UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE EDUCAÇÃO CURSO DE PEDAGOGIA
LETRAMENTO DO PROFESSOR EM FORMAÇÃO INICIAL DO
CURSO DE PEDAGOGIA A DISTÂNCIA DA UFRN
RAIMUNDA VALQUÍRIA DE CARVALHO SANTOS
CURRAIS NOVOS/RN
2016
RAIMUNDA VALQUÍRIA DE CARVALHO SANTOS
LETRAMENTO DO PROFESSOR EM FORMAÇÃO INICIAL DO CURSO DE
PEDAGOGIA A DISTÂNCIA DA UFRN
Artigo Científico apresentado ao Curso de Pedagogia a Distância do Centro de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para obtenção do título de Licenciatura em Pedagogia, sob a orientação do professor Me. Manoel Tavares dos Santos Neto.
CURRAIS NOVOS/RN 2016
LETRAMENTO DO PROFESSOR EM FORMAÇÃO INICIAL DO CURSO DE
PEDAGOGIA A DISTÂNCIA DA UFRN
Por
RAIMUNDA VALQUÍRIA DE CARVALHO SANTOS
Artigo Científico apresentado ao Curso de Pedagogia a Distância do Centro de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para obtenção do título de Licenciatura em Pedagogia.
Aprovado em ___/___/2016
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________________ Me. Manoel Tavares dos Santos Neto (Orientador)
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
_____________________________________________________ Ms. Maria de Lourdes Valentim Barbalho
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
______________________________________________________ Me. João Vidal de Souza Neto
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
CURRAIS NOVOS/RN
2016
Dedico a minha filha Maria Clara e ao meu filho José Antônio, que tornam meus dias mais coloridos e cheios de amor e luz.
AGRADECIMENTOS
“A gratidão é uma forma singular de reconhecimento, e o reconhecimento é uma forma
sincera de gratidão”. (Alan Vaszatte)
A Deus, fonte inesgotável de alegria e sustento, por me fortalecer e nortear em
todos os momentos do curso.
A meus pais (José Teixeira e Maria Jandira), meus irmãos (Josemi e Jarbas) e
minhas irmãs (Zillene, Vitória e Vanusa), sobrinhos (as), sogros, cunhados (as)
pelo apoio e compreensão nos momentos de ausência do seio familiar.
A Saint Clair, meu esposo, que trilha comigo os caminhos da educação e a
quem amo imensamente.
A minha filha Maria Clara e a meu filho José Antônio, bênçãos divinas na minha
vida, os quais amo mais do que possa expressar.
Aos tutores Aurea e Maxsuel Batista, pela parceira e dedicação nas orientações das atividades acadêmicas. A coordenadora do Polo de Currais Novos professora Edneide Maria Pinheiro Galvão, pelos conselhos e atenção desprendida no início do curso. A secretária Suília, pela presteza constante no atendimento aos discentes. A UFRN, por oportunizar aos conterrâneos do Seridó cursos na modalidade à distância. Aos professores e coordenadores, pelos ensinamentos e trocas no decorrer dos quatro anos da graduação. Ao professor orientador Me. Manoel Neto, pelo apoio e compreensão nessa fase acadêmica. Aos colegas, pelas partilhas e trocas de experiências nos momentos de encontros presenciais e pelas redes sociais. As amigas Angelúcia, Fátima, Socorro, Ana Cândida pela parceria no desenvolvimento dos trabalhos em grupos. A todos que direta ou indiretamente colaboraram com a concretização desse sonho.
O letramento não é uma abstração. Ao contrário, é uma prática que se manifesta nas mais diferentes atividades de vida das pessoas, permeado por condições reais.
Leiva de Figueiredo Viana Leal
RESUMO
Esta pesquisa tem por objetivo analisar quais as principais dificuldades dos graduandos em formação inicial do Curso de licenciatura em Pedagogia, na modalidade a distância, ofertado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), no que compete as práticas de letramento na academia, bem como quais as contribuições das disciplinas de linguagem na formação dos discentes. Os estudos do letramento estão cada vez mais se efetivando em diferentes áreas do conhecimento, seja no domínio escolar, na formação de professores, no ambiente digital, nas atividades profissionais, evidenciando assim, as profícuas transformações nesse campo de estudo. Metodologicamente, segue a abordagem da pesquisa qualitativa e quantitativa (BOGDAN; BILKLEN, 1994; CHIZZOTTI, 2000). Teoricamente, a pesquisa adota como subsídios para o estudo as publicações relacionadas a educação a distância (EaD) (MORAN, 2002; VITAL E MAIA, 2010; UAB, 2010; SILVA, 2012); aos estudos de letramento (KLEIMAN, 1995; 2001; OLIVEIRA, 2008; 2012; HAMILTON, 2000; SREET, 2007, MARINHO, 2010) e a formação docente (FREIRE, 2007; ALARÇÃO, 2003). Os resultados parciais apontam dificuldades dos discentes no que diz respeito aos estudos das disciplinas que envolvem a linguagem, especialmente, em razão das inexperiências com a produção do texto acadêmico, além da carência dos feedbacks dessas produções no anseio de melhorar a escrita e os demais aspectos inerentes ao texto.
PALAVRAS-CHAVE: Letramento; Educação a distância; Linguagem.
ABSTRACT
This work aims analyze what are the main contributions of the disciplines related the study of language through literacy practices of students in the initial formation of the Faculty of Education at a distance UFRN Polo Currais Novos. The literacy studies are increasingly making effective in different areas of knowledge, whether in the school sector, teacher training, in the digital environment, in professional activities, showing thus the fruitful transformation in this field of study. Methodologically follows the approach of qualitative and quantitative research (BOGDAN; BILKLEN, 1994; CHIZZOTTI, 2000). Theoretically, the research adopts as grants study publications related distance learning (MORAN, 2002; VITAL and MAIA, 2010; UAB, 2010; SILVA, 2012); studies of literacy (KLEIMAN, 1995; 2001; OLIVEIRA, 2008; 2012; HAMILTON, 2000; SREET, 2007; MARINO, 2010) and teacher formation (FREIRE, 2007; ALARCÃO, 2003). Partial results indicate difficulties of students in racing study the disciplines of language, especially because of inexperience with the production academic text, in addition the lack of feedback of these productions in the desire improve writing and other aspects of the text. KEYWORDS: Literacy; Distance learning; Language
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO........................................................................................ 09
2 CONTEXTUALIZAÇÃO METODOLÓGICA........................................... 10
3EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: BREVES CONSIDERAÇÕES.................. 11
3.1 O CURSO DE PEDAGOGIA A DISTÂNCIA NA UFRN....................... 14
4 ESTUDOS DE LETRAMENTO(S).......................................................... 18
4.1OLHARES PARA O LETRAMENTO ACADÊMICO ............................. 22
5 PRÁTICAS DE LETRAMENTO NA FORMAÇÃO INICIAL DE
PROFESSORES: ANÁLISES................................................................... 24
5.1 CONTRIBUIÇÕES DAS DISCIPLINAS VOLTADAS PARA OS
ESTUDOS DA LINGUAGEM NO TOCANTE A FORMAÇÃO
ACADÊMICA.............................................................................................. 27
5.2 DIFICULDADES DOS DISCENTES NAS PRÁTICAS DE
LETRAMENTO ACADÊMICO.................................................................... 30
5.3 SUGESTÕES DOS DISCENTES PARA O APRIMORAMENTO DO
DESEMPENHO ACADÊMICO................................................................... 33
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................... 34
7 REFERÊNCIAS...................................................................................... 36
APÊNDICE................................................................................................. 39
9
1. INTRODUÇÃO
No âmbito acadêmico são muitos os desafios enfrentados pelos
graduandos dos cursos de licenciaturas, uma vez que, no decorrer do curso as
exigências da academia tornam-se cada vez maiores, em razão da
necessidade de uma formação com qualidade, tendo em vista a
responsabilidade e o anseio em capacitar profissionais competentes para uma
prática pedagógica pautada no compromisso e no desenvolvimento exitoso do
processo de ensino-aprendizagem.
Essa responsabilidade, a nosso ver parece ser ainda maior quando nos
reportamos para o Curso de licenciatura em Pedagogia, pois a atuação com
crianças desde a educação infantil até as séries inicias do ensino fundamental
exige atenção redobrada do professor. Lidar com crianças, representa não
somente lidar com palavras ou brincadeiras, é preciso conhecer e ter
disponibilidade para fazer do simples algo muito importante e significativo.
No processo de formação docente, muitos desafios surgem,
especialmente quando se trata dos cursos ofertados na modalidade a distância,
em que uma das maiores exigências é o desenvolvimento da autonomia por
parte do aluno na condição de aprendiz. Ou seja, faz-se necessário, organizar
e estabelecer horários de estudo, numa plataforma virtual, fato que requer
conhecimento de “navegação” e vontade de aprender.
Assim sendo, essa pesquisa objetivou investigar quais as maiores
dificuldades dos graduandos do Curso de licenciatura em Pedagogia a
distância, ofertado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN),
no que compete as práticas de letramento na academia, bem como quais as
contribuições das disciplinas de linguagem na formação dos discentes.
Nesse contexto, buscou-se: identificar as práticas de letramento e
analisar as contribuições das disciplinas de linguagem na formação dos
graduandos do referido curso, além de investigar possíveis lacunas e
dificuldades no processo de ensino-aprendizagem dos graduandos no tocante
as práticas de leitura e escrita na academia.
Investigar esse objeto de estudo foi relevante por ter suscitado
discussões importantes, uma vez que oportunizou evidenciar as falas dos
cursistas acerca dos componentes curriculares, seus anseios, satisfações,
10
inseguranças o que tende cada vez mais a colaborar com a melhoria na
qualidade do curso.
Frente ao exposto, o presente trabalho está organizado em seções: na
primeira, apresentamos exposições preliminares sobre o tema em estudo; na
segunda, expomos a contextualização metodológica; na terceira, trazemos
considerações sobre a educação a distância (EaD); na quarta, lançamos uma
breve revisão teórica sobre os estudos de letramento; na quinta, apresentamos
as análises do trabalho; na sexta e última, apontamos considerações sobre o
estudo realizado.
2. CONTEXTUALIZAÇÃO METODOLÓGICA
Em termos metodológicos a presente investigação segue a abordagem
de pesquisa qualitativa e quantitativa, visto que conforme Bryman (1995), a
geração e a análise de dados acontecem por meio da combinação entre as
abordagens de pesquisa quali/quantitativa que podem fortalecer os resultados
da pesquisa, no sentido de que evidencia os aspectos positivos e neutraliza as
desvantagens de cada uma delas. Assim sendo, compreendemos que essa
investigação adota essa perspectiva, pelo fato de analisarmos os dados
utilizando-se de gráficos, os quais colaboram para uma melhor visualização
dos dados.
No que diz respeito à natureza da pesquisa, entendemos que é
descritiva, pois segundo Moreira e Caleffe (2006) é um estudo de status que é
amplamente usado na educação e nas ciências comportamentais. O seu valor
baseia-se na premissa de que os problemas podem ser resolvidos e as práticas
melhoradas por meio da observação objetiva e minuciosa, da análise e da
descrição.
Para atender a devida investigação, construímos 01 (um) questionário
informativo e entrevistas semiestruturadas e aplicamos com os discentes.
Nesse momento, abro um parêntese e me incluo como aluna do curso, no
entanto optamos em realizarmos o estudo com a turma subsequente de
2014.1.
Esse trabalho considerará os aspectos éticos que abrangem as
investigações que envolvem seres humanos. A preservação do anonimato, a
11
adesão voluntária dos participantes e a autorização desses participantes para
que os dados por eles gerados possam ser divulgados na produção proposta.
Dois temas dominam o panorama recente no âmbito da ética relativa à
investigação com sujeitos humanos, de acordo com Bogdan e Biklen (1994), o
consentimento informado e a proteção dos sujeitos contra qualquer espécie de
danos. A ética é entendida em termos de uma obrigação duradoura para com
as pessoas com as quais se manteve contato no decurso de toda uma vida
como investigador qualitativo.
3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: BREVES CONSIDERAÇÕES
A EAD, surge como uma oportunidade de formação em diferentes
níveis e modalidades de ensino, em contextos diferentes dos que comumente
compreendemos como espaço de ensino-aprendizagem, ou melhor, sem
necessariamente ter um ambiente físico com cadeiras enfileiradas, ou mesmo,
professores presenciais, conduzindo o processo de estudo com horários fixos e
determinados.
De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases (LDB 9.394/96),
regulamentada pelo Decreto 5.622 de 2005, caracteriza-se a EaD como
modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos
processos de ensino-aprendizagem ocorre com a utilização das tecnologias da
informação e comunicação (TIC), com alunos e professores desenvolvendo
atividades educativas em lugares ou tempos diversos.
O referido Decreto acrescenta que,
1o A educação a distância organiza-se segundo metodologia, gestão e
avaliação peculiares, para as quais deverá estar prevista a obrigatoriedade de momentos presenciais para: I - avaliações de estudantes; II - estágios obrigatórios, quando previstos na legislação pertinente; III - defesa de trabalhos de conclusão de curso, quando previstos na legislação pertinente; e IV - atividades relacionadas a laboratórios de ensino, quando for o caso. Art. 2o A educação a distância poderá ser ofertada nos seguintes níveis e modalidades educacionais: I - educação básica, nos termos do art. 30 deste Decreto; II - educação de jovens e adultos III - educação especial, respeitadas as especificidades legais pertinentes; IV - educação profissional, abrangendo os seguintes cursos e programas: a) técnicos, de nível médio; e
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b) tecnológicos, de nível superior; V - educação superior, abrangendo os seguintes cursos e programas: a) sequenciais; b) de graduação; c) de especialização; d) de mestrado; e e) de doutorado.
Frente ao exposto, percebemos que uma das características da EaD é
a possibilidade de educação em que professores e alunos encontram-se
distantes fisicamente. E para que esse processo de ensino-aprendizagem
aconteça, são utilizadas as tecnologias digitais como mecanismos de
disponibilização dos conteúdos educacionais.
Conforme Moran (2002), EaD é o processo de ensino-aprendizagem,
mediado por tecnologias, onde professores e alunos estão separados espacial
e/ou temporalmente. É ensino-aprendizagem onde professores e alunos não
estão normalmente juntos, fisicamente, mas podem estar conectados,
interligados por tecnologias, principalmente as telemáticas, como a Internet.
Mas também podem ser utilizados o correio, o rádio, a televisão, o vídeo, o CD-
ROM, o telefone, o fax e tecnologias semelhantes.
Vital e Maia (2010) destacam que desde seu surgimento, a EaD vem
suscitando questionamentos quanto a sua definição. Assim, ao longo dos anos,
muitos estudiosos vêm fazendo tentativas no sentido de conceituar esta
modalidade de ensino, que vem incorporando novos mecanismos e estratégias
pedagógicas e tecnológicas no decorrer da sua história.
Muitas experiências vem sendo introduzidas no desejo de
aperfeiçoamento dessa modalidade de ensino, não somente pela variedade de
recursos pedagógicos, mas também pela inserção de tecnologias que
oportunizam ambientes virtuais dispondo mecanismos de comunicação entre
professor e aluno e aluno/aluno, uma sala de aula, só que virtual.
De acordo com Nunes (1994 apud ALVES 2011), a EaD constitui um
recurso de incalculável importância para atender grandes contingentes de
alunos, de forma mais efetiva que outras modalidades e sem riscos de reduzir
a qualidade dos serviços oferecidos em decorrência da ampliação da clientela
atendida.
Para Silva (2012) em um país continental como o Brasil, a EaD surge
como modalidade promissora para promover interiorização do ensino superior
13
e inclusão digital de estudantes oriundos de diversos contextos socioculturais
nos inúmeros municípios brasileiros localizados em diferentes regiões
geográficas. E acrescenta,
Nesse cenário, os desafios são constantes para superar as distâncias físicas entre educadores e educandos que agora estabelecem as interações nos ambientes virtuais de aprendizagem, tendo em vista também os recursos tecnológicos da web 2.0. As instituições que trabalham com EAD buscam inovações, metodologias, materiais didáticos e tecnologias capazes de minimizar as distâncias físicas, garantindo interação e interatividade como eixos importantes nos processos de ensino-aprendizagem no contexto digital. (SILVA, 2012, p.03)
Pelo Decreto 5.800 de junho de 2006, foi instituído o Programa
Universidade Aberta do Brasil (Sistema UAB), no intuito de promover o
desenvolvimento da modalidade de educação a distância, com a finalidade de
expandir e interiorizar a oferta de cursos e programas de educação superior no
País. É um Sistema integrado por instituições públicas que oferece cursos de
nível superior para camadas da população que têm dificuldade de acesso à
formação universitária.
De acordo com a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior vinculada ao Ministério da Educação (CAPES/MEC, 2016):
O Sistema UAB propicia a articulação, a interação e a efetivação de iniciativas que estimulam a parceria dos três níveis governamentais (federal, estadual e municipal) com as universidades públicas e demais organizações interessadas, enquanto viabiliza mecanismos alternativos para o fomento, a implantação e a execução de cursos de graduação e pós-graduação de forma consorciada. Ao plantar a semente da universidade pública de qualidade em locais distantes e isolados, incentiva o desenvolvimento de municípios com baixos IDH e IDEB1. Desse modo, funciona como um eficaz instrumento para a universalização do acesso ao ensino superior e para a requalificação do professor em outras disciplinas, fortalecendo a escola no interior do Brasil, minimizando a concentração de oferta de cursos de graduação nos grandes centros urbanos e evitando o fluxo migratório para as grandes cidades.
Silva (2012), aponta que o Sistema UAB está diretamente associado à
formação de professores para educação básica, articulando-se às ações do
Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica (PARFOR),
1 As siglas IDH e IDEB, representam respectivamente, Índice de Desenvolvimento Humano e
Índice de Desenvolvimento da Educação Básica.
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visando à formação iniciada e continuada. Esse plano nacional foi instituído
pelo MEC, por meio do Decreto nº 6.755, de janeiro de 2009.
Conforme podemos perceber são muitos os caminhos, contextos e
entendimentos sobre a EaD. Sua história é longa, e os avanços são notórios
desde a implementação na LBD 9394/96, e mais recentemente com a criação
do Sistema UBA, fatos importantes que marcam o anseio de expandir cada vez
mais as oportunidades de acesso à educação.
3.1 O CURSO DE PEDAGOGIA A DISTÂNCIA NA UFRN
O curso de Licenciatura em Pedagogia a distância de acordo com a
SEDIS2 (2016), nasceu a partir das demandas dos municípios, demonstradas
através da Plataforma Freire e do PARFOR/MEC, que demonstrou a carência
de formação inicial de professores, tendo em vista a inclusão da educação
infantil no FUNDEB3 e a recente obrigatoriedade atribuída ao atendimento das
crianças de 04 e 05 anos, além da expansão do ensino fundamental para 09
anos.
Esses fatos geraram a necessidade de qualificar educadores para
exercerem uma prática pedagógica comprometida com os ideais de uma
sociedade inclusiva, justa e solidária.
Para a UFRN foi esta realidade que indicou a direção a ser tomada, no
sentido de realizar o curso de Pedagogia a distância, que forme e qualifique
professores que não possuam tal titulação,
o curso tem como objetivo geral habilitar professores, por meio do curso superior, para o exercício da docência em Educação Infantil e nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental e para atividades de coordenação e assessoramento pedagógico em escolas, instituições do sistema educacional e projetos educativos em espaços não escolares.
Segundo a Proposta Pedagógica do curso de Pedagogia à distância da
UFRN (2009), o profissional formado será capaz de atuar na docência na
Educação Infantil, nos anos iniciais do Ensino Fundamental, em atividades de
gestão e coordenação do trabalho pedagógico e em outros espaços educativos
2 Secretaria de Educação a distância. 3 Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação.
15
não escolares, a partir da compreensão do significado sócio-político de sua
prática pedagógica, com competência intelectual e técnica, criatividade e
consciência profissional.
O Curso em questão, tem uma carga horária total de 3.200 horas
(Resolução CNE/CP 01/2006), sendo que essa carga horária deverá ser
cumprida em um período de 04 (quatro) anos, distribuídas em 08 (oito)
semestres, de acordo com uma estrutura curricular que articula atividades
teóricas e práticas (SEDIS, 2016).
É importante destacar que o curso estabelece uma carga horária de
200 horas para serem cumpridas em Atividades Acadêmico Científico-Culturais
(AACC), e estas, representam as múltiplas atividades realizadas pelos alunos
no decorrer do curso, independentes das que são exigidas pelas disciplinas
obrigatórias.
Conforme a proposta pedagógica do curso (2009), essa carga horária
fará parte do núcleo de estudos integradores, sendo computada, desde que
comprovada oficialmente, pela Comissão de Validação. As AACC são
classificadas em seis categorias: atividades didático-pedagógicas; atividades
de pesquisa; atividades de extensão; representação estudantil nas distintas
instâncias da universidade; representação em entidades de classe; outras
atividades.
Ainda de acordo com a proposta do curso, a estrutura curricular é
pautada com base em 03 (três) núcleos. O primeiro de estudos básicos em que
contempla os componentes curriculares relacionados a formação; o segundo,
de aprofundamento e diversificação de estudos no qual atende as práticas
pedagógicas integradas, os seminários de formação e os estágios, articulando
as teorias da educação a situações-problema identificadas em diferentes
contextos institucionais. Por fim, no terceiro núcleo propõe estudos
integradores em que prevê a participação dos discentes em atividades de
iniciação à pesquisa, monitoria e extensão.
Nesse contexto, o curso supracitado apresenta uma estrutura curricular
que contempla disciplinas relacionadas as teorias educacionais, a formação
docente e as práticas pedagógicas por meio dos estágios supervisionados,
como podemos observar na figura 01.
16
17
Figura 01.
Fonte:http://www.sedis.ufrn.br/images/documentos/pedagogia/PPP_PEDAGOGIA_A_
DISTANCIA.pdf
Dentre os componentes curriculares expostos, os que serão utilizados
como objetos de estudo dessa pesquisa são os que apresentam relação direta
com as disciplinas que envolvem a linguagem, como: Leitura, Interpretação e
Produção de textos; Alfabetização e Letramento; Introdução aos estudos da
linguagem; Teoria e Prática da Literatura e Ensino de Língua Portuguesa I e II.
18
4 ESTUDOS DE LETRAMENTO(S)
Na década de 1980, de acordo com Soares (2003), é que ocorre
simultaneamente, a invenção do letramento no Brasil, do illettrisme, na França,
da literacia, em Portugal, para nomear fenômenos distintos daquele
denominado alfabetização, alphabétisation.
Nos Estados Unidos e na Inglaterra, embora a palavra literacy já
estivesse dicionarizada, desde o final do século XIX, foi também nos anos 1980
que o fenômeno que ela nomeia, distinto daquele que em língua inglesa se
conhece como reading instruction, beginning literacy, tornou-se foco de
atenção e de discussão nas áreas da educação e da linguagem, o que se
evidencia no grande número de artigos e livros voltados para o tema.
Muitos foram os estudos visando dissociar o termo letrado de
alfabetizado, tendo em vista que no nosso país, esses termos foram por muitas
vezes tratados como sinônimos. Nesse sentido, acreditamos que não basta
simplesmente o indivíduo ser alfabetizado (saber ler e escrever), mas é
necessário saber responder às exigências que a sociedade nos impõem
continuamente no que concerne à prática da leitura e da escrita.
Soares (2001), explica as divergências entre os termos letrar e
alfabetizar, numa tentativa de expor a importância dos termos serem
compreendidos como fundamentais na prática escolar, não de forma
dissociada, mas ocorrendo simultaneamente.
Precisaríamos de um verbo “letrar” para nomear a ação
de levar os indivíduos ao letramento... Assim, teríamos
alfabetizar e letrar como duas ações distintas, mas
inseparáveis, ao contrário: o ideal seria alfabetizar
letrando, ou seja: ensinar a ler e a escrever no contexto
das práticas sociais da leitura e da escrita, de modo que o
indivíduo se tornasse, ao mesmo tempo, alfabetizado e
letrado. (SOARES, 2001, p.47)
Nesse sentido, alfabetizar na perspectiva do letramento se estabelece
a partir dos conhecimentos já construídos pelos alunos, e trabalhando as
habilidades na tentativa de promover o desenvolvimento das aptidões
comunicativas.
19
Há na literatura acerca dessa temática duas grandes publicações que
contribuíram ainda mais para distinguir letramento de alfabetização, sendo a
primeira o livro “Letramento e alfabetização” e a segunda o livro “Os
significados do letramento: uma nova perspectiva sobre a prática social da
escrita”.
A primeira obra foi escrita por Leda V. Tfouni, publicada em 1995, na
qual a autora explica no prólogo como foi levada a usar o neologismo
letramento e para corroborar também com os estudos na área. A segunda
compreende uma coletânea de textos organizados pela escritora Ângela
Kleiman, em que diferentes aspectos do letramento são abordados.
Para kleiman (1995), o conceito de letramento começou a ser usado
nos meios acadêmicos como tentativa de separar os estudos sobre o impacto
social da escrita dos estudos sobre alfabetização, cujas conotações escolares
destacam as competências individuais no uso e na prática da escrita. A autora
acrescenta ainda que
Aos poucos, os estudos de letramento foram se alargando para descrever as condições de uso da escrita, a fim de determinar como e quais eram as condições de uso da escrita, a fim de determinar como e quais eram os efeitos das práticas de letramento em grupos minoritários, ou em sociedades não-industrializadas que começavam a integrar a escrita como uma tecnologia de comunicação dos grupos que sustentavam o poder (KLEIMAN, 1995, p. 16)
Diante do exposto, percebemos que os caminhos percorridos pelos
estudos de letramento leva-nos ao entendimento de que a alfabetização é um
segmento dentro do letramento, ou seja, ela integra-se como uma etapa do
letramento, o que não representa dizer que sujeitos não alfabetizados, sejam
iletrados.
As práticas específicas da escola, que forneciam o parâmetro de
prática social segundo a qual o letramento era definido, e segundo a qual os
sujeitos eram classificados ao longo da dicotomia alfabetizado ou não-
alfabetizado, passam a ser, em função dessa definição, apenas um tipo de
prática – de fato, dominante – que desenvolve alguns tipos de habilidades, mas
não outros, e que determina uma forma de utilizar o conhecimento sobre a
escrita (KLEIMAN, 1995, p. 19)
20
Assim sendo, observamos que no Brasil o educador Paulo Freire foi de
certa forma um pioneiro na compreensão do letramento ao afirmar que ao se
tornar alfabetizado, o sujeito teria um meio para tomar consciência da sua
realidade e de transformá-la. Dessa forma, para o referido educador,
letramento tanto poderia ser um meio para a libertação, como para a sua
domesticação, dependendo do contexto ideológico em que ocorre.
Para Tfouni (2010), o grande ganho advindo do surgimento das
pesquisas sobre o letramento está no fato de que finalmente passamos a
contar com um referencial diferente daquele do da psicologia e da sociologia e
assim:
Pôde-se começar a investigar alfabetizados e não-alfabetizados, escolarizados e não-escolarizados, através de uma visão que não leva mais em conta o ponto de vista individual ou socioeconômico, pois o foco passou a ser sobre as práticas de linguagem que circulam na sociedade, sejam elas dentro ou fora da escola. (TFOUNI, 2010, p. 218-219)
De acordo com Roxo (2009) o termo letramento busca recobrir os usos
e práticas sociais de linguagem que envolvem a escrita de uma ou de outra
maneira, sejam eles locais ou globais, recobrindo contextos sociais diversos
(família, igreja, trabalho, mídias, escola) numa perspectiva sociológica,
antropológica e sociocultural.
Nesse sentido, percebemos que o letramento está presente nas mais
diversas atividades que realizamos no decorrer do dia.
Street (1993) apud Roxo (2009), destaca que há dois enfoques de
letramento: o autônomo e o ideológico,
o enfoque autônomo vê o letramento em termos técnicos, tratando-o como independente do contexto social, uma variável autônoma cujas consequências para a sociedade e a cognição são derivadas de sua natureza intrínseca. Ao contrário desse enfoque, o ideológico vê as práticas de letramento indissoluvelmente ligadas às estruturas culturais e de poder da sociedade e reconhece a variedade de práticas culturais associadas à leitura e a escrita em diferentes contextos. (STREET, 1993 apud ROXO, 2009, p. 99)
Diante dos dois enfoques, observamos como o modelo ideológico
abarca as diversas práticas em que a escrita se presentifica. Assim, não
podemos mais, conceber o letramento em um contexto singular, mas múltiplo,
plural.
21
Nessa compreensão, o conceito de letramento passa a ser plural:
letramentos. Hamilton (2002, apud ROXO, 2009) destaca dois modelos de
letramento os dominantes e os vernaculares, mas não os vê como
independentes e sim interligados.
Os letramentos dominantes de acordo com a autora supracitada, estão
associados a organizações formais tais como a escola, as igrejas, o local de
trabalho, o sistema legal, o comércio, as burocracias. Já os letramentos
vernaculares, não são regulados, controlados ou sistematizados por
instituições ou organizações sociais, mas têm sua origem na vida cotidiana,
nas culturas locais.
Face a essas considerações, é oportuno também apresentar como são
caracterizados os eventos e as práticas de letramento. O evento de letramento,
de acordo com Marinho (2010), busca descrever uma situação de interação
mediada pelo texto escrito, enquanto as práticas de letramento buscam
estabelecer as relações desses eventos com algo mais amplo, numa dimensão
cultural e social,
Práticas de letramento, então não se referem a uma concepção cultural mais ampla de formas particulares de pensar e ler e de escrever em contextos culturais. Elas incluem os modelos sociais de letramento utilizados pelos participantes e os significados atribuídos aos eventos de letramento. O modelo alternativo ou modelo ideológico de letramento oferece uma perspectiva cultural mais sensível das práticas de letramento, que variam segundo os contextos sociais. O letramento é uma prática social, não simplesmente uma habilidade técnica e neutra. Trata-se de uma prática sustentada por princípios epistemológicos socialmente construídos. (MARINHO, 2010, p.78) grifos nossos.
Assim sendo, os eventos e práticas de letramento acontecem em
diversos espaços e contextos. A exemplo, podemos citar a sala de aula como
um ambiente em que esse fenômeno se presentifica, independente do
componente curricular.
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4.1 OLHARES PARA O LETRAMENTO ACADÊMICO
O ingresso no ensino superior é sem dúvida um passo de suma
importância, pois oportuniza ao jovem direcionamentos e os habilita por meio
de um processo de formação para atuarem no mercado de trabalho. Como
cada vez mais é crescente a estatística de graduandos bem jovens nas
universidades, recém concluintes do ensino médio, torna-se mais evidente
também as dificuldades desses discentes em lidarem com o texto acadêmico.
Dentre esses textos, estão as resenhas críticas, os fichamentos, os
ensaios, os resumos, gêneros que exigem conhecimentos e, especialmente, a
prática de leitura e escrita, o que nem sempre atinge o interesse dos jovens.
De acordo com Marinho (2010), os eventos de letramento que ocorrem
nas salas de aula da universidade constituem matéria-prima importante para se
compreender as práticas de letramento acadêmico,
a partir de observações e análise de práticas de leitura e de escrita, em contextos de formação de professores, algumas perguntas orientam esse debate: quem, para que e como se ensina o gênero acadêmico, em cursos superiores para a formação de professores? com que imagens ou representações mentais sobre a interação acadêmica os alunos lidam nos momentos de leitura e de escrita? como se constroem essas representações? quais são os conhecimentos prévios dos alunos sobre gêneros acadêmicos e em que medida são considerados ou ativados em situações de leitura e de escrita? que conhecimentos linguísticos e discursivos estão envolvidos na formação de habilidades e competências específicas dos gêneros acadêmicos, no campo da linguagem e da educação? (MARINHO, 2010, p.376)
Muitos são os questionamentos suscitados ao nos depararmos com a
escrita na academia. Eventos e práticas de letramento ocorrem a cada aula,
seminário, entre tantas outras atividades que envolvem a vida na universidade.
Para Cruz (2007), há que se ver que a preocupação com a produção
escrita do aluno universitário tem sido crescente nas últimas décadas tanto em
universidades estrangeiras como nacionais, visto que diagnósticos intuitivos
iniciais têm evidenciado que a produção acadêmica dos graduandos reflete
sérias dificuldades nos usos das formas linguísticas, na organização e na
composição textual.
23
Ainda conforme a autora supracitada, no desenvolvimento do
letramento acadêmico, as questões de escrita e de aprendizagem devem ser
consideradas mais do ponto de vista epistemológico e identitário, do que uma
questão de aquisição de habilidades ou de socialização acadêmica apenas,
visto que essas perspectivas não se excluem, tendo-se em vista que ao
estudante devem ser oferecidos instrumentos que lhe permitam transitar entre
elas de acordo com o contexto e com o objetivo da atividade.
Segundo Fischer e Pelander (2010), uma outra dimensão do
letramento em contexto acadêmico diz respeito ao letramento crítico que, em
certa medida, através da capacitação crítica para o uso dos letramentos
dominantes, concede “poder” aos sujeitos (GEE, 1999, p. 143)
Letramento crítico, na visão deste autor, é o controle do uso de um Discurso secundário, que pressupõe a utilização de metaconhecimento, a fim de melhor compreender, analisar e criticar. Discursos primários e/ou secundários e os modos como esses Discursos constituem os sujeitos letrados e os situam na sociedade. (GEE, 1999 apud FISCHER e PELANDER, 2010, p. 572-573).
Conforme podemos observar, o letramento acadêmico revigora-se na
medida em que o discente torna-se atuante de sua prática, ou melhor, sai da
passividade na escrita e adentra nos caminhos da criticidade, uma vez que
nem tudo que lemos é puramente verdadeiro, o que também requer que
tenhamos preocupação com a escrita, para não somente reproduzir discursos.
Para Hall (2002 apud Fischer e Pelander 2010) em um determinado
contexto social, tal como o acadêmico, o decisivo é compreender como o
sujeito se torna letrado, o que aprende e como aprende o que é importante,
essencial em contextos e práticas de leitura, escrita e oralidade, e como é
reconhecido seu potencial de letramento.
De acordo Kersch (2014), falar de letramento é, pois, falar de agir no
mundo, não de uma habilidade neutra ou de uma técnica aprendida pela
repetição, descolada da realidade e esvaziada de sentido. A universidade, seja
na formação inicial ou na continuada, é um espaço organizado por diversas
práticas sociais, em que professores e alunos, sujeitos letrados, mostram como
se relacionam com a escrita, assim, no âmbito dessas práticas, abre-se a
possibilidade de construir novas relações e, nas interações nesse domínio
social e discursivo, novas identidades são negociadas.
24
5. PRÁTICAS DE LETRAMENTO NA FORMAÇÃO INICIAL DE
PROFESSORES: ANÁLISES
Com vistas ao curso de Pedagogia a distância da UFRN – Polo Currais
Novos, direcionamo-nos nesse estudo para o que dizem os graduandos do ano
de 2014.1 do referido curso sobre as práticas de leitura e escrita vivenciadas
na academia, ou seja, o letramento acadêmico. Nesse contexto, buscaremos a
partir desse capítulo analisar quais as dificuldades dos discentes no tocante a
escrita acadêmica e quais as contribuições das disciplinas de linguagem para a
formação.
O acesso ao curso de Licenciatura em Pedagogia a distância na
UFRN, ocorre até o momento atual por meio do processo seletivo do vestibular,
o qual é realizado pela COMPERVE4, teve início no de 2012 com turmas em
vários municípios do estado do Rio Grande do Norte, conforme podemos
observar na figura 02.
Figura 02
Fonte: http://www.sedis.ufrn.br/index.php/module-positions/localizacoes
4 Núcleo Permanente de Concursos - UFRN
25
No polo de Currais Novos, lócus da nossa investigação, além do curso
supracitado em nível de licenciatura, tem também os cursos de Ciências
Biológicas, Matemática, Letras, Educação Física, Física, Química e História. E
a nível de Bacharelado dispõe do Curso de Administração Pública.
O grupo de alunos que colaborou com essa pesquisa faz parte da
turma que ingressou no curso de licenciatura em Pedagogia no ano de 2014.1
é e constituída por 43 (quarenta e três) alunos. Desse quantitativo, 26 (vinte e
seis) colaboraram com nossa pesquisa, uma vez que optamos por aplicar o
questionário informativo e a entrevista em um dia de encontro presencial no
polo. E nesse dia estavam presentes 26 (vinte e seis) alunos e todos após
tomar conhecimento de nossa pesquisa concordaram em colaborar.
A escolha dessa turma deve-se ao fato da maioria dos alunos estarem
cursando a primeira graduação, fato que a nosso ver, torna a investigação
ainda mais significativa, tendo em vista que esses alunos estão tendo contato
pela primeira vez com o letramento acadêmico.
Dos 26 colaboradores5, 22 estão na primeira graduação e apenas 04
são especialistas; apresentam uma faixa etária entre 20 e 45 anos. Com
relação a experiência na Educação Básica, 09 atuam e/ou já atuaram seja
como professores, auxiliares, ministrantes de cursos de formação para crianças
e adolescentes.
Como a turma ingressou no ano de 2014.1, estão nesse momento
cursando o 5º período, e dentre as disciplinas mais voltadas para a área da
linguagem já estudaram: Introdução aos Estudos da Linguagem, Alfabetização
e Letramento, Ensino da Língua Portuguesa I, Leitura, Interpretação e
Produção de textos.
No que diz respeito as práticas de escrita, ou melhor, as práticas de
letramento vivenciadas na academia, mais especificamente, nas disciplinas
relacionadas aos estudos da linguagem, os colaboradores citaram: relatórios,
artigos de opinião, artigos científicos, textos argumentativos, resenhas,
resumos, planos de aula, participação em fóruns, pesquisas de campo,
fichamentos, cartas argumentativas, sequências didáticas, reflexões críticas e
projetos pedagógicos.
5 Para uma maior organização dos dados, optamos por caracterizar nossos colaboradores utilizando os numerais. Dessa forma, temos colaborador 01, colaborador 02, colaborador 03 e assim sucessivamente.
26
De acordo com Barton e Hamilton (2000 apud Kersch 2014) o
letramento constitui um conjunto de práticas sociais que as pessoas são
capazes de executar e por essa razão, também está ligado a relações de poder
e à construção de identidades. Assim, se entendemos o letramento
acontecendo no âmbito de práticas sociais, podemos perceber com mais
clareza sua função e seu papel na constituição dos indivíduos e eles se
constituindo na e pela linguagem.
Concebendo o letramento nessa perspectiva, observamos que a escrita
acadêmica, por meio dos gêneros mencionados pelos colaboradores, conduz
os alunos a um processo de leitura atenta e crítica do texto. Tomando como
exemplo a produção de artigos de opinião e resenhas, em que não há como o
produtor se esquivar da tarefa de opinar, suas reflexões são imprescindíveis
para o texto.
Um ponto de suma importância que devemos considerar dentro dessa
linha de investigação, é o fato dos graduandos já terem conhecimento de
outras práticas de letramento, como as escolares, os famosos conhecimentos
prévios/ a leitura de mundo conforme o mestre Paulo Freire, e na universidade
são chamados a aprender um letramento especifico da área, que é o
acadêmico.
Evento esse, que no princípio gera muita ansiedade e sentimento de
incapacidade, mas a partir da vivencia com as práticas de escrita, orientações
precisas e consistentes, os discentes passam a terem mais segurança e
conseguem se inserir nas práticas de letramento acadêmico.
Corroborando com essa afirmação, Kersch (2014), pontua que cada
um de nós é desafiado quando está diante do novo, diante de um gênero
nunca produzido. É o que provavelmente acontece com os alunos, quando se
veem diante dessa tarefa. Assim,
Falta dar a quem produz textos – alunos e professores – as orientações adequadas e completas, acesso a vários textos do gênero, para que analisem, comparem, percebam a estrutura, a linguagem social da esfera em que esse gênero circula. Muitas vezes, falta trabalho efetivo com o gênero antes de chegar à produção.
(KERSCH, 2014, p. 62)
27
Fischer e Pelandré (2010), acrescentam que na produção escrita os
alunos têm a oportunidade de externar suas experiências, conhecimentos
prévios e atuais, sendo valorizados como corresponsáveis em práticas situadas
de linguagem, por mais sutis que pareçam ser as transformações.
5.1 CONTRIBUIÇÕES DAS DISCIPLINAS VOLTADAS PARA OS ESTUDOS
DA LINGUAGEM NO TOCANTE A FORMAÇÃO ACADÊMICA
Como vivemos em uma sociedade grafocêntrica, em que a escrita se
presentifica nas mais diversas formas de comunicação. Estudar a linguagem na
academia, torna-se imprescindível, uma vez que independente da área de
atuação, precisamos ter os conhecimentos linguísticos necessários para o
desenvolvimento satisfatório de nossas funções no mercado de trabalho.
Assim sendo, mesmo tendo ciência que o curso de Pedagogia em
termos curriculares é abrangente e que focaliza em maior escala as disciplinas
relacionadas as teorias educacionais, sabemos também que apresenta em sua
grade curricular, disciplinas voltadas para os estudos da linguagem
propriamente ditos, a saber: Leitura, Interpretação e Produção de textos;
Alfabetização e Letramento; Introdução aos estudos da linguagem; Teoria e
Prática da Literatura e Ensino de Língua Portuguesa I e II.E foi devido essas
disciplinas da linguagem que optamos por desenvolver a presente pesquisa.
A turma em análise, já cursou 2 (duas) e estão cursando outras 2
(duas) disciplinas no período atual (5º), em um quantitativo de 6 (seis)
disciplinas oferecidas no decorrer do curso, e ao serem questionados sobre as
contribuições dessas disciplinas para o letramento acadêmico, foram unanimes
ao afirmarem que as disciplinas colaboram de forma significativa para um
melhor desenvolvimento dentro das exigências da academia em um curso EaD.
Reforçando essas considerações, os colaboradores 01, 02 e 03,
afirmam que:
As contribuições são muitas, pois você aprende a fazer planos, projetos e ter um pensamento e isto está sendo muito rico tudo isto principalmente na minha vida profissional. (Colaborador 01) As disciplinas foram essenciais, pois possibilitaram conhecer as estratégias necessárias para a prática da leitura e escrita e para uma
28
alfabetização condizente com o contexto do aluno que vive numa sociedade grafocêntrica. (Colaborador 02) O estudo dessas disciplinas foram muito significativas para mim, pois sempre sente bastante dificuldade de produzir textos, e por meio dos conteúdos estudados, puder despertar-me para a escrita e para a leitura. Sei que ainda tenho muito a aprender, mas já me sinto bem mais segura. (Colaborador 03)
Conforme podemos observar nas falas dos colaboradores, muitas são
as contribuições das disciplinas, fato que torna a inserção desses componentes
curriculares indispensáveis no curso.
A experiência com as práticas de leitura e escrita possibilitam aos
graduandos um maior envolvimento com o texto acadêmico o que colaborará
no decorrer do curso com um maior desempenho em todas as disciplinas,
tendo em vista que não somente o professor de Ensino da Língua Portuguesa
I, é quem solicita a produção de um resumo, mas de qualquer disciplina, pois a
linguagem se presentifica em todas.
Diante disso, apresentamos o Gráfico 01 com os percentuais no
tocante as contribuições das disciplinas da linguagem para o letramento
acadêmico dos discentes.
Gráfico 01 – Contribuições das disciplinas da linguagem para o
letramento acadêmico
Fonte: Elaborado pela própria autora (2016)
29
Como é possível observar no gráfico acima, 46% dos discentes
entrevistados compreendem que as disciplinas colaboram com o
desenvolvimento e aprimoramento nas estratégias de escrita. O ato de
escrever textos, é uma tarefa minuciosa, exige conhecimentos e competências
que vão além das leituras de mundo trazidas pelos produtores. É preciso
conhecer bem o gênero a que se propõe a escrever, buscar aprimorar
competências linguísticas e discursivas, entre outras.
O letramento acadêmico, é entendido neste trabalho como “o processo
de desenvolvimento de habilidades e conhecimentos sobre as formas de
interagir com a escrita para os fins específicos desse domínio, sem, contudo,
desconsiderar, nessas interações com a escrita, a história de letramento dos
alunos” (OLIVEIRA, 2009 apud Lêdo, 2013, p. 58).
Com relação a segurança e aperfeiçoamento na produção escrita 15%
responderam que as disciplinas colaboraram, 12% relataram a possibilidade de
aproximação com o ensino da linguagem, 4% revelaram que as disciplinas
oportunizou a aproximação com a escrita, 4% evidenciaram que o letramento
acadêmico colabora com o empoderamento social e 19% não opinaram.
No que diz respeito a escrita como empoderamento social apontado
pelos colaboradores, percebemos que esses discentes veem a escrita como
uma oportunidade de emancipação do sujeito, sendo esse um dos grandes
objetivos do letramento, em que a escrita deve ser vista como uma prática
social e que tenha relevância/ significado/ utilidade para o produtor.
Complementando essa fala, temos o testemunho dos colaboradores 05
e 06:
As disciplinas são de suma importância não somente para a minha formação acadêmica, mas especialmente para o meu crescimento como ser social. (Colaborador 05) Contribui para minha formação profissional e como cidadã e ser social. (Colaborador 06).
Sobre esse aspecto, Street (2007) explica que quando nos envolvemos
em atividades diversas de práticas de letramento nos diversos ambientes
sociais, como por exemplo frequentar um curso, realizar algum trabalho,
frequentar uma igreja, estamos não somente lendo e escrevendo determinados
textos, mas sobretudo, assumindo ou negando as identidades associadas a
30
essas práticas, isso porque o que a pessoa é está vinculado às práticas de
letramento com que se envolve.
Lêdo (2013), acrescenta que o letramento acadêmico, então, se
manifesta em inter-relação complexa com as demais formas de letramento que
o estudante vivencia, no âmbito das práticas sociais de que participa ou
participou, na construção de sua própria identidade, visto que no contexto
acadêmico o aluno utiliza diversos conhecimentos pessoais adquiridos nas
diferentes esferas de atividades.
Dessa forma, as práticas de escrita vivenciadas na academia vão muito
além do que simplesmente ler e escrever. O processo de letramento
acadêmico, possibilita ao estudante reflexões sobre as formas de agir e pensar
na sociedade.
5.2 DIFICULDADES DOS DISCENTES NAS PRÁTICAS DE LETRAMENTO
ACADÊMICO
A universidade com sua versatilidade na proposta de ensino, bem
diferente do que comumente presenciamos na Educação Básica. Um olhar
voltado para o ensino, para a pesquisa e também a extensão conduz o
graduando a novas perspectivas e formas de aprendizagem. Essa mudança,
sem dúvida, atinge não somente na forma de entender a dinâmica da
academia, como também sobre as maneiras de como ler e escrever textos.
O letramento acadêmico, como já anunciado é um processo. Na
verdade, compreendemos de forma mais ampla que o termo processo sempre
está atrelado a quem ousa ensinar e aprender, uma vez que muito do que
estudamos e/ou ensinamos segue uma linha do incompleto, inconcluso,
inacabado. O que deve ser visto, dependendo da área de atuação, como
importante, pois só assim, estaremos sempre buscando o novo e também
sedimentando o que for significativo.
Em meio a essas considerações, apresentamos em percentuais o
Gráfico 02, o qual evidencia as dificuldades apontadas pelos discente sobre a
escrita acadêmica.
31
Gráfico 02- Dificuldades dos discentes sobre a escrita acadêmica
Fonte: Produzido pela própria autora (2016)
De acordo com o Gráfico apresentado, podemos observar que 65% dos
alunos entrevistados tiveram dificuldades com as práticas de escrita na
universidade, 12% não tiveram, 4% não responderam a questão e 19%
relataram que tiveram em alguns momentos.
Para os alunos que afirmaram ter dificuldades, muitas são as dúvidas no
que compete a produção escrita, dentre elas citam o pouco tempo que dispõem
para realizaram a tarefa, tendo em vista que são alunos de um curso a
distância e um dos motivos pela escolha do curso se deve ao fato de
trabalharem durante o dia.
As dificuldades mais evidenciadas pelos alunos são: o pouco tempo;
desconhecimento das regras da ABNT6; compreensão das tarefas solicitadas
(a falta de clareza); falta de leitura e/ou vivencia com a escrita; flexibilidade dos
professores, o que impede a realização de trabalhos mais aprimorados;
dúvidas não solucionadas; falta de suporte mais efetivo para as devidas
orientações das propostas solicitadas e, especialmente, destacaram o
interesse em receber o feedback das produções escritas, para assim, saberem
em que precisam estudar com mais intensidade.
Segundo os alunos, receber somente a nota, não responde de forma
suficiente se estão no caminho certo no tocante ao letramento acadêmico. É
6 Associação Brasileira de Normas Técnicas
32
preciso, assim como em cursos presenciais, receber as correções das provas,
dos trabalhos, enfim das diversas produções que realizam, pois se produziram
um artigo de opinião com peso 10,0 e receberam uma nota 7,0, por exemplo,
qual o motivo dessa nota? Quais as falhas, foram de natureza organizacional,
ortográfica, coesiva, argumentativa, estrutural? Esses questionamentos, ficam,
conforme os alunos entrevistados, sem respostas.
Corroborando com o exposto, temos os depoimentos dos colaboradores
03, 08, 15:
Nem sempre a dúvida é solucionada, as vezes falta uma resposta mais clara e objetiva, com exemplos mais próximos que possam trabalhar essa dificuldade. (Colaborador 03)
Muitas vezes não há feedback dos professores, dessas produções realizadas, temos apenas uma nota, quando vale, como avaliação do que fizemos. (Colaborador 08) Na maioria das vezes muitos professores não nos dão o retorno necessário e também muitas vezes não nos compreendem quando precisamos de compreensão. (Colaborador 15)
Nesse contexto, Kersch (2014), enfatiza que o desenvolvimento do
letramento acadêmico é uma caminhada longa e difícil para todos que se
envolvem nessas práticas. Ler gêneros acadêmicos requer alguma habilidade
e, escrever, requer outras tantas que o professor (aluno) pode não ter tido a
oportunidade ainda de desenvolver.
Assim, é de suma importância os famosos feebacks mencionados
pelos alunos, tendo em vista que no processo de escrita, independente do
gênero, o olhar do leitor experiente colabora substancialmente com a condução
de textos mais aprimorados, centrados, coesos, coerentes, que atendam ao
propósito comunicativo solicitado de forma exitosa.
33
5.3 SUGESTÕES DOS DISCENTES PARA O APRIMORAMENTO DO
DESEMPENHO ACADÊMICO
A vivencia na academia, mais especificadamente, uma academia
virtual, uma vez que a sala de aula se presentifica por meio da plataforma
moodle, com acesso por meio da página da SEDIS, no qual apresenta as
disciplinas semestrais, como espaços de apoio, orientações, sugestões de
leituras, biblioteca virtual, ambientes para envio de atividades, fóruns, dentre
outros, possibilita aos discentes conhecerem e direcionarem o olhar para o
contexto que circundam.
Assim sendo, passam do processo inicial de encontro com o novo e já
apresentam traços de emancipação, de autonomia, de sujeitos ativos e
preocupados com a formação universitária.
Nesse sentido, temos como evidencias desse processo, as propostas
de sugestões apresentadas na entrevista com os alunos, entre elas estão: a
necessidade de maior apoio dos professores; maior flexibilidade nos encontros
presenciais, com olhar para o trabalho dos alunos; aumentar o número de
aulas presenciais; fóruns semanais para todas as disciplinas; avaliação com
feedback em todas as disciplinas; aumento das disciplinas de natureza prática;
retorno frequente das dúvidas e em tempo curto, para evitar o distanciamento
do aluno e todo semestre o professor de cada disciplina vir ao polo para fazer
uma revisão geral sobre todos os assuntos estudados.
34
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nos propomos nessa pesquisa, investigar as contribuições das
disciplinas voltadas para a linguagem na formação dos graduandos (turma do
5º período do Curso de Licenciatura em Pedagogia a distância – UFRN –
Grupo de alunos do Polo Currais Novos) no que compete ao letramento
acadêmico e também quais as maiores dificuldades dos alunos com relação as
práticas de escrita na universidade.
Ao nosso ver, conseguimos atender aos objetivos propostos, uma vez
que foi possível analisar e descrever por meio das falas dos colaboradores
suas concepções, anseios e dificuldades sobre as práticas de letramento na
academia.
De acordo com os alunos colaboradores, são notórias as contribuições
das disciplinas da linguagem, uma vez que possibilitam ao aluno/aprendiz um
envolvimento maior com as práticas de escrita, o que oportuniza um melhor
desempenho em todos os componentes curriculares. Dentre as contribuições,
os graduandos colaboradores mencionam: desenvolvimento e aprimoramento
com as estratégias de escrita, maior segurança com a produção escrita,
aproximação com a escrita, conhecimento sobre o ensino da linguagem e a
escrita como uma ferramenta de empoderamento social.
Segundo Lêdo (2013) ao ser inserido efetivamente nas práticas de
letramento do contexto acadêmico, o aluno vai sendo familiarizado não
somente com as formas de ler e escrever, mas também com as maneiras de
pensar, agir e compreender dessa comunidade, de forma a se adequar às
exigências de sua audiência ou da situação comunicativa específica, com o
modo como se constituem os diferentes campos do conhecimento, as
diferentes disciplinas, os diferentes professores e os diferentes gêneros com os
quais os estudantes lidam e através dos quais eles se movem.
O mestre Paulo Freire (2007) afirma que aprender é construir,
constatar para mudar, o que não se faz sem abertura ao risco e à aventura do
espírito. Nessa perceptiva, ocorre o processo de escrita, é preciso construir e
buscar abrir-se ao novo, a novas práticas e novos letramentos. O caminho é
árido, pois muitos graduandos saem da Educação Básica, sem a devida
35
formação. E isso, torna a escrita na universidade, especialmente nos primeiros
semestres, mais difícil.
A respeito das dificuldades encontradas pelos discentes no tocante ao
letramento acadêmico, relataram: o pouco tempo para dedicação aos estudos,
desconhecimento sobre as regras da ABNT, dúvidas não solucionadas, falta de
clareza nas atividades solicitadas, a falta de disciplina para o estudo, falta de
leitura e prática com a escrita, pouco feedback dos professores, entre outros.
Diante desses apontamentos supracitados, observamos as
inquietações dos alunos quanto ao processo de escrita sem o conhecimento do
gênero, o propósito, os aspectos estruturais e organizacionais e o devido
acompanhamento pelos professores.
O anseio pelo feedback, evidencia uma concepção de estudo pelos
colaboradores, que não quer apenas cumprir com as exigências e obter a
aprovação na disciplina. Os graduandos, apresentam o desejo de retorno dos
trabalhos para saberem onde estão acertando e cometendo equívocos ao
produzirem os gêneros solicitados, ao responderem as provas presenciais.
Fato esse, que demonstra a real vontade de aprender.
Colaborando com essa afirmação, Freire (2007) destaca que o
processo de aprender pode deflagrar no aprendiz uma curiosidade crescente
que pode torná-lo mais e mais criador.
Por fim, gostaríamos de destacar que nosso objetivo não foi de levar o
estudo a exaustão, ao contrário, percebemos que há muitas ramificações a
serem exploradas quando se trata do letramento acadêmico na EaD.
36
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STREET, B. Perspectivas interculturais sobre o letramento. Revista de Filologia e Linguística Portuguesa da Universidade de São Paulo. n. 8, p. 465-488, 2007. TFOUNI, Leda Verdiani (Org). Letramento, escrita e leitura: questões contemporâneas, São Paulo: Mercado das Letras, 2010. TFOUNI, Leda Verdiani. Adultos não-alfabetizados em uma sociedade letrada. Edição revisada. São Paulo: Cortez, 2006. VIDAL, Eloísa Maia; MAIA, José Everardo Bessa. Introdução à Educação a Distância, 2010. Disponível em <www.fe.unb.br/catedraunescoead/areas/...de.../introducao-a-educacao-a-distancia.> Acesso em 15 de mai de 2016.
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APÊNDICE
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QUESTIONÁRIO/ENTREVISTA PARA GERAÇÃO DE DADOS
PERFIL E FORMAÇÃO DO GRADUANDO (A):
01- Dados iniciais:
a) Idade:__________________
b) Sexo:__________________
c) Curso:_________________
d) Período:________________
e) Escolaridade:_____________________________________________________
f) Tem experiência na Educação Básica? SIM ( ) NÃO ( )
_____________________________________________________________________________
g) Quais as disciplinas voltadas para os estudos da linguagem você já cursou?
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
02- No que diz respeito às disciplinas relacionadas à linguagem, quais as práticas de leitura e
escrita vivenciadas por você na academia?
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_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
03- Quais as contribuições dessas disciplinas para sua formação acadêmica?
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
04- Quais os gêneros textuais/discursivos estudados com maior recorrência nessas disciplinas
estudadas?
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
05- Enquanto graduando (a) em formação, você tem dificuldades no que competem as atividades
que envolvem leitura e escrita acadêmica?
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
____________________________________
06- O fato de ser um curso a distância aumenta essas dificuldades? Por quê?
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_____________________________________________________________________________
07- Diante de suas vivencias enquanto graduando (a) de um curso superior à distância, gostaria
de apresentar sugestões de mudanças que compreenda ser necessária para um melhor
desempenho acadêmico?
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
SECRETARIA DE ENSINO À DISTÂNCIA
CURSO DE PEDAGOGIA – TURMA 2012.2
ALUNA PESQUISADORA: Raimunda Valquíria de Carvalho Santos
PROFESSOR ORIENTADOR: Manoel Tavares
PROJETO DE INVESTIGAÇÃO
Letramento do professor em formação inicial do Curso de Pedagogia a distância da UFRN
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