UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A LUDICIDADE ATRAVÉS DOS JOGOS NA CLASSE DE
ALFABETIZAÇÃO
Por: Beatriz Estevan Pereira
Orientador
Prof. Mary Sue Carvalho Pereira
Duque de Caxias
2010
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A LUDICIDADE ATRAVÉS DOS JOGOS NA CLASSE DE
ALFABETIZAÇÃO
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em Orientação
Educacional e Pedagógica.
Por: . Beatriz Estevan Pereira
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AGRADECIMENTOS
Agradeço aos amigos que direta ou
indiretamente contribuíram para o meu
sucesso, em especial as amigas Vera Lúcia,
Geruse e Gisele pela contribuição e
companheirismo durante este período de
convivência; pela compreensão recebida
daqueles com quem convivo; Minha querida
mãe Rosalina que tanto batalhou por mim. E
sem esquecer-se da minha amiga Lorena
que muito contribuiu para a realização desta.
Enfim...
Quero te agradecer Deus, pois sem a tua
misericórdia, sem o teu sustento nada seria
possível.
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DEDICATÓRIA
A Deus que é responsável por tudo o que
tenho e sou, que me dá força para
caminhar e as principais pessoas da
minha vida: ao meu esposo Cláudio que
tanto me apoiou e aos meus filhos Miguel
e Gustavo que são tudo na minha vida.
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RESUMO
O presente trabalho científico tem como objetivo pesquisar e contribuir
para o processo de inserção do lúdico na alfabetização, qual o papel do
orientador educacional e pedagógico, e como ele pode contribuir no auxílio aos
profissionais de educação, apresentando algumas sugestões de jogos que
poderão auxiliar na alfabetização.
As crianças, ao brincarem, aprendem com prazer, alegria e mais
tranquilidade, pois gostam de brincar e a brincadeira faz parte do seu mundo
infantil. Quando brinca, esta exercita sua capacidade de concentração e
atenção, cria um mundo de possibilidades, de situações criadoras que a levam
a autonomia, desenvolve habilidades motoras, diminui a agressividade, exercita
a criatividade e aumenta a integração, promovendo, portanto, o
desenvolvimento intelectual e social.
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METODOLOGIA
O presente trabalho científico trata-se de uma pesquisa qualitativa, onde
o primeiro momento o estudo foi marcado pelo levantamento de referenciais
bibliográficos, buscando fundamentação teórica para pesquisa. Posteriormente,
a pesquisa de campo envolvendo a temática trabalhada ao longo desta
monografia, sendo realizada através de um questionário estruturado por
questões que abordam a temática do lúdico e suas relações com o fazer
docente e o papel do orientador. Realizada com três supervisoras e três
professoras do município de Duque de Caxias, de escolas públicas atuando em
suas funções regulares.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - O Lúdico 10
CAPÍTULO II - O jogo como recurso pedagógico na alfabetização 21
CAPÍTULO III – A orientação educacional e o seu papel transformador 24
CAPÍTULO IV – A práxis da orientação educacional e pedagógica, a
docência e suas relações com o lúdico 39
CONCLUSÃO 44
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 46
ANEXOS 49
ÍNDICE 58
FOLHA DE AVALIAÇÃO 60
8
INTRODUÇÃO
“Brincar com crianças não é perder tempo, é ganhá–lo. Se é triste ver meninos sem escola, mais triste é vê-los sentados, enfileirados em salas sem ar, com exercícios estéreis à formação do homem cidadão”.(Carlos Drummond de Andrade)
O jogo e a brincadeira estão presentes em todas as fases da vida do
ser humano, tornando especial sua existência, pois no jogo, o indivíduo
aprende a aceitar regras, esperar sua vez, aceitar o resultado, lidar com
frustrações, experimentar, descobrir, inventar, além de ter estimulada a
curiosidade, a autoconfiança, a autonomia, proporcionando o desenvolvimento
da linguagem, do pensamento, da concentração, e de ser um momento de
auto-expressão e realização.
O lúdico é um assunto bastante abrangente, que vem sendo estudado
e discutido desde a Antigüidade, pelos filósofos e estudiosos que vieram antes
da Era Cristã, pois acreditavam que todo ser humano já vinha em sua essência
com uma inclinação para a diversão e para os jogos, o que explicava, de certa
forma, alguns costumes de povos primitivos em suas atividades de dança,
caça, pesca e lutas, como sendo aspectos de divertimento e prazer natural.
Atualmente, o tema jogo, como um agente facilitador da aprendizagem,
é bem mais desenvolvido por teóricos e pedagogos do que há algum tempo,
até mesmo pela preocupação cada vez maior em estar aliando o ensino a
metodologias que garantam eficazes resultados na educação.
Desta forma, a escola deve facilitar a aprendizagem utilizando-se de
atividades lúdicas que criem um ambiente alfabetizador para favorecer o
processo de aquisição de autonomia de aprendizagem. Para tanto, o saber
escolar deve ser valorizado socialmente e a alfabetização deve ser um
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processo dinâmico e criativo através de jogos, brinquedos, brincadeiras e
musicalidade.
Com a utilização desses recursos pedagógicos, o professor poderá
utilizar-se, por exemplo, de jogos e brincadeiras em atividades de leitura ou
escrita em matemática e outros conteúdos, devendo, no entanto, saber usar os
recursos no momento oportuno, uma vez que as crianças desenvolvam o seu
raciocínio e construam o seu conhecimento de forma descontraída.
Sendo assim, O orientador educacional e pedagógico precisa auxiliar e
preparar os professores para estimulando-os para que reflitam sobre a
importância da inserção das atividades lúdicas na alfabetização, pois o lúdico é
uma opção de trabalhar o conhecimento de forma prazerosa.
Portanto, no desenvolvimento deste trabalho investigaremos a
importância do lúdico na alfabetização, qual o papel do orientador educacional
e pedagógico, e como ele pode contribuir no auxílio aos profissionais de
educação, apresentando algumas sugestões de jogos que poderão auxiliar na
alfabetização.
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CAPÍTULO I
O LÚDICO
A origem da palavra lúdico vem do latim “ludus”, que, em sua
etimologia, quer dizer jogo. Traduzida também no dicionário como relativo a
jogos, brinquedos e divertimento, entretanto, na prática, seu significado
ultrapassa esse conceito.
O lúdico apresenta históricos desde a época medieval, quando a norma
pedagógica era o ensinar brincando. Alguns educadores buscavam tornar a
aprendizagem mais diversificada, através de adivinhas, charadas, anedotas e
jogos, como xadrez, por exemplo.
Com o passar dos anos, essa temática veio adquirindo dimensões
ainda maiores. Mais precisamente nos anos 70, os jogos assumiram uma
visibilidade abrangente na área educacional. Baseadas nos trabalhos de
Piaget, diferentes publicações tratavam do assunto.
“O jogo é um caso típico das condutas negligenciadas
pela escola tradicional, dado o fato de parecerem
destituídas de significado funcional”. (Jean Piaget)
Para Piaget (1976), o jogo é uma atividade preparatória, o indivíduo
que joga desenvolve suas percepções, sua inteligência, sua curiosidade em
estar experimentando, além de seus valores sociais. É pelo fato de o jogo ser
um meio tão valioso e eficiente na aprendizagem, que em todo lugar em que se
consegue transformar leitura, cálculo, ortografia em brincadeira, observa-se
que os alunos se apaixonam por essas ocupações tidas comumente como
maçantes.
Machado (1998), em considerações do que venha a ser a ludicidade no
ensino, afirma que “nem sempre jogo significa atividade lúdica”. O jogo, para
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ser lúdico, precisa gerar uma tensão positiva suficiente para não prejudicar o
aprendizado do aluno, tem de levar à ação e não à frustração.
Antunes (2000) parte de um princípio etimológico ao considerar jogo
como sendo “um divertimento, brincadeira, passatempo sujeito a regras que
devem ser observadas quando se joga”. Além de “balanço, oscilação, astúcia,
ardil, manobra”, e amplia a noção, explicando que estes devem sempre
oferecer meios ao crescimento do indivíduo na aprendizagem, como pessoa, e
não precisam estar necessariamente dentro de uma competição entre grupos
em que um tem de ganhar e o outro perder.
Para Antunes (2000), o jogo é o mais eficiente meio estimulador das
inteligências, permitindo que o indivíduo realize tudo que deseja. Quando joga,
passa a viver quem quer ser, organiza o que quer organizar, e decide sem
limitações. Pode ser grande, livre, e na aceitação das regras pode ter seus
impulsos controlados. Brincando dentro de seu espaço, envolve-se com a
fantasia, estabelecendo um gancho entre o inconsciente e o real.
Antunes (2000), entende jogo como sendo toda e qualquer atividade
que impõe desafios, seja, por exemplo, um jogar com as palavras através de
uma conversa, de uma pergunta, de um olhar, enfim, desde que o outro esteja
estimulado. O jogo, em si próprio, precisa trazer os segredos e respostas para
que se desvendem os enigmas da vida.
Macedo (2000) expõe que, nos jogos, os indivíduos precisam se
deparar com situações-problema para que sejam estimulados corretamente,
sendo justamente estes desafios que darão sentido ao jogo. Precisam
apresentar alguma situação de impasse em que venha a se desenvolver uma
solução.
Além de o profissional da educação ter a consciência de estabelecer
objetivos, fundamental para dar significado às atividades tais como: aonde
quero chegar e porquê, conhecer seu público, idade, número de participantes,
classe social, etapa do desenvolvimento psicológico do indivíduo e organização
prévia de um material adequado para que o trabalho se torne viável, além de
tempo, espaço, dinâmica, proximidade de conteúdos, dentre outros.
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Macedo (2000) é bem claro ao afirmar que a proposta de um trabalho
com jogos não pode ser entendida como um receituário de bolo, que deva ser
seguido fielmente por quem o utiliza. A idéia seria propor algo de referencial,
podendo ser modificado, adaptado, à prática pedagógica, de acordo com as
necessidades de cada professor, e que os jogos sejam sobretudo
transformados em material de estudo e ensino, bem como aprendizagem e
produção de conhecimento.
Macedo, assim como a maioria dos estudiosos na área, não só acredita
como pode comprovar, no decorrer de sua prática com jogos, que muito mais
que a aplicação de jogos em si na sala de aula é a intervenção dos professores
na manipulação de tarefas e desafios. Afirma que “qualquer jogo pode ser
utilizado quando o objetivo é propor atividades que favorecem a aquisição de
conhecimento. A questão não é o material, mas no modo como ele é
explorado. Pode-se dizer, portanto, que serve qualquer jogo mas não de
qualquer jeito”.
Para Cury (2003), levando em consideração tudo que foi exposto
anteriormente, não há técnica e metodologia pedagógica que funcione sem que
haja a afetividade. O jogo para ele consiste em se poder trabalhar sobretudo a
auto-estima, o controle da emoção, a capacidade de lidar com perdas e
frustrações, de dialogar, de ouvir, ao lado do que se pode comumente extrair
com finalidades didáticas.
A eficiência maior estaria mais na figura do professor do que dos jogos
em si. Aposta no lúdico, no jogo, porém com o objetivo principal de estimular os
alunos a serem pensadores, questionadores, e não repetidores de informação.
É, sobretudo, saber “valorizar mais a pessoa que erra do que o erro da
pessoa”.
Como bem nos lembrou na Idade Média Tomás de Aquino, “Ludus est
necessarius ad conversationem humanae vitae – O brincar é necessário para a
vida humana”, então, esse pensamento aguça-nos a relacioná-lo ao
questionamento central deste trabalho, que a ludicidade através dos jogos
pode sim ser um excelente meio incentivador de auxílio a aprendizagem e
quais caminhos e intervenções podem ser exercidas pelo orientador
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educacional e pedagógico para a reflexão sobre essa realidade e a
possibilidade da inserção do lúdico na classe de alfabetização.
1.1. O Lúdico como Facilitador da Aprendizagem.
Aliar as atividades lúdicas ao processo de ensino aprendizagem pode
ser de grande valia para o desenvolvimento do aluno, um exemplo de atividade
que desperta e muito o interesse do aluno é o jogo.
O jogo como promotor de aprendizagem e do
desenvolvimento, passa a ser considerado nas práticas
escolares como importante aliado para o ensino, já que
coloca o aluno diante de situações lúdicas como o jogo
pode ser uma boa estratégia para aproximá-lo dos
conteúdos culturais a serem vinculados na escola.
(KISHIMOTO, 1994, p.13)
Os jogos não são apenas uma forma de divertimento, mas são meios
que contribuem e enriquecem o desenvolvimento intelectual. Para manter o seu
equilíbrio com seu mundo, a criança necessita brincar, jogar, criar e inventar.
O brincar é vital para o desenvolvimento do corpo e da mente. Nele se
reconhece um meio de proporcionar educação integral, em situações naturais
de aprendizagem que geram forte interesse em aprender e garantem prazer.
O lúdico viabiliza a construção do conhecimento de forma interessante
e prazerosa, garantindo nas crianças a motivação intrínseca necessária para
uma boa aprendizagem, até convertê-las em adultos maduros, com grande
imaginação e autoconfiança, mesmos aqueles que apresentam alguma
dificuldade na sua aprendizagem ou na aquisição do conhecimento.
Damos ênfase às metodologias que se alicerçam no “brincar”, no
facilitar as coisas do aprender através do jogo, da brincadeira, da fantasia, do
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encantamento. A arte-magia do ensinar-aprender ( ROJAS,1997), permite que
o outro construa por meio da alegria e do prazer de querer fazer.
O jogo e a brincadeira estão presentes em todos as fazes da vida dos
seres humanos, tornando especial a sua existência. De alguma forma o lúdico
se faz presente e acrescenta um ingrediente indispensável no relacionamento
entre as pessoas, possibilitando que a criatividade aflore.
De acordo com VYGOTSKY (1991, p. 122):
É na atividade de jogo que a criança desenvolve o seu
conhecimento do mundo adulto e é também nela que
surgem os primeiros sinais de uma capacidade
especificamente humana, a capacidade de imaginar
(...)Brincando a criança cria situações fictícias,
transformando com algumas ações o significado de
alguns objetos.
Nos estudos de Vygotsky ele afirmou que não existem brincadeiras
sem regras, partindo do princípio de que os pequenos se envolvem nas
atividades de faz-de-conta para entender o mundo em que vive. Para isso,
usam a imaginação. Quando finge que está dirigindo um carro, a criança
procura seguir regras de conduta social e de convivência. É uma forma de
expandir sua compreensão sobre o mundo, por isso durante os jogos é muito
importante que as crianças tenham oportunidades de construir suas próprias
regras.
Brincar é tão importante quando estudar, ajuda a esquecer momentos
difíceis, quando brincamos, conseguimos sem muito esforço encontrar
respostas a varias indagações, podemos sanar dificuldades de aprendizagem,
bem como interagirmos com nossos semelhantes, pois no brincar com outras
pessoas a criança aprende a viver socialmente, respeitando regras, cumprindo
normas, esperando sua vez e interagindo de uma forma mais organizada,
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aprende a partilhar e a fazer um movimento rotativo tão importante para a
socialização e o dialogo.
Além de muitas importâncias o brincar, desenvolve os músculos, a
mente, a sociabilidade, a coordenação motora e além de tudo deixa qualquer
criança feliz.
Quando brincamos exercitamos nossas potencialidades, provocamos o
funcionamento do pensamento, adquirimos conhecimento sem estresse ou
medo, desenvolvemos a sociabilidade, cultivamos a sensibilidade, nos
desenvolvemos intelectualmente, socialmente e emocionalmente.
Toda criança que brinca vive uma infância feliz, além de tornar-se um
adulto muito mais equilibrado física e emocionalmente, conseguirá superar com
mais facilidade, problemas que possam surgir no seu dia-a-dia.
O brincar é a tarefa do dia-a-dia que nem os pais nem os professores
conseguem transmitir.
A criança é curiosa e imaginativa, está sempre experimentando o
mundo e precisa explorar todas as suas possibilidades. Ela adquire experiência
brincando. Participar de brincadeiras é uma excelente oportunidade para que a
criança viva experiências que irão ajudá-las a amadurecer emocionalmente e
aprender uma forma de convivência mais rica.
Por meio da brincadeira a criança envolve-se no jogo e sente a
necessidade de partilhar com o outro. Ainda que em postura de adversário, a
parceria é um estabelecimento de relação. Esta relação expõe as
potencialidades dos participantes, afeta as emoções e põe à prova as aptidões
testando limites.
Brincando e jogando a criança terá oportunidade de desenvolver
capacidades indispensáveis a sua futura atuação profissional, tais como
atenção, afetividade, o habito de permanecer concentrado e outras habilidades
perceptuais psicomotoras. Brincando a criança torna-se operativa.
A formação lúdica possibilita ao educador conhecer-se como pessoa,
saber de suas possibilidades, desbloquear resistências e ter uma visão clara
sobre a importância do jogo e do brinquedo para a vida da criança, do jovem e
16
do adulto (SANTOS,1997; KISHIMOTO,1999). Onde brincar é um aspecto
fundamental para se chegar ao desenvolvimento integral da criança.
1.2 O papel do brinquedo
Ainda hoje, percebemos visões retorcidas sobre o papel do brinquedo.
Para alguns, ele representa um objeto voltado para o preenchimento de tempo
ou, ainda, uma atividade meramente divertida, em que o agente ativo é o adulto
que oferece o brinquedo e o passivo é a criança que o recebe.
Perceber o brinquedo como caminho em direção ao desenvolvimento é
primordial para a mudança desse pensamento, pois, além de aproximar a
criança do mundo que a cerca, fazendo as devidas ordenações, tal atividade
possibilita suporte para a transposição de situações-problema vivenciadas por
ela.
O brinquedo é a essência da infância e seu uso permite um trabalho
pedagógico que possibilita a produção do conhecimento e também a
estimulação da afetividade na criança. A criança estabelece com o brinquedo
uma relação natural e consegue extravasar suas angustias e paixões, suas
alegrias e tristezas, suas agressividades e passividades.
O brinquedo supõe uma relação íntima com o sujeito, uma
indeterminação quanto ao uso, ausência de regras. O jogo pode ser visto como
um sistema lingüístico que funciona dentro de um contexto social, um sistema
de regras, um objeto (KISHIMOTO,1999).
Independente de época, cultura e classe social, os jogos e os
brinquedos fazem parte da vida criança, pois elas vivem num mundo de
fantasia, de encantamento, de alegria, se sonhos, onde realidade e faz-de-
conta se confundem (KISHIMOTO,1999). O jogo está na gênese do
pensamento, da descoberta de si mesmo, da possibilidade de experimentar, de
criar e de transformar o mundo.
Por sua vez, a função educativa do jogo oportuniza a aprendizagem do
individuo, seu saber, seu conhecimento e sua compreensão de mundo.
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Segundo Kishimoto(1994), o brinquedo “é entendido como objeto,
suporte da brincadeira”.
Vygostsky ( 1984), dia que o “ brinquedo tem um papel importante,
aquele de preencher uma atividade básica da criança, ou seja, ele é motivo de
ação.”
Através do brinquedo a criança instiga a sua imaginação, adquire
sociabilidade, experimenta novas sensações, começa a conhecer o mundo,
trava desafios e busca satisfazer sua curiosidade de tudo conhecer.
Para Wallon (1979, p. 45) "a criança aprende muito ao brincar. O que
aparentemente ela faz apenas para distrair-se ou gastar energia é na realidade
uma importante ferramenta para o seu desenvolvimento cognitivo, emocional,
social, psicológico".
De acordo com Oliveira (1995, p. 36) "no brinquedo a criança
comporta-se de forma mais avançada do que nas atividades na vida real e
também aprende; objeto e significado".
Os brinquedos são parceiros silenciosos que desafiam as crianças,
eles permitem que as crianças conheçam com mais clareza importantes
funções mentais como o desenvolvimento do raciocínio abstrato e dá
linguagem, sendo assim, um instrumento importantíssimo que auxiliam para a
aprendizagem e a construção do conhecimento.
O brinquedo não é apenas um objeto que as crianças usam para se
divertirem e ocuparem o seu tempo, mas é um objeto capaz de ensiná-las e
torná-las felizes ao mesmo tempo.
O brinquedo como suporte da brincadeira tem papel estimulante para a
criança no momento da ação lúdica. Tanto brinquedo, quanto à brincadeira,
permitem a exploração do seu potencial criativo de numa seqüência de ações
libertas e naturais em que a imaginação se apresenta como atração principal.
Por meio do brinquedo a criança reinventa o mundo e libera suas atividades e
fantasias.
Através da magia do faz-de-conta explora os limites e, parte para
aventura que a leva ao encontro do outro-eu.
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A entrada da criança no mundo do faz-de-conta marca uma nova fase
de sua capacidade de lidar com a realidade, com os simbólicos e com as
representações. Com o brinquedo a criança satisfaz certas curiosidades e
traduz o mundo dos adultos para a dimensão de suas possibilidades e
necessidades.
Frente a estas reflexões podemos afirmar que o processo de
construção do aprendizagem será efetivado mediante a participação da criança
no brincar. O prazer, não é suficiente para justificar a importância do brincar.
Possui, porém um papel relevante justamente com outros fatores, uma vez que
leva a criança a ter iniciativa. A criança é incapaz de separar a principio, a
realidade da fantasia, o brincar para a criança e muito séria.
Devemos conhecer de fato esse instrumento (brinquedo) para
compreendermos seu real valor na vida criança. Se, como educadores e pais,
desconhecemos as necessidades das crianças e os incentivos capazes de
levá-las a atuar, estaremos prejudicando seu processo de desenvolvimento.
O brinquedo é a riqueza do imaginário infantil, através ele a criança
libera seus sentidos, em todas as ocasiões, fazendo assim com que a criança
tenha mais segurança no aprender, algo, onde o brinquedo e sem duvida um
instrumento capaz de ajudar a criança a se desenvolver, intelectual,
socialmente e cognitivamente.
Segundo Vygotsky (1987, p. 123) "a atividade principal da criança, o
seu trabalho, é o jogo". Por isso torna-se indispensável que o orientador
educacional traga constantemente à tona que ao contrário do que algumas
pessoas pensam, o brinquedo exerce uma concepção pedagógica, pois possui
um conjunto de referências teóricas que fundamentam essas práticas, na
medida em que contribui para o desenvolvimento de diferentes habilidades,
sendo elas motoras, psicológicas e afetivas.
Enfim, com todas as contribuições apontadas acima, pode-se
considerar o importante papel do orientador como mediador na inserção do
lúdico no âmbito educacional, pois este exerce um papel fundamental na
construção humana, pois brincar, além de ser indispensável à saúde física,
19
emocional e intelectual, pode contribuir, no futuro, para o desenvolvimento de
um adulto crítico, eficiente e equilibrado.
1.3 Brincadeiras populares, diversões de antigamente que
encantam
A criança está sempre pronta para brincar. Por que, então, não
transformarmos aulas descritivas, monótonas, em momentos de alegria e
prazer, apresentando os conteúdos em forma de jogos e brincadeiras?
Quem nos explica a magia dos velhos brinquedos e brincadeiras que
sobrevivem a nossos bisavós, avós, pais e chegaram ainda fascinantes até
nós? Quem descobriu essas brincadeiras que nunca enjoam, que estão apenas
esquecidas? Foi a televisão? Foram os engenheiros das fábricas de
brinquedos? Não. Foram as próprias crianças através dos séculos. Uma
herança que deve ser transmitida às gerações futuras através do resgate das
brincadeiras infantis. Afinal, brincar é preciso.
Ludicidade possui uma função organizadora específica, que permite ao
homem produzir formas novas de comportamento, o jogo é processo interativo
que oferece a criança troca de papéis, de tempos e espaços, sua
singularidade, experimentando o que é diferente de si mesma. (VYGOTSKY,
1987, p.123).
As crianças atualmente, na maioria das vezes, vivem absorvidas em
uma atitude estática na frente da televisão, computador e variados tipos de
brinquedos eletrônicos. Deve partir da escola, então, fazer o ressurgimento de
atividades que irão proporcionar as crianças momentos inesquecíveis de sua
infância, que são as brincadeiras populares. Estes tipos de atividades
desenvolvem a criatividade, psicomotricidade e socialização integral.
Quando as crianças utilizam as brincadeiras populares, a uma
continuidade sócio-cultural, participação entre elas, aumento de sentimentos e
valores comuns. Que fada ou duende inventou o pião, a pipa, as bolas de
gude, o jogo da amarelinha, o cabo-de-guerra, o bilboquê, os cubos de montar
20
e inventar, os jogos de damas ou dominó para as intermináveis tardes
chuvosas de inverno, o barro para modelar coisas e sujar crianças, as
brincadeiras de roda, o esconde-esconde? Os nomes podem até variar de um
lugar para outro, mas as brincadeiras populares estão presentes em todo país.
"De tão importantes, elas são estudadas por diversos pesquisadores e
reunidas em dezenas de livros. Mas comuns no passado ou nas cidades
menores, essas brincadeiras ensinam as crianças a aceitar derrotas, claro, a
vibrar com as vitórias" (NOVA ESCOLA, 2006, p. 09).
Há uma infinidade de jogos e brincadeiras que ultrapassam o tempo e
permanecem vivos na memória de todos nós. As brincadeiras de antigamente
trazem, em sua bagagem cultural, suas técnicas e regras, que são transmitidas
de geração a geração pelos pais e avós. Junto vem o resgate da convivência,
da ternura, dos momentos felizes, de sua história através dos tempos.
No convívio com a criança, vemos claramente o quanto brincar é
natural na vida dela. Para que isso aconteça, não é necessário muito mais do
que lhe propiciar o espaço. Nesse espaço expressa sua forma de pensar,
organizar, desorganizar, destruir, construir o mundo, respeitar o seu espaço e o
do outro, podendo, de modo simbólico, mostrar seus sentimentos, vontades e
fantasias. "O ensino, absorvido de maneira lúdica, passa adquirir um aspecto
significativo e efetivo no curso de desenvolvimento da inteligência da criança"
(NOVAES, 1992, p. 28).
21
CAPÍTULO II
O JOGO COMO RECURSO PEDAGÓGICO NA
ALFABETIZAÇÃO
Podemos notar que o brinquedo se aproxima mais de
uma representação imitativa da realidade. Começa a
mostrar uma ordem, uma organização que se assemelha
à realidade, ou mesmo uma imitação exata do real. (...) já
podemos notar também o início do simbolismo coletivo.
Várias crianças brincam em conjunto, tendo cada uma
delas seus papéis definidos. Apenas na fase das
operações concretas o jogo se tornará realmente
interativo, com predomínio, então, das brincadeiras com
regras (RAPPAPORT; FIORI, [et al] 1981, p. 54-55).
O jogo na perspectiva construtivista constitui-se num recurso
pedagógico de inestimável valor na construção da escrita e da leitura, além de
propiciar o desenvolvimento cognitivo (desenvolvimento da inteligência, social e
moral da criança). A melhor forma de conduzir a criança à atividade, a auto-
expressão, ao conhecimento e a socialização é através dos jogos. A
aprendizagem acontece de forma interessante e prazerosa.
As crianças aprendem a ler, lendo; aprendem escrever, escrevendo; e
é nesse esforço que elas vão experimentando e aprendendo a língua materna
e suas normas de convenção. Entendemos alfabetização como um processo
natural e gradativo, assim como a fala e o andar. A criança vai construindo a
sua base alfabética à medida que é estimulada e colocada em contato com o
objeto de conhecimento, no caso da leitura e a escrita – com as letras, as
palavras, os textos.
22
Numa perspectiva construtivista, o primeiro contato sistemático da
criança com o objeto da leitura (as letras, as palavras e o texto) é através do
seu próprio nome e o dos colegas. A teoria construtivista preconiza a interação
do sujeito com o objeto do conhecimento dentro de um contexto social. Para
aprender a ler e escrever o aluno precisa, portanto, ter uma intensa interação
com a leitura e a escrita e ainda estar munido de um forte significado afetivo.
Reforçando, para a acriança, o jogo é o exercício, é a preparação para
a vida adulta. A criança aprende brincando através de jogos que a fazem
desenvolver suas potencialidades. O professor pode adaptar o conteúdo
programático ao jogo, onde estará trabalhando a motricidade, a área cognitiva
e afetiva de seus alunos. Ao inter-relacionar diversas áreas de conhecimento, o
professor atende às necessidades do educando de modo que o mesmo seja
sujeito ativo do processo ensino-aprendizagem.
A importância do jogo não se limita apenas em relação à alfabetização,
praticamente todos os conteúdos poderão ser apresentados em forma de
jogos, tornando as aulas atraentes, variadas, dinâmicas e, conseqüentemente,
muito mais produtivas.
2.1 Sugestões de Jogos Pedagógicos
O jogo ajuda grandemente o processo de alfabetização, porque através
dele o aluno aumenta o conhecimento de novas palavras, desenvolvendo a
leitura e a escrita entre desenhos, palavras, sílabas e letras. O jogo deverá ser
introduzido na sala de aula de forma clara e com atrativos para que a criança
tenha mais facilidade de identificação e não perder o interesse. As atividades
devem ser desafiadoras, aonde o aluno vai construindo conceitos e relações,
desenvolvendo tanto o nível cognitivo quanto o nível afetivo.
O jogo no ensino-aprendizagem da língua portuguesa proporciona
grande interesse nas crianças e ao mesmo tempo, o desenvolvimento da
memorização, observação, raciocínio e atenção.
Jogos que podem ser trabalhados em sala de aula (ver anexo):
23
v Jogo da memória, palavras e números de letras;
v Dominó de palavras e letras iniciais;
v Dominó de letras
v Dominó de palavras com desenhos;
v Dominó com singular e plural;
v Dominó de masculino e feminino;
v Dominó com aumentativo e diminutivo;
v Dominó de antônimos e sinônimos;
v Jogo da metade (profissões);
v Jogo da palavra e frases;
v Caixinha das sílabas;
v Bingo de palavras
v Bingo de letras
v Jogos com o alfabeto
v Jogo dos sete erros
v Jogo de rimas
v Formando palavras
v A palavra é...
v Alfabeto ilustrado
v Forca
v Quebra-cabeça das sílabas
v Ache o estranho
24
CAPÍTULO III
A ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL E O SEU PAPEL
TRANSFORMADOR
A orientação Educacional e Pedagógica, hoje, tem um papel
fundamental nas instituições escolares, pois podemos perceber os OE’s como
agente participativo e ativo no processo ensino-aprendizagem e na construção
do conhecimento dos alunos além de oferecer suporte e orientação aos
professores.
Tradicionalmente, o orientador educacional é visto como um
profissional, cujo papel principal é atuar com os educandos. Assim é que a
orientação é definida como “um método pelo qual o orientador educacional
ajuda o aluno, na escola a tomar consciência de seus valores e dificuldades,
concretizando principalmente através do estudo, sua realização em todas as
suas estruturas e em todos os planos de vida”. Em vista disso, o mesmo faz
levantamentos de dados (sondagem de aptidões), realiza sessões de
orientação e de aconselhamento e desempenha uma série de funções de maior
ou menor importância, relacionadas com a concepção do atendimento ao
educando.
Neste capítulo iremos abordar o surgimento da profissão, sua
regulamentação, seu papel transformador e sua postura frente à abordagem do
lúdico no cotidiano escolar.
3.1 Surgimento e regularização da profissão
A Orientação Educação, no país, percorreu um longo
caminho comprometido com a educação e com as
“políticas” vigentes. Todo o processo da Orientação
25
manteve, sempre, estreita relação com as tendências
pedagógicas, sendo o seu trabalho desenvolvido a partir
do que dela se esperava nas diversas concepções. A
análise desta relação engloba diferentes aspectos e
significados da prática da Orientação e de suas
dimensões no cenário educacional, configurado pelos
princípios e propósitos daquelas concepções.
(GRINSPUN, 2001, p.11)
Em 1924, em São Paulo no Liceu de Artes e Ofícios, surge a
Orientação Educacional, criada pelo engenheiro suíço Roberto Mange. Essa
Orientação pretende ser um serviço de orientação profissional do curso de
mecânica, com a necessidade de orientar os jovens para uma correta decisão,
capaz de lhe assegurar êxito no recente mercado de trabalho.
Em concordância com a psicologia científica, a orientação profissional
elaborou testes psicológicos de inteligência, de personalidade e de interesses,
capazes de detectar as diferenças individuais, tornando-se um modo e
persuasão psicológica, visto que objetiva convencer os indivíduos de que
conseguir um emprego depende das capacidades pessoais.
A princípio o trabalho de orientação profissional era realizado pela
empresa, mas depois foram criados os escritórios de orientação profissional,
visando orientar os indivíduos sobre as várias opções de que dispunha, com
base em suas próprias capacidades. Posteriormente esse trabalho passa a ser
solicitado no interior da escola, para orientar os educandos nos planos de
carreira e estudo conforme as aptidões de cada um, e passou a ser
denominado de orientação escolar.
Contudo, a seleção profissional, a orientação profissional e a
orientação escolar não sanaram os problemas existentes nas organizações,
26
pois havia necessidade de preocupar-se com o ser humano, ocupante do
cargo, surgindo então os estudos sobre as relações humanas no trabalho.
Assim, a orientação profissional passa a integrar a área da orientação
educacional, pois a formação do profissional tem início com a formação do
homem, nos vários aspectos da vida: familiar, escolar, social e profissional.
Na França, a orientação era desenvolvida em âmbito escolar, como um
serviço de psicologia escolar, objetivando conhecer o educando no ambiente
formal e informal. Tornou-se orientação profissional, embasada na aplicação de
testes, sendo que o profissional da área era denominado de psicólogo escolar,
cabendo-lhe elaborar dossiês com todas as informações disponíveis sobre os
educandos.
No Brasil, a história da orientação educacional inspira-se nesses dois
modelos, o americano e o francês que, embora divergentes em alguns
aspectos, estão alicerçados em um mesmo conceito de sociedade, isto é,
conforme Pimenta (1995, p. 26), concebem a sociedade como um todo
orgânico ao qual todos os indivíduos se devem ajustar nas mesmas bases
psicológicas.
Em solo pátrio, a orientação educacional foi criada seguindo
experiências externas que se delinearam através das leis, com base na
dimensão psicológica e em consonância com os objetivos educacionais mais
amplos.
Em 1931, orientação torna-se oficial através do professor Lourenço
Filho, diretor do Departamento de Educação do Estado de São Paulo, surgindo
com isso o primeiro Serviço Público de Orientação Educacional e Profissional
do país. No Rio de Janeiro, a experiência pioneira, datada de 1934, coube a
Maria Junqueira Schmidt e Aracy Muniz Freire, na Escola Comercial Amaro
Cavalcanti.
27
A legislação concernente à Orientação Educacional data do início dos
anos 40. Conforme Grispnun (2001), pela Reforma Capanema, a Lei Orgânica
do ensino Industrial (1942) criou o Serviço de Orientação Educacional, visando
a correção e encaminhamento dos alunos-problemas e a elevação das
qualidades morais.
De acordo com a Lei 4.073/42, art. 50, Inciso XII, instituir-se-á, em cada
escola industrial ou escola técnica, a Orientação Educacional mediante a
aplicação de processos adequados, pelos quais se obtenham a conveniente
adaptação profissional e social e se habilitem os alunos para a solução dos
próprios problemas.
A Lei 5.692/71, em seu art. 10, declara que será instituída
obrigatoriamente a Orientação Educacional, incluindo aconselhamento
vocacional em cooperação com os professores, a família e a comunidade. Com
isso, pretendia-se preparar trabalhadores para atender os interesses e as
necessidades empresariais, justificando o desenvolvimento econômico.
Pelo Decreto-Lei 72.846/73, art. 1.º, constitui o objeto da Orientação
Educacional a assistência ao educando. Portanto, o orientador educacional
deveria prestar assistência ao aluno a partir do planejamento estabelecido no
Decreto, em consonância com os interesses do Estado, sendo que o indivíduo
teria que se conformar com sua situação perante a sociedade dominante, a
qual destinava o ensino profissionalizante aos menos favorecidos, para que
pudessem adentrar no mercado de trabalho.
Nos anos 80 ocorreram algumas mudanças, avanços e contradições na
história da orientação educacional, mas os profissionais dessa área assumiram
um papel mais político e comprometido com a sociedade, defendendo uma
escola pública de qualidade e filiando-se à Federação Nacional de Orientação
Educacional (FENORE), à Central Única dos Trabalhadores (CUT) e, mais
tarde, à Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE).
28
Na década seguinte extingui-se a FENOE, ocorrendo o
enfraquecimento e a fragilização da identidade do Orientador Educacional.
Com o advento da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional,
LDBEN 9.394/96, não há uma referência específica à Orientação Educacional.
Contudo, não deixa de ser mencionada em vários artigos, principalmente no
art. 39, segundo o qual a educação profissional, integrada às diferentes formas
de educação, ao trabalho, à ciência e à tecnologia, conduz ao permanente
desenvolvimento de aptidões para a vida produtiva.
De acordo com Placco (1998, p. 115) cabe ao orientador formar o
cidadão responsável e transformador:
"O papel básico do Orientador Educacional será o de auxiliar o
educando a tornar-se consciente, autônomo e atuante nessa tarefa, auxiliando
também o aluno, na identificação de seu processo de consciência, dos fatores
sócio-econômico-político-ideológico que o permeiam e dos mecanismos que
lhe possibilitem superar a alienação decorrente desses processos, tornando-se
assim, um homem-coletivo: responsável e transformador".
Assim, a Orientação Educacional passou por vários períodos, que
podem ser assim sintetizados:
v Período Implementar: compreende o período de 1920 a 1941 e
está associada à Orientação Profissional, preponderando a seleção e
escolha profissional;
v Período Institucional - de 1942 a 1961: caracterizado pela
exigência legal da Orientação Educacional nos estabelecimentos de
ensino e nos cursos de formação dos orientadores educacionais; nesse
período há a divisão funcional e institucional; surge a Escola Pública;
v Período Transformador - de 1961 a 1970: pela Lei 4.024/61, a
Orientação Educacional é caracterizada como educativa, ressaltando a
formação do Orientador e fixando as Diretrizes e Bases da educação
Nacional;
29
v Período Disciplinador - de 1971 a 1980: conforme a Lei 5.692/71,
a Orientação Educacional é obrigatória nas escolas, incluindo o
aconselhamento educacional. O Decreto 72.846/73, regulamentando a
Lei 5.564/68, sobre o exercício da profissão de Orientador educacional,
disciplina os passos a serem seguidos;
v Período Questionador - de 1980 a 1990: o Orientador discute
suas práticas, seus valores, a questão do aluno trabalhador, enfim, a
sua realidade no meio social; a prática da orientação volta-se para a
concepção de educação como ato político;
v Período Orientador - a partir de 1990: a orientação volta-se para a
"construção" do cidadão comprometido com seu tempo e sua gente,
trabalhando a subjetividade e a intersubjetividade, obtidas através do
diálogo.
Atualmente, a orientação educacional caracteriza-se por um trabalho
mais abrangente, na dimensão pedagógica, possuindo caráter mediador junto
aos demais educadores e atuando com todos os protagonistas da escola no
resgate de uma ação mais efetiva e de uma educação de qualidade. Busca
conhecer a realidade e transformá-la, para que seja mais justa e humana.
3.2 As atribuições do Orientador
No contexto educacional trabalhando com uma diversidade de
profissionais, o Orientador depara-se com alguns questionamentos que rondam
a sua prática, entre elas, qual é o seu real papel dentro da instituição de
ensino? Afinal, em quem ou em que deve focar o seu trabalho? Quais precisam
ser as suas prioridades?
Ao conceber que a ação educativa é política, devemos concordar que
ao exercer a orientação de professores buscando minimizar as problemáticas
que emergem no cotidiano escolar, planejando, construindo e reconstruindo o
Projeto Político Pedagógico, o Orientador Educacional estará fazendo a
mediação em um trabalho coletivo, atuando assim de forma política.
30
Podemos perceber algumas atribuições do Orientador Educacional:
v Contribuir para o acesso e a permanência de todos os alunos na
escola, intervindo com sua especificidade de mediador na realidade do
aluno;
v Mobilizar os professores para a qualificação do processo
aprendizagem, através da composição, caracterização e
acompanhamento das turmas, no horário escolar.
v Considerar, nas questões curriculares, as condições materiais de
vida dos alunos
v (compatibilizar trabalho-estudo), influindo junto aos funcionários
da escola, no sentido de que, estes, se comprometam com o
atendimento às reais necessidades dos alunos;
v Participar da articulação, elaboração e reelaboração de dados da
comunidade escolar, como suporte necessário ao dinamismo do
Projeto Político Pedagógico, promovendo a contribuição de pais e
alunos;
v Participar junto à comunidade escolar na criação, organização
funcionamento das instâncias colegiadas, tais como: Conselho de
Escola; A.P.P.; Grêmio Estudantil e outros, incentivando a participação
e à democratização das decisões e das relações na Unidade
Educativa;
v Contribuir para o desenvolvimento do auto-conceito positivo do
aluno, visando à aprendizagem do mesmo, bem como à construção de
sua identidade pessoal e social;
v Participar junto com a comunidade escolar no processo de
elaboração, atualização do Regimento Escolar e utilização deste, como
instrumento de suporte pedagógico;
31
v Coordenar o processo de escolha de representantes de turma
(aluno, professor) com vistas ao redimensionamento do processo
aprendizagem;
v Coordenar a elaboração, execução, acompanhamento e avaliação
de projetos, planos, programas e outros, objetivando o atendimento e
acompanhamento do aluno, no que se refere ao processo ensino-
aprendizagem, bem como, o encaminhamento dos alunos a outros
profissionais, se necessário;
v Coordenar, junto com aos professores, o processo de
sistematização e divulgação das informações sobre o aluno, para
conhecimento dos professores, pais e, em conjunto, discutir
encaminhamentos necessários;
v Participar da análise qualitativa e quantitativa do rendimento
escolar, junto aos professores, especialistas e demais educadores,
visando reduzir os índices de evasão e repetência, qualificando o
processo ensino-aprendizagem;
v Visar o redimensionamento da ação pedagógica, coordenando
junto aos demais especialistas e professores, o processo de
identificação e análise das causas, acompanhando os alunos que
apresentem dificuldades aprendizagem;
v Coordenar o processo de orientação profissional do aluno,
incorporando-o à ação pedagógica;
v Realizar e/ou promover pesquisas e estudos, emitindo pareceres
e informações técnicas, na área de Orientação Educacional;
v Desenvolver o trabalho de Orientação Educacional, considerando
a ética profissional;
v Acompanhar e avaliar o aluno estagiário em Orientação
Educacional, junto à instituição formadora;
32
v Desenvolver outras atividades, conforme o decreto nº 72.846/73,
que regulamenta a Lei nº 5.564/68, que prevê o exercício da profissão
de orientador Educacional;
v Cumprir e fazer cumprir o código de ética do Orientador
Educacional;
v Realizar outras atividades correlatas com a função.
Em resumo, o orientador educacional assume funções de assistência
ao professor, aos pais, às pessoas da escola com as quais os educandos
mantêm contatos significativos, no sentido de estes se tornem mais preparados
para entender e atender às necessidades dos educandos, tanto com relação
aos aspectos cognitivos e psicomotores, como aos afetivos.
3.3 O Orientador Educacional como agente transformador
O Orientador Educacional em sua ação pode optar por qual postura
tomará frente as novas demandas educacionais, sendo tratada de forma
abrangente ou restrita, política ou alienada, relapsa ou comprometida.
Rosa (2001) aborda entre outras temáticas, a questão do professor
como “construtor ou destruidor de ilusões”, assim como o Orientador, nos
fazendo refletir sobre o seu papel nocivo, o que mesmo inconsciente, leva as
crianças a renunciarem, pois alguns docentes distinguem o aprender do
brincar, pensam ser atividades distintas, que não podem ser associadas.
Quantas vezes já nos deparamos com frases do tipo: “escola não é lugar de
brincadeira”, ou então, “tem hora para tudo, agora é hora do dever, deixa para
brincar depois”. E por que não aprender brincando? O Orientador precisar levar
o professor a atentar para o que realmente é importante para a criança, como
ela apreende os conhecimentos e de que forma trazer a atenção e a vontade
de participar das atividades. Afinal para as crianças, brincar é coisa séria!
Contudo, o ponto de partida e questionamento central para a
intervenção do Orientador Educacional nesta realidade é: O que será que
influencia esta postura de aversão ao lúdico tomada por alguns professores? E
33
embora diferentes fatores, entre eles, a base de formação, a falta de
conhecimento sobre o assunto, as vivências, a cultura escolar em que estão
inseridos e até mesmo seus pensamentos e crenças com relação ao assunto,
sejam tidos como mola propulsora, a resposta ainda é uma incógnita para a
compreensão de tais pensamentos e práticas. Segundo Rosa, [...] sim, a escola
é um lugar onde também se pode brincar. O que ainda não sabemos é até que
ponto o professor-educador, carregando todo o peso da imagem da “seriedade”
associada ao seu “fazer”, se permite brincar[...] (2001, p.68).
Na prática docente, tanto o professor quanto o Orientador precisam
estar atentos e conscientes de todas as possibilidades que o lúdico pode lhe
proporcionar, uma das principais é a aproximação afetiva com seus alunos.
Tais atividades despertam situações de interação entre os alunos e também
com o professor, e é a partir daí que ele pode estabelecer a relação sócio-
afetiva, desenvolver o respeito mútuo e resolver possíveis problemas de
caráter emocional. Segundo Castro e Mattos:
A relação pedagógica interativa entre professor e aluno
proporciona um clima de confiança e segurança entre os
sujeitos da educação, facilitando a aprendizagem. É
fundamental promover no processo de ensino
aprendizagem uma inter-relação dialógica de respeito,
amizade, valorização, estímulo e participação. (2000,
p.24)
Através do lúdico o professor estabelece um vínculo afetivo maior com
seus alunos, proporcionando um envolvimento capaz de aflorar emoções,
conquistar confiança e tornar a aprendizagem mais produtiva, pois a partir
desta interação o aluno se sente seguro para se entregar de forma completa,
sem medo e receio de possíveis repreensões.
Preparar e executar atividades lúdicas, onde as crianças possam
interagir e se desenvolver em diversos aspectos (como vimos no capítulo
anterior) é um exercício que requer do professor trabalho, dedicação e
34
paciência, porém mesmo que pareça ser esta uma tarefa complexa, o
professor estará exercendo seu verdadeiro papel, proporcionando aos seus
alunos que se apropriem e recriem os seus e novos saberes. O Orientador
Educacional por sua vez precisa ser parceiro do professor, cooperador, com
posições e posturas definidas em comum, buscando minimizar as dificuldades
que emergem no cotidiano escolar.
3.4 A Influência da Orientação Educacional e Pedagógica na
Formação de Professores
Atualmente a lógica de mercado impõe-se na formação profissional,
sua tarefa prioritária com relação aos cursos de graduação no magistério é
formar professores no mínimo de tempo, para estarem atuando na tarefa
docente de forma precária. Podemos perceber que a escolha pela profissão, a
vocação e o sonho de exercer tal atividade tem dado lugar ao desejo de
conseguir se incluir no mercado de trabalho independente da aptidão que o
indivíduo precisa ter para o exercício de determinadas funções.
Muitas são as razões atribuídas pelos professores acerca da escolha
da sua profissão e também muitos e diferentes são os caminhos percorridos
por eles, alguns por influência familiar ou de seus professores, outros por
escolha própria, mas existem também, aqueles que dizem ser por falta de
escolha.
Porém é importante salientar que nenhum curso “forma” professor, o
indivíduo não sai pronto e acabado com todos os conhecimentos adquiridos e
determinados para serem colocados em prática, não existe um manual que
garanta a eficácia de um bom trabalho do professor recém formado, nem
tampouco um certificado que atribua a excelência por tempo de carreira.
Ser professor é estar em constante construção de aprendizagens, é ser
pesquisador e questionador de sua própria prática, é se colocar no lugar de
ouvinte e aprendiz possibilitando a si mesmo e a seus alunos experiência que
possibilitem o criar, o fazer e o viver.
35
O Orientador pode contribuir nesta formação à partir do momento em
que proporciona momentos de articulação entre a teoria e a prática,
problematizando situações, mediando o trabalho, questionando paradigmas,
intervindo na realidade, fazendo assim um círculo de contínuas e mútuas
aprendizagens.
As políticas educacionais têm sido marcadas pelo discurso pragmático,
pois importante é que atinja os objetivos, as habilidades no final dos cursos,
sendo a competência e a qualificação pontos principais para a formação de um
bom professor. Nesse sentido, a preocupação da formação técnica é exaltada,
e empobrecida a capacidade criativa e reflexiva. Conforme bem nos lembra
Santin (1994), [...] o homem da ciência e da técnica perdeu a felicidade e a
alegria de viver, perdeu a capacidade de brincar[...].
Preparar educadores com o objetivo de estarem aptos a transmitir
conteúdos restritos tem sido uma visão questionada por aqueles que são
adeptos a educação transformadora e capaz de construir indivíduos criativos e
autônomos. Outra questão inquietante está no currículo se restringir apenas a
atos técnicos e a transmissão de informações, muitas experiências surgem
para demonstrar caminhos possíveis.
Os currículos dos cursos de formação dos professores raramente
abordam atividades que trabalhem com o desenvolvimento pleno do
profissional. Na formação inicial a grade curricular é formal, traçada por
disciplinas teóricas, conteúdos e atividades de estágio distantes da realidade
vivenciada nas escolas, logo torna-se perceptível o distanciamento na relação
entre a teoria e a prática.
Os cursos de formação continuada por sua vez têm perpetuado esta
dinâmica, pois demonstram pouca eficiência para alterar a prática docente.
Posso dar um exemplo pessoal, pois em minha formação inicial não foram
abordados conteúdos e saberes que tratassem do meu tema de monografia, o
lúdico na educação e cursando pedagogia na universidade, pude perceber a
ausência de tais conhecimentos, pois pouco se valoriza tal prática.
Segundo Bolzan (2002) [...] os professores ensinam da forma que
aprenderam[...], mas também agem de acordo com o que pensam, conforme
36
suas concepções adquiridas ao longo de seu percurso de formação e suas
experiências, daí a importância da reflexão ser uma constante na prática
cotidiana docente, pois somente assim este poderá rever seus conceitos e
práticas.
Então se os professores exercem o seu trabalho de acordo com o que
conhecem e experimentaram, como trabalhar o lúdico sendo algo
desconhecido?
Mesmo já sendo comprovados tantos benefícios trazidos pelas
atividades lúdicas inseridas em sala de aula, percebemos pouca ênfase de tal
temática nos cursos de formação. Há ausência de disciplinas que tratem
especificamente do lúdico, também o desenvolvimento de estudos que
possibilitem aos formandos um maior aprofundamento e conhecimento sobre o
assunto.
É necessário proporcionar vivências e experiências com atividades
lúdicas aos educadores, dando-lhes a oportunidade de se colocar no lugar das
crianças, permitindo o despertamento da criatividade e imaginação, para que
então através do conhecer e do experimentar possam praticar com seus
alunos.
Para tal, seria necessário uma reformulação dos currículos
educacionais, inserindo um novo pilar ao trame do currículo oficial do curso de
formação dos educadores, sendo também exercida a formação lúdica.
Esta formação além de possibilitar um novo olhar e propiciar práticas
inovadoras permite que o professor se liberte dos pré-conceitos em relação ao
brincar e das resistências frente a essa prática, reconhecendo a importância do
jogo e do brinquedo para a vida das crianças em suas diferentes faixas etárias.
Então como sujeito ativo de sua prática, o professor precisa estar
sempre buscando conhecimentos que possibilitem o crescimento em sua ação
como educador, enfocando na formação cujas vivências nas atividades
contemplem suas as necessidades e de seus alunos.
O lúdico permite abrir espaços para troca de experiências, compartilhar
conhecimentos e desenvolver relacionamentos pessoais, sociais e culturais,
tornado a sala de aula um lugar onde se queira estar.
37
3.5 A Interferência da Cultura Escolar
Tendo como ponto de partida que cultura é um conjunto de
conhecimentos adquiridos e acumulados historicamente, podemos considerar
que a escola tem uma cultura própria construída ao longo do tempo no
contexto em que estiver inserida e que uma de suas principais funções tem
sido desenvolver e reproduzir esta cultura dominante.
Porém tal cultura tem sido manipulada por interesses de grupos
dominantes, a escola vem refletindo uma imagem diferente da necessidade e
da realidade social, se apropriando de instrumentos que legitimam o formato e
a estrutura hierárquica de funções e saberes.
O processo educativo nas escolas precisa ser caracterizado como um
fenômeno social e cultural e não apenas como um mero instrumento de
adestramento utilizado para transmitir um conjunto de acontecimento e dados
isolados, insignificantes aos sujeitos.
Portanto, devido a esta cultura, a escola tem se transformado em uma
instituição excludente, onde as vivências e conhecimentos prévios dos alunos
não são tomados como ponto de partida para a construção do conhecimento,
mas sim trabalhados em prol da representação de uma sociedade capitalista
tendo seu foco na produtividade.
Em contrapartida, a escola passa a difundir um ensino metódico,
voltado para atividades mecânicas e de reprodução, não permitindo o
desenvolvimento de atividades que propiciem na construção do indivíduo,
diferentes habilidades e conhecimentos. Torna-se inviável que se alcance os
objetivos possíveis, não preparando o indivíduo para o mercado nem para a
vida.
Nesta concepção, ensinar e aprender são concebidos como um
processo fechado, carregado de responsabilidades e seriedade. Então será
que nesta perspectiva haverá conciliação entre o aprender e o brincar ou até
mesmo permitir que a criança brinque na escola?
À luz desta reflexão faz-se urgente repensar e redirecionar
(principalmente na visão do orientador) a prática da cultura escolar, pois esta
38
ao invés de estipular normas e padrões condicionados inerentes às reais
necessidades encontradas no cotidiano escolar deve ser propulsora e
facilitadora da interação professor/aluno, proporcionando uma maior
aproximação entre estes para a eficácia do processo ensino-aprendizagem.
A escola precisa estar exercendo um olhar atento no contexto escolar,
na busca de sanar as dificuldades e necessidades que emergem no cotidiano
da escola. Primeiramente com relação ao trabalho dos profissionais que por
vezes é desvalorizado no reconhecimento social e nos baixos salários.
Além da formação deficiente, a infra-estrutura precária, a hierarquia
das relações e a carência de materiais pedagógicos, são aspectos que
dificultam e por vezes impossibilitam a realização de um bom trabalho.
A escola também deve estar revendo suas atribuições em relação aos
profissionais que nela atuam, estes não representam apenas um número,
também não possuem características homogêneas, torna-se necessário focar
na premissa de que cada um é diferente, pensa de uma forma e age conforme
suas vivências e bagagem cultural.
Todo processo de aprendizagem precisa estar articulado com a
história de cada indivíduo, pois estará aprendendo mais facilmente quando o
novo estiver sendo articulado com algum aspecto de seu conhecimento e
experiência prévia.
Pensar no espaço escolar como local de atividades pré-determinadas
por conhecimentos validados pelo currículo oficial de uma realidade ausente é
um equívoco, a escola não é apenas um espaço fechado e rotineiro, mas um
ambiente sócio-cultural, onde se reproduz sim, mas também se produz e
reinventa o saber, a cultura, a vida e os sujeitos singulares.
39
CAPÍTULO IV
A PRÁXIS DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL E
PEGAGÓGICA, A DOCÊNCIA E SUAS RELAÇÕES COM
O LÚDICO
Dentre as novas perspectivas de trabalho, um dos maiores desafios da
orientação educacional e pedagógica é orientar os professores quanto a
estratégias e dinâmicas que possam abordar uma proposta com possibilidades
de reconstrução do ensino, pois o lúdico tem demonstrado diferentes faces na
área educacional. Por vezes, professores conhecem a teoria, mas não como
praticar; em outras, associam teoria à prática, porém não podem exercê-la
devido a algumas problemáticas que rodam a prática docente.
A cultura escolar tem sido um fator intrínseco nessa abordagem. A
postura tradicional traz implicações acerca do trabalho lúdico. O enaltecimento
dos conteúdos (não descartando sua importância) frente aos objetivos a serem
atingidos em um determinado período de tempo, a grande busca por resultados
vêm comprometendo o processo de desenvolvimento pleno, alcançando
apenas algumas áreas de conhecimento e não possibilitando a construção da
criança como ser autônomo e criativo.
Outro aspecto relevante é a utilização dos recursos para o
desenvolvimento das atividades lúdicas. O brinquedo é um dos principais
instrumentos que possibilitam a relação da criança com o concreto, a ponte
entre o mundo da fantasia e o real, levando-a ao despertar e ao querer fazer. A
materialização de sentimentos, anseios e emoções, bem como o
desenvolvimento intelectual nas diferentes áreas, são alguns dos aspectos que
têm estimulado a orientação na busca pela inserção do concreto (brinquedo) na
metodologia de trabalho docente. Porém existem também algumas questões
que giram em torno dessa prática, entre elas estão o “como” trabalhar, a
estrutura escolar, a receptividade dos alunos. Torna-se imprescindível que o
fazer pedagógico diário esteja sendo acompanhadas e incentivadas através de
40
textos, sugestões de bibliografia, intervenções e participações sistemáticas da
orientação educacional e pedagógica, sempre ciente da importância de seu
papel para promover um trabalho em conjunto na escola.
Como vimos anteriormente, poucos professores estão preparados para
exercer o lúdico em sala de aula e precisam de interferência na prática docente
por parte da supervisão para a tomada de novas posturas, pois o currículo dos
cursos de formação mostra-se deficiente em relação a tais práticas. Os
docentes estão sendo levados a negar o lúdico em nome da produtividade da
sociedade moderna, em detrimento da preparação para o futuro.
Outro aspecto relevante é pensar que mesmo que a existência do
lúdico tenha surgido no século passado, talvez pela falta de pesquisas que
produzam conhecimentos, essa prática venha perdendo sua verdadeira
essência. O modismo acerca das atividades lúdicas faz com que professores
tornem-se adeptos da reprodução de atividades. Mesmo sem as conhecerem
ou concordarem com elas, apenas as praticam devido ao movimento do
processo educativo que os envolve. Podemos perceber tal indicação na fala de
outra supervisora “... em alguns momentos chegaram a ser divulgadas
(atividades lúdicas), a sua utilização quase de forma ditadora. Caso o não uso,
o educador seria considerado arcaico, creio que isso precisa estar internalizado
e ser uma prática reflexiva.”
Torna-se imprescindível ressaltar a importância de se avaliar a forma
como o lúdico vem sendo implementado nas escolas. A falta de profissionais
preparados na área, a insuficiente estrutura das instituições, a receptividade
dos educandos são, entre outros, aspectos que distanciam essa prática da
realidade escolar.
Entretanto, temos percebido que, para muitos profissionais de
educação, a atividade lúdica restringe-se a atividades realizadas fora da sala
de aula, a recreação, por exemplo, em que as crianças fazem o que querem,
sem orientação ou acompanhamento em horários predeterminados. Contudo
Vygotsky (1984) afirma a importância da brincadeira do ponto de vista cultural,
social e, principalmente, pedagógico.
41
Então, o brincar não é apenas uma atividade para se passar o tempo
ou divertir as crianças, mas traz em si uma gama de possibilidades de
desenvolvimento de potencialidades e propicia o despertar da criatividade do
professor e principalmente dos alunos. O orientador, por sua vez, precisa
constantemente mediar o trabalho docente nesta abordagem.
Este precisa criar situações de trabalho coletivo, onde o professor
possa praticar e confrontar problemas que emergem no cotidiano escolar, cuja
resolução necessita de reflexão. Então o seu papel será o de auxiliar no
processo ensino-aprendizagem, encorajando, valorizando e incentivando o
professor a constantes reflexões sobre a sua prática. Segundo Libâneo:
De fato, como toda instituição, as escolas buscam
resultados, o que implica uma ação racional, estruturada e
coordenada. Ao mesmo tempo, sendo uma atividade
coletiva, não depende apenas das capacidades a
responsabilidades individuais, mas de objetivos comuns e
compartilhados, de meios e ações coordenadas dos
agentes do processo. (2003, p.132)
Ainda na perspectiva de atribuição do lúdico para a aprendizagem dos
discentes, a grande maioria das profissionais envolvidas na pesquisa concorda
com que muitas são as contribuições trazidas pelas atividades lúdicas, entre
elas o desenvolvimento, o interesse, a participação nas atividades e a
possibilidade de trabalhar questões sociais, “ os alunos aprendem a lidar com
questões importantes como: respeito, organização, cognição, afetividade,
aspectos que estão atrelados ao projeto político pedagógico da escola.”
Por último, retomamos a questão que pode trazer respostas para
tantos questionamentos tratados no decorrer deste trabalho: Na sua opinião, a
orientação educacional e pedagógica pode auxiliar o trabalho dos professores
na inserção do lúdico na classe de alfabetização?
42
Muitas reflexões e algumas críticas foram apontadas acerca desse
questionamento. Algumas profissionais com um posicionamento favorável ao
trabalho da orientação como mediação do processo educativo, “Creio que
através de momentos de trocas, compartilhando experiências e materiais que
possamos, juntamente com o apoio pedagógico, utilizar em nossa prática
docente, o trabalho em prol do lúdico e acontecerá de forma natural.” Outros
ainda com críticas acerca da escola e/ou especialista.
“As escolas, muitas vezes não permitem o trabalho através de
brincadeiras Querem conteúdos e resultados em um tempo determinado e os
orientadores e professores tendem a se adequar a estas e outras exigências
impostas.”
“Não, se formos esperar da orientação e supervisão estrutura e auxílio,
nada ou quase nada poderá ser feito.”
Pudemos perceber que, assim como muitos outros, alguns professores
ainda necessitam de intervenções por parte da orientação pedagógica para
exercerem reflexões e alçarem vôo em direção a novas abordagens. Uma das
docentes entrevistada concorda com que sala de aula é um lugar formal onde a
seriedade impõe ordem e respeito (o que já vimos anteriormente não ser
indicativo de que as crianças estejam aprendendo). Segundo ela, “Estou
escrevendo o que escrevi e meus alunos estão fazendo as atividades do
quadro em silêncio e com disciplina, pois acredito que só com disciplina,
respeito e limites possam chegar a algum lugar. Acredito na liberdade com
responsabilidade e respeito e, se necessário, liberdade vigiada.”
Infelizmente, essa é uma realidade ainda vivenciada em nossas
escolas e, a partir de algumas divergências encontradas, foi possível salientar
e confirmar as várias problemáticas que já haviam sido tratadas no decorrer de
todo o trabalho.
Pode-se afirmar que o lúdico ainda não está sendo praticado da forma
como deveria no cotidiano escolar. Apesar de a maioria dos profissionais
entenderem (mesmo que de forma subjetiva) a tal prática e serem favoráveis a
ela, há empecilhos e barreiras que limitam o trabalho, sendo as principais a
43
falta de estrutura, a “má” influência da cultura escolar e a escassez de
profissionais habilitados para que o processo seja bem sucedido.
Contudo queremos crer que alguns docentes, ainda acreditam no
trabalho compartilhado, na parceria e troca com os especialistas para o
crescimento profissional, primam pela opção de fazer do processo de ensino-
aprendizagem um ato de prazer e alegria, valorizando, sim, o produto final do
processo, mas principalmente privilegiando a construção, o caminho a ser
percorrido. Pensamos que, se todos estivessem conscientes do verdadeiro
valor do lúdico para o desenvolvimento humano, atitudes e cobranças descritas
acima não estariam presentes no cotidiano escolar.
Portanto torna-se indispensável que o orientador atente para a
importância do seu trabalho como mediador de todo o processo, fazendo uma
ponte entre os pares, proporcionando trocas, viabilizando estudos e
possibilitando a transformação e renovação das práticas educativas.
44
CONCLUSÃO
Ao longo do presente trabalho podemos perceber que o lúdico não é
somente um facilitador da aprendizagem, mas sim um fator fundamental e
essencial para um bom desenvolvimento global do individuo, como podemos
perceber, a criança aprende melhor brincando, pois o brincar é uma
necessidade, ela busca a satisfação de seus desejos imediatos, ela está
sempre pronta para criar outros sentidos para os objetos que possuem.
O lúdico como possibilidade e instrumento para o desenvolvimento
humano ainda não encontrou verdadeiramente um reconhecimento nas
práticas educacionais. Como também podemos perceber ao longo deste
trabalho, o seu reconhecimento ainda não tem sido validado, pois, tanto nas
instituições de formação dos profissionais da área, nas que já apresentam uma
experiência secular, quanto nas de ensino superior e docentes, mantém-se
pouquíssimas experiências ou inexpressivas linhas de pesquisa que abordem
tais atividades em suas práticas.
Foi possível constatar a relevância do trabalho do orientador, que além
de mediar o processo, tem a necessidade de estimular a inserção de novas
concepções pedagógicas para produção de aprendizagens, a aquisição do
conhecimento necessária para que o educador conheça e pratique as
atividades lúdicas em sala de aula. Levando o professor a modificar sua
prática, buscando novas estratégias e trabalhando em prol de uma educação
mais dinâmica e interativa.
45
Ousamos a posicionar-nos como orientadora e acreditar que a inserção
das atividades lúdicas como instrumento pedagógico é possível sim e, apesar
de não ser uma realidade hoje, está em discussão nos cursos de formação, em
grupos de pesquisa e na formação continuada, o que já proporciona uma
expectativa de avanço.
Torna-se necessária a conscientização de todos os envolvidos no
processo educativo, mas, enquanto isto não acontece, pensamos ser o
orientador o elo, pois, apesar de ainda não ter total influência na formação dos
professores, podem trazer abordagens que estimulem tais práticas, levando-os
a enfrentarem as resistências com relação à “permissão” para desenvolver
esse trabalho dentro das instituições.
46
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANTUNES, Celso. A teoria das Inteligências Libertadoras. 2. ed. Petrópolis:
Vozes, 2000.
BOLZAN, Doris Pires Vargas. Formação de Professores: construindo e
compartilhando conhecimento. Porto Alegre: Mediação, 2002, 2 ed 2009.
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industrial. Diário oficial da Republica Federativa do Brasil, Poder Legislativo,
Brasília, DF, 30 jan. 1942. Disponível em:http://www3.dataprev.gov.br/sislex/
paginas/24/1942/4073.htm. Acesso em 10 de jan de 2010
BRASIL. Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e
bases da educação nacional. Diário Oficial da Republica Federativa do Brasil,
Poder Legislativo, Brasília, DF, 23 dez. 1996. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/CCIVIL03/leis/L9394.htm. Acesso no dia 02 de jan
de 2010.
CASTRO, Elza Vidal; MATTOS, Maria do Carmo. Reflexões sobre a prática
pedagógica. Belo Horizonte-MG: SEF, 2000.
CURY, Augusto. Pais Brilhantes e Professores Fascinantes. 9. ed. Rio de
Janeiro: Sextante, 2003.
FERREIRO, Emília. Reflexão sobre alfabetização. 24. ed. São Paulo: cortez,
2001.
GRINSPUN, Mirian P. S. Zippun (org) et al.,: A prática dos Orientadores
Educacionais, 4. ed. São Paulo: Cortez , 2001.
KISHIMOTO, Tizuko M. Jogo, Brinquedo, Brincadeira e a Educação. 3ª ed. São
Paulo: Cortez, 1999.O Jogo e a Educação Infantil. São Paulo: Pioneira, 1994.
47
LIBÂNEO, José Carlos et alli.Educação escolar, São Paulo: Cortez, 2003.
MACEDO, Lino de; PETTY, Ana Lúcia Sicolli; PASSOS, Norimar Chirte.
Aprender com Jogos e Situações-Problema. Porto Alegre: Artmed, 2000.
MACHADO, Luiz. Manual do professor. 4. ed. Rio de Janeiro: Rodrigo da
Cunha Lima e Paulo Américo Gomes e Magalhães, 1998.
NOVA ESCOLA. São Paulo: Abril, Ed. Especial, 2006.
NOVAES, J. C. Brincando de Roda. Rio de Janeiro: Agir, 1992.
OLIVEIRA, V. B. O Brincar e a Criança. Petrópolis: Vozes, 1996.
PIAGET,J. A formação do símbolo na criança: imitação, jogo,imagem e
representação. Rio de Janeiro: Zahar,1976.
PIAGET, Jean. A Formação do Símbolo na Criança: imitação, jogo e sonho.
Rio de Janeiro: Zanar, 1978.
PIMENTA, S. G. O pedagogo na escola pública. 3. ed. São Paulo: Loyola,
1995.
PLACCO, V. M. N. S. Formação e prática do educador e do orientador:
confrontos e questionamentos. 2.ed. Campinas: Papirus, 1998.
RAPPAPORT, Clara Regina; FIORI, Wagner Rocha [et al]. A Idade Pré-
Escolar, v. 3. São Paulo: EPU, 1981.
SANTIN, S. Da alegria do Lúdico à opressão do rendimento. Porto
Alegre.EST/ESEF-UFRGS.,1994
SANTOS, Santa Marli Pires dos. (org.). Brinquedoteca: o lúdico em diferentes
contextos. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 1997. Serviço de Supervisão
Pedagógica:
WALLON, Henri. Do Ato ao Pensamento. Lisboa: Morais, 1979.
48
VYGOTSKY, L.S. A formação social da mente. São Paulo: Fontes, 1987.
. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 4ª ed., 1991.
49
ANEXO
Como podem ser confeccionados os jogos
O JOGO DA MEMÓRIA - PALAVRA E NÚMERO DE LETRAS
Inicialmente, escolher um vocabulário que faça parte do dia-a-dia da criança;
Depois, poderá ampliá-lo a um universo maior de palavras;
Apresentar jogos bem variados, em que as crianças possam escolher
livremente junto com seu grupo, de acordo com o nível em que se encontram:
pré-silábico, silábico ou alfabético.
Material:
Canetas hidrocor, lápis de cor, papéis variados, figuras de revistas ou
desenhos dos alunos.
No verso, os cartões deverão ser da mesma cor, para que os alunos não
possam identificá-los.
Como jogar:
Os cartões serão colocados virados para baixo;
Quem começa o jogo é quem vira dois cartões;
Se for iguais, ele guarda os cartões para si e joga outra vez;
Se os cartões forem diferentes, coloca-os novamente virado para baixo no local
onde estavam;
Vencerá o jogador que ficar no final com o maior número de cartões.
DOMINÓ
Materiais:
Placas de isopor;
EVA, cola para EVA ou isopor;
Lápis de cor, hidrocor;
Desenhos de animais, frutas ou objetos que iniciem com as letras do alfabeto;
Os desenhos podem ser pintados ou confeccionados pelas crianças,
recortados de revistas e livros.
50
Como jogar;
O objetivo deste jogo é que as crianças identifiquem figuras e suas respectivas
letras iniciais.
JOGO DA METADE – PROFISSÕES
Deveram ser escolhidas várias profissões, de preferência que as letras iniciais
não se repitam para facilitar a assimilação das crianças.
Material:
EVA, hidrocor para escrever os nomes;
Cola para EVA, papel chamex em cores variadas.
Como jogar:
Os nomes das profissões deverão ser colocados em triângulos do mesmo
tamanho e da mesma cor, a criança deverá identificar as profissões iguais,
montando os triângulos e formado um quadrado.
JOGO DE PALAVRAS E FRASES
Material:
Caixa ou sacola com tipos variados de palavras em fichas;
Papéis variados para confeccionar as fichas.
Como jogar:
Dividir a turma em duas equipes: masculino e feminino;
Uma criança retira uma ficha com uma palavra;
Ela lê a palavra baixinho para o professor (se acertar, ganha ponto);
Depois ela faz a mímica da palavra para os colegas descobrirem;
A equipe que descobrir em primeiro lugar ganha ponto;
Depois ela prega a ficha no quadro e escreve uma frase com a palavra;
Os colegas lêem a palavra e a frase que ele escreveu;
O aluno ao escrever a frase ganha ponto.
CAIXINHA DA SÍLABAS
51
Material;
O material é o mesmo utilizado no jogo de palavras e frase;
Colocar vários cartões com sílabas variadas.
Como jogar:
Os alunos ficarão sentados nas carteiras em círculo;
A caixinha é passada de mão em mão, na sua vez, o aluno retira uma ficha;
Ele deverá dizer rapidamente uma palavra começada com aquela sílaba. Se
demorar a dizer a palavra, ele deverá pagar uma prenda: dizer um versinho,
cantar, dançar, imitar um animal, etc.
Variação:
O professor poderá variar o joguinho, colocando na caixinha fichas com as
letras do alfabeto para as crianças dizerem a palavra começada com a letra ou
escrevê-la no quadro.
BINGO DE PALAVRAS
Material:
Folhas de papel ou cartelas com uma palavra escrita na parte superior.
Como jogar:
Dividir a turma em equipes de 04 (quatro) ou 06 (seis) alunos;
Entregar a cada componente do grupo uma cartela com palavras diferentes;
Os alunos preenchem a cartela, escrevendo as palavras de acordo com a
primeira letra de cada coluna;
O professor marca o tempo para os alunos preencherem a cartela;
Findo o tempo, os alunos recolhem as cartelas do seu grupo e fazem a
contagem total de pontos;
Cada acerto de palavra valerá um ponto;
A equipe que obtiver mais pontos será a vencedora.
Variação:
O professor poderá passar no quadro a palavra chave e os alunos fazem no
caderno;
O professor marcará o tempo;
No final, o aluno que conseguir escrever mais palavras será o campeão
52
BINGO DE LETRAS
As cartelas devem conter letras variadas. Algumas podem conter só letras do
tipo bastão; as outras, somente cursivas; e outras, letras dos dois tipos,
misturadas.
Bingo de palavras: as cartelas devem conter palavras variadas. Algumas
podem conter só palavras do tipo bastão; as outras, somente cursivas; e
outras, letras dos dois tipos.
JOGOS COM O ALFABETO
Utilize um alfabeto móvel (1 consoante para cada 3 vogais). Divida a classe em
grupo e entregue um jogo de alfabeto para cada um.Vá dando as tarefas, uma
a uma:
*levantar a letra ___
* organizar em ordem alfabética
* o professor fala uma letra e os alunos falam uma palavra que inicie com ela.
* formar frases com a palavra escolhida
*formar palavras com o alfabeto móvel
* contar as letras de cada palavra v separar as palavras em sílabas
*montar histórias com as palavras formadas
* montar o nome dos colegas da sala
* montar os nomes dos componentes do grupo.
FORMANDO PALAVRAS
Número de jogadores: 4 por grupo.
53
Material: 50 cartões diferentes (frente e verso) Um kit de alfabeto móvel por
grupo (com pelo menos oito cópias de cada letra do alfabeto)
Desenvolvimento: Embaralhe os cartões e entregue dez deles para cada grupo;
Marque o tempo – 20 minutos – para formarem a palavra com o alfabeto móvel
no verso de cada desenho. Ganha o jogo o grupo que primeiro preencher todos
os cartões.
Variações: Classificar (formar conjuntos) de acordo:
* com o desenho da frente dos cartões;
*com o número de letras das palavras constantes dos cartões;
*com o número de sílabas das palavras dos cartões;
* com a letra inicial;
JOGO DE RIMAS
Material:
Lápis, papel e relógio;
Como executar:
O professor proporá as crianças que escrevam o maior número de palavras
que tenham o mesmo som final (ex. balão, pavão, botão etc.) Este jogo poderá
ser individual ou em grupo.O professor dará um tempo para as crianças
terminarem a tarefa minutos.No final a criança ou grupo, irá ler as palavras que
conseguiram escrever.Vence quem conseguir o maior número de palavras.
A PALAVRA É...
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Material:
Rótulos de produtos, fichas com palavras recortadas de jornais e revistas ou
palavras que fazem parte do conhecimento da criança.
Como jogar:
Colocar dentro de uma sacola, envelope ou caixa o rol de palavras
significativas. O aluno retira uma palavra e lê em voz alta. Ganha quem
conseguir ler mais palavras.
BINGO DE PALAVRAS
Material:
Cartela com palavras contextualizadas em sala de aula (nomes de pessoas,
animais, frutas, flores, brinquedos, etc.).
Como jogar:
Cada criança recebe uma cartela do bingo com nomes diversificados.Colocar
em uma sacola cartões com as letras do alfabeto.Sortear uma letra. Quem tiver
na cartela a letra sorteada vai marcando com tampinhas ou sementes. Vence
quem primeiro preencher a cartela.
ALFABETO ILUSTRADO
Material:
Confeccione 23 palavras em cartões que fazem parte do vocabulário da criança
e mais 23 cartões com os desenhos das palavras.
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Como jogar:
Para começar, os cartões devem ser virados com a face para baixo e
embaralhados. Cada criança recebe 4 cartões e os demais ficam no monte. A
cada rodada, o jogador compra uma carta no monte. Vence quem tiver o maior
número de associações.
DOMINÓ DE LETRAS
Através desse jogo, crianças a partir de 5 anos aprendem a diferenciar letras
maiúsculas e minúsculas do alfabeto.
Material:
Confeccionar 24 peças tipo dominó, uma parte com letra maiúscula e a outra
com letra minúscula. A primeira peça terá a mesma letra nas duas partes,
porém as demais em peças diferentes.
Como jogar:
Poderão participar até 4 jogadores. Embaralhar as peças e dividir em número
igual aos participantes. O primeiro a jogar será o jogador que tiver a peça A a.O
próximo será o jogador que tiver a peça com a letra “A” maiúscula. Os
Jogadores deverão encaixar sempre as letras minúsculas nas maiúsculas.
Sempre que for a vez de um jogador e ele não tiver a peça que encaixa, ele
deverá passar a vez para quem tiver.Vencerá quem encaixar todas as peças
no jogo primeiro.
FORCA
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Colocar na lousa as lacunas da palavra e desenhar a forca.Consiste em
adivinhar qual a palavra que está escondida. O aluno vai sendo enforcado aos
poucos a cada letra que errar. Deve dizer as letras que acha que vão formar a
palavra.
Duas modalidades do jogo:
1) Jogo sem dica e sem tempo limite. Tem que adivinhar as letras para formar
a palavra.
2) Jogo com dica e com limite de tempo. A resposta é a palavra escondida. Se
oferecer a dica da palavra, o aluno terá um limite de 2 minutos pra conseguir
adivinhar.
QUEBRA-CABEÇA DAS SÍLABAS
Materiais:
- Imagens diversas;
- Palavras Digitadas no computador e impressas;
- Papel cartaz;
- Contact;
- Cola bastão, tesoura e lápis de cor.
Confecção:
Corte o papel cartaz em cartões com 15cm de altura por 10 cm de largura;
Cole as figuras no cartão recortado com seu nome logo abaixo (se as figuras
forem preto e branco pode-se colorir com lápis de cor);
Cubra tudo com contact;
Corte o cartão na vertical separando as sílabas da palavra
Modo de jogar
Pode-se jogar individualmente ou em duplas;
57
O aluno deve encaixar as peças até formar a figura e a palavra correta.
JOGO DOS 7 ERROS
A professora elabora uma lista de palavras e, em 7 delas, inverte a ordem de 2
letras (ex: cachorro – cachroro). A criança deve achar esses 7 erros.
ACHE O ESTRANHO
A professora recorta, de revistas, rótulos, logomarcas, embalagens, etc.
Agrupa-os por categoria, deixando sempre um "estranho" (ex: 3 alimentos e um
produto de limpeza; 4 coisas geladas e 1 quente; 3 marcas começadas por "A"
e uma por "J"; 4 marcas com 3 letras e 1 com 10, etc.) Cola cada grupo em
uma folha, e pede ao aluno para achar o estranho.
JOGO DOS 7 ERROS
A professora escreve um texto conhecido (musica, parlenda, etc.) e acrescenta
7 palavras que não façam parte dele. A criança deve localizar quais são elas.
JOGO DOS 7 ERROS
A professora escreve um texto conhecido (musica, parlenda, etc.) e omite 7
palavras. O aluno deve descobrir quais são elas.
58
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
O LÚDICO 10
1.1 – O Lúdico como Facilitador da Aprendizagem 13
1.2 – O papel do brinquedo 16
1.3 – Brincadeiras populares, diversões de antigamente que encantam 19
CAPÍTULO II
O JOGO COMO RECURSO PEDAGÓGICO NA ALFABETIZAÇÃO 21
2.1 – Sugestões de jogos pedagógicos 22
CAPÍTULO III
A ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL E O SEU PAPEL TRANSFORMADOR 24
3.1 – Surgimento e regularização da profissão 24
3.2 – As atribuições do Orientador 29
3.3 – O Orientador Educacional como agente transformador 32
3.4 – A Influência da Orientação Educacional e Pedagógica na
formação de Professores 34
3.5 – A Interferência da Cultura Escolar 37
CAPÍTULO IV
A PRÁXIS DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL E PEDAGÓGICA,
A DOCÊNCIA E SUAS RELAÇÕES COM O LÚDICO 39
CONCLUSÃO 44
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 46
59
ANEXOS 49
ÍNDICE 58
60
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição:
Título da Monografia:
Autor:
Data da entrega:
Avaliado por: Conceito:
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