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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAS APLICADAS - GESTÃO

CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

CAROLINE SILVEIRA FERREIRA

ANÁLISE DO PROCESSO DE GESTÃO FINANCEIRA DA EMPRESA POSTO LAGOA LTDA.

São José 2009

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CAROLINE SILVEIRA FERREIRA

ANÁLISE DO PROCESSO DE GESTÃO FINANCEIRA DA EMPRESA POSTO LAGOA LTDA.

Trabalho de Conclusão de Estágio - apresentado como

requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em

Administração da Universidade do Vale do Itajaí.

Professor Orientador: Crisanto Soares Ribeiro

São José 2009

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CAROLINE SILVEIRA FERREIRA

ANÁLISE DO PROCESSO DE GESTÃO FINANCEIRA DA EMPRESA POSTO LAGOA LTDA.

Este Trabalho de Conclusão de Estágio foi julgado adequado e aprovado em sua forma final

pela Coordenação do Curso de Administração da Universidade do Vale do Itajaí, em 02 de

dezembro de 2009.

Prof(a) MSc. Luciana Merlin Bervian UNIVALI – Campus São José

Coordenador(a) do Curso

Banca Examinadora:

Prof(a) MSc. Crisanto Soares Ribeiro

UNIVALI – Campus São José Professor Orientador

Prof(a) Dra. Anete Alberton

UNIVALI – Campus São José Membro

Prof Dr. Sidney Marinho

UNIVALI – Campus São José Membro

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AGRADECIMENTOS

Ao Senhor, pela vida.

À minha família, pelo apoio e preocupação com meu crescimento pessoal e

profissional, pelo carinho, amor e participação em todas as etapas da minha vida. Gratidão

eterna por contribuir no desenvolvimento do meu caráter e conduta ética.

Ao curso de Administração da Universidade do Vale do Itajaí em São José, seus

professores e colaboradores, pelo incentivo, inspiração, motivação e exemplo demonstrados

ao longo do curso.

Aos colegas de aula, pela amizade, companheirismo, ajuda e auxílios demonstrado

durante todo o curso.

Ao professor Crisanto Soares Ribeiro, pelo apoio, orientação e paciência durante o

desenvolvimento do projeto.

Ao meu pai e supervisor de campo, Alceu João Ferreira, pela paciência e atenção

durante a realização deste trabalho em sua empresa, Posto Lagoa Ltda., pela confiança e

contribuição demonstrada ao longo da realização do mesmo.

Aos amigos e ao meu namorado Pedro Henrique, pelo incentivo constante e por

acreditar em mim em momentos em que eu não acreditava.

A todos que, de uma forma ou de outra, contribuíram para a realização deste trabalho,

meus agradecimentos sinceros.

Dedicatória (opcional): o autor dedica sua obra ou

presta homenagens a pessoa(s); a dedicatória deve

ser localizada na parte inferior direita da folha.

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RESUMO

O presente trabalho de conclusão de estágio teve como objetivo geral a análise do processo de gestão financeira da empresa Posto Lagoa Ltda. Para a conclusão deste objetivo, foram traçados os seguintes objetivos específicos: Identificar as atividades desenvolvidas pelo setor de contas a pagar e a receber; verificar o grau de inadimplência por parte dos clientes e reconhecer as variáveis que afetam o fluxo de caixa da empresa. O trabalho caracteriza-se como sendo uma pesquisa de aplicação, e foram utilizados dados primários, fornecidos pela empresa para possibilitar as análises, e dados secundários, que forneceram o entendimento teórico acerca de gestão financeira. Os dados primários fornecidos pela empresa são compostos por relatórios de venda bruta mensal dos produtos, relatórios de vendas em dinheiro e cartões de crédito, notas fiscais de compra, relatório dos inadimplentes, anotações de despesas gastas mês a mês além de dados de receitas anuais fornecido pela contabilidade. Os dados secundários utilizados foram em sua maioria retirados de livros específicos no assunto de gestão financeira e fluxo de caixa. Sites e revistas especializadas no assunto também foram utilizados como base de dados secundários. A partir dos dados foi elaborada planilha de receitas e despesas referente ao período de Janeiro a Julho de 2009, demonstrando as atividades desenvolvidas pelo setor de contas a pagar e a receber. Depois de concluída a planilha, os dados da mesma foram utilizados para a montagem de gráficos que possibilitam a melhor visualização das despesas e receitas da empresa. Com a ajuda dos gráficos pôde-se descrever e analisar as contas pagas e recebidas, além de ser observada os pontos positivos e negativos nos meses analisados, o que evidenciou a necessidade da empresa implementar sistemáticas de controle financeiro, principalmente em relação a inadimplência. Buscou-se também identificar e analisar os fatores que interferiram no fluxo de caixa da empresa, dentre os quais se destacam a sazonalidade, aspectos climáticos, infra-estrutura e mercados automobilístico, turístico e concorrencial. Como resultado dessas análises, a empresa pode agora planejar suas atividades e rever seus processos financeiros de forma a atingir níveis de lucratividade e rentabilidade adequados.

Palavras-chave: finanças, controles e fluxo de caixa.

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ABSTRACT

The present work experience conclusion job aimed to analyze the process of financial management of Posto Lagoa Ltda. In order to carry out the research and to analyze the data, the following was applied: to recognize the activities developed by the debts and receivable accounts sector, to verify the level and possible reasons of clients payment defaults and to identify what variables compromise the company’s cash flow. The study is characterized as an application research, making use of primary data provided by the company itself that made possible the analysis, and secondary data which provided theoretical understanding concerning financial management. Primary data was provided by the company through Gross Sales reports of products, Cash and Credit Card Sales report, purchase invoices, reports about the debtors, notes concerning month by month expenditure and also company’s annual income data provided by the accountancy. Secondary data used for this research were mainly extracted from books about financial management and cash flow, as well as magazines and websites specialized on this area. From the results, a worksheet of company’s incoming and outgoing between January and July 2009 was produced, showing the activities developed by debts and receivable accounts sector. Once the worksheet was concluded, its information were used to set graphics that enabled a better view of company’s income and outgoing. Using these graphics, it became possible to describe and analyze received and paid bills, and yet observe the positive and negative aspects on the months that were analyzed, which made clear the company’s need to initiate systematics of financial control, specially on the matter of client’s default. Another purpose was identify and analyze what factors interfered on Posto Lagoa’s cash flow, and among these factors are seasonality, climatic aspects, infrastructure and automobile business market, tourism and competition. As result, the company can now plan its activities and review its financial processes in order to reach appropriate profitability levels.

Key-words: finances, controlling, cash flow.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Quadro 1 – Modelo de Fluxo de Caixa .................................................................................... 55

Quadro 2 – Modelo de Fluxo de Caixa .................................................................................... 58

Quadro 3 – Modelo de Fluxo de Caixa .................................................................................... 59

Quadro 4 – Demonstração de Fluxo de Caixa .......................................................................... 60

Quadro 5 - Planilha de Receitas e Despesas do Ano de 2009 .................................................. 71

Quadro 6 – Movimento Estimado de Turistas .......................................................................... 91

Quadro 7 – Gasto Médio Estimado por Turista em Dólar ........................................................ 91

Quadro 8 – Principais Mercados Emissores – Nacionais % ..................................................... 92

Quadro 9 – Estatística de Veículos do Município de Garopaba ............................................... 95

Gráfico 1- Receitas anuais ........................................................................................................ 70

Gráfico 2 – Comparativo Pagamentos x Recebimentos do período ........................................ 72

Gráfico 3 – Compras do período .............................................................................................. 73

Gráfico 4 – Despesas de Janeiro ............................................................................................... 74

Gráfico 5 – Compras de Janeiro ............................................................................................... 74

Gráfico 6 – Receitas de Janeiro ................................................................................................ 76

Gráfico 7 – Despesas x Receitas de Janeiro ............................................................................. 77

Gráfico 8 – Despesas de Fevereiro ........................................................................................... 78

Gráfico 9 – Compras de Fevereiro ........................................................................................... 78

Gráfico 10 – Receitas de Fevereiro .......................................................................................... 79

Gráfico 11 – Despesas x Receitas de Fevereiro ....................................................................... 79

Gráfico 12 – Despesas de Março .............................................................................................. 80

Gráfico 13 – Compras de Março .............................................................................................. 80

Gráfico 14 – Receitas de Março ............................................................................................... 81

Gráfico 15 – Despesas x Receitas de Março ............................................................................ 82

Gráfico 16 – Despesas de Abril ................................................................................................ 82

Gráfico 17 – Compras de Abril ................................................................................................ 83

Gráfico 18 – Receitas de Abril ................................................................................................. 83

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Gráfico 19 – Despesas x Receitas de Abril .............................................................................. 84

Gráfico 20 – Despesas de Maio ................................................................................................ 84

Gráfico 21 – Compras de Maio ................................................................................................ 85

Gráfico 22 – Receitas de Maio ................................................................................................. 85

Gráfico 23 – Despesas x Receitas de Maio .............................................................................. 86

Gráfico 24 – Despesas de Junho ............................................................................................... 86

Gráfico 25 – Compras de Junho ............................................................................................... 87

Gráfico 26 – Receitas de Junho ................................................................................................ 87

Gráfico 27 – Despesas x Receitas de Junho ............................................................................. 88

Gráfico 28 – Despesas de Julho ................................................................................................ 88

Gráfico 29 – Compras de Julho ................................................................................................ 89

Gráfico 30 – Receitas de Julho ................................................................................................. 89

Gráfico 31 – Despesas x Receitas de Julho .............................................................................. 90

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 12

1.1 Objetivos ............................................................................................................................. 13

1.1.1 Objetivo geral. ................................................................................................................. 13

1.1.2 Objetivos específicos ....................................................................................................... 13

1.2 Justificativa ......................................................................................................................... 14

1.3 Apresentação geral do trabalho .......................................................................................... 15

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................................................... 16

2.1. Administração Financeira .................................................................................................. 16

2.2. Objetivos da Administração Financeira ............................................................................ 17

2.3. Funções do Administrador Financeiro .............................................................................. 20

2.3.1. Tomada de decisão ......................................................................................................... 22

2.3.2. Controle e Planejamento Financeiro .............................................................................. 23

2.4 Capital de giro .................................................................................................................... 25

2.4.1. Administração do capital de giro .................................................................................... 27

2.5 Administração das disponibilidades ................................................................................... 28

2.5.1 Princípios de uma boa administração de disponibilidades .............................................. 28

2.5.2 Razões de manter saldos suficientes de caixa ................................................................. 30

2.5.3 Vantagens de manter saldos suficientes de caixa ............................................................ 32

2.5.4 Técnicas de administração do caixa ................................................................................ 33

2.5.5 Orçamentos de caixa ........................................................................................................ 36

2.6 Administração financeira de estoques ............................................................................... 36

2.6.1 Tipos de estoques ............................................................................................................ 37

2.6.2. Decisões acerca da administração financeira de estoques .............................................. 38

2.6.3 Custos da administração financeira de estoques ............................................................. 40

2.6.4 Controle dos estoques ...................................................................................................... 40

2.6.4.1 Lote econômico de compra ........................................................................................... 41

2.6.4.2 Método da faixa vermelha ............................................................................................ 42

2.6.4.3 Método Just in time ...................................................................................................... 43

2.7 Administração de contas a receber ..................................................................................... 44

2.7.1 Análise e concessão de crédito ........................................................................................ 44

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2.7.2 Política de crédito ............................................................................................................ 46

2.7.2.1 Procedimentos de cobrança .......................................................................................... 47

2.8 Ênfase no fluxo de caixa ..................................................................................................... 49

2.8.1 Objetivos do fluxo de caixa ............................................................................................. 51

2.8.2 Métodos de fluxo de caixa ............................................................................................... 52

2.8.3 Modelos de fluxo de caixa ............................................................................................... 53

2.8.3.1 Modelo de fluxo de caixa proposto por Zdanowicz (1995) .......................................... 53

2.8.3.2 Modelo de fluxo de caixa proposto por Padoveze (1995) ............................................ 57

2.8.3.3 Modelo de fluxo de caixa proposto por Longo (2001) ................................................. 58

2.8.3.4 Modelo de fluxo de caixa proposto por Hoji (2004) .................................................... 60

2.9 Decisões de Financiamento ................................................................................................ 61

2.9.1 Vantagens e desvantagens do financiamento de curto prazo .......................................... 64

3 ASPECTOS METODOLÓGICOS .................................................................................... 66

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO DOS DADOS ................................................................ 69

4.1 Caracterização da empresa ................................................................................................. 69

4.2 Resultados ........................................................................................................................... 70

4.2.1 Levantamento anual dos pagamentos e receitas .............................................................. 72

4.2.2 Levantamento anual de compras ..................................................................................... 73

4.2.3 Análise mensal - Janeiro .................................................................................................. 74

4.2.4 Análise mensal - Fevereiro .............................................................................................. 77

4.2.5 Análise mensal - Março ................................................................................................... 80

4.2.6 Análise mensal - Abril ..................................................................................................... 82

4.2.7 Análise mensal - Maio ..................................................................................................... 84

4.2.8 Análise mensal - Junho .................................................................................................... 86

4.2.9 Análise mensal - Julho ..................................................................................................... 88

4.3 Conclusões acerca do que foi observado ............................................................................ 90

4.3.1 Aspecto turístico .............................................................................................................. 91

4.3.2 Concorrência.. .................................................................................................................. 92

4.3.3 Fatores climáticos e meteorológicos ............................................................................... 93

4.3.4 Gestão mal estruturada e planejada ................................................................................. 94

4.3.5 Quantidade de veículos licenciados circulando ............................................................... 95

4.3.6 Melhoria da Estrutura Viária - Duplicação da BR – 101 ................................................ 96

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4.3.7 Inadimplência. ................................................................................................................. 97

4.3.8 Resultado sobre as análises dos fatores acima descritos ................................................. 98

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 100

REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 102

APÊNDICES ......................................................................................................................... 106

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LISTA DE SIGLAS

SEBRAE – SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS.

JIT – JUST IN TIME.

LEC – LOTE ECONÔMICO DE COMPRA.

FGTS – FUNDO DE GARANTIA POR TEMPO DE SERVIÇO.

INSS – INSTITUTO NACIONA DO SEGURO SOCIAL-GERAL.

INMETRO – INSTITUTO NACIONAL DE METROLOGIA, NORMATIZAÇÃO E

QUALIDADE INDUSTRIAL.

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1 INTRODUÇÃO

Diante da crescente complexidade que o mercado e os negócios vêm apresentando

torna-se importante ter uma visão crítica mais acurada e global da empresa. De acordo com

Ross, Westerfield e Jordan (2000), as atividades da empresa tornam-se importantes a cada dia,

assumindo maiores níveis de responsabilidade, prevendo-se grandes desafios para o futuro.

Sabe-se que administrar um negócio envolve muitas funções diferentes. Segundo

Sanvicente (1987), é finanças que faz com que tudo aconteça, é o que dirige todo o resto. No

mundo competitivo e globalizado de hoje, é imprescindível para uma pequena empresa estar

se atualizando e buscando sempre melhorias para que os objetivos da empresa sejam

respeitados.

De acordo com Gitman (2002), sem capital que atenda as necessidades da empresa,

não se pode desenvolver, expandir ou criar novos negócios. A administração financeira tem

como principal objetivo assegurar que este capital esteja disponível nos montantes adequados,

no momento certo, e ao menor custo. Planejar os gastos, custos e lucros é o caminho para

qualquer empresa que queira crescer.

Através da utilização adequada de ferramentas de gerenciamento financeiro,

integradas de maneira geral e sistêmica, os recursos começam a aparecer, o que propicia

maior segurança para os administradores na condução da empresa.

Segundo Navarro (2008), a capacidade de planejar cria a oportunidade de enxergar o

futuro. Isto significa criar condições, hoje, para que o futuro financeiro se aproxime de forma

mais previsível.

A empresa estudada – Posto Lagoa – é uma micro empresa que possui a característica

comum ainda a muitas micro e pequenas empresas: todas as funções gerenciais são

centralizadas nas mãos de uma única pessoa. Este responsável não possui formação

acadêmica, e todo seu conhecimento no ramo provém das experiências vividas no dia-a-dia ao

longo dos seis anos de vida da empresa.

Esta falta de conhecimento específico na área gerencial acaba por se tornar um ponto

negativo na administração da empresa. Segundo pesquisas realizadas pelo Serviço Brasileiro

de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE, 2002), um dos maiores problemas

enfrentados por estas empresas é justamente a falta de conhecimento de instrumentos que

auxiliem na gestão do negócio, e a insuficiência de capital de giro para as transações básicas

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do dia-a-dia. Estes também são os maiores causadores das altas taxas de mortalidade de

empresas registradas nas juntas comerciais do país.

Para que este fato não seja realidade dentro do ambiente empresarial, Assaf Neto

(2006) salienta que a administração financeira volta-se para as funções de planejar a expansão

e possíveis desajustes; controlar e analisar desvios que venham a ocorrer entre os resultados

previstos e realizados; administrar os ativos que acompanha as defasagens que podem ocorrer

entre entradas e saídas de dinheiro do caixa; e administrar os passivos, que se volta para a

aquisição de fundos e o gerenciamento de sua composição.

Diante do exposto, acredita-se ser interessante e necessário um estudo sobre a área

financeira da empresa, esclarecendo conseqüentemente sua atual situação para futuras

melhorias. Este projeto surge tendo como foco principal propor uma análise da situação

financeira atual da empresa e identificar as variáveis que afetam o fluxo de caixa da mesma.

Para tanto, surge a seguinte questão: como desenvolver a análise da atual

situação financeira da empresa?

1.1 Objetivos

1.1.1 Objetivo geral

Analisar o processo de gestão financeira da empresa Posto Lagoa Ltda, com atuação

do ramo do comercio varejista de combustíveis

1.1.2 Objetivos específicos

• Identificar as atividades desenvolvidas pelo setor de contas a pagar e a receber;

• Verificar o grau de inadimplência por parte dos clientes;

• Reconhecer as variáveis que afetam o fluxo de caixa da empresa.

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1.2 Justificativa

Este trabalho justifica-se pela necessidade de se estruturar a área financeira da empresa

Posto Lagoa, já que não existe um modelo formal e organizado de forma a suprir as

necessidades de médio e longo prazo. Segundo Gitman (2002), administrar os recursos

financeiros é a tarefa mais importante e merece atenção dentro de uma organização. O

conhecimento de finanças torna-se essencial para as pessoas engajadas na prática de conduzir

negócios.

Este projeto verifica também, os principais problemas e variáveis que afetam o

planejamento das atividades no setor financeiro. Com um setor financeiro estruturado, é

possível entender as informações, de forma a auxiliar a tomada de decisão. Questões como

fluxo de caixa, aquisição de produtos, contas a pagar e receber serão melhores analisadas e

entendidas.

De acordo com o Sebrae (2002), a gestão financeira é o conjunto de ações e

procedimentos administrativos que envolvem o planejamento, a análise e o controle das

atividades financeiras da empresa. Seu objetivo é melhorar os resultados apresentados pela

empresa e aumentar o valor do patrimônio por meio da geração de lucro líquido proveniente

das atividades operacionais. Sendo assim, a análise financeira fornece os meios para tornarem

flexíveis e corretas as decisões de investimento, no momento mais apropriado e vantajoso.

Este projeto se torna viável devido ao interesse da empresa em programar um sistema

de gestão financeira, já que o administrador responsável percebe a falta de um planejamento

organizado e correto, mas não sabe como fazê-lo. A empresa não possui um planejamento

efetivo e controles sobre as contas a pagar e receber, sendo as compras efetuadas mediante

necessidade, ou falta de produtos, não havendo um planejamento sobre as quantidades de

combustíveis que deveriam ser compradas mensalmente. Como conseqüência, as contas a

pagar surgem e vão sedo pagas à medida que vão vencendo, não havendo controle sobre o

dinheiro que está sendo utilizado.

Segundo Ross, Westerfield e Jaffle (1995), uma correta administração financeira

permite que se visualize a atual situação da empresa. Registros adequados permitem análises e

colaboram com o planejamento para aperfeiçoar resultados.

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1.3 Apresentação geral do trabalho

No primeiro capítulo definem-se o propósito do estudo, a introdução, objetivo geral e

específico, além da justificativa pela escolha do tema.

No capítulo 2 é apresentada a fundamentação teórica, onde são descritas os principais

conceitos e características de diversas literaturas em vigor, de diferentes autores com

conhecimento no assunto específico estudado.

No capítulo 3 é relatada a descrição dos métodos da pesquisa, que possui o objetivo de

esclarecer os procedimentos utilizados na coleta de informações para a realização deste

projeto. Assim, o autor descreve as ferramentas que foram utilizadas para análise do conteúdo

e como foram coletados e descritos os dados, que auxiliam na etapa de conclusão das

atividades.

O capítulo 4 é reservado para a exposição dos resultados do estudo (apresentação e

análise dos dados obtidos), desenvolvida com base no conteúdo teórico apresentado no

capítulo 2.

As considerações finais do trabalho estão expostas no capítulo 5, que possui o objetivo

de fechar o conteúdo com uma conclusão a respeito do trabalho e estudo realizado.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Neste capítulo será descrito os principais assuntos e características que se relacionam

com o tema estudado, utilizando-se a literatura em vigor e diferentes autores com

conhecimento especifico no assunto.

2.1. Administração Financeira

Segundo Archer e D´Ambrósio (1969 apud SANVICENTE, 1987 p. 21), “a

administração financeira compreende esforços despendidos objetivando a formulação de um

esquema que seja adequado à maximização dos retornos dos proprietários da empresa, ao

mesmo tempo em que possa propiciar a manutenção de um certo grau de liquidez”.

Semelhante ao que foi citado, Ross, Westerfield e Jaffle (1995), destacam que a

finalidade da empresa é criar valor para o seu proprietário. A Administração Financeira surge

como mediadora para que este objetivo seja alcançado, o valor da empresa é refletido em seu

modelo básico, representado pelo seu balanço patrimonial.

Gropelli e Nikbakht (1999, p. 3) conceituam a administração financeira como sendo “a

aplicação de uma série de princípios econômicos para maximizar a riqueza ou valor total de

um negócio”. De acordo com o citado, Hoji (2000, p. 21), afirma que “o objetivo da

administração financeira é a maximização do seu valor de mercado em longo prazo, e

conseqüentemente desta forma se alcança o objetivo principal: aumentar a riqueza de seus

proprietários”. Para conseguir este resultado, segundo o autor, uma empresa é dividida em

três atividades principais: atividades de planejamento e controle financeiro, de investimento e

de financiamento. Salienta que todas as atividades empresariais envolvem recursos e,

portanto, são conduzidas para obtenção do lucro.

O planejamento e controle financeiro, segundo Hoji (2000), consistem em coordenar,

monitorar e avaliar todas as atividades da empresa, por meio de relatórios financeiros, além de

participar das decisões estratégicas para alavancar as operações. As decisões de investimento

dizem respeito à destinação dos recursos financeiros para aplicação em ativos correntes e não

correntes, considerando-se a relação adequada de risco e de retorno dos capitais investidos.

Finalmente as decisões financeiras devem ser tomadas, segundo o autor, para captação de

recursos financeiros para o financiamento dos ativos correntes e não correntes, considerando-

se a combinação adequada dos financiamentos a curto e em longo prazo e a estrutura do

capital.

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Segundo Brigham e Houston (1999), a administração financeira é a área responsável

pela previsão e planejamento financeiro da empresa, pelas decisões de investimento,

financiamento, coordenação, controle financeiro e pelo trabalho com os mercados financeiros.

Todos os indivíduos e organizações obtêm receitas ou levantam fundos, gastam ou

investem. Segundo Gitmam (2002), a área ocupa-se dos processos, instituições, mercados e

instrumentos envolvidos na transferência de fundos entre pessoas, empresas e governos.

Segundo o autor, a administração financeira é subdividida em duas grandes áreas: serviços

financeiros, responsável pela concepção e prestação de assessoria financeira, e a

administração financeira, que cuida da administração geral dos valores em uma organização.

Seguindo a perspectiva de Gitman (2002), Lemes Junior, Rigo e Cherobim (2005, p.

4) destacam: “a administração financeira é a arte e a ciência de administrar recursos

financeiros, para maximizar a riqueza dos acionistas”.

Kwasnicka (1995) possui esta mesma linha de pensamento, ao afirmar que a

administração financeira visa à valorização da empresa e de que forma as decisões podem ser

tomadas para maximizar esta valorização.

Estas afirmativas nos proporcionam uma idéia sobre os principais objetivos da

administração financeira e sua importância para as organizações.

2.2. Objetivos da Administração Financeira

Segundo Sanvicente (1987, p. 21), “o objetivo financeiro básico implícito nas decisões

de administração financeira é a maior rentabilidade possível sobre o investimento efetuado

por indivíduos ou instituições caracterizados como proprietários”. O autor faz uma ressalva: a

rentabilidade máxima, desde que não seja comprometida a liquidez da empresa.

Sanvicente (1987) afirma que com esse propósito se alcança a maximização da

riqueza. A riqueza da empresa, por sua vez, é aquela riqueza sobre a qual a administração

possui controle efetivo; está ligada ao crescimento e ao tamanho da empresa. A riqueza da

empresa não se confunde necessariamente com a do acionista. Tende a levar ao crescimento

maior com a destinação de fundos para esse fim e limitações à intensidade com a qual se

levanta capital próprio. Crescimento e tamanho maior não levam necessariamente ao aumento

da riqueza do acionista.

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De acordo com Ross, Westerfield e Jordan (2000, p. 44), uma versão geral dos

objetivos da administração financeira é “maximizar o valor de mercado do capital dos

proprietários existentes”.

Em perspectiva similar, Assaf Neto (2002) destaca que a administração financeira

busca idealmente a maximização da riqueza dos acionistas como forma de justificar a

existência da atividade empresarial. A empresa deverá centrar suas decisões financeiras de

maneira a oferecer uma remuneração compatível com as expectativas de seus proprietários,

tornando cada vez mais eficaz o uso dos recursos aplicados em suas operações.

Em perspectiva complementar, Gitman (2002, p. 19), salienta que “embora a riqueza

do acionista seja o objetivo principal, muitas empresas têm ampliado seu foco para incluir os

interesses dos stakeholders, tanto quanto os dos acionistas”. Sendo que os stakeholders são

grupos tais como empregados, clientes, fornecedores, credores e outros que possuem vínculo

econômico direto com a empresa. Uma atenção a eles evitará medidas que possam ser

prejudiciais, ou seja, afetar sua riqueza, transferindo-a a empresa.

Ainda de acordo com Gitman (2002, p. 16):

Algumas pessoas acreditam que o objetivo dos proprietários é sempre a maximização dos lucros. Para atingir o objetivo da maximização do lucro, o administrador financeiro toma apenas aquelas providências que se espera irão dar maior contribuição para a lucratividade total da empresa. (...) Este objetivo é falho por várias razões: a data de ocorrência dos retornos, o fluxo de caixa disponível aos acionistas e o risco.

Ross, Westerfield e Jordan (2000 p. 43), concordam com o exposto acima, quando

afirmam que “a maximização de lucro talvez seja o objetivo empresarial mais freqüentemente

citado, mas não é um objetivo muito preciso”, uma vez que providências de curto prazo,

tendentes a reduzir custos, provocando aumento dos lucros, não são necessariamente

desejáveis. Portanto, tal objetivo não garante qual é o equilíbrio apropriado entre lucro

corrente e lucro futuro.

Lemes Junior, Rigo e Cherobim (2005) acreditam que o objetivo principal da

administração financeira é proporcionar condições que garantam rentabilidade e liquidez dos

recursos financeiros para a organização. Os mesmos autores salientam que o objetivo de

maximização de lucro, muitas vezes sugerido, está sujeito a diversos questionamentos e

restrições. Isto porque o lucro, conforme determinado pelos princípios contábeis consagrados,

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não define a efetiva capacidade financeira de pagamento da empresa, pois seu critério de

apuração é baseado no regime de competência, e não no de caixa.

Em perspectiva similar, Assaf Neto (2006) afirma que a escolha do lucro como medida

do objetivo da empresa é uma medida que não leva em conta a forma como seus resultados

são distribuídos no tempo, ignorando o valor da moeda no tempo. Segundo ele, outras

medidas do objetivo da empresa, não tão freqüentemente como lucro, são também propostas,

como crescimento das vendas, rentabilidade, participação de mercado, endividamento e

liquidez, entre outras. No entanto, qualquer dessas medidas não pode constituir-se sozinha no

objetivo mais eficiente do processo de tomada de decisões financeiras.

Concordando com o citado, Hoji (2004), salienta que outro fator relevante é o fato de

o lucro contábil não levar em consideração o risco inerente à atividade da empresa. O lucro é

uma medida de desempenho que quando projetado no futuro, não leva em conta os riscos

associados aos fluxos esperados de rendimentos. Ele também salienta que o lucro não

representa o efetivo desempenho da empresa, constituindo-se, mais corretamente, num dos

parâmetros de medição desse desempenho.

Assaf Neto (2006) destaca que dentro do ambiente empresarial a administração

financeira volta-se basicamente para as funções de planejamento, controle, administração de

ativos e administração de passivos.

Planejamento financeiro: o qual procura evidenciar as necessidades de expansão da

empresa, assim como identificar eventuais desajustes futuros. Por meio do planejamento é

possível ainda ao administrador financeiro selecionar, com maior margem de segurança, os

ativos mais rentáveis e condizentes com o negócio da empresa, de forma a estabelecer mais

satisfatória rentabilidade sobre os investimentos.

Controle financeiro: o qual se dedica a acompanhar e avaliar todo o desempenho

financeiro da empresa. Análises de desvios que venham a ocorrer entre os resultados previstos

e realizados, assim como propostas de medidas corretivas necessárias, são algumas das

funções da controladora financeira.

Administração de ativos: deve perseguir a melhor estrutura, em termos de risco e

retorno, dos investimentos empresariais, e proceder a um gerenciamento eficiente de seus

valores. A administração dos ativos acompanha também as defasagens que podem ocorrer

entre as entradas e saídas de dinheiro do caixa, o que geralmente é associado à gestão do

capital de giro.

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Administração de passivos: que se volta para a aquisição de fundos (financiamentos) e

o gerenciamento de sua composição, procurando definir a estrutura mais adequada em termos

de liquidez, redução de seus custos e risco financeiro.

De acordo com Santos e Sanvicente (2000), a fixação de objetivos é um passo

indispensável para o êxito de todo processo financeiro. Mas essa tarefa só tem sentido diante

de uma espécie de “exame prévio de viabilidade”, em que a empresa, através de sua

administração, verifica a existência de oportunidades e restrições tanto no âmbito interno da

organização quanto externamente. Esta, além de outras que serão agora descritas, são funções

do administrador financeiro.

2.3. Funções do Administrador Financeiro

Kwasnicka (1995) defende que de forma geral as principais atividades desenvolvidas

e/ou controladas pelo administrador financeiro na empresa são: administração do fluxo de

fundos, análise e controle dos resultados financeiros e econômicos da empresa, planejamento

e controle orçamentário, auditoria interna, contabilidade geral e contabilidade de custos,

administração de sistemas e procedimentos e administração de impostos.

Segundo Ross, Westerfield e Jordan (2000), a função do administrador financeiro

freqüentemente está associada a uma pessoa da empresa, geralmente um alto executivo,

denominado diretor financeiro. Este diretor coordena as atividades de tesouraria e

controladoria. A controladoria lida com contabilidade de custos e financeira, pagamentos de

impostos e sistemas de informações gerenciais. A tesouraria é responsável pela administração

do caixa e créditos da empresa, pelo planejamento financeiro e pelas despesas de capital. Em

pequenas empresas, a tesouraria e a controladoria em geral são atividades desempenhadas

pela mesma pessoa e haverá apenas um departamento.

Dentro deste contexto, o administrador pode contar com a parceria do contador, que

segundo Gitman (2002, p. 12),tem como principal função “desenvolver e fornecer dados para

medir o desempenho da empresa, avaliar sua posição financeira e pagar impostos”. O

contador prepara as demonstrações financeiras, que reconhecem as receitas no momento da

venda e as despesas, quando incorridas. Esta abordagem é comumente conhecida como

regime de competência.

O administrador, por outro lado, de acordo com Gitman (2002), Ross (2000), enfatiza

o fluxo de caixa, ou seja, entradas e saídas de caixa. Ele também mantém a solvência da

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empresa, analisando e planejando o fluxo de caixa para satisfazer as obrigações e adquirir os

ativos necessários ao cumprimento dos objetivos da empresa. O administrador financeiro

adota o regime de caixa para reconhecer as receitas e despesas que representam as entradas e

saídas de caixa.

Ross, Westerfield e Jordan (2000) ainda atestam que a principal atividade do

administrador financeiro é a criação de valor para a empresa e seus proprietários, baseando-se

nas atividades de orçamentos de capital, financiamentos e liquidez da empresa.

Sanvicente (1987) sustenta que o tesoureiro desenvolve atividades voltadas para o uso

do dinheiro, para gerenciar caixa e bancos, contas a pagar e receber. Já a controladoria

preocupa-se com os controles e o fluxo de informações, contabilidade, orçamentos e controle

orçamentário, elaboração de relatórios financeiros.

De acordo com Gitman (2002), o administrador financeiro desempenha as atividades

de planejamento e análises financeiras, tomada de decisões sobre investimentos e

financiamentos, administração do fluxo de caixa, onde o mesmo busca honrar os

compromissos assumidos e canaliza os recursos para as atividades necessárias para o correto

funcionamento da empresa. O autor ainda afirma que o administrador financeiro é responsável

pela administração de qualquer tipo de empresa, sendo elas financeiras ou não, privadas ou

públicas, grandes ou pequenas, com ou sem fins lucrativos.

Segundo Weston e Brigham (1999), o administrador tem a responsabilidade de decidir

os termos de crédito, decidindo quanto cada cliente pode comprar, quanto de estoque pode

armazenar, quanto dinheiro deve ter em caixa, analisar novas fusões e aquisições, e quanto

dos lucros da empresa pode ser investido no próprio negócio ou deve ser utilizado para

pagamento de dividendos.

Zdanowicz (2004) ressalta que a gerência financeira constitui-se no conjunto de

operações que possuem o objetivo de formar os recursos financeiros necessários ao

pagamento dos fatores de produção ou serviços, sua distribuição, as obrigações que se

originam das negociações comerciais e os créditos conseguidos pela empresa. O autor ainda

sustenta que a administração financeira possui foco principal na captação, aplicação, e

distribuição eficiente dos recursos necessários para que a empresa siga os objetivos e metas

estabelecidos por sua gerência financeira, cumprindo assim seu princípio fundamental:

possuir os recursos necessários em tempo hábil, saldar os compromissos assumidos e

maximizar os lucros.

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Para Hoji (2004, p.25), as funções básicas de um administrador financeiro que se

alinham à função financeira da empresa são:

Análise, planejamento e controle financeiro, que consiste em coordenar, monitorar e avaliar as atividades da empresa, por meio de dados financeiros, bem como determinar o volume de capital necessário. Tomada decisões relativas a investimentos, que dizem respeito á destinação dos recursos financeiros para aplicação em ativos correntes e não correntes, considerando-se a combinação adequada de risco e de retorno dos capitais investidos. Tomada de decisões de financiamentos, que são tomadas para captação de recursos financeiros para financiamentos dos ativos correntes e não correntes, considerando-se a combinação adequada dos financiamentos a curto e longo prazo e a estrutura de capital.

Segundo Zdanowicz (2004), o administrador financeiro procura conciliar a

manutenção da liquidez e do capital de giro da empresa através da elaboração de fluxo de

caixa, podendo assim, maximizar os lucros e honrar os compromissos assumidos em tempo

hábil.

Outra função de grande importância para um administrador financeiro é a tomada de

decisão, descrita a seguir.

2.3.1. Tomada de decisão

De acordo com Sanvicente (1987), o objetivo principal nas decisões de administração

financeira é conseguir a maior rentabilidade possível sobre os investimentos efetuados por

acionistas da empresa.

Como destaca Helfert (2000) o sucesso das operações, desempenho e da viabilidade

em longo prazo de qualquer negócio depende de uma seqüência contínua de decisões

individuais ou coletivas tomadas pela equipe gerencial. Cada uma dessas decisões, em última

instância, causa um impacto econômico, para melhor ou para pior, no negócio.

Em uma perspectiva similar, Assaf Neto (2002) destaca que o processo de administrar

qualquer empreendimento recai na elaboração de uma série contínua de decisões econômicas.

E essas decisões por sua vez, acionam movimentos específicos dos recursos financeiros que

dão suporte ao negócio.

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Ressalta Assaf Neto (2002), que as decisões financeiras não podem ser tomadas de

forma independente, como se uma decisão não fosse influenciada de alguma forma pela outra.

Igualmente, as decisões financeiras devem estabelecer a atratividade econômica da empresa,

promovendo sua continuidade e valorização.

Apesar a grande variedade de assuntos enfrentada diariamente por gerentes de

negócios distintos, suas tarefas são, a princípio, suficientemente semelhantes para que se

possa efetivamente agrupar todas as decisões gerenciais em três áreas básicas, segundo Lemes

Junior, Rigo e Cherobim (2005) que seriam: O investimento de recursos, bem como a

operação empresarial usando estes recursos, além da combinação apropriada de

financiamentos que geram esses recursos.

Segundo Gitman (2002, p. 13):

O contador volta sua atenção para a coleta e apresentação dos dados financeiros, fornece dados consistentes e de fácil interpretação sobre as operações passadas, presentes ou futuras da empresa. O administrador financeiro utiliza estes dados, na forma como se apresentam ou após realizar alguns ajustes, analisa os demonstrativos contábeis, desenvolve dados adicionais e toma decisões, baseado em suas avaliações acerca dos riscos e retornos inerentes.

Além de tomar decisões importantes, o administrador financeiro precisa acompanhar

as atividades pessoalmente, a fim de verificar o seu andamento, controlar e planejar para que

os objetivos financeiros sejam alcançados.

2.3.2. Controle e Planejamento Financeiro

Para Ross, Westerfield e Jordan (2000) o planejamento financeiro relaciona a forma

pela qual as metas financeiras da empresa podem ser alcançadas, sendo assim uma declaração

do que deve ser feito no futuro. Estes autores citam alguns elementos essenciais para um

planejamento financeiro:

Previsão de vendas: exigidos em todos os planos e normalmente apresentados sob a

forma de taxa de crescimento de vendas. Porém previsões perfeitas de venda não são

possíveis, porque evidentemente, as vendas dependem do futuro incerto da economia.

Demonstrações preliminares: representam a forma que a empresa decide escolher para

sintetizar os diversos eventos projetados.

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Necessidade de ativos: descreverá os gastos de capital projetados e discutirá as

aplicações propostas do capital de giro líquido.

Necessidades de financiamento: realiza uma análise financeira da empresa e percebe

uma necessidade de um caixa adicional para novos investimentos.

A variável de fechamento: representará uma fonte de financiamento externo necessário

para lidar com qualquer insuficiência ou excesso de financiamento.

Premissas econômicas: as premissas mais importantes que precisam ser formuladas

são os níveis de taxas de juros e alíquota de imposto de renda da empresa.

Santos e Sanvicente (2000) destacam a necessidade de informação para a

implementação de um planejamento. Para os autores planejar é estabelecer com antecedência

as ações a serem executadas, estimar os recursos a serem empregados e definir as atribuições

de responsabilidade em relação a um período futuro determinado. Ainda de acordo com estes

autores, a empresa deve contar com procedimento sistemático regular, de coleta de

informações sobre as condições do ambiente externo que a circunda. Tais informações

permitem a elaboração de planos mais realistas.

De acordo com Gitman (2002, p. 588), “o planejamento financeiro é um aspecto

importante para o funcionamento e sustentação da empresa, pois fornece roteiros para dirigir,

coordenar e controlar suas ações na consecução de seus objetivos”. É dividido, segundo o

autor, em duas partes principais: planejamento financeiro em longo prazo, que elabora planos

para atingir uma determinada posição financeira num futuro próximo superior a um ano, e o

planejamento financeiro em curto prazo, que elabora planos para atingir metas no curto prazo,

que venham a sustentar as metas do planejamento em longo prazo, sendo o planejamento do

caixa e o planejamento dos lucros os dois aspectos chaves na elaboração de um planejamento

financeiro. Existe também a divisão das filosofias de planejamento: filosofia da satisfação,

filosofia da otimização, e filosofia da adaptação e a divisão dos tipos de planejamento:

planejamento estratégico, planejamento tático e planejamento operacional.

Concordando com Gitman (2002), Hoji (2004) destaca que o planejamento consiste

em estabelecer com certa antecedência as ações que serão executadas em determinadas

situações e em determinadas condições prevendo os recursos necessários e atribuindo as

responsabilidades necessárias para se atingir os objetivos previamente fixados. O autor divide

os princípios de planejamento em princípios gerais, que são: principio da contribuição do

objetivo, principio da precedência, principio da maior penetração e abrangência, principio da

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maior eficiência, eficácia e efetividade, e os princípios específicos que são: planejamento

participativo, planejamento coordenado, planejamento integrado e planejamento permanente.

Para Zdanowicz (2004) a implantação do planejamento financeiro e orçamento na

empresa e sua posterior implementação exige algumas condições mínimas: Estrutura

organizacional deverá ser compatível com os objetivos e metas propostas no plano de

operações; Contabilidade aberta, informatizada e descentralizada para a correta realização das

etapas de planejamento e seu posterior controle orçamentário; Fixação dos objetivos e metas

da empresa deverão ser estabelecidos pelo comitê orçamentário, a partir de informações

internas e externas sobre o mercado de atuação; Disciplina e seriedade deverão ser observadas

em todas as etapas de elaboração do orçamento e cumprimento fiel na sua execução.

De acordo com Gitman (2002) os instrumentos para planejamento e controle

financeiro de uma empresa estão estreitamente ligados a duas ferramentas de gestão

financeira. A primeira delas é o orçamento de caixa, que é basicamente o demonstrativo das

entradas e saídas de caixa planejadas pela empresa. A outra ferramenta é o fluxo de caixa que

relata os ingressos e desembolsos de recursos num determinado período. Estes dois

instrumentos serão abordados com maior profundidade no próximo tópico, que trata da

importância e ênfase no fluxo de caixa das empresas.

O Gitman (2002) também salienta que o planejamento financeiro é uma parte essencial

da estratégia financeira de qualquer empresa. Os instrumentos de planejamento representados

pelos demonstrativos projetados e orçamentos de caixa propiciam um mapa para conduzir as

empresas na direção de seus objetivos.

Dentro deste contexto, planejar se torna uma atividade necessária, para que a empresa

possa ter capital de giro disponível em suas atividades.

2.4 Capital de giro

De acordo com Sanvicente (1987), o capital de giro constitui o capital da empresa que

circula até transformar-se em dinheiro dentro de um ciclo de operações. Segundo o autor:

Em geral esses ativos compreendem os saldos mantidos por uma empresa nas contas de Disponibilidades, Investimentos Temporários, Contas a Receber e Estoques de matérias-primas, mercadorias para venda, produção em andamento e produtos acabados. A soma desses saldos representa o

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montante então investido pela empresa nesses itens. (SANVICENTE, 1987, p. 120).

Em outra perspectiva, Brigham e Houston (1999) destacam que o capital de giro às

vezes também chamado de capital de giro bruto, simplesmente se refere aos ativos circulantes.

Já o capital de giro líquido é definido como ativos circulantes menos passivos circulantes, ou

seja, resulta da subtração de todos os compromissos em curto prazo da empresa do total dos

itens que compõem o capital de giro bruto.

Semelhante ao que foi destacado, Assaf Neto e Silva (2002) destacam que o capital de

giro ou o capital circulante, é representado pelo ativo circulante, isto é, pelas aplicações

correntes, identificadas geralmente pelas disponibilidades, valores a receber e estoques. Num

sentido mais amplo, o capital de giro representa os recursos demandados por uma empresa

para financiar suas necessidades operacionais identificadas desde a aquisição de matérias-

primas até o recebimento pela venda do produto acabado.

O capital de giro corresponde aos recursos aplicados em ativos circulantes, que se

transformam constantemente dentro do ciclo operacional, de acordo com Hoji (2004). O

capital de giro fica “girando” dentro da empresa e, a cada vez que sofre transformação em seu

estado patrimonial, produz reflexos na contabilidade. Até que se torne novamente em

dinheiro, o valor inicial do capital de giro vai sofrendo acréscimo a cada mudança, de modo

que, quando o capital retornar ao “estado de dinheiro”, ao completar o ciclo operacional,

deverá esta maior do que o valor inicial.

Segundo Lemes Junior, Rigo e Cherobim (2005), o capital circulante representa o

valor dos recursos aplicados pela empresa para movimentar seu ciclo operacional, que

compreende o período de tempo que vai desde a entrada da matéria-prima no estoque da

empresa até a venda dos produtos elaborados e respectivo recebimento. O ciclo operacional

compreende o percurso constante, em dinheiro e em bens, de valores do caixa para os

estoques e dos estoques retornando para o caixa, passando muitas vezes por duplicatas a

receber ou recebimento de vendas à vista.

O estudo do capital de giro é fundamental para a administração financeira, porque, de

acordo com Hoji (2004, p. 117), “a empresa precisa recuperar todos os custos e despesas

incorridas durante o ciclo operacional e obter o lucro desejado, por meio da venda do produto

ou prestação do serviço”.

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2.4.1. Administração do capital de giro

A administração do capital de giro, segundo Brigham e Houston (1999) se ocupa dos

ativos e passivos circulantes. Ativos circulantes representados, principalmente pelas

disponibilidades financeiras, estoques e contas a receber. Passivos circulantes pelas

obrigações de curto prazo.

Seguindo uma perspectiva semelhante à Brigham e Houston (1999), Assaf Neto e

Silva (2002), salientam ainda que a administração do capital de giro, além de direcionar a

administração das contas dos elementos de giro, ou seja, dos ativos e passivos correntes, trata

também de analisar as inter-relações existentes entre eles. Neste conceito são estudados

fundamentalmente o nível adequado de estoques que a empresa deve manter, seus

investimentos em créditos a clientes, critérios de gerenciamento do caixa e a estrutura dos

passivos correntes, de forma consistente com os objetivos enunciados pela empresa e tendo

como base a manutenção de determinado nível de rentabilidade e liquidez.

A administração do capital de giro, ainda segundo Assaf Neto e Silva (2002),

encontra-se inserida no contexto decisorial das finanças da empresa, permitindo melhor

entendimento de como as organizações geram, aplicam e gerenciam seus recursos financeiros.

Concordando com o exposto por Assaf Neto e Silva (2002), Brigham e Houston

(1999) destacam ainda que o capital de giro possui participação relevante no desempenho

operacional das empresas, cobrindo geralmente mais da metade de seus ativos totais

investidos.

Dentro deste contexto, Zdanowicz (2004) acrescenta que a administração do capital de

giro vem sendo cada vez mais reconhecida como uma área importante para o equilíbrio

financeiro das empresas, participando decisivamente no sucesso do negócio.

Segundo Assaf Neto e Silva (2002), administração do capital de giro envolve imprimir

alta rotação (giro) ao circulante, tornando mais dinâmico o seu fluxo de operações. É no

entendimento deste processo que se identifica de forma natural e repetitiva, o ciclo

operacional da empresa, que incorpora seqüencialmente todas as fases operacionais presentes

no processo empresarial de produção-venda-recebimento.

De acordo com Brigham e Houston (1999), administrar o capital de giro envolve

quatro componentes principais: caixa, títulos negociáveis, estoques e contas a receber. Em

geral as empresas seguem um ciclo no qual compram estoques, vendem mercadorias a crédito

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e depois cobram as contas a receber. A política de capital de giro deve ser elaborada para

minimizar o tempo entre desembolsos de caixa com materiais e o de recebimento das vendas.

Em seguida será descrito as principais atividades destes quatro componentes.

2.5 Administração das disponibilidades

De acordo com Sanvicente (1987), os recursos contidos nestas contas são aqueles que

permitem à empresa efetuar pagamentos imediatos: “De um lado, “caixa” representa o

dinheiro “vivo”, em notas de papel-moeda e moedas metálicas, enquanto o item “bancos”

refere-se aos saldos mantidos em contas bancárias movimentáveis à vista contra a emissão de

cheque”. (SANVICENTE, 1987, p. 140).

De acordo com Brigham e Houston (1999), aproximadamente 1,5 por cento dos ativos

da empresa industrial média é mantido em forma de caixa, o qual é definido como depósitos a

vista mais moeda. O caixa também é chamado de ativo “não-lucrativo”: é necessário para

pagar a compra de mão-de-obra e matérias-primas para comprar ativos permanentes, para

pagar impostos, pagar os juros dos empréstimos, pagar dividendos e assim por diante.

Segundo salienta Hoji (2004, p. 121):

A administração eficiente do caixa (disponibilidades) contribui significativamente para a maximização do lucro da empresa. Quando a área de tesouraria recebe ou paga, geralmente as decisões que geram fluxos financeiros já foram tomadas anteriormente por administradores de outras áreas restando pouca coisa que o tesoureiro possa fazer pata influir sobre estes fluxos financeiros.

2.5.1 Princípios de uma boa administração de disponibilidades

De acordo com Sanvicente (1987), uma boa administração das disponibilidades

significará uma boa intervenção no ponto principal da administração financeira, pois se refere

ao recurso que essa área preocupa-se em obter e administrar para o adequado funcionamento

da empresa como um todo.

De acordo com Matarazzo (1998), pode-se controlar o disponível com mais eficácia

atuando sobre os níveis de saldos, sobre as entradas e sobre as saídas: Controle do nível de

caixa: engloba fatores que afetam e determinam os saldos de numerário mantidos por uma

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empresa; Controle das entradas de caixa: na administração das disponibilidades, parece

lógico, segundo o autor, dar atenção aos meios de aumentar as entradas por unidade de tempo;

Controle das saídas de caixa: o objetivo continua sendo o de preservar o maior nível de

liquidez possível, desde que não haja prejuízos por manutenção de saldos excessivos.

De acordo com Lemes Junior, Rigo e Cherobim (2005), algumas estratégias básicas

podem ser adotadas para diminuir o ciclo de caixa da empresa:

• Retardar os pagamentos de valores a pagar: sem prejuízo do conceito de crédito da

empresa, podem-se retardar os pagamentos por meio da negociação dos prazos de

pagamento no ato de negociação da compra. Deixar de efetuar os pagamentos em

dia pode resultar em redução do ciclo de caixa, no entanto, essa não é a forma

recomendável, pois afeta o conceito de crédito a empresa, além de demonstrar

incompetência na gestão dos negócios.

• Aproveitar descontos favoráveis: descontos favoráveis oferecidos pelos credores

pode também contribuir para a redução do ciclo de caixa, pois o seu

aproveitamento diminui o volume dos valores pagos aos credores.

• Acelerar o giro dos estoques: os estoques requerem ações voltadas para a sua

minimização, apesar de serem importantes ativos do ponto de vista de aplicação de

recursos. É preciso utilizar-se de técnicas de gestão de estoques que evitem trazer

prejuízos para a produção ou se traduzem em empecilhos para as vendas.

• Aumentar o giro de matérias-primas: programas de produção bem elaborados e

coordenados com as previsões confiáveis de vendas contribuem para a utilização

racional de matérias-primas. Parcerias ou negociações com fornecedores para

redução do tempo de permanência das matérias-primas nos estoques e outras ações

voltadas para que seu giro seja maior reduzirão, em conseqüência, o ciclo de caixa

da empresa.

• Diminuir o ciclo de produção: estoques de produtos em fabricação são também

grandes consumidores de recursos financeiros. Produtos que necessitam grande

tempo para a sua produção exigem grandes investimentos em mão-de-obra,

matérias-primas, componentes, insumos, peças, etc., que serão atenuados se a

empresa fizer uso mais racional dos recursos, tornando o ciclo de produção menor.

• Aumentar o giro de produtos acabados: a harmoniosa coordenação entre as áreas

de vendas, produção e gerenciamento de estoques se faz necessária com o objetivo

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de reduzir a permanência dos estoques de produtos acabados nos almoxarifados da

empresa, para que o ciclo de caixa seja reduzido.

• Acelerar o recebimento dos valores a receber: Para acelerar o recebimento dos

valores a receber podem ser adotadas ações como, por exemplo, normas rígidas de

cobrança, encurtamento dos prazos de pagamentos, oferecimento de descontos

favoráveis e até mesmo, parceria com instituições financeiras para o financiamento

do crédito concedido.

Para que a empresa consiga equilibrar os recursos necessários, ela precisa se preocupar

em manter o seu caixa sempre positivo.

2.5.2 Razões de manter saldos suficientes de caixa

Como destacam Santos e Sanvicente (2000) e Brigham e Houston (1999), a empresa

deve manter sempre um determinado nível de investimento nestes tipos de ativos correntes

pelas seguintes razões:

• Para efetuar transações: o principal motivo para manter um saldo de recursos de

máxima liquidez é o que decorre do andamento normal das operações. Neste caso,

os saldos de Caixas e Bancos funcionam como um amortecedor entre as saídas e as

entradas previstas sob as condições operacionais normais e devido ao simples fato

de que as entradas e saídas só coincidirão, em montante e momento de ocorrência,

por um acaso muito grande.

• Por precaução: certa parcela do saldo mantido em disponibilidades deve a sua

existência apenas à não-coincidência das entradas e saídas previstas. Outra parcela

deve-se à possibilidade de haver diferença entre os fluxos previstos e os fluxos

reais. Neste caso específico, interessa à empresa evitar insuficiências de caixa. A

alternativa mais desfavorável é aquela em que as diferenças entre as previsões e

fatos levam a déficits superiores aos esperados. Por isso esta segunda parcela de

saldo possui a finalidade de proporcionar uma margem de segurança contra

variações incertas e desfavoráveis.

• Para tirar proveito de oportunidades especiais: esta parcela de investimento em

disponibilidades destina-se principalmente a tirar partido de oportunidades de

lucro, como por exemplo, na acumulação de saldos para a compra futura de títulos,

esperando–se que haja um aumento das taxas de rendimento desses títulos.

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Assaf Neto e Silva (2002) numa perspectiva semelhante, também destacam que as

principais razões para se mantenha um valor mínimo de caixa se relacionam com transação,

precaução e especulação. Salientam ainda que o caixa mínimo exigido dependerá de alguns

fatores, tais como:

• Falta de sincronização entre pagamentos e recebimentos de caixa tende a elevar o

caixa necessário. Esta falta de sincronia pode ser resultante de sazonalidades em

pagamentos e recebimentos e das características operacionais de atuação da

empresa, sendo que o fluxo de caixa projetado pode ser um importante instrumento

para reduzir as diferenças temporais de entrada e saída de recursos na empresa;

• Grande possibilidade de ocorrência de eventos não previstos no planejamento da

empresa que representem desembolsos de caixa;

• Acesso conhecido às fontes de financiamento, seja capital próprio ou de terceiros.a

existência de um mercado financeiro desenvolvido pode ainda reduzir a exigência

de um caixa mínimo;

• Existência de grande investimento em estoques. É importante adequar a política de

estoques, procurando diminuir o volume investido neste ativo, ajustando-o mais

proximamente à demanda;

• Existência de várias contas correntes em bancos. É interessante que a empresa

procure otimizar a manutenção de contas correntes em bancos, de maneira a

melhorar seu controle e a obter melhores condições nas negociações com estas

instituições financeiras;

Existem vários outros fatores a ser levados ainda em conta, e a sua importância vai

variar de acordo com o tipo de empresa. Como por exemplo, possibilidade de furtos e

desfalques, existência de prazo médio, existência de prazo para pagamento reduzido, nível de

taxa de inflação, política de crédito da empresa.

Hoji (2004) possui uma linha de pensamento um pouco diferente dos autores citados,

quando destaca:

As empresas precisam manter o saldo de caixa, basicamente para atender às seguintes necessidades: pagamento das transações geradas pelas atividades operacionais como compra de matérias-primas e contratação de serviços; amortização de empréstimos e financiamentos; desembolsos para investimentos permanentes; pagamentos de eventos não previstos e reciprocidade em aplicação financeira exigidas pelos bancos. (HOJI, 2004, p. 122).

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Lemes Junior, Rigo e Cherobim (2005), destacam que os principais fatores que

determinam o saldo mínimo do caixa são:

• Peculiaridades de cada setor de atividade: as atividades das empresas estão

condicionadas àquilo que se poderia chamar de “usos e costumes” do setor de

atividade.

• Previsibilidade das entradas e saídas de caixa: para isso é preciso planejar

financeiramente estas entradas e saídas e estar preparado para pagamentos

inesperados.

• Exigências de reciprocidade bancária: Alguns bancos oferecem encargos

financeiros e tarifas menores em troca daquilo que é denominada reciprocidade

bancária. Compete ao gestor do caixa analisar a forma de operacionalizar o serviço

que seja de menor custo e maior eficácia para a empresa.

• Capacidade de captar recursos, próprios ou de terceiros: A vida das empresas é

acompanhada de perto pelas instituições financeiras com as quais mantêm

relacionamento. Se a empresa tem boa saúde financeira e apresenta menores riscos

para os Bancos, poderá utilizar-se dessa prerrogativa para ter mais tranqüilidade na

gestão do seu caixa. Ao contrário, se não tiver bom conceito de crédito junto ao

mercado financeiro, terá dificuldades, se trabalhar com saldos reduzidos de caixa,

no momento em que for em busca de recursos para suprir possíveis necessidades de

caixa.

2.5.3 Vantagens de manter saldos suficientes de caixa

De acordo com Brigham e Houston (1999), a boa gestão do capital de giro requer a

manutenção de uma ampla disponibilidade de caixa por diversas razões específicas:

É essencial que a empresa tenha ativos em moeda ou quase-moeda suficientes para

obter descontos de fornecedores. Estes reduzem os preços de vendas para pagamentos

antecipados de suas contas.

Saldos adequados de caixa e ativos de liquidez imediata podem ajudar a empresa a

manter sua classificação de crédito, mantendo sua liquidez corrente e sua liquidez seca

alinhadas com as de outras empresas de seu setor. Uma boa classificação de crédito permite à

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empresa comprar mercadorias dos fornecedores em condições favoráveis e manter aberta uma

ampla linha de crédito junto a seu banco.

Ativos de caixa ou de liquidez imediata são úteis para aproveitar oportunidades de

negócios favoráveis, tais como promoções especiais dos fornecedores ou a chance de adquirir

outra empresa.

A empresa precisa ter suficiente caixa e ativos de liquidez imediata para enfrentar

emergências como greves, incêndios ou campanhas de marketing dos concorrentes e também

para suportar quedas sazonais ou cíclicas no nível de atividade. Para que este objetivo de

possuir caixa e ativos de liquidez seja alcançado, técnicas de administração de caixa podem

ser utilizadas.

2.5.4 Técnicas de administração do caixa

De acordo com Brigham e Houston (1999), a maior parte das atividades de

administração do caixa é executada em conjunto pela empresa e seu banco preferencial. Uma

administração de caixa eficaz inclui o gerenciamento apropriado dos recebimentos e dos

pagamentos, o que implica na sincronização dos fluxos de caixa, a utilização do float, a

aceleração das cobranças, a transferência dos fundos disponíveis para onde são necessários e

o controle dos desembolsos:

• Sincronização de fluxos de caixa: situação na qual os recebimentos coincidem com

os pagamentos, permitindo assim que a empresa mantenha saldos baixos para

transações.

• Utilização do float: o float é definido como a diferença entre o saldo que aparece

no talão de cheques (de numa empresa ou de um individuo) e o saldo constante dos

registros do banco (float líquido). Existem dois tipos de floats, que acontecem em

períodos diferentes: float de desembolso – que é o valor dos cheques que é emitido,

mas que ainda estão sendo processados e que, portanto, não foram deduzidos pelo

banco do saldo de nossa conta; float de recebimento – valor dos cheques que se

recebe, mas que ainda não foram creditados na conta.

Assaf Neto e Silva (2002) salientam que o float é sempre favorável ao banco e deve

ser usado pela empresa na discussão de reciprocidade bancária, quando for necessária a

captação de recursos de curto prazo ou quando se precisar de uma taxa de aplicação melhor.

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• Aceleração das cobranças: desde o início das transações a crédito, os

administradores financeiros têm procurado maneiras de cobrar os valores a receber

mais rapidamente. Atualmente são utilizadas diversas técnicas, para acelerar os

recebimentos e para dispor dos fundos onde eles são necessários. Entre estas

técnicas estão sistemas de caixa postal, um procedimento utilizado para agilizar

cobranças e reduzir prazo de compensação por meio do uso de caixas postais para

depósitos nas localidades onde se encontram os pagadores. Outra forma de

acelerar os recebimentos é o pagamento por transferência de fundos: pagamento de

contas maiores feitos por transferências de fundos ou até por débitos automáticos

em conta.

Lemes Junior, Rigo e Cherobim (2005), possuem uma linha de pensamento

semelhante à de Brigham e Houston (1999):

As técnicas de administração de caixa objetivam a determinação de ações na direção do melhor aproveitamento dos floats, que representam os prazos de compensação de recebimentos ou pagamentos, nos procedimentos em direção à aceleração das cobranças de valores a receber, e no aumento do prazo de compromissos financeiros de curto prazo, ou seja, de passivos circulantes. (LEMES; RIGO; CHEROBIM, 2005, p. 339).

Em termos de melhor utilização dos floats, as técnicas podem ser as seguintes:

• Redução do tempo de compensação da cobrança: Existem ações para minimizar o

tempo entre o pagamento efetuado pelo cliente e a efetiva disponibilização dos

recursos financeiros para a utilização pelo gestor do caixa. No caso de recebimento

através de carteira de cobrança, as ações são voltadas para o imediato depósito em

conta corrente. A cobrança via rede bancária, muito eficiente segundo os autores,

requer acompanhamento permanente dos lançamentos na conta corrente bancária

para se ter conhecimento das entradas de dinheiro. É necessária ainda a negociação

com o Banco para se reduzirem, além das tarifas, os prazos de disponibilização do

valores cobrados.

• Ampliação do tempo de pagamento ou float de pagamento: são ações

desenvolvidas com o objetivo de ampliar o tempo entre a emissão de cheques para

pagamentos de contas e o momento em que os recursos financeiros serão debitados

na conta corrente bancária. Essa técnica teve sua importância reduzida com a

introdução de mecanismos eletrônicos no sistema bancário, em que o cheque, por

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exemplo, perde relevância. Aumenta a importância dos pagamentos realizados por

meio de cartões de débito, cartões de crédito e transferências eletrônicas em

terminais de auto-atendimento, via internet e via TED – Troca Eletrônica de

Dados.

• Redução dos prazos de processamento administrativo: A determinação de ações

para redução do tempo decorrido entre o recebimento dos cheques e o seu depósito

em conta corrente mercê especial atenção do gestor do caixa. O acompanhamento

da movimentação da conta corrente bancária, on-line e em tempo real, possibilita o

uso das disponibilidades de recursos de forma mais eficaz.

• A aceleração da cobrança de valores a receber: envolve técnicas que têm como

objetivo estimular os clientes a pagarem seus compromissos nos respectivos

vencimentos, ou antecipadamente mediante descontos, e ao mesmo tempo,

promover a conversão rápida dos pagamentos em valores disponíveis no caixa,

reduzindo o float da cobrança. Considerando os acirrados níveis de concorrência a

que está submetida a grande maioria das empresas, cabe à empresa disponibilizar o

maior numero possível de formas de pagamento ao cliente.

• Uso dos meios eletrônicos: Quase todo o sistema bancário brasileiro dispõe de

eficiente rede de agencias que utiliza as facilidades dos meios eletrônicos e de

comunicação para agilizar o processo de recebimento, reduzindo o float da

cobrança. O gerente financeiro necessita negociar as tarifas de cobrança e prazo de

disponibilização dos recursos provenientes dos recebimentos efetuados.

• As melhores formas de cobrança: as diversas formas de cobrança podem, de acordo

com as peculiaridades da empresa ou de seu ramo de atividade, ser valoroso

instrumento para acentuar a eficácia da cobrança de valores a receber. Entre as

principais formas, são destacadas o uso da duplicata de fatura, do cheque pré-

datado, da ficha de compensação, também denominado boleto bancário, dos carnês

de cobrança, da cobrança em carteira feita por cobrador ou na tesouraria; do débito

automático em conta corrente bancária, por meio de ordem de pagamento, de

transferências eletrônicas, de cartões de crédito próprios ou de terceiros e a conta

corrente.

• Ajustamento conveniente dos vencimentos: consiste na negociação dos

vencimentos de despesas nos dias dos meses em que o fluxo de caixa é mais

favorável. São feitas negociações para definição de datas de pagamentos de

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regularidade mensal, como salários, aluguéis, matérias-primas, etc., que sejam

convenientes para a empresa, se possível fazendo com que as entradas de caixa

ocorram antes que as saídas.

Dentro deste contexto de administrar corretamente as disponibilidades, o orçamento de

caixa surge como uma ferramenta auxiliar para o alcance deste objetivo.

2.5.5 Orçamentos de caixa

Segundo Brigham e Houston (1999), a empresa faz a estimativa de suas necessidades

de caixa como parte de seu processo geral de elaboração de orçamento, ou de previsões.

Primeiro são previstas as necessidades, tanto de ativos fixos como de estoques, juntamente com as épocas em que os orçamentos precisam ser feitos. Esta informação é combinada com previsões sobre o atraso na cobrança de contas a receber, datas de pagamento de impostos, data de pagamentos de dividendos e de juros e assim por diante. Todas estas informações são resumidas no orçamento de caixa, que mostra os recebimentos e pagamentos previstos da empresa durante algum período especificado. (BRIGHAM ; HOUSTON, 1999, p. 565).

Gitman (2002) salienta que o orçamento de caixa proporciona muito mais informações

detalhadas acerca dos fluxos de caixa futuros de uma empresa do que as projeções das

demonstrações financeiras. Também destaca que geralmente as empresas utilizam um

orçamento de caixa mensal, com previsões para o ano seguinte, e um orçamento diário ou

semanal mais detalhado para o mês seguinte. Os orçamentos de caixa mensais são utilizados

para finalidades de planejamento e os orçamentos diários ou semanais para o efetivo controle

do caixa.

2.6 Administração financeira de estoques

Sobre administração financeira de estoques, Sanvicente (1987, p. 134) considera:

O objetivo básico em relação aos estoques é minimizar as necessidades de investimento nesse tipo de ativo, pois, apesar de

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possuir benefícios por ser um investimento, os estoques reduzem a rotação geral dos recursos comprometendo a rentabilidade geral da empresa, também produzindo custos decorrentes de sua manutenção.

Para Brigham e Houston (1999), a administração de estoques garante que os estoques

necessários para manter as operações estejam disponíveis, ao mesmo tempo em que os custos

de encomenda e manutenção de estoques são mantidos no nível mais baixo possível.

Segundo Sanvicente (1987), os estoques constituem uma modalidade de investimentos

de recursos pelas empresas, podendo representar uma elevada proporção dos ativos totais. A

administração de estoques possui em aspectos financeiros que exigem o contato desta área

com os responsáveis diretos pela sua gestão.

Como destacam Lemes Junior, Rigo e Cherobim (2005, p. 374):

Os estoques são componentes importantes dos ativos circulantes, principalmente nas empresas comerciais e industriais, por representarem grandes volumes de dinheiro aplicado em relação aos demais ativos circulantes, além de sua importância por serem os ativos circulantes de menor liquidez.

2.6.1 Tipos de estoques

Sanvicente (1987), Assaf Neto e Silva (2002) citam que os estoques são formados por:

• Matérias-primas: são bens que, no seu todo ou parcialmente, farão parte do produto

acabado. As políticas de estocagem devem estar voltadas para atender as

necessidades básicas de produção e/ou comercialização. Estoques de matérias-

primas insuficientes causam graves transtornos na produção e comercialização e

afetam negativamente os resultados econômicos e financeiros da empresa. Lemes

Junior, Rigo e Cherobim (2005) salientam ainda que as matérias-primas, no

conjunto dos diversos tipos de estoques, são os de menor liquidez, pois precisam

ser transformados em produtos acabados para serem vendidos e se tornarem caixa.

• Produção em andamento: os estoques de produtos em andamento (processo)

compreendem os produtos que têm a característica de necessitar de tempo de

produção suficientemente longo para que seja necessário esse registro. Uma

finalidade deste tipo de estoque é aumentar a flexibilidade operacional da empresa,

mediante a redução da interdependência das fases do fluxo de produção.

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• Produtos acabados: são os produtos que estão prontos para venda, originários do

processo produtivo da empresa ou adquiridos de outros fornecedores. É nos

produtos acabados que se concentram grandes volumes de investimento nas

empresas comerciais. Devem estar prontos para a entrega tão logo a venda seja

realizada. É o mais liquido dos estoques, segundo Sanvicente (1987), Assaf Neto e

Silva (2002) e Lemes Junior, Rigo e Cherobim (2005), pois sua transformação em

caixa depende da venda, do prazo e da cobrança.

Lemes Junior, Rigo e Cherobim (2005) citam a existência de outros dois tipos de

estoques:

• Componentes: também irão fazer parte do produto final. As partes do produto final

que a ele são agregadas durante o processo de produção. Sua importância é grande

para o processo produtivo e sua falta também ocasiona possibilidades de perdas

financeiras.

• Insumos: São bens e produtos utilizados no processo produtivo, mas que não fazem

parte do produto final, o que caracteriza a sua diferente classificação de estoque.

Não possuem, segundo os autores, a mesma importância das matérias-primas e

componentes em termos de valor, mas são também imprescindíveis ao processo

produtivo. Possuem a mesma classificação em termos de liquidez, das matérias-

primas, ou seja, são também pouco líquidos.

2.6.2. Decisões acerca da administração financeira de estoques

Em termos amplos, com destaca Sanvicente (1987), os estoques funcionam como

amortecedores das entradas e saídas entre duas etapas dos processos de comercialização e

produção. Assim sendo, os estoques podem contribuir para minimizar os efeitos de erros de

planejamento e oscilações inesperadas de oferta e procura bem como ajudar a isolar ou

diminuir a interdependência de todas as partes da organização.

Assaf Neto e Silva destacam (2002), destacam as principais razões que levam ao

investimento em estoque. Entre elas citam que possuir estoques tem a importante finalidade

de tornar o fluxo econômico contínuo. Numa indústria, por exemplo, é preciso manter uma

determinada quantidade como precaução pela possível falha no fornecimento de estoque ou

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por um pedido extra de um cliente. Já no comércio varejista, a existência de uma variedade de

produtos significa maior volume de vendas, como é caso típico das redes de supermercados.

Características econômicas particulares de cada setor é outro fator que segundo os

autores contribui para a existência de estoques. Em setores onde a produção está concentrada

em determinadas épocas do ano, enquanto a demanda encontra-se distribuída ao longo do ano,

a empresa não consegue uma saída para seus produtos na mesma proporção da oferta. Em

outra situação, o interesse em estocar produtos decorre da perspectiva de um aumento

imediato do preço do produto. Neste caso, acredita-se que o ganho obtido por comprar na pré-

alta compensa os custos de estocagem.

Já de acordo com Sanvicente (1987), o volume de estoques mantidos por uma empresa

deve depender da disponibilidade relativa dos itens necessários, isto é, da rapidez com que

podem ser obtidos; quanto mais fácil for esse acesso, naturalmente o estoque necessário, de

qualquer tipo, deverá ser menor; Da duração do ciclo de produção no caso de empresa

industrial; quanto mais longo for este ciclo, maior tenderá a ser a necessidade de estoques de

matéria-prima e produção em andamento; Dos hábitos de compra dos clientes. Pois a maior

previsibilidade das encomendas poderá permitir a redução relativa dos investimentos em

estoques; Da durabilidade dos itens estocados, em vista da possibilidade de que sejam

perecíveis ou deterioráveis, ou da situação em que o item estocado esteja sujeito a mudanças

rápidas de estilo ou moda. Em ambos os casos, manter estoques significativos não é

aconselhável, pois o risco de perda parcial ou total do investimento é excessivamente alto.

Em uma análise diferente, Lemes Junior, Rigo e Cherobim (2005), salientam que em

empresas industriais, a administração de estoques é considerada plena, pois são utilizados

praticamente todos os tipos de estoques, desde as matérias-primas e componentes até os

produtos acabados. Já nas empresas comerciais, que não transformam bens, a administração

está concentrada nos produtos acabados, que são adquiridos prontos para serem vendidos. Nas

empresas prestadoras de serviços, a relevância dos estoques é de média para pequena, já que o

foco da empresa está na prestação de serviços e não na comercialização de produtos.

Assim sendo, Lemes Junior, Rigo e Cherobim (2005) destacam que a administração de

estoques envolve, portanto, o controle dos ativos circulantes que são usados nos processos de

prestação de serviços, na comercialização ou na produção para serem vendidos no curso

normal das operações da empresa. Portanto, a administração de estoques deve procurar

estabelecer ações e procedimentos para saber quanto comprar ou produzir; em que momento

comprar ou produzir; quais itens do estoque merecem maior atenção.

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2.6.3 Custos da administração financeira de estoques

De acordo com Sanvicente (1987, p. 134), os custos relacionados a estoques podem

ser enquadrados em duas categorias:

Os que são diretamente proporcionais ao volume mantido em estoque e que se pode chamar de custos de manutenção ou armazenagem; Os que são inversamente proporcionais a esse volume, representado os prejuízos da empresa em conseqüência da falta de estoques para um fim ou outro. São os chamados de custos de obtenção.

Assim segundo Sanvicente (1987), o desafio é equilibrar ou conciliar duas situações

de perigo para a empresa, a saber, a existência de estoques inadequados que poderiam

perturbar a produção e/ou provocar perdas de vendas, de um lado, e a existência de estoques

excessivos levando a custos elevados de armazenagem, capital, riscos de obsolescência, entre

outras coisas, de outro lado.

Em perspectivas similares, Brigham e Houston (1999) e Lemes Junior, Rigo e

Cherobim (2005) destacam que é caro manter estoques. Portanto, sempre existe pressão para

reduzir estoques, no conjunto de estratégias globais de contenção de custos da empresa. Os

autores citam a existência de três tipos de custos associados aos estoques:

• Custos de manutenção: incluem custos do capital empatado, custo de estocagem e

manejo, seguro, impostos prediais, depreciação e obsolescência.

• Custos de pedido, transporte e recebimento: abrangem custos de fazer encomendas,

incluindo os custos de produção e preparação, custos de embarque e manuseio.

Lemes Junior, Rigo e Cherobim (2005) destacam ainda que estes custos são

importantes, pois muito deles ocorrem sempre que houver novas compras ou

reposição, e isso deve influenciar a definição dos níveis de estoque.

• Custos de falta de estoques: Englobam perdas e vendas, perda de confiança dos

clientes e quebra dos cronogramas de produção.

2.6.4 Controle dos estoques

Segundo Sanvicente (1987), para bem controlar os estoques, parecem ser necessárias

algumas providências na administração de uma empresa. Relatórios regulares devem ser

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emitidos, indicando os principais problemas em relação ao aproveitamento do investimento de

recursos em estoques: índices de obsolescência e de perdas, possibilidades de faltas iminentes

e assim por diante; Movimentar os estoques apenas com a emissão de requisições emitidas

pelos funcionários competentes; Dar mais ênfase aos itens que participam mais

significativamente em termos de investimento total; Preocupar-se apenas com unidades

físicas; o controle de preços unitários, em estoques, não compensa o esforço burocrático

exigido; Finalmente, efetuar contagens físicas periódicas, por amostragem, e separar os

registros de recebimento e expedição, atribuindo-os a setores ou funcionários diferentes.

Segundo Assaf Neto e Silva (2002), ao se analisar as vantagens de possuir estoques,

deve-se compará-las com seus custos para decidir quanto deve ter de estoque e quando deve

solicitar a reposição dos produtos que estão sendo vendidos ou consumidos no processo de

produção.

A relevância das aplicações financeiras em estoques motivou o surgimento de várias

técnicas utilizadas para minimizar os níveis de estoques, segundo Lemes Junior, Rigo e

Cherobim (2005), indicando quando devem ser feitas novas encomendas, sem prejuízo das

atividades operacionais da empresa. Os principais métodos são citados a seguir.

2.6.4.1 Lote econômico de compra

O Lote Econômico de compra (LEC), segundo Assaf Neto e Silva (2002) foi

desenvolvido em 1915 por F. Harris e ainda hoje é utilizado na gestão financeira de estoques.

Este modelo possui algumas suposições, segundo os autores:

• Demanda constante: a empresa pode determinar a procura pelo produto e sabe-se

que é constante por unidade de tempo.

• Recebimento instantâneo de estoques: quando chegar o momento em que o estoque

da empresa atingir zero, novas unidades serão pedidas e recebidas imediatamente.

• Não existe desconto: a existência de desconto é um incentivo para que se adquira

mais unidades do que previsto originalmente. Ao não admitir a existência desconto

procura-se retirar o incentivo dado pelo fornecedor para compra do produto e

concentrar-se na analise tão-somente dos incentivos internos no processo de

tomada de decisão de estocagem.

• Os preços não se alteram: buscam isolar algumas variáveis para estudar melhor a

gestão de estoques de uma empresa.

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• Não existe risco: O LEC considera somente a variável rentabilidade no modelo,

relegando assim, a questão do risco.

• Existem dois tipos de custo: para o LEC existe somente dois tipos de custos: o

custo de estocagem e o custo do pedido.

• Cada estoque é analisado independentemente: o LEC considera que a

administração de estoques é independente para cada produto. A gestão de um item

do estoque não afeta a gestão de outros itens.

Hoji (2004) destaca que o modelo LEC pressupõe a existência de dois tipos de custos,

além do custo efetivo da mercadoria: custos de pedidos e custos de manutenção de estoques.

Este modelo, segundo Santos e Sanvicente (2000), baseia- se nas seguintes hipóteses:

O tempo necessário para receber ou produzir é nulo, o recebimento e a produção, uma

vez efetuado um pedido de compra ou emitida uma ordem de fabricação, são instantâneos; Os

custos de manutenção são todos diretamente proporcionais ao estoque médio. Entretanto, em

geral isto só ocorre com o retorno mínimo desejado, enquanto o espaço e as atividades de

manejo também variam com o peso e o volume do material envolvido; Os custos de pedido ou

ordem são constantes por transação; Não há descontos por quantidade nas compras; quando

existem devem ser associados à redução dos custos de pedido, visando compensar o aumento

dos outros custos, que ocorre com encomendas maiores;

De acordo com Lemes Junior, Rigo e Cherobim (2005), este método considera os

custos operacionais e financeiros e determina a quantidade do produto a ser comprada para

minimizar os custos totais de estocagem, procurando estabelecer a quantidade ótima de

compra.

2.6.4.2 Método da faixa vermelha

Brigham e Houston (1999), Lemes Junior, Rigo e Cherobim (2005) conceituam o

método da faixa vermelha como um procedimento onde os itens são colocados em uma caixa,

uma faixa vermelha é traçada no contorno, pelo lado de dentro, assinalando o nível em que

deve ser feita nova encomenda e o encarregado do estoque faz uma nova encomenda e o

encarregado do estoque faz uma nova encomenda, quando a caixa vermelha aparece.

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2.6.4.3 Método Just in time

Brigham e Houston (1999) conceituam o método just in time como sendo um sistema

de controle de estoques no qual um fabricante coordena sua produção com a de seus

fornecedores, de modo que as matérias-primas ou os componentes chegam exatamente

quando são necessários no processo de produção.

De acordo com Assaf Neto e Silva (2002), o just in time é uma filosofia de gestão

empresarial criada no Japão, baseada em dois fundamentos, a saber: eliminação total dos

estoques e produção puxada pela demanda.

Ainda de acordo com os autores, com o JIT, a produção só começa quando existir um

produto demandado pelo cliente. Por isto afirma-se que na visão tradicional o processo inicia-

se quando existe matéria-prima, enquanto na visão do JIT o processo depende da existência de

demanda. Portanto no JIT os equipamentos e somente são utilizados quando necessários,

mesmo que isso implique que a contabilidade de custos da empresa apure maiores custos por

produtos.

Como destaca Lemes Junior, Rigo e Cherobim (2005), o objetivo principal do sistema

JIT é minimizar o investimento em estoques evitando a sua passagem por algum tempo, pelos

almoxarifados da empresa, reduzindo a quase zero a Idade Média do estoque.

Segundo cita Assaf Neto e Silva (2002), a empresa deve alterar o processo produtivo,

com o objetivo de eliminar os estoques, de tal forma que reduza ao máximo o numero de

defeitos, o tempo que não agrega valor, o volume de matéria-prima adquirida de fornecedores,

a movimentação do estoque e a complexidade do processo de produção.

Como se pode verificar, e como salienta Hoji (2004), são necessárias grandes

transformações na administração tradicional de estoques para a transição e efetivação do

modelo just in time.

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2.7 Administração de contas a receber

De acordo com Braga (1995), vender a prazo implica conceder crédito aos clientes. A

empresa entrega mercadorias ou presta serviços em certo momento e o cliente assume o

compromisso de pagar o valor correspondente em uma data futura.

Segundo destaca Brigham e Houston (1999), as empresas em geral, prefeririam vender

à vista e não a prazo, mas as pressões competitivas forçam a maioria delas a oferecer crédito.

Assim, as mercadorias são enviadas, estoques são reduzidos e uma conta a receber é criada.

As vendas a prazo têm custos tanto diretos quanto indiretos, mas também têm um beneficio

importante – a concessão de crédito aumenta as vendas.

2.7.1 Análise e concessão de crédito

Segundo Hoji (2004), as contas a receber são geradas pelas vendas à prazo, que são

feitas após a concessão de crédito. As vendas à prazo geram riscos de inadimplência e

despesas com análise de crédito, cobrança e recebimento, mas alavancam as vendas, e

conseqüentemente, o lucro.

Segundo salienta Ross, Westerfield e Jordan (2000), quando o crédito é concedido

para outras empresas são chamados créditos mercantis, e crédito concedido para consumidor

final é chamado crédito ao consumidor.

Segundo destacam Lemes Junior, Rigo e Cherobim (2005), antes de se efetivar a

venda para um novo cliente, deve ser feita uma minuciosa e criteriosa análise de seus dados

cadastrais. “Venda a prazo efetuada sem os devidos cuidados tem grande possibilidade de se

tornar um valor não recebível”. (LEMES JUNIOR; RIGO; CHEROBIM, 2005, p. 354). Hoji

(2004) complementa ao salientar que a análise de crédito não deve ocorrer apenas na ocasião

da primeira compra. A situação do cliente, mesmo daqueles antigos e tradicionais, deve ser

constantemente monitorada e atualizada, quanto aos aspectos de pontualidade, capacidade de

pagamento e situação financeira.

Tanto Braga (1995), Ross, Westerfield e Jordan (2000), Hoji (2004), e Lemes Junior,

Rigo e Cherobim (2005), citam que a análise de crédito pode ser feita com base no método

conhecido como 5 Cs, que se referem aos seguintes aspectos: caráter, capacidade, capital,

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collateral e condições. Estes itens, segundo os autores, devem ser sempre analisados em

conjunto.

Caráter, segundo Lemes Junior, Rigo e Cherobim (2005), refere-se ao comportamento

dos antecedentes do cliente no cumprimento das obrigações assumidas por ele. A constatação

de descumprimento de compromisso deve trazer reflexos na avaliação de seu caráter. A

existência de títulos protestados pode ser evidência de que o cliente passou ou passa por

dificuldade financeira, fato que deve influenciar a decisão sobre a concessão ou não do crédito

concedido. Hoji (2004) salienta ainda que se o caráter do cliente não for aceitável, os outros

itens da análise ficam bastante prejudicados.

Capacidade, segundo Hoji (2004), refere-se ao potencial de o cliente saldar os

compromissos financeiros, e pode ser obtido por meio da análise das demonstrações

financeiras e informações financeiras adicionais, em instituições como a Serasa. Além disso,

segundo o autor, outro grupo de informações que o analista deve analisar é o setor em que

atua a empresa, a situação atual e a perspectiva do setor, os concorrentes e a tecnologia

utilizada pela empresa. Mesmo que a empresa apresente boa capacidade de pagamento, se a

perspectiva do setor não for boa, poderá ter reduzida sua capacidade de pagamento. Lemes

Junior, Rigo e Cherobim (2005) salientam que comprovações de rendimentos e compromissos

assumidos são também importantes para a análise de crédito de pessoas físicas.

Capital, segundo Ross, Westerfield e Jordan (2000), preocupa-se com o

comprometimento do patrimônio líquido com os valores exigíveis da empresa e os respectivos

índices de lucratividade. Analisa-se, por exemplo, o nível de imobilização em relação ao

patrimônio líquido, o nível de investimentos em máquinas, equipamentos e tecnologias. Para

as pessoas físicas, a indicação da existência de comprometimento de seus ganhos com

prestações mensais, aluguéis, consórcios, etc., pode mostrar insuficiência de recursos para

pagamento do crédito pretendido.

Collateral, de acordo com Braga (1995), compreende as garantias reais ou pessoais

oferecidas. Ou seja, leva em conta o que o cliente pode oferecer como garantia, real ou não,

do crédito; se o cliente possui bens e outros recursos disponíveis para cobrir o valor exigido

pela transação.

Condições, de acordo com Lemes Junior, Rigo e Cherobim (2005) avalia o grau de

exposição aos possíveis efeitos de ocorrências exógenas sobre a capacidade do cliente para

pagar suas dívidas. Isto é, as condições econômicas atuais e o cenário econômico em que a

empresa está inserida devem ser avaliados em conjunto com o ramo de atividade em que ela

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atua. Se for esperada forte recessão, mas o ramo de atividade em que a empresa atua for

substancialmente promissor, o risco de inadimplência será minimizado.

2.7.2 Política de crédito

A política de crédito de uma empresa, de acordo com Braga (1995), fornece os

parâmetros que determinam se deve ser ou não concedido crédito a um cliente e, em caso

afirmativo, qual o valor do limite de crédito a ser atribuído.

A política de crédito, de acordo com Brigham e Houston (1999), consiste de quatro

variáveis:

Prazo de crédito: tempo dado aos compradores para pagarem suas compras. Padrões de crédito: se referem à capacidade financeira mínima dos clientes a prazo aceitáveis e a quantia de crédito disponível para os diferentes clientes. Política de cobrança: é medida pelo seu rigor ou maleabilidade na cobrança das contas com pagamentos atrasados. Descontos: dados para pagamentos antecipados, incluindo o valor do desconto e o prazo. (BRIGHAM; HOUSTON, 1999, p. 588).

Ross, Westerfield e Jordan (2000), agrupam os componentes que a empresa precisará

lidar ao conceder crédito da seguinte maneira:

• Condições de venda: estipulam como a empresa propõe-se a vender seus produtos

e serviços. Se a empresa conceder crédito a um cliente, as condições de venda

explicitarão o prazo de crédito, o desconto por pagamento a vista e o período do

desconto, bem como o tipo de instrumento de crédito.

• Análise de crédito: ao conceder um crédito, uma empresa determina o esforço que

fará para distinguir entre clientes que pagarão o que devem e clientes que não

pagarão. As empresas utilizam uma série de instrumentos e procedimentos para

determinar a probabilidade de que os clientes não paguem; em conjunto, estes

instrumentos formam a análise de crédito.

• Política de cobrança: após a concessão de crédito, a empresa enfrenta o problema

de cobrar o pagamento em sua data de vencimento, e para isso deve formular uma

política de cobrança.

As políticas de crédito, de acordo com Lemes Junior, Rigo e Cherobim (2005), são à

base da eficiente administração de valores a receber, pois orientam a forma como o crédito é

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concedido, definindo padrões de crédito, prazos, riscos, garantias exigidas e diretrizes de

crédito.

2.7.2.1 Procedimentos de cobrança

Segundo Ross, Westerfield e Jordan (2000), a política de cobrança é o elemento final

da política de crédito. Envolve o acompanhamento das contas a receber para detectar

dificuldades e conseguir o pagamento de contas vencidas:

Acompanhamento das contas a receber: para controlar os pagamentos pelos clientes,

muitas empresas acompanham a situação de suas contas a receber. Primeiramente, uma

empresa normalmente acompanhará a evolução de seu prazo médio de recebimento (PMR).

O quadro de idades é uma segunda ferramenta básica de acompanhamento de contas a

receber. Para elaborar um destes quadros, o departamento de crédito classifica as contas por

idade, ou seja, é uma compilação das contas a receber em função de suas idades.

Esforço de cobrança: uma empresa geralmente passa por esta seqüência de

procedimentos, em relação a clientes cujas contas estão vencidas: Envia uma carta avisando o

cliente de que sua conta está vencida; Telefona ao cliente; Contrata uma agência de cobrança;

Entra na justiça contra o cliente.

Assaf Neto e Silva (2002) salientam que as vezes uma empresa pode recusar-se a

conceder crédito adicional a clientes até que as contas vencidas sejam pagas. Isso pode irritar

um cliente que é normalmente bom, e indica a existência de um possível conflito de interesses

entre o departamento de cobrança e o departamento comercial.

Para Hoji (2004) a cobrança feita por intermédio de bancos é mais segura e prática e

geralmente, custa menos do que uma cobrança feita em carteira. Geralmente, salienta o autor,

a cobrança bancária é mais eficiente, pois se o sacado atrasar o pagamento, o banco não

dispensará os encargos moratórios e, ainda, poderá encaminhar o título para protesto após o

vencimento (se for dada esta instrução ao banco).

Lemes Junior, Rigo e Cherobim (2005) destacam que a eficiência e o custo das

diversas formas de realização da cobrança são fatores a serem considerados na decisão entre

os diversos mecanismos de cobrança. Alguns dos mecanismos mais usados são:

Via bancária: através da rede bancária flui o maior volume de cobranças formais no

meio econômico. De acordo com Lemes Junior, Rigo e Cherobim (2005), dependendo da

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negociação com o banco, a cobrança poderá ser realizada através de várias modalidades, entre

elas:

• Cobrança simples, o banco atua como simples prestador de serviços de cobrança.

Recebe o borderô, que é um formulário onde constam todas as informações da

empresa e dos títulos colocados em cobrança, e lança o débito pelo serviço da

cobrança. Recebido o pagamento, o banco efetua o crédito na conta da empresa.

• Caução dos títulos: os procedimentos são os mesmos da cobrança simples. A

diferença é que os títulos e o produto da cobrança representam a garantia para

empréstimos obtidos pela empresa emitente junto à instituição bancária.

• Descontos dos títulos: a empresa realiza operação de empréstimo junto ao banco e

vincula o recebimento dos títulos “descontados” para liquidação do empréstimo.

Embora os títulos atuem como garantidores da operação de empréstimo, o banco

não detém sua propriedade.

• Via carteira: é o mecanismo que tem menores custos e maior flexibilidade, mas sua

eficiência é discutível. Os títulos ficam depositados na área de cobrança da

empresa e são acionadas nas respectivas datas de vencimento, geralmente por

cobradores da empresa. Os controles devem ser muito rígidos, pois podem ocorrer

perdas ou extravios de dinheiro recebido, assaltos, etc.

• Via representante: trata-se da modalidade de cobrança via carteira. No entanto, a

cobrança é realizada através de representantes ou escritório localizado em outra

cidade. Como normalmente o representante é responsável pelas vendas em

determinada região, é discutível se deve assumir a função de “cobrador”, pois a

ação de cobrança pode dificultar a realização de vendas.

• Mecanismos alternativos: em razão das dificuldades da administração de valores a

receber, e também do alto investimento nesse ativo circulante, algumas empresas

buscam mecanismos alternativos, o que contribui para reduzir eventuais atritos

com os clientes, pois a cobrança é feita por outra instituição. Criam ou se associam

outras empresas, constituindo suas próprias instituições financeiras: os bancos de

investimentos, companhias de crédito, financiamento e investimento, as chamadas

financeiras ou se associando a instituição financeira experiente.

Além disso, ainda segundo Lemes Junior, Rigo e Cherobim (2005) a utilização de

cartões de crédito, próprios ou de terceiros cresce aceleradamente. Os custos supostamente

elevados dessa modalidade de crédito podem compensar riscos de inadimplência, que se

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tornam quase nulos com a sua adoção. Outra alternativa é a venda por meio dos cartões que

movimentam contas bancárias, como a Redecard, que podem ser utilizados para vendas à

vista ou em parcelas, substituindo o cheque e reduzindo o risco de não recebimento.

Todas estas ações objetivam agilizar e melhorar o processo de contas a receber, e

conseqüentemente promover um fluxo de caixa constante na empresa.

2.8 Ênfase no fluxo de caixa

O fluxo de caixa é um importante instrumento de controle de gestão financeira.

Segundo Assaf Neto e Silva (2002), o fluxo de caixa é um importante instrumento de

planejamento e controle financeiro, tornando-se indispensável em todo o processo de tomada

de decisão. Os autores ainda salientam que o correto dimensionamento do fluxo de caixa da

empresa é uma das tarefas mais difíceis, sendo que o mesmo, composto basicamente por

contas a pagar e a receber, deve possuir a flexibilidade necessária para poder adaptar-se de

maneira a conseguir ajudar a empresa a se destacar nos inúmeros cenários econômicos e

financeiros encontrados pela mesma durante sua vida econômica.

Ross, Westerfield e Jaffle (1995) concordam e conceituam fluxo de caixa como uma

ferramenta que representa as entradas e saídas dos recursos financeiros de uma empresa em

um determinado período. Os autores sustentam que o fluxo de caixa é gerado pela empresa e

pago aos credores e acionistas da mesma, sendo que este fluxo pode ser assim classificado:

fluxo de caixa das operações, fluxo de caixa das variações do ativo imobilizado, e fluxo de

caixa de variações de capital de giro.

Braga (1995) destaca que os dados do fluxo de entrada e saída de numerário

constituem uma ferramenta indispensável na administração das possibilidades. Matarazzo

(1998) acrescenta que se pode denominar fluxo de caixa como um processo de Demonstração

das Entradas e Saídas de Caixa, permitindo ao administrador tomar as decisões sobre os

recursos e onde aplicá-los. Em perspectiva similar, Brigham e Houston (1999), afirmam que o

fluxo de caixa é o caixa líquido efetivo que uma empresa gera durante um certo período de

tempo específico, sendo que o seu ciclo mostra como este caixa entra e sai da empresa. Os

autores salientam ainda que a demonstração contábil denominada demonstração do fluxo de

caixa relata o impacto das atividades operacionais de investimento e finanças de uma empresa

sobre o fluxo de caixa ao longo de um período contábil.

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Gitman (2002, p. 294), sustenta que:

O fluxo de caixa de qualquer projeto padrão convencional pode incluir até três componentes básicos: investimento inicial, entradas de caixa operacionais, e fluxo de caixa residual. Todos os projetos - quer sejam para expansão, substituição, modernização ou algum outro motivo – têm os dois primeiros componentes. Alguns, todavia, não apresentam o terceiro componente, o fluxo de caixa residual.

Ainda de acordo com o autor, investimento inicial é a saída de caixa no instante zero,

entradas de caixa operacionais, são as entradas incrementais após os impostos, e o fluxo de

caixa residual, é o fluxo de caixa não operacional após o imposto de renda que ocorrerá no

final do projeto.

Queji (2002) destaca que o fluxo de caixa é fundamental para a sobrevivência de uma

empresa, pois é ele que promove o nível de liquidez necessário para saldar as obrigações

assumidas pela empresa. A insuficiência de caixa pode determinar cortes de crédito, além de

ocasionar uma série de descontinuidades em suas operações.

Ainda de acordo com Queji (2002), o controle do fluxo de caixa confere ao

administrador da empresa mais um recurso de informações valiosas sobre os fatores

financeiros do negócio, além de proporcionar uma avaliação diária das movimentações dos

recursos presentes e futuros disponíveis.

Concordando com os autores acima citados, Zdanowicz (2004) salienta que o fluxo de

caixa é um conceituado instrumento utilizado pelo administrador financeiro para apurar o

somatório das saídas e entradas de recursos financeiros de uma empresa num determinado

período de tempo, verificando assim se há um excedente ou escassez de recursos financeiros,

podendo assim tomar as devidas providências com a antecedência necessária para se evitar

uma crise na empresa. A autor ressalta ainda que o fluxo de caixa pode ser elaborado em

função do tempo de sua projeção com o intuito de adaptar-se às necessidades da organização,

sendo os mais comuns o fluxo de caixa no curto prazo, que busca monitorar o capital de giro

da empresa, e o fluxo de caixa no longo prazo, utilizado para monitorar os recursos para

investimentos em ativos permanentes.

Pivetta (2005) define que fluxo de caixa é uma demonstração prática do fornecimento

de informações ao gerente financeiro na tomada de decisões. Ele representa a previsão, o

controle e o registro de entradas e saídas financeiras durante um determinado período de

tempo e informações sobre os dados financeiros da empresa.

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2.8.1 Objetivos do fluxo de caixa

De acordo com Assaf Neto e Silva (2002), os objetivos do fluxo de caixa são:

possibilitar o planejamento e controle dos recursos financeiros da empresa, prognosticar

eventuais excedentes ou escassez de caixa fornecendo informações para tomar as medidas

saneadoras necessárias, preservar uma liquidez imediata essencial a manutenção das

atividades da empresa, atribuir maior rapidez às entradas de caixa em relação aos

desembolsos, ou seja, aperfeiçoar a compatibilização entre posição financeira da empresa suas

obrigações correntes.

Para Zdanowicz (2004), os principais objetivos de um fluxo de caixa são os seguintes:

• Programar os ingressos e desembolsos de caixa, permitindo determinar o período

em que ocorrerá carência de recursos e o montante, havendo tempo suficiente para

as medidas necessárias;

• Desenvolver o uso eficiente e racional do disponível;

• Permitir o planejamento dos desembolsos de acordo com as disponibilidades de

caixa, evitando o acúmulo de compromissos e épocas de pouco encaixe;

• Facilitar a análise e o cálculo na seleção das linhas de crédito a serem obtidos junto

às instituições financeiras;

• Determinar quanto de recursos próprios a empresa dispõe em determinado período,

e aplicá-los de forma mais rentável possível, bem como analisar os recursos de

terceiros que satisfaçam as necessidades da empresa;

• Proporcionar o intercâmbio dos diversos departamentos da empresa com a área

financeira;

• Financiar as necessidades sazonais ou cíclicas da empresa;

• Providenciar recursos para atender as projeções de implantação, expansão,

modernização, ou realocação comercial e/ou industrial;

• Verificar a possibilidade de aplicar possíveis excedentes de caixa;

• Projetar um plano efetivo de resgate de débitos;

• Fixar o nível de caixa, em termos de capital de giro;

• Estudar um programa saudável de empréstimos e financiamentos;

• Auxiliar na análise dos valores a receber e estoques, para que se possa julgar a

conveniência em aplicar nestes itens ou não;

• Analisar a conveniência de serem comprometidos os recursos pela empresa.

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De acordo com Pivetta (2005) um dos principais objetivos do fluxo de caixa é o

lançamento de entradas e saídas dos recursos financeiros em um determinado período,

visando à necessidade de obter empréstimos ou aplicar sobras de caixa em operações

lucrativas para a empresa, conseqüentemente proporcionando um fluxo de caixa equilibrado,

aprimorando a utilização dos recursos próprios e de terceiros nas atividades rentáveis da

empresa.

Em outra perspectiva, Silva (2005) atesta que os principais objetivos do fluxo de caixa

são: a visão geral diária das atividades do grupo de contas do ativo circulante, o planejamento

das necessidades de captação recursos buscando preservar a liquidez da organização, o

fornecimento dos recursos para a realização das transações apresentadas no planejamento

financeiro, o pagamento das obrigações no prazo de vencimento, a aplicação eficaz dos

recursos disponíveis não comprometendo a liquidez da organização, o planejamento e o

controle dos recursos financeiros, a verificação das fontes de crédito onerosas de maneira a

minimizar os custos de uso, visar o equilíbrio financeiro dos fluxos de entrada e saída de

recursos, a prognosticação de desembolsos de caixa elevados em ocasiões de encaixe baixo e

a coordenação dos diversos recursos a serem utilizados em atividades de investimento.

Existem diferentes métodos que podem ser seguidos para a formulação de um fluxo de

caixa, que serão descritos a seguir:

2.8.2 Métodos de fluxo de caixa

Brigham e Houston (1999) apresentam um método de fluxo de caixa composto pelas

contas: atividades operacionais, atividades de investimento de longo prazo, e atividades de

financiamento. Neste modelo, o saldo final do fluxo de caixa é resultado da soma destas três

contas, sendo que a conta operacionais é composta por valores positivos, a conta atividades de

investimentos em longo prazo composta de valores negativos e a conta atividades de

financiamento composta pelo somatório das contas positivas e negativas.

De acordo com Campus (1999), e Hoji (2004) existem dois métodos para a elaboração

de um fluxo de caixa: método direto e método indireto. O método direto consiste na divisão

do fluxo de caixa em três grandes contas: operacional, investimentos e financiamentos, sendo

o somatório destas contas o resultado final do fluxo de caixa para o período apurado. A conta

operacional envolve a produção, a entrega e a prestação dos bens e serviços da organização.

Esta conta se compõe basicamente dos recebimentos e pagamentos operacionais. A conta

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investimentos corresponde aos bens físicos, participações em outras empresas, aplicações

financeiras de longo prazo que a organização possui. A conta financiamentos corresponde aos

recursos utilizados para financiar a empresa como empréstimos bancários, financiamentos,

leasings e recursos próprios.

Já o método indireto, ainda segundo o autor, é elaborado a partir do balanço

patrimonial de uma empresa e da norma contábil utilizada para este modelo de fluxo de caixa.

A partir destas duas informações inicia-se a associação das contas do balanço patrimonial com

as contas da demonstração dos fluxos de caixa. A partir desta classificação se realizam

cálculos que obterão o fluxo de caixa operacional líquido, o total dos investimentos pagos, o

total dos financiamentos, o caixa líquido do período, o saldo inicial de disponibilidades e o

saldo final de disponibilidades.

Em outra perspectiva, Zdanowicz (2004) apresenta um método de fluxo de caixa onde

divide os ingressos e os desembolsos financeiros da organização nas seguintes contas:

ingressos, onde se projetam todos os ingressos de dinheiro da empresa; desembolsos,

composta de todas as operações financeiras decorrentes de pagamentos gerados pelo processo

de produção, comercialização e distribuição dos produtos da empresa. Diferença do período,

composta pela diferença entre os valores projetados em diferentes períodos; saldo inicial de

caixa, composta do saldo final de caixa do período anterior. Disponibilidade acumulada,

composta do resultado da diferença do período apurada mais o saldo inicial de caixa; nível

desejado de caixa, elaborada pela determinação do capital de giro necessário pela empresa

para o período seguinte; empréstimos ou aplicações em recursos financeiros, elaborada pelos

empréstimos ou aplicações financeiras realizadas. Amortizações ou resgate das aplicações,

recebimento integral de aplicações financeiras realizadas e devoluções do principal capital

emprestado; saldo final de caixa, nível desejado de caixa projetado para o período seguinte.

2.8.3 Modelos de fluxo de caixa

2.8.3.1 Modelo de fluxo de caixa proposto por Zdanowicz (1995)

Zdanowicz (1995, p. 64), afirma, em suas considerações iniciais: “fluxo de caixa é o

conjunto de ingressos e de desembolsos financeiros projetados pelo administrador financeiro

para um dado período”. Segundo o autor, para a elaboração, deverão ser discriminados todos

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os valores a serem recebidos e pagos pela empresa. Quanto mais especificado for o fluxo de

caixa, melhor será o controle sobre as entradas e as saídas de caixa, verificando assim as suas

defasagens e determinando as medidas corretivas ou saneadoras para os períodos

subseqüentes.

Para a utilização do modelo, é necessário que o administrador financeiro elabore uma

série de mapas auxiliares como: vendas a prazo, compras a prazo, despesas administrativas,

despesas com vendas, despesas tributárias, despesas financeiras, recebimentos com atraso,

etc., cujos totais deverão ser transportados para o fluxo de caixa. O número de mapas

auxiliares a serem utilizados na empresa depende do porte e do tipo de atividade econômica.

Quanto mais organizada for a empresa, em suas atividades operacionais, maior a quantidade

de instrumentos gerenciais, contudo, sem cair no exagero de tornar o sistema muito

burocrático.

Zdanowicz (1995) ressalta ainda que para se realizar um fluxo de caixa é necessário

obter algumas informações preliminares de diversos departamentos da empresa, de acordo

com o cronograma anual, mensal ou diário de ingressos e desembolsos, remitidos ao

departamento de gerência financeira.

Na seqüência é apresentado o Quadro 1 – Modelo de fluxo de caixa segundo

Zdanowicz (1995):

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Quadro 1 – Modelo de Fluxo de Caixa Fonte: Zdanowicz (1995, p.64)

Segundo Zdanowicz (1995, p. 65), os principais itens que compõe o fluxo de caixa são

os citados abaixo:

Ingressos: são todas as entradas de caixa e bancos em qualquer período, que serão

lançadas diretamente no fluxo, ou as vendas a prazo que necessitam de mapas auxiliares de

Período

Itens

Janeiro Fevereiro Março ... Total

P R D P R D P R D P R D P R D

1. INGRESSOS

Venda à vista

Cobrança carteira

Cobrança bancária

Descontos duplicatas

Vendas de itens ativo permanente

Aluguéis recebidos

Aumento do capital social

Receitas financeiras

Outros

2. DESEMBOLSOS

SOMA

Compras à vista

Fornecedores

Salários e ordenados

Compras itens ativo permanente

Energia elétrica

Telefone

Manutenção de máquinas

Despesas administrativas

Despesas com vendas

Despesas tributárias

Despesas financeiras

Outros

3. DIFERENÇA DO PERÍODO (1-2)

SOMA

4. SALDO INICIAL DE CAIXA

5. DISPONIBILIDADE

ACUMULADA

6. NIVEL DESEJADO DE CAIXA

7. EMPRÉSTIMOS A CAPTAR

8. APLICA MERCADO

FINANCEIRO

9. AMORTIZAÇÕES

10. RESGATES

11. SALDO DO CAIXA

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recebimento normal e os recebimentos com atraso e, posteriormente, transportados para o

fluxo de caixa.

Desembolsos: compõem-se das compras à vista, e as compras à prazo que necessitam

de mapas auxiliares para posterior transporte ao fluxo de caixa. Acrescenta-se como

desembolsos, os salários e ordenados com os encargos sociais de mão-de-obra direta e

indireta, além de todas as despesas indiretas de fabricação e despesas operacionais. A compra

de itens do ativo permanente também representa uma saída de caixa ou bancos.

Diferença do período: ao comparar-se período por período, os ingressos e os

desembolsos, apura-se o saldo (diferença do período), ou seja, o resultado entre os

recebimentos e os pagamentos da empresa.

Saldo inicial de caixa: é igual ao saldo final de caixa do período imediatamente

anterior.

Disponibilidade acumulada: é o resultado da diferença do período apurada, mais o

saldo inicial de caixa.

Nível desejado de caixa: é a projeção do disponível para o período seguinte, ou seja, a

determinação do capital de giro líquido necessário pela empresa, em função do volume de

ingressos e de desembolsos futuros.

Empréstimos ou aplicações de recursos financeiros: a partir do saldo da

disponibilidade acumulada, poderão ser captados empréstimos para suprir as necessidades de

caixa, ou serão realizadas aplicações no mercado financeiro, quando houver excedentes de

caixa.

Amortizações ou resgates das aplicações: são as devoluções do principal tomado

emprestado, enquanto os resgates das aplicações constituem-se nos recebimentos do principal.

Saldo final de caixa: é o nível desejado de caixa projetado para o período seguinte que

será o saldo inicial de caixa do período subseqüente.

A grande vantagem deste modelo, segundo Zdanowicz (1995), é a sua flexibilidade e a

posição diária do caixa, além de permitir a simulação de várias situações financeiras para a

empresa.

Para a elaboração de um fluxo de caixa, Zdanowicz (1995) afirma que devem ser

consideradas oscilações e possíveis ajustes nos valores projetados. Para que seja alcançado os

objetivos positivos, ela deve possuir um nível considerável em caixas e bancos para suprir

suas necessidades; buscar o máximo de lucro; constituir reservas de caixa; aplica os

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excedentes de caixa no mercado financeiro; estabelecer limites mínimos no capital de giro da

empresa; sendo estes itens pré-determinados pelo administrador financeiro da empresa.

2.8.3.2 Modelo de fluxo de caixa proposto por Padoveze (1995)

Padoveze (1995) adota a estrutura de fluxo de caixa que tem sido, segundo o autor,

aceita em nível internacional. O relatório de fluxo de caixa deve ser segmentado em três

grandes áreas citadas a seguir:

Atividades operacionais: composto em sua totalidade da acumulação dos dados de

recebimento e pagamento provenientes da demonstração de resultados. São os gastos e

receitas das atividades de industrialização e comercialização dos produtos ou serviços da

empresa. Estas atividades têm estreita relação com os elementos do ativo e passivo circulante,

que representam as necessidades líquidas de capital de giro da empresa.

Atividades de investimento: o segmento destas atividades leva aos dados de ativo

permanente ou do realizável a longo prazo, com enfoque no conceito de ativo como

aplicações de recursos. Devem ser registrados os valores de saídas para pagamentos de novos

investimentos, bem como os valores de entrada por venda de bens ativados anteriormente.

Atividades de financiamento: estas atividades levam aos dados do Exigível a Longo

Prazo e do Patrimônio Líquido, enfocando o conceito de passivo como fontes de recursos.

Deve-se também incluir os dados dos empréstimos e financiamentos contidos no passivo

circulante. Como valores de entrada devem-se considerar os novos empréstimos obtidos, bem

como as eventuais integralizações de capital. Os valores de saída referem-se à amortização

dos empréstimos, tanto das parcelas do principal quanto dos juros, eventuais pagamentos a

título de devolução de capital, e os valores de pagamentos de remuneração aos acionistas e

sócios, a títulos de dividendos, lucros distribuídos e participações nos lucros.

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Quadro 2 – Modelo de Fluxo de Caixa Fonte: Padoveze (1995, p.68)

2.8.3.3 Modelo de fluxo de caixa proposto por Longo (2001)

O modelo, proposto por Longo (2001), tem como prioridade atender às necessidades

específicas das pequenas empresas. De acordo com a autora, o fluxo de caixa, é um

instrumento de planejamento, sendo que o maior número de informações para a composição

do fluxo de caixa provém dos controles de contas a pagar e a receber.

PERÍODO 1 PERÍODO 2 TOTAL

I - DAS ATIVIDADES OPERACIONAIS

Recebimento de clientes

ENTRADAS

Pagamentos a fornecedores

SAÍDAS

Impostos recolhidos

Pagamento ao pessoal

Despesas gerais

Impostos sobre lucros

SALDO DAS ATIVIDADES OPERACIONAIS

II - DAS ATIVIDADES DE INVESTIMENTO

Investimentos no permanente

SAÍDAS

Investimentos no realizável a longo prazo

Valor de venda de permanentes

ENTRADAS

SALDO DAS ATIVIDADES DE INVESTIMENTO

III - ATIVIDADES DE FINANCIAMENTO

Novos empréstimos

ENTRADAS

Integralizações de capital

Amortizações de empréstimos

SAÍDAS

Despesas (-) receitas financeiras

Resultados distribuídos

SALDO DAS ATIVIDADES DE FINANCIAMENTO

SALDO DO PERÍODO

(+) Saldo inicial de caixa/bancos/aplic. financeiras

= Saldo final de caixa/bancos/aplic. Financeiras

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A autora ainda destaca que é de importância fundamental possuir os controles

financeiros básicos, pois são necessários para o controle da administração, além de servirem

como instrumento de planejamento. Os principais controles são a seguir citados:

Registro de caixas e bancos: mantém diariamente o registro de todos os recebimentos

e pagamentos da empresa; Controle de contas a pagar e a receber: fornece informações

referentes aos compromissos assumidos e créditos da empresa, que provém das compras à

prazo; Controle estoques: controla os itens que estão em estoque, além de servir para a

manutenção de determinados níveis ideais para o funcionamento da empresa.

Através deste modelo de fluxo de caixa prospectado, o administrador pode identificar

o caminho percorrido dos recursos financeiros da empresa, partindo-se do disponível,

verificando-se os caminhos percorridos pelo capital de giro, em operações que aumentam e

diminuem o nível de caixa da empresa e são cíclicos.

FLUXO DE CAIXA

REALIZADO

n” PERÍODOS

PROJETADOS

1. ENTRADAS

Recebimento de vendas/ serviços à vista

Duplicatas a receber

Resgates aplicações

Empréstimos

Outros: venda de imobilizado

Seguros recebidos

A.TOTAL DOS RECEBIMENTOS

2. SAÍDAS

Pagamentos de fornecedores

Outros gastos com mercadoria

Pagamentos de tributos

Despesas com vendas

Despesas administrativas

Despesas com pessoal e encargos

Outros impostos e taxas

Despesas financeiras

B. TOTAL DOS PAGAMENTOS

C. VARIAÇÃO (A-B)

D. SALDO ANTERIOR

E. SALDO FINAL (C+/D-)

Quadro 3 – Modelo de Fluxo de Caixa Fonte: Longo (2001, p.143)

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2.8.3.4 Modelo de fluxo de caixa proposto por Hoji (2004)

Este modelo é na verdade, uma Demonstração do Fluxo de Caixa Livre (FCL), indica

o valor disponível aos investidores (financiadores e acionistas) após reservar parte do caixa

operacional gerado, para garantir a manutenção e o crescimento do negócio. Os cálculos

podem ser feitos com os dados extraídos das demonstrações financeiras oficiais.

Os FCL´s “negativos” apurados nos períodos encerrados significam que o caixa

gerado pelas operações da empresa não é suficiente distribuir dividendos, após os

investimentos líquidos em capital de giro operacional e em ativo permanente, mas é suficiente

para remunerar o capital de terceiros.

Exercício encerrado em período 1 período 2

Receita bruta de vendas e serviços

(-) devoluções, abatimentos e impostos

(=) Receita líquida

(-) Custo dos produtos e serviços

(=) Lucro bruto

(-) Despesas com vendas

(-) Despesas gerais e administrativas

(=) Lucro antes dos juros e Imposto de Renda

(-) Imposto de Renda e Contribuição Social (33%)

(=) Lucro operacional líquido depois dos impostos

(+) despesas com depreciação, amortização e exaustão

(=) Fluxo de caixa operacional (FCO ou OFC)

(-) Investimentos líquidos em capital de giro operacional

(-) Investimentos líquidos em ativo permanente

(=) Fluxo de caixa livre (FCL ou FCF)

(-) Despesas financeiras líquidas

(+) IR e CSLL sobre despesas financeiras líquidas

(=) Fluxo de caixa livre (FCL ou FCF) para acionistas

Quadro 4 – Demonstração de Fluxo de Caixa Fonte: Hoji (2004, p.321)

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A insuficiência ou excesso de recursos em um fluxo de caixa influenciam nas decisões

de financiamento das empresas. Essas questões são discutidas na seqüência.

2.9 Decisões de Financiamento

Segundo Brigham e Houston (1999), a maioria das empresas utiliza diversos tipos de

fundos de curto prazo para financiar suas necessidades de capital de giro. Isto inclui o crédito

de fornecedores, empréstimos bancários, os títulos de curto prazo e as provisões, descritos a

seguir.

• Contas a pagar: as empresas fazem suas compras de outras empresas a crédito,

registrando a dívida como uma conta a pagar. As contas a pagar, ou o crédito dos

fornecedores, constituem a maior categoria individual dentre as dívidas de curto

prazo, representando aproximadamente 40 por cento dos passivos correntes da

sociedade anônima não-financeira média. Esta percentagem é um maior para

empresas menores, pois como as empresas pequenas freqüentemente não

conseguem financiamento de outras fontes, elas contam muito com o crédito de

fornecedores.

• Empréstimos bancários: são os segundos em importância, pois a influência do

banco é realmente maior do que parece pelos valores que concedem de

empréstimo, porque os bancos proporcionam fundos não-espontâneos. À medida

que as necessidades de financiamento a empresa aumentam, ela solicita fundos

adicionais de seu banco.

• Títulos de curto prazo: também conhecidos como commercial paper, são ativos

não-garantidos de curto prazo, emitidos por grandes empresas, usualmente emitidas

pelo valor de $100.000 ou mais, e com uma taxa de juros um pouco abaixo da taxa

preferencial. O prazo do commercial paper vaia normalmente de um a nove meses,

com uma média de cerca de cinco meses. Taxa de juros flutua com as condições

da oferta e demanda, ela é determinada no mercado, variando diariamente à medida

que as condições se modificam.

• Provisões: são passivos de curto prazo que se repetem continuamente, sobretudo

provisões de salários e provisões de impostos. A empresa não pode, em

circunstâncias normais, controlar suas provisões: a periodicidade dos pagamentos

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de salários é determinada pelas forças da economia e pelos costumes do setor, ao

passo que as datas de pagamento de impostos são fixadas por lei. Assim, as

empresas usam todas as provisões que podem, mas têm pouco controle sobre o

nível dessas contas.

Brigham e Houston (1999) salientam ainda que as afirmações a respeito da

flexibilidade, custo e grau da dívida de curto prazo em relação à de longo prazo dependem,

em grande parte, do tipo de credito de curto prazo que está sendo efetivamente utilizado.

Ross, Westerfield e Jordan (2000), afirmam existir duas opções de financiamentos de

curto prazo: empréstimos sem garantia e empréstimos com garantia.

Segundo Ross, Westerfield e Jordan (2000), a maneira mais usual de financiar um

déficit de caixa temporário é contratar um financiamento bancário de curto prazo sem

garantias. As empresas que recorrem a empréstimos bancários geralmente obtêm uma linha de

crédito, que é um acordo mediante o qual a empresa é autorizada a sacar até um limite

estipulado. As linhas de crédito de curto prazo são classificadas como comprometidas ou não

comprometidas. Neste ultimo caso, existe um esquema informal pelo qual as empresas sacam

a te determinado limite sem que seja preciso preparar toda a papelada usual. As linhas de

credito comprometidas são acordos legais mais formais, e geralmente envolvem uma

comissão de comprometimento que a empresa paga ao banco. Uma empresa que paga uma

comissão de comprometimento por uma linha comprometida está comprando essencialmente

um seguro para garantir que o banco não pode desistir do acordo.

Ross, Westerfield e Jordan (2000) afirmam que em empréstimos com garantia os

bancos e outra instituições financeiras geralmente exigem garantias num empréstimo a curto

prazo, tal como o fazem em empréstimos a longo prazo. As garantias em empréstimos a curto

prazo normalmente consistem em contas a receber, estoques, ou ambos.

Em um financiamento garantido por contas a receber é envolvida a transferência dos

direitos ou factoring das contas a receber. Em uma transferência o financiador recebe como

garantia as contas a receber, mas o tomador ainda é responsável pelo não pagamento das

contas pelo cliente. Num factoring convencional, as contas a receber são descontadas e

vendidas ao financiador de recursos (factor). Uma vez vendidas, a cobrança passa a ser

problema da empresa de factoring, que assume o risco total de inadimplências por parte de

maus clientes. Num factoring por vencimento, a empresa de factoring adianta o dinheiro

numa data futura preestabelecida.

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Já em empréstimos garantidos por estoques, segundo ainda Ross, Westerfield e Jordan

(2000) existem três modalidades básicas: Vinculo geral, onde o credor é protegido por todo o

estoque do devedor; alienação fiduciária, que é um mecanismo pelo qual o tomador do

empréstimo mantém determinado estoque alienado fiduciariamente em nome do financiador;

guarda em armazém geral onde uma companhia de armazéns gerais atua como agente de

controle para supervisionar o estoque em nome do credor.

Ross, Westerfield e Jordan (2000), salientam outras alternativas de fontes de

financiamentos de curto prazo, das quais as mais importantes são a emissão de commercial

paper e o crédito mercantil.

Lemes Junior, Rigo e Cherobim (2005) afirmam que o endividamento da empresa é

representado pelo capital de terceiros. As fontes de recursos de curto prazo utilizadas para

financiar o capital de giro das empresas estão divididos em duas categorias: crédito comercial

e crédito bancário.

O crédito comercial decorre de condições negociais entre a empresa e seus

fornecedores de materiais e serviços. Pode originar-se de fontes como:

Crédito de fornecedores: Fonte mais importante de credito comercial utilizada para

financiar o capital de giro. Comprar a prazo faz parte das negociações entre clientes e

fornecedores como um dos componentes das condições de venda. Créditos de impostos e

obrigações sociais: as empresas têm normalmente prazos para recolher os impostos,

contribuições e obrigações sociais devidos ao Governo em decorrência de sua atividade, tais

como: ICMS, IPI, COFINS, INSS, IR, IR na Fonte, FGTS, etc. Outros créditos operacionais:

são também incluídos no rol de fontes de crédito comerciais alguns créditos operacionais

como o pagamento de salários.

A captação de recursos de curto prazo através de crédito bancário é operação de

empréstimo e pode ser feita junto a bancos comerciais, sociedades de crédito, financiamento e

investimentos, as chamadas financeiras e os bancos de investimentos. Como são operações de

empréstimos, não há destinação específica para os recursos da operação. No entanto, elas se

caracterizam por condições específicas que são definidas em termos de negociação com o

emprestador. As operações são formalizadas através de contratos firmados entre o

emprestador, o tomador do empréstimo e os eventuais avalistas.

Alguns fatores devem ser examinados, de acordo com Neto (2006), na tomada de

decisão para a utilização de capitais de terceiros, de curto prazo: Os custos do empréstimo

devem ser inferiores às margens de contribuição de lucros ou economias adicionais geradas

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pela utilização dos recursos; O prazo de pagamento do empréstimo deve estar ajustado às

disponibilidades financeiras da empresa, de preferência geradas com a utilização do valor

emprestado; Os empréstimos geralmente são contratados com taxas de juros pré ou pós-

fixadas; A possibilidade de obtenção de empréstimo depende do valor das garantias (comuns

ou reais) que a empresa, acionistas ou dirigentes podem oferecer. O valor das garantias

exigidas pode chegar a 50% acima do valor emprestado; Os limites de crédito bancário

situam-se entre 30 a 40% do valor do Patrimônio Líquido da Empresa, apurado por critério

definido pelo banco.

2.9.1 Vantagens e desvantagens do financiamento de curto prazo

Segundo cita Hoji (2004), os prós e contras do financiamento de curto prazo são:

rapidez, flexibilidade, custo da dívida de longo prazo e riscos da dívida.

Rapidez: um empréstimo de curto prazo pode ser obtido muito mais rapidamente do

que um crédito de longo prazo. Os fornecedores de empréstimos insistirão em um exame

financeiro mais completo antes de conceder credito de longo prazo e o contrato de

financiamento terá que ser redigido com um número considerável de detalhes, porque muita

coisa poderá acontecer durante a vigência de um empréstimo de dez a vinte anos de prazo.

Flexibilidade: se uma empresa acredita que suas necessidades de fundo irão diminuir

em um futuro próximo, ela deve escolher a dívida de curto prazo, pela flexibilidade que ela

proporciona. Os contratos de financiamento de longo prazo geralmente contêm provisões, ou

cláusulas, que restringem as atitudes futuras da empresa. Os contratos de curto prazo

geralmente são muito menos onerosos neste sentido.

Custo da dívida de longo prazo em relação à de curto prazo: a curva de rendimento em

geral possui uma inclinação ascendente, indicando que as taxas de juros geralmente são mais

baixas nas dívidas de curto prazo do que nas de longo prazo.

Risco da dívida de longo prazo em relação à de curto prazo: embora a dívida de curto

prazo seja em geral mais cara que a dívida de longo prazo, o crédito de curto prazo representa

mais risco para a empresa por duas razões: (1) se uma empresa tomar um empréstimo de

longo prazo, seus custos de juros serão relativamente estáveis ao longo do tempo mas, se ela

utilizar crédito de curto prazo, seus gastos de juros apresentarão grandes flutuações, as vezes

ficando muito altos. (2) se uma empresa contrai pesados empréstimos de curto prazo, ela pode

ficar incapacitada de liquidar estas dívidas, colocando-se em uma posição financeira tão fraca

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que o fornecedor do empréstimo não irá prorrogar a dívida: isto também pode levar a empresa

à falência.

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3 ASPECTOS METODOLÓGICOS

Segundo destaca Demo (1981, p. 7), “metodologia significa o estudo dos caminhos,

dos instrumentos utilizados para se fazer ciência. É uma disciplina instrumental, a serviço da

pesquisa”.

Para Mattar (1992), os objetivos de apresentar a metodologia compreendem em

sumarizar os aspectos metodológicos do trabalho de pesquisa, a fim de torná-lo compreensivo

para leitores não técnicos, e despertar a confiança na qualidade dos procedimentos adotados e

dos resultados atingidos pela pesquisa.

De acordo com Fachin (1993), qualquer trabalho científico deve ser apoiado em

procedimentos metodológicos, que conduzem as operações do conhecer, agir e fazer, como

uma ferramenta para desenvolver o estudo.

Richardson (1999, p. 22) afirma que “a metodologia são as regras estabelecidas para o

método científico, por exemplo: a necessidade de observar, a necessidade de formular

hipóteses e a elaboração de instrumentos”.

O presente projeto de estágio caracteriza-se como sendo uma pesquisa aplicada, foi

realizado na empresa Posto Lagoa Ltda, localizada na Rodovia SC 434 , km 14, n° 2525, na

cidade de Imbituba, Santa Catarina, sendo o período de realização abrangido entre agosto a

dezembro de 2008 e agosto a novembro de 2009.

No presente trabalho realizou-se em um primeiro momento uma pesquisa de ordem

bibliográfica, com o objetivo de revisar a literatura acerca de definições, conceitos e demais

aspectos que dizem respeito às ferramentas de gestão financeira. Segundo afirma Fachin

(2001, p. 126), “entende-se por levantamento bibliográfico o material constituído por dados

primários ou secundários que possam ser utilizados pelo pesquisador”.

Segundo atesta Gil (2002, p. 44) “a pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base

em materiais já elaborados, principalmente livros e artigos científicos” e segundo afirma

Vergara (2003, p. 48), “é o desenvolvimento de um estudo sistematizado com base em

material já publicado em livros, revistas, jornais e internet”.

Após a descrição da literatura do assunto, foi feita um levantamento e análise dos

documentos da empresa, com a finalidade de determinar quais informações seriam úteis para

o desenvolvimento do trabalho.

Conforme atesta Vergara (2003, p. 48):

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A pesquisa documental é a realização de uma pesquisa em documentos conservados no interior de órgãos públicos ou privados, documentos estes como: registros, regulamentos, circulares, ofícios, memorandos, balancetes, comunicações informais, filmes, microfilmes, fotografias, informações em disquetes, diários, cartas pessoais e outros.

Para a obtenção das informações em campo, foi adotada como instrumento a coleta de

dados documentais das contas a pagar e a receber da empresa. Primeiramente buscou-se

pesquisar as contas a pagar da empresa e dispô-las em uma planilha de despesas. Os dados já

eram controlados pela empresa, mas de maneira arcaica, já que eram descritos manualmente

mês a mês em um caderno à medida que as contas iam sendo pagas. Também foram utilizadas

notas fiscais das compras de combustíveis, para verificar qual era o produto mais comprado, e

por conseqüência, o mais vendido.

Depois de pesquisadas as contas pagas da empresa, buscou-se pesquisar as contas

recebidas da empresa, as entradas em dinheiro e cartão de crédito, nos meses analisados,

dados estes que estavam disponíveis no sistema computacional utilizado pela empresa. O

sistema de informação utilizado pela empresa foi instalado por técnicos da empresa

fornecedora de combustíveis Repsol. Estes dados também foram colocados na planilha de

despesas e receitas Além destes, foi possível, graças aos relatórios emitidos pelo computador,

listar a receita bruta de cada produto vendido no Posto mês a mês. Outro dado utilizado neste

período de coleta, diz respeito ao relatório de receita líquida anual, fornecido pela empresa de

contabilidade contratada pelo posto. Estes dados foram necessários para a montagem dos

gráficos que possibilitam a visualização das contas pagas e recebidas, das compras e do

comparativo entre os meses, que serão analisados no próximo capítulo.

Em um terceiro momento, buscou-se pesquisar o relatório dos inadimplentes, desde a

inauguração do Posto, e através destes dados foi possível calcular a porcentagem dos clientes

inadimplentes. Este relatório também é gerado pelo sistema computacional da empresa.

Após a descrição destes dados, procurou-se identificar os fatores que poderiam ter

influenciado o perfil positivo e negativo dos meses analisados. Num primeiro momento

identificou-se os fatores, que são compostos por: aspecto turístico, concorrência, infra-

estrutura viária, inadimplência, número de veículos licenciados, fatores climáticos e gestão .

Estes dados foram coletados tendo como base a experiência do gerente na vivência da

realidade local, da observação da pesquisadora e de pesquisas junto aos órgãos conhecedores

dos assuntos específicos de cada fator.

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Os dados coletados e analisados foram descritos no desenvolvimento do trabalho por

meio de gráficos, tabelas, quadros e planilhas do Microsoft Excel, objetivando sua melhor

visualização.

O método utilizado para o levantamento dos dados do fluxo de caixa foi o método

direto, e o modelo adotado foi criado pela pesquisadora, adaptado do modelo de Zdanowicz

(1995).

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO DOS DADOS

4.1 Caracterização da empresa

O varejo de combustíveis caracteriza-se por ser um mercado altamente fragmentado,

resultado de diferentes transformações ocorridas neste setor no Brasil. Segundo o Anuário

Estatístico da Agência Nacional de Petróleo (ANP) do ano de 2004, havia mais 31.000 postos

revendedores no país no final de 2003, ano em que a empresa analisada foi inaugurada.

A empresa estudada – Posto Lagoa Ltda. é uma revendedora autorizada da rede

espanhola Repsol, que comercializa produtos derivados do petróleo, tais como gasolina,

lubrificantes e dieseis, além de combustíveis alternativos, como é o caso do álcool.

O Posto Lagoa Ltda. foi inaugurado em 11 de outubro de 2003, localiza-se as margens

da Rodovia SC 434, km 14, n° 2525, na cidade de Imbituba. Sua localização é bastante

favorável e de fácil acesso, já que está situada muito próxima à rua que dá acesso a uma das

praias mais famosas e visitadas da região; a praia do Rosa. De fato, o Posto situa-se na

esquina do acesso principal à praia.

No ranking das vendas, foi possível observar que o produto que mais se destaca é

primeiramente a gasolina, sendo seguido pelo álcool, diesel, gasolina aditivada e lubrificantes.

Atualmente, devido às variações de preço do petróleo e pelo aumento do preço do álcool, o

mesmo está cada vez caindo mais nas vendas, mas ainda assim, é o segundo mais vendido.

As vendas possuem características peculiares, que demonstram as características de

cidade de veraneio: o ápice ocorre nos meses de dezembro e janeiro, a partir do mês de

fevereiro, mais especificamente após o carnaval, as vendas começam a cair, e nos meses

seguintes elas se estabilizam, já que os clientes passam a ser basicamente a população local.

Por esse motivo, para divulgar a empresa aos seus clientes mais freqüentes, e para

incrementar as vendas, a empresa procura investir em publicidade e propaganda, patrocinando

festas locais e divulgando o posto nas rádios, além de fazer promoções, que muitas vezes são

incentivadas e organizadas pelo próprio fornecedor – a rede Repsol.

O posto possui uma loja de conveniência, que pertence ao posto, mas desde maio de

2008 as atividades do posto e da loja de conveniência foram separadas, e a loja de

conveniência passou a ser administrada por outra pessoa desde então. Esta pessoa, por ser o

genro do proprietário do posto, tem a vantagem de não precisar pagar nada para gerenciar a

loja.

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A empresa conta hoje com 12 funcionários, sendo que o proprietário – e também

gerente é o responsável pelo gerenciamento do negócio e por toda a tomada de decisões.

O gráfico 1 demonstra as receitas anuais dos anos de 2006, 2007 e 2008 em

percentagens. Em valores absolutos o ano de 2006 fechou em R$ 2.128.450,81. O ano de

2007 fechou em R$ 2.319.403,33 e o ano de 2008 em R$ 2.257.524,15.

Gráfico 1- Receitas Anuais

4.2 Resultados

Neste capítulo, são apresentados os resultados e análises. Através da construção da

planilha que discrimina e especifica as receitas e as despesas, é possível verificar como se

comportou as receitas e despesas nos meses que foram analisados, bem como propor

melhorias para os meses que seguem. É na análise destes dados que os questionamentos do

trabalho são respondidos.

Os dados são apresentados por meio de planilhas e gráficos onde contam os valores

gastos mensalmente com os indicadores e as receitas obtidas com os mesmos. A planilha de

receitas e despesas pode ser observada abaixo:

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Data janeiro fevereiro marco abril maio junho julhoSaldo do Caixa R$ 39.680,58 R$ 7.890,17 R$ 18.868,99 R$ 19.006,96Recebimentos R$ 327.403,14 R$ 258.541,26 R$ 202.749,44 R$ 187.652,34 R$ 136.963,96 R$ 152.271,54 R$ 193.579,00Dinheiro 224.021,86 145.639,26 147.845,99 143.732,89 102.691,37 121.151,20 152.439,00Cheque à vistaCartão débito 47.154,00 36.397,00 23.340,46 22.218,70 19.527,89 16.933,18 23.156,00Entradas Cheque préEntradas cartão de crédito 56.227,28 76.505,00 31.562,99 21.700,75 14.744,70 14.187,16 17.984,00Entradas Duplicatas

Pagamentos R$ 373.144,58 R$ 279.442,98 R$ 211.455,31 R$ 179.762,17 R$ 125.985,14 R$ 152.133,57 R$ 168.528,21Água e Esgoto 31,65 31,65 31,65 34,74 35,00 34,74 35,43Alvaras 720,75Assinatura de jornal 34,90 34,70 34,90Conservação de Imóveis 1.000,00Conservação de Máquinas 195,00 2.060,00 35,00Despesas Bancárias 324,24 905,52 431,00 400,00 217,00 711,08Energia Elétrica 2.536,73 973,00 2.308,34 2.019,68 1.745,84 1.492,48Gasolina 137.378,56 104.787,86 78.629,50 59.643,93 43.492,13 53.258,94 57.955,92Gasolina aditivada 34.344,64 26.196,96 19.657,37 14.910,98 10.873,03 13.314,73 14.488,98Alcool 109.902,85 83.830,29 62.903,52 47.715,14 34.793,70 42.607,15 46.364,73Diesel 51.516,96 39.295,44 29.486,06 22.366,47 16.309,55 19.972,10 21.733,47Produtos diversos 10.303,39 7.859,08 5.897,21 4.473,29 3.261,91 3.994,42 4.346,69Fundo de Garantia - FGTS 359,90 243,44 291,00 268,00 599,46 321,92 358,51Inmetro 1.078,20 555,60Honorários-Pró-Labore - ALCEU 3.450,00 5.131,52 3.814,33 6.112,00 4.352,49 4.157,83 4.112,00Impostos Municipais 1.347,85 3.219,53Impostos Estaduais 2.300,00 3.520,00Imposto de Renda Impostos Federais 4.500,00 10.657,74INSS 2.557,55 1.262,42 1.354,22 1.941,51 2.001,45 1.728,46 1.893,53Internet 80,00 80,00Lanches e Refeições 81,45 31,70 80,00 80,00 80,00 80,00 80,00Material de Escritório 80,00 146,00 126,00Material de Limpeza 50,00 20,00 20,00 35,00 45,00 4,00Propaganda e Publicidade 250,00 80,00 100,00Sindicatos 137,89 172,10Salários e Ordenados 6.174,00 5.900,00 4.817,40 6.295,00 5.903,07 5.538,21 5.238,00Seguros 255,22Serviços de Terceiros - Contador 415,00 415,00 465,00 515,00 465,00 460,00Servicos de Terceiros - Ionics Te 133,84 73,45 72,00 72,00 72,00 72,00Servicos de Terceiros - PQ Inform 1.977,55 1.972,15 187,50 185,00 185,00 187,00Taxa de cartao de credito 1.117,12 1.015,00 1.100,00 962,00 801,40 728,48 734,16Telefonia 301,97 280,82 272,35 293,28 352,70 254,00 256,00Quebra de caixa 510,91 161,13 167,00 606,57 191,05 293,10Saldo do mês (R$ 6.060,86) (R$ 20.901,72) (R$ 8.705,87) R$ 7.890,17 R$ 18.868,99 R$ 19.006,96 R$ 44.057,75

Quadro 5 - Planilha de Receitas e Despesas do Ano de 2009 Fonte: elaborado pela autora, 2009

Na seqüência são apresentadas as respectivas interpretações e inferências.

Para facilitar o entendimento e interpretação dos dados, as despesas foram agrupadas

em oito grupos menores assim denominados: Instalações Físicas (água e esgoto, conservação

de máquinas e equipamentos, conservação de imóvel energia elétrica, assinatura de jornal,

lanches e refeições, material de limpeza, material de escritório, seguros); Taxas e

Contribuições (alvarás, tarifas bancárias, FGTS, Inmetro, INSS, sindicatos e taxas de cartões

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de crédito); Compras (gasolina, álcool, óleo diesel, gasolina aditivada e produtos diversos);

Folha de pagamento (salários e pró-labore); Impostos (municipais, federais e estaduais);

Telecomunicações (telefonia e internet); Serviços de terceiros (TAC contabilidade, Ionics

tecnologia de informação e PQ informática, Publicidade) e Quebra de caixa.

Primeiramente será descrito de maneira mais genérica o desempenho anual das

despesas e receitas, com o objetivo de esclarecer e facilitar o entendimento dos gráficos

mensais que virão em seguida.

4.2.1 Levantamento anual dos pagamentos e receitas

Gráfico 2 – Comparativo Pagamentos x Recebimentos

De acordo com o Gráfico 2 o mês em que ocorreu maior saída de dinheiro com as

despesas foi o mês de janeiro. Ao contrário do mês de maio, que foi o mês em que se

observou as menores despesas.

Em se tratando das receitas, observou-se a mesma situação ocorrida acima, com as

despesas. O mês de janeiro foi o mês em que houve mais recebimentos, e o mês de maio foi o

que apresentou menos receitas.

Se for realizada uma comparação entre as receitas e as despesas, pode-se observar que

nos meses de janeiro, fevereiro e março as despesas foram maiores que as receitas, e nos

meses de abril, maio, junho e julho esta situação muda, sendo que as receitas sobrepassam as

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despesas. Mais a frente será abordado os possiveis fatores para que esta situação esteja

ocorrendo.

4.2.2 Levantamento anual de compras

Gráfico 3 – Compras do período

Observa-se, segundo o gráfico 3 que os meses de janeiro, fevereiro e março são os que

gastam maiores quantias em compras. Nos outros meses os pedidos se estabilizam, ficando

todo quase na mesma faixa.

Na sequência são apresentadas análises mensais, buscando evidenciar as variáveis que

influenciam o desempenho do fluxo de caixa.

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4.2.3 Análise mensal - Janeiro

Gráfico 4 – Despesas de Janeiro

Gráfico 5 – Compras de Janeiro

No que se refere aos gastos, o que primeiramente se observa, de acordo com o gráfico

5 é o valor gasto com os produtos, caso da gasolina, álcool, óleo diesel, gasolina aditivada e

produtos diversos. A segregação dos produtos, em função de não a observadora não ter tido

acesso as notas fiscais de compra, foi efetivada conforme percepção do empresário, assim

sendo: 40% compra de gasolina, 32% compra de álcool, 15% compra de óleo diesel, 10%

compra de gasolina aditivada e 3% compra de produtos diversos. Estes percentuais se

repetirão mês a mês. Desta maneira, pode-se observar que a compra de gasolina somou um

valor de R$ 137.378,56; álcool somou um valor de R$ 109.902,85; óleo diesel R$ 51.516,96;

DDeessppeessaass JJaanneeiirroo

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gasolina aditivada somou um valor de R$ 34.344,64 e os produtos diversos somaram um valor

de R$ 10.303,39.

Percebe-se assim que o valor total das compras durante o mês somou um valor de R$

343.46,40; sendo a despesa que ocupa a maior parte do gráfico (92%).

Em se tratando dos outros gastos, pode-se observar, de acordo com o gráfico 4, que as

despesas com as instalações físicas, a energia elétrica, foi a que teve uma participação notória,

(R$ 2.536,73) já que, como foi citado anteriormente, o mês de pico é o mês de janeiro. Os

outros fatores juntos somam um total de R$ 613,32. A porcentagem total destes gastos foi de

apenas 1% do total.

Os gastos referentes à folha de pagamento, também de acordo com o gráfico 4 somam

um total de R$ 9.624,00 sendo que R$ 6.174,00 foram destinados aos empregados e R$

3.450,00 ao pró-labore do proprietário, que ocupam uma porcentagem total de 3%. Estes são

gastos indispensáveis, visto que os salários dos frentistas estão de acordo com o sindicato e o

salário do proprietário, de acordo com o mesmo, fica em torno de R$ 4.000,00 a R$5.000,00

por mês.

As despesas dispendidas com impostos ocupam uma porcentagem de 2%, sendo que

destes, R$ 4.500,00 são impostos federais, R$ 2.300,00 impostos estaduais e R$ 1.347,85 em

impostos municipais. Os impostos, bem como os alvarás, são gastos necessários para o

correto funcionamento da empresa e que possuem uma participação relevante. Os gastos com

impostos federais são pagos a cada três meses, o que possibilita certo alivio durante os meses

em que não é cobrado.

Os gastos com taxas e contribuições e serviços de terceiros que somaram

respectivamente um total de R$ 5.436,89, e R$ 2.526, apenas 1% cada, dos gastos totais do

mês de janeiro de 2009. O Fundo de Garantia – FGTS e o INSS são gastos que aparecerão

todos os meses, sem muitas variações, como será observado mais adiante. No mês analisado,

os gastos com FGTS e INSS foram respectivamente R$ 359,90 e R$ 2.557,55. Despesas como

taxas de cartão de créditos e tarifas bancárias, que somam respectivamente R$ 1.117,12 e R$

324,24, também são despesas que aparecerão mês a mês sem grandes variações.

Dos serviços de terceiros, R$ 415,00 é destinada a empresa responsável pela

contabilidade da empresa, R$ 133,84 são destinados à empresa responsável pela instalação de

softwares e tecnologia de informação; e R$1.977,55 são destinados à empresa terceirizada

responsável pela manutenção dos aparelhos computadores da empresa. No mês analisado e no

mês próximo, a empresa gastou um valor acima da média com a empresa de informática, visto

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que foi efetuada uma compra de uma nova máquina impressora fiscal, que foi paga em

durantes os meses de janeiro e fevereiro.

No mês de janeiro, a empresa gastou uma quantia significativa com o Instituto

Nacional de Metrologia, Normatização e Qualidade Industrial – INMETRO, que a cada seis

meses visita a empresa para um controle de qualidade.

Tanto as despesas de telecomunicações e quebra de caixa somaram um percentual de

0% do valor total. Mas se analisados unicamente, a despesa com quebra de caixa, num total de

R$ 510,91, é um valor alto, se comparado aos meses seguintes, entendendo-se que quebra de

caixa é o valor que deveria aparecer no caixa, mas que por algum motivo não constava.

No total os gastos somam o valor de R$ 372.144,58 no mês de janeiro de 2009.

O posto iniciou o mês de janeiro com um saldo em caixa de R$ 39.680,58, valor este

que além de ser resultado das vendas e gastos do mês de dezembro de 2008, foi conseqüência

da venda de um terreno com fins para arrecadar dinheiro para o caixa da empresa. Mesmo

assim a empresa fechou o mês de janeiro negativo em R$ 6.060,86.

Gráfico 6 – Receitas de Janeiro

Em se tratando das receitas, pode-se observar, de acordo com o gráfico 6, que a maior

concentração está nas vendas em dinheiro, que somam um total de R$ 224.02186. As vendas

realizadas por cartão de crédito somam o total de R$ 103.381,28.

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Gráfico 7 – Despesas x Receitas de Janeiro

A relação que se observa entre as despesas e as receitas, segundo o gráfico 7 são

óbvias e simples: No mês de janeiro de 2009 os pagamentos foram maiores que os

recebimentos. Isto se deve a alguns fatores que a pesquisadora observou:

A expectativa de vendas para este mês era grande, por isso o valor das compras foi

alto (R$ 343.446,40), superior ao das vendas, que somou um total de R$ 327.403,14. Os

gastos com funcionários também foram maiores que o verificado nos meses seguintes devido

às horas extras que alguns fizeram, ao movimento e a demanda pelos serviços da empresa.

4.2.4 Análise mensal - Fevereiro

O mês de fevereiro fechou negativo em R$ 23.251,72. Como se pode verificar no

gráfico abaixo, as despesas foram:

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Gráfico 8 – Despesas de Fevereiro

De acordo com o gráfico 8, do total de despesas, 93% se destinaram a compras (R$

261.969,63) 4% à folha de pagamentos (R$ 11.031,52), 0% a quebra de caixa e

telecomunicações (R$ 161,13 e R$ 280,00 respectivamente), e 1% tanto para taxas e

contribuições, serviços de terceiros e instalações físicas (R$ 3.426,38; R$ 2.387,15 e 2.513,35

respectivamente). Os dados referentes a impostos não foram fornecidos pela organização.

Gráfico 9 – Compras de Fevereiro

DDeessppeessaass FFeevveerreeiirroo

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Gráfico 10 – Receitas de Fevereiro

Como se pode observar no gráfico 10 , e no quadro 5 - planilha auxiliar - o total de

receitas foi de R$ 258.541,26. Já o total de despesas somou um valor de R$ 279.442,98,

segundo mostra o gráfico 8. Ou seja, o caixa fechou num valor total negativo de R$

20.901,72. Segundo mostra o gráfico 11, o percentual de pagamentos x recebimentos foi de

respectivamente, 52% e 48%. Mais adiante será discutido possíveis fatores para esses valores

negativos e como foi realizado os pagamentos das obrigações.

Gráfico 11– Despesas x Receitas de Fevereiro

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4.2.5 Análise mensal - Março

Gráfico 12 – Despesas de Março

Segundo se observa no gráfico 12, 93% do total das despesas foi gasto em compras

(R$ 196.573,66), 4% em folha de pagamento (R$ 8.631,73), 0% em servico de terceiros (R$

975,95), não foi observado quebra de caixa; 1% em instalações físicas (R$ 1.104,65), 2% em

taxas e contribuições (R$ 3.896,97). O item impostos novamente não foi repassado à

pesquisadora, e o item telecomunicações não aparece no gráfico pois em porcentagem

representa menos de 0% (R$ 272, 35).

Gráfico 13 – Compras de Março

DDeessppeessaass MMaarrççoo

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As despesas foram reduzidas visivelmente, isto se deve principalmente ao término do

verão, quando as compras passam a se estabilizar mais, e os cliente voltam a ser a população

local. Além disso, os gastos com serviços de terceiros reduziu consideravelmente, passando

de R$ 2526,39 em janeiro e R$ 2.387,15 em fevereiro para R$ 975,95 em março. O principal

motivo desta mudança foi o término do pagamento da compra de uma nova impressora e CPU

para o computador, passando no mês de março, para apenas manutenção dos sistemas de

informação e das máquinas. Outra despesa que diminuiu consideravelmente foi a de

instalações físicas. Através da planilha se pode perceber que a maior parte desta despesa é de

energia eletrica. No mês de janeiro o gasto com esse indicador foi de R$ 3150,05, em

fevereiro R$ 2513,35 e em março R$ 1.104,65. Esta queda deve-se principalmente a

diminuição da utilização das bombas, que dependem da energia elétrica para funcionarem.

As compras continuam sendo a maior parte das despesas, como se observa no gráfico

13, num total de R$ 196.573,66, o que ainda significa 93% do total dos gastos. Os dados de

impostos novamente não foram fornecidos pela organização.

Gráfico 14 – Receitas de Março

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Gráfico 15 – Despesas x Receitas de Março

Como se observa no gráfico 15 acima, novamente as despesas foram superiores as

receitas, mas o saldo negativo diminuiu consideravelmente num total de R$ 8.705,87.

4.2.6 Análise mensal - Abril

Gráfico 16 – Despesas de Abril

DDeessppeessaass AAbbrriill

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Do total de despesas do mês de Abril, observa-se no gráfico 16, que houve uma queda

nas despesas coom compras, um total de 83% dos gastos se destinou a este propósito (R$

149.109,41). 7% do total das despesas foi gasto em folha de pagamento (R$ 12.407,00), 6%

(R$ 10.657,74) em impostos federais, que são calculados trimestralmente. Além destes, os

gastos com taxas e contribuições somaram um total de 2% (R$ 3.709,40), os gastos com

serviços de terceiros e instalações físicas somaram cada um, 1% do total (R$ 772,00 e R$

2494,98 respectivamente). Os gastos com telefonia e quebra de caixa alcançam menos de 1%

cada (R$ 293,28 e R$ 167,00 respectivamente).

Gráfico 17 – Compras de Abril

Em relação as receitas, analisa-se o gráfico 18 abaixo:

Gráfico 18 – Receitas de Abril

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Gráfico 19 – Despesas x Receitas de Abril

Pela primeira vez no ano, como mostra o gráfico 19, o caixa da empresa fechou com

saldo positivo de R$ 7890,17. Isto se deve principalmente ao que já foi comentando

anteriormente, os clientes agora são aqueles que já são fiéis, muitos deles mensalistas, que

vivem na região e são clientes o ano todo. Durante os meses fora da temporada percebe-se que

a gerência consegue ter um controle maior sobre os custos, compras e dispêndios.

4.2.7 Análise mensal - Maio

Gráfico 20 – Despesas de Maio

DDeessppeessaass MMaaiioo

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Como se observa no gráfico 20, do total das despesas, 86% se destinaram a compras

(R$ 108.730,32) , 8% folha de pagamento, num total de R$ 10.225,56, telecomunicações e

quebra de caixa 0% do valor total, mas se considerados isoladamente, quebra de caixa foi um

gasto dispendioso neste mês, se comparado aos outros meses, num total de R$ 606,57. Já

telefonia continuou num valor aproximado aos meses anteriores (R$ 352,70). 1% do total se

destinou à serviços de terceiros (R$ 672,00), 2% para instalações físicas R$ (2.360,00) e

finalmente 3% ( R$ 3.789,31) destinado aos custos com taxas e contribuições.

Gráfico 21 – Compras de Maio

Em se tratando das receitas, pode- se observar o gráfico 22 abaixo:

Gráfico 22 – Receitas de Maio

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O total das receitas no mês de maio somou um valor de R$ 136.963,96.

Gráfico 23 – Despesas x Receitas de Maio

Pela segunda vez ao ano, como se observa no gráfico 23 a empresa fechou o caixa

com saldo positivo, no valor de R$ 18.868,99.

4.2.8 Análise mensal - Junho

Gráfico 24 – Despesas de Junho

DDeessppeessaass JJuunnhhoo

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De acordo com o gráfico 24, é possível observar que do total das despesas, 88%

foram destinadas à compras (R$ 133.147,34), 6% em folha de pagamento (R$ 9.696,04),

quebra de caixa e telecomunicações não chegam a 1%, (R$ 191,05 e R$ 334,00

respectivamente). Serviços de terceiros ocupou 1% do total, num valor de R$ 724,00, já

instalações físicas teve uma participação de 3%, num total de R$ 3.955,48. O percentual foi

maior que nos outros meses devido a necessidade de manutenção das bombas que ocorreu

neste mês, dispendendo um valor de R$ 2.060,00 neste item. E finalmente o percentual de

tavas e contribuições teve uma participação de 2% do total, num valor de R$ 2.995,86.

Gráfico 25 – Compras de Junho

Em relação as receitas pode-se observar no gráfico 26 abaixo:

Gráfico 26 – Receitas de Junho

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O valor total das receitas foi R$ 152.271,54.

Gráfico 27 – Despesas x Receitas de Junho

No mês de junho as receitas praticamente igualaram as despesas, como se pode

observar no gráfico 27, sendo que o saldo do mês foi positivo, num total de R$ 19.006,96.

4.2.9 Análise mensal - Julho

Gráfico 28 – Despesas de Julho

Como mostra o gráfico 28, do total dos gastos, 86% representam compras (R$

144.889,79), 6% folha de pagamento (R$ 9.350,00), 4% impostos (R$ 6.739,53), devido aos

DDeessppeessaass JJuullhhoo

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pagamentos de impostos municipais e estaduais, 3% taxas e contribuições (R$ 4.252,88), que

também teve um acréscimo devido ao pagamento da taxa extra do Inmetro, num valor de R$

555,60. Instalações físicas participou com apenas 1% do total, num valor de R$ 1.807,81. Os

percentuais de telecomunicações, serviços de terceiros e quebra de caixa não chegam a 1% do

total, com valores de R$ 336,00, 532,00 e 293,10 respectivamente.

Gráfico 29 – Compras de Julho

Em se tratando das receitas observa-se o gráfico 30 abaixo:

Gráfico 30 – Receitas de Julho

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O total das receitas no mês de julho foi de R$ 193.579,78. Abaixo a relação que se

observa entre as receitas e despesas do mês de julho:

Gráfico 31 – Despesas x Receitas de Julho

A situação da empresa começa a se estabilizar a cada mês com mais força. No mês de

julho, como se pode observar no gráfico 31, as receitas superaram as despesas, e o saldo

positivo é um valor inédito no ano: R$ 44.057,75. Um fator que propiciou esta mudança foi as

férias escolares que acontecem no mês de julho, quando a cidade volta a receber muitos

turistas de férias e a própria população local passa a consumir mais os produtos do posto.

Outro fator que influenciou significativamente foi o campeonato de surf mundial WCT que

aconteceu entre 27 de junho e 5 de julho, e que movimentou a cidade nos poucos dias que

ocorreu.

4.3 Conclusões acerca do que foi observado

Pode se perceber que os meses de janeiro, fevereiro e março, meses de maior

movimento da empresa decorrentes da época de veraneio, é também a época em que o posto

se desequilibrou e fechou seus meses com saldo negativo. Esta realidade é fruto da falta de

planejamento na época do ano em que a empresa mais necessita se organizar para atender a

demanda, nos meses de verão. Nos meses seguintes a empresa se estabilizou e fechou os

meses com saldo positivo. Depois de passado o movimento intenso de verão, os clientes

voltaram a ser basicamente a população local, e a administração já tinha conhecimento, ainda

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que informal, sobre a demanda nos meses de baixa temporada. Importante salientar que o

gerente pagou seus compromissos com dinheiro pessoal, nos meses em que o caixa da

empresa estava negativo. Alguns aspectos relevantes na análise do fluxo de caixa da empresa

podem explicar este saldo negativo, são retratados na sequência.

4.3.1 Aspecto turístico

De acordo com informações fornecidas pela empresa Santur – Órgão Oficial de

Turismo do Estado de Santa Catarina, houve uma queda significativa no número de turistas no

ano de 2009 em Garopaba, se comparado aos anos anteriores, como mostra o quadro abaixo:

MOVIMENTO ESTIMADO DE TURISTAS

Origem 2005 2006 2007 2008 2009

Nacionais 125.007 108.003 134.607 101.118 87.254

Estrangeiros 10923 16.449 16.826 10.324 10.336

Total 135.930 124.452 151.433 111.442 97.590 Quadro 6 – Movimento Estimado de Turistas Fonte: Santur – Gerência de Planejamento, 2009

Além da diminuição no número de turistas, os dados obtidos através da Santur nos

mostram que os turistas, tanto nacionais quanto estrangeiros gastaram menos diariamente:

GASTO MÉDIO ESTIMADO POR TURISTA EM DÓLAR

Origem 2005 2006 2007 2008 2009

Nacionais 23,98 20,00 24,68 40,25 24,39

Estrangeiros 27,97 23,10 31,15 44,66 28,33

Valor do Dólar não há 2,29 2,12 1,79 2,31 menção

Quadro 7 – Gasto Médio Estimado por Turista em Dólar Fonte: Santur – Gerência de Planejamento, 2009

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PRINCIPAIS MERCADOS EMISSORES – NACIONAIS - %

Estado 2005 2006 2007 2008 2009

Rio Grande do Sul 70,23 78,16 84,29 69,57 Não há menção para esse ano.

São Paulo 10,36 6,61 4,29 15,56 Paraná 9,39 4,81 4,29 12,08 Rio de Janeiro 4,85 1,00 0,89 - Santa Catarina 1,94 7,21 4,29 5,31

Quadro 8 – Principais Mercados Emissores – Nacionais % Fonte: Santur – Gerência de Planejamento, 2009

Estes dados nos mostram que a expectativa estimada de turismo decresceu um

percentual de 12,43% entre 2008 e 2009, e o gasto médio caiu 9,47%, sendo que deste

percentual, 19,96% refere-se à diminuição do consumo do turista nacional, e 16,26% à

redução dos gastos dos turistas estrangeiros. Estes dados poderiam ter ajudado o dirigente da

empresa a tomar decisões importantes acerca das compras e realizar um planejamento mais

detalhado e focado em ações para atrair estes turistas.

4.3.2 Concorrência

A empresa possui três concorrentes, sendo que dois destes competem diretamente pelo

público que especificamente vai à cidade de Garopaba, e o terceiro concorrente compete pela

fatia de mercado que pode ou não ir para Garopaba e/ou seguir viagem até a cidade de

Imbituba e adiante. Entende-se por Garopaba, todas as praias que se localizam após o acesso

ao trevo da cidade, que no momento está sendo reformado e se tornará um elevado, com a

finalização da duplicação da BR-101. É preciso deixar claro esse fato, para não causar

confusões, pois, apesar de se localizar no caminho para a cidade de Garopaba, a famosa Praia

do Rosa, por exemplo situa-se ainda dentro dos limites da cidade de Imbituba, mas quem vai

visitar essa praia, necessariamente precisa fazer o retorno por este futuro elevado, de outro

modo ele seguirá adiante pela BR indo para a direção sul ou Norte do Estado.

Os concorrentes diretos, que competem pelo mercado que efetivamente segue para

Garopaba são: Posto Amizade, que também se localiza na SC 434, a aproximadamente 2

quilômetros de distância, e o Auto Posto Nestor, que possui localização privilegiada, por ser o

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único Posto de Gasolina no centro da cidade a aproximadamente 12 quilômetros de distancia

do Posto Lagoa. Já o concorrente indireto, o Posto Texaco, localiza-se a aproximadamente 3

quilômetros de distância em outro sentido, em sentido de quem segue viagem para o Norte ou

Sul do estado, passando direto, sem entrar no acesso à cidade. É considerado um concorrente

pois a empresa poderia criar e planejar maneiras de conquistar também estes clientes, visto

que o acesso ao posto é muito fácil e de pouca distância da BR-101.

4.3.3 Fatores climáticos e meteorológicos

O clima e os fatores meteorológicos também possuem grande importância e

influenciou muito os negócios da empresa. Isto porque o verão de 2009 foi muito chuvoso,

mas o fato mais importante foi a chuva que assolou o estado nos meses de novembro de 2008.

Grande parte das cidades atingidas ficaram destruídas por causa da chuva, e os prejuízos

foram enormes. Por conta disto, muitas pessoas deixaram de viajar, e o turismo foi muito

prejudicado em todo o estado. De acordo com o jornal Folha Online de 24 de novembro de

2008, “a chuva que atingiu o estado de Santa Catarina e provocou destruição e morte é

recorde histórico para o mês de novembro, desde que o Inmet (Instituto Nacional de

Meteorologia) começou a fazer medições em Florianópolis, em 19611

Em outra reportagem, do dia 23 de novembro de 2008, o jornal fornece a notícia de

que o verão será muito chuvoso nas regiões sul, sudeste, centro-oeste e norte do país. O jornal

destaca que de acordo com o Cptec (Centro de Previsão de Tempo e Estudo Climáticos),

órgão federal ligado ao Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) a previsão é que o

verão sofra a influência constante da ZCAS ( Zona de Convergência do Atlântico Sul), que

provoca chuvas e tempo instável

.

2

1 Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u470906.shtml

. Portanto, o movimento do turismo no estado foi muito

prejudicado, e não somente a empresa analisada, mas praticamente todos os setores que

dependem do turismo para sobreviver sentiram esta queda. De acordo com uma notícia do site

globo.com, as enchentes de novembro em Santa Catarina, somadas à redução da atividade

2 Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u470808.shtml

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econômica pela crise mundial, provocaram perda de arrecadação de R$ 236 milhões em

relação ao que estava orçado de dezembro de 2008 a fevereiro de 20093

.

4.3.4 Gestão mal estruturada e planejada

Apesar dos esforços para levar o negócio adiante, pôde ser observado pela

pesquisadora, durante o período do estágio, que a empresa não possui um planejamento

adequado sobre os gastos e as receitas. Além disso, não existe a preocupação de realizar

projeções para o mês seguinte, todos os pagamentos e recebimentos são feitos de maneira

quase informal, à medida que vão surgindo. Isso acarreta uma desorganização, o que por

conseqüência, dificulta a realização de ações voltadas para a manutenção e melhoria do fluxo

de caixa.

Através destas informações, percebe-se claramente a falta de conhecimento da

gerência no que diz respeito a uma administração correta e eficiente. Segundo Lacombe e

Heilborn (2003, p. 49):

Uma definição abrangente de administrar: planejar, organizar, liderar, coordenar e controlar as atividades de uma empresa, diagnosticando suas deficiências e identificando seus aspectos positivos; estabelecendo metas, planos e programas para sanar as deficiências e expandir e desenvolver os aspectos positivos; tomando, dentro de seu âmbito, as decisões e providências necessárias para transformar em ações e realidade esses planos e programas, controlando seus resultados, visando ao cumprimento das metas estabelecidas.

Para complementar, Chiavenato (2000) salienta que a administração trata do

planejamento, da organização, direção e do controle de todas as atividades que ocorram

dentro de uma organização. E ainda que o administrador soluciona problemas, dimensiona

recursos, planeja sua aplicação, desenvolve estratégias efetua diagnósticos de situações entre

outras atividades.

3 Disponível em http://g1.globo.com/Noticias/Economia_Negocios/0,,MUL1046301-9356,00-

RECEITA+DE+SANTA+CATARINA+AINDA+SOFRE+IMPACTO+DA+ENCHENTES.html

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A gerência do Posto Lagoa executa muitas dessas atividades, mas sem planejá-las, o

que acaba por prejudicar a empresa no todo.

4.3.5 Quantidade de veículos licenciados circulando

De acordo com informações do Detran, o número de veículos que circulam na cidade

de Garopaba aumenta a cada ano, como mostra a quadro abaixo:

TIPO

2006

2007

2008

2009 (até agosto)

AUTOMOVEL 3087 3405 3676 4001

CAMINHAO 158 171 186 192

CAMINHAO TRATOR 17 19 23 27

CAMINHONETE 194 221 272 307

CAMIONETA 420 436 438 439

CICLOMOTOR 4 5 5 5

MICROONIBUS 15 15 14 13

MOTOCICLETA 1544 1753 1929 2016

MOTONETA 244 346 444 487

MOTOR CASA 0

0 8 10

ONIBUS 32 35 30 32

QUADRICICLO 1 2 2 3

REBOQUE 71 80 97 105

SEMI-REBOQUE 20 19 21 21

SIDE-CAR 0 2 2 2

TRATOR DE RODAS 2 2 3 3

UTILITARIO 14 16 28 35

TOTAL 5823 6527 7178 7698

Quadro 9 – Estatística de Veículos do Município de Garopaba Fonte: Departamento Estadual de Trânsito de Santa Catarina, 2009

Através desses dados pode-se perceber a importância desse crescimento para a

conquista de novos mercados e clientes para a empresa. Somente tratando de carros, o

crescimento, comparando-se Janeiro de 2008 e Janeiro de 2009 foi de 8,91%, se comparado

de Agosto de 2008 a Agosto de 2009, o crescimento no número de carros foi de 11%. O

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número de motos também cresceu notoriamente. De Janeiro a Agosto de 2009 o crescimento

foi de 13,71%. No total, comparando-se Dezembro de 2007 a Agosto de 2009 o crescimento

na frota de veículos licenciados foi de 15,21%. O numero de carros, motos, e tantos outros

veículos cresce a cada ano, mas o que deve ser analisado é porque o Posto Lagoa não está

crescendo juntos com essa demanda. Será preciso criar estratégias para conquistar esse

mercado em expansão. Essas estratégias serão discutidas mais adiante.

4.3.6 Melhoria da Estrutura Viária - Duplicação da BR – 101

As obras decorrentes da Duplicação da Rodovia Federal interferem de maneira

importante e significativa no que diz respeito ao movimento de turistas na cidade de Garopaba

e em outras cidades litorâneas que dependem desta rodovia como acesso. De um lado,

interfere negativamente, já que devido às obras e as paralisações necessárias para sua

conclusão, o movimento na estrada se torna lento, pesado e cansativo. De acordo com a

Santur, um dos motivos para a diminuição do numero de turistas pode ser relacionado a este

fator. Segundo o site do DNIT, a total finalização das pistas duplas era para ter terminado em

dezembro do ano passado. Ficou para dezembro deste ano. No lote 26, em Tubarão, o prazo é

ainda maior: meados do próximo ano. No trecho tubaronense, da Construtora Triunfo, existem

locais onde nem mesmo a terraplanagem, considerada a parte mais demorada de todo o

processo de duplicação, começou.

Se de um lado as obras de duplicação da BR 101 afetam negativamente o negócio da

empresa, de outro, podem influenciar positivamente os turistas a visitarem as cidades

litorâneas próximas a cidade. Isto porque as obras entraram em ritmo acelerado para que até o

fim do ano uma nova parte da nova seja liberada. De acordo com o site da DNIT -

Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes, o verão de 2009/2010 pode ter até

65% da BR 101 duplicada. A promessa é liberar até o final do ano 50 quilômetros de pista

dupla dos 88 quilômetros do novo traçado da rodovia na parte gaúcha. Na parte catarinense, a

intenção é entregar 170 dos 248 quilômetros. Nos dois Estados, serão 220 quilômetros de 336

que serão duplicados (65%). Nos últimos quatro meses, a duplicação no Rio Grande do Sul

ganhou novos contornos. O aumento no número de máquinas e funcionários possibilitou

concluir viadutos, aumentar trechos duplicados e iniciar construções que até então estavam

paralisadas. Com o ritmo acelerado, o plano é inaugurar o trecho na metade de 2010, ainda

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durante a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

4.3.7 Inadimplência

Este é um fator que afeta de forma negativa o fluxo de caixa de qualquer empresa.

Segundo Gitman (2002 pag. 758), “a principal causa de inadimplência é a má administração.

Numerosos erros administrativos específicos podem levar a empresa ao fracasso”.

Na empresa analisada, foi observado, através de relatórios concedidos pelo gerente,

que o Posto Lagoa possui um valor de R$ 31.051,05 em notas e faturas em atraso, desde sua

abertura até a data de 01 de agosto de 2009. Algumas dessas faturas já estão em aberto há

mais de um ano, e os valores variam desde R$ 2,04 até R$ 7.972,51, (sendo somente este

devedor responsável por 25,68% das dívidas pendentes de clientes).

Uma planilha desenvolvida pela pesquisadora com os valores das faturas em aberto,

bem como o tempo de atraso (Apêndice A), de acordo com esta planilha, verificou-se que o

prazo médio de atraso da carteira em dias é de 175 dias, aproximadamente. Outro dado

observado é a taxa de inadimplência, que de acordo com os cálculos necessários, observou-se

um percentual de 2,13% no período analisado.

Outro dado levantado foi a origem das notas em atraso. De acordo com a

administração da empresa a grande maioria das notas, cerca de 90%, se refere a diferentes

notas dos mesmos clientes, ou seja, o cliente não estava pagando suas dívidas, mas mesmo

assim continuou a comprar. Este fato precisa ser levado em consideração se a empresa quiser

diminuir a taxa de inadimplência. Ainda de acordo com a gerência da empresa e pelo que

pôde ser observado pela pesquisadora, os motivos para este grau de inadimplência envolvem

unicamente à falta de uma política formal de cobrança e um comprometimento mais relevante

da administração financeira neste setor.

Uma boa política de cobrança ajudaria a reaver este valor que está em falta na

empresa. De acordo ainda com Gitman (2002, p. 709), “a política de cobrança abrange os

procedimentos utilizados para cobrar as duplicatas a receber quando do vencimento”. Salienta

ainda que a eficiência desta política pode ser avaliada parcialmente, observando-se o nível de

inadimplentes ou incobráveis. Esse nível, segundo o autor, depende não só da política de

cobrança, mas também da política em que se baseou a concessão do crédito.

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4.3.8 Resultado sobre as análises dos fatores acima descritos

Pode ser observado, que os fatores descritos no item anterior podem afetar tanto

positiva, quanto negativamente o desenvolvimento do negócio da empresa. Aspectos como a

queda do turismo evidenciada em pesquisa divulgada pela SANTUR, órgão que gerencia a

atividade turística no Estado, permitiria a empresa planejar suas compras para períodos

futuros. Outro aspecto, as chuvas que assolaram a região Sul em novembro de 2008, também

se constituiriam em informação relevante, pois a grande exposição na mídia no período com

certeza obrigaria o redimensionamento da demanda. Por último o estágio da duplicação da BR

101 em função dos diversos desvios e congestionamentos resultou em impactos negativos a

lucratividade da empresa. Estes são aspectos que dificilmente podem ser controlados pela

empresa, sendo que esta fica a mercê destes acontecimentos.

Já aspectos como inadimplência, concorrência e gestão mal-estruturada são também

influenciadoras no fluxo de caixa da empresa. A falta de uma política de cobrança das notas

em atraso acaba por prejudicar a liquidez e o fluxo de caixa da empresa, visto que a taxa de

clientes inadimplentes poderia ser diminuída consideravelmente com a adoção de ações

voltadas para a recuperação destes valores em aberto. A empresa poderia também criar ações

para se diferenciar dos concorrentes e conquistar mais mercados, já que se localiza em uma

posição privilegiada, que favorece a conquista de turistas e moradores locais. Além disso, em

se tratando da gestão mal estruturada, que afeta negativamente o gerenciamento dos negócios,

a empresa poderia investir em treinamentos e cursos financeiros para os gerentes e gestores.

Como se pode perceber, estes fatores podem ser controlados pela empresa, se esta se dispuser

a medir ações para controlar e diminuir o número de clientes inadimplentes, planejarem ações

para estruturar a administração das finanças, além de criar medidas com o objetivo de superar

os concorrentes.

E finalmente, o crescimento do número de veículos licenciados que circulam na cidade

é um fator que pode afetar de maneira positiva a empresa, se esta propuser ações para trazer

estes novos usuários para sua empresa. Estas ações, bem como a de melhorias nos pontos

negativos podem ser a base para novos projetos a serem desenvolvidos na empresa.

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100

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho tem como objetivo principal analisar o processo de gestão

financeira da empresa Posto Lagoa Ltda. Para atingir este objetivo foram traçados três

objetivos específicos, sendo eles: identificar as atividades desenvolvidas pelo setor de contas a

pagar e a receber; verificar o grau de inadimplência por parte dos clientes e identificar as

variáveis que afetam o fluxo de caixa da empresa.

O objetivo de identificar as atividades desenvolvidas pelo setor de contas a pagar e a

receber foi atingido, uma vez que pelas planilhas e gráficos elaborados pôde ser observado

como está estruturado e como são realizadas as atividades deste setor. Como resultado dessas

análises pode-se descrever os gastos e as receitas da empresa, ou seja, visualiza-se mais

detalhadamente para onde vai o dinheiro que entra e sai da empresa.

O segundo objetivo, que tratou de verificar o grau de inadimplência por parte dos

clientes foi alcançado com certa facilidade, pelo fato de a empresa já possuir um relatório

simples das notas e faturas em atraso. Como resultado, pode-se criar alternativas de cobrança

destes débitos em atraso, o que aumentaria a liquidez da empresa.

O terceiro objetivo específico, que tratou de identificar as variáveis que afetam o fluxo

de caixa da empresa foi também alcançado com êxito, e foi o objetivo específico que mais

necessitou de pesquisas e consultas em diferentes órgãos e empresas de áreas distintas para

sua conclusão. Como resultado destas pesquisas, a empresa pode agora desenvolver um

planejamento levando em conta estas variáveis, prevendo a demanda para os meses futuros.

Com base nestes dados, acredita-se ter sido alcançado o objetivo geral de analisar o

processo de gestão financeira da empresa Posto Lagoa Ltda., evidenciando a necessidade de

maior controle de caixa da empresa e buscando traçar uma política financeira para a mesma,

com o objetivo de maximizar o retorno financeiro da empresa e diminuir os riscos financeiros

relacionados à atividade da mesma.

Durante as pesquisas, houve algumas limitações encontradas pela pesquisadora que

dificultaram o acesso a alguns documentos da empresa. Uma delas diz respeito à inexistência

de controles efetivos por parte da empresa, ou seja, a informalidade. Outro aspecto que

interferiu na coleta dos dados foi o fato de a empresa responsável pela contabilidade do Posto

Lagoa se localizar em outra cidade. Por este motivo, a empresa encaminhava por correio

alguns dos documentos solicitados pela pesquisadora, como as notas fiscais, e isso demandava

certo tempo.

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Pode-se sugerir, para novos trabalhos, a elaboração de um modelo de gerenciamento

financeiro para a empresa, com a adoção de uma política formal que norteará as atividades de

contas a pagar e a receber do Posto Lagoa.

Pode-se sugerir ainda a adoção de um modelo de fluxo de caixa que se adapte à

realidade e às necessidades da empresa. O fluxo de caixa, segundo destaca Queji (2002) é

fundamental para a sobrevivência de uma empresa, pois é ele que promove o nível de liquidez

necessário para saldar as obrigações assumidas pela empresa. A insuficiência de caixa pode

determinar cortes de crédito, além de ocasionar uma série de descontinuidades em suas

operações.

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APÊNDICES

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APENDICE A – Relatório de Notas e Faturas em Atraso

RELATÓRIO DE NOTAS E FATURAS EM ATRASO (até 01/08/09) CLIENTE VALOR (R$) ATRASO (em dias)

Cliente 1 180,28 49,00 8.833,72 Cliente 2 88,13 253,00 22.296,89 Cliente 3 400,12 48,00 19.205,76 Cliente 4 7.972,51 62,00 494.295,62 Cliente 5 60,42 535,00 32.324,70 Cliente 6 50,07 2,00 100,14 Cliente 7 100,09 29,00 2.902,61 Cliente 8 230,86 135,00 31.166,10 Cliente 9 1.176,09 62,00 72.917,58 Cliente 10 1.895,21 105,00 198.997,05 Cliente 11 20,00 6,00 120,00 Cliente 12 40,09 140,00 5.612,60 Cliente 13 69,40 - - Cliente 14 8,05 2,00 16,10 Cliente 15 567,51 669,00 379.664,19 Cliente 16 20,00 151,00 3.020,00 Cliente 17 159,02 22,00 3.498,44 Cliente 18 635,02 28,00 17.780,56 Cliente 19 289,41 23,00 6.656,43 Cliente 20 300,32 247,00 74.179,04 Cliente 21 641,27 31,00 19.879,37 Cliente 22 20,00 17,00 340,00 Cliente 23 259,00 666,00 172.494,00 Cliente 24 26,03 389,00 10.125,67 Cliente 25 27,02 435,00 11.753,70 Cliente 26 281,77 18,00 5.071,86 Cliente 27 1.342,10 569,00 763.654,90 Cliente 28 617,03 29,00 17.893,87 Cliente 29 188,64 149,00 28.107,36 Cliente 30 2,04 10,00 20,40 Cliente 31 20,04 5,00 100,20 Cliente 32 116,17 284,00 32.992,28 Cliente 33 3,25 43,00 139,75 Cliente 34 136,00 17,00 2.312,00 Cliente 35 149,44 5,00 747,20 Cliente 36 265,38 80,00 21.230,40 Cliente 37 499,25 101,00 50.424,25 Cliente 38 20,00 19,00 380,00 Cliente 39 59,50 608,00 36.176,00 Cliente 40 203,04 188,00 38.171,52

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Cliente 41 86,39 401,00 34.642,39 Cliente 42 208,31 21,00 4.374,51 Cliente 43 50,01 1,00 50,01 Cliente 44 148,29 806,00 119.521,74 Cliente 45 379,23 234,00 88.739,82 Cliente 46 66,40 432,00 28.684,80 Cliente 47 365,30 75,00 27.397,50 Cliente 48 275,20 630,00 173.376,00 Cliente 49 20,02 193,00 3.863,86 Cliente 50 170,34 252,00 42.925,68 Cliente 51 28,00 44,00 1.232,00 Cliente 52 282,90 953,00 269.603,70 Cliente 53 26,00 463,00 12.038,00 Cliente 54 153,84 615,00 94.611,60 Cliente 55 179,68 22,00 3.952,96 Cliente 56 464,07 78,00 36.197,46 Cliente 57 180,55 760,00 137.218,00 Cliente 58 397,70 108,00 42.951,60 Cliente 59 373,13 393,00 146.640,09 Cliente 60 774,31 58,00 44.909,98 Cliente 61 40,00 18,00 720,00 Cliente 62 30,01 2,00 60,02 Cliente 63 140,13 46,00 6.445,98 Cliente 64 892,50 267,00 238.297,50 Cliente 65 100,11 15,00 1.501,65 Cliente 66 310,54 719,00 223.278,26 Cliente 67 729,97 719,00 524.848,43 Cliente 68 20,01 377,00 7.543,77 Cliente 69 50,00 87,00 4.350,00 Cliente 70 1.945,55 31,00 60.312,05 Cliente 71 234,91 80,00 18.792,80 Cliente 72 40,16 111,00 4.457,76 Cliente 73 30,00 7,00 210,00 Cliente 74 1.865,35 111,00 207.053,85 Cliente 75 5,00 320,00 1.600,00 Cliente 76 337,54 173,00 58.394,42 Cliente 77 364,43 457,00 166.544,51 Cliente 78 145,68 20,00 2.913,60 TOTAL: 31.051,13 5.425.858,56 PRAZO MÉDIO DE ATRASOS DA CARTEIRA EM DIAS: 175 TAXA DE INADIMPLÊNCIA DA CARTEIRA: 2,13%