
e 03 noturnos) de enfermagem existentes no setor. Após explicação sobre a pesquisa e a
aceitação em participar da mesma, foi solicitada a assinatura do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo A) e aqueles que atenderam aos critérios de
inclusão da pesquisa, responderam às perguntas formuladas no roteiro de uma entrevista
semiestruturada (Apêndice C). A entrevista foi realizada individualmente com os
sujeitos nas dependências do Hospital, utilizando um gravador. Sendo iniciada somente
após a autorização da instituição para realizar o desenvolvimento do estudo no Hospital
(Apêndice B).
O procedimento de coleta de dados neste estudo foi à entrevista
semiestruturada, que é a técnica na qual o investigador está junto ao informante e realiza
questionamentos relativos ao seu problema, tendo um roteiro previamente formulado,
que auxilia o investigador a manter-se no tema em estudo 60
.
É um método flexível de obtenção de informações qualitativas sobre um
fenômeno em estudo. Este método requer um bom planejamento prévio e habilidade do
entrevistador para seguir um roteiro de questões, com possibilidades de introduzir
variações que se fizerem necessárias durante sua aplicação. Em geral, a aplicação de
uma entrevista requer tempo maior do que os questionários63
.
É fundamental que o investigador reflita sobre as habilidades para a realização
de estudos de caso, como experiência prévia, sagacidade para fazer boas perguntas,
capacidade de não se deixar levar por seus preconceitos e ideologias, flexibilidade para
se adequar às situações adversas61
.
O instrumento de coleta de dados contemplou o perfil sócio demográfico dos
participantes e um roteiro de perguntas abertas, sendo utilizado um gravador para o
registro da entrevista, que logo após foram transcritas na íntegra para posterior análise.
As entrevistas foram realizadas pela pesquisadora no período de dezembro de 2015 a
março de 2016. Entrevistou-se 29 profissionais de enfermagem. Anterior ao início da
coleta foi realizado um teste-piloto na Unidade Coronariana, que possui o mesmo perfil
de pacientes do CTI, realizado em um único plantão, sendo este do turno diurno,
42
composto por uma enfermeira e quatro técnicos de enfermagem. Após a realização
dessas 05 entrevistas, foram feitas algumas adequações ao instrumento, como redução
do número de questões.
Após as entrevistas e análise das mesmas, ocorreu uma nova etapa de coleta de
dados, denominada de avaliação da tecnologia educacional, ou seja, da cartilha, onde foi
apresentada uma primeira versão para a equipe de enfermagem do CTI junto a um
questionário utilizado como instrumento de avaliação da tecnologia (Anexo C). Este
questionário foi adaptado do modelo apresentado no livro Tecnologias educacionais em
foco de Teixeira e Mota71
, que apresenta questões estruturadas e foi utilizado para que
as respostas fossem direcionadas exclusivamente para a cartilha. Assim, os profissionais
avaliaram itens como Objetivos, Organização, Estilo da escrita e Aparência. Marcando
as opções A- Totalmente adequado; B- Adequado; C- Parcialmente Adequado; D –
Inadequado, as quais não foram atribuídos valores, mas as respostas identificaram os
pontos fortes e fracos da cartilha.
3.6 Análise de dados
A análise dos dados é o momento em que se deve estabelecer articulações entre
o conteúdo encontrado como resultado da pesquisa e o referencial teórico do estudo, no
sentido de atingir os objetivos com base nas questões norteadoras64
.
Após a coleta dos dados iniciou-se a análise dos mesmos que utilizou a
seguinte estratégia:
Preparação e descrição do material bruto, ou seja, consiste na transcrição das
entrevistas na íntegra.
Redução dos dados, na qual os dados são agrupados de acordo com os pontos de
convergência.
Processo de codificação, que consiste na atribuição de categorias a partes dos
discursos bem circunscritas e das observações descritas, que apresentam uma
grande unidade conceitual64
.
Na estruturação para análise dos dados ocorre uma etapa denominada
Fundamentação Teórica, na qual os dados já coletados e analisados são fundamentados
teoricamente com o auxílio de referenciais teóricos, com o objetivo de ratificar e
entender os resultados encontrados62
.
43
Os conteúdos das entrevistas foram agrupados em três categorias temáticas que
emergiram a partir da leitura do material recolhido nas entrevistas, relacionando-o ao
conhecimento e atendimento prestado aos trabalhadores de enfermagem em situação de
risco ao material biológico. As categorias ficaram assim discriminadas: Categoria 1 – A
exposição ao material biológico e suas consequências; Categoria 2 – O atendimento
pós- exposição ao material biológico na ótica dos participantes; Categoria 3 – A
necessidade de informação.
3.7 Aspectos éticos do estudo
A coleta de dados foi iniciada após a aprovação do Comitê de Ética em
Pesquisa da Faculdade de Medicina do Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP),
da Universidade Federal Fluminense (UFF), a fim de cumprir o que preceitua a
resolução Nº 466, de 12 de dezembro de 2012. O projeto possui CAAE n°
45483715.3.0000.5243 e foi aprovado com o parecer nº 1.252.941 (Anexo B).
Ressalta-se que o nome da instituição não será citado no corpo do trabalho
deste estudo, uma vez que a autorização fornecida à pesquisa está circunscrita à coleta
de dados, como os profissionais de saúde que aceitaram participar do estudo.
3.8 Análise de riscos e benefícios
O único risco do procedimento de pesquisa que a entrevista semiestruturada
poderá apresentar consiste no fato de trazer à tona a questão dos riscos biológicos e
possivelmente, alguém que já sofreu esse tipo de acidente reviver essa situação de medo
e incerteza que experimentou naquela ocasião, favorecendo um desconforto com essa
recordação. Entretanto, os benefícios que o estudo trará com esses depoimentos
superam esse risco. Quanto aos benefícios, espera-se que o estudo consiga desvelar o
que realmente é possível fazer para orientar os profissionais quanto à necessidade de se
protegerem como também, de informação sobre o protocolo após exposição e melhor
acolhimento dos acidentados.
44
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Perfil dos trabalhadores de enfermagem do CTI do Hospital Federal que
participaram do estudo
O estudo contou com a participação de 29 trabalhadores de enfermagem, entre
eles, 08 enfermeiros e 21 técnicos de enfermagem. Dos quais 10 profissionais da equipe
de enfermagem afirmaram já terem se acidentado com exposição a material biológico
(totalizando 34%). Os dados da literatura variam quanto a esse valor, sendo descrita
prevalências acima de 14% 65
. O Quadro 1 demonstra essa situação no que se refere aos
sujeitos do estudo.
Quadro 1- Perfil dos sujeitos do estudo em relação ao acidente com exposição
biológica
PROFISSIONAIS DE
ENFERMAGEM ACIDENTADOS
NÃO
ACIDENTADOS
TOTAL
DE
SUJEITOS
ENFERMEIRO 02 06 08
TÉCNICO 08 13 21
TOTAL 10 19 29
De acordo com o quadro 1, considerando o número de profissionais
acidentados (n=10), verificou-se que o número de técnicos de enfermagem (n= 8 - 80%)
é maior do que o número de enfermeiros (n=02 – 20%). Justificando-se esse resultado
devido ao maior número de técnicos que trabalham por plantão comparado ao número
de enfermeiros. Que corrobora com estudos que afirmam que os profissionais que
compõem a equipe de enfermagem, além de representar o maior contingente, são
reconhecidos como a maior força de trabalho presente nas instituições de saúde, estando
em contato direto com o paciente, administrando medicamentos, realizando curativos,
entre outros procedimentos invasivos que os mantêm em constante risco de acidente,
envolvendo material biológico 48,41,66
. Dentro da equipe de enfermagem, inúmeros
estudos comprovam que os técnicos e auxiliares se acidentam em quantitativo maior
que os enfermeiros, fato que se explica pela elevada quantidade de técnicos e auxiliares
de enfermagem, que ao permanecerem mais tempo na assistência direta aos pacientes,
45
executam um maior número de procedimentos vinculados a sua intensa atividade junto
a pacientes críticos 67,41
.
A seguir, apresenta-se nos Quadros 2 e 3 o perfil sócio demográfico dos
sujeitos do estudo.
Quadro 2 – Perfil sócio demográfico dos enfermeiros acidentados e não
acidentados
CARACTERÍSTICAS ENFERMEIRO
ACIDENTADO NÃO ACIDENTADO
SEXO
Feminino 02 05
Masculino 0 01
Total 02 06
IDADE
(faixa etária)
26-35 01 03
36-45 01 02
46-55 0 0
56-65 0 01
Total 02 06
ESCOLARIDADE
(maior nível)
3º grau Completo 0 01
Pós-graduação 02 05
Total 02 06
ESTADO CIVIL
Solteiro 0 02
Casado 01 04
Divorciado 01 0
Total 02 06
46
Quadro 3 – Perfil sócio demográfico dos técnicos de enfermagem acidentados e não
acidentados
CARACTERÍSTICAS TÉCNICOS DE ENFERMAGEM
ACIDENTADO NÃO ACIDENTADO
SEXO
Feminino 07 10
Masculino 01 03
Total 08 13
IDADE
(faixa etária)
26-35 03 04
36-45 03 07
46-55 0 01
56-65 02 01
Total 08 13
ESCOLARIDADE
(maior nível)
2° grau Completo 03 09
3ºgrau Incompleto 0 01
3º grau Completo 05 03
Pós-graduação 0 0
Total 08 13
ESTADO CIVIL
Solteiro 0 01
Casado 06 12
Divorciado 02 0
Total 08 13
Ao refletir sobre os acidentes de trabalho deve-se considerar a inexistência de
treinamentos e capacitações destes profissionais, a indisponibilidade de subsídios e a
cultura local da instituição. Portanto, ao conceber que o acidente pode acometer as mais
diversas categorias funcionais, faz-se necessário adotar meios preventivos específicos e
eficazes a todas as categorias, mas que identifiquem as peculiaridades de cada prática
profissional41
.
A partir dos resultados apresentados é possível constatar que a ocorrência dos
acidentes de trabalho com material biológico foi predominante no sexo feminino (n=9 –
90%), incluídos enfermeiros e técnicos de enfermagem. Tais resultados são esperados,
pois, segundo dados do Conselho Federal de Enfermagem, a profissão no Brasil é
constituída por 88,26% de mulheres, reafirmado por pesquisas de Nishide, Benatti,
Alexandre (2004)6; Nishide, Benatti (2004)
28, que identificaram 88% dos trabalhadores
entrevistados sendo do sexo feminino e discordando dos achados de Oliveira, Paiva
(2013)42
, onde se verificou a predominância de profissionais do sexo masculino
(63,2%).
47
Foi observado que as faixas etárias identificadas entre os profissionais
acidentados se encontram predominantemente entre 26-35 anos (n=4 – 40%) e 36-45
anos (n=4 – 40%). Coincidindo com estudos de Nishide e Benatti, onde a faixa etária
predominante foi entre 30 e 40 anos e a pesquisa de Oliveira e Paiva, que observou que
a idade dominante era igual ou inferior a 37 anos 28,42
. Os achados ficaram bem
próximos desses estudos.
Quanto à escolaridade, observou-se que metade dos profissionais acidentados
possui 3º grau completo (n=5 – 50%). Destacando assim, que mesmo estando lotados na
função de técnicos de enfermagem, possuíam em sua maioria diploma universitário e as
duas enfermeiras que se expuseram a material biológico possuíam curso de Pós-
graduação. Dado esse que entra em desacordo com a realidade identificada em outros
estudos, onde a escolaridade identificada entre os profissionais que se expõem ao
material biológico é apenas de 2º grau completo14
. Assim, é possível afirmar que
embora o grupo estudado possua escolaridade em nível elevado, esta característica não
influenciou no conhecimento e aplicação a respeito de medidas de biossegurança.
Também foi evidenciado neste estudo as características que compõem o perfil
dos sujeitos relacionadas à atividade profissional, pois as mesmas podem interferir na
ocorrência de acidentes com exposição biológica como o tempo de experiência
profissional, o número de empregos dos membros da equipe de enfermagem e os turnos
de trabalho nos quais exercem sua atividade laboral. Desta forma, os Quadros 4 e 5
contêm esses dados e estão apresentados a seguir:
Quadro 4 – Perfil dos enfermeiros acidentados e não acidentados relacionado à
atividade profissional
CARACTERÍSTICAS ENFERMEIRO
ACIDENTADO NÃO ACIDENTADO
EXPERIÊNCIA
(anos)
01-10 01 03
11-20 01 02
21-30 0 0
≥ 31 0 01
Total 02 06
Nº DE
EMPREGOS
01 01 02
02 01 03
03 0 01
Total 02 06
TURNO
Diurno 01 02
Noturno 0 01
Diurno/Noturno 01 03
Total 02 06
48
Quadro 5 – Perfil dos técnicos de enfermagem acidentados e não acidentados
relacionado à atividade profissional
CARACTERÍSTICAS TÉCNICO DE ENFERMAGEM
ACIDENTADO NÃO ACIDENTADO
EXPERIÊNCIA
(anos)
01-10 03 05
11-20 03 03
21-30 01 04
≥ 31 01 01
Total 08 13
Nº DE
EMPREGOS
01 03 06
02 04 05
03 01 02
Total 08 13
TURNO
Diurno 01 04
Noturno 03 03
Diurno/Noturno 04 06
Total 08 13
Com relação ao tempo de experiência profissional, foi observada entre a
população estudada uma grande variação de tempo, enquanto que entre os profissionais
acidentados foi identificada uma leve predominância nas faixas entre 01-10 anos (n=4 –
40%) e 11-20 anos (n=4 – 40%). Tendo destaque a presença de um profissional que
possui experiência na faixa ≥ 31 anos. Não há um consenso na literatura em relação ao
papel da experiência profissional na ocorrência de acidentes com material biológico.
Além do mais, profissionais mais experientes podem ser mais resistentes às mudanças
em seu comportamento. Investigação conduzida em um hospital do interior paulista
identificou que, para cada ano trabalhado, a chance de se acidentar aumentou quatro
vezes14
.
Foi possível verificar um percentual elevado (n=6 – 60%) entre os profissionais
acidentados que possuem mais de um emprego. Justificando-se a duplicidade de
emprego, que se faz necessária à sobrevivência nos dias atuais, em virtude da redução
do poder aquisitivo da população (notadamente aos baixos salários oferecidos ao
profissional de enfermagem ao longo dos anos). Assim, a necessidade de mais um
emprego exige do profissional de enfermagem a permanência da maioria dos seus anos
produtivos em ambiente insalubre, o que aumenta o tempo de exposição aos riscos
ocupacionais 40
.
Outros estudos afirmam que o fato de a maioria dos sujeitos trabalhar mais de
44 horas semanais e possuir mais de um emprego, caracterizando uma sobrecarga e
49
acúmulo de jornadas de trabalho, essas características foram incluídas como fatores de
risco para a ocorrência de acidentes com material biológico, como por exemplo, em
serviços de urgência e emergência fixos34
.
Quanto ao turno de trabalho entre os profissionais acidentados, observou-se a
predominância no turno noturno (n=3 – 30%) e/ou em ambos os turnos (n=5 – 50%),
pois como vimos anteriormente, muitos trabalham em mais de um emprego. O que
podemos inferir que esse pode ser um fator que contribuiu para a ocorrência de
acidentes ocupacionais, já que cansaço físico e mental e a necessidade de maior
agilidade na realização das atividades de rotina em um setor de terapia intensiva
também foram identificados em outros estudos40
. Corroborando também, com um
estudo realizado no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto
da Universidade de São Paulo, que revelou que, para cada hora acrescida na jornada de
trabalho, a chance de sofrer acidente percutâneo aumenta 1,03 vezes14
.
4.2 Os momentos relacionados à exposição aos riscos biológicos do trabalhador de
enfermagem apreendidos nas entrevistas: a exposição propriamente dita, o
atendimento e a necessidade de informação
Os conteúdos das entrevistas foram agrupados em três categorias temáticas
divididas em: Categoria 1 – A exposição a material biológico e suas consequências;
Categoria 2 – Os sentimentos vivenciados e o atendimento pós- exposição a material
biológico na ótica dos participantes; Categoria 3 – A necessidade de informação.
4.2.1 Categoria 1 – A exposição a material biológico e suas consequências
As pessoas que trabalham em hospitais estão potencialmente expostas a uma
diversidade de doenças infectocontagiosas, principalmente aquelas em contato direto
com os pacientes ou com artigos contaminados com material orgânico. A exposição
ocupacional ao sangue e a outros espécimes potencialmente infectantes inclui além dos
acidentes perfuro-cortantes, o contato com os olhos, a boca, outras membranas mucosas
e com a pele lesada37
.
A exposição ao material biológico na prática de enfermagem no CTI ocorre em
diversas situações, que vai desde o preparo de medicação intravenosa até o momento de
sua administração, manipulação de instrumentos perfuro-cortantes e contato direto com
50
fluidos corporais. Em se tratando de terapia intensiva outros aspectos estão envolvidos
também na ocorrência dos acidentes, como situações de estresse e reações do paciente.
As entrevistas evidenciaram algumas situações em que os acidentes ocorreram, como os
relatos a seguir:
[...] Durante a administração de medicamento no paciente, eu sabia que ele
era HIV positivo, tinha hepatite e tudo que tem direito. Achei que não teria problema
[...], mas a colega me disse que sim e que devia buscar ajuda. Depoente 02 (Técnica,
57 anos, SN, dois empregos)
[...] Foi de madrugada, tava eu e a enfermeira fazendo o óbito do paciente [...]
A gente foi cortando com lâmina e bisturi e no momento que fui cortar, eu mesma me
cortei com a lâmina. A verdade é que a pessoa que tava comigo tava bem estressada,
acho que ela chegou a me deixar nervosa e aconteceu o que aconteceu. Depoente 08
(Técnica, 36 anos, SN, três empregos)
[...] Bom, eu tava manipulando o paciente e a sonda se soltou, e o resíduo veio
dentro da minha órbita ocular. Depoente 13 (Técnica, 32 anos, SD, dois empregos)
[...] Eu me furei com agulha de insulina do paciente. Eu estava distraído na
hora da coleta. Depoente 17 (Técnico, 34 anos, SD, dois empregos)
[...] Sim, me acidentei com perfuro-cortante após a coleta de sangue para
aferir o hgt. Atribuo o acidente a falta de lanceta adequada para o exame. Depoente 21
(técnica, 37 anos, SN, um emprego)
A maioria dos acidentes relatados pelos participantes do estudo ocorreu com
instrumentos perfuro- cortantes. Esse resultado corrobora com diversos estudos que
constataram que os acidentes com material biológico ocorrem predominantemente entre
trabalhadores de enfermagem e envolvem contato com sangue e lesões percutâneas
ocasionadas por agulhas ou lâminas, expondo os profissionais, sobretudo, ao risco de
infecção ocupacional pelo vírus da hepatite B e HIV 15,38, 44,48
.
Poucos identificaram os respingos de secreções como acidente. Informação essa
reforçada por estudo, que encontrou uma grande variedade de acidentes ocorridos com
51
profissionais da saúde, mas a maior frequência ainda prevalece entre aqueles que
envolvem materiais perfuro-cortantes68
. Sendo importante ressaltar que o EPI não foi
citado por nenhum dos participantes da pesquisa, o que poderia dificultar a ocorrência
dos acidentes ocupacionais. Fato esse, identificado em outra pesquisa que afirma que a
maioria dos trabalhadores atribuiu a falta de atenção, o despreparo técnico e a não
utilização de EPI como as principais causas de acidentes com perfuro-cortantes. A falta
de atenção pode estar relacionada à sobrecarga de trabalho que deixa o profissional mais
estressado, exigindo maior rapidez na execução de tarefas70
.
Ao menos um profissional citou a falta de material adequado, como possível
causa para o acidente. Em outra pesquisa confirma-se a alta incidência de acidentes
ocorridos com perfurações, o que reforça a necessidade urgente de vigilância e
treinamentos contínuos quanto aos cuidados na manipulação desses objetos, além de
disponibilização de instrumentos com travas de segurança, por exemplo. Os acidentes
provenientes de respingos foram mencionados em uma proporção bem menor48
.
Nesse mesmo estudo foi observado que alguns profissionais manifestaram
certa preocupação, ou melhor, incerteza quanto a possíveis consequências futuras talvez
por não terem procedido adequadamente em relação ao processo de notificação e
acompanhamento pós-acidente, semelhante ao identificado nas entrevistas48
.
Também foi apreendido que alguns depoentes relatam os motivos que levaram
ao acidente, em sua maioria destacam ter sido por descuido ou falta de atenção.
Corroborando com outros estudos que afirmam ainda ocorrer acidentes em decorrência
de fatores/causas que poderiam ser evitados se fossem adotadas medidas básicas de
proteção contra os acidentes envolvendo materiais biológicos 68, 48,6
.
Nas entrevistas pode-se notar que alguns sabem que em caso de acidente algo
deve ser feito, mas não sabem o que fazer para acionar o atendimento, ou seja, como
iniciá-lo. De acordo com a NR-32, capacitar de forma inicial e continuada os
trabalhadores quanto aos riscos, às medidas de prevenção e àquelas a serem adotadas
em casos de acidentes ou incidentes é responsabilidade do empregador52
. As falas
citadas a seguir vão de encontro com o que determina a norma de proteção à saúde dos
trabalhadores de saúde:
As pessoas não tão assim preparadas [...], é muito confuso, fica um corre-
corre, um diz uma coisa o outro fala outra. Depoente 04 (Técnica, 45 anos, SD/SN, dois
empregos)
52
Não sabia o que fazer, nem eu nem ela [...] Depoente 08 (Técnica, 36 anos,
SD/SN, três empregos)
Não sabia como proceder e quem me atendeu foi o médico da infecto do meu
setor. Depoente 13 (Técnica, 32 anos, SD/SN, dois empregos)
Onde existe a possibilidade de exposição a agentes biológicos no local de
trabalho, devem ser fornecidas aos trabalhadores instruções em linguagem acessível e
por escrito acerca das rotinas realizadas, como também as medidas de prevenção de
acidentes e doenças relacionadas ao trabalho8.
Alguns mencionaram determinadas ações incluídas no protocolo de exposição
a materiais biológicos do Ministério da Saúde como o exame de sangue do acidentado e
do paciente, outros priorizam a notificação e há aqueles que fazem referência à
medicação. A maioria atribuiu ao evento; acidente, a qualidade de situação séria, grave
e preocupante, onde alguns se sentiram contaminados e com elevado risco de contrair
alguma doença, principalmente a SIDA, como demonstram os trechos das entrevistas a
seguir:
[...] Sei que tem que colher sorologias do paciente e do funcionário e tomar
medicamento [...]. Depoente 03 (Técnico, 49 anos, SD, dois empregos)
[...] Eu sabia mais ou menos o que fazer. Me encaminhei pro setor que faz o
atendimento Interface, mas chegando lá o médico não sabia o que fazer. Depoente 15
(Enfermeira, 39 anos, SD, um emprego)
[...] Me senti apavorada! Na minha cabeça eu já tava com AIDS, foi terrível.
Fiz o exame meu e do paciente. E disseram que tinha que tomar a medicação dentro de
03 horas. Depoente 04 (Técnica, 45 anos, SD, dois empregos)
[...] Notificar, fazer exame e tomar remédio se for necessário. Depoente 20
(Técnica, 68 anos, SN, um emprego)
53
Os depoimentos também demonstraram que há quem não soubesse da
gravidade da situação ou desconhecem totalmente o que fazer caso se acidentasse. Esse
desconhecimento tão explícito remete a reflexão para questões relacionadas à
desqualificação do risco, que pode ser um mecanismo de defesa utilizado pelos
profissionais de saúde para se sentirem menos vulneráveis. O que pode ser observado
nas falas a seguir:
[...] Nunca me acidentei e não sei o que fazer [...] Depoentes 06 (Técnico, 43
anos, SD/SN, três empregos).
[...] Meu acidente aconteceu por volta das 13 horas da tarde e às 19h, fim do
plantão eu ainda não tinha resultado [...] entreguei nas mãos de Deus (risos) Depoente
17 (Técnico, 34 anos, SD, dois empregos)
[...] Comigo não, mas o que vi foi só com secreção, mas não fez nada não. Só
lavou e ficou por isso. Não sei se teria que ir na Interface, mas não sei qual é o
protocolo correto não. E nem sei onde é o núcleo de saúde do trabalhador. Depoente
28 (Técnica, 33 anos, SD, um emprego)
Neste movimento de reflexão sobre os acidentes, vem à tona a vulnerabilidade
dos profissionais da saúde, que é determinada por um conjunto de condições,
individuais e institucionais, dentre as quais o comportamento é apenas um deles, onde
muitas das vezes, as condições coletivas e os recursos para o seu enfrentamento
produzem maior suscetibilidade aos agravos e pode levar o trabalhador da saúde a um
acidente de trabalho por exposição aos riscos ocupacionais 9.
Muitos profissionais esquecem ou ignoram as doenças transmissíveis e
incuráveis, cuja prevalência tem aumentado em todos os estabelecimentos de saúde,
alertando para a necessidade de habilitar os trabalhadores da saúde para atuarem
preventivamente em seu cuidado18
.
4.2.2 Categoria 2 – Os sentimentos vivenciados e o atendimento pós- exposição a
material biológico na ótica dos participantes
54
Podemos salientar que está evidente para os participantes, a falta de preparo de
quem realiza esse atendimento ao trabalhador em situação de exposição a material
biológico, tanto na Interface, setor responsável pelo primeiro atendimento quanto no
Núcleo de Saúde do Trabalhador responsável pelo seguimento desse atendimento. Pois
os médicos ficam buscando a informação no fluxograma e formulários que deveriam ser
parte de sua rotina de trabalho, o que gerou sentimentos de ansiedade, medo e
insegurança, reforçados pelo atendimento prestado.
Foi identificado também que o laboratório responsável pela realização dos
exames solicitados durante o atendimento, não apresenta como uma ação prioritária a
realização dos exames e a devolução dos resultados. Por outro lado, a Farmácia
dificultou em algumas situações a dispensação da medicação quando se fez necessário,
desconhecendo sua responsabilidade descrita na Rotina de Atendimento em Caso de
Exposição a Material Biológico do Hospital Federal. Estas informações estão presentes
nas diversas falas descritas e algumas foram destacadas a seguir para exemplificar:
[...] Fiquei ansiosa, nervosa, preocupada. Porque é uma situação séria!
Procurei o núcleo de saúde do trabalhador, mas a funcionária do setor informou não
haver problema, pois era um ejetor lateral. [...] um dia depois em meu outro emprego,
afirmaram que devia sim fazer exame e começar o protocolo de HIV por 30 dias [...]
Depoente 02 (Técnica, 57 anos, SD/SN, dois empregos)
[...] Parece que o atendimento não é bom, porque eles nunca sabem o que fazer.
Depoentes 03 (Técnico, 49 anos, SD, dois empregos), 19 (Técnica, 44 anos, SN, um
emprego), 24 (Enfermeira, SD/SN, dois empregos)
[...] Foi um atendimento assim confuso, porque eu já tava assim com medo, já
tava com muito medo e ninguém teve uma ação correta, cada um fala uma coisa [...]
Depoente 04 (Técnica, 45 anos, SD/SN, dois empregos)
[...] O sentimento é de descaso. Acabei pegando informação com um colega
médico que estava de plantão dentro do hospital pra ter alguma informação segura. O
atendimento foi precário [...] Depoente 15 (Enfermeira, 39 anos, SD, um emprego)
[...] Confesso que fiquei ansioso e preocupado com os resultados. O pessoal do
laboratório também não tem muito conhecimento disso. Até o médico que me atendeu
55
não sabia o que pedir, estava um pouco por fora com relação a isso [...] No meu outro
plantão quando fui saber o resultado, o meu nome não estava no sistema nem o do
paciente, não tinha nada de resultado. Depoente 17 (Técnico, 34 anos, SD, dois
empregos)
[...] Senti medo, insegurança por não ter certeza de que o protocolo estivesse
sendo aplicado corretamente. Não senti segurança no médico. Achei o atendimento
péssimo, ele mal olhou na minha cara! É péssimo a falta de conhecimento dos
profissionais [...] Depoente 26 (Técnica, 35 anos, SN, um emprego)
Assim, observou-se que os sentimentos dos trabalhadores no momento da
exposição biológica relatam a complexidade e a amplitude que esta exposição pode
gerar, onde frequentemente, experimentam sensações de frustração, minimização ou
negação do risco envolvido e/ou sensação de já ter adquirido uma doença, mesmo que
isso não se concretize. Por outro lado, há diferentes achados que enfatizam o receio de
ser menosprezado ou excluído pelos colegas de trabalho e sentimento de perda após o
acidente68, 33
.
Com relação ao atendimento os participantes afirmaram em sua maioria,
descontentamento com o serviço prestado, entretanto, destacaram que eles mesmos
desconhecem como deve ser. Também, evidenciaram a falta de conhecimento acerca da
operacionalização do protocolo de atendimento pós-exposição a material biológico por
aqueles que deveriam atender e esclarecer as principais dúvidas. Bem como, as
dificuldades no fluxo do atendimento e ausência do acompanhamento posterior. Dados
esses que se assemelham aos resultados encontrados em um estudo, que identificou que
a desorganização em relação ao atendimento e acompanhamento do acidentado causou
desconforto e insatisfação 42
.
Segundo Dejours, a eliminação dos dificultadores presentes na organização do
trabalho promove uma atitude protetora, reduzindo os riscos, além de aumentar a
satisfação dos trabalhadores em relação ao ambiente de trabalho. Assim, pode-se inferir
que, quando o serviço oferece organização e agilidade ao acidentado, o atendimento e
acompanhamento parecem satisfazer suas necessidades de suporte e orientação sobre os
passos a serem seguidos, oferecendo segurança e confiança ao trabalhador de que sua
saúde é prioridade para a instituição e, consequentemente, gera satisfação para o
profissional em relação ao seu trabalho69
.
56
4.2.3 A necessidade de informação
Nessa categoria é possível apreender que os participantes do estudo possuem
pouco conhecimento a respeito das ações a serem realizadas. Afirmaram ter adquirido
informações com os colegas de profissão que já vivenciaram a situação ou que
receberam orientações em outras instituições que já havia ou em que estavam
trabalhando. Somente uma enfermeira relatou ter lido em livro. Houve unanimidade em
afirmar que nunca foram orientados no âmbito do Hospital Federal cenário do estudo. O
que pode ser observado nas falas a seguir:
[...] Adquiri esse conhecimento nos livros que li. Depoente 01 (Enfermeira, 36
anos, SD, um emprego)
[...] Nunca recebi nenhuma orientação do que fazer em caso de acidente, só o
que vi quando meus colegas se acidentam. Depoentes 03 (Técnico, 49 anos, SD, dois
empregos), 14 (Técnica, 45 anos, SN, um emprego)
[...] Acabei pegando informação com o colega que tava de plantão dentro do
hospital pra ter essa informação. Depoente 15 (Enfermeira, 39 anos, SD, um emprego)
[...] Já ouvi falar sobre o Protocolo do Ministério, pois sabe que ele dá
orientações quando alguém se acidenta no hospital. Mas não no Hospital Federal.
Depoente 19 (Técnico, 44 anos, SN, um emprego)
Deficiências e dúvidas relacionadas principalmente, aos mecanismos de
transmissão de algumas doenças entre profissionais de nível médio foram constatados
num estudo, onde se identificou profissionais que manifestaram a necessidade de
maiores esclarecimentos relacionados aos acidentes envolvendo material biológico.
Essa situação é agravada principalmente pela falta de participação em treinamentos e
orientações 68
.
A notificação do acidente biológico é um dos passos importantes no fluxo de
atendimento, entretanto, é pouco identificado pelos participantes do estudo, embora seja
atribuição do Núcleo de Saúde do Trabalhador. A falta de reconhecimento da
importância desta ação dificulta o conhecimento real da prevalência de acidentes de
57
trabalho entre os profissionais de saúde, dado este identificado num estudo sobre o
conhecimento e utilização de medidas de precaução padrão por profissionais de saúde70
.
Acenando para a necessidade do desenvolvimento de estratégias visando à adoção de
práticas mais seguras e redução dos fatores de risco e vulnerabilidade que atingem os
profissionais de saúde nos diferentes momentos de atuação9.
No que se trata das ações sugeridas para melhorar o atendimento ao acidentado,
em sua maioria sugeriram fortemente a qualificação do profissional que presta esse
atendimento, a disponibilização do protocolo da instituição de fácil acesso a todos os
profissionais, bem como orientações a todos os profissionais quanto aos riscos reais e
como proceder em caso de acidente com material biológico, se possível por escrito.
Conteúdos esses disponíveis nos discursos a seguir:
[...] Sugiro qualificar o profissional que irá nos atender e que possa
compreender nossa situação. Disponibilizar o protocolo para saber a quem reportar
em caso de acidentes. Depoente 01 (Enfermeira, 36 anos, SD, um emprego)
Acho que diversos fatores melhorariam, principalmente quanto à burocracia.
Vejo falta de informação, pois ninguém sabe o que fazer para se tratar. Vejo descaso de
todas as instituições que já trabalhei [...] Depoentes 03 (Técnico, 49 anos, SD, dois
empregos), 14 (Técnica, 45 anos, SN, um emprego)
Acho que tinha que ter alguém preparado num setor específico, onde todo
mundo soubesse que aquele era o setor e os papeis para preencher. Tinha que ter
algum livro pra gente saber o que fazer, porque ninguém sabe [...] Falta informação
mesmo. Depoente 04 (Técnica, 45 anos, SD/SN, dois empregos)
[...] No momento acho que tem que ter informação quando você chega no
hospital, né? Apresentar quem são os responsáveis, a unidade, qual setor, quem
procurar, já é meio caminho andado! Até agora nada, e você é a primeira pessoa a me
perguntar sobre isso. Depoente 11 (Técnica, 37 anos, SD/SN, três empregos)
[...] Oferecer material para tirar dúvida em caso de acidente, como proceder e
qual fluxo seguir no Hospital. Depoente 22 (Enfermeira, 32 anos, SD/SN, três
empregos)
58
A realização de ações de educação permanente e/ou capacitações com os
profissionais é uma das fundamentais estratégias para adoção de ações seguras no
trabalho em saúde. Essas práticas são importantes à medida que contribuem para que os
trabalhadores se conscientizem sobre as consequências de suas atividades para a saúde,
valorizando as precauções e medidas de biossegurança padronizadas no exercício
profissional, entre as quais está incluída a prevenção de acidentes com perfuro-
cortantes, implementação de programas de prevenção e conscientização de práticas
seguras e o fornecimento, de forma contínua e uniforme, dos dispositivos de segurança
para todos os trabalhadores 9, 6
.
Esta situação demonstra que a capacitação em biossegurança é um fator
fundamental para adoção das medidas de precaução, pois requerem nova aprendizagem
e, principalmente, mudanças de hábitos com as quais muitos profissionais têm
dificuldade de lidar70
.
O conhecimento gerado pela informação é um dos determinantes psicossociais
que estimulam a percepção de risco e atitudes de autoproteção. Portanto, o indivíduo
que possui conhecimento sobre determinado tema, fundamentado em informações
científicas, terá mais condições de tomar uma decisão consciente dos benefícios e riscos
que possa estar exposto54
.
59
5 PRODUTO DA PESQUISA
5.1 Elaboração da Tecnologia Educacional – Cartilha
Sabemos que para o enfermeiro, educar é parte inerente da sua formação. No
entanto, as práticas educativas em saúde não devem se resumir ao repasse de
informações, mas à união de conhecimentos que favoreçam a reflexão e a crítica,
promovendo uma reorientação no que se relaciona ao cuidado de si 71
.
A comunicação em saúde tem-se tornando uma ferramenta de promoção de
saúde, pois tem a capacidade de ampliar o conhecimento e a consciência das questões,
problemas e soluções de saúde; influenciar percepções, crenças e atitudes; mostrar os
benefícios da mudança de comportamento; aumentar demandas de serviços de saúde;
reforçar conhecimentos, atitudes e mudanças de comportamento; refutar mitos e
concepções erradas; defender questões de saúde ou grupos populacionais e superar
limitações72
.
Nesta perspectiva, o material escrito é um instrumento que facilita o processo
educativo uma vez que permite ao leitor, destinatário da comunicação, uma leitura
posterior possibilitando-lhe a superação de eventuais dificuldades, através do processo
de decodificação e de rememorização, tendo como exemplo a cartilha educativa 72
.
Para elaborar a cartilha, foram utilizadas as evidências científicas identificadas
no levantamento bibliográfico construído, seguindo a metodologia de revisão
integrativa e os dados da pesquisa de campo, cujos achados são responsáveis por
identificar as necessidades de orientações dos profissionais de saúde do CTI-Adulto do
Hospital Federal cenário desse estudo.
Assim, os resultados encontrados sofreram análise e discussão, apontando as
informações necessárias para a elaboração e montagem da tecnologia educacional
elegida.
O produto da dissertação elaborado é denominado “Cartilha de Orientações
aos Profissionais de Saúde acerca de Exposição a Material Biológico”.
Após a confecção da cartilha educativa e avaliação da primeira versão pela
equipe de enfermagem do CTI utilizando um questionário como instrumento de
avaliação da tecnologia obtivemos um resultado positivo, com pequenas modificações
sugeridas. Destacamos no resultado que apenas o sub- item 2.1 A capa é atraente e
indica o conteúdo do material, recebeu a menor qualificação pelos participantes que foi
C- Parcialmente Adequado, sendo atribuído por sete dos dez participantes que avaliaram
60
a tecnologia educativa. Todos os demais itens foram avaliados como muito bons e
receberam no instrumento as opções que variaram entre A- Totalmente adequado e B-
Adequado. Sem críticas ao conteúdo da cartilha, que por essa avaliação atende as
expectativas da equipe de enfermagem do CTI.
Após a avaliação da cartilha, ela passou por modificações com auxílio de um
profissional de designer, que modificou capa, fonte e imagens.
A escolha dessa tecnologia educativa se deu a partir do levantamento das
necessidades de orientação explicitada nas falas dos profissionais de enfermagem no
momento da exposição a material biológico. Sendo possível, utilizar um material
ilustrativo, de fácil manuseio e disponibilidade para solucionar as principais dúvidas
existentes.
Nesta perspectiva as tecnologias educativas são ferramentas que usadas pelo
enfermeiro poderão complementar a sua práxis na assistência prestada ao cliente, como
também poderá ser utilizada como instrumento de pesquisa em situações que possam
gerar dúvida, como o seu atendimento após exposição a material biológico58
.
Espera-se contribuir para a redução do nível de estresse, medo e ansiedade dos
profissionais de enfermagem no momento da exposição ao material biológico e
melhorar o compartilhamento de saberes.
61
5.2 Cartilha Educativa
62
63
64
* Este material foi elaborado considerando o contexto da Terapia Intensiva do cenário
do estudo. Podendo ser utilizada em outros cenários com a devida adequação.
65
66
67
68
69
* A localização dos setores é específica da Instituição cenário do estudo. Podendo ser
alterado em caso, de utilização do material por outras instituições.
70
71
72
73
74
75
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta pesquisa se propôs a construir uma tecnologia educativa para
disseminação da informação acerca da exposição a material biológico e dos
procedimentos preconizados no atendimento no Hospital cenário do estudo.
A partir dos resultados encontrados contando com participação direta da equipe
de enfermagem do CTI- Adulto, foi possível observar que existe um grau significativo
de desconhecimento ou desvalorização dos agravos causados pela possível
contaminação pelos vírus HIV, Hepatite B e C, entre profissionais da saúde expostos,
bem como entre os profissionais responsáveis pelo atendimento do trabalhador.
Reforçando assim, a necessidade de orientações direcionadas não somente à equipe de
enfermagem, mas a toda a equipe de saúde que está em constante risco de exposição a
material biológico.
O objeto deste estudo foi investigado através da descrição do atendimento que
os membros da equipe de enfermagem do CTI recebem após exposição aos agentes
biológicos. Sendo possível intervir na realidade estudada através da construção de uma
cartilha educativa para disseminação da informação sobre o Protocolo do Ministério da
Saúde e sua operacionalização em um Hospital Federal.
Observou-se que o conhecimento técnico-científico é facilitador para o
atendimento qualificado. Já a falta do mesmo quanto às condutas e procedimentos a
serem realizados, potencializa a sensação de desamparo diante da situação.
Para que ocorrências de exposição a material biológico possam ser evitadas, e
quando não for possível, possam ser atendidas devidamente, trazendo maior sensação de
segurança ao profissional da saúde, se faz necessário reformular a estrutura
organizacional evidenciando a necessidade de disseminação do protocolo de
atendimento do acidentado e participação efetiva dos trabalhadores de saúde no
processo, através da educação permanente. Onde a utilização das tecnologias
educativas, como a cartilha podem auxiliar o trabalhador em saúde, que poderá
emponderar-se para ser o sujeito na busca pelo atendimento digno e de qualidade.
Ao difundir e capacitar os profissionais para o entendimento dos riscos
ocupacionais desencadeiam-se ações de impacto e alcance coletivo de modo a
potencializar a implantação de medidas preventivas junto às instituições.
76
Por estas constatações, verifica-se a necessidade da educação permanente tanto
do profissional que atende como também do profissional atendido quanto à saúde do
trabalhador, abrangendo os riscos e prevenções de acidentes ocupacionais, uso de
equipamentos de proteção individual e coletiva, importância da notificação imediata e
acompanhamento sorológico completo, reforçando a prática de biossegurança.
A forma de organização do trabalho em enfermagem confirma a necessidade
da educação permanente, enquanto estratégia de fortalecimento, permitindo ao
trabalhador valorizar seu trabalho e sentir satisfação em suas ações realizadas.
Desse modo, não há como pensar intervenções ou medidas de prevenção
voltadas somente ao trabalhador, sem considerar as situações que interferem em seus
comportamentos e os elementos externos, tais como políticos, econômicos, culturais e
dos gestores das instituições de saúde.
A cartilha educativa em parceria com o trabalhador da saúde desempenha um
importante papel no contexto da educação permanente, podendo prevenir o
desenvolvimento de doenças, ampliando habilidades e favorecendo a autonomia. Já que
o profissional contribui para que o material educativo seja algo útil, de fácil
entendimento e de qualidade.
Este estudo não encerra em si, pois o tema é amplo e não se esgota facilmente,
permanecendo a possibilidade para desenvolver estudos futuros no que tange a
capacitação do profissional responsável pelo atendimento, a operacionalização do
Protocolo do Ministério da Saúde, bem como, o papel da Educação Permanente na
conscientização dos trabalhadores de saúde.
77
REFERÊNCIAS
1 Brasil. Ministério da Saúde. Resolução nº7 - Dispõe sobre os requisitos mínimos para
funcionamento de Unidades de Terapia Intensiva. Brasília: Ministério da Saúde [acesso
em 18 out 2015]. Disponível em:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2010/res0007_24_02_2010.html
2 Miranda EJP de, Stancato K. Riscos à saúde de equipe de enfermagem em unidade de
terapia intensiva: Proposta de abordagem integral da saúde. Rev Bras Ter Intensiva
2008; 20(1): 68-76.
3 Brasil. Ministério do Trabalho. Normas Regulamentadoras [legislação na internet]
2010 [acesso em 10 fev 2014]. Disponível em:
http://portal.mte.gov.br/legislacao/normas-regulamentadoras-1.htm.
4 Sulzbacher E, Fontana RT. Concepções da equipe de enfermagem sobre a exposição a
riscos físicos e químicos no ambiente hospitalar. Rev Bras Enferm 2013; 66(1): 25-30.
5 Galon T, Marziale MHP, Souza WL de. A legislação brasileira e as recomendações
internacionais sobre a exposição ocupacional aos agentes biológicos. Rev Bras Enferm
2011; 64(1): 160-7.
6 Nishide VM, Benatti MCC, Alexandre NMC. Ocorrência de acidente do trabalho em
uma unidade de terapia intensiva. Rev. Latino-Am. Enfermagem 2004; 12(2): 204-11.
7 Brasil. Ministério do Trabalho. Portaria nº 1.823, de 23 de agosto de 2012. Institui a
Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora. Diário Oficial da
República Federativa do Brasil, nº 165, Seção I, p. 46-51, 24 de agosto de 2012.
[Acesso em 12 set 2014]. Disponível em:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm./2012/prt1823_23_08_2012. Html
8 Brasil. Ministério do Trabalho. Norma regulamentadora 32 - segurança e saúde no
trabalho em serviços de saúde [acesso em 30 jun 2014]. Disponível em:
78
http://portal.mte.gov.br/data/files/8A7C816A350AC8820135161931EE29A3/NR-
32%20(atualizada%202011).pdf.
9 Santos JLG, Vieira M, Assuiti LFC, Gomes D, Meirelles BHS, Santos SMA. Risco e
vulnerabilidade nas práticas dos profissionais de saúde. Rev Gaúcha Enferm 2012;
33(2): 205-212.
10 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Exposição a
materiais biológicos / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde –
Brasília: Editora do Ministério da Saúde; 2011.
11 OIT: 2,3 milhões de mortes por acidentes de trabalho no mundo. Revista Proteção
[acesso em maio 2015]. Disponível em:
http://www.protecao.com.br/noticias/estatisticas/oit:_2,3_milhoes_de_mortes_por_acid
entes_de_trabalho_no_mundo/AQyAAcji/7087
12 Marziale MHP et al. Influência organizacional na ocorrência de acidentes de trabalho
com exposição a material biológico. Rev. Latino-Am. Enfermagem 2013 jan-fev;
21(spec): [8 telas].
13 Ribeiro EJG, Shimizu HE. Acidentes de trabalho com trabalhadores de enfermagem.
Rev Bras Enferm 2007 set-out; 60(5): 535-40.
14 Pimenta FR, Ferreira MD, Gir E, Hayashida M, Canini SRMS. Atendimento e
seguimento clínico especializado de profissionais de enfermagem acidentados com
material biológico. Rev Esc Enferm USP [Internet] 2013[acesso em 02 fev 2015]; 47
(1): 198-204. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S008062342013000100025&ln
g=en&nrm=iso
15 Marziale MHP, Nishimura KYN, Ferreira MM. Riscos de contaminação ocasionados
por acidentes de trabalho com material pérfuro-cortante entre trabalhadores de
enfermagem. Rev. Latino-Am. Enfermagem 2004; 12 (1): 36-42.
79
16 Amaral AS, Sousa AFS, Ribeiro SO, Oliveira MAN. Acidentes com material
perfuro-cortantes entre profissionais de saúde em hospital privado de Vitória da
Conquista – BA. Sitientibus 2005; 33(1): 101-114
17 Assunção AA. Trabalhar na saúde: experiências cotidianas e desafios para a gestão
do trabalho e do emprego. Rio de Janeiro: Ed FIOCRUZ; 2011.
18 Minayo CG, Machado JMH, Pena PGL (Org). Saúde do trabalhador na sociedade
contemporânea. Rio de Janeiro: Ed FIOCRUZ; 2011.
19 Castro JL. Saúde e trabalho: direitos do trabalhador da saúde. RDisan 2012 mar-jun;
12 (3): 86-10.
20 Ferreira SCM. O trabalho de enfermagem na emergência do Hospital Universitário
Antônio Pedro. Rio de Janeiro. Tese [Doutorado em Enfermagem]- UFRJ; 1999.
21 Fortes DR. Precarização do vínculo empregatício e suas implicações subjetivas para
os docentes da Escola Técnica do SUS. Rio de Janeiro. Dissertação [Mestrado] -
FIOCRUZ; 2009.
22 Medeiros SM, Souza TO, Macedo MLF, Silva OLS. Condições de trabalho, riscos
ocupacionais e trabalho precarizado: o olhar dos trabalhadores de enfermagem. Pesquisa
integrante do Plano Diretor 2004/2005 ROREHS/MS/OPAS. Natal: Universidade do
Rio Grande do Norte; 2005.
23 Brasil. Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a
promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos
serviços correspondentes e dá outras providências. [legislação na internet] 1990 [acesso
em 05 fev 2015]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm.
24 Deslandes SF. Humanização dos cuidados em saúde: conceitos, dilemas e práticas.
Rio de Janeiro: Ed FIOCRUZ; 2006.
80
25 Lúcio DE, Sperandio DB, Dias E, Miotto LB, Magagnini, MAM. Satisfação
profissional do enfermeiro: uma revisão. CuidArte Enfermagem 2009 jan-jun; 3(1): 63-
72.
26 Brasil. Lei nº. 8.213, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre os Planos de Benefícios
da Previdência Social e dá outras providências. [legislação na internet] 1991 [acesso em
10 fev 2015]. Disponível em:
http://www3.dataprev.gov.br/sislex/paginas/42/1991/8213.htm.
27 Silva EJ, Lima MG, Marziale MHP. O conceito de risco e os seus efeitos simbólicos
nos acidentes com instrumentos pérfuro-cortantes. Rev Bras Enferm 2012 set-out;
65(5): 809-14.
28 Nishide VM, Benatti MCC. Riscos ocupacionais entre trabalhadores de enfermagem
de uma unidade de terapia intensiva. Rev Esc Enferm USP 2004; 38(4): 406-14.
29 Mininel VA, Felli VEA, Da silva EJ, Torri Z, Abreu AP, Branco MTA. Cargas de
trabalho, processos de desgaste e absenteísmo-doença em enfermagem. Rev. Latino-
Am. Enfermagem 2013 nov-dez; 21(6): 1290-7.
30 Ferreira ACM, Vieira TM, Vizzaccaro-Amaral AL. Acidente de Trabalho Grave:
Possibilidades à Atuação da Psicologia. 15º Encontro Regional Sul da Abrapso 2014
set; 25-27.
31 Robazzi MLCC et al. Alguns problemas educacionais. Rev Bras Enferm 1999 jan-
mar; 52(1): 7-13.
32 Lopes GT, Spindola T, Martins ERC. O adoecer em enfermagem segundo seus
profissionais: estudos preliminares. Rev Enferm UERJ 1996; 4(1): 9-16.
33 Sarquis LMM, Felli VEA. Os sentimentos vivenciados após exposição ocupacional
entre trabalhadores de saúde: fulcro para repensar o trabalho em instituições de saúde.
Rev Bras Enferm 2009 set-out; 62(5): 701-4.
81
34 Tipple AFV, Silva EAC, Teles SA, Mendonça KM, Souza ACS, Melo DS. Acidente
com material biológico no atendimento pré-hospitalar móvel: realidade para
trabalhadores da saúde e não saúde. Rev Bras Enferm 2013 mai-jun; 66(3): 378-84.
35 Taylor CM. Fundamento de Enfermagem Psiquiátrica de Mereness. 13. ed. Porto
Alegre; 1992.
36 Avelar ESP. As representações sociais da equipe de enfermagem sobre riscos
ocupacionais no ambiente hospitalar. Rio de Janeiro. Dissertação [Mestrado em
Enfermagem]; 2001.
37 Feldman LB. Gestão de Risco e Segurança Hospitalar. São Paulo: Martinari; 2008.
38 Marziale MHP, Rocha FLR, Robazzi MLCC, Cenzi CM, Santos HEC, Trovó MEM.
Influência organizacional na ocorrência de acidentes de trabalho com exposição a
material biológico. Rev. Latino-Am. Enfermagem 2013 jan-fev; 21 (spec): [08 telas].
39 Amorim IG, Bispo MM, Ribeiro LM et al. Caracterização dos acidentes com
exposição a material Biológico envolvendo a equipe de enfermagem de um Hospital
universitário. Rev Universid Vale do Rio Verde 2014 jan-jul; 12 (1): 811-819.
40 Simão SAF, Soares CRG, Souza V, Borges RAA, Cortez EA. Labour acidentes with
piercing and cutting materials involving Nursing staff in a hospital emergency
department. Rev Enferm UERJ 2010 jul-set; 18 (3): 400-4.
41 Oliveira AC, Paiva MHRS. Análise dos acidentes ocupacionais com material
biológico entre profissionais em serviços de atendimento pré-hospitalar. Rev. Latino-
Am. Enfermagem 2013 jan-fev; 21(1): [07 telas].
42 Ribeiro LCM, Souza ACS, Tipple AFV, Melo DS, Peixoto MKAV, Munari DB.
Fatores intervenientes no fluxo de atendimento ao profissional acidentado com material
biológico. Rev Esc Enferm USP 2014; 48 (3): 507-13.
82
43 Guilarde AO, Oliveira AM, Tassara M, Oliveira B, Andrade SS. Acidentes com
material biológico entre profissionais de hospital universitário em Goiânia. Rev Patol
Tropical 2010 abr-jun; 39 (2): 131-136.
44 Paiva MHRS, Oliveira AC. Fatores determinantes e condutas pós-acidente com
material biológico entre profissionais do atendimento pré-hospitalar. Rev Bras Enferm
2011 mar-abr; 64(2): 268-73.
45 Silva TR, Rocha SA, Ayres JA, Juliani CMCM. Accidents with cutting and piercing
materials among nursing professionals at a university hospital. Rev Gaúcha Enferm
2010 dez; 31(4): 615-22.
46 Ribeiro LCM, Souza ACS, Neves HCC, Munari DB, Medeiros M, Tipple AFV.
Influência da exposição a material biológico na adesão ao uso de equipamentos de
proteção individual. Cienc Cuid Saude 2010 abr-jun; 9 (2): 325-332.
47 Brand CI, Fontana RT. Biossegurança na perspectiva da equipe de enfermagem de
Unidades de Tratamento Intensivo. Rev Bras Enferm 2014 jan-fev; 67(1): 78-84.
48 Vieira M, Padilha MI, Pinheiro RDC. Análise dos acidentes com material biológico
em trabalhadores da saúde. Rev. Latino-Am. Enfermagem 2011 mar-abr; 19 (2): [08
telas].
49 Fonseca LMM, Aredes NDA, Leite AM, et al. Avaliação de uma tecnologia
educacional para a avaliação clínica de recém-nascidos prematuros. Rev. Latino-Am.
Enfermagem 2013 jan.-fev; 21(1): [08 telas].
50 Secoli SR, Nita ME, Ono-Nita SK, Nobre M. Avaliação de tecnologia em saúde: A
análise de custo-efetividade. Arq. Gastroenterol. [Internet]. 2010 Dec [acesso em 19 jun
2016]; 47 (4): 329-333. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S000428032010000400002&ln
g=en. http://dx.doi.org/10.1590/S0004-28032010000400002.
83
51 Fonseca LMM, Leite AM, Mello DF, et al. Tecnologia educacional em saúde:
contribuições para a Enfermagem pediátrica e neonatal. Esc Anna Nery 2011 jan-mar;
15 (1): 190-196.
52 Brasil. Ministério do Trabalho. Norma regulamentadora 32 - segurança e saúde no
trabalho em serviços de saúde [acesso em 30 jun 2014]. Disponível em:
http://portal.mte.gov.br/data/files/8A7C816A350AC8820135161931EE29A3/NR-
32%20(atualizada%202011).pdf
53 Salvador PTCO, Rodrigues CCFM, Lima KYN, et al. Uso e desenvolvimento de
tecnologias para o ensino apresentados em pesquisas de enfermagem. Rev Rene 2015
maio-jun; 16(3): 442-50.
54 Vieira RHG, Erdman AL, Andrade SR. Vacinação contra influenza: construção de
um instrumento educativo para maior adesão dos profissionais de enfermagem. Texto
Contexto Enferm 2013 jul-set; 22(3): 603-9.
55 Camacho ACLF, Abreu LTA, Leite BS, Mata ACO, et al. Validação de cartilha
informativa sobre idosos com demência: um estudo observacional transversal. Online
Brazilian Journal of Nursing 2013; 12 (1): 1-8.
56 Oliveira SC, Lopes MVO, Fernandes AFC. Construção e validação de cartilha
educativa para alimentação saudável durante a gravidez. Rev. Latino-Am. Enfermagem
2014; 22 (4): 611-20.
57 Castro ANP, Lima Junior EM. Desenvolvimento e validação de cartilha para
pacientes vítimas de queimaduras. Rev Bras Queimaduras 2014; 13 (2): 103-13.
58 Barros EJL, Santos SSC, Gomes GC, Erdmann AL. Gerontotecnologia educativa
voltada ao idoso estomizado à luz da complexidade. Rev Gaúcha Enferm 2012 jun; 33
(2): 95-101.
59 Leopardi MT. Metodologia da pesquisa na saúde. Santa Maria: Pallotti; 2001.
84
60 Gil AC. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas; 2010.
61 Yin RK. Estudo de Caso: planejamento e métodos. 4. ed. Porto Alegre: Artmed;
2010.
62 Marconi MA, Lakatos EM. Metodologia do Trabalho Científico. 6. ed. São Paulo:
Atlas; 2001.
63 Barbosa EF. Instrumentos de Coleta de Dados em Pesquisa. 1999. [Acesso em 17
ago 2014]. Disponível em: http://www.sit.com.br/SeparataENS0019.htm.
64 Figueiredo NMA de. Método e Metodologia na Pesquisa Científica. 2. ed. São
Caetano do Sul: Yendis; 2007.
65 Gusmão GS, Oliveira AC, Gama CS. Acidente de trabalho com material biológico:
análise da ocorrência e do registro. Cogitare Enferm 2013 jul-set; 18(3): 558-64.
66 Silva TR, Rocha SA, Ayres JA, Juliani CMCM. Acidente com material perfuro-
cortante entre profissionais de enfermagem de um hospital universitário. Rev Gaúcha
Enferm 2010 dez; 31(4): 615-22.
67 Balsamo AC, Felli VEA. Estudo sobre os acidentes de trabalho com exposição aos
líquidos corporais humanos em trabalhadores da saúde de um hospital universitário.
Rev. Latino-Am Enfermagem 2006 maio-jun; 14(3): 346-53.
68 Damasceno AP, Pereira MS, Souza ACS et al. Acidentes ocupacionais com material
biológico: a percepção do profissional acidentado. Rev Bras Enferm 2006 jan-fev;
59(1): 72-7.
69 Dejours C. Loucura do trabalho. São Paulo: Oboré; 1987.
85
70 Silva GS, Almeida AJ, Paula VS, Villar LM. Conhecimento e utilização de medidas
de precaução padrão por profissionais de saúde. Esc Anna Nery 2012 jan-mar; 16 (1):
103 – 110.
71 Teixeira E, Mota VMSS. Tecnologias educacionais em foco. 1. ed. São Caetano do
Sul, SP: Difusão Editora; 2011. Série Educação em Saúde; v.2.
72 Moreira MF, Nóbrega MML, Silva MIT. Comunicação escrita: contribuição para a
elaboração de material educativo em saúde. Rev Bras Enferm 2003 mar-abr; 56(2): 184-
188.
86
APÊNDICE A – QUADRO DE ARTIGOS SELECIONADOS NA
REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA
Autor e
periódicos
Título Ano Método Principais achados Base de
dados
Machado
MRM,
Machado FA
– Rev. Bras.
Saúde ocup.
Acidentes com
material biológico
em trabalhadores
de enfermagem no
Hospital Geral de
Palmas
2011 Descritivo/
Transversal
Observa-se que os auxiliares
de enfermagem constituem o
grupo mais exposto a
acidentes.
LILACS
Tipple ACFV,
Silva EAC,
Teles SA,
KM, Souza
ACS, Melo
DS - Rev
Bras Enferm
Acidente com
material biológico
no atendimento
pré-hospitalar
móvel:
realidade para
trabalhadores da
saúde e não saúde
2013 Analítico/
Transversal
Todos os sujeitos referiram
inexistência de um serviço
especializado de orientação
e/ou encaminhamento dos
acidentados e 12,9% (23/177)
relataram nunca ter recebido
orientações sobre medidas de
biossegurança.
MEDLINE
Guilarde AO,
Oliveira AM,
Tassara M,
Oliveira B,
Andrade SS –
Revista de
Patologia
Tropical
Acidentes com
material biológico
entre profissionais
de hospital
universitário
em Goiânia
2010 Descritivo A profilaxia não foi indicada
na maioria dos casos (84,8%).
Em sete casos nos quais foi
instituída a profilaxia
antirretroviral, os acidentes
ocorreram por via percutânea,
sendo dois de fonte HIV
positiva e cinco de fonte
desconhecida.
LILACS
Simão SAF,
Soares CRG,
Souza V,
Borges RAA,
Cortez EA –
Rev. Enferm.
UERJ
Acidentes de
trabalho com
materiais perfuro-
cortantes
envolvendo
profissionais de
enfermagem de
2010 Epidemiológi
co/Descritivo
Exploratório
Procedimento de risco, como o
reencape de agulhas, ainda é
uma prática rotineira, sendo
responsável por 38,6% dos
acidentes ocorridos.
MEDLINE
87
unidade de
Emergência
hospitalar
Silva TR,
Rocha SA,
Ayres JA,
Juliani
CMCM - Rev
Gaúcha
Enferm
Acidente com
material perfuro-
cortante entre
Profissionais de
enfermagem de
um hospital
universitário
2010 Descritivo/
Retrospecti-
vo
O protocolo do MS prevê o
acompanhamento sorológico
por até seis meses, seja por
HIV, HBsAg ou AntiHCV. No
entanto, dos 149 acidentes
ocorridos apenas oito (5,4%)
realizaram tal procedimento, o
restante não deu continuidade
ao acompanhamento.
MEDLINE
Gusmão GS,
Oliveira AC,
Gama CS –
Cogitare
Enferm.
Acidente de
trabalho com
material
biológico: análise
da ocorrência e do
registro
2013 Epidemiológi
co/descritivo
Entre os entrevistados 62,5%
em atividades no período
diurno e 37,5% no turno
noturno, possivelmente devido
à característica da prestação de
cuidados com maior demanda
no turno diurno, ficando para o
noturno a manutenção da
assistência de enfermagem.
MEDLINE
Pimenta FR,
Ferreira MD,
Gir E,
Hayashida M,
Canini SRMS
- Rev Esc
Enferm USP
Atendimento e
seguimento
clínico
especializado de
profissionais de
enfermagem
acidentados com
material biológico
2013 Corte
transversal
Dos profissionais que não
procuraram pelo atendimento
clínico especializado, a
maioria relatou não tê-lo feito
por considerar o acidente de
baixo risco.
LILACS
Simão SAF,
Souza V,
Borges RAA,
Soares CRG,
Cortez EA –
Cogitare
Enferm.
Fatores
associados aos
acidentes
biológicos entre
profissionais de
Enfermagem
2010 Descritivo/
exploratório
57,7% dos entrevistados
relacionaram à necessidade
de agilidade na execução
das atividades; 23,1% ao
cansaço físico e mental;
11,5% à ausência de EPI; e
7,7% a pouca experiência
LILACS
88
profissional.
Ribeiro LCM, Souza ACS,
Tipple AFV, Melo DS,
Peixoto
MKAV,
Munari DB -
Rev Esc
Enferm USP
Fatores
intervenientes no
fluxo de
atendimento ao
profissional
acidentado com
material
biológico
2014 Descritivo/
exploratório
O atendimento rápido, com
liberação no horário de
serviço e acompanhamento
no mesmo local oferece
segurança e confiança ao
trabalhador de que sua
saúde é prioridade para a
instituição.
LILACS
Ribeiro
LCM, Souza
ACS, Neves
HCC,
Munari DB,
Medeiros M,
Tipple AFV -
Cienc Cuid
Saude
Influência da
exposição a
material
biológico na
adesão ao uso de
equipamentos de
proteção
individual
2010 Descritivo A convivência permanente
com a exposição a material
biológico, na repetição
cotidiana dos
procedimentos, favorece a
diminuição da percepção
dos riscos pelos
profissionais, o que dificulta
a tomada de decisão para a
adoção de medidas
preventivas.
LILACS
Amorim IG,
Bispo MM,
Ribeiro LM
et al. - Rev
Universid
Vale do Rio
Verde
Caracterização
dos acidentes
com exposição a
material
Biológico
envolvendo a
equipe de
enfermagem de
2014 Retrospecti
vo/
descritivo
Cabe às instituições de
saúde procurar estratégias
para conscientização dos
profissionais sobre a
importância, do profissional
acidentado não fazer uma
avaliação equivocada do
risco do acidente.
CAPES
89
um Hospital
universitário
Oliveira AC,
Paiva
MHRS - Rev
Latino-
Am Enferm
Análise dos
acidentes
ocupacionais
com material
biológico entre
profissionais em
serviços de
atendimento pré-
hospitalar.
2013 Epidemioló
gico
A maioria dos profissionais
não realizou avaliação
médica após sua ocorrência
e, consequentemente, a
CAT não foi emitida. Para a
maior parte dos
trabalhadores acidentados,
nenhuma conduta imediata
pós-acidente foi tomada.
CAPES
Paiva
MHRS,
Oliveira AC
- Rev Bras
Enferm
Fatores
determinantes e
condutas pós-
acidente com
material
biológico entre
profissionais do
atendimento
pré-hospitalar
2011 Transversal O desconhecimento ou a
não importância dada ao
registro do acidente de
trabalho sugere a
desinformação ou
desinteresse dos
profissionais de saúde.
CAPES
90
APÊNDICE B – SOLICITAÇÃO DE AUTORIZAÇÃO PARA
REALIZAR O DESENVOLVIMENTO DO ESTUDO
Sra. Diretora do Hospital Federal da Lagoa,
Eu, enfermeira Camila Moreira Serra e Silva Melo, matrícula- 2767633;
enfermeira do setor Centro de Terapia Intensiva Adulto (CTI), aluna do Mestrado
Profissional em Enfermagem Assistencial da Escola de Enfermagem Aurora Afonso da
Costa- EEAAC da Universidade Federal Fluminense - UFF, responsável pela pesquisa
intitulada: “RISCOS BIOLÓGICOS DO TRABALHO DE ENFERMAGEM NA
TERAPIA INTENSIVA: tecnologia educativa”, configurada como projeto de pesquisa
de dissertação de mestrado; venho solicitar à V.Sa. a autorização para o
desenvolvimento desta pesquisa nesta instituição no setor de terapia intensiva adulto,
além de transmitir nosso comprometimento a utilizar todos os dados coletados,
unicamente, para o referido trabalho. Bem como, manter sob sigilo a identificação dos
sujeitos selecionados, cujas informações teremos acesso, e respeitar as eventuais
designações desta instituição e dos sujeitos participantes que possuam o vínculo
empregatício com a mesma. Respeitando assim, os preceitos éticos e legais exigidos
pela Resolução n°466/2012 - CONEP, e do Ministério da Saúde, para realização da
pesquisa. Para isso faz-se importante vossa permissão para a apreciação ética do projeto
desta pesquisa no Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Antônio
Pedro da Universidade Federal Fluminense- CEP UFF. Neste sentido, para submeter à
pesquisa ao CEP UFF faz-se necessária à assinatura do representante da EEAAC na
Folha de Rosto em (anexo), concedendo a realização desta pesquisa. A vossa assinatura
na Folha de Rosto não configura em qualquer vinculação antecipada à pesquisa e/ou a
pesquisadora, apontando apenas a afirmação da disponibilidade de campo para coleta de
dados e no compromisso de que, caso haja aprovação do Protocolo por este CEP, onde
será verificado o compromisso ético da pesquisa em respeitar os requisitos da
Resolução nº 466/2012 Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), esta
pesquisa poderá ser realizada nesta instituição de acordo com o projeto elaborado
apresentado à V.Sa. e ao comitê de ética.
Certa de contar com a atenção de V.Sa., envio os protestos de
consideração.
Pesquisadora Orientadora Diretora
91
APÊNDICE C – ROTEIRO DE ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA
ENTREVISTA
Depoente Nº:
DADOS PESSOAIS
NOME: IDADE:
FUNÇÃO/CARGO: SEXO:
ESTADO CIVIL:
ESCOLARIDADE:
TEMPO DE EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL:
QUANTOS EMPREGOS:
QUAL TURNO DE TRABALHO:
QUESTÕES:
1. Que acidentes com risco biológico você presenciou ou vivenciou no CTI do
Hospital Federal da Lagoa?
2. Nesse caso, o que o acidentado tem que fazer após o acidente no Hospital
Federal da Lagoa?
3. De que maneira você tomou conhecimento das ações relacionadas à
exposição a material biológico?
4. Quais foram os seus sentimentos ou do acidentado observados durante a
situação do acidente?
5. Quais as sugestões para melhorar o atendimento ao trabalhador
acidentado?
92
ANEXO A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E
ESCLARECIDO
COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Resolução nº 466/2012 – CONEP
Dados de Identificação:
Título do Projeto: “RISCOS BIOLÓGICOS DO TRABALHO DE ENFERMAGEM
NA TERAPIA INTENSIVA: tecnologia educativa”
Pesquisador Responsável: Camila Moreira Serra e Silva Melo
Instituição a que pertence o Pesquisador Responsável: Escola de Enfermagem Aurora
Afonso da Costa - EEAAC/UFF
Telefones para contato: Pesquisadora: (21) 98309-1403 e-mail:
CEP-CMM/HUAP: (21) 2629-9189
Nome do voluntário: ____________________________________________________
Idade:_____________anos R.G. ______________
O (A) Sr. (ª) está sendo convidado (a) a participar do projeto de pesquisa “RISCOS
BIOLÓGICOS DO TRABALHO DE ENFERMAGEM NA TERAPIA
INTENSIVA: tecnologia educativa”, de responsabilidade da pesquisadora Camila
Moreira Serra e Silva Melo.
Pesquisa esta que tem como objetivos: Elaborar uma cartilha educativa e um plano para
disseminação da informação acerca dos procedimentos envolvidos no atendimento dos
membros da equipe de enfermagem após exposição a material biológico. Descrever o
atendimento da equipe de enfermagem do CTI, após exposição aos agentes biológicos,
realizado no Hospital Federal da Lagoa. Validar os aspectos relativos ao conteúdo e
estrutura da cartilha educativa com os membros da equipe de enfermagem do CTI.
Propor um plano para disseminação da informação acerca dos procedimentos
93
envolvidos no atendimento dos membros da equipe de enfermagem após exposição a
material biológico.
Este é um estudo de caso baseado em uma abordagem qualitativa, utilizando como
método de coleta de dados: análise de entrevista semiestruturada aplicada pela
pesquisadora. O Sr.(a) foi selecionado (a) para participar desta pesquisa por atender os
critérios de inclusão.
Suas respostas serão tratadas de forma anônima e confidencial, isto é, em nenhum
momento será divulgado o seu nome em qualquer fase do estudo. Quando for necessário
exemplificar determinada situação, sua privacidade será assegurada uma vez que seu
nome será substituído por um codinome relativo a uma ordem numérica. Os dados
coletados serão utilizados apenas NESTA pesquisa e os resultados divulgados em
eventos e/ou em revistas científicas, visto a finalidade desta pesquisa em construir um
trabalho científico.
Sua participação é voluntária, isto é, a qualquer momento você pode recusar-se a
responder qualquer pergunta ou desistir de participar e retirar seu consentimento,
mesmo após a entrevista realizada. Sua recusa não trará nenhum prejuízo em sua relação
com o pesquisador ou com a instituição na qual trabalha.
Sua participação nesta pesquisa consistirá em responder a entrevista semiestruturada
com questões aplicadas pela pesquisadora sobre acidente ocupacional após exposição a
material biológico.
O Sr.(a) não terá nenhum custo ou quaisquer compensações financeiras. A única
possibilidade de risco relacionado ao procedimento de pesquisa refere-se à entrevista
semiestruturada que poderá trazer à tona a questão dos riscos biológicos e
possivelmente, alguém que já sofreu esse tipo de acidente reviver essa situação de medo
e incerteza que experimentou naquela ocasião, favorecendo um desconforto com essa
recordação. O benefício relacionado à sua participação será aumentar o conhecimento
científico para a enfermagem.
O Sr.(a) receberá uma cópia deste termo onde consta o telefone/e-mail do pesquisador
responsável, e demais membros da equipe, podendo tirar as suas dúvidas sobre o projeto
e sua participação, agora ou a qualquer momento.
Perante todas as informações detalhadas neste termo de consentimento livre esclarecido,
agradecemos sua atenção e solicitamos sua participação voluntária para realização do
estudo. Além de nos comprometermos que serão respeitadas todas as informações
declaradas neste termo, perante sua aceitação em participar desta pesquisa.
94
Eu, __________________________________________, RG nº
_____________________ declaro ter sido informado e concordo em participar, como
voluntário, do projeto de pesquisa acima descrito.
.
Rio de Janeiro, _____ de ____________ de _______
_________________________________
Nome e assinatura do cliente
_________________________________ _____________________________
Testemunha Testemunha
95
ANEXO B – PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA
96
97
98
99
ANEXO C- INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO DA CARTILHA PELOS
PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM DO CTI-ADULTO
Dados de identificação:
Título do Projeto: “RISCOS BIOLÓGICOS DO TRABALHO DE ENFERMAGEM
NA TERAPIA INTENSIVA: tecnologia educativa”
Pesquisadora responsável pelo projeto: Camila Moreira Serra e Silva Melo
Instituição: Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa-UFF
Contato: (21) 98309-1403
Opções: A- Totalmente adequado; B – Adequado; C – Parcialmente Adequado; D
– Inadequado
1. OBJETIVOS- Referem-se aos propósitos, metas que se deseja atingir com a
utilização da tecnologia educativa.
1.1 Atende aos objetivos do público-alvo. A B C D
1.2 Ajuda durante o cotidiano do público-alvo. A B C D
1.3 Está adequada para ser usada por qualquer
profissional da saúde.
A B C D
2. ORGANIZAÇÃO – Refere-se à forma de apresentar as orientações. Isso inclui
organização geral, estrutura, estratégia de apresentação, coerência e formatação.
2.1 A capa é atraente e indica o conteúdo do
material.
A B C D
2.2 O tamanho do título e do conteúdo nos
tópicos está adequado.
A B C D
2.3 Os tópicos tem sequência. A B C D
2.4 Há coerência entre as informações de capa,
sumário e apresentação.
A B C D
2.5 O material está apropriado. A B C D
2.6 O número de páginas está adequado A B C D
2.7 Os temas retratam aspectos importantes do
tema-foco
A B C D
3. ESTILO DE ESCRITA – Refere-se a características linguísticas, compreensão e
estilo da escrita.
3.1 A escrita está em estilo adequado. A B C D
3.2 O texto é interessante. O tom é amigável. A B C D
3.3 O vocabulário é acessível. A B C D
3.4 O texto está claro. A B C D
2.5 O material está apropriado. A B C D
100
4. APARÊNCIA – Refere-se a características que avaliam o grau de significação da
Tecnologia educativa.
4.1 As páginas ou seções parecem organizadas. A B C D
4.2 As ilustrações são simples. A B C D
4.3 As ilustrações servem para complementar os
textos.
A B C D
4.4 As ilustrações estão expressivas e
suficientes.
A B C D
Sugestões/ Justificativa:
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
_________
Data: ___/___/___
Nome:_______________________________________________________________
Idade: ____________ Sexo: ( ) F ( ) M
Função: _____________________________________________________________
Top Related