Universidade de São Paulo
Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas
Departamento de Geografa
Trabalho de Graduação Individual
As representações do espaço e o marketing da cidade de Bonito - Mato Grosso do Sul
Aluna: Camila Gonçalves Aguiar da Costa.
Orientadora: Drª. Rita de Cassia Ariza da Cruz
São Paulo/SP - Brasil
2015
2
As representações do espaço e o Marketing da cidade de Bonito - Mato Grosso do Sul
The representations of space and the Marketing on the city of Bonito - Mato Grosso do Sul
Apresentado à Comissão de Graduação
da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências
da Universidade de São Paulo
Camila Gonçalves Aguiar da Costa
Orientadora: Drª. Rita de Cassia Ariza da Cruz
São Paulo/SP - Brasil
2015
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Resumo: O presente trabalho busca analisar o processo de marketing espacial em
contraponto com a realidade presente na cidade de Bonito Mato Grosso do Sul procurando
entender os modos operantes do espaço de consumo na sua relação com o consumo do espaço,
visto que o marketing identifica e (re) inventa o espaço local a partir de uma imagem
previamente criada. No caso da cidade de Bonito (MS) essa imagem está associada ao paraíso
terrestre e ao ecoturismo - para atrair turistas que, dessa forma “consomem” o lugar em vista
dessas propagandas. A mídia possui um papel importante na divulgação e na afirmação de
Bonito como produto, pois utilizando de recursos de fotografias, imagens, folders, revistas,
televisão e até mesmo redes sociais impõe ao consumidor em potencial uma verdade criada
justamente para a venda de pacotes turísticos, reduzindo a cidade de Bonito á um estereótipo.
Palavras-chaves: Marketing espacial; representação; Bonito; Ecoturismo.
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Abstract: This study aims to analyze the spatial Marketing process as opposed to the
reality present in the city of Bonito Mato Grosso do Sul, trying to understand the consumption
of space, once the Marketing seek identify and (re)invent the local space from a image created
previously. In the case of Bonito (MS) this image is associated with the earthly paradise and
ecotourism - to attract tourists, that " consume " this place in view of these advertisements. The
media has an important role in disseminating and affirmation of Bonito as product because
using photographs of resources, images, folders, magazines, television and even social
networking imposes on the potential consumer a truth created for the sale of tourist packages ,
reducing the town of Bonito in a stereotype.
Keywords: Spatial Marketing; Representation; Bonito; Ecotourism.
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Agradecimentos
Agradeço á minha querida família pelo incentivo, apoio e força;
Ao meu namorado pela paciência e dedicação;
Á orientação da professora Drª: Rita Cruz pelos ensinamentos e dedicação;
E, aos meus amigos que me apoiaram nessa jornada.
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Sumário
Lista de Figuras ............................................................................................................... 7
Lista de Quadros ............................................................................................................. 8
Lista de Tabelas .............................................................................................................. 8
Introdução ....................................................................................................................... 9
Capitulo I – Aspectos Históricos e Geográficos da Região de Bonito - MS ................ 17
Histórico da cidade e dos atrativos turísticos ........................................................... 17
Aspectos Geográficos ............................................................................................... 23
Aspectos Econômicos ............................................................................................... 23
Aspectos Físicos ....................................................................................................... 26
Aspectos urbanos de Bonito - MS ............................................................................ 37
Capitulo II - Marketing privado sobre Bonito (MS): uma aproximação geográfica .... 38
ATRATUR ............................................................................................................... 39
Bonito como destino paradisíaco .............................................................................. 43
Bonito como destino ecoturistico ............................................................................. 45
Capitulo III – Características do Marketing público de Bonito (MS). ......................... 51
O Marketing Público Federal .................................................................................... 51
O Marketing do Governo do Estado de Mato Grosso do Sul ................................... 52
O Marketing feito pela Prefeitura Municipal ............................................................ 54
Bonito como destino ecoturistico ............................................................................. 57
Considerações Finais .................................................................................................... 60
Anexo ............................................................................................................................ 62
Referências Bibliográficas ............................................................................................ 65
7
Lista de Figuras
Figura 1 - Síntese do perfil do turista ........................................................................... 10
Figura 2 - Mapa da Localização da cidade de Bonito – MS ......................................... 23
Figura 3 - Região de Planejamento do Estado de Moto Grosso do Sul - Sudeste ........ 24
Figura 4 - Mapa Geológico da Região Sudeste ............................................................ 27
Figura 5 - Mapa Geológico - Região Sudeste ............................................................... 30
Figura 6 - Mapa Hidrográfico da área em estudo ......................................................... 31
Figura 7 - Imagem do passei de flutuação. ................................................................... 32
Figura 8 - Passeio de Bote. ........................................................................................... 32
Figura 9 - Mapa Geomorfológico ................................................................................. 33
Figura 10 e 11 – Gruta de São Miguel e Gruta da Lagoa Azul .................................... 34
Figura 12 - Comportamento sazonal da emissão de Voucher. ..................................... 35
Figura 13 - Mapa da Vegetação da Região Sudeste ..................................................... 36
Figura 14 - Gruta da Lagoa Azul .................................................................................. 40
Figura 15 - Gruta de São Miguel .................................................................................. 41
Figura 16 - Rio Sucuri .................................................................................................. 42
Figura 17 – Propaganda do Site - ................................................................................. 43
Figura 18 - Propaganda Operadora Ygarapé – ............................................................. 44
Figura 19 - Folder de Bonito ........................................................................................ 45
Figura 20 - Atração turística: Mergulho ....................................................................... 47
Figura 21 - Balneário municipal ................................................................................... 48
Figura 22 - Balneário Municipal ................................................................................... 49
Figura 23 - Primeira Edição do Guia da ATRATUR ................................................... 50
Figura 24 - Revista Viagem e Turismo ......................................................................... 50
Figura 25 - Nacionalidade dos visitantes da Gruta do Lago Azul ............................... 54
Figura 26 – Propaganda de Bonito em ônibus em NY- ................................................ 57
8
Figura 27 - Propaganda de Bonito ................................................................................ 58
Figura 28 - Site do Governo Federal ............................................................................ 58
Lista de Quadros
Quadro 1 - Fases e marcos turísticos de Bonito ........................................................... 20
Quadro 2 - Segmentação turística ................................................................................. 21
Lista de Tabelas
Tabela 1 – Dados Gerais - Região Sudoeste - 2013 ..................................................... 25
Tabela 2 - Produto Interno Bruto - Região Sudoeste - 2012 ........................................ 25
Tabela 3 - Estabelecimentos Empresariais - Região Sudoeste - 2013 .......................... 26
Tabela 4 - População - Região Sudeste - 2010 ............................................................. 37
Tabela 5 - A Movimentação Turística .......................................................................... 53
Tabela 6 - Relação dos atrativos turísticos mais visitados ........................................... 53
9
Introdução
O contato direto com o habitat ínsita a uma reflexão sobre paisagem, cujo conceito
relativo apresentado neste texto foi expresso em 1968, por George Bertrand: "[A paisagem] é o
resultado da combinação dinâmica, portanto instável, em uma determinada porção do espaço,
de elementos físicos, biológicos e antrópicos, os quais, reagindo dialeticamente, uns sobre os
outros, fazem dela um conjunto único e indissociável em perpetua evolução" (BERTRAND,
1968).
Milton Santos, em Espaço & Método (1985), afirma que os elementos naturais podem
ser transformados em recursos sociais, que irão evoluindo, tornando, assim, a paisagem formada
por fatos do passado e do presente (Santos, 1985). Paisagem é viva e, nesse sentido, designá-la
de tecido ecológico que recobre a superfície das terras emersas, também estaria correto. O
turismo, como prática social de nosso tempo e também um objeto de estudo da Geografia, pois
diz respeito ao espaço e, por conseguinte, ao conjunto das paisagens (RODRIGUES, 2003).
Os conceitos de paisagem, região, meio e espaço sempre estiveram presentes nos
estudos geográficos. A busca por uma reflexão sobre as necessidades de se conhecer e explicar
a complexidade do espaço geográfico e o funcionamento da natureza mostra que a observação
da paisagem pode ser para o geógrafo o ponto de partida. A paisagem não deve ser vista apenas
como determinada porção do espaço composta de elementos externos, visíveis e estáticos.
Entretanto a ação antrópica gera mudanças na paisagem e, desse modo, a natureza reage criando
novas dinâmicas, as quais veremos, em parte, neste trabalho.
O município de Bonito foi escolhido, a priori, pelos indícios de propagandas
publicitárias que demonstram ser um espaço apropriado pelo turismo, que transforma o lugar
em uma mercadoria. Bonito é considerado um pólo ecoturístico mundial, onde suas principais
atrações são as paisagens naturais, os mergulhos em rios de águas transparentes, cachoeiras,
grutas, cavernas e dolinas, o município reúne um conjunto de equipes, empresas, ONGs e
órgãos governamentais que buscam organizar e coordenar o ecoturismo.
Segundo Dias (1998) os locais mais visitados pelos turistas que procuram Bonito pode-
se destacar a Gruta do Lago Azul, o Aquário Natural, a Ilha do Padre, o Balneário Municipal,
a descida de bote pelo Rio Formoso, as Cachoeiras do Mimoso e do Aquidabã, as cascatas do
Rio do Peixe etc. A maioria destes pontos situam-se distantes do centro urbano do município,
necessitando de transporte privativo e de alguns dias para a visita dos principais atrativos.
10
O quadro seguinte apresenta o perfil do turista potencial segundo o Plano de Marketing
Polo Bonito (2014), realizado pelo Governo do Estado de Mato Grosso do Sul:
Figura 1 - Síntese do perfil do turista do Polo de Bonito-Serra da Bodoquena (MS), em 2011
A figura 1 demonstra que o perfil do visitante da cidade de Bonito é morador do
Estado de Mato Grosso do Sul, viaja de férias com sua família e permanece aproximadamente
4 dias na cidade. Seaborg e Dudley (1994 apud Chao, 1999) enfatiza a questão que para alguns
turistas, o equilíbrio psicológico, os efeitos tranquilizantes de uma caminhada, bem como, numa
região despovoada, em que os problemas da vida metropolitana são deixados para trás.
Ainda conforme os autores, na vastidão da natureza muitas preocupações se tornam
inexpressivas, às vezes nos fazendo sentir pequenos e promovendo perspectivas ao que importa
na vida. No campo, longe da cidade, há a possibilidade de se desenvolver com bastante
propriedade o tema do corpo visitando a natureza, onde o movimento humano representa uma
forma de comunicação, diálogo entre o homem e o mundo. A visão de uma cachoeira ou de
cima do topo de uma montanha pode gerar uma sensação de realização, satisfação.
Todavia as transformações nas relações espaço-temporais implicam em um novo modo
de pensar a realidade do habitat humano. O domínio do espaço, da mídia e a era do marketing,
produz um estilo de vida único. O mundo não se caracteriza por áreas inexploradas e isso se
deve à tecnologia, que proporcionou ao Homem a velocidade e comodidade nos transportes,
realizando assim, o feito dantes desejado; conhecer o Planeta Terra. A universalização do
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capitalismo, por sua vez, produziu um crescente e denso fluxo econômico provocando uma
nova ordenação e hierarquização do espaço mundial. Com isso, refletir sobre o processo de
reprodução sócio espacial é primordial (CARLOS, 1999).
“Nesse contexto de produção de aparências, a mundialização
restabelece/reforça o "mundo da mercadoria" e desenvolve os limites da troca.
As relações entre processo de produção e desenvolvimento das forças
produtivas produzem no mundo moderno novas possibilidades de realizar a
acumulação, que, em sua fase atual, liga-se cada vez mais à produção do
espaço- produção que se coloca numa nova perspectiva, onde novos lugares
ganham valor de uso. O processo de reprodução do espaço a partir do processo
de reprodução da sociedade se realiza, produzindo novas contradições,
suscitadas pela extensão do capitalismo, o que nos coloca 'ante da necessidade
de aprofundar o debate em torno das contradições entre [...]; espaço do
consumo e consumo do espaço ...” (CARLOS, 1999, p. 178,).
O processo de reprodução econômica está interligado ao processo de acumulação de
capital, fazendo do espaço um produto desse processo, uma busca constante pelo lucro. Embora
a prática sócia espacial aponte para uma objetividade, há no processo de produção a
subjetivação, ou seja, uma linguagem e uma representação no mundo da mercadoria. Com as
necessidades da sociedade se ampliando e tornando-se mais complexas, o lugar, que o indivíduo
ocupa, também se expande. Em conflito, a reprodução da vida depara-se com as necessidades
de reprodução do capital. Portanto, da esfera do processo de trabalho o capital invade toda a
vida, subjugando-a ... nesse raciocínio, a produção do espaço se realiza como alienação ... a
relação uso-troca substitui a capacidade criadora por uma representação, que é real e que tem
no cotidiano seu lugar de efetivação (CARLOS, 2011).
Na prática, podemos observar que a cidade de Bonito teve nos últimos anos um alto
investimento no setor de turismo, tornando uma das principais atividades econômicas do
município. O investimento na infraestrutura expõe a dimensão do capital introduzido para a
geração de valor de troca, no qual o processo de acumulação se sobressaísse. Além disso, Bonito
tem sido intensamente divulgado pela mídia, sendo motivo de diversas reportagens, na
televisão, revistas e jornais, divulgando as belezas da região, ou seja, o processo de
representação está, neste caso, bastante interligado ao processo de reprodução do capital. Isto
tudo significou um grande afluxo de pessoas à região.
A mídia de massa produz representações de Bonito, como destino ecoturistico e como
destino paradisíaco, gerando pacotes de viagem que influenciam a população na escolha do
destino, em razão dessa demanda turística criam-se novos atrativos para aumentar ainda mais
essa demanda turística em Bontio criando um ciclo quase que vicioso e que pode trazer
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consequências ás belezas naturais, como por exemplo, assoreamento dos rios, desmatamento
das margens, aumento no número de lixo e etc .
O termo mídia descreve os vários modos de comunicação como uma indústria de
domínio público. Isso se refere à mídia impressa como jornais, revistas, folhetos, periódicos,
mala direta, boletins informativos e assim por diante, e de radiodifusão como rádio, televisão e
à internet. Esses são exemplos dos modos formais da comunicação de massa. Então, os
diferentes formatos e aplicações de vários tipos de mídia geram resultados distintos, o que torna
a escolha e a aplicação da mídia uma parte vital do processo de marketing e comunicações
(NIELSEN, 2002).
“[O marketing é] O mecanismo que impulsiona um ato de comprar um bem ou um
produto para satisfazer uma necessidade” (OMT, 2001, p. 263), esse mecanismo evoluiu ao
longo da história humana, sendo dividido em basicamente cinco etapas.
Até a Revolução Industrial, a produção existia em um nível artesanal, os produtos eram
feitos sob encomenda e os preços previamente combinados, assim não existia um marketing
formal. Já a partir da Revolução Industrial a produção em massa apresentou um novo cenário,
qual seja a dificuldade em distribuir os produtos produzidos pelas indústrias. Com isso, o
marketing começou a aparecer, porém com pouca importância.
Segundo a OMT (2001), o período compreendido entre 1930 e1950 foi marcada pela
grande depressão o que impulsionou o aumento da eficiência. Pela primeira vez surge a figura
chave do vendedor, que apoiado pela publicidade, impulsionava as vendas.
A partir de 1950, inicia-se uma nova etapa. Com o aumento do poder aquisitivo, após a
segunda Guerra Mundial, e a possibilidade das famílias gastarem menos com sua subsistência,
surgiu então, uma demanda por produtos diferentes e variados, principalmente aqueles que
incitavam o conforto. Assim as empresas começaram a dividir os consumidores em grupos para
melhor entende-los. Foi nesta época que apareceram os produtos com marca.
A última etapa, que predomina até hoje, conhecida como etapa do marketing social,
Surgiu como resultado da prosperidade a partir dos anos 1960, que iniciou uma conscientização
social, com isso as empresas passaram a pensar não somente no lucro e no consumidor, mas
também na consequência de suas atividades para a sociedade.
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Deve-se ressaltar, entretanto, que esta divisão é alvo de críticas, como por exemplo pelo
autor Fullerton (1988, apud OMT), que afirma ser as atividades de marketing executadas nos
primórdios dos tempos.
O objetivo do Marketing são as vendas lucrativas e recuperação satisfatória dos
investimentos, por isso é preciso identificar as necessidades dos consumidores, antecipar-se a
elas e satisfazê-las, conforme afirma a OMT. Essas circunstâncias fazem a gestão de marketing
turístico ter que desenvolver métodos diferenciados como, por exemplo, encontrar os meios
adequados para influir na demanda e conseguir uma melhor relação com a produção turística,
devido a impossibilidade de armazenagem.
Segundo krippndeorf (1971 apud OMT, 2001), o marketing turístico é: “a adaptação
sistemática e coordenada das políticas dos que empreendem negócios turísticos, privados ou
estatais, sobre o plano local, regional, nacional e internacional, para máxima satisfação das
necessidades de certos grupos de consumidores, e assim, obter um lucro certo. ”
O conceito de gestão de marketing turístico baseia-se na satisfação das necessidades dos
turistas, planejamento e promoção do produto turístico e função de intercâmbio, para o contato
da demanda com a oferta. Com base nisso, os diferentes formatos e aplicações de vários tipos
de mídia geram resultados distintos, o que torna a escolha e aplicação da mídia uma parte vital
do processo de marketing e comunicações. As várias formas de mídia oferecem vantagens e
desvantagens aos seus operadores. Segundo profissionais de turismo, a televisão geralmente é
considerada o veículo de propaganda mais eficiente – com acesso a um maior número de
residências e, assim atingindo um público mais amplo. Entretanto, o impacto extraordinário da
internet não pode ser ignorado. (NIELSEN, 2002, p. 44)
Segundo Nielsen (2002), a informação pode-se originar em várias fontes. Professores,
vendedores, agentes de viagens ou mesmo amigos podem ser bons comunicadores quando são
capazes de tornar o tema interessante para o público. É neste ponto que os gerentes de marketing
assumem a tarefa de aprender a gerenciar a demanda por meio do monitoramento de
informações e da tentativa de controla-la (embora sua natureza perpétua signifique que
controlá-la seja praticamente impossível). Formar experiência no marketing de informações e
demanda requer habilidades especiais e consistem na tomada de decisão em várias áreas,
inclusive preços, distribuição, atendimento, propaganda e produto.
14
Não o bastante, Ana Fani Carlos (1999) argumenta que a criação de espaços turísticos e
de lazer interfere na produção de novas centralidades produzindo polos de atração que
redimensionam o fluxo de pessoas. O movimento orientado pelo desenvolvimento do
marketing, que "inventa" lugares onde as pessoas devem passar as férias, influencia o
consumidor com sua ideia de "paraísos terrestres" onde o cotidiano desgastante da vida urbana
não se manifesta. Com o espaço se transformando em mercadoria, a mobilização desencadeada
dos agentes imobiliários pode levar à deterioração ou até mesmo à destruição de antigos lugares,
em virtude da realização de interesses imediatos, em razão de um presente lucrativo, que traz,
como consequência, a destruição de áreas que passam a fazer parte do fluxo de realização do
valor de troca.
O próprio lazer e o turismo atual emergem como uma nova mercadoria, que aparece
presa ao universo do consumo do espaço. A separação do tempo de trabalho/não-trabalho,
remodelam a mercantilização dos espaços para a geração do lucro. Mesmo o chamado turismo
ecológico não foge ao universo da mercadoria, apenas segmenta um mercado que quer se
diferenciar, uma estratégia fundamental para a realização da acumulação, com a produção de
aparências. “O turismo representa a conquista de uma importante parcela do espaço que se
transforma em mercadoria (ou que entra no circuito da troca) e, nesse sentido, alguns lugares
só têm existência real por causa de sua trocabilidade, isto é, enquanto mercadoria que se
consome” (CARLOS, 1999, p. 180). Pressões geradas pelo capitalismo que insere na sociedade
a necessidade de consumo incluem o tempo ocioso e a imposição do que e como consumir.
Assim, o processo de reprodução espacial é influenciado pelo desenvolvimento do turismo e do
lazer.
Concordando com Ana Fani Carlos, o autor Sabáh Aoun (in RODRIGUES, 2003),
revela que o turismo procura pelo tempo livre das pessoas, e vive de oferecer e vender os
lugares. Observa também que no discurso de venda do produto turístico, a forma mais
persuasiva é a visual, na qual uma boa e bem elaborada imagem fala por si só; portanto, a
comunicação publicitária utiliza-se da perfeita comunhão entre as linguagens verbal e não-
verbal.
As revistas turísticas trazem imagens com forte apelo visual acompanhadas de um
pequeno texto, que atraem o leitor a um mundo de promessa e magia, em contraste claro com
seu cotidiano. O Turismo se constitui como numa forma metafórica de um mago, que propõe
as mais diversas possibilidades e meios de fuga e escape da realidade social para um mundo
15
mais interessante, utilizando-se dos mais variados expedientes de propaganda e publicidade
(AUN in RODRIGUES, 2003).
Por isso o setor turístico está muito atento aos movimentos do mercado, às mudanças
que a clientela apresenta nos seus gostos, planejando e diversificando as ofertas. Na última
década algumas operadoras e agências turísticas têm se utilizando de imagens paradisíacas de
vegetação exuberante, inesgotáveis mananciais, pássaros exóticos, mamíferos em extinção,
flores raras, comunidades indígenas de rico e criativo artesanato. Tudo isto se conjuga para
atrair o turista, principalmente aqueles dos países centrais do capitalismo, como norte-
americanos, europeus e japoneses, cujas populações concentram-se em áreas metropolitanas
densamente urbanizadas.
O crescimento deste segmento revela que os paradigmas do ecoturismo, aquele que
arrebanha pequenos grupos de turistas interessados em apreciar a natureza e valorar a cultura
local, não condizem com a realidade da área visitada. Assim o Marketing espacial busca
identificar e (re)inventar o espaço local para atrair turistas e essa forma de enfatizar o “produto”
acaba por gerar um aspecto motivacional grande, levando o viajante a se deslocar de seu local
de moradia até a cidade idealizada para o desfrutamento das características apresentadas, sejam
elas naturais, culturais e/ou econômicas. E segundo Carlos (1999), há uma diferença entre a
cidade vendida e a verdadeira realidade local.
A partir dessas reflexões chegamos ao seguinte problema de pesquisa: Como se dá a
relação entre o espaço gerado pelo marketing e o espaço real na cidade de Bonito – MS? Desta
maneira o presente trabalho tem por objetivo analisar o processo de marketing espacial em
contraponto com a realidade presente na cidade procurando entender os modos operantes do
espaço de consumo na sua relação com o consumo do espaço.
E para alcançar o objetivo proposto, foi feito um levantamento bibliográfico sobre
produção do espaço, turismo e marketing, buscando compreender melhor a relação entre estas
duas atividades e o complexo processo da produção do espaço.
Já coleta de dados, por sua vez, demandou sistematizações e correlações, apresentados
na forma de gráficos, imagens de satélite (disponibilizadas gratuitamente pelo Google Earth)
fotografias, folders propagandistas do município e, também por meio de mapas. Além disso,
procedemos a uma discussão baseada nos resultados obtidos.
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Neste trabalho abordaremos, no Capítulo I, os aspectos geográficos da cidade de Bonito
– MS. Este um município brasileiro da região Centro-Oeste, situado no estado de Mato Grosso
do Sul. Com uma área totalizando 4.934,318 km² e com uma população de 19.789 habitantes.
Possui uma altitude de 315 metros. Seu clima é o tropical, segundo o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) com verão úmido e inverno seco. O período de chuva dá-se entre
outubro e abril. No inverno a temperatura varia entre 15º C e 20ºC.
Segundo o site da prefeitura de Bonito seus aspectos naturais abarcam encostas suaves
e morros residuais de rochas carbonáticas, enquanto na porção oeste as encostas são mais
íngremes e escarpadas. A presença de rochas carbonáticas na região possibilitou a formação de
inúmeras feições cársticas, tais como dolinas, sumidouros, ressurgências, além da formação das
cavernas. Esse relevo cárstico se desenvolve sobre as rochas carbonáticas do Grupo Corumbá,
abrangendo a maior parte do relevo montanhoso, com predominância de cavernas e abismos.1
O site2 também afirma que a vegetação é arbórea densa, com remanescentes da Mata
Atlântica e transição para Cerrado; sua fauna é exuberante destacando-se a Arara azul, vermelha
e canindé, gavião real; entre os canídeos, raposa, lobinho, lobo guará; felinos, jaguatirica,
suçuarana e onça pintada. Existem outros animais como a paca, capivara, cutia, anta, queixada,
cateto, além de riquíssima fauna de invertebrados.
Já no capítulo II, será discutido o marketing sobre Bonito (MS) feito por iniciativas
privadas que buscam promover a cidade como um interesse turístico, na expectativa de atrair o
turista nacional e internacional. Verifica-se que Bonito como destino paradisíaco e como
destino ecoturístico, são os principais títulos propagandeados, que serão mais especificamente
estudados.
E, no capítulo III, a discussão e a análise do marketing realizado pelos Governos
Estadual, Federal e Municipal, para com a região em comparação com o marketing feito por
iniciativas privadas, sempre enfocando nos aspectos geográficos, bem como, uma análise de
algumas propagandas incluindo fotos e textos divulgados em sites ligados ao governo.
1 PREFEITURA DE BONITO, http://www.bonito.ms.gov.br/- Acesso em 15/08/2014. 11h 30 mim. 2 Idem
17
Capitulo I – Aspectos Históricos e Geográficos da Região de Bonito - MS
Histórico da cidade e dos atrativos turísticos
A região da serra da Bodoquena, segundo Vargas (2001), foi ocupada pelos castelhanos
durante os séculos XVI e XVII, que subordinaram o povo guarani utilizando a catequização,
via missões jesuíticas. Entretanto, a Coroa Portuguesa, passou, ao longo do tempo, a deter poder
absoluto sobre essas terras, expandindo o domínio de seu império para muito além do Tratado
de Tordesilhas. A expulsão dos castelhanos e dos guaranis da região contribuiu para a dispersão
dos guaicurus, outro povo indígena ali presente.
No século XVIII, descobriu-se ouro na região de Cuiabá e sua proximidade com os
vizinhos castelhanos não foi bem vista pelos colonizadores que logo aplicaram medidas de
defesa do território através de fortificações; núcleos populacionais que também objetivavam a
proteção e preservação dos interesses mercantilistas dos súditos de Portugal.
O território de Bonito, segundo Vargas (2001), manteve-se dentro dos limites da Coroa
portuguesa graças à sua proximidade com o núcleo militar de Miranda.
Segundo o site da prefeitura de Bonito – MS3, o núcleo habitacional de Bonito iniciou-
se em terras da Fazenda Rincão Bonito, que possuía uma área de 10 léguas e meia e foi adquirida
do Sr. Euzébio pelo Capitão Luiz da Costa Leite Falcão, que aí aportara em 1869, e é
considerado o desbravador de Bonito, tendo sido também seu primeiro escrivão e tabelião.
Entre 1864 a 1870, a região envolveu-se na guerra contra o Paraguai e a população local
foi aliciada para participar do confronto ao lado das tropas da “Tríplice Aliança”. D. Pedro II
recompensou alguns militares durante a guerra dando-lhes quinze léguas de terras e, dentre eles
o capitão Luiz da Costa Leite Falcão. Em 1915, o capitão Manoel Ignácio de Farias, genro do
capitão Luiz Falcão, fundou o distrito de paz de Bonito, vinculado ao município de Miranda.4
A Lei Estadual nº 693, de 11 de junho de 1915, cria inicialmente o Distrito de Paz de
Bonito, com área desmembrada do Município de Miranda e a este subordinado
administrativamente. A cidade foi fundada em 1927 com a criação do território Federal de Ponta
Porã, pelo Decreto-Lei nº 5.839, de 21 de setembro de 1943, e anexada como Distrito de Paz
de Miranda.
3 http://www.bonito.ms.gov.br/bonito/historia. Acesso em 08/04/2015 às 10h40min 4 Idem.
18
Somente com a Lei Estadual nº 145, de 2 de outubro de 1948, eleva-o a categoria de
Município, tendo por sede a cidade de Bonito, constituindo termo judiciário da Comarca de
Aquidauana, com um único Distrito, o da sede municipal, situação mantida pelo Decreto nº
1.738, de 30 de dezembro de 1953, que fixou o quadro territorial administrativo-judiciário do
Estado, para vigorar no quinquênio 1954-1958.
Vargas (2001) aponta que as questões regionais – tais como os ajustes territoriais, a
expansão da agricultura e da pecuária, o movimento migratório oriundo do Sul e a expansão
industrial do país – constituíram-se consideráveis fatores para a dinamização da borda
meridional da Bacia do Alto Paraguai, originando vários municípios, entre eles Bonito.
Segundo Moretti e Lobo (2008), a cidade de Bonito, tipicamente interiorana, tinha a
economia pautada na agropecuária. Até os anos setenta, os atrativos turísticos da região eram
usados pelos moradores locais como áreas de lazer, onde predominavam a pesca, banhos de
rios e cachoeiras. Nesta época a cidade também recebeu incentivos políticos e financeiros por
parte do Instituto Brasileiro do Café – IBC, mas as lavouras não apresentaram a produtividade
esperada.
Em 1977, o município passa a fazer parte do atual Estado de Mato Grosso do Sul, pois
o mesmo surgiu de uma divisão territorial que culminou na divisão do antigo Estado de Mato
Grosso em Mato Grosso do Sul e Mato Grosso.
Nos anos oitenta, a Serra da Bodoquena voltou a ser palco das expectativas de
desenvolvimento econômico. Esse período foi marcado pelos estudos de potencial
mineralógico, feitos pela Companhia de Pesquisas de Recursos Minerais – CPRM. A
construção da Fábrica de Cimento Eldorado, da Camargo Correa, contribuiu para o aumento da
expectativa de emprego na região. Mas ao fim do período, a mineração começou a perder
importância econômica e, dentre as consequências, a que se destacava era a pressão de grupos
ambientalistas e população local que argumentavam sobre a fragilidade ambiental ressaltada
também em Estudos de Impactos Ambientais, os EIAs (LOBO E MORETTI, 2008, p. 153).
Em 1988, a Prefeitura de Bonito desapropriou a área do atual Balneário Municipal, no
intuito de fornecer novas áreas de lazer aos habitantes. Foi nesse ano que a Prefeitura editou
seu primeiro folheto de divulgação do município, destacando seu potencial turístico (vide
anexo). Algumas tentativas de estruturação para visitação turística, foram observadas como:
desmatamento das matas ciliares para a construção de decks e escadas de acesso que substituíam
19
as margens naturais e em alguns balneários e passeios de flutuação (LOBO E MORETTI, 2008,
p. 155), além de urbanizar áreas dantes não urbanizadas.
Outras ações visando o aproveitamento turístico podem ser percebidas nos períodos
seguintes, já que Bonito recebia cada vez mais turistas oriundos de diversas regiões. Com o
aumento /criação de passeios de bote, visitas às cachoeiras, rios e grutas,; as agencias e
estruturas de atendimento aos turistas foram sendo criados como reflexo da demanda turística.
O acesso à cidade era deficiente, mas em 1999 conclui-se o asfaltamento da rodovia MS-382,
que facilitava a chegada de turistas (LOBO E MORETTI, 2008, p. 159).
Boggiani (2001) afirma que o crescimento definitivo do turismo no município deu se a
partir da realização do primeiro curso de guias de turismo em 1992/1993, e a expedição Franco
Brasileira Bonito’ 92, quando a exploração da Gruta da Lagoa Azul gerou descobertas
paleontológicas e imagens da mídia televisiva. Antes o número de visitantes não demandava
alterações na oferta turística municipal. Ao mesmo tempo, cresceram as preocupações com os
limites de visitação dos atrativos, visando diminuir a degradação e aumentar a segurança dos
turistas (LOBO E MORETTI, 2008).
O turismo trouxe muitas mudanças para a economia local vistas principalmente na
diminuição da agricultura e aumento no consumo de energia elétrica no campo e fortalecimento
do comércio. Assim, novas territorialidades, baseadas no turismo, desenvolveram-se na região
de Bonito, transformando o turismo em uma nova atividade econômica de revalorização do
local em concordância com a importância adquirida, globalmente, por esta atividade.
Para efeitos de melhor percepção, o quadro 1, de Oliveira (2010), mostra os principais
eventos que colaboraram, de alguma maneira, para o desenvolvimento turístico da região desde
1948, data de fundação do município de Bonito, à 2009, ano de inauguração do aeroporto de
Bonito, quando tornou-se possível uma maior acessibilidade à região e por consequência a
possibilidade do aumento dos fluxos de visitantes.
Embora o turismo seja classificado como uma atividade do setor terciário da economia,
em relação ao primeiro e segundo setor, ele possui muitos fatores que o torna uma atividade
geradora de problemas indesejáveis ao meio ambiente e à sociedade.
20
Quadro 1 - Fases e marcos turísticos de Bonito
Data→ Fases. Características
1948→ Fundação. Criação do o município de Bonito.
1970→ Visitação local. Atrativos usados por moradores e familiares.
1977→ Autonomia do Estado. Criação do Estado do Mato Grosso do Sul.
1978→ Tombamento. Grutas do Lago Azul e Nossa Senhora Aparecida
→ Programa turístico. Primeiro programa elaborado pela UFMG.
1981→ Uso de água da Gruta Azul. Estudos iniciais para uso como água mineral
1982→ Desapropriação. Gruta do Lago Azul
1983→ Incipiente. Início da visitação não profissional.
1984→ Política de Ecoturismo. Criado o Programa Nacional de Ecoturismo
→ Primeiro plano de manejo. Manejo turístico da Gruta Azul
1986→ Viabilidade econômica. Cobrança de taxas nas fazendas
→ CONDEMA. Criação do conselho de Meio Ambiente Municipal
1987→ Projeto sustentável. Pioneirismo do Projecto Vivo.
1988→ Balneário Municipal. Prefeitura Municipal de Bonito desapropriou a área
→ Passeio de botes infláveis. Início da atividade organizada descendo o rio Formoso
1992→ Expedição Franco-Brasileira. Pesquisa espeleológica.
→ Primeiro curso para guias. Início da capacitação de mão de obra local
→ Início de obras da rodovia. Pavimentação do acesso a cidade de Bonito
1993→ Bonito na mídia. Globo Repórter sobre Bonito.
→ Início da capacitação. Primeiro curso de guias na região.
→ RPPNs. Leis específicas para RPPNs, no Mato Grosso do Sul.
1993→ Fundada primeira ONG local. Fundada a SoDeBon
1994→ Segundo curso. Formação de guias de turismo.
1995→ Normatização. Exigência de guias e voucher único
→ Infraestrutura de acesso. Prefeitura abre estradas de acesso aos atrativos.
1999→ Pólos ecoturísticos. EMBRATUR identifica os pólos ecoturísticos brasileiras.
2002→ Artigo. Estadão Discussão meio ambiente e turismo/lazer
2003→ Associação / RPPNs. Fundada a REPAMS.
2004→ Planificação estratégica. Programa de Regionalização do Turismo: Roteiros do Brasil
2005→ Aterro Sanitário. Desativação do “lixão”
2006→ Excesso de turistas. Alguns atrativos atingem o limite de carga diária de visitação.
2007→ ETE. Entra em operação estação de tratamento de esgoto
2009→ Turismo científico. Primeiro curso de observação de aves.
→Aeroporto. Inauguração em maio do aeroporto de Bonito.
Fonte: Oliveira, 2010.
Observa-se que desde o início de sua visitação, mesmo que por locais na década de
1970, o afluxo turístico maior somente se desenvolveu quando Bonito apareceu na mídia de
massa, a televisão, gerando uma curiosidade sobre a região e mesmo apresentando Bonito como
destino turístico, visto que até então nenhuma grande propaganda havia sido elaborada. Outros
acontecimentos que influenciaram no grande afluxo de turistas foi a infraestrutura de acesso
feita para chegar na cidade de Bonito e nos atrativos facilitando o deslocamento dos viajantes
em 1995. O aeroporto inaugurado em 2009 também contribuiu para acrescer o turismo.
21
O quadro 2 revela, segundo o Plano de Marketing Polo Bonito de 2014 (org. COSTA),
o posicionamento na região em relação a segmentação turística, revela que as potencialidades
físico-geográficas são importantes na oferta turística, já que o diferencial está justamente em
aspectos naturais, como se pode ver no Quadro 2 abaixo:
Quadro 2 - Segmentação turística
Segmentação Potencialidade da Oferta Diferencial Turístico da Região
Ecoturismo: É um segmento da atividade
turística que utiliza, de forma sustentável, o
Patrimônio Natural e Cultural, incentiva
sua conservação e busca a formação de uma
consciência ambientalista através da
interpretação do ambiente, promovendo o
bem-estar das populações.
Rios de águas cristalinas,
UCs, Cavernas, Grutas,
Lagoas, Crateras, Flutuação,
Fauna e Flora, dentre outros.
Transparências das aguas e na
abundância de vida subaquática.
Turismo Cultural: Compreende as
atividades turísticas relacionadas à vivência
do conjunto de elementos significativos do
Patrimônio Histórico Cultural e dos eventos
culturais, valorizando e promovendo os
bens culturais materiais e imateriais
Trechos da Retirada da
Laguna (Cemitério dos
Heróis, Praça do Nhandipá,
dentre outros), Casarios
antigos, Festa dos
Padroeiros, Festas
Folclóricas.
Retirada da Laguna e Festas do
Touro Candil.
Turismo de Estudos: Constitui-se da
movimentação turística gerada por
atividades e programas de aprendizagem e
vivências para fins de qualificação,
ampliação de conhecimento e de
desenvolvimento pessoal e profissional.
Estudos geológicos,
paleontológicos,
antropológicos, culturais,
dentre outros.
Universidade Federal do Mato
Grosso do Sul e a Criação do
Geopark – Bodoquena/Pantanal
Turismo de Aventura: Compreende os
movimentos turísticos decorrentes da
prática de atividades de aventura de caráter
recreativo não competitivo.
Raphel, Trilhas, Trakking,
rafting, passeios de barco,
erpeleo mergulho, dentre
outros
Abismo, Cavernas, Grutas,
Dolinas, dentre outros
Turismo de negócios e eventos:
Compreende o conjunto de atividades
turísticas decorrentes dos encontros de
interesse profissional, associativo,
institucional, de caráter comercial,
promocional, técnico, científico e social.
Eventos populares e
científicos, Festival de
Inverno de Bonito
NovemberFest, Festa do
Peão, Carnaval, Junina
dentre outros.
Centro de Convenções de Bonito
22
O quadro 2 também menciona o Geoparque Estadual Bodoquena-Pantanal, que foi
criado pelo Decreto Estadual nº. 12.897, de 22/12/20095 e possui, entre as grutas, pedreiras,
baías, minas, cachoeiras, nascentes e monumentos, 45 geossítios. A área envolve 39.700
quilômetros quadrados das regiões Oeste e Sudoeste de Mato Grosso do Sul, onde estão situadas
diversas riquezas geológicas, nos territórios de Anastácio, Aquidauana, Bela Vista, Bodoquena,
Bonito, Caracol, Corumbá, Guia Lopes da Laguna, Jardim, Ladário, Miranda, Nioaque e Porto
Murtinho. Os sítios são protegidos e, mesmo em áreas privadas, não podem ser alterados,
segundo o Geopark. Dos seis núcleos do geoparque distribuídos nos municípios dentro da área,
apenas o núcleo de Nioaque funciona e a previsão é de que todos estejam em atividade até o
final de 2016.6
Em Bonito um dos principais Geossítios catalogados, que estão abertos à
visitação são: Gruta Nossa Senhora Aparecida Gruta do Lago Azul ( tombada como Patrimônio
Natural pelo IPHAN); Tufas calcárias do Parque das Cachoeiras (ao longo do rio Mimoso, as
“cachoeiras de pedra”); Nascentes do rio Sucuri; Monumento Natural do Rio Formoso (Ilha do
Padre, com tufas calcárias contendo impressões de folhas fósseis bem preservadas de
importância científica pelas possibilidades de estudos de variações paleoclimáticas, Unidade de
Conservação Estadual da categoria Monumento Natural); e as Grutas: Gruta e Nascente do Rio
Formoso, Gruta São Miguel, Abismo Anhumas e Gruta do Lago Azul que é tombada como
Patrimônio Natural pelo IPHAN e protegida em nível estadual (Unidade de
Conservação Estadual “Monumento Natural Gruta do Lago Azul”) e também é um sítio
aprovado pela Comissão Brasileira de Sítios Geológicos e Paleobiológicos (SIGEP).7
A região de Bonito constitui um dos locais mais visitados por turistas do país e do
exterior. A proximidade com o Pantanal acabou vinculando os dois roteiros turísticos tornando
“obrigatório” àqueles turistas que se dirigem ao Pantanal, passarem por Bonito e vice-versa.
Por isso é fundamental reconhecer que o desenvolvimento do turismo na região e em Bonito
atrela-se, diretamente, a características de suas paisagens naturais, sobre as quais trataremos a
seguir.
5 Se o Geoparque Bodoquena-Pantanal for reconhecido oficialmente pela Unesco será o segundo
Geoparque das Américas, uma vez que o primeiro é o Geoparque do Araripe, no Ceará, reconhecido em 2006. Ao
todo, existem atualmente 57 geoparques espalhados ao redor do mundo. A candidatura será lançada em 2016. 6 http://www.portalbonito.com.br/noticias/noticias-geral/3290/geopark-bodoquena-pantanal-esta-em-
avaliacao-para-o-reconhecimento-da-unesco. Acesso em 12/10/2015 às 12:00.
7 http://www.geoparkbodoquenapantanal.ms.gov.br/?page_id=22. Acesso em 12/10/2015 às 12:00.
23
Aspectos Geográficos
O Município de Bonito está inserido na Microrregião Geográfica de Bodoquena
localizado no sudoeste de Mato Grosso do Sul. Possui uma área total de 4.934 km2,
correspondendo a 1,40% das terras do Estado. A Cidade de Bonito faz limite com os municípios
de Bodoquena (N e NO), Miranda (N), Anastácio (NE), Nioaque (L), Guia Lopes da Laguna
(SE), Jardim (S) e Porto Murtinho (SO e O) (DIAS, 1998).
O núcleo urbano do município situa-se a 250 km da capital do Estado, Campo Grande.
Quatro rodovias principais interligam Bonito à Campo Grande e aos demais municípios do
Estado: BR-262, MS-345, MS-382 e MS-399.
Figura 2 - Mapa da Localização da cidade de Bonito – MS
Aspectos Econômicos
O Governo do Estado de Mato Grosso do Sul divide o estado em 8 macrorregiões para
melhor administrar de recursos financeiros prioritários, como se pode ver no mapa abaixo. A
cidade de Bonito fica dentro da Região Sudoeste formada por oito municípios – com polo
urbano regional situado na cidade de Jardim, centro comercial e de serviços da região, sendo
sua principal atividade econômica a agropecuária, segundo o Estudo da Dimensão Territorial
24
do Estado de Mato Grosso do Sul Regiões de Planejamento da Secretaria do Estado de Meio
Ambiente e Desenvolvimento Econômico de 2015.
Pela avaliação da produção de bens e serviços de 2012, a Região Sudoeste é detentora
de um Produto Interno Bruto – PIB estimado em R$ 1,77 bilhões, aonde 16,5% da formação
dessa riqueza vem da atividade industrial. Por ser uma região com forte vocação turística, o
setor terciário responde por 56,7% da sua economia, seguindo do setor primário, com peso de
26,7%.8 Já em relação ao PIB do Estado sul-mato-grossense em 2013, a publicação da secretaria
estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Econômico (Semade) aponta que o setor de
serviços respondeu por 60,09% do Produto Interno Bruto do estado. Na sequência aparecem a
indústria, com 22,16% e a agropecuária, com 17,75%. Assim obtém se que o setor de serviços,
do Estado e da Região Sudoeste que engloba Bonito (figura 3), possuem mais de 50% do PIB
confirmando ser o terciário um forte setor para a economia da região.9
Figura 3 - Região de Planejamento do Estado de Moto Grosso do Sul - Sudeste
8 Plano de desenvolvimento do APL de turismo e artesanato de Bonito – Serra da Bodoquena (s/d). 9 http://www.semade.ms.gov.br/contas-regionais/. Acesso em 13/01/2016 ás 9:30.
25
A tabela 1 dos dados gerais da Região Sudoeste mostra a população de Bonito, sua
densidade demográfica e também seu IDH. Já a tabela 2 mostra o Produto Interno Bruto (PIB)
dessas regiões. E a última tabela mostra o número de estabelecimentos empresarias, sendo todas
essas informações extraídas da Secretaria de Estado e Meio Ambiente, do Planejamento e de
Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul – SEMAC/MS.
Tabela 1 – Dados Gerais - Região Sudoeste - 2013
O Índice de desenvolvimento Humano - IDH do município de Bonito é relativamente
baixo com 0,67 em 2010, e comparando com o município de jardim que possui
aproximadamente 0,71, revela que a qualidade de vida e o desenvolvimento econômico da
população de Bonito está abaixo das expectativas perante o seu desenvolvimento econômico
que é ascendente.
Tabela 2 - Produto Interno Bruto - Região Sudoeste - 2012
Se observarmos o Produto Interno Bruto - PIB de serviços de Bonito e Jardim verifica-
se que este último detém um maior PIB, que talvez seja explicado pelo fato de Jardim ter uma
população 25% maior que a população de Bonito e, sua taxa de urbanização ser, também,
superior, conforme a tabela 3 na página 25.
26
Tabela 3 - Estabelecimentos Empresariais - Região Sudoeste - 2013
Comparando-as, observa-se que Bonito possui um valor elevado de indústrias e de
comércio varejista, este último maior que Jardim, o pólo da região. No comércio varejista,
podemos dizer que Bonito se sobrepõe aos outros municípios porque, entre outras causas, a
cidade é um importante polo receptivo de turistas, o que acaba levando á modificação da cidade,
ou seja, muitos estabelecimentos comerciais como lojas, seja ela de artesanato, são abertas
visando atender a clientes, potencialmente consumidores de lembrancinhas, que são os turistas.
Aspectos Físicos
Perfil Geológico
O Projeto RADAMBRASIL (1982) concluiu que a litologia da área em estudo
estabeleceu-se em ambiente marinho tectonicamente instável com períodos de estabilidade,
ocasião em que se intensificava a precipitação carbonática. Contudo, segundo Dias (1998),
houve a constatação de que os xistos e os filitos são os tipos litológicos predominantes,
ocorrendo subordinadamente ardósias, metagrauvacas, metaconglomerados, calcários,
mármores e quartzitose, é comum a presença de veios de quartzo, principalmente em meio aos
filitos e xistos, originando verdadeiras cascalheiras (Vide Mapa Geológico na página 26)
A figura 4 apresenta a geologia do município de Bonito “com rochas
do período Pré-cambriano, do Grupo Corumbá (Formação Cerradinho com
sedimentos clástico-carbonato e formação Bocaina) e Grupo Cuiabá. Do
período Quaternário Pleirtoceno (Formação Xaraiés, formados por tufos
calcários e tavernitos e conglomerados calcíferos, geralmente fossilíferos e
formação Pantanal); Rochas do período Carbonífero, Super Grupo Tubarão –
Grupo Itararé (Formação Aquidauana)” (SEMAC/SUPLAN, 2011, p. 259).
27
Figura 4 - Mapa Geológico da Região Sudeste
Segundo Bigarella (1994), a região possui uma litologia predominantemente
carbonáticas que possibilita o desenvolvimento de feições cársticas. O termo carste está
diretamente relacionado com as paisagens calcárias e este processo tem como pré-requisito o
alto grau de solubilidade. O relevo calcário é formado por rocha sedimentar de Carbonato de
Cálcio (CaCO3) e sua origem pode ser biológica/orgânica ou química. Os de origem biológica
são resultantes da acumulação de restos de conchas, corais etc., e os de origem química
aparecem a partir da precipitação do CaCO3. Alguns determinantes fundamentais são
necessários para a formação deste tipo de relevo, como, por exemplo, depósitos de calcários em
extensão regional aliados a blocos de grande espessura e de ocorrência próxima à superfície
com diferença de nível considerável entre o topo da formação calcária e o lençol freático,
contendo acamamentos delgados, fissurados e fraturados, para que as feições não sejam apenas
isoladas e insuficientes para a caracterização de um verdadeiro carste.
“As paisagens cársticas se distinguem das outras paisagens por uma
característica que lhe é muito peculiar: a preponderância da circulação hídrica
subterrânea (criptorréica), em detrimento da circulação sub-aérea. Esta
peculiaridade decorre da fácil dissolução das rochas calcárias frente às águas
28
ácidas ricas em anidrido carbônico e matéria orgânica em decomposição, que
produzem vazios no interior da rocha, permitindo o estabelecimento de uma
rede hidrográfica interna. ” (DIAS,1998, p.35)
Dias (1998), citando KOHLER (s/d), afirma que a dissolução do calcário é mais lenta
em regiões de altas temperaturas, uma vez que, a precipitação do CaCO3, se dá mais
rapidamente em águas frias. Entretanto, a quantidade de chuvas, aliada à agressividade da água
acidificada pelo solo rico em húmus e a rapidez da difusão do gás carbônico, compensam as
altas temperaturas. Desse modo, o grau de solubilidade das rochas calcárias, nas regiões
tropicais, torna-se superior àquele das regiões temperadas e frias, fazendo da morfologia
cárstica das regiões tropicais úmidas altamente desenvolvidas. A ação bioquímica de
microorganismos e raízes dos vegetais no processo de dissolução dos calcários, também é
importante nessas regiões. As águas que passam pelo interior das rochas calcárias, tornam-nas
ricas em Carbonato de Cálcio originando rios cristalinos.
A evolução do modelado cárstico segue uma sequência de fases denominadas por
LLADÓ (1970 apud BIGARELLA et alii, 1994) como: embrionária, juventude, maturidade e
senilidade. Compreende uma sequência de fenômenos que se repetem, formando ciclos
escalonados no tempo, podendo interromper-se em qualquer um dos períodos (BIGARELLA
et alii, 1994).
“A fase embrionária corresponde àquele período do início do processo
de carstificação da paisagem, que transforma um relevo com drenagem
superficial para uma drenagem subterrânea. Tanto em superfície como em
subsuperfície, a evolução cárstica se manifesta. Na fase da juventude, percebe-
se a formação de campos de lapiás, favorecida pelo domínio da circulação
superficial, o que em condições favoráveis originam as dolinas. Estas últimas,
desenvolvendo-se de maneira acentuada, originam os "campos de dolinas",
recobrindo extensas áreas. No período de maturidade, ocorre a coalescência
das dolinas, perdendo seus contornos circulares e evoluindo para as uvalas.
Os estágios finais desta fase, são marcados pelo surgimento dos poljés, quando
a captação de água se faz muito intensamente, fazendo desaparecer por
completo a drenagem superficial. O último período da evolução do modelado
cárstico – senilidade –, caracteriza-se pela degradação e destruição das formas
superficiais, pela ausência de dolinas, que foram transformadas em uvalas e
poljés. As vertentes são pouco escarpadas e muito baixas. Com a degradação
da região cárstica, restam as formas residuais de uma paisagem ruiniforme.
Este período é marcado pelo retorno da circulação epigeia.” (BIGARELLA et
alii, 1994).
São raros os casos em que uma região cárstica tenha, por completo, passado pelas quatro
fases acima descritas. Normalmente, não há uma evolução por completo da área toda,
encontrando-se áreas mais evoluídas e outras com processo atrasado, o que depende da estrutura
das rochas, das condições climáticas, da atividade tectônica, etc. (DIAS, 1998).
29
A beleza revelada pelas formas criadas no processo de carstificação das rochas calcárias
tem despertado o turismo como uma nova fonte de renda para a região, implicando numa outra
ameaça à fragilidade do equilíbrio geoecológico do ambiente. Por isso, entende-se que a região
cárstica de Bonito apresenta-se como uma área em que as fragilidades aos processos
antropológicos são nítidas, perante a ocupação e exploração desordenada. A ocupação e
exploração dessa região, seja ela econômica, histórica ou social vem acontecendo há tempos e
de forma maciça, prejudicando um meio ambiente único e de rara beleza cênica.
Perfil Pedológico
O mapa a seguir revela que o município de Bonito possui diferentes tipos de solos, sendo
as principais associações as seguintes: Chernossolos; (solos rasos e pouco desenvolvidos,
originário da decomposição do calcário) Luvissolos; (solos mais desenvolvidos, ricos em bases)
Regossolos; (assentados em relevos planos e ondulados). E na porção centro-sul encontra-se
Latossolos de textura média, que são solos minerais, não hidromórficos, altamente
intemperizados, profundos, bem drenados, sendo encontrados em regiões planas e suavemente
onduladas (SEMAC/ SUPLAN, 2011).
Como visto anteriormente, o turismo muitas vezes se apropria de determinadas
paisagens naturais transformando-as em folhetos, folders, e propagandas em geral. Essas
propagandas incentivam a visitação dos lugares, levando, com isso, os consumidores (turistas)
a comprarem pacotes e viagens a fim de consumi-los.
As paisagens observadas têm uma grande relação com o solo e o clima do ambiente em
que estão inseridas. Conforme BERTRAND (1972), além dos vegetais e animais, o solo
também faz parte da exploração biológica do espaço, composto pela presença de
microorganismos na sua composição. Utilizando a classificação desenvolvida pelo
SEMAC/SUPLAN (2011), encontram-se abaixo as classes de solos e a formação da vegetação
original.
30
Figura 5 - Mapa Geológico - Região Sudeste
Hidrografia
Dias (1998) afirma que a Serra da Bodoquena funciona como um divisor de águas entre
a Bacia do Paraguai e outras bacias menores. As nascentes dos rios mais importantes que cortam
a Região de Bonito estão na Serra da Bodoquena, são eles: Rio Perdido - afluente do Rio Apa
- que corre em meio ao maciço da Bodoquena de norte para o sul na porção ocidental da área;
o Rio Formoso e seus afluentes, drenando toda a porção central e norte, correndo no sentido
oeste-leste até desaguar no Rio Miranda; o Rio Mimoso, também afluente do Rio Formoso,
drena, dentro da quadrícula de pesquisa, apenas litologias do Grupo Cuiabá, na porção nordeste
desta. O Rio Mimoso apresenta seis quedas d’água, sendo um local de atrações turísticas para
a realização de caminhadas.
O mapa que se segue (página 30), apresenta a hidrografia da região com destaque para
os principais rios turísticos de Bonito – MS, entre eles estão: o Rio Formoso e o Rio Bonito, o
Rio da Prata e o Rio Sucuri - com atrativos de flutuações e de mergulhos de scuba dive, um
31
dos mais procurados dentre os visitantes - esses dois últimos rios acabam por não aparecem no
mapa, por estarem na divisa com Jardim – MS. Outros passeios ao longo dos rios também são
apreciados pelos visitantes como andar a cavalo, trilhas, observação de aves, de animais e da
vegetação, além de visitas ás nascentes.
Como a maioria dos destinos turísticos estão distantes do centro da cidade, os visitantes
precisam se locomover com meios de transportes particulares ou de empresas ligadas ao setor
turístico uma vez que a prefeitura não disponibiliza transporte público aos atrativos e com isso
limita a própria população residente em Bonito, visto que muitos não possuem meios de
locomoção particulares, como carros e motos, para o deslocamento até o atrativo (vide anexo
2 e 3 com o mapa das atrações Turísticas e da cidade de Bonito).
Figura 6 - Mapa Hidrográfico da área em estudo
32
Figura 7 - Imagem do passei de flutuação. Fonte :.http://www.atrativosbonito.com.br/4-aventura-atrativos-
turisticos. Acesso em 09/07/2015 às 16h58min
Figura 8 - Passeio de Bote. http://agenciaygarape.com.br/item/8958/. Acesso em 12/07/2015 ás 11:50
33
Perfil Geomorfológico
O Mapa Geomorfológico da Região Sudoeste de MS representado pela figura 10,
mantem na porção centro norte, o relevo específico das regiões calcárias resultante da
dissolução do carbonato de cálcio pelas águas correntes.
Figura 9 - Mapa Geomorfológico
34
Ainda conforme o mapa da Figura 9, o município de Bonito apresenta duas regiões
Geomorfológicas em seu domínio: Região da Bodoquena e Morrais do Urucum-Amolar com a
unidade Serra da Bodoquena; e a Região da Depressão do Alto Paraguai com as unidades
Depressão Bonito e Depressão Miranda, como pode ser visto no mapa da página seguinte.
Certamente, tais características geomorfológicas resultam em paisagens de rara beleza,
fartamente propagandeadas em sites turísticos, como se pode observar nas fotos a seguir,
retiradas de uma agência de turismo da região.
Figura 10 e 11 – Gruta de São Miguel e Gruta da Lagoa Azul, respectivamente. http://www.agenciasucuri.com.br/Monte-sua-
Viagem-para-Bonito. Acesso em: 09/07/2015 às 17:36
Condições Climáticas
Santana Neto (1989) destaca a atuação da Massa Equatorial Continental no regime de
chuvas, no período de outubro a março, muitas delas de convecção. No inverno, ocorre, a
presença da Massa Tropical Atlântica quente, e da Massa Polar Atlântica fria, trazendo queda
nas temperaturas em Bonito.
ZAVATINI (1992) diz que a região em estudo corresponde à célula, chamada pelo
autor, de Planalto da Bodoquena, com uma presença maior do regime pluviométrico do tipo
"Brasil Meridional". Nesta porção as presenças das massas de ar polar costumam ser superiores
aos da onda leste.
Certa irregularidade na distribuição das chuvas, na região Mato Grosso do Sul, ao longo
do ano, demostra a falta de precisão do padrão de regime hídrico regional. Contudo, percebe-
se que os meses que mais sofrem de deficiência hídrica, correspondem ao período que vai de
junho a setembro: o inverno, quando há um recuo na atuação das massas úmidas. Por outro
lado, este pequeno período de stress hídrico, não acarreta grandes distúrbios na umidade, e, por
35
consequência na configuração da paisagem, uma vez que a presença da litologia carbonática
favorece a reserva subterrânea de água (DIAS, 1998).
Em relação ao município de Bonito (MS), especificamente, lê-se no relatório do
SEMAC/SUPLAN, que:
“Na maior porção do município, o clima é úmido, apresenta índice
efetivo de umidade com valores anuais variando de 40 a 60%. A precipitação
pluviométrica anual varia entre 1500 a 1700mm, excedente hídrico anual de
800 a 1200mm, durante 5 a 6 meses e deficiência hídrica de 350 a 500mm,
durante 4 meses no inverno. ” (SEMAC/ SUPLAN, 2011, p. 258)
Vários fatores naturais influenciam e muito a escolha dos pacotes turísticos, além dos
aspectos físicos como vimos, também os aspectos climáticos levam ás pessoas a se deslocaram
a um determinado lugar para usufruírem de seus atrativos. No caso da região de Bonito - MS,
a maior concentração de viajantes se dá, justamente, na primavera e no verão, cujas
temperaturas elevadas, na faixa dos 30 graus célsius, favorecem o desfrute de seus rios, grutas
e dolinas como se pode observar na figura 12.
Figura 12 - Comportamento sazonal da emissão de Voucher no Polo Bonito-Serra da Bodoquena (MS), entre 2006 e 2010.
Fonte: Prefeitura Municipal de Bonito, 2011.
Segundo Borges (2011), a diversificação da oferta e a promoção do destino de Bonito
no segmento de negócios e eventos, a criação de medidas para desenvolver os segmentos
potenciais do destino e região (geoturismo e turismo histórico-cultural) e o desenvolvimento de
estratégias de marketing voltadas à promoção de atividades ou passeios com menor demanda,
modificam a sazonalidade turística com a otimização dos períodos tidos como baixa temporada.
36
A exemplo disso é o evento Festival de Inverno de Bonito que vem sendo realizado
estrategicamente no final de julho começo de agosto, com objetivo de prolongar o período da
alta temporada de julho que ocorre justamente por causa das férias escolares e a queda nos
preços visto que nos meses de junho a agosto é inverno e a maioria das atividades são realizadas
na água.
Vegetação e Paisagem
Em Bonito, há uma procura expressiva em relação à observação de pássaros em seu
ambiente natural, principalmente as araras com costas vermelhas muito comuns na região,
despertando nos turistas a ansiedade e curiosidade sobre esse animal, mas pode se dizer que
outros animas também tem sua fama entre os atrativos, como macacos, antas, peixes e jacarés.
Em relação a vegetação o relatório da SEMAC/SUPLAN 2011 salienta que “apesar de
expressiva, a área de pastagem plantada no município, o domínio da vegetação é de espécies
nativas da Floresta ou do Cerrado nas fisionomias Arbóreo Denso (Cerradão), Arbóreo Aberto
(Campo Cerrado) e Gramíneo Lenhoso (Campo).” A seguir pode-se observar o mapa da
vegetação (Figura 133).
Figura 13 - Mapa da Vegetação da Região Sudeste
37
Aspectos urbanos de Bonito - MS
O núcleo urbano de Bonito tem funcionado como local de recepção e de hospedagem
dos turistas. Constitui-se de um pequeno centro comercial, oferecendo opções de produtos
artesanais regionais, especialmente indígenas.
Tabela 4 - População - Região Sudeste - 2010
Na tabela 4 verifica-se que a taxa de urbanização em Bonito é de 82,46%, permitindo
afirmar que, embora seja um município de grande extensão, a maior parte da população
concentrou-se no próprio núcleo urbano da cidade.
“O segmento de turismo é gerador direto de renda para os municípios
que possuem atrativos e grande impulsionador das demais atividades
existentes, produzindo efeitos diretos e indiretos sobre a economia local e
regional, tais como, estímulo ao setor de comércio e serviços, elevação da
arrecadação tributária e geração de novos postos de trabalho....A atividade
turística também tem a capacidade de promover uma transformação
urbanística nas cidades beneficiadas, por meio da realização de constantes
investimentos em infraestrutura, como aeroportos, estradas,
telecomunicações, rede de abastecimento de água, sistema de esgoto, além da
iluminação e pavimentação de ruas...”(BRASIL - Plano de desenvolvimento
do APL de turismo e artesanato de Bonito – Serra da Bodoquena s/d).
O Plano de Desenvolvimento do APL de turismo e artesanato de Bonito afirma ser o
turismo um “gerador de renda... produzindo efeitos diretos e indiretos sobre a economia
local...”, ou seja, propagandeando o turismo de maneira que o mesmo irá ascender a economia
da cidade e trará melhorias como emprego infra estrutura etc, suprimindo assim as
consequências desagradáveis que, segundo Borges (2011), o turismo possa trazer á um
local/sociedade como lixo, depredação do meio ambiente tráfico de drogas, violência entre
outros.
38
Capitulo II - Marketing privado sobre Bonito (MS): uma aproximação geográfica
Segundo NIELSEN (2002) as várias formas de mídia oferecem vantagens e
desvantagens aos seus operadores; segundo profissionais de turismo, a televisão geralmente é
considerada o veículo de propaganda mais eficiente – com acesso a um maior número de
residências e, assim atingindo um público mais amplo. Entretanto, o crescimento e impacto
extraordinários da internet não podem ser ignorados pelos profissionais de mídia como um
avanço para as comunicações em geral, e, particularmente, as comunicações em turismo.
Dito isso, pode se dizer que este capítulo foca o marketing turístico privado feito
especialmente por meio da internet, por ter um maior alcance de informações de diferentes
lugares em menor tempo, pelo qual pretendemos analisar o marketing das agências da cidade
de Bonito – MS.
Nielsen (2002) afirma que no turismo, assim como em outros setores comerciais, as
partes interessadas precisam compreender como a população chega a tomada de decisões – seus
motivos, comportamento e expectativas. Segundo o autor, operadoras de turismo enfrentam
dificuldades nessa tarefa porque a capacidade de pensar, também torna cada pessoa diferente
da outra. A individualidade poder ser uma ferramenta valiosa na teoria da diferenciação, mas é
uma pedra no caminho dos gerentes que precisam decidir sobre tipos de serviços: o que
oferecer, para quem, quando e onde fornecer os produtos e em qual quantidade. Contudo, é
mais provável que, ao tomar a decisão de optar por um destino específico em detrimento de
outro, as pessoas tenham sido influenciadas por elementos racionais e irracionais.
Nielsen (2002) afirma que quase todas pessoas sabem algo sobre um lugar ou uma
pessoa antes de conhecê-los. As expectativas se originam em uma rede de ideias pré-concebidas
formada ao longo dos anos. As decisões sobre o turismo podem se basear não tanto em
informações dirigidas a turistas em potencial, mas em como elas são percebidas e assimiladas
em estruturas de opinião pré-existentes. A forma pela qual as informações comerciais são
manipuladas, a fim de influenciar processos comportamentais complexos de turistas podem ser
vistas nas propagandas exibidas nas páginas que se seguem.
“Em publicidade, por exemplo, as características físicas (como
tamanho, cor, contraste, intensidade e posição) transmitem os vários
elementos do serviço ou destino turístico (qualidade, preço, disponibilidade,
escolha, originalidade) a fim de chamar a atenção e, por fim, aumentar as
vendas. A forma pela qual a mensagem anunciada e a não-anunciada é
decodificada pelos consumidores em potencial é vitalmente importante. Usar
a mídia comercial não garante que a ligação entre os objetos de informação e
39
desejos comerciais possa se concretizar, porque o comportamento referente à
tomada de decisão do ser humano é dinâmico e imprevisível.”
(NIELSEN,2002, p. 59).
ATRATUR
O consórcio empresarial hegemônico dos Atrativos Turísticos de Bonito e Região
(ATRATUR) é uma entidade de pessoa jurídica de direito privado, sem fins lucrativos e
econômicos fundada em maio de 1996 por um grupo de empresários locais. Sua missão é:
"Promover o destino Bonito e Serra da Bodoquena através da união e
fortalecimento dos atrativos turísticos e da integração com os demais elos do
trade e poder público, buscando a excelência nos serviços e o desenvolvimento
sustentável da região." (ATRATUR – Site
http://www.atrativosbonito.com.br/quem-somos. Acesso em 19/07/2015às
15:27)
A ATRATUR tem se destacado no cenário turístico de Bonito por ser uma das
associações mais atuantes e com maior representatividade do setor. Há mais de 17 anos a
ATRATUR, por meio de parcerias com setores públicos e privados, vem trabalhando em prol
do desenvolvimento da atividade turística da região de Bonito contribuindo significativamente
com a promoção e comercialização do Destino Bonito/Serra da Bodoquena, na capacitação
da mão-de-obra local, no fortalecimento do associativismo, na melhoria dos serviços turísticos
prestados e em ações sociais à comunidade Bonitense. A associação é administrada pela
Assembleia Geral composta por seus associados, pela Diretoria e pelo Conselho Fiscal.
A lista de associados segundo o site da ATRATUR10: Abismo Anhumas; Balneário
Ecológico do Sol; Balneário Ilha Bonita; Barra do Sucuri; Boca da Onça Ecotur; Boia Cross do
Hotel Cabanas; Bonito Aventura; Buraco das Araras; Ceita Corê; Centro de Convenções Aldeia
Eventos; Eco Park Porto da Ilha; Estância Mimosa Ecoturismo; Fazenda San Francisco; Grutas
de São Miguel; Nascente Azul; Parque das Cachoeiras; Parque Ecológico Rio Formoso; Praia
da Figueira; Projeto Jiboia; Recanto Ecológico Rio da Prata; Rio Sucuri; Taboa Fabrica de
Encantos; Ybirá Pe; Ygarapé Passeios.
A ATRATUR canaliza informações turísticas de Bonito e região para uma melhor
organização do turismo privado, visto que a grande maioria dos pontos turístico veem de
parcerias privadas.
10 Site da ATRATUR http://www.atrativosbonito.com.br/quem-somos. Acesso em 09/11/2015.
40
Lembrando que uma mensagem é mais do que uma boa intenção, ela também deve ser
confiável antes que o público possa ser persuadido. Não informar o turista de um detalhe pode
equivaler a censura, mas oferecer a informação errada ou fazê-lo deliberadamente é igualmente
inaceitável. Uma simples página na internet mostra não só uma grande quantidade de
informações sobre excursões e destinos oferecidos, mas também revela muito sobre a empresa
em si, como suas políticas referentes à censura e honestidade. (NIELSEN, p. 86)
A ATRATUR disponibiliza também em seu site informações sobre os passeios turísticos
oferecidos pelas agências turísticas associadas, divididos em Aventura, Cachoeiras, Gruta,
Balneário, Contemplação e atrativo urbano, Flutuação e Mergulho.
Sobre a Gruta do Lago Azul e a Gruta de São Miguel, que estão entre os mais conhecidos
atrativos turísticos em Bonito, encontram-se as seguintes propagandas:
“A Gruta do Lago Azul, descoberta por um índio Terena em 1924, é
dos cartões postais mais belos entre todas as paisagens naturais da região. Com
seus 80 metros de profundidade e 120 metros de largura e um visual de águas
cristalinas de tirar o fôlego, o lugar impressiona não apenas pela beleza, mas
também pela perfeição da natureza na construção de estalactites e
estalagmites, formações rochosas que ao longo de séculos se originaram e
cresceram no interior da gruta. Não é por acaso que a Gruta do Lago Azul é
considerada Monumento Natural. O tombamento feito em 1978 pelo IPHAN
(Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) garantiu a sua
preservação e, como parte importante dessa preocupação, o acesso é
rigorosamente controlado. Para chegar até lá os turistas percorrem uma trilha
até a entrada da caverna e têm de encarar 300 degraus de escadaria rústica,
mas nada disso representa obstáculo diante do espetáculo da
natureza.” (ATRATUR - http://www.atrativosbonito.com.br/atrativo-114-
gruta+da+lago+azul. Acesso em 01/11/2015).
Figura 14 - Gruta da Lagoa Azul
41
“As Grutas de São Miguel dispõe de um ambiente e infraestrutura
aconchegante e confortável, com bar, banheiros, cafezinho free. Enquanto
aguarda o momento do passeio, podem-se observar muitos pássaros e animais
silvestres como: Guaxes, araras, lobinhos, cutias e muito outros. Disponibiliza
de um vídeo ilustrativo e de um espaço com artefatos indígenas da tribo da
região.
O acesso as Grutas é feito por trilha suspensa em meio ao cerrado com
vista para as copas das arvores com paradas em um mirante com visão
panorâmica. Por ser uma cavidade seca o visitante tem o diferencial de
caminhar ao lado das formações de espeleotemas como: estalactites,
estalagmites, travertinos, além da coruja suindara que habita a caverna. E
assim compreender melhor o passeio. O retorno é feito com carrinhos
elétricos.”
Faça Sol, Faça Chuva... Faça São Miguel! (ATRATUR -
http://www.atrativosbonito.com.br/atrativo-114-gruta+da+lago+azul.Acesso
em 01/11/2015)
Figura 15 - Gruta de São Miguel
Note -se que as informações sobre as respectivas atrações turísticas mostram como as
grutas foram adaptadas para a chegada dos turistas, como se vê na Figura 155, as
transformações foram feitas no interior das grutas (implantação de escada, corrimão, e
iluminação artificial) e que em alta temporada pode sim haver um descontrole e ter as grutas
sua capacidade de visitação aumentada.
Cabe ressaltar que nesses locais existem uma série de regras que visam a sua
conservação. As agências responsáveis pelos passeios estabelecem uma determinada
capacidade de carga que é limitada para cada atrativo. Alguns cuidados são recomendados para
que a visitação não se torne degradadora, como por exemplo na Gruta do Lago Azul é
42
recomendável: não fazer muito barulho, não tocar nas rochas onde caí água, não tocar na água
do lago (MARIANI in RODRIGUES, 2003).
Compreender o processo pelo qual os turistas buscam informações é importante, visto
que a tomada de decisão por parte do turista não é determinada isoladamente, mas é baseada
em vários fatores psicológicos, sociais e econômicos, por isso definir e compreender seu
processo é, portanto, difícil (NIELSEN, 2002).
Segundo Milton Mariani (apud MARIANI in: RODRIGUES, 2003)
“as águas cristalinas, a ictiofauna aquática e o relevo cárstico constituem em
elementos de atração e de motivação para o turista que visita o município de
Bonito. É o ambiente natural que é valorizado pelo turista na percepção /
composição de sua imagem. Isto não se deve apenas ao modismo do culto à
natureza ou à vida saudável que estamos vivendo. Aliado a estes fatos, há que
se considerar a transformação do “natural” e da “natureza” em mercadoria.”
Guilherme Velasquez (2010) acrescenta a questão da busca por locais onde a riqueza de
recursos naturais é expressiva pelos amantes de natureza, que sentem hoje a necessidade de sair
do ambiente deteriorado das grandes metrópoles. Partindo-se dessas considerações, infere-se
que a suposta tranquilidade aliada à riqueza dos recursos naturais de Bonito são valorizadas em
função da motivação dos visitantes. Tal motivação seria, entre outras, fugir do ambiente
estressante da vida cotidiana nas grandes cidades, buscando então o descanso e o contato com
a natureza. Não por acaso, parte expressiva dos turistas que visitam Bonito são moradores de
grandes cidades do Brasil e do Exterior.
Figura 16 - Rio Sucuri http://www.cvc.com.br/destinos/brasil/bonito.aspx. Acesso 09/08/2015 ás 10:14
Ainda segundo Mariani (apud Mariani in RODRIGUES, 2003) o Aquário Natural Baía
Bonita e o Rio Sucuri — são áreas de flutuação e possuem como equipamento básico a máscara
de mergulho, esnorquel, colete salva-vidas e roupa de neoprene. Os impactos gerados pela
43
atividade turística nesses rios foram o desmatamento de partes da mata ciliar, a utilização da
água do rio para o abastecimento do receptivo, e, uma certa descaracterização da paisagem.
Em um conjunto de propagandas, duas visões sobre o mesmo lugar, em Bonito,
destacam-se: a visão de um destino paradisíaco e a visão mais rotulada até então, a de destino
ecoturístico, conforme apresentadas a seguir:
Bonito como destino paradisíaco
Figura 17 – Propaganda do Site - Fonte: http://ygarape.com.br/ 19/07/2015
A ideia de Paraíso, sinônimo de santuário, templo, èden e origem têm sido aproveitado
pelas revistas especializadas como complemento a fotografias de locais de rara beleza natural.
Cuidadosamente editadas (algumas imagens são alteradas no computador para parecerem mais
impressionantes), essas publicações oferecem imagens atraentes, numa profusão de cores, a fim
de despertar a atenção, estimular o interesse e potencializar, assim, o desejo que conduz ao
provável consumo de seus produtos, conforme aponta Rodrigues (2003).
“Quando se fala ou se pensa em paraíso, geralmente recorda-se
de um lugar muito distante no espaço e remoto no tempo, representado
pela imagem de um pedaço de terra, na forma de um jardim perfeito, o
primeiro endereço residencial do homem. Entendido como sinônimo de
lugar onde as pessoas se revitalizam na presença de uma natureza
exuberante e caprichosa. Composto de água abundante e límpida,
diversas árvores plantadas em solo fecundo, num clima cuja primavera
é eterna, numa explosão de cores, aromas e sabores.” (RODRIGUES,
2003, p. 17).
44
Essa imagem construída de paraíso é uma das grandes representações do universo do
sagrado e encontra-se como parte integrante da memória ocidental, justamente por causa da
Bíblia, símbolo religioso e seguido por diversas ordens religiosas, que transforma o paraíso em
eterno e inquestionável com o oferecimento de lazer, preguiça e contemplação.
Segundo Rodrigues (2003) o paraíso é construído provocando-se muitas das "imagens
primordiais", localizadas nas camadas mais profundas do inconsciente, envolvendo sentimento e
pensamento, manifestando cognições mentais pré-existentes e armazenados, impulsionados por uma
carga de sugestões, que despertam o desejo e as necessidades para o atendimento das ideias
influenciadas pelas revistas, traduzidas por aquisição e consumo do produto.
O Turismo transforma a ideia de paraíso perdido em um lugar na terra viável ao alcance de
todos, bastam um simples pagamento. O Turismo conseguiria promover o encontro do ínvido com o
paraíso, realizando um desejo antigo de retorno ao éden.
“A diferença entre o paraíso possível e aquele da imagem
bíblica, em que se apoia, é que o primeiro é proposto pelo homem e está
vinculado às benesses da carne e o outro, ao contrário, ligado ao espírito
enquanto estado de equilíbrio entre as coisas. A angústia do homem
moderno e a complexidade nos cenários da vida urbana entre outros
fatores fazem com que o homem institua, como sinônimo de sua
libertação desse cotidiano indiferente e impassível, numerosos e
variados lugares criados com essa finalidade.” (RODRIGUES, 2003, p.
26).
Como exemplo, a propaganda da operadora Ygarapé ressalta:
Figura 18 - Propaganda Operadora Ygarapé – Fonte: http://agenciaygarape.com.br/ Acesso em 09/08/2015 ás 10:53
45
“Bonito Scuba: Supere-se fazendo um mergulho de batismo nas
águas mágicas do Rio Formoso e surpreenda-se com uma nova visão da fauna
e flora aquática. Ou então se aventure fortemente, caso já tenha credencial de
mergulho, e faça um mergulho no Abismo Anhumas, em um cenário
encantado e emocionante. E permita-se viver emoções fortes. Experimente
novas emoções em sua vida”
Outo exemplo de Folder da agência Surucuá que associa Bonito como um paraíso,
“paraíso natural”.
Figura 19 - Folder de Bonito – Fonte: https://www.facebook.com/MultiFrequencia/photos
Bonito como destino ecoturistico
Conforme Dias (1998), na formação de centros turísticos, a população nativa é, na
maioria das vezes, afastada de sua moradia de origem. Isso se deve à explosão imobiliária que
eleva os preços significativamente “obrigando” a população a vender suas terras e deslocarem-
se para outros lugares, muitas vezes às margens da cidade, participando, assim, informalmente
e marginalmente da economia, seja menosprezando seus próprios valores culturais-
econômicos-sociais ou se submetendo aos novos padrões, trazidos pelos turistas.
Na verdade, a força e a sede do capital em se multiplicar frente a uma atividade
altamente lucrativa, acaba por transpor todos os obstáculos que venham surgir, mesmo às custas
de uma descaracterização cultural. Isto decorre, principalmente, em função do capital investidor
(hotéis, restaurantes, agências de turismo etc.) vir quase sempre de fora. Tem-se, então, uma
situação em que a população local passa a viver à margem de um circuito que lhe pertence,
46
participando apenas passivamente do processo (DIAS, 1998). Tal constatação explica uma
notícia como esta, veiculada recentemente, sobre “Projeto conhecer Bonito 2015”:
“Na terça-feira (27) será assinado na sede da ATRATUR o convênio
do "Projeto Conhecer Bonito 2015" com a Prefeitura para 2015. Uma das
ações mais sustentáveis de 2015 - O Projeto "Conhecer Bonito" vêm trazendo
visibilidade para Bonito/MS. Estarão presentes os membros da diretoria da
ATRATUR, bem como o Prefeito Leleco.
Este projeto que têm como objetivo integrar o turismo com a
comunidade local já atendeu mais de 325 alunos das escolas publicas
municipais. E este ano, pretende atender ainda mais tendo em vista um
cronograma mais latente de visitas técnicas aos atrativos turísticos da região.
Segundo o Presidente da ATRATUR - Marcos Dias Soares - "Este ano já
temos a colaboração de novos atrativos para com o projeto e pretendemos
inovar ainda mais o cronograma de visitas"
O projeto é uma ação sustentável por integrar a comunidade local com
os atrativos a fim de gerar novas oportunidades e perspectivas para com os
alunos da disciplina de "Noções Básicas de Turismo". "É muito bom ter o
apoio do poder público nesta ação que só tem a beneficiar à todos", afirma
Marcos” (Gustavo Almeida
http://www.atrativosbonito.com.br/pt,713,projeto-conhecer-bonito-2015).
A partir dessa notícia pode se inferir que a comunidade local tem pouco ou nenhum
acesso aos atrativos, visto que se há a necessidade de uma “ação sustentável”, então
compreende-se que há a falta de políticas de acesso aos atrativos, como um transporte público,
por exemplo. E também o fato de que somente levar as crianças para conhecerem os atrativos,
não quer dizer que elas terão visão crítica daquilo que lhes é apresentado, essas ações são
insuficientes para a população local se conscientizar do próprio território.
MENDONÇA (1996) ainda ressalta que, "a desconsideração dos elementos culturais
locais no planejamento e desenvolvimento de atividades turísticas está profundamente
relacionada à degradação ambiental gerada na grande maioria das localidades turísticas, tanto
no Brasil como no exterior, podendo encontrar-se exemplos semelhantes em todo o mundo".
O movimento do ecoturismo em direção a áreas de grande beleza naturais relativamente
preservadas alimenta e é alimentado pelo mito do eterno retorno ao paraíso perdido, encoberto
de mistério e de elementos valorizados pela cultura ocidental como o sol, a água, a fertilidade,
o verde, as flores, a mulher e o pecado.
A seguir, algumas propagandas de passeios que exploram a visão Ecoturística, de
Bonito, tirados do site da ATRATUR.
47
Figura 20 - Atração turística: Mergulho
DIVE BONITO - PASSEIO SUBAQUÁTICO
“O passeio subaquático é uma aventura segura, que permite ao
participante realizar um sonho de viver um momento como um peixe e ao
mesmo tempo participar de uma atividade de ecoturismo onde pode interagir
direto com o meio ambiente e entender de forma prática a presença da
complexa biodiversidade aquática, cenário de muita evolução dos seres vivos.
Com apenas 10 anos de idade qualquer pessoa já pode se aventurar,
acompanhada por um guia habilitado, que cuidadosamente passará instruções
de segurança e treinamento para uma boa navegação e assim permanecer em
média 40 minutos submerso em águas cristalinas repleto de bolhas formadas
tanto pela respiração dos mergulhadores quanto pela cachoeira do rio; é,
portanto uma das atividades de mergulho mais difundida no mundo. Venha
você também se encantar com a melhor aventura aquática de Bonito.”
(http://www.atrativosbonito.com.br/inicio. Acesso em 13/09/2015 ás 12:15)
Nessa propaganda em especial não é a única a ressaltar que algumas atividades/ passeios
são seguras; esta afirma ser os passeis subaquáticos uma “aventura segura”, de maneira a atrair
mais visitantes ao local. Se pensarmos que para se mergulhar com equipamentos técnicos é
necessário um curso de capacitação, não seria um cursinho rápido a beira do rio que fará uma
pessoa especialista em mergulho, então contradizendo a propaganda o mergulho não é uma
“aventura segura”. E segundo Grechi et al. (2010), os passeios de botes vêm provocando danos
nas frágeis estruturas das cachoeiras da região, que são formadas pela longa deposição e pela
formação de tufas calcárias; o constante atrito dos barcos com os turistas têm provocado um
desgaste constante. Já os passeios de flutuação, embora provoquem impactos menores, também
48
é fonte de preocupação dos ambientalistas, em razão das alterações que provocam no
comportamento da ictiofauna local.
BALNEÁRIO MUNICIPAL
“As águas cristalinas do Rio Formoso permitem uma visão nítida de
peixes de cores e tamanhos variados. Dispõem de estacionamento, quadras de
vôlei e futebol de areia, lanchonetes e restaurantes, além de quiosques com
churrasqueiras e sanitários (adaptados para cadeirantes). É um lugar
apropriado para passar o dia e se refrescar em um rio de águas cristalinas e
com uma grande quantidade de peixes. Observação: O Guia de Turismo fica
de plantão no atrativo para atender os turistas.”
(http://www.atrativosbonito.com.br/inicio. Acesso em 13/09/2015 ás 12:15)
Figura 21 - Balneário municipal
No caso dos balneários, os impactos ocasionados ao ambiente ocorrem por: alterações
promovidas nas margens de rios que, nesta imagem revela ter sido concretada destruindo a mata
ciliar; pela sobrecarga de visitantes em algumas épocas do ano e; pela descaracterização da
paisagem em si, já que a própria natureza foi alterada para melhor acomodar os turistas.
Ressalta-se, também, que no Balneário do Sol, há animais selvagens presos em cativeiro
expostos a câmeras com flash, que disparado sem controle podem levar os animais a um estresse
profundo, já que o flash prejudica e assustas os animais.
49
Figura 22 - Balneário Municipal
Na figura 22 nota-se que a imagem foi alterada, os peixes não ficam em estado de inércia
e ao nadarem levantam a areia fina debaixo do rio raso e não vemos nenhuma menção a isso
nessa imagem, muito parece que os peixes foram de alguma maneira colocados ali através de
um editor de fotos. A finalidade dessa imagem é ressaltar as águas límpidas de Bonito e
impressionar as pessoas para que despertem nelas a motivação de visitação. Aumentando assim
a perspectiva de turistas na região.
Todo setor tem seu impacto positivo e negativo, see por um lado, alcança-se o
desenvolvimento econômico no município, por outro, o fluxo de pessoas gerado pela atividade
turística acaba por colocar em risco as riquezas naturais do ambiente, já que esta é geralmente
realizada em ambientes frágeis, suscetíveis à degradação do ambiente.
É nessa perspectiva que existe a preocupação em se planejar o turismo, mitigando
aspectos negativos, o que deve ser visto como prioridade. Isso porque Bonito é tido como um
exemplo de turismo ecológico no Brasil, o que pressupõe, entre outras coisas, eficiência nos
mecanismos de conservação da natureza. Há tempos já se sabe que o uso demasiado de qualquer
ambiente excede a sua capacidade natural de resiliência, conforme destaca Grechi et al. (2010).
50
Figura 23 - Primeira Edição do Guia da ATRATUR – Fotne: http://atrativosbonito.blogspot.com/2010/03/atratur-
realiza-entrega-de-guia.html
Figura 24 - Revista Viagem e Turismo – Fonte: http://www.portalbonito.com.br/noticias/materias-de-bonito-na-
midia/3786/bonito-e-regiao-e-destaque-da-revista-viagem-e-turismo
A figura 24 foi destaque da edição de outubro de 2012 da Revista Viagem e Turismo,
publicação da Editora Abril, a qual traz em suas páginas uma reportagem sobre o “melhor
destino de ecoturismo brasileiro: Bonito, no Mato Grosso do Sul.”
51
Capitulo III – Características do Marketing público de Bonito (MS).
O Marketing Público Federal
Segundo o site do Ministério do Turismo11, seu objetivo se caracteriza pelo
Desenvolvimento do “turismo como uma atividade econômica sustentável, com papel relevante
na geração de empregos e divisas, proporcionando a inclusão social”. Possui uma estrutura
organizacional dividida em Secretaria Nacional de Políticas do Turismo, com o papel de
executar a política nacional para o setor, orientada pelas diretrizes do Conselho Nacional do
Turismo, sendo responsável também pela promoção interna e pela qualidade da prestação do
serviço turístico brasileiro. Já a formulação dos planos, programas e ações destinados ao
fortalecimento do turismo nacional fica a cargo da Secretaria Nacional de Programas de
Desenvolvimento do Turismo. O órgão possui atribuição de promover o desenvolvimento da
infraestrutura e a melhoria da qualidade dos serviços prestados.
Já a Embratur (Instituto Brasileiro de Turismo), que também compõe essa estrutura, foi
criada em 18 de novembro de 1966 como Empresa Brasileira de Turismo, com o objetivo de
fomentar a atividade turística ao viabilizar condições para a geração de emprego, renda e
desenvolvimento em todo o país e, desde janeiro de 2003, junto com a instituição do Ministério
do Turismo, a atuação da Embratur concentra-se na promoção, no marketing e no apoio à
comercialização dos produtos, serviços e destinos turísticos brasileiros no exterior.
O Ministério do Turismo lançou, no primeiro semestre de 2015, uma campanha
intitulada #EntãoMeApaixonei, na qual convida viajantes a divulgarem seus destinos preferidos
pelo Brasil, gerando uma propaganda simples, mas muito eficiente, no sentido de alcance
espacial, a custo baixíssimo, já que os próprios turista, enviam fotos e um pequeno vídeo que,
será transformado em um curto filme. Como é divulgado por meio de redes sociais12, o alcance
é muito grande; uma publicação apenas chegou a ser visualizada por 811,2 mil pessoas.
11 MINISTÉRIO DO TURISMO - http://www.turismo.gov.br/institucional.html. Acesso em 06/11/2015
12 Os vídeos de Bonito podem ser vistos no facebook do Ministério do Turismo Os vídeos de Bonito
podem ser vistos no facebook do Ministério do Turismo por meio do site:
https://www.facebook.com/MinisteriodoTurismo/videos
52
Outra proposta de divulgação feita pelo Ministério do Turismo em parceria com a
Embratur é o Plano Aquarela, que visa desenvolver o turismo no Brasil frente aos megaeventos
realizados no país como foi o caso da Copa do Mundo de 2014 e, ano que vem, dos Jogos
Olímpicos de 2016, megaeventos colocam o Brasil na mídia internacional gerando condições
para atingir um novo patamar na promoção como destino turístico global. As estratégias e metas
e os objetivos de marketing internacional do turismo brasileiro no Plano Aquarela 2020:
Marketing Turístico Internacional do Brasil (s/d) aqui apresentados correspondem a um
planejamento de promoção do país internacionalmente. O Plano Aquarela 2020 também
promove o país por meio de seu site13, onde se pode ver as informações nele contidas em
diversos idiomas, como inglês e espanhol. A divulgação de Bonito também está presente como
destino ecoturístico como veremos mais adiante.
O Marketing do Governo do Estado de Mato Grosso do Sul
No âmbito Estadual, o marketing de Bonito é feito pelo Governo de Mato Grosso do
Sul, Secretaria de Estudo de Meio Ambiente das Cidades, do Palanejamento, da Ciência e
Tecnologia; com indicadores básicos do Estado, dos Municípios e do Turismo, e, a FUNDTUR
(Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul), também criada pelo Estado com o objetivo do
desenvolvimento turístico dos municípios que o integram.
A publicação do Plano de Marketing (versão final): Pólo Bonito – Serra da Bodoquena
(2014) revela a significativa importância da região de Bonito para o desenvolvimento do
turismo no Estado:
“...a construção do presente plano de marketing considerou que há
necessidade de se diversificar os atrativos turísticos do polo, promover a
estruturação de roteiros turísticos, capacitar recursos humanos, envolver as
comunidades locais e resgatar o sentimento de pertencimento dentro da
atividade turística, desenvolver parcerias, conhecer detalhadamente o que o
turista deseja e espera do polo, e promove-lo nos mercados nacionais e
internacionais” (MATO GROSSO DO SUL, 2014, p. 14).
Ainda segundo o Plano de Marketing (2014), o sistema voucher é uma peculiaridade
existente na gestão da visitação turística do Polo Bonito-Serra da Bodoquena (MS), sendo
possível com ele, estimar o fluxo de turistas como no quadro 3, e até avaliar quantitativamente
os seus principais atrativos. Esse sistema de gestão de visitantes permite determinar indicadores,
como o fluxo de visitação, índices de crescimento, estimativa de fluxo e sazonalidade, além de
13 http://www.visitbrasil.com/
53
gerir as visitações por atrativo, de acordo com sua capacidade operacional. Contudo, esse
instrumento limita-se aos atrativos por ele controlados, o que, dependendo do número de
atrativos turísticos gerido pelo sistema Voucher Único, podem ocorrer dados discrepantes da
real demanda do destino. Os balneários, mesmo aqueles localizados no município de Bonito
não exigem, obrigatoriamente, a apresentação do Voucher para a entrada no empreendimento
turístico.
Tabela 5 - A Movimentação Turística
Mais de trinta atrativos estão em condições de receber turistas, conforme o Plano de
Marketing (2014), mas conforme controle de visitação do sistema Voucher Único da prefeitura
municipal de Bonito, verifica-se na Tabela 6, que os atrativos abaixo concentraram mais de
50% do fluxo de visitação.
Tabela 6 - Relação dos atrativos turísticos mais visitados no Polo Bonito-Serra da Bodoquena (MS), entre 2006 e
2010, segundo o Plano de Marketing Polo Bonito (2014)
Atrativos 2006 2007 2008 2009 2010
Gruta do Lago Azul 42.847 41.716 38.226 54.268 52.935
Bote Iberê/ Natura/ Ború 29.174 31.081 24.412 40.539 40.498
Rio Sucuri 16.803 20.702 17.833 28.059 27.167
Aquário Natural 16.622 12.850 9.361 19.011 20.316
Bonito Aventura 2.668 2.670 1.160 1.147 D.N.D
Estância Mimosa 8.031 6.342 6.735 12.790 13.265
Rio do Peixe 7.799 8.922 5.840 10.935 11.033
Parque das Cachoeiras 7.163 4.293 4.640 8.508 9.358
Balneário Municipal 10.665 9.944 D.N.D D.N.D D.N.D
Rio da Prata 10.909 7.037 D.N.D D.N.D D.N.D.
Total de visitações no ano 210.453 195.237 170.006 266.539 276.164
54
Ainda com base nos dados do sistema Voucher, ao analisar os passeios
mais comercializados nestes atrativos de maior visitação, verifica-se que a
flutuação e banhos são os passeios mais realizados. Essas informações
indicam uma concentração da atividade turística em poucos atrativos e
voltados a um número limitado de passeios, o que abre a possibilidade de
ampliação da oferta através da diversificação do portfólio de produtos.
(MATO GROSSO DO SUL, 2014, p. 23)
Observa-se que na frase acima há a intensão de aumentar os atrativos turísticos como
uma maior opção ao visitante reafirmando assim a natureza como mercadoria, ou seja, o
aumento dos atrativos elevaria o fluxo de turistas para a região tornando a natureza mais
subjugada ao turismo, visto que os atrativos mais visitados são todos naturais, voltados ao
segmento de ecoturismo, pois os atrativos culturais do polo apresentam um fluxo reduzido.
O Marketing feito pela Prefeitura Municipal
O município possui o Observatório do Turismo de Bonito (OTB), um centro de
pesquisas que tem como objetivo o levantamento de dados sobre a atividade turística no
território municipal. Parte da primeira edição do relatório do OTB está apresentada abaixo.
Observe que a maioria dos visitantes são da cidade de São Paulo e de países fronteiriços como
o Paraguai e a Argentina. Também segundo o informativo, 95% dos visitantes são brasileiros e
somente os outros 5% são estrangeiros.
Figura 25 - Nacionalidade dos visitantes da Gruta do Lago Azul - Jan/15
55
Gráficos 1 e 2 - Origem dos Visitantes da Gruta do Lago Azul - Jan/15
Os gráficos acima mostram que a origem da maioria dos visitantes de Bonito são da
cidade de São Paulo e Rio de Janeiro que juntos ficam acima dos 50% de visitantes, já a
proximidade fronteiriça com os países do Paraguai e da Argentina explicam o porcentual
elevado de visitação desses dois países em relação aos demais.
A prefeitura também conta com o Conselho Municipal de Turismo de Bonito
(COMTUR), que implementa a Política Municipal de Turismo, junto da Secretaria Municipal
de Turismo, Indústria e Comércio, como órgão consultivo e de assessoramento, ou seja, há a
realização periódica de reuniões abertas ao público em gera. A COMTUR tem por missão:
“Formentar e normatizar a atividade turística do município de Bonito,
de forma integrada e sustentável, visando o desenvolvimento econômico e
social de toda a comunidade, através da excelência na qualidade do serviço.”
(http://www.turismo.bonito.ms.gov.br/comtur. Acesso em 08/11/2015).
Entre os programas desenvolvidos em parceria com as instituições citadas acima
são: o Programa de Desenvolvimento do Turismo no Estado do Mato Grosso do Sul
(PRODETUR) que, propõe, a partir do planejamento das áreas turísticas prioritárias,
intervenções públicas a serem implantadas de forma a ser uma alternativa econômica geradora
de emprego e renda principalmente para a população local. Os investimentos do programa são
56
operacionalizados pelo Ministério do Turismo (MTur), que orienta tecnicamente as propostas
estaduais e municipais; em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e
com a Corporação Andina de Fomento que atuam como financiadores internacionais.
A partir do PRODETUR desenvolveu-se o Plano de Desenvolvimento Integrado do
Turismo Sustentável (PDITS) da região de Bonito, que consiste em um instrumento de
planejamento do turismo em uma área geográfica selecionada e, tem por objetivo principal
orientar o crescimento do setor em bases sustentáveis, em curto, médio e longo prazo,
estabelecendo as bases para a definição de ações, as prioridades e a tomada de decisão.
Constitui, portanto, o instrumento técnico de gestão, coordenação e condução das decisões da
política turística e de apoio ao setor privado, de modo a dirigir seus investimentos e melhorar a
capacidade empresarial e o acesso ao mercado turístico
(http://www.turismo.gov.br/turismo/programas_acoes/regionalizacao_turismo/prodetur.html.
Acesso em 06/11/2015).
Já o Plano de Desenvolvimento do Turísmo Sustentável do Mato Grosso do Sul
(PDTUR/MS) promoveu o levantamento detalhado do potencial turístico dos 77 municípios do
Estado e a elaboração dos seus respectivos Planos de Desenvolvimento Municipal do Turismo;
O PDTUR/MS possui um banco de dados de referência do Estado para subsidiar as ações de
planejamento turístico.14
Tais atividades, segundo o arranjo produtivo local (APL) de turismo e artesanato da
região de Bonito (s/d)15, estimulam a criação de empresas e mercados voltados à necessidades
do turista constituindo assim um arranjo produtivo:
“Dentro desta perspectiva percebe-se que o setor público tem feito a
sua parte no sentido de organizar e fortalecer sua gestão interna e tem
promovido uma ação continuada na busca de investimentos externos para
melhoria do desempenho dentro de suas competências e atribuições. Os
investimentos externos juntamente com esforços internos, somados a decisões
políticas negociadas com os cidadãos e iniciativa privada, tem tido um
consequente desdobramento em planejamento estratégico municipal e
setoriais (priorizando ações e investimentos), planos operacionais de gestão e
um processo de avaliação e melhoria constante do desempenho municipal”.
14 BRASIL - Plano de desenvolvimento do APL de turismo e artesanato de Bonito – Serra da Bodoquena
s/d. 15 Idem.
57
Nenhuma das três instâncias do Governo veicula o marketing de Bonito como destino
paradisíaco, entretanto, a visão de Bonito como destino ecoturistico é constantemente divulgada
e propagandeada em vários veículos de informação como redes sociais, revistas, folders etc.
Bonito como destino ecoturistico
Esse logo está no site da prefeitura de Bonito e reafirma a cidade como destino
ecoturístico. Observe abaixo alguns exemplos encontrados em revistas e sites disponibilizados
pelo Governo, sobre o marketing da região.
Figura 26 – Propaganda de Bonito em ônibus em NY- http://www.portalbonito.com.br/noticias/noticias-
geral/3060/ministerio-do-turismo-divulga-bonito-em-onibus-de-new-york
Segundo o Portal Bonito foi lançado nos Estados Unidos, pela Secretaria de Turismo
Indústria e Comércio, em parceria com o Governo do Estado, Fundação de Turismo, e do
Governo Federal, Ministério do Turismo nos Estados Unidos a promoção de Bonito como
destino ecoturistico, no período de 15/03/2010 a 28/08/10, 02 ônibus plotados com imagens de
Bonito, realizavam city tour pela cidade de Nova Iorque, com população estimada em mais de
8 milhões de habitantes. De acordo com o secretário de Turismo, Indústria e Comércio de
Bonito, Augusto Mariano, ações como esta atraem turistas do mundo todo e fazem com que
Bonito a cada ano que passa supere metas, batendo recordes de visitação e recebimento de
turistas.
A propaganda feita em Nova Iorque mostra que o marketing não tem fronteiras,
buscando aumentar o fluxo de visitantes dos EUA, criou-se então, essa promoção que objetiva
58
o aumento do fluxo de turistas contradizendo assim o termo “ecoturístico” criado para, entre
outras, assegurar a mínima degradação ambiental, mas ao colocar ônibus em uma metrópole dá
se a entender que o marketing planeja o adensamento de visitantes, o chamado turismo de
massa, que pode prejudicar ainda mais o meio ambiente regional.
Na figura 27, distribuído pela prefeitura de Bonito, consta o slogan de Bonito como “a
capital do ecoturismo”, reafirmando assim Bonito como uma cidade-mercadoria, reduzida a um
só escopo turístico.
Figura 27 - Propaganda de Bonito
Figura 28 - Site do Governo Federal
59
Já na figura 28 a imagem do site16 que identifica a cidade de Bonito como atração
ecoturistica, o detalhe é que esse site é uma realização do Governo Federal feito com intuito de
divulgação internacional.
Segundo Trentin (2001), “no contexto do ecoturismo, cada vez mais novos lugares se
utilizam da palavra ecoturismo para “vender” seus produtos turísticos. Assim as
transformações no meio ambiente natural vão acontecendo em função da prática de turismo
denominada ecoturismo...” Em Bonito, não foi diferente, colocado em lugar de destaque entre
destinações nacionais que oferecem o ecoturismo como produto, Bonito tem seu território
transformado para desenvolver o ecoturismo no município.
Assim, as transformações no município decorrem da implantação de infra-estrutura
turística, afetando em muito a conservação do ambiente em prol de uma melhor comodidade e
bem-estar do turista que vai na contramão do significade de ecoturismo tanto empregado no
marketing regional.
16 www.visitbrazil.com
60
Considerações Finais
Cheing Chao (1999) afirma que as novas formas de atividades físicas têm sido criadas
na perspectiva do contato com a natureza, onde o chamativo está na promessa de momentos de
aventura. São muito exploradas pelo ecoturismo, e surgem devido a novas tendências culturais
características da sociedade pós-industrial. Pode-se citar como exemplo o “rafting”- descida de
bote por corredeiras, a canoagem, o “rapel”- descida de corda e mosquetão por cachoeiras, o
“trekking”- caminhada por matas e florestas, entre outros. Tais atividades que se encontram
como atrativos turísticos em Bonito MS, mostram-se como uma nova forma de consumo da
natureza.
A estruturação da paisagem como mercadoria de consumo para o turismo cria uma
imagem manipulada pelo capital e pela informação, ou seja, a influência do marketing moderno
no processo de construção de uma imagem positiva constitui um dos fatores de atração turística.
Na maioria das vezes, a exploração se dá em cima das condições naturais do lugar: clima,
relevo, vegetação, águas etc. Outras vezes, são as edificações, construções históricas, conforto
e os aspectos culturais como artesanato, culinária, festas etc. A mídia seleciona, assim, alguns
desses elementos e cria uma imagem que, como um produto, é comercializado, reduzindo o
lugar a uma representação.
Isso acontece com a cidade de Bonito devido ao processo de transformação do lugar em
objeto de consumo, pela atividade turística, que se apropria de determinadas paisagens naturais,
transforma-as em folhetos, folders, e propagandas em geral insinuando uma derradeira beleza
e exotismo incentivando os turistas (consumidores) a comprarem pacotes de viagens a fim de
consumir esses lugares. Essa redução da cidade de Bonito e seu entorno à suas belezas naturais
é reafirmada pelo Estado, em suas distintas instâncias, e pela iniciativa privada todos reduzindo
a cidade a um objeto de consumo.
O “espaço turístico” concebido como mercadoria, tem por finalidade oferecer o máximo
de conforto e interatividade para o turista e neste sentido, deve dispor de uma estrutura livre de
imagens negativas. O espaço passa a ser encarado como uma fonte geradora de lucros como
afirma Carlos:
“a mimese penetra na práxis orientando-a, abarcando a repetição de
gestos e atividades que vão invadido e redefinindo os atos, seja aqueles do
ritmo do trabalho, ou no desenvolvimento do papel da mídia e dos meios de
comunicação que vão impondo comportamentos homogêneos através da
veiculação de comportamentos submetido à moda como fator gerenciador dos
61
negócios. As novas formas de comércio, com a generalização dos shopping
centers, as novas formas de lazer [como o turismo], coordenadas pelo mercado
do entreterimento que torna este dispêndio de tempo um momento produtivo
em espaços construídos como simulacros. Assim, a reprodução do espaço
aponta a direção e o caráter mundial da reprodução social, englobando
também a produção da cotidianidade” (COSTA, 2011, p. 65).
Segundo Dias (1998), apesar de Bonito carregar o rótulo de cidade turística, muitos
problemas infra- estruturais estão por serem resolvidos. Apenas uma percentagem muito baixa
(menos de 30%) da cidade é beneficiada com rede de esgoto. Além disso, o tratamento do
mesmo é ineficiente. Aliado a este fato, está a questão do lixo urbano, que ainda carece de uma
destinação mais racional.
A ampliação dos loteamentos também traz impactos ambientais, principalmente para a
fauna e flora local, pois com o desmatamento, estas espécies têm que refugiar-se em áreas de
vegetação nativa. Esses loteamentos são causados pelo crescimento elevado e desenfreado da
cidade que abriga pessoas de outras regiões em busca de oportunidades de trabalho dado o
desenvolvimento econômico gerado pelo turismo. O acréscimo na demanda por água e o
aumento da produção de resíduos sólidos também é um produto desagradável deixado pela
atividade turística.
Observa-se, nos atrativos mais visitados, margens de alguns córregos bem degradadas
devido à retirada da mata ciliar, despejo de esgoto a céu aberto, lixo e entulhos. Em alguns
pontos a presença de sulcos e ravinas que tendem a aumentar se não houver a adoção de
soluções imediatas para a mitigação dos impactos.
Outro fator se deve a grande massa de visitantes - cada vez maior, já que a crise
econômica no Brasil que vem se intensificando no último ano e além disso com a alta do dólar,
muitos brasileiros optaram por alternativas mais econômicas para viagens de fim de ano
utilizando assim, das belezas naturais do país para momentos de lazer. Bonito – MS vem sendo
um destino bastante procurado. Essa massa turística que chega à cidade, acaba por colocar em
risco a integridade das belezas de Bonito, já que juntamente com o turista, uma série de questões
negativas são desencadeadas.
62
Anexo
Anexo 1 – Primeiro Folder da cidade de Bonito Mato Grosso do Sul de 198817.
17 Disponível em http://www.sbe.com.br/ptpc/tka_v4_n1_045-053.pdf . Acesso em 10/12/2015 às 10:12
63
Anexo 2 – Mapa dos Atrativos de Bonito18
18 www.estanciamimosa.com.br. Acesso em 10/12/2015 às 10:15
64
Anexo 3 – Mapa da Cidade de Bonito19
19 www.estanciamimosa.com.br. Acesso em 10/12/2015 às 10:15
65
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