UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA
NATANY NUNES
AVALIAÇÃO DA PERCEPÇÃO DE ESTRESSE E RECUPERAÇÃO, DA
ANSIEDADE E DAS CONCENTRAÇÕES DE CORTISOL EM ATLETAS DA
SELEÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL DE SETE PARALÍMPICA
CAMPINAS
2017
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA
NATANY NUNES
AVALIAÇÃO DA PERCEPÇÃO DE ESTRESSE E RECUPERAÇÃO, DA
ANSIEDADE E DAS CONCENTRAÇÕES DE CORTISOL EM ATLETAS DA
SELEÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL DE SETE PARALÍMPICA
Orientador: Prof. Dr. José Irineu Gorla
CAMPINAS
2017
Dissertação apresentada à Faculdade de Educação Física da
Universidade Estadual de Campinas como parte dos
requisitos exigidos para obtenção do título de Mestra em
Educação Física, na Área de Atividade Física Adaptada.
ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL
DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELA ALUNA NATANY
NUNES, E ORIENTADA PELO PROF. DR. JOSÉ IRINEU
GORLA
COMISSÃO EXAMINADORA
Prof. Dr. José Irineu Gorla – Orientador
Prof. Dra. Paula Teixeira Fernandes
Prof. Dr. Décio Roberto Calegari
A Ata da Defesa assinada pelos membros da Comissão Examinadora, consta no processo de vida acadêmica do aluno
Dedico esse trabalho a minha FAMÍLIA, meus pais João Carlos e Maria Rosa,
minhas irmãs Camila e Samanta e meu sobrinho João Matheus, que desde o
início estavam presentes dando suporte e entusiasmo para alcançar essa
vitória.
Agradecimentos
O alivio e a sensação de dever cumprido aflora em meu peito, depois de um
turbilhão de sensações, muitas vezes intensas, eis que chega o grande momento de apenas
agradecer!
Agradeço primeiramente DEUS e Nossa Senhora Aparecida, sem eles e suas
vontades eu não estaria nessa caminhada, mesmo com muitas pedras no caminho, muitos
tombos e escorregões, me guiaram com fé e força até o meu objetivo final!
Agradeço em especial meus pais João Carlos e Maria Rosa que estiveram passo a
passo nesse processo. Sem eles, nada disso teria acontecido e nem teria sentido, dividiram
comigo duvidas, estresses, alegrias e emoções. Serei sempre grata pela educação e pelo amor
que me proporcionam. São meus espelhos!
Agradeço também as minhas irmãs Camila e Samanta que estiveram sempre
presentes, principalmente nos momentos que mais precisei.
Ao meu sobrinho João Matheus, que ilumina e dá sentido à minha vida, ele tão
pequenino não imagina o quão importante é pra mim!
A minha namorada Gabrielle que apareceu para somar e adoçar minha vida, em um
momento de alegria, de realizações e futuros planos de vida...
Ao Prof. Gorla pela oportunidade de me orientar no mestrado, de me abrir caminhos
além de me oferecer ensinamentos ao longo desses anos, muito obrigada.
À Profª Paula Fernandes por muitas vezes me auxiliar e me amparar quando
precisei, obrigada por tudo, você foi muito importante nessa caminhada.
Ao meus amigos mais que especiais Hélio e Carol, que sempre estiveram presentes,
me auxiliando e vivendo esse sonho comigo! Levo vocês para a vida!
Aos amigos dos grupos de estudo GEPEN e LAFEA da FEF-UNICAMP, vocês
fizeram os dias serem mais felizes e descomplicados.
A ANDE (Associação Nacional de Desporto para Deficientes) pela oportunidade
de participar da semana de treinamento da Seleção Brasileira de Futebol de Sete Paralímpica,
em especial aos meninos da seleção, comissão e amigos.
As minhas amigas (irmãs) que moraram comigo no pensionato da “Sun” em Barão
Geraldo, obrigada pelas conversas, alegrias, sonhos e problemas compartilhados, acredito que
crescemos com tudo isso. Em especial à Mirian, minha colega de quarto, foi ótimo ter você
sempre presente!
Obrigado a todos que de alguma forma contribuíram e participaram desse processo,
de forma positiva e negativa, vocês conseguiram me tornar mais forte.
Nunes, Natany. AVALIAÇÃO DA PERCEPÇÃO DE ESTRESSE E RECUPERAÇÃO, DA
ANSIEDADE E DAS CONCENTRAÇÕES DE CORTISOL EM ATLETAS DA SELEÇÃO
BRASILEIRA DE FUTEBOL DE SETE PARALÍMPICA. (78 p.). Dissertação (Mestrado em
Educação Física) - Faculdade de Educação Física. Universidade Estadual de Campinas, Campinas,
2017.
RESUMO
O presente estudo baseou-se nos conhecimentos da Fisiologia e da Psicologia para entender
como o estresse e a ansiedade atuam após uma semana de treinamento da Seleção Brasileira de
Futebol de Sete Paralímpico. O objetivo do estudo foi avaliar percepção de estresse e
recuperação, ansiedade e concentrações de cortisol, em atletas da Seleção Brasileira de Futebol
de Sete Paralímpico em uma semana de treinamento. Participaram desse estudo 16 jogadores
da Seleção Brasileira de Futebol de Sete Paralímpico com idade média de 25,68 ± 6,16 anos
todos do sexo masculino. A metodologia utilizada para a avaliação das variáveis psicológicas
foi a aplicação dos questionários de estresse, recuperação e ansiedade (RESTQ-Sport, CSAI,
SAS e ISSL) e para a avaliação da variável fisiológica foi coletado a saliva dos participantes
antes de iniciarem a semana de treinamento e após a semana de treinamento. Esses
questionários foram preenchidos pelos atletas antes de iniciarem a semana de treinamento e
apenas o RESTQ-Sport foi aplicado pós semana de treinamento. Os resultados apontam para
um aumento significativo na concentração do cortisol salivar pré (2,87 nmol/L±1,28) e pós
(9,95 nmol/L±4,29) semana de treinamento. No REST-Q Sport os atletas apresentaram baixo
estresse e alta recuperação nos dois diferentes momentos (pré e pós), com diferenças
significativas para as variáveis estresse social e falta de energia (p<0,05). Não houve correlação
entre as habilidades psicológicas e o cortisol. No Inventário de Sintomas de Stress para adultos
(ISSL) os atletas não apresentaram sintomas significativos de estresse. No questionário Sport
Anxiety Scale, (SAS) os atletas apresentaram níveis de traço de ansiedade baixos. No
Competitive State Anxiety Inventory (CSAI-2) os atletas apresentaram ansiedade cognitiva e
somática baixa e autoconfiança alta. Desta forma, os resultados demonstram que a demanda
fisiológica e psicológica despendida pelos atletas foi suficientemente capaz de gerar
significativa descarga hormonal. Os baixos escores de estresse e os altos escores de recuperação
diagnosticados nas escalas do RESTQ-Sport, nas situações de treinamento, demonstram que os
atletas estudados apresentaram adequada capacidade em lidar com as situações geradoras de
estresse. No Inventário de Estresse ISSL os atletas não apresentaram sintomas estatisticamente
significativos de estresse. Ao avaliar os sintomas de ansiedade, pelo questionário SAS
observou-se que os atletas apresentaram baixas medidas do traço de ansiedade. Já para o
questionário CSAI os atletas apresentaram ansiedade cognitiva e somática baixa e
autoconfiança alta.
PALAVRAS-CHAVE: Futebol de Sete Paralímpico, Paralisia Cerebral, Esporte Paralímpico.
Nunes, Natany. PERCEPTION ASSESSMENT OF STRESS AND RECOVERY, THE ANXIETY
AND MERGER OF CORTISOL IN ATHLETES OF BRAZILIAN SELECTION
PARALYMPIC SEVEN FOOTBALL. (78 p.). Master Degree dissertation - Physical Education
College. State University of Campinas, Campinas, 2017 .
ABSTRACT
This study was based on the knowledge of Physiology and Psychology to understand how stress
and anxiety work after a week of training the Brazilian team of seven Paralympic Football. The
aim of the study was to evaluate perception of stress and recovery, anxiety and cortisol
concentrations in athletes of the Brazilian National Paralympic Seven Football in a week of
training. Participated in this study, 16 players of the Brazilian team of seven Paralympic
Football with an average age of 25.68 ± 6.16 years all male. The methodology used for the
evaluation of the psychological variables was the application of the stress, recovery and anxiety
questionnaires (RESTQ-Sport, CSAI, SAS and ISSL) and for the evaluation of the
physiological variable the participants' saliva were collected before starting the week of
Training and after the training week. These questionnaires were completed by the athletes
before starting the training week and only RESTQ-Sport was applied after the training week.
The results point to a significant increase in the concentration of salivary cortisol pre (2.87 nmol
/ L ± 1.28) and after (9.95 nmol / L ± 4.29) week of training. REST-Q Sport athletes had low
stress and high recovery in the two different times (pre and post), with significant differences
for the variables social stress and lack of energy (p <0.05). There was no correlation between
psychological skills and cortisol. Inventory of Stress Symptoms for Adults (ISSL) athletes did
not show significant symptoms of stress. In the questionnaire Sport Anxiety Scale (SAS)
athletes showed trace levels of low anxiety. In the Competitive State Anxiety Inventory (CSAI-
2) athletes showed cognitive anxiety and somatic low and high confidence. Thus, the results
demonstrate that the physiological and psychological demand expended by the athletes was
sufficiently generate significant hormonal discharge Able. THE low stress scores and the high
scores Recovery diagnosed NAS scales do RESTQ-Sport, NAS Training Situations
demonstrate that athletes studied had adequate ability to handle as stress-generating situations.
In the stress inventory ISSL athletes do not show statistically significant symptoms of stress.
When evaluating the symptoms of anxiety, hair Questionnaire SAS observed-that OS Athletes
presented low Anxiety Trace measures. Already FOR THE Questionnaire CSAI Athletes
showed cognitive and somatic anxiety and low self-confidence High.
KEYWORDS: Seven Paralympic Football, Cerebral Palsy, Paralympic Sport.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. PC por Disfunção motora:Espástica, Discinética, Atáxica e Mista
Figura 2. PC por topografia dos prejuízos
Figura 3. Estresse como um produto tridimensional (NITSCH, 1981)
Figura 4. Liberação do hormônio cortisol (BAUER, 2002 p.22)
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1. Média de Concentração de Cortisol Pré e Pós Semana de Treinamento
Gráfico 2. Diferenças Concentração de Cortisol Pré e Pós
Gráfico 3. RESTQ-Sport: Média dos Grupos Pré e Pós
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Causas de paralisia cerebral
Tabela 2. Caracterização da amostra
Tabela 3. Concentração de cortisol salivar Pré e Pós
Tabela 4. Resultados obtidos no REST-Q Pré e Pós
Tabela 5. Comparação REST-Q Sport pré e pós
Tabela 6. Resultados Individuais obtidos no ISSL Pré
Tabela 7. Resultados obtidos no SAS Pré
Tabela 8. Resultados obtidos no CSAI Pré
Tabela 9. Correlação entre todas as variáveis do estudo
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ACTH - Hormônio Adrenocorticotrófico
ANDE – Associação Nacional de Desporto para Deficientes
CBG - Globulina Ligadora de Corticosteróide
CPB - Comitê Paralímpico Brasileiro
CSAI-2 - Competitive State Anxiety Inventory
GH - Hormônio do Crescimento
HHA - Hipotálamo-Hipófise-Adrenal
ISSL - Inventário de Sintomas de Stress para Adultos
NK - Natural Killer
PC - Paralisia Cerebral
PTH – Paratormônio
RESTQ-SPORT - Questionário de Estresse e Recuperação para Atletas
SAS – Sport Anxiety Scale
SNC – Sistema Nervoso Central
TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
TSH - Hormônio Estimulador da Tireoide
SUMÁRIO
1.0 NTRODUÇÃO....................................................................................................................15
2.0 REVISÃO DE LITERATURA...........................................................................................19
FUTEBOL DE SETE PARALÍMPICO........................................................................20
2.1 A Modalidade..........................................................................................................20
2.2 Paralisia Cerebral....................................................................................................22
VARIÁVEIS PSICOLÓGICAS....................................................................................25
2.3 Estresse....................................................................................................................25
2.4 Recuperação............................................................................................................28
2.5 Ansiedade................................................................................................................29
VARIÁVEIS FISIOLÓGICAS.....................................................................................32
2.6 Fisiologia do Estresse..............................................................................................32
2.7 Marcadores Fisiológicos do Estresse......................................................................33
2.8 Cortisol...................................................................................................................34
3. METODOLOGIA.................................................................................................................36
3.1 Caracterização da Pesquisa.....................................................................................37
3.2 Cuidados Éticos e Procedimentos...........................................................................37
3.3 População e Amostra..............................................................................................38
3.4 Instrumentos............................................................................................................39
3.5 Análise Estatística...................................................................................................42
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO..........................................................................................43
5. CONCLUSÕES....................................................................................................................57
6. REFERÊNCIAS....................................................................................................................60
7. ANEXOS..............................................................................................................................68
Anexo 1. Ficha de Identificação....................................................................................69
Anexo 2. CSAI-2...........................................................................................................70
Anexo 3. SAS ...............................................................................................................72
Anexo 4. Parecer Comitê de Ética................................................................................75
16
1. INTRODUÇÃO
Os conhecimentos da fisiologia e da psicologia são importantes para entender como
o estresse e a ansiedade atua após uma semana de treino com atletas da Seleção Brasileira de
Futebol de Sete Paralímpico.
O esporte paralímpico brasileiro vem apresentando um crescente avanço no cenário
mundial. Diante desse panorama, evidencia-se a necessidade de aperfeiçoamento nas condições
de treinamento e assistência para esses atletas, a fim de melhor auxilia-los em suas modalidades
esportivas (SAMULSKI, 2002).
No esporte competitivo, constantemente estão presentes agentes estressores em
atletas de diversas modalidades, cujas reações psicofisiológicas resultam em uma resposta
específica. (SOARES e ALVES, 2006). Quando há aumento de estresse, seja de origem
psicológica, física ou ambiental o sistema endócrino é recrutado, resultando maior liberação de
cortisol auxiliando o organismo a controlar o estresse (WILMORE e COSTILL, 2003).
Atletas de alto nível, necessariamente, estão expostos a um grande número de
estressores que induzem a diferentes respostas de desempenho em diferentes situações, que se
diferenciam em momentos de treinamento e em momentos de competição. Portanto,
compreender o processo do cortisol no metabolismo de um esportista é fundamental, uma vez
que os atletas são submetidos a essas pressões com alta frequência (APISTZSCH, 1994).
Devido as grandes pressões provocadas pelo contexto do alto rendimento, constata-
se em atletas danosas implicações, como a síndrome do excesso de treinamento em detrimento
a incorreta condução de treinamento em termos de volume e/ou intensidade e/ou pausas de
recuperação (HEDELIN, et al., 2000).
A aplicação das cargas de treinamento inadequadas pode levar à estagnação ou, até
mesmo, à redução do rendimento físico. Desajustes na frequência, duração e intensidade podem
causar danos graves ao atleta, reduzindo seu desempenho, gerando fadiga muscular e, em alguns
casos, contribuindo para o para o desenvolvimento da síndrome do excesso de treinamento
(overtraining). Esse fenômeno ocorre quando o indivíduo é submetido a longos períodos de
cargas de treinamento muito elevadas sem recuperação adequada, causando alterações
fisiológicas, bioquímicas, psicológicas e comportamentais (LEHMANN et al., 1993).
A recuperação, que ocorre a um determinado tempo, é um método complexo,
contínuo e individual de vários níveis (fisiológico, psicológico, social, sociocultural e
ambiental) com a finalidade de restabelecer a capacidade funcional do organismo. Esse
17
processo está relacionado a situações condicionais (qualidade do sono, socialização,
alimentação, etc.) e é dependente do tipo e da duração do evento estressante (KELLMANN e
KALLUS, 2001).
O entendimento do estresse como um processo psicofisiológico é de fundamental
importância, pois permite detectar as respostas estressoras seja através de questionários ou de
métodos laboratoriais (REINHOLD, 2004). Assim, o diagnóstico das características
psicológicas tem grande importância na atuação esportiva, e às ferramentas de avaliação
psicológicas devem ser específicas.
Além da importância das características psicológicas, as características fisiológicas
são excelentes marcadores para compreensão do organismo. O cortisol como o principal
glicocorticoide liberado pelo córtex adrenal pelas glândulas suprarrenais está intimamente
ligado ao sistema emocional, dessa maneira diante de uma situação estressora há alteração, logo
tem sido considerado o hormônio do estresse, pois a sua produção e secreção aumentam durante
e após a exposição a alguns fatores estressores (SOARES; ALVES, 2006; KELLER, 2006;
KIM et al., 2009).
Desse modo, o cortisol salivar é uma importante medida de análise fisiológica para
verificar e controlar indicadores de estresse e tem se constituído em uma alternativa para a
subjetividade de emoções e sentimentos quando analisados apenas por meio de questionários e
inventários (GREENBERG, 2002).
Portanto, variáveis psicológicas e fisiológicas quando somadas são importantes
instrumentos de monitoramento de atletas, uma vez que uma acrescenta-se a outra, auxiliando
o processo de prescrição da carga de treinamento, no intuito de, assim, evitarem-se os efeitos
adversos do excesso de exercícios e possibilitando atingir o maior nível de adaptação possível
(KELLMANN; GÜNTHER, 2000).
Este estudo procura dar respostas ao objetivo formulado e, simultaneamente
fornecer consistência teórica ao quadro empírico que desenvolve. Assim, o delineamento da
sua estrutura pretende discutir estes aspectos.
No primeiro capítulo, é feito uma breve introdução sobre a importância dos aspectos
psicofisiológicos em atletas de alto nível, apresentados os temas bem como o objetivo do
estudo.
No segundo capítulo, “Futebol de Sete”, são apresentados os temas de estudo, as
características da paralisia cerebral e aspectos do Futebol de Sete Paralímpico.
No terceiro capítulo, “Variáveis Psicológicas”, fez-se uma abordagem em relação
aos aspectos psicológicos: estresse, recuperação e ansiedade.
18
No quarto capítulo, "Variáveis Fisiológicas", são apresentados características da
fisiologia do estresse, marcadores fisiológicos do estresse e do cortisol.
No quinto capítulo, “Métodos”, são apresentados as questões que se prendem com
as características da população estudada, a amostra envolvida, as medidas e os testes na coleta
de dados são descritas detalhadamente, procurando alcançar o mais alto nível de qualidade das
informações a serem analisadas.
No sexto capítulo, "Resultados e Discussão", são apresentados e analisados os
resultados quanto aos aspectos concentração de cortisol salivar em relação a aspectos da
psicologia: estresse e ansiedade. Num primeiro momento, são realizadas análises dos resultados
do cortisol, na sequência são apresentados os resultados dos questionários: RESTQ-Sport,
ISSL, SAS e do CSAI, com base nas informações obtidas na amostra analisada. E por último,
a realização de uma correlação entre todas as variáveis do estudo (Cortisol, RESTQ-Sport,
ISSL, SAS e CSAI).
Por fim, pretende-se que este estudo possa contribuir dentro das limitações de seu
âmbito, com explicações psicológicas e fisiológicas sobre estresse e ansiedade em atletas com
paralisia cerebral.
O objetivo geral foi o de avaliar a percepção de estresse e recuperação (psicológico
e fisiológico) e da ansiedade, em atletas da Seleção Brasileira de Futebol de Sete Paralímpico
em uma semana de treinamento.
Este estudo justifica-se pela necessidade de melhor compreender as respostas do
organismo quando submetidos a uma semana de treinamento, permitindo interpretar possíveis
respostas fisiológicas e psicológicas nesse período. Em vista disso, pode auxiliar profissionais
envolvidos com o treinamento de Futebol de Sete Paralímpico a monitorar seus programas de
treinamento, de maneira mais eficiente evitando, assim, os efeitos adversos do excesso de
treinamento.
20
FUTEBOL DE SETE PARALÍMPICO
2.1 A MODALIDADE
O Futebol de Sete Paralímpico, também chamado de Football 7-a-side, é um
esporte praticado por pessoas com PC, e/ou com: sequelas de traumatismos crânio-encefálicos
ou de acidentes vasculares cerebrais (CRUZ, 2012), comprometimentos no controle motor de
natureza cerebral, causando uma permanente e verificável limitação, podendo apresentar
hipertonia, ataxia e atetose (CPISRA, 2013).
Dispõe de algumas adaptações do futebol convencional: são 2 tempos de 30
minutos, o campo é menor, até 75mx50m, a baliza tem 5mx2m, a marca de pênalti fica situada
a 9,20m, não possui impedimento, a cobrança do lateral pode ser feita com somente uma das
mãos, desde que a bola toque o solo antes do contato com qualquer atleta, ou, se o atleta optar
em fazê-lo do modo convencional do acordo com a regra (CRUZ, 2012).
No Brasil, o esporte é coordenado pela Associação Nacional de Desporto para
Deficientes (ANDE). São elegíveis para a modalidade apenas atletas classificados
funcionalmente dentro da classe de 5 a 8, que não utilizem qualquer assessório para auxiliar no
sua locomoção (CRUZ, 2012).
Durante o processo de classificação funcional, o atleta é avaliado, tanto física
quanto tecnicamente a fim de que possa ser elegível em das quatro classes funcionais do Futebol
de Sete Paralímpico, descritas abaixo (CPISRA, 2013):
Classe Funcional 5: Atletas com Diplegia e/ou Diplegia Assimétrica e/ou Dupla
Hemiplegia e/ou Distonia. Apresenta equilíbrio estático próximo do normal,
porém com dificuldades no equilíbrio dinâmico, no qual a troca do centro de
gravidade pode causar a perda do equilíbrio. Os membros superiores podem
variar, apresentando limitações diversas (mínimas a moderadas) na amplitude de
movimentos e/ou coordenação, contudo a força muscular está dentro dos limites
normais.
Classe Funcional 6: Atletas com Atetose e/ou Distonia e/ou Ataxia e/ou Paralisia
Cerebral Mista e/ou Condições Neurológicas relacionadas. Apresenta
envolvimento moderado nos quatro membros. A atetose ou a distonia ou a ataxia
são os fatores mais tipicamente prevalentes. A marcha pode variar entre pobre,
trabalhada e andar lento. Normalmente, o equilíbrio dinâmico apresenta-se
21
melhor que o equilíbrio estático. Apresenta problemas com movimentos de
potência muscular, paradas e viradas. Os membros superiores podem apresentar
limitação apresentando pobre coordenação motora fina.
Classe Funcional 7: Atletas com Hemiplegia. Apresenta dificuldade em um lado
do corpo, sendo o outro lado normal. O membro inferior comprometido pode
apresentar um andar “manco”, devido à espasticidade do membro inferior. Na
corrida, pode apresentar piora, pela dificuldade. O braço e a perna sofrem
restrições apenas no lado comprometido.
Classe Funcional 8: Atletas com Diplegia e/ou Diplegia Assimétrica e/ou Dupla
Hemiplegia e/ou Monoplegia e/ou Atesose e/ou Distonia e/ou Ataxia. Apresenta
grau de envolvimento mínimo. O atleta pode apresentar função próxima do
normal. Neste tipo de atleta, a percepção do déficit neurológico se torna-se
difícil, necessitando uma análise mais detalhada do médico, a fim de se observar
alterações funcionais em função deste déficit.
Os jogadores são distribuídos nestas classes (5 a 8), de acordo com o grau de
comprometimento físico. Quanto maior a classe, menor o comprometimento do atleta. Durante
a partida, a equipe deve ter em campo no máximo dois atletas da classe 8 (menos
comprometidos) e, no mínimo, um da classe 5 ou 6 (mais comprometidos) (Comitê Paralímpico
Brasileiro, 2015).
O Futebol de Sete faz parte do programa paralímpico desde a edição de 1984, foi
criado em Edimburgo (Escócia), na terceira edição dos Jogos Internacionais para Paralisados
Cerebrais, em 1978 (Brasil, 2016). O Brasil foi medalhista de bronze em Sydney-2000, prata
em Atenas-2004 e recentemente bronze-2016 Brasil (ANDE, 2016).
Atualmente, a Seleção Brasileira de Futebol de Sete é a terceira potência da
modalidade. O Futebol de Sete Paralímpico vem progredindo no país com a construção de
centros de treinamento, projetos de detecção de talentos e investimento na formação de equipes
e atletas (IFCPF, 2015).
22
2.2 PARALISIA CEREBRAL
A expressão Paralisia Cerebral (PC), desde 1959, era definida como uma sequela
encefálica, predominante por um transtorno persistente, não invariável, não evolutiva, de tônus,
da postura e do movimento, que ocorre na primeira infância. A partir dessa data, a PC passou a
ser conceituada como encefalopatia crônica não evolutiva na infância que apresenta
predominantemente sintomatologia motora (ROBERTSON et al., 1994; DIAMENT, 1996;
ROTTA, 2001).
A PC representa um conjunto de desordens no desenvolvimento motor e postural,
atribuídos à distúrbios não progressivos que ocorrem no cérebro em desenvolvimento. As
desordens motoras da PC são geralmente acompanhadas por alterações na sensação, na
percepção, na cognição, na comunicação e no comportamento (ROSENBAUM et al., 2007).
O conceito mais utilizado pelos pesquisadores caracteriza a PC como um transtorno
estável e permanente, do movimento e da postura, devido à má-formação ou lesão não
progressiva do cérebro na infância (LEITE; PRADO, 2004).
A PC exerce grande influência nas áreas de desenvolvimento motor e
consequentemente afeta a postura, essas ocorrências sugerem trabalhos específicos na
reabilitação e ou recuperação desses indivíduos.
Há distintas proporções do comprometimento do SNC nos casos de PC, decorrentes
de fatores endógenos (potencial genético) e exógenos quando o tipo de comportamento cerebral
incide sobre o SNC em desenvolvimento, distinguindo nos períodos: pré-natal, perinatal e pós-
natal (BRANN; DYKES, 1977; TORFS, 1990).
Existem várias causas que podem contribuir para o desenvolvimento da PC, sendo
que a tabela 1 apresenta algumas das principais: pré, peri e pós natais.
Tabela 1 - Causas de paralisia cerebral
1 - Causas pré natais:
Diminuição da pressão de oxigênio, diminuição da concentração de
hemoglobina, diminuição da superfície placentária, tumores uterinos, nó
de cordão, cordão curto ou com malformações.
2 - Causas perinatais:
23
Fatores maternos: Idade da mãe, desproporção céfalo-pélvica, anomalias
da placenta, anomalias do cordão, anomalias da contração uterina, narcose
e anestesia;
Fatores fetais: Primogenidade, prematuridade, dismaturidade,
gemelaridade, malformações fetais, macrossomia fetal;
Fatores de parto: Parto instrumental, anomalias de posição, duração do
trabalho de parto.
3 - Causas pós natais:
Anóxia anêmica, anóxia por estase, anóxia anoxêmica, anóxia histotóxica.
Fonte: (ROTTA, 2002).
A classificação da PC se dá por dois critérios: tipo de disfunção motora, (fig. 1),
que inclui os tipos (1º) extrapiramidal ou discinético (atetóide, coréico e distônico), (2º) atáxico,
(3º) espástico e misto; e pela topografia dos prejuízos (fig. 2), ou seja, tetraplegia, monoplegia,
paraplegia e hemiplegia. A forma mais encontrada na PC é a espástica com 88% da frequência
dos casos (YOUNG, 1994; GONZÁLEZ; SEPÚLVEDA, 2002).
A PC discinética caracteriza-se por movimentos atípicos quando o indivíduo faz
algum tipo de movimento voluntário; engloba distonia (tônus muscular variável) e a
coreoatetose (tônus instável com movimentos involuntários) (ROSENBAUM et al., 2007).
A PC atáxica caracteriza-se por um distúrbio de coordenação devido a desarmonia
dos movimentos, geralmente apresentando uma marcha com aumento da base de sustentação e
tremor intencional, ocasionada por uma disfunção do cerebelo (ROSENBAUM et al., 2007).
A PC espástica caracteriza-se pela presença de tônus elevado (aumento dos reflexos
miotáticos, clônus, reflexo cutâneo plantar em extensão – sinal de Babinski) e é ocasionada por
uma lesão no sistema piramidal (SCHOLTES et al., 2006).
Outros tipos de classificação estão associadas as classificações medicas e a
distribuição anatômica, para melhor identificação do nível de comprometimento motor
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2013).
Dessa maneira, a PC compromete a execução de tarefas motoras, bem como a
capacidade de movimentos harmônicos. Assim, o indivíduo com PC tem dificuldades para
caminhar, correr, saltar entre outros, e para que ocorra igualdade em algumas modalidades é
necessário a classificação funcional de cada sujeito, prevenindo disparidades.
24
http://fisioterapiajoaomaia.blogspot.com.br/2012/09/paralisia-cerebral-nao-existe-uma.html
Figura 1. PC por Disfunção motora:Espástica, Discinética, Atáxica e Mista
Cerebral Palsy League (www.cpl.org.au)
Figura 2. PC por topografia dos prejuízos
25
VARIÁVEIS PSICOLÓGICAS
2.3 ESTRESSE
A palavra stress foi utilizada pela primeira vez pelo endocrinologista Hans Selye
em 1936, para designar um conjunto de sintomas comuns que apresentavam doenças não
específicas e o nomeou como “síndrome de adaptação geral” ou “síndrome do simplesmente
estar doente” (LIPP, 2001).
Segundo a definição de Selye (1936), o estresse é uma reação do organismo que
ocorre frente a acontecimentos que exijam dele adaptações além do seu limite.
Os autores brasileiros Moreira e Mello (1992) discutem a importância do estado
emocional dos pacientes na evolução de doenças infecciosas e neoplásicas. E definem estresse
como: "Um conjunto de reações e estímulos que causam distúrbios no equilíbrio do organismo,
frequentemente com efeitos danosos" (MOREIRA e MELLO, 1992, p.121).
Dessa forma, a expressão estresse foi inserida para denominar um agrupamento de
respostas não específicas do organismo a episódios que desestabilizam seu equilíbrio. Sendo
assim, o organismo tende a responder independentemente da origem do estímulo (FRANÇA e
RODRIGUES, 1997; LIPP, 1996).
Para Capra (1997), a palavra estresse indica uma desarmonia do organismo em
reação a influências ambientais. Em quantidades moderadas e em períodos de curta duração, o
estresse é um fator indispensável à vida. Todavia quando prolongado, pode ser danoso,
contribuindo para o desenvolvimento de doenças e até a morte.
Por um lado há organismos que incitam seus sistemas de estresse instantaneamente,
e retornam ao estado inicial. Por outro lado, há organismos que, em situações semelhantes
reagem mais lentamente, facilitando a predisposição a doenças (DE KLOET, 2003).
Os agentes estressores podem ser decorrentes de fontes situacionais – pela
importância que se dá a um certo evento – e de fontes pessoais, quando as pessoas percebem
diferentemente a importância (WEINBERG; GOULD, 1995).
O estresse nas instituições surge no momento em que as exigências situacionais
findam os recursos, desejos ou capacidades dos indivíduos. Este fato ocorre por dois motivos:
as exigências do contexto muitas vezes excedem os recursos dos indivíduos, ou os indivíduos
interpretam as exigências como um excesso aos seus próprios recursos. Por consequência
desses dois fatos, o organismo provocado desencadeia respostas físicas e emocionais negativas
26
que, se forem prolongadas, tendem a resultar em doenças físicas e emocionais (fadiga, burnout
e depressão) (BUUNK et al., 1998).
Na figura 3 (NITSCH, 1981), constata-se que os aspectos psíquicos, sociais e
biológicos estão conectados de um determinado modo. Processos biológicos por sua vez, são
influenciados por aspectos psíquicos e sociais. Finalmente, o sistema social também é
influenciado pelos sistemas biológico e psíquico. E todas essas interações estão relacionadas
com o surgimento e gerenciamento do estresse.
No momento em que se prediz uma competição, a vulnerabilidade do atleta fica
exposta por ser a ocasião no qual o mesmo tenta demonstrar suas capacidades e habilidades,
bem como suas deficiências e comparar seu desempenho com algum padrão. A competição
além desse momento de euforia é um processo que envolve inúmeros aspectos que interagem
para proporcionar aos atletas as melhores condições de atuar. Esses aspectos estabelecem uma
relação entre o indivíduo (atleta) e os diferentes fatores que fazem parte do meio ambiente
competitivo (local, adversários, árbitros, técnicos, torcida, preparação, clima, etc.). Tanto sob o
ponto de vista da preparação nos treinamentos, quanto sob o ponto de vista do processo de
competição, sendo a competição uma notável causadora de estresse em atletas (DE ROSE JR,
2002).
No esporte, devido às pressões características da competição de alto nível, pressões
externas (vida social, amorosa, familiar...), busca incessante de marcas melhores, de índices a
serem alcançados além de se apresentarem sempre da melhor forma atlética possível, os atletas
acabam chegando muitas vezes à exaustão, precipitando assim o surgimento e a evolução do
estresse (COSTA; SAMULSKI, 2005).
Figura 3. Estresse como um produto tridimensional (NITSCH, 1981)
27
Sendo assim, até certo ponto, o estresse é importante para a manutenção e o
aperfeiçoamento da capacidade funcional, da autoproteção e do conhecimento dos próprios
limites (SAMULSKI et al., 2009). O estresse pode gerar níveis de ativação no indivíduo
proporcionando adaptação a novas situações, induzindo a liberação de hormônios, que
aumentam a disponibilidade de substratos energéticos para os músculos (GUYTON; HALL,
1998).
Atualmente, um dos instrumentos mais utilizados no Brasil é o desenvolvido e validado
por Lipp (1994) Inventário de Sintomas de Stress para adultos (ISSL), que identifica o tipo de
sintoma (físico e/ou psicológico) que a pessoa apresenta e a fase em que ela se encontra (alerta,
resistência ou exaustão) (LIPP, 1994).
A aplicação do ISSL, segundo o seu manual (Lipp, 2000), pode ser executada por
pessoas que não tenham treinamento em psicologia, porém sua correção e interpretação devem
sempre ser realizadas por um psicólogo, de acordo com as diretrizes do Conselho Federal de
Psicologia quanto ao uso de testes. O ISSL apresenta um modelo quadrifásico do estresse
(alerta, resistência, quase exaustão e exaustão), baseado, inicialmente, no modelo trifásico de
Selye (alerta, resistência e exaustão) (LIPP, 2000).
As fases do ISSL revelam em qual estágio o indivíduo se apresenta em relação ao
estresse, a fase de alerta é considerada a fase positiva do estresse. Na fase de resistência o
indivíduo tenta lidar com os agentes estressores de forma a manter o equilíbrio interno. Na fase
de quase-exaustão os agentes estressores ocorrem com maior frequência/intensidade, se inicia
o processo de adoecimento e depressão. Na fase de Exaustão ocorrem a predominância de
doenças graves e forte depressão (LIPP, 2001).
Nesse contexto, faz-se necessário o entendimento e identificação das particularidades
do estresse utilizando instrumentos específicos para a avaliação do mesmo, a fim de contribuir
para o monitoramento antes, durante e depois período de treinamento, com o propósito de evitar
o decréscimo dos atletas.
28
2.4 RECUPERAÇÃO FÍSICA E PSICOLÓGICA
Compreender e administrar a frequência e o tempo de uma sessão de treinamento
além do tempo de recuperação, é um obstáculo aos profissionais ligados ao esporte de alto
rendimento, já que o número de competições e exigências em buscas de melhores índices só
tendem a aumentar. Logo, adaptações no treinamento tornam-se frequentes e indispensáveis,
relacionando características físicas e psicológicas durante todas as fases de treinamento e de
competições, para assim facilitar a identificação da necessidade de ajustes no treinamento bem
como evitar desgastes gerais em atletas (KELLMANN e KALLUS, 2001, ALVES, 2005;
BOMPA 2005).
Diversos autores têm sugerido métodos e técnicas para a recuperação física e
psicológica de treinos e de jogos (KELLMANN e KALLUS, 2001, ALVES, 2005; BOMPA
2005). A utilização apropriada das técnicas de recuperação acelera a regeneração e a restauração
da homeostase corporal, o que diminui o nível de fadiga e a frequência de lesões (GREIG e
JOHNSON, 2007; MORASKA, 2007).
A importância de estudos para a detecção precoce da síndrome de excesso de
treinamento e o monitoramento do treinamento tornam-se indispensáveis para evitar a exaustão
do atleta. Alguns estudos estão analisando indicadores fisiológicos como o cortisol para
constatar o aumento da carga de treinamento (ZOPPI et al., 2003).
Os métodos aplicados nos esportes durante os treinamentos por meio de indicadores
psicológicos são mais sensíveis e consistentes do que os indicadores fisiológicos. Além da
vantagem de uma avaliação mais rápida, o resultado gerado pode ser instantaneamente
transferido ao atleta e à comissão técnica alertando sobre eventuais distúrbios causados
advindos da prática esportiva (KELLMANN e KALLUS, 2001).
As cargas de treinamento físico têm aumentado substancialmente nos últimos anos
na busca de melhores desempenhos de atletas de competição nas mais diversas modalidades
esportivas. As cargas de treinamento aumentaram em torno de 20% na última década. Baseado
nessas informações espera-se que além de melhores resultados, aumente-se também os índices
de saturação física e mental e overtraining (MEEHAN et al, 2004).
Há uma inter-relação, proposta por Kellmann, que quanto maior é o estado de
estresse, torna-se necessário aumentar as atividades de recuperação. Logo as atividades de
29
recuperação compensarão os aumentos nos estados de estresse levando o indivíduo a melhores
níveis de desempenho (KELLMANN, 1991).
Para este fator, foi desenvolvido o RESTQ-Sport Questionário de Estresse e
recuperação para Atletas (KELLMANN e KALLUS, 2000; 2001), que avalia simultaneamente
estresse e recuperação, constituído de 19 escalas e 4 sub-escalas que avaliam o Estresse Geral,
a Recuperação Geral, o Estresse Esportivo e a Recuperação Esportiva.
Dessa forma, o estado de recuperação pode ser analisado por indicadores
fisiológicos como o cortisol ou indicadores psicológicos como o RESTQ-Sport questionário de
estresse e recuperação para atletas, que avalia simultaneamente estresse e recuperação em
atletas.
2.5 ANSIEDADE
Em meados de 1970, a ansiedade era definida como traço de personalidade
relativamente estável que exercia influência no comportamento das pessoas e em relação ao
desempenho esportivo, os níveis de ansiedade se comportavam na forma de um U–invertido,
ou seja, o aumento do nível da ansiedade facilitaria o desempenho motor até certo ponto,
seguido por um baixo rendimento, caso este nível continuasse a aumentar (JONES, 1995;
YERKES e DODSON, 1908).
Contudo, para Spielberger (1972), a ansiedade é uma condição psicológica,
constituída por condições fenomenológicas e fisiológicas que se apresenta de duas formas:
ansiedade estado e traço. A ansiedade estado está relacionada ao estado emocional transitório,
sentimentos de tensão e apreensão, aumento de atividade do sistema nervoso autônomo (SNA),
gerando reações psicofisológicas. A ansiedade traço está relacionado à personalidade da pessoa
e refere-se às diferenças de reação diante das situações percebidas como ameaçadoras com
aumento do estado de ansiedade.
Segundo Viscott (1982):
A ansiedade varia da tênue apreensão que alguém sente ao testar a temperatura
da água antes de nadar, até o pânico desorganizador de uma pessoa incapaz de
controlar suas funções corporais. Entre estes dois extremos, estão os
sentimentos de estar amedrontado, assustado, nervoso, afobado, preocupado,
inquieto, desamparado, inseguro, com dificuldades financeiras, com os pés
frios, com tremedeira – todas as graduações do sentimento de incerteza quanto
à segurança pessoal (1982, p. 47).
30
O termo ansiedade remete a um estado emocional em que ocorre uma apreensão,
uma preocupação debilitante, durante um determinado período, provocando um
amedrontamento total no indivíduo, acarretado pela expectativa de alguma coisa,
acontecimento ou desafio existente (COX, 1998; DE ROSE JR, VASCONCELLOS, 1997;
MARQUES, 2000; MORAES, 1990).
No contexto competitivo, a ansiedade e o estresse constituem assuntos emergentes
e preocupantes para todos que, direta ou indiretamente, encontram-se inseridos no esporte de
alto nível, desta forma esses domínios são muito abordados pela Psicologia do Esporte (CRUZ,
1996; SCANLAN, 1984).
Nas circunstâncias da prática esportiva de competição, a ansiedade pode se
manifestar de duas formas: cognitiva e somática. A ansiedade cognitiva consiste em
pensamentos negativos, incapacidade de concentração e falta de atenção, são sintomas
cognitivos a apreensão e inquietação psíquica, hipervigilância e outros sintomas relacionados
com a vigilância (distração, perda de concentração, insónias). Já a ansiedade somática é uma
percepção das manifestações físicas da ativação, caracteriza-se por tremuras, hipertonia
muscular, inquietação, hiperventilação, sudações e palpitações. A ansiedade somática tende a
aumentar rapidamente quanto a competição se aproxima, enquanto que a ansiedade cognitiva é
mais gradual (GOMES, 2001; DAVIDSON et al., 1979).
Para Cruz (1996), a ansiedade no rendimento desportivo apresenta-se como um
processo circunstancial de diversas variáveis, de naturezas interdependentes no contexto
esportivo. A ansiedade no esporte é vivenciada nos momentos tanto de aprendizagem (treinos
de preparação para uma competição importante), como nos momentos de competições e
também nas diversas situações de avaliação que ocorrem ao longo de um ciclo de realização.
A percepção do atleta é que determinará a resposta para qualquer tipo de ameaça.
Para alguns atletas, compreender a ansiedade como facilitadora pode ser um fator de vantagem
no desempenho; enquanto, compreendê-la como fator debilitante pode acarretar um prejuízo no
desempenho. Assim, o autocontrole da ansiedade dos atletas em determinadas situações
contribui para o sucesso no desempenho em competições (WEINBERG; GOULD, 2001).
As implicações da ansiedade, segundo Frischnecht (1990), estabelecem
consequências ao organismo como: aumento da frequência cardíaca, do consumo de oxigênio,
da pressão arterial e da frequência respiratória. Além disso, podem ocorrer náuseas, delírios,
secura de boca, sensação de fadiga ou fraqueza, bocejo frequente, tremores, ações nervosas,
sudorese profunda, micção frequente, fezes soltas, dificuldade em adormecer e aumento de
31
tensão muscular. Portanto em decorrência do esforço tanto do campo psicológico quanto do
físico, temos, como resultado, uma limitação do campo perceptual e dos focos atencionais.
Consequentemente, a ansiedade em níveis elevados pode acarretar déficit no
desempenho e na concentração, devido ao dispêndio de energia inadequado, onde a tensão
muscular desnecessária prejudica a coordenação e a concentração, estreitando assim a
capacidade de analisar todo o contexto do jogo (WEINBERG; GOULD, 2001).
Em 1990, Martens, Vealey e Burton desenvolveram o Competitive State Anxiety
Inventory (CSAI-2), sendo um dos principais instrumentos de avaliação da ansiedade estado no
contexto desportivo. Esse instrumento originou-se de uma perspectiva teórica sobre a ansiedade
competitiva conhecida como a Teoria Multidimensional da Ansiedade Competitiva. Essa teoria
integra duas dimensões da ansiedade competitiva: a ansiedade cognitiva e a ansiedade somática,
já descritas anteriormente.
Outra escala muito utilizada para avaliar a ansiedade, é a desenvolvida por Smith,
Smoll e Schultz (1990) Sport Anxiety Scale (SAS) instrumento multidimensional que mensura
o traço de ansiedade competitiva, que identifica a ansiedade somática, pensamentos
experimentados e nível de perturbação da concentração.
Portanto, a ansiedade como uma variável psicológica, pode ser um fator debilitante
e comprometer o rendimento de atletas nos momentos de maior importância na carreira, ou ser
um fator de vantagem facilitando o desempenho.
Dessa forma, quanto mais precoce for o diagnóstico mais rápido será identificado
o tipo de ansiedade no atleta e se ajuda ou piora no seu rendimento, possibilitando assim, melhor
monitoramento com acompanhamento psicológico específico.
32
VARIÁVEIS FISIOLÓGICAS
2.6 FISIOLOGIA DO ESTRESSE
O hipotálamo estabelece uma estrutura fundamental do SNC responsável por
regular as funções básicas à manutenção do organismo, induzindo respostas frente a alterações,
tanto do meio externo como do meio interno, permitindo do organismo se adaptar para manter
a homeostase (ALMEIDA, 2003; KRONENBERG et al, 2010).
O Eixo Hipotálamo-Hipófise-Adrenal (HHA) é o componente humoral de um
sistema neural e endócrino integrado, cuja função responde desafios internos e externos à
homeostase, que podem ser denominados de estressores. Este sistema compreende as vias
neuronais ligadas à liberação de catecolaminas da medula suprarrenal, à resposta de luta ou
fuga, e é vitalmente importante na resposta comportamental ao estresse (KRONENBERG et al,
2010).
O estresse ativa o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (a hipófise anterior libera o
hormônio ACTH, que induz a liberação de cortisol pelo córtex das glândulas adrenais) (Figura
4).
Figura 4. Liberação do hormônio cortisol (BAUER, 2002 p.22)
33
Estressores fisiológicos ou psicológicos significativos provocam uma resposta
adaptativa após ativação dos seguintes eixos (KRONENBERG et al, 2010; EVERLY;
LATING, 2002):
Eixo Neural: atua com estímulo do hipotálamo, sendo um dos mecanismos de ativação
do estresse, ativando o Sistema Nervoso Autônomo, a medula espinhal até atingir o
órgão-alvo.
Eixo Endócrino: estimula a hipófise a partir de estímulos do hipotálamo, podendo
secretar diversos hormônios como os hormônios adrenocorticotróficos. É ativado após
estímulos prolongados de estresse, desencadeando a reação de luta e de fuga
estimulando a medula adrenal a produzir as catecolaminas adrenalina e noradrenalina.
Com a liberação das catecolaminas os efeitos encontrados são: aumento da frequência
cardíaca e respiratória, pressão arterial, força de contração muscular e atividade
músculo-esquelética (GUYTON; HALL, 2011).
Existe estreita relação entre o sistema nervoso neural e o sistema endócrino,
considerando a atuação do hipotálamo como órgão comum entre ambos. O hipotálamo exerce
controle sobre a função de várias glândulas endócrinas, destacando as glândulas adrenais, que
são responsáveis pela produção e liberação do hormônio cortisol, sendo ele desencadeado pelo
estresse (AIRES, 2008).
2.7 MARCADORES FISIOLÓGICOS DO ESTRESSE
O cortisol é um valioso marcador fisiológico do estresse, sua concentração está
presente na urina, no sangue e na saliva e se processa através de estímulos estressantes que
desencadeiam no organismo um tipo de reação ou resposta que pode ser caracterizada pelo
aumento dessa concentração plasmática de cortisol, a mensuração desse índice compreende o
nível de estresse físico ou psicológico existente no organismo (KIRSCHBAUM et al., 1995;
BIONDI e PICARDI, 1999).
A coleta de concentração plasmática de cortisol como marcador biológico de
estresse, se dá pela saliva, sangue e urina. No entanto, a coleta salivar apresenta algumas
vantagens, pois não é um método invasivo, não causa estresse e a coleta das amostras pode ser
feita pela própria pessoa, em qualquer lugar. Por ser inócua e indolor, favorece a colaboração
34
de voluntários e permite a coleta de material em diversas situações da vida diária. A
concentração salivar de cortisol é diretamente proporcional à concentração da fração livre,
biologicamente ativa, refletindo cerca de 5 a 10% da concentração do hormônio no plasma
(VINING & MCGINLEY, 1987).
Neste contexto, devido ao uso de medicamentos, gravidez ou alterações congênitas
as medidas da concentração total de cortisol no plasma podem ser enganosas quando existem
variações de Globulina Ligadora de Corticosteróide (CBG). Assim, o cortisol salivar acaba
sendo o menos afetado por alterações da CBG, uma vez que representa o componente livre do
cortisol do plasma e permanece estável na saliva por vários dias e, por isso, tem sido usado com
grande confiabilidade nas investigações do estresse (BAUER et al., 2000; WUST et al., 2000).
2.8 CORTISOL
Independentemente do nível, da idade e da experiência, a todo o momento na vida
de um atleta ocorre estresse competitivo, e é um dos principais aspectos relevantes do
desempenho esportivo. Entretanto, a resposta em que cada atleta se revela aos fatores
estressores se difere entre eles, em função da maneira de assimilar as situações de
enfrentamento. As respostas aos estressores compreendem aspectos cognitivos,
comportamentais e fisiológicos, com intenção de melhor reagir às demandas do organismo, com
o processamento mais rápido da informação disponível em qualquer circunstância,
possibilitando alcançar soluções e condutas adequadas de forma eficiente e não dispendiosa
(LABRADOR; CRESPO, 1994). Logo, a compreensão do estresse como um processo
psicofisiológico do organismo é de grande relevância, pois permite diagnosticar as respostas
desencadeadas pela maneira como os estímulos são processados (REINHOLD, 2004).
As respostas hormonais ao estresse compreendem aumento na secreção de GH
(hormônio do crescimento), ativação de células do sistema imunológico como monócitos,
neutrófilos, linfócitos e células NK (Natural Killer), aumento de interleucinas, aumento na
secreção de TSH (hormônio estimulador da tireoide), aumento na secreção de PTH
(paratormônio), aumento da vasopressina e do fator liberador de corticotrofina (BORER, 2003).
O cortisol, como o principal glicocorticoide liberado pelo córtex adrenal diante de
uma situação estressora, tem sido considerado o hormônio do estresse, pois a sua produção e
secreção aumentam durante e após a exposição a alguns fatores estressores (SOARES; ALVES,
2006; KELLER, 2006; KIM et al., 2009). Destarte, a presença deste hormônio, avaliada por
35
meio do plasma sanguíneo, urina ou saliva, em situações competitivas pode ser um dos
indicadores do estresse nesse contexto.
O cortisol também possui ação metabólica em vários tecidos alvo (muscular, ósseo
e conjuntivo). O efeito metabólico mais bem conhecido do cortisol é a sua capacidade de
estimular a glicogênese no fígado. Este fato resulta de dois efeitos distintos deste hormônio, o
primeiro consiste no aumento das enzimas hepáticas necessárias à glicogênese, o segundo
consiste na mobilização dos aminoácidos de tecidos extra-hepáticos aumentando,
consequentemente, a sua concentração no plasma e tornando-os disponíveis para o processo
glicolítico do fígado. Além deste efeito, o cortisol causa também uma diminuição da taxa de
utilização da glicose pelas células, e uma diminuição das reservas de proteínas em quase todas
as células, exceto as hepáticas. Outro efeito importante do cortisol consiste no seu efeito anti-
inflamatório, reduzindo todos os aspectos do processo inflamatório como: estabilizar as
membranas lisossômicas; diminuir a permeabilidade dos capilares e consequentemente evitar a
perda de plasma para dentro de outros tecidos; diminuir a migração de leucócitos para dentro
da área inflamada; ou baixar a febre. O cortisol, assim como bloqueia a resposta inflamatória,
também tem um efeito positivo sobre as alergias, já que muitos dos efeitos graves destas se
devem à resposta inflamatória (GUYTON e HALL, 1997).
A produção de cortisol tem um ritmo de produção dependente ritmo circadiano com
níveis de pico pela manhã e a noite. O ritmo circadiano da secreção de ACTH/cortisol se
estabelece gradualmente durante o início da infância, e está separado em vários processos
físicos e psicológicos (KREIGER, 1975). Além disto, aumentos de ACTH e cortisol podem
acontecer independentemente do ritmo circadiano em resposta a estresse físico e psicológico
(CHERNOW et al., 1987).
O valores de referência em adultos não atletas podem variar de 2,8 a 273nmol/L
(CASTRO e ALVES, 2003).
Neste sentido, o cortisol salivar é uma importante medida de análise para verificar
e controlar indicadores de estresse em atletas. Além de constituir-se uma medida eficaz,
acessível, rápida e não invasiva tem se constituído em uma alternativa para a subjetividade de
emoções e sentimentos analisados por meio de questionários e inventários, mesmo quando esses
instrumentos são rigorosamente validados (SOARES; ALVES, 2006).
37
3 METODOLOGIA
3.1 Caracterização da Pesquisa
Esse estudo se caracteriza como pesquisa descritiva quantitativa e apresenta um
delineamento transversal.
3.2 Cuidados Éticos e Procedimentos
O estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética da Faculdade de Ciências
Médicas da Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP, sob o número CAAE:
30986514.0.0000.5404 por emenda aprovada com número de parecer: 2.007.101; e todos os
participantes foram informados sobre o objetivo da pesquisa e assinaram o termo de
consentimento livre e esclarecido - TCLE. A pesquisa foi realizada no Centro de Treinamento
em Guaratiba – RJ, local em que os atletas estavam realizando as atividades (1 semana de
treinamento: segunda-feira à sexta-feira) e as concentrações de cortisol salivar foram analisadas
no Laboratório Thomson de Espectrometria de Massas do Instituto de Química (IQ) da
Unicamp.
Foi explicado aos atletas que os mesmos poderiam, sem constrangimento, deixar de
participar da pesquisa quando desejado. Foram tomadas todas as precauções necessárias para
preservar a privacidade, a saúde e o bem estar dos voluntários.
Para a avaliação das variáveis psicológicas foram aplicados questionários de
estresse, recuperação e ansiedade (RESTQ-Sport, CSAI, SAS e ISSL), estes questionários
foram preenchidos pelos atletas antes de iniciarem a semana de treinamento e apenas o RESTQ-
Sport foi aplicado também pós semana de treinamento.
Para a avaliação da variável fisiológica, foi coletada a saliva dos participantes antes
de iniciarem a semana de treinamento e após a semana de treinamento. A coleta salivar ocorreu
em dois momentos e foi realizada da seguinte forma: foi inserido na cavidade bucal dos
voluntários um canudo descartável para facilitar a coleta salivar a ser transferida para o tubo
Eppendorf de 1,5ml. As salivas foram armazenadas em biorrepositórios, pois as amostras foram
utilizadas somente nessa determinada pesquisa.
Estes questionários foram preenchidos pelos atletas em salas de reunião, onde foi
possível manter níveis de privacidade e tranquilidade para que os atletas não sentissem nenhum
tipo de constrangimento ou incômodo. Foi informado aos atletas que os técnicos não teriam
38
acesso aos resultados do questionário ao longo da temporada. Os testes foram avaliados por
uma psicóloga credenciada no Conselho Regional de Psicologia.
3.3 População e Amostra
A coleta de dados foi realizada no Centro de Treinamento em Guaratiba - RJ, onde
acontecem os treinos. Houve a primeira coleta (saliva e questionários) no início da semana de
treinamento e no final da semana de treinamento houve o segundo momento de coleta (saliva e
REST-Q Sport). A amostra foi composta por 16 atletas adultos do sexo masculino integrantes
da Seleção Brasileira de Futebol de Sete que participavam de uma fase de treinamento.
A Tabela 2 mostra a caracterização da amostra estudada em valores numéricos de
frequência.
Tabela 2. Caracterização da amostra
Sujeito Idade (anos) Estatura(m) Peso (Kg) T. Prática (meses) CF
1 18 1,72 70 12 7
2 26 1,71 77 18 5
3 27 1,69 62 96 8
4 37 1,67 76 132 5
5 24 1,77 65 36 6
6 19 1,79 70 12 7
7 24 1,6 62 42 7
8 27 1,67 63 72 7
9 19 1,79 69 24 7
10 22 1,77 70 72 7
11 31 1,79 85 36 7
12 36 1,8 79 228 7
13 22 1,79 70 24 7
14 24 1,8 76,6 12 7
15 20 1,83 72 12 8
16 35 1,75 73,5 42 7
Média 25,69 1,75 67,76 54,38
DP 6,16 0,06 17,52 57,65
Legenda: Dp: Desvio padrão; CF: Classe funcional
A análise descritiva das variáveis numéricas, conforme a Tabela 2 mostra que, os
indivíduos da amostra apresentaram valores médios para idade de 25,69±6,16 (anos), para
estatura 1,75±0,06 (metros), para o peso de 67,76±17,52 (quilos) e para Tempo de prática de
54,38±57,65 (meses).
39
3.4 Instrumentos
Ficha de Identificação
Contendo dados dos participantes e algumas informações relevantes, facilitando a
análise (ANEXO 1).
Procedimento de coleta e análise das variáveis psicológicas
CSAI (Competitive State Anxiety Inventory), questionário utilizado para estudo da
ansiedade competitiva, traduzido e validado para português por Raposo (2004). O questionário
é composto por 27 questões, são divididas em 3 sub escalas (ansiedade cognitiva, ansiedade
somática e auto-confiança), da seguinte forma: os itens 1, 4, 7, 10, 13, 16, 19, 22 e 25 pertencem
ao fator ansiedade cognitiva; 2, 5, 8, 11, 14 (item invertido), 17, 20, 23 e 26 à ansiedade
somática; e, 3, 6, 9, 12, 15, 18, 21, 24 e 27 à autoconfiança, nas quais o sujeito opta por quatro
graus correspondente ao seu estado momentâneo: 1 = nada, 2 =alguma coisa, 3 = moderado e
4 = muito, de acordo com a pergunta. A pontuação das sub escalas é obtida pela somatória das
respostas, com pontuação variando de 9 a 36. Para propósitos de interpretação, os dados da
ansiedade cognitiva, somática e autoconfiança são categorizados em baixa (de 9 a 18 pontos),
média de (19 a 27 pontos) e alta de (28 a 36 pontos) (ANEXO 2).
SAS (Sport Anxiety Scale), é um instrumento multidimensional de medida do traço
de ansiedade competitiva, constituído por 3 subescalas que medem a ansiedade somática
(1,4,8,11,12,15,17,19,21), os pensamentos experimentados (3,5,9,10,13,16,18) e o nível de
perturbação da concentração (2,6,7,14,20), em competição. A escala é do tipo Lickert, de 4
pontos (1= Quase nunca; 2= Algumas vezes; 3= Muitas vezes; 4= Quase sempre), indicando o
nível de ansiedade que geralmente sentiam antes ou durante a competição. O resultado de cada
uma das três sub -escalas é obtido através do somatório dos respectivos itens, podendo desta
forma variar entre 0 e 36, no caso da ansiedade somática, de 0 a 28, relativamente à frequência
de pensamentos experimentados e de 0 a 20 ao nível de perturbação da concentração, podendo
desta forma o traço de ansiedade competitiva variar entre 0 e 84, resultante do somatório dos
resultados das três sub - escalas, em que as atletas com menores valores são as que apresentam
menores níveis de ansiedade traço competitiva (SMITH, SMOLL E SCHULTZ, 1990)
(ANEXO 3).
40
ISSL (Inventário de Sintomas de Stress para adultos) – ISSL (Lipp, 2000). O
presente instrumento foi validado em 1994 (Lipp, 1994) e tem sido utilizado em dezenas de
pesquisas e trabalhos clínicos na área do estresse (Pafaro, 2002). Permite um diagnóstico que
avalia se a pessoa tem estresse, em qual fase se encontra e se o estresse manifesta-se por meio
de sintomatologia na área física ou psicológica. O ISSL apresenta um modelo quadrifásico do
estresse, apresenta três quadros que contêm sintomas físicos e psicológicos de cada fase do
estresse. O quadro 1, com sintomas relativos à 1ª fase do estresse (Alerta), o quadro 2, com
sintomas da 2ª fase (Resistência) e 3ª fase (Quase exaustão), e o quadro 3, com sintomas da 4ª
fase (Exaustão). O inventário é composto por 34 questões de caráter somático e 19 de caráter
psicológico.
RESTQ SPORT (Questionário de Estresse e Recuperação para Atletas),
desenvolvido para avaliar simultaneamente estresse e recuperação e proporcionar uma figura
diferenciada do perfil atual de estresse e recuperação em atletas (KELLMANN M, KALLUS KW
2000; 2001). O RESTQ-Sport, é constituído de 19 escalas (Estresse Geral, Estresse Emocional,
Estresse Social, Conflitos/Pressão, Fadiga, Falta de Energia, Queixas Somáticas, Sucesso,
Recuperação Social, Recuperação Física, Bem-Estar Geral, Qualidade de Sono, Perturbações
nos Intervalos, Exaustão Emocional, Lesões, Estar em Forma, Aceitação Pessoal, Auto Eficácia
e Auto Regulação) e 4 sub escalas (Estresse Geral, Recuperação Geral, Estresse Esportivo e
Recuperação Esportiva), com quatro perguntas em cada escala, totalizando 76 questões e foi
recentemente validado na língua portuguesa (COSTA; SAMULSKI, 2005). O RESTQ-Sport
avalia quantitativamente (através de uma escala Likert) eventos potencialmente estressantes e
atividades associadas com recuperação na forma de sentenças incompletas, além de suas
consequências subjetivas nos últimos três dias/noites (KELLMANN; GÜNTHER, 2000;
KELLMANN; KALLUS, 2001).
Procedimento de coleta e análise das variáveis fisiológicas
Para coleta da saliva e análise do cortisol salivar, foi inserido na cavidade bucal dos
voluntários um canudo descartável para facilitar a coleta salivar a ser transferida para o tubo
Eppendorf de 1,5ml. Em seguida, o tubo Eppendorf foi colocado em recipiente próprio para
armazenamento, acondicionado em uma caixa de isopor com gelo e transportado para as
análises que serão realizadas no Laboratório Thomson de Espectrometria de Massas do Instituto
de Química (IQ) da Unicamp.
41
Após a coleta de dados, as amostras que estavam a -80ºC foram descongeladas a
temperatura ambiente. As amostras foram centrifugadas por 5 minutos. Recolheu-se 500 uL de
saliva e foram adicionados 2 mL de acetato de etila. Após 20 minutos de agitação, centrifugou-
se a mistura por 5 minutos a 4ºC, 3500 u. Uma alíquota de 1200 uL da fase orgânica (superior)
foi coletada e o solvente evaporado em centrífuga speed vácuo, sem temperatura. Então, o
extrato foi dissolvido em 150uL de solução H2O:MeOH, 1:1 (v/v) contendo 1ng mL-1 do
padrão interno de cortisol-d4 e transferido para um vial com insert.
Utilizou-se o equipamento de cromatografia líquida de alta eficiência HPLC (High
Performance Liquid Chromatography) Agilent 1200 Series. A cromatografia de fase reversa foi
realizada em uma coluna C18 (100 mm x 3,0 mm x 2,6 µm) da Kinetex em gradiente com os
solventes água (A) e acetonitrila (B) com uma vazão de 0,600 mL min-1. A temperatura da
coluna foi controlada pelo forno mantido em 40ºC, o volume de injeção foi de 10 µL. O seguinte
gradiente foi utilizado: 0,00-0,31 min,30 % A; 0,31-2,00 min, 30% a 0% A; 2,00-2,20, 0% a
30% de A; 2,20-6,30 min, 30% de A. Uma mistura de H2O:MeOH:isopropanol (1:1:0,1, v/v)
foi utilizada como solvente de lavagem da agulha por 10 segundos antes da injeção. A
temperatura do amostrador foi mantida a 15ºC. Uma vez otimizada, as mesmas condições de
separação cromatográfica foram mantidas para a etapa de validação e análise das amostras.
O espectrômetro utilizado foi um espectrômetro de massas tipo triplo quadrupolo
com Ion Trap linear modelo 5500 Q-Trap® da AB Sciex com fonte de ionização atmospheric
pressure chemical ionization (APCI). O equipamento foi operado em modo MRM (Multiple
Reaction Monitoring) e as transições de quantificação e confirmação foram, respectivamente,
m/z 367.0/ 120.8; 331.0 para o cortisol e m/z 367.0/ 120.8; 331.0 para o padrão interno cortisol-
d4.Os seguintes parâmetros foram seguidos: 5.00 V - voltagem da fonte, 20 psi - gás contra-
corrente (CUR -curtain gas), 45 psi - gás nebulizante (GS1), 70 psi - gás auxiliar (GS2), 12 u.a.
- gás de colisão (CAD), 400ºC - temperatura da probe, 5V - potencial de entrada.
A curva analítica foi obtida com soluções padrão do cortisol nas concentrações 0.1,
0.2, 0.39, 0.78, 1.56, 3.15, 6.25, 12.5 e 25 ng mL-1 e padrão interno cortisol-d4 na concentração
1 ng mL-1 analisadas em quintuplicata.
3.5 Análise Estatística
Os resultados estão expressos em: mínimo, máximo, primeiro quartil, segundo
quartil, média, mediana, variância e desvio padrão. A normalidade dos dados foi verificada
através do teste Shapiro-Wilk e a correlação entre as variáveis foi realizada através da
correlação de Spearman. O nível de significância estatística foi definido em 5% (p<0,05). Foi
42
realizado o Teste T Student para comparação entre os valores pés e pós. A análise estatística foi
realizada através do programa RStudio Version 0.99.893 – © 2009-2016 RStudio, Inc.
44
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O objetivo do estudo foi analisar o comportamento de percepção de estresse e
recuperação, da ansiedade e das concentrações de cortisol, em atletas da Seleção Brasileira de
Futebol de Sete Paralímpico em uma semana de treinamento. Assim os resultados serão
apresentados de acordo com os objetivos propostos para o presente estudo.
Primeiramente, serão analisados os resultados das concentração de cortisol salivar,
resultados obtidos nos questionários pelos atletas: RESTQ-Sport, ISSL, SAS e CSAI.
Em seguida, serão apresentados os resultados encontrados pela a correlação entre
todas as variáveis do estudo.
A primeira etapa constituiu-se da apresentação dos resultados. A Tabela 3 mostra
a análise descritiva do cortisol salivar pré e pós semana de treinamento e a diferenças entre os
mesmos.
Tabela 3. Concentração de Cortisol Salivar Pré e Pós
Méd. Dp Mediana Mín. Máx. Int. Int. (25%) Int. Int (75%)
Cortisol Pré (nmol/L) 2,87±1,28 2,61 0,89 5,32 1,93 3,89
Cortisol Pós (nmol/L) 9,95±4,29 10,18 3,48 19,46 6,76 11,55
Dif. Pré/Pós (nmol/L) 7,08±4,55 6,76 0,68 17,09 3,11 9,49
Legenda: Dif Pré/Pós: Diferença entre salivas pré e pós; Méd: Média; D.p: Desvio Padrão; Mín:
Mínima, Int Int: Intervalo Interquartil.
Tratando-se de um estudo exploratório e inédito para jogadores de Futebol de Sete
Paralímpico com paralisia cerebral observa-se através desses resultados que as concentrações
de cortisol pré e pós semana de treinamento apresentaram um aumento estatisticamente
significativo (p<0,05) entre as diferentes medidas. O valor médio da concentração de cortisol
em repouso foi 2,87±1,28 nmol/L e após uma semana de treinamento foi de 9,95±4,29 nmol/L,
apresentando uma diferença de 7,08±4,55 nmol/L. No presente estudo, o período de
treinamento foi relativo a 20h na semana (5 dias) e o aumento percentual encontrado entre aas
concentrações de cortisol foi de 246%.
No estudo de Mineto et al (2008), realizado com jogadores de futebol convencional,
foi efetuada a comparação entre os níveis de concentração de cortisol basais e pós 7 dias de
treinamento, os atletas apresentaram as concentrações de cortisol basal (12,4 nmol/L) e pós
treinamento (16,4 nmol/L), logo, o aumento de cortisol foi de 32%.
45
(p<0,05)
Diante desse resultado, verifica-se que situações de treinamento são
significativamente geradoras de estresse, sendo que os mais elevados percentuais de aumento
foram encontrados no presente estudo.
Provavelmente, os resultados encontrados no presente estudo, podem ser
decorrentes da Paralisia Cerebral, ou em função do tipo de treinamento aplicado para essa
população específica.
No gráfico 1 apresenta-se a média do grupo e a comparação do cortisol salivar pré
e pós semana de treinamento.
Legenda: Pré: Média do cortisol pré semana de Treinamento; Pós: Média do cortisol pós semana de Treinamento;
Gráfico 1. Média de Concentração de Cortisol Pré e Pós Semana de Treinamento
Foi observada diferenças estatisticamente significativas (p<0,05) entre os
resultados do Cortisol pré e pós (2,87±1,28; 9,95±4,29).
O gráfico 2 apresenta a comparação dos valores individuais de cortisol salivar pré
e pós semana de treinamento e a diferença entre os mesmos.
nm
ol-
L
Pré Pós
46
Legenda: Pré: Cortisol Pré; Pós: Cortisol Pós; Pós-Pré: Diferença entre Cortisol pré e pós. Gráfico 2. Diferenças Concentração de Cortisol Pré e Pós
Nota-se no gráfico 2 que há diferenças estatisticamente significativas (p<0,05) na
concentração de cortisol pós nos indivíduos 4 (17,98 nmol/L) e 6 (19,46 nmol/L).
Na Tabela 4 estão os resultados do questionário RESTQ-Sport que objetivou avaliar
simultaneamente estresse e recuperação dos atletas (média, desvio padrão, mediana, mínima,
máxima, intervalo interquartil 25% e 75%) divididos em 2 momentos de avaliação, pré e pós
semana de treinamento, em 4 sub escalas (Estresse Geral, Recuperação Geral, Estresse
Esportivo e Recuperação Esportiva).
47
Legenda: Méd: Média; D. Padrão: Desvio Padrão; Mín: Mínima, Int Int: Intervalo Interquartil;
Est. G: Estresse Geral; Rec. G: Recuperação Geral; Eest. E: Estresse Esportivo; Rec E:
Recuperação Esportiva
Verifica-se na tabela 4 que não há diferenças estatisticamente significativas
(p<0,05) entre as 4 subescalas do questionário: Estresse Geral pré (9,73±4,05) e pós
(6,59±3,57), a Recuperação Geral pré (16,70±2,78) e pós (21,16±2,22), Estresse Esportivo pré
(4,50±1,98) e pós (3,53±1,76) e Recuperação Esportiva pré (17,47±2,72) e pós (18,05±2,55).
Constata-se que os estresses (geral e esportivo) foram menores na segunda
avaliação pós semana de treinamento. Já as recuperações (geral e esportiva) foram maiores na
semana pós treinamento.
O estresse (geral e esportivo) apontam estas possivelmente diferenças devido a
realidade individual de cada atleta (moradia, família, trabalho e outros), que pode influenciar
os níveis de estresse antes da chegada dos mesmos ao Centro de Treinamento. A recuperação
(geral e esportiva) demonstram que os atletas estão melhores recuperados após a semana de
treinamento, possivelmente pelo incremento gradual de sessões de treinamento e da elevação
da intensidade da equipe investigada, além da utilização eficiente dos atletas, nos períodos de
recuperação, de sessões de fisioterapia e acompanhamento psicológico realizados durante a
semana de treinamento.
A Tabela 5 demonstra a comparação dos valores das 4 subescalas do RESTQ-Sport,
e observa-se que não houve nenhuma diferença estatisticamente significativa nas respostas pré
e pós semana de treinamento.
Tabela 5. Comparação RESTQ-Sport pré e pós
Variáveis P- Valor
Estresse Geral 0.1361
Tabela 4. Resultados Obtidos no RESTQ-Sport Pré e Pós
Méd. D. Padrão Mediana Mín. Máx. Int. Int. (25%) Int. Int (75%)
Est. G Pré 9,73 4,05 8,50 3,75 16,00 6,75 13,19
Est. G Pós 6,59 3,57 6,38 1,00 15,00 4,00 8,56
Rec. G Pré 16,70 2,78 16,50 12,00 20,75 14,56 19,13
Rec. G Pós 21,16 2,22 21,38 18,00 24,50 19,00 22,88
Est. E Pré 4,50 1,98 5,38 1,50 8,25 2,69 5,81
Est. E Pós 3,53 1,76 3,75 0,75 6,50 2,13 4,25
Rec. E Pré 17,47 2,72 17,88 13,50 22,00 14,75 19,44
Rec. E Pós 18,05 2,55 18,38 12,75 21,75 16,50 19,75
48
Recuperação Geral 0.5263
Estresse Esportivo 0.4942
Recuperação Esportiva 0.6263
Legenda: Teste T Student
No gráfico 3 estão as médias encontradas do RESTQ-Sport dos grupos pré e pós
semana de treinamento.
Gráfico 3. RESTQ-Sport: Média dos Grupos Pré e Pós
Observa-se no Gráfico 3 a média dos atletas para as 19 subescalas do questionário
REST-Q Sport, os valores para a escala que se refere ao estresse geral (pré) são: estresse geral
0,7±0,74, estresse emocional 1,28±0,79, estresse social 0,98±0,75, conflitos/pressão 1,81±0,81,
fadiga 2,02±0,82, falta de energia 1,34±0,74 e queixa somática social 1,59±0,90. Logo, o escore
mais alto foi obtido na escala relacionada à fadiga.
0
1
2
3
4
5
6
Estr
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ESTRESSE GERAL RECUPERAÇÃO GERAL ESTRESSEESPORTIVO
RECUPERAÇÃOESPORTIVA
PRÉ
PÓS
49
Com relação à média dos atletas para a escala que se refere ao estresse geral (pós)
tivemos: estresse geral 0,42±0,54, estresse emocional 0,81±0,65, estresse social 0,28±0,75,
conflitos/pressão 1,72±1,19, fadiga 1,59±0,77, falta de energia 0,61±0,48 e queixa somática
social 1,16±0,81. Logo, o escore mais alto foi obtido na escala relacionada à conflitos/pressão.
No que diz respeito a escalas de recuperação geral (pré): verificaram-se altos níveis
nas escalas de sucesso 3,83±0,82, recuperação social 4,52±0,93, recuperação física 3,67±1,15,
bem estar geral 4,69±0,70 e qualidade de sono 2,56±0,66. A escala qualidade de sono
apresentou o valor mais baixo entre as escalas de recuperação geral pré semana de treinamento.
Com relação à média das escalas que se refere ao recuperação geral (pós):
verificaram-se altos níveis nas escalas de sucesso 4,25±0,70, recuperação social 4,84±0,81,
recuperação física 4,31±0,89, bem estar geral 5,09±0,59 e qualidade de sono 2,66±0,59. A
escala qualidade de sono apresentou o valor mais baixo entre as escalas de recuperação geral
pós semana de treinamento.
No tocante ao estresse esportivo (pré) observa-se, ainda no Gráfico 3, que a escala
que apresentou escore de maior valor foi a de perturbação nos intervalos 1,94±0,89 e a que
mostrou menor escore foi a de exaustão emocional 0,88±0,93. A escala lesões 1,69±0,86
apresentou baixo valor.
Em relação ao estresse esportivo (pós), as escalas que apresentaram valores mais
altos foram: lesões 1,50±0,83 e a que mostrou menor escore foi a de exaustão emocional
0,59±0,33. A escala perturbação nos intervalos apresentou baixo valor 1,44±0,73.
Também no Gráfico 3 pode-se verificar, no que concerne às escalas de recuperação
esportiva (pré): estar em forma 4,30±0,73, aceitação pessoal 3,89±0,64, auto eficácia 4,39±0,68
e auto regulação 4,89±1,01. A escala aceitação pessoal apresentou o valor mais baixo entre as
escalas de recuperação esportiva pré semana de treinamento.
Já as médias das escalas que se referem a recuperação esportiva (pós): estar em
forma 4,42±0,89, aceitação pessoal 4,14±1,01, autoeficácia 4,45±0,76 e autorregulação
5,03±0,77. A escala aceitação pessoal apresentou o valor mais baixo entre as escalas de
recuperação esportiva pós semana de treinamento.
Entre os resultados de percepção de estresse e recuperação pré e pós do REST-Q
Sport foram observadas diferenças significativas (p<0,05) na escala 3- Estresse Social
(0,98±0,78; 0,28±0,57) e na escala 6- Falta de Energia (1,34±0,76; 0,61±0,50). Não foram
observadas diferenças estatisticamente significativas entre as outras escalas.
Mesmo sem diferenças estatisticamente significativas, à percepção de estresse e
recuperação dos atletas avaliados, durante a primeira avaliação (pré semana de treinamento) os
50
níveis de estresse geral estavam levemente altos em relação a segunda avaliação. O mesmo
padrão permaneceu para as escalas de estresse esportivo. Essa situação pode ser explicada pela
realidade vivida individualmente de cada atleta, problemas relativos a moradia, família,
trabalho e outros, podem influenciar nos níveis de estresse antes da chegada dos mesmos ao
Centro de Treinamento.
Pela carga de treinamento do microciclo é possível identificar que os atletas do
estudo desenvolveram e aperfeiçoaram as mais variadas capacidades físicas, psicológicas e
motoras (GOMES, 2002). A ausência de alterações na percepção de estresse e recuperação dos
atletas no presente estudo nos dois momentos de análise (pré e pós) pode ter ocorrido devido
ao incremento gradual de sessões de treinamento e da elevação da intensidade que seguiram no
planejamento da equipe investigada. Não se descarta entretanto, a utilização eficiente por parte
dos atletas dos períodos de recuperação além das sessões de fisioterapia e acompanhamento
psicológico realizados durante a semana de treinamento.
No caso da equipe estudada, verificado as condições apresentadas pela amostra
investigada pode ser entendido que devido a ótimas condições de alojamento, uma alimentação
possivelmente adequada e a hospedagem confortável, estes fatores, contribuíram na promoção
da melhora do desempenho e da recuperação no exercício, houve à redução do estresse geral e
esportivo (pós semana de treinamento), e o aumento da recuperação geral e esportiva (pós
semana de treinamento), que de certa maneira favorecem a redução dos sintomas do
overtraining e redução de estresse (ACHTEN 2004; UUSITALO, 2001).
São possíveis quatro padrões de percepção de estresse e recuperação (KALLUS,
1995):
1. Baixo estresse-baixa recuperação;
2. Alto estresse-baixa recuperação;
3. Baixo estresse-alta recuperação;
4. Alto estresse-alta recuperação;
O terceiro padrão (baixo estresse-alta recuperação) seria o padrão ideal em
momentos de recuperação, ou seja, o indivíduo não é submetido a cargas de treinamento muito
elevadas, nem a situações sociais ou psíquicas estressantes, ao mesmo tempo em que realiza
atividades de recuperação. (KALLUS, 1995).
Nessa perspectiva, a média de Estresse Geral dos atletas, assim como as médias das
escalas de Estresse Específico, aponta para baixos escores associados ao estresse pós semana
de treinamento. Já a média de Recuperação Geral e Recuperação Esportiva apresentada pelos
atletas indica alta capacidade de recuperação pós semana de treinamento.
51
Desta forma, os atletas da Seleção de Futebol de Sete Paralímpico apresentam o
terceiro padrão mencionado por Kallus (1995), indicando baixo estresse e alta recuperação ao
longo da fase de treinamento, o que se entende como positivo para o desempenho desses atletas.
Na tabela 6, estão os resultados individuas dos atletas obtidos pelo questionário
ISSL, que apresenta quatro fases que contêm sintomas físicos e psicológicos de cada fase do
estresse. A primeira fase do estresse representa o estado de alerta (F1+P1), a segunda fase do
estresse representa o estado de resistência (F2) e quase exaustão (P2), e a última fase do estresse
representa o estado de exaustão (F3+P3) (LIPP, 2000). Nessa tabela foi possível observar que
nenhum atleta está classificado dentro das fases do estresse, isto é: não estão estressados.
Tabela 6. Resultados Individuais obtidos no ISSL Pré
Sujeitos F1 + P1 F2 + P2 F3 + P3 CLASSIFICAÇÃO
1 0 1 0 Não tem stress
2 0 0 1 Não tem stress
3 0 0 0 Não tem stress
4 0 0 0 Não tem stress
5 0 1 1 Não tem stress
6 1 1 0 Não tem stress
7 0 0 0 Não tem stress
8 1 1 1 Não tem stress
9 0 1 0 Não tem stress
10 0 0 0 Não tem stress
11 0 1 1 Não tem stress
12 0 0 0 Não tem stress
13 0 0 0 Não tem stress
14 1 1 0 Não tem stress
15 2 2 1 Não tem stress
16 0 0 1 Não tem stress
Legenda: 1 a 16 = Atletas; F1+P1 = Fase de Alerta, F2 + P2 = Fase de Resistência e Quase Exaustão; F3 + P3 =
Fase de Exaustão.
52
Logo, com o objetivo de investigar o estresse psicológico pré semana de
treinamento dos atletas do presente estudo, foi verificado que os atletas não apresentaram em
nenhuma fase de estresse ao iniciarem na semana de treinamento.
Esse resultado aponta um ótimo equilíbrio no fator estresse, sendo excelente para
iniciar a semana de treinamento sem nenhuma interferência que altere o comportamento dos
atletas.
Assim sendo, a avaliação e preparação psicológica é um processo eficiente para
trabalhar o atleta, em nível psíquico, para o enfrentamento de situações estressantes do ambiente
esportivo e utilizar dessa estrutura pessoal para a obtenção de seu potencial máximo na
competição. Portanto, os aspectos psicológicos são, sem dúvida, um dos principais métodos
para avaliar e preparar atletas de alto rendimento seja em situação de treinamento ou de
competição (DESCHAMPS e JÚNIOR, 2006).
Na Tabela 7 estão os resultados do questionário SAS, instrumento que mede o traço
de ansiedade competitiva, constituído por 3 subescalas: ansiedade somática, pensamentos
experimentados e o nível de perturbação da concentração, em competição, foi aplicado apenas
na avaliação pré semana de treinamento.
Tabela 7. Resultados Obtidos no SAS Pré
Méd. D. Padrão Mediana Mín. Máx. Int. Int. (25%) Int. Int (75%)
Ans. Som. 11,13 1,63 11,50 9,00 14,00 9,75 12,00
Pens. Exp. 10,56 3,39 10,50 7,00 17,00 7,75 12,25
Pert. Conc. 5,81 1,05 5,50 5,00 8,00 5,00 6,00
Legenda: Méd: Média; D. Padrão: Desvio Padrão; Mín: Mínima, Int Int: Intervalo Interquartil;
Ans. Som: Ansiedade Somática; Pens Exp: Pensamentos Experimentados; Pert. Conc: Nível de
perturbação da concentração.
A ansiedade somática pode variar de 0 e 36; pensamentos experimentados de 0 a
28, e o nível de perturbação da concentração de 0 a 20 podendo desta forma o traço de ansiedade
competitiva variar entre 0 e 84, resultante do somatório dos resultados das três subescalas, em
que as atletas com menores valores são as que apresentam menores níveis de ansiedade traço
competitiva (SMITH, SMOLL e SCHULTZ, 1990).
53
No estudo de Afonso (2009) com 39 jogadores de futebol, pertencentes aos escalões
Juniores, Juvenis e Iniciados, sendo 23 atletas internacionais, os atletas nacionais apresentaram
valores médios de ansiedade somática (18,50), para pensamentos experimentados (20,40) e para
nível de perturbação da concentração (17,87) já os atletas internacionais apresentaram a média
para ansiedade somática (20,15), para pensamentos experimentados (18,91) e para nível de
perturbação da concentração (20,57). Logo, observou-se que, os atletas nacionais
apresentassem valores médios inferiores tanto para a ansiedade somática (18,50) como para a
perturbação da concentração (17,87) do que os atletas internacionais.
Alguns estudos (VENTURA, 2007; PORÉM, 2001; DIAS 2005) apontam valores
médios obtidos para ansiedade somática (16,3; 14,6; 15,77), para pensamentos experimentados
de (15,68; 14,2; 14,85) e para nível de perturbação de concentração (8,65; 8; 8,12). É de se
salientar que a escala de ansiedade somática tem sempre o valor mais elevado e a perturbação
de concentração valor mais baixo.
Desta forma, os resultados do questionário SAS do presente estudo permitem
afirmar que as medidas do traço de ansiedade apresentaram baixas quando comparadas a outros
estudos, logo os atletas estavam em um estado ótimo para iniciar a semana de treinamento.
Na Tabela 8, estão os valores (média, desvio padrão, mediana, mínima, máxima,
intervalo interquartil 25% e 75%) do questionário CSAI-2, utilizado para estudo da ansiedade
competitiva, composto por 3 subescalas (ansiedade cognitiva, ansiedade somática e auto
confiança), nas quais o sujeito optava por seu estado correspondente, foi aplicado apenas na
avaliação pré semana de treinamento.
Tabela 8. Resultados obtidos no CSAI-2 Pré
Méd. D. Padrão Mediana Mín. Máx. Int. Int. (25%) Int. Int (75%)
Ans. Cog 13,63 2,22 13,50 10,00 17,00 12,00 15,25
Ans. Som 13,00 2,56 12,50 9,00 17,00 11,75 15,25
Autoconf. 30,63 3,72 30,50 25,00 36,00 28,50 33,25
Legenda: Méd: Média; D. Padrão: Desvio Padrão; Mín: Mínima, Int Int: Intervalo
Interquartil; Ans. Cog: Ansiedade Cognitiva; Ans. Som: Ansiedade Somática; Autoconf.:
Autoconfiança
Segundo Raposo (2004), a pontuação das subescalas do CSAI é obtida pela
somatória das respostas, com pontuação variando de 9 a 36. Para propósitos de interpretação,
os dados da ansiedade cognitiva, somática e autoconfiança são categorizados em baixa (de 9 a
18 pontos), média de (19 a 27 pontos) e alta de (28 a 36 pontos).
54
Verificou-se com os resultados que os atletas da Seleção Brasileira de Futebol de
Sete Paralímpico apresentaram baixos traços de ansiedade cognitiva (13,63±2,22) e de
ansiedade somática (13,00±2,56) e altos níveis de autoconfiança (30,63±3,72).
De acordo com Lavoura e Machado (2006) que analisaram os índices de ansiedade
pré competitiva em atletas de Canoagem Slalom percebeu-se a relação dialética entre os altos
níveis de autoconfiança (28,81±3,04) e baixos níveis de ansiedade somática (13,88±4,06) e
cognitiva (16,00±5,07). Logo, esses resultados corroboram com o do presente estudo,
apresentando valores semelhantes.
Para Martens et al. (1990), a autoconfiança relaciona-se negativamente com a
ansiedade somática e a cognitiva, ou seja, se a ansiedade somática e a cognitiva aumentarem a
autoconfiança diminui. Este fato não ocorreu com a amostra, possivelmente porque os atletas
conseguem trabalhar a sua autoconfiança de acordo com as situações futuras.
Após a primeira etapa exposta dos resultados e discussão, os resultados
prosseguirão com os resultados encontrados pela correlação entre todas as variáveis do estudo
(Cortisol, RESTQ-Sport, ISSL, SAS e CSAI-2).
A Tabela 9 mostra as variáveis categóricas da amostra estudada em valores
numéricos de frequência para a correlação geral.
55
Tabela 9. Correlação entre todas as variáveis do estudo
Legenda: Temp. Mod: Tempo de Modalidade; RESRT-Q- Est. G Pré: Rest-Q Estresse Geral; REST-Q Rec. G: Rest-Q Recuperação Geral; REST-Q Est. E:
Rest-Q Estresse Esportivo; REST-Q Rec. E: Rest-Q Recuperação Esportiva; ISSL- 1ª (Alerta): 1ª fase do estresse (Alerta); ISSL -2ª (Res. Q Ex): 2ª fase do
estresse (Resistência e Quase Exaustão); ISSL- 3ª (Exaustão): 3ª fase do estresse (Exaustão); SAS Ans Som: Ansiedade Somática; SAS Pens Exp:
Pensamentos Experimentados; SAS Pert. Conc: Nível de perturbação da concentração; CSAI Ans. Cog.: Ansiedade Cognitiva; CSAI Ans. Som..:Ansiedade
Somática; CSAI Autoconf: Autoconfiança; Dif. Cortisol: Diferença entre cortisol pré e pós.
Os números em negrito, sublinhado e com asterisco são classificados como alta correlação (r= 0,07).
56
Conforme a tabela 9, observa-se que não foi encontrada correlação entre as escalas
de estresse e recuperação avaliadas pelo RESTQ-Sport, o ISSL, o SAS e o CSAI. É importante
ressaltar que os instrumentos avaliam condições diferentes, ou seja, o ISSL observa a ocorrência
do estresse nas 24 horas, no último mês e nos últimos 3 meses, enquanto que o RESTQ-Sport
considera os estados atuais de estresse e recuperação dos atletas percebidos nas 72 horas
anteriores, contemplando as diversas situações vivenciadas pelos esportistas.
Apesar disso, os dois instrumentos de estresse indicaram que os atletas percebem
os estados e sintomas de estresse de forma semelhante, ou seja, assim como o estado de estresse
foi percebido pelos atletas com baixos ou moderados índices, já no ISSL os atletas não
apresentaram em nenhuma fase do estresse.
Nos instrumentos de ansiedade também não foi encontrada correlação entre o SAS
e o CSAI, apesar desses resultados, constatou-se que os dois instrumentos de medida de
ansiedade competitiva mostraram baixos níveis de ansiedade pré semana de treinamento.
Semelhante ao presente estudo, a não correlação entre indicadores psicológicos e
fisiológicos do estresse também foi encontrada em alguns estudos (VEDHARA e MILES, 2003;
KELLER, 2006).
No estudo de Vedhara et al (2003) examinou-se a relação entre os índices de
estresse versus as mudanças nos níveis de cortisol, em cinquenta e quatro mulheres, verificou-
se que não houve relações significativas entre os níveis de cortisol absolutos e as medidas de
estresse. No estudo de Keller (2006), no qual ele comparou os níveis de cortisol salivar e
estresse em atletas de luta olímpica de alto rendimento, foi verificado que não houve nenhuma
correlação significativa entre as alterações de cortisol e as reações fisiológicas e psicológicas
do estresse.
Desta forma, o estudo do cortisol como preditor de estresse, vem ganhando a cada
dia mais pesquisadores interessados em aprofundar as investigações, à medida que aumenta a
necessidade de se controlar os efeitos do estresse, no rendimento de atletas profissionais das
mais variadas modalidades esportivas.
A literatura investigada, não apresenta estudos relacionando respostas fisiológicas
fo estresse com sua percepção de estresse psicológico através destes inventários, dificultando a
comparação dos resultados do presente estudo.
58
5. CONCLUSÔES
O objetivo do presente estudo foi avaliar a percepção de estresse e recuperação
(psicológico e fisiológico) e da ansiedade, em atletas da Seleção Brasileira de Futebol de Sete
Paralímpico em uma semana de treinamento.
A análise realizada através dos níveis fisiológicos de estresse apresentados pelos atletas
nos diferentes momentos avaliados (repouso e pós semana de treinamento) demonstrou
diferenças significativas entre os valores de Cortisol. Esses resultados sugerem que a demanda
fisiológica e psicológica despendida pelos atletas foi suficientemente capaz de gerar
significativa descarga hormonal.
Os baixos escores de estresse e os altos escores de recuperação diagnosticados nas
escalas do RESTQ-Sport, nas situações de treinamento, demonstram que os atletas estudados
apresentaram adequada capacidade em lidar com as situações geradoras de estresse. Em geral,
baixos escores em áreas relacionadas com estresse e altos escores relacionados com as áreas de
recuperação são considerados positivos. Observa-se que no REST-Q Sport as recuperações pós
tanto geral quanto esportivo foram maiores do que no momento pré semana de treinamento.
Não foram encontradas correlações entre as escalas de estresse e recuperação avaliadas
pelo RESTQ-Sport e os sintomas de estresse e as medidas fisiológicas (valores do cortisol).
Bem como as outras variáveis do estudo. Como ainda são poucos os estudos que relacionam as
respostas endócrinas de estresse com a sua percepção subjetiva, avaliada por meio de
inventários que buscam diagnosticar os sintomas de estresse, a comparação dos resultados do
presente estudo com outras investigações é limitada (KELLER, 2006).
Inventário de Estresse ISSL os atletas não apresentaram sintomas estatisticamente
significativos de estresse.
Ao avaliar os sintomas de ansiedade, pelo questionário SAS observou-se que os atletas
apresentaram baixas medidas do traço de ansiedade. Já para o questionário CSAI os atletas
apresentaram ansiedade cognitiva e somática baixa e autoconfiança alta.
Sugere-se que novas investigações analisem um maior tempo de treinamento bem como
em períodos de competição, a fim de investigar melhor os resultados, assim como captar
possíveis alterações psicológicas e fisiológicas tanto em situações de treinamento e
competitivas.
Pretende-se, através dos resultados do presente estudo, possibilitar maior esclarecimento
acerca dos estados e sintomas de estresse, recuperação e ansiedade em um determinado período
de treinamento a todos os envolvidos com a prática esportiva de alto nível.
60
6.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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69
ANEXO 1 - Ficha de Identificação
Estes questionários destinam-se à realização de um trabalho de investigação na área da Psicologia da Atividade Física. Trata-se de um instrumento pessoal e subjetivo. Sua identidade será mantida em sigilo. Responda com sinceridade e seriedade. Não existem respostas certas ou erradas.
Obrigado pela colaboração!
Nome completo:____________________________________________________________________________
Dara de nascimento: _______/______/______ Idade: ________ Sexo: ( ) F ( ) M
Altura: ___________ Peso: ______ Estado civil: ______________________ Filhos:________________________
Local (cidade) de nascimento: __________________________________________________________________
Escolaridade: ________________________________________________________________________________
E-mail: _____________________________________________________________________________________
Telefone para contato: ________________________________________________________________________
Possui doença crônica? ( ) Sim ( ) Não Se sim, qual? _______________________________________________
Tipo de lesão: ________________________________________________________________________________
Medicações: _________________________________________________________________________________
Quando e como aconteceu a lesão: ______________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________
Comprometimentos com a lesão: ________________________________________________________________
Há quanto tempo pratica a modalidade? _________________________________________________________
Modalidades que já praticou (idade de início, tempo de prática, porque parou):
___________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________
Incentivo à prática (principais pessoas que incentivaram, motivação para praticar esporte, etc):
___________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________
Qual o seu objetivo ao iniciar este esporte?
( ) Saúde ( ) Estética ( ) Lazer ( ) Convívio social ( ) Terapêutico ( ) Outros: ____________ O que faz se manter na modalidade?____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
70
ANEXO 2 - CSAI-2
Inventário do Estado de Ansiedade Competitiva - II (CSAI-2)
A seguir, são várias declarações que os atletas usam para descrever seus sentimentos antes competição.
Leia cada afirmação e assinale o número apropriado para indicar como você se sente agora, neste
momento. Não há respostas certas ou erradas. Não gaste muito tempo em cada questão.
Nada Um pouco Moderada-
mente
Extrema-
mente
1. Estou preocupado com este jogo/competição 1 2 3 4
2. Sinto-me nervoso 1 2 3 4
3. Sinto-me à vontade 1 2 3 4
4. Tenho dúvidas acerca de mim 1 2 3 4
5. Sinto-me agitado 1 2 3 4
6. Sinto-me confortável 1 2 3 4
7. Estou preocupado porque posso não jogar tão bem como
sou capaz neste jogo
1 2 3 4
8. Sinto meu corpo tenso 1 2 3 4
9. Sinto-me confiante 1 2 3 4
10. Estou preparado para o fato de poder perder 1 2 3 4
11. Sinto-me enjoado 1 2 3 4
12. Sinto-me seguro 1 2 3 4
13. Estou preocupado pelo fato de poder falhar sob a pressão
da competição
1 2 3 4
14. Sinto o meu corpo relaxado 1 2 3 4
15. Estou confiante de que posso enfrentar o desafio que me
é colocado
1 2 3 4
16. Estou preocupado pelo fato de poder ter um mau
rendimento
1 2 3 4
17. O meu coração está acelerado 1 2 3 4
18. Estou confiante de que vou ter um bom rendimento 1 2 3 4
71
19. Estou preocupado pelo fato de poder não atingir o meu
objetivo
1 2 3 4
20. Sinto o meu estômago frio 1 2 3 4
21. Sinto-me mentalmente relaxado 1 2 3 4
22. Estou preocupado pelo fato de que outros se desapontem
com o meu rendimento
1 2 3 4
23. As minhas mãos estão frias e úmidas 1 2 3 4
24. Estou confiante porque me imagino, mentalmente,
atingindo o meu objetivo
1 2 3 4
25. Estou preocupado pelo fato de poder não ser capaz de
me concentrar
1 2 3 4
26. Sinto o meu corpo rígido 1 2 3 4
27. Estou confiante em conseguir ultrapassar os obstáculos
sob a pressão da competição
1 2 3 4
CSAI-2
72
ANEXO 3 - SAS
Ansiedade Traço Competitiva (SAS)
Nada Muito
1. Sinto-me nervoso(a) 1 2 3 4
2. Durante a competição, dou comigo a pensar em coisas que não estão relacionadas
com o que estou a fazer
1 2 3 4
3. Tenho dúvidas acerca de mim próprio(a) 1 2 3 4
4. Sinto o meu corpo tenso 1 2 3 4
5. Estou preocupado(a) com a possibilidade de não ter um rendimento tão bom como
poderia
1 2 3 4
6. A minha mente “divaga” ou “fica no ar” durante a competição 1 2 3 4
7. Muitas vezes, enquanto estou a competir, não presto atenção ao que se está a
passar
1 2 3 4
8. Sinto a tensão no estômago 1 2 3 4
9. Pensamentos acerca de um mau rendimento interferem com a minha
concentração, durante a competição
1 2 3 4
10. Estou preocupado(a) com o facto de poder falhar sob a pressão da competição 1 2 3 4
11. O meu coração bate muito depressa 1 2 3 4
12. Sinto o estômago “às voltas” 1 2 3 4
13. Estou preocupado(a) com a possibilidade de ter um mau rendimento 1 2 3 4
14. Tenho quebras ou falhas de concentração durante a competição, por causa do
nervosismo
1 2 3 4
15. Algumas vezes dou comigo a tremer antes ou durante a competição 1 2 3 4
16. Estou preocupado(a) com a possibilidade de ter um mau rendimento 1 2 3 4
17. Sinto o meu corpo rígido (tenso) 1 2 3 4
18. Estou preocupado(a) por algumas pessoas poderem ficar desapontadas com o meu
rendimento
1 2 3 4
73
19. O meu estômago fica “perturbado” ou em “mau estado” antes ou durante a
competição
1 2 3 4
20. Estou preocupado(a) com a possibilidade de não ser capaz de me concentrar 1 2 3 4
21. Antes da competição o meu coração bate com força 1 2 3 4
SAS
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