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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
CLAUS WEIHERMANN
O PROCESSO DE AJUSTAMENTO DE INTERCAMBISTAS NO EXTERIOR
Balneário Camboriú
2007
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CLAUS WEIHERMANN
O PROCESSO DE AJUSTAMENTO DE INTERCAMBISTAS NO EXTERIOR
Balneário Camboriú
2007
Monografia apresentada como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Administração com ênfase em Marketing, na Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Educação Balneário Camboriú. Orientador: Prof. MSc Ricardo Boeing da Silveira
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CLAUS WEIHERMANN
O PROCESSO DE AJUSTAMENTO DE INTERCAMBISTAS NO EXTERIOR
Esta Monografia foi julgada adequada para a obtenção do título de Bacharel em
Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Marketing da
Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Educação de Balneário Camboriú.
Área de Concentração: Estudo do Comportamento do consumidor
Balneário Camboriú, 09 de Novembro de 2007.
_________________________________
Prof. MSc. Ricardo Boeing da Silveira
Orientador
___________________________________
Prof. Dra. Rosilene Marcon
Avaliadora
___________________________________
Prof. MSc. Laércio Braggio
Avaliador
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EQUIPE TÉCNICA
Estagiário(a): Claus Weihermann
Área de Estágio: Marketing
Professor Responsável pelos Estágios: Lorena Schröder
Supervisor da Empresa: Leandro Ricardo Vicentine
Professor orientador: Ricardo Boeing da Silveira
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DADOS DA EMPRESA
Razão Social: WV Agência de Intercâmbio e Turismo LTDA
Endereço: Rua 1101, 60 Sl 124
Balneário Camboriú – SC
88330-774
Setor de Desenvolvimento do Estágio: Marketing
Duração do Estágio: 120 horas
Nome e Cargo do Supervisor da Empresa:
Leandro Ricardo Vicentine – Sócio Diretor
Carimbo do CNPJ da Empresa:
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AUTORIZAÇÃO DA EMPRESA
Balneário Camboriú, 25 de Junho de 2007.
A Empresa B to W Intercâmbios Culturais, pelo presente instrumento, autoriza
a Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, a divulgar os dados do Relatório de
Conclusão de Estágio executado durante o Estágio Curricular Obrigatório, pelo
acadêmico Claus Weihermann.
___________________________________
Leandro Ricardo Vicentine
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AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente ao professor Boeing pela amizade e pela excelente
orientação durante a realização deste trabalho.
A minha namora Mariane, pessoa que mesmo estando longe, me incentivou
em todos os momentos durante estes últimos três meses.
Aos meus pais e irmãos que sempre estiveram ao meu lado com seu amor e
amizade me apoiando para encarar qualquer dificuldade.
Aos meus amigos de classe pelos ótimos momentos vividos na universidade e
fora dela ao longo dos anos.
A todos os professores que durante o curso contribuíram com minha
formação compartilhando seus conhecimentos.
A coordenação do curso de administração pelo constante apoio e
desenvolvimento do curso.
A agência de intercâmbio BtoW – Brazilian to the World, pela oportunidade e
contribuição para que este trabalho de conclusão de curso fosse realizado.
Agradeço a Andrea Sebben por compartilhar o seu conhecimento na área de
educação intercultural abrindo novos horizontes para esta pesquisa.
E por fim a Deus, por tudo que ele proporcionou em minha vida e por me
fazer acreditar que se batalharmos duro por nossos sonhos eles se tornam
realidade.
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RESUMO
Este trabalho tem como objetivo principal compreender o processo de ajustamento cultural dos intercambistas brasileiros no exterior por se tratar de um fator determinante na satisfação dos consumidores destes programas. Para compreender este processo, foi fundamental realizar uma pesquisa junto a ex-intercambistas, neste caso, clientes da agência de intercâmbio BtoW - Brazilians to the World. Buscando atingir o objetivo do trabalho, foram também estabelecidos objetivos específicos, tais como traçar um perfil psicográfico dos intercambistas, estabelecer quais foram as expectativas e percepções em relação ao programa e seus diferentes aspectos, e por fim, apresentar quais são as principais dificuldades e facilidades durante um programa de intercâmbio. A metodologia utilizada foi uma pesquisa exploratório e descritivo de caráter quantitativa, onde foi aplicado um questionário junto aos clientes da agência buscando levantar informações a respeito de suas experiências no exterior. Após a realização da pesquisa e análise dos dados, percebe-se a importância de viajar com expectativas realista, os resultados positivos do treinamento intercultural e os benefícios de conhecer o idioma estrangeiro para o maior aproveitamento do intercâmbio e do sucesso do mesmo. Foram também sugeridos ao final deste trabalho, alguns temas para novas pesquisas, são eles: Estudar a relação das diferentes culturas e o sucesso do intercâmbio, pesquisar os benefícios do intercâmbio para a vida profissional das pessoas, verificar se as agências de intercâmbio levam em consideração a questão da expectativa quando comercializam os programas de intercâmbio e estudar as consequências sobre um intercâmbio quando o número de brasileiros no mesmo local é excessivo. Palavras-Chave: Perfil do Consumidor, Expectativa , Treinamento intercultural.
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ABSTRACT
The main purpose of this research is to comprehend the cultural adjustment of Brazilians exchange students in foreign countries. To understand this whole process, it was fundamental to do a survey with ex-exchange students, in this case, clients from BtoW – Brazilians to the World. Seeking to accomplish the major objective, it was also established some specific objectives, such as, to draw a psychographic profile from the cultural exchange travelers, to verify the expectations and perceptions regarding to the program and its diverse aspects, and for last, show the difficulties and facilities found during an exchange program. The methodology used in the current survey was a exploratory and descriptive research with a quantity approach. A questionnaire was applied to the agency’s client looking for details about their experience overseas. After the research and data analyses, it’s evident the importance of keeping the right expectation, the positive results of the cross cultural training and the benefits of a good knowledge of the local language for a better relationship with the host people. These three factors increase the chances of a successful exchange program considerably. At the end of this survey, it is suggested some studies to be developed in the near future, they are: To study the relations of different cultures and the success of an exchange program, to research the benefits of an international experience for the people’s professional life, to verify whether the agencies consider the issue expectation when comerzializing exchange programs and for last, to study the consequencies over an exchange program when the number of Brazilians students are excessive at the same location. Keywords: Consumer’s Profile, Expectation, Cross Cultural Training
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LISTA DE FIGURAS
Figura 01 Estrutura teórica para estudo da aculturação...................................... 25
Figura 02 O iceberg da cultura............................................................................. 27
Figura 03 Modelo de stress aculturativo............................................................... 28
Figura 04 Fatores determinantes no processo de ajustamento........................... 31
Figura 05 Modelo de ajustamento........................................................................ 32
Figura 06 Sexo dos entrevistados........................................................................ 41
Figura 07 Grau de escolaridade........................................................................... 41
Figura 08 Idade..................................................................................................... 42
Figura 09 Programa que participou...................................................................... 42
Figura 10 País onde realizou o intercâmbio......................................................... 43
Figura 11 Nível de conhecimento do idioma........................................................ 44
Figura 12 Possuía experiência de viagem antes do intercâmbio......................... 45
Figura 13 Nível de expectativa antes da viagem.................................................. 46
Figura 14 Nível de choque cultural....................................................................... 50
Figura 15 Tempo necessário para superar o choque cultural.............................. 50
Figura 16 Atitudes durante o choque cultural....................................................... 51
Figura 17
O conhecimento do idioma facilita a adaptação................................... 52
Figura 18 A orientação pré-embarque auxilia a manter as expectativas de
acordo com a realidade........................................................................
52
Figura 19 Pensaram em retornar ao Brasil por problemas de adaptação............ 54
Figura 20 O choque cultural como momento mais difícil da viagem.................... 55
Figura 21 A experiência de viagem antes do intercâmbio facilita a adaptação
no exterior.............................................................................................
56
Figura 22
Características pessoais como flexibilidade e maturidade, são
importantes para o processo de adaptação........................................
57
Figura 23 Saber respeitar as diferenças culturais abre porta para o
relacionamento com pessoas nativas..................................................
58
11
Figura 24 A alta expectativa em relação a viagem pode deixar as pessoas
frustradas ou decepcionadas ocasionalmente.....................................
59
Figura 25 Conhecer pessoas do mesmo país ameniza a saudades e o
sentimento de solidão...........................................................................
60
Figura 26 Facilidade de comunicação proporciona um maior contato com
familiares no Brasil...............................................................................
60
Figura 27 O contato freqüente não é ideal para quem realiza um intercâmbio... 61
Figura 28 O contato com familiares era superior a uma vez por semana............ 62
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LISTA DE TABELAS
Tabela 01 Número de intercambistas que viajaram no Brasil............................. 15
Tabela 02 Nível de expectativa em relação aos aspectos da viagem................. 46
Tabela 03 Nível de dificuldades encontradas durante a viagem......................... 48
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO......................................................................................... 15
1.1 Tema ...................................................................................................... 16
1.2 Problema de pesquisa............................................................................. 16
1.3 Objetivos da pesquisa.............................................................................. 17
1.4 Justificativa da pesquisa.......................................................................... 17
1.5 Contextualização do ambiente de estágio............................................... 19
1.6 Organização do trabalho.......................................................................... 19
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA............................................................... 21
2.1 Globalização e Diferenças Culturais........................................................ 21
2.2 Expatriação, Choque Cultural e Aculturação........................................... 23
2.3 Ajustamento Intercultural......................................................................... 30
3 METODOLOGIA CIENTÍFICA................................................................. 36
3.1 Desenvolvimento da Pesquisa................................................................. 36
3.2 Hipóteses da pesquisa............................................................................. 37
3.3 Caracterização da Pesquisa.................................................................... 37
3.4 População e Amostra............................................................................... 38
3.5 Coleta de dados....................................................................................... 39
3.6 Análise dos dados.................................................................................... 40
3.7 Limitações da pesquisa............................................................................ 40
4 RESULTADOS........................................................................................ 41
4.1 Análise geral dos resultados.................................................................... 62
4.1.1 Perfil psicográfico dos intercambistas brasileiros.................................... 62
4.1.2 Expectativas e percepções dos Intercambistas....................................... 63
4.1.3 Dificuldades e Facilidades dos intercambistas no exterior...................... 64
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................... 67
REFERÊNCIAS....................................................................................... 70
14
APÊNDICES............................................................................................ 73
APÊNDICE A – Questionário.................................................................. 74
15
1. INTRODUÇÃO
A popularidade dos programas de intercâmbio é algo que vem chamando a
atenção. A procura por estas oportunidades tem crescido exponencialmente, seja
no número de participantes ou no número de empresas especializadas. Segundo a
Associação Brasileira de Agências de Intercâmbio, o número de pessoas que
viajaram nos últimos anos foi:
Tabela 01: Número de intercambistas que viajaram no Brasil. Ano Número de Intercambistas Crescimento em relação ao ano anterior
2003 34.000 -
2004 42.000 23,53%
2005 54.000 28,57%
2006 70.200 30%
2007 85.000 21,08% Fonte: BELTA – Brazilian Educational & Language Travel Association (2007)
Os estudos realizados sobre adaptação intercultural, estão mais
relacionados aos empresários expatriados, que por sua vez, possui características
similares as experiência vividas pelos intercambistas. Porém, o crescimento do
mercado de intercâmbio exige que seja desenvolvida uma quantidade maior de
trabalhos científicos nesta área para que se compreenda e se desenvolva um
relacionamento profissional entre todos os envolvidos neste processo.
Um intercâmbio cultural é muito mais do que uma simples viagem a turismo. Ele
proporciona um maior envolvimento com a cultura do país visitado e o sucesso do
programa esta diretamente ligada à maneira como o intercambista lida com as
diferenças culturais e como ele gerencia possíveis problemas de adaptação.
Como o êxito de um intercâmbio depende principalmente de atitudes positivas
dos intercambistas, este trabalho busca compreender como acontece o processo de
adaptação destas pessoas durante o período que elas estiveram fora do país. Além
disso, serão apresentados quais são as principais facilidades e dificuldades
encontradas e quais foram as atitudes tomadas para superar estas diferenças.
Alguns autores como Mendenhall e Oddou (1991), Sebben (2007) e Black
(1991), dizem que o treinamento intercultural antes da viagem é fundamental para
16
uma tranqüila adaptação porque desenvolve expectativas realistas em relação aos
diversos aspectos do intercâmbio. Baseado nisso, esta pesquisa também verifica o
sucesso destas orientações em relação ao resultado do intercâmbio do público
estudado.
Outros tópicos abordados neste trabalho de conclusão de curso, são as
características psicográficas dos intercambistas, buscando fazer uma associação
delas com as peculiaridades do programa realizado e quais são os países que
apresentam os maiores desafios ao processo de adaptação.
Ao fim, este trabalho vai colaborar para o universo que compreende os
intercambistas e as empresas especializadas, através de um melhor conhecimento
do processo de adaptação dos intercambistas e suas expectativas.
1.1 Tema
O presente trabalho trata de analisar o perfil do consumidor de intercâmbio
cultural e seu processo de adaptação no exterior. Este estudo vai auxiliar as
empresas deste segmento a criarem estratégias mercadologias específicas para
este público além de fornecer informações preciosas para que os serviços prestados
tenham uma qualidade maior.
Este tema é importante porque cada vez mais as pessoas estão buscando no
exterior oportunidades para desenvolverem suas capacidades profissionais, assim
como uma visão de mundo mais ampliada. E para que este cliente tenha um maior
proveito da sua viagem, as agências de intercâmbio devem conhecer as
necessidades deste consumidor e os aspectos que levam ele ser bem sucedido em
sua jornada.
1.2 Problema
Qual é o perfil do consumidor de intercâmbio cultural é o seu processo de
ajustamento intercultural durante sua vivência no exterior?
17
1.3 Objetivo Geral
Analisar o perfil do consumidor de intercâmbio cultural e o seu processo de
adaptação no exterior.
1.3.1 Objetivos Específicos
• Identificar o perfil psicográfico dos consumidores de programas de
intercâmbio;
• Verificar as expectativas e as percepções dos intercambistas em relação ao
programa realizado;
• Descrever as principais dificuldades e facilidades encontradas pelos
intercambistas no exterior;
1.4 Justificativa
O mercado de viagens de intercâmbio cultural vem crescendo
consideravelmente nos últimos anos no Brasil e no mundo com a profissionalização
deste segmento. Muitas empresas já dedicam suas operações exclusivamente à
consolidação e vendas de programas de intercâmbio. Antigamente estes programas
contemplavam somente aqueles que possuíam condições financeiras consideráveis
ou faziam parte de clubes como o Rotary e Lions. Além disso, os candidatos
deveriam ter um bom espírito de aventura. (SWARBROOKE; HORNER, 2002)
Hoje com o aumento da demanda por estes programas e com o aumento da
concorrência neste mercado, é fundamental que se tenha um conhecimento do perfil
deste consumidor e do processo de ajustamento no exterior. O perfil ideal e um
processo de ajustamento bem sucedido são fatores chaves para o sucesso no
exterior (LEE; LIU, 2006) e conseqüentemente para satisfação do cliente. Através da
compreensão deste processo as empresas poderão oferecer programas de acordo
com as necessidades e personalidades de cada um, aumentando assim o índice de
satisfação dos clientes. Esta satisfação conseqüentemente pode gerar uma série de
efeitos positivos para as agências, tais como: aumento do marketing boca a boca,
18
confiabilidade, diminuição de custos, entre outros. Este conhecimento vai permitir
também que estas empresas desenvolvam estratégias mercadológicas que foquem
o segmento de intercâmbio especificamente.
Outro aspecto importante é o conhecimento do impacto das diferenças
culturais sobre os indivíduos que vivem fora de seu país natal por um período
temporário. Estas pessoas enfrentam verdadeiros choques culturais que influenciam
suas vidas antes, durante e depois desta vivência. O choque cultural e suas
vertentes são na verdade os fatores determinantes para compreender todo o
processo de ajustamento. (AYCAN, 1997).
O processo de ajustamento também pode variar de país para país de acordo
com a proximidade entre as culturas do país natal e o país onde o intercambista esta
vivendo sua experiência. (BLACK, 1991). Como este fator também influencia
fortemente o ajustamento intercultural, este trabalho vai também levantar quais são
os países que proporcionam uma adaptação mais suave e quais são aqueles que a
adaptação é mais penosa.
Academicamente este é um tema considerado relativamente novo porém de
extrema importância de acordo com as concepções educacionais atuais que exigem
cada vez mais que os jovens busquem experiências internacionais para refinar seu
aprendizado e estar preparado para enfrentarem a realidade global das grandes
corporações (FREITAS, 2000).
Os estudos realizados sobre o tema até o momento se limitam em sua grande
maioria aos executivos. Entretanto existem outras situações, uma delas é o
consumidor de intercâmbio, que ainda não tiveram muitas pesquisas desenvolvidas.
(HERNANDEZ; MACHADO, 2003). O desenvolvimento de trabalhos acadêmicos
nesta área vai abrir portas e despertar o interesse para pesquisas mais
aprofundadas sobre os diversos pontos que compõem o processo de ajustamento
no exterior especialmente dos participantes de programas de intercâmbio.
Este trabalho vai justamente buscar compreender como se dá este processo
de ajustamento no exterior de ex-intercambistas brasileiros, assim como traçar um
perfil das pessoas que participam destes programas.
19
1.5 Contextualização do Ambiente de Estágio
A B to W intercâmbios culturais é uma empresa de viagem especializada em
programas de Intercâmbio. Ela atua neste mercado há seis anos onde possui dois
escritórios, a matriz em Curitiba e a filial em Balneário Camboriu na Rua 1101, 60
sala 124, local onde foi realizado o estágio.
O Intercâmbio cultural de maneira geral são programas que proporcionam às
pessoas a oportunidade de interagirem com uma nova cultura durante um período
de estudo ou trabalho no exterior. Atualmente estes programas são oferecidos em
mais de 30 países e as opções de programas são as mais variáveis possíveis.
Dentre os mais tradicionais estão os Cursos de Idiomas, High School, Work and
Travel, Au Pair, Trainee e Work and Study.
Apesar de agência trabalhar com uma enorme gama de produtos de
intercâmbio, o destaque maior esta para os programas de trabalho, principalmente o
programa Work and Travel nos Estados Unidos e os programas Work and Study no
Canadá, Irlanda e Nova Zelândia. Os consumidores destes programas são em sua
grande maioria jovens recém-formados com idades entre 18 e 30 anos que estão
buscando uma primeira oportunidade de trabalho.
1.6 Organização do Trabalho
Este trabalho esta dividido em seis partes. Na primeira parte é feito uma
introdução para apresentar o tema em estudo, em seguida são descritos os objetivos
que se busca alcançar, assim como a contextualização do ambiente de estágio e por
fim a justificativa da realização desta pesquisa.
A segunda parte traz o marco teórico, onde são abordados temas como
globalização, diferenças culturais, expatriação, choque cultural, aculturação e
ajustamento intercultural.
A metodologia do trabalho é apresentada na terceira parte, neste item é
demonstrada a população e amostra, os procedimentos de coleta de dados, assim
como os procedimentos para a posterior análise dos resultados.
20
Na quarta parte é realizada a análise dos resultados obtidos através da
pesquisa. Primeiramente é feito uma análise dos gráficos provenientes do
questionário aplicado e em seguida é feito uma ligação dos resultados com os
objetivos específicos do trabalho.
A penúltima parte do trabalho diz respeito às considerações finais da
pesquisa, onde são recapitulados de forma sucinta os resultados obtidos, a
conclusão em relação às hipóteses e objetivos e por fim são sugeridos estudos
futuros para o tema em questão.
Na sexta e última parte são apresentados os anexos, dentre eles o
instrumento de coleta de dados utilizado para a realização deste trabalho
acadêmico.
21
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Ao longo desta fundamentação serão abordados temas como globalização e
sua influência diante das empresas e pessoas que buscam nos exterior novas
oportunidades. As diferenças culturais e suas implicações no processo de
ajustamento, discutindo principalmente a questão do choque cultural.
Será descrito também como se da o processo de ajustamento no caso de
executivos expatriados, comparando com a realidade do intercambista brasileiro,
esta comparação aborda os diferentes aspectos deste tema.
2.1 Globalização e diferenças culturais
O interesse e a necessidade de viver uma experiência cultural no exterior é
uma atividade que acompanha diretamente a abertura e integração dos países num
processo que se iniciou no final do século XX, que hoje conhecemos como
globalização. A globalização causou e foi causada por uma convergência de forças
de interesse social e econômica que estão ligadas ao comprometimento, valores,
desafios e oportunidades proporcionados por este acontecimento (MARQUARDT;
BERGER, 2003). A globalização é também um fator positivo para um melhor
entendimento das experiências interculturais através de uma maior exposição de
diferentes culturas e da maior proximidade entre elas (TOMLINSON, 1999).
As organizações atuais aproveitam a globalização para criar estratégias
globais com o intuito de conquistar novos mercados e aumentar a lucratividade,
porém, para serem bem sucedidas neste esforço, é importante que estas empresas
possuam pessoas capazes de implementar estas estratégias em um país
desconhecido através do conhecimento cultural específico de cada lugar (LEE; LIU,
2006). Além disso, estes profissionais devem possuir habilidades para gerenciar
situações adversas geradas pelo conflito ideológico entre diferentes culturas.
Guiguet e Silva (2003) complementam dizendo que a cultura tem impacto direto no
modo de gerenciamento, negociação, implantação e funcionamento de empresas,
não levar em consideração estes fatores culturais podem, em alguns casos, arruinar
uma negociação ou uma parceria comercial.
22
O entendimento cultural é fundamental para o sucesso do relacionamento
entre pessoas de diferentes países. Guiguet e Silva (2003) conceituam cultura como
sendo a característica coletiva de um grupo de pessoas que diferencia um grupo do
outro, o âmbito destas características incluem as artes, ciências, educação e
valores. A cultura é adquirida e dissimula a maneira como as pessoas pensam,
percebem, agem, organizam e por fim, como se relacionam com o meio em geral
(BEAMER, 2000).
Existem alguns modelos de dimensão cultural, um deles mais antigo, que
posteriormente serviu de inspiração para novos modelos é apresentado por
Strodtbeck (1961) em seis dimensões:
• A natureza das pessoas (boas ou ruins);
• A relação das pessoas com o meio (dominante, harmoniosa ou subjugada);
• A relação entre as pessoas (linear, colateral ou individualista);
• A modalidade das atividades humanas (fazer, ser, se conter);
• O foco temporal destas atividades (futuro, presente ou passado);
• E a concepção de espaço (privado, público ou os dois);
O Modelo é apreciado por Beamer (2000), porém a autora apresenta um
modelo mais atual que cobre as diferentes características culturais de maneira geral
e na esfera organizacional:
• Individualismo VS Coletivismo;
• Estrutura organizacional horizontal VS Estrutura organizacional hierárquica;
• Forma desconfiada VS forma confiada;
• Autocontrole das atividades humanas VS Atividade humana controlada por outros;
• Aprendizado através de experiências VS Aprendizado através da autoridade;
• Regras observadas VS Regras impostas;
• Comunicação explicita VS Comunicação implícita;
• Oposição a incerteza VS Tolerância a incerteza.
23
Segundo Terry apud Guiguet e Silva (2003) a condição crucial para o
entendimento intercultural é o reconhecimento da cultura do outro. Isto é, entender
que uma cultura não é melhor nem pior que a outra, simplesmente diferente.
A dificuldade de compreender ou respeitar esta nova cultura, pode levar o
individuo a ter dificuldades de adaptação durante sua vivência no exterior e
conseqüentemente não superar um possível choque cultural proveniente deste
encontro entre diferentes culturas.
2.2 Expatriação, Choque Cultural e Aculturação
A possibilidade de um executivo ser designado para uma função no exterior é
cada vez maior devido a novas estruturas organizacionais, ou seja, as organizações
já não estão mais concentradas em uma única região, por exemplo, ela pode
produzir seu produto na China, seu escritório central ser nos EUA e seu mercado
consumidor principal na América Latina. O grande problema em uma designação
como essa, de acordo com Freitas (2000) é a dificuldade que as pessoas encontram
em conseguirem se desvincular de suas raízes e se adaptar a um cotidiano
totalmente novo.
O termo expatriação caracteriza justamente esta movimentação de executivos
para o exterior, a experiência vivida por eles e os motivos que os conduzem a
aceitar tal oportunidade são muito parecidos com aqueles que levam os jovens a
buscarem programas de intercâmbio. Em contra partida, intercambista segundo
Sebben (2007) é toda a pessoa que vive uma experiência intercultural seja la qual
for motivo, ela ressalta dizendo que o que importa não é a atividade em si, e sim a
convivência com um cultura estrangeira.
Segundo Lee (2005) o objetivo das empresas em enviar seus executivos para
o exterior é desenvolver características gerencias globais, onde a capacidade de
lidar com pessoas agregam maior valor ao capital humano da organização e
fortalece suas estratégias comerciais. Esta necessidade das organizações leva
muitos jovens a buscar um programa de intercâmbio, a maioria deles busca
justamente antecipar o aprendizado desta visão de mundo diferenciada, afim de
obter destaque profissional. Estes jovens após suas experiências apresentam
24
características ideais, como perfil arrojado, iniciativa, flexibilidade e criatividade
(SEBBEN, 2007)
Os principais motivos que levam as empresas a enviarem seus executivos
para o exterior são segundo Black e Gregersen (1999):
• Necessidade de abrir novos mercados;
• Aumentar a participação de mercado;
• Auxiliar em fusões e aquisições de empresas;
• Pretensões de permanecerem no mercado por longo prazo;
• Transferência de conhecimento para executivos locais;
• Desenvolver idéias criativas e inovadoras;
• Transferência de tecnologia para a empresa local;
• Desenvolver características de liderança global.
Um intercambista, um executivo expatriado, quando em suas experiências no
exterior passarão por um processo de aculturação. Berry apud Berry e Donà (1994),
apresenta um modelo gráfico para facilitar a compreensão do processo de
aculturação como visto na figura 01. Este modelo propõe que grupos distintos
vivendo num mesmo local se deparam com duas questões principais: “Minha
identidade cultural tem valor, devo mantê-la?” e “O relacionamento com membros do
outro grupo são valorosas?”
Quando os individuos respondem não a primeira pergunta e sim a segunda,
eles se enquadram no modelo de assimilação, ou seja, eles estariam dispostos a
renunciar sua própria identidade cultural e passariam a aceitar a cultura do país
hospedeiro. Quando a resposta para ambas as perguntas é positiva, a classificação
da pessoa no quadrante é de integração. Neste caso o individuo prefere manter sua
própria identidade cultural, porém esta disposta a integrar-se a sociedade. No caso
de resposta positiva e negativa respectivamente, o quadrante aponta para um
modelo de separação. Neste modelo a pessoa não tem interesse em se relacionar
com a cultura local e ao mesmo ela que manter suas tradições e cultura. Por último,
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se as resposta forem negativas para as duas perguntas, o modelo apresentado será
o de marginalização, o que caracteriza a perda de contato com os dois grupos, o
tradicional e o dominante BERRY apud BERRY e DONÀ (1994)
Questão 1
A pessoa valoriza a manutenção da
identidade cultural e suas características?
SIM NÃO
INTEGRAÇÃO ASSIMILAÇÃO
SEPARAÇÃO MARGINALIZAÇÃO
Questão 2
O relacionamento com pessoas
de um outro grupo é considerado
importante?
SIM
NÃO
Figura 01: Estrutura teórica para estudo da aculturação Fonte: BERRY e DONÀ apud BERRY (1980)
De acordo com os estudos realizados por Osland; Osland (2006), os
expatriados renunciam alguns aspectos de sua cultura com o objetivo de serem
aceitos ou bem sucedidos na nova cultura, porém ao mesmo tempo, outros aspectos
se tornam ainda mais fortes por existir uma necessidade de manter uma relação de
identidade com seu país natal. Por exemplo, executivos americanos demonstraram
estarem dispostos a abrirem mão do individualismo para se adaptarem melhor a
uma nova cultura organizacional.
26
Existem também os casos em que pessoas que estão vivendo fora do país,
acabam assumindo um papel de embaixador porque querem que as pessoas do
país hospedeiro pensem positivamente a respeito de sua cultura, nestas situações é
comum que aspectos que eram constantemente criticados, deixem de ser, ou são
feitos de maneira discreta. (OSLAND; OSLAND, 2006)
Segundo Cuche apud Hernandes e Machado (2003), a cultura fornece ao
individuo um esquema inconsciente para todas as atividades da vida e para que seja
possível a convivência harmoniosa numa nova cultura, é necessário que exista o
conhecimento e a aceitação de novos valores. Porém este processo só ocorre numa
situação em que exista uma relação com o outro num relacionamento de aceitação
mútua.
A capacidade de uma pessoa se adaptar a um novo ambiente cultural é uma
das questões mais importantes para o sucesso de uma experiência de intercâmbio
ou de expatriação (TUNG, 1981). Louis (1980) afirma que os expatriados devem
entender as diferenças políticas, econômicas, monetárias, além das diferenças
relacionadas ao idioma e padrões de conduta em relação a sua cultura nativa. A
dificuldade em compreender esta diferença leva estes executivos, e neste caso
também, os intercambistas a sofrerem um choque cultural.
O choque cultural acontece devido a uma série de indicadores, entre eles o
auditivo, o visual e olfativo que inicialmente confundem o individuo (HERNANDES;
MACHADO, 2003). Este choque cultural tende a ser maior quando existe uma
distância cultural muito grande entre o país do expatriado e o país de expatriação
(BLACK, MENDENHALL e ODDOU, 1991), complementando, em sua pesquisa
Homem (2005) demonstra que para brasileiros, a China, Japão e Estados Unidos,
respectivamente são os países que apresentam as maiores dificuldades para os
expatriados.
O choque cultural é a principal fase do processo de ajustamento de um
individuo no exterior, esta fase se caracteriza por ser a mais importante para que a
experiência seja positiva, é aqui que o expatriado ou intercambista aceita a nova
cultura ou a renega e por conseqüência retorna a seu país de origem. (BLACK;
MENDENHALL; ODDOU, 1991).
27
O choque cultural acontece quando os encantamentos pelas novidades do
país acabam, nesta fase o expatriado e intercambista começam a perceber que nem
tudo naquela nova cultura é perfeito, o que conseqüentemente gera uma mistura de
sentimento de saudades e solidão (DE PAULA; STAUB, 2005).
É importante ressaltar que nem sempre o intercambista é responsável por
toda a conseqüência de um choque cultural, Sebben (2007) acredita que se outros
fatores não estiverem a favor das pessoas, por exemplo, se uma família hospedeira
não trata bem seu hospede, é injusto responsabilizar somente um individuo por
dificuldade de adaptação, para que ocorra a adaptação, todas as partes envolvidas
devem estar dispostas a compreender e aceitar um ao outro com respeito.
A autora também apresenta uma abordagem diferenciada para a questão do
choque cultural baseado no modelo do iceberg sobre cultura. Este modelo leva em
consideração o consciente e o inconsciente para compreender o impacto da cultura
sobre o individuo. Como visto na figura 02, a cultura envolve aspecto que vão além
daqueles apresentados na superfície e que são os mais conhecidos: comida, música
literatura, vestimenta, artes, drama, etc.
Figura 02: O Iceberg da Cultura Fonte: SEBBEN, 2007
28
Porém o modelo do iceberg leva em conta somente a cultura do indivíduo, o
que Sebben sugere é que seja observado o encontro intercultural entre os icebergs
(intercambistas e hospedeiros) que não necessariamente representa um choque
cultural. O que a autora diz é que este encontro representa mais um stress
aculturativo porque nem sempre existe um choque quando duas culturas distintas se
encontram.
O modelo de Sebben é baseado no modelo apresentado por Berry e Zheng
(1991) apresentado na figura 03:
Figura 03: Modelo de Stress Aculturativo Fonte: BERRY e ZHENG (1991)
O processo de aculturação pode ser extremamente positivo para uma pessoa
e negativa para outra. O resultado do processo para cada indivíduo é afetado pelas
variáveis que guiam a relação entre aculturação e stress. Parte-se do principio que a
aculturação acontece em uma situação específica, ou seja, com intercambistas, com
executivos expatriados, com imigrantes, etc. A experiência de aculturação vivida por
cada um pode variar em grau, para uns pode ser muita e para outros pouca. No
meio, esta variação da experiência de aculturação pode gerar alguns fatores de
stress, para algumas pessoas, qualquer mudança pode vir em forma de dificuldades,
enquanto para outras, pode até mesmo significar uma oportunidade. No quadro da
direita, o stress aculturativo pode se manifestar em um escala para mais ou para
29
menos, proveniente justamente da experiência da aculturação e dos fatores de
stress desenvolvidos por cada um. Na figura 03, estes três conceitos são
probabilísticos ao invés de determinísticos, ou seja, é provável que ocorra a relação
mas não como uma regra. Esta relação é determinada pelos fatores de moderação
apresentados abaixo dos conceitos. Estes fatores são os responsáveis por
determinar o grau e a direção das três variáveis. (BERRY E ZHENG, 1991).
Uma outra abordagem é apresentada por Fontaine apud Fontaine (2005),
onde ele identifica três desafios a serem encarados em experiências internacionais.
O primeiro desafio é a capacidade de assimilação do indivíduo em relação ao
“ecoshock” e as novas características sociais e psicológicas. Enquanto os conceitos
mais tradicionais de choque cultural levam somente em consideração a reação das
pessoas a uma nova cultura, existem outros fatores que devem ser considerados,
tais como: o clima, a topografia, se o ambiente é urbano ou rural, problemas de
comunicação com o país natal, falta de suporte social e organizacional, falta de
atividades de lazer, novas e diferentes tecnologias, entre outros. Ou seja, a
diferença cultural em si pode não ser a questão mais significante na reação do
“ecoshock”.
O segundo desafio apontado pelo autor, diz respeito à competência de
desenvolvimento de estratégias e habilidades para concluir os desafios
apresentados pelo novo ambiente. Isto inclui principalmente destreza de lidar
eficazmente com a diversidade cultural, mas também às vezes com mudanças que
venham ocorrer em outras dimensões que vão além da cultura.
O terceiro desafio é a capacidade de se manter motivado ao longo do período
diante de um cenário que pode gerar frustração, cansaço, choque cultural, fracasso
e baixa performance. Evidências indicam que o grau de ajustamento esta ligado ao
sucesso que o indivíduo tem em gerenciar estes três desafios.
Quando um expatriado ou intercambista retorna a seu país por motivos de
dificuldades de adaptação, os prejuízos podem ser diversos, para a organização os
principais prejuízos são: perda de oportunidade de negócio, perda financeira e perda
de participação de mercado. Para o expatriado as perdas podem ser desde a
diminuição da autoestima, diminuição de seu prestigio diante da empresa até seu
desligamento da organização (AYCAN, 1997). Para o intercambista, as perdas
30
psicológicas são as mesmas que a dos expatriados, porém neste caso ele perde
tudo aquilo que foi investido para realizar o programa.
Para que um expatriado e um intercambista sejam bem sucedidos em sua
jornada é fundamental o entendimento do processo de ajustamento e suas
características principais, desta maneira, estas pessoas podem passar por um
treinamento antes de realizar a sua viagem, afim de passar pelas dificuldades
culturais de maneira mais sólida.
2.3 Ajustamento Intercultural
Ajustamento intercultural pode ser conceituado como o grau de ajuste entre
uma pessoa e o novo ambiente cultural podendo ele ser social, profissional,
econômico ou educacional, esta relacionado a redução de conflito e o aumento da
eficiência do individuo, seja no trabalho, na escola ou simplesmente no convívio
social (AYCAN, 1997). Ajustamento intercultural também pode ser definido como o
processo de adaptação de viver e trabalhar em um país de cultura estrangeira
percebendo o grau de conforto psicológico e o nível de familiaridade que o individuo
tem com a nova cultura hospedeira (BLACK, 1988; BLACK; MENDENHALL &
ODDOU, 1991).
Na figura 04 é exibido um esquema gráfico dos principais fatores que
influenciam o processo de ajustamento intercultural desenvolvido por Lee (2005).
Segundo o autor, o fator mais importante para o ajustamento é a satisfação do
expatriado em relação a seu trabalho, seguidos pela capacidade de socialização
com a cultura local. Apesar de o modelo ter sido desenvolvido para o estudo de
expatriados, ele é sem dúvida aplicável ao estudo de intercambistas, uma vez que
este grupo esta exposto aos mesmo desafios.
31
Figura 04: Fatores determinates no processo de ajustamento. Fonte: LEE (2005)
Sebben (2007) aponta também alguns fatores a serem observados no
processo de adaptação de intercambistas:
• A forma como a comunidade esta acostumada a receber estrangeiros;
• Nível de motivação do intercambista em relação à viagem;
• Características de personalidade;
• Os motivos que o levaram a fazer o intercâmbio;
• A forma como familiares, amigos e conhecidos se relacionam com ele ao longo do
processo;
• E por fim, as estratégias utilizadas pelo individuo para socialização.
O processo de ajustamento é dividido em três categorias, psicológico,
sociocultural e o ajustamento ao trabalho. Para a compreensão do processo de
32
ajustamento dos intercambistas, os tipos de ajustamentos mais importantes são:
psicológico e sociocultural. O ajustamento psicológico esta relacionado às questões
do ser, tais como, bem estar, autoconfiança, nível de estresse, entre outros. Já o
ajuste sociocultural está ligado à integração da pessoa a sociedade do país
hospedeiro, ou seja, sua capacidade de conviver com o novo.
Black, Mendenhall e Oddou (1991) propõem um modelo de ajustamento onde
existem cinco dimensões que compõe o processo todo, são eles:
• Treinamento e orientação antes do embarque;
• Experiência prévia no exterior;
• Mecanismo de seleção organizacional;
• Habilidades individuais;
• Fatores externos.
As dimensões deste modelo podem ser melhor visualizadas e compreendidas
através da figura 05:
Figura 05: Modelo de Ajustamento. Fonte: BLACK, MENDENHALL e ODDOU (1991)
33
As três primeiras dimensões acontecem antes do embarque do expatriado, ou
seja, mais da metade das dimensões podem ser desenvolvidas no país de origem
do intercambista ou do expatriado e assim aumentar a capacidade de adaptabilidade
de ambos. (GONÇALVES; MIURA, 2002). O desenvolvimento destas três dimensões
pela organização antes de expatriar um executivo, é também conhecido como
ajustamento antecipado. No caso do intercambio, esta mesma prática pode ser
aplicada através das palestras de orientação e reuniões individuais com psicólogas.
Estas reuniões devem trabalhar muito a questão da expectativa, Black (1991) sugere
que aqueles indivíduos que passarem por um processo de orientação ou
treinamento antes da viagem, terão maiores chances de desenvolverem
expectativas realistas em relação ao destino e conseqüentemente estarão mais
preparados para gerenciarem as diferenças culturais, e evitarem um possível
choque cultural (GONÇALVES; MIURA, 2002).
Junto com o treinamento pré-embarque Black (1991), Gonçalves; Miura
(2002) e Aycan (1997) adicionam a importância de uma experiência prévia no
exterior na formação de expectativas realistas. Esta experiência não precisa ser
necessariamente no país de destino, basta que seja uma experiência internacional.
Aqueles que experimental tal oportunidade costumam ter um nível de incerteza
menor do que aqueles que nunca vivenciaram uma experiência no exterior.
Por outro lado existem algumas competências que são intrínsecos da pessoa
e não podem ser desenvolvidas através de treinamentos. Leiba-O’Sullivan (1999),
classifica estas competências como estáveis e são elas: a abertura para novas
experiências, a extroversão, a simpatia, a estabilidade emocional e o bom senso.
Estas características individuais junto do treinamento intercultural, aproximam o
intercambista ou expatriado do existo em suas experiências no exterior.
Quando o processo de ajustamento ocorre inteiramente no país de destino, as
dificuldades encontradas pelos intercambistas e expatriados são maiores. O
ajustamento internacional é dividido em três fatores: relacionados ao trabalho, à
cultura organizacional e fatores relacionados ao contexto externo. (BLACK, 1991)
Estes fatores externos são caracterizados por Mendenhall e Oddou (1985)
como sendo os fatores relativos ao país especificamente e que podem dificultar ou
facilitar a adaptação do intercambista. Eles ainda dizem que os padrões de
34
ajustamento vão depender da distância cultural entre os países e do nível de
experiência vivenciadas anteriormente pela pessoa.
O contato com uma cultura diferente expõe o individuo a uma luta interna
muito grande onde até mesmo os elementos mais básicos são abalados pela
dificuldade de superar coisas que em outro cotidiano, poderiam ser banais.
(FREITAS, 2000). Essas dificuldades podem conforme Aycan (1997) serem
minimizadas, caso o intercambista ou expatriado desenvolvam um relacionamento
de compreensão com o país hospedeiro, complementa dizendo que a vida social do
individuo colabora diretamente para que ele se adéqüe aos costumes de maneira
que a pessoa não se sinta deslocada.
Além das questões do ambiente proporcionado pelo país estrangeiro, existem
as questões relacionadas ao indivíduo que também devem ser levadas em
consideração tanto para a escolha do executivo expatriado quanto para a aceitação
de pessoas que desejam participar de um programa de intercâmbio.
Black (1991) e David (1976) falam que as duas características principais
fundamentais a serem levadas em consideração no momento de eleger as pessoas
para um desafio no exterior são: habilidades para resolver conflitos e a flexibilidade
cultural. A flexibilidade cultural refere-se à capacidade de adaptação a nova cultura e
também a capacidade da pessoa trocar as suas atividades de lazer desfrutadas em
seu país natal por aquelas praticadas no país hospedeiro. Ainda esta relacionada à
flexibilidade cultural a disposição da pessoa em mudar seu comportamento sempre
que necessário. Ruben e Kealey apud Aycan (1997) finalizam dizendo que as
características mais importantes para o sucesso da adaptação no exterior são:
flexibilidade, sensitividade, respeito e o não julgamento cultural.
A importância de saber lidar com conflitos habilitam os individuo a
compreender um ponto de vista diferente, aumentando a proximidade entre eles,
além de aumentar o respeito mútuo. Black (1990) também encontrou as mesmas
relações da importância da resolução de conflitos e da importância da flexibilidade
cultural para que processo de adaptação no exterior ocorra de maneira mais suave.
Resumindo, as questões chaves para um perfeito ajustamento cultural,
segundo os autores acima, são principalmente questões ligadas à personalidade e a
vontade que os intercambistas têm em relação aos desafios impostos pela imersão
em uma nova cultura. Estas características, muitas vezes, já fazem parte da
35
personalidade da pessoa, porém, trabalhos como treinamento intercultural e
aprendizado do idioma vão auxiliar que as dificuldades sejam minimizadas e que o
ajustamento intercultural ocorra de maneira mais suave.
36
3. METODOLOGIA
Para que seja possível responder aos objetivos deste trabalho e suas
questões peculiares, foi fundamental a aplicação de uma pesquisa com ex-
intercambistas. De maneira mais abrangente, pesquisa é um pensamento reflexivo
que passa por um processo cientifico para comprovar sua veracidade ou não
(LAKATOS; MARCONI, 2001). Já entrando no universo do Marketing, a pesquisa
possui um propósito mais específico sendo é conceituada por Malhotra (2001) como
a coleta, processamento e análise de dados de forma sistemática e objetiva com o
objetivo de auxiliar a tomada de decisão.
3.1 Desenvolvimento da Pesquisa
A forma de coleta de dados desta pesquisa aconteceu de duas formas:
através de uma pesquisa quantitativa de caráter exploratório e descritivo junto aos
clientes cadastrados no banco de dados da B to W Intercâmbios Culturais. Esta
empresa foi escolhida justamente porque o pesquisador pode ter acesso a todo o
banco de dados da empresa onde constam informações de clientes ao longo de
quatro anos, com isso a pesquisa abrangeu um número maior de intercambistas. A
segunda forma de coleta de dados é através da observação direta do pesquisador
com o seu conhecimento empírico sobre o tema intercâmbio cultural.
A Pesquisa quantitativa tem o objetivo de quantificar as informações e
mensurar algo, este algo é pré-estabelecido pelo pesquisador (TRUJILLO, 2001). A
característica exploratória da pesquisa teve o objetivo de definir melhor o problema,
assim como desenvolver hipóteses para posteriormente auxiliar na continuação da
pesquisa.(MALHOTRA, 2001). Após formar uma base de fatos com a pesquisa
exploratória, o objetivo foi fazer uma pesquisa descritiva para obter as conclusões do
trabalho. Malhotra (2001) define pesquisa descritiva como uma pesquisa de caráter
conclusivo através da descrição do objeto de estudo.
37
3.2 Hipóteses da Pesquisa
Para responder as questões pertinentes ao processo de adaptação dos
intercambistas no exterior, esta pesquisa apresentou três hipóteses, algumas delas
foram adaptadas a partir de estudos realizados com executivos expatriados.
Hipótese 1: O treinamento intercultural antes da viagem , minimiza as dificuldades
de adaptação do intercambista. (BLACK; MENDENHALL, 1990; AYCAN, 1997)
Hipótese 2: Quanto maior a distância cultural entre o país natal do intercambista e o
país de destino, maior será a dificuldade de adaptação. (MENDENHALL; ODDOU,
1985).
Hipótese 3: Quanto menor o contato do intercambista com seus familiares e amigos
melhor será a interação com a cultura nativa. (SEBBEN, 2007).
3.3 Caracterização da Pesquisa
A base de infomações para a realização da pesquisa foram inteiramente
dados primários. Para a obtenção destes dados, foi aplicado um questionário
fechado diretamente aos clientes da agência de intercâmbio B to W. Esta pesquisa
focou basicamente todos os clientes cadastrados entre os anos de 2004 e 2006
independente do programa de intercâmbio e das características pessoais de cada
intercambista. Segundo Mattar (1997) os questionários fechados são a forma mais
tradicional para se obter dados direto com aqueles que detêm a informação
desejada. A utilização de um questionário permite a uniformização do processo de
coleta de dados, padronizando a seqüência de perguntas e respostas (McDANIEL;
GATES, 2004).
Para que fosse possível identificar o perfil psicográfico dos participantes de
programas de intercâmbio, foi sugerido uma pesquisa com os clientes da agência
estudada onde informações pessoais foram facilmente levantadas.
Para que o objetivo de verificar as expectativas e as percepções dos
intercambistas em relação ao programa realizado fosse atingido, também foi incluída
38
na pesquisa uma comparação das expectativas dos intercambistas antes e depois
da viagem e uma relação das expectativas apresentadas com o programa realizado,
com o intuito de verificar se existe alguma relação entre ambos.
Assim como nos outros objetivos, a pesquisa buscou compreender quais
foram as dificuldades e facilidades dos intercambista durante suas experiências no
exterior e com isso foi possível descrever o processo de ajustamento durante um
programa de intercâmbio.
O tema estudado não possui muitas pesquisas, a grande maioria tem seu
foco mais voltado para executivos e são trabalhos realizados no exterior. Na área de
intercâmbio cultural existem alguns estudos, destaque para trabalhos realizados por
Sebben que explorou temas onde o foco é exclusivamente o intercambista. Pela
pouca quantidade de trabalhos acadêmicos realizados para o mercado brasileiro, foi
fundamental a realização de uma pesquisa exploratória ante a descritiva porque ela
proveu um maior conhecimento ao pesquisador sobre o tema estudado. Porém para
chegar aos resultados finais, à pesquisa exploratória foi complementada pela
descritiva que veio por fim solucionar os objetivos propostos.
3.4 População e Amostra
A população é definida por Malhotra (2001) como um grupo, conjunto ou
soma de elementos que possuem as mesmas características, este agregado forma o
universo da pesquisa. Dentro de uma população, a pesquisa se utiliza de uma
amostra para realizar a coleta de dados, amostra pode ser definida como um
subgrupo da população.
A população da pesquisa foi o banco de dados da agência de intercâmbio B
to W que possui 1.376 clientes cadastrados entre os anos de 2004 e 2006. Os
programas realizados por estes clientes são: Work and Travel, Cursos de idiomas,
High School, Work and Study, Trainee e Grupos de férias. A pesquisa utilizou uma
amostragem aleatória simples sem levar em consideração o programa de
intercâmbio realizado de 426 pessoas com um índice de confiabilidade de 96% com
abertura para um erro amostral de 4%. Todos estes clientes já retornaram de seus
39
intercâmbios. Para os cálculos da amostragem, foram utilizadas as fórmulas de
Barbetta (2003):
N: Tamanho da população n: Tamanho da amostra
E: Erro amostral nt: Elementos da amostra
3.5 Coleta de Dados
Esta pesquisa contou com a elaboração de um questionário com questões
estruturadas para ser aplicado aos clientes da agência (Apêndice A). Este tipo de
questionário tem a característica de fornecer as possíveis respostas aos
entrevistados em diferentes formas: múltipla escolha, dicotômica ou escalonada
(MALHORTA, 2001).
Além disso o questionário contou com a aplicação da escala de Likert definida
por Chisnall (1997) como uma técnica de mensuração de atitudes através de uma
escala de valores. A escala aplicada nesta pesquisa foi de quatro pontos para
caracterizar de forma mais precisa o estudo.
O questionário foi elaborado de acordo com as informações necessárias para
testar as hipóteses levantadas nesta pesquisa, às questões 8 e 9 da primeira parte e
as questões 1, 2, 5, 6 e 8 da segunda parte do questionário, testaram a primeira
hipótese. As questões 5 e 10 e 3 e 7, respectivamente primeira e segunda parte do
questionário, buscaram avaliar a segunda hipótese. A terceira hipótese foi testada
pelas questões 13 e questões 9,10,11 e 12.
Antes de iniciar a coleta de dados foi realizado um pré-teste com 12
funcionários da agência. Em seguida o questionário foi enviando por e-mail para
todos os intercambistas, porém somente um quarto dos entrevistados retornou o
mesmo respondido. Diante da dificuldade e demora em obter um retorno através dos
e-mails, a pesquisa contou com a ajuda da secretária da agência para aplicar o
questionário por telefone com o restante dos clientes.
Para complementar o questionário, foi utilizado também o método de
observação direta do pesquisador através de um roteiro estruturado, este tipo de
n+ N
n.N =n
0
0
E
1 = n
0
2′
40
pesquisa pode ser definido como um processo de registro de dados sem que seja
necessário realizar perguntas ou se comunicar diretamente com pessoas
(McDANIEL; GATES, 2004).
3.6 Análise dos Dados
Após a aplicação dos questionários, os dados foram processados e tabulados
através do Excel, software da Microsoft, onde foram gerados gráficos e os valores
transformados em percentual para uma melhor visualização do resultado da
pesquisa. Cada um dos gráficos apresenta um comentário traduzido às informações
demonstradas pelos os mesmos.
Quanto à observação direta do pesquisador, foram gerados relatórios
descritivos sobre os tópicos em questão, além disso foram calculados as
freqüências, desvio padrão e as médias.
3.7 Limitações da Pesquisa
Após a realização da pesquisa e análise dos resultados, perceberam-se
algumas limitações para se obter uma pesquisa mais completa. A primeira limitação
diz respeito à dificuldade em conseguir respostas de clientes muito antigos. Alguns
haviam mudado seu endereço de e-mail e outros o número de telefone.
Outra limitação foi a pouca diversidade de países cadastrados no banco de
dados da agência, o que impossibilitou realizar uma pesquisa mais apurada com
relação às diferenças culturais.
Por fim, sentiu-se a necessidade de uma maior diversidade de literatura
específica sobre intercâmbio cultural. A maioria dos trabalhos encontrados foi sobre
executivos expatriados.
41
4. RESULTADOS
Neste capítulo são apresentados todos os resultados obtidos através da
pesquisa realizada com os clientes da agência de intercâmbio BtoW – Brazilians to
the World, assim como comentários referentes a cada um dos tópicos, buscando
associá-los aos objetivos do trabalho e a teoria.
A figura 06 abaixo apresenta o sexo dos entrevistados.
Figura 06: Sexo dos entrevistados Fonte: Pesquisa de campo.
Verifica-se que 53,99% dos intercambistas entrevistados são do sexo
feminino e que 46,01% são do sexo masculino.
Na figura 07, observam-se os resultados obtidos quando foi perguntado aos
pesquisados qual era seu nível de escolaridade.
Figura 07: Grau de escolaridade Fonte: Pesquisa de campo.
42
Os intercambistas em sua maioria, 50,94%, possuem ensino superior
incompleto, outros 33,57% dos pesquisados são graduados e 13,62% possuem
ainda uma pós-graduação. Apenas uma pequena parte dos entrevistados, 1,88%,
havia apenas finalizado o ensino médio.
O oitavo gráfico demonstra a faixa etária dos pesquisados.
Figura 08: Idade Fonte: Pesquisa de campo
A maior parte dos entrevistados, 92,25%, possui idades entre 18 e 29 anos,
caracterizando como a principal faixa etária de pessoas que realizam intercâmbios.
O restante, 7,75%, são pessoas com 30 anos ou mais. Nenhum pesquisado tinha
idade inferior a 17 anos.
A figura abaixo apresenta os programas que os intercambistas participaram.
Figura 09: Programa que participou Fonte: Pesquisa de campo
43
Analisando a figura 09, verifica-se que a maior parte dos pesquisados,
66,20%, participou do programa Work and Travel, o que esta diretamente ligados ao
fato de a maioria dos pesquisados serem universitários e com idades inferiores a 30
anos, como visto nos gráficos acima. Nota-se também que 15,49% dos clientes
optaram por realizar cursos de idiomas no exterior, enquanto 11,50% participaram
de programas Work and Study e apenas uma pequena parcela de 4,93% dos
intercambistas optou pelo programa de High School e 1,88% por outros programas,
dentre ele foram citados programas de voluntariado, Au Pair e grupos de férias.
O programa Work and Travel e o programa Work and Study, são programas
que envolvem trabalho remunerado no exterior e o que chama a atenção é que se
somados, 77,70% de todos os clientes da empresa buscam programas que lhes
permitiam trabalhar.
Os dados demonstrados na figura 10, demonstram quais são os países de
maior procura na hora de realizar uma viagem de intercâmbio.
Figura 10: País onde realizou o intercâmbio Fonte: Pesquisa de campo
Mais da metade dos pesquisados, 68,31%, escolheram os Estados Unidos
como destino. O principal motivo disto é que o programa Work and Travel é
oferecido principalmente neste país. Em seguida vem à Nova Zelândia como destino
mais procurado com 12,44%, seguido pelo Canadá com 10,56%. Ambos os países
oferecem o programa Work and Study. Com percentuais menores encontram-se a
Austrália com 1,17%, a Irlanda 1,88% e a Inglaterra com 0,94%. Nos outros 4,69%
foram citados países como Israel, China, África do Sul, Argentina e Japão.
44
A figura 11 remete os dados obtidos quando foi perguntando aos
intercambistas qual era o seu nível de conhecimento do idioma do país de destino
antes da viagem.
Figura 11: Nível de conhecimento do idioma. Fonte: Pesquisa de campo
Como visto na figura 11, 40,38% dos intercambistas disse possuir nível
intermediário do idioma antes de sua viagem e 36,62% nível avançado. Nos
extremos encontram-se 7,75% com fluência no idioma e somente 15,26% com nível
básico.
Os resultados encontrados sobre a questão do benefício do conhecimento
prévio do idioma estão de acordo com a afirmação de Louis (1980) onde ele afirma
que o conhecimento do idioma antes de uma vivência no exterior, seja ela um
intercâmbio cultural ou a expatriação de um executivo, é fundamental para o
sucesso da adaptação e do envolvimento do sujeito com a cultura local.
É possível dizer que um intercambista com nível intermediário ou superior de
qualquer idioma, esta apto a desenvolver relacionamentos com outras pessoas, ou
seja este número é de 84,75% de todos os entrevistados se somados os níveis
intermediário, avançado e fluente.
A figura 12 apresenta os resultados da questão da experiência prévia de
viagem ao exterior antes do intercâmbio.
45
Figura 12: Possuía experiência de viagem antes do intercâmbio Fonte: Pesquisa de campo
Observa-se que mais da metade dos entrevistados, 53,76%, nunca haviam
viajado para fora do Brasil e 46,24% afirmaram que o intercambio não é sua primeira
viagem ao exterior.
Os autores Black, Mendenhall e Oddou (1991) afirmam que a experiência
prévia no exterior ameniza as dificuldades de adaptação. Pode-se dizer que apesar
de mais da metade dos entrevistados não possuírem esta experiência, o número de
pessoas que já viajaram é relativamente alto se levado em consideração que o
Brasil ainda é um país em desenvolvimento.
A figura 13 demonstra o nível de expectativa dos pesquisados em relação ao
intercâmbio.
Figura 13: Nível de expectativa antes da viagem Fonte: Pesquisa de campo
46
Com relação à figura 13, percebe-se que muitos intercambistas mantêm uma
alta expectativa antes de sua viagem. Este grupo representa 41,31% dos
entrevistados. Em seguida com 32,63% temos o grupo que possuía expectativas de
acordo com a realidade do programa. Destaca-se também que 21,36% dos clientes
mantiveram sua expectativa muito alta e apenas 4,69% disseram ter tido
expectativas baixas em relação à viagem.
Quando se tratando de intercâmbio e expatriação, a questão da expectativa é
primordial para que o individuo seja bem sucedido (BLACK, 1991), porém 62,67% de
todos os intercambistas apresentaram expectativas altas ou muito altas antes da
participação do programa de intercâmbio, esta expectativa é talvez falta de
treinamento intercultural antes do embarque onde o tema expectativa deve ser
reforçado, afim de minimizar estes números.
A tabela 02 apresenta o nível de expectativa dos pesquisados em relação aos
diferentes aspectos da viagem.
Tabela 02: Nível de expectativa em relação aos aspectos da viagem: Muito Baixo Baixo Normal Alta Muito Alta
O País 0,00% 3,76% 22,07% 33,80% 40,38%
A Cidade 2,82% 8,69% 33,57% 27,00% 27,93%
As pessoas do país 10,56% 12,44% 32,63% 27,00% 17,37%
A acomodação 4,69% 20,19% 35,68% 21,13% 18,31%
O curso 6,06% 9,09% 33,33% 36,36% 15,15%
O Trabalho 3,93% 6,04% 35,65% 35,95% 18,43%
Suporte da agência 10,56% 12,44% 32,63% 27,00% 17,37% Fonte: Pesquisa de campo
Averigua-se que a maioria dos clientes possui expectativa alta ou muito alta
em relação ao país escolhido, estas pessoas representam 33,80% e 40,38%
respectivamente. Assim como o país, a expectativa pela cidade onde foi realizado o
intercâmbio também estava acima das expectativas realistas, os clientes que tiveram
expectativa alta representam 27%, enquanto que 27,93% disseram ter expectativa
muito alta antes da viagem, somada eles representam 54,93%.
Dentre os tópicos abordados, aquele que demonstrou a menor expectativa
por parte dos intercambistas foi a questão sobre as pessoas nativas do país. Cerca
de 10,56% dos entrevistados indicaram ter tido uma expectativa muito baixa,
enquanto que 12,44% apresentaram expectativas baixas.
47
Apesar de este tópico apresentar menor expectativa em relação aos outros,
ainda assim, houve um grupo significativo com expectativas acima da média, se
somando aqueles que tinham perspectivas altas ou muito altas, representam um
total de 44,37% dos entrevistados.
O item que se refere à acomodação, também apresentou um número
significativo de baixa ou muito baixa expectativa, os intercambistas que possuíam
este sentimento antes da viagem representam 4,69% e 20,19% respectivamente. A
possível justificativa para isso é que a maioria dos participantes do programa Work
and Travel vivem em casas com infra-estrutura básica e normalmente moram com
outros estudantes abrindo mão muita vezes do conforto. Como os números indicam,
estes estudantes estão mantendo suas expectativas baixas ou de acordo com a
realidade, os entrevistados que mantiveram suas expectativas num parâmetro
normal foram 35,68%, se somando com baixa e muito baixa expectativa, obtém-se
60,56% dos intercambistas com expectativas ideais para a realização do
intercâmbio.
Para aqueles que vão estudar ou trabalhar no exterior, acredita-se que o
curso ou o trabalho em si é a essência do programa, ou seja, é a razão principal de
todo o custo do intercâmbio, e por isso suspeita-se que por este motivo as pessoas
entrevistadas apresentaram 51,51% expectativas alta ou muito alta em relação ao
curso e 54,38% em relação ao trabalho. Em contrapartida, apenas 48,48% do
intercambistas que foram fazer cursos de idioma fora do país apresentaram
expectativas realistas ou abaixo da realidade, este número é 45,62% para aqueles
que participaram de programas de trabalho.
No último aspecto pesquisado sobre as viagens de intercâmbio, 23% dos
entrevistados disseram ter expectativas muito baixa ou baixa em relação ao suporte
da agência durante a permanência no exterior, 32,63% possuíam expectativas de
acordo com a realidade e quase metade das pessoas, 44,37% apresentaram
expectativas alta ou muito alta.
Na tabela 03 são expostos os dados obtidos quando foi perguntado aos
pesquisados qual foi o nível de dificuldade encontrado em relação a alguns pontos
da viagem.
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Tabela 03: Nível de dificuldade encontrada durante a viagem: Muito Difícil Difícil Normal Fácil Muito Fácil
Idioma 2,82% 12,44% 41,31% 27,93% 15,49%
Hábitos alimentares 17,14% 25,12% 27,00% 18,31% 12,44%
Saudades do país natal 18,31% 22,07% 28,87% 13,38% 17,37%
Amizade com pessoas nativas 6,81% 10,56% 28,87% 23,94% 29,81%
Estrutura social e econômica 7,75% 11,74% 31,69% 34,51% 14,32%
Costumes 7,98% 11,50% 31,69% 34,51% 14,32% Fonte: Pesquisa de campo
Analisando a tabela 03, é possível observar as principais dificuldades e
facilidades encontradas pelos intercambistas durante sua vivência no exterior. O
primeiro item pesquisado diz respeito às dificuldades encontradas pela diferença de
idioma, surpreendentemente, apenas 15,26% das pessoas classificaram este tópico
como muito difícil ou difícil. Verifica-se que os mesmo percentuais de pessoas que
disseram ter dificuldades com o idioma possuíam nível básico de conhecimento do
mesmo antes da viagem, conforme apresentado na figura 09.
Aqueles que avaliaram a dificuldade como sendo normal, representam
41,31% dos intercambistas, mais uma vez este número esta de acordo com o
conhecimento prévio da língua, apresentado na figura 11 onde o número de
estudantes com nível intermediário é de 40,38%. Conseqüentemente aqueles que
possuíam nível avançado acharam este tema fácil ou muito fácil, são eles 27,93% e
15,49% dos entrevistados respectivamente.
Os hábitos alimentares foi um dos tópicos onde os pesquisados encontraram
maior dificuldade, 42,26% deles confirmam que as diferenças alimentares ou foram
muito difícil ou foram difícil, enquanto que 30,75% disseram que para eles as
questões alimentares foram fáceis ou muito fáceis. Esta dificuldade de adaptação
pode ter alguma relação com a maneira como alguns países como EUA, Canadá e
Nova Zelândia dividem suas refeições durante o dia. Todos eles têm o jantar como a
refeição principal, sendo o almoço apenas um lanche rápido, diferente do Brasil
onde o almoço é a refeição de maior importância.
Todos aqueles que vão morar fora de seu país, seja qual for o período, vai ter
que encarar a distância de familiares e amigos, além de abrir mão da comodidade
de estar em seu próprio país. Esta pesquisa levantou que este é um tema de
opiniões equilibradas, 40,38% dos entrevistados acharam muito difícil ou difícil a
49
distância do seu país natal, enquanto que 30,37% ou acharam muito fácil ou fácil
encarar esta distância, e por fim 28,87% acreditam que esta dificuldade foi normal.
Um dos aspectos que os entrevistados não tiveram dificuldades, foi fazer
amizades com pessoas nativas, 53,75% dos intercambistas disseram que fizeram
amizades com facilidade ou com muita facilidade, complementando, 28,87% das
pessoas acreditam que suas dificuldades foram normais. Aqueles que apontaram
dificuldade representam apenas 17,37%, estes, afirmaram que as amizades com
nativos ou foram muito difícil ou foram difícil.
Se comparados o nível de expectativa dos intercambistas a respeito das
pessoas do país apresentados na tabela 02 e a facilidade encontrada por eles em
fazer amizades com estas pessoas, pode-se dizer que suas expectativas foram
superadas pela realidade, uma vez que grande parte dos entrevistados mantinha a
expectativa abaixo da média sobre este assunto.
A estrutura social e econômica, assim como os costumes do país de destino,
apresentou resultados parecidos na pesquisa, 48,38% de todos os clientes
entrevistados não tiveram problemas com essas diferenças, enquanto que uma
parcela de 19,49% disse ter tido alguma dificuldade ou muita dificuldade com estas
questões. O restante, 31,69% classificou suas dificuldades como sendo normais.
Na figura 14 é apresentado o nível de choque cultural dos pesquisados em
relação às diferenças culturais do país visitado, os resultados obtidos foram:
Figura 14: Nível de choque cultural Fonte: Pesquisa de campo
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Conforme se observa na figura 14, 12% afirmaram que o choque cultural foi
alto e 9,62% muito alto, se somados, mais da metade dos entrevistados sofreram
um forte impacto com as diferenças culturais. Aqueles que consideraram normal o
nível de choque cultural, representam 26,06% dos intercambistas, o restante,
12,44% e 3,76% disse que o impacto da cultura sobre sua adaptação foi baixa e
muito baixa respectivamente.
A figura 15 apresenta os resultados da questão que verificou o tempo que foi
necessário para os intercambistas superarem o choque cultural .
Figura 15: Tempo necessário para superar o choque cultural Fonte: Pesquisa de campo.
A grande maioria dos entrevistados, 70,19%, precisou somente entre uma e
três semanas para vencer este desafio e 23% superou esta fase entre quatro e seis
semanas. Outros 4,93% dos intercambistas levou entre 7 a 9, 10 a 12 ou mais de 12
semanas para se adaptar com as diferenças culturais. Aqueles que não superaram o
choque cultural foram apenas 1,88% dos entrevistados
Em um recente trabalho realizado por Sebben (2007), ela cita que esta fase é
normalmente de três meses para os participantes de programas de High School, por
outro lado, esta pesquisa aponta que em outros programas a adaptação tende a ser
mais rápida.
As principais atitudes dos pesquisados diante do processo de choque cultural
são demonstrados a seguir através da Figura 16:
51
Figura 16: Atitudes durante o choque cultural Fonte: Pesquisa de campo.
Apurando os resultados da figura 16, observa-se que grande parte dos
entrevistados, 75,82%, buscou fazer novas amizades, outros 42,72% buscaram
realizar atividades de lazer para compensar os desafios do intercâmbio, 39,91%
focou no intercâmbio, ou seja, no trabalho ou no curso, 19,95% buscou o suporte
familiar e 13,38% praticou algum tipo de esporte com freqüência. Os 1,88% dos
entrevistados que se isolaram das demais pessoas, pode ter relação direta com a
não superação do choque cultural citado na figura 12 (1,88%).
De acordo com o pensamento de Mendenhall; Oddou (1991) e De Paula;
Staub (2005) que afirmam que uma das principais características de quem não se
adapta a uma nova cultura é o isolamento e a renegação da nova situação, os
resultados encontrados nesta pesquisa seguem o mesmo conceito.
Segundo Sebben (2001), 50% dos intercambistas buscaram fazer novas
amizades, afim de amenizar as dificuldades de adaptação e 34% procurou não ficar
ocioso, procurando se envolver com atividades diversas. Considerando as
diferenças de ambas as pesquisas, pode-se considerar que os resultados de ambas
se confirmam, já que os resultados aqui apresentados anteriormente para os mesmo
tópicos foram 75,82% e 42,72% respectivamente .
Na figura 17 é exibido o nível de concordância dos pesquisados em relação à
afirmação “O Conhecimento do idioma antes da viagem facilitou minha adaptação no
exterior”.
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Figura 17: O conhecimento do idioma facilita a adaptação. Fonte: Pesquisa de campo.
Na figura 17, observa-se que os entrevistados estão em sua maioria de
acordo com a importância do conhecimento do idioma antes de participar de um
intercâmbio, 76% deles concordaram totalmente com a afirmação, 20% concordou
parcialmente e somente 1 e 3 % disseram discordar totalmente ou discordar em
partes. Esta conscientização reflete no número de pessoas que estuda o idioma
antes da viagem e que já possuía um nível intermediário ou mais avançado.
Resgatando as informações da figura 11, este grupo representa 40,38% e 44,37%
respectivamente.
Quando questionados sobre a ajuda da orientação pré-embarque para manter
as expectativas de acordo com a realidade do intercâmbio e do país de destino,
obtiveram-se os resultados apresentados na figura 18.
Figura 18: A orientação pré-embarque auxilia a manter as expectativas de acordo com a realidade Fonte: Pesquisa de campo.
53
Como visto na figura 18, 26% dos entrevistados concordaram totalmente que
a orientação pré-embarque ajudou a manter as expectativas de acordo com a
realidade do intercâmbio e do país de destino, complementando, 49% concordaram
parcialmente, enquanto que somente 18 e 7% discordaram parcialmente ou
totalmente dos benefícios do treinamento.
Uma das questões mais discutidas entre os autores que realizaram algum tipo
de pesquisa na área de expatriação e intercâmbio cultural, é a importância do
treinamento intercultural realizado antes da viagem. Segundo Black e Mendenhall
(1990), o treinamento intercultural familiariza o individuo com a nova cultura,
mostrando-lhe como se comportar diante das diferenças culturais. O comportamento
adequado fará com que intercambista se sinta mais confortável, diminuindo a
ansiedade e o choque cultural. Esta afirmação esta de acordo com os resultados
obtidos nesta pesquisa.
Os resultados obtidos por Sebben (2001), apontam que 80% dos
intercambistas dizem que o treinamento intercultural lhes ajudou a superar as
dificuldades de adaptação, este número é praticamente o mesmo que foi encontrado
neste trabalho (75%), confirmando os benefícios do treinamento.
É possível que haja uma relação do sucesso da aprovação da orientação com
os números apresentados nas tabelas 02 e 03, onde foi perguntado aos
participantes o nível de expectativa e dificuldades encontradas no exterior. O
treinamento provavelmente contribui também para que os intercambistas
superassem a fase de choque cultural de maneira tão rápida de acordo com as
informações obtidas na figura 15, onde aproximadamente 70% dos entrevistados
afirmam ter superado esta fase entre uma e três semanas.
Na afirmação da figura 19 é apresentado os dados obtidos através da
questão, onde diz “Cheguei a pensar em retornar ao Brasil devido a problemas de
adaptação”.
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Figura 19: Pensaram em retornar ao Brasil por problemas de adaptação. Fonte: Pesquisa de campo.
Verifica-se nesta figura que 70% dos entrevistados discordaram totalmente
quando questionados sobre se em algum momento pensaram em retornar ao Brasil
por problemas de adaptação e outros 11% discordaram parcialmente. Intercambistas
que concordam parcialmente com a afirmação foram 11% e apenas 8%
concordaram totalmente, ou seja, a quantidade de pessoas que pensou em retornar
ao Brasil por problemas de adaptação é de aproximadamente 19%.
O alto índice de intercambistas que não pensaram em retornar ao Brasil, pode
estar ligado à eficiência das reuniões pré-embarque, uma vez que aqueles que
concordaram com os resultados positivos da orientação possivelmente são os
mesmos 70%. Outra curiosidade é que muitos intercambistas disseram ter
expectativa altas antes da viagem conforme a figura 13 (62,68%), porém entende-se
que esta expectativa é antes de ser realizada a orientação que antecede a viagem,
com isso é possível que a orientação tenha reduzido a expectativa e
conseqüentemente colaborado para o baixo nível de dificuldades encontradas.
Os dados apresentados através da figura 20, demonstram a opinião dos
entrevistados quando lhes foi perguntado se o choque cultural foi o momento mais
difícil da viagem.
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Figura 20: O choque cultural como momento mais difícil da viagem. Fonte: Pesquisa de campo.
Verifica-se que 59% dos intercambistas entrevistados discordam totalmente
da afirmação, outros 19% discordaram parcialmente, se somados o índice de
discordância é de 78%. Aqueles que concordam totalmente ou parcialmente com a
afirmação representam 22% .
Estes resultados contradizem a colocação de alguns especialistas que diz que
o choque cultural é o momento mais difícil e definitivo para o sucesso de uma
viagem de intercâmbio ou de expatriação (BLACK; MENDENHALL; ODDOU, 1991).
É possível dizer que aqueles intercambistas que acharam o choque cultural o
momento mais difícil da viagem são os mesmos 19% que pensaram em algum
momento retornar ao Brasil por problemas de adaptação conforme visto na figura 19.
Isto porque um das principais conseqüências de quem sofre um forte choque cultural
é a vontade de retornar a seu país natal, por mais que seja uma vontade
momentânea.
A seguir, na figura 21, são apresentadas as respostas dos entrevistados para
a afirmação que diz que a experiência de viagem antes do intercâmbio fez com que
a adaptação a nova realidade acontecesse com maior facilidade.
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Figura 21: A experiência de viagem antes do intercâmbio facilita a adaptação no Exterior. Fonte: Pesquisa de campo.
Na figura acima, 29% dos entrevistados concordaram totalmente com os
benefícios da experiência de viagem, além disso, outros 32% concordaram
parcialmente. Os que discordaram totalmente foram 30% dos intercambistas e
aqueles que discordaram parcialmente foram somente 9%.
Aqueles que discordam do beneficio da experiência anterior de viagem,
provavelmente sejam os mesmos intercambistas que na figura 12 (53,76%) disseram
que nunca haviam viajado ao exterior.
Alguns autores como Black (1991), Gonçalves; Miura (2002) e Aycan (1997)
fazem uma relação entre expectativa e experiência prévia de viagem. Eles dizem
que as pessoas que já tiveram esta oportunidade, estão mais propensas a
desenvolverem expectativas de acordo com a realidade. Esta pesquisa esta de
acordo com este pensamento, uma vez que através dos resultados apresentados
até o momento, acredita-se que os quase 38% dos pesquisados que disseram ter
expectativa baixa ou de acordo com a realidade (figura 13) tem relação direta com
os 46% que haviam viajado anteriormente ao exterior (figura 12).
Quando os intercambistas foram questionados se caratcterísticas pessoais
como flexibilidade e maturidade, foram características essênciais para o processo de
adpatação, observa-se os resultado na figura 22.
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Figura 22: Características pessoais como flexibilidade e maturidade, são importantes para o processo de adaptação. Fonte: Pesquisa de campo.
Na figura 22, 73% dos intercambistas entrevistados disseram estar totalmente
de acordo com a importância destas características. O número de concordância é
ainda maior quando considerado os 24% que concordaram parcialmente. Aqueles
que discordam totalmente ou parcialmente, são somente 3%.
Estudiosos como Sebben (2007), Black, Mendenhall e Oddou (1991) e David
(1976) afirmam que para um individuo ser bem sucedido no processo de adaptação
é fundamental que ele seja flexível em relação às diferenças culturais, esta
flexibilidade esta diretamente relacionada ao nível de maturidade da pessoa. Neste
caso, pode-se dizer que em termos gerais os intercambistas estavam bem cientes
da importância desses fatores levando em consideração os resultados obtidos na
pesquisa.
A figura 23 aborda a questão do respeito das diferenças culturais como
oportunidade para se relacionar com pessoas nativas.
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Figura 23: Saber respeitar as diferenças culturais abre portas para relacionamento com pessoas nativas. Fonte: Pesquisa de campo
Analisando a figura 23, averiguou-se que 70% das pessoas concordaram
totalmente com os benefícios proporcionados pelo respeito das diferenças culturais
e mais 23% concordaram parcialmente, juntas elas representam 93% dos
entrevistados. Nenhum intercambista discordou totalmente e somente 7%
discordaram parcialmente.
Segundo Abe e Wiseman; Brein e David; Hammer, Harris, Hawes e Kealey e
Ratiu apud Mendenhall e Oddou (1985) a habilidade de desenvolver amizade com
pessoas da cultura anfitriã tem sido essencial para o sucesso do ajustamento
intercultural. Isso quer dizer que através do respeito cultural, os intercambistas
conseguiram desenvolver relacionamentos de amizade com nativos,
conseqüentemente o processo de adaptação e integração foi maior, estando de
acordo com o pensamento dos autores citados acima.
Cruzando as informações da tabela 02 percebe-se que um percentual
razoável (23%) das pessoas mantinha baixa expectativa em relação às pessoas do
país de destino, porém conforme visto na figura 23, elas souberam respeitar as
diferenças culturais, o que resultou numa maior facilidade em fazer amizades com
pessoas nativas. Na tabela 02, 82, 63% das pessoas não apresentou dificuldades
com relação a novas amizades..
A seguir, a figura 24 apresenta a opinião dos pesquisados em relação à
afirmação “A alta expectativa em relação a diferentes aspectos da viagem, me fez
ficar decepcionado ou frustrado em algum momento”.
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Figura 24: A alta expectativa em relação a viagem pode deixar as pessoas frustradas ou decepcionadas ocasionalmente. Fonte: Pesquisa de campo.
Na figura 24, obtiveram-se as respostas bem divididas, 21% concordaram
totalmente com a afirmação, outros 23% concordaram parcialmente, enquanto que
28% discordaram parcialmente e por fim 28% discordaram totalmente da alegação.
O número de pessoas que ficou decepcionada ou frustrada por causa da alta
expectativa, pode ser compreendido através da figura 13, onde os intercambistas
classificaram o nível de expectativa antes da viagem. A grande maioria (62,68%)
demonstrou ter expectativa acima da realidade comprovando que é fundamental
combater este sentimento antes da participação em um programa de intercâmbio,
afim de evitar retornos antecipados, decepções ou até mesmo imagem negativa da
agência que lhes vendeu o programa.
Na nona pergunta da segunda parte do questionário que afirma que o fato dos
intercambistas terem conhecido diversas pessoas do seu país natal, a saudades e o
sentimento de estar solitário foi menor, tem seus resultados apresentados na figura
25.
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Figura 25:Conhecer pessoas do mesmo país ameniza a saudades e o sentimento de solidão. Fonte: Pesquisa de campo.
Referente a figura 25, observa-se que 46% dos entrevistados concordaram
totalmente com a questão em que conhecer pessoas do mesmo país ameniza a
saudades. Outros 38% concordaram parcialmente e somente 8% discordaram
parcialmente e totalmente sobre o que foi afirmado.
É possível que esta aproximação entre brasileiros venha a atrapalhar o
desenvolvimento do intercâmbio, principalmente no que diz respeito ao aprendizado
do idioma, uma vez que existe uma grande tendência dessas pessoas falarem
somente seu idioma nativo quando estão reunidos.
A figura 26 exibe os resultados obtidos através da pergunta 10, que diz que
devido à grande facilidade de comunicação existentes nos dias de hoje, é muito fácil
estar em contato permanente com os pais e amigos no Brasil.
Figura 26: A facilidade de comunicação proporciona um maior contato com familiares no Brasil Fonte: Pesquisa de campo.
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Analisando a figura, neste caso 63% dos intercambistas concordaram
totalmente e 23% concordaram parcialmente, juntos, aqueles que concordaram que
é muito fácil estar em contato com familiares e amigos, representam 86%. As
pessoas que não concordaram foram 3% e que discordaram parcialmente foram
11%.
Complementado, foi perguntado aos intercambistas se eles concordam que
este contato direto com familiares e amigos, não é ideal para que ocorra uma
imersão total na cultural, as respostas são apresentadas na figura 27.
Figura 27: O contato freqüente não é ideal para quem realiza um intercâmbio. Fonte: Pesquisa de campo.
Observa-se que 25% das pessoas concordaram totalmente que esta situação
não é a ideal, 33% concordou parcialmente enquanto que 18% discordou
parcialmente e outros 24% discordam totalmente da afirmação.
A figura 28 apresenta os dados referente à freqüência com que os
intercambista contatavam seus familiares e amigos no Brasil, a opinião dos
pesquisados em relação a afirmação foi:
62
Figura 28: O contato com familiares era superior a uma vez por semana. Fonte: Pesquisa de campo.
Segundo as respostas da figura 28, 33% dos intercambistas
concordaram totalmente quando lhes foi perguntado se o seu contato com familiares
e amigos no Brasil era superior a uma vez por semana, em seguida, 28% concordou
parcialmente, ou seja, os que concordaram de alguma forma e que possivelmente
mantinha este contato freqüente foram 61% dos entrevistados. Os que discordam
parcialmente e totalmente representam 16 e 23% respectivamente.
Sebben (2007), recomenda que este contato seja de no máximo a cada duas
semanas porque somente desta forma os intercambistas conseguem se desligar do
país natal e interagir mais com a nova cultura, aumentando assim os resultados do
intercambio. De acordo com os dados obtidos através da pesquisa, percebe-se que
mais da metade dos pesquisados pode ter tido dificuldades de imersão cultural
devido ao extremo contato com parentes no Brasil
4.1 Análise Geral dos Resultados
Neste tópico será realizado o resgate dos objetivos específicos do trabalho
fazendo sua associação com os resultados obtidos através da pesquisa realizada
com intercambistas.
4.1.1 Perfil psicográfico dos intercambistas brasileiros.
A maior parte dos intercambistas estudados são mulheres (53,99%), a grande
maioria ainda é estudante universitário (50,94%) ou recém formado (33,57%) que
63
esta buscando no exterior uma oportunidade para desenvolver um idioma
estrangeiro e vivenciar uma nova cultura. Estes intercambistas têm preferência por
programas de trabalho em geral (77,70%), acredita-se que o principal motivo seja
porque esta experiência de trabalho vá incrementar seu currículo e também ajudar
nas despesas enquanto estiverem fora do país.
A grande parte dos entrevistados demonstrou possuir nível intermediário ou
mais avançado do idioma antes do embarque (84,74%), o que posteriormente
contribui para a maior facilidade no processo de adaptação e no relacionamento com
pessoas nativas. Surpreendentemente quase a metade dos intercambistas que
participaram da pesquisa havia viajado ao exterior pelo menos uma vez antes de
realizar o intercâmbio (46,26%). Esta experiência colaborou para que estes
intercambistas tivessem expectativas mais realistas sobre o que esperar do
intercâmbio.
4.1.2 Expectativas e percepções dos intercambistas
Como citado anteriormente, autores como Black (1991), Gonçalves; Miura
(2002) e Aycan (1997), afirmam que a expectativa é peça chave para o sucesso de
um intercâmbio cultural. Para manter a expectativa de acordo com a realidade do
programa, existem algumas situações que auxiliam neste processo. A primeira delas
diz respeito à experiência prévia de viagem e a segunda sobre a questão do
treinamento intercultural realizado antes do embarque (SEBBEN, 2007; BLACK e
MENDENHALL, 1990).
Percebe-se que a expectativa dos entrevistados era realmente alta (62%) em
relação ao intercâmbio. Esta expectativa era antes de serem realizadas as
orientações pré-embarque. Aproximadamente 75% dos intercambistas concordaram
que a orientação pré-embarque foi determinante para que a expectativa, que
inicialmente era alta, baixasse e ficasse de acordo com a realidade.
Não é possível afirmar com certeza, porém acredita-se que os intercambistas
que tinham experiência prévia de viagem (46,26%) são parte dos 37,32% que
demonstraram estar com suas expectativas baixas ou de acordo com a realidade do
intercâmbio. O que seguramente contribui para o ajustamento intercultural
A maior expectativa dizia respeito ao país e a cidade onde seria realizado o
programa. As pessoas de maneira geral demonstram uma grande ansiedade,
64
imaginando como será o lugar, como será seu dia-a-dia, se questionam se vão
agüentar a distância, etc. Outro ponto que chama a atenção é a expectativa alta
para temas como o trabalho e o curso. Mais da metade dos pesquisados
demonstrou alta expectativa em ambos os casos, o que é possível compreender
quando se tratando em muitas vezes do primeiro emprego de muitos universitários.
Esta questão desperta uma série de dúvidas relacionadas à capacidade do
intercambista de desenvolver o trabalho corretamente ou até mesmo de conseguir
se comunicar eficazmente num ambiente profissional.
Os aspectos que apresentaram uma expectativa mais realista foram com
relação às pessoas do país de destino. Acredita-se que como um grande número de
intercambistas escolherem os EUA como destino (68,31%), as expectativas baixas
estejam ligadas a imagem negativa que o povo americano tem diante de algumas
pessoas. É possível que os pesquisados se previnam de qualquer decepção
simplesmente não esperando muito das pessoas que vão conhecer pelo caminho.
Os pesquisados também demonstraram expectativas baixas e realistas
(56%) sobre o suporte da agência durante a viagem. Acredita-se que por se tratar de
um programa de intercâmbio, onde o que esta sendo oferecido na maioria das vezes
é uma oportunidade e não um pacote turístico onde existe um itinerário, as pessoas
estão mais cientes que o sucesso da viagem depende principalmente de suas
atitudes e capacidade de se adaptarem a uma nova situação cultural. Claro que
existem as exceções, parte das pessoas que participam de um intercâmbio
confundem o papel da agência, elas vêem a agência como a parte responsável pelo
sucesso do intercâmbio. Porém uma agência de intercâmbio não pode garantir que o
individuo vá realmente aprender o idioma ou se a pessoa vai ser promovida no
trabalho. Nestes dois exemplos, o intercambista, através de sua determinação, é o
único capaz de conseguir se superar .
4.1.3 Dificuldades e facilidades dos intercambistas no exterior.
De acordo com a pesquisa realizada, os intercambistas de uma maneira geral
não apresentaram grandes dificuldades. Dentre os aspectos averiguados, os hábitos
alimentares e a saudades do país natal, representaram os maiores desafios,
representando aproximadamente 42% dos intercambistas.
65
Para Black, Mendenhall e Oddou (1991), o choque cultural é o momento mais
difícil do processo de adaptação. Diferentemente, para os entrevistados (78%) este
não foi o momento mais difícil. Acredita-se que isto seja resultado do tipo e tempo do
intercâmbio realizado pela maioria. O programa Work and Travel caracteriza-se pela
curta duração (3-4 meses), pela pouca imersão na cultura local e pela grande
quantidade de participantes brasileiros na maioria dos destinos, isto pode ter
contribuído para amenizar o impacto do choque cultural.
As maiores facilidades encontradas foram com relação ao idioma, amizades
com pessoas nativas, os costumes e a estrutura social e econômica. Todos estes
aspectos apresentaram porcentagens próximas de 50%. Pode-se dizer que o fato de
a maioria dos intercambistas terem estudado o idioma antes da viagem e terem
demonstrado atitudes como maturidade e flexibilidade, tornou a experiência mais
positiva e fácil. O respeito demonstrado pelas diferenças culturais é outro fator
importantíssimo a se destacar, 93% dos intercambistas entrevistadas afirmaram que
esta atitude proporcionou um bom relacionamento com as pessoas do país
hospedeiro.
Devido à grande popularidade dos programas de intercâmbio, é muito
provável que existam muitos brasileiros nos destinos mais tradicionais,
principalmente nos EUA, Nova Zelândia e Canadá. A amizade entre os brasileiros,
segundo os entrevistados, ameniza a saudades do país natal. Este relacionamento
faz com que sintam-se mais próximos de seus costumes, idioma, entre outros,
aumento sua auto confiança durante o intercâmbio.
Além do relacionamento com brasileiros durante o programa, os
intercambistas demonstraram ter contato freqüente com seus familiares e amigos no
Brasil. Este contato é facilitado pelos diferentes recursos oferecidos atualmente,
proporcionando uma comunicação praticamente sem custos. Mais de 50% dos
intercambistas entrevistados concordaram que este contato, mais de uma vez por
semana para 60%, não é ideal para que ocorra uma imersão completa na cultura do
país hospedeiro. Devido a não imersão total, o intercâmbio pode ser prejudicado
porque limita o aprofundamento cultural e em muitos casos atrapalha no
aprendizado do idioma e por fim no relacionamento com pessoas nativas.
66
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho buscou compreender o universo do intercâmbio cultural e
suas implicações em relação ao processo de adaptação dos intercambistas
brasileiros. Para que fosse possível compreender este processo, foi realizado uma
pesquisa com intercambistas da agência de intercâmbio BtoW (Brazilians to the
World).
Para que a adaptação seja bem sucedida, o tema expectativa se mostrou
fundamental. O intercambista deve ter suas expectativas mais próximas possíveis da
realidade afim de evitar desapontamentos. Para reduzir as expectativas foram
abordadas duas possibilidades: o treinamento intercultural e a experiência prévia de
viagem. Os intercambistas pesquisados apresentaram de fato um bom
aproveitamento do treinamento oferecido e aqueles que viajaram ao exterior antes
do intercâmbio concordaram sobre o benefício proporcionado por esta experiência.
É também inquestionável a importância do conhecimento do idioma antes da
viagem. A pesquisa mostrou que as pessoas têm a consciência desta importância e
por isso buscam o aprendizado. Aqueles que tinham pelo menos nível intermediário,
demonstraram ter tido menores dificuldades com a adaptação e no relacionamento
com pessoas.
Baseado nos dados obtidos através da pesquisa, observou-se também, que
intercambistas que participam de programas de intercâmbio de curta duração, neste
caso a maioria, tem menor propensão a terem dificuldades com as diferenças
culturais. Além disso as orientações realizadas antes do embarque, assim como o
conhecimento prévio do idioma, auxiliam manter as expectativas de acordo com a
realidade e a no bom relacionamento com pessoas nativas.
Este trabalho apresentou três hipóteses, a primeira delas diz que o
treinamento intercultural antes da viagem, minimiza as dificuldades de adaptação.
Esta hipótese se mostrou verdadeira, os intercambistas entrevistados concordaram
com os benefícios do treinamento intercultural antes da viagem, este treinamento
proporcionou a redução da expectativa em relação aos diferentes aspectos da
viagem.
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A segunda hipótese afirmava que a quanto maior a distância cultural entre o
país natal do intercambista e o país de destino, maior será a dificuldade de
adaptação. Infelizmente, através dos dados obtidos neste trabalho não foi possível
comprovar esta hipótese porque a grande maioria dos entrevistados participou de
programas de intercâmbio nos EUA. Para confirmar ou não esta hipótese, seria
necessário que houvesse uma variedade maior de países na pesquisa.
Na última hipótese, foi afirmado que quanto menor o contato do intercambista
com seus familiares e amigos, maior será a interação com a cultural nativa. A
pesquisa mostrou que a maioria dos intercambistas matinha contato constante com
seus familiares e que este contato ajudou a minimizar a saudades do Brasil. Este
contato é grande, principalmente porque atualmente existem diversas ferramentas
que tornam a comunicação praticamente sem custo. Mais da metade dos
entrevistados concordaram que devido esta comunicação freqüente a integração
com a cultura do país hospedeiro foi prejudicada, comprovando assim a veracidade
da hipótese.
Este trabalho contribui com as empresas do setor de educação internacional
porque busca compreender os principais aspectos do processo de adaptação dos
intercambistas brasileiros. Com as informações aqui apresentadas, as empresas
poderão melhorar seus serviços e percepções em relação aos programas de
intercâmbio.
Sugestões para novos trabalhos
De acordo com as dificuldades e limitações encontradas durante a realização
deste trabalho e com relação à importância do tema para os envolvidos no universo
do intercâmbio cultural, sugere-se alguns estudos a serem realizados no futuro:
• Estudar a relação das diferentes culturas e o sucesso do intercâmbio;
• Pesquisar os benefícios do intercâmbio para a vida profissional das pessoas;
• Verificar se as agências de intercâmbio levam em consideração a questão da
expectativa quando comercializam os programas de intercâmbio;
68
• Estudar as conseqüências sobre um intercâmbio quando o número de
brasileiros no mesmo local é excessivo.
• Estudar as possíveis estratégias de marketing que as agências poderão
desenvolver em função dos resultados encontrados.
69
REFERÊNCIAS
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APÊNDICE
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APÊNDICE A: Questionário
Questionário – 1ª Parte
1) Qual o seu sexo?
( ) Masculino ( ) Feminino 2) Qual o seu nível de escolaridade?
( ) Ensino médio incompleto ( ) Ensino médio completo ( ) Ensino superior incompleto ( ) Ensino superior completo ( ) Pós Graduação completa 3) Qual sua idade?
( ) 14 – 17 anos ( ) 18 – 29 anos ( ) 30 anos ou mais 4) De qual programa você participou?
( ) Work and Travel ( ) High School ( ) Work and Study ( ) Curso de Idioma ( ) Outro ____________________________ 5) O programa foi realizado em qual país?
( ) EUA ( ) Canadá ( ) Nova Zelândia ( ) Austrália ( ) Irlanda ( ) Inglaterra ( ) Outro ______________________________ 6) Qual era o seu nível de conhecimento do idioma do país de destino, antes da viagem?
( ) Básico ( ) Intermediário ( ) Avançado ( ) Fluente 7) Antes do seu intercâmbio, você já havia viajado para o exterior alguma vez por qualquer outro
motivo?
( ) Sim ( ) Não 8) Como você classifica o nível de sua expectativa antes da viagem em relação ao programa:
( ) muito baixa ( ) baixa ( ) de acordo com a realidade ( ) alta ( ) muito alta
9) Classifique o seu nível de expectativa em relação a cada um dos pontos relativos à viagem:
*Utilize a escala de 1 a 5, sendo 1 “muito baixa” e 5 “muito alta”. ( ) O país ( ) A cidade ( ) As pessoas do país ( ) A acomodação ( ) O curso ( ) O trabalho ( ) Suporte da agência ( ) Outro__________________
10) Classifique o nível de dificuldade encontrada durante a viagem com relação a:
*Utilize a escala de 1 a 5, sendo 1 “muito difícil” e 5 “muito fácil”. ( ) Idioma ( ) Amizade com pessoas nativas ( ) Hábitos alimentares ( ) Estrutura social e econômica ( ) Saudades do país natal ( ) Costumes ( ) Outros____________________
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11) Como você classificaria o nível do choque cultural encontrado durante a viagem:
( ) muito baixo ( ) baixo ( ) normal ( ) alto ( ) muito alto 12) Quanto tempo você levou para superar esta fase?
( ) 1-3 semanas ( ) 4-6 semanas ( ) 7-9 semanas ( ) 10-12 semanas ( ) 12 semanas ou mais ( ) Não superou. 13) Durante a fase de choque cultural, quais foram suas atitudes?
( ) Buscou suporte dos familiares ( ) Se isolou das demais pessoas ( ) Fez novas amizades ( ) Praticou algum tipo de esporte com freqüência ( ) Focou no Intercâmbio (curso, trabalho, escola). ( ) Realizou atividades de lazer ( ) Outras _______________________________
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Questionário – 2ª Parte
Nas perguntas a seguir marque sua opinião de acordo com a escala a seguir: 1- Discordo Totalmente 2- Discordo Parcialmente 3- Concordo Parcialmente 4- Concordo Totalmente 1) O conhecimento do idioma antes da viagem facilitou minha adaptação o exterior.
1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 2) A orientação pré-embarque ajudou a manter minhas expectativas de acordo com a realidade do intercâmbio e do
país de destino.
1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 3) Cheguei a pensar em retornar ao Brasil devido a problemas de adaptação.
1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 4) O choque cultural foi o momento mais difícil da minha viagem.
1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5) Possuir experiência de viagem antes do meu intercâmbio fez com que eu me adaptasse a nova realidade com
maior facilidade.
1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 6) Como características pessoais, a flexibilidade e a maturidade, foram as características mais importante no
processo de adaptação.
1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 7) Saber respeitar as diferenças culturais abriu portas para eu me relacionar com pessoas nativas.
1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 8) A alta expectativa em relação a diferentes aspectos da viagem, me fez ficar decepcionado ou frustrado em algum
momento.
1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 9) Durante o meu intercâmbio conheci diversas pessoas do meu país o que amenizou a saudades e a me sentir
menos solitário
1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 10) Devido à grande facilidade de comunicação existente nos dias de hoje, é muito fácil estar em contato
permanente com os pais e amigos no Brasil.
1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( )
11) Este relacionamento constante não é uma situação ideal para quem realiza um intercâmbio cultural porque as
pessoas não conseguem imergir por completo na nova cultura.
1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 12) Durante minha viagem, o meu contato com familiares e amigos era superior a uma vez por semana
1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( )
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