UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM
PAULA TRINDADE COSTA
SER MÃE SOROPOSITIVA: percepções, vivências e enfrentamento
SINOP – MT
2017
PAULA TRINDADE COSTA
SER MÃE SOROPOSITIVA: percepções, vivências e enfrentamento
SINOP – MT
2017
Trabalho de Curso apresentado ao Curso de
Graduação em Enfermagem da Universidade
Federal de Mato Grosso, Campus Universitário
de Sinop, como requisito parcial para obtenção
do título de Bacharel em Enfermagem.
Orientadora: Prof.ª Me. Juliana Cristina
Magnani Primão.
Paula Trindade Costa
SER MÃE SOROPOSITIVA: percepções, vivências e enfrentamento
Trabalho de Curso apresentado ao Curso de
Enfermagem, da Universidade Federal de Mato
Grosso, Campus Universitário de Sinop, como
requisito parcial para obtenção do título de
Bacharel em Enfermagem.
Orientadora: Prof.ª Me. Juliana Cristina Magnani
Primão.
_________________ pela Comissão Examinadora abaixo assinada.
________________________________________
Prof.ª Me. Juliana Cristina Magnani Primão
UFMT – Instituto de Ciências da Saúde – Campus Universitário de Sinop
Orientadora/Presidente da Banca
_________________________________________
Prof.ª Me. Maria das Graças de Mendonça Silva Calicchio
UFMT – Instituto de Ciências da Saúde – Campus Universitário de Sinop
Membro Titular
__________________________________________
Prof.ª Dra. Pacífica Pinheiro Cavalcanti
UFMT – Instituto de Ciências da Saúde – Campus Universitário de Sinop
Membro Titular
__________________________________________
Prof.ª Dra. Ana Lucia Sartori
UFMT – Instituto de Ciências da Saúde – Campus Universitário de Sinop
Membro Suplente
Sinop-MT, 19 de julho de 2017.
Dedico este trabalho a DEUS; aos meus e pais
e familiares que se fizeram presentes nessa
jornada me apoiando; as mães soropositivas
por confiarem a mim suas histórias de vida, e
à minha orientadora e amiga por acreditar
nesse sonho e sonhá-lo comigo.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente à Deus pelo seu cuidado e amor, por me direcionar nessa
fase, por segurar minha mão em momentos difíceis me mostrando que não estava só, e ao
mesmo tempo me proporcionando momentos insubstituíveis e especiais, e como forma de
zelo me enviando pessoas especiais para estar ao meu lado.
Aos meus pais, Meirilande Trindade Costa e Paulo Cesar Silva Costa, tudo que sou
hoje devo à vocês, os ensinamentos que me deram fazem a diferença nos meus dias, obrigada
por todo empenho e amor dedicado a mim durante toda minha vida. Obrigada por acreditarem
em mim e jamais terem pedido ou me deixado desistir do nosso sonho, mesmo em meio as
adversidades que apareceram. Independentemente do que a vida nos reservou, meu amor,
carinho, admiração e orgulho por vocês é enorme e com os passar dos dias só aumenta,
ficando até difícil expressar em palavras. Meus amores, obrigada pelos abraços, sorrisos
conselhos e colo, vocês são essenciais na minha vida e eu sou imensamente grata a Deus pela
vida de cada um de vocês.
Ao meu irmão Paulo Cesar Silva Costa Junior, quanto amor eu sinto por ti, como Deus
foi e é generoso comigo, por ter você em meus dias, obrigada pelo amor e cuidado que tens
por mim, pelos conselhos, pelos “rum menina, jaguatirica” amo seus elogios, meus dias sem
você não teriam graça, obrigada por sempre torcer e contribuir com minha felicidade, por me
incentivar a querer sempre o melhor, tu as vezes é “crica” assim como o Amarildinho, mas
isso não diminui o que sinto por ti. Te admiro e tenho muito orgulho de você, que Deus te
reserve sempre o melhor.
Agradeço o Amarildo “love crica” uns dos presentes mais inesperados que Deus me
reservou, que tens somado com a minha vida, companheiro de longa data, me dando forças a
seguir de pé, indicando sempre o futuro na mesma direção. Obrigada pela sua paciência,
amor, dedicação, confiança, respeito e por estar sempre ao meu lado em qualquer
circunstância, me entendendo sem que eu precise dizer uma palavra. Te amo, que nossa vida
seja sempre de muito amor.
Agradeço aos meus familiares que direta ou indiretamente me apoiaram nesse ciclo,
pelas orações e mensagens de incentivo, repletas de amor e carinho.
Minhas amigas e irmãs do coração, Francieli Blasius e Thuynie Kestering quanta coisa
já passamos juntas, né?! Cada momento sempre muito especial e cheio de histórias pra contar.
Bom mesmo foi perceber que mesmo em períodos de ausência, devido à correria do dia a dia,
a nossa amizade/vínculo continuou sendo o mesmo, sempre estiveram por perto, me
mandando uma mensagem, vibrando com cada passo que eu dava, me compreendendo, sendo
fonte de amor e carinho, colo e coração, obrigada por tornarem meus dias mais leves, por me
acolherem em momentos difíceis, vocês são a prova do cuidado de Deus conosco aqui na
terra, eu amo vocês minhas maravilhosas, que possamos compartilhar muitos momentos
juntas.
Agradeço a Gabriela Alonso, Irenite de Cesaro, Simone Priori, Crislaine Jacomine,
Lucia Oliveira e Vilhena Sarmento, cada uma ao seu modo contribuiu com essa fase da minha
vida, vocês são uma daquelas famílias que Deus nos permite escolher, pessoas acolhedoras e
amáveis.
Gratidão aos presentes maravilhosos que a universidade me trouxe, Camila Carreiro,
Stephanie Andrade, Raquel Brito, pelos momentos que dividimos, compartilhando sorrisos,
verdadeiras amigas em períodos essenciais, quando a dúvida batia, quando o desânimo se
manifestava, tínhamos sempre uma palavra amiga em meio as dificuldades, com vocês eu
aprendi, ensinei e tive os melhores grupos de estágio, as melhores horas dentro da faculdade,
nossa amizade foi e é muito além de uma sala de aula, como é bom tê-las em meu ciclo de
amizade, amo vocês e estarei pronta para o que precisarem, assim como vocês sempre
estiveram comigo.
Agradeço a Taline e a Adriana, presente da graduação pra vida toda, irmãs de alma,
apesar dos nossos caminhos terem seguido rumos diferentes, nossa amizade sempre se
manteve firme e forte, transmitindo sempre palavras amigas e coisas boas umas às outras.
Em meio a algumas voltas que o mundo dá, Deus mais uma vez segurou a minha mão
e me surpreendeu me enviando novos presentes, sendo esses os mais recentes e a qual eu
tenho um carinho e admiração, quero agradecer a turma 2013/1 em especial a Alana, Amanda,
Camila, Elen Danielle, Fabiula e Valeria, obrigada por me acolherem tão bem, em uma fase
delicada a qual eu me encontrava, eu não sei nem como retribuir por isso, que vossas vidas
sejam sempre de muita luz e que os desejos do coração de vocês possam se concretizar a cada
novo passo que derem.
Agradeço a banca mais nordestina e linda que poderia ter e por terem aceito meu
convite.
Professora Pacífica, é um privilégio ter você participando desse momento único e
especial em minha vida, tenho por você uma admiração, carinho e respeito muito grande, eu
fui muito agraciada tendo você em meu percurso acadêmico, obrigada pela confiança e pelas
oportunidades, por me transmitir conhecimentos que me levaram a amar a farmacologia, por
sempre que me via perguntar “como vai você minha filha?” como é bom perceber que no
meio de uma universidade podemos contar com professoras tão especiais, sendo você uma
delas. Professora tu és um exemplo a ser seguido, pessoa de inspiração! Obrigada pelos
momentos de reflexão que são essenciais em nossos dias, que nos fazem pensar e repensar e
tirar de cada história uma lição de vida. Deus lhe retribua de forma inesperada sua vida, te
proporcionando dias felizes e de amor.
Agradeço minha Maria da Graças “mãe Graciosa”, uma mulher de garra, de força,
brincalhona, verdadeira e arretada, que tem inspirado minha vida nesses anos, a você minha
admiração, carinho/amor! Deus em seu cuidado e amor, tem me reservado presentes
maravilhosos e especiais sendo a profe um deles, nos dias difíceis foi um dos meus suportes,
me aconselhando, sendo sorriso em meio aos choros, se preocupando e demonstrando, há e
como toda boa e verdadeira mãe, me defendendo! Meu coração já está cheio de saudades das
nossas manhãs, a qual partilhamos de momentos e desses tiramos lições de vida, obrigada, por
me acolher de uma forma especial; despertar a sabedoria; pelas críticas construtivas essenciais
no meu crescimento; oportunizar essa vivência no SAE; confiar e acreditar no meu potencial;
as pausas para o café, regado de gargalhada e sentimentos bons... É de sentir-se abençoada por
partilhar desses momentos ao seu lado. Professora, amiga e mãe, desejo que seu caminhar seja
premiado de coisas, pessoas e estações floridas, proporcionada com muito amor por nosso
Deus.
Gratidão a minha orientadora e grande amiga “Juju” uma pessoa feita de luz e amor,
fonte de inspiração, tem o dom e o prazer de ensinar, entrou em minha vida, de forma
providencial, presente surpresa, embrulhado e entregue especialmente por Deus. Tu se tornou
uma profe amiga especial, cuja vínculo eu não consigo explicar, mas nesse momento quero
apenas te agradecer, pois em momentos difíceis, tu estava lá pronta a segurar a minha mão e
me ajudar a levantar, sem nada questionar, sendo ombro amigo, me aconselhando de uma
forma e jeito especial; sorriso em meio as adversidades; há e porque não te agradecer por se
aventurar nesse mundo do HIV que não é sua área, mas que com muito amor aceitou, fazendo
desse momento uma calmaria, sendo sempre dedicada, cuidadosa e paciente. Feliz pela
amizade que criamos, por nossas risadas e conversas, encontros preciosos, proporcionando
não somente crescimento acadêmico, mas como pessoal e eu já sinto saudades. Juju a você
minha eterna admiração, amor e carinho. Meu desejo é que sua vida seja sempre premiada
pelo cuidado e amor de nosso Deus, que Ele te conduza aos melhores lugares, e te reserve
sempre pessoas feitas de sentimentos bons assim como você.
Quero agradecer a equipe do SAE, em especial a minha “chefa” Rosangela, as minhas
“lu” Lucineia e Luciana Biazzi, a minha “mãe Marli da Cracovia” que me acolheram e me
transmitem todos os dias aprendizados, contribuindo em meu percurso acadêmico e pessoal,
obrigada pelo carinho e confiança que tens por mim, saibam que isso é reciproco, serei
eternamente grata pelos momentos que tivemos juntas.
Meu muito obrigada aos que contribuíram para concretização dessa conquista, que
Deus possa abençoa-los e retribuir tudo o que tens feito por mim.
“Sua existência é em si um ato de amor.
Gerar, cuidar, nutrir. Amar, amar, amar...
Amar com um amor incondicional que nada
espera em troca. Afeto desmedido e incontido,
Mãe é um ser infinito”.
Anderson Cavalcante
RESUMO
COSTA, Paula Trindade. SER MÃE SOROPOSITIVA: percepções, vivências e
enfrentamento. 2017. 70 f. Trabalho de Curso. Instituto de Ciências da Saúde. Curso de
Enfermagem. Universidade Federal de Mato Grosso, Sinop, 2017.
A gravidez se constitui em uma fase de grandes transformações no corpo e na vida de uma
mulher, uma vez que esta passa a conviver com intensos sentimentos, que por vezes são
conflitantes, ao passo que a alegria da espera acaba se entrelaçando com as dúvidas e a
ansiedade desse novo ciclo, fato esse que se agrava ao tratar-se de mães diagnosticadas com
HIV/AIDS. Diante disso, a mãe soropositiva passa a viver com sentimento de culpa e temor
perante a possibilidade da transmissão vertical, evitada por meio de condutas abordadas no
pré-natal, parto e pós-parto, sendo uma delas a privação do aleitamento materno. Pensando na
importância deste teor, a pesquisa objetivou investigar o processo de adaptação de mulheres
ao se tornarem mães soropositivas e impossibilitadas de amamentar seu filho. Desse modo,
este estudo foi desenvolvido por meio de uma abordagem qualitativa, descritiva e
exploratória, com sete mães soropositivas para o HIV, em acompanhamento no Serviço de
Atendimento Especializado em IST, HIV/AIDS e Hepatites Virais do município de Sinop-
MT. Utilizou-se como instrumento de coleta de dados, a entrevista semiestruturada, gravada e
transcrita, com respeito às normas éticas de pesquisa com seres humanos. A análise dos dados
foi orientada pela técnica de análise de conteúdo do tipo temática, resultando em cinco
categorias. Os resultados obtidos evidenciaram que as mães possuíam desejo de suicídio, além
de negação da doença ao se deparar com a revelação sorológica até então desconhecida. De
forma explícita, demonstraram repúdio frente ao método não farmacológico instituído para
inibir a lactação, devido à exposição e constrangimento no momento de enfaixarem seus seios
na presença de outras mães que presenciaram a cena e perceberam que algo estava errado. O
sentimento de culpa se mostrou presente perante a impossibilidade de amamentar e ao mesmo
tempo, as participantes encararam como uma prova de amor ao seu filho não expondo ele a
mais uma situação de risco. Foi possível observar também uma carência em relação ao pré-
natal no que diz respeito à realização de testes rápidos, bem como de orientações concretas,
além da forma como foram acolhidas tanto nas Unidades Básicas de Saúde quanto na
maternidade no momento de ser informada sobre o diagnóstico, evidenciando falhas na
conduta do profissional de saúde. Além disso, as mães mencionaram sobre o vínculo familiar,
que por vezes era instável, evidenciando um perfil familiar disfuncional, tendo como
consequência falha no apoio a essas mães, sendo necessário instituir medidas para que essas
mães não se percebam desoladas. Deste modo, notou-se a deficiência na assistência oferecida
a essas mães perante um momento oportuno para aconselhamento e cheio de indagações.
Acredita-se, dessa forma, que o profissional possui grande importância junto a essas mães, no
sentido de orientá-las e ajudá-las a vivenciar esse período mais tranquilamente, preparando-as
para enfrentar os desafios impostos pela doença, para que se sintam seguras na condição de
mãe e possam responder plausivelmente aos questionamentos vindos por parte de terceiros,
reduzindo o impacto ocasionado pela sorologia.
Descritores: Relações mãe-filho. Soropositividade para HIV. Aleitamento materno.
Assistência à saúde. Relações familiares.
ABSTRACT
COSTA, Paula Trindade. BEING HIV POSITIVE MOTHER: perceptions, experiences and
coping. 2017. 70 f. Trabalho de Curso. Instituto de Ciências da Saúde. Curso de Enfermagem.
Universidade Federal de Mato Grosso, Sinop, 2017.
Pregnancy is a period of huge changes in the body and life of women. This is due to their
experience of intense feelings, which are usually conflicting and involve a mix of feelings as
the contentment of the wait, questions and anxiety to this new stage in their lives. This fact is
aggravated for those mothers who are diagnosed with HIV/AIDS. With this concern, HIV
positive mothers start dealing with guilt and fear towards the possibility of vertical
transmission, which can be avoided with actions during prenatal care, birth and postpartum,
such as, breastfeeding deprivation. Regarding the level of importance of this matter, this study
aimed to investigate the adaptation process of women who become HIV positive mothers and
are unable to breastfeed their babies. Thus, this study was performed through a qualitative,
descriptive and exploratory approach with seven HIV positive mothers whom were being
followed by the Specialized Attention Service in STIs, HIV/AIDS and Viral Hepatitis in the
city of Sinop. As instrument of data collection, we used pre-developed, recorded and
transcribed interviews, respecting all regulatory standards of ethics in human research. The
data analysis was conducted according to the analysis techniques for the type of content,
which resulted in five categories. Our results indicated that women in these conditions usually
have suicide tendencies alongside with denial of their health condition as soon as they are
informed about serological results. Explicitly, they showed aversion towards the non-
pharmacological method to prevent lactation essentially due to the level of exposure and
embarrassment at the moment of having their breasts bandage in front of other women that
were noticing their different situation. Guilt was observed towards the incapacity to
breastfeed. At the same time, they considered this to be a proof of love for their babies for not
exposing them to high risk. We could also identify a lack of quick tests during prenatal care as
well as a lack of specific orientation and right reception in both Basic Health Units and
maternities at the moment of diagnoses. This indicates incorrect conduct from health
professionals. Additionally, mothers have mentioned aspects of the family bond, which has
been repeatedly mentioned as unstable and suggests a dysfunctional family profile. As
consequences, it causes lack in family support towards these mothers to whom some actions
are required so they do not feel desolated. Consequently, we noticed a deficiency in assistance
towards these mothers in reasonable moments for counseling and fulfilled with questions.
Hence, it is believed that health professionals play significant roles alongside these mothers
guiding and helping them to undergo this period smoothly, and also preparing them to face
future challenges brought by the disease. This would help them to feel more confident as a
mother, to reasonably answer questions coming from third parties, and to reduce the impact of
the disease.
Keywords: Mother-baby relationship. HIV positive. Breastfeeding. Health care. Family
relationship.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABIA Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS
AIDS Síndrome da Imunodeficiência Adquirida
ARV Antirretroviral
AZT Zidovudina
CTA Centro de Testagem e Aconselhamento
CV Carga Viral
DIAHV Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das Infecções
Sexualmente Transmissíveis, do HIV/AIDS e Hepatites Virais
DNA Ácido Desoxirribonucléico
GIV Grupo de Incentivo a Vida
GP Glicoproteína
EUA Estados Unidos da América
HIV Vírus da Imunodeficiência Humana
HSH Homem que faz sexo com homem
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IST Infecção Sexualmente Transmissível
MS Ministério da Saúde
OMS Organização Mundial da Saúde
ONG Organização Não-Governamental
PVHA Pessoas Vivendo com HIV/AIDS
RN Recém-nascido
RNA Ácido Ribonucléico
SAE Serviço de Atendimento Especializado
SINAN Sistema de Informação de Agravos de Notificação
SUS Sistema Único de Saúde
SVS Secretaria de Vigilância em Saúde
TARV Terapia Antirretroviral
TCD4 Linfócitos T Helper
TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
TMI Transmissão Materno Infantil
TV Transmissão Vertical
UBS Unidade Básica de Saúde
UNAIDS Nações Unidas sobre HIV/AIDS
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 14
2 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................... 17
3 OBJETIVOS ....................................................................................................................... 19
3.1 GERAL ............................................................................................................................... 19
3.2 ESPECÍFICOS ................................................................................................................... 19
4 REVISÃO DE LITERATURA .......................................................................................... 20
4.1 CONTEXTO HISTÓRICO DO HIV/AIDS ....................................................................... 20
4.2 FORMAS DE TRANSMISSÃO ........................................................................................ 22
4.3 PREVENÇÃO E CONTROLE DO HIV ........................................................................... 22
4.4 TRATAMENTO DO HIV .................................................................................................. 24
4.5 MATERNIDADE NO CONTEXTO HIV/AIDS ............................................................... 24
4.5.1 Pré-natal diante da soropositividade ........................................................................... 25
4.5.2 Vias de parto .................................................................................................................. 27
4.5.3 Pós-parto ........................................................................................................................ 28
4.6 AMAMENTAÇÃO ............................................................................................................ 29
4.6.1 Alimentação infantil ...................................................................................................... 30
4.7 ENFRENTAMENTO SOCIAL .......................................................................................... 30
5 PERCURSO METODOLÓGICO ................................................................................... 33
5.1 LOCAL DE ESTUDO ........................................................................................................ 33
5.2 TIPO DE ESTUDO ............................................................................................................ 34
5.3 SUJEITOS DO ESTUDO ................................................................................................... 35
5.4 COLETA DOS DADOS ..................................................................................................... 36
5.5 ANÁLISE DOS DADOS ................................................................................................... 37
5.6 ASPECTOS ÉTICOS ......................................................................................................... 38
6 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................ 40
6.1 IMPACTO DA SOROPOSITIVIDADE NO CONTEXTO DA MATERNIDADE:
suicídio e negação da doença.................................................................................................... 41
6.2 SIGNIFICADO DA VIVÊNCIA COM O MÉTODO NÃO FARMACOLOGICO PARA
INIBIÇÃO DA LACTAÇÃO ................................................................................................... 44
6.3 IMPOSSIBILIDADE DE AMAMENTAR COMO UM GESTO DE AMOR .................. 45
6.4 ACOLHIMENTO E CONDUTA PROFISSIONAL: possibilidades de enfrentamento da
soropositividade ....................................................................................................................... 48
6.5 REDE FAMILIAR DE (DES)APOIO NO ENFRENTAMENTO DA
SOROPOSITIVIDADE PARA O HIV/AIDS ......................................................................... 50
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 55
REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 57
APÊNDICE A – Instrumento de coleta de dados ..................................................................... 65
APÊNDICE B – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) ............................... 67
APÊNDICE C – Termo de Compromisso de Divulgação e Publicação de Resultados ........... 69
ANEXO A – Termo de autorização de coleta de dados da pesquisa ....................................... 70
14
1 INTRODUÇÃO
A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) tem seus primeiros casos
identificados no fim da década de 1970, nos EUA, Haiti e África Central. No Brasil, o
primeiro caso de AIDS no sexo feminino ocorreu em 1983. No ano seguinte, surge a
descoberta do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), como o causador da AIDS. A falta
de informações científicas e epidemiológicas sobre o HIV aliada à rápida proliferação do
mesmo fez com que se tornasse um problema de saúde pública, que vem atingindo
indiscriminadamente as mulheres independente de raça ou classe social (BRASIL, 2017a).
Uma parcela dessas mulheres é diagnosticada com a infecção retroviral durante a
gestação, através da testagem rápida anti-HIV, sendo esse um dos exames preconizados pelo
Ministério da Saúde (MS) durante o pré-natal e no momento do parto, com o intuito de
prevenir a transmissão vertical (TV). Outras formas de transmissão do vírus se dá por meio da
relação sexual oral, vaginal e anal entre heterossexuais, homossexuais e bissexuais, acidentes
com perfurocortantes contaminados pelo vírus, e transmissão vertical de mãe para filho
durante a gestação e amamentação (BRASIL, 2017b).
Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2014a, p. 01) “a ampliação do acesso ao
diagnóstico é um desafio aos programas de saúde pública” devido a grande complexidade dos
testes laboratoriais convencionais, outro quesito que dificulta é o tempo para se obter o
resultado, levando a população a não ter interesse em realizar exames. Nesse sentido, em
1980 surgiram os testes rápidos, com o intuito de amenizar as dificuldades em executar os
exames bem como agilizar os resultados, e ao longo dos anos os mesmos se mostraram
eficientes em diagnósticos de doenças infectocontagiosas. Testes rápidos são aqueles cuja
leitura é de fácil interpretação, com resultados em no máximo 30 minutos e que não
necessitam de uma grande estrutura como nos laboratórios. Os testes rápidos são realizados
por meio de amostras de sangue, uma das mais utilizadas no Serviço de Atendimento
Especializado (SAE) é a coleta pela punção da polpa digital, onde o profissional deve seguir o
fluxo preconizado para cada conduta que poderá vir a ocorrer. No caso da testagem rápida
para HIV, se o primeiro teste for positivo é realizado um segundo teste com outra marca de
aparelho para que então seja fechado o diagnóstico, ou seja, dois resultados positivos de HIV
pode-se constatar que o usuário tem a presença do vírus em seu organismo, outro ponto a ser
lembrado é que nem o profissional nem o indivíduo deverão se ausentar do local do exame até
que tenha o resultado em mãos.
15
Atualmente no SAE são ofertados testes rápidos para a triagem e/ou o diagnóstico de
HIV, Sífilis e Hepatites B e C. Após ser realizado esse procedimento, caso identificado a
presença do vírus é realizada a abordagem inicial das gestantes e puérperas com HIV, que
consiste em: avaliar o nível de conhecimento acerca da infecção pelo vírus, bem como o risco
de transmissão vertical; a importância da adesão à terapia antirretroviral (TARV); sanar todas
as dúvidas apresentadas pela mulher, sendo o mais claro possível para que não ocorra falhas
de comunicação; observar as reações emocionais em relação ao diagnóstico; estar atento
quanto a sintomas de infecções oportunistas e iniciar a terapêutica para as mesma; orientá-la
sobre a avaliação do parceiro sexual e filhos, se for o caso (BRASIL, 2015).
No período do puerpério os cuidados estão direcionados para a orientação
certificando-se do entendimento da puérpera quanto à necessidade da supressão do
aleitamento materno, por meio de métodos não hormonais como o enfaixamento das mamas e
medidas farmacológicas a partir da administração de inibidores de lactação. Além disso,
acompanhar a puérpera, evitando deixar dúvidas sobre os cuidados tanto para ela quanto para
o lactante e o acompanhamento do recém-nascido (RN) até que sua situação sorológica seja
resolvida. Vale ressaltar que a criança exposta ao HIV recebe após o nascimento a Zidovudina
(AZT) por via oral, ou em até quatro horas após o parto mantendo o esquema durante as
primeiras quatro semanas (BRASIL, 2015).
Neste contexto, muitas dessas gestantes e parturientes começam a encarar novos
desafios e mudanças nos seus hábitos de vida, como por exemplo, a impossibilidade de
amamentar seu filho, devido à presença do vírus no leite materno.
A referida suspensão do aleitamento natural foi comprovada em 1991, por Van de
Perre, que identificou a presença do vírus no leite materno e o seu potencial infectante,
descoberta que fundamentou a suspensão ao aleitamento materno, dessa forma, sendo
orientada a mãe soropositiva para o HIV a não amamentar, e do direito, no Brasil, a receber
fórmula láctea gratuitamente desde o nascimento até pelo menos seu filho completar seis
meses de idade (BRASIL, 2006).
A amamentação pode significar para muitas mulheres um dos símbolos da
maternidade por ser considerado um momento único e de vínculo entre mãe e filho,
percorrendo gerações, e é nesse período que aparecem os diversos conflitos em torno de ser
portadora de HIV estando gestante ou puérpera, pois por um lado a sociedade investe em
campanhas a favor da amamentação e por outro, a restrição médica impede o aleitamento.
Segundo o MS, amamentar é muito mais do que nutrir uma criança, é um processo que
envolve interação profunda entre mãe e filho, com repercussões no estado nutricional da
16
criança, em sua habilidade de se defender de infecções, em sua fisiologia e no seu
desenvolvimento cognitivo e emocional, além de ter implicações na saúde física e psíquica da
mãe (BRASIL, 2009).
O Programa Nacional de Política e Incentivo ao Aleitamento Materno foi elaborado
em 1981 com o intuito de elevar suas taxas, tendo grande repercussão devido aos seus
projetos de ações que incluíam campanhas na mídia, entre outros. Desde então, muitas ações
vem sendo desenvolvidas e normatizadas no Sistema Único de Saúde (SUS) a nível federal,
estadual e municipal visando com isso a promoção do aleitamento materno exclusivo, e se
encontra divido da seguinte maneira: o incentivo ao aleitamento materno nas UBS; na atenção
hospitalar; e banco de leite materno (SOUZA; SANTO; GIUGLIANI, 2010).
Outra ação idealizada e que constantemente vem sendo realizada é a Semana Mundial
de Amamentação com forte divulgação por campanhas desta modalidade, principalmente em
países em desenvolvimento, enquadrando o Brasil nessa categoria, que tem por finalidade
mobilizar a população e profissionais da saúde sobre a real importância da amamentação
exclusiva, visando os benefícios que o ato traz para puérpera e recém-nascidos, e com isso
aumentar o índice de amamentação, prevenindo as taxas de mortalidade infantil.
No entanto, a cobrança pela amamentação independentemente da situação individual
de cada gestante e/ou puérpera é muito forte, e dessa forma deixando de refletir sobre aquela
parcela desaconselhada do ato, devido ao risco de contaminação materno-infantil. Nesse
contexto de grande incentivo à amamentação, as mães que por motivos pessoais não
conseguem amamentar, como por exemplo, na presença do HIV, acabam se sentindo
inferiores e incompletas no binômio mãe-filho (BRASIL, 2014b; BRASIL, 2015).
A participação do profissional de saúde como, por exemplo, o enfermeiro, torna-se
indispensável neste momento, uma vez que se trata de um período de vulnerabilidade, onde
uma assistência de qualidade e humanizada a essas gestantes ou puérperas poderá extrair
métodos de enfrentamento auxiliando-as em seu dia a dia.
Diante desta problemática, o presente estudo tem como intuito relatar os sentimentos e
percepções das mães frente ao desafio de não amamentar e o acolhimento por parte do
profissional da área de saúde no contexto da maternidade, no município de Sinop-MT.
17
2 JUSTIFICATIVA
A gravidez é um período de grandes modificações no corpo e na vida da mulher, em
que esta experimenta intensos sentimentos que algumas vezes se tornam contraditórios, ao
passo que a alegria da espera se entrelaça a dúvidas, medos e ansiedade dessa nova fase,
porém isso se torna mais delicado quando a mãe é diagnosticada com HIV/AIDS. Isso porque,
todo o processo de parto e pós-parto terá um acompanhamento diferenciado e esta mãe será
privada do direito de amamentar seu bebê.
A amamentação é um ato íntimo entre a mãe e filho, onde ela o envolve em seus
braços e volta toda sua atenção ao novo ser que gerou. É um momento que culturalmente faz
parte do seu novo cotidiano de mãe.
O profissional de enfermagem, no exercício de sua carreira, precisa buscar entender
como as mulheres se sentem diante desta nova fase em suas vidas, sobretudo ao se tratar de
mães soropositivas, haja vista que estas podem sofrer com o “drama” de não poder amamentar
e ainda o estigma social por serem portadoras de HIV/AIDS.
Compreender o cotidiano das gestantes e puérperas soropositivas e os seus
sentimentos poderá auxiliar o enfermeiro na construção de habilidades cognitivas necessárias
para a assistência a essas pacientes.
O desejo em abordar o tema HIV surgiu quando tive o primeiro contato com minha
primeira paciente, uma senhora, que se encontrava tão vulnerável, a qual pude ter a grande
oportunidade de prestar os cuidados de enfermagem, esse primeiro momento ocorreu durante
minhas aulas práticas da disciplina Fundamentos do Processo de Cuidar em Enfermagem
cursado no quarto semestre.
No início foi desafiador devido a paciente apresentar um quadro avançado da AIDS
que necessitava de suporte mais amplo e a clínica médica, setor onde ela se encontrava, era
limitado quanto a isso. Porém, se ela não estivesse ali talvez eu não tivesse crescido tanto
como acadêmica (por ter que ir em busca de conhecimentos que eram pertinentes e novos
naquele momento), como pessoa (pois devemos ser humanizados para podermos prestar a
assistência de forma que vá muito além de mecanicismo, visando amor ao próximo), e foi a
partir disso que meu amor e convicção pela enfermagem se concretizaram, além de que essa
vivência me despertou a olhar com mais atenção e a refletir sobre o HIV/AIDS sendo essa
área tão discriminada.
A ideia final do tema a qual envolvia a impossibilidade dessas mulheres em
amamentar emergiu durante uma aula de metodologia da pesquisa cursada no sétimo semestre
18
enquanto fazia pesquisas para definir o tema, foi quando me deparei com um artigo que
relatava a dificuldade em ser mãe frente à impossibilidade de amamentar.
Hoje, como estagiária do SAE tenho a oportunidade de conviver com essas mulheres
nessa fase tão significativa, as quais acolhemos em um momento de extrema complexidade,
inquietações, forte preconceito, possibilidades de TV, e onde elas tem que trazer para
realidade o diagnóstico acompanhado de algumas consequências envolvendo a maternidade. E
isso me faz pensar o que posso contribuir enquanto profissional para tentar amenizar esse
momento tão difícil, em que a mulher se depara após ter se preparado durante toda sua
gestação, sonhando com o dia que terá seu filho no colo e poder entre outros atos que
transmite laços afetivos o de amamentar e que é tão incentivado, e de uma hora para outra ter
isso desfeito.
Deste modo, esta pesquisa visa proporcionar às gestantes e puérperas a oportunidade
de expor seus sentimentos frente à impossibilidade de amamentar seus filhos para que se
tenha uma visão de como foram acolhidas nesse período tão significativo de sua vida.
19
3 OBJETIVOS
3.1 GERAL
Investigar o processo de adaptação de mulheres ao se tornarem mães soropositivas
para HIV.
3.2 ESPECÍFICOS
Apreender as percepções das mães soropositivas diante da impossibilidade de
amamentar.
Identificar os sentimentos e as vivências das mães em relação à soropositividade para
HIV.
Descrever o processo de enfrentamento das mães no cotidiano da maternidade na
presença do HIV, frente à família, profissionais de saúde e sociedade.
20
4 REVISÃO DE LITERATURA
4.1 CONTEXTO HISTÓRICO DO HIV/AIDS
A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) é um quadro clínico avançado
decorrente da infecção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV). Em seu contexto
histórico, os primeiros casos surgiram na década de 1980, se alastrando de forma
desequilibrada e ocasionado uma pandemia, gerando um grande agravo à saúde pública
(BRASIL, 2014c).
A incidência maior de Pessoas Vivendo com HIV/AIDS (PVHA) naquele período era
oriunda de um grupo restrito que tinha como fatores de risco homens que faziam sexo com
homens (HSH), que utilizavam drogas injetáveis e portadores de hemofilia (ROUQUAYROL;
SILVA, 2013).
Atualmente, o HIV é uma infecção global, não afetando apenas o grupo de risco
classificado inicialmente, e isso ocorre devido à migração populacional, urbanização,
mudanças no comportamento do ser humano, principalmente no que diz respeito às práticas
sexuais, uma vez que os mesmos não acreditam ser necessário o uso do preservativo, e isso
muitas vezes vem aliada a falta de informação, dificuldades no acesso a unidade de saúde,
além do número crescente de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) (BRASILEIRO
FILHO, 2012).
Com essa grande elevação da infecção pelo vírus e a dissipação do preconceito, as
organizações não-governamentais (ONGs) e programas estatais atuam oferecendo campanhas
a nível mundial na prevenção da AIDS. Conforme estatísticas levantadas até junho de 2016
pelas nações unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS, 2017), o número de PVHA no mundo era de
36,7 milhões.
No Brasil, o primeiro caso de HIV ocorreu em 1982, a partir daí o número vem
crescendo demasiadamente, e de acordo com o Boletim Epidemiológico HIV/AIDS do
Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das Infecções Sexualmente
Transmissíveis, do HIV/AIDS e das Hepatites Virais (DIAHV), da Secretaria de Vigilância
em Saúde (SVS), do MS, entre os anos de 2007 a junho 2016 foram notificados pelo Sistema
de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) 136.945 novos casos de infecção pelo
HIV no Brasil, sendo que desses, 92.142 casos são em homens e 44.766 em mulheres. Deste
modo, apesar de todos os esforços em prevenir a AIDS, ela ainda persiste em números altos,
21
sendo necessário criar novas estratégias para que esse quadro possa ser revertido (BRASIL,
2016).
A sigla AIDS, originária da língua inglesa, significa Acquired Immunological
Deficience Syndrome (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida). Assim, foi classificada na
ocasião de seu descobrimento, pois a infecção é caracterizada por diversos sintomas que em
conjunto caracterizam uma doença (síndrome), por afetar diretamente o sistema imunológico
do paciente (imunodeficiência) e por ser obtida mediante contaminação e não de maneira
hereditária (adquirida), já o HIV é o agente causador dessa síndrome levando a uma
imunossupressão progressiva, principalmente da imunidade celular (BRASIL, 2014c).
Para um melhor entendimento sobre esse vírus é necessário conhecer sua constituição
e atuação no organismo, o HIV pertence à família retrovírus, carrega seu material genético na
forma de ácido ribonucleico (RNA) ao invés do ácido desoxirribonucleico (DNA), é
circundado por um envelope a qual possui glicoproteínas (GP) atuando na infecção, por meio
de sua protrusão, para que haja a penetração do HIV na célula faz-se necessário a fusão entre
a membrana do vírus e membrana do CD4 (SMELTZER et al., 2011).
Assim como todo vírus possui sua afinidade por uma célula alvo, com o HIV não é
diferente, o mesmo tem tropismo por um conjunto de células chamados linfócitos TCD4
(conhecidos também como células T auxiliares ou células TCD4), macrófagos e dendríticas,
essas células são essenciais no corpo humano, pois elas atuam como defesa reconhecendo
antígenos estranhos e ainda auxiliam na ativação dos linfócitos B produtores de anticorpos
(PORTH; MATFIN, 2010).
O HIV apresenta em seu conteúdo uma enzima denominada transcriptase reversa, com
a capacidade de modificar seu RNA viral em DNA sendo inserido pela enzima integrase ao
DNA da célula infectada para que se inicie um novo ciclo viral (BRASIL, 2014).
Enquanto doença crônica, a infecção pelo HIV/AIDS apresenta início, curso e
consequência, e o indivíduo pode vivenciar diferentes fases clínicas com períodos variados,
pois depende da resposta imunológica do indivíduo e de sua carga viral. A primeira fase é
caracterizada pela infecção aguda onde a manifestação de sinais e sintomas da doença
ocorrem por volta da primeira e terceira semanas. Por seguinte a fase assintomática que pode
perdurar por anos até seu surgimento, isso se dá devido ao vírus passar um período inoculado.
No terceiro estágio o indivíduo se apresenta de forma sintomática, nesse período o número de
células TCD4 diminui gradativamente podendo o indivíduo desenvolver a AIDS, conforme o
nível de CD4 vai reduzindo o sistema imunológico fica gravemente comprometido facilitando
o aparecimento das infecções oportunistas como tuberculose, neurotoxoplasmose,
22
neurocriptococose, além de algumas neoplasias como linfomas não Hodgkin e sarcoma de
Kaposi (SMELTZER; BARE, 2005; BRASIL, 2016).
4.2 FORMAS DE TRANSMISSÃO
O HIV possui como principais vias de transmissão:
- Relação sexual: considerada o principal meio de transmissão, independente de ser
anal, vaginal ou oral (sendo esse estimado de baixo risco, porém se ocorrer a ejaculação esse
risco aumenta, quando praticado sem preservativos). Entre os fatores que podem aumentar o
risco de contaminação em relação heterossexual pelo vírus estão: carga viral elevada ou
imunossupressão, presença de IST como, por exemplo, as ulcerativas (ABIA, 2016a; GIV,
2016a; BRASIL, 2017b).
- Sanguínea: por meio de contato direto com sangue infectado podendo estar presente
em seringas e agulhas, hemoderivados, transfusões sanguíneas ou acidente ocupacional
(ABIA, 2016a; GIV, 2016a).
- Transmissão vertical: advém da passagem do vírus da mãe para o filho no período
da gestação, trabalho de parto, e o parto propriamente dito por meio do contato com as
secreções vaginais e sangue materno, ou ainda pela amamentação, sendo que a maior
incidência de transmissão ocorre no peri-parto (BRASIL, 2007).
4.3 PREVENÇÃO E CONTROLE DO HIV
Alguns pontos de reflexão, como a prevenção e controle, foram surgindo entre a
população ao longo dos anos, mas ainda se esbarram em tabus, preconceitos e receios frente a
uma enfermidade que tem como histórico uma assustadora estigmatização, e sendo assim, por
vezes, pouco debatida abertamente entre alguns casais, com isso muitos deles podem ser
acometidos por essa infecção (FERNANDES; HORTA, 2005).
Cabe aos profissionais da área da saúde desempenhar ações na prevenção da
transmissão do HIV, como: propagar informações sobre o HIV/AIDS nas comunidades que
por vezes não tenham esse acesso e aconselhar pessoas que tenham dúvidas. Isso contribuirá
de forma positiva para que cada dia mais os indivíduos pensem sobre suas atitudes agindo
diferente a partir daquele momento, favorecendo ainda na redução do estigma ligado ao
23
HIV/AIDS, tanto dentro do contexto dos cuidados a saúde, como na comunidade (UNICEF,
1998).
As principais estratégias de prevenção e controle envolvem: o uso de preservativos,
agulhas e seringas esterilizadas e descartáveis, o controle de sangue e derivados, a adoção de
precaução a exposição ocupacional com material biológico e o controle adequado das outras
ISTs (GUILOSKI, 2004).
Preservativos: método de prevenção mais eficaz, preconizado pelo Ministério da
Saúde contra o vírus, além de evitar uma gravidez indesejada, esses quando usados
corretamente agem de formar a barrar o contato com secreções e sêmen entre os parceiros
durante as relações sexuais, e se faz necessário ter alguns cuidados ao usar a camisinha tanto a
feminina quanto a masculina, para que sua eficácia não seja comprometida, sendo eles:
remover o ar para que não haja seu rompimento, armazenar longe do calor, observar a
integridade da embalagem bem como a validade, não é aconselhável o uso de dois
preservativos masculino e feminino ao mesmo tempo, usar lubrificantes apenas a base de
água, pois outros tipos a base de óleo podem lesar o látex e como consequência seu
rompimento (BRASIL, 2015).
Materiais perfuro-cortantes: devido à possibilidade de transmissão do vírus HIV
durante o compartilhamento de objetos perfuro-cortantes, que entrem em contato direto com o
sangue, é aconselhado o uso de materiais descartáveis, caso os instrumentos não sejam
descartáveis, é recomendável que se faça uma esterilização (GIV, 2016b; ABIA, 2016a;
BRASIL, 2017b).
Drogas injetáveis: a administração de drogas injetáveis e o compartilhamento de
seringas é uma das maneiras de transmissão do HIV. Durante o contato do sangue
soropositivo, a seringa é contaminada e sua reutilização por outros indivíduos faz com que
ocorra a infecção, deste modo os usuários devem ter seu kit descartável (seringa, agulha, etc.)
de uso próprio, não compartilhar e descartar os mesmos em local seguro (GIV, 2016b; ABIA,
2016a; BRASIL, 2017b).
Transfusão sanguínea: devido ao risco de contrair diversas doenças, principalmente
o vírus HIV, através da transfusão de sangue e da doação de órgãos, vem contribuindo para
que as unidades de coleta façam uma seleção criteriosa de seus doadores adotando regras
rigorosas no processo de testagem, transporte, estocagem e transfusão do material. Estes
procedimentos estão garantindo cada vez mais um número menor de casos de transmissão de
doenças através da transfusão de sangue e da doação de órgãos (GIV, 2016b; ABIA, 2016b;
BRASIL, 2017b).
24
Transmissão vertical: toda gestante necessita realizar a testagem que identifica a
presença do vírus HIV. Caso o exame tenha positivado, a gestante irá receber um
tratamento adequado, voltado à evitar a transmissão para seu filho durante a gestação, parto
e amamentação (GIV, 2016b).
4.4 TRATAMENTO DO HIV
A infecção pelo HIV é considerada crônica, evolutiva e controlável, mas apesar dos
avanços tecnológicos para auxiliar esse controle por meio da adesão medicamentosa, para
os usuários essa tarefa não é fácil, principalmente na fase inicial do tratamento, pois uma
nova rotina deve ser inserida em seu dia a dia, fazendo com que o mesmo se recorde
constantemente da doença.
O sucesso do tratamento está associado a um conjunto de fatores como o uso dos
antirretrovirais (ARV) que surgiram em 1980, com o intuito de impedir a multiplicação
viral no organismo ajudando a evitar o enfraquecimento do sistema imunológico. Esse
esquema resulta na associação de três ARVs combinados, sendo necessário dois de classes
diferentes, que poderão ser combinados em um único comprimido. As administrações dos
medicamentos devem ser de preferência nos mesmos horários, além de ter hábitos
saudáveis de vida tais como, praticar exercícios físicos, alimentação saudável, comparecer
as consultas de rotina, entre outros cuidados. Tais recomendações quando não seguidas
poderão influenciar na resistência do HIV, impossibilitando outras alternativas de
tratamento (GIV, 2016c).
Ressalta-se que cada paciente deverá ter seu plano de cuidado individual e
elaborado junto à equipe multidisciplinar, com o envolvimento do paciente nesse diálogo
para que ele entenda a importância da adesão, tornando menos propenso ao abandono
(BRASIL, 2010).
4.5 MATERNIDADE NO CONTEXTO HIV/AIDS
A gravidez é um período de grandes modificações na vida da mulher e nos papéis que
desempenha, além de ter que reajustar seu relacionamento conjugal, situação socioeconômica
e sua vida profissional (MALDONADO, 1997).
A maternidade na presença do HIV impõe múltiplos desafios à mulher e sua família,
nos quais se destacam medidas seguras para engravidar, com o risco mínimo de reinfecção ou
25
(re)infectar o parceiro, visando diminuir ao mesmo tempo as chances de Transmissão Materna
Infantil (TMI), assim a adesão ao antirretroviral e consequente redução da carga viral, sendo
essa a medida de maior relevância para a prevenção da infecção pediátrica (FARIA et al.,
2014).
Segundo Brasil (2016):
No Brasil, no período de 2000 até junho de 2016, foram notificadas 99.804 gestantes
infectadas com HIV. Verificou-se que 39,8% das gestantes residiam na região
Sudeste (39,8%), seguida pelas regiões Sul (30,8%), Nordeste (16,2%), Norte
(7,4%) e Centro-Oeste (5,7%). Em 2015, foram identificadas 7.901 gestantes no
Brasil, sendo 31,9% na região Sudeste, 29,6% no Sul, 20,9% no Nordeste, 11,8% no
Norte e 5,8% no Centro-Oeste.
As taxas de transmissão vertical apontam que cerca de 65% dos casos ocorrem no
período do trabalho de parto e no parto, intra-útero 35%, seguido da transmissão do
aleitamento materno em torno de 7% a 22% (BRASIL, 2007).
Em âmbito nacional, ainda existem muitas deficiências do sistema de saúde pública
referente a efetivação para o diagnóstico do HIV/AIDS durante o pré-natal. Embora a elevada
cobertura de testagem no pré-natal, a efetivação de aconselhamento pré-teste e pós-teste nesse
período tem demonstrado níveis muito insatisfatórios, contribuindo para que muitas mães se
deparem com o diagnóstico durante a gestação sem o devido acolhimento, uma vez que por si
só, a notícia da infecção durante a gravidez, traz um impacto psicológico bastante intenso
(KWALOMBOTA, 2002; VARGA; SHERMAN; JONES, 2006; MISUTA et al., 2008).
Frente a essas questões pode-se perceber a necessidade no acréscimo da testagem anti-
HIV durante o pré-natal, bem como um atendimento especializado direcionado as gestantes
vivendo com HIV/AIDS, colaborando com a diminuição dos casos de TV. Durante o
acompanhamento pré-natal, recomenda-se a conduta de aconselhamento, a fim de incentivar a
gestante a realizar a testagem voluntária para o HIV (SERRUYA; CECATTI; LAGO, 2004).
4.5.1 Pré-natal diante da soropositividade
A assistência ao pré-natal das mulheres portadoras do HIV consiste em alguns
cuidados e orientações imprescindíveis a fim de prevenir a TMI, como por exemplo: adesão
ao tratamento com os antirretrovirais combinados para a gestante e RN, tipo de parto, e a não
amamentação.
A abordagem inicial das gestantes e puérperas com HIV consiste em avaliar o nível de
informações acerca da infecção pelo vírus, bem como o risco de transmissão vertical, a
26
importância da adesão ao TARV, sanar todas as dúvidas da mulher, sendo o mais claro
possível para que não ocorra falhas de comunicação, observar as reações emocionais em
relação ao diagnóstico, estar atento quanto a sintomas de infecções oportunistas, e se
necessário iniciar a terapêutica para as mesmas, além de orientá-las sobre a avaliação do
parceiro sexual e filhos, se for o caso (BRASIL, 2015) .
Além do que já foi referido, deve-se realizar um histórico completo contendo o
máximo de informações possíveis sobre a paciente e exame físico minucioso, pois a infecção
pelo HIV tem caráter sistêmico podendo expressar manifestações clínicas indicativas da
doença. Outra questão a ser acompanhada é a situação nutricional, imunológica, virológica e
comorbidades que possam afetar o desenvolvimento da gestação, ou seja, o profissional
deverá ter um olhar holístico voltado a gestante e ou puérpera, direcionando-a à uma equipe
multidisciplinar (BRASIL, 2007; BRASIL, 2010).
Segundo Brasil (2015, p. 32):
A carga viral (CV) é um dos fatores associados ao risco de transmissão vertical do
HIV e auxilia na definição da via de parto. A taxa de transmissão é inferior a 1% em
gestantes em uso de antirretrovirais que mantêm níveis de carga viral abaixo de
1.000 cópias/mL, sendo, portanto, muito baixa quando a carga viral estiver
indetectável.
São recomendadas três avaliações de CV durante a gravidez, sendo solicitada a
primeira no início do pré-natal para avaliar o nível do vírus, a seguinte entre quatro e oito
semanas do início do uso da TARV para avaliar a adesão ao tratamento, e a última, na 34°
semana para decidir qual será a via de parto (BRASIL, 2015).
A genotipagem é outro exame importante para as PVHA, e em casos de gestação esse
se faz essencial, pois ele irá avaliar qual esquema de TARV deverá ser utilizado, a fim de
prevenir falhas terapêuticas e como consequência o risco de TV, porém o início do tratamento
não pode ser retardado em decorrência da não obtenção do resultado do exame (BRASIL,
2015).
A TARV é indicada a toda gestante que convive com o vírus independentemente de
seu estado clínico e do nível de LT- CD4+ e jamais deverá ser suspenso no pós-parto, essa
medida visa entre outras “promover proteção precoce, em relação à transmissão vertical, em
futuras gestações” (BRASIL, 2015, p. 40).
27
4.5.2 Vias de parto
O momento do parto tem sido referido como causa de grande preocupação para as
gestantes portadora do vírus, pois a falta de conhecimento sobre como se executa as medidas
profiláticas durante o trabalho de parto pode provocar intensa ansiedade e fantasias entre as
mesmas, de modo que, as gestantes sabem que o parto é um momento crucial para evitar a
TMI, contribuindo mais ainda para o aumento de tensão e sentimentos de medo. Diante disso
faz-se necessário promover ações no intuito de informar e ao mesmo tempo acolher as
gestantes ao que diz respeito ao trabalho de parto e o parto (CARVALHO et al., 2009).
Desse modo, a infecção pelo HIV traz algumas particularidades no momento do parto
a fim de evitar a TV, por isso o parto torna-se um processo medicalizado e controlado, sendo
preconizado que as gestantes recebam a infusão de zidovudina (AZT) injetável, necessário
para prevenir a TMI, sendo administrado no início do trabalho de parto com a dose de ataque
com posologia de 2 mg/Kg na primeira hora, seguido da infusão contínua de 1 mg/Kg até o
momento do clampeamento do cordão umbilical (FARIA, 2008; DUARTE et al., 2009;
BRASIL, 2015).
A escolha da via de parto é influenciada pelo nível de viremia materna, no qual
mulheres com CV desconhecida ou maior que 1.000 cópias/mL após 34 semanas de gestação,
deverão optar pela cesárea eletiva na 38ª semana de gestação diminuindo as chances de
transmissão vertical. Já para aquelas que estão em uso de antirretrovirais e com supressão da
carga viral sustentada, e não havendo indicação de cesárea por outro motivo, a via de parto
vaginal poderá ser indicada (BRASIL, 2015).
Os cuidados pertinentes a via de parto vaginal são: evitar qualquer procedimento
invasivo, se necessário o uso de fórceps o mesmo deve ser de preferido ao vácuo-extrator, a
indicação para o uso deverá superar os risco de infecção; iniciar uso de AZT intravenoso
quando a parturiente der entrada na maternidade, mantendo-o até a ligadura do cordão
umbilical; evitar toques desnecessários e permanecer com bolsa rota, uma vez que passados
quatro horas aumentam as chances para a transmissão; a administração de ocitocinas não está
contraindicada, mas deverá seguir os protocolos de segurança existentes; a ligadura do cordão
deverá ser feita imediatamente após a saída do feto, sendo de total restrição a ordenha do
cordão; a episiotomia só será feita após uma avaliação sucinta e que confirme a real
necessidade de ser realizada, uma vez feita deverá proteger o local com compressas
umedecidas com degermante, com a ajuda de um auxiliar (BRASIL, 2015).
28
Com relação ao parto cesariano, os cuidados abrangem avaliar a idade gestacional a
fim de prevenir partos prematuros que possam a vir gerar intercorrências, o ideal é estar de 38
semanas gestacionais, outra ressalva é iniciar o trabalho de parto antes do horário designado
para a cirurgia; administrar AZT e só iniciar a cirurgia após três horas de sua infusão; se
possível manter as membranas corioamnióticas íntegras, retirando o feto sem que haja
rupturas; clampear o cordão após o nascimento e não realizar ordenha do mesmo;
independente de cesariana eletiva ou de emergência é de grande importância iniciar
antibioticoterapia como método profilático logo após o clampeamento do cordão (BRASIL,
2015).
4.5.3 Pós-parto
As recomendações pós-parto baseiam-se na orientação da puérpera quanto à
importância da não amamentação por meios não hormonais e farmacológicos,
acompanhamento clínico e ginecológico, bem como o seguimento da criança até a definição
de situação imunológica. A puérpera deverá deixar a maternidade já com horário estabelecido
para sua consulta puerperal no SAE, pois após o nascimento do bebê é muito comum a
diminuição da adesão da puérpera (principalmente aquelas que foram diagnosticadas na
maternidade) ao tratamento, além da falta de comprometimento com as consultas agendadas
no serviço sendo necessário um monitoramento dessa mulher para que retorne ao SAE ainda
no primeiro mês de vida do RN. O alojamento conjunto é recomendável a fim de fortalecer o
vínculo entre mãe e filho (BRASIL, 2007; BRASIL, 2015).
Para Brasil (2007, p. 70):
A puérpera que desconhecia ser portadora de HIV e teve seu diagnóstico realizado
através de testagem rápida durante o trabalho de parto, deve passar por um
aconselhamento pós teste minucioso, considerando-se a situação pouco favorável da
realização do oferecimento do teste durante o trabalho de parto.
É necessário ter um olhar voltado a essas mulheres que não amamentam, pois elas
tendem a ter um período menor de amenorreia, podendo vir a ovular a partir da quarta semana
após o parto, assim considerando os direitos sexuais e reprodutivos, estas devem ser
acompanhadas nas ações de planejamento familiar, de modo que façam alternativas
reprodutivas de forma consciente e segura, orientar sobre a prevenção das IST e reinfecção
pelo HIV, explicitando a necessidade de uso de preservativo masculino ou feminino em todas
29
as práticas sexuais, avaliar a necessidade do parceiro com situação sorológica desconhecida
para aconselhar e testá-lo (BRASIL, 2007; BRASIL, 2015).
A terapia com os antirretrovirais não deverá ser suspensa após o parto,
independentemente da contagem de LT-CD4+ e dos sinais e sintomas clínicos (BRASIL,
2015).
4.6 AMAMENTAÇÃO
A amamentação é uma das primeiras formas de nutrição que a mãe pode dar ao seu
filho como forma de garantir o bem estar e satisfazer a fome, além da sua importância na
prevenção de doenças. Porém, devido a algumas patologias, essas mães são restringidas a
amamentarem seus filhos pelo risco da contaminação, a exemplo disso as gestantes/puérperas
portadoras do HIV são orientadas quanto a não amamentação, tornando esse momento
extremamente complexo e doloroso para a maioria das mulheres (MEDEIROS, 2013;
BRASIL, 2015).
Desse modo, a contraindicação à amamentação traz uma série de conflitos pessoais,
pois as mesmas se sentem pressionadas a dar desculpas por não estar amamentando, devido ao
estigma e o medo do preconceito, mascarando sua situação vivida naquele momento
(BATISTA; SILVA, 2007).
Nesse contexto, a referida suspensão ao aleitamento materno surgiu devido aos riscos
de infecção do HIV de mãe para filho, um estudo realizado demonstrou que 100 crianças ao
ano foram contaminadas pelo vírus nas primeiras semanas de vida, sendo importante frisar
que mesmo a mãe fazendo o uso dos TARV não exclui o risco de TMI pelo leite materno que
chega a ser de 1% a 5% (BRASIL, 2015).
A inibição do aleitamento materno é realizada por meio farmacológico, que consiste
no uso da cabergolina 1,0 mg por via oral, dose única, outra medida realizada em conjunto ao
medicamento e não farmacológico é o enfaixamento das mamas utilizando uma atadura,
comprimindo os seios tendo cautela ao realizar tal procedimento para não restringir os
movimentos respiratórios e causar desconforto. O enfaixamento deve ser feito logo após o
parto e perdurando por dez dias, no caso de mães que ainda continuarem a produzir leite
materno, evitando a estimulação e manipulação da mama. Vale ressaltar que nenhuma
puérpera deve deixar a maternidade sem passar por essa intervenção (BRASIL, 2015).
30
4.6.1 Alimentação infantil
A alimentação infantil frente à presença do HIV é complexa e há uma influência maior
na sobrevida infantil. A recomendação é de que o lactante não receba o aleitamento materno
exclusivo e nem cruzado, orientando os cuidadores quanto a nutrição adequada para crianças
menores de 12 meses expostas ao vírus (PAIM; SOUZA, 2010; FREITAS et al., 2014;
BRASIL, 2015).
A criança exposta, infectada ou não, terá direito a receber a fórmula láctea infantil,
pelo menos, até completar seis meses de idade. Em alguns estados, a fórmula é
fornecida até os 12 meses de idade ou mais (BRASIL, 2015, p. 71).
Além do que já foi citado é importante explicar aos pais no que se refere ao preparo do
leite, sua diluição, os horários, quando e quais alimentos podem ser introduzidos ao longo dos
meses de vida, orientar sobre as práticas de higiene ao preparar alimentação (FREITAS et al.,
2014).
A OMS e as Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS) apontam que as
intervenções nutricionais fazem parte dos programas de controle e tratamento da
AIDS, sendo a nutrição vital para a saúde, independentemente do status do HIV, de
forma que a atenção à dieta e nutrição pode melhorar a aderência e efetividade da
terapia antirretroviral e a qualidade de vida dos infectados ou nascidos expostos ao
HIV (Freitas et al., 2014, p. 624).
A criança exposta ao vírus deve ser acompanhada mensalmente por um pediatra para
verificar seus dados antropométricos, avaliando seu desenvolvimento e crescimento, uma vez
que quando infectadas pelo HIV, podem apresentar alguns problemas como o ganho de peso e
quando necessário receber suporte nutricional, mesmo sem definição diagnóstica (BRASIL,
2004).
4.7 ENFRENTAMENTO SOCIAL
O enfrentamento pode ser definido como um esforço cognitivo e comportamental que
envolve situações de desequilíbrio, sendo elas internas ou externas, desenvolvendo no
indivíduo uma sobrecarga (NUNES, 2010).
Enquanto o agravo continua no anonimato, um dos principais desafios da
soropositividade em especial as gestantes ou puérperas é driblar o impacto social e familiar. O
acréscimo no número de mulheres infectadas contribuiu para deixar de lado os grupos mais
31
vulneráveis em contrair o vírus, porém a AIDS continua sendo vivenciada com grandes
preconceitos, fazendo com que as mulheres mudem suas rotinas para não serem
estigmatizadas, mantendo uma postura como forma de preservar sua identidade frente a
sociedade, mesmo em meio as mudanças, manter em sigilo o status sorológico pode acarretar
em alguns conflitos, em especial o emocional (GONÇALVES, 2006).
Em meio a essas desordens, estar gestante exige que algumas mulheres revelem sua
sorologia para o parceiro e família, pois em alguns casos, a infecção não havia sido
confessada para a família, ocasionando novas angústias para a portadora, já que a omissão em
torno da infecção pelo HIV/AIDS está rotineiramente relacionada ao receio de encarar o
estigma da doença e consequente impacto em suas relações sociais (BLACK, 1994).
Ao mesmo tempo é de extrema importância lembrar que em alguns casos as puérperas
infectadas pelo vírus podem estar sozinhas, sem nenhum tipo de apoio, tendo que
desempenhar as funções de mãe e pai e ainda prover o sustento familiar (GONÇALVES,
2006).
Os sentimentos de culpa e medo são vividos pelas mulheres devido ao fato de
enfrentarem a possibilidade ou o risco de transmissão de uma doença grave e até o momento
sem cura, gerando ao filho as mesmas restrições a que são submetidas. Os anseios
expressados pelas puérperas indicam a dificuldade em enfrentar a não amamentação. Desta
forma a aflição desencadeada pelo fato de não amamentar proporciona sentimentos doloridos
e conflitantes, sentem-se diminuídas frente ao seu papel materno e social, e isso se torna mais
acentuado quando as mesmas se comparam com outras que podem amamentar
(KLEINÜBING et al., 2014).
Segundo Kleinübing et al. (2014 p. 111):
Percebe-se que a mulher acometida pelo HIV identifica no ato de não amamentar a
revelação da condição de estar doente. Além disso, os métodos para a realização da
inibição confirmam seu status sorológico e a sua impossibilidade de amamentar,
impedindo que exerça sua determinação biológica e cultural, o que contribui para a
dificuldade da aceitação e cumprimento dessa orientação.
Depois do choque sofrido pelo diagnóstico, vem a necessidade de se reestruturar em
seus vários papeis, a construção de uma nova imagem após o acometimento da enfermidade e
o retorno à normalidade, compondo um processo complexo. Com o tempo, a doença é
agregada na vida do indivíduo como um algo a mais, sem que isso transforme seus valores
pessoais (MEDEIROS, 2013).
32
O cotidiano de uma mulher soropositiva no período gravídico/puerperal demanda
cuidados especiais, o apoio e compreensão por parte dos familiares nesse momento é
essencial para que as mesmas se sintam acolhidas favorecendo a adesão ao tratamento, além
de tudo as gestantes e ou puérperas em sua maioria compartilham desse resultado com sua
progenitora, pois veem nelas uma fonte de ajuda e conforto (MEDEIROS, 2013; CARDOSO;
WAIDMANI; MARCON, 2008).
Diante do que já foi citado, muitas mulheres encontraram na não amamentação um ato
de amor e cuidado pela criança, sendo motivadas a realizar o tratamento adequadamente, bem
como procurar seguir as orientações para prevenir a TMI, a forma pela qual gestantes e
puérperas soropositivas demonstram contraporem-se à figura idealizada, muitas vezes, pela
maioria das pessoas, a qual compreende que a amamentação, além de representar seus laços
afetivos pela criança, também se torna essencial para seu desenvolvimento biológico, mas
para essas mães a possibilidade de passar no período gravídico/puerperal sem que seu filho
seja infectado pela doença, fazem com que elas se sintam mais mães (KLEINÜBING et al.,
2014).
Abordar uma puérpera HIV+ baseado em um acolhimento humanizado por parte dos
profissionais da saúde contribui para a disposição melhorada de seu enfrentamento, uma vez
que para que isso aconteça de forma mais efetiva é necessário que a equipe de saúde esteja
munida de embasamento científico atualizado, segurança, além de buscar novas estratégias
que envolva essa mulher em seu processo de autocuidado (MEDEIROS, 2013).
33
5 PERCURSO METODOLÓGICO
5.1 LOCAL DO ESTUDO
O trabalho foi realizado no município de Sinop, situado ao norte do estado de Mato
Grosso, às margens da BR-163. A cidade abriga duas Universidades públicas do estado, sendo
a Universidade Federal de Mato Grosso e a Universidade do Estado de Mato Grosso,
tornando-se um polo de referência para as cidades circunvizinhas. Conforme estimativa do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2016, Sinop possui cerca de 132.934
mil habitantes (IBGE, 2016).
O município possui em sua rede pública de saúde uma unidade de Serviço de
Atendimento Especializado (SAE), sua atuação surgiu com a implantação do programa
municipal de IST/AIDS, em 1997, com o intuito de aconselhar e realizar a testagem para
diagnóstico de HIV bem como promover atividades de educação em saúde voltadas para a
população. A equipe nesse período era constituída por: 01 Enfermeira (coordenadora), 01
Assistente Social, 01 Psicóloga, 01 Farmacêutica e 01 Técnico Administrativo.
Nesse primeiro momento, os usuários da unidade eram cinco, e por esse motivo
entendeu-se que era necessário estruturar-se para atender o aumento crescente da demanda. A
unidade nesse período era conhecida como Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA).
Em 2000 passou então a se chamar Serviço de Atendimento Especializado em
HIV/AIDS – SAE/CTA, onde começou a ser realizada a distribuição da Terapia
Antirretroviral (TARV) e serem oferecidas consultas com um médico clínico geral, para os
pacientes que se encontravam clinicamente instáveis, ou seja, mais graves eram encaminhados
à Cuiabá para avaliação com um infectologista e lá eram hospitalizados, os demais eram
acompanhados ambulatoriamente.
No ano de 2004 a unidade passou a contar com uma médica infectologista, e os
pacientes começaram a ser hospitalizados e acompanhados em Sinop (Hospital Santo
Antônio), sendo incluído um técnico de enfermagem ao serviço.
A partir de 2008, um médico ginecologista e obstetra passou a integrar a equipe com
uma grande experiência em pacientes soropositivos, acrescentando a efetivação do pré-natal e
parto, implementando a assistência à saúde das mulheres portadoras de HIV/AIDS e aos
portadores de IST do município. Por motivos pessoais a infectologista deixou a unidade em
2009, o serviço voltou a contar com um infectologista no ano seguinte e o SAE se tornou
referência regional em hepatites virais.
34
Atualmente o SAE/Sinop é referência para os municípios da região Norte do Mato
Grosso e região Sul do Pará para acompanhamento de HIV/AIDS e Hepatites Virais, além de
ter uma equipe multidisciplinar capacitada para realizar toda a assistência necessária aos
usuários. Essa equipe é constituída por quatro médicos sendo um ginecologista/obstetra, um
pediatra e dois infectologistas, conta também com duas enfermeiras, uma psicóloga,
nutricionista dentista e farmacêutica, dois assistente administrativo, uma assistente social, 5
técnicas em enfermagem, duas zeladoras e um motorista. Sua estrutura física contém: sala de
espera, recepção, brinquedoteca, consultórios médicos, de enfermagem e de odontologia, sala
de psicologia/serviço social, farmácia, sala de pré-consulta, sala de observação, almoxarifado,
sala para reuniões, sanitário feminino e masculino para pacientes, sanitário feminino e
masculino para funcionários e uma copa.
O SAE desenvolve atualmente capacitações para profissionais e acadêmicos na área da
saúde, abordando temas como aconselhamento, transmissão vertical de HIV e sífilis, acidente
ocupacional e exposição a material biológico e planejamento familiar. Além das atividades e
atendimento que já foram citadas anteriormente, o serviço disponibiliza planejamento familiar
para aqueles que são encaminhados pelas Unidades Básicas de Saúde (UBS), com objetivo de
discutir sobre a sexualidade, sendo ainda ofertado testagem rápida para esses casais.
As gestantes e/ou puérperas que não são usuárias do serviço, mas que descobrem a
sorologia para o HIV, são encaminhadas para o SAE, onde juntamente com mulheres já
pacientes que desejam engravidar são assistidas pelo serviço, pois necessitam de uma atenção
importante nesta fase tão especial. São realizadas consultas durante o pré-natal e puerpério,
ofertadas todas as orientações essenciais para as mães, além de existir um grupo para essas
gestantes ocorrendo um encontro mensal. A unidade tem horário de atendimento de segunda à
sexta-feira das 7h às 19h, ininterruptas, para facilitar o acesso dos usuários ao serviço1.
5.2 TIPO DE ESTUDO
Trata-se de uma pesquisa descritiva, exploratória com abordagem qualitativa.
Por se tratar de uma pesquisa descritiva, o procedimento adotado foi o levantamento
por amostragem, que segundo Gil (2002) é indicado para avaliar a realidade do fato através do
estudo de opiniões e atitudes. As pesquisas deste aspecto caracterizam-se pela interrogação
direta dos sujeitos cujo comportamento se deseja conhecer por meio de formulários,
1 Informações cedidas pela coordenação do SAE-Sinop.
35
questionários ou entrevistas. A pesquisa descritiva em conjunto com a exploratória são
habitualmente usadas por pesquisadores sociais que se preocupam com a atuação prática,
além de tudo as mesmas são as mais requisitadas pelas organizações educacionais, empresas
comerciais, partidos políticos, entre outros.
Dessa forma, a pesquisa exploratória complementou esse estudo ao “proporcionar
maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito” permitindo ainda a
possibilidade de constituição de hipóteses (GIL, 2002, p. 41). Entende-se que o foco esteve
voltado para ideias mais aprimoradas e descoberta de intuições, caracteriza-se ainda por sua
flexibilidade possibilitando a inclusão dos mais variados aspectos que envolvem a pesquisa,
que envolveu as seguintes etapas: levantamento bibliográfico; entrevista com pessoas que
vivem ou viveram experiências relacionadas à pesquisa; e análise de exemplos para que se
tenha melhor compreensão do caso.
O caráter qualitativo atribuído a esta pesquisa se constitui numa tentativa de interpretar
o significado e os resultados das informações obtidas através de entrevistas, sem a
mensuração quantitativa de características ou comportamento (SEVERINO, 2007). Neste
sentido, o estudo apropria-se da concepção de Oliveira (1996) referente ao paradigma
hermenêutico, ou seja, “a percepção de que as expressões humanas contém componente
significativo, que tem que ser reconhecido como tal” para assim poder interpretá-los
(BLEICHER, 1992, p. 13).
Como proposto por Minayo e colaboradores (1999, p. 74) “a pesquisa qualitativa se
preocupa em investigar uma realidade que não pode ser quantificada, ela trabalha com o
universo de significados [...] que não podem ser quantificados estatisticamente”.
Para Gerdarht e Silveira (2009, p. 32) a pesquisa qualitativa é caracterizada:
[...] por objetivação do fenômeno; hierarquização das ações de descrever,
compreender, explicar, precisão das relações entre o global e o local em determinado
fenômeno; observância das diferenças entre o mundo social e o mundo natural;
respeito ao caráter interativo entre os objetivos buscados pelos investigadores, suas
orientações teóricas e seus dados empíricos; busca de resultados os mais fidedignos
possíveis; oposição ao pressuposto que defende um modelo único de pesquisa para
todas as ciências.
Diante disso, o método foi utilizado para nortear esta pesquisa.
36
5.3 SUJEITOS DO ESTUDO
A amostra do estudo foi composta por sete mães soropositivas para HIV atendidas no
SAE do município de Sinop-MT, após a inclusão obedecendo os seguintes critérios:
Mulheres maiores de 18 anos independentemente do estado civil, número de
filhos, tempo de infecção, escolaridade;
Que já tinham passado pela orientação de restrição da amamentação e descoberto o
vírus durante a gestação ou no momento do parto;
Que realizavam o acompanhamento regularmente;
Que residiam em Sinop;
Que aceitaram participar do estudo.
Foram excluídas as mulheres com os seguintes perfis:
Menores de 18 anos;
Que não foram informadas da necessidade de não amamentar;
Que não descobriram a sorologia no período gestacional ou no parto;
Que não realizam o acompanhamento regularmente.
Que não residiam em Sinop.
Das mulheres selecionadas, não houve recusa de participação.
5.4 COLETA DE DADOS
A coleta de dados foi realizada por meio de entrevista semiestruturada guiada por um
roteiro (Apêndice A) contendo perguntas fechadas referentes ao perfil sociodemográfico e
abertas com um conjunto de questões elaboradas com base no referencial teórico e tema
proposto para a pesquisa. Tal método deu a liberdade para que a entrevistada falasse
livremente sobre assuntos pertinentes ao estudo ou aos que porventura foram surgindo ao
longo dos desdobramentos relacionados ao tema principal.
A entrevista foi realizada em um local reservado, com a presença apenas da
pesquisadora e entrevistada. O local da coleta de dados foi definido por cada voluntária, onde
ela teve a oportunidade de escolher entre ir ao serviço nos dias que foram destinados a sua
consulta, ou ainda na sua própria residência, de forma que se sentisse à vontade. Elas foram
contatadas por meio do telefone do SAE, dessas setes mulheres três preferiram ser
entrevistadas em sua residência e as outras quatro foram entrevistas no SAE, sendo que uma
37
optou ir em um dia tranquilo e que não tivesse consulta, e as demais nos dias que foram
destinados ao seu atendimento.
Os relatos foram gravados mediante a autorização das participantes, e mantidos em
sigilo/segredo, para que posteriormente fossem fidedignamente transcritos para a análise, sendo
importante ressaltar que a pesquisa foi devidamente esclarecida e solicitada a participação
voluntária por meio de um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (Apêndice
B).
5.5 ANÁLISE DOS DADOS
Entende-se como análise a descrição dos dados e a interpretação como articulação
desse traço, com conhecimento mais amplo e que extrapola os dados específicos da pesquisa.
Porém, faz-se necessário compreender que análise e interpretação estão contidas no mesmo
movimento: o de olhar atentamente para os dados da pesquisa (MINAYO et al., 1999; GIL,
2002).
Minayo et al. (1999, p. 69) apontam três finalidades para esta etapa:
[...] estabelecer uma compreensão dos dados coletados, confirmar ou não os
pressupostos da pesquisa ou responder as questões formuladas, e ampliar os
conhecimentos sobre o assunto pesquisado, articulando-o ao contexto cultural do
qual faz parte.
Para compreensão dos dados, primeiramente os mesmos foram transcritos,
posteriormente a gravação passou pela conferência de fidedignidade, ou seja, a gravação já
transcrita foi ouvida novamente, verificando frase por frase, evitando respostas induzidas e
reavaliando os rumos da investigação (ALBERTI, 1990).
Após estas etapas a entrevista foi então analisada, fragmentando o texto de forma a
obter os trechos que respondessem os objetivos em questão. Em seguida foi iniciada uma
interpretação minuciosa de cada fragmento, articulando-os entre si, com objetivo de obter
hipóteses explicativas.
A técnica utilizada para análise dos dados foi a análise de conteúdo, modalidade
temática, proposta por Minayo (2007), que consiste na compreensão a respeito do conteúdo,
aumentando o conhecimento sobre o assunto, respondendo as questões levantadas, juntando
palavras, expressões, pensamentos de forma a gerar categorias de análise dos conteúdos.
A análise de conteúdo foi dividida em fases, sendo elas: 1- pré-análise, onde foi
organizado o material a ser analisado seguido da definição de unidade de registro, contexto,
38
trechos significativos e categorias, sendo necessário uma leitura a fim de identificar os
significados que surgiram das mensagens transmitidas pelos sujeitos da pesquisa durante os
depoimentos; 2 - exploração do material, constituiu mais uma das fases em que se aplicou o
que foi decidido anteriormente, e que é considerada uma das fases mais longas devido haver
necessidade em reler um único conteúdo várias vezes; 3 - a última diz respeito ao tratamento
dos resultados obtidos e interpretação, voltada em captar características dos fenômenos que
foram analisados (MINAYO et al., 1999).
Em suma, as informações coletadas por meio das entrevistas gravadas foram
transcritas, após, foram realizadas leituras constantes, com o intuito de avaliar e agrupar os
dados colhidos, de maneira a analisar minuciosamente seu conteúdo. A seguir, os dados
transcritos foram dispostos, destacando os aspectos considerados relevantes a cada indivíduo
entrevistado. Foi realizada a separação das categorias que emergiram do conteúdo das falas
das participantes, assinalando os pontos basais de cada uma, promovendo a visualização do
material como um todo.
A noção de categoria incorporada a este estudo está relacionada a algo com
características em comum ou que tenham relações entre si e que segundo Minayo e
colaboradores (1999) os conjuntos de categorias possuem três princípios de classificações, o
primeiro relata sobre a importância de ser estabelecido a partir de um único princípio de
classificação; o segundo princípio refere-se a permissão de inclusão de qualquer resposta que
seja obtida numa das categorias; e por último, diz sobre a exclusividade da categoria onde não
é permitido incluir uma resposta em mais de uma categoria.
5.6 ASPECTOS ÉTICOS
A pesquisa considerou todos os preceitos éticos descritos na Resolução nº 466, de 12
de dezembro de 2012 do Conselho Nacional de Saúde/Ministério da Saúde, que “Aprova as
diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos” (RDC
466/2012), garantindo autonomia, não maleficência, beneficência e justiça, preservando
integralmente o anonimato do sujeito. Foram utilizados, ainda, procedimentos que garantiram
a privacidade, confidencialidade dos dados utilizados, proteção da imagem e a não
estigmatização. Além disso, os dados foram utilizados apenas para fins científicos, como
garante o Termo de Compromisso de Publicação e Divulgação dos Resultados (Apêndice C)
(BRASIL, 2012).
39
Diante disso, as participantes receberam o TCLE, sendo informadas sobre a pesquisa e
seus objetivos antes de iniciar a entrevista, deixando claro que os dados coletados seriam
apenas para fins de estudo, ressaltando ainda o sigilo da identidade de cada mãe. A fim de
manter esse sigilo as mães foram identificadas como: Rosa; Rosa amarela; Rosa rosa; Rosa
chá; Rosa branca; Rosa laranja; Rosa champagne.
Além disso, as mães que aceitaram participar voluntariamente da pesquisa tiveram o
direito de não responder a qualquer pergunta e desistir de participar a qualquer momento sem
que houvesse nenhum prejuízo a mesma, as que aceitaram participar do estudo receberam um
TCLE assinado em duas vias tanto pela participante quanto pelas pesquisadoras, sendo que
uma das vias ficou em posse da entrevistada e a outra sob posse das pesquisadoras.
40
6 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os dados apresentados nesta seção são referentes às entrevistas realizadas com sete
mães soropositivas, que são atendidas no Serviço de Atendimento Especializado em IST,
HIV/AIDS e Hepatites Virais do município de Sinop.
De modo geral, a faixa etária das participantes do presente estudo variou entre 22 e 30
anos, sendo que quatro tinham entre 22 e 26 anos e três apresentaram entre 29 e 30 anos. Em
relação ao estado civil, seis delas eram casadas e uma solteira. No que se refere à ocupação,
seis são do lar e uma tem trabalho fixo e com carteira assinada. Quanto ao grau de
escolaridade, uma tinha o primeiro grau incompleto, uma o primeiro grau completo, duas o
segundo grau incompleto, duas segundo grau completo e uma ensino superior completo.
Quanto à religião, duas afirmaram ser evangélicas e cinco católicas. A renda familiar variou
entre os valores de R$ 900,00 à R$ 3.500,00.
No que diz respeito aos dados obstétricos anteriores ao diagnóstico do HIV, das sete
mulheres, quatro relataram a experiência de serem mães sem a presença do vírus, sendo que
três mulheres tinham um filho e uma possuía dois filhos. Destas, três já tiveram um aborto
espontâneo. Das quatro mães, três delas referiram ter vivenciado a experiência da
amamentação nas gestações anteriores.
Referente a última gestação, três disseram ter planejado apenas entre ela e o cônjuge,
procurando posteriormente ao resultado de gravidez uma unidade de saúde, as outras quatro
referiram ter sido uma gravidez não desejada. Das sete, seis realizaram o pré-natal de acordo
com o preconizado, porém uma das mães ao se descobrir soropositiva seguiu com um pré-
natal inadequado, devido ao impacto que o diagnóstico lhe trouxe. Posteriormente ao
resultado, todas as mães foram encaminhas ao SAE, para dar seguimento ao tratamento.
A partir dos depoimentos das mães entrevistadas, foi possível elaborar cinco
categorias de análise, sendo estas apresentadas na sequência do estudo:
Impacto da soropositividade no contexto da maternidade: suicídio e negação a doença.
Significado da vivência com o método não farmacológico para inibição da lactação.
Impossibilidade de amamentar como um gesto de amor.
Acolhimento e conduta profissional: possibilidades de enfrentamento da
soropositividade.
Rede familiar de (des)apoio no enfrentamento da soropositividade para o HIV/AIDS.
41
6.1 IMPACTO DA SOROPOSITIVIDADE NO CONTEXTO DA MATERNIDADE:
suicídio e negação a doença
Sendo o HIV uma infecção que continua amplamente disseminada por todo mundo e
que possui como traço principal a ausência da cura, não é infrequente que as pessoas ao se
descobrirem soropositivas fiquem preocupadas com a morte. Em meio às lacunas sobre a
doença e frente ao diagnóstico, as entrevistadas relataram momentos de angústia, desespero e
desejo de morte, como os relatos demonstram:
Na hora eu fiquei desesperada eu pensei até em suicídio, pensei em me matar, não
queria, não aceitava aquilo. (ROSA)
Pedi muita força a Deus porque eu pensava muita coisa ruim, eu cheguei até falar
pro meu marido, se um dia eu não tiver mais aqui você cuida dela? Porque eu
pensava até em tirar minha vida. (ROSA ROSA)
Eu tava com vontade de me matar, tava fora de mim eu quase ia fazer uma besteira,
mas eu parei, chorei muito, pedi perdão a Deus. (ROSA AMARELA)
A falta de lucidez traz anseios por busca de soluções a pequeno prazo, como citado, o
suicídio, nos remetendo a compreender o quanto um resultado positivo tem efeitos negativos
na vida dessas mães, isso talvez devido à falta da real informação sobre a doença, os avanços
em estudos, o tratamento e a sobrevida na atualidade.
A experiência dos fenômenos emocionais relacionados à morte, nesse caso, se inicia
por sentimentos distintos como o de perda da saúde e a percepção de possuir uma doença
crônica e terminal. Esse ciclo nos faz refletir sobre qual o verdadeiro significado da vida para
essas pessoas, onde as fazem tomar decisões por vezes drásticas sobre si e carregadas de
sofrimento (SOUTO, 2008).
Em um estudo realizado por Gomes, Silva e Oliveira (2011) a percepção de morte
iminente encontra-se presente no primeiro instante do diagnóstico, ocasionando confronto
entre a vida e a morte, porém após contato com os profissionais e com outros portadores do
vírus que não apresentam nenhum sintoma, a ideia e sensação de morte iminente deixam de
ser vistas como anteriormente, como se constata na fala a seguir de uma das entrevistadas:
Eu achei assim que eu ia morrer, que se eu pegasse uma gripe eu já ia morrer,
achava isso na minha cabeça, ou se ficasse perto de alguém doente eu já ia pegar e já
ia morrer, mas aí minha mãe me disse que eu estava sendo boba, que ela tem uma
amiga soropositiva que está bem e vive bem, isso me tranquilizou um pouco. (ROSA)
42
Ao mesmo tempo, a maioria das mães relataram sentir o impacto da sorologia muito
vivo dentro de si, especialmente para aquelas que receberam o diagnóstico recente e no
momento do parto, tornando mais difícil o processo de aceitação da doença. As falas a seguir
demonstram quanto ao nível de negação à sua condição atual:
Foi um susto quando eu descobri mas aí depois eu fui me acostumando com a ideia de
ter que conviver com isso, não tem cura né?![...] não queria, não quero isso para
minha vida. (ROSA)
Mesmo sabendo da minha condição eu não tinha coragem de querer saber nada, às
vezes eu procurava nem pensar. (ROSA LARANJA)
Tal negação pode ser caracterizada como fuga da realidade, no anseio do indivíduo em
habituar-se a sua nova condição, dessa forma, enquanto sobrevém esse processo, o ser deixa
de ir em busca de assistência para sua saúde física e principalmente emocional, deixando de
receber apoio (CARVALHO; PAES, 2011), isso pode ser evidenciado na fala seguinte, pois a
mesma ocultava sua sorologia, devido ao desespero, levando à um estado de fuga durante o
seu período gestacional:
A enfermeira que começou o meu pré-natal não anotou que eu tinha o vírus na
caderneta, aí eu não fiz mais o exame, se eu fizesse ia dar positivo e ia ter que anotar
na carteira, na verdade eu continuei fazendo um pré-natal como se eu fosse uma
pessoa normal. (ROSA LARANJA)
Além disso, a hora de tomar a medicação traz à memória a sorologia, seguido pela
sensação de estar doente e que para se obter o seu controle depende exclusivamente de fazer
uso dessa terapia diariamente, como expresso na fala a seguir:
Até hoje me corrói de ter o vírus porque tem vez que eu esqueço, mas quando eu
lembro de ter que tomar aquele remédio todo dia, aí já vem aquela sensação de... mas
não tem jeito de não dar aquele impacto da gente lembrar, ainda mais na hora do
remédio. (ROSA LARANJA)
Kleinübing, Pereira e Bublitz (2011) relatam que para se obter o contato com as mães
se faz necessário que a equipe profissional que acolhe essa mulher esteja apta no que diz
respeito a fatores que influenciem na má adesão ao tratamento, como no caso a descoberta
recente e a negação da doença, ocasionando a negligência:
Eu tentava não lembrar disso no começo, os primeiros meses foi bem difícil e a
medicação também era muito forte, até hoje não me adaptei, não aceito ainda, meu
43
organismo não aceita, tem dias que nem faço o uso corretamente. (ROSA
CHAMPAGNE)
Somado às incertezas do diagnóstico, duas mães referiram a necessidade de estar
refazendo os exames anti-HIV na busca de um resultado favorável a elas:
[...] não queria, não quero isso para minha vida, as vezes eu penso de fazer um
monte de exames, em lugares diferentes, porque as vezes acho que não tenho, eu fui
até ao SAE e pedi para fazer novamente. (ROSA)
Eu penso em fazer novamente os exames, na verdade eu já pedi para fazerem lá no
SAE, mas ai as meninas conversaram comigo e disseram que não havia necessidade.
(ROSA CHAMPAGNE)
Alguns indivíduos não conseguem assimilar o diagnóstico, hesitam em seu resultado,
necessitando dessa forma de um tempo para admitir uma postura positiva diante de sua
condição. Sendo assim, é comum encontrar pessoas que inicialmente duvidam do resultado ou
tem problema em aceitar o diagnóstico (CARVALHO; PAES, 2011).
Existe um valor muito grande na aceitação da patologia, uma vez que a mesma está
ligada à autoestima, tendo em vista que o índice de depressão nulifica o gozo pela vida,
levando a pessoa à desesperança, renunciando até a própria vida (CARVALHO; PAES,
2011).
Pode-se perceber neste estudo que ao se descobrirem soropositivas, essas mães
apresentaram reações distintas como o desejo de morte iminente relacionado a não aceitação
da patologia, além da dúvida que lhes cercam ao que diz respeito a fidedignidade do exame e
temores em relação ao comprometimento de seu estilo de vida. Vale ressaltar que as
entrevistadas preferem desconhecer o seu estado atual, buscando através do esquecimento
acreditar que não possui o vírus. Diante das falas mencionadas nessa categoria pode-se
perceber ainda que esses atributos negativos sobre a condição da soropositividade quando não
sanados podem acarretar em danos à saúde das mesmas, podendo gerar posteriormente um
declínio de seu sistema imunológico.
Perante o que foi exposto nessa temática, nota-se a real importância das ações dos
profissionais junto a essas mães, atuando em um processo contínuo de suporte emocional para
que esse impacto seja diminuído sem gerar consequências, além das orientações acerca do
vírus, pois a falta de informações fidedignas fez com que algumas mães incialmente
pensassem em atentar contra sua vida. É essencial ainda atuar em outras necessidades que
possam contribuir com a desmitificação do HIV. Contudo, faz-se necessário a compreensão
pelo profissional de saúde, no contexto representado, permitindo que suas intervenções
44
tenham um maior significado na vida dessas mulheres, contribuindo para a compreensão
simbólica dos fatos.
6.2 SIGNIFICADO DA VIVÊNCIA COM O MÉTODO NÃO FARMACOLÓGICO PARA
INIBIÇÃO DA LACTAÇÃO
A idealização da amamentação, de alguma forma, tem repercutido na vida das
mulheres como um marco da maternidade, construído socialmente e culturalmente ao longo
dos anos. O incentivo ao aleitamento tem sido difuso, pelos estatutos e Ministério da Saúde,
criando dessa maneira uma consciência coletiva, de como o ato é essencial na vida do RN por
propiciar um desenvolvimento saudável, além da contribuição deste na vida da mulher tanto
no âmbito familiar como na sociedade, deixando de lado as questões pertinentes a cada
mulher/mãe, que abrange não somente os fatores biológicos, mas os psicossociais (SANDY,
[2008]).
Sabe-se ao longo dos tempos que mães soropositivas para o HIV não podem
desempenhar o ato de amamentar, pois a inibição da lactação é uma conduta recomendada
pelo MS, sendo essa uma medida de prevenção da TV, mesmo em mães que mantenham a
TARV durante a amamentação, pois a taxa de transmissão estimada é em torno de 1% a 5%,
independente da titulação da carga viral materna. Portanto, usar ARV não controla a
eliminação do HIV pelo leite, necessitando a adoção de outras condutas (BRASIL, 2015).
As intervenções usadas para a supressão da lactação em puérperas vivendo com
HIV/AIDS é baseada nos métodos não-hormonais (compressão das mamas com uso da
atadura por dez dias) e farmacológicos (uso de carbegolina conforme prescrição médica).
Diante do reverso da amamentação, as mulheres foram questionadas quanto as condutas
instituídas pelo profissional de saúde para impedir tal ato, percebendo-se por meio dos relatos
das mães, que a prática do enfaixamento mamário era um momento envolto por
constrangimento, sentimento de tristeza, vergonha e surpresa, além dos questionamentos
feitos pelas puérperas presentes na mesma enfermaria. Essa situação foi percebida por meio
dos seguintes relatos:
Me deu vergonha, fiquei triste, outras mães podiam dar de mamar enquanto
eu estava com o seio enfaixado [...] as mulheres tinham aquele olhar de
entender que a gente tem uma doença grave. (ROSA LARANJA)
45
Eu não queria que elas enfaixassem, eu pedi pra elas retirarem, fiquei com
vergonha, as outras mães falavam porque não dá de mamar? Eu tinha que
dar de mamar e se tava enfaixando é porque né?!” (ROSA)
Foi uma surpresa ser enfaixada, é constrangedor, colocar uma faixa numa
mãe sabendo que ela não pode dar o peito que vai prejudicar seu filho, eu
mesmo nunca colocaria meu peito na boca do meu filho, você fica mais
depressiva, foi a mesma sensação de quando o médico veio e disse pra mim
do vírus. (ROSA AMARELA)
Segundo Sandy ([2008]), em um estudo que investigou o significado da amamentação
para o ser mulher/mãe HIV positivo, demonstrou o alto índice de desprezo por parte da
maioria das mães entrevistadas em relação ao método empregado no cotidiano dos serviços de
saúde, no caso, o enfaixamento, alegando modificações no que diz respeito ao estado físico,
moral e emocional.
A contaminação pelo HIV e a restrição de amamentar naturalmente seu filho conduz a
mãe com soropositividade a enfrentar uma rotina diferente da que já era de seu costume,
apresentando períodos de melancolia. O ideal seria que durante o pré-natal essas mulheres-
mães passassem por uma orientação onde explicassem os procedimentos que as mesmas serão
submetidas, inclusive o enfaixamento dos seios, evitando um pós-parto traumático, a forma de
acolhimento é outro ponto a ser relevado, pois esse contribui para a adesão ao tratamento e
como lidam com os obstáculos frente a não amamentação (CONTIM et al., 2015).
Diante das falas que emergiram das entrevistas, refletimos sobre quão doloroso parece
ser para uma mulher ao perceber-se nesse momento, circundada por questionamentos. Aos
profissionais da área da saúde não lhes cabe apenas ter o respaldo científico, mas ter também
um olhar voltado integralmente para a puérpera, deixando de tratar apenas da doença. Neste
estudo, notou-se a falta de privação no momento de enfaixar os seios, expondo as puérperas a
situações desagradáveis, outro ponto é o desejo que essas mulheres tem de não passar por esse
momento, além da surpresa em ser enfaixada, mostrando a falta de orientação por parte dos
profissionais a essas mulheres, a prática do enfaixamento deveria ser repensada, bem como o
modo com que os profissionais lidam com os sentimentos dessas mães.
6.3 IMPOSSIBILIDADE DE AMAMENTAR COMO UM GESTO DE AMOR
Dentro da compreensão das situações enfrentadas pelas entrevistadas diante da
impossibilidade de amamentar, foi possível verificar que os sentimentos vivenciados nessa
fase foram considerados como um período de luto, entrelaçado com culpa, tristeza, dor,
46
incapacidade e até mesmo a comparação com o momento do diagnóstico, como se verifica nas
falas:
É o pior sentimento, porque você deseja tanto um filho e depois você descobrir no
final... se tivesse descoberto no início já tinha amadurecido, talvez! Você ouve tanto
que é o laço de mãe e filho, que previne doenças e infecções, que traz benefício pra
ambos, me senti com incapacidade, com culpa com tudo. (ROSA ROSA)
Quando eu descobri que eu não ia poder amamentar foi pior que saber da doença, eu
sabia que era e foi uma consequência e eu não poderia prejudicar ela, eu era
culpada. (ROSA CHAMPAGNE)
O sentimento de culpa é um dos principais anseios dessas mulheres, devido ao medo
de transmitir o vírus de uma doença grave, sem cura e que pode a longo prazo trazer
limitações para a criança, além do receio pelo fato de serem proibidas de amamentar,
impedindo de ofertar mantimento que para elas são essenciais (KLEINÜBING et al., 2014).
A prática de amamentação é em nosso meio vastamente divulgada, e as mães
soropositivas, mesmo tendo conhecimento sobre os riscos, se sentem diminuídas por não
estarem “aptas’’ a desenvolver integralmente seu papel de mãe como visto perante a
sociedade. Esse equívoco pode atrapalhar o convívio mãe-filho logo nos primeiros dias de
vida, como se percebe no relato:
Eu não conseguia pegar ela, beijar, não consegui aproveitar ela, eu vejo as fotos e já
sinto falta. (ROSA ROSA)
Para Neves e Marin (2013), a construção histórica sobre o incentivo ao aleitamento
natural traz efeitos negativos psicossociais à mãe soropositiva, notando que diariamente os
veículos de comunicação lançam campanhas que induzem o aleitamento materno, excluindo
dessa forma uma população de mães que são barradas dessa prática, na finalidade de proteger
o seu filho, como é nesse caso. Além disso, essas campanhas são um meio de conscientizar a
população sobre uma única forma de alimentação ideal, colocando em situação
constrangedora e expondo mulheres que por amor e cuidado ao seu filho não podem
amamentar.
Por outro lado, as falas seguintes demonstram como o cuidado se sobrepôs ao
sentimento de não poder amamentar, fazendo desse momento uma forma de enfretamento,
demonstrando que a restrição pode ser vista como um ato de amor e proteção ao seu filho:
O que me aliviou é que eu descobri antes e eu não fui negligente, e isso foi me
aliviando, a dor de não poder amamentar, mas também eu não ia prejudicar, estava
47
cuidando dela, eu tinha outras formas de dar carinho para ela. (ROSA
CHAMPAGNE)
Mas eu penso nele, seu eu não posso amamentar é pra proteger ele [...] o que me
deu mais força nessa gravidez era de pensar que ele pode sair sem essa doença,
doeu muito, mas é pro bem. (ROSA BRANCA)
A demonstração de afeto, carinho, amor e dedicação com o bebê, parece estar atrelada
ao sentimento de comprometimento em evitar a TV, encontrando na impossibilidade do
aleitamento materno a forma de desempenhar com êxito essa determinação, e por fim
estabelecer uma compreensão de que este período é um gesto de amor, por preservar seu filho.
No contexto da maternidade na presença do HIV, gerar um filho livre da doença
permite que essas mulheres se sintam menos culpadas, trazendo a elas um misto de felicidade,
mesmo sabendo que seu filho por um período superior a um ano ficará em acompanhamento,
poder vivenciar o primeiro resultado de CV negativo é de extrema gratidão:
Eu tinha medo de passar o vírus para minha filha, mas graças a Deus ela fez o
exame e não deu nada. (ROSA LARANJA)
Diante das falas, nota-se que a condição de não amamentar retoma na mulher/mãe o
seu status sorológico e se reforça no momento das intervenções da inibição da lactação,
contudo essas mães procuraram nesse momento de dor forças para erguer-se e dar
continuidade em seu papel, procurando estratégias de enfrentamento, como foi citado
anteriormente. Nesse contexto, o papel do profissional da saúde mediante a assistência
prestada a esse público, consiste em estar preparado para compreender o cotidiano dessa
mulher em todos os seguimentos, pensando que os cuidados não se restringem somente aos
aspectos clínicos, mas sim de forma a abranger essa mãe como um todo, atuando como
facilitador, orientando, auxiliando para que essa mulher possa estabelecer um vínculo junto ao
seu filho, diminuindo as perdas, valorizando e respeitando a relação entre mãe e filho. Além
disso, se mostra necessário refletir as condutas preconizadas frente à amamentação, trazendo
um olhar de inclusão dessas mães, fazendo com que elas se sintam menos estigmatizadas,
sendo apoiadas não só no fato da patologia, mas sim na modificação em que o vírus pode
fazer na sua vida.
48
6.4 ACOLHIMENTO E CONDUTA PROFISSIONAL: possibilidades de enfrentamento da
soropositividade
Muitas são as ações preconizadas pelo MS por meio de protocolos com o intuito de
orientar o profissional em seu cotidiano, facilitando o atendimento dessas mulheres. Para esse
contexto, foi possível identificar a falta de compromisso por parte dos profissionais de saúde
que atenderam as participantes, se mostrando omissos, sem autonomia, por vezes não
realizando o pré-natal de forma integral ao casal, deixando passar exames que são essenciais
no período gestacional, como por exemplo, o de HIV
Outra informação importante a qual levantada é a falta de oferta da testagem rápida
aos parceiro, sendo essa uma medida essencial a fim de romper a cadeia de transmissão do
vírus, além da ausência de orientação por parte do médico sobre a importância em realizar o
teste rápido, como veremos em uma das falas:
Foi uma gravidez perfeita, eu fazia tudo que haviam me orientado, mais assim, os
exames só fizeram em mim, no meu esposo não. (ROSA ROSA)
Quando foi no último trimestre, o médico pediu (exame), quando eu fui já era outro
médico, não era o que fez os pedidos, eu falei assim, eu não vou fazer mais exames, já
chega! Ele até brincou comigo e respondeu assim já chega né tá de bom tamanho,
morreu o assunto. (ROSA LARANJA)
Em um segundo momento, a pesquisa mostrou como os profissionais ainda não
conseguem lidar com o diagnóstico sobre a patologia, às vezes até mesmo demonstrando
insegurança sobre a sorologia, ou revelando o resultado do exame sem analisar as reais
condições da gestante receber o resultado, além da falta de percepção frente a como irá deixa-
la após a assistência prestada:
A primeira coisa que eles fazem é os exames né?! Elas fizeram, aí vieram
novamente e a médica pediu pra coletar de novo [...], a enfermeira disse: a médica
vem falar com você, eu fiquei preocupada, achando que fosse alguma coisa com a
bebê, porque eu fiz o exame do coração dela. Ela disse: você vai fazer cesárea [...]
a médica veio e falou calma, a gente fez os testes rápidos pra HIV, um ela disse que
tinha dado falso positivo, e o outro tinha dado positivo. (ROSA ROSA)
A enfermeira pediu para ir até o PSF, cheguei lá e ela já foi falando o resultado,
depois que ela viu que eu me desesperei, que ela foi tentar me acalmar, acho que
não deveria ser assim ela sabia que eu tava grávida e sozinha, devia ter marcado
um dia, vem você e seu esposo ou alguém da sua família para te acompanhar né?!
Não! Eu fui sozinha e daí eu voltei de lá para cá passando mal, chorando em
desespero quase que entrei na frente de um carro [...] até hoje eu não sei como eu
cheguei do PSF na minha casa, foi um choque! (ROSA)
49
Segundo Manfroi e Carreno (2015) o impacto da revelação é um estágio intenso,
exigindo bastante, tanto da mulher-mãe, quanto do profissional de saúde, necessitando que o
profissional desempenhe habilidades no intuito de diminuir o impacto frente ao diagnóstico,
valorizando o momento que a gestante está vivenciando, por meio da escuta de anseios,
suporte emocional, estimulação de amor-próprio, além de favorecer um autocuidado consigo e
ao próximo.
Dessa forma, faz-se necessário compreender que a revelação é um processo e esse vai
sendo construído ao longo dos dias, e não um momento sem preparação prévia, certificando-
se de que as informações estão sendo claras por meio de um diálogo adequado, atentando para
o estado emocional e cognitivo dessa mãe (SILVA, 2008).
A insegurança durante o diálogo junto ao paciente em meio um resultado positivo de
HIV pode estar entrelaçada com a sua formação, escassez de capacitação, ou até mesmo seu
próprio desinteresse ao tema, uma vez que ao se falar de HIV muitos remetem ao assunto
sobre a sexualidade, dificultando a abordagem e o plano de cuidado que será feito a esta mãe
(MANFROI; CARRENO, 2015).
Os dados a seguir evidenciam a importância da equipe de saúde em estar sempre
buscando por novos conhecimentos na intenção de repensar suas condutas e o que pode ser
feito para modificar seus atendimentos a esse público alvo, prestando um cuidado
diferenciado, mais humanizado, proporcionando a essas mães um período gestacional, parto e
pós-parto livre de medos e angústias:
Acho que teria que ter um treinamento aos profissionais para não deixar passar no
pré natal o companheiro sem fazer o exame [...]acho que as pessoas tem que ser
mais humana, eu sei que eu tava fragilizada, ainda to, mas assim não custava nada
a enfermeira ter trago a neném até mim, na sala de parto. (ROSA ROSA)
A importância dos grupos de apoio foram pontos levantados pelas entrevistadas
devido à sua relevante contribuição no que diz respeito ao enfrentamento, adesão, sanar
dúvidas, bem como propiciar momentos de interação entres as mães com trocas de vivência
de seu cotidiano, uma das entrevistas relata a experiência em ter participado de um grupo de
apoio, e sendo esse essencial no seu reestabelecimento:
Ter mas apoio, que nem antes, sempre tinha um dia da reunião, elas explicavam
bem sobre o HIV, tinha bastante gestante, acho que principalmente para as
grávidas porque às vezes a gente tem alguma dúvida, então ia explicando pra você
se sentir mais tranquila. (ROSA CHÁ)
Acho importante ter grupos de apoio igual teve um esses dias com as mães e as
crianças. (ROSA LARANJA)
50
No início quando cheguei lá no SAE, eles disseram que ia fazer grupo de apoio, que
ia ter reunião, um horário marcado com todas as mães que tem o vírus, que estão
gestantes, pra dividir as experiências, isso não aconteceu, eu nunca fui chamada
pra nenhum tipo de reunião. (ROSA)
Bazani, Silva e Rissi (2011) referem que a terapêutica promovida por meio dos grupos
de apoio aos soropositivos tem como subsídios encorajar, diminuir misticismo, medo e
ansiedade perante o sofrimento vivido naquele momento, permitindo criar novas estratégias
de enfretamento e adaptação à doença.
Em outro estudo desenvolvido no CTA do interior do estado de Minas Gerais, foi
identificado por meio dos entrevistados que esses grupos de autoajuda, convívio e adesão,
demonstram resultados positivos, pois possibilitam a troca de informações, novas
experiências, aceitação de seu status sorológico e fortalecimento pessoal (CAIXETA et al.,
2011).
Essa temática mostra como foi o cotidiano das mulheres frente à conduta do
profissional mediante um resultado positivo para o HIV, e demonstrou que além da falta de
acolhimento adequado a essas mulheres em momentos de extrema necessidade houve falhas
no pré-natal por não realização das testagens deixando essas em situações de risco e
posteriormente se deparar com um resultado indesejável. O erro profissional acontece no
momento em que uma gestante deixa uma consulta sem ter sanado suas dúvidas por falta de
abertura do profissional, quando não são orientadas adequadamente, falta de suporte
emocional mediante o que se tem vivenciando, fazendo-se necessário uma breve reflexão do
que está sendo realizado para mudar esse quadro, quantos de nós já nos perguntamos, tenho
prestado uma assistência adequada a essa mulher em meio a esse momento de grandes
mudanças? Essas questões são importantes e devem ser levantadas para construir um
atendimento o mais humanizado possível a elas. Em relação aos grupos de apoio, por meio
dele se tem a oportunidade de estabelecer um vínculo entre a equipe multidisciplinar do
serviço e a paciente, influenciando positivamente em suas tomadas de decisões, além de
dividirem saberes e falar mais abertamente assuntos a qual desejam.
6.5 REDE FAMILIAR DE (DES)APOIO NO ENFRENTAMENTO DA
SOROPOSITIVIDADE PARA HIV/AIDS
Diante de uma doença crônica que tem como característica marcante a ausência da
cura, a rede familiar se caracteriza como sendo essencial para a reabilitação do indivíduo, uma
51
vez que a mesma é responsável pelo acolhimento desse familiar. Deste modo, o apoio familiar
e social, se mostra promissor, amenizando os sofrimentos e contribuindo para o enfretamento
de experiências vividas. Entretanto, o afastamento dessa rede pode gerar má adesão ao
tratamento e uma série de impactos emocionais às PVHA (LEMOS et al., 2016).
Nos depoimentos a seguir, as entrevistadas referem ter como rede de apoio os
parceiros, seguido de seus familiares, esse por vezes é instável, caracterizando um sentimento
de solidão por não ter o apoio familiar, além do temor das mães cujos cônjuges são
sorodiscordantes, como explicitam as mulheres:
Uma vez eu acordei no meio da noite, ele chorava e eu com dor desesperada não
tinha ninguém lá da minha família, pra cuidar de mim, minha filha que me ajudou,
mas ela não sabe, minha cunhada que sabia no início [...] várias vezes eu briguei
com minha mãe, pois ela queria que desse de mamar, era muita pressão, acabei
contando pra ela, mas assim, eu não tenho muita conversa com ela. (ROSA
AMARELA)
Tive o apoio da minha mãe, foi a primeira pessoa que eu liguei, ela me disse que
tava sendo boba que ela tem uma amiga que tem e que vive bem. Liguei pro meu
esposo, ele não tem o vírus, mas ele não falou nada, ficou quieto, pensativo, eu disse
nós vamos ter que separar, nós não vamos poder ficar junto, ele respondeu: não é
assim também, falou que me amava, não ia separar por causa disso, que ia ficar
comigo. (ROSA)
Foi meu esposo que me deu apoio, porque só nós que sabemos, foi mais difícil nos
dois primeiros meses, eu não conseguia sair da cama... ele que cuidava de tudo da
casa, eu ficava só pra cuidar da neném e mesmo assim eu não conseguia. (ROSA
ROSA)
Dessa maneira, observa-se a apreensão de uma das participantes, referindo-se a
ausência de comunicação, caracterizando uma falha na estrutura familiar evidenciando a falta
de apoio a essa mulher, em meio as suas novas adversidades. Por outro lado, a inconstância
nas relações familiares dessas mães, pode estar associada com a omissão da doença por medo
de estigmatização, fazendo com que isso se torne um empecilho em suas relações familiares e
sociais, por temer que ao olharem para elas já saibam de sua nova condição sorológica, e
essas por sua vez acabam se isolando para não ter que passar por constrangimentos:
Não foi fácil, fiquei apavorada, não tive coragem nem de contar, fiquei uma pessoa
depressiva na minha gravidez, teve um tempo que eu quase nem dormia, meu
marido me pegava chorando, resolvi me reservar, a gente deixou de sair pra não ter
que ficar dando desculpas. (ROSA LARANJA)
Depois da notícia comecei a me afastar, eu tenho pra mim que todo mundo sabe,
não vou na casa de ninguém, e eu também tenho muita dificuldade com a família do
meu esposo, eles nem na minha casa vem! (ROSA)
52
Eu fui me fechando comigo, comecei me trancar [...] eu tomo remédio pra tirar a
ansiedade, mas o tempo vai passando e eu vou aumentando a dose porque parece
que vou ficando pior, aquela depressão, mas eu não demonstro pra ninguém isso.
(ROSA AMARELA)
Para Carvalho e Paes (2011), a marca que ainda rodeia a enfermidade pode ocasionar
barreiras à rede de apoio das PVHA, sendo que muitas vezes para continuar com os vínculos
estabelecidos entre familiares e amigos, os mesmos ocultam o seu diagnóstico, com o intuito
de não sofrer com um provável distanciamento, preferindo por vezes o autoisolamento, como
foi citado anteriormente pelas entrevistadas.
O apoio familiar para as mulheres soropositivas é fundamental para que se obtenha
uma resposta positiva frente à adesão ao tratamento, reduzindo o índice de transtornos
emocionais como a depressão, contribuindo para sua saúde mental. Porém, essa ponte deve
ser intermediada pelos profissionais de saúde, incluindo esses familiares quando de acordo
com o paciente, em aconselhamentos com o foco principal em reduzir os aspectos negativos,
reforçando o apoio que esse público alvo necessita (GALVÃO; CUNHA; LIMA, 2014).
Na atualidade, podemos perceber que o perfil do HIV/AIDS sofreu alterações,
deixando de ser caracterizado por grupos de riscos onde envolviam os homossexuais,
hemofílicos e profissionais do sexo, passando a ser conceituado como grupo vulnerável, que
significa um conjunto de aspectos não apenas pessoal, mas também coletivo, onde os
indivíduos e a comunidade se encontram expostos a um adoecimento. No entanto, ainda existe
um grande predomínio em relação aos grupos de risco, tornando dificultoso o enfrentamento
para aqueles que possuem a síndrome (GOMES; SILVA; OLIVEIRA, 2011; PAIVA;
AYRES; BUCHALLA, 2012).
A fala a seguir constata a relação da doença com o comportamento do indivíduo,
sendo essa ainda bastante repercutida, evidenciando preconceito, além da interligação da
síndrome com a promiscuidade:
Achei que tinha me traído que tinha havido traição, mas eu tinha contraído quando
eu era do mundo, do mundão. (ROSA CHAMPAGNE)
Na década de 1980 não se tinha tantas informações acerca do HIV, porém a
discriminação já era amplamente manifestada, por meio de termos maldosos, tais como:
“Síndrome da Ira de Deus” ou “peste de gay”, essas demonstrações passavam a imagem de
que o HIV/AIDS era uma forma de “castigo divino” que acometiam as pessoas que não
estavam de acordo com os princípios cristãos. Dessa forma, os indivíduos tinham que
enfrentar não somente o vírus e as doenças que surgiam, mas também a culpa por ter se
53
infectado com uma doença que carrega consigo uma grande estigmatização (CARVALHO;
PAES, 2011).
As representações que marcaram o começo da epidemia e que prosseguem até os dias
de hoje, associam o HIV à morte iminente e à condutas depravadas dignas de punição.
Sabendo que a infecção por muitas vezes é caracterizada como a “doença do outro” aliada a
um alto nível de discriminação, faz com que as pessoas não busquem saber sobre sua
sorologia, ou até mesmo por não acreditarem que sejam vulneráveis a contrair o vírus, como
pode-se perceber na fala a seguir, que relaciona a doença com a promiscuidade, evidenciando
ainda um preconceito em relação a síndrome (PAIVA; AYRES; BUCHALLA, 2012):
Eu nunca imaginaria que poderia ter, se eu gostasse de bagunça essas coisas assim
de mulheres que ficam com vários parceiros que não usam camisinha. (ROSA
AMARELA)
Diante da fala seguinte, pode-se ainda perceber a proteção por parte da portadora do
vírus em relação ao modo em que sua mãe se refere ao separar as roupas para lavar,
caracterizado como falta de informação, a fim de não demonstrar preconceito, além disso, a
mesma relata fazer o uso de álcool e a não conseguir nem mesmo se relacionar com o parceiro
em período menstrual, mesmo sabendo sobre a forma de transmissão, caracterizando
insegurança, medo e preconceito por parte da mãe soropositiva. Sendo assim, pode-se
observar que o acesso às informações sobre a doença não afasta e nem diminui o preconceito
e os tabus que cercam essa infecção, nem mesmo por parte das portadoras, sendo necessário
instituir novas estratégias a fim de reduzir esses impactos causados pelos primeiros relatos da
doença que repercutem até os dias atuais.
Ela vinha e falava filha olha, não mistura tuas roupas íntimas e nem toalhas, eu sei
que não era preconceito da minha mãe, mas sim falta de informação, eu falei pra
ela, mãe não é bem assim [...] eu na verdade fiquei até meio assim com meu marido
quando eu fico menstruada, nem quero triscar nele, limpo tudo com álcool. (ROSA
CHAMPAGNE)
Portanto, o olhar às PVHA deve ser de forma holística e de igualdade, pois o
preconceito sofrido por essas pacientes se intensifica ao se tratar de mães, por medo de
rejeição e principalmente o temor em transmitir o vírus ao filho, comprovando dessa maneira
a necessidade de um novo progresso frente a quebra dos tabus, para que seja possível
contribuir no restabelecimento dos vínculos familiares e dos parceiros, além de reincluir no
meio social, reduzindo o índice de isolamento e consequentemente depressão. Torna-se
54
necessário, dessa forma, ações que realmente sejam promissoras no tocante à infecção do
HIV, avaliando as carências familiares e qual apoio essa mulher necessita independentemente
da área, isso irá contribuir positivamente na qualidade de vida dessas mães.
55
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por meio desta pesquisa foi possível constatar a importância do tema abordado aos
pesquisadores, profissionais de saúde, sociedade e aos demais envolvidos ativamente no
cotidiano de mães soropositivas, dessa forma, buscou-se contribuir com a ampliação do
conhecimento científico na área da saúde, com o intuito de melhorar a assistência de
enfermagem, oportunizando a essas participantes um momento para expor seus sentimentos
vivenciados diante da soropositividade, além de sanar as dúvidas pertinentes, colaborando no
processo de enfrentamento da doença.
Diante das falas das entrevistadas, pode-se compreender que as mães soropositivas
ainda negam a condição de seu status sorológico, independente do tempo de diagnóstico, e
esse fato pode contribuir negativamente em seu estado de saúde a curto ou longo prazo. Em
alguns casos, referiram a necessidade de estar realizando outros exames em clínicas
particulares, na esperança de encontrar um resultado negativo, demonstrando a não aceitação
da doença. Ainda, verificou-se que muitas vezes as mulheres não recebem o devido apoio por
parte da família ou sociedade, desencadeando efeitos negativos em relação à adesão ao
tratamento, em danos emocionais, isolamento social, problemas nas relações familiares, sendo
dessa forma necessário instituir ações para reduzir esse impacto.
O uso das ataduras (enfaixamento) como método preconizado para inibir a lactação foi
uma prática negativamente repercutida entre as mães entrevistadas, demonstrando grande
rejeição por parte dessa intervenção, pelo fato de deixarem-nas expostas aos comentários das
demais pacientes, uma vez que essas mães sentem nesse momento, como se seu corpo ficasse
centralizado apenas em suas mamas. Sabe-se que é uma conduta não farmacológica
preconizada pelo Ministério da Saúde, porém, observou-se que a atadura que deveria ser
usada por dez dias em mães que ainda produzam leite materno, permaneceram um a dois dias
ou até mesmo horas. Esse fato demonstra que o profissional pode estar utilizando a técnica
sem entender a real necessidade e dessa forma, expondo a mulher sem necessidade. Outro
ponto relevante neste estudo foi o fato de uma entrevistada não receber orientações
específicas sobre as condutas adotadas para inibir a lactação, sendo o enfaixamento um
momento de surpresa e sofrimento.
Apesar da consternação desse momento, em relação aos sentimentos vivenciados pelas
mães devido à impossibilidade de amamentar, foi observado que isso trouxe uma série de
sentimentos negativos, como o de culpa, incapacidade, entre outros, porém esses sentimentos
56
foram superados ao enfrentarem a restrição como um ato de amor e proteção ao filho, como
forma de amenizar o sofrimento vivenciando.
Dessa forma, o presente trabalho pode evidenciar lacunas durante o pré-natal, no
momento do aconselhamento pré-teste que tem como objetivo preparar essa gestante/mãe
frente a um diagnóstico positivo, além da conduta por parte do profissional no acolhimento,
marcando intensamente as histórias de vida dessas mães. Outra falha por parte dos
profissionais foi a falta de oferta em testagem rápida ao parceiro, deixando dessa forma a
mulher exposta ao risco de se infectar, como aconteceu com uma das mães que se deparou
com um resultado negativo no primeiro trimestre e reagente no momento do parto,
ocasionando a exposição da criança ao vírus.
Um aspecto importante observado foi que as mães mencionaram sobre a importância
na formação de grupos de apoio para mães e novas gestantes que chegam ao serviço
desorientadas e com grande preocupação em relação à TV, sendo que duas mencionaram
sobre já terem participado desses grupos no SAE e que foram importantes na construção de
novos pensamentos e na reabilitação.
A pesquisa pode evidenciar pontos negativos e positivos sobre a assistência recebida
no decorrer da gestação, parto e pós-parto e esses precisam ser considerados para que se tenha
uma mudança nesse quadro. Com relação aos pontos positivos, tem-se a história de uma mãe
que ao deparar com o resultado positivo e não negligenciar o pré-natal, devido à atuação
positiva do profissional, protegeu a criança da exposição a uma doença que não tem cura e
alvo de preconceitos. Dentre os aspectos negativos, encontra-se a assistência por vezes
inadequada durante o pré-natal, envolvendo a ausência de informações ou orientações
superficiais e deficiência no acolhimento, mesmo que esses profissionais tenham sido
capacitados para desempenhar sua profissão com maior êxito em situações como dessas mães.
Conclui-se que o conhecimento produzido acerca das percepções dessas mães frente a
tal situação confirma a importância da busca contínua por métodos que possam direcionar a
necessidade de maior inclusão dos profissionais acerca de uma assistência humanizada à
mulheres soropositivas nessa nova fase, além disso, faz-se necessário a criação de novos
estudos relacionando a maternidade e o HIV, contribuindo positivamente com a qualidade de
vida dessas mulheres.
57
REFERÊNCIAS
ABIA - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA INTERDISCIPLINAR DE AIDS. ABIA esclarece
dúvidas sobre a transmissão do HIV. Rio de Janeiro, abr. 2016a. Disponível em:
<http://abiaids.org.br/em-nota-abia-esclarece-duvidas-sobre-transmissao-do-hiv/29054>.
Acesso em: 15 jan. 2017.
ABIA - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA INTERDISCIPLINAR DE AIDS. Prevenção,
Tratamento e Assistência. 2016b. Disponível em: <http://abiaids.org.br/prevencao-
tratamento-e-assistencia-visao-geral>. Acesso em: 15 jan. 2017.
ALBERTI, V. História oral: a experiência do CPDOC. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio
Vargas, 1990.
BATISTA, C. B.; SILVA, L. R. Sentimentos de mulheres soropositivas para HIV diante da
impossibilidade de amamentar. Escola Anna Nery, Rio de Janeiro, v. 11, n. 2, p. 268 – 275,
jun. 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ean/v11n2/v11n2a13.pdf>. Acesso em:
28 mar. 2017.
BLACK, L. W. A Aids e o segredo. In: IMBER-BLACK, E. (Org.). Os segredos na família e
na terapia familiar. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994, p. 351-364.
BAZANI, A. C.; SILVA, P. M.; RISSI, M. R. R. A vivência da maternidade para uma mulher
soropositiva para o HIV: um estudo de caso. Saúde & Transformação Social / Health &
Social Change, v. 2, n. 1, p. 45-55, Florianópolis, 2011. Disponível em:
<http://www.redalyc.org/html/2653/265323523008/>. Acesso em: 23 jun. 2017.
BLEICHER, J. Hermenêutica contemporânea. Rio de Janeiro: ed. 70, 1992.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Recomendações para
profilaxia da transmissão vertical do HIV e terapia antirretroviral em gestantes.
Brasília: Ministério da Saúde, 2006. Disponível em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/recomendacoes_profilaxia_hiv_antiretroviral_ges
tantes.pdf>. Acesso em: 15 fev. 2016.
____. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Programa Nacional de DST e
Aids. Protocolo para a prevenção de transmissão vertical de HIV e sífilis: manual de
bolso. Brasília, 2007. Disponível em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/protocolo_prevencao_transmissao_verticalhivsifi
lis_manualbolso.pdf>. Acesso: 15 mar. 2017.
58
_____. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção
Básica. Saúde da criança: nutrição infantil, aleitamento materno e alimentação
complementar. Brasília: Ministério da Saúde, 2009. Disponível em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_crianca_nutricao_aleitamento_alimentacao
.pdf>. Acesso em: 15 fev. 2016.
_____. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de DST, Aids
e Hepatites Virais. Adesão ao tratamento antirretroviral no Brasil: coletânea de estudos do
Projeto Atar: Projeto Atar / Ministério da Saúde. Brasília, 2010. Disponível em:
<http://www.aids.gov.br/sites/default/files/atar-web.pdf>. Acesso: 10 mar. 2017.
_____. Conselho Nacional de Saúde/Ministério da Saúde/Comissão Nacional de Ética em
Pesquisa. Resolução nº 466, de 10 de outubro de 1996, versão 2012. 2012. Disponível em:
<http://conselho.saude.gov.br/web_comissoes/conep/aquivos/resolucoes/23_out_versao_final
_196_ENCEP2012.pdf>. Acesso em: 14 fev. 2016.
_____. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de DST, AIDS
e Hepatites Virais. Universidade Federal de Santa Catarina. Testes rápidos. CIDADE. ed.
2014a. Disponível em: <http://telelab.aids.gov.br/index.php/component/k2/item/111>. Acesso
em: 09 mar. 2017.
_____. Portal da saúde. Semana mundial da amamentação. 2014b. Disponível em:
<http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/secretarias/514-sas-
raiz/dapes/saude-da-crianca-e-aleitamento-materno/l2-saude-da-crianca-e-aleitamento-
materno/10378-primeira-infancia>. Acesso em: 20 fev. 2017.
_____. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de DST, AIDS
e Hepatites Virais. Universidade Federal de Santa Catarina. Diagnostico do HIV. CIDADE.
ed. 2014c. Disponível em: <http://telelab.aids.gov.br/index.php/component/k2/item/111>
Acesso em: 09 mar. 2017.
_____. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de DST, AIDS
e Hepatites Virais. Protocolo clínico e diretrizes terapêuticas para prevenção da
transmissão vertical de HIV, sífilis e hepatites virais. 1. ed. Brasília, 2015. Disponível em:
<http://www.aids.gov.br/sites/default/files/anexos/publicacao/2015/58572/pcdt_transm_vertic
al_091215_pdf_12930.pdf> Acesso em: 09 mar. 2017.
_____. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de DST, AIDS
e Hepatites Virais. Protocolo clínico e diretrizes terapêuticas para atenção integral às
pessoas com infecções sexualmente transmissíveis. 2. ed. Brasília, 2016. Disponível em:
<http://www.aids.gov.br/publicacao/2015/protocolo-clinico-e-diretrizes-terapeuticas-para
atencao-integral-pessoas-com-infecc> Acesso em: 20 fev. 2017.
59
_____. Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das IST, do HIV/Aids. O que é
HIV? 2017a. Disponível em: <http://www.aids.gov.br/pagina/o-que-e-hiv>. Acesso em: 10
jan. 2017.
_____. Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das IST, do HIV/Aids. Formas de
contágio. 2017b. Disponível em: <http://www.aids.gov.br/pagina/formas-de-contagio>.
Acesso em: 10 jan. 2017.
BRASILEIRO FILHO, G. Bogliolo patologia. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2012.
CAIXETA, C. R. C. B. et al. Apoio social para pessoas vivendo com AIDS. Rev enferm
UFPE on line. v. 5, n. 8, p. 1920-30, 2011. Disponível em:
<http://www.revista.ufpe.br/revistaenfermagem/index.php/revista/article/viewFile/1866/pdf_6
53>. Acesso: 22 jun. 2017.
CARDOSO, A. L.; WAIDMANI, M. A. P.; MARCON, S. S. O impacto da descoberta da
sorologia positiva do portador de HIV/AIDS e sua família. Rev. enferm. UERJ, Rio de
Janeiro, v. 16, n, p. 326-32, jul/set 2008. Disponível em:
<http://www.facenf.uerj.br/v16n3/v16n3a05.pdf>. Acesso em: 21 fev. 2017.
CARVALHO, S. M; PAES, G. O. A influência da estigmatização social em pessoas vivendo
com HIV/AIDS. Cad. Saúde Colet.. v. 19, n. 2, p.157-63, Rio de Janeiro, 2011. Disponível
em: <http://www.iesc.ufrj.br/cadernos/images/csc/2011_2/artigos/csc_v19n2_157-163.pdf>.
Acesso: 20 jun. 2017.
CARVALHO, F. T. et al. Intervenção psicoeducativa para gestantes vivendo com HIV/Aids:
uma revisão da literatura. Psicologia: Teoria e Prática. v. 11, n. 3, p. 157-73, 2009.
Disponível em: <http://editorarevistas.mackenzie.br/index.php/ptp/article/view/2238/1997>.
Acesso: 25 mar. 2017.
CONTIM, C. L. V. et al. Ser mãe e portadora do HIV: dualidade que permeia o risco da
transmissão vertical. Rev enferm UERJ, v. 23, n. 3, p.401-6, 2015. Disponível em:
<http://www.facenf.uerj.br/v23n3/v23n3a18.pdf >. Acesso: 16 jun. 2017.
DUARTE, G. et al. Profilaxia da transmissão vertical do vírus da imunodeficiência humana
tipo 1. FEMINA. v. 37, n. 8, p. 403-11, ago. 2009. Disponível em:
<http://www.febrasgo.org.br/site/wp-content/uploads/2013/05/Feminav37n8p403-11.pdf>.
Acesso em: 19 mar. 2017.
60
FARIA, E. R. Relação mãe-bebê no contexto de infecção materna pelo HIV/AIDS: a
constituição do vínculo da gestação ao terceiro mês do bebê. 2008. 128 f. Dissertação
(Mestrado em Psicologia) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2008.
Disponível em: < http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/14916/000672942.pdf?..>
Acesso em: 03 mar. 2017.
FERNANDES, H.; HORTA, A. L. M. Percepções de alunas de graduação em enfermagem
sobre parcerias sorodiscordantes para o HIV/AIDS. Rev Latino-am Enfermagem, v. 13, n.
4, p. 522-9, jul-ago. 2005. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/rlae/v13n4/v13n4a10.pdf>. Acesso em: 10 mar. 2017.
FARIA. E. R., et al. Gestação e HIV: preditores da adesão ao tratamento no contexto do pré-
natal. Psicologia: Teoria e Pesquisa, v. 30, n. 2, p. 197-203, Abr-Jun. 2014. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/ptp/v30n2/09.pdf>. Acesso em: 19 mar. 2017.
FREITAS, J. G. et al. Alimentação de crianças nascidas expostas ao vírus da
imunodeficiência humana. Texto Contexto Enferm, Florianópolis, v. 23, n. 3, p. 617-25, jul-
set, 2014. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/tce/v23n3/pt_0104-0707-tce-23-03-
00617.pdf>. Acesso em: 25 mar. 2017.
GALVÃO, M. T. G.; CUNHA, G. H.; LIMA, I. C. V. Mulheres que geram filhos expostos ao
vírus da imunodeficiência humana: representações sociais da maternidade. Rev. Eletr. Enf. v.
16, n. 4, p. 804-11, out/dez, 2014. Disponível em:
<https://www.revistas.ufg.br/fen/article/view/22760/17841>. Acesso em: 28 jun. 2017.
GERHARDT, T. E; SILVEIRA, D. T. Métodos de pesquisa. Universidade Aberta do Brasil
– UAB/UFRGS. Curso de Graduação Tecnológica – Planejamento e Gestão para o
Desenvolvimento Rural da SEAD/UFRGS. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2009.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.
GIV - GRUPO DE INCENTIVO A VIDA. Como se contrai o vírus HIV?. 2016a.
Disponível em: <http://giv.org.br/HIV-e-AIDS/Como-se-Contrai-o-V%C3%ADrus-
HIV/index.html>. Acesso em: 15 de jan. 2017.
GIV - GRUPO DE INCENTIVO A VIDA. Como não se transmite o HIV?. 2016b.
Disponível em: <http://giv.org.br/HIV-e-AIDS/Como-se-Contrai-o-V%C3%ADrus-
HIV/index.html>. Acesso em: 15 de jan. de 2017.
GIV - GRUPO DE INCENTIVO A VIDA. Medicamentos Anti-HIV. 2016c. Disponível em:
<http://giv.org.br/HIV-e-AIDS/Medicamentos/index.html >. Acesso em: 15 de jan. 2017.
61
GOMES, A. M. T; SILVA, E. M. P; OLIVEIRA, D. C. Representações sociais da AIDS para
pessoas que vivem com HIV e suas interfaces cotidianas. Rev. Latino-Am. Enfermagem. v.
19, n. 3, p. 1-8, 2011. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rlae/v19n3/pt_06>. Acesso:
21 jun. 2017.
GONÇALVES, T. R. Experiência da maternidade no contexto do HIV/AIDS aos três
meses de vida do bebê. 2006. 137f. Dissertação (Mestrado em Psicologia) – Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2006. Disponível em:
<http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/10758/000601111.pdf>. Acesso em: 10
mar. 2017.
GUILOSKI, I. C. Estudo da prevalência da infecção pelo HIV no Estado do Paraná.
2004. 46 f. Monografia (Bacharelado em Ciências Biológicas) - Universidade Federal do
Paraná, Curitiba, 2004. Disponível em:
<http://acervodigital.ufpr.br/bitstream/handle/1884/33187/Monografia%20Izonete%20Cristin
a%20Guiloski.pdf?sequence=1>. Acesso em: 27 mar. 2017.
IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Estimativa
Populacional de 2012. 2010. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.
htm?1>. Acesso em: 13 de fev. 2016.
KLEINÜBING, R. E; PEREIRA, F. W; BUBLITZ, S. Atuação da equipe de saúde com
gestantes soropositivas ao HIV: desvelando o papel da enfermagem. Revista Contexto &
Saúde, v. 10, n. 20, p. 211-214 Jan./Jun. 2011. Disponível em:
<https://www.revistas.unijui.edu.br/index.php/contextoesaude/article/viewFile/1629/1364>.
Acesso: 16 jun. 2017.
KLEINÜBING, R. E., et al. Puérperas soropositivas para o HIV: como estão vivenciando a
não amamentação. Rev enferm UFPE on line. Recife, v. 8 n. 1, p.107-13, jan., 2014.
Disponível em:
<http://www.revista.ufpe.br/revistaenfermagem/index.php/revista/article/download/5576/833
3>. Acesso em: 01 abr. 2017.
KWALOMBOTA, M. The effect of pregnancy in HIV-infected women. AIDS Care, v. 14, n.
3, p. 431-433, 2002. Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12042089>.
Acesso em: 18 mar. 2017.
LEMOS, T. S. A. et al. Atuação do profissional de saúde junto à família com HIV/AIDS.
Rev. Cubana de Enfermería. v. 32, n. 4. 2016. Disponível em:
<http://www.revenfermeria.sld.cu/index.php/enf/article/view/931/206>. Acesso em: 27 jun.
2017.
62
MALDONADO, M. T. P. Psicologia da gravidez. Vozes: Petrópolis, 1997.
MANFROI, M; CARRENO, I. Testagem rápida para o HIV na perspectiva do
profissional de saúde. p. 1-20, Lajeado, nov. 2015. Disponível em:
<https://www.univates.br/bdu/bitstream/10737/1188/1/2015MarinaManfroi.pdf>. Acesso em:
18 jun. 2017.
MEDEIROS, A. P. D. S. Mulheres gestantes e puérperas soropositivivas para HIV/AIDS:
história oral testemunhal. 2013. 123 f. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) -
Universidade Federal de Paraíba, João Pessoa, 2013. Disponível em:
<http://tede.biblioteca.ufpb.br/bitstream/tede/5129/1/arquivototal.pdf>. Acesso em: 20 fev.
2017.
MINAYO, M. C. S. et al. Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. 14. ed. Petrópolis:
Vozes, 1999.
MINAYO, M. C. S. O desafio do conhecimento. 10. ed. São Paulo: HUCITEC, 2007.
MISUTA, N. M. et al.; Sorologia anti-HIV e aconselhamento pré-teste em gestantes na região
noroeste do Paraná, Brasil. Revista Brasileira de Saúde Materno-Infantil, v. 8, n. 2, p. 197-
205, 2008.
NEVES, C. V; MARIN, A. H. A impossibilidade de amamentar em diferentes contextos.
Barbarói, n. 38, p. 198-214, Santa Cruz do Sul, jan./jun. 2013. Disponível em:
<https://online.unisc.br/seer/index.php/barbaroi/article/view/2037/2988>. Acesso: 17 jun.
2017.
NUNES, C. M. N. S. O conceito de enfrentamento e a sua relevância na pratica da
psiconcologia. Encontro: Revista de Psicologia, v. 13, n. 19, p. 91-102, 2010. Disponível
em: <http://www.pgsskroton.com.br/seer/index.php/renc/article/viewFile/2519/2411>. Acesso
em: 02 abr. 2017.
OLIVEIRA, R. C. O trabalho do antropólogo: olhar, ouvir, escrever. Revista de
Antropologia (USP), v. 39, n. 1, São Paulo, 1996.
PAIM, B. S.; SOUZA, G. C. Práticas alimentares de crianças expostas à transmissão vertical
do HIV acompanhadas em quatro serviços especializados de Porto Alegre/RS. Rev HCPA, v.
30, n. 3, p. 252-57, 2010. Disponível em:
<http://seer.ufrgs.br/hcpa/article/download/15577/9703>. Acesso em: 30 mar. 2017.
63
PAIVA, V; AYRES, J. R; BUCHALLA, C. M; Vulnerabilidade e direitos humanos -
prevenção e promoção da saúde: da doença à cidadania. 22. ed. Curitiba: Juruá, 2012.
PORTH, C. M.; MATFIN, G. Fisiopatologia. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2010. 2v.
ROUQUAYROL, M. Z.; SILVA, M. G. C. Epedemiologia e saúde. 7. ed. Rio de Janeiro:
MedBook, 2013.
SANDY, A. Enfaixamento das mamas - sentimentos envolvidos na reprovação pelo
controle de qualidade. Hospital Federal de Bonsucesso, Rio de Janeiro, [2008]. Disponível
em: <http://www.hgb.rj.saude.gov.br/artigos/arinete.asp>. Acesso em: 04 mai. 2017.
SERRUYA, S. J.; CECATTI, J. G.; LAGO, T. G. O programa de humanização no pré-natal e
nascimento do Ministério da Saúde no Brasil: resultados iniciais. Cadernos de Saúde
Pública, v. 20, n. 5, p. 1281-289, 2004. Disponível em:
<https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/imagem/0739.pdf>. Acesso em: 04 mar.
2017.
SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho científico. 23. ed. São Paulo: Cortez, 2007.
SILVA, P. F. Crianças/Adolescentes Infectados pelo HIV por Transmissão Vertical:
Processo de Revelação Diagnóstica. 2008. 16 f. Trabalho de Conclusão de Curso
(Enfermagem) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2008. Disponível
em: <http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/107853/000670496.pdf?sequence=1>
Acesso em: 22 jun. 2017.
SOUTO, B. G. A. Reflexões psicossociais em torno da pessoa infectada pelo HIV. Rev Soc
Bra Clin Med. v. 6, n. 3, p.115-122, 2008. Disponível em: <http://files.bvs.br/upload/S/1679-
1010/2008/v6n3/a115-122.pdf>. Acesso em: 21 jun. 2017.
SOUZA, C. B.; SANTO, L. C. E.; GIUGLIANI, E. R. J. Políticas públicas de incentivo ao
aleitamento materno: a experiência do Brasil. 2010. Disponível em:
<https://mamamiaamamentar.files.wordpress.com/2010/12/texto-revista-francesa.pdf>.
Acesso em: 10 dez. 2016.
SMELTZER, R. C; BARE, B. G. Brunner & Suddarth: Tratado de Enfermagem médico-
cirúrgica. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.
64
SMELTZER, S. C. et al. Brunner & Suddarth: Tratado de enfermagem médico-cirúrgica.
12. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011.
UNAIDS - ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE HIV/AIDS BRASIL.
Programa conjunto das nações unidas sobre HIV/AIDS: estatísticas. 2017. Disponível em:
<http://unaids.org.br/estatisticas/> Acesso em: 11 mar. 2017.
UNICEF - FUNDO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A INFÂNCIA. A Prescrição. Set.
1998. Disponível em: <https://www.unicef.org/prescriber/port_p16.pdf>. Acesso em: 15 jan.
2017.
VARGA, C. A.; SHERMAN, G. G.; JONES, S. A. HIV-disclosure in the context of vertical
transmission: HIV-positive mothers in Johannesburg, South Africa. AIDS Care, v. 18, n. 8, p.
952-960, 2006. Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17012085>. Acesso
em: 31 mar. 2017.
65
APÊNDICE A – Instrumento de coleta de dados
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM
Iniciais do nome: ____________________
Idade:____________ Cidade de procedência:_________________________________
Escolaridade:_____________________________ Ocupação:_____________________
Religião________________________________ praticante ( ) sim ( ) não ( ) às vezes
N° de pessoas que residem na casa___________ Renda familiar: ___________________
Estado civil: ( ) solteira ( ) casada ( ) união estável ( ) namorando ( ) viúva
1. Sua gravidez foi planejada?
2. Possui filhos? Quantos? Já teve algum aborto?
3. Teve outras gestações já sabendo que era portadora do vírus?
4. Qual foi sua reação frente a descoberta do HIV durante a gestação ou parto?
5. Qual era sua percepção da maternidade antes e após o HIV?
6. Realizou o pré-natal? Como foi? Que orientações recebeu?
7. Já amamentou?
8. Quais sentimentos você tem por não poder amamentar seu filho?
9. Como faz para lidar com o fato de não amamentar?
10. Em qual momento e por parte de qual profissional, você ficou sabendo que não
poderia amamentar?
11. Qual foi a reação das mulheres da mesma enfermeira ao verem seus seios sendo
enfaixados?
12. Como se sentiu ao enfaixarem teus seus diante as outras mães?
13. Quando estava na maternidade alguém lhe perguntou o motivo de estar amamentando
seu filho através de copinho ou mamadeira? O que respondeu?
14. Teve dificuldades em obter o leite para seu filho? Teve ou tem alguma dúvida sobre a
formula e seu preparo?
15. Você se sentiu constrangida alguma vez na maternidade, no caso de alguém perguntar
sobre sua sorologia frente as outras pessoas?
16. Como foi o enfrentamento da não amamentação frente aos seus familiares, vizinhos e
amigos?
66
17. Por parte de quem tu teve e tem apoio após o diagnóstico?
18. Nessa condição de HIV positivo, mesmo sabendo da restrição da amamentação, você
já tentou amamentar mesmo assim?
19. Qual sua opinião para melhorar o atendimento na maternidade e em outras unidades
para as mães soropositivas?
20. Você gostaria de acrescentar mais alguma coisa que não foi abordada durante nossa
conversa?
67
APÊNDICE B - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)
Você está sendo convidada para participar, como voluntária, da pesquisa “SER MÃE
SOROPOSITIVA: percepções, vivências e enfrentamento”. Após ser esclarecida sobre as
informações a seguir, no caso de aceitar fazer parte do estudo, assine as duas páginas e
também ao final deste documento, que está em duas vias, uma delas é sua e a outra é da
pesquisadora responsável. Em caso de você não aceitar participar do estudo, não terá
nenhum prejuízo em sua relação com a pesquisadora ou com a instituição de saúde (o SAE).
INFORMAÇÕES SOBRE A PESQUISA:
Título do Projeto: SER MÃE SOROPOSITIVA: percepções, vivências e enfrentamento
Pesquisadora Responsável: Juliana Cristina Magnani Primão.
Endereço e telefone para contato (inclusive ligações a cobrar): Av. Alexandre Ferronato,
1.200 – Distrito Industrial – Sinop-MT – CEP: 78.557-287, telefone: (66) 9-9668-3555. E-
mail: [email protected].
Pesquisadora participante: Paula Trindade Costa.
Endereço e telefone para contato (inclusive ligações a cobrar): Rua dos Umaris, 770 – Jardim
Primavera – Sinop–MT CEP:78.550490, telefone: (66) 9-9954-7300. Email:
O objetivo geral deste estudo é investigar o processo de adaptação de mulheres ao se
tornarem mães soropositivas para HIV. Ou seja, desejamos saber como foi a sua percepções,
vivências e enfretamento ao se deparar com o fato de estar grávida e descobrir que é
soropositiva. Sua participação nesta pesquisa será responder uma entrevista que será gravada
com perguntas abertas relacionadas ao enfrentamento da sua situação de não poder
amamentar seu filho em decorrência do HIV. A qualquer momento da pesquisa você terá toda
liberdade de desistir de ser participante, e caso você se recuse a participar, não terá nenhum
prejuízo em sua relação com a pesquisadora ou com os profissionais do Serviço de
Atendimento Especializado (SAE). A entrevista será realizada durante seu atendimento no
SAE em uma sala reservada e não irá interferir, em momento algum, no atendimento pelos
profissionais desta instituição. Se preferir, a entrevista poderá ser realizada em sua casa. A
pesquisa não irá lhe trazer nenhum risco e/ou desconforto, no entanto, caso se sinta
constrangida em responder alguma pergunta, você terá todo o direito de não responder e se for
68
da sua vontade, poderá desistir de participar do estudo a qualquer momento. Seus benefícios
enquanto participante da pesquisa serão: você poderá expressar sentimentos que lhe
incomodam ou lhe entristecem, tirar dúvidas e discutir formas de melhorar o atendimento das
mães soropositivas pelos profissionais de saúde. Além disso, este trabalho ajudará a entender
o cotidiano das gestantes e puérperas portadoras de HIV e os seus sentimentos, ajudando na
melhoria da formação do enfermeiro. Os dados referentes à sua pessoa serão confidenciais e
garantimos o sigilo/segredo de sua participação durante toda pesquisa, inclusive na
divulgação da mesma. Os dados não serão divulgados de forma a possibilitar sua
identificação, pois utilizaremos códigos e não o seu nome. Sendo então, está autorizado o
acesso das pesquisadoras aos dados da pesquisa no que diz respeito às informações coletadas
na pesquisa.
Você receberá uma cópia desse termo onde tem o nome, telefone e endereço da
pesquisadora responsável, para que você possa localizá-la a qualquer tempo.
Em caso de dúvida você pode procurar o Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade Federal de Mato Grosso, Campus Sinop, pelo telefone (66) 3533- 3124 com a
Prof. Priscilla Shirley Siniak dos Anjos Modes (coordenadora), ou por meio do endereço:
Avenida Alexandre Ferronato, 1.200, Setor Industrial Norte, Sinop-MT.
Considerando os dados acima, CONFIRMO estar sendo informada por escrito e
verbalmente dos objetivos desta pesquisa e AUTORIZO a publicação.
Eu (nome da participante ou responsável) .............................................................,
Idade:..........sexo:...............Naturalidade:.............................................................
RG Nº:..........................declaro que entendi os objetivos, riscos e benefícios de minha
participação na pesquisa e concordo em participar.
Local e data: ________________________________________________________
Nome e Assinatura do sujeito ou responsável: _____________________________
Nome e Assinatura do Pesquisador: ______________________________________
69
APÊNDICE C - Termo de Compromisso de Divulgação e Publicação de Resultados
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM
TERMO DE COMPROMISSO DE DIVULGAÇÃO E PUBLICAÇÃO DOS
RESULTADOS DA PESQUISA
Eu, Juliana Cristina Magnani Primão, pesquisadora do projeto “SER MÃE
SOROPOSITIVA: percepções, vivências e enfrentamento”, declaro meu compromisso e de
minha colaboradora Paula Trindade Costa, em divulgar e publicar quaisquer que sejam os
resultados encontrados na pesquisa acima citada, resguardando, no entanto, os interesses dos
sujeitos envolvidos, que terão suas identidades (individualidades) preservadas e mantidas em
sigilo.
Sinop, 01 de março de 2017.
_________________________________________
Juliana Cristina Magnani Primão
Professora da Universidade Federal de Mato Grosso – SIAPE 1849996
70
ANEXO A - Termo de autorização de coleta de dados da pesquisa
Top Related