UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
FACULDADE DE CIÊNCIAS APLICADAS
Larissa Miho Hara
Prevalência de anorexia do envelhecimento e sua associação com ingestão de nutrientes,
sarcopenia e fragilidade em idosos em acompanhamento ambulatorial do município de
Campinas – SP
Limeira
2019
Larissa Miho Hara
Prevalência de anorexia do envelhecimento e sua associação com ingestão de nutrientes,
sarcopenia e fragilidade em idosos em acompanhamento ambulatorial do município de
Campinas – SP
Dissertação apresentada à Faculdade de
Ciências Aplicadas da Universidade Estadual de
Campinas como parte dos requisitos exigidos
para obtenção do título de Mestra em Ciências
da Nutrição e do Esporte e Metabolismo, na área
de Nutrição.
Supervisor/Orientadora: Profª Drª Ligiana Pires Corona
ESTE TRABALHO CORRESPONDE À
VERSÃO FINAL DISSERTAÇÃO/TESE
DEFENDIDA PELA ALUNA LARISSA
MIHO HARA, E ORIENTADA PELA
PROFA. DRA. LIGIANA PIRES CORONA.
Limeira
2019
Autora: Larissa Miho Hara
Título: Prevalência de anorexia do envelhecimento e sua associação com ingestão de
nutrientes, sarcopenia e fragilidade em idosos em acompanhamento ambulatorial do município
de Campinas – SP
Natureza: Dissertação de Mestrado
Instituição: Universidade Estadual de Campinas – Faculdade de Ciências Aplicadas
Data da Defesa: Limeira, 05 de abril de 2019
BANCA EXAMINADORA
Profa. Dra. Ligiana Pires Corona (Orientadora)
Prof. Dr. Marciane Milanski Ferreira
Profa. Dr. Sandra Maria Lima Ribeiro
Ata da defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no SIGA/Sistema de
Fluxo de Dissertação/Tese e na Secretaria do Programa da Unidade.
🌹
À minha mãe, Bianca, Victor
e meus avós, Maria e Luiz.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus.
À toda minha família, mas em especial à minha mãe Luzia (“Luzi”, “mamãe”), pois sem ela,
NADA seria possível. À minha irmã Bianca, pelas risadas e amizade. E aos meus avós (Maria
e Luiz, ou “Ba” e “Di”), pelo apoio e preocupação. Nesse momento, meu pensamento está
inteiro com a Ba, que ficará boa logo. Esse amor é o meu combustível.
Ao meu pai que zela por mim em todos os momentos. Eu sei que você aliviou meu coração nos
momentos de sofrimento.
Ao Victor, meu companheiro de aventuras, que me ensinou sobre a tranquilidade, paciência e
amor. Obrigada pela ajuda, apoio, carinho e compreensão nos momentos difíceis. E
principalmente por me tirar de casa nos momentos que eu mais precisava. Agradeço também à
sua família que é a minha família.
À minha orientadora Profª Ligiana pela dedicação, crítica, apoio, paciência, sabedoria
compartilhada e presença em todos os momentos do mestrado. E também, pelo entusiasmo,
risadas, histórias e “ho’oponopono”. Enfim, sou grata!
Às colegas do Laboratório de Epidemiologia Nutricional – LENUT, Carol e Grazi, pelo projeto,
companheirismo, ajudas, conversas, risadas. Assim, como as alunas de iniciação científica e
bolsistas SAE.
Aos meus amigos jundiaienses e campineiros, principalmente à Lu que ouviu, ouve e continuará
ouvindo meus desabafos. Obrigada por essa amizade e pela ajuda fundamental no mestrado,
sem você tudo teria sido mais difícil e bem menos engraçado.
Aos membros da banca de qualificação (Profº André Fattori e Profª Letícia Souza) que deram
ótimas sugestões para melhoria e desenvolvimento do trabalho – e também aos membros da
banca de defesa (Profª Marciane Milanski e Profª Sandra Ribeiro), que são fundamentais nessa
etapa final.
Ao Profº André Fattori pela oportunidade de coletar dados no Ambulatório de Geriatria – e
também aos médicos residentes pela abertura, aos outros profissionais do ambulatório e ao
Hospital de Clínicas da UNICAMP.
Aos professores e coordenadores do CNEM, pelas aulas, ensinamentos e apoio.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES - Código de
Financiamento 001) que financiou o estudo em parte com a bolsa de mestrado.
E aos idosos participantes do estudo.
“Se quiser ir rápido, vá sozinho.
Se quiser ir longe, vá acompanhado. ”
- Provérbio africano
RESUMO
Introdução A anorexia do envelhecimento foi descrita pela primeira vez por Morley e Silver
em 1988, e é caracterizada pela inapetência e baixa ingestão alimentar em idosos, e que teria
como causas inúmeros fatores de saúde, psicológicos e ambientais. Objetivo O objetivo do
estudo foi identificar a anorexia do envelhecimento e sua associação com ingestão de nutrientes,
assim como sarcopenia e fragilidade em idosos em atendimento ambulatorial. Metodologia
Trata-se de um estudo transversal com amostra de 130 idosos (≥ 60 anos) de ambos os sexos,
acompanhados no Ambulatório de Geriatria do Hospital de Clínicas da Universidade Estadual
de Campinas (UNICAMP). A coleta de dados ocorreu por meio de questionário com questões
de saúde, nutrição, síndromes geriátricas, e também antropometria. A anorexia do
envelhecimento foi avaliada pelo Questionário Nutricional Simplificado de Apetite (QNSA)
que consiste na avaliação da alimentação através de 4 itens. A triagem de sarcopenia foi
realizada utilizando-se o questionário SARC-F e força de preensão palmar, e da síndrome de
fragilidade, a escala FRAIL. A ingestão alimentar foi avaliada através de Recordatório
Alimentar de 24H, analisando-se as diferenças de médias entre grupos e razões de chance para
inadequações. Resultados A prevalência de anorexia do envelhecimento foi de 27,7%. Idosos
com anorexia do envelhecimento tem aproximadamente 3 vezes mais chance de presença de
fragilidade (OR= 2,95, p=0,010) e 4 vezes mais chance de apresentar sarcopenia (OR= 4,23,
p=0,001). A anorexia do envelhecimento também foi associada a maiores chances de consumo
inadequado de calorias (OR=9,62, p=0,038) e ingestão de proteínas por quilo de peso
(OR=3,53, p=0,008), além de inadequação de consumo de fibras (OR=12,25, p=0,018), ferro
(OR=3,94, p=0,003) e zinco (OR=2,74, p=0,035). Conclusão O rastreio da anorexia do
envelhecimento e da ingestão alimentar prejudicada pode ser uma importante ferramenta para
predição da fragilidade e sarcopenia, postergando assim seu avanço e suas consequências, como
piora na qualidade de vida do idoso, vulnerabilidades e aumento da mortalidade.
ABSTRACT
Introduction Anorexia of aging was first described by Morley and Silver in 1988, and is
characterized by inappetence and low food intake in elderly, the causes for this syndrome are
numerous health issues, psychological and environmental factors. Objective The objective of
the study was to identify anorexia of aging and its association with nutrient intake, as well as
sarcopenia and frailty in elderly during outpatient care. Methods This is a cross-sectional study
with a sample of 130 elderly (≥ 60 years old) of both sexes, accompanied at the Geriatrics
Outpatient Clinic of the Hospital das Clínicas of the State University of Campinas (UNICAMP).
Data were collected through a questionnaire with questions about health, nutrition, geriatric
syndromes, and anthropometry. Anorexia of aging was evaluated by the Simplified Appetite
Nutrition Questionnaire (NQF), which consists of the evaluation of diet through 4 items.
Screening for sarcopenia was performed using the SARC-F questionnaire and palmar grip
strength, and frailty syndrome, the FRAIL scale. Food intake was evaluated through a 24-hour
food recall, analyzing differences between means, between groups and odds ratios for
inadequacies. Results The prevalence of aging anorexia was 27.7%. Elderly patients with aging
anorexia are approximately 3 times more likely to present fragility (OR = 2.95, p = 0.010) and
4 times more likely to present sarcopenia (OR = 4.23, p = 0.001). Aging anorexia was also
associated with higher odds of inadequate calorie intake (OR = 9.62, p = 0.038) and protein
intake per pound of weight (OR = 3.53, p = 0.008), as well as inadequacy of (OR = 12.25, p =
0.018), iron (OR = 3.94, p = 0.003) and zinc (OR = 2.74, p = 0.035). Conclusion The screening
of aging anorexia and impaired food intake can be an important tool for predicting frailty and
sarcopenia, thus delaying its progress and its consequences, such as worsening elderly quality
of life, vulnerability and increased mortality.
LISTA DE FIGURAS
Pág.
Figura 1. Prevalência de anorexia do envelhecimento total e entre classificações de grupos de
fragilidade e sarcopenia............................................................................................................ 36
Figura 2. Média de consumo de calorias por refeição em idosos com apenas anorexia do
envelhecimento (AE) e aqueles com AE, sarcopenia e fragilidade........................................... 37
Figura 3. Média de consumo de proteínas por refeição em idosos com apenas anorexia do
envelhecimento (AE) e aqueles com AE, sarcopenia e fragilidade........................................... 38
Figura 4. Média de consumo de calorias por refeição em idosos com e sem anorexia do
envelhecimento (AE) ............................................................................................................... 38
Figura 5. Média de consumo de proteínas por refeição em idosos com e sem anorexia do
envelhecimento (AE) ............................................................................................................... 39
LISTA DE QUADROS E TABELAS
Pág.
Quadro 1. Questionário Nutricional Simplificado de Apetite – QNSA .................................. 27
Quadro 2. Triagem de sarcopenia SARC-F ............................................................................. 28
Quadro 3. Triagem de fragilidade FRAIL ............................................................................... 29
Tabela 1. Características dos participantes do estudo de acordo com sexo.............................. 33
Tabela 2. Características sóciodemográficas dos participantes de acordo com a prevalência de
anorexia do envelhecimento .................................................................................................... 34
Tabela 3. Características nutricionais, funcionais e de auto avaliação de saúde dos participantes
de acordo com a prevalência de anorexia do envelhecimento .................................................. 35
Tabela 4. Características de estado de saúde e sintomas que podem interferir na alimentação
dos participantes de acordo com a presença ou não de anorexia do envelhecimento .............. 36
Tabela 5. Associações brutas e ajustadas entre anorexia e presença de fragilidade e sarcopenia
.................................................................................................................................................. 37
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ONU – Organização das Nações Unidas
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
MAN – Mini Avaliação Nutricional
AE – Anorexia do Envelhecimento
NPY – Neuropeptídio Y
ILPI – Instituição de Longa Permanência para Idosos
TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
IMC – Índice de Massa Corporal
QNSA – Questionário Nutricional Simplificado de Apetite
HDL – High-Density Lipoprotein
LDL – Low-Density Lipoprotein
VLDL – Very-Low-Density Lipoprotein
MEEM – Mini Exame do Estado Mental
ABVD – Atividade Básica de Vida Diária
AIVD – Atividade Instrumental de Vida Diária
TACO – Tabela Brasileira de Composição de Alimentos
USDA – United States Department of Agriculture
ESPEN – European Society of Parenteral and Enteral Nutrition
EAR – Estimated Average Requirements
DRI – Dietary Reference Intakes
AI – Adequate Intake
OR – Odds Ratio
EP – Erro padrão
AgRP – Peptídeo relacionado ao gene agouti
POMC – Pró-opiomelanocortina
MSH – Hormônio estimulante dos melanócitos
ARG – Avaliação Rápida Geriátrica
SUMÁRIO
Pág.
1. Introdução .......................................................................................................................... 14
1.1. O envelhecimento populacional .................................................................................. 14
1.2. Desnutrição e consumo alimentar no envelhecimento................................................. 15
1.3. Anorexia do envelhecimento ...................................................................................... 18
2. Justificativa ........................................................................................................................ 23
3. Objetivos ............................................................................................................................ 24
3.1. Objetivo geral ............................................................................................................. 24
3.2. Objetivos específicos .................................................................................................. 24
4. Metodologia ....................................................................................................................... 25
4.1. Participantes ............................................................................................................... 25
4.2. Critérios de Inclusão e Exclusão ................................................................................. 25
4.3. Medidas e Procedimentos ........................................................................................... 26
4.3.1. Avaliação nutricional ....................................................................................... 26
4.3.2. Sarcopenia e Fragilidade................................................................................... 27
4.3.3. Saúde ................................................................................................................ 29
4.4. Análise de dados ......................................................................................................... 30
5. Resultados .......................................................................................................................... 33
5.1. Prevalência de anorexia e fatores associados .............................................................. 34
5.2. Anorexia do Envelhecimento, Sarcopenia e Fragilidade............................................. 36
5.3. Anorexia do Envelhecimento e ingestão de nutrientes................................................. 37
6. Discussão ........................................................................................................................... 40
7. Conclusão .......................................................................................................................... 49
8. Referências Bibliográficas ................................................................................................. 50
9. Apêndice ............................................................................................................................ 60
9.1. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido............................................................. 60
9.2. Questionário utilizado na coleta de dados.................................................................... 62
9.3. Artigo .......................................................................................................................... 68
10. Anexo ................................................................................................................................. 76
10.1. Comprovante aprovação do projeto ao Comitê de Ética em Pesquisa ......................... 76
14
1. INTRODUÇÃO
1.1. O envelhecimento populacional
Em 1950, a população mundial era estimada em 2,6 bilhões de habitantes. Em 1999,
atingiu cerca de 6 bilhões e em 2011, 7 bilhões. O crescimento populacional é inegável,
preocupante e rápido, e de acordo com as projeções probabilísticas da Organização das Nações
Unidas (ONU), em 2050, a população pode aumentar para aproximadamente 10 bilhões de
pessoas (ONU, 2015).
Simultaneamente a esse crescimento populacional, também nota-se um envelhecimento
rápido que de acordo com relatórios da ONU vem sendo caracterizado como um processo único
que ocorrerá no mundo de maneira generalizada e atingirá homens, mulheres e crianças. Este
processo também ocorrerá em ritmos distintos em cada país de acordo com seu grau de
desenvolvimento, sendo que países subdesenvolvidos que iniciaram o envelhecimento
tardiamente tem menos tempo para se adaptar. Além disso, esse processo é duradouro, uma vez
que nunca mais serão vistas as mesmas populações jovens que os nossos ancestrais conheciam,
e muitas dessas mudanças irão causar implicações profundas em muitas questões da vida
humana (ONU, 2011).
No Brasil, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a
pirâmide populacional, que antes em sua maioria era formada por crianças, adolescentes e
jovens, já apresenta um perfil aproximado ao padrão dos países desenvolvidos, com uma
participação crescente de pessoas com mais de 50 anos em níveis medianos e superiores da
estrutura. O envelhecimento da população brasileira também é visto pela esperança de vida ao
nascer, que era menor que 50 anos em 1950 e passou para 74,8 anos em 2013. Ainda de acordo
com o Censo Demográfico de 2010, os idosos brasileiros já faziam parte de 11% da população
geral, quase 21 milhões de habitantes com 60 anos ou mais (IBGE, 2010; IBGE, 2013;
VASCONCELOS e GOMES, 2012).
O envelhecimento populacional no Brasil vem ocorrendo nas últimas décadas de
maneira similar aos países da América Latina e Caribe. Nesses países e no Brasil, se vê
importantes aspectos da transição demográfica, caracterizada por uma diminuição da
mortalidade e depois, uma baixa fecundidade, levando a um envelhecimento populacional e
mudanças em toda a característica etária da população brasileira. E também são observados
aspectos da transição epidemiológica, na qual há maior controle da mortalidade por doenças
15
infecciosas, mas um aumento da mortalidade por doenças crônicas não transmissíveis
(LEBRÃO, 2007).
Entretanto, de maneira distinta dos países desenvolvidos que passaram por esta transição
há séculos, o Brasil iniciou a transição tardia e rápida, apenas por volta de 1950 – uma mudança
brusca do panorama demográfico do Brasil que se torna complexa, visto que diferentemente
dos países mais ricos, o Brasil sofria e ainda sofre com problemas econômicos e de desigualdade
social, realidade da qual os países desenvolvidos vivenciaram antes do envelhecimento
populacional (LEBRÃO, 2007).
Associado a estes dois processos de transição, é observado um terceiro, a transição
nutricional, na qual há redução das doenças carenciais, como a desnutrição e ao mesmo tempo,
aumento da prevalência de sobrepeso e obesidade na população (LEVY et al., 2012). As
transições demográfica, epidemiológica e nutricional em países em desenvolvimento, não são
apenas decorrentes de uma substituição dos padrões dietéticos e de morbidade, mas um
processo complexo em que múltiplas causas coexistem. No Brasil, esse processo causa um forte
impacto na saúde pública (ESKINAZI et al., 2011; FILHO e RISSIN, 2003).
Tendo em vista esse processo de envelhecimento rápido da população brasileira, a saúde
pública passa a receber ainda mais idosos, com demandas específicas de cuidados, inclusive em
relação aos aspectos nutricionais.
1.2. Desnutrição e consumo alimentar no envelhecimento
Sabe-se que o envelhecimento pode trazer inúmeras questões que devem ser
consideradas no tratamento do indivíduo idoso. Além de aspectos familiares e de ordem social,
o idoso pode apresentar com o passar nos anos, multimorbidade e as síndromes geriátricas,
como alterações cognitivas, incontinência urinária, dor, depressão, risco de quedas e
polifarmácia (INOUYE et al., 2007). As síndromes geriátricas são altamente prevalentes em
idosos e são relacionadas ao envelhecimento devido a diminuição da capacidade de reserva
homeostática do organismo que ocorre com o passar dos anos. Esse declínio é resultado da
exposição a múltiplos fatores de risco, e pode ser ainda mais agravado por doenças crônicas
(RIKKERT et al., 2003).
Além desses distúrbios bastante conhecidos na área da Geriatria e da Gerontologia,
observa-se também a emergência de novas condições na esfera da geriatria e gerontologia: a
sarcopenia – condição caracterizada pela diminuição da massa muscular e perda de sua função
– e a fragilidade, uma síndrome geriátrica de múltiplas causas, em que ocorre diminuição da
16
força, resistência e redução de funções fisiológicas que acabam por aumentar a vulnerabilidade,
assim como risco de dependência e morte (KEEVIL e ROMERO-ORTUNO, 2015; MORLEY
et al., 2013).
O envelhecimento tem como característica alterações na composição corporal, com uma
diminuição de massa muscular e aumento do tecido adiposo. Entretanto, uma perda ponderal
importante deve ser monitorada, uma vez que pode interferir negativamente na saúde do idoso,
tornando-se uma causa secundária de doenças pulmonares, neurológicas, imunológicas e morte
(HAGEMEYER e REZENDE, 2013).
A desnutrição é caracterizada como um estado decorrente de uma baixa ingestão de
micro e macronutrientes – que pode levar à desnutrição energético-proteica e deficiências de
vitaminas e minerais – além do alto consumo de macronutrientes (levando à obesidade) e
ingestão excessiva de certas substâncias, como o álcool. Desta forma, a desnutrição pode afetar
negativamente o bem-estar dos idosos, causando deterioração do estado funcional e piora de
condições já existentes (OMRAN e MORLEY, 2000).
A desnutrição em idosos possui etiologia multifatorial e é difícil de ser corrigida já que
longevos em sua maioria possuem doenças crônicas e tomam muitos medicamentos que
interferem no apetite e na biodisponibilidade de nutrientes. Outros fatores que explicam a
prevalência da desnutrição em idosos são: perda de dentes, diminuição do paladar e olfato,
baixa produção salivar, esvaziamento gástrico retardado e fatores sociais como pobreza e
depressão (ELSNER, 2002).
A desnutrição proteica-calórica não é rara em idosos e está correlacionada a mortalidade
e morbidade (MORLEY et al., 1989). No estudo de Lim e colaboradores (2012), a desnutrição
levou a um aumento significativo em tempo de internação, taxa de readmissão, mortalidade e
custos de hospitalização. Em um estudo de coorte retrospectivo brasileiro com amostra de 709
adultos de 25 hospitais concluiu-se também que a desnutrição é um fator de risco independente
que impacta sobre as grandes complicações, tempo de hospitalização e de custo – o risco de
óbito em desnutridos foi 1,87 vezes em relação aos com estado nutricional adequado
(CORREIA e WAITZBERG, 2003).
Na Austrália, Neumann e colaboradores (2005) estudaram 133 indivíduos acima de 65
anos que iniciavam reabilitação por conta de lesões ósseas, imobilidade, infecções ou prejuízos
neurológicos, e encontraram uma prevalência de 6% de desnutrição e 47% de risco de
desnutrição através da versão reduzida da Mini Avaliação Nutricional (MAN). Esta prevalência
se relacionou ao aumento de chance de admissão em serviços com níveis de cuidados mais
elevados, além de pior qualidade de vida e atividades básicas de vida diária mais prejudicadas.
17
O estudo de Kaiser e colaboradores (2010) avaliou a desnutrição em diferentes serviços
de saúde e encontrou prevalências de 50,5% em locais de reabilitação, 38,7% em hospitais,
13,8% em lares de idosos e 5,8% em idosos de comunidade, demonstrando a necessidade da
avaliação de desnutrição em todos os níveis assistenciais. Em idosos, a atenção deve ser
redobrada, já que a prevalência de desnutrição proteica-calórica aumenta de acordo com a idade
e número de comorbidades e a identificação precoce e tratamento de problemas nutricionais
levam a melhores desfechos e melhor qualidade de vida (AGARWAL et al., 2013).
Ações de vigilância alimentar e nutricional se tornam fundamentais para o
monitoramento e a caracterização da alimentação e de seus determinantes na população idosa,
visto que muitos distúrbios nutricionais e doenças relacionadas podem ser comuns no
envelhecimento. O estado nutricional deve ser mensurado através da relação entre o consumo
alimentar e necessidades nutricionais de acordo com cada especificidade de condições clínicas,
idade e sexo. Para avaliação do estado nutricional, o profissional deve identificar os pacientes
em risco, estabelecer a promoção ou recuperação da saúde e avaliar o progresso de cada
paciente. A avaliação do consumo alimentar de idosos pode ser realizado através do
Recordatório Alimentar de 24 Horas, caracterizado como sendo um método de inquérito
alimentar na qual se quantifica alimentos e bebidas ingeridos num período precedente à
entrevista, questionando-se sobre a ingestão alimentar nas últimas 24 horas ou, mais
usualmente, todo consumo do dia anterior inteiro (FISBERG et al., 2009; WILLETT et al.,
1998).
O Recordatório Alimentar de 24 Horas é um método utilizado em inúmeros inquéritos
alimentares nacionais e internacionais, pois possui as vantagens de ser um método de baixo
custo, rápida aplicação e que pode ser utilizado para populações de qualquer faixa etária, além
de indivíduos analfabetos (WILLETT et al., 1998; FISBERG et al., 2009). Contudo, o
Recordatório de 24 Horas pode não assegurar que o consumo alimentar de um dia reflita no
hábito alimentar do indivíduo. E para confirmação do hábito alimentar, mais dias de inquéritos
alimentares poderão ser necessários (VENTURINI et al., 2015).
Mesmo assim, o recordatório alimentar de 24 horas é instrumento muito utilizado
atualmente em inquéritos de saúde e nutrição que procuram avaliar a ingestão alimentar e de
nutrientes (FISBERG et al., 2005), podendo identificar os indivíduos em situação de risco
quanto às deficiências nutricionais, através de avaliação do consumo alimentar comparado às
recomendações existentes de micronutrientes
De acordo com estudo de Fisberg e colaboradores (2013) que avaliou dados do Inquérito
Nacional de Alimentação da Pesquisa de Orçamentos Familiares de 2008 e 2009, foram
18
observadas altas prevalências de inadequação de vitamina E e D, cálcio e magnésio em idosos
de ambos os sexos. A inadequação do consumo de zinco também foi alta em homens. Este
estudo também cita que esses idosos apresentaram consumo pouco variado e quantidades
insuficientes de frutas, legumes e verduras que podem levar ao baixo consumo de
micronutrientes.
Previdelli e colaboradoras (2017) avaliaram o balanço de micronutrientes na dieta de
idosos brasileiros da mesma pesquisa supracitada e encontraram que o consumo de lipídios foi
superior em 9,2% da população, enquanto que 4,9% apresentaram consumo superior de
carboidratos e 1,0% de consumo acima do recomendado de proteínas. Os autores também
encontraram que 14,5% dos idosos apresentaram ingestão de carboidratos abaixo do critério
utilizado, além de maior percentual energético lipídico. De acordo com a avaliação por
macrorregiões, o Centro-Oeste apresentou diferença para menor percentual de consumo de
carboidratos e a região Sul, o menor percentual proteico e o maior de lipídios, trazendo-se
discussões sobre o impacto do elevado consumo de lipídios e sua relação com desenvolvimento
de doenças crônicas e pior qualidade da dieta.
Segundo o estudo de Venturini e colaboradores (2015), a população estudada de idosos
de Porto Alegre (RS) apresentou distribuição adequada no consumo diário de macronutrientes,
quando comparada com a referência de intervalo de distribuição aceitável. Contudo, em seu
estudo, a média de calorias totais consumidas ficou entre 1320 e 1564 kcal, sendo que a média
da necessidade energética diária desses indivíduos foi de aproximadamente 1700 kcal,
demonstrando que os idosos consomem menos calorias do que a necessidade diária estipulada.
1.3. Anorexia do envelhecimento
Um dos principais fatores que podem levar à perda de peso e desnutrição no idoso é a
anorexia do envelhecimento (AE). Esta condição, descrita pela primeira vez por Morley e Silver
em 1988, é caracterizada pela inapetência e baixa ingestão alimentar, que teria como causas a
diminuição da demanda energética (taxa metabólica basal e atividades reduzidas), sensações de
prazer diminuídas (paladar, olfato e visão), diminuição de neurotransmissores controladores da
fome, o aumento da atividade da colecistoquinina, associada à saciedade, além da associação
com outras doenças.
De acordo com evidências apresentadas na literatura, conclui-se que a relação entre
idade e redução de energia ingerida afeta o envelhecimento saudável, já que idosos costumam
fazer apenas as principais refeições em pouca quantidade e comem mais devagar. Além do
19
mais, possuem menor ingestão de todos os grupos alimentares e tendência maior para dieta
monótona que podem levar a deficiências nutricionais (SOENEN e CHAPMAN, 2013).
A literatura cita que fatores não-fisiológicos também levam a AE e seus problemas
relacionados (MORLEY et al., 1999). Segundo MacIntosh e colaboradores (2000), os fatores
não-fisiológicos que levam à anorexia podem ser divididos em: fatores sociais, psicológicos,
clínicos e medicamentosos. O fator social predominante é a pobreza, mas também pode ser
incapacidade de fazer compras, de preparar e cozinhar refeições e alimentar-se sozinho. Outras
causas relacionadas são: solidão, isolamento, falta de apoio para socialização e ausência de
preferências alimentares étnicas para indivíduos institucionalizados.
Quanto aos fatores psicológicos, pode-se citar o alcoolismo, privações, depressão,
demência ou doença de Alzheimer, sociopatia, anorexia nervosa, fobia à ingestão de gordura,
ansiedade, luto, psicose e delirium e abusos físicos e psicológicos (MORLEY et al., 1989;
MACINTOSH et al., 2000; WYSOKIŃSKI et al., 2015; LANDI et al., 2016).
Os fatores fisiológicos da anorexia podem ser relacionados ao próprio envelhecimento,
no qual há o declínio da atividade central de neuropeptídios orexígenos, com a diminuição tanto
da expressão do neuropeptídio Y (NPY), quanto uma redução nos receptores de NPY no
hipotálamo (GRUENEWALD et al., 1996). E também, com o aumento do tecido adiposo no
envelhecimento e epidemia de obesidade, é possível compreender uma possível elevação dos
níveis de leptina (hormônio anorexígeno) em indivíduos idosos (ROLLAND et al., 2006).
Em 1989, Morley e colaboradores citaram as principais causas da AE relacionada aos
fatores clínicos, como: infecções, caquexia cardíaca, doença pulmonar obstrutiva crônica,
fatores gastrointestinais (isquemia abdominal, náusea, ausência de dentes, disfagia, aspiração,
má absorção de nutrientes), câncer e seus sintomas relacionados a própria doença e tratamentos,
doenças endócrinas, neurológicas e musculares. Posteriormente, MacIntosh e colaboradores
(2000) também destacaram artrite reumatoide, doença de Parkinson, hipertireoidismo, disfagia
e medicamentos.
Conforme o envelhecimento da população e aparecimento de doenças, uma condição
vem se tornando mais prevalente entre idosos: a polifarmácia – utilização de cinco ou mais
medicamentos (MAHER et al., 2014). As comorbidades e o processo fisiológico do
envelhecimento, juntamente com a polifarmácia podem causar frequentemente a perda de
apetite em idosos (MALAFARINA et al., 2013).
Na Itália, Donini e colaboradores (2013) avaliaram 526 idosos (≥ 65 anos) que viviam
em comunidade, instituições de longa permanência (ILPIs) e internados em enfermarias por
reabilitação ou doenças agudas. Foi considerada AE se os indivíduos consumissem apenas 50%
20
das refeições ofertadas a eles, encontrando uma prevalência global de anorexia de 21,2%, com
valores ainda mais elevados entre os pacientes internados (34,1% mulheres e 27,2% homens
em instituições de longa permanência, 33,3% de mulheres e 26,7% de homens em reabilitação
e alas geriátricas; 3,3% de mulheres e 11,3% homens que viviam em comunidades) e nas
pessoas mais longevas. O estudo também apontou que indivíduos com anorexia foram
significativamente menos autossuficientes e apresentavam mais frequentemente um estado
nutricional e cognitivo comprometido.
No México, um estudo com 1247 idosos da comunidade encontrou prevalência de
anorexia de 30,1%. Aqueles que apresentaram AE tinham idades mais avançadas,
majoritariamente mulheres, tinham mais doenças reportadas e pior poder aquisitivo. Além
disso, os idosos anoréxicos apresentaram pior performance cognitiva, saúde oral e mais
sintomas depressivos se comparados aos não-anoréxicos (VÁZQUEZ-VALDEZ et al., 2010).
Além desses inúmeros fatores relacionados, a anorexia também se mostra associada às
“novas” condições que a geriatria vem enfrentando atualmente: a fragilidade e a sarcopenia,
tornando qualquer das duas condições, outro fator causador de anorexia também. Segundo
Morley (2012), a AE é considerada a verdadeira síndrome geriátrica, uma vez que pode causar
incapacidade e outros desfechos, além de ser multifatorial. A AE também conduz à perda de
peso – fator importante na espiral negativa da síndrome da fragilidade (TSUTSUMIMOTO et
al., 2017; SOENEN e CHAPMAN, 2013). Fried et al. (2001) também sugerem que a sarcopenia
desempenha um importante papel etiológico na fragilidade. Desta forma, essas três grandes
condições se mostram relacionadas na literatura, na qual uma pode acabar resultando no
surgimento da outra.
De acordo com Cruz-Jentoft e colaboradores (2019), a sarcopenia é um distúrbio
progressivo e generalizado nos músculos esqueléticos e está associado ao aumento das chances
de desfechos adversos, como quedas, fraturas, incapacidade física e mortalidade. Para facilitar
sua identificação, a sarcopenia passou a ser considerada uma doença muscular, sendo
caracterizada também pela baixa força muscular, além do aspecto usualmente conhecido da
diminuição de massa muscular como principal determinante para seu diagnóstico (SCHAAP et
al., 2018).
O Grupo de Trabalho Europeu sobre Sarcopenia em Idosos (European Working Group
on Sarcopenia in Older People – EWGSOP2) recomenda o uso do questionário SARC-F como
uma ferramenta rápida e simples que pode ser utilizada em idosos de comunidade, além de
outros ambientes clínicos, para se obter auto relatos de pacientes sobre sinais que são
característicos da sarcopenia. Este questionário possui 5 itens que são auto relatados pelos
21
pacientes como uma triagem para risco da condição (CRUZ-JENTOFT et al., 2019;
MALMSTROM et al., 2016).
O EWGSOP2 também cita que para avaliação da evidência de sarcopenia, deve-se
utilizar a força de preensão palmar ou teste de levantar-se de uma cadeira com pontos de corte
específicos para cada avaliação, e em casos especiais e alguns estudos, pode-se utilizar outros
métodos para medir a força, como flexão ou extensão de joelhos. A fim de confirmação e
determinação da gravidade da sarcopenia, o grupo sugere outras avaliações, como a
absortometria de raio-X de dupla energia, a impedância bioelétrica, a tomografia e medidas de
desempenho e marcha (CRUZ-JENTOFT et al., 2019).
De acordo com a metanálise de Diz e colaboradores (2017), a prevalência geral de
sarcopenia é de 17% no Brasil. Neste estudo, encontraram-se prevalências variando de 3,7% a
72,7%, sendo que a maior parte dos estudos foram feitos com idosos de comunidade
(DOMICIANO et al., 2013; SILVA NETO et al., 2012).
Um estudo na Itália com objetivo de avaliar a relação entre a anorexia e a sarcopenia
em 354 idosos com 80 anos ou mais que viviam em comunidade, mostrou que 21% da amostra
estudada apresentou sintomas de anorexia, quando questionados à ingestão alimentar e apetite.
A sarcopenia se mostrou correlacionada com a presença de anorexia, independentemente da
evidência clínica de desnutrição (perda de peso e Índice de Massa Corporal (IMC) inferior a 20
kg/m²). O estudo também detectou que no geral, em relação aos não-anoréxicos, os
participantes com anorexia eram mais velhos (idade média: 86,8 vs 85,6), tinham IMC mais
baixo, eram mais propensos a uma funcionalidade mais prejudicada e mostraram um maior
nível de comprometimento cognitivo (LANDI et al., 2012).
A fragilidade é uma síndrome geriátrica multidimensional que é caracterizada pelo
declínio cumulativo em múltiplos sistemas fisiológicos, assim como a deterioração de suas
funções. Isso se dá em decorrência de mecanismos complexos do envelhecimento atrelados a
eventos estressores, como doenças e questões sociais (MORLEY et al., 2013; CLEGG et al.,
2013; LANGLOIS et al., 2012). A síndrome da fragilidade pode levar ao aumento de
vulnerabilidades e desfechos indesejados, como incapacidades, redução da qualidade de vida,
internações, institucionalização e morte (LANGLOIS et al., 2012; CLEGG et al., 2013).
De acordo com Fried e colaboradores (2001), o fenótipo físico da fragilidade se baseia
em: fraqueza (medida através da força de preensão palmar), lentidão (avaliando-se a
caminhada), baixo nível de atividade física, exaustão autorreferida e perda de peso não
intencional maior que 4,5 kg em um ano. Este método pode reconhecer indivíduos com alto
risco de desenvolver algum tipo de comprometimento funcional, como deterioração das
22
atividades básicas e instrumentais da vida diária. Contudo, esta abordagem possui difícil
aplicabilidade na prática clínica (CLEGG et al., 2013). A avaliação da fragilidade também pode
ocorrer através da escala FRAIL (VAN KAN et al., 2008; MORLEY, 2016). Esta escala é
rápida e baseada em entrevistas, sendo fácil de administrar, pontuar e interpretar, além de incluir
a ponderação de comorbidades (MALMSTROM et al., 2014).
Uma revisão sistemática realizada por Collard e colaboradores (2012) avaliou dados de
21 estudos e mais de 61.500 idosos da comunidade, e encontraram prevalências relatadas entre
4,0% a 59,1% de acordo com a definição adotada de fragilidade. Um estudo brasileiro na cidade
de São Paulo avaliou 811 idosos (≥60 anos) utilizando a escala FRAIL como método de
avaliação, e encontrou que 3,6% eram robustos, 48,7% pré-frágeis e 37,7% frágeis
(APRAHAMIAN et al., 2017). Os autores mencionam que a alta prevalência de fragilidade
encontrada foi devido ao fato da amostra ser composta por idosos atendidos em ambulatório de
geriatria especializado.
No Japão, um estudo observacional transversal com 4417 idosos da comunidade com
idade maior que 70 anos analisou a associação entre a AE e a fragilidade física. E observaram
uma prevalência geral de 10,6% de anorexia, enquanto que em idosos com fragilidade foi
encontrada uma prevalência de 21,3%, demonstrando uma associação independente da anorexia
com o estado de fragilidade, além de associação com a lentidão, exaustão e perda de peso
(TSUTSUMIMOTO et al., 2017). De acordo com Muscaritoli et al. (2010), a diminuição da
ingestão alimentar decorrente da anorexia leva a uma redução na capacidade de exercício que
consequentemente leva ao declínio na massa e força muscular, levando ao desenvolvimento da
síndrome da fragilidade.
O tratamento da AE depende de sua causa, ou seja, a intervenção nutricional deve
começar com uma avaliação nutricional detalhada e definição das possíveis causas. A
intervenção deve abranger estímulos de textura, sabor, palatabilidade e assistência alimentar
quando necessário (MARTONE et al., 2013), e a suplementação alimentar deve ser instituída
somente quando for claramente necessária (MALAFARINA et al., 2013).
Outros tratamentos envolvem adaptação do ambiente com prevenção da isolação social
e repasse dos cuidados para outros, como no caso de instituções para idosos. Além de avaliação
de terapias farmacológicas que podem causar diminuição do apetite ou favorecer a perda de
peso. O diagnóstico clínico também deve ser analisado já que muitas patologias estão
associadas a perda de peso e inapetência. Nenhum tratamento farmacológico específico tem se
mostrado efetivo na AE e, portanto, não são recomendados na prática clínica (LANDI et al.,
2016).
23
2. JUSTIFICATIVA
O termo “anorexia do envelhecimento” vem sendo estudado na literatura estrangeira,
principalmente por conta do envelhecimento populacional e suas consequências na saúde e
qualidade de vida dos idosos. A anorexia do envelhecimento se mostra altamente prevalente,
principalmente por sua característica multicausal. Portanto, pode apresentar consequências
dramáticas quando não houver identificação precoce e intervenção efetiva (LANDI et al., 2016;
WYSOKIŃSKI et al., 2015).
No Brasil, esse termo é pouco utilizado, mas o entendimento dos fatores que levam os
idosos a desenvolverem a anorexia é importante, para que haja cuidados precoces, a fim de
prevenir a desnutrição e suas inúmeras consequências (AGARWAL et al., 2013). Em outros
países, a AE já se mostrou associada com estado de fragilidade (TSUTSUMIMOTO et al.,
2017) e sarcopenia (LANDI et al., 2012), condições muito prevalentes atualmente e que elevam
as chances de deterioração funcional, hospitalização e morte do idoso.
Além disso, também torna-se indispensável a avaliação do consumo alimentar, visto que
a baixa ingestão de calorias, proteínas e alguns nutrientes – característica da AE – também está
associada a instalação da síndrome de fragilidade e sarcopenia (BARTALI et al., 2006;
SANDOVAL-INSAUSTI et al., 2016; CRUZ-JENTOFT et al., 2019). Com o aumento da
população idosa, e presença de desnutrição em todos serviços de saúde, idosos em
acompanhamento ambulatorial tornam-se uma população ideal para intervenção e
monitoramento do estado nutricional, além da disponibilidade ao amplo acesso de informações
sobre possíveis fatores associados à anorexia do envelhecimento nesta população.
24
3. OBJETIVOS
3.1 Objetivo Geral
O objetivo do estudo foi identificar a anorexia do envelhecimento e sua associação com
ingestão de nutrientes, assim como a sarcopenia e fragilidade em idosos em atendimento
ambulatorial.
3.3 Objetivos Específicos
Identificar a prevalência de anorexia do envelhecimento e seus fatores associados em
idosos em atendimento ambulatorial do município de Campinas-SP.
Avaliar a associação da anorexia do envelhecimento com sarcopenia e fragilidade em
idosos em atendimento ambulatorial do município de Campinas-SP.
Avaliar o consumo alimentar de idosos apenas com anorexia do envelhecimento em
comparação com idosos que apresentam anorexia do envelhecimento, sarcopenia e
fragilidade.
Avaliar o estado nutricional e consumo alimentar dos idosos estudados em atendimento
ambulatorial em relação à anorexia do envelhecimento.
Fornecer evidências sobre a importância de avaliação nutricional em idosos e
diagnóstico precoce da anorexia do envelhecimento.
25
4. METODOLOGIA
Trata-se de um estudo transversal, em que todos os dados foram coletados em
atendimento ambulatorial, em um hospital universitário com cobertura total do Sistema Único
de Saúde do município de Campinas/SP, Brasil. Todos os participantes concordaram e
assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. O presente estudo possui aprovação
pelo Comitê de Ética da UNICAMP (Nº 2.144.752) (ANEXO 1).
4.1. Participantes
A amostra final contou com resultados de 130 idosos. O cálculo amostral foi realizado
utilizando-se um universo de 450 idosos (número médio de pacientes em acompanhamento no
ambulatório), prevalência esperada de anorexia de 25%, com variação máxima de 8%, o que
indicou uma amostra mínima de 113 indivíduos (LWANGA e LEMESHOW, 1991).
Considerando possíveis perdas amostrais, dados incompletos e outros problemas de
recrutamento, foi previsto um acréscimo de 15%, totalizando então uma amostra estimada em
130 idosos de ambos os sexos. Todos os participantes foram convidados no próprio
ambulatório, antes da consulta de acompanhamento agendada, na qual o pesquisador explicou
os objetivos e os procedimentos da pesquisa de forma individual. Todas as avaliações foram
realizadas somente após a aceitação e assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido
(TCLE – APÊNDICE 1) por parte dos voluntários.
4.2. Critérios de Inclusão e Exclusão
Os critérios de inclusão foram: pacientes do Ambulatório de Geriatria do Hospital de
Clínicas da UNICAMP, com idade de 60 anos ou superior, de ambos os sexos e que concordem
com a participação. E os critérios de exclusão foram: aqueles que estejam se alimentando com
dieta enteral ou parenteral, aqueles incapazes de responder às questões (distúrbios cognitivos,
doença neurológica ou confusos) e que o acompanhante não esteja presente para responder às
perguntas referentes ao paciente.
26
4.3. Medidas e Procedimentos
Todos os elementos a serem coletados do projeto foram compilados em apenas um
questionário (APÊNDICE 2), contendo informações sobre dados pessoais, dados de saúde e
dados de nutrição, com descrição a seguir dos métodos, escalas e avaliações.
4.3.1. Avaliação nutricional
Antropometria
Foram avaliados peso, altura, circunferência da panturrilha, altura do joelho,
circunferência do braço, Índice de Massa Corporal (IMC) e classificação do IMC. Para aferir o
peso e altura do paciente, foram utilizadas balança e estadiomêtro vertical utilizados no
ambulatório, estando este descalço e tendo retirado adereços que possam interferir na pesagem.
Os pacientes em que a altura e peso não puderam ser aferidos, foram considerados a altura
registrada em seu prontuário ou estimados segundo equações preditivas através da fórmula de
Chumlea et al. (1994) e, para tanto, foram necessários: altura do joelho e circunferência
braquial. Para as medidas de circunferência da panturrilha, altura do joelho e circunferência do
braço foi utilizada fita inelástica.
Para classificação do IMC utilizou-se a referência recomendada pelo Ministério da
Saúde do Governo Federal (BRASIL, 2014) para idosos em que o IMC ≤ 22kg/m2: Baixo peso;
IMC entre 22 e 27 kg/m2: Eutrófico e IMC ≥ 27 kg/m2: Sobrepeso. Quanto à classificação da
circunferência da panturrilha utilizou-se valor ≤ 31 cm para indicativo de depleção muscular
(LANDI et al., 2014).
Apetite (Anorexia do Envelhecimento)
Todos os participantes responderam ao Questionário Nutricional Simplificado de
Apetite (QNSA) – instrumento indicado para avaliar a anorexia do envelhecimento (WILSON
et al., 2005), traduzido e validado para população brasileira (STIES et al., 2012) e idosos (DE
SOUZA ORLANDI et al., 2018). Trata-se de um questionário que consiste na avaliação do
apetite através de 4 itens:
27
Quadro 1. Questionário Nutricional Simplificado de Apetite - QNSA
1) Meu apetite está:
a. Muito ruim
b. Ruim
c. Moderado
d. Bom
e. Muito bom
2) Quando eu como:
a. Me sinto satisfeito após comer poucas garfadas/colheradas
b. Me sinto satisfeito após comer aproximadamente 1/3 da refeição
c. Me sinto satisfeito após comer mais da metade da refeição
d. Me sinto satisfeito após comer a maior parte da refeição
e. Dificilmente me sinto satisfeito
3) O sabor da comida é:
a. Muito ruim
b. Ruim
c. Moderado
d. Bom
e. Muito bom
4) Normalmente eu como:
a. Menos de uma refeição por dia
b. Uma refeição por dia
c. Duas refeições por dia
d. Três refeições por dia
e. Mais de três refeições por dia
Cada pergunta apresenta cinco opções de respostas, em que a menor pontuação é 1 e a
maior 5. O escore total do questionário é resultado da soma dos 4 itens, que pode variar de 4
(pior) a 20 (melhor). A anorexia do envelhecimento foi considerada quando a soma dos itens
atingiu pontuação ≤14.
Avaliação do consumo alimentar
O recordatório alimentar de 24h foi utilizado para avaliar o consumo alimentar atual do
idoso. Os entrevistados serão questionados quanto aos alimentos e bebidas ingeridos no dia
anterior à entrevista - do momento em que acordou até a hora em que foi dormir. Caso o paciente
não se lembrasse de todas as refeições feitas no dia anterior, os dados também puderam ser
coletados pelos cuidadores/responsáveis que as oferecem (WILLETT et al., 1998).
4.3.2. Sarcopenia e Fragilidade
Avaliação da sarcopenia (SARC-F e força de preensão)
O SARC-F é um questionário simplificado de rápido diagnóstico da sarcopenia que
conta com 5 componentes: força, assistência para caminhar, levantar-se de uma cadeira, subir
escadas e quedas. O questionário possui 5 questões autorrelatadas, com pontuações que variam
de 0 a 10, com 0 a 2 pontos para cada componente. A pontuação 4 ou mais é indicativa de
28
sarcopenia e pontuação menor que 3 demonstra estado saudável (MALMSTROM e MORLEY,
2013). O questionário SARC-F foi validado no Brasil (BARBOSA-SILVA et al., 2016).
Quadro 2. Triagem de sarcopenia SARC-F
1) Quanta dificuldade você tem em levantar e carregar cerca de
5kg (ex: 1 pacote de arroz)?
(0) Nenhuma
(1) Alguma
(2) Muita ou incapaz
2) Quanta dificuldade você tem em atravessar uma sala?
(0) Nenhuma
(1) Alguma
(2) Muita ou incapaz
3) Quanta dificuldade você tem em sair da cadeira ou da cama?
(0) Nenhuma
(1) Alguma
(2) Muita ou incapaz
4) Quanta dificuldade você tem em subir uma escada de 10
degraus?
(0) Nenhuma
(1) Alguma
(2) Muita ou incapaz
5) Quantas vezes você caiu no último ano?
(0) Nenhuma
(1) De uma a três vezes
(2) Mais de 4 vezes
Segundo Cruz-Jentoft (2019) é necessário aplicar medidas objetivas na avaliação do
desempenho muscular para avaliação e confirmação mais sensível dos casos de sarcopenia,
contudo, na prática clínica, pode ser eficiente a avaliação da sarcopenia provável, para
identificação de causas e começo imediato da intervenção, e por isso, avaliou-se também a força
de preensão palmar dos indivíduos através do dinamômetro da marca JAMAR®, a fim de avaliar
a força muscular. A avaliação se deu com o idoso sentado estando com o braço aduzido e
antebraço flexionado em ângulo de 90°. Foram realizadas três medidas, na qual os idosos
puxavam a alça do dinamômetro por 6 segundos com a mão dominante. Foi considerado o
maior valor entre as três medidas, sendo adotados como ponto de cortes para diminuição de
força (dinapenia) valores inferiores à 16 kg para mulheres e 27 kg para homens (DODDS et al.,
2014).
Avaliação da Fragilidade (Escala FRAIL)
Trata-se de uma escala desenvolvida por VAN KAN e colaboradores (2008), já validada
no Brasil (APRAHAMIAN et al., 2017). A escala é formada por cinco perguntas que envolvem
29
a avaliação da presença de fadiga, resistência muscular, capacidade aeróbica, presença de
doenças e perda de peso. Cada questão afirmativa equivale a 1 ponto, portanto os idosos que
não pontuassem em nenhuma das questões seriam considerados robustos, os que pontuassem 1
e 2, seriam considerados pré-frágeis e aqueles com 3 ou mais, frágeis.
Quadro 3. Triagem de fragilidade FRAIL
1) Você se sente cansado?
(0) Não
(1) Sim
2) Você consegue subir um lance de escadas? (0) Não
(1) Sim
3) Você tem alguma dificuldade para andar um quarteirão? (0) Não
(1) Sim
4) Presença de doenças (mais que 5): (0) Não
(1) Sim
5) Perda de peso (0) Não
(1) Sim
4.3.3. Saúde
Estado de saúde
Alguns dados de estado de saúde foram coletados de prontuário. Os dados de prontuários
foram: doenças diagnosticadas; medicamentos prescritos, pressão arterial e exames
bioquímicos dos últimos 6 meses antes da entrevista: HDL (High-Density Lipoprotein), LDL
(Low-Density Lipoprotein), VLDL (Very-Low-Density Lipoprotein), Triglicérides,
Hematócrito, Hemoglobina, Glicose e Hemoglobina Glicada.
Os dados questionados na entrevista foram: avaliação subjetiva da saúde (autorreferida
e comparada com outros idosos) sintomas que interferem na alimentação (odinofagia, dor,
xerostomia, náusea, vômitos, hipogeusia, disfagia, saciedade precoce).
30
Mini Exame do Estado Mental (MEEM)
O Mini Exame do Estado Mental (MEEM) é um teste de triagem cognitiva largamente
utilizado na geriatria. Esse teste consiste em uma avaliação de tempo e espaço, de atenção e
cálculo, de memória imediata, de evocação, de nomeação, de comandos, de raciocínio e de
habilidade motora. É uma ferramenta que permite o rastreio de comprometimento cognitivo de
maneira barata e rápida. O protocolo inicial é de Folstein e colaboradores (1975), mas foi
adaptado por Bertolucci et al. (1994) e por Brucki et al. (2003) de acordo com a escolaridade
de cada indivíduo. Os dados do MEEM foram coletados dos prontuários dos últimos 12 meses,
se caso ultrapasse essa data, o exame deveria ser refeito pela equipe médica para utilização do
resultado dentro do prazo pré-estabelecido.
Funcionalidade
A avaliação da funcionalidade do idoso geralmente é realizada a partir da avaliação de
atividades básicas da vida diária (ABVD) por meio do Índice de Katz (1963) e atividades
instrumentais da vida diária (AIVD) pela Escala de Lawton (1969). Os instrumentos buscam
avaliar a capacidade funcional do idoso a partir do desempenho em atividades que são
consideradas normais para a vida humana (DEL DUCA et al., 2009). As ABVD estão
relacionadas ao autocuidado do idoso, enquanto as AIVD são tarefas mais complexas
relacionadas, na maioria das vezes, à participação social do indivíduo. De acordo com
MacIntosh e colaboradores (2000), a inabilidade de comer sozinho, preparar e cozinhar
alimentos e fazer comprar são fatores sociais importantes para a anorexia em pessoas idosas,
por isso, estas atividades foram selecionadas para o estudo.
4.4. Análise de dados
A variável dependente do estudo foi a presença de anorexia do envelhecimento
identificada através do Questionário Nutricional Simplificado de Apetite (QNSA).
A prevalência de anorexia foi calculada em relação às demais variáveis
socioeconômicas, clínicas e nutricionais citadas no protocolo, e foram estimadas distribuições
de frequências relativas, média e erro-padrão para as variáveis contínuas e, para as variáveis
categóricas, foram estimadas proporções. As diferenças entre os grupos foram estimadas
utilizando-se o teste t-student ou U de Mann-Whitney, após a verificação da adesão à
normalidade das distribuições.
31
A prevalência de anorexia do envelhecimento também foi calculada através da regressão
logística em relação às variáveis de presença de sarcopenia e fragilidade, calculando-se as
razões de chance (OR) brutas e ajustadas por idade, sexo e IMC.
Os recordatórios alimentares foram avaliados, e as medidas caseiras foram convertidas
em peso e volume utilizando-se referências comuns na avaliação do consumo alimentar da
população brasileira (PINHEIRO et al., 2002; IBGE, 2011; MONTEIRO e CHIARELLO,
2007). As análises do recordatório alimentar de 24 horas foram feitas através do software
DietPro versão 4.0, utilizando-se as seguintes tabelas de composição alimentar: Tabela
Brasileira de Composição de Alimentos (TACO), Tabela de Composição do IBGE, Sônia
Tucunduva e USDA 20 (UNICAMP, 2011; IBGE, 2011; PHILIPPI, 2002; USDA, 2018).
Os macronutrientes e micronutrientes selecionados foram: carboidratos, proteínas,
lipídios e suas frações (ácidos graxos monoinsaturados, poli-insaturados e saturados),
colesterol, fibras alimentares, cálcio, ferro, zinco e sódio. O cálculo de inadequação para os
macronutrientes foi feito através da comparação da porcentagem ingerida com base no valor
energético total pela recomendação de ingestão da Organização Mundial de Saúde, sendo
inadequados, os idosos que não tivessem ingestão dentro de 55 a 75% de carboidratos, 10 a
15% de proteínas e 15 a 30% de lipídios totais (OMS, 2003).
Além disso, a ingestão proteica também foi avaliada em consumo total de gramas por
quilo de peso, utilizando-se para inadequação os valores inferiores a 1g/kg. Para o inadequado
consumo de calorias totais, utilizou-se a ingestão menor que 30 kcal por quilo de peso e
consumo de fibras inferior a 25g por dia, conforme valores preconizados pela Diretriz Espen
(VOLKERT et al., 2018).
Para avaliação da distribuição do consumo alimentar de proteínas e calorias, a ingestão
ao longo do dia foi avaliada nas refeições: desjejum, colação, almoço, lanche da tarde, jantar e
ceia. As diferenças de médias desses nutrientes ingeridos foram comparadas em idosos com e
sem AE, e também aqueles que apresentaram apenas AE versus aqueles que foram
caracterizados com AE, sarcopenia e fragilidade.
Quanto às inadequações de micronutrientes, os valores foram comparados à
Necessidade Média Estimada (Estimated Average Requirements - EAR) da Referência para
Ingestão de Nutrientes (Dietary Reference Intakes - DRI) para Cálcio (homens 51-70 anos: <
800 mg/dia; homens > 70 anos: < 1000 mg/dia; mulheres: < 1000 mg/dia), Ferro (homens: < 6
mg/dia; mulheres: < 5mg/dia), Zinco (homens: < 9,4 mg/dia; mulheres: < 6,8 mg/dia) e Ingestão
Adequada (Adequate Intake - AI) para Sódio (homens e mulheres 51-70 anos: > 1,3 g/dia;
homens e mulheres > 70 anos: > 1,2 g/dia) (IOM, 2010; IOM, 2001;IOM, 2005).
32
As diferenças da ingestão de nutrientes entre idosos com e sem anorexia do
envelhecimento foram estimadas utilizando-se o teste U de Mann-Whitney, após a verificação
da adesão à normalidade das distribuições pelo teste de Shapiro-Wilk. A prevalência de
anorexia do envelhecimento foi considerada como variável independente e calculada em
relação às inadequações da ingestão de calorias, carboidratos, lipídios, proteínas, fibras, Cálcio,
Ferro, Zinco e Sódio, calculando-se as razões de chance (OR) brutas através da regressão
logística. Posteriormente, os fatores idade, sexo e Índice de Massa Corporal (IMC) foram
selecionados para a construção do modelo de regressão logística, para cálculo das OR ajustadas
e identificação dos fatores que permaneceram independentemente associados nos modelos
múltiplos.
O nível crítico utilizado foi p<0,05. Os dados foram tabulados pelo software EpiData®.
Todas as análises foram realizadas através do software Stata® versão 12 e os gráficos foram
elaborados no software Excel (Microsoft Office).
33
5. RESULTADOS
A Tabela 1 apresenta a caracterização dos participantes segundo sexo. Houve diferenças
estatisticamente significativas no estado civil, escolaridade e avaliação do IMC. Em relação ao
estado civil, a maioria das mulheres era viúva, enquanto entre os homens a maioria era casada.
A maioria das mulheres tinham escolaridade acima de 4 anos, enquanto entre os homens a
maioria estudou até 3 anos. Em relação ao IMC, as mulheres apresentaram maior prevalência
de sobrepeso se comparado aos homens.
Tabela 1. Características dos participantes do estudo de acordo com sexo.
Total
n (%)
Sexo n (%) Valor p
Masculino Feminino
Idade 0,229
60 – 79 anos 66 (50,8) 24 (36,4) 42 (63,6)
≥ 80 anos 64 (49,2) 17 (26,6) 47 (73,4)
Cor declarada 0,685
Branca 88 (67,7) 30 (34,1) 58 (65,9)
Preta 11 (8,5) 2 (18,2) 9 (81,8)
Amarela 5 (3,8) 1 (20,0) 4 (80,0)
Parda 26 (20,0) 8 (30,8) 18 (69,2)
Estado civil <0,001
Solteiro (a) 10 (7,7) 4 (40,0) 6 (60,0)
Casado (a) 54 (41,5) 25 (46,3) 29 (53,7)
Divorciado (a) 10 (7,7) 6 (60,0) 4 (40,0)
Viúvo (a) 56 (43,1) 6 (10,7) 50 (89,3)
Escolaridade 0,025
0 a 3 anos 59 (49,6) 24 (40,7) 35 (59,3)
4 ou mais 60 (50,4) 13 (21,7) 47 (78,3)
Renda 0,167
Até 2 salários 66 (51,6) 17 (25,8) 49 (74,2)
> 2 salários 62 (48,4) 23 (37,1) 39 (62,9)
Morar sozinho 16 (12,3) 4 (25,0) 12 (75,0) 0,548
MEEM, média (EP) 20,83 (0,61) 21,67 (1,21) 20,43 (0,70) 0,150
Número de doenças, média
(EP) 4,70 (0,19) 4,36 (0,38) 4,86 (0,22) 0,119
Número de medicamentos,
média (EP) 9,77 (0,33) 10,24 (0,67) 9,56 (0,38) 0,350
IMC 0,027
Baixo Peso 16 (12,3) 8 (50,0) 8 (50,0)
Eutrofia 48 (36,9) 19 (39,6) 29 (60,4)
Sobrepeso 66 (50,8) 14 (21,2) 52 (78,8)
Circunferência da Panturrilha 0,080
Normal 114 (87,7) 39 (34,2) 75 (65,8)
Depleção muscular 16 (12,3) 2 (12,5) 14 (87,5)
Dados apresentados como número de indivíduos e porcentagem ou média e erro padrão.
IMC: Índice de Massa Corporal.
34
5.1. Prevalência de anorexia e fatores associados
A prevalência de AE foi de 27,7%. Na Tabela 2, observa-se as características
sóciodemográficas dos participantes da pesquisa de acordo com a presença de AE. Nenhuma
das variáveis independentes mostrou associação significante com a presença de anorexia.
Tabela 2. Características sóciodemográficas dos participantes de acordo com a prevalência de
anorexia do envelhecimento (AE).
A Tabela 3 mostra as características nutricionais, funcionais e de auto avaliação de
saúde, e é possível observar que não houveram diferenças estatisticamente significativas, exceto
quanto a auto avaliação de saúde, em que idosos que apresentaram percepção Regular, Ruim
ou Muito Ruim tinham mais AE (34,7%) do que aqueles com percepção Boa ou Muito Boa
(18,0%).
Anorexia do Envelhecimento Valor p
SIM
n (%)
NÃO
n (%)
Idade 0,114
60 – 79 anos 22 (33,3) 44 (66,7)
≥ 80 anos 14 (21,9) 50 (78,1)
Sexo 0,785
Masculino 12 (29,3) 29 (70,7)
Feminino 24 (27,0) 65 (73,0)
Cor declarada 0,204
Branca 22 (25,0) 66 (75,0)
Preta 5 (45,5) 6 (54,5)
Amarela 0 (0,0) 5 (100,0)
Parda 9 (34,6) 17 (65,4)
Estado civil 0,311
Solteiro (a) 1 (10,0) 9 (90,0)
Casado (a) 19 (35,2) 35 (64,8)
Divorciado (a) 2 (20,0) 8 (80,0)
Viúvo (a) 14 (25,0) 42 (75,0)
Escolaridade 0,322
0 a 3 anos 18 (30,0) 46 (70,0)
4 ou mais 13 (22,0) 42 (78,0)
Renda 0,572
Até 2 salários 20 (30,3) 46 (69,7)
> salários 16 (25,8) 46 (74,2)
Chefe de família 0,357
Entrevistado (a) 22 (31,0) 49 (69,0)
Outros membros 14 (23,7) 45 (76,3)
Morar sozinho 6 (37,5) 10 (62,5) 0,349
35
Tabela 3. Características nutricionais, funcionais e de auto avaliação de saúde dos participantes
de acordo com a prevalência de anorexia do envelhecimento (AE).
ABVD: Atividade Básica de Vida Diária; AIVD: Atividade Instrumental de Vida Diária.
De acordo com a tabela 4, é possível observar que a média de doenças, assim como a
média de medicamentos não foram associados à AE. Quanto às doenças, o Diabetes Mellitus
tipo 2 se mostrou associado à AE (p=0,028), assim como os valores de hemoglobina glicada
(p=0,046).
Em relação aos sintomas relacionados a alimentação, a média de sintomas nos
indivíduos com AE foi de 3,44, enquanto que os que não tem possuem AE, foi de 1,55 sintomas
(p<0,001). A anorexia do envelhecimento se mostrou associada aos sintomas: odinofagia
(p=0,004), dor (p=0,002), xerostomia (p=0,004), náusea (p=0,006), hipogeusia (p=0,003) e
saciedade precoce (p<0,001). Contudo, os sintomas de disfagia (p=0,158) e vômitos (p=0,704)
não apresentaram associação significativa.
Anorexia do Envelhecimento Valor p
SIM
n (%)
NÃO
n (%)
IMC 0,671
Baixo Peso 5 (31,3) 11 (68,7)
Eutrofia 14 (31,3) 33 (68,7)
Sobrepeso 17 (24,2) 50 (75,8)
Circunferência da panturrilha 0,734
Normal 31 (27,2) 83 (72,8)
Depleção muscular 5 (31,3) 11 (68,7)
Força de preensão palmar 0,117
Adequada 12 (19,7) 49 (80,3)
Dinapenia 19 (32,2) 40 (67,8)
ABVD: Comer 0,357
Independente 33 (26,8) 90 (73,2)
Ajuda parcial/total/não consegue 3 (42,9) 4 (57,1)
AIVD: Preparar comida 0,862
Independente 22 (27,2) 59 (72,8)
Ajuda parcial/ total/ não consegue 14 (28,6) 35 (71,4)
AIVD: Fazer compras 0,481
Independente 14 (24,6) 43 (75,4)
Ajuda parcial/total/ não consegue 22 (30,1) 51 (69,9)
Auto avaliação da saúde 0,046
Boa/Muito Boa 11 (18,0) 47 (81,0)
Regular/Ruim/ Muito Ruim 25 (34,7) 47 (65,3)
Auto avaliação da saúde comparada 0,421
Boa/Muito Boa 18 (25,0) 54 (75,0)
Regular/Ruim/ Muito Ruim 17 (31,5) 37 (68,5)
36
Tabela 4. Características de estado de saúde e sintomas que podem interferir na alimentação
dos participantes de acordo com a prevalência de anorexia do envelhecimento.
Dados apresentados como número de indivíduos e porcentagem ou média e erro padrão.
DPOC: Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica; AVC: Acidente Vascular Cerebral; IRC:
Insuficiência Renal Crônica.
5.2 Anorexia do Envelhecimento, Sarcopenia e Fragilidade
Na Figura 1, observa-se que dentre as classificações da escala FRAIL, no grupo Robusto
havia 8% de indivíduos com AE, no grupo Pré-frágil 26,9% e no grupo Frágil 37,7% (p=0,023).
Na escala SARC-F, obteve-se que dentre os não-sarcopênicos 19,5% tinham AE e dentre os
indivíduos sarcopênicos 42,4% apresentaram anorexia (p=0,011).
Figura 1. Prevalência de anorexia do envelhecimento total e entre classificações de grupos de
fragilidade e sarcopenia. As barras indicam a porcentagem de idosos com anorexia do
envelhecimento total (em preto) e dentro de cada classificação das triagens de fragilidade (em
cinza escuro) e sarcopenia (em cinza claro).
Anorexia do Envelhecimento Valor p
SIM
n (%)
NÃO
n (%)
Número de doenças 5,00 (0,38) 4,59 (0,23) 0,380
Doenças diagnosticadas
Hipertensão 31 (86,1) 71 (75,5) 0,189
Diabetes 19 (52,8) 30 (31,9) 0,028
Cardiopatia 7 (19,4) 24 (25,5) 0,466
DPOC 5 (13,9) 13 (13,8) 0,993
Demência 8 (22,2) 26 ( 27,7) 0,528
Depressão 11 (30,6) 43 (45,7) 0,116
Osteoartrite 7 (19,4) 18 (19,1) 0,969
AVC 4 (11,1) 11 (11,7) 0,925
IRC 8 (22,2) 11 (11,7) 0,129
Quantidade de Medicamentos 10,33 (0,67) 9,56 (0,38) 0,310
Quantidade de Sintomas que
interferem na alimentação 3,44 (0,31) 1,55 (0,15) <0,001
Exames bioquímicos
Hematócrito 39,8 (1,03) 40,8 (0,68) 0,587
Hemoglobina 12,9 (0,33) 13,5 (0,37) 0,615
Glicose (mg/dl) 128,5 (12,0) 107,3 (4,09) 0,119
Hemoglobina glicada 7,0 (0,33) 6,4 (0,15) 0,046
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
Total AE Robusto Pré-frágil Frágil Saudável Sarcopenia
37
A prevalência de fragilidade foi de 40,7% e de sarcopenia, 27,5% na amostra. Na Tabela
5 pode-se observar associação entre AE, fragilidade e sarcopenia tanto no modelo bruto quanto
no modelo ajustado. Idosos com AE tem aproximadamente 3 vezes mais chance de presença de
fragilidade (p=0,01) e 3,3 vezes mais chance de apresentar sarcopenia (p=0,009).
Tabela 5. Associações brutas e ajustadas entre anorexia e presença de fragilidade e sarcopenia. OR bruta p OR ajustada Valor p
Fragilidade 2,31 0,036 2,95 0,010
Sarcopenia 3,03 0,012 3,30 0,009
OR: Odds Ratio; Ajustado por: idade, sexo e IMC.
5.3 Anorexia do Envelhecimento e ingestão de nutrientes
As Figuras 2 e 3 mostram a média de consumo de calorias e proteínas nas refeições
diárias de idosos apenas com AE (prevalência de 9,1%) e aqueles com as 3 condições
(prevalência de 8,3%). Idosos que apresentaram as três síndromes tiveram menor consumo
médio de calorias na colação (p=0,025) e no jantar (p=0,019) se comparados ao consumo de
idosos apenas com AE. Quanto à comparação do consumo de proteínas, idosos com AE,
fragilidade e sarcopenia apresentaram menores consumos na colação (p=0,002), almoço
(p=0,003) e jantar (p=0,028).
Figura 2. Média de consumo de calorias por refeição em idosos com apenas AE e aqueles com
AE, sarcopenia e fragilidade. As barras indicam o valor médio do consumo de calorias em kcal.
As barras em cinza escuro demonstram a média de consumo de idosos apenas com AE,
enquanto que as barras em cinza claro, o consumo de idosos classificados com as 3 síndromes.
* p<0,05
312,8
*74,34
453,79
167,04
*471,11
15,67
228,39
*17,49
345,82
210,75 *175,69
59,25
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
Desjejum Colação Almoço Lanche da tarde Jantar Ceia
Co
nsu
mo
méd
io d
e ca
lori
as (
kcal
)
Consumo médio de calorias
Apenas AE 3 Síndromes
38
Figura 3. Média de consumo de proteínas por refeição em idosos com apenas AE e aqueles
com AE, sarcopenia e fragilidade. As barras indicam o valor médio do consumo de proteínas
em gramas. As barras em cinza escuro demonstram a média de consumo de idosos apenas com
AE, enquanto que as barras em cinza claro, o consumo de idosos classificados com as 3
síndromes. * p<0,05
Nas Figuras 4 e 5, pode-se analisar a média do consumo de proteínas e calorias durante
um dia de idosos com e sem AE. Idosos com AE tiveram menor consumo de proteínas e calorias
nas principais refeições, almoço (p=0,005 e p=0,010) e jantar (p<0,001 e p=0,001) se
comparados com idosos sem AE.
Figura 4. Média de consumo de calorias por refeição em idosos com e sem AE. As barras
indicam o valor médio do consumo de calorias em kcal. As barras em cinza escuro demonstram
a média de consumo de idosos com AE, enquanto que as barras em cinza claro, o consumo de
idosos sem AE. * p<0,05
8,41
*1,11
*30,63
4,82
*16,38
0,66
8,17
*0,24
*12,85
5,99
*6,78
2,19
0
5
10
15
20
25
30
35
Desjejum Colação Almoço Lanche da tarde Jantar Ceia
Co
nsu
mo
méd
io d
e p
rote
ínas
(g)
Consumo médio de proteínas
Apenas AE 3 Síndromes
278,07
30,00
*387,54
178,1
*297,24
41,56
320,52
67,69
*472,15
184,85
*386,81
42,95
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
Desjejum Colação Almoço Lanche da tarde Jantar Ceia
Co
nsu
mo
méd
io d
e ca
lori
as (
kcal
)
Consumo médio de calorias
AE Sem AE
39
Figura 5. Média de consumo de proteínas por refeição em idosos com e sem AE. As barras
indicam o valor médio do consumo de proteínas em gramas. As barras em cinza escuro
demonstram a média de consumo de idosos com AE, enquanto que as barras em cinza claro, o
consumo de idosos sem AE. * p<0,05
Outros resultados do presente estudo foram apresentados no artigo já aprovado para
publicação pelo The Journal of Nutrition, Health and Aging intitulado “Anorexia of aging
associated with nutrients intake in Brazilian elderly” adicionado ao APÊNDICE 3 (página 68).
8,69
0,44
*19,89
5,74
*12,51
1,84
9,82
1,63
*27,76
5,11
*23,91
1,13
0
5
10
15
20
25
30
Desjejum Colação Almoço Lanche da tarde Jantar Ceia
Co
nsu
mo
méd
io d
e p
rote
ínas
(g)
Consumo médio de proteínas
AE Sem AE
40
6. DISCUSSÃO
No presente estudo, foi avaliada a prevalência de anorexia do envelhecimento (AE) em
idosos em acompanhamento ambulatorial e alguns aspectos associados à esta condição, como
síndromes geriátricas e consumo de nutrientes. O QNSA é um instrumento de detecção da AE
eficiente, confiável e válido com parâmetros de avaliação que se concentram na avaliação do
apetite atual e prevenção da perda de peso (WILSON et al., 2005). Este questionário vem sendo
altamente recomendado principalmente pela habilidade de identificar a perda de peso futura,
além de uma possível desnutrição proteica-calórica (LANDI et al., 2016). De acordo com
Rolland e colaboradores (2012), na prática clínica, o QNSA utiliza 5 minutos para aplicação, e
reforça que para grandes ensaios clínicos, triagem para instituições de longa permanência para
idosos ou idosos hospitalizados, ou programas de intervenção de saúde pública em idosos da
comunidade, o QNSA pode ser a melhor opção de avaliação nutricional.
Quanto a prevalência de 27,7% de AE do presente estudo, o resultado se mostrou similar
a um estudo mexicano, onde encontraram uma prevalência de AE de 30,1% em idosos da
comunidade (VAZQUEZ-VALDEZ et al., 2010). Na Turquia, 28,7% de idosos de comunidade
apresentaram AE avaliada pelo QNSA, investigando sua relação com qualidade de vida e estado
nutricional (TEK e KARACIL-ERMUMCU, 2018). Na Holanda, um estudo avaliou idosos de
instituições de longa permanência, lares de idosos, hospitais e comunidade e encontraram uma
prevalência geral de 32,4% de inapetência. A inapetência em hospitais foi de 55,8%, em lares
de idosos foi de 28,3% e em casa com cuidados foi de 15,9% (VAN DER MEIJ et al., 2015).
Esta prevalência também foi similar se comparada a um estudo conduzido na Itália onde
encontraram a prevalência global de 21,1% de anorexia (maior em mulheres do que em
homens), onde em enfermarias de reabilitação foram encontradas as prevalências de AE de
33,3% em mulheres e 26,7% em homens, enquanto que em instituições de longa permanência
34,1% das mulheres e 27,2% dos homens apresentaram AE. Neste mesmo estudo, idosos de
comunidade apresentaram a prevalência de AE de 3,3% em mulheres e 11,3% em homens
(DONINI et al., 2013). Outro estudo italiano com idosos de comunidade, a prevalência
encontrada foi de 21% numa população predominantemente feminina (67%), onde a anorexia
se mostrou mais comum em idosos mais velhos (LANDI et al., 2012).
No Canadá, um estudo avaliou a AE em uma população de idosos entre 67 e 84 anos, e
encontrou uma prevalência de menos de 10% (ROY et al., 2015). Outro estudo avaliando idosos
de unidade geriátrica encontrou 50 (15,8%) idosos com sintomas de anorexia em uma
população geral de 316 pacientes selecionados. Este mesmo estudo apresentou que idosos com
41
anorexia eram mais velhos e tinham grande risco de desnutrição avaliada pela Mini Avaliação
Nutricional (MAN), além de grande porcentagem de idosos com importantes perdas de peso
(CORNALI et al., 2005).
Em relação aos fatores associados, no presente estudo somente a presença de diabetes e
auto avaliação de saúde ruim foram associadas à presença de AE, além da presença de sintomas
que interferem na alimentação. Em 1989, Morley e colaboradores citaram doenças endócrinas
como causas da AE, porém, um estudo recente não encontrou associação entre AE e diabetes
(LANDI et al., 2012). Ainda assim, é possível levantar algumas hipóteses a partir da avaliação
da fisiologia das duas condições associadas.
O diabetes mellitus é definido como um distúrbio no metabolismo da glicose resultante
de inúmeras causas. Nesta condição, a insulina tem sua secreção e/ou ação comprometida,
levando à hiperglicemia – sendo a característica mais evidente da doença (BRASIL, 2013).
Segundo Eckel e colaboradores (2005), a resistência à insulina antecede o diabetes pela
ineficiente ação da insulina plasmática, que eleva a glicemia à alta concentração, resultando em
uma hiperinsulinemia compensatória para manter as concentrações de glicose dentro da
normalidade.
A insulina é um dos principais hormônios envolvidos no metabolismo da glicose e age
reduzindo o apetite (MOSS et al., 2012). Outro hormônio envolvido no metabolismo da glicose
é a leptina - produzida a partir dos adipócitos e que em idosos tem se mostrado associado com
o aumento da adiposidade e no desenvolvimento da AE (KMIEĆ et al., 2013). Segundo Kmieć
et al. (2013), a insulina, assim como a glicose e a leptina são transportadas para o hipotálamo
através da barreira hemato-encefálica. A leptina e a insulina inibem a expressão de neurônios
hipotalâmicos orexígenos, o NPY (neuropeptídio Y) e a AgRP (peptídeo relacionado ao gene
agouti), ao mesmo tempo que estimulam os neurônios anorexígenos POMC (pró-
opiomelanocortina) e MSH (hormônio estimulante dos melanócitos), resultando na diminuição
da ingestão alimentar.
Outro hormônio associado com o diabetes e controle da fome é a grelina – hormônio
gastrointestinal orexígeno produzido no estômago (MORLEY, 2013). No estudo de Katsuki et
al. (2004), o baixo nível plasmático de grelina foi significativamente associado com
adiposidade abdominal, hiperinsulinemia e resistência à insulina em pacientes com diabetes.
Os baixos níveis de grelina associados ao diabetes e às altas concentrações de insulina e leptina
levam à diminuição da sua característica orexígena, já que a grelina é o único agente periférico
que neutraliza o sinal de saciedade da leptina (KMIEĆ et al., 2013).
42
O apetite é regulado por fatores centrais e periféricos. A deterioração das sensações de
olfato, paladar e visão contribuem para a diminuição da ingestão alimentos. E em idosos, ocorre
um declínio significantes do olfato (MIR et al., 2013). Segundo Murphy (2008), o diabetes
mellitus é uma das causas de olfato diminuído, além de outros fatores como o tabagismo,
doença de Parkinson, sinusite, rinite alérgica, hipotireoidismo, deficiência de vitamina B12,
insuficiência renal, cirrose do fígado e uso de muitos medicamentos (polifarmácia).
Alterações no sistema hedônico parecem desempenhar um papel menor na AE.
Contudo, de acordo com Morley (2001), os limiares de sensação de sabores aumentam com o
envelhecimento, além do declínio do olfato, e essas alterações podem ser ainda mais
contundentes pelo fato de indivíduos mais velhos utilizarem medicamentos. A deficiência de
zinco, que pode ocorrer em doenças como o diabetes, pode elevar ainda mais o limiar de sabor,
prejudicando a sensibilidade do idoso e aceitação alimentar (NIEWOEHNER et al., 1986;
MORLEY, 2001). Além de fatores hedônicos relacionados ao diabetes mellitus e,
consequentemente à perda de apetite, Wysokiński e colaboradores (2015) também citam que a
neuropatia diabética pode levar à gastroparesia e assim, redução de apetite.
As autoavaliações de saúde ocorrem por meio de uma pergunta simples. Este
questionamento avalia o julgamento subjetivo que cada indivíduo sobre a qualidade de sua
saúde física e mental, com base em critérios pessoais e sociais (NERI, 2007). Segundo Chen et
al. (2001), a desnutrição evidenciada em idosos piora a qualidade de vida, quadros de doenças,
além de estar associada à diminuição da capacidade funcional e auto percepção de saúde. Keller
et al. (2004), evidenciaram que o risco nutricional é um preditor independente de pior qualidade
de vida em idosos canadenses.
Um estudo na Turquia, demonstrou que o pior estado de apetite avaliado pelo SNAQ se
relacionou aos baixos escores de qualidade de vida relatados em todos os âmbitos avaliados
(aspecto físico e social, limitações devido a um problema físico, dor corporal, percepção geral
de saúde, vitalidade, limitações causadas por problemas emocionais e saúde mental em geral).
Idosos com melhor estado de apetite demonstraram alimentação adequada e equilibrada e
ingestão aumentada de energia dietética. Verificou-se também que a ingestão de calorias foi
correlacionada positivamente a qualidade de vida relacionada à saúde (TEK e KARACIL-
ERMUMCU, 2018).
A qualidade da dieta é um aspecto importante nos hábitos saudáveis do idoso e, portanto,
na melhoria da qualidade de vida (BORIM et al., 2012). No estudo de van der Meij et al. (2017),
idosos com estado de saúde referido entre “ruim” e “razoável” demonstraram ter mais relatos
43
de apetite “ruim”, do que apetite “bom” ou “muito bom”. E aqueles que disseram que o estado
de saúde estava excelente tinham maior prevalência de idosos com apetite muito bom.
No presente estudo, os sintomas de odinofagia, dor, xerostomia, náusea, hipogeusia e
saciedade precoce foram relacionados à AE. A hipogeusia (diminuição da sensação relacionada
ao paladar) está comumente relacionada ao envelhecimento, contudo essa condição pode ser
agravada de acordo com doenças, medicamentos e fumo (LANDI et al., 2016). A saciedade
precoce relacionada à AE pode ser explicada pelo aumento das concentrações de
colecistoquinina no envelhecimento. A colecistoquinina é um dos principais hormônios
gastrointestinais de saciedade. Outro fator que pode explicar a saciedade precoce é o
esvaziamento gástrico lentificado (MORLEY, 2017; MACINTOSH et al., 2000).
A odinofagia e dor foram citadas como possíveis causas de perda de peso em idosos
(MORLEY, 1997; MACINTOSH et al., 2000). Donini e colaboradores (2003) citam em seu
estudo que a xerostomia pode estar relacionada à atrofia de glândulas salivares, falta de
nutrientes como o zinco e uso de alguns medicamentos. Além disso, a xerostomia pode estar
relacionada também a prejuízos sensoriais (olfato e paladar) que podem interferir na
alimentação também.
No entanto, no presente estudo, tanto o elevado número de doenças como a polifarmácia
não se mostraram associados à AE. É importante notar que a população avaliada, de idosos em
atendimento ambulatorial, se mostra complexa do ponto de vista clínico por apresentarem
inúmeras doenças (média de 5 doenças diagnosticadas) assim como elevado uso de
medicamentos. A média de 9,8 remédios utilizados pela população representa a polifarmácia.
Apenas 7,7% dos indivíduos do presente estudo usavam até 4 medicamentos (dado não
apresentado). Segundo Qato et al. (2008), 1 em cada 3 idosos da comunidade utilizam
regularmente 5 ou mais medicamentos – uma prevalência que vem aumentando ao longo do
tempo.
Devido à baixa ingestão energética, a AE se mostra fortemente associada à desnutrição,
que por consequência pode se correlacionar a condições geriátricas importantes, como a
sarcopenia. No presente estudo, houve uma forte associação entre AE e a presença de
sarcopenia e fragilidade. Landi e colaboradores (2012) demonstraram em estudo uma
correlação entre a AE e a sarcopenia, sem que os indivíduos tivessem evidências claras de
desnutrição. De acordo com Muscaritoli, a perda de peso e algumas de suas consequências,
como perda de massa muscular e força podem ocorrer em estágios iniciais de AE por conta de
uma baixa ingestão de calorias e alguns nutrientes, principalmente proteínas e vitaminas
(MUSCARITOLI et al., 2010).
44
A prevalência de 40,7% de fragilidade mensurada pela escala FRAIL se mostrou maior
que em outros estudos que demonstram prevalências de fragilidade variando de 4,9% a 27,3%
e prevalências de pré-fragilidade entre 34,6% a 50,9% (CHOI et al., 2015). Contudo, esses
estudos tiveram como alvo, a avaliação da fragilidade em idosos da comunidade – uma
população diferente quanto ao grau de complexidade. Um estudo que avaliou a fragilidade em
instituições de longa permanência utilizando-se diferentes métodos de diagnósticos encontrou
prevalências de 19 a 44% (CAMPITELLI et al., 2016). Tsutsumimoto et al. (2017) avaliou
4417 idosos (≥ 70 anos) e analisou a associação entre AE e a fragilidade física. A prevalência
global de AE foi de 10,6% e de fragilidade de 21,3%. A AE se mostrou associada com estado
de fragilidade, lentidão, exaustão e perda de peso.
A prevalência de sarcopenia de 27,5% aqui relatada também é maior que alguns estudos
de idosos de comunidade. Mijnarends et al. (2015) encontrou em seu estudo uma prevalência
de 23,3% em idosos holandeses de comunidade. Já Landi et al. (2012) encontrou uma
prevalência de 29,1% de sarcopenia e sua associação com a AE, na qual 46,6% dos idosos com
anorexia apresentaram sarcopenia enquanto que 24,6% eram sarcopênicos e não tinham
anorexia. A AE, juntamente com uma diminuição do exercício leva a um declínio na massa e
função muscular (sarcopenia) (MORLEY et al., 2001), contudo, no presente estudo não foi
possível avaliar a relação causal entre essas síndromes geriátricas.
Sabe-se que idosos com fragilidade e sarcopenia têm altas chances de declínio funcional,
hospitalização e morte. E acredita-se que agora a fragilidade e a sarcopenia devam ser
reconhecidas como os novos gigantes geriátricos. Atualmente, existe a disponibilidade de
escalas rápidas que permitem que profissionais de atenção primária reconheçam estas condições
para tratá-las precocemente (MORLEY, 2016), portanto, tornaram-se reconhecidos os
questionários de triagem simples, como, o FRAIL e o SARC-F. Estes questionários fazem parte
da Avaliação Rápida Geriátrica (ARG) e foram escolhidos porque algumas condições clínicas
podem ser facilmente identificadas e tratadas como principais causas dessas condições
(MORLEY, ADAMS, 2015). A ARG é um instrumento simples, rápido e confiável que foi
traduzido e validado para aplicabilidade na população brasileira, e além das triagens de
sarcopenia e fragilidade, a ARG também é composta pelo QNSA e triagem rápida de cognição
(DE SOUZA ORLANDI et al., 2018). O uso destas ferramentas é de grande importância em
ambientes com recursos limitados, como atenção básica e ambulatorial, a fim de proporcionar
uma boa triagem e permitir melhor direcionamento das ações em saúde.
A associação entre AE com a síndrome de fragilidade e sarcopenia observada no
presente estudo conduz às reflexões que precisam ser feitas para identificação e condutas
45
precoces dessas condições, a fim de possibilitar o estabelecimento de prioridades de ação para
todos esses problemas. Os resultados deste estudo demonstram que idosos que apresentaram as
três condições apresentaram pior consumo quanto à calorias e proteínas se comparados com
idosos que apresentaram apenas AE. Até o momento, nenhum dos estudos anteriores avaliou
esta inter-relação entre as síndromes e o consumo de nutrientes.
Sabe-se que a baixa ingestão de calorias, proteínas e alguns nutrientes – demonstrado
neste estudo em idosos com AE – está associada a instalação da síndrome de fragilidade
(BARTALI et al., 2006; SANDOVAL-INSAUSTI et al., 2016) e que, inclusive, a ingestão
inadequada de proteínas na dieta é reconhecida como um fator etiológico da sarcopenia (CRUZ-
JENTOFT et al., 2019). Ademais, a inadequação alimentar também se mostra associada a
desnutrição, perda de mobilidade, função física, morbidade e mortalidade (TESSIER,
CHEVALIER, 2018).
A literatura descreve que idosos demonstram diminuição da resposta anabólica às
refeições proteicas, desta forma, para proteção de desenvolvimento de sarcopenia, muitos
autores sugerem que pessoas idosas devam aumentar sua ingestão de proteínas para 1,0-
1,3g/kg/dia (GAFFNEY-STOMBERG et al., 2009) e que essa quantidade de proteína deve ser
consumida de acordo com um padrão de distribuição durante o dia, a fim de garantir uma ótima
resposta muscular anabólica (MORLEY et al., 2010).
Atualmente, a distribuição entre as refeições está se tornando um importante campo da
pesquisa sobre sarcopenia, uma das principais causas de fragilidade (MORLEY et al., 2014).
Segundo Dardevet et al. (2012), a distribuição de maneira igual na ingestão de proteínas nas
três refeições principais diárias baseia-se no conceito de atingir um limiar anabólico por
refeição. No estudo de Farsijani e colaboradores (2016), o consumo de proteínas distribuído de
maneira uniforme foi associado com maior massa magra no início do estudo e depois de dois
anos de acompanhamento, independentemente da quantidade. O mesmo autor também
demonstrou que a ingestão mais uniformemente distribuída foi positivamente associada à força
muscular ao longo do estudo (FARSIJANI et al., 2017).
Tendo em vista os desdobramentos expostos na literatura a partir do consumo
inadequado de nutrientes, a inadequação de consumo de nutrientes associada a AE é
insuficientemente explorada e poucos estudos pesquisam sobre alimentação e a perda de apetite.
No presente estudo, idosos com AE apresentaram baixo consumo de calorias e nutrientes, além
de pior consumo de calorias e proteínas nas principais refeições se comparado com idosos sem
AE.
46
Donini e seus colaboradores encontraram que pacientes com AE possuem consumo
reduzido de todos os grupos alimentares, principalmente grupo de carnes, peixes, ovos e grupo
de frutas e vegetais, além de uma leve diminuição do consumo de cereais. Esses achados
corroboram os dados do presente estudo em que idosos com anorexia tiveram mais chance de
apresentar inadequações no consumo de proteínas e fibras, além de micronutrientes como ferro
e zinco (DONINI et al., 2013).
O estudo italiano também mostra que dietas variadas estão relacionadas a idade, visto
que idosos mais novos apresentaram dietas com mais variedades de alimentos, reforçando o
resultado do presente estudo em que idosas mais velhas com anorexia apresentaram menor
consumo de proteínas, gorduras, fibras, ferro e zinco do que idosas que não tinham anorexia.
Além disso, idosos com consumos adequados de carnes, frutas e vegetais apresentaram
melhores parâmetros nutricionais (medidas antropométricas e estado nutricional) (DONINI et
al., 2013).
O estudo de van der Meij et al. (2017) demonstrou que idosos com pior apetite
apresentaram menor consumo de calorias, proteínas (animais e vegetais) e fibras (feijões, grãos,
vegetais e frutas), no entanto apresentaram maior consumo de gorduras, sem diferenças no
consumo de leite e derivados. No estudo de Tek e Karacil-Ermumcu (2018), idosos com risco
de perda de peso pelo instrumento QNSA tinham pior qualidade de vida relatada, enquanto que
a ingestão de calorias e fibras se mostrou positivamente correlacionada a uma boa qualidade de
vida. O bom apetite se mostrou relacionado com uma nutrição adequada e balanceada, além de
maior consumo de calorias. Neste estudo, mulheres apresentaram maior grau de desnutrição do
que homens.
Schröder e colaboradores avaliaram idosos saudáveis e não encontraram altas
inadequações de consumo como no presente estudo, porém mostraram que idosos de
comunidade entre 65 e 74 anos possuem menores ingestões de ferro e zinco se comparados com
indivíduos mais novos (SCHRODER et al., 2004). Sharkey et al. encontrou 51% de indivíduos
com inadequação de consumo de zinco, e mulheres com média de consumo de ferro inferior a
de homens. Neste mesmo estudo, mulheres idosas apresentaram consumos menores de energia,
proteínas e 15 vitaminas e minerais avaliados, provavelmente por conta de doenças, saúde oral
e sintomas depressivos (SHARKEY et al., 2002).
No Brasil, foram estimados consumos alimentares de 4.322 indivíduos com 60 anos ou
mais a partir de registro alimentar de dois dias não consecutivos e mostraram médias de
consumo de 9mg de ferro e zinco, consumos similares dos idosos sem AE do presente estudo
de 8,92mg e 8,53mg, respectivamente. No presente estudo, as inadequações foram maiores
47
provavelmente devido a presença de AE - a inadequação de ferro em idosos com AE foi de
51,5% e zinco de 67,7% versus inadequações de 12,8% e 30,5% em idosos sem AE,
respectivamente (FISBERG et al., 2013).
O ferro é um micronutriente muito importante e sua deficiência se mostra associada às
inúmeras complicações de saúde, como deterioração de funções físicas, aumento de quedas,
fragilidade, comprometimento cognitivo e mortalidade (PRICE et al., 2011). As principais
fontes de ferro são carnes (assim como do zinco), cereais fortificados e leguminosas, e em
idosos a adequada ingestão de ferro se torna complexa devido a absorção diminuída, assim
como modificações no padrão alimentar que acaba resultando em uma dieta mais limitada
(FAIRWEATHER-TAIT et al., 2014).
O zinco é um dos elementos mais utilizados pelo organismo e está envolvido com
respostas imunológicas, produção de hormônios, mineralização óssea, funções cognitivas,
paladar e entre muitas outras funções. De acordo com a literatura, a deficiência do zinco pode
estar associada à redução de ingestão de alimentos ricos em zinco, aspectos sensoriais
prejudicados pelo próprio envelhecimento e também, redução do apetite (STEWART-KNOX
et al., 2005). Além disso, a baixa ingestão de alimentos fontes de zinco associada aos fatores
psicossociais são reconhecidamente características fenotípicas de fragilidade
(MOCCHEGIANI et al., 2013).
Assim como no presente estudo, pesquisas já demonstraram um consumo de proteínas
diminuído em idosos com idades mais avançadas. Estudos também mostram que menores
ingestões de proteínas estão mais associadas às mulheres (BERNER et al., 2013; SHARKEY
et al., 2002). Em geral, o consumo menor de proteínas em idosos mais velhos se dá por conta
da multimorbidade, saúde oral, percepção de sabor e aumento de dependência. Contudo, um
consumo de 1,0 g/kg ou mais de proteínas é associado ao aparecimento de poucas incapacidades
ao longo de 5 anos seguintes (MENDONÇA et al., 2018).
O presente estudo contém algumas limitações quanto à avaliação do consumo alimentar,
já que por meio de apenas um recordatório de 24 horas pode-se não demonstrar uma dieta
habitual (FISBERG et al., 2009). Contudo, idosos brasileiros em geral consomem pouca
variedade de alimentos em uma dieta habitual. Segundo Fisberg et al. os alimentos que mais
contribuíram para o valor energético total da dieta foram: arroz, feijão e carne (FISBERG et al.,
2013). A baixa qualidade da dieta por conta de poucos alimentos que se repetem também já foi
avaliada em idosos de outros países (DONINI et al., 2013), o que viabiliza o uso do
recordatório.
48
Além disso, o recordatório alimentar de 24 horas apresenta uma série de vantagens para
uso tanto em estudos como na prática clínica, como: baixo custo, aplicação rápida, pode ser
utilizado em indivíduos de qualquer faixa etária, além de analfabetos e não altera a ingestão
alimentar, por se tratar de um método retrospectivo. Ademais, salienta-se que este é um estudo
transversal, ou seja, não é possível determinar relações diretas de causa-efeito.
Este estudo tem alguns pontos fortes. Os idosos participantes são acompanhados em
ambiente ambulatorial, e, portanto, perfazem uma população ideal para monitoramento do
estado nutricional, além disto, os dados clínicos desta população foram retirados de prontuários,
tendo diagnóstico de todas as patologias e condições confirmados por médicos e não apenas
pelo relato do paciente.
Ademais, os poucos estudos que avaliaram o consumo alimentar de idosos com AE
foram conduzidos somente em países mais desenvolvidos, sendo de extrema importância a
avaliação o consumo de populações de países de renda média e baixa, marcadas por enormes
desigualdades sociais que influenciam diretamente nas condições de saúde (CHIAVEGATTO
FILHO et al., 2013). Ressalta-se também que países de baixa e média renda compreenderão em
cerca de 57% dos indivíduos com 80 anos ou mais até 2025 (ONU, 2008).
Finalmente, este é o primeiro estudo a avaliar o consumo quantitativo de macro e
micronutrientes de idosos não apenas com AE, mas também avaliando a ingestão alimentar
daqueles que apresentaram AE juntamente com a presença de sarcopenia e fragilidade, que são
condições altamente associadas.
49
7. CONCLUSÃO
O presente estudo encontrou uma prevalência de AE de 27,7% em idosos em
atendimento ambulatorial no município de Campinas/SP e sua associação com diabetes
mellitus, auto avaliação de saúde ruim e presença de odinofagia, dor, xerostomia, náusea,
hipogeusia e saciedade precoce (sintomas que interferem na alimentação).
A AE também se mostrou associada com sarcopenia e fragilidade, demonstrando a
importância da prevenção, identificação e tratamento precoce da AE por conta das inúmeras
consequências que essas condições trazem, como piora na qualidade de vida, vulnerabilidades,
incapacidades e aumento da mortalidade. Além disso, idosos com as três condições
apresentaram pior consumo de calorias e proteínas em refeições ao longo do dia, se comparado
aos idosos com apenas AE.
Idosos com AE apresentaram pior ingestão alimentar se comparados aos idosos não-
anoréxicos, tanto em macronutrientes, quanto em micronutrientes, contudo as chances de
inadequações foram significativamente mais elevadas neste grupo para calorias, proteínas,
fibras, ferro e zinco – nutrientes essenciais que, quando ingeridos insuficientemente, podem
prejudicar a saúde do idoso.
A nutrição deve promover uma alimentação com melhor palatabilidade e texturas e
aperfeiçoamento de sabores, além de melhor qualidade e variedade de alimentos, respeitando
aspectos sociais, pessoais e clínicos do idoso. Com uma avaliação completa da alimentação,
estado nutricional e clínico, o idoso pode receber condutas rápidas e direcionadas que poderão
melhorar a qualidade da alimentação e de vida.
50
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60
9. APÊNDICE
9.1. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
61
62
9.2. Questionário utilizado na coleta de dados
QUESTIONÁRIO
DATA: ____/____/____ HC: tel: N°______
NOME:
IDADE: DATA DE NASC.:__/__/__ SEXO: (1) Masculino (2) Feminino
BLOCO A - DADOS SOCIOECONÔMICOS
A1) ESTADO CIVIL: (1) Solteiro(a) (2) Casado(a) (3) Divorciado(a) (4) Viúvo(a) (9) NR
A2) ESCOLARIDADE: (1) < 10 anos (2) > 10 anos (9) NR Total:
A3) N° pessoas/residência: ( ) NR ( )
Institucionaliz
A4) Quantos <18anos: ( ) NR
A5) QUAL A RENDA FAMILIAR?________________ ( ) NR A51) Renda idoso:
QUAIS AS FONTES PROVENIENTES DESSA
RENDA: (1)
Sim
(2)
Não
Quanto? ( ) NR
A5a) Aposentadoria
A5b) Pensão
A5c) BPC (benefício de prestação continuada)
A5d) Aluguel de uma propriedade
A5e) Salário
A5f) Outros
A6) O SENHOR(A) É O CHEFE DA FAMÍLIA: (1) Sim (2) Não, esposa (o) (3) Não,
filho (a) (4) Não, genro/ nora (5) Não, outro (9) NR
A7) PROCEDÊNCIA: A8) (1) Área rural (2) Área urbana (9) NR
A9) COR DECLARADA: (1) Branca (2) Preta (3) Amarela (4) Parda (5) Indígena
(9)NR
BLOCO B - DADOS ANTROPOMÉTRICOS
B1) PESO (kg): (
)A ( )E
B2) ALTURA (m): (
)A ( )E
B3) IMC (kg/m²):
B5) C. Panturrilha: B6) C. Braço: B7) C. Pescoço:
B8) Alt. Joelho: B9) C. Cintura: B10) C. Quadril:
BLOCO C - EXAMES BIOQUÍMICOS
C1)
Data do último
exame:
___/___/___
C2) HDL (mg/dl):
_____________
C3) LDL (mg/dl):
______________
C4) VLDL mg/dl):
_______________
C5) TG (mg/dl):
_______________
C6) Hematócrito: ______________
C7) Hemoglobina: _____________
C8) Glicose (mg/dl): ___________
C9) HbGlic (%): _______________
C10) Pressão Arterial: ___________(mmHg)
BLOCO D- PATOLOGIAS DIAGNOSTICADAS
63
D1- ( ) Hipertensão
D2- ( ) Diabetes
D3- ( ) Câncer
D4- ( ) Reumatismo
D5- ( ) Cardiopatia
D6- ( ) DPOC
D7- ( ) Anemia
D8- ( ) Infecção
D9- ( ) Demência
D10- ( ) Depressão
D11- ( ) Doença de Alzheimer
D12- ( ) Doença de Parkinson
D13- ( ) Síndrome de Fragilidade
D14- ( ) Sarcopenia
D15- Outras:
D15a- ( )
Dislipidemia
D15b- ( )
Hipotireoidismo
D15c- ( ) OA
D15d- ( ) Artrose
D15e- ( ) AVC
D15f- ( ) Osteoporose
D15g- ( ) Osteopenia
D15h- ( ) Obesidade
D15i- ( ) Incontinência urinária
D15j- ( ) Glaucoma
D15k- ( ) Catarata
D15l- ( ) Surdez
D15m- ( ) IRC
D15n- ( ) DRGE
D16- Resultado Mini Exame do Estado Mental: D17- Data: / /
D18- Fumo: (1) Não fumante (2) fumante (3) ex-fumante (9)NR
D19- Consumo de álcool: (1) frequente/todos os dias (2) socialmente (3) não
consome (4) ex-etilista (9)NR
BLOCO E – MEDICAMENTOS
E1- ( ) Anlodipina
E2- ( ) Atenolol
E3- ( ) Atorvastatina
E4- ( ) Captopril
E5- ( ) Clortalidona
E6- ( )
Espironolactona
E7- ( ) Enalapril
E8- ( ) Fenofibrato
E9- ( ) Glibenclamida
E10- ( ) Glimepirida
E11- ( ) Indapamida
E12- ( ) Insulina
E13- ( ) Losartana potássica
E14- ( ) Metformina
E15- ( ) Rosuvastatina
E16- ( ) Sinvastatina
E17- ( ) Outros:
E18- ( ) Omeprazol
E19- ( ) Vitamina D
E20- ( ) Puran T4
E21- ( ) Donepezila
E22- ( ) Sertralina
E23- ( ) Mirtazapina
E24- ( ) AAS
E25- ( ) Glifage
E26- ( ) Furosemida
E27- ( ) Domperidona
E28- ( ) Alendronato
E29- ( ) Lactulose
E30- ( ) Carvedilol
E31- ( ) Gabapentina
E32- ( ) Hidroclorotiazida
E33- ( ) Quetiapina
E34- ( ) Suplemento
BLOCO F- AVALIAÇÃO SUBJETIVA DA SAÚDE
Questões:
Muito
ruim
(1)
Ruim
(2)
Regular
(3)
Boa
(4)
Muito
Boa
(5)
Nr
(9)
F1) De modo geral, como o/a senhor/a
avalia a sua saúde no momento atual?
F2) Como o senhor/a avalia a sua
saúde em comparação com as outras
pessoas de sua idade?
BLOCO G – ATIVIDADES DE VIDA DIÁRIA
64
G1) Atividade Básica: Comer
(1) Independente (2) Precisam de ajuda parcial (3) Precisam de ajuda total ou não conseguem
fazer (9) NR
G2) Atividades instrumentais: Preparar comida
(1) Independente (2) Precisam de ajuda parcial (3) Precisam de ajuda total ou não conseguem
fazer (9) NR
G3) Atividades instrumentais: Fazer compras
(1) Independente (2) Precisam de ajuda parcial (3) Precisam de ajuda total ou não conseguem
fazer (9) NR
BLOCO H - SARC-F (Malmstrom, Morley, 2013) / ESCALA FRAIL BR
Questões: Nenhuma
(0)
Alguma
(1)
Muita ou
Incapaz (2)
NR (9)
H1) Quanta dificuldade você tem em
levantar e carregar cerca de 5kg (ex: 1
pacote de arroz)?
H2) Quanta dificuldade você tem em
atravessar uma sala?
H3) Quanta dificuldade você tem em sair da
cadeira ou da cama?
H4) Quanta dificuldade você tem em subir
uma escada de 10 degraus?
H5) Quantas vezes você caiu no último ano? Nenhuma
(0)
De 1 a 3
(1)
Mais de 4
(2)
NR (9)
H6) Você se sente cansado? NÃO (0) SIM (1) NR (9)
H7) Você tem alguma dificuldade para
andar um quarteirão?
NÃO (0) SIM (1) NR (9)
H9) Teste de força de preensão manual : teste 1 ______ teste 2 ______ teste 3_____
BLOCO I- IPAQ
I1a) Em quantos dias de uma semana normal, você realiza atividades VIGOROSAS por pelo
menos 10 minutos contínuos, fazer serviços domésticos pesados em casa, no quintal ou no jardim,
carregar pesos elevados ou qualquer atividade que faça você suar BASTANTE ou aumentem
muito sua respiração ou batimentos do coração.
Dias ____ por SEMANA (0) Nenhum (9) NR
I1b) Nos dias em que você faz essas atividades vigorosas por pelo menos 10 minutos contínuos,
quanta tempo no total você gasta fazendo essas atividades por dia?
Horas: _____ minutos: _____ ( ) NR
65
I2a) Em quantos dias de uma semana normal, você realiza atividades MODERADAS por pelo
menos 10 minutos contínuos, como por exemplo, fazer ginástica aeróbica leve, carregar pesos
leves, fazer serviços domésticos na casa, no quintal ou no jardim como varrer, aspirar, cuidar do
jardim, ou qualquer atividade que faça você suar leve ou aumentem moderadamente sua respiração
ou batimentos do coração (POR FAVOR NAO INCLUA CAMINHADA)
Dias ____ por SEMANA (0) Nenhum (9) NR
I2b) Nos dias em que você faz essas atividades moderadas por pelo menos 10 minutos contínuos
quanta tempo no total você gasta fazendo essas atividades por dia?
Horas:_____ minutos: _______ ( ) NR
I3a) Em quantos dias de uma semana normal você caminha por pelo menos 10 minutos contínuos
em casa ou no trabalho?
Dias ____ por SEMANA (0) Nenhum (9) NR
I3b) Nos dias em que você caminha por pelo menos 10 minutos contínuos quanto tempo no total
você gasta caminhando par dia?
Horas:_____ minutos: _______ ( ) NR
I4a) Quanto tem por dia você fica sentado em um dia da semana?
Horas:_____ minutos: _______ ( ) NR
I4b) Quanto tempo por dia você fica sentado em um dia do final de semana?
Horas:_____ minutos: _______ ( ) NR
BLOCO J- SINTOMAS QUE PODEM INTERFERIR NA ALIMENTAÇÃO
J1- ( ) Odinofagia
J2- ( ) Dor
J3- ( ) Disfagia
J4- ( ) Xerostomia
J5- ( ) Vômitos
J6- ( ) Náusea
J7- ( ) Hipogeusia
J8- ( ) Saciedade precoce
BLOCO K - MINI AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DO IDOSO (MAN)
INICIAR AS PERGUNTAS DESSE BLOCO COM “NOS ÚLTIMOS 3 MESES...”
K1) HOUVE DIMINUIÇÃO DA INGESTA ALIMENTAR DEVIDO A PERDA DE APETITE,
PROBLEMAS DIGESTIVOS OU DIFICULDADE PARA MASTIGAR OU DEGLUTIR?
(1) Diminuição grave da ingesta (2) Diminuição moderada da ingesta
(3) Sem diminuição da ingesta (9) NR
K2) HOUVE PERDA DE PESO?
(1) Superior a três quilos (2) Não sabe informar (9) NR
(3) Entre um e três quilos (4) Sem perda de peso
K3) TEVE PROBLEMAS PARA MASTIGAR ALIMENTOS?
(1) Sim (2) Não (9) NR
K4) TEVE ALGUM PROBLEMA NA SUA BOCA QUE O DEIXOU PREOCUPADO?
(1) Sim (2) Não (9) NR
K5) MUDOU O SEU MODO DE FALAR POR CAUSA DOS PROBLEMAS DA SUA BOCA?
(1) Sim (2) Não (9) NR
K6) SENTIU ALGUM DESCONFORTO AO COMER ALGUM ALIMENTO?
(1) Sim (2) Não (9) NR
K7) EVITOU COMER JUNTO DE OUTRAS PESSOAS?
(1) Sim (2) Não (9) NR
K8) MOBILIDADE
(1) Restrito ao leito ou à cadeira de rodas (2) Deambula mas não é capaz de sair de casa
(3) Normal (9) NR
66
BLOCO L - QUESTIONÁRIO NUTRICIONAL SIMPLIFICADO DE APETITE – QNSA
L1) MEU APETITE ESTÁ:
(1) Muito ruim
(2) Ruim
(3) Moderado
(4) Bom
(5) Muito bom
(9) NR
L2) QUANDO EU COMO:
(1) Me sinto satisfeito após comer
poucas garfadas/colheradas
(2) Me sinto satisfeito após comer
aproximadamente 1/3 da refeição
(3) Me sinto satisfeito após comer
mais da metade da refeição
(4) Me sinto satisfeito após comer a maior
parte da refeição
(5) Dificilmente me sinto satisfeito
(9) NR
L3) O SABOR DA COMIDA É:
(1) Muito ruim
(2) Ruim
(3) Mediano
(4) Bom
(5) Muito bom
(9) NR
L4) NORMALMENTE EU COMO:
(1) Menos de uma refeição por dia
(2) Uma refeição por dia
(3) Duas refeições por dia
(4) Três refeições por dia
(5) Mais de três refeições por dia
(9) NR
Bloco
M
EBIA – ESCALA BRASILEIRA DE INSEGURANÇA ALIMENTAR
Iniciar as perguntas desse bloco com “Nos últimos
3 meses...”
Sim (1) Não (2) Nr(9)
M1 Os moradores deste domicílio tiveram a preocupação
de que a comida acabasse antes que tivessem dinheiro
para comprar mais comida?
M2 Os alimentos acabaram antes que os moradores desse
domicílio tivessem dinheiro para comprar mais
comida?
M3 Os moradores desse domicílio ficaram sem dinheiro
para ter
uma alimentação saudável e variada?
M4 Os moradores deste domicílio comeram apenas alguns
poucos tipos de alimentos que ainda tinham, porque o
dinheiro acabou?
M5 Algum morador de 18 anos ou mais de idade deixou
de fazer
alguma refeição porque não havia dinheiro para
comprar a comida?
M6 Algum morador de 18 anos ou mais de idade comeu
menos do que achou que devia, porque não havia
dinheiro para comprar comida?
M7 Algum morador de 18 anos ou mais de idade sentiu
fome, mas não comeu porque não tinha dinheiro para
comprar comida?
M8 Algum morador de 18 anos ou mais de idade ficou um
dia inteiro sem comer ou teve apenas uma refeição ao
dia, porque não tinha dinheiro para comprar a comida?
67
M9 Os moradores com menos de 18 anos de idade não
puderam ter uma alimentação saudável e variada,
porque não havia dinheiro para comparar comida?
M10 Os moradores menores de 18 anos de idade comeram
apenas alguns poucos tipos de alimentos que ainda
havia neste domicílio, porque o dinheiro acabou?
M11 Algum morador com menos de 18 anos de idade
comeu menos do que você achou que devia, porque
não havia dinheiro para comprar a comida?
M12 Foi diminuída a quantidade de alimentos das refeições
de algum morador com menos de 18 anos de idade,
porque não havia dinheiro suficiente para comprar a
comida?
M13 Algum morador com menos de 18 anos de idade
deixou de fazer alguma refeição, porque não havia
dinheiro para comprar a comida?
M14 Algum morador com menos de 18 anos de idade sentiu
fome, mas não comeu porque não havia dinheiro para
comprar mais comida?
M15 PONTUAÇÃO:_________
BLOCO N- RECORDATÓRIO 24H
N1) Ingestão hídrica
N2) Hábito intestinal
Horário/ Refeição Alimento Quantidade
68
9.3. Artigo
69
70
71
72
73
74
75
76
10. ANEXO
10.1. Comprovante aprovação do projeto ao comitê de ética.
77
78
79
80
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