UNIVERSIDADE DE SÃO PAULOINSTITUTO DE ESTUDOS AVANÇADOS
DIÁLOGOS SOBRE A AMAZÔNIA NA CONTEMPORANEIDADEATELIÊ DE IDEIAS E PROPOSTAS
CIDADES AMAZÔNICAS: DA URBANIZAÇÃO À URBANODIVERSIDADE REGIONAL
Dr. Saint-Clair Cordeiro da Trindade JúniorProfessor Associado IV
Núcleo de Altos Estudos Amazônicos/ Universidade Federal do ParáPesquisador nível 2, CNPq
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PROPOSIÇÃO DO DEBATE
O atributo da diversidade: • referência à natureza: => “biodiversidade”.• referência à sociedade => “sociodiversidade”.
O processo de integração da Amazônia pós-1960:• mudanças• permanências • convivências
A urbanodiversidade:• diversas “amazônias”;• diferentes tipos de cidades.• diversas e combinadas manifestações do urbano.
.
Font
e: IB
GE.
A URBANIZAÇÃO DA POPULAÇÃOANO POP. URBANA POP. RURAL
Abs. % Abs. %
1950 607.164 29,64 1.441.532 70,36
1960 1.041.213 35,54 1.888.792 64,46
1970 1.784.223 42,60 2.404.090 57,40
1980 3.398.897 50,23 3.368.352 49,77
1991 5.931.567 57,83 4.325.699 42,17
2000 9.002.962 69,83 3.890.599 30,17
201011.663.184 73,51 4.202.494 26,49
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DA URBANIZAÇÃO DA POPULAÇÃO À URBANIZAÇÃO DA SOCIEDADE E DO TERRITÓRIO
A urbanização da população: IBGE.• Crescimento da população urbana.• Cidades, vilas, aglomerados urbanos isolados.
A urbanização da sociedade: Lefebvre.• Modo de vida: práticas, comportamentos, valores na e a partir da
cidade moderna.• Cidade x urbano.
A urbanização do território: Santos.• Nexos da modernização da sociedade urbana no território.• Sistema de ações + sistemas de objetos.
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TESES EM TORNO DA NATUREZA DO URBANO NA AMAZÔNIA
AUTOR TESE PROPOSIÇÃO
BECKER “Selva urbanizada” fenômeno diretamente ligado à expansão da fronteira econômica
MACHADO “Tendência à ruralização” presença de municípios predominantemente rurais
HURTIENNE “Urbanização estatisticamente descriteriosa”
o patamar de 20.000 habitantes para definir o que é rural e o que é urbano
OLIVEIRA “Urbanização da sociedade” difusão do modo de vida urbano, mas não do domínio da cidade na paisagem
MONTE-MÓR
“Urbanização extensiva” A extensão do urbano para além das cidades
BROWDER & GODFREY
“Urbanização polimorfa e desarticulada”
diferentes formas de interações socioespaciais e de formações microssociais híbridas
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REDE URBANA DA AMAZÔNIA EM DOIS MOMENTOS
ANTES DE 1960 APÓS 1960
Atividades econômicas tradicionais Frentes econômicas e de modernização
“Cidades dos notáveis” “Cidades notáveis” + “Cidades econômicas”
Circulação fluvial e ferroviária Circulação multimodal: destaque às rodovias
Pouco destaque às cidades intermediárias Importância aos núcleos urbanos sub-regionais
Concentração econômica Desconcentração econômica
Existência de uma cidade primaz Áreas de influência metropolitana diversas
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DA URBANIZAÇÃO À URBANODIVERSIDADE REGIONAL
• Modelo rodoviário e migrações => novas cidades locais.
• Espaços pouco impactados => cidades tradicionais.
• Polos/eixos de crescimento => cidades médias.
• Fenômeno metropolitano => novas metrópoles regionais.
• Novo padrão de urbanismo => “cidades das empresas”.
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AS CIDADES-EMPRESA Bases logísticas modernas de “grandes objetos”.
Reforçam a interiorização da urbanização amazônica.
Cidades econômicas e corporativas.
Inserção da região em circuitos globais de produção.
Enclaves urbanos: “cidades na floresta” x cidades locais.
As empresas e as cidades hoje:• Da criação à manutenção da cidade.• A responsabilidade do governo municipal.• A gestão dos impactos pelos governos locais .• A não implantação de novas cidades: as “empresas das cidades”.
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CIDADES-EMPRESA: TIPOS
• Cidades fechadas: => interdição, controle e vigilância.
• Cidades semi-abertas:=> menor controle, oferta de serviços.
• Cidades abertas:=> maior interação.
Carajás
Vila Permanente de Tucuruí
Vila dos Cabanos
AS NOVAS CIDADES DAS RODOVIAS
• Decorrentes das frentes de expansão.
• Produtos de processos migratórios
• Influência da dinâmica das rodovias.
• Novos agentes econômicos e sociais.
• Definida pelo Estado e empresas.
• Formação de um novo poder local.
• Fragmentação do território.
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MUNICÍPIOS POR ANO DE INSTALAÇÃO
Fonte: Théry e Mello (2008)
Fonte: Théry e Mello (2008)
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AS CIDADES DAS RODOVIAS: TIPOS
CIDADES SUB-REGIÃO
INICIATIVA AGENTES ORIGEM CULTURAL
COLONIZAÇÃO OFICIAL
Oriental Ação direta do Estado (INCRA)
Colonos, funcionários, comerciantes, extrativistas, nativos, burocratas, fazendeiros, migrantes diversos
Nordeste brasileiro
COLONIZAÇÃO PARTICULAR
Meridional Companhias colonizadoras
Colonos, funcionários,comerciantes, investidores
Sul e Sudeste do Brasil
ESPONTÂNEAS Centro-Oriental
Ação indireta do Estado
Grupos econômicos, agentes individuais
Diversa
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CIDADES TRADICIONAIS
• Pioneiras na organização do território.• A circulação: tempo lento.• Atividades econômicas tradicionais.• População de origem local.• Enraizamento cultural.• Presença dos “notáveis”. • Entorno pouco sujeitos a fragmentações.• Políticas pouco atentas às
particularidades..
Cidade de Cametá, Baixo TocantinsFoto: Saint-Clair Trindade Jr., out. 2008.
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CIDADES TRADICIONAIS: TIPOS
CIDADES PADRÃO DE OCUPAÇÃO
POPULAÇÃO VÍNCULOSCULTURAIS
CIDADES RIBEIRINHAS
várzea-rio-floresta
nativa fortes enraizamento
CIDADES DE COLONIZAÇÃO ANTIGA
terra firme-estrada-colônia agrícola
migrantes do passado
mesclagem mais antiga
CIDADES HÍBRIDAS
padrão multiforme
predomínio da população nativa
mesclagem recente
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CIDADES MÉDIAS
Para além do demográfico: verticalidades + horizontalidades.
Investimentos: Estado + inciativa privada. Centros intermediários de gestão do
território: demandas + tomadas de decisão. Sedes de controle: espaço, recursos, fluxos
econômicos, contingente eleitoral. Vitrines de projetos políticos
governamentais. Centralidade política: novos agentes e
redefinição do poder local/regional. Novas territorialidades: criação de novos
Estados.
ESTADO DO PARÁ: PROPOSTA DE DIVISÃO
Fonte : IBGE e Governo do Estado do Pará.Elaboração : Débora Aquino Nunes
FÓRUNS REGIONAIS DE PARTICIPAÇÃO
Fonte: Governo do Pará, 2008.
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CIDADES MÉDIAS: TIPOS
CIDADES CONDICIONAN-TE
ECONOMIA INVESTIMEN-TOS
IMPORTÂN-CIA POLÍTICA
RURÓPOLIS Circulação rodoviária
forte peso agrícola
governamentais e privados
novos fóruns de decisão
NÚCLEOS URBANOS DE TRADIÇÃO RIBEIRINHA
Circulação fluvial agrícola e extrativista
governamentais e privados
novos fóruns de decisão
CAPITAIS ESTADUAIS
Papel burocrático-administrativo
serviços e comércio
governamentais antigas sedes de governos
AMAZÔNIA BRASILEIRA: METRÓPOLES REGIONAIS
Fonte: SANTOS (2015)
Fonte: Santos (2015)
AMAZÔNIA LEGAL: SUB-REGIÕES E METRÓPOLES
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POPULAÇÃO: METRÓPOLES E A REGIÃO
Pop. Manaus/AM Pop. Belém/PA Pop. São Luís/MA
ANO %
1950 27,16
1960 24,31
1970 32,70
1980 44,34
1991 48,05
2000 49,90
2010 51,78
ANO %
1950 22,70
1960 25,93
1970 30,00
1980 28,50
1991 25,10
2000 29,00
2010 27,77
ANO %
1950 17,10
1960 14,85
1970 17,15
1980 18,50
1991 14,30
2000 19,90
2010 20,10
ELEMENTOS DA METROPOLIZAÇÃO EM FACE DA REGIÃOELEMENTOS BELÉM MANAUS SÃO LUÍS
Indutores
• Frentes e projetos econômicos; descaracterização de antigas estruturas agrárias e ribeirinhas; projetos econômicos.
• Zona Franca de Manaus.
• Frentes econômicas regionais.
• Modernização econômica produtiva.
Articuladores• Rio.• Rodovia.• Aerovia.
• Rio.• Aerovia.
• Rodovia.• Ferrovia.• Aerovia.
Conexões Globais
• Grande projeto econômico.
• Sistema portuário e logístico moderno.
• Indústria de montagem.
• Turismo globalizado.
• Grande projeto econômico.• Sistema portuário.• Turismo globalizado.
Metrópole em Face da Região
• A região cresce mais que a metrópole.
• A metrópole cresce mais que a região.
• Região e metrópole com crescimentos equivalentes.
CIDADES DA FLORESTA X CIDADES NA FLORESTAATRIBUTOS CIDADES DA FLORESTA CIDADES NA FLORESTA
CIRCULAÇÃO fluvial, ferroviária rodoviária, ferroviária, aeroviária
TEMPO lento técnico-científico e informacional
RELAÇÕES horizontais verticais
PRÁTICAS ECONÔMICAS
tradicionais, solidárias mercantis, organizacionais, corporativas
INSERÇÃO local global
VALORES enraizados estandardizados
MODO DE VIDA sociedade rural sociedade urbana
NATUREZA recurso, lazer, circulação, simbolismo recurso, simulacro
O ENTORNO proximidade distanciamento
ECOSSISTEMA Potencializador Impactado
PROBLEMÁTICA AMBIENTAL
pouca pressão sobre a floresta e o rio forte pressão sobre a floresta e o rio
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CONCLUSÕES: CIDADES PARA A FLORESTA?
As políticas territoriais: Þ difusão da sociedade urbana e das cidades na floresta.
Novas atividades, integração territorial e circuitos globais: Þ padronização das formas/conteúdos urbanos x particularidades
regionais.Þ Ações governamentais: estandardizadas (federal), competitivas
(estadual) singulares (municipal).
A necessidade de novas proposições: Þ leitura da diversidade territorial/urbanaÞ políticas urbanas diversas (particulares + singulares).
Um novo ordenamento territorial => centralidades urbanas.Þ econômica: modernização do território e inserção global. Þ politica: demandas + território e cidades corporativas. Þ socioterritorial: modelo cívico + responsabilidade territorial.
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CONCLUSÕES: VERTICALIDADES X HORIZONTALIDADES
“As segmentações e partições presentes no espaço sugerem, pelo menos, que se admitam dois recortes. De um lado, há extensões formadas de pontos que se agregam sem descontinuidade, como na definição tradicional de região. São as horizontalidades. De outro, há pontos no espaço que, separados uns dos outros, asseguram o funcionamento global da sociedade e da economia. São as verticalidades. O espaço se compõe de uns e de outros desses recortes, inseparavelmente. É a partir dessas novas subdivisões que devemos pensar novas categorias analíticas”.
Milton Santos
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