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UNIVERSIDADE DO AMAZONAS - UAINSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPA
Pressão de exploração sobre grandes bagres (Siluríformes) na AmazôniaCentral: Municípios de Iranduba e Manacapuru, Amazonas
Tony Marcos Porto Braga
Dissertação apresentada ao Programa dePós-Graduação em Biologia Tropical eRecursos Naturais do convênio INPA/UA,como parte dos requisitos para obtenção dotítulo de Mestre em CIÊNCIAS BIOLÓGICAS,Área de Concentração em: Biologia de ÁguaDoce e Pesca Interior.
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MANAUS-AM2001
UNIVERSIDADE DO AMAZONAS - UA
INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPA
Pressão de exploração sobre grandes bagres (Siluriformes) na Amazônia
Central: Municípios de Iranduba e Manacapuru, Amazonas
Tony Marcos Porto Braga
Orientadora: Profa. Dra. Nidia Noemi Fabré
Dissertação apresentada ao Programa dePós-Graduação em Biologia Tropical eRecursos Naturais do convênio INPA/UA,como parte dos requisitos para obtenção dotítulo de Mestre em CIÊNCIAS BIOLÓGICAS,Área de Concentração em: Biologia de ÁguaDoce e Pesca Interior.
MANAUS-AM
2001
BIBLIOTE^^n CQ ['PA
Braga, Tony Marcos Porto
Pressão de exploração sobre grandes bagres (Sliuriformes) na Amazônia
Central: Municípios de Manacapuru e Iranduba/Tony Marcos Porto Braga -
Manaus, 2001.
96 p.ril.
Dissertação de Mestrado
1. Amazônia Central 2. Pesca 3. Sliuriformes 4. Grandes bagres 5. Modelo
de Compartimentos.
CDD 19 ed. 639.2
Sinopse: Em uma área de várzea da Amazônia Central foi descrita a pesca dosgrandes bagres baseada em dados de entrevistas realizadas em comunidadesribeirinha. Foi realizada uma descrição da atividade pesqueira na regiãoidentificando os principais pesqueiros, comunidades ribeirinhas com pescadoresde peixes lisos, aparelhos de pesca e espécies capturadas. O esforço de pesca(número de pescadores por unidade de área) foi quantificado assim como aprodução pesqueira. É apresentado um modelo dinâmico de compartimentosdescrevendo o estado atual da atividade pesqueira de bagres na área de70 km deextensão, associada aos frigoríficos de Iranduba e Manacapuru, municípios doAmazonas.
Palavras-chave: Amazônia Central, Pesca, Siluriformes, Grandes bagres, Modelode Compartimentos.
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A dona êraça,
Maior incentivo poro trilhar estescaminhos...!
^ AGRADECIMENTOS^ "A minha esperança é de que este trabalho possa estimular a curiosidade
do mesmo modo que os melhores livros de viagens. As melhores recordações detodas as viagens, sejam elas imaginárias ou reais, sâo fortalecidas pela família
® e amigos, pelas nossas tentativas de criar a vida de alguém como se cria uma® obra de arte e os nossos esforços para conciliar as nossas necessidades^ materiais com a importância das nossas relações com os outros".® Â Dra. Nidia Noemi Fabré, pela orientação profissional, pelo exemplo e® dedicação no decorrer do presente trabalho.^ Â minha amiga Nidia, pelo carinho e pelo apoio recebido durante o® decorrer do curso.^ Ao Dr. Carlos Edwar Freitas, pelo auxílio sempre que solicitado além da^ alegria repassada junto com seus ensinamentos.0 Ao Dr. Vandick Batista, pelo profissionalismo, amizade e aprendizado.# À Dra. Victória Isaac por me mostrar o caminho inicial pela pesca e por5 quem tenho muito apreço e admiraçõo.
Ao Msc Urbano Lopes, pelo auxílio e dicas na preparação do modelodinâmico e ensinamentos sobre o programa STELLA, meu mais profundosentimento de gratidão e admiração.
Ao Msc Juan Carlos com respeito e admiração, pela claridade e paciêncianas observações do presente trabalho. Muchas Gracias.
Aos meus amigos Keid, Danielle, Socorro, Eduardo, Olívia e Beth, pelaalegria e por estarem sempre disponíveis em ajudar quando solicitados.
Aos integrantes do Programa Integrado de Recursos Aquáticos - Pyrá,cujo apoio foi fundamental.
Ao Dr. José Celso O. Malta e Dra. Mercedes Bittencourt, pelas críticas
e valiosas sugestões, meus sinceros agradecimentos.Ao meu amigo Sassarico (técnico-pescador do INPA), por ter me
orientado em uma das disciplinas mais importante do curso, meu muitoobrigado. E especialmente à Carminha e a Dra. Lúcia Py Daniel.
Aos pescadores das Costas do Janauacá/Curuçá, Aruanõ, Barroso ePesqueiro; por terem permitido conviver com suas experiências.
Aos responsáveis pelos frigoríficos Friuba, Dourado e Santa Maria; pelasinformações concedidas.
Agradeço às instituições que sustentaram este trabalho: CNPq, INPA,Projeto PYRÁ-FUA / SUDAM / IBAMA / IPAAM.
À minha família, principal responsável pelo que sou.Àqueles que por algum motivo não estão aqui citados.
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3
3
3
ÍNDICE
RESUMO viii
ABSTRACT ix
1. INTRODUÇÃO 1
m 2. MATERIAL E MÉTODOS 6» 2.1. Área de estudo 6^ 2.2. Coleta de dados 9
2.3. Caracterização da pesca 11^ 2.3.1. Quantificação do número de pescadores: O esforço de pesca e a
produção total 11„ 2.3.2. Descrição dos ambientes de pesca 12^ 2.3.3. Caracterização dos equipamentos de pesca 13^ 2.4. A comercialização dos peixes-liso em Manaus 13
2.5. Caracterização do setor pesqueiro - Modelo gráfico de compartimentos ... 13
3. RESULTADOS 16
3.1. Descrição da área de estudo 163.2. As comunidades 19
^ 3.3. A pesca e os pescadores 22^ 3.3.1. As espécies capturadas 23
3.3.2. Caracterização dos aparelhos utilizados 263.3.2.1. Rede arrastadeira 26
3.3.2.2. As embarcações 313.3.3. Os Ambientes de pesca 333.3.4. Esforço de pesca e produção pesqueira 41
3.4. Os entrepostos flutuantes 443.5. Os frigoríficos 463.6. Aspectos econômicos 48
^ 3.7. Comercialização de peixe-liso nos mercados e feiras de Manaus 503.8. Caracterização do setor pesqueiro de grandes bagres - O Modelo decompartimentos 53
4. DISCUSSÃO 60ATORES ENVOLVIDOS NA PESCA DO PEIXE-LISO 61
Os pescadores de peixe-liso do setor Pesqueiro-Janauacá 61Entrepostos e frigoríficos na exploração de grandes bagres no setor Pesqueiro-Janauacá 66CAPTURA POR UNIDADE DE ESFORÇO (CPUE) 68CENÁRIOS DA EXPLORAÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO DE PEIXE-LISO NABACIA AMAZÔNICA 70Peixe-liso nos mercados e feiras de Manaus 70Peixe-liso na Bacia Amazônica 72
VI
^ DINÂMICA DO CENÁRIO PESQUEIRO NO SETOR PESQUEIRO-9 JANAUACÁ 74^ Dinâmica da pesca de peixe-liso no setor Pesqueiro-Janauacá 77
t 5. CONCLUSÕES 80® 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 82
9
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RESUMO
Foi descrita a pesca comercial de grandes bagres da família Pimelodidae em uma
região de influência dos frigoríficos localizados nos municípios de Iranduba e
Manacapuru na Amazônia Central. Os resultados indicam um total de 32
comunidades; sendo que 19 foram selecionadas para coleta de informações de
campo. A atividade pesqueira de grandes bagres nesta região é desenvolvida por
pescadores ribeirinhos residentes em comunidades distribuídas em sua maioria á
margem direita do Rio Solimões. Foram identificados sete entrepostos flutuantes
compradores de peixe liso distribuídos na área de estudo. Cinco frigoríficos
sifados operaram na região durante o período de estudo. A pesca do peixe liso em
toda área é feita basicamente com redes demersais de deriva (malhadeiras)
conhecidas regionalmente como arrastadeiras, verificando-se que são mais
freqüentes as redes de 300 e 500m de comprimento, 3 a 5m de altura, com malha
de 100 a 180mm entre nós opostos. A dourada (Brachyplatystoma flavicans)
representa a espécie mais capturada durante período de "safra do peixe liso". O
esforço está representado por 2 pescadores por canoa, que pescam 5 dias por
semana durante 4 horas por dia. Há um total 1.118 pescadores na área de estudo,
dos quais 461 são pescadores de peixe liso. Considerando a área do presente
estudo de aproximadamente 70 km de extensão, foi encontrada uma densidade
média de 16 pescadores comerciais/km, dos quais 7 são de peixe liso. A captura
(kg) média por pescador por dia de pesca foi estimada em 22,9 kg (± 7,36).
Considerando somente os pescadores de peixe liso que permaneceram na área
de estudo durante a "safra de peixe liso", a estimativa de captura total de peixe liso
é da magnitude de 152 t/més. Durante o período estudado também foram
visitados 13 feiras e mercados em Manaus, 12 das quais apresentaram bancas de
peixe liso, onde cerca de 87% vende o pescado de forma eviscerada edescabeçada, sendo o surubim a espécie mais aceita para consumo e, portanto
mais comercializada. Um modelo de compartimentos descrevendo o estado atual
das atividades que envolvem o setor pesqueiro de bagres na Amazônia Central é
proposto, o qual poderá ser utilizado como ferramenta dentro da formulação demedidas para o manejo deste importante recurso pesqueiro.
V111
ABSTRACT
Commercial fishery of big catfish of the Pimelodidae family has been described in
an area within reach of processing and freezer plants in the municipalities of
Iranduba and Manacapuru in Central Amazônia. There are a total of 32
communities; 19 of which were chosen to collect field information. The fishery
activity catching big catfish in this this region is executed by fishermen residents of
riverbank communities most of them on the right bank of the Solimões river. Seven
floating warehouse type-buying posts were identified within in the area of study.
The gear used to catch big catfish is basically the gilinet known regionally as
"arrastadeiras". most often 300-500m long, 3-5m high and a web-size of 100-
180mm between opposite knots. The dourada (Brachyplatystoma flavicans) is the
most captured species during the "season of harvest of catfish". The effort is 2
fishermen per canoe who fish during 5 days per week and 4 hours per day. There
is a total of 1.118 fishermen in the studies area, of which 461 fish big catfish.
Gonsidering that the area of the present study is 70 km long, there is a mean
^ density of 16 commercial fisherman per km, 7 of which fish big catfish. The mean
capture per day per fisherman is estimated to be 22,9kg (±7,36). Taking into
account only the fishermen of big catfish who stay in the area of study during the
season of capture, the estimated total of big catfish captured is 152t/month. During
the period studied 13 markets were aiso visited in Manaus. There were 12 market
which had outiets seiling catfish, where 87% sells the catfish draw and without
head, being the surubim (Pseudoplatystoma spp) the best seiling species. A box
model is proposed which describes the present status of activities which are
involved in big catfish fishery in Central Amazônia. Later on the said model could
be used as a tool to develop management measures for this important fishery
resource.
IX
LISTA DE FIGURAS
Figura 01- Região onde estão localizados os municípios de Manacapuru eIranduba com destaque para a área onde as comunidades ruraisestão distribuídas (Adaptado de: Barthem et ai., 1995; NASDA,1995) 8
Figura 02- Símbolos do Software STELLA usados para construção do modelo decompartimento 14
Figura 03 - Mapa da área de abrangência do estudo, com destaque para asCostas identificadas e comunidades visitadas 18
Figura 04 - Variações do nível do rio Solimões, indicando os períodoshidrológicos na área de estudo 19
Figura 05 - Freqüência relativa dos horários preferidos pelos pescadores paracaptura dos peixes-liso 23
Figura 06- Freqüência relativa de ocorrência das espécies mais capturadas nascostas Janauacá/Curuçá e Pesqueiro 24
Figura 07 - Histograma de freqüência do comprimento (a) e da altura (b) dasredes arrastadeiras utilizadas na área de estudo para pesca depeixe-liso 27
Figura 08 - Média e desvio padrão do comprimento (a) e da altura (b) das redesutilizadas nas Costas do Janauacá/Curuçá e Pesqueiro 28
Figura 09 - Histograma de freqüência do tipo de malha (a) e diâmetro da linha(b) utilizada na área de estudo para confecção da rede arrastadeira
30
Figura 10 - Distribuições de freqüência de comprimento das canoas (a) epotência dos motores (b) utilizados na área de estudo para pesca depeixe-liso 32
Figura 11 - Média e desvio padrão do comprimento das canoas (m), gasolinagasta por dia de pesca (L) e propulsão das rabetas (HP) encontradasnas Costas do Janauacá/Curuçá (a) e Pesqueiro (b) 33
Figura 12 - Freqüência relativa dos ambientes de pesca utilizados para pescariade Siluriformes na área do presente estudo 34
^ Figura 13 - Percurso das malhadeiras na Costa do Janauacá/Curuçá para pescaij) de peixe-liso (Siluriformes). As setas (no mapa acima) indicam os^ locais onde foram feitos os perfis e a área varrida pela malhadeira. 35A
Figura 14 - Relação entre a profundidade média do local inicial do "lanço"^ declarado pelos pescadores e a profundidade média do local inicial$ do "lanço" observado na carta náutica 36
^ Figura 15 - Percurso das malhadeiras na Costa do Aruanã para pesca de peixe-liso (Siluriformes). As setas (no mapa acima) indicam os locais onde
® foram feitos os perfis e a área varrida pela malhadeira 38
^ Figura 16 - Percurso das malhadeiras na Costa do Barroso para pesca de peixe-^ liso (Siluriformes). As setas (no mapa acima) indicam os locais onde
foram feitos os perfis e a área varrida pela malhadeira 39
^ Figura 17 - Percurso das malhadeiras na Costa do Pesqueiro para pesca de^ peixe-liso (Siluriformes). As setas (no mapa acima) indicam os locais^ onde foram feitos os perfis e a área varrida pela malhadeira 40
Figura 18 - Relação entre o número de pescadores de peixe-liso por^ comunidades e a distância de Manacapuru (a) e Iranduba (b) 43
^ Figura 20 - Freqüência relativa do valor pago pelos feirantes aos fornecedores^ dos principais tipos de peixe-liso aceitos para consumo em Manaus
51O
Figura 18 - Relação entre o número de pescadores de peixe-liso porcomunidades e a distância de Manacapuru (a) e Iranduba (b) 51
Figura 21 - Proporção de fornecedores que abastecem as feiras e mercados deManaus 52
Figura 22 - Freqüência relativa dos diferentes locais de captura dos peixes-lisotransportados por barcos do tipo recreio para serem vendidos emManaus 52
^ Figura 23 - Freqüência relativa do preço cobrado pelos feirantes ao peixe-liso-V vendido nas feiras e mercados de Manaus 53
Figura 24 - Modelo gráfico de compartimentos identificando os setoresenvolvidos na pescaria e comercialização do peixe-liso na áreaestudada. Os números indicam a produção pesqueira noscompartimentos da safra de 1999 54
^ Figura 25 - Modelo gráfico elaborado no Software STELLA para representar o^ comportamento do sistema modelado, baseado no modelo de0 compartimentos 57
1^Figura 26 - Expectativa da produtividade dos flutuantes presentes na área de
estudo 58
Figura 27 - Expectativa da renda média mensal obtida pelos pescadores com apesca dos peixes-liso na Costa do Janauacá/Curuçá e aprodutividade do respectivo flutuante comprador de maiorimportância 58
^ Figura 28 -Expectativa da renda média mensal obtida pelos pescadores com a^ pesca dos peixes-liso na Costa do Janauacá/Curuçá e o respectivo
flutuante comprador de maior importância, admitindo uma queda de^ 30% na demanda do frigorífico comprador (Friuba) 59
Figura 29 - Expectativa da renda média mensal obtida pelos pescadores com a^ pesca dos peixes-liso na Costa do Pesqueiro e o respectivo flutuante
comprador de maior importância, admitindo uma queda de 30% nademanda do frigorífico comprador (Santa Maria) 59
Figura 30 - Dinâmica do cenário pesqueiro de peixe-liso no setor^ Pesqueiro/Janauacá. PA= Produção anual; PD= Produção
desembarcada; PS= Produção dos pescadores na safra do peixe liso^ 78
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O
LISTA DE TABELAS
Tabela 01- Comunidades ribeirinhas visitadas com suas respectivascoordenadas geográficas 21
Tabela 02 - Número total de pescadores na área de estudo 42
Tabela 03 - Número de pescadores que permaneceram na área de estudodurante a safra de peixe-liso 42
Tabela 04 - Número de flutuantes compradores de peixe-liso por Costa efrigoríficos receptores da produção 44
Tabela 05 - características dos frigoríficos presentes na área de estudo 46
Tabela 06 - Lista de feiras e mercados de Manaus visitadas para aplicação dequestionários 50
Tabela 07- Valores médios de CPUE calculados para diferentes pontos da BaciaAmazônica 70
Tabela 08 - Características dimensionais das malhadeiras á deriva nosdiferentes pontos da Bacia amazônica 72
Xlll
1. INTRODUÇÃO
A região amazônica abrange uma extensa área de 5.033.072 km^, dos
quais 3,9 milhões de km^ são território brasileiro, e que contem 20% de toda a
água doce do mundo. Os ecossistemas desta região são dominados pela
pronunciada periodicidade do ciclo das chuvas e o degelo dos Andes, de tal forma
que a oscilação do nível das águas nos rios varia entre 5 e 10m, conforme o local
® (Isaac & Barthem, 1995; Ruffino, 1996; Alonso, 1998).
# Durante as enchentes, as águas ultrapassam os limites das restingas e
^ transbordam, inundando as matas ciliares e sendo freadas na sua velocidade, até
^ a estagnação. Os sedimentos transportados pelos rios de águas brancas são
desta maneira depositados por decantação, constituindo-se em uma forma
^ periódica de renovação de nutrientes no solo, que por sua vez estimulam o^ crescimento biológico de toda cadeia trófica (Junk, 1983; Isaac & Barthem, 1995).
As várzeas inundáveis dos rios de água branca constituem as mais
^ importantes áreas para a pesca e outras atividades produtivas na região. A pesca
nos rios de água branca é intensa somente nos períodos de águas baixas, quandoO
as áreas marginais estão secas e os peixes se encontram migrando no canal
(Isaac & Barthem, 1995).r-.j
Durante a seca, as áreas de várzea localizadas às margens dos grandes
rjos de água branca podem alcançar mais de 30 km de largura, ampliando
significativamente as áreas de domínio terrestre, fato que é aproveitado pela biota
e pelo homem que as usa para a agricultura e pecuária. Desta forma, o ritmo
' ̂ imposto pelo pulso anual das inundações explica a maior parte das adaptações da
0
O^ Batista, 1998).
f »
fauna e flora, assim como a atividade humana da região (Isaac & Barthem, 1995;
Junk etal., 1998).
Vários autores já demonstraram a importância da pesca para as
populações que habitam as margens dos rios e lagos da região amazônica, tendo
o peixe como a mais abundante e barata fonte de proteína animal, de grande
acessibilidade para as classes sociais de menor poder aquisitivo. A importância
deste recurso não é somente como alimento, mas também pelo seu grande papel
na economia regional, onde se constitui num destacado item das exportações,
tanto na forma de pescado semi-industrializado para consumo humano como na
de peixes ornamentais (Bayley & Petrere, 1989; Chão, 1992, 1995a, 1995b; Isaac
& Barthem, 1995; Barthem et a/., 1995; Cerdeira et ai, 1997; Fabré & Alonso,
1998; Batista etal., 1998).
Nas áreas rurais da Amazônia a pesca pode ser de subsistência,
envolvendo um ou dois pescadores a bordo de uma canoa ou bote, com poucas e
relativamente simples artes de pesca. Também é atividade comercial na qual os
canoeiros vendem parte de sua produção para embarcações ou flutuantes que
possuem caixas ou urnas com gelo (Isaac et aí., 1993; Isaac & Barthem, 1995;
Considerando a sua sazonalidade e a ecologia das espécies alvo, a pesca
na Amazônia Central pode ser dividida em dois sistemas diferentes: a realizada
nos lagos de várzeas e outras áreas alagadas e a praticada nos canais dos rios.
Durante a estação seca, o canal é usado pelos peixes para deslocamento, para
refúgio e, às vezes como ponto de partida para migração de juvenis (Bayley &
Petrere, 1989; Isaac & Barthem, 1995; Barthem & Goulding, 1997).
%
^ Do conhecimento disponível sobre o comportamento migratório dos
^ grandes bagres (Siiuriformes), sabe-se que os grandes migradores estão%0 estreitamente associados ao canai do rio e que em suas migrações chegam a
® percorrer até 4500 quilômetros, desde o estuário, que constitui área de criacão% ̂ '% até o alto rio Solimões, Japurá, Ucayaii ou alto rio Madeira, onde aparentemente
^ desovam entre maio e julho (Goulding, 1979; Zuanon, 1990; Isaac ef a/., 1993;
® Ruffino & Barthem, 1996; Barthem & Goulding, 1997; Alonso, 1998; Gomes,
^ 1999). As características do ciclo de vida dos bagres migradores permitem que
durante a migração rio acima (vazante/seca), algumas espécies sejam alvo de
intensa pesca em toda a calha do rio Amazonas/Solimões por diferentes frotas
pesqueiras, inclusive no Peru e Colômbia, caracterizando-se este período como a
^ safra do "peixe-liso", que se estende aproximadamente de julho a novembro (Isaac
ef a/., 1993; Ruffino & Barthem, 1996).
Essas espécies são na maioria carnívoras, predadoras de topo de cadeia
trófica e sustentam a pesca para "exportação" na Amazônia. Com essa finalidade
são transportados para sua comercialização, diretamente dos frigoríficos situados
desde o baixo Amazonas até o alto Solimões, para os estados do sul e sudeste doO^ país e, em alguns casos, para países como Colômbia, EUA, Japão entre outros.
Na Amazônia Central o consumo dos peixes-liso tem sido limitado por existir um
preconceito tradicional em relação ao consumo de espécies de "couro", pois
associa-se esta prática ao aparecimento de enfermidades, principalmente da pele
(Goulding, 1979; Smith, 1979; Bittencourt & Cox-Fernandes, 1990; Rodríguez,
1992; Isaac ef a/., 1993).
&^ Nos últimos vinte anos instalaram-se no médio Amazonas empresas de
® armazenamento e beneficiamento de pescado para a explotaçâo destes bagres#^ migradores. Atualmente estas empresas financiam essas pescarias,
® principalmente das espécies que são capturadas na calha do rio, como filhote
S {Brachyplatystoma filamentosum), dourada {Brachyplatystoma fíavicans),
^ piramutaba {Brachyplatystoma vailianti) e cara-de-gato (Piatynematichthys
® notatus). Outros bagres que também podem ser migradores, mas que não estão
^ associados às pescarias na calha, também são comercializados na região, tais
como surubim {Pseudoplatystoma fasciatum), surubim tigre ou caparari (P
^ tigrínum), mandubé {Ageneiosus brevifilis) e pirarara (Phractocephaius
hemioliopterus) (Merona, 1993; Isaac et ai., 1996; Rezende, 1999).
Os níveis de produção e esforço de pesca no Estado do Amazonas têm
sido acompanhado nos últimos 30 anos pela SUDEPE, IMPA e Universidade do
^ Amazonas, havendo interrupção dos trabalhos no mercado Adolfo Lisboa, que
centraliza grande parte da produção de caraciformes do Estado, entre 1986 e
1988. Batista (1998) analisou a produção pesqueira desembarcada na feira Panair
entre os anos de 1994 e 1996, observando uma produção média anual de 23665
^ (± 1383) toneladas. Este autor comparou o número médio de pescadores por
viagem entre os anos de 1994 e 1996 com aquele registrado para o periodo de
1976 a 1978 (Petrere, 1982) e observou que este número aumentou no rio
Amazonas, Madeira, Solimões, Japurá e Purus.
Batista (1999) avaliou aspectos da biologia pesqueira da curimatã
{Prochilodus nigricans), jaraqui-escama-fina {Semaprochilodus taeniurus), jaraqui-
escama-grossa (S. insignis) e do matrinxã (Brycon cephaius). Os resultados
/V
^ indicaram que há sérios problemas com o tamanho de recrutamento pesqueiro, o
® qual está muito baixo, no caso dos jaraquis, ou diminui a valores muitos baixos
^ conforme a disponibilidade de adultos no sistema para as demais espécies acima
® mencionadas.
® O conhecimento atual sobre a pesca no Estado do Amazonas tem como
^ base dados de estatística pesqueira (Batista, 1998) e da dinâmica de população
® de caraciformes (Batista, 1999).
A pesca de Siluriformes na Amazônia está associada ás calhas dos rios de
^ água branca, principalmente ao longo do eixo Solimões-Amazonas. É efetuada por
^ pescadores ribeirinhos distribuídos nas margens destes rios, cuja produção é
^ comprada pelos frigoríficos do Estado, muitos localizados no interior próximo dos
- pesqueiros. Isto caracteriza a pesca de bagres na Amazônia como uma atividade
dispersa, fato que dificulta a obtenção de estatística de desembarque e estudos de
a
n
dinâmica de populações, ambos instrumentos fundamentais para estabelecer
^ planos de manejo para o uso sustentável dos recursos.
Atualmente, os dados existentes têm como única fonte os volumes
comercializados deste recurso pelos frigoríficos da região, declarados ao ServiçoO
de Inspeção Federal do Ministério da Agricultura (S.I.F.). Havendo queixas
constantes por parte de pescadores e comerciantes sobre a diminuição da
abundância destes recursos. Porém não se dispõem de dados sobre a produção e
nível de esforço de pesca no Estado do Amazonas ao longo do tempo.
Este estudo se propõe fornecer um método para estimar o esforço e
produção de bagres explorados pela pesca comercial na Amazônia Central, assim
como definir cenários de manejo gerados por esta importante atividade de
produção no interior do Estado. Para tal, formulamos os seguintes objetivos:
• Caracterizar as inter-relações entre os atores envolvidos na exploração de
Siluriformes migradores, identificando os produtores/pescadores, as formas e
destino da produção, assim como a comercialização.
• Quantificar a pressão de pesca (em número de pescadores por km) sobre os
pimelodídeos capturados nas proximidades de Manaus.
• Estimar a produção total de bagres em um setor de várzea próximo à Manaus.
• Montar um modelo de compartimentos que permita simular o comportamento
do sistema pescador-intermediário-comprador/consumidor.
^ O presente estudo foi desenvolvido numa área aproximada de 70 km de
2. MATERIAL E MÉTODOS
2.1. Área de estudo
extensão (03° 17'S; 60° 11'W; 03° 18'S; 60° 37*W) caracterizada por trechos
contínuos de várzea nas margens do rio Solimões (Fig. 01). Nas proximidades dos
municípios de Iranduba e Manacapuru, a área de estudo representa a região de
influência dos principais frigoríficos do Estado do Amazonas, dedicados ao
beneficiamento de grandes bagres. O município de Iranduba está localizado às
margens do rio Solimões a 25 km de Manaus em linha reta e possui uma área
total de 2.213,6 km^. Com uma população estimada de 30.820 habitantes, sendo
20.947 residentes da zona rural (IBGE, 1993; IBGE, 1999; IBGE 2000). O
município de Manacapuru, a 68 km de Manaus em linha reta e 102 km por via
fluvial, compreende uma área de 7.367,9 km^ e uma população estimada de
73.304 habitantes, dos quais 26.034 residem na zona rural (IBGE, 1993; IBGE,
1999; IBGE, 2000).
Para caracterizar a área de estudo foi considerada a divisão utilizada pelos
pescadores-moradores em quatro sub-regiões da margem direita do rio Solimões:
Costa do Janauacá/Curuçá, Costa do Aruanã, Costa do Barroso e Costa do
Pesqueiro.
7
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00* TO* <0*
Figura 01- Região onde estão localizados os municípios de Manacapuru e Iranduba com destaquepara a área onde as comunidades rurais estão distribuídas (Adaptado de Barthem eta/.. 1995; NASDA, 1995).
2.2. Coleta de dados
Os dados foram coletados entre setembro de 1999 e maio de 2000, durante
quatro excursões (setembro-outubro-novembro/1999 e maio/2000), de seis dias
aproximadamente. A excursão realizada em maio foi efetuada para verificar as
atividades realizadas pelos pescadores ribeirinhos fora da safra do "peixe-liso".
Foram utilizadas cinco fontes de informações:
1. Responsáveis pelos entrepostos de comercialização, conhecidos
regionalmente como "flutuantes";
2. Pescadores comerciais ribeirinhos e líderes das comunidades;
3. Responsáveis dos frigoríficos;
4. Representantes do Serviço de Inspeção Federal (S.I.F.), Secretaria de
Defesa Agropecuária (S.D.A.) do Ministério da Agricultura e do
5. Responsáveis pelos postos de venda nas feiras de Manaus.
Abastecimento (M.A.A.);
O
Para as diferentes fontes foram confeccionados questionários para
conduções das entrevistas estruturadas e relatos orais.O
Para coleta de informações no campo, procurou-se primeiramente o
número e a posição geográfica dos flutuantes compradores de pescado que
estavam funcionando durante a "safra do peixe-liso" de 1999. Nos entrepostos
foram obtidas informações sobre: 1. NÚMERO DE PESCADORES fornecedores
de pescado; 2. NOME E A LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA das comunidades de
origem dos pescadores fornecedores.
Com os pescadores foram realizadas 65 entrevistas estruturadas e
registradas informações: 1. SOBRE AS PESCARIAS: o local, ambiente,
profundidade, período das pescarias, rio principal das pescarias, espécies
capturadas e a quantidade; 2. SOBRE A EMBARCAÇÃO DE PESCA: tipo de
embarcação (canoa ou barco), propulsâo, capacidade de armazenamento, diesel,
gasolina e lubrificante gastos nas pescarias. 4. SOBRE A COMERCIALIZAÇÃO-
beneficiamento primário do pescado, local e forma de venda e preço. 5. SOBRE
OS UTENSÍLIOS DE PESCA: tipo, dimensões e quantidade. Além desses
aspectos, outras informações foram obtidas, sempre que possível: identificação do
pescador e seus dados familiares, dedicação à pesca e se apresentavam outras
atividades além da pesca (ver ANEXO I).
Nos frigoríficos, foram coletados dados sobre a quantidade beneficiada por
espécie mensalmente. As mesmas informações foram obtidas no Serviço de
Inspeção Federal (S.I.F.).
Para obtenção de informações sobre a comercialização dos peixes-liso em
Manaus, registrou-se os seguintes aspectos: nome do mercado (ou feira); número
de bancas com e/ou sem peixe-liso; fornecedor; procedência e destino do
pescado; quantidade comercializada por semana; quantidade adquirida; espécies
mais vendidas; conservação do pescado e preço para compra e venda.
Com base nas informações obtidas junto aos responsáveis pelos flutuantes, foram
identificadas e localizadas geograficamente as comunidades utilizando GPS
(Global Position System). As coordenadas geográficas foram localizadas na base
cartográfica da Região Norte do Brasil, Folha AS.20-ZD, MIR 115, com escala
1:250.000.
0
n
rn
o
o
10
Para descrição do ciclo hidroiógico do rio, foram utilizados os dados das
cotas médias diárias do nível da água (em metros) da Estação Manacapuru,
fornecidos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL).
Os períodos hidrológicos foram definidos tendo como critério a amplitude da
flutuação mensal no nível do rio (Alonso, 1998):
1. Enchente/99: aumento progressivo no nível da água com flutuações superiores
a 1,8m/mês.
2. Cheia: época de maior inundação verificada entre junho e julho com variação
do nível do rio inferior a 0,6m/mês.
3. Vazante: diminuição do nível da água em agosto, outubro e novembro com
uma flutuação superior a 2,3m/mês.
4. Seca: período com menor valor no nível do rio, no mês de novembro, com
flutuação do nível do rio inferior a 0,9m/mês.
5. Enchente/2000: período em que houve um aumento progressivo no nível da
^ água com flutuação superior a 2,5m/mês.a
2.3. Caracterização da pesca
2.3.1. Quantificação do número de pescadores: O esforço de pesca e a
produção total
Na quantificação do número de pescadores foram levadas em consideração
todas as comunidades presentes na área, mesmo aquelas que não estavam
presentes nas sub-regiões do Janauacá/Curuçá, Aruanã, Barroso e Pesqueiro; ou
seja, as comunidades localizadas à margem esquerda do rio Solimões. O cálculo
do número total de pescadores e a proporção daqueles dedicados à pesca de
11
peixe-liso em toda a área foram obtidos a partir dos questionários aplicados aos
líderes ou representantes de cada comunidade. Para quantificar o número de
pescadores que não permanecem na área no período de "safra do peixe-liso",
foram utilizadas as informações fornecidas pelos líderes de cada comunidade
sobre o número de embarcações pertencentes aos moradores das comunidades e
que se deslocam para outros pesqueiros durante a referida "safra".
O esforço de pesca foi medido em número de pescadores vezes o número
de horas por dia dedicadas à pesca por cada pescador. A produção pesqueira foi
estimada levando em consideração a captura (kg) por pescador por dia de pesca,
o número de dias na semana dedicados á pesca e o número de pescadores de0
peixe-liso em cada comunidade.
0
0
Õ Descrição dos ãmbíentes de pesca
0
Para a descrição dos ambientes de pesca, além dos relatos orais dos
pescadores comerciais de bagres, foram realizados perfis da calha principal dos
pesqueiros fluviais, tendo como base as cartas náuticas; Brasil - Rio Solimões.
4107 A, de Manaus a ilha do Marrecão, com escala 1:998874 e a CARTA 12000
(Símbolos, Abreviaturas e Termos, usados nas cartas náuticas brasileiras). As
informações sobre profundidade obtidas das cartas náuticas foram
correlacionadas com os valores declarados pelos pescadores sobre a
'"í profundidade média do local inicial do lance de pesca.
12
2.3.3. Caracterização dos equipamentos de pesca
Para descrever as formas de produção foram analisados por estatística
descritiva os aparelhos utilizados, embarcações, gasto de gasolina. Devido ao
baixo número de observações para Costa do Aruanã e Barroso, as dimensões dos
utensílios utilizados na captura de peixe-liso foram caracterizadas com os registros
das Costas do Janauacá/Curuçá e Pesqueiro.
2.4. A comercialização dos peixes-iiso em Manaus
A comercialização de peixe-liso em Manaus foi descrita através da
freqüência relativa, expressa em porcentagem, das variáveis: bancas vendendo
peixe-liso, espécies vendidas, fornecedores, preço pago aos fornecedores, origem
do pescado (local de captura) e preço de venda aos consumidores.
O
O
O relações, foi estabelecido um modelo gráfico de compartimento, identificando os
^ componentes básicos: propriedades (variáveis do sistema), vias de fluxo e funçõesinterativas. Para dimensionar compartimentos foram considerados o número de
•^7
2.5. Caracterização do setor pesqueiro - Modelo gráfico de compartimentos
Para caracterização do setor pesqueiro de bagres na área e suas inter-
pescadores de grandes bagres em cada costa, a média de captura em
kg/pescador/dia e o fluxo (desembarque) mensal de bagres em kg para os
flutuantes e frigoríficos.
O comportamento do sistema e os fluxos que chegam aos compartimentos,
além de sua importância foi modelado utilizando-se o software STELLA Research
versão 4.0.1 para windows. A utilização do software STELLA para elaboração de
13
O
modelos de simulação dinâmica requer que sejam identificados (STELLA, 2000)
(Fig. 02):
• ̂ variáveis do sistema ou estoques: conhecidos nos modelos de
compartimentos por propriedades e são usadas para descrever acumulação
material e não material;
• Fluxos: necessários aos estoques, sua presença é necessária para que
ocorram acumulações;
• Parâmetros: possuem função interativa, modificando, amplificando ou
controlando as atividades dentro do modelo; e
• Conexões: estabelece relações apropriadas entre os componentes acima
mencionados.
&
Estoque / Propriedade
(J^ Parâmetro / Converledor
!► Conector / Seta de informação
Figura 02- Símbolos do Software STELLA usados paraconstrução do modelo de compartimento.
Para simulação do modelo dinâmico, foram considerados os frigoríficos e
flutuantes como sendo as propriedades; número de pescadores em cada costa,
dias que passam pescando, captura individual (t), captura total (t), preço pago ao
pescador pelo kg de peixe-liso (R$quilo), geração de renda que o peixe-liso traz
para cada costa ($$costa) e Capacidade de armazenamento dos frigoríficos (t)
como sendo os parâmetros (convertedores).
14
0
7
1
r
;
Nos modelos de compartimentos as variáveis que definem o sistema são
quantificadas por meio de equações diferenciais dependentes do tempo. As
equações obtidas no software STELLA Research e utilizadas no modelo dinâmico
com as respectivas informações fornecidas aos Parâmetros estão apresentadas
no ANEXO II.
15
3. RESULTADOS
3.1. Descrição da área de estudo
A região caracteriza-se como um trecho contínuo de várzea na margem
^ direita do rio Solimões, formando um complexo ecossistema de lagos, ilhas,
® restingas, chavascais, paranás e outras formações.
^ A Costa do Janauacá/Guruçá localiza-se mais próxima ao município de
® Iranduba. Na margem direita do rio Solimões apresenta a Enseada do Janauacá e
® o Paraná do Paeatuba e na esquerda a ilha de Jacurutu (Fig. 03).
^ A Costa do Aruanã esta situada entre a Enseada do Janauacá/Curuçá e o
® Paraná do Manaquiri, à margem direita do rio Solimões, caracterizada por
0 apresentar em sua área de influência um grande lago composto (Lago Grande do
Janauacá/Curuçá) (Souza, 2000) e lagos de várzea de pequeno e médio porte
(Fig. 03), considerando pequeno porte até quatro km^ e médio porte com até 40
km^ (Batista et ai, 1998). Segundo os pescadores encontrados nesta costa,
durante o período da "safra do peixe-liso", pequenas ilhas denominadas deO
O "praias" surgem durante a seca nas proximidades da costa, ocasionando mudança
na direção da correnteza do rio Solimões e aumento na turbulência na área,' 7
dificultando o uso de apetrechos á deriva e a própria navegação por parte dos•í
pescadores.
A Costa do Barroso localiza-se entre o Paraná do Manaquiri e o Paraná do
Barroso. Caracteriza-se por apresentar á margem esquerda do Paraná do Barroso
a ilha do Barroso. Não apresenta em sua área de influência lagos de várzea de
médio ou grande porte (Fig. 03).
16
m
A Costa do Pesqueiro é o ponto de amostragem situado próximo a sede do
município de Manacapuru. Na sua margem direita apresenta numerosos lagos
várzea de pequeno e médio porte (Fig. 03).
17
3<«5"
Manaus
Entrepostos flutuantes compradores de peixe
liso
Comunidades com pescadores
comerciais de Slluriformes
Comunidades com pesca de subsIstAncla
LagodoMalàs
Mana
í:> Vila
Iranduba
Vive/,. ,
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Manaqu
60<>20'
60»10'
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Costa do
■Costa do Pesqueiro i-—
-Costa do Barroso !-• Costa do Aruanã
Janauacà/Curuçá—1
30
25
'
60<>00'
Figura 03 - Mapa da área de abrangência do estudo, com destaque para as Costas identificadas e comunidades visitadas.
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Durante o período de "safra do peixe-liso" (agosto/99 a novembro/99) na
região estudada, a cota mínima do rio foi registrada em novembro (7,7m) e a
máxima em julho (19,8m) (Fig. 04).
jan fev mar abr mai
Enchente/99
jun jul
Cheia/99
ago set out
Vazante 199
nov idez jan fev
Enchente/2000
Figura 04 - Variações do nível do rio Solimões, indicando os períodos hidrológicos na área deestudo.
3.2. As comunidades
Foram identificadas um total de 32 comunidades na área estudada (Tab.
01). Destas, 19 foram selecionadas para coleta de informações de campo por
apresentarem, além da pesca de subsistência, pescadores comerciais de peixe-
liso (Fig. 03).
Na Costa do Janauacá/Curuçá foram localizadas sete comunidades, sendo
cinco com pescadores de peixe-liso. Nas ilhas de frente para bosta mencionada
foram visitadas três comunidades e destas apenas duas localizadas na ilha
Jacurutu apresentaram pescadores de peixe-liso. A distância das comunidades,
assim como dos flutuantes compradores de peixe-liso encontrados na área até a
Vila de Iranduba foi de 7.3 km (± 1).
19
®)
a
w
%
% segundo os líderes, apresentam pescadores de peixe-liso, apesar de não terem
Na Costa do Aruanã foram identificadas e visitadas três comunidades que,
W sido encontrados atuando no período estudado. A distância até a sede do
® município mais próximo (Iranduba) foi em média de 12,8km (± 4).
Das quatro comunidades identificadas e visitadas na Costa do Barroso,%^ somente uma foi citada como não possuidora de pescadores de peixe-liso. A
distância destas comunidades à sede de Manacapuru é de 9,2km (± 1,2).
^ Na Costa do Pesqueiro foram identificadas e visitadas seis comunidades.
onde somente uma não apresentava pescadores de peixe-liso. Nesta Costa,
^ encontramos o maior número de famílias por comunidade, como é o caso de
Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, com 108 famílias. A distância até o
município mais próximo (Manacapuru) foi em média de 10,2km (± 4,7).
O
O
O
20
i)
'Bi
Tabela 01- Comunidades ribeirinhas visitadas com suas respectivas coordenadas geográficas
rfri'ê
if"^
o
o
O
*V
' ̂
Localização I Setores | Comunidades | Posições N" Fa %
Ilhas
Ilha Jacurutu São José* 3» 20' 40"S; 60®ir06"W 33 2,3
São Francisco* 3° 20'01 "S; 60®ir28"W 20 1.4
Ilha Muratu São Francisco 3® 21'04"S; 60® 13'01"W 28 2.0
Ilha da Paciência
N. Sra de Fátima 3® 19' 08"S: 60® 13'05"W 35 2.5
São João 3® 19' 39"S: 60® 15'50"W 25 1.8
Margem Esquerda
São João Batista 3® 16' 25"S: 60® 19'01"W 70 5.0
São Sebastião 3® 16' 26"S: 60® 17'47'W 50 3.6
N. Sra. de Fátima 3® 15' 45"S: 60® 16'22"W 50 3.6
N. Sra. da Conceição* 3® 18' 40"S: 60® 29'14"W 40 2.8
São Francisco 3® 16' 93"S: 60® 23'45"W 168 11.9
N. Sra. de Nazaré 3® 15' 39"S: 60® 15'19"W 50 3.6
Margem Direita
Costa do
Janauacá/Curuçá
N. Sra. de Fátima 3® 24' 57"S: 60® 14'43"W 50 3.6
São Sebastião* 3®21'07"S:60®08'05"W 36 2.6
Monte das Oliveiras* 3®21'16"S;60®09'00"W 30 2.1
Santa Maria 3® 22' 58"S: 60® 10'50"W 12 0.9
S. T.Vila da Janauacá* 3®21'57"S:60°12'56"W 66 4.7
São Lázaro* 3® 20' 33"S;60®11'11"W 37 2.6
N. Sra. da Conceição* 3® 21'42"S; 60® 12'03"W 7 0.5
Costa do Aruanã
N. Sra. P. Socorro* 3®18'40"S;60®21'01"W 62 4.4
São Lázaro* 3® 21' 50"S: 60® 15'55"W 23 1.6
São Sebastião* 3® 18' 00"S; 60® 19'34"W 42 3.0
Costa do Barroso
Cristo Vive* 3® 19' 09"S; 60® 24'28"W 92 6.5
São Francisco* 3® 22' 36"S: 60® 27'33"W 50 3.6
Nova Esperança* 3® 22' 29"S; 60® 26'69"W 32 2.3
São Pedro 3® 22' 00"S; 60® 28'22"W 28 2.0
Costa do Pesqueiro
São Sebastião 3®21'39"S: 60® 31'62"W 8 0.6
N. Sra. P. Socorro 1* 3®21'29"S;60®30'19"W 20 1,4
N. Sra. de Fátima* 3® 20' 56"S: 60® 36'08"W 75 5.3
N. Sra. das Graças* 3® 20" 56"S: 60® 35'61"W 45 3.2
Apóstolo Pauto* 3° 20' 56"S; 60® 36'42"W 16 1.1
N. Sra. P. Socorro II* 3® 20' 51 "S; 60® 37'96"W 108 7.7
Comunidades selecionadas para a coleta de informações.N° Fa= N° Famílias
21
%
'
■'V
' \
3.3. A pesca e os pescadores
# Os pescadores de peíxe-iiso identificados na área de estudo são. em sua
grande maioria "pescadores ribeirinhos", ou seja, aquela parcela de pescadoresrf,
que reside na zona rural às margens de rios, lagos e paranás.
@ A dedicação à pesca do peixe-liso durante o ano todo foi declarada porfé^ apenas 15,5% dos entrevistados. Os demais, 84,5%, somente se dedicam a esta
pescaria durante a safra do peixe-liso (vazante/seca - agosto/novembro),%
considerado o melhor período para realização desta atividade. Durante o período
de "entre-safra do peixe-liso" (enchente/cheia - janeiro/julho), os pescadores
sazonais continuam com as atividades ligadas ao setor primário e à pesca, sendo
esta última majs voltada ao consumo familiar do que ao comércio.
Sobre a preferência do horário para realização da pescaria, 59% dos
entrevistados afirmaram pescar durante todo o dia na safra (Fig. 05), desde que
não houvesse outra atividade para ser realizada. Com relação á dedicação
semanal á pesca de peixe-liso durante a safra, 82% dos entrevistados pescam
todos os dias, com exceção do sábado e domingo. Os 18% restantes pescam em
dias alternados, dedicando parte de seu tempo á agricultura (principalmente á
plantação de mandioca) e outras atividades.
22
^5,
O
n Manhã e noite |10)
0)a
CO
n o Noite todaQ- .£o
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*£ Q. Manhã e tardeQ>
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O
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ODia todo (24hs) iiBiMi»¥«waga»»«}»i^f
^ o 10 20 30 40 50 60 70S Freqüência relativa (%)
^ Figura 05 - Freqüência relativa dos horários preferidos pelos pescadores para captura dos peixes-liso
A totalidade dos entrevistados se dedicam a essa pescaria de peixe-liso
para comercializar a captura. Ao serem questionados sobre o consumo do peixe-
liso, todos os entrevistadgs têm preferência pelo "peixe de escama", que pertence
principalmente às ordens Characiformes, Osteoglossiformes e Perciformes.
^ Contudo, 80% aceitam o peixe-liso para consumo, principalmente surubim e
dourada (na ausência de outro tipo de pescado); os restantes 20% náo consomem
este tipo de pescado.
3.3.1. As espécies capturadas
A dourada (Brachyplatystoma flavicans) é a espécie mais capturada em
toda a área de estudo. Na Costa do Janauaeá, representou 60%, seguida pelo
surubim (Pseudoplatystoma fasciatum), com 20%, caparari (Pseudoplatystoma
tigrinum) e mapará {Hypophthaimus spp.), com 8% cada uma. Na Costa do
Pesqueiro a dourada representa 56%, seguida do bandeira (Brachyplatystoma
23
g-
Q)
#
a
%
<'é
%
juruense) com 24%, barba {Goslinia platynema) e filhote ou piraíba
(Brachyplatystoma filamentosum) com 8% cada uma (FIg. 06).
Além das espécies citadas acima, foi observado in loco com menos
freqüência o desembarque de outras espécies consideradas raras pelos
pescadores como o pacamum {Paulicea luetkeni) e a pirarara (Phractocephaius
hemioilopterus), entretanto estas não foram citadas nas entrevistas. Com exceção
do mapará, que pertence á família Hypophthalmidae, todos os demais bagres
pertencem á família Pimelodidae. A seguir ilustram-se estes peixes (Quadro 01);
3
O
•')
70
60
50
40
30 I
20
10
□Janauacá/Curuçá^Pesqueiro
IZl □Capararí Dourada Surubim Bandeira Barba
Tipo de pescado
Filhote Rramutaba Mapará
Figura 06- Freqüência relativa de ocorrência das espécies mais capturadas nas costasJanauacá/Curuçá e Pesqueiro.
24
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S-
9
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O
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Quadro 1 - Principais espécies de grandes bagres capturados na área estudada e a respectiva descrição.
Espécies capturadas
Brachyplatystoma flavicans, Casteinau, 1855
I5cm
Brachyplatystoma juruense, Boulenger, 1898
I 25cm I
Pseudoplatystoma fasciatum, Linnaeus, 1766
zOcm I
Brachyplatystoma vailianti, Valenciennes, 1840
I 40cm I
Brachyplatystoma fflamerjtosum. Lichtenstein, 1819
lOcm
Goslinía platynema, Boulenger, 1888
Descrição
Dourada - Pode atingir mais de 1,5m dê
comprimento e 20 kg. Com ampla distribuição ao
longo da Bacia Amazônica, principalmente no canal
dos rios principais.
Bandeira ^ Alcança cerca dê 6Õ cni dê
comprimento. Apesar de apresentar uma ampla
distribuição na Bacia Amazônica, é a mais rara das
espécies de Brachyplatystoma, sendo conhecido
somente em canais de rios de água branca, não
tendo sido encontrada na foz amazônica.
Surubim ou pintado - Alcança mais de 1,3m de
comprimento. Ampla distribuição na Bacia
Amazônica, mas raro ou ausente na foz. Ocorre nas
cabeceiras de todos os tipos de rios, ainda que
diferentes espécies possam estar envolvidas.
Piramutaba - Alcança cerca de 1 m de comprimento
e 10 kg de peso. Habita o canal dos rios principais
de água branca e na parte de água doce da foz
amazônica; relativamente raro nos lagos de várzeas
e nos tributários de água preta e clara.
Piraiba ou filhote - Ultrapassa 2m de comprimento,
podendo chegar a 200kg. Ampla distribuição na
Bacia Amazônica, habitando canal dos rios
principais, incluindo tributários'de água branca,
preta e clara; nos lagos de várzea; e na parte de/
água doce da foz amazônica.
Babão ou barba chata - Pode alcançar mais de
50cm de comprimento. Ocorre ao longo dos
principais rios da Amazônia, conhecidos somente
em rios de água branca e na parte do estuário de
água doce.
25
■§)
íi'
Pseudoplatystoma tigrinum, Valenciennes, 1840
I 6cm I Hypophthaimus spp.
Adaptado de: Burgess, 1989; Merona. 1993; Castro
Capararí ou surubim tigre - Alcança mais de 1mde comprimento e quase 20kg. Ampla distribuiçãona Bacia Amazônica, mas raro ou ausente na foz.
Parece ser mais raro que o surubim nas cabeceiras.
Habitam os canais dos rios, a várzea e igarapéslargos.
Mapará - Apesar de ser uma família com poucosrepresentantes, apresenta uma ampla distribuiçãodesde as Guianas até a Argentina. São muito
abundantes em certas regiões, especialmente em
lagos de várzea.
1994; Barthem et al., 1995; Ferreira et ai, 1998.
3.3.2. Caracterização dos aparelhos utilizados
3.3.2.1. Rede arrastadeira
A pesca do peixe-liso, em toda área de estudo, é realizada principalmente
com redes (malhadeiras) demersais de deriva, conhecidas regionalmente como
arrastadeiras. Em toda área foram mais freqüentes as redes de 300 e 500m de
comprimento (Fig. 07a).
Na costa do Janauacá/Curuçá a arrastadeira apresentou um comprimento
médio de 296,4m (±128,9), enquanto na Costa do Pesqueiro o comprimento médio
foi de 425,8m (±113,7) (Fig. 08a).
Em toda área de estudo foram mais-freqüentes as redes de 3 a 5m de
altura (Fig. 07b). A altura média da arrastadeira na Costa do Janauacá foi de 4,4
(± 1,2) e na Costa do Pesqueiro de 4,4 (± 1,5) (Fig. 08b). Os pescadoresencontrados na Costa do Aruanã, apesar de não serem moradores daquela Costa,
26
s
utilizavam redes com comprimento e altura dentro do intervalo encontrado para as
demais costas, o mesmo ocorrendo na Costa do Barroso.
a)
30
25
20
5? 15
10
5
O
50
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■-
■■
7"
#;» pri& ivH 1
250 300 400
iSâl
Comprimento das arrastadeiras (m)
b)3
J
O
25
20
15
10
n2,5 3.5 4 4.5 5
Altura das arrastadeiras (m)
wm
8
]
%
Figura 07 - Histograma de freqüência do comprimento (a) e da altura (b) dasredes arrastadeiras utilizadas na área de estudo para pesca depeixe-liso. '
27
a)
CO
O
b)
600
•5- 500«oT3O
400
300
S o 200 ̂
<"4 I 100 .1. i
Janauacá/CXiruçá Rssqueíro
Costas
7 50"O
2(Am
TJ
n
1> •©
2^ 3
> O
, Janauacá/Curuçá Rasqueiro
Costas
Figura 08 - Média e desvio padrão do comprimento (a) e da altura (b)das redes utilizadas nas Costas do Janauacá/Curuçá^ePesqueiro.
O tamanho da malha variou de 100 a 180mm entre nós opostos, ocorrendo
com mais freqüência redes com tamanho de malha de 160mm (Fig. 09a) feito com
linha de nylon n° 24 e 36 (Fig. 09b).
28
' 7
A confecção da rede é feita pelo próprio pescador, por seus familiares ou
por uma pessoa contratada, uma vez que não há fabricação de redes com as
características das redes utilizadas na pesca dos peixes-liso na Amazônia Central.
Foram observados durante este estudo pescadores consertando panagens de
redes já prontas que estavam rasgadas. Geralmente a panagem é comprada
pronta e feito o entralhe colocando-se uma série de chumbadas na relinga inferior
^ horizontal de tal forma que a rede possa atingir o fundo do local escolhido paraC
realização da pescaria. O peso total das chumbadas é determinado a critério do
%^ pescador, podendo chegar até 40kg de chumbo em uma rede de 500m de
^ comprimento. Na relinga horizontal superior é colocada uma longa e espessa
corda, de tal fprma que uma de suas extremidades fique ligada a um flutuador,i
que pode ser um barril de óleo vazio ou grandes garrafas de plástico, enquanto
. que a extremidade do lado oposto pode ser manipulada pelo pescador enquanto
realiza o lance.
29
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malha (mm)
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12 18 24 30
Diâmetro da linha (mm)
38 50
Figura 09 - Histograma de freqüência do tipo de malha (a) e diâmetro dalinha (b) utilizada na área de estudo para confecção da redearrastadeira.
O USO do espinhei para pesca dos peixes-liso fói citado apenas por
pescadores residentes da Costa do Janauacá. O espinhei nesta área é feito
através de uma corda (às vezes chamadas de "cabo") de 4 a 5m, a qual é
amarrada entre duas pequenas árvores ou entre duas varas, que devem estar
paralelas à margem do rio, de tal modo que a corda possa ficar próxima à
superfície. Anzóis, geralmente de números dois a quatro, são amarrados em
30
%
linhas separados e presos à corda a uma distância aproximada de 1,5m, de modo
que cada anzol fique pendurado com a isca viva.
Oi
%
% A pesca dos peixes-liso em toda área de estudo é realizada com pequenas
3.3.2.2. As embarcações
canoas de madeira, propulsionadas por motores de popa conhecidos
regionalmente como "rabeta". Em toda área foram mais freqüentes as
embarcações de 6 a 7,5m (Fig. 10a). Na Costa do Janauacá/Curuçá as
embarcações apresentaram um comprimento médio de 5,6m (± 1,3) inferior ao
^ observado para Costa do Pesqueiro que foi de 6,7m (± 0,9) (Fig. 11a e 11b). Para
propulsão na área estudada são mais freqüentes os motores de 4, 5 e 5,5HP (Fig.
'
10b), sendo observado motores com propulsão de 4,6HP (±1) para Costa do
^ Janauacá e de 5HP (± 0,8) para Costa do Pesqueiro (Fig. 11a e 11b). Com
relação ao gasto com gasolina por dia de pescaria por canoa, foi observado um
gasto médio para Costa da Janauacá de 4,7 í (± 2,3), enquanto que para Costa do
^ Pesqueiro foi observado um gasto de 3,9 ̂ (± 0,8) (Fig. 11a e 11b).
31
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comprimento das canoas (m)
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5.5 6.5 7 8 15
Potência dos motores do tipo "rabetas" (HP)
Figura 10 - Distribuições de freqüência de comprimento das canoas (a) epotência dos motores (b) utilizados na área de estudo parapesca de peixe-liso.
32
1
a)
b)
Costa do Janauacá/Curuçá
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Comp. das canoas GasoBna FVopulsão
Figura 11 - Média e desvio padrão do comprimento das canoas (m),gasolina gasta por dia de pesca (O e propulsão das
' ^ rabetas (HP) encontradas nas Costas do, ^ Janauacá/Curuçá (a) e Pesqueiro (b).
O
3.3.3. Os Ambientes de pesca
O "lanço" é uma área encontrada empiricamente pelo pescador, onde o
fundo é relativamente plano e não há obstáculo para a rede engatar (Barthem,
> 1990). Como na área de estudo os termos "lanço" e "lance" são usados sem
distinção, utilizamos "lance" para o tempo efetivo de atuação de um aparelho
desde o início da pescaria até o momento da retirada do mesmo.
33
BlBÜGíEia 007fí|
Observa-se que os pescadores ao indicarem o local escolhido como "lanço"
(denominado "meio do rio"), não se referem exatamente ao canal principal, e sim a
uma área bastante conhecida pelos pescadores locais que evitam os remansos
pois, segundo os mais experientes, são indicadores da presença de "pauzadas" e
pedras. Na Costa do Janauacá foi evidenciado que o local inicial do lance não
estava no canal principal, mas este fazia parte do percurso da rede enquanto o
lance era realizado como demonstra a Figura 13. Com exceção da Costa do
Aruanà, esta situação foi vista para as demais costas.
O ambiente mais explorado nas pescarias de bagres nas quatro sub-
regiões foi aquele denominado pelos pescadores como sendo o "meio do rio",
havendo destaque para a Costa do Pesqueiro; já o beiradão é freqüente nas
pescarias do Barroso e Janauacá/Curuçá; a praia foi citada por pescadores que
também pescam no "meio do rio" e foram encontrados no Janauacá e Barroso; o
paraná foi citado na Costa do Janauacá. enquanto que o lago só foi citado na
Costa do Pesqueiro e Janauacá por pescadores que também pescam no rio (Fig.
I I Pesqueiro
□ Janauacá/Curuçá
. I BB I I BB I I BB cn 1=3 1=1Costa e baradâo Meodorio Praaemeiodo Paraná Rio e lago
Ambientes de pesca
Figura 12 - Freqüência relativa dos ambientes de pesca utilizados parapescaria de Siiuriformes na área do presente estudo.
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B. PERFIL DOLOCAL 30 MIN.
APÓS O INÍCIO. DO LANCE
Distância entra as margens direita e esquerda do Rio Solimdes
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C . PERFIL DO
LOCAL DE
RECOLHIMENTO
DA REDE
Distância entre as margens direita e esquerda do Rio Sotimões (Km)0.3 0.9 1.6 2.2
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MaigemEsquerda
Figura 13 - Percurso das malhadeiras na Costa do Janauacá/Curuçá para pesca de peixe-liso(Siluriformes). As setas (no mapa acima) indicam os locais onde foram feitos os perfis ea área varrida pela malhadeira.
35
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Foi observada uma alta correlação entre as informações fornecidas em
Cl cada costa pelos pescadores de peixe-liso sobre a profundidade média dos locaisCrQ de lançamento da rede declarado pelo pescador e as obtidas da carta náutica (Fig.C 14).
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Profundidade registrada na carta náutica (m)
Figura 14 - Relação entre a profundidade média do local inicial do "lanço"^ declarado pelos pescadores e a profundidade média do local inicial^ do "lanço" observado na carta náutica.
^ Na Costa do Aruanã é grande a turbulência próxima da margem direita..7
Desta forma, os pescadores iniciam o lance a uma distância segura da margem,
mas devido a direção da corrente do rio Solimões os aparelhos de pesca acabam
sendo arrastados para próximo desta margern onde se dá o final do lance. Esta
sub-região apresentou um dos ambientes de menor profundidade para pesca do
peixe-liso, além desta prática ser realizada mais próximo da margem (Fig. 15).
A sub-região do Barroso foi a que apresentou o ambiente de maior
profundidade para as pescarias de peixe-liso (Fig. 16).
36
Na sub-região do Pesqueiro foi observada a maior quantidade de
reclamações sobre perdas de redes, ou pedaços destas que ficaram enroladas em
(j. troncos submersos, além da distância da Costa ao local do lanço ser maior que
'•D^ nas demais costas (Fig. 17), e pelo constante aparecimento de jacaré-açú
C' {Melanosuchus nigei), que representa um perigo ao pescador e seus familiares
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LOCAL INICIALDO LANCE
Distância entre as margens direita e esquerda do Rio SoiimOes (Km)ç^^0.J 0.6 0.95 l.l 1.3 15 a.15 4.3 í ^
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B. PERFIL DOLOCAL 30 MIN.APÓS O INÍCIODO LANCE
Distância entre as margens direita e esquerda do Rio Solimtes (Km)0.3 0.7 1 1.1 ^ 3 4.6 ^ 8.3 8.7 8.?''
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C . PERFIL DOLOCAL DERECOLHIMENTODA REDE
Distância entre as margens direita e esquerda do Rio Solimões (Km)o 0.3 0 5 0.7 1.2 2-95 5 ^
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Ilha da Paciência10
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Z.N.H. = Zona não hidrografada
Figura 15 - Percurso das malhadeiras na Costa do Aruanã para pesca de peixe-iiso (Siluriformes).As setas (no mapa acima) indicam os locais onde foram feitos os perfis e a áreavarrida pela malhadeira.
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A. PERFIL DOLOCAL INICIAL
DO LANCE
B . PERFIL DO LOCAL 30MIN. APÓS O INÍCIODO LANCE
PERFIL DO
LOCAL DE
RECOLHIMENTO
DA REDE
Distância entra as margens direita e esquerda do Rio Soiimtes (Km)
margem
esquerda
Distância entre as margens direita e esquerda do Rio Solim&es (Km)* 01 0.6 0.9 1.1 15
margem
Distância entre as margens direita e esquerda do Rio SotimOes (Km)05 0.9 1.4
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+ ̂10
Figura 16 - Percurso das malhadeiras na Costa do Barroso para pesca de peixe-liso(Siluriformes). As setas (no mapa acima) indicam os locais onde foram feitos osperfis e a área varrida pela malhadeira.
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A. PERFIL DOLOCAL INICIALDO LANCE
Distância entre as margens direita e esquerda do Rio Solimões (Km)0£ 0.4 1.3 1.6
esquerda
B . PERFIL DO LOCAL30 MIN. APÓS OINÍCIO DO LANCE
Distância entre as margens direita e esquerda do Rio Solimões (Km)0.3 0.7 1.4 2
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margemesquerda
+ 10
C . PERFIL DO LOCALDE RECOLHIMENTODA REDE
Distância entre as margens direita e esquerda do Rio Solimões (Km)0.4 1.5 2.5
margemesquerda
+ 16.1
Figura 17 - Percurso das malhadeiras na Costa do Pesqueiro para pesca de peixe-liso(Siluriformes). As setas (no mapa acima) indicam os locais onde foram feitos os perfise a área varrida pela malhadeira.
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3.3.4. Esforço de pesca e produção pesqueira
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C>® No período de safra, o esforço está representado em geral por dois
pescadores por canoa, que pescam cinco dias por semana durante quatro horas
(Q. com duração média de 1 hora (± 0,30), caso não ocorra nenhum imprevisto como
por dia. Durante essas quatro horas de pescaria são realizados quatro lances.
a presença de paus ou ataques por botos (Inia geoffrensis) aos peixes emaíhados,
o que faz com que os pescadores retirem a rede antes do tempo previsto.
O elevado número de pescadores, próximos aos pesqueiros durante o
período de safra, faz com que cada pescador aguarde o tempo certo de sair para
realizar o seu lance, respeitando aquele que esteja atuando para não correr o
risco de uma rçde engatar em outra, ou fazer um lance sem sucesso na captura.ê
Em toda área de estudo há no total 1118 pescadores, dos quais 461 são
pescadores de peixe-liso (Tab. 02). A Costa do Aruanã foi a única onde se
observou a atuação de pescadores visitantes e que não foram contabilizados entre
os que permanecem pescando na área durante a vazante/seca, por afirmarem que
eram moradores de Iranduba e que só ficariam naquele local por algumas
semanas enquanto estivessem capturando a dourada; caso contrário, procurariam
outros pesqueiros, os quais não informaram sua localização.
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Tabela 02 - Número total de pescadores na área de estudo.
Costa
N° de
Comunidades
visitadas
Total de pescadores Pescadores de peixe-liso
Numero % Número %
Janauacá/
Curuçá8 229 20,48 117 25,4
Aruanã 3 127 11,36 20 4,3Barroso 3 174 15,56 97 21
Pesqueiro 6 304 27,19 217 47.1Arapapá 1 168 15,03 10 2,2Outras 11 116 10,38 0 0Total 32 1118 100 461 100
Dos 1118 pescadores que moram nas comunidades visitadas, cerca de
210 saem da área de estudo para pescar em outros locais, sendo a maior parte
(60,48%) moradores da Costa do Pesqueiro. Ficam na área de estudo durante at
"safra do peixe-liso" cerca de 908 pescadores, dos quais 302 são pescadores de
peixe-liso, representados em sua maioria por moradores das Costas do Pesqueiro
e Janauacá/Curuçá, respectivamente (Tab. 03).
Tabela 03 - Número de pescadores que permaneceram na área de estudodurante a safra de peixe-liso.
Costa
Total de pescadores Pescadores de peixe-liso
Número % Número '%
Janauacá/
Curuçá204 22,47 92 30,51
Barroso 116 12,78 67 22,22
Pesqueiro 177 19,49 143 47,26
Outras 411 45,26 0 0
Total 908 100 302 100
42
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Considerando a área do presente estudo de aproximadamente 70 km de
extensão, foi encontrada uma densidade média de 16 pescadores/km.
Contabilizando somente os pescadores de peixe-liso, foi encontrada uma média
de sete pescadores de peixe-liso/km.
Há uma tendência de aumento do número de pescadores comerciais de
peixe-liso por comunidade, conforme a aproximação da sede do município de
Manacapuru e Iranduba (Fig. 18a e 18b).
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Distância de Manacapuru (Km)
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Distância de Iranduba (Km)
Figura 18 - Relação entre o número de pescadores de peixe-liso porcomunidades e a distância de Manacapuru (a) e Iranduba(b).
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Considerando o esforço representado por dois pescadores por canoa que
pescam quatro horas por dia, a captura de peixe-liso (kg) por pescador por dia de
pesca foi estimada em 22,9 kg (± 7,36). Levando em consideração somente os
pescadores de peixe-liso que permanecem na área de estudo durante a "safra de
peixe-liso", a estimativa de captura de peixe-liso nesta área é da magnitude de
152 t/mês.
3.4. Os entrepostos flutuantes
Foram identificados sete entrepostos flutuantes compradores de peixe-liso
distribuídos na área de estudo (Tab. 04), sendo que em seis destes (Quito,
Marinho, Begg, Matusalém, Orion e Leonardo) foram realizadas entrevistas com
OS responsáveis. Ao final da safra (novembro/99) encontramos á margem
esquerda um entreposto comprador que, segundo os moradores locais, estava
funcionando há poucos dias, do qual só foi possível obter sua localização
geográfica (Fig. 03).
Tabela 04 - Número de flutuantes compradores de peixe-liso
%
Costa Entrepostos FrigoríficoReceptor
Quito Dourado
Janauacá/Curuçá Marinho Friuba
Castelo Santa Maria
Aruanã Bega Friuba
Barroso Matusalém Friuba
Orion Frigopesca
Pesqueiro Leonardo Santa Maria
44
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t>Os entrepostos flutuantes compradores de peixe-liso sâo na realidade
^ casas flutuantes construídas com madeira, utilizando como substrato flutuanteV■
Q' grandes troncos de árvores conhecidas vulgarmente por assacu (Hura creptans -Ü^ Euphorbiaceae). Nestes entrepostos são realizados a compra e o armazenamentoC' dos peixes-liso em urnas para gelo para depois serem transportados aos€^ frigoríficos. O transporte do pescado é feito por barcos "geleiros" pertencentes aos
frigoríficos, ou alugados (fretados) a estes durante o período de "safra do peixe-
S liso".
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Durante as saídas de campo foi observado que somente os flutuantes
fornecedores do frigorífico Friuba possuíam urnas para armazenamento de peixe-
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liso cedidas aos donos'dos entrepostos através de acordos entre estes e os
^ responsáveis pelo frigorífico. Os demais flutuantes possuíam urnas compradas ou
construídas a mando dos responsáveis. A capacidade de armazenamento de cada
flutuante variou entre 3 e 6t e depende do número de urnas no flutuante (no
máximo 3 urnas). Durante o período estudado a freqüência com que os donos dos
entrepostos levam a produção aos frigoríficos é de três vezes na semana.
Os donos dos entrepostos flutuantes, com exceção daqueles da Costa do
Barroso, são moradores de municípios próximos aos pesqueiros e só
permanecem nos entrepostos durante a "éafra do peixe-liso". Na Costa do
Barroso, os donos dos entrepostos são moradores de comunidades locais. Na
Costa do Pesqueiro foi observado que o responsável pelo flutuante comprador,
morador do município de Manacapuru, chegava todos os dias durante a "safra" em
horário pré-determinado para fazer a compra dos peixes-liso, retornando a
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Manacapuru após a negociação, deixando sempre uma pessoa responsável pela
í' segurança do entreposto. Nos demais entrepostos, os responsáveis permaneciamtn nos mesmos durante todo o dia, se ausentando somente para ir até a sede dos
municípios para acompanhar o desembarque do pescado no frigorífico.Ü
Durante o período de entre-safra (enchente/cheia), os entrepostos são
transportados até lagos próximos dos pesqueiros ou ancorados próximos às casas
& dos pescadores que moram à margem do rio Solimões. Para tal, os proprietários
fazem uso de embarcações que em geral lhes pertencem. Na Costa do
Janauacá/Curuçá, onde foi observado "//? loco" o transporte dos flutuantes até os
lagos próximos, os proprietários utilizaram embarcações com capacidade de carga
de até 201 e p/opulsão de 130 a 170HP.
3.5. Os frigoríficos
Quatro frigoríficos "SIFados" foram identificados operando na área de
estudo, cujas características são apresentadas na Tabela 05;
Tabela 05 - características dos frigoríficos presentes na área de estudo.
Capacidade de Capacidade de Capacidade Geração deFrigorífico Municipio armazenamento congelamento de geração de empregos
sede (t) (t/dia) gejo (t/dia) diretos> ̂ (período de
safra)
Friúba Iranduba 1200 ,-40 60 300
Santa Maria Manacapuru 1000 40 120 300
Frigopesca Manacapuru 500 40 100 120
Dourado Iranduba 250 15 30 70
Fonte: Associação das Industrias de Pescados "81 Fados" do Amazonas - AIPAM.
46
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ú~ Quanto ao transporte e origem da produção: o frigorífico Dourado trabalhouQ
O no período de "safra do peixe-llso" com seis embarcações próprias, comO
capacidade de 8 a 45 t, recebendo pescado de oito flutuantes compradores de
peixe-liso distribuídos desde Codajás - AM até Óbidos - PA. O frigorífico FriubaÜ
trabalhou com 21 embarcações, das quais 18 eram fretadas, com capacidade de
carga de 3 a 601 (201 em média). Os responsáveis pelo Friuba afirmaram receber
peixe-liso de 14 entrepostos flutuantes compradores distribuídos desde Tefé - AMÜQ até próximo de Óbidos - PA (Coari; Codajás; Anori; Costa do Barroso; Costa do
Janauacá; Itacoatiara e foz do rio Madeira, no Estado do Amazonas). O frigorífico
Santa Maria trabalhou com três embarcações próprias (9, 20 e 50 t) e quatro
fretadas (3, 4„6 e 8 t), recebendo peixes-liso de quatro entrepostos flutuantes às
proximidades de Anori e Codajás, no Amazonas, um na Costa do Pesqueiro e
mais dois barcos compradores que faziam a compra de peixe-liso dos pescadores
que atuavam na foz do rio Madeira.
A produção média mensal do Friuba durante os meses de safra do ano de
1999 foi de 366 toneladas; já o frigorífico Dourado foi de 41 toneladas e o Santa
Maria ficou em 118 toneladas. Os responsáveis pelo frigorífico Frigopesca não nos
recebeu para fornecer dados. Para manter a produção, existem acordos entre os
responsáveis pelos frigoríficos com os donos de entrepostos e'pescadores para/
que sejam realizadas "campanhas" em busca de outros pesqueiros para captura
dos grandes bagres. Foi observada "in loco" a saída de campanhas das Costas do
Janauacá e Barroso, constituídas de um barco geleiro (16m; 12 t de capacidade
de carga) pertencente ou fretado aos frigoríficos, transportando em média 8
canoas (com motores do tipo rabeta), redes do tipo "arrastadeira" e pescadores.
47
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3.6. Aspectos econômicos
^ Somente 16,7% dos pescadores entrevistados fazem uso de gelo paraO
Q conservação do pescado eviscerado antes da venda, sendo que estes não
^ vendem aos flutuantes compradores, mas sim para comerciantes varejistas ouO
O para barcos fretados aos frigoríficos que, além de transportarem a produção dosOQ entrepostos flutuantes fazem a compra diretamente dos comunitários. Cerca de
^ 83,3% vendem a produção in natura para os entrepostos flutuantes compradores©
Q que repassam o pescado comercializado aos frigoríficos da região.
QNa Costa do Janauacá/Curuçá, os pescadores comercializam a produção
com víscera e cabeça aos flutuantes que compram para os frigoríficos Friuba e
Dourado, enquanto o flutuante que compra para o frigorífico Santa Maria adquiria$
o pescado já eviscerado e descabeçado. O responsável pelo flutuante localizado
na costa do Aruanã afirmou comercializar pescado in natura, enquanto que nas
Costas do Barroso e Pesqueiro o pescado era^ comercializado eviscerado e
descabeçado.
O descabeçamento e evisceração geralmente são realizados no próprio
entreposto flutuante comprador pelos próprios pescadores, com exceção daqueles
que vendem o pescado in natura ou dos que usam o gelo para conservação doé
pescado eviscerado antes da venda. Nos entrepostos que compram o pescado in
natura, os responsáveis contratam funcionários para realizar a evisceração e o
descabeçamento do pescado, de tal forma que todo pescado desembarcado nos
frigoríficos chega eviscerado e descabeçado.
Os preços praticados em cada sub-região foram diferenciados conforme a
negociação entre os donos dos entrepostos e os pescadores. Os entrepostos
48
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o flutuantes que compram o pescado eviscerado e descabeçados pagam US$ O 50O
© pelo peixe de primeira e US$ 0,26 pelo peixe de segunda (R$ 1,95 = US$ 1,0). OsDQ flutuantes que compram o pescado in natura pagam US$ 0,41 pelo peixe de
p primeira e US$ 0,26 pelo peixe de segunda. Esta classificação em peixe deO
Q primeira ou de segunda é feita levando em consideração o tamanho e peso doD pescado (mínimo de 3 kg por exemplar para ser considerado de primeira) e as
O condições do pescado: presença de mordidas por botos {Inia geoffrensis) e
Q predação por parte de candirús (Cetopsidae e Trichomicterydae) e piracatingas
(Calophysus macropterus). O surubim acima de 5kg é considerado uma classe
especial e chega a ser vendido a US$ 0,77/kg, diretamente em Manacapuru ou
aos comerciarites varejistas, enquanto a piramutaba era comprada inteira a US$ê
0,15/kg e considerada um peixe de terceira.
Os responsáveis pelos setores de compra nos frigoríficos não informaram o
preço praticado por kg de pescado aos donos dos entrepostos flutuantes, mas
pagavam aos pescadores, que vendiam a produção diretamente a os frigoríficos,
US$ 0,77 pelo peixe de primeira e US$ 0,26 pelo peixe de segunda.
Todos os entrepostos flutuantes visitados utilizavam cadernos de débitos
para registrar a quantidade comprada e o nome do pescador, uma vez que o
pagamento pelo pescado só era efetuado semanalmente. Gelo era fornecido em
pequenas quantidades aos pescadores pará uso doméstico sem nenhum custo
adicional. Somente a gasolina era financiada, registrada e descontada no
momento do pagamento pelo pescado. Durante o período de estudo, a gasolina
era comprada pelos donos dos entrepostos por um preço médio de US$ 0,67 o
litro e fornecida aos pescadores a US$ 0,77.
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3.7. Comercialização de peixe-liso nos mercados e feiras de Manaus
Durante o período estudado foram visitados treze locais (entre feiras e
mercados) em Manaus, doze dos quais apresentavam bancas vendendo peixe-liso
(Tab. 06).
Cerca de 44,8% dos entrevistados informaram vender 63,08kg (±29.5) de
peixe liso por semana, 31% afirmaram vender 187,75kg (±48.9) e 24,1%
afirmaram vender 557kg (±207,02) de peixe liso/semana, recebendo esse tipo de
pescado todos os dias.
Cerca de 87% dos peixes-liso vendido em Manaus estava na forma
eviscerada e descabeçado, sendo o surubim a espécie mais aceita para consumo
e, portanto, a mais comercializada, seguida da dourada, cuiu-cuiu (Oxidoras niger)ê
e jaú (Paulicea luetkeni) (Fig. 19).
Tabela 06 - Lista de feiras e mercados de Manaus visitadas paraaplicação de c uestionários.
Local N° de bancas Bancasvendendo peixe-
liso
Adolfo Lisboa 46 3
Araújo Lima 4 1
Aripuana 11 1
Betania 29 3
Ceasa 19 6
Coroado 2 1
Durval Porto 7 .. 2
Fprod. Sto. Ant 10 2
Jorge Teixeira 9 1
Manaus Moderna 104 10
Panair 78 8
Valter Raiol 9 1
Zumbi 24 0
Total 352 39
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sunibim dourado cuílkxííu jaú
Tipo de peixe liso mais vendido nas feiras de Manaus
Figura 19 - Freqüência relativa dos tipos de peixe-liso mais vendidos nasfeiras e mercados de Manaus com peixe-liso.
O preço pago pelo feirante para adquirir este pescado para comercialização
depende do tipo de pescado e do fornecedor, permanecendo na faixa de US$
0.77/kg (Fig. 20).
80
60
40
20
O
suaibim
ü dourada
1.00 1.30 1.50 1.80 2.00
Preço pago pelo comerciante varejista (R$)y
Figura 20 - Freqüência relativa do valor pago pelos feirantes aosfornecedores dos principais tipos de peixe-liso aceitos paraconsumo em Manaus.
Ao serem questionados sobre a origem do pescado, cerca de 45% dos
entrevistados afirmaram receber este tipo de pescado de barcos recreios (Fig. 21),
51
o
o
o
o
o
o
vindos de diferentes locais, mas principalmente do município do Careiro, do rio
Purus e do município de Autazes no Estado do Amazonas (Fig. 22).
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próprb feirante
despachante
pescador local
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recreb
10 20 30
%
40 50
Figura 21 - Proporção de fornecedores que abastecem as feiras e mercados de Manaus
Careiro da Várzea
Anamã
Rio Negro
Manacapuru
Belém
Rio Purus
Autazes
Terra Nova
Janauacá
Tefé
Parintins
Coari
Codajás
Rio Madeira
Figura 22 - Freqüência relativa dos diferentes locais de captura dos peixes-liso transportados por barcos do tipo recreio para seremvendidos em Manaus.
52
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Os Siluriformes mais aceitos para consumo estavam sendo vendidos, pelos
feirantes em Manaus, a uma faixa de preços entre US$ 1.03 a US$ 1.28/kg. O
menor preço de US$ 0.77 (Fig. 23) era praticado por feirantes que adquiriam este
tipo de pescado de pescadores locais que pescam em lagos próximos de Manaus.
80
60
40
20 J
I surubim
I dourada
2,50 2.00 1,50Valor pago pelo consumidor ao feirante (R$)
Figura 23 - Freqüência relativa do preço cobrado pelos feirantes ao peixe-liso vendido nas feiras e mercados de Manaus.
3.8. Caracterização do setor pesqueiro de grandes bagres - O Modelo de
compartimentos
Na elaboração do modelo, os compartimentos ficaram representados pelas
sub-regiões (ou costas), flutuantes e frigoríficos. Nos compartimentos das sub-
regiões foram mostrados os valores da produção total/mês, nos quais observou-se
que a maior produção está representada pela Costa do Pesqueiro com 69 t/mês
de peixe-liso durante o período de safra, assim como o maior número de
pescadores (Fig. 24).
53
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N-Número de pescadores de grandes bagres Fluxo mensal de pescado em kg Fluxo mensal de pescado em kg p/ friaorificoCsMédIa de captura kg/pescador/dia ►P=Produção mensal (kg)
Costa do Janauacá
N=92 0=24 (±4.7)
P= 48.576
28.951
4774
Flut. Marinho
8.160 FluL Castelo
A11.463
Flut. Quito
Costa do Aruanã
N=20 0=21.7 (±1.44)
P= 9.548
4.774 Flut. Bega
8.250
Flut. Orion
ZZÍ
Costa do Barroso
N=67 0=18.75 (±1.77)
P= 27.637
19.387 Flut.Matusalém
12.181
Flut.Leonardo
z:3—
Costa doPesqueiro
N=217 0=22 (±9)
P= 69.212
1.9272 > Flut. Viana
Porto deManacapuru
6.090> Flut. Machico
P= 77.569
Fríuba
P= 11.463
> Dourado
P= 28.863
SantaMaria
P= 14.340
► Frigopesca
Figura 24 - Modelo gráfico de compartimentos Identificando os setores envolvidos na pescaria ecomercialização do peixe-liso na área estudada. Os números indicam a produção pesqueiranos compartimentos da safra de 1999.
A produção pesqueira (kg) gerada em cada costa e comercializada nos
flutuantes e destes aos frigoríficos mensalmente está representado embaixo de
cada compartimento. O frigorífico Friuba foi o que mais recebeu peixe-liso durante
o período estudado, verificando-se que o mesmo foi abastecido pelas quatro sub-
regiões estudadas.
Os flutuantes do Machico e do Viana não foram contabilizados entre os que
funcionaram no período de "safra do peixe-liso", uma vez que estes funcionam
como porto de Manacapuru e funcionam durante todos os meses do ano.
Entretanto, foram incluídos no modelo gráfico de compartimentos por terem sido
54
o
o
o
^ citados pelos pescadores da Costa do Pesqueiro como grandes compradores deO0 peixe-liso.
O
Oo flutuante do Marinho, na Costa do Janauacá/Curuçá, é o mais produtivo
O
o
o
o
O de toda área. Na Costa do Pesqueiro, o flutuante do Leonardo é o único queO^ funciona somente no período da safra e localiza-se próximo das comunidades,
^ sendo este o maior fornecedor do frigorífico Santa Maria em toda área de estudoO
O verificando-se uma menor contribuição por parte do flutuante do Castelo da Costa
do Janauacá/Curuçá. O flutuante do Viana, que faz parte do porto em frente de
O Manacapuru, é o maior comprador das proximidades da Costa do Pesqueiro,O
levando sua produção para o frigorífico Friuba.
A soma dos valores de produção repassados aos flutuantes, em alguns
casos, é inferior ao total produzido por Costa devido ao fato de que parte da
produção é transportada até Manaus por barcos do tipo recreio (para transporte de
passageiros), ou é vendido diretamente na sede dos municípios, principalmente
em Manacapuru.#
Na simulação do modelo dinâmico elaborado no Software STELLA (Fig. 25),
foi observado que existe uma dependência dos flutuantes compradores pela
demanda dos frigoríficos, da mesma forma que existe uma relação de
dependência entre os flutuantes e a renda média mensal dos pescadores
envolvidos com a pescaria e comercialização dos grandes bagres nas diferentes
costas.
Verificamos que se a produção dos frigoríficos fosse constante e se estes
mantivessem a mesma demanda por este tipo de pescado, a produtividade dos
entrepostos compradores tenderiam a se manter com poucas variações (Fig. 26),
55
o
o
o
o
o^ assim como a renda dos pescadores acompanharia a produção dos flutuantesO
O mostrando a dependência citada anteriormente. Para exemplificar esta última
O^ informação, consideramos como constante a produção média mensal do frigorífico
O Friuba e, por simulação, obtivemos a Figura 27, a qual mostra a expectativa deOQ renda média mensal obtida pelos pescadores da Costa do Janauacá/Curuçá e a
O^ expectativa produtiva do principal flutuante comprador desta costa, fornecedor do
O Friuba.
Q Para verificar o que aconteceria com a produção mensal dos flutuantes
^ compradores e da renda média mensal dos pescadores envolvidos com a pescariaO
O em cada costa, simulamos uma diminuição de 30% na demanda média mensal
O
f)
dos frigoríficos e os resultados indicaram que isto acarretaria numa queda na
produtividade dos principais flutuantes, com conseqüente diminuição na renda
média mensal dos pescadores de peixe-liso como demonstram as Figuras 28 e
29.
56
q q o o o o o o o o o q o o o O O O o o o
Capacid; idernuba
Fri ibaRSquiiIo SSJenauXa
utMarinhoDiasquepesc
arinhoparaFnuba
OütrasFontesFriuba
RéscMarinho VentíaFriuba
NumerPescadoreâlanauiica
OiitrasFontesDouradoFtutQuito üourad
CapturaTotal
CapturatndvidualVendaDourado
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PescQuílo QuitoparaDourado
FlutCastelo
rasFontesStaMana
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CasteloparaStaManaVendaStaMana
CapacidadeStaMana
Leonar lopafaStaManaonardo
RSquilo 2 SSPesqueiro Diasquep^scam 2
NumerPescadoresPesqueiro
pturaTotal 2
PescLeonardo
Capturatndvidual 2
Figura 25 - Modelo gráfico elaborado no Software STELLA para representar o comportamento do sistema modelado, baseado no modelo de compartimentos.
o o o o o o o o o ü o o Q o o o o o o o o v">
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1: FlutMarinho
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4; FlutCastelo-
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presentes na área de estudo.
1; R$ Janaucá
2: FlutMarinho
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115.00
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Costa
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á e a produtividade do respectivo fl
utua
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comprador de maior importância.
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1: RS Janaucá 2: FlutMarínho1: 110.002; 40.00
65.0020.00
20.0rf0.00.
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12.5I
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Meses
37 50
Figura 28 -Expectativa da renda média mensal obtida pelos pescadores com a pesca dos peixes-liso naCosta do Janauacá/Curuçá e o respectivo flutuante comprador de maior importância, admitindouma queda de 30% na demanda do frigorífico comprador (Friuba).
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2:
1: RSPesqueiro 2: Flut Leonardo80.00'40.00
40.0020.00
12.5 25
Meses
■F'37 50
Figura 29 - Expectativa da renda média mensal obtida pelos pescadores com a pesca dos peixes-liso naCosta do Pesqueiro e o respectivo flutuante comprador de maior importância, admitindo umaqueda de 30% na demanda do frigorífico comprador (Santa Maria).
59
o
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O
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4. DISCUSSÃO
O
O
o
o
o
o
o Quando um recurso natural renovável é explorado, sofre alterações nasO0 suas condições, como é o caso do impacto causado pela exploração pesqueira
(Sparks, 1995). Uma das abordagens para o manejo de recursos pesqueirosO
O sugere que as medidas adotadas possam ter flexibilidade para se adaptar a novas
O
O
O pesqueiros devem ser identificados e avaliados os diferentes grupos e níveis de
ç\ usuários, ou seja, todos os atores que participam desta atividade, desde a própria
situações. Desta forma, para trabalhar a questão do manejo dos recursos
explotação até os consumidores finais que direcionam a demanda no mercado de
O um determinado recurso (Hilborn & Walters, 1992; Ruffino 1995; FAO, 1999).
O rumo que marca as circunstâncias sócio-econômicas e a capacidade de
articulação e gestão dos diferentes atores, junto às possíveis opções de manejo
que permitam identificar vários níveis de sustentabilidade dentro das pescarias, é
o que em conjunto definiria um cenário de manejo (Bell & Morse, 1999; Isaac,
1995).
Um dos ideais dentro dos cenários de manejo é que os atores envolvidos
não só observem as regras formuladas, mais que participem da formulação de
seus objetivos, contribuindo para o funcionamento do mecanismo destinado à
elaboração de suas regras, sua modificação quando for necessário e
principalmente, na sua aplicação (Kesteven, 1972; Bell & Morse, 1999; FAO,
1999).
Para chegar a este nível de manejo, é necessário conhecer e analisar, com
uma visão holística, os elementos estruturais e funcionais do sistema
representado pelos recursos e pela atividade de explotação exercida pelo
60
o
o
o
o
o
ۥ
O torno da pesca de peíxe-liso na Amazônia Central, discutiremos alguns aspectos
O
O
^ cenários de atuação; cenários que serão avaliados através de modelos deO0 compartimentos.
O
O
o ATORES ENVOLVIDOS NA PEÇCA DO PEIXE-LÍSO
explorador/pescador. Desta forma, para ajudar a gerar elementos de manejo em
dos atores envolvidos na sua exploração, as inter-relações existentes e os
ü
O
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/ >
9
Os pescadores de peixe liso do setor Pesqueiro-Janauacá
O setor Pesqueiro/Janauacá caracteriza-se por apresentar uma faixa
contínua de várzea, estando desta forma, sujeita aos processos de flutuação do
nível das águas. O transbordamento lateral do rio, forma um complexo
ecossistema de lagos, ilhas, restingas, chavascais, paranás. Essas formações
passam por modificações de longo prazo, como os processos erosivos; e de curto
prazo, como a fertilização anual da várzea (Shubart, 1983; Bittencourt & Cox-
Fernandez, 1990; Ayres, 1997; Junk 1998).
Foi verificado que o pescador da área de estudo conhece a biologia e o
comportamento migratório e de dispersão da maioria das espécies de peixes. Este
fato aliado ao pleno conhecimento dos ambientes explorados facilita sua atuação
como predador. Diante disto, Bittencourt & Cox-Fernandez (1990) comentam que
o homem, quando pesca, tem o comportamento de um predador desenvolvendo
mecanismos de reconhecimento e de captura da presa: o peixe.
61
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t
, ^
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No nosso estudo, verificamos o saber tradicional do pescador quando
O
o
o
o
o
o
o comparamos os perfis da calha principal dos pesqueiros, obtidas das informaçõesOQ das cartas náuticas com as informações dos pescadores.
^ Segundo os pescadores encontrados na área de estudo, os bagres evitamO
O zonas onde a correnteza é mais forte já que isto representa um empecilho durante
Gseu deslocamento, nadando contra a correnteza nas áreas mais rasas, onde esta
G se torna mais fraca. Além dista,* verificou-se que a fisiografia dos pesqueiros éG
perfeitamente conhecida pelos pescadores, colocando as redes arrastadeiras à
G
í3
com maior correnteza e com menos chances de captura.
deriva em locais mais rasos, sendo retiradas assim que alcançam locais profundos
No Estado do Pará foi observada uma maior atividade pesqueira no
segundo semestre do ano, época em que os bagres estariam migrando e os
cardumes nadam contra a correnteza nas áreas mais rasas do rio Amazonas, ou
seja, próximo aos barrancos e praias onde a velocidade da corrente diminui
quando comparada com a velocidade desta no trecho médio do rjo (Barthem,1990;
Barthem & Goulding, 1997).
Isto também pode explicar o fato da pesca ser geralmente realizada em
ambientes próximos às moradias, os pesqueiros são escolhidos conforme o
objetivo da pescaria. Os paranás, igapós e lagos são ambientes preferencialmente
explorados para a pesca de consumo, enquanto o rio é utilizado principalmente
para pescaria comercial do peixe-liso.
O conhecimento que o ribeirinho/lavrador/pescador tem da dinâmica de
inundação das várzeas permite o desenvolvimento da agricultura, principalmente
de subsistência, como atividade alternativa para o uso dos recursos do solo, que
62
no setor Pesqueiro/Janauacá é realizado nas restingas. Estes ambientes
constituem áreas de florestas desmatadas localizadas na várzea alta (Santos,
1995; Ayres, 1997).
^ Os pescadores de "peixe-liso" encontrados no setor Pesqueiro/JanauacáO
O residem na zona rural às margens do rio Solimões e nos lagos e paranás
próximos, o que nos permite caracterizá-los como sendo "pescadores ribeirinhos".
No entanto, como esses pescadores fazem da pesca de bagres uma importanteOQ atividade voltada para o mercado, sendo uma alternativa para complementar ou às
vezes a principal fonte de renda familiar, podemos também caracterizá-los comoo
(
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V
, >
O "pescadores comerciais" altamente especializados.
( >
\
Do total de pescadores comerciais entrevistados, 84,5% dedicam-se à
pesca de bagres somente durante a "safra do peixe-liso" (vazante/seca -
agosto/novembro), que é considerado o melhor período para realização desta
atividade. Porém, este período também é propício para agricultura; mas esta
atividade é exercida normalmente pela maioria do^ membros da família, não
sendo o mesmo extensível à atividade pesqueira de bagres, onde geralmente
somente os homens estão envolvidos devido ao grande esforço físico que requer
esta atividade. Assim, há uma divisão da mão-de-obra familiar para aproveitar o
período de seca.
Durante o período de entre-safra (enchente/cheia), os pescadores dedicam
parte do seu tempo a uma combinação de atividades voltadas para o
autoconsumo e para o mercado, englobando em pequena escala produtos
agrícolas e de pecuária, como também observado em outras áreas de várzea na
Amazônia Central (Rezende, 1999; Garcez, 2000).
63
o
o
Outro aspecto que faz parte das características dos pescadores do setor
O
O
o
o
o
o estudado é o aproveitamento diferenciado da biodiversidade íctica, a qual éO
comum em outras áreas da Amazônia (Fabré & Alonso, 1998; Batista, 1998;
Garcez, 2000). Assim, para consumo são explorados os Characiformes eO
O Perciformes, enquanto os Siluriformes são explorados para venda nos flutuantes
compradores da região.
O Mesmo sendo notada essa preferência por peixe de escama, quandoOQ questionados sobre a aceitação de Siluriformes para consumo, 80% confirmaram
C>
0 principalmente a dourada e o surubim. Isto sugere que o peixe-liso está deixando
1 >
1 \ Fernandez, 1990; Guimarães, 1995; Barthem & Goulding, 1997).
que utilizam peixe-liso como alimento, na ausência de outro tipo de pescado.
de ser rejeitado para o consumo, abandonando o tabu freqüentemente
mencionado sobre peixe-liso (Smith, 1979; Goulding, 1979; Bittecourt & Cox-
Assim podemos inferir que a exploração deste grupo de peixes existe tanto
em função da demanda do mercado, quanto da disponibilidade da espécie alvo
para alimentação. Esta última consideração também foi feita por Fabré & Alonso
(1998) para as comunidades ribeirinhas na região do Alto Solimões.
Sobre o número e distribuição das comunidades de pescadores do setor
Pesqueiro/Janauacá, verificamos que a margem direita do rio Solimões, apresenta
um número maior de comunidades (45%) e uma maior concentração de
pescadores. Isto pode ser explicado, entre outros fatores, pela presença extensiva
da área de várzea nesta margem, a qual é bastante utilizada pelos ribeirinhos,
principalmente para agricultura, construção das moradias e obtenção de outros
recursos do ambiente.
64
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■ ^
Na margem esquerda, o declive é mais acentuado e o terreno é dominado
O
O
o
o
o
o por terra firme e pouco utilizado para a agricultura. Em alguns casos isolados foiO0 observado o cultivo de produtos como: melancia, mamão e maracujá. Entretanto,
^ os moradores desta margem afirmam que a produção é baixa e que osO0 investimentos nesta atividade não compensam o baixo preço obtido pelos
O
O
O
o0 o fato'do setor Pesqueiro/Janauacá apresentar um elevado número de
0 pescadores comerciais de peixe-liso próximo da sede de Manacapuru e Iranduba0
O está em função de que a maioria dos pescadores não possui meios adequados0
para se deslocar a grandes distâncias. Assim como também não possuem
embarcações com espaço suficiente para armazenar a produção por longos(>
r\ períodos, impedindo que desenvolvam suas atividades longe dos centros de
produtos, o qual é influenciado pela concorrência com os produtos de outras
regiões.
comercialização do pescado. Neste sentido, Barthem et ai (1995) concluem que
^ na Amazônia, as condições de pesca dos ribeirinhqs são limitadas e o êxito da
^ pescaria está relacionado com a abundância do recurso nas proximidades das
moradias.
Outros estudos realizados com comunidades ribeirinhas da Amazônia
Central e do Alto Solimões também evidenciaram que a produção pesqueira
aumenta conforme a proximidade do centro comprador (Fabré & Alonso,1998;
Garcez, 2000), confirmando a importância do mercado consumidor do recurso
(demanda de mercado) sobre o produto dos pescadores.
As características aqui mencionadas como distribuição das comunidades
nas áreas de várzea, o assentamento dos pescadores/lavradores em áreas mais
65
o
o
o
o
o
o
o dos peixes e sua dinâmica sazonal, são experiências que aumentam e
propícias para a pesca e agricultura, e o conhecimento tradicional dos ambientes,
O
O
o
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permanecem no tempo, já que são passados de geração a geração. Neste
físico com o aproveitamento múltiplo dos recursos disponíveis (Junk, 1983;
^ sentido, as populações ribeirinhas da Amazônia desenvolveram processosOO adaptativos que hoje culminam em uma combinação do uso integrado do espaço
O
O
o Furtado 1988, 1993; Alonso, 1998; Garcez, 2000).
O
O
o
o
Pesqueiro-Janauacá
Entrepostos e frigoríficos na exploração de grandes bagres no setor
A pesca dos grandes bagres no setor Pesqueiro/Janauacá é considerada
como artesanal, de caráter comercial, uma vez que não é realizada com a
finalidade de sustento fámiliar, mas sim, para abastecer os entrepostos
compradores e frigoríficos com a conseqüente obtenção de renda.
A importância destes entrepostos compradores e frigoríficos, está dada em
função do grande volume de peixe-liso que compram dos pescadores da região
adquirindo 83,3% da produção deste setor.
Particularmente, os entrepostos flutuantes atuam como atravessadores na
comercialização de peixe-liso para os frigoríficos. Na Costa do Pesqueiro, área
próxima da sede do município de Manacapuru (3,75 km), uma parcela dos
pescadores atravessa o rio Solimões para vender sua produção em Manacapuru,
onde o funcionamento dos flutuantes no porto não é interrompido em nenhum
período do ano, aumentado de forma significativa sua atividade no setor de
compra do peixe-liso durante o período de safra.
66
o
o
o
o
Entretanto, para as comunidades mais afastadas das sedes de ManacapuruO
O e de iranduba (9 a 10 km), os entrepostos flutuantes, que só funcionam na "safra
Odo peixe-liso", 3ão de maior importância para os pescadores: o peixe armazenado
ü
nestes entrepostos, (2±1,5 t), é transportado três vezes por semana para osO
O frigoríficos, de forma que não é necessário o deslocamento dos pescadores até
eles, prática que otimiza o tempo do pescador e lhe permite economizar dinheiro.
O Os frigoríficos, que precisam garantir a sua produção em quantidade e em
O
Otempo, para manter as exportações, financiam a pesca das espécies de bagres
(■'>
N
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(ou outros peixes) de interesse, investindo em pescarias que abrangem umaOO extensão de 1.020 km desde Óbidos-Pará até Tefé-Amazonas.
Mesmo com o valor obtido na venda do peixe-liso nos entrepostos
flutuantes e frigoríficos que, em geral, é 50% menor que o pago pelo consumidor
nos mercados e feiras cfe Manaus, vários motivos levam os pescadores a
continuar vendendo a produção nestes pontos, destacando: o baixo número de
> espécies de bagres aceitos para consumo em Man^aus, falta de capacidade deé
armazenamento e o custo elevado do transporte até a capital. Porém, devemos
salientar a tendência de crescimento na demanda de peixe liso no principal centro
urbano do estado, havendo comercialização para consumo em residências,
abastecimento de restaurantes, quartéis militares e fábricas do distrito industrial
(Alonso, com. pess.).
Por outro lado, foram verificados casos onde o pescador seleciona o
pescado pelo tamanho e espécie, armazena de 50 a 100 kg/semana e espera achegada dos barcos-recreio para enviar este produto até Manaus, onde já existe
um responsável em receber e efetuar a comercialização. Geralmente este receptor
67
(J
o
o
í'3
possui algum vínculo de parentesco com o pescador ou já o conhece há bastante
O
O
o
o
o
o
o tempo, ficando responsável pelo pagamento e transporte do pescado até Manaus.O0 Devemos destacar que em outras regiões, como no Estuário, Baixo
^ Amazonas e no Alto Amazonas, a cadeia produtiva dos peixes-lisos é similarO
O àquela evidenciada no presente estudo (Amazônia Central). Esta rota envolve
atores que desempenham a mesma função: pescadores que otimizam seus
recursos, abastecendo os entrepostos e frigoríficos que recebem o produto deO^3 flutuantes ou de barcos geleiros compradores (comuns no Estuário e Baixo
Amazonas) (Isaac & Barthem, 1996; Isaac et ai, 1996; Barthem & Goulding, 1997;
Ruffino et ai, 1998).
CAPTURA POR UNIDADE DE ESFORÇO (CPUE)
A produção para o período de safra do peixe-liso no setor Pesqueiro-
Janauacá foi estimada em torno de 600 t em uma extensão de 70 km. Os
*
diferentes atores envolvidos com a produção e comercialização destes peixes
concordam com a afirmação de que a produção tem diminuído nos últimos anos.
Na visão dos pescadores e dos donos dos entrepostos, os fatores motivadores
dessa diminuição podem estar relacionados com variações atípicas do nível do rio:
"Nos dois últimos anos a enchente foi muito alta, o rio
demorou a secar e o repiquete veio muito cedo. É por isso
que o peixe tá sumindo" (depoimento de Edson Batista -
pescador da Costa do Pesqueiro, comunidade Nsa. Sra. de
Fátima, 1999).
68
o
G
O
G
G
G
^ Conseqüentemente, os pescadores prevêem que no próximo ano (safra deG
2000), a produção continuará diminuindo. Para os frigoríficos (consumidor final noG
G
G
sistema analisado), esta deficiência na produção da Amazônia Central éG
G
G parcialmente suprida com a compra do peixe nos entrepostos que eles possuem
distribuídos na calha do rio Solimões-Amazonas.
G De fato, o cenário observado ao longo dos últimos vinte anos é de demandaG
G crescente por peixe-liso na região, associada ao aumento do número de
frigoríficos (Bittencourt & Cox-Fernandez, 1990; Ruffino & isaac, 1994; Isaac &
O Barthem, 1995; Ruffino & Barthem, 1996; Barthem & Goulding, 1997).
É importante considerar que a seletividade da pesca comercial na região
amazônica e o esforço concentrado em um reduzido número de espécies
contribuem definitivamente para a depleção de estoques naturais de peixes
(Merona, 1993; Ruffino, 1995; Guimarães, 1995; Isaac et a/., 1996; Rezende,
1999). Contudo não se dispõe de dados ou métodos apropriados para avaliação
do esforço exercido sobre estes estoques e pouco se sabe sobre a resposta
biológica dos bagres amazônicos à pressão de pesca.
O esforço de pesca é conceituado como o gasto de meios e tipos de
aparelhos de pesca que possam ser aplicados por um período de tempo em um
certo espaço geográfico com o intuito de se obter uma captura, causando uma
certa mortalidade proporcional à intensidade do uso dos aparelhos, a qual pode
ser utilizada para estimar a abundância relativa dos estoques pesqueiros (Petrere,
1976a; Gulland, 1983; Fonteles-Filho, 1989; Fabré & Batista, 1996; Alonso, 1998;
Rezende, 1999).
69
c
c
c
c
c
c.
C)
C;
C:
(j
vj
fo
('_i
(
Na área do presente estudo encontramos uma CPUE de 22,9 (±7,36)
kg/pescador/dia de pesca. Comparando este resultado com aqueles calculados
em outras regiões (Tab. 07), verifica-se que as OPUEs são similares, sugerindo a
existência de um mecanismo regulador da própria atividade pesqueira, como o
tempo de pesca ou o espaço disponível por lanço para a exploração destas
espécies, que pode estar controlando a captura por pescador por dia. Outros
aspectos podem estar associados, que são: velocidade de deslocamento e o
padrão de dispersão dessas espécies ao longo da calha durante a migração
ascendente, realizada na vazante seca (Barthem & Goulding, 1997).
Tabela 07- Valores médios de CPUE calculados para diferentes pontos da BaciaAmazônica.
Região CPUE (kg/ pescador/dia) Fonte
Rio Madeira 35,5 Goulding, 1979
Baixo Amazonas 22 Ruffino efa/.,1998
Médio Amazonas 20 Parente, 1996
Médio Amazonas 22,9 Presente trabalho
Alto Solimões 14,02 Fabré & Alonso, 1998
rRio Japurá 33,68
Alto Amazonas
(Colômbia)
22,9 Rodríguez, 1999
Alto Amazonas (Peru) 21,3 Tello, 1995
CENÁRIOS DA EXPLORAÇÃO E COMERCÍALIZAÇÃO DE PEIXE-LISO NA
BACIA AMAZÔNICA
Peixe-liso nos mercados e feiras de Manaus
Desde os anos 70, com o trabalho de Petrere Jr (1978b), até os anos 90
com os trabalho de Barthem & Goulding (1997) acreditava-se que os Siluriformes
representavam menos de 1% dos peixes comercializados em Manaus, equivalente
70
o
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o
o
o
G
O no logradouro do Mercado Municipal Adolpho Lisboa. Esta produção não
O
O
comercialização de peixe-liso no Estado ocorre principalmente nos frigoríficos daO0 região.
a 105t. Entretanto, estas informações foram baseadas em dados de desembarque
corresponde ao volume total de Siluriformes desembarcado nesta capital, já que a
G
G
G
De acordo com as informações obtidas junto aos feirantes queG
G comercializam peixe-liso, em tgrno de 102t foram vendidas durante a safra de
1999 nas feiras de Manaus. Este valor deverá ser maior se for verificada a venda
de peixe-liso nas feiras de Manaus para todo o ano (safra e entre-safra), uma vez
que existem outros consumidores finais como restaurantes, empresas
alimentícias (atendem outras empresas do Distrito Industrial), assim como quartéis
militares, entre outras não quantificadas neste estudo.
As entrevistas nas feiras demonstraram que a participação da sub-região
de Janauacá/Curuçá, com relação ao transporte de peixe-liso através dos barcos
recreios para Manaus, é o dobro da encontrada nas proximidades de Manacapuru.
Isso pode estar relacionado com o fato de que muitos dos moradores da Costa do
Janauacá/Curuçá, que moram às margens dos lagos, não se consideram como
sendo pescadores de peixe-liso, diferenciando-se dos que moram à margem do rio
e, portanto, não foram entrevistados, apesar de termos observado o uso de redes
malhadeiras nos lagos para captura, principalmente, de surubins que são os
bagres mais comercializados nas feiras e mercados de Manaus.
71
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o
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o
o
G
O
o
G
O
o
o
G
G
G
G
G
G
(
Peixe-liso na Bacia Amazônica
Os relatos dos pescadores confirmam que as redes utilizadas atualmente
apresentam características dimensionais maiores do que aquelas utilizadas em
anos anteriores nesta mesma região. Estas redes de emalhar à deriva são
conhecidas regionalmente por arrastadeiras, apresentam comprimentos entre 300
e 500m, altura de 3 a 5m e tamanho de malha entre 100 a 180mm entre nós
opostos.
Em geral, a maneira como a pesca de peixe-liso é efetuada com malhadeira
no setor Pesqeiro-Janauacá, é similar àquelas observadas em outras regiões da
bacia amazônica. Porém, existem algumas diferenças em relação ao comprimento
e tamanho de malha (Tab. 08).
Tabela 08 - Características dimeilslonais das malhadeiras à deriva nos diferentes pontos da Baciaamazônica.
Região Denominação Comprimento(m)
Altura
(m)Malha
(mm)Fonte
Estuário Rede de malhar à
deriva
3.000 120-200t
Barthem &
Goulding (1997)
Baixo
Amazonas
Rede de bubuia . Isaacefa/.
(1996)
Região doMadeira
Caçoeira 50-200 3-5 150-250 Goulding (1979)
Amazônia
Central
Arrastadeira 300-500 3a5 100-180 Presente estudo
Alto Solimões arrastadeira 150-300 3-5 180-250 Fabré & Alonso
(1998)
Amazôniacolombiana
malla rodada
hondera
150-300 3-8 250-320 Alonso, 1998
>
>
Fronteira:
Peru,
Colômbia,Brasil
arrastadora de
fondo
200-650 3-4 220-250 Alcantara (1993)
72
o
o
o
o
o
o
o maiores, podendo alcançar até S.OOOm de extensão, o que provavelmente pode
Notadamente, na região estuarina as redes possuem comprimentos bem
O
O
o
>
V
estar relacionado com as dimensões da região (Barthem & Goulding, 1997).I
O o tamanho de malha utilizado pelos pescadores aumenta na medida emO0 que se afasta do estuário o que pode ser corroborado com o padrão de
comprimento médio dos peixe-liso capturados pela pesca comercial ao longo da
O bacia amazônica, onde os rnénores indivíduos foram observados na regiãoO
3
O
O
0 longo da bacia amazônica é o fluxo de comercialização "pescador - entreposto -
0
> (Letícia, Iquitos, Tefé, Manaus, Santarém, Belém e outros), onde existem
estuarina (Ruffino & Barthem, 1996; Barthem & Goulding, 1997).
Uma outra similaridade que chama atenção na exploração de peixe-liso ao
frigorífico"
Nos principais pontos de desembarque de peixe-liso da bacia amazônica
^ pescarias de grandes bagres, temos a presença dos frigoríficos nas proximidades
^ onde realiza-se a compra e o beneficiamento do pescado. A região que apresenta
alguma diferença é o Alto Amazonas, onde não existem frigoríficos beneficiadores
e sim câmaras frigoríficas denominadas "quartos frios" ou "bodegas", onde são
> usadas principalmente para o congelamento e armazenamento do pescado
(Barthem et ai, 1995; Tello et ai, 1995; Diaz & Cordoba, 1998; Gallo, 1999;
Gomes, 1999). Porém, cumprem a mesma função de comprador/comercializador
dos frigoríficos da Amazônia Brasileira.
Portanto, é possível considerar que ao longo da bacia amazônica onde há o
peixe-liso, existem semelhanças entre os atores e cenários identificados: 1) pesca
realizada por moradores/pescadores/produtores ribeirinhos dispersos nas áreas
73
o
o
o
o
^ de várzea, 2) maior concentração de pescadores próximos aos centros urbanosG como demandadores do produto da pesca, 3) uso das malhadeiras à deriva como
00 principal apetrecho de pesca; 2) deslocamento por canoa; 4) presença do
^ atravessador ou intermediário; 5) consumidor representado principalmente pelos
(3 frigoríficos.
0
0
0 DINÂMICA DO CENÁRIO PESQUEIRO NO SETOR PESQUEIRO/JANAUACÁ03 Uma vez analisados os atores envolvidos na exploração do peixe-liso na
^ área de estudo e o cenário onde se dá tal atividade, discutiremos sobre as inter-0
relações e vias de fluxo observadas na região e sua importância para o setor
produtivo através do modelo de compartimentos. Este modelo apresentou-se
viável e é adequado para análises das inter-relações entre os setores envolvidos
dando ênfase a diferentes aspectos do sistema real e refletindo a estrutura básica
do sistema por ele representado.
A propriedade fundamental desse tipo de»modelo é.a existência de
interações entre os compartimentos (Odum, 1980; Odum, 1988; Constanza, 1999;
STELLA, 2000), sendo que no caso em estudo se deu em função da transferência
da produção de peixe-liso entre os diferentes atores. A montagem do modelo foi
realizada de forma que foram quantificadas apenas as saídas (fluxos de pescado)
do compartimento pescador e as entradas nos compartimentos flutuantes e
frigoríficos, uma vez que não foi possível obter informações do que poderia estar
sendo perdido pelos pescadores, pelos flutuantes e pelos frigoríficos.
Este fato deve ser reavaliado pois, segundo os pescadores, nem tudo que é
capturado de peixe liso na área chega nos frigoríficos, flutuantes ou mercado;
74
o
o
o
o
o
3
devido a perda por predaçâo por parte dos candirus (Cetopsidae e
O Trichomicterydae) e piracatinga (Calophysus macropterus) ou por deterioração3^ (pescado burifado) decorrente do mal congelamento nos entrepostos flutuantes.
3 Mesmo quando o peixe é atacado por estes siluriformes oportunistas, os bagres
podem ser vendidos como um peixe "de segunda", mas quando é o boto (Inia
geoffrensis) que danifica o peixe emalhado, este produto é, na maioria das vezes,3
3
3 perdido na sua totalidade.3
A simulação realizada no Software STELLA mostra que possíveis
3 mudanças no funcionamento dos frigoríficos afetaria o sistema. Com esta
ferramenta foi possível conhecer qual seria a resposta do sistema a uma suposta
eliminação de um dos flutuantes ou frigoríficos (compartimentos receptores). Isto
conduziria a um aumento na produção em outro flutuante ou frigorífico uma vez
que a produção de pescado tanto na Costa do Pesqueiro como a do
Janauacá/Curuçá continuariam presentes, representando um fluxo contínuo de
pescado ainda não direcionado mas com tendências formar um novo input para
um outro compartimento receptor.
No caso de fechamento de um dos flutuantes, isto não traria conseqüências
graves para os pescadores, uma vez que estes poderiam vender seus produtos a
outro flutuante. Resultado interessante foi obtido para a Costa do Pesqueiro onde
as comunidades mais afastadas do centro urbano e que vendem sua produção a
um único flutuante (Leonardo), teriam uma expectativa de "queda" em seus
rendimentos mais acentuada do que Janáuaca/Curuçá. Este resultado pode ser
em virtude de uma maior dependência por parte dessas comunidades para com o
flutuante, uma vez que este é o único comprador nas proximidades.
75
o
o
o
o
o
G
G ou, pior ainda, se for fechado. Considerando uma diminuição de 30% na compraG
G
A situação se tornaria difícil, caso diminuísse o consumo de um frigorífico
média mensal dos frigoríficos, que poderia ser ocasionada seja por problemas
G
^ técnicos ou falta de mercado consumidor, a compra dos flutuantes reduziria de 40G
3 a 60%, dependendo para qual frigorífico está destinando o seu produto, afetando
3diretamente os pescadores que não teriam a quem vender sua produção.
G Esta questão também ..foi discutida junto aos responsáveis pelos
entrepostos, os quais afirmaram que se esta situação (modelada) viesse a ocorrer,
suas preocupações ficariam em como manter um acordo com os responsáveis dos
frigoríficos para receber a mesma quantidade de gelo para a conservação do
pescado e de ter a disposição barcos (pertencentes aos frigoríficos) para
transportar a produção.
Essa preocupação por parte dos donos dos entrepostos se dá em virtude
de que já houve "safras de peixe-liso" que determinaram uma baixa produção
desembarcada nos frigoríficos, fazendo com que inv^timentos em termos de gelo
e embarcações fossem aplicados em outros setores da bacia amazônica,
minimizando os subsídios a estes.
Estes elementos preditivos devem ser levados em consideração quando
forem propostas soluções baseadas em medidas de manejo como, por exemplo,
estipular o número de entrepostos que poderiam funcionar durante a "safra do
peixe-liso" ou a quantidade de pescado que cada frigorífico pudesse processar.
Não obstante, o modelo permite gerar cenários e opções que podem ser
testadas como as simulações aqui realizadas ou em estudos de casos,
apresentando-se, como uma nova ferramenta em termos de capacidade para
76
o
o
o
o
^ orientar as possíveis mudanças na exploração pesqueira de bagres em diversosO
O pontos da bacia amazônica onde possam ser identificados os atores envolvidos
O
vi(pescador, atravessador e frigorífico).
o
Cl Verificamos desta forma, que o estado de equilíbrio da pesca de peixe-lisoCl3 no setor Pesqueiro/Janauacá é mantido pelas oscilações de fatores que possam
condicionar a uma nova situação. Diante disto, algumas questões surgiram no
Cl decorrer do presente trabalho, ejitre elas a necessidade em adequar este tipo de
modelo para' analisar detalhes da estrutura formada quando levado em
consideração possíveis perda de biomassa e, principalmente, os fluxos para os
diferentes mercados, onde mais informações são necessárias para interpretar
como os aspectos de demanda de mercado estão influenciando a dinâmica da
cadeia produtiva que se forma ao redor desta pescaria.
Dinâmica da pesca de peixe-liso no setor Pesqueiro/Janauacá
Como foi visto no modelo, a pescaria dos peixes-lisos na área de estudo
possui uma complexa interação entre as diferentes classes de pescadores
comerciais e consumidores. Para suprir a falta de informações entre as funções e
inter-relações entre os atores envolvidos na exploração dos grandes bagres e que
são necessárias para administração e ordenação da pesca, apresentamos o
Fluxograma da Figura 30, baseado no modelo de compartimentos e na
experiência de campo, com os principais atores envolvidos nesta atividade em
nossa região. Os pescadores ribeirinhos de peixes lisos do setor Pesqueiro-
Janauacá possuem as mais variadas opções para escoar sua produção, desde os
frigorificos, barcos recreios e principalmente entrepostos flutuantes.
77
Entretanto, a maioria não utiliza todas as vias de fluxo, pois possuem
vínculos estreitos de dependência para com os responsáveis por entrepostos,
recebendo gelo, combustível, panagens e outros produtos que sejam necessários;
de forma que o pescado capturado seja desembarcado no flutuante que o financia.
Parente (1996) descreve o tipo de pescador que está atrelado a um barco
pesqueiro ou ao comerciante local como sendo "pescador ribeirinho dependente".
No caso dos pescadores de pei/e liso da região de estudo, esta denominação se
aplica somente durante a "safra do peixe liso".
iMercado tntamaclonall
arcado Rogiona(
PAg3.0971
►j F^ortflco. I4-srcado Nacional
PD-2.16tBarco Roerolo Barco do Frigorífico
Entropoato Flutuanta I \ ' ÜSílfíí/líl"®noposquoiro ■ \ / porto do município
|PS8l.B24tPooetdõn
Figura 30 - Dinâmica do cenário pesqueiro de peixe-iiso no setor Pesqueiro/Janauacá.PA= Produção anual; PD= Produção desembarcada; PS= Produção dospescadores na safra do peixe liso.
Especificamente, sobre os entrepostos flutuantes, o que nos chamou a
atenção foram os que permanecem em funcionamento ininterrupto durante todo o
ano como porto de Manacapuru enviando peixe-liso para Roraima, onde é vendido
nas ruas e feiras pelo dobro do preço verificado em Manaus. Estes entrepostos se
%
diferenciam daqueles que só funcionam na safra do peixe-liso, por não possuírem
O
O
o
o
o
(3
v3 vínculos com os responsáveis pelos frigoríficos, podendo enviar seus produtos
para os mercados consumidores que lhes oferecer o melhor preço.
^ Embora não tenha sido quantificado, também foi verificado que o peixe-liso35 pescado na Amazônia Central, além de estar sendo vendido no mercado regional,
3
3
3 fluxo comercial do peixe-liso, quando comparado com os outros pontos da bacia3
amazônica, mostra-se similar com relação às funções dos atores em cada região
(Alcântara, 1993; Mello et a/., 1994; Salinas, 1994). A exceção fica por conta da
seus principais alvos são os mercados nacionais e internacionais (Figura 30). O
Amazônia colombiana e peruana onde o destino final do pescado são os
3, mercados regionais e nacionais (Arboleda, 1989; Bayley & Petrere Jr., 1989;
3 Salinas, 1994; Tello etaL, 1995).
, ̂ Acreditamos que as informações aqui fornecidas, mostrando o padrão de
%
^ destino do pescado, são de extrema importância para a administração pesqueira%
^ do recurso peixe-liso, uma vez que para o setor Pesqueiro-Janauacá, sua captura
^ está relacionada com a alimentação através do fornecimento de proteína animal
aos moradores locais; com a geração de renda para os pescadores, donos de
explotação dos pescadores, entrepostos e frigoríficos, assim como a produção e
entrepostos flutuantes e frigoríficos e emprego para 490 moradores de
Manacapuru e Iranduba.
79
(3
a
o
0
0
0
0
0
0
0
0
5. CONCLUSÕES
• A pesca de grandes bagres na área estudada tem por principal objetivo o
0 abastecimento dos frigoríficos, sendo uma alternativa para complementar ou0
às vezes sendo a principal fonte de renda dos ribeirinhos (cerca de
0
0
0 • A dourada (Brachyplatystornà flavicans) é a principal espécie capturada em
US$200,00/mês/pescador).
toda arear. Para isto usam-se redes demersais de deriva, sendo as mais
freqüentes as de 300 a 500m de comprimento por 3 a 5m de altura e malha de00 100 a 180mm entre nós opostos.
• Considerando a área do presente estudo de 70 km de extensão, atuam
durante a safra do peixe-liso uma média de 7 pescadores de peixe-liso/km.
• O esforço foi representado por dois pescadores por canoa por dia de pesca,
sendo que investem quatro horas por dia na captura de peixe-liso e cada
pescador captura 22,9 kg (± 7,36). '0
• Considerando a CPUE calculada para a área estudada, a estimativa de
produção é da magnitude de 152 t/mês, totalizando 608 t em quatro meses de
safra.
• A pesca artesanal de bagres, caracterizada pelos seus compartimentos na
cadeia produtiva (pescador, intermediários e frigoríficos), apresenta as
mesmas características desde Santarém (Baixo Amazonas) até o alto
Amazonas.
80
• A estratégia metodológica utilizada para estimar a produção total e esforço de
pesca neste trabalho pode ser aplicada em outros pontos da bacia onde seja
possível identificar os atores envolvidos na explotação do recurso peixe-liso.
• A utilização do modelo de compartimentos que integra todos os atores
envolvidos na explotação do recurso apresenta-se como uma nova ferramenta
para formular cenários de manejo para possíveis mudanças na exploração
pesqueira de bagres pela pe^a artesanal.
81
o
6. REFERÊNCIAS BIBLÍOGRAFÍCAS
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92
ANEXOS
93
ANEXO I
UNIVERSIDADE DO AMAZONASPROGRAMA INTEGRADO DE RECURSOS AQUÁTICOS - PYRÁ
Hstaiisiica de Desembarques de Pescado
IDENTIFICAÇÃO
Data:
l.ixral
Hora: Nome do Coletor
Nome do Pescador Idade:
O local onde o Sr. mora (costa/área): Comunidade
Quantos pescadores tem na sua comunidade?.Quantas pessoas da família pescara ?:
Quantos se dedicara à pesca de bagres
O Sr. Pesca o ano todo ? □ Sira DNão /(>ial o melhor período pra pesca ? Citar os meses: □ jan □ fev □ mar □ Abr □ mai □ jun □ jul □ ago □ sct □ out □ nov □ dezO Sr. se dedica exclusivamente á pesca ? □ Sim ONiloSc não. quais as outias ativdadcs ?: □ Agricultura □ Pecuária □ Extiação de madeira□ Outra, qual ?:.Filiado a colônia de pesca □ sira D não. qual ?:_
T ipo de barco: □ de pesca □ canoa.Nome do barco:Propulsáo: □ motor_ .HP
feito de □ madeira_ comprimento:.
□ remo
□ alumínio
Capacidade de: aimazenamento do porão:Número de pescadores do barco:Quantidade de diesel que gasta ?Quanto de-óleo lubrificante jasta ?.Quanto gasta com rancho?
annazenamento do isopor□ contratado □ amigo Dvizinho □ parente..
Quantidade de gasolina que gasta ? _(.Quanto de gelo levaquanto gasta com consertos dos utensílios
DADOS DE PESCA
Local de pesca (onde pesca ?): □ rio □ lago □ outro lugar, qual ?_Ambiente de pesca: □ praia □ costa/bciradão □ furo □ igarapé □ boca de lago □ meio do rio □ meio do lago □ capitit/lago □ capim/rio □ outro, qual(descrever)Qual a profundidade do local da pesca' ..Qual o rio principal?(^ual a cidade mais próxima do local da pesca ?:Tempo gasto para chegar ao local de pesca.Quantos dias passa pescando ?
Vila/Comunidade:Distância aprDximada_
Que período o Sr. pesca ? □ manhã □ tarde □ noite □ madrugadaPesca todos os dias ? Osim □ dia sim/dia nào □ outra:Tempo, em horas, que fica pescando durante a pescaria ?:
COMERCIALIZAÇÃOO pescado é comercializado □ com vísceras □ sem vísceras (beneficíamemo primário)Local onde limpa o pescado: Onde ele é vendido ?: ^A quem vende o pescado: □ barco de pesca □Intermediário □ flutuante □ direto no frigorífico □ direto ao consumidor □ Outro, qual
Quantos peixes pesca, em média, por pescaria ?_Quais os peixes que1 2 3
.K&.. .Unidades
(espécies),...4
capturados durame pescana
Quando o Sr vai vender o pescado como é feita a negociação ? □ pelo tipo de peixe □ tamanho □ condições de conservação □ outra forma, qual
Como é feito a conservação do pescado: □ a fresco □ no gelo □ salga □ outroOcorre perda de pescado? □ não □ sim. porquêSe come o peixe, quanto come ?:. Quais são consumidos:.utensílio de pesca UTILIZADOSAparelho de pesca □ próprio □ emprestado □ financiado, quem/o quê financia?:
Número: Malha:.,
MalhadciraMalha Compr.
Tarrafa.Altura: Roda:
Quamidade Altura
Sc usa LINHA. ESPINHEL ou POITA
Compnmento: CJuaniidade de anzóis: Número do anzol:Quais iscas usam:
Outros:
94
1
ANEXO II- Equações obtidas no software STELLA Research e utilizadas no modelo dinâmico com
as respectivas informações fomecidas aos Parâmetros;
Dourado(t) = Dourado(t - dt) + (QuitoparaDourado + OutrasFontesDourado - VendaDourado) * dt
INIT Dourado = O
QuitoparaDourado = IF(FlutQuito>=3)THEN(FlutQuito) eise (0)
OutrasFontesDourado = 31
VendaDourado = 41
FlutCastelo(t) = FlutCastelo(t - dt) + (PescCastelo - CasteloparaStaMaria) * dt
INIT FlutCastelo = O
PescCastelo = .16*CapturaTotarCapacidadeStaMaria
CasteloparaStaMaria = IF(FlutCastelo>=3)THEN (FlutCastelo) eIse (0)
FlutLeonardo(t) = FlutLeonardo(t - dt) + (PescLeonardo - LeonardoparaStaMaria) * dt
INIT FlutLeonardo = O
PescLeonardo = .22*CapturaTotal_2*CapacidadeStaMaria
LeonardoparaStaMaria = IF(FlutLeonardo>=3)THEN (FlutLeonardo) eIse (0)
FlutMarinho(t) = FlutMarinho(t - dt) + (PescMarinho - MarinhoparaFrIuba) * dt
INIT FlutMarinho = O
PescMarinho = 0.6XapturaTotarCapacidadeFriuba
MarinhoparaFriuba = IF(FlutMarlnho>=3)THEN(FlutMarinho) else( 0)FlutQuito(t) = FlutQuito(t - dt) + (PescQuito - QuitoparaDourado) * dt
INIT FlutQuito = O
PescQuito = .22*CapturaTotarCapacidadeDourado
QuitoparaDourado = IF(FlutQuito>=3)THEN(FlutQuito) eIse (0)
Friuba(t) = Friuba(t - dt) + (MarinhoparaFriuba + OutrasFontesFriuba - VendaFriuba) * dt
INIT Friuba = O
MarinhoparaFriuba = IF(FlutMarinho>=3)THEN(FlutMarinho) else( 0)OutrasFontesFriuba = 320
VendaFriuba = 350
StaMaria(t) = StaMaria(t - dt) + (CasteloparaStaMaria + OutrasFontesStaMariaLeonardoparaStaMaria - VendaStaMaria) * dt
95
INIT StaMaria = O
CasteloparaStaMaria = IF(FlutCastelo>=3)THEN (FlutCastelo) eise (0)
OutrasFontesStaMaria = 110
LeonardoparaStaMaria = IF(FlutLeonardo>=3)THEN (FlutLeonardo) eIse (0)
VendaStaMaria =118
$$Janauca = (PescCastelo+PescMarinho+PescQuito)*R$Kilo
$$Pesqueiro = (PescLeonardo)*R$Kjlo_2
CapacidadeDourado = if (Dourado>=250) then (0) eIse (1)
CapacidadeFriuba = if (Friuba>=1200) then (0) eIse (1)
CapacidadeStaMaria = if (StaMaria>='K)00) then (0) eise (1)
Capturai ndvidua] = NORMAL(0.024,0.0047)
Capturai ndvidual_2 = NORMAL(0.022,0.009)
CapturaTotai = Capturaindviduai*NumerPescadoresJanauaca*Diasquepescam
CapturaTotai_2 = Capturai ndviduai_2*NumerPescadoresPesqueiro*Diasquepescam_2
Diasquepescam = 22
Diasquepescam_2 = 22
NumerPescadoresJanauaca = 92
NumerPescadoresPesqueiro = 217
R$quiio = 1.500
R$quiio_2 = 1.500
96
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