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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
COMUNICAÇÃO SOCIAL – JORNALISMO
Bruno Camargos
Ecio Santos
Estevão Germano
Gabriel Ortiz Carrasco
Matheus de Castro
Rafael Miguel
Mineirão 50 – A construção de uma história
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Belo Horizonte
2015
Bruno Camargos
Ecio Santos
Estevão Germano
Gabriel Ortiz Carrasco
Matheus de Castro
Rafael Miguel
Mineirão 50 - A construção de uma história
Trabalho apresentado para a banca
examinadora da Universidade Federal de
Minas Gerais como requisito para a obtenção
da graduação no Curso de Comunicação
Social – Jornalismo.
Orientador: Prof. Delfim Afonso Junior
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Belo Horizonte
2015
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.............................................................................................................5
2. JUSTIFICATIVA...........................................................................................................6
3. OBJETIVOS...................................................................................................................7
4. METODOLOGIA...........................................................................................................8
4.1. FORMATO..............................................................................................................12
4.2.1. ENTREVISTAS....................................................................................................12
4.2.2. PAUTAS...............................................................................................................14
4.2.3. ROTEIRO.............................................................................................................14
5. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA-CONCEITUAL.....................................................22
5.1. REFERENCIAL TEÓRICO..................................................................................22
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................26
REFERÊNCIAS.................................................................................................................28
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INTRODUÇÃO
O objetivo deste relatório é expor como foi a realização do Projeto de Conclusão de
Curso em Comunicação Social, na Universidade Federal de Minas Gerais, intitulado
“Mineirão 50 – A construção de uma história”. Assim, também utilizaremos este documento
para contar de forma direta e objetiva como foi o processo de produção e os passos que
levaram à conclusão do radiodocumentário. É importante frisar que a nomenclatura do
trabalho como um todo e do radiodocumentário são diferentes. A identificação sonora usada
nas vinhetas do programa é “Mineirão 50 – A construção do futebol mineiro”.
Como já era esperado, tivemos alguns percalços durante o percurso já decorrido.
Alguns pontos foram novamente planejados em relação ao projeto inicial, embora as
mudanças que ocorreram nesse sentido não tenham sido significativas no objetivo geral do
trabalho. Algumas delas serão expostas neste relatório, a fim de situar a nossa caminhada ao
longo do ano.
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2. JUSTIFICATIVA
A escolha do Estádio Magalhães Pinto como tema do trabalho de conclusão de curso
se deve ao aniversário de 50 anos que o Mineirão comemorou no dia 5 de setembro de 2015.
Além disso, outra razão é a paixão dos integrantes do grupo pelo futebol. Em todo o
momento, o nosso envolvimento com o esporte nos guiou, pelo fato de o “Gigante da
Pampulha” fazer parte de nossas vidas. Mais do que um trabalho, foi uma verdadeira
homenagem que o grupo realizou ao Mineirão. Traçado o tema, foi o momento de escolher
qual o dispositivo comunicacional e depois qual o formato para sua apresentação.
O rádio foi o escolhido por ser um veículo sempre muito ligado ao futebol e um dos
principais propagadores do esporte pelo Brasil. Além disso, o rádio mineiro esteve em todos
os momentos do Mineirão, mesmo ainda antes de sua inauguração. Além da homenagem ao
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estádio, o trabalho também visa a mostrar um pouco do trabalho do rádio mineiro no futebol
ao longo dos últimos 50 anos. A escolha pelo radiodocumentário também se deve pela
disponibilidade técnica. Após julgamento do grupo, uma produção radiofônica foi
considerada aquela que os membros teriam disponíveis as ferramentas e também o
conhecimento necessário para sua produção.
3. OBJETIVOS
● Aprendizado sobre a produção radiofônica, bem como edição, entrevistas e construção
de sonora;
● Pesquisa histórica sobre o Mineirão;
● Averiguação da influência que o estádio representa para Belo Horizonte, Minas Gerais
e para a sociedade em geral;
● Desvelar como se deu o processo de aprovação e construção do estádio em Belo
Horizonte;
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● Resgatar uma pequena parte de radialistas que cobriram o futebol mineiro nos últimos
50 anos;
● Contar um pouco das histórias de diversos personagens que participaram da história
do Mineirão;
● Explicar as mudanças que o estádio trouxe não só para o futebol mineiro, mas também
para as torcidas dos clubes da capital;
● Cumprir os requisitos de um radiodocumentário;
● Produzir um programa que se encaixe ao estilo da Rádio UFMG Educativa;
4. METODOLOGIA
A produção do radiodocumentário foi um desafio proposto para que nos
ambientássemos aos métodos que permitiram que o estudo dos 50 anos do Mineirão fosse
realizado de uma maneira que honrasse a grande história construída por esse monumento
mineiro durante o período. Buscamos, então, trabalhar com datas importantes, aspectos
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histórico-culturais de grande porte, que tratassem desde a construção do Gigante da
Pampulha, perpassando pelos momentos de glória das quais foi anfitrião, às mudanças em sua
estrutura e as reais significâncias para o estado de Minas Gerais e para o contexto esportivo e
social, mineiro e nacional. Contudo, é claro que, ao longo de 50 anos, não foram só de
alegrias que o futebol mineiro viveu no estádio. As derrotas dos clubes de Belo Horizonte e o
fatídico “7 x 1” na Copa do Mundo de 2014 também foram abordados no trabalho.
Para a construção do trabalho foram definidos quatro eixos principais: 1) o processo de
aprovação do estádio, a construção e o jogo inaugural; 2) os personagens que marcaram os 50
anos do estádio, sejam eles jogadores, músicos, funcionários ou radialistas; 3) os torcedores;
4) a reforma para a Copa do Mundo de 2014 e o próprio Mundial.
Para os quatro eixos, buscamos fontes que nos fornecessem um material respeitável, a
fim de tornar a realização do trabalho, além de montar uma espécie de “lista do que fazer”,
que envolvia visita ao Museu Brasileiro do Futebol – que se encontra no Mineirão -, procura
de fontes e pessoas que pudessem contribuir, de alguma forma, para a coleta de material para
posterior produção; tudo isso levando em consideração a transição temporal à qual o Mineirão
foi e ainda será submetido. Procuramos observar as nuances pormenorizadas dessa transição,
tendo em vista que o estádio não é somente uma estrutura física e complexa, que recebe
eventos, mas algo que se tornou um símbolo histórico esportivo, que sobreviveu a cinco
décadas e continua contando. Começamos, portanto, observando aspectos da construção e
entrevistando pessoas que estiveram presentes ao longo da história do Mineirão ou que
pesquisaram e publicaram acerca do tema. Uma importante referência é ressaltar que houve
produção de conhecimento sobre o Mineirão, e nos utilizamos dela de forma a complementar
a produção cultural sobre um monumento esportivo que é referência para os mineiros.
A produção radiofônica foi um desafio desde o início, mas, principalmente, nos foi
exigida uma ambientação aos métodos. Com o propósito de reconhecer as variedades sociais
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dentro do público que mais frequenta o estádio, o grupo participou de eventos no Mineirão
para estabelecer, sob a ótica de cada integrante, seu próprio relato a respeito de um mesmo
acontecimento. Por exemplo, o integrante Rafael Miguel, que trabalha na Rádio UFMG
Educativa, teve a oportunidade de acompanhar jogos de futebol no estádio e fornecer sua
perspectiva das diferentes classes sociais que permeiam o local de onde ele assiste ao
espetáculo. O integrante Estevão, por sua vez, trabalha na Francis Melo Assessoria e Gestão
Esportiva e pôde dar a visão de alguém que acompanha como seu cliente lida com a própria
situação. Dessa forma, cada membro pôde dar sua contribuição de um mesmo evento
testemunhado através de diversos pontos de vista e, depois, buscar um ponto de articulação de
todas as impressões. Foi usada também a percepção de outras pessoas de fora do grupo para
contribuir para a formação desse padrão que buscamos estabelecer, do que conseguimos
perceber de toda a movimentação social que envolve o estádio e como isso influencia para
que se tornasse o que é hoje para seu público. Os convidados foram definidos pelo grupo,
sendo esses de perfil bastante amplo e estendendo-se a jornalistas, jogadores, amigos,
familiares e outros que participaram dos eventos.
Para a coleta desses dados, usamos técnicas de abordagem pessoal, com entrevistas
presenciais, considerando que o grupo construiu, ao longo dos estágios feitos durante o curso,
uma rede de contatos sobre o tema que nos serviu de base quando necessário. Para as
entrevistas que não puderam ser feitas de forma presencial, o grupo buscou outras formas de
contato, como telefone, e-mail e até mesmo as redes sociais para colher os depoimentos. O
rádio apresenta essa facilidade, que é a possibilidade de gravar as entrevistas por meio do
telefone.
A escolha do radiodocumentário teve como objetivo prever uma relação de
proximidade entre a história do Mineirão e o futebol, uma vez que o esporte contribui de
diversas maneiras para a cidade de Belo Horizonte. O rádio é um dos meios de comunicação a
partir do qual a emoção é trabalhada como um de seus pilares, pois entendemos que, para
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suprir a possível falta do sentido visual do acontecimento, a forma emocionada e as técnicas
de narrar o que acontece deixam o ouvinte com uma sensação de algo a mais e logo se
preenche a lacuna da necessidade de ver o que se ouve para compreender detalhadamente.
Para termos uma melhor compreensão de como se dá tal relação de proximidade,
participamos da transmissão de alguns programas radiofônicos in loco. A princípio,
acompanhamos a produção de programas da Rádio UFMG Educativa pela óbvia facilidade de
acesso que tivemos, mas também procuramos visitar outras rádios, como Itatiaia e contamos
com a participação de vozes consagradas de personagens do circuito jornalístico de Belo
Horizonte, como Alberto Rodrigues e Osvaldo Reis. Em nosso radiodocumentário, eles deram
suas impressões, pois são pessoas que estão no ofício há muitos anos e já participaram de
diversas situações que colaboraram para a resolução dos nossos questionamentos nesse
quesito de nossa pesquisa.
Com o estudo dos 50 anos do Estádio Governador Magalhães Pinto, estabelecemos
pontos que achamos mais importantes na construção da história do Mineirão, como momentos
de transição e modificações no local, que, ao longo dos anos, repercutiram de alguma maneira
no público. O parâmetro do que é importante ou não foi determinado pelos integrantes do
grupo com base na relevância dos acontecimentos do Mineirão. Esse parâmetro também
definiu o que entrou na edição final do radiodocumentário, principalmente em relação aos
acontecimentos do cenário futebolístico mineiro e nacional. Personagens marcantes,
personagens conhecidos e desconhecidos, jornalistas e outros que possuíam alguma
identificação com o estádio contaram suas histórias e contribuíram para que delimitássemos
melhor o grau de importância do Gigante da Pampulha para os públicos que atinge.
O “novo Mineirão” e toda repercussão que ele trouxe tiveram um foco específico na
parte de transformações do estádio e da cidade e, consequentemente, em nosso projeto. Isso
ocorrera devido à grande ênfase que a Copa do Mundo e as reformas do estádio geraram para
o circuito futebolístico e social de Belo Horizonte e do Brasil em determinados aspectos.
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Nessa etapa, usamos a repercussão midiática do período anterior, simultâneo e posterior às
obras e à Copa. Além disso, buscamos relatos e entrevistas com personagens fundamentais
para os trâmites legais e necessários para que essa mudança acontecesse – sem deixar de lado
as impressões de figuras importantes do jornalismo mineiro e que têm destaque no cenário do
próprio Mineirão.
Quanto à produção radiofônica do material proposto pelo grupo, foram estabelecidos
quais os responsáveis pelas marcações e realizações das entrevistas, apuração, produção das
pautas e do roteiro do documentário. Posteriormente, determinamos quais os responsáveis
pela locução e finalmente a edição e finalização do programa.
No que tange a equipamentos e recursos, alguns instrumentos usados eram dos
próprios membros do grupo e outros cedidos pela Rádio UFMG Educativa. Para a gravação
das entrevistas, foram utilizados dois equipamentos diferentes. Para a coleta de entrevistas
presenciais, foi usado um gravador digital da marca Sony. Já as entrevistas realizadas por
telefone foram feitas na Rádio UFMG com a hibrida, equipamento que serviu para gravar
ligações telefônicas. A gravação dos locutores do programa também foi desempenhada na
emissora da universidade, utilizando o estúdio da rádio. Os apresentadores são Michele Bruck
e Rafael Miguel. O grupo escolheu alternar entre vozes feminina e masculina a fim de dar
maior “colorido” ao radiodocumentário, tornando-se um produto mais agradável de ser
ouvido. Já para edições, foram todas realizadas com recursos dos próprios membros do grupo,
além de dois programas de computadores para o mesmo fim: o Sound Forge foi o software
usado para “cortar” as entrevistas e selecionar quais sonoras seriam utilizadas, além de ser o
responsável por equalizar o som e adequá-lo de maneira correta. Já a montagem do programa
foi feita com o programa Sony Vegas, através do qual foram inseridas as locuções, sonoras,
vinhetas, trilhas sonoras e todos os recursos que compõem o radiodocumentário.
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Por fim, será definido o local onde transmitiremos o nosso produto de pesquisa. Há
uma grande possibilidade de que seja transmitido na própria Rádio UFMG Educativa. Caso
exista outra oportunidade em mais algum veículo comunicacional diferente, analisaremos com
cuidado as melhores opções.
Abaixo, colocamos o cronograma do trabalho executado durante o ano, além do
roteiro:
CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO DO TRABALHO
1º TRIMESTRE Dedicamos o primeiro trimestre do ano de 2015 a finalizar o referencial teórico,
que já estava bem estruturado, buscando as primeiras fontes de entrevista,
montando, em conjunto com o professor que nos orientou, as primeiras versões
da pauta e do roteiro do radiodocumentário.
2º TRIMESTRE O segundo trimestre foi de início da coletas das entrevistas, realizadas, em sua
maioria, pelo integrante Rafael Miguel, principalmente no que tangia figuras
importantes que, de alguma maneira, fizeram história dentro do contexto dos 50
anos do Mineirão.
3º TRIMESTRE Continuação da coleta das entrevistas e separação do material já adquirido, bem
como início da montagem do programa. Montagem do roteiro da parte dos
locutores. Finalização da parte teórica.
4º TRIMESTRE Junção e edição final do rádio documentário, adequando às proposições do
orientador e delimitando as entrevistas de acordo com a proposta; últimas
correções na parte teórica. Entrega do TCC e apresentação perante a banca
examinadora.
4.1. FORMATO
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Uma vez escolhido o radiodocumentário, foi definida a divisão de blocos e assuntos
dentro do programa: um trabalho com uma hora de duração, somados aos possíveis intervalos,
já dividido em quatro blocos com tempo previsto de treze minutos cada. Esse modelo foi
estabelecido ainda no semestre passado e não sofreu alterações:
ROTEIRO DO RÁDIO DOCUMENTÁRIO
Tempo de programa Uma hora
Blocos Quatro blocos de 14 minutos, com três intervalos de um minuto
(um minuto reservado para margem de erro), nos quais foram
introduzidos os contextos do Mineirão, bem como apresentadas as
entrevistas produzidas para o programa.
Locução Dois locutores se revezam com o mínimo de interferência, apenas
introduzindo os assuntos e anunciando os personagens do
rádiodocumentário.
Ambientação sonora Quatro vinhetas: abertura do programa, começo de bloco, fim de
bloco e fim do programa. Foi usado um BG padrão durante as falas
dos locutores.
4.2.1. ENTREVISTAS
A preocupação principal do grupo foi de como seria contada a história do estádio
dentro de um radiodocumentário. A primeira escolha foi pelo método de coleta de entrevistas
de pessoas importantes, que funcionassem como suporte à nossa missão. Para isso, debatemos
sobre pessoas renomadas e que, de alguma maneira, fazem parte da história pública do
estádio. Assim, a cada nome que fosse decidido buscar para fazer parte do nosso produto,
também veio junto uma justificativa em que ficasse clara a razão da escolha do tal. Por
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exemplo: o ex-jogador do Atlético, Buglê, foi um dos primeiros nomes a surgir para ser
entrevistado, visto que foi dele o primeiro gol marcado dentro do Mineirão. Além dos nomes
consagrados, o grupo teve a preocupação de buscar personagens que não são tão conhecidos,
ou que, mesmo famosos, não aparecem tanto na grande mídia, como é o caso do ex-jogador
Tostão. As entrevistas foram feitas de duas maneiras: presencial ou por telefone.
Segue abaixo a tabela criada para catalogar nossa fonte:
Entrevistado Razão
Willy Gonzer e Alberto Rodrigues Locutores esportivos
André Schetino Autor da tese “Os gigantes e as multidões –
estádio e cultura esportiva em Belo Horizonte.”
Emanuel Carneiro Dono da Itatiaia, conviveu a vida toda com o
Mineirão. A Itatiaia narrou ao vivo a última pá
de cal do estádio
José França Trabalhou na obra de construção e hoje atua no
Museu do estádio
Buglê Fez o primeiro gol do estádio
Larissa Rodrigues, Raphael
Jhonatan, Filipe Elias, Felipe
Assumpção e Maíra Souto.
Torcedores do futebol mineiro
Otávio Goes Gerente técnico da Minas Arena
Tião Martins Autor do livro “BH a cidade de cada um" – Tião
Martins.
Tostão, Palhinha, Alex,
Maldonado, Ruy Cabeção, Fábio
Evaldo, Procópio Cardoso, Zé
Carlos, Boiadeiro e Nelinho.
Ex ou atuais jogadores do futebol mineiro
Gilvan de Pinho Tavares Presidente do Cruzeiro
Samuel Rosa Vocalista do Skank
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Luiz Fernando Freitas e Pollyana
Andrade
Locutor oficial do Mineirão na Copa do Mundo
2014 e locutora oficial do Mineirão.
Georgino Neto Doutorando em Estudos do Lazer (que foca nas
torcidas e história do Mineirão)
Salvador Trabalha no Mineirão há 49 anos. Hoje é
maqueiro.
Guilherme Guimarães Jornalista e esteve no “7x1” no Mineirão.
A maioria das marcações foi feita de forma direta e com excelente aceitação do
entrevistado. Optamos por coletar o maior número de relatos nesse momento, afinal são a
partir deles que começaremos, de fato, o enquadramento das falas dentro dos assuntos
escolhidos, assim como a escolha das histórias. É importante citar que alguns eventos
ocorridos tiveram participação direta na realização dessa etapa. Por exemplo: no mês de
junho, ocorreu a despedida do ex-jogador Alex no Mineirão, algo que reuniu muitos ex-atletas
que participaram de forma ativa no estádio. Na celebração, foram coletados vários relatos com
diferentes personalidades que estiveram presentes.
Devido ao grande número de entrevistados e o tempo limitado do radiodocumentário,
alguns personagens acabaram ficando de fora da edição final. Pela quantidade e volume das
entrevistas realizadas, foi preciso que cada relato fosse mapeado num trabalho, separando as
perguntas por tema. À medida que cada entrevista foi realizada, outro membro do grupo
ficava responsável por mapeá-la e decupá-la, a fim de facilitar a edição do projeto final.
4.2.2. PAUTAS
Ao fazermos uma marcação, já era sabido qual a importância que o personagem teria
dentro do nosso tema. Dessa forma, para cada um dos entrevistados, também foi montada uma
pequena pauta, na qual haveria a apresentação do sujeito, assim como alguns pontos guias
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para a composição de perguntas, o que variou muito conforme as respostas concedidas
durante os relatos. De maneira geral, foram feitas entre quatro a seis perguntas por
entrevistado, com duração média de cinco minutos. Porém, houve algumas exceções, como a
do radialista Emanuel Carneiro, cuja história pessoal e profissional está totalmente interligada
ao estádio e cujos relatos podem aparecer em qualquer tema do rádiodocumentário. Sua
entrevista durou mais trinta minutos devido à sua importância.
4.2.3. ROTEIRO
Bloco 1 – Construção, primeiro jogo e início do Mineirão.
VH ABERTURA
SONORA 1 – Pollyana Andrade - Boas-vindas ao Mineirão – 30”
Narrador 1 – Símbolo de uma cidade que respira o futebol, seu próprio nome já carrega a
mineiridade.
Narrador 2 – Há 50 anos o estádio Governador Magalhães Pinto é o encontro das torcidas,
palco de espetáculos e, acima de tudo, um marco cultural de todos os mineiros.
N1 – Inaugurado no dia 5 de setembro de 1965 ainda com o nome de Estádio Minas Gerais, a
ideia de construir um grande campo de futebol na capital mineira surgiu muito antes - ainda
na década de 50.
N2 – Autor do livro “BH a cidade de cada um – Mineirão”, Tião Martins.
SONORA 2 – Tião Martins – Pontapé inicial – 1’10’’
N1 – Doutorando em Estudos do Lazer e membro do GEFuT, Grupo de Estudos sobre
Futebol e Torcidas da Escola de Educação Física da UFMG, Georgino Neto.
SONORA 3 – GINO – Sentimento de rivalizar – 57’’
N2 – Entre os vários personagens marcantes para a concepção do Mineirão, um deles foi
essencial: o engenheiro Gil César Moreira de Abreu.
N1 - Autor do livro “BH a cidade de cada um – Mineirão”, Tião Martins.
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SONORA 4 – Tião Martins – Gil César – 47’’
N2 – O início das tratativas para a construção do estádio começou no fim dos anos 50, sob o
governo de Bias Fortes.
N1 – O engenheiro Gil César Moreira de Abreu, o presidente da Federação Mineira da época,
Benedito Adane de Carvalho e o deputado estadual Jorge Carone foram os responsáveis por
conseguir a aprovação do projeto do Mineirão. Começava de vez a história do Gigante da
Pampulha. Dessa forma, era o momento de definir onde seria construído o estádio.
N1 - Autor do livro “BH a cidade de cada um – Mineirão”, Tião Martins.
SONORA 5 – Tião Martins – Espaço na UFMG – 1’
N2 – Já sob o governo de Magalhães Pinto, o início das obras ocorreu sob muitos problemas
financeiros, e a construção andava a passos lentos.
N1 – Autor da tese “Os gigantes e as multidões – estádio e cultura esportiva em Belo
Horizonte”, André Schetino.
SONORA 5B – André Schetino – 28’’
N1 – Presente nos 50 anos do estádio, um funcionário das obras se lembra muito bem daquele
tempo. Em 1961, Seu José França chegava para ser um dos primeiros dos mais de 3 mil
empregados da construção.
N2 – Funcionário do Mineirão há mais de 50 anos e hoje atendente no Museu do estádio, José
França.
SONORA 6 – Seu França – Obras – 57’
N1 – Em 1965, as obras foram chegando ao fim, e o Mineirão estava quase pronto para ser
inaugurado.
N2 – O rádio mineiro esteve presente em todos os momentos da história do estádio e, durante
as obras, não foi diferente. A Rádio Itatiaia acompanhou todo o processo de construção do
estádio e registrou um fato marcante a um mês da inauguração do Mineirão.
N1 – Presidente da Rádio Itatiaia, Emanuel Carneiro.
SONORA 7 – Emanuel Carneiro – Última pá de cimento – 41’
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N2 – O responsável por fazer a primeira transmissão de rádio do Mineirão foi o locutor
esportivo da Itatiaia, Alberto Rodrigues.
SONORA 8 – Alberto Rodrigues - Primeira transmissão – 18’
N1 – No dia 5 de setembro de 1965, estava tudo pronto para a bola rolar no estádio, ou quase.
N2 - Funcionário do Mineirão há mais de 50 anos e hoje atendente no Museu do estádio, José
França.
SONORA 9 – Seu França – 27’
N1 – No dia 5 de setembro, as comemorações começaram às nove horas da manhã. Tiros de
canhões, provas de atletismo, exibição de cães adestrados e a banda da polícia militar – fora
alguns dos eventos que marcaram a festa.
N2 – Seleção Mineira x River Plate da Argentina foi o jogo inaugural do estádio. O gol da
vitória da Seleção Mineira foi marcado por Buglê. Na época jogador do Atlético, o atacante
foi o responsável por balançar as redes do Mineirão pela primeira vez na história.
N1 – Narrador do primeiro gol do Gigante da Pampulha, Alberto Rodrigues relembra o lance.
SONORA 10 – Alberto Rodrigues – 20’’
N2 – O autor do primeiro gol do Mineirão, Buglê, também relembra.
SONORA 11 – Buglê – 26’’
ENTRA MÚSICA
VH SAÍDA DE BLOCO
Bloco 2 – Aqueles que fizeram o Mineirão, funcionários, ex e atuais jogadores e jornalistas.
VH COMEÇO DE BLOCO
N1 – Em seus 50 anos, muitos foram os personagens que ajudaram a construir a história do
Mineirão. São jornalistas, jogadores, funcionários, artistas...
N2 – Existem ainda os que chegaram antes da inauguração do estádio. José França foi
funcionário nas obras do Gigante da Pampulha e, desde então, trabalha no Mineirão. Seu
França, como é conhecido, é a memória viva do estádio.
SONORA 14 – Seu França – 1’12’’
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N1 – Um dos maiores jogadores da história do futebol brasileiro, Tostão é o segundo com
mais gols no Mineirão. Tendo balançado as redes 143 vezes, o ex-atleta é o dono de uma das
maiores média de gols do estádio.
N2 – Ex-jogador do Cruzeiro e Seleção Brasileira, Tostão.
SONORA 15 – Tostão – 1’07’’
N2 – Entrando em campo por 348 partidas, Nelinho é o recordista de jogos no Gigante da
Pampulha.
N1 – O ex-lateral direito atuou pela Cruzeiro, Atlético e também pela Seleção Brasileira no
Mineirão.
SONORA 17 – Nelinho – 1’15’’
N2 – Outros craques também marcaram seu nome na história do Mineirão.
N1 – Ex-zagueiro de Atlético e Cruzeiro, Procópio Cardoso.
SONORA 18 – Procópio – 22’’
N2 – Ex-meia do Cruzeiro, Alex.
SONORA 21 – Alex – 12’’
N1 – Ex-jogador do América e Cruzeiro, Ruy Cabeção.
SONORA 21B – Ruy Cabeção – 18’’
N1 – Jogador com o maior número de jogos com a camisa do Cruzeiro e atual goleiro do
clube, Fábio.
SONORA 22 – Fábio – 37’’
N1 – Não foram apenas craques que ficaram eternizados na história do Mineirão. Algumas
vozes também encantaram e alguns narradores se tornaram tão ídolos quanto os jogadores.
N2 – Esse é o caso de Willy Gonser. Por 30 anos “o mais completo do Brasil’’, como é
conhecido, foi locutor da Rádio Itatiaia e narrava os jogos do Atlético”. Por isso, Willy tem
grande identificação com a torcida alvinegra.
N1 – Comentarista da Rádio Inconfidência e ex-locutor da Itatiaia, Willy Gonser.
SONORA 23 – Willy Gonser – 1’23’’
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N2 – Há 16 anos outra voz marca os jogos no Mineirão. Desde 1999, Pollyana Andrade é a
voz oficial do estádio.
SONORA 24 – Pollyana Andrade – 1’12’’
N1 – A locutora já passou por momentos inusitados em jogos no estádio.
N2 – Locutora oficial do Mineirão, Pollyana Andrade.
SONORA 25 – Pollyana Andrade – 48’’
ENTRA MÚSICA - Guns N' Roses - "Welcome To The Jungle"
N1 – A música também faz parte da história cinquentenária do estádio. Shows de diversos
gêneros e nacionalidades tiveram o Mineirão como palco.
N2 – Kiss, Beyoncé e Guns N’ Roses foram alguns dos artistas que já se apresentaram no
estádio, que também já foi pano de fundo para gravação de clipes.
ENTRA MÚSICA – Purarmonia – "Tira o Lateral"
N1- O grupo Purarmonia gravou o descontraído “Tira o Lateral” e a banda Skank eternizou,
em 1997, o hit “É uma Partida de Futebol’’ durante um clássico entre Atlético e Cruzeiro”.
ENTRA MÚSICA – Skank – "É uma Partida de Futebol"
N2 – Vocalista do Skank, Samuel Rosa.
SONORA 26 – Samuel Rosa – 27’’
VH SAÍDA DE BLOCO
Bloco 3 – Torcedores.
VH COMEÇO DE BLOCO
N1 – A inauguração do Gigante da Pampulha foi um marco de crescimento para o futebol
mineiro, mas além da influência dentro de campo, o Mineirão também alterou o “torcer” da
população em Minas Gerais.
N2 - Doutorando em Estudos do Lazer e membro do GEFuT, Grupo de Estudos sobre Futebol
e Torcidas da escola de Educação Física da UFMG, Georgino Neto.
SONORA 27 – Gino – 1’16’’
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N1 – Ao longo dos 50 anos de Mineirão, muita história foi escrita dentro das quatro linhas,
mas os torcedores também têm o que contar no estádio.
N1 – Jornalista, Larissa Rodrigues.
SONORA 29 – Larissa Rodrigues – 1’30’’
N1 – Em 2003, o Cruzeiro levantou três taças no Mineirão. O Campeonato Mineiro, a Copa
do Brasil e o Campeonato Brasileiro.
ENTRA Campeão de 2003
N2 – O jogo que decretou o título nacional foi a vitória sobre o Paysandu no Gigante da
Pampulha.
N1 – Estudante, Filipe Elias.
SONORA 30 – Filipe Elias - 1’34’’
N1 – No dia 22 de junho de 1997, Cruzeiro e Vila Nova decidiram o Campeonato Mineiro
para 132.834 pessoas presentes, o maior público da história do Mineirão em um jogo de
futebol. A professora Maíra Souto esteve na partida.
SONORA 31 – Maíra Souto – 1’23’’
N2 – No dia 24 de julho de 2013, o Atlético teve sua maior vitória no Mineirão ao levantar a
taça da Copa Libertadores da América pela primeira vez em sua história.
N1 – Publicitário, Rafael Andrade.
SONORA 32 – Rafael Andrade – 1’32’’
ENTRA Campeão de 2013
N2 – Publicitário Felipe Assunção.
SONORA 33 – Felipe Assunção – 1’24’’
N1 – Por outro lado, o Mineirão presenciou grandes derrotas dos gigantes de Belo Horizonte.
N2 – O Atlético perdeu o título brasileiro de 77 e também foi rebaixado para a segunda
divisão em 2005.
N1 – Publicitário, Felipe Assunção.
SONORA 34 – Felipe Assunção – 18’’
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N2 – Já o Cruzeiro teve uma de suas maiores derrotas no Mineirão na final da Libertadores de
2009, quando a Raposa perdeu o título para o Estudiantes da Argentina.
N1 – Professora, Maíra Souto.
SONORA 35 – Maíra Souto – 1’36’’
ENTRA MÚSICA
VH SAÍDA DE BLOCO
Bloco 4 – Reforma, Copa do Mundo 2014 e dias atuais.
VH COMEÇO DE BLOCO
ENTRA música
N1 – A derrota do Atlético para o Ceará pelo Campeonato Brasileiro, no dia 6 de junho de
2010, marcou a paralisação do estádio para o início das obras de modernização visando à
Copa do Mundo de 2014.
N2 – A partir dali, um novo Magalhães Pinto surgiria e um estádio totalmente remodelado
viria a ser a casa do futebol mineiro.
N1 – Gerente técnico da Minas Arena, Otávio Góes.
SONORA 35 – Otávio Góes – 49’’
N1 – Ex-jogador, Tostão.
SONORA 36 – Tostão – 33’’
N2 – Ex-jogador, Palhinha.
SONORA 37 – Palhinha – 26’’
N1 – Por outro lado, o período que o Mineirão ficou fechado foi muito ruim para o futebol de
Belo Horizonte, já que os clubes precisavam que suas partidas fossem realizadas em estádios
do interior. Além disso, os times amargaram resultados ruins dentro de campo.
N2 - Presidente da Rádio Itatiaia, Emanuel Carneiro
SONORA 38 – Emanuel Carneiro – 36
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N1 – Após a reforma, o Mineirão foi reaberto em 2013 e, desde então, tanto Atlético quanto
Cruzeiro já comemoraram títulos no Gigante da Pampulha e o estádio voltou a ser a casa do
futebol mineiro.
N2 – Além disso, em 2013 o Mineirão recebeu jogos da Copa das Confederações e, no ano
seguinte, a Copa do Mundo.
N1 – Se você esteve em alguma das partidas no Mineirão durante o Mundial, seguramente
ouviu esta voz.
SONORA 39 – Luiz Fernando Freitas – 11’’
N2 – Luiz Fernando Freitas foi o locutor oficial da FIFA no Mineirão durante a Copa do
Mundo.
SONORA 40 – Luiz Fernando Freitas – 21’’
N1 – Foram seis jogos no Mineirão. Grandes partidas, belos gols e craques como Lionel
Messi desfilaram sua arte no gramado do Gigante da Pampulha. Mas nada ficou tão marcado
como Brasil 1 x 7 Alemanha.
N2 – Jornalista Guilherme Guimarães.
SONORA 41 – Guilherme Guimarães – 1’28’’
N1 – Ex-jogador Nelinho.
SONORA 42 – Nelinho – 31’’
N2 – Gerente técnico da Minas Arena, Otávio Góes.
SONORA 42B – Otávio Góes – 29’’
ENTRA GOL 7 x 1
N2 – Locutor oficial da FIFA no Mineirão durante a Copa do Mundo, Luiz Fernando Freitas.
SONORA 43 – Luiz Fernando Freitas – 1’30’’
SOBE BG
N1 – Não há quem resista à exuberância do Mineirão. Com 50 anos de história, o estádio é
um dos mais importantes do mundo.
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N2 – Alegrias, tristezas, gols inesquecíveis, lances bisonhos, jogos memoráveis, partidas
sonolentas, craques fenomenais, pernas de pau, partidas ruins, shows exuberantes, corridas de
atletismo... Além de tantas e tantas histórias que se perderam no tempo.
N1 - Funcionário do Mineirão há mais de 50 anos e hoje atendente no Museu do estádio, José
França.
SONORA 44 – Seu França – 36’’
ENTRA música
N1 – Apresentação: Michele Bruck e Rafael Miguel.
N2 – Produção de Bruno Camargos, Ecio Santos, Estevão Germano, Gabriel Ortiz, Matheus
de Castro e Rafael Miguel, sob orientação de Delfim Afonso Junior.
N1 – Trabalho produzido para conclusão do curso de Comunicação Social – Jornalismo da
UFMG.
N2 – Agradecimento especial à Rádio UFMG Educativa.
VH FIM DE PROGRAMA
5. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA-CONCEITUAL
5.1. REFERENCIAL TEÓRICO
Para a produção do trabalho prático, foi importante entender o que é um
radiodocumentário e quais são suas diferenças em relação a outros produtos radiofônicos. De
acordo com Carmem Lucia José (2003), a primeira diferença entre uma reportagem e um
radiodocumentário é o tempo dos dois, já que a primeira costuma ter aproximadamente 35
segundos, e a segunda, cerca de uma hora. Além disso, o radiodocumentário normalmente é
montado com menos participação da voz do locutor e é permeado mais pelas sonoras das
fontes, que compõem a espinha dorsal do documentário. José (2003) ainda explica que o
radiodocumentário é menos objetivo, pois participam dele várias vozes, que, muitas vezes,
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dão diversos pontos de vista de um mesmo objeto, enquanto a reportagem tende a se
aprofundar mais em um ponto específico.
Na parte teórica, em um primeiro momento, os esforços foram voltados para artigos e
autores que tratassem do contexto histórico e social contemporâneo das grandes cidades e, se
possível, especificamente da capital mineira. Como sabemos, o estádio faz parte da história
belo-horizontina nos últimos 50 anos e, mesmo os mais desgostosos com o futebol, assumem
que as grandes modificações que o município passou nesse período tiveram e ainda têm
relatividade e influência mútua do Mineirão. Belo Horizonte cresceu em grande ritmo,
tornando-se uma das cidades mais importantes do país e sobre tal evolução se baseia nossa
pesquisa voltada ao eixo histórico-social. Para isso, iniciamos com o livro O cotidiano e a
história, de Agnes Heller. Na obra, Heller (1985, p.18) diz que:
O homem nasce já inserido em sua cotidianidade. O amadurecimento do homem
significa, em qualquer sociedade, que o indivíduo adquire todas as habilidades
imprescindíveis para a vida cotidiana da sociedade (camada social) em questão.
Dessa forma, é possível implicar a naturalidade com que as pessoas que vivenciam a
capital mineira pós-construção do estádio estão inseridas. Elas estão dentro dessa
“cotidianidade” descrita por Heller (1985). Por outro lado, aqueles que vivenciaram a época
de construção do Mineirão puderam experimentar as transformações de Belo Horizonte e,
assim, as mudanças dessa “cotidianidade”. Esse ponto pode ser visto na obra de Gisela
Ortriwano (2002), que relaciona o fazer do rádio com a historicidade social. Sendo a própria
mídia um ponto de importância dentro da história do estádio, fica clara ao grupo a
necessidade de agregar um trabalho que trate das mudanças sociais a partir da informação no
rádio brasileiro. Utilizando a propaganda feita por Getúlio Vargas em seus governos, a autora
enfatiza a maneira como o meio de comunicação interferiu na rotina das pessoas. Trazendo a
discussão para o nosso tema, pode-se dizer que as grandes locuções esportivas do Mineirão
ficaram marcadas na lembrança do torcedor e, certamente, contribuíram para a formação da
sua rica história, junto ao cotidiano dos mineiros.
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Concomitantemente à pesquisa de viés histórico urbano, os trabalhos sobre o estádio
também foram analisados. Percebemos ao longo do percurso, a escassez de produções de
pesquisa acerca do nosso ramo de estudo. Ainda que tenha a importância já dita na história da
cidade, o Mineirão não é um dos assuntos mais estudados pela crítica acadêmica. Todavia, o
grupo pontua que alguns dos trabalhos já foram e estão sendo analisados a fim de
contextualizar com o produto final. A obra Futebol nas Gerais (2012) é um compilado de
artigos envolvendo o futebol no estado, dos quais vários contam histórias do Mineirão. A obra
é um produto do GEFuT, grupo de estudos sobre futebol e torcidas da Escola e Educação
Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da UFMG. O livro traça a história do futebol na
capital que, a partir da década de 60, o Mineirão ganhou uma importância muito grande nesse
contexto:
Belo Horizonte é hoje um dos principais centros da prática do futebol no Brasil. Com
três tradicionais clubes profissionais – América, Atlético e Cruzeiro – dispõe de dois
importantes estádios – Mineirão e Independência, os quais já foram e continuam
sendo palco de grandes competições nacionais e internacionais. A própria capital
mineira é referência como cidade, constituindo-se em uma das principais metrópoles
do país. (RAJÃO, 2012, p. 91).
Utilizando essas vertentes, trabalhamos com algumas questões essenciais à nossa visão
e que não devem deixar de ser trabalhadas no produto: qual é o papel do Mineirão na relação
entres as pessoas e no comportamento do cotidiano do amante do futebol? Um domingo de
clássico no maior estádio de Minas não fica restrito apenas ao dia do jogo, pois existe toda
uma trama que envolve os atores: o antes, o durante e o depois são elementos de um clássico;
durante a semana a preparação das equipes é destaque; o durante, que é o jogo, é o ápice das
emoções dentro de um clássico e o depois é a repercussão; as torcidas são os elementos que
colocam a emoção à flor da pele, e o estádio é o local para apoiar a equipe e mostrar o amor
incondicional para o time do coração. O Mineirão tem histórias diversas, passou por várias
situações, foi palco de grande momentos, desde viradas heroicas nos finais dos jogos e até
mesmo um 7 a 1 em plena Copa do Mundo, com a Seleção Brasileira sendo humilhada pelos
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alemães, momento que o Mineirão ficou marcado pelo maior vexame brasileiro em Copas do
Mundo, entre outros acontecimentos.
Desde 1965, quando foi inaugurado o estádio, uma série de situações novas foi
acrescentada à cidade, como salienta o jornalista Tião Martins (2014, p. 13) em sua obra sobre
o estádio na coleção BH, A cidade de cada um:
A verdade é que o estádio mudou o comportamento da população e estimulou o
surgimento de uma cidade novinha em folha: a região da Pampulha. Além de cenário
do melhor futebol e do atordoante grito de gol, tornou-se um templo onde a multidão
ajoelha, reza, grita, protesta, ri, chora, cria, constrói e vive seus momentos mais
intensos.
Depois de 1965, o mineiro teve um motivo a mais para gritar gol em Minas. O gol é o
ápice do futebol, é o momento de extravasar e de colocar todas as emoções e toda apreensão
reprimida durante os 90 minutos de bola rolando. E o rádio é onde a emoção é explorada ao
máximo, pois todos os envolvidos em uma transmissão têm o papel de descrever o lance e
isso gera ainda mais expectativa no ouvinte. Em Belo Horizonte, algumas vozes são
consagradas, como Alberto Rodrigues, Willy Gonser e Osvaldo Reis.
Outra parte explorada por Martins (2014) em sua obra é o desenvolvimento da região
da Pampulha, que muito deve à construção do Mineirão, além de ser uma área com diversos
cartões-postais de Belo Horizonte - seja pela Lagoa da Pampulha ou pela Igreja de São
Francisco, a região que se tornou nobre em BH.
O último eixo escolhido é o fazer radiofônico. Aqui, ficam todos os trabalhos técnicos
desenvolvidos em nossa produção, como vinhetas, locução, edição, entre outros. Para que o
grupo alcance essa “máxima” do radiodocumentário, estamos analisando a obra de dois dos
mais renomados jornalistas do país, Heródoto Barbeiro e Paulo Rodolfo Lima. Dentro do
nosso projeto, o manual de redação do radiodocumentário tem importância de minimizar os
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erros de produção do conteúdo. Como explicam os autores, o rádio tem uma série de nuances
e técnicas particulares aos seus produtos (BARBEIRO; LIMA, 2001). A obra está amparada
no tripé: produção, ética e internet. As discussões a respeito de ética são essenciais para a
escolha das fontes que serão ouvidas para o trabalho. Sendo um produto de cunho histórico, o
radiodocumentário produzido poderia ter uma infinidade de personagens e histórias a serem
contadas, todavia a seleção do que foi efetivamente abordado dependeu do modo que foram
tratados aqueles que fazem parte das histórias contadas. Para isso, antes de escolher as fontes,
foram analisados todos os possíveis nomes com base nos critérios de produção radiofônica,
como a relevância deles para a história do Mineirão, a acessibilidade para uma entrevista e a
disponibilidade técnica em caso de entrevistados que não estão em Belo Horizonte. Além
disso, tudo esteve dentro de um padrão ético estabelecido pela categoria dos profissionais de
rádio. Desse modo, ficou implícita a determinação do grupo em produzir um trabalho de
excelência dentro do próprio nicho do rádio.
Ainda abordando o modo de fazer radiojornalístico, o grupo utiliza o livro Rádio:
veículo, a história e a técnica, de Luiz Arthur Ferrareto (2007), contrapondo a obra de
Barbeiro e Lima (2001), ainda que os autores se complementem em muitos aspectos.
Ferrareto (2007) destaca a importância do trabalho jornalístico do meio radiofônico por sua
capacidade reconhecida em atingir rapidamente vários segmentos de públicos. O contexto
histórico sobre o modelo jornalístico da mídia citada, assim como a relevância que essa tem
para seu público, é a contribuição maior que o autor pode dar ao nosso trabalho. Por sua vez, a
obra de Barbeiro e Lima (2001) ressalta o modelo de reportagem para a contextualização de
assuntos propostos. O embate de diferentes fontes que possam contribuir para o fomento da
discussão social se faz necessário visto a complexidade dos temas. Por isso, focamos em
coletar histórias ilustrativas em quantidade significativa, que fornecessem diferentes visões
dos acontecimentos narrados, até mesmo pela duração do programa.
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Barbeiro e Lima (2001) citam que o jornalista não deve se sobressair à
contextualização dos fatos. Por não saber de todos os dados daquilo que reporta, o dever
profissional se faz pela procura de fontes que possam preencher o espaço de opiniões que
completem essa lacuna. No que se refere, especificamente, ao radiodocumentário, Chantler e
Harris (1998) ressaltam que a principal contribuição que esse tipo de produto jornalístico pode
dar ao assunto abordado é o uso correto das sonoras. Com um tempo maior de duração, os
documentários podem abusar de recursos criativos para contrapor e ressaltar argumentos. O
papel do narrador, então, se faz como de um condutor e organizador de histórias, deixando
aos entrevistados as contem. Logo, o grupo se baseia na discussão entre os autores para
evidenciar suas escolhas no percurso de elaboração e, assim, fundamentar teoricamente o
produto.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Dentre os vários aprendizados desenvolvidos pelo grupo, o mais marcante foi a
construção da narrativa que contou a história do maior palco do futebol de Minas Gerais. A
nossa missão era narrar uma história de 50 anos em apenas uma hora num programa
radiofônico. Era sabido que seria impossível abarcar tudo que ocorreu no estádio, mas o
trabalho visou a fazer um recorte que se tornaria interessante e informativo para ouvinte que
quer saber mais da história do Mineirão. Além disso, são tantos personagens que marcaram
seu nome no estádio, que o grupo teve que escolher aqueles que se encaixariam da melhor
maneira possível nos temas propostos
A narrativa radiofônica tem suas nuances. Como reviveríamos momentos tão
marcantes para os amantes do futebol através do rádio? Para resolver essa questão,
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escolhemos testemunhas que construíram a história do estádio. Sem, claro, esquecer os
torcedores, que são o coração do “Gigante do Pampulha” e fizeram-no pulsar e até mesmo
tremer, literalmente, como era antes da reforma. Evidentemente, o futebol e o Mineirão não
viveram somente períodos de glória, pois um dia se perde e outro se ganha, como é a essência
própria do esporte. Vários títulos foram conquistados no consagrado gramado, porém as
derrotas e as decepções têm o mesmo espaço reservado na memória do Mineirão. O relato dos
torcedores foi marcante nesse sentido, demonstrando a emoção que o esporte mais popular do
mundo proporciona.
Para o grupo, a oportunidade de contatar e registrar opiniões pessoais de várias
personagens que estão eternizadas na memória do Mineirão vai além do ganho de experiência
profissional que foi proporcionada. Como todos os integrantes também são amantes tanto do
futebol quanto do estádio, podemos dizer que também é um ganho de vida e uma honra poder
construir mais uma das muitas narrativas que ainda se farão sobre o estádio Magalhães Pinto
ao longo da história. Acreditamos que cumprimos o papel de resgatar as vozes que permeiam
esse monumento da cidade em momentos distintos da trajetória cinquentenária do mesmo. Por
essas razões, pensamos que a escolha do formato radiofônico foi acertada e nos permitiu
vivenciar diversas complexidades da produção de um documentário em rádio, como as
variadas maneiras de se realizar uma entrevista via áudio, bem como as técnicas de edição e
locução que foram avaliadas e escolhidas pelo grupo para a construção dessa narrativa.
Muito mais que um estádio, o Magalhães Pinto, apelidado de Mineirão, faz parte da
história de vida dos mineiros. Futebol não é apenas um esporte, pois mexe sobremaneira com
a paixão das pessoas. O estádio construído em 1965 é, desde então, o ponto de encontro para
emoções fortes, tensas, repletas de momentos felizes e de outros nem tanto assim. Contudo,
um fato ficou claro após a realização do trabalho: Belo Horizonte não seria a mesma sem o
Mineirão.
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REFERÊNCIAS
BARBEIRO, Heródoto; DE LIMA, Paulo Rodolfo. Manual de Radiojornalismo. São Paulo:
Editora Campus, 2001.
BRAGA, José Luiz; LOPES, Maria Immacolata Vassallo de; MARTINO, Luiz Cláudio
(Org.). Pesquisa empírica em Comunicação. São Paulo: Editora Paulus, 2010.
CHANTLER, Paul.; HARRIS, Sim. Radiojornalismo. São Paulo: Summus, 1998.
FERRARETTO, Luiz Arthur. Rádio: o veículo, a história e a técnica. Porto Alegre: Dora
Ferraretto, 2007.
JOSÉ, Carmen Lúcia. História oral e documentário radiofônico: distinções e convergências.
Intercom, 2003. Disponível em:
<http://www.portcom.intercom.org.br/pdfs/145185019480437496212725724011017755860.p
df > Acesso em: 11 out. 2014.
MARTINS, Tião. A Cidade de Cada Um: Mineirão. Belo Horizonte: Editora Conceito, 2014.
ORTRIWANO, Gisela S. Radiojornalismo no Brasil: fragmentos de História. REVISTA
USP, São Paulo, n.56, p. 66-85, dezembro/fevereiro 2002-2003.
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