Universidade Estadual do Ceará
Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa
Faculdade de Veterinária
Programa de Pós Graduação em Ciências Veterinárias
Levantamento sorológico pelo teste de imunodifusão em gel de agarose
(IDGA) da lentivirose ovina em rebanhos do Rio Grande do Norte, Brasil
Mestrando: Jean Berg Alves da Silva
Orientadora: Maria Fátima da Silva Teixeira
Fortaleza – Ceará
2003
Universidade Estadual do Ceará
Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa
Faculdade de Veterinária
Programa de Pós Graduação em Ciências Veterinárias
Título:
Levantamento sorológico pelo teste de imunodifusão em gel de agarose
(IDGA) da lentivirose ovina em rebanhos do Rio Grande do Norte, Brasil
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Ciências Veterinárias da Faculdade de
Veterinária da Universidade Estadual do Ceará, como
requisito parcial para a obtenção do Grau de Mestre em
Ciências Veterinárias.
Área de Concentração: Reprodução e Sanidade
animal
Orientadora: Maria Fátima da Silva Teixeira
Fortaleza – Ceará
Fevereiro de 2003
Universidade Estadual do Ceará
Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa
Faculdade de Veterinária
Programa de Pós Graduação em Ciências Veterinárias
Título: Levantamento sorológico pelo teste de imunodifusão em gel de agarose
(IDGA) da lentivirose ovina em rebanhos do Rio Grande do Norte, Brasil
Aluno: Jean Berg Alves da Silva
Aprovada em:
Banca Examinadora:
Prof. Dra. Maria Fátima da Silva Teixeira (Orientadora)
Prof. Dr. Francisco Selmo Fernandes Alves Prof. Dr. Roberto Soares de Castro Co-orientador/Examinador Co-orientador/Examinador
Fortaleza Fevereiro/2003
“A ética não é uma etiqueta que a gente
põe e tira. É uma luz que a gente projeta
para segui-la com os nossos pés, do
modo que pudermos, com acertos e
erros, sempre, e sem hipocrisia.”
Herbert José de Souza (Betinho)
A todos àqueles que acreditam que a
Educação é a única arma capaz de tirar um
povo da escuridão eterna, formada pela
miséria e pela ignorância.
E aos que acreditam que só quando
passarmos a fazer o que pregamos
conseguiremos vencer o obstáculo da
desigualdade social.
Dedico.
Agradecimentos
A Deus por estás sempre ao meu lado nos momentos mais difíceis
iluminando e guiando-me pelo caminho mais correto, mesmo quando este não
era o mais fácil a ser seguido.
Aos meus pais Francisca Alves da Silva e Sizenaldo da Silva, que nunca
deixaram de acreditar na minha potencialidade, e sempre investiram em
educação, legado maior que um pai pode deixar a seu filho.
A minha noiva Luzia Lidiane de Olvieira Moura, pela sua paciência,
dedicação e compreensão nestes anos de convivência.
Ao meu tio Francisco Celiton da Silva pela ajuda e paciência.
A minha orientadora Dra. Maria Fátima da Silva Teixeira, sempre tão
atenciosa e compreensiva, grande incentivadora neste início de carreira.
A Francisco Marlon Carneiro Feijó, orientador e amigo, que sempre
esteve pronto à ajudar nos momento de dificuldade.
Ao Prof. Dr. Roberto Soares de Castro, do qual, sem a ajuda a execução
deste trabalho poderia estar comprometida.
Ao Dr. Francisco Selmo Fernandes Alves pela colaboração e disposição
de nos ajudar sempre que precisamos.
Aos, mais que colegas, amigos de laboratório, Francisco Jarbas, Ney de
Carvalho Almeida, Cesarino de Lima Júnior Aprígio, Lívia Maria, Cristina,
Roberta, Jorge, Galileu Planck, Marcírio Frota, Isaac Neto.
Aos companheiros de apartamento Márcio César Vasconselos, Kilder
Dantas Filgueira, Edgar Pereira Neto que tantas lamentações suportaram.
Aos amigos Karlos Yuri Fernandes Pedrosa, Jailson José de Santana,
Policarpo Ademar Sales Júnior, Jeanne Souza e Silva, Raimundo Alves Barreto
Júnior e Marcelo Barbosa Bezerra, que tiveram importante participação na parte
inicial do experimento (coleta).
Aos caprino-ovinocultores do Rio Grande do Norte, que apesar de
sempre serem esquecidos, estão sempre aptos a colaborar com as pesquisas
universitárias. E contribuíram de forma decisiva para a realização desta
pesquisa.
Aos professores Marcos Fábio Gadelha e a Profª. Maria Isabel que
sempre estiveram dispostos a ajudar no que fosse preciso.
Aos professores que compõem o PPGCV/UECE que colaboraram para o
nosso crescimento acadêmico.
Ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias – PPGCV, da
Universidade Estadual do Ceará – UECE.
À CAPES pelo apoio financeiro concedido, que apesar do curto período
de duração da bolsa, foi de suma importância para a continuação do trabalho.
Ao Ministério da Ciência e Tecnologia – MCT que viabilizou a
realização deste trabalho com a liberação de recursos, que foi fundamental para a
realização da coleta de amostras.
Resumo
Maedi-Visna (MV) é uma enfermidade que provoca nos ovinos adultos uma
infecção multisistêmica, muitas vezes assintomática de evolução crônica, que leva o
animal a um quadro de definhamento progressivo com conseqüente queda da
produtividade, podendo levar à morte do mesmo. Com o objetivo de fazer um
levantamento sorológico da infecção pelo vírus Maedi/Visna no estado do Rio Grande
do Norte, foram coletadas amostras de sangue de 315 ovinos, pertencentes a 32
diferentes rebanhos de 13 municípios do estado. Os soros foram submetidos ao teste de
imunodifusão em gel de agarose utilizando um kit diagnóstico para Maedi/Visna
fornecido pela Universidade Federal Rural de Pernambuco. Constatou-se que 21,3% dos
animais amostrados apresentavam-se positivos para o teste, e que a porcentagem de
animais positivos não variou entre as diferentes faixas etárias, nem entre os animais de
raça pura e os SRD. Com base nos resultados obtidos conclui-se que a infecção pelo
vírus Maedi/Visna está amplamente distribuída na região amostrada, afetando ovinos de
ambos os sexos, adultos e jovens, de diferentes raças.
Palavras-chave: lentivírus, ovinos e soro-diagnóstico
Abstract
Maedi-Visna (MV), it is an chronic disease of that causes in the adult sheep, a
subclinical infection, persistent virus-carrier state. It takes the animal to a progressive
weakening with consequent fall of the productivity, causing death of the animal. The
objective of this work was rising a serological test of the infection for the virus
maedi/visna sheep in the herds of state Rio Grande do Norte. Samples of blood of 315
sheep were collected, to 32 different flocks of 13 municipal districts of the state. The
serums were submitted to Immunodifusion Test in Agarose Gel (IDGA) using of a kit
diagnosis for Maedi/Visna supplied by the Rural Federal University of Pernambuco.
After the accomplishment of the tests it was verified that 21,3% of the animals resulted
positive for the test. It was proven although the percentage of positive animals no
change with the increase of the age.and with races. With base in the results was
concluded that the infection for the virus Maedi/Visna is thoroughly distributed in the
area of study, affecting adults and young sheep of both sexes and of different races.
Key-Words: sheep, immunodiagnostic, lentivirus
Sumário
1. Introdução ................................................................................................................ 01
2. Revisão de Literatura ............................................................................................... 03
2.1. Área de Coleta das Amostras ........................................................................... 03
2.2. Histórico e Importância da Ovinocultura Nordestina ....................................... 05
2.3. Maedi/Visna (MV) ........................................................................................... 07
2.3.1. Caracterização da enfermidade .............................................................. 07
2.3.2. Etiopatogenia da Maedi/Visna ............................................................... 08
2.3.3. Resposta Imune frente a infecção pelo MVV ........................................ 10
2.3.4. Sintomatologia ...................................................................................... 13
2.3.5. Diagnóstico da Infecção pelo MVV ...................................................... 15
2.3.6. Controle e Profilaxia .............................................................................. 18
2.3.7. Distribuição da infecção por Maedi/Visna vírus ................................... 19
3. Justificativa .............................................................................................................. 21
4. Hipótese Científica .................................................................................................. 22
5. Objetivos .................................................................................................................. 23
6. Material e Métodos .................................................................................................. 24
6.1. Amostras ........................................................................................................... 24
6.2. Local da Coleta ................................................................................................. 26
6.3. Técnica de Imunodifusão em Gel de Agarose (IDGA) .................................... 27
6.4. Análise Estatística ............................................................................................ 28
7. Resultados e Discussão ............................................................................................ 29
8. Conclusões e Perspectivas ....................................................................................... 36
9. Artigo ....................................................................................................................... 37
10. Referência Bibliográficas ....................................................................................... 51
Introdução
O estado do Rio Grande do Norte está inserido na região nordeste do Brasil
contando com uma área correspondente a 53.308,8 Km 2 e uma população de 2.770.730
habitantes (IBGE – Censo 2000).
A criação de ovinos tem sido vista como uma atividade empreendedora, gerando
empregos e renda para as populações, funcionando como fixadora do homem no campo,
e como fonte de proteína pela população mais carente, uma vez que os animais são
utilizados tanto para a própria subsistência quanto como fonte de renda pela venda de
animais, carne e pele.
Embora tenha toda esta importância para a sobrevivência das famílias e para a
economia de alguns municípios, a maioria das criações de ovinos no sertão nordestino
ainda é feita de forma extensiva e rudimentar, sem que haja um adequado controle
sanitário, nutricional ou reprodutivo dos animais. Estes fatos associados levam à baixa
produtividade dos rebanhos, o que muitas vezes caracteriza-se como um entrave para o
crescimento desta atividade, tornando-se assim um negócio pouco lucrativo não
atraindo investimentos do setor privado nem do setor público. O que forma um círculo
vicioso, que se não há investimentos o atual quadro não muda.
Provavelmente uma das principais causas pela baixa produtividade, deste
rebanho, sejam as enfermidades infecto-contagiosas que acometem estes animais, dentre
estas afecções a lentivirose ovina, provocada pelo vírus Maedi-Visna (MVV), inspira
maiores cuidados com relação a sua possível ocorrência no rebanho potiguar, uma vez
que esta caracteriza-se por provocar nos animais uma pneumonia progressiva e/ou uma
infecção multisistêmica, muitas vezes assintomática de evolução crônica (Oliver et al,
1981a). Que leva o animal a um definhamento progressivo com conseqüente queda da
produtividade (Pritchett, 1994).
Durante muitos anos o semi-árido nordestino foi considerado livre desta
enfermidade, ou pelo menos não existiam dados que confirmassem a sua ocorrência
nesta região. Porém nos últimos anos algumas pesquisas vieram confirmar a sua
ocorrência em alguns estados nordestinos como no Ceará (Almeida et al, 2003) e
Pernambuco (Abreu et al, 1998), onde a sorologia positiva de um número significativo
de animais indicaram a necessidade de uma melhor caracterização da atual situação dos
demais estados do Nordeste, para que possam ser tomadas as medidas necessárias
visando o controle de tal enfermidade que caracteriza-se por ser a região que possui o
maior plantel do Brasil com 7.762.475 animais, correspondendo a 52% do rebanho
nacional (Ministério da Agricultura, 2002).
A ovinocultura ocupa hoje a terceira posição em importância dentre as
atividades pecuárias do Rio Grande do Norte, perdendo em significatividade apenas
para a bovinocultura e para carcinicultura. Portanto dado o alto poder debilitante e a
facilidade de disseminação e a falta de pesquisas sobre a infecção pelo Maedi-Visna
Vírus neste Estado, se faz necessária a implementação de um trabalho de investigação
visando caracterizar a atual situação desta infecção no rebanho ovino norte-riograndense
para que possa ser montado um plano de ação visando o seu controle, caso seja
necessário ou a prevenção de sua introdução nas fronteiras deste estado.
Revisão de Literatura
1- Área de Coleta das Amostras
1.1- Rio Grande do Norte
Localizado próximo à linha do Equador, no hemisfério sul-ocidental, Nordeste
da Região Nordeste do Brasil, apresenta características climáticas bem específicas,
como o verão seco e a presença do sol durante, mais ou menos, 300 dias no ano. O Rio
Grande do Norte possui uma área com mais de 53.000 Km2, cerca de 0,62% do
território nacional, limitando-se a leste e ao norte com o Oceano Atlântico, a oeste com
o Ceará e ao sul com a Paraíba (SEBRAE, 2001a).
O clima norte-rio-grandense é caracterizado por dois tipos bem caracterizados
como descrito abaixo (Cidades Potiguares, 2002):
a) Tropical Quente, Úmido e Sub-úmido - Predominante no litoral leste, que
vai de Baía formosa até as proximidades do município de Touros, abrange
também alguns municípios vizinhos ao litoral, assim como as partes mais
elevadas das serras João do Vale, Martins e São Miguel. Uma das
características desse tipo de clima é a quantidade de chuvas, que varia de 800
a 1200 mm por ano, distribuídas entre os meses de fevereiro e julho. As
maiores precipitações ocorrem na região de Natal. Outra característica é a
temperatura média de 26º C, amplitude térmica variando de 18 à 38ºC.
b) Tropical Quente e Seco (semi-árido) - Predominante no restante do Estado,
apresenta características como: poucas chuvas, com médias precipitações
entre 400 e 600 mm anuais, distribuídas entre os meses de janeiro e abril. Os
lugares onde ocorre esse tipo de clima ficam sujeitos aos fenômenos das
secas. É nesta região onde encontra-se a maioria dos rebanhos ovinos do
estado. Nela também está inserida predominantemente a vegetação do tipo
caatinga que serve como alimento aos animais que na maioria das vezes são
criados extensivamente nesta região (SEBRAE, 2001C).
No campo econômico a agropecuária vem tendo uma participação bastante
variável no PIB potiguar, variação esta determinada principalmente pelos fatores
naturais, como a má distribuição das chuvas. Em 1996 a participação agropecuária no
PIB foi de 10,6% já em 2000 esta participação caiu para 7,0% (SEBRAE, 2001a).
Ainda de acordo com o SEBRAE (2001b) os pólos dinâmicos da agropecuária
do Estado estão associados, principalmente, à carcinicultura, à agricultura irrigada, à
cajucultura, à cana-de-açúcar e ao desenvolvimento da pecuária, sendo os principais
rebanhos, em ordem decrescente de efetivos, o bovino, ovino e caprino. No que diz
respeito à caprinovinocultura, o Rio Grande do Norte, através de entidades empresariais
e do Governo, vem dando amplo destaque a sua reestruturação, colocando o setor no
cenário de grande possibilidade econômica, pelas potencialidades que o Estado
apresenta em recursos naturais apropriados à atividade e às condições favoráveis de
mercado.
Com relação especificamente a ovinocultura o Rio Grande do Norte detém um
rebanho de 389.706 cabeças (Brasil, 2000). Observa-se que este rebanho é formado
principalmente por animais SRD, porém o número de animais mestiços vem
aumentando significativamente nos últimos anos devido a constante procura por raças
exóticas visando o melhoramento dos rebanhos (SEBRAE, 2001b).
2. Histórico e Importância da Ovinocultura Nordestina
A ovinocultura vem se constituindo nos últimos anos como uma atividade de
alta rentabilidade, quando explorada de forma correta e sensata, o que não a
descaracteriza como uma das atividades responsáveis pela fixação do homem no meio
rural servindo como fonte de proteína e renda. Ao longo dos anos esta atividade foi
desenvolvida de forma extensiva sem que fosse realizado qualquer tipo de controle
sobre os animais dificultando assim o diagnóstico dos problemas responsáveis pela
baixa produtividade. Porém com o início da produção em larga escala alguns destes
problemas, passaram a atuar como verdadeiros entraves ao crescimento desta atividade,
dentre estes problemas podemos destacar os de ordem sanitária, especialmente as
doenças infecto-contagiosas que atuam diminuindo a produtividade e comprometendo a
lucratividade.
Os ovinos, possivelmente, fizeram parte dos primeiros animais domésticos
introduzidos pelos colonizadores portugueses no Brasil a partir de 1535 ( Araújo, 1980).
A medida que os sertões foram sendo desbravados em decorrência da expansão
das fronteiras agrícolas, os rebanhos ovinos foram sendo confinados em determinadas
áreas do Nordeste, onde, sendo submetidos à ação da seleção natural, formaram grupos
étnicos bem diferenciados e que foram adaptando-se às condições adversas do semi-
árido nordestino, os quais constituem o nosso rebanho ovino atualmente (Santana,
2002).
As constantes secas periódicas comuns do Nordeste, que ocasionam freqüente
escassez de água e pastagem, associados com o sistema ultra-extensivo de criação,
provocaram novos ajustamentos na relação animal/meio ambiente. Os grupos étnicos
originais sofreram, ao longo do tempo, redução no seu porte e características produtivas
(Santana, 2002).
A ovinocultura deslanada explorada, essencialmente, para carne e pele,
constitui-se em importante fonte de renda, amenizando a fome protéica que assola
grande parte do Brasil. Os cruzamentos industriais de ovelhas deslanadas do Nordeste
com machos de raças exóticas, aliados a outras tecnologias, tais como manejo, nutrição,
sanidade e reprodução, certamente possibilitarão maior produtividade numérica e
ponderal dos rebanhos (Nunes et al, 1997).
A criação de caprinos e ovinos, na Região, é uma atividade básica e generalizada
que permeia a grande maioria das propriedades rurais, revestindo-se de grande
importância sócio-econômica para o homem do campo, sendo responsável pelo
fornecimento de 40% de toda proteína animal consumida pela população rural (Alves,
2002).
3. Maedi/Visna (MV)
3.1 Caracterização da enfermidade
Dentre as principais doenças infecciosas que acometem os ovinos pode-se
destacar a virose provocada pelo vírus Maedi/Visna (MVV), que pertence à família
Retroviridae, subfamília Lentivirinae, gênero Lentivírus, que inclui além do MVV, o
vírus da Artrite Encefalite Caprina (CAEV) e os vírus das imunodeficiências em felinos
(FIV), bovinos (BIV), Símios (SIV) e humanos (HIV), além do vírus da Anemia
Infecciosa Eqüina (AIEV) (Small et al., 1989).
Maedi/visna ou pneumonia progressiva dos ovinos como também é conhecida, é
uma doença debilitante de ovinos adultos, que é causada por um grupo de retroviroses
não oncogênicas, estreitamente relacionadas conhecidas como lentiviroses, que têm
como principais órgãos alvo os pulmões, o sistema nervoso central, as articulações e as
glândulas mamarias (Ellis & DeMartini, 1985). Visna e o Maedi são respectivamente
enfermidades inflamatórias do sistema nervoso central e dos pulmões, e são
manifestações de uma mesma infecção vírica (Pritchett, 1994).
O Maedi/Visna vírus assim como os demais lentivírus causam uma doença de
característica crônica em ovinos, afetando principalmente os pulmões, além de outros
órgãos dos animais infectados. A pneumonia intersticial provocada pelo MVV é
bastante semelhante a que acomete humanos associada a infecção pelo vírus da
imunodeficiência humana tipo-1 (Mornex et al, 1994).
A Maedi/Visna, também conhecida como pneumonia progressiva dos ovinos
(PPO), assim como as demais lentiviroses tem por característica principal causar uma
doença crônica com um período de incubação longo (Shih et al., 1992). Uma
propriedade comum ao MVV e o CAEV é a persistência que têm estes vírus no
organismo do animal, mesmo na presença de resposta imunológica, devido a replicação
destes vírus ser bastante restrita (Gendelman et al, 1986).
3.2 – Etiopatogenia da Maedi/Visna
Os lentivírus de pequenos ruminantes (MVV e CAEV) são partículas esféricas,
envelopadas com aproximadamente 100 nm de diâmetro com núcleo cônico e denso, no
qual estão inseridas duas moléculas idênticas de RNA fita simples, uma molécula de
transcriptase reversa dependente de Mg2+ e proteínas do nucleocapsídeo (Gonda et al.,
1986).
Os lentivírus em geral replicam-se bem em culturas de células (macrófagos,
linfócitos CD4 e/ou fibroblastos) oriundas do hospedeiro natural do vírus. In vitro todos
os lentivírus infectam macrófagos dos seus hospedeiros naturais, porém esta infecção
nem sempre resultam em uma replicação produtiva (Joag, 1996).
Uma característica importante dos lentivírus de pequenos ruminantes é a sua
capacidade de variação genética, que pode resultar no aparecimento de variantes mais
evoluídas e adaptadas ao hospedeiro, o que aumenta a dificuldade no controle da
enfermidade uma vez que a adaptação destes vírus pode se dar a tal ponto que eles
conseguem esquivar-se da defesa imunológica do animal com elevada destreza (Callado
et al, 2001).
Os vírus pertencentes a família Retroviridae, na qual estão inseridos os
Lentivírus, carregam a sua própria enzima polimerase que é uma DNA polimerase
dependente de RNA chamada de transcriptase reversa, assim denominada por que
executa uma reação (RNA Æ DNA) que é exatamente o inverso da conhecida
transcrição DNAÆ RNA. O DNA transcrito incorpora-se a DNA da célula hospedeira
podendo permanecer integrado de forma latente sendo passado para a geração seguinte
de células ou ser transcrito produzindo novos vírus que irão infectar células adjacentes
(Tortora et al, 2000).
O genoma dos lentivírus, está bastante relacionado com outras retroviroses,
sendo que os três principais genes funcionais são: pol, gag e env. O produto do gen gag
é uma proteína precursora que é posteriormente clivada em três proteínas: a proteína da
Matriz (MA), do capsídeo (CA) e do nucleocapsídeo (NC). A proteína MA é essencial
na produção de vírions infectantes, a proteína CA é a mais abundante do vírus e elicita a
produção de anticorpos durante a infecção e a proteína NC confere proteção ao RNA
viral. O gen pol codifica a proteinase viral (transcriptase reversa), codifica ainda as
proteínas endonuclease, integrase e dUTPase. Já o gene env codifica as glicoproteínas
do vírus que irão ter papel principal na formação do envelope viral (Joag, 1996).
Inicialmente os vírus Maedi e Visna eram estudados separadamente sendo que o
primeiro considerado como o agente etiológico de uma pneumonia progressiva nos
ovinos e o segundo o agente e encefalomielites não supurativas que causam uma
paralisia progressiva. Tendo ficado comprovado que estes dois vírus apresentam uma
relação estreita tanto antigenicamente quanto nas suas propriedades físicas, químicas e
biológicas passando a ser denominado Maedi/Visna (Thormar & Helgadóttir, 1965).
O vírus Maedi/Visna possui ainda uma estreita relação com o vírus da artrite
encefalite caprina (CAEV), sendo que as proteína estruturais destas duas espécies são
geralmente muito similares, porém não idênticas, o que pode ser comprovado pela
reação de imunoprecipitação que é evidenciada quando o soro de um caprino infectado
com CAEV reage com antígenos oriundos de culturas de MVV ( Dahberg et al, 1981).
Banks et al (1983) comprovaram a infecção cruzada de caprinos com o MVV e de
ovinos com o CAEV através de infecções experimentais demonstrando que estes vírus
são capazes de infectar e reproduzir a enfermidade em outros hospedeiros, não sendo
portanto espécie-específico como os demais lentiviroses.
A principal via de infecção do MVV é a aerógena, uma vez no organismo do
animal o vírus tem como células de eleição para multiplicar e disseminar-se pelo
organismo os macrófagos ou monócitos (Lairmore et al, 1987). Porém podem
disseminar-se do local de infeção inicial até os linfonodos regionais através das células
dendríticas, que atuam não só como carreadoras de vírus, mas também como
amplificadoras do vírus uma vez que este é capaz de replicar-se nestas células (Ryan et
al, 2000). Tendo também especial importância a contaminação via colostro ou leite
principalmente em rebanhos onde o manejo não se dá de forma intensiva (Pritchett,
1994).
De acordo com Haase et al (1982), a infecção crônica característica apresentada
pelo MVV é derivada do crescimento restrito que este vírus apresenta in vivo. No
animal a produção de vírus acontece em taxas baixas, e consequentemente as alterações
patológicas associadas com a replicação do vírus também acontecerão de maneira lenta.
3.3 – Resposta Imune frente a infecção pelo MVV
De acordo com Tizard (1985) a resposta imune contra os vírus pode ser
observada de duas formas principais ou esta resposta é contra as próprias proteínas do
vírus, principalmente às do capsídeo e as do envelope como no caso do MVV, ou
impedindo a infecção da célula alvo pelo vírus. Esse impedimento da infecção celular
pode ocorrer através do bloqueio da adsorção de um vírus recobrindo à célula alvo,
iniciando a virólise mediada pelo complemento, causando agrupamento dos vírus
reduzindo assim o número de unidades infectantes disponíveis, ou pela estimulação da
fagocitose dos vírus pelos macrófagos.
Alguns vírus têm a capacidade de se evadir da resposta do hospedeiro por
diversos mecanismos. Os lentivírus em especial fazem essa evasão principalmente pela
variação antigênica, conseqüência da variação genética que estes microrganismos
apresentam. Na infecção pelo MVV os anticorpos neutralizantes são produzidos apenas
lentamente. Como resultado, a seleção de novas variantes virais é ineficiente, e os vírus
antigenicamente diferentes só surgem de forma lenta. Esses anticorpos neutralizantes
são incapazes de reduzir a carga viral no ovino afetado, não ocorrendo assim recidivas
cíclicas como no caso da AIE (Tizard, 1998).
Tizard (1998) afirma, ainda, que outro fator que contribui para que o MVV
escape da destruição pelos anticorpos é o poder que ele apresenta de infectar
macrófagos e monócitos. E na maioria dessas células, a replicação do vírus pára após o
seu RNA ter sido reversamente transcrito em DNA pró-viral. Desta forma as células
ficam persistentemente infectadas pelo vírus sem expressar antígenos virais. O vírus
pode, portanto, persistir e se disseminar sem provocar um ataque imunológico.
Pritchett (1994) afirma que em infecções experimentais com MVV pode-se
observar, que os anticorpos fixadores do complemento aparecem algumas semanas
depois da inoculação, alcançando a concentração máxima por volta de dois meses PI,
permanecendo constantes durante todo o decorrer da enfermidade. Já os anticorpos
neutralizantes aparecem bem mais tarde, sendo que na maioria dos casos só alcançam a
concentração máxima um ano PI, permanecendo constantes a partir de então até o fim
da enfermidade.
No caso das infecções por lentivírus tanto a resposta humoral quanto a celular
estão presentes. No início da infecção os anticorpos produzidos são contra as proteínas
de um grupo específicos e não protegem contra a infecção. Já os anticorpos produzidos
contra as proteínas do envelope são capazes de neutralizar os vírus. Mas de uma forma
geral os animais infectados com lentivírus produzem anticorpos que são capazes de
neutralizar amostras laboratoriais dos vírus, mas que na maioria das vezes são ineficazes
contra os vírus “selvagens” ( Joag, 1996).
Brodie et al (1992), afirmam que a infecção pelo MVV pode ocorrer sem que
haja a presença de uma resposta imune pelo menos no início da infecção, nestes casos
os vírus podem ser detectados por técnicas de PCR ou Imunoblot nas células
macrofágicas do animal infectado.
Jolly et al (1989), investigando a ação de anticorpos neutralizantes sobre a
replicação do MVV em culturas celulares de fibroblastos e de macrófagos, constataram
que quando acrescentava-se altas concentrações de anticorpos (Ac) neutralizantes nas
culturas a taxa de replicação do mesmo era bastante diminuída, porém este efeito era
bem mais significativo na cultura de fibroblastos, sendo que na cultura de macrófagos
os títulos do vírus permaneceram elevados. Este fato da ação menos eficiente dos Ac.
neutralizantes nos macrófagos pode ser considerado um dos motivos pelos quais haja
uma persistência da infecção in vivo mesmo na presença de grandes concentrações de
anticorpos neutralizantes circulantes.
Klein et al (1985) demostraram que a produção de anticorpos neutralizantes
ocorre de forma diferente dependendo da cepa de MVV envolvida na infecção, eles
observaram que na infecção com amostras líticas de MVV ocorre uma maior produção
de anticorpos neutralizantes do que quando a cepa envolvida na infecção é não lítica.
Este fato poderá ter influência no diagnóstico da enfermidade.
Com relação a resposta celular o MVV também apresenta algumas
particularidades como os demais lentivírus. Por exemplo, ao contrário do que ocorre na
maioria das infecções víricas, a células T não tem papel preponderante na resposta
imune contra a infecção pelo MVV, apesar de ser comprovado que tanto linfócitos T do
grupo CD8 quanto do subgrupo CD4 estão presentes na Resposta Imune (RI) contra esta
infecção, o seu papel ainda não foi bem esclarecido deixando dúvidas sobre sua real
importância no combate a infecção, apesar das pesquisas indicarem que a resposta
antiviral é otimizada quando a concentração de CD4 e CD8 é elevada ( Reyburn et al,
1992).
Diferentemente das lentiviroses de primatas, que afetam primariamente os
linfócitos T CD4 e macrófagos, levando a uma diminuição da resposta imune
principalmente pela infecção das células CD4 com sua conseqüente morte, o MVV não
tem afinidade por este tipo celular, provavelmente pela ausência de receptores
moleculares na superfície destas células para que o vírus sofra aderência. Esta não
adesão às células CD4 pode explicar o fato de que a Maedi-Visna não acarreta uma
imunodepressão tão acentuada quanto nas lentiviroses de primatas e felinos (Gorrel et
al, 1992).
3.4 – Sintomatologia
O vírus Visna causa uma doença progressiva envolvendo o sistema imune e o
sistema nervoso central (Small et al., 1989). A sintomatologia aparece de forma
progressiva e lenta, os primeiros sinais são uma ligeira alteração na forma de andar, que
afeta especialmente o trem posterior, tremor dos lábios e inclinação anormal da cabeça,
e raramente pode causar cegueira, estes sintomas podem ser creditados à ação do visna
no sistema nervoso central (Moojen, 1998).
Já o Maedi leva a uma perda de peso acentuada, com dificuldades na respiração
provocada por uma pneumonia intersticial progressiva, às vezes pode ocorrer tosse seca,
mas sem secreção, e geralmente o animal vem a óbito por infecções secundárias que
levam a um quadro de pneumonia aguda, mas não pela ação direta do maedi. A
enfermidade pode apresentar-se ainda sob a forma de mamite e artrite que podem ser
uni ou bilaterais (Moojen, 2001).
Além de uma sintomatologia respiratória, com dispnéia progressiva, o animal
afetado pode apresentar ainda aumento dos linfonodos, das articulações e tecido
periarticular e uma perda de peso acentuada (Lairmore et al, 1988). Alguns animais
podem apresentar ainda lesões no sistema nervoso central (Olivier et al, 1981b) e
mamite por infiltração linfocitária (Luján et al, 1991).
Na necropsia de animais infectados pode-se observar que os pulmões não
colabam no momento de abertura da cavidade torácica, apresentando-se firmes, pode-se
verificar ainda áreas de aderência entre a pleura e parede torácica. Microscopicamente
pode-se notar a presença de uma pneumonia intersticial com infiltração leucocitária e
hiperplasia de tecidos linfóides do animal (Luján et al, 1991).
Já nas glândulas mamárias pouca ou nenhuma lesão macroscopicamente é
observada, enquanto que microscopicamente pode-se observar obstrução parcial dos
ductos por proliferação de tecido linfóide (Luján et al, 1991).
A doença se manifesta principalmente em animais com mais de dois anos,
mesmo sendo comprovada a sua transmissão através do leite e colostro. Este fato deve-
se ao longo período de incubação que pode ter o vírus. Uma importante forma de
transmissão é o contato direto do animal sadio com as secreções respiratórias do animal
infectado, sendo o reservatório os próprios animais doentes (Moojen, 1998).
3.5 – Diagnóstico da Infecção pelo MVV
O início da infecção pela característica sintomatológica da enfermidade a MV
pode ser confundida com outras enfermidades do Sistema Nervoso Central (SNC),
como abscessos, traumatismos ou enfermidades parasitárias. Posteriormente o curso
cada vez mais prolongado, a ausência de febre e a pleosite no líquido céfalo-raquidiano
(LCR) são indicativos da infecção pelo MVV (Pritchett, 1994).
Entretanto pela própria característica da infecção persistente pelos lentivírus de
pequenos ruminantes (LVPR), a forma mais prática de diagnóstico é a sorologia, pois a
presença de anticorpos demonstra indiretamente a presença da infecção. Por outro lado,
o diagnóstico da infecção pelo isolamento e identificação do agente não é
rotineiramente empregado por ser demorado e bastante dispendioso (Callado et al.,
2001) .
Outro fator que contribui para a viabilidade deste imunodiagnóstico é que de
uma forma geral as infecções víricas, diferentemente da infecções bacterianas,
apresentam uma resposta imune de duração longa. Apesar das razões para que isto
ocorra não estejam completamente esclarecidas, mas uma explicação provável para tal
fato estaria ligada à persistência do vírus no interior das células, em forma latente ou
com uma replicação lenta (Tizard, 1998).
Tanto a artrite encefalite caprina quanto a MV são infecções persistentes que
podem ser diagnosticadas através da pesquisa de anticorpos. Mas apesar destas duas
viroses estarem relacionadas antigenicamente, o uso de seus antígenos para verificar a
infecção cruzada parece não apresentar bons resultados, sendo desaconselhado este uso
pela organização internacional de enpizootias (OIE). Para as lentiviroses de pequenos
ruminantes os antígenos virais de maior importância são a glicoproteína de envelope
gp135, e a proteína do capsídeo p28. (OIE, 2002). Sendo que a glicoproteína do
envelope gp135 é o maior sítio de ação dos anticorpos neutralizantes contra o MVV in
vivo (Carey, 1993)
Destas forma o diagnóstico do Maedi-Visna pode ser obtido através de exames
laboratoriais como: o ELISA, imunodifusão radial (RIA), Ensaio de Imunoblot e
imunodifusão em gel de agarose (IDGA) sendo este último recomendado pela OIE. Por
ser de fácil aplicabilidade e não exigir equipamentos nem instalações sofisticadas o
IDGA é a forma de diagnóstico mais utilizada em todo mundo, principalmente em
programas de controle da doença que já são empregados em vários países (Moojen,
1998). Além da fácil aplicabilidade o IDGA tem alta especificidade o que acaba
credenciando-o para a realização dos diagnósticos de triagem nos programas de controle
da enfermidade(Varea et al, 2001).
Saman et al (1999) afirmam que apesar do grande número de métodos de
diagnóstico sorológicos que podem ser empregados na identificação da infecção pelo
MVV apenas dois são utilizados rotineiramente com sucesso o IDGA e o ELISA.
De acordo com Tortora et al (2000) a reações de precipitação envolvem a reação
de antígenos solúveis com anticorpos IgG e IgM na formação de agregados moleculares
grandes e entrelaçados semelhantes a uma tela de rede. Os testes de imunodifusão
consistem em reações de precipitação, realizadas em gel de ágar em uma placa de Petri
ou em uma lâmina de microscópio. Neste desenvolve-se uma linha de precipitação
visível entre os orifícios no ponto em que é alcançada a relação ótima entre antígeno e
anticorpo.
Para Tizard (1998) o teste de imunodifusão é um método simples de
demonstração de antígenos por parte dos anticorpos que pode ser utilizado com
facilidade na identificação de antígenos virais. O autor afirma ainda que o teste de
imunodifusão pode ser considerado de uma forma geral grupo específico desta forma
ele é mais indicado na tentativa de identificação do gênero a que o vírus pertence, não
sendo, portanto, algumas vezes possível fazer a identificação de que espécie viral está
envolvida na infecção.
Segundo Vitu (1982) o teste de IDGA é capaz de identificar animais
experimentalmente infectados com o MVV cerca de quatro a cinco meses após a
infecção, e afirma ainda que este teste mostrou-se mais sensível que o teste de fixação
do complemento, sendo que quando comparado com o ELISA mostrou resultados
bastante correlacionados, apesar de quando o teste utilizado é o ELISA a infecção poder
ser identificada de forma mais precoce (sete semanas PI). O que foi confirmado por
Larsen et al (1982), que infectando ovinos experimentalmente observaram que presença
de anticorpos precipitantes podia ser detectada de forma mais precoce e com maior
intensidade que a fixação do complemento.
O teste de IDGA pode ser utilizado tanto para a detecção de anticorpos anti-
MVV no soro sangüíneo quanto no colostro de animais infectados, pode esta presença
de anticorpos no colostro ser utilizada na detecção da infecção no rebanho (Alkan &
Tan, 1998).
As técnicas sorológicas são as mais amplamente utilizadas no diagnóstico de
Maedi/Visna pela sua praticidade e possibilidade de realização de diagnósticos de
rebanhos com maior facilidade funcionando como testes de triagem. Porém técnicas
mais especificas de diagnóstico já foram desenvolvidas por laboratórios especializados,
visando a identificação do vírus pela presença do seu ácido nucléico em células de
animais infectados, sendo que o principais são a reação em cadeia de polimerase (PCR),
hibridização in situ e Southern blotting (Johnson et al, 1992). No entanto para a
realização destes testes é necessário o uso de equipamentos sofisticados o que muitas
vezes pode inviabilizar o uso dos mesmos em muitas regiões do país por conta dos altos
custos para a sua realização e pela própria falta de técnicos treinados para sua realização
(OIE, 2002).
3.6 – Controle e Profilaxia
Métodos de controle da infecção pelo vírus Maedi/Visna incluem o sacrifício de
todos os ovinos soropositivos (algumas vezes incluindo seus cordeiros) e repetição de
testes a intervalos de aproximadamente seis meses, até que no mínimo três testes
negativos sejam obtidos. Como alternativa, os cordeiros podem ser isolados ao
nascimento, não tendo acesso ao colostro e leite de ovelhas positivas, e sendo
submetidos a aleitamento artificial (Mooojen, 2001).
Howers et al (1983) afirmam que a separação dos cordeiros no momento do
nascimento das mães infectadas, contribui para a redução da expansão de maedi/Visna,
e que este método de controle pode ser aplicado quando se trata de animais de alto valor
zootécnico pois os descarte das crias seria economicamente desaconselhado.
A técnica de PCR pode ser utilizada na rotina quando um controle mais rigoroso
da erradicação de Maedi/Visna está sendo almejado, de forma que, quando os animais
de determinado rebanho apresentarem sorologia negativa para enfermidade este controle
passe a ser feito com o PCR, que se constitui num método de diagnóstico mais eficaz na
detecção de falsos negativos (Knowles, 1997).
3.7 – Distribuição da infecção por Maedi/Visna vírus
A infecção pelo MVV é endêmica em todo mundo, já tendo sido diagnosticada
em países como o Reino Unido (Watt et al.., 1992), Islândia (Sigurdson et al, 1954),
Etiópia (Tibbo et al, 2001), Brasil (Dal Pizzol et al, 1988) dentre outros países.
A Tabela 1 resume a situação atual da disseminação da Maedi/Visna no mundo
de acordo com os dados da Organização Internacional de Epizootia e traça a evolução
da enfermidade nos últimos anos segundo os dados da instituição.
Com relação a ocorrência de Maedi/Visna no Brasil esta teve seu diagnóstico
sorológico ou isolamento do vírus comprovado em vários estados como: Ceará
(Almeida et al, 2003), Pernambuco (Abreu, 1998), Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio
Grande do Sul e Paraná (Moojen, 2001)
Tabela 1. Evolução da infecção pelo Maedi/Visna Vírus nos principais países onde a
enfermidade já foi diagnosticada.
País 1996 1997 1998 1999 2000 2001 África do Sul + + + + + +
Alemanha + + + + + + Andorra ... - - - +?
Argentina 0000 0000 0000 0000 0000 +? Áustria + (1996)a (1996) (1996) (1996) (1996) Bélgica + + ... + + Brasil +? +?b ... ... ... ...
Bulgária 0000 0000 0000 0000 0000 + Canada + + + +? +? +? Chile 0000 0000 0000 0000 +() +() Ciprus +? +? +? +? +? +?
Dinamarca + + + + + + Eslováquia +? +? +? +? +? +?
Espanha + (1996) +() +() +() +() Estado Unidos 0000 0000 0000 + + +
Estônia 0000 0000 0000 0000 +? +? Etiópia + ... ... ... +
Finlândia + (1996) (1996) (1996) (1996) (1996) França + + + + + +
Grã Bretanha + + + + + + Grécia + +() +() +() +() +()
Holanda + + + + + + Hungria + + + + + + Irlanda (1986) (1986) (1986) (1986) (1986) (1986) Islândia (1965) (1965) (1965) (1965) (1965) (1965) Israel (1991) (1991) (1991) (1991) (1991) +
Luxemburgo +? +? + +? +? +? Noruega +() +() +() +?() +? + Polônia +? + (1997) (1997) (1997) (1997) Portugal 0000 0000 + + ... -
República Theca + + + + + + Suécia + + + + + + Suíça + + + + + +
Fonte: www.oie.int
(ano) Ano em que foi registrada a última ocorrência da enfermidade. +? Levantamentos sorológicos e isolamento do agente mas sem manifestação clínica da
enfermidade () Enfermidade restrita a certas zonas 0000 Enfermidade nunca registrada ..... Se dispõe de dados sobre a enfermidade - Enfermidade nunca registrada.
4 – Justificativa
No estado do Rio Grande do Norte a criação de ovinos assume relevante
importância econômica para pequenos, médios e grandes criadores que começam a
despontar nesta atividade. O Rio Grande do Norte conta hoje com um rebanho de
361.387 cabeças (Brasil, 2000), porém nenhuma pesquisa a respeito da ocorrência de
Maedi/Visna no rebanho deste Estado foi realizada, o que preocupa dado o seu alto
poder debilitante, a doença pode provocar sérias perdas econômicas, comprometendo a
viabilidade da produção. Sendo assim o levantamento sorológico a ser feito no presente
trabalho se justifica, pela importância do rebanho ovino para o Estrado do Rio Grande
do Norte e pela gravidade potencial da infecção pelo vírus Maedi/Visna.
5 – Hipótese Científica
A presença ou não do MVV no rebanho ovino do estado do Rio Grande do Norte
precisa ser estabelecida visando a implementação de medidas de controle desta
enfermidade, ou no caso de sua ausência para que sejam tomadas medidas profiláticas
visando a não entrada deste vírus no estado.
6 – Objetivos
6.1 – Objetivo Geral
Realizar o levantamento sorológico da infecção por MVV no rebanho do Estado
do Rio Grande do Norte, através de teste de imunodifusão em gel de agarose (IDGA),
utilizando-se um antígeno nacional.
6.2 – Objetivos Específicos
Determinar a soro prevalência de Maedi/Visna pelo teste de Imunodifusão em
Gel de Agarose (IDGA) em diferentes cidades do Rio Grande do Norte.
Verificar o a influência do tipo de manejo, da idade dos animais e do padrão
zootécnico dos animais (raça pura ou SRD) na prevalência da doença entre os rebanhos.
Averiguar a necessidade de serem adotados providências visando o
esclarecimento do criador sobre os prejuízos causados pela Maedi/Visna e orientá-los
junto as entidades visando medidas profiláticas que controlem a disseminação da
enfermidade.
7 – Material e Métodos
7.1 – Amostras
O número de amostras foi determinado com base nas orientações do Centro Pan
Americano de Zoonoses (1979), para estudo da prevalência de enfermidades crônicas
por amostragem e obedecendo as recomendações da Austudillo (1979), através da
fórmula abaixo:
n = p(100 – p)g2 (p.e/100)2
n = número de amostras a serem trabalhadas
p = prevalência estimada (25% obtida em pré-experimento)
g2 = fator determinante do grau de confiança de 95% (1,962≅ 4)
e = margem de erro admissível (20 %) da prevalência estimada
n = 25.(100 – 25).42 = 25.75.4 = 7500 = 300 (25.20/100)2 52 25
Desta forma foram coletadas 315 amostras de sangue ovino por venopunção
jugular utilizando-se tubos vacuntainer descartáveis não-heparinizados, sendo mantidas
sob refrigeração até chegarem ao laboratório de Microbiologia Veterinária da ESAM,
onde foram centrifugadas para a obtenção do soro, sendo este aliquotado em frascos
eppendorf, congeladas e mantidos a –20ºC até serem conduzidos ao Laboratório de
Virologia Veterinária da Universidade Estadual do Ceará (UECE), onde foram
realizados os exames.
No momento da coleta alguns dados dos animais como sexo, grupo racial e
idade eram anotados visando posteriores análises epidemiológicas dos dados. A idade
era determinada de acordo com o desenvolvimento da dentição dos animais tendo em
vista a falta de dados cadastrais por parte dos criadores.
Eram coletadas em média dez amostras por propriedad, sendo que três eram
animais que ainda não haviam entrando no período de reprodução, um reprodutor e sei
eram fêmeas em período reprodutivo. Esta distribuição foi feita tentando imitar as
distribuição característica dos rebanhos amostrados.
Com relação a distribuição racial foram coletadas amostras de animais da raças
Dopper, Somalis, Morada Nova, Santa Inêse animais sem padrão racial definido (SRD).
O que totalizou 44 animais com padrão racial definido e 271 SRD.
7.2 – Local da Coleta
Os 315 animais utilizados no estudo pertenciam a 32 diferentes propriedades
localizadas em treze municípios do Estado do Rio Grande do Norte, concentrados
principalmente na região homogênea mossoroense que concentra a maior parte do
rebanho ovino do Rio Grande do Norte, Fig. 1. Sendo que esta região possuia em 1997
de acordo com dados do IBGE cerca de 48,8% do total de ovinos criados no Rio Grande
do Norte (SEBRAE, 2001).
O sistema de manejo nas propriedade era do tipo extensivo com os animais
pastando livremente na vegetação nativa.
O clima predominante na região onde foram coletadas as amostras é o BSwh’
(muito seco) segundo a classificação de Koppen. A vegetação predominante é a do tipo
caatinga arbustiva arbórea (SEBRAE, 2001a).
Figura 1 – Municípios com animais amostrados para o teste de IDGA para o diagnóstico de Maedi/Visna no Rio Grande do Norte.
7.3 – Técnica de Imunodifusão em Gel de Agarose (IDGA)
O levantamento sorológico para infecção pelo vírus Maedi Visna foi realizado
pelo método de Imunodifusão em Gel de Agarose (IDGA), que consiste na detecção de
linhas de precipitação nos casos positivos, decorrentes da reação antígeno-anticorpo.
Para a execução do teste de IDGA utilizaram-se placas de Petri descartáveis de
90x15mm com agarose a 1%. Após a solidificação das mesmas as placas eram
perfuradas com roseta metálica padrão que possui sete perfurações. A disposição das
perfurações, bem como dos soros a serem testados, dos anticorpos padrões positivos e
do antígeno na placa estão representados na Fig.2. Eram depositados nos poços 25 �O�GH�cada componente (antígeno, soro padrão e soro teste).
Os Kits contendo o antígeno, soro padrão positivo e o ágar que foram utilizados
no teste diagnóstico foram gentilmente cedidos pelo Prof. Dr. Roberto Soares de Castro,
da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), sendo este confeccionado
nesta universidade (Abreu et al, 1998).
Após a deposição de todos os componentes nas placas estas foram
acondicionadas em câmara úmida, a temperatura ambiente (25ºC) durante o período de
realização dos exames.
A leitura era feita em duas etapas: a primeira 48h e a segunda 72h depois do
início do acondicionamento. A interpretação dos testes era feita de acordo com o
esquema representado na Fig.2.
6
1
2
35
Ag
4
7.4 – Análise Estatística
Os resultados obtidos neste experimento serviram para avaliar a infecção pelo
maedi/visna vírus no rebanho ovino do Rio Grande do Norte. Os fatores como: faixa
etária, sexo e grupo racial foram submetidos a análise estatística com o teste de duas
proporções, com distribuição normal, adotando-se o nível de significância igual a cinco
porcento (valor crítico de Z = 1,96), conforme recomendado por Berquó et al (1981).
Figura 2 – Disposição dos soros na placa de imunodidfusão com as respectivas interpretações: Poços: 1 e 4 padrões positivos; 2 soro teste positivo, 6 reação inespecífica; 3 e 5 soros teste negativos
8 – Resultados e Discussão
O levantamento sorológico para infecção pelo MVV, realizado através do teste
de imunodifusão em gel de agarose (IDGA), nos 315 ovinos, oriundos de 32 rebanhos
pertencentes a 13 municípios do estado do Rio Grande do Norte, revelaram um
percentual de 21,3% de animais soropositivos para a infecção pelo vírus Maedi/Visna.
Estes resultados foram inferiores a taxa de infecção encontrada por Almeida et al
(2001), em levantamento semelhante realizado no Estado do Ceará onde os autores
encontraram uma prevalência de 31% de animais soropositivos para a infecção pelo
MVV em animais que apresentavam algum tipo de sintomatologia respiratória.
Estes resultados foram ainda superiores aos encontrados por Schaller et al
(2000) Baumgartner et al (1990) que pesquisando a presença de anticorpos contra
Maedi/Visna na Suíça e na Alemanha encontraram uma prevalência de nove e 12 %,
respectivamente. Já Kita et al (1990) em pesquisa feita com 4.284 amostras de soro
ovino na Polônia encontraram resultados semelhantes aos nossos, com uma prevalência
em torno de 24% de animais infectados. Nossos resultados foram também semelhantes
aos encontrados por Simard & Morley (1991), que observaram uma prevalência ficando
em torno de 19% em média sendo que a prevalência entre as províncias canadenses
variou bastante.
21%
79%
Positivos
Negativos
Figura 3: Resultado do IDGA para Maedi/Visna em relação aos 315 animais amostrados no estado do Rio Grande do Norte. Fortaleza, 2003.
Dos 32 rebanhos amostrados 28 (87%) apresentaram pelo menos um animal com
sorologia positiva para Maedi/Visna, o que caracteriza a ampla distribuição da infecção
por Maedi/Visna pelos rebanhos da área amostrada. Caporale et al (1983) estudando a
distribuição da infecção pelo MVV na Itália diagnosticaram 39 rebanhos infectados
num universo de 93 rebanhos estudados determinando uma prevalência de 41,3% dos
rebanhos naquele país.
Já Campbell et al (1994) encontraram 69,9% de rebanhos infectados em Ontário
no Canadá, e associaram esta alta prevalência ao tipo de manejo dos rebanhos uma vez
que estes autores observaram que havia uma correlação positiva entre a prevalência da
infecção e: o tempo de permanência dos animais na propriedade, o uso de reprodutores
de outras fazendas, a não separação dos cordeiros da mãe no momento do nascimento e
a idade dos animais. Estes fatores também podem ter sido determinantes nesta alta
prevalência encontrada em nosso estudo, tendo em vista que as práticas de manejo
adotadas na região amostrada são precárias, não havendo nenhum tipo de separação dos
animais por idade, sendo comum a aquisição de animais sem quaisquer atestado de
sanidade, não havendo na maioria das vezes descarte orientado dos animais o que
aumenta o tempo de permanência dos animais no plantel e sendo comum a manutenção
de animais de idade já avançada no rebanho (Costa et al, 2001).
Não se observou diferença estatiscamente significativa (p > 0,05) entre os
diferentes grupos etários (Tabela-2). Discordando, portanto do que foi afirmado por
Simard & Morley (1991) que afirmaram que a incidência de Maedi/Visna aumentou
com a idade nos rebanhos canadenses. O que também foi observado por Molitor et al
(1979) que encontraram 23% de ovinos jovens infectados, enquanto esta taxa
aumentava para 80% entre os animais acima de sete anos de idade, o que levou os
autores a afirmarem que os animais mais velhos apresentam maior incidência da
enfermidade.
Tabela 2 – Freqüência de ovinos soropositivos para Maedi/Visna, na população
amostrada de acordo com a faixa etária, em animais criados no Rio Grande
do Norte. Fortaleza, 2003.
Faixa Etária Freqüência de
soropositivos (%)
Número de animais
soropositivos
Número de animais
< 12 meses 10a 09 90
12 -| 42 meses 23 a 20 86
> 42 meses 27 a 38 139
Total - 67 315
a Letras iguais numa mesma coluna significa que não houve diferença estatística. Teste
de duas proporções. Valor crítico de Z = 1,96 (p < 0,005).
Tabela 3: Análise estatística da taxas de prevalência dos ovinos soropositivos para
Maedi/Visna, de acordo com a faixa etária em animais criados no Estado do
Rio Grande do Norte. Fortaleza, 2003.
Faixa Etária
Contraste
(idade em meses)
Taxas de prevalência
dos grupos etários
Valor de Z
Significância
estatística do
contraste
< 12 x 12-| 42 10 x 23,25 0,9632 Não significante
< 12 x 12 -| 42 10 x 27,33 1,4052 Não significante
12 -| 42 x > 42 27,33 0,3438 Não significante
Teste de duas proporções. Valor crítico de Z = 1,96. Nível de significância = 5%.
A distribuição da prevalência de anticorpos anti-MVV em todas faixas etárias
avaliadas neste experimento, pode ser explicada pelo tipo de manejo das propriedades.
Onde não era feito qualquer tipo de controle da enfermidade como, por exemplo, a
separação dos cordeiros das mães soropositivas. Este contato direto entre mães positivas
e cordeiros facilita a disseminação da enfermidade entre os animais jovens. Tal fato foi
comprovado por Leitold & Schuller (1990), que acompanhando um rebanho durante 30
meses observou que de 13 cordeiros filhos de mães com sorologia positiva, nove
soroconverteram, enquanto que entre os animais filhos de mães soronegativas apenas
um sofreu soroconversão para Maedi/Visna.
Quanto às características zootécnicas dos animais os animais de raça pura
apresentaram uma taxa de infecção de 34%, enquanto os animais sem raça definida
apresentaram 19% dos animais soropositivos para Maedi/Visna (Tabela 4). Não
sendo observada diferença estatisticamente significativa entre a proporção de
animais de raça pura e SRD (Tabela 4). Estes dados estão de acordo com os
apresentados por Almeida et al (2003) que afirmaram que a raça parece não afetar a
susceptibilidade dos ovinos deslanados do nordeste a infecção pelo MVV. Porém
Cultilip et al (1986), estudando a susceptibilidade de duas raças de ovinos a infecção
pelo MVV verificaram que, por algum motivo, ovinos da raça Border Leicester
foram mais susceptíveis a infecção que ovinos da raça Columbia.
Tabela 4 – Prevalência de ovinos soropositivos para Maedi/Visna, criados no
Estado do Rio Grande do Norte de acordo com as suas características
zootécnicas. Fortaleza, 2003.
Característica Zootécnica Freqüência de
animais
soropositivos (%)
Número de
animais
soropositivos
Número de
animais
Animais Puros 34a 15 44
Animais SRD 19a 52 271
Total - 67 315
a Letras iguais numa mesma coluna significa que não houve diferença estatística. Teste de
duas proporções. Valor crítico de Z = 1,96 (p < 0,005).
Dos municípios amostradas, apenas a de Alto dos Rodrigues não apresentou
animais com sorologia positiva para Maedi/Visna (Tabela 4), o que comprova a ampla
disseminação da doença nesta região (Figura 4). Esta prevalência elevada
provavelmente é fruto da inexistência de práticas de manejo adequadas, bem como da
falta de implementação das técnicas de controle preconizadas para esta enfermidade
como: separação de mães infectadas dos filhotes no momento do parto (De Bôer et al,
1979), com aleitamento artificial destes cordeiros (Houwers et al, 1983), ou sorologia
com eliminação dos positivos (Prichet, 1994).
Tabela 4 - Ocorrência de anticorpos anti-MVV dos ovinos nos diferentes Municípios
amostrados no Estado do Rio Grande do Norte. Fortaleza, 2003
Cidades
Prevalência de
animais positivos
(%)
Número de animais
Soropositivos
Número de animais
testados
Alto dos Rodrigues 00 00 10
Apodi 14 07 50
Assu 50 05 10
Caraúbas 6,45 02 31
Carnaubais 20 06 30
Felipe Guerra 20 04 20
Ipanguassu 10 01 10
Lajes 27,28 06 22
Macau 20 06 30
Mossoró 30 09 30
Rodolfo Fernandes 33,3 07 21
Santana do Matos 30 09 30
Severiano Melo 28,8 05 21
Total 21,26 67 315
Esta disseminação da enfermidade por toda área amostrada pode estar vinculada
à falta de barreiras sanitárias entre os municípios do Estado do Rio Grande do Norte, o
que facilita o transporte indiscriminado de animais e conseqüentemente a disseminação
de enfermidades infecto-contagiosas como a Maedi/Visna.
11
Figura 4 – Municípios com animais amostrados para o teste de IDGA para Maedi/Visna, no estado do Rio Grande do Norte. Fortaleza, 2003.
Município s/ animais positivos
Municípios c/ animais Positivos
9 – Conclusões e Perspectivas
A avaliação dos resultados do levantamento sorológico da infecção dos ovinos
criados no Estado do Rio Grande do Norte, pelo vírus Maedi/Visna, nos permite chegar
as seguintes conclusões:
1. A prevalência de infecção por Maedi/Visna nos rebanhos pesquisados foi de 21,3%,
o que caracteriza uma prevalência elevada.
2. A infecção pelo vírus Maedi/Visna pode ser considerada endêmica no Rio /Grande
do Norte uma vez que 87% dos rebanhos pesquisados apresentaram animais com
reação positiva.
3. Não houve diferença significativa entre a prevalência da infecção pelo MVV nas
diferentes faixas etárias pesquisadas.
4. Não houve diferença significativa entre a proporção de machos e fêmeas infectados.
5. Os ovinos nativos (SRD) mostraram ser tão susceptíveis quanto os ovinos
considerados exóticos, para a infecção por Maedi/Visna.
6. Ficou evidente no presente estudo a disseminação da Maedi/Visna no Estado do Rio
Grande do Norte, o que abre o precedente para a implantação de políticas sanitárias
que visem o controle da enfermidade.
Artigo
Levantamento sorológico pelo teste de imunodifusão em gel de agarose
(IDGA) de lentivirose ovina em rebanhos do Rio Grande do Norte, Brasil
Silva, J. B. A., Teixeira, M. F. S., Castro, R. S., Alves, F. S. F; Aprígio, C. J.,
Almeida, N. C.
Fortaleza
Fevereiro, 2003
Resumo
Maedi-Visna (MVV) é uma enfermidade que provoca nos ovinos adultos uma
infecção multisistêmica, muitas vezes assintomática de evolução crônica, que leva o
animal a um quadro de definhamento progressivo com conseqüente queda da
produtividade, podendo levar à morte do mesmo. Com o objetivo de fazer um
levantamento sorológico da infecção pelo vírus Maedi/Visna no estado do Rio Grande
do Norte, foram coletadas amostras de sangue de 315 ovinos, pertencentes a 32
diferentes rebanhos de 13 municípios do estado. Os soros foram submetidos ao teste de
imunodifusão em gel de agarose utilizando um kit diagnóstico para Maedi/Visna
fornecido pela Universidade Federal Rural de Pernambuco. Após a realização dos testes
constatou-se que 21,3% dos animais amostrados apresentavam-se positivos para o teste,
e que a porcentagem de animais positivos não variou entre as diferentes faixas etárias,
nem entre os animais de raça pura e os SRD. Com base nos resultados obtidos conclui-
se que a infecção pelo vírus Maedi/Visna está amplamente distribuída na região
amostrada, afetando ovinos de ambos os sexos, adultos e jovens, de diferentes raças.
Palavras-chave: lentivírus, ovinos e soro-diagnóstico
Abstract
Maedi-Visna (MV), it is an chronic disease of that causes in the adult sheep, a
subclinical infection, persistent virus-carrier state. It takes the animal to a progressive
weakening with consequent fall of the productivity, causing death of the animal. The
objective of this work was rising a serological test of the infection for the virus
maedi/visna sheep in the herds of state Rio Grande do Norte. Samples of blood of 315
sheep were collected, to 32 different flocks of 13 municipal districts of the state. The
serums were submitted to Immunodifusion Test in Agarose Gel (IDGA) using of a kit
diagnosis for Maedi/Visna supplied by the Rural Federal University of Pernambuco.
After the accomplishment of the tests it was verified that 21,3% of the animals resulted
positive for the test. It was proven although the percentage of positive animals no
change with the increase of the age.and with races. With base in the results was
concluded that the infection for the virus Maedi/Visna is thoroughly distributed in the
area of study, affecting adults and young sheep of both sexes and of different races.
Key-Words: sheep, immunodiagnostic, lentivirus
Introdução
A criação de ovinos vem sendo vista como uma atividade empreendedora,
gerando empregos e renda para as populações, funcionando como fixadora do homem
no campo, e como como fonte de proteína pela população mais carente, uma vez que os
animais são utilizados tanto para a própria subsistência da família quanto como fonte de
renda pela venda de animais, pele e carne.
Embora tenha toda esta importância para a sobrevivência das famílias e para a
economia de algumas cidades, a maioria das criações de ovinos no sertão nordestino
ainda é feita de forma extensiva e rudimentar, sem que haja qualquer controle sanitário,
nutricional ou reprodutivo dos animais.
E um dos maiores responsáveis por esta produtividade deficitária são as
enfermidades infecto-contagiosas que acometem estes animais, dentre estas, pode-se
destacar a lentivirose provocada pelo vírus Maedi-Visna (MVV), que provoca nos
animais uma infecção multisistêmica, muitas vezes assintomática de evolução crônica
(Oliver et al, 1981a). Que leva o animal a um definhamento progressivo com
consequente queda da produtividade (Pritchett, 1994). O MVV pertence à família
Retroviridae, da subfamília Lentivirinae que inclui além dele, o vírus da Artrite
Encefalite Caprina (CAEV) e os vírus das imunodeficiências em felinos (FIV), bovinos
(BIV), Símia (SIV) e humanos (HIV), além do vírus da Anemia Infecciosa Eqüina
(AIEV) (Small et al., 1989).
Durante muitos anos o semi-árido nordestino foi considerado livre desta
enfermidade, ou pelo menos não existiam dados que confirmassem a sua ocorrência
nesta região. Porém nos últimos anos algumas pesquisas vieram confirmar a sua
ocorrência em alguns estados nordestinos como no Ceará (Almeida et al, 2001) e
Pernambuco (Abreu et al, 1998), onde a sorologia positiva de um número significativo
de animais indicaram para a necessidade de uma melhor caracterização da atual situação
dos demais estados do Nordeste, para que possam ser tomadas as medidas necessárias
visando o controle de tal enfermidade nos rebanhos nordestinos que caracteriza-se por
ser a região que possui o maior plantel do Brasil com 7.762.475 animais,
correspondendo 52% do rebanho nacional.
Desta forma o objetivo do presente estudo foi estabelecer a prevalência da
infecçao pelo vírus Maedi/Visna no rebanho ovino do estado do Rio Grande do Norte,
esclarecendo alguns parâmetros epidemiológicos como faixa etária mais acometida e
etnia dos animais infectados.
Material e Métodos
Amostras
O número de amostras foi determinado com base nas orientações do Centro Pan
Americano de Zoonoses (1979), para estudo da prevalência de enfermidades crônicas
por amostragem e obedecendo as recomendações da Austudillo (1979), através da
fórmula abaixo:
n = 25(100 – p)g2 (p.e/100)2
n = número de amostras a serem trabalhadas
g2 = fator determinante do grau de confiança de 95% (1,962≅ 4)
p = prevalência estimada (25% obtida em pré-experimento)
e = margem de erro admissível (20 %)
n = 25.(100 – 25).42 = 25.75.4 = 7500 = 300 (25.20/100)2 52 25
Desta forma foram coletadas 315 amostras de sangue ovino por venopunção
jugular utilizando-se tubos vacuntainer descartáveis não-heparinizados, sendo mantidas
sob refrigeração até chegarem ao laboratório de Microbiologia Veterinária da ESAM,
onde foram centrifugadas para a obtenção do soro, sendo este aliquotado em frascos
eppendorf, congeladas e mantidos a –20ºC até serem conduzidos ao Laboratório de
Virologia Veterinária da Universidade Estadual do Ceará (UECE), onde serão
realizados os exames.
Os animais amostrandos perteciam a 32 rebanhos distribuídos em 13 diferentes
municípios, todos criados de forma extensiva, no semi-árido nordestino.
No mento da coleta alguns dados dos animais como sexo, grupo racial e faixa
etáram eram anotados visando posteriores análises epidemilógicas dos dados. A faixa
etária era determinada de acrodo com o desenvolvimento da dentição dos animais tendo
em vista a falta de dados cadastrais por parte dos criadores, a determinação da idade
pela dentição.
Local da Coleta
A coleta foi realizada em quatorze municípios do Estado do Rio Grande do
Norte concentrados principalmente na região homogênea mossoroense que concentra a
maior parte do rebanho ovino do Rio Grande do Norte, Fig. 2. Sendo que esta região
possuia em 1997 de acordo com dados do IBGE cerca de 48,8% do total de ovinos
criados no Rio Grande do Norte (SEBRAE, 2001).
O clima predominante na região onde foram coletadas as amostras é o BSwh’
(muito seco) segundo a classificação de Koppen. A vegetação predominante é a do tipo
caatinga arbustiva arbórea (SEBRAE, 2001).
Técnica de Imunodifusão em Gel de Agarose (IDGA)
O levantamento sorológico para infecção pelo vírus Maedi Visna foi pelo
método de Imunodifusão em Gel de Agarose (IDGA), que consiste na detecção de
linhas de precipitação nos casos positivos, decorrentes da reação antígeno-aniticorpo.
Para a execução do teste de IDGA utilizaram-se placas de Petri descartáveis de
90x15mm com gelose a 1%. Após a solidificação das mesmas as placas eram perfuradas
com roseta metálica padrão que possui sete perfurações. A disposição das perfurações,
bem como dos soros a serem testados, dos anticorpos padrões positivos e do antígeno na
placa estão representados na Fig.3. Eram depositados nos poços 25 �O� GH� FDGD�componente (antígeno, soro padrão e soro teste).
Os Kits contendo o antígeno, soro padrão positivo e o ágar que foram utilizados
no teste diagnóstico foram gentilmente cedidos pelo Prof. Dr. Roberto Soares de Castro,
da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), sendo este confeccionado
nesta universidade (Abreu et al, 1998).
Após a deposição de todos os componentes nas placas estas serão
acondicionadas em câmara úmida, a temperatura ambiente (25ºC) durante o período de
realização dos exames.
A leitura era feita em duas etapas: a primeira 48h e a segunda 72h depois do
início do acondicionamento, onde foram observadas a formação de uma linha de
precipitação entre o antígeno e o anticorpo. A interpretação dos testes será feita de
acordo com o esquema representado na Fig.1.
6
1
2
35
Ag
4
Análise Estatística
Os resultados obtidos neste experimento serviram para avaliar a infecção pelo
maedi/visna vírus no rebanho ovino do Rio Grande do Norte. Os fatores como: faixa
etária, sexo e grupo racial foram subetidos a análise estatística com o teste de duas
proporções, com distribuição normal, adotando-se o nível de significância igual a cinco
porcento (valor crítico de Z = 1,96) Conforme recomendado por Berquó et al (1981).
Figura 1 – Disposição dos soros na placa de imunodidfusão com as respectivas interpretações: Poços: 1 e 4 padrões positivos; 2 soro teste positivos e 6 reação inespecífica; 3 e 5 soros teste negativos
Resultados e Discussão
O levantamento sorológico para infecção pelo MVV, realizado através do teste
de imunodifusão em gel de agarose (IDGA), nos 315 ovinos, oriundos de 32 rebanhos
pertencentes a 13 municípios do estado do Rio Grande do Norte, revelaram um
percentual de 21,3% de animais soropositivos para a infecção pelo vírus Maedi/Visna.
Estes resultados foram inferiores a taxa de infecção encontrada por Almeida et al
(2001), em levantamento semelhante realizado no Estado do Ceará onde os autores
encontraram uma prevalência de 31% de animais soropositivos para a infecção pelo
MVV em animais que apresentavam algum tipo de sintomatologia respiratória.
Estes resultados foram ainda superiores aos encontrados por Schaller et al
(2000) Baumgartner et al (1990) que pesquisando a presença de anticorpos contra
Maedi/Visna na Suíça e na Alemanha encontraram uma prevalência de nove e 12 %,
respectivamente. Já Kita et al (1990) em pesquisa feita com 4.284 amostras de soro
ovino na Polônia encontraram resultados semelhantes aos nossos, com uma prevalência
em torno de 24% de animais infectados. Nossos resultados foram também semelhantes
aos encontrados por Simard & Morley (1991), que observaram uma prevalência ficando
em torno de 19% em média sendo que a prevalência entre as províncias canadenses
variou bastante.
Dos 32 rebanhos amostrados 28 (87%) apresentaram pelo menos um
animal com sorologia positiva para Maedi/Visna, o que caracteriza a ampla distribuição
da infecção por Maedi/Visna pelos rebanhos da área amostrada. Caporale et al (1983)
estudando a distribuição da infecção pelo MVV na Itália diagnosticaram 39 rebanhos
infectados num universo de 93 rebanhos estudados determinando uma prevalência de
41,3% dos rebanhos naquele país.
Já Campbell et al (1994) encontraram 69,9% de rebanhos infectados em Ontário
no Canadá, e associaram esta alta prevalência ao tipo de manejo dos rebanhos uma vez
que estes autores observaram que havia uma correlação positiva entre a prevalência da
infecção e: o tempo de permanência dos animais na propriedade, o uso de reprodutores
de outras fazendas, a não separação dos cordeiros da mãe no momento do nascimento e
a idade dos animais. Estes fatores também podem ter sido determinantes nesta alta
prevalência encontrada em nosso estudo, tendo em vista que as práticas de manejo
adotadas na região amostrada são precárias, não havendo nenhum tipo de separação dos
animais por idade, sendo comum a aquisição de animais sem quaisquer atestado de
sanidade, não havendo na maioria das vezes descarte orientado dos animais o que
aumenta o tempo de permanência dos animais no plantel e sendo comum a manutenção
de animais de idade já avançada no rebanho (Costa et al, 2001).
Não se observou diferença estatiscamente significativa (p > 0,05) entre os
diferentes grupos etários (Tabela-2). Discordando, portanto do que foi afirmado por
Simard & Morley (1991) que afirmaram que a incidência de Maedi/Visna aumentou
com a idade nos rebanhos canadenses. O que também foi observado por Molitor et al
(1979) que encontraram 23% de ovinos jovens infectados, enquanto esta taxa
aumentava para 80% entre os animais acima de sete anos de idade, o que levou os
autores a afirmarem que os animais mais velhos apresentam maior incidência da
enfermidade.
Tabela 2 – Freqüência de ovinos soropositivos para Maedi/Visna, na população
amostrada de acordo com a faixa etária, em animais criados no Rio Grande
do Norte. Fortaleza, 2003.
Faixa Etária Freqüência de
soropositivos (%)
Número de animais
soropositivos
Número de animais
< 12 meses 10a 09 90
12 -| 42 meses 23 a 20 86
> 42 meses 27 a 38 139
Total - 67 315
a Letras iguais numa mesma coluna significa que não houve diferença estatística. Teste
de duas proporções. Valor crítico de Z = 1,96 (p < 0,005).
A distribuição da prevalência de anticorpos anti-MVV em todas faixas etárias
avaliadas neste experimento, pode ser explicada pelo tipo de manejo das propriedades.
Onde não era feito qualquer tipo de controle da enfermidade como, por exemplo, a
separação dos cordeiros das mães soropositivas. Este contato direto entre mães positivas
e cordeiros facilita a disseminação da enfermidade entre os animais jovens. Tal fato foi
comprovado por Leitold & Schuller (1990), que acompanhando um rebanho durante 30
meses observou que de 13 cordeiros filhos de mães com sorologia positiva, nove
soroconverteram, enquanto que entre os animais filhos de mães soronegativas apenas
um sofreu soroconversão para Maedi/Visna.
Quanto às características zootécnicas dos animais os animais de raça pura
apresentaram uma taxa de infecção de 34%, enquanto os animais sem raça definida
apresentaram 19% dos animais soropositivos para Maedi/Visna (Tabela 2). Não sendo
observada diferença estatisticamente significativa entre a proporção de animais de raça
pura e SRD (Tabela 2). Estes dados estão de acordo com os apresentados por Almeida
et al (2003) que afirmaram que a raça parece não afetar a susceptibilidade dos ovinos
deslanados do nordeste a infecção pelo MVV. Porém Cultilip et al (1986), estudando a
susceptibilidade de duas raças de ovinos a infecção pelo MVV verificaram que, por
algum motivo, ovinos da raça Border Leicester foram mais susceptíveis a infecção que
ovinos da raça Columbia.
Dos municípios amostradas, apenas a de Alto dos Rodrigues não apresentou
animais com sorologia positiva para Maedi/Visna (Tabela 3), o que comprova a ampla
disseminação da doença nesta região (Figura 4). Esta prevalência elevada
provavelmente é fruto da inexistência de práticas de manejo adequadas, bem como da
falta de implementação das técnicas de controle preconizadas para esta enfermidade
como: separação de mães infectadas dos filhotes no momento do parto (De Bôer et al,
1979), com aleitamento artificial destes cordeiros (Houwers et al, 1983), ou sorologia
com eliminação dos positivos (Prichet, 1994).
Esta disseminação da enfermidade por toda área amostrada pode estar vinculada
à falta de barreiras sanitárias entre os municípios do Estado do Rio Grande do Norte, o
que facilita o transporte indiscriminado de animais e conseqüentemente a disseminação
de enfermidades infecto-contagiosas como a Maedi/Visna.
Conclusões e Perspectivas
A avaliação dos resultados do levantamento sorológico da infecção dos ovinos
criados no Estado do Rio Grande do Norte, pelo vírus Maedi/Visna, nos permiteconcluir
que a infecção pelo MVV está amplamente distribuída em toda áreas amostrada. Não
havendo diferença significativa entre a prevlência da infecção entre as diferentes faixas
etárias pesquisadas, nem entre os diferentes padrões zootécnicos analisados neste
trabalho.
Ficou evidente no presente estudo a disseminação da Maedi/Visna no Estado do
Rio Grande do Norte, o que abre o precedente para a implantação de políticas sanitárias
que visem o controle da enfermidade.
Tabela 2 – Prevalência de ovinos soropositivos para Maedi/Visna, criados no
Estado do Rio Grande do Norte de acordo com as suas características
zootécnicas. Fortaleza, 2003.
Característica Zootécnica Freqüência de
animais
soropositivos (%)
Número de
animais
soropositivos
Número de
animais
Animais Puros 34a 15 44
Animais SRD 19a 52 271
Total - 67 315
a Letras iguais numa mesma coluna significa que não houve diferença estatística. Teste de
duas proporções. Valor crítico de Z = 1,96 (p < 0,005).
Tabela 3 - Ocorrência de anticorpos anti-MVV dos ovinos nos diferentes Municípios
amostrados no Estado do Rio Grande do Norte. Fortaleza, 2003
Cidades
Prevalência de
animais positivos
(%)
Número de animais
Soropositivos
Número de animais
testados
Alto dos Rodrigues 00 00 10
Apodi 14 07 50
Assu 50 05 10
Caraúbas 6,45 02 31
Carnaubais 20 06 30
Felipe Guerra 20 04 20
Ipanguassu 10 01 10
Lajes 27,28 06 22
Macau 20 06 30
Mossoró 30 09 30
Rodolfo Fernandes 33,3 07 21
Santana do Matos 30 09 30
Severiano Melo 28,8 05 21
Total 21,26 67 315
Figura 4 – Municípios com animais amostrados para o teste de IDGA para Maedi/Visna, no estado do Rio Grande do Norte. Fortaleza, 2003.
Município s/ animais positivos
Municípios c/ animais Positivos
10 – Bibliografia Citada
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