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FANATicos da Química: O teatro científico como ferramenta no ensino de
química.
Larissa Matilde da Silva1; Ravana Rany Marques Batalha
1 Antônio Gautier Farias
Falconieri2*
Luiz Di Souza3
1- Aluna de graduação do curso de licenciatura em química da UERN
2- Prof. Ms. Do curso de graduação em química da UERN
3- Prof. Dr. do curso de graduação em química da UERN
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE – UERN
FACULDADE DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS – FANAT
DEPARTAMENTO DE QUÍMICA – DQ
BR 110 – Km 46 – Rua Prof. Antônio Campos, s/n – Bairro Costa e Silva
CEP: 59.633.010 – Caixa Postal 70 – Mossoró – RN
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RESUMO
O conhecimento científico necessita de uma linguagem adequada para ser
compreendido. Necessitam-se, também, de educadores preparados e comprometidos
com o ensino da ciência, capazes de despertar nos jovens o prazer de estudar e aprender,
bem como de novos métodos de ensino aprendizagem que sejam eficientes e atraentes
para o aluno. O grupo FANÁTicos da Química é adepto do uso da linguagem teatral,
em especial no uso de sátiras de algum filme, livro, programa etc de sucesso, aliado a
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experimentos práticos com efeitos lúdicos para transmitir conhecimentos químicos. Ele
utiliza experiências químicas ajustadas aos textos da peça como efeitos especiais das
cenas. Assim ao mesmo tempo em que a peça entretém o público, aspectos das ciências
são ensinados por meio dos experimentos e suas explicações. Assim, desenvolveu-se
uma metodologia na qual alunos de licenciatura em química utilizam ferramentas
teatrais, efeitos cênicos, aspectos lúdicos etc... adaptados como peças teatrais para
transmitir conceitos químicos a alunos e a sociedade em geral visando a divulgação do
ensino de química.
ABSTRACT
The scientific knowledge requires a appropriate language to be understood. They
need it, too, teachers prepared and committed to the teaching of science, able to awaken
the pleasure of studying and learning, as well as new methods of teaching and learning
that are efficient and attractive to students. The fanatical of chemistry groups is adept
use of theatrical language, particularly in the use of satire in a movie, book, program,
and so of success, combined with practical experiments with the purpose to transmit
knowledge recreational chemicals. He uses chemical experiments adjusted to texts as
part of the special effects scenes. So while the play entertains the public aspects of
science are taught by means of experiments and your explanations. Thus, developed a
methodology in which undergraduate students in chemistry tools using theatrical
effects, scenic, recreational aspects etc ... adapted as plays to transmit chemical concepts
to students and society in general aimed at informing the teaching of chemistry.
INTRODUÇÃO
Ensinar não é apenas transmitir conhecimentos. O educador não tem o vírus da
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sabedoria. Ele orienta a aprendizagem, ajuda a formular conceitos, a despertar as
potencialidades inatas dos indivíduos para que se forme um consenso em torno de
verdades e eles próprios encontrem as suas opções.
A principal meta da educação se processa em torno da auto-realizarão. Logo, ela
propõe a reformulação constante de diretrizes obscuras para alcance dos objetivos [1].
É papel da educação formar pessoas críticas e criativas, que inventem, criem e
construam conhecimento. Não devendo aceitar simplesmente modelos antigos, mas
desenvolver novas pesquisas e/ou experiências. Daí a importância de se ter alunos
ativos, que cedo aprendam a descobrir, adotando uma atitude mais de iniciativa do que
de expectativa.
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais para o ensino médio
(1999), “o aprendizado de Química no Ensino Médio (...) deve possibilitar ao aluno a
compreensão tanto dos processos químicos em si quanto a construção de um
conhecimento científico em estreita relação com as aplicações ambientais, sociais,
políticas e econômicas”. [2]
Considerando este novo contexto, a formação escolar deve ser ampliada,
democratizada, e buscar novos padrões de qualidade. A educação escolar deverá
desenvolver hábitos mentais e atitudes que atendam ao indivíduo na sua necessidade
informativa e formativa, para que se torne efetivamente cidadão [3].
Com a realidade atual faz-se necessário que a educação seja o pilar que sustenta
a sociedade e possibilita ao individuo uma vida digna. Contudo, não é isso que vem
acontecendo: a educação vem passando por inúmeros problemas, o que impossibilita a
sua qualidade.
"A ciência é uma construção completamente humana, movida pela fé de que, se
sonharmos, insistirmos em descobrir, explicarmos e sonharmos de novo, o mundo de
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algum modo se tornará mais claro e toda a estranheza do universo se mostrará
interligada e com sentido." (E. O. Wilson).
As ciências naturais têm permitido através de seus instrumentos e métodos,
conhecer a realidade externa, bem além do alcance de uma mente individual e dos
sentidos. As ciências naturais tradicionalmente são ensinadas como uma coleção de
fatos, descrição de fenômenos e enunciados de teorias a decorar, não se procura fazer
com que os alunos discutam as causas dos fenômenos, estabeleçam relações causais,
enfim, entendam os mecanismos dos processos que estão estudando. É muito comum
também que não seja dada a devida importância ao que é chamado na literatura, de
processo da ciência, ou seja, aos eventos e procedimentos que levam às descobertas
científicas. Em geral, o ensino fica limitado à apresentação pelo docente de forma
descritiva e em geral pouco atraente dos chamados produtos da ciência.
A Química é a ciência da matéria e de suas transformações estudada através das
diferentes propriedades macroscópicas que os elementos existentes na natureza
apresentam, procurando explicar o seu comportamento ao nível microscópico. O
desenvolvimento desta ciência tem permitido ao homem não só controlar certas
transformações conhecidas, mas também obter um número cada vez maior de reações e
assim novos materiais. Os tecidos das roupas que usamos, as borrachas sintéticas, os
plásticos, a obtenção de metais e de ligas metálicas, os medicamentos, os sabões e
detergentes biodegradáveis, a utilização dos combustíveis, os materiais usados nas
construções de casas, móveis, embarcações, aviões, computadores e eletrodomésticos
são exemplos da importância e aplicação dos processos químicos em nossa vida.
A presença da química no cotidiano das pessoas justifica a necessidade de que o
cidadão deve estar informado sobre essa área da ciência. Todavia, o ensino atual de
nossas escolas está muito distante do que ele necessita conhecer para exercer a sua
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cidadania. As diversas investigações desenvolvidas nas duas últimas décadas sobre o
ensino de química evidenciam o distanciamento entre a química como ciência e a
química ensinada nas escolas e que “os objetivos, conteúdos e estratégias do ensino de
química atual estão dissociados das necessidades requeridas para um curso voltado para
a formação da cidadania” [4,5]. Para muitos alunos, aprender Química é decorar um
conjunto de nomes, fórmulas, descrições de instrumentos ou substâncias e enunciados
de leis. Como resultado, o que poderia ser uma experiência intelectual estimulante passa
a ser um processo doloroso que chega até a causar aversão [6].
A mídia também contribui com essa distorção [7]. Frequentemente são vistas
nesta propagandas oferecendo produtos que por serem naturais “não contém química” e
por isso são mais saudáveis. Em outros momentos, a química é apresentada como a
grande vilã contra o meio ambiente, sendo dejetos químicos despejados nos rios e
fumaças nas chaminés das indústrias imagens associadas à Química como fonte de
poluição.
Esse problema é agravado principalmente quando se fala na área de Exatas, seja
por falta de recursos ou professores qualificados [8]. A maneira como a Química é
abordada nas escolas pode ter contribuído de maneira errônea com as concepções dessa
ciência. Dessa maneira verifica-se a necessidade da utilização de formas alternativas
relacionadas ao ensino de química, com intuito de despertar o interesse pelo estudo
dessa disciplina.
Todo ser humano pode beneficiar-se de atividades lúdicas, tanto pelo aspecto de
diversão e prazer, quanto pelo aspecto da aprendizagem. Através das atividades lúdicas
desenvolvem-se várias capacidades, explora-se e reflete-se sobre a realidade, a cultura
na qual se vive e, ao mesmo tempo, questionam-se regras e papéis sociais. Pode-se dizer
que nas atividades lúdicas ultrapassa-se a realidade, transformando-a através da
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imaginação. A incorporação de brincadeiras, jogos e brinquedos na prática pedagógica,
podem desenvolver diferentes atividades que contribuem para inúmeras aprendizagens e
ampliação da rede de significados construtivos tanto para crianças como para jovens [9].
Durante as atividades lúdicas, os educadores podem perceber traços de
personalidade do educando, de seu comportamento individual e em grupo e o ritmo de
seu desenvolvimento. O ato de divertir-se vai oportunizar as vivências às vezes
inocentes e simples da essência lúdica de crianças, jovens e adultos, possibilitando o
aumento da auto-estima, o autoconhecimento de suas responsabilidades e valores, a
troca de informações e experiências corporais e culturais, por meio das atividades de
socialização. Ainda é oportunizado às crianças, jovens e adultos o enriquecimento de
suas próprias capacidades, mediante estímulo à iniciativa, à melhoria nos processos de
comunicação e principalmente a optar por ações que incentivem a criatividade, que é
certamente uma característica e um objetivo fundamental da atividade lúdica, seja ela
uma brincadeira, jogo ou brinquedo em suas diversas formas de realização.
A arte além de produzir conhecimento, leva a ciência aos livros, ao teatro,
cinema, fotografia, música, artes plásticas, aos quadrinhos e a muitos meios, alguns em
maior ou menor escala. Isso se deve a aprendizagem significativa que ocorre pela inter-
relação entre o que já se sabe e as novas idéias que levam a uma associação de
informações e construção de sentidos para uma nova informação [10]; pois ensinar não
é apenas transferir conhecimentos, mas criar possibilidades para a sua produção ou sua
construção [11].
Existem diversas formas de divulgação científica, mas o teatro tem uma
participação considerável na popularização da ciência pelo mundo a fora. No Brasil,
esse processo tem se multiplicado recentemente, com o aperfeiçoamento de atores e
cientistas no denominado teatro científico. Temos que considerar primeiramente que o
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público que assiste uma comédia normalmente é diferenciado daquele que procura uma
peça de cunho científico. Outro fato importante é que a maioria do publico de peças
científicas se encontra nas escolas de rede pública ou particular.
Cada um desses públicos alvo implica uma linguagem diferente da parte do
divulgador. Não se pode usar o mesmo discurso quando se está explicando os resultados
da cinética de uma reação a um químico, um estudante de colégio ou um jornalista. Por
outro lado, não é o mesmo divulgar as fronteiras do conhecimento ou a ciência bem
estabelecida, temas de física, química, biologia ou matemática que são apresentadas no
ensino obrigatório e têm suas linguagens científicas bem determinadas. Na fronteira do
conhecimento até os termos técnicos não tem uma tradução definitiva ou, em alguns
casos, nem existe a tradução ou a formulação dos conceitos. Isto não significa que uma
atividade de divulgação é mais fácil que a outra, mas apenas que as dificuldades são de
tipos diferentes.
O conhecimento científico necessita de uma linguagem adequada para que seja
compreendido pela população. Necessita-se também de educadores que sejam bem
preparados e comprometidos com o ensino da ciência, despertando nos jovens o prazer
de estudar e aprender. Seguindo esse pensamento, deve-se fornecer recursos para que
alunos e professores possam ter um fácil e proveitoso acesso ao mundo acadêmico-
científico [12].
O grupo FANÁTicos da Química, fundado em 2001 no Departamento de
Química da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, em Mossoró, dedica-se a
criação e apresentação de shows e peças teatrais envolvendo efeitos lúdicos. O grupo
utiliza experiências de química para dar efeitos especiais às cenas da peça teatral e ao
mesmo tempo em que a peça entretém o público, aspectos das ciências são ensinados
por meio das explicações.
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Assim, tem-se desenvolvido uma metodologia na qual alunos de licenciatura em
química utilizam ferramentas teatrais, efeitos cênicos e aspectos lúdicos do cotidiano
adaptados como peças teatrais na forma de sátiras de filmes ou show artísticos de
sucesso, para transmitir conceitos químicos a alunos e a sociedade em geral visando a
divulgação do ensino de química [3, 9, 13, 14 e 15].
O grupo visa também a formação acadêmica e pessoal dos alunos-atores, pois
são graduandos da UERN, e as atividades e exercícios teatrais contribuem para seu
futuro profissional, seja como professor, pesquisador ou ator.
MATERIAIS E MÉTODOS:
A necessidade cada vez maior de buscar novas formas de ensinar química
motivou a criação desse trabalho por alunos e professores da UERN. Esse projeto é
desenvolvido com o apoio da Pró-Reitoria de Extensão-PROEX da UERN.
O grupo FANATicos da Química, foi fundado em 2001 no departamento de
química- DQ da universidade, situada na cidade de Mossoró. Ele tem como objetivo
estimular o processo de ensino aprendizagem via desenvolvimento e uso da ferramenta
teatro cientifico. Na primeira fase do projeto foram selecionados os alunos que
gostariam de participar do projeto e em seguida os mesmos foram treinados em oficinas
teatrais para produzirem peças cênicas com sátiras de filmes famosos.
Nas oficinas mostrou-se a fundamentação básica para formação de atores, como
também foi ensinado a elaborar o script da peça que tinha como objetivo transmitir
conceitos científicos e ainda mostrar fatos importantes que aconteceram na história e
evolução da química como um todo. Além disso, foram trabalhadas técnicas vocais,
corporais e também na construção dos personagens da peça.
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Figura 1- Alunos realizando oficinas de treinamento em artes cênicas.
Figura 2- Alunos realizando oficinas de treinamento em artes cênicas.
10
Na produção dos efeitos lúdicos os alunos tem que procurar, estudar e adaptar
reações químicas que produzem algum efeito atraente (barulho, mudança de cor,
alteração da voz...) ao texto da peça de forma que esta sirva para transmitir um
conhecimento cientifico ao publico. Isto faz com que os mesmos tenham que aprender
os conteúdos de química e também adaptá-los a linguagem atraente do teatro cientifico.
Faz parte também do projeto as explicações cientificas das experiências
realizadas nos espetáculos, as quais são feitas com uma linguagem de fácil
entendimento.
Figura 3- Experimento lúdico usando para o processo da combustão
11
Figura 4- Experimento lúdico usando para explicar o conceito de equilíbrio
químico.
O grupo utiliza experimentos químicos para dar efeitos especiais às cenas da
peça teatral e também com o objetivo de entreter o público para que os mesmos sintam-
se motivados a cada vez mais buscar o conhecimento cientifico. Além disso, esse
trabalho proporciona aos graduandos contato direto com o público (ver figura 5) ,
estudantes e/ou comunidade em geral e a oportunidade de conhecer os problemas
enfrentados pelas escolas e o desenvolvimento de algumas atividades como facilidade
de expressão, desinibição e a capacidade de se adequarem em ambientes diversos que
serão úteis em sua vida profissional.
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Figura 5- Atores enfrentando platéias de 500 pessoas.
RESULTADOS E DISCUSSÕES:
A proposta do grupo FANÁTicos da Química foi alunos do curso de
licenciatura em química para que eles participassem da execução de um projeto que visa
utilizar uma forma alternativa para o ensino de química. Durante a realização das
oficinas percebeu-se que esta atividade possibilita aos graduandos a oportunidade de
aprender técnicas corporais, vocais, etc que serão úteis durante a sua vida profissional.
Nas oficinas foram trabalhados jogos de interação, expressão corporal, relaxamento,
ação dramática, construção de cenas livres e propostas, noções de postura, ocupação dos
espaços no palco, respiração e concentração. Isto possibilitou aos alunos maior
facilidade de expressão, desinibição e a capacidade de se adequarem em ambientes
diversos. Também foram desenvolvidas nos alunos competências específicas e
aprimoramento pessoal no domínio dos conteúdos químicos, integração, motivação,
trabalho em equipe, relacionamento e comunicação.
Na construção dos espetáculos a transmissão dos conceitos químicos é facilitada
pelo processo alegre da montagem e simplificação da explicação das teorias abordadas
13
durante a peça juntamente com a qualidade dos temas e experimento escolhidos, os
quais prendem a atenção da platéia. O trabalho foi capaz de fazer os graduandos
repensar as suas futuras práticas pedagógicas, o que mostrou a importância dos
conhecimentos prévios no processo de ensino-aprendizagem e que o uso do teatro
cientifico facilita a compreensão dos conceitos.
O resultado final deste trabalho foi à montagem de cinco peças teatrais:
1º Quimicanic – A química que não afundou, uma sátira do filme Titanic
ambientada num barco cenário com a trama sendo recheada de experimentos e desafios.
2º Litibela e o Químico Prisioneiro. É uma adaptação para o teatro do longa-
metragem Lisbela e o prisioneiro de Osmar Lins. Cujo foco principal da historia são as
trapaças do químico farmacêutico laboratórico Leléu da Ionização, que se vê
perdidamente apaixonado por uma doce, meiga e sonhadora aluna de química da UERN
chamada Litibela, que é filha do Tenete-Delegado de uma pequena cidade do interior.
Em sua luta de viver um grande amor ao lado de Litibela, encontra-se envolvido em
tramas, perseguição, romance, conhecendo pessoas que deixam a historia mais
engraçada e muita, mais muita química. Fazendo desse historia uma “quimicomédia”
fascinante (ver figuras 6 e 7).
Figuras 6- Encenação da peça Litibela e o Químico Prisioneiro
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Figuras 7- Encenação da peça Litibela e o Químico Prisioneiro
3º Reciclagem. O enredo se passava em uma sala de aula de uma escola pública.
Onde a professora era muito rígida e cobrava muito de seus alunos. Então os mesmo se
sentiam obrigados a estudar bastante para suas aulas, pois tinham muito medo de serem
reprovados. Um dos temas principais que foi trabalhado na sala de aula, foi a
RECICLAGEM que é o enfoque principal da peça. A mesma fala de materiais que
podem ser reciclados, bem como o tempo que os mesmos ficam na natureza até que
sejam decompostos, e ainda os cuidados necessários para possuir um ambiente mais
limpo e saudável.
4º O Auto da Comadre Química. Cujo enredo é uma adaptação da obra de
Ariano Suassuna, O Auto da Compadecida. Conta a história de dois amigos, João
Berílio e Cesió, que preparam inúmeros experimentos químicos para conseguir um
emprego na padaria de Ourico e escapar de desafios. Cesió também usa os experimentos
químicos para conquistar a mulher do padeiro e acaba criando uma grande confusão. Os
experimentos da dupla, que transformam bolacha em ouro, aumentam a massa do pão
entre outros, são interrompidos pela chegada dos Cangaceiros e a morte de João Berílio.
Todos os mortos reencontram-se no Juízo Final, onde serão julgados no Tribunal das
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Almas por um Jesus todo diferente e por um diabo que arranca suspiros por ser uma
beldade. O destino de cada um deles será decidido pela aparição da Comadre Química e
traz um final surpreendente para todos.
Figura 8: Encenação da peça O auto da Comadre Química
5º A máquina Química do tempo. Uma peça de autoria do grupo. É uma viagem
que uma aluna do curso de licenciatura em química faz através do tempo. Heloísa foi
reprovada na disciplina História da Química, pois não se dedicou o suficiente para
aprender, dando maior importância as disciplinas especificas do curso, não dando a
devida importância aos fatos históricos que foram de fundamental importância para a
construção e evolução da química. Então o Senhor Químico do Tempo a leva para essa
viagem e a faz perceber que cada pessoa teve sua importância para a evolução da
química.
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Figura 9: Encenação da peça A máquina Química do Tempo
O grupo utilizando-se de espaços inovadores, tentou explorar as relações entre a
ciência e a arte, mostrando que em algum momento ambas são ciências e arte ao mesmo
tempo [6]. Os textos de todas as peças foram elaborados em uma linguagem teatral para
facilitar o processo de ensino-aprendizagem, pois o público alvo são os aluno de Ensino
Fundamental e Médio, sendo importante despertar neles a importância de aprender
química no mundo em que vivemos.
É importante destacar que o grupo não visa à formação de ator, mas uma
maneira de estudantes do ensino básico, mediante peças teatrais interpretem
conhecimento. No decorrer das tramas são mostradas experiências químicas simples,
dinâmicas com forte efeito lúdico com o intuito de mostrar aos expectadores
fundamentos básicos da Química. Essas reações e suas explicações têm como objetivo
aumentar o interesse dos alunos pela química, facilitando o entendimento e
aprendizagem da mesma.
Ainda o grupo teve a oportunidade de participar do Ciência em Cena 2 em 31/07
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a 03/08/2008, um encontro de grupos de teatro cientifico do Brasil realizado em São
Carlos- SP promovido pela Universidade Federal de São Carlos- UFSCar. Onde lá já
existe um trabalho semelhante.
Com estas peças o grupo se apresentou inúmeras vezes (ver tabelas 1 e 2) em
feiras de ciências, festivais de teatro e escolas de Ensino Fundamental e Médio, sempre
obtendo enorme sucesso, tanto na aceitação do publico, quanto na popularização de
conceitos científicos. O grupo ainda realiza outro trabalho de divulgação, através de
trabalhos apresentados em congressos na área de química, com o objetivo de divulgar o
trabalho do grupo.
Neste sentido é grande a quantidade de pessoas que procuram os graduandos em
química depois das peças, solicitando informações adicionais sobre o que ocorreu e a
presença de alunos que declaram ter sido a primeira vez que viram a química de forma
agradável. O sucesso e o interesse despertado mostram que o trabalho obteve sucesso,
tanto com os licenciados que preparam a peça e aprendem uma metodologia diferente
de ministrar aula para o público (alunos ou não) que tem a possibilidade de adquirir
conhecimentos de forma agradável.
CONCLUSÕES
Através dos trabalhos realizados pelo grupo FANÁTicos da química, pode-se
perceber a grande contribuição do projeto para a vida profissional dos integrantes do
grupo, de modo que os mesmos aprenderam formas alternativas e mais atraentes para
ensinar química nas escolas de ensino médio e em ambientes diversos.
O teatro pode ser usado como uma ferramenta de ensino, muito útil para motivar
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os alunos a estudar química e os influenciar aos mesmos ter uma nova visão sobre
química. Ele ainda possibilita colocar em prática conceitos adquiridos em sala de aula,
desenvolve e aprimora aptidões úteis para a formação de alunos como também dos
professores. Proporciona uma maior facilidade de expressão, desinibição e capacidade
de se adequarem em ambientes diversos
REFERÊNCIAS
[1] BOECHAT, I. Ensinar é aprender. Mundo Jovem. Fevereiro, 2009.
[2] Lei de Diretrizes e Bases da Educação – Lei 9.394/96.
[3] Silveira , A. F. Silva, A. P. B. Filho, A. R. A divulgação da ciência através do
teatro: Um estudo em Copenhague de Michael Frayn.Tese de dourado. Universidade
Estadual da Paraíba/Departamento de Física.
[4] Schnetzler, R. P. (1980). O tratamento do conhecimento químico em livros didáticos
brasileiros para o ensino secundário de química de 1875 a 1978. Dissertação de Mestrado
UNICAMP-Faculdade de Educação.
[5] SANTOS, W. L. P.; O Ensino de Química para formar o cidadão: principais
características e condições para a sua implantação na escola secundária brasileira.
Dissertação de Mestrado. Faculdade de Educação, UNICAMP, 1992.
[6] GARDNER, P. L. Students interest in Science and Technology: An International
Overview. Interest in Science Technology Education, M. Lenhrke et al. IPN, 1985, 723
p.
[7] ARROIO, A. HONÓRIO, K. M. WEBER, K. C. Oshow da química: motivando o
interesse cientifico. Química Nova, vol. 29. São Paulo, Janeiro/Fevereiro. 2006.
[8] Falconieri, A. G, Farias A desqualificação docente no ensino médio na cidade de
São Miguel, XLV Congresso Brasileiro de Química-CBQ Belém, 2005.
19
[9] Maluf, A, C. M. Atividades lúdicas como estratégias de ensino e aprendizagem.
[10] PONTES, A.N. A importância da motivação para se aprender química no ensino
médio. 48º Congresso Brasileiro de Química. 2008.
[11] FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: Saberes Necessários à Prática Educativa.
São Paulo – SP: Paz e Terra. 1996.
[12] Lupetti1, K. O. Serafim, T. G. et all. Ciência em cena: teatro e divulgação
científica. XIV Encontro Nacional de Ensino de Química (XIV ENEQ) 2008.
[13] Simão, D. M. Souza. Falconieri, A. G. Farias. Sousa, L. D. O uso do teatro
científico como ferramenta de ensino aprendizagem, Encontro Cientifico de Pesquisa e
Extensão-ENCOPE, Mossoró-RN 2000.
[14] MORAIS, L. A; SILVA, L. M; ARAÚJO, A. M. M; JUNIOR, F. S. S.
FALCONIERI, A. G. F. Teatro cientifico como ferramenta para o ensino de química
em ambientes diversos. Congresso Brasileiro de Química-CBQ Rio de Janeiro 2008
[15] Torres, M. J.; Silva, K. L.; Silva, R. I.; Silva, L.M.; Araújo, A.M.M.; Souza, L. D.;
Falconieri, A.G.F. Teatro científico no curso de química uma ferramenta para o
ensino, Encontro de Pesquisa e Extenção – ENCOPE, Mossoró-RN 2006.
*Tabela 1- Local, data de apresentações e público atingido nas apresentações feitas com
a peça de reciclagem e litibela e o químico prisioneiro.
EVENTO/LOCAL DATA MUNICÍPIO PÚBLICO
ESTIMADO
(pessoas)
20
Semana Interna de Prevenção de Acidentes do
Trabalho – SIPAT-Petrobras *
23/10/2006
Mossoró
150
XIII Encontro de Pesquisa e Extensão –
ENCOPE *
8/12/2006
Mossoró
200
EXPOTEC- CEFET O9/11/07
Mossoró
150
CEFET 12/11/2007
Currais Novos
150
Escola Estadual Angelita Félix 12/11/2007
Lagoa Nova 150
Escola Estadual Abel Coelho 01/05/2008
Mossoró 300
Expofrutas 01/07/2008 Mossoró 250
FICRO 20/07/2008 Mossoró 300
FESTUERN 11/10/2007
Mossoró 350
Centro Cultural 10/12/2007
Grossos
40
*Tabela 2- Local data de apresentações e público atingido nas apresentações feitas com
a peça O auto da comadre química .
EVENTO/LOCAL DATA local PÚBLICO ESTIMADO
(pessoas)
VI FESTUERN 01/09/2008 Mossoró 700 Pessoas
Semana Química – Colégio 02/09/2008 Mossoró 300 Pessoas
21
Mater Christi.
EXPOTEC – CEFET 30/10/2008 Currais
Novos
150 Pessoas
Escola estadual Angelita
Félix
30/10/2008 Lagoa Nova 250 Pessoas
Campo Grande 16/12/2008 Campo
Grande
300 Pessoas
Feira de ciências-Escola
Estadual Professor Manoel
João
06/11/2008 Mossoró 200 Pessoas
Escola Estadual Antonio
Fagundes
03/12/2008 Mossoró 30 Pessoas
*Encerramento do Projeto
Rio Apodi-Mossoró.
18/12/2008 Mossoró 300 Pessoas
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