UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
CONSUMO CONSCIENTE: A IMPORTÂNCIA DO CONSUMO
CONSCIENTE E SUSTENTÁVEL PARA O MEIO AMBIENTE
Por: Isabel Barra Viegas
Orientador: Maria Esther Araujo
Rio de Janeiro
2010
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
CONSUMO CONSCIENTE: A IMPORTÂNCIA DO CONSUMO
CONSCIENTE E SUSTENTÁVEL PARA O MEIO AMBIENTE
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em Gestão
Ambiental
Por: Isabel Barra Viegas
3
AGRADECIMENTOS
...aos colegas, aos amigos e aos professores...
4
DEDICATÓRIA
A minha madrinha Ray Alves, aos meus
amigos Marcelo Braga e Renata
Bernardina aos colegas de turma e aos
amigos que entenderam meu breve
afastamento e me apoiaram para
conquistar mais um objetivo em minha
vida.
5
RESUMO
A importância do consumo consciente vem crescendo dia a dia.
Tornando-se tema constante em discussões cientificas e de políticas sociais,
com o objetivo de apresentar a sociedade orientações conceituais e
educacionais para o consumo de maneira sustentável. Neste trabalho trata-se
do “consumo consciente” e conceitos interligados como, sociedade, variações
de consumo e meio ambiente, abrangendo também componentes naturais,
sociais e econômicos.
Ressalta-se como é fundamental a conservação dos recursos naturais
para satisfação das necessidades atuais e para as gerações futuras. Deixa-se
claro o impacto e ameaças sobre o futuro da vida no Planeta sem o consumo
consciente. Mostra-se que a redução da degradação ambiental é fundamental
para a existência do homem, a produtividade da terra e a melhoria de diversos
outros elementos do progresso econômico e social, como, saúde, alimentação
e qualidade de vida. Desperta-se o interesse pela Educação Ambiental e para
o fundamental “saber usar para não faltar”. Descreve-se sobre os desafios
diários de como se tornar um verdadeiro consumidor consciente e garantindo
assim o crescimento do desenvolvimento sustentável continuo e melhores
condições de vida no mundo atual e para as gerações futuras.
No primeiro capitulo aborda-se os vários enfoques do que é meio
ambiente, da relação meio ambiente e sociedade e da crise ambiental que teve
inicio no final do século XIX até os dias atuais. No segundo capitulo descreve-
se brevemente sobre o consumo, sociedade de consumo, e mostra a diferença
entre consumismo e consumerismo. No último ressalta-se a importância do
consumo consciente e suas variantes e dá dicas de como podemos contribuir
para o equilíbrio do meio ambientes tendo atitudes sustentáveis.
6
METODOLOGIA
A pesquisa pode ser classificada da seguinte maneira: a) fins: descritiva
e explicativa, e b) bibliográfica. Em relação à coleta e análise dos dados, a
pesquisa monográfica será conduzida inicialmente por uma pesquisa
bibliográfica, apresentando o histórico e as definições teóricas do tema, a partir
de uma série de autores e suas publicações em livros, artigos e Internet.
No último capítulo, explana-se sobre o consumo em prol do meio
ambiente e suas variantes e ensina como fazer para consumir
conscientemente contribuindo para o equilíbrio do meio ambiente.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 09
CAPÍTULO I - Meio Ambiente 11
1.1 - Meio Ambiente e Sociedade 12
1.2 - Crise Ambiental 15
CAPÍTULO II - Consumo 18
2.1 - Sociedade de Consumo 19
2.2 - A Diferença entre Consumismo e Consumerismo 22
2.2.1 - Consumismo 22
2.2.2 - Consumerismo 24
CAPÍTULO III - O Consumo Consciente em Prol do Meio Ambiente 26
3.1 - Consumo Consciente 26
3.2 – Consumo Responsável 28
3.3 - Consumo Sustentável 29
3.3.1 - Consumo Sustentável Depende da Participação de todos 31
3.4 - Consumo Verde 32
3.5 - Consumo Ético 32
3.6 - O que se pode fazer para consumir conscientemente contribuindo
para o equilíbrio do meio ambiente. Dicas 33
3.6.1 - Água 33
3.6.2 - Alimentos 34
3.6.3 - Reciclagem 34
3.6.4 - Energia 35
8
CONCLUSÃO 36
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 38
ÍNDICE 42
FOLHA DE AVALIAÇÃO 44
9
INTRODUÇÃO
A preservação ambiental baseado na intocabilidade dos recursos
naturais é um antigo conceito que já foi superado e substituído por outro,
condicionado a um novo modelo de desenvolvimento da civilização,
fundamentado no uso racional dos recursos naturais, para que se possa
garantir a satisfação das necessidades das gerações atual e vindouras.
A este desenvolvimento que não esgota, mas conserva e realimenta
suas fontes de recursos naturais, e promove a repartição justa dos benefícios
alcançados; que não é movido apenas por interesses imediatos, mas sim
baseado no planejamento e que por esta razão é capaz de manter-se no
espaço e no tempo, é que se dá o nome de desenvolvimento sustentável.
A importância do consumo consciente vem crescendo dia a dia.
Tornando-se tema constante em discussões cientificas e de políticas sociais,
com o objetivo de apresentar a sociedade orientações conceituais e
educacionais para o consumo de maneira sustentável, envolvendo debates
sobre desenvolvimento e crescimento econômico versus a degradação
ambiental e suas conseqüências para a humanidade.
Na temática do desenvolvimento sustentável surgiram conceitos como
consumo consciente, consumo responsável, consumo verde, consumo ético, e
consumo sustentável.
O desenvolvimento sustentável, para ser alcançado e garantido,
depende do reconhecimento, por parte da sociedade, de que os recursos
naturais não são eternos. Isso implica a necessidade de um modelo de
desenvolvimento econômico que priorize a preocupação com o meio ambiente;
10com qualidade em vez de quantidade; com redução do uso de matérias-primas
e produtos; e com o aumento da reutilização e reciclagem.
O consumo é um fenômeno social complexo, condicionado por
múltiplos fatores, com influencia sobre a vida humana e do planeta.
Neste trabalho descrevem-se as origens e o funcionamento do sistema
de consumo atual. Registram-se definições e discussões sobre diversas
variáveis relacionadas ao consumo, focalizando seus efeitos e conseqüências
na sociedade. Mostra-se como as atitudes do consumidor podem comprometer
a sobrevivência das gerações futuras; e apresentam-se orientações
conceituais e educacionais para o consumo de maneira consciente e
sustentável. Espera-se, desse modo, contribuir para mudanças no estilo de
vida e de padrões de consumo e vice-versa.
É evidente que a educação é parte fundamental para toda e qualquer
transformação positiva do ser humano. Assim, também é preciso educar para o
consumo sustentável.
O objetivo principal é desenvolver o interesse e a educação para o
suprimento das necessidades da geração atual, sem comprometer a
capacidade de atendimento às gerações futuras; bem como para despertar
para o consumo de maneira consciente e sustentável.
Assim, justifica-se a importância desta monografia, uma vez que se
pode utilizá-la como instrumento para induzir ações pertinentes ao consumo de
forma sustentável,melhorando o estilo de vida e contribuindo para a
conservação do ecossistema.
11
CAPÍTULO I
MEIO AMBIENTE
O termo “meio ambiente” é considerado pelo pensamento geral como
sinônimo de natureza, local a ser apreciado, respeitado e preservado. Porém é
necessário um ponto de vista mais profundo no termo, estabelecer a noção no
ser humano de pertencimento ao meio ambiente, no qual possui vínculos
naturais para a sua sobrevivência.
Por meio da natureza, reencontramos nossas origens e identidade
cultural e biológica, uma espécie de diversidade “biocultural”. Outra definição
sobre o termo “meio ambiente” o coloca no significado de recursos, de gerador
de matéria-prima e energia.
Nesta segunda definição, a educação ambiental trabalha a noção de
consumo responsável e solidária, na defesa do acesso às matérias-primas do
meio ambiente de forma comum para todos. Na terceira concepção da palavra,
quando falamos em “meio ambiente” no seu curso de problemáticas e
questões, surgem as pesquisas e as ações em prol das soluções sobre as
perdas e destruições que desfavorecem o equilíbrio natural de um determinado
meio.
Meio Ambiente no sentido de ecossistema é um conjunto de realidades
ambientais, considerando a diversidade do lugar e a sua complexidade. O
“meio ambiente” como lugar onde se vive é referente à vida cotidiana: casa,
escola e trabalho. O “meio ambiente” como biosfera surge para explicar a
interdependência das realidades sócio-ambientais em todo o mundo, a Terra é
a matriz de toda a vida.
12 O termo “meio ambiente” também pode designar um território de uso
humano e de demais espécies. Toda pesquisa e a educação ambiental devem
considerar todos os significados sobre o termo “meio ambiente”.
Meio ambiente é o conjunto de forças e condições que cercam e
influenciam o seres vivos e as coisas em geral. Os constituintes do meio
ambiente compreendem fatores abióticos, como o clima a iluminação, a
pressão, o teor de oxigênio, e bióticos, como as condições de alimentação,
modo de vida em sociedade e para o homem, educação, companhia, saúde e
outros. Esta definição refere-se aos aspectos ecológicos do meio ambiente.
De acordo com a resolução CONAMA 306/2002: “Meio Ambiente é o
conjunto de condições, leis, influencias e interações de ordem física, química,
biológica, social, cultural e urbanística, que permite, abriga e rege a vida em
todas as suas formas”.
Encontra-se na ISO 14001/2004 a seguinte definição sobre meio
ambiente: “circunvizinhança em que uma organização opera, incluindo-se ar,
água, solo, recursos naturais, flora, fauna, seres humanos e suas inter-
relações.
1.1- Meio Ambiente e Sociedade
A contradição nas relações Homem-Natureza consiste principalmente
nos problemas dos processos industriais criados pelo Homem. Esse processo
é visto como gerador de desenvolvimento, empregos, conhecimento e maior
expectativa de vida. Porém, o homem se afastou do mundo natural, como se
não fizesse parte dele. Com todo esse processo industrial e com a era
tecnológica, a humanidade conseguiu contaminar o próprio ar que respira, a
água que bebe, o solo que provém os alimentos, os rios, destruir florestas e os
habitats animais. Todas essas destruições colocam em risco a sobrevivência
da Terra e dos próprios seres humanos.
13 O elevado índice de consumo e a conseqüente industrialização esgotam
ao longo do tempo os recursos da Terra, que levaram milhões de anos para se
compor. Muitos desastres naturais são causados pela ação do homem no meio
ambiente. Ao contrário de muitos que pensam que a natureza é violenta, pode
ser, mas seu maior agressor é o homem, que não se deu conta de que deve
sua existência a ela. Todos esses processos industriais transformam o meio
ambiente, poluindo o ar, a água, o solo, destruindo florestas, fazendo com que
muitas pessoas se afastem e não tenham contato com o mundo natural.
Mesmo que o homem tenha hoje uma maior consciência sobre sua
intervenção no mundo natural, o que podemos até considerar um avanço,
mediante as grandes degradações que já ocorreram até agora, ainda não há
coerência suficiente. Ou seja, muitas ações deveriam ser colocadas em prática
para a preservação do meio ambiente como um todo. O que vemos atualmente
é que os índices de degradação aumentaram, enquanto de um lado existem
muitos lutando por um mundo melhor para todos, de outro lado, a grande
maioria busca seu próprio crescimento econômico, com o objetivo de consumir
cada vez mais, e como conseqüência, consumir mais recursos naturais,
ocasionando a degradação, sem se preocupar e muitas vezes sem saber, que
esses recursos muitos são renováveis, mas não são infinitos.
Os problemas ambientais já vêm de longa data, desde a época em que
o sistema industrial se desenvolveu na Europa e depois se transferiu para a
América do Norte, aumentando cada vez mais a pressão sob o planeta.
Recentemente, os problemas ambientais se agravaram, devido ao crescimento
populacional desenfreado e suas vontades de viver num mundo industrial e
tecnológico. O maior problema do planeta hoje, é entender e resolver as
relações Homem-Terra, para que se consiga viver em harmonia e em equilíbrio
com o Planeta.
Desde o final do século XX o mundo vem passando por importantes
processos de reorganização. O processo produtivo, principalmente nas
economias desenvolvidas gera mudanças de ordem econômica e tecnológica
14de grande magnitude, em que a natureza é um meio para atingir determinado
fim. A natureza foi aos poucos se transformando, cedendo espaço ao ambiente
construído e modificado, produzido pela sociedade moderna, como resultado
do estabelecimento e desenvolvimento industrial e do capitalismo. O domínio
da natureza pelo homem originou a chamada segunda natureza (RIBAS;
GRAEMEL,2006).
Assim, o meio ambiente é formado pelos elementos produzidos pela
própria natureza – chamada primeira natureza (clima, solo, vegetação, rios,
mares e etc.), e pelos elementos produzidos pela ação do homem – a segunda
natureza (habitações, fabricas, edificações e etc.).
O nivel de preocupação com a questão ambiental, tal como se
apresenta hoje, é um fato muito recente da humanidade. Foi somente a partir
da Conferência de Estocolmo (Primeira Conferência das Nações Unidas sobre
o Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada em 1972), que se despertou
para a consciência e a percepção global das reais consequências da má
utilização dos recursos naturais.
Para Lago e Pádua (1988, p. 34):
A ação da espécie humana sobre o meio ambiente tem
uma caracteristica qualitativa única: possui um enorme
potencial desequilibrador, pois as mudanças que provoca
nem sempre são assimiláveis pelos ecossistemas,
ameaçando assim a permanência dos sistemas naturais.
A boa noticia, sobre o meio ambiente é que, hoje, a preocupação com
os problemas ambientais atingiu âmbito mundial, existindo atualmente
inúmeras entidades de defesa em diversas partes do mundo.
15
1.2 Crise Ambiental
A “revolução ambiental” foi um dos mais importantes movimentos sociais dos últimos anos, promovendo grandes mudanças no comportamento da
sociedade e na organização política e econômica.
Com raízes no final do século XIX, a questão ambiental emergiu após a
Segunda Guerra Mundial, promovendo significantes transformações na visão
do mundo. A humanidade passou a perceber, pela primeira vez, que os
recursos naturais não são inesgotáveis e que seu uso indevido pode
representar o fim de sua própria existência. Com o surgimento e o avanço da
consciência ambiental, a ciência e a tecnologia passaram a ser questionadas.
(CUNHA; GUERRA, 1994).
O século XXI surge em meio a uma crise que demonstra a
esgotabilidade de um processo produtivo, que causa varias forma de
degradação sócio-ambiental, ao expandir-se globalmente. Assim, surgem duas
questões fundamentais: produzir de forma racional e ética, garantindo o direito
das futuras gerações à água, à energia, às fontes de matérias primas, e
distribuir de forma eqüitativa a produção. (ROCHA, 2010).
O homem passa a se ver diante de uma crise ecológica, que evoluiu e
tomou grandes proporções em consequência da má gestão dos recursos
naturais, bem como do crescimento descomedido da população humana e do
consumo médio por habitante. Esses fatores, alem de ameaçar a existência no
planeta dificultam a pratica de um modelo harmônico entre homem e o meio
ambiente.
A sociedade atual, do ter em detrimento do ser, é predominantemente
urbana e tem como característica a globalização, o avanço técnico-científico, a
produção em massa, a competição acirrada, e é marcada por profundas crises
ambientais.
16 Essas crises refletem com objetividade a finitude e a esgotabilidade do
processo produtivo, que ao expandir-se globalmente manifesta conseqüências
desastrosas através de varias formas de destruição sócio-ambiental.
De acordo com Santos e Machado (2004, p. 81) duas questões se
apresentam como os maiores desafios para a sociedade do século 21: “[...]
produzir de forma sustentável, sem esquecer do dever ético de garantir
abastecimento para as futuras gerações, e distribuir de forma eqüitativa a
produção”. No primeiro caso trata-se de investir maciçamente em pesquisas e
desenvolvimento de novas tecnologias em prol da conservação, recuperação e
preservação dos recursos naturais; e, em segundo, a necessidade de
desenvolver e implantar mecanismos eficazes para por fim a miséria absoluta.
Embora muitos fatores de caráter histórico, econômico e cultural
contribuíram para a eclosão destes problemas, a sua origem está na
exploração crescente dos recursos naturais, cada vez maior, por parte do
homem, de leis ineficientes, na falta de controle da exploração, na falta de
investimento efetivo na tecnologia como meio de solução para os problemas
dos quais também é parte.
Para Schüür (1973, p. 5) “[...] os sinais de ameaça da crise aparecem
em problemas específicos”, tais como:
a) o desequilíbrio entre a produção de alimentos e o crescimento
da população humana,
b) a redução da produtividade de vastas áreas de terra,
c) o mau uso e a poluição das águas,
d) a mudança gradual dos climas regionais e globais como
resultado das atividades urbanas e das técnicas agrícolas,
e) a destruição de importante espécies da fauna selvagem e a
alteração das comunidades naturais,
17f) a proliferação de organismos transmissores de doenças e
epidemias.
Estes problemas são sintomas de distúrbios de processos efetuados na
Biosfera como um todo. Distúrbios esses capazes de tornar mortais a
qualidade e a produtividade do meio natural mundial.
Esses problemas específicos contribuem em grande escala para criar a
instabilidade política no mundo atual.
É evidente que o homem já alterou quase toda a aparência do seu
habitat. Até a revolução industrial, a transformação do habitat era amplamente
produto ou subproduto das atividades agropecuárias, assim o solo e a
vegetação eram os mais afetados. Hoje, o ritmo de transformações aumentou
drasticamente intensificando a dimensão e a profundidade das mudanças
impostas pelo homem ao ambiente como um todo.
A Ecologia é definida como um ramo das ciências humanas que estuda
a estrutura e o desenvolvimento das comunidades humanas em suas relações
com o meio ambiente e sua conseqüente adaptação a ele. Porem, no contexto
da evolução da crise ambiental, o homem é uma espécie “imprevisível” no
sentido de que seu comportamento não constitui necessariamente uma reação
ou adaptação ao meio que o cerca, tal como os outros organismos. Diante do
futuro incerto do ambiente devido à ignorância do homem sobre sua ação no
mundo a que pertence, a ecologia torna-se a “ciência da sobrevivência”.
Se não quisermos que a ação do homem continue a ser depredadora, é
conveniente organizar a ação dos homens entre si e substituir por novas as
velhas relações capitalistas. A recriação da unidade entre homem e natureza
requer, então, a introdução de um novo sistema produtivo e, por conseguinte,
uma transformação da estrutura social como um todo.
18
CAPÍTULO II
CONSUMO
Por definição, consumo é a atividade que consiste na fruição de bens e
serviços pelos indivíduos, pelas empresas ou pelo governo, e que implica na
posse e destruição material (no caso dos bens) ou imaterial (no caso dos
serviços). Constitui-se na fase final do processo produtivo, precedido pelas
etapas da produção,distribuição e comercialização.
O consumo é um fenômeno social complexo condicionado por múltiplos
fatores e, com influência sobre a vida humana e do planeta. Ë um processo
dinâmico de escolha, ou decisório, com características próprias, que leva a
ações especificas. Consiste em uma série de passos que inicia com a
percepção de desejos e expectativas.
Consumo, de acordo com Giglio (1996, p.16):
Seria uma resposta a seguinte pergunta: O que eu
quero para minha vida? O próximo passo é buscar
alternativas que as satisfaçam. Seria como perguntar:
Agora que sei o que eu quero, que serviços poderiam
auxiliar para satisfazer essas minhas expectativas? Como
escolher o melhor? O terceiro passo é o julgamento sobre
o consumo. Seria como responder a duas perguntas: É
certo que eu tenha estas expectativas e queira estes
serviços? Os outros acham que é correto que assim eu
queira e faça? Se o consumo for aprovado, o próximo
passo é a compra propriamente dita, respondendo a
seguinte questão: Onde e como eu posso comprar?
Finalmente, o último passo do consumo é a avaliação
pós-compra, que equivale a responder a seguinte
19questão: Agora que eu consumi, consegui o que queria,
minha vida mudou na direção desejada depois do
consumo?
2.1 Sociedade de Consumo
Segundo o Manual de Educação para o Consumo Sustentável, 2005, p.
15: O termo sociedade de consumo é uma das inúmeras tentativas de
compreensão das mudanças que vêm ocorrendo nas sociedades
contemporâneas. Refere-se à importância que o consumo tem ganhado na
formação e fortalecimento das nossas identidades e na construção das
relações sociais. Assim, o nível e o estilo de consumo se tornam a principal
fonte de identidade cultural, de participação na vida coletiva, de aceitação em
um grupo e de distinção com os demais.
Os paises desenvolvidos são comumente chamados de sociedade de
consumo. Essa expressão é usada porque seus habitantes consomem
intensamente todos os bens e serviços existentes no mundo moderno, muito
mais que a população dos outros paises, quer sejam ex-socialistas ou os
subdesenvolvidos. Esse consumo intensivo leva a população a realizar
grandes desperdícios, pois a cada ano, sob pressão da propaganda diária em
todos os meio de comunicação, compram-se coisas novas e abandonam-se
objetos ainda em boas condições de uso.
Pode-se definir como sociedade de consumo aquela que incentiva a
aquisição contínua de bens e serviços como meio de prover a produção e o
crescimento econômico. Em outras palavras, é uma sociedade que pratica o
consumismo. Deve-se evitar confundir consumo em massa de alguns produtos
e serviços com a noção de consumismo.
A sociedade de consumo surge como uma necessidade de
sobrevivência do capitalismo e se estabelece em idéias de liberdade e
igualdade. Mas que liberdade e igualdade seriam essas, se não a falsa
20liberdade de escolha de produtos no mercado e as igualmente possibilidades
de consumo? (CAPOIO; CANIATO, 2009).
Baudrillard (1995, p. 85) afirma que:
[...] o ideal de liberdade e de felicidade destinado a todos
os homens construídos pelo Iluminismo é a referencia
máxima da sociedade de consumo, revelando-se como
condição equivalente à de outra salvação. A felicidade
deve ser vista em propriedades de igualdade entre os
homens para que seja aceita e divulgada e, para que isto
seja possível, torna-se necessária sua exteriorização de
maneira mensurável, ou seja, a fruição total revela seu fim
no consumo, que passa a ser critério para demonstrar o
bem estar vivenciado pelos indivíduos cada vez mais
individualistas da contemporaneidade.
O mundo atual gira em torno do consumo com o qual se busca a
satisfação das necessidades humanas. Todos têm suas necessidades, sejam
elas básicas ( moradia, alimentação e vestuário), complementares ( trabalho,
educação, saúde e lazer ); de serviços que tornem a sobrevivência mais
confortável; e por fim, há os desejos e interesses ilimitados e infinitos, de
produtos e ou serviços, seja eles úteis ou supérfluos. Consome-se tudo isso
com intensidade e velocidade proporcionais ao crescimento da população
mundial e das riquezas que esta consegue gerar. Consome-se tanto, que
“chamamos a nós mesmos de sociedade de consumo”. Assim, numa inversão
de valores, “ter” vai se tornando progressivamente mais importante do que
“ser”. (MORI, 2009).
A escolha ou ato de consumir está associada ao valor útil agregado ao
bem ou serviço. Ë neste contexto que aparece o marketing e outros elementos
como ponto chave para afirmação de que: a escolha ou o consumo, não é
característico apenas de uma região; que o consumidor é parte de uma
comunidade tão ampla quanto mundial; e que consumir é uma forma de
21garantir poder e status. Como conseqüência temos a produção de bens e
serviços cada vez mais diversificada; o consumo por necessidades essenciais;
e o consumo simplesmente para satisfação de desejos e prazeres. Este
marketing acaba por construir novos valores nas relações sociais.
O que evidencia o caráter da sociedade de consumo é a insaciabilidade
dos consumidores e as constantes alterações ou substituições de desejos.
Uma mercadoria desejada hoje, caso seja adquirida, induz automaticamente a
outro desejo e assim segue infinitamente. Na raiz da questão se observa que o
desejo é proveniente dos prazeres procedentes dos estímulos, o que acaba
por levar o individuo a buscar um produto ou serviço para satisfazer suas
expectativas edificadas mentalmente e não para satisfazer suas reais
necessidades.
Touraine, A. (1994, p. 89) afirma que [...] vivemos numa sociedade de
consumo, onde mercadorias passam a medir nossas relações formando uma
sociedade que vive a “modernidade triunfante”.
Uma sociedade de consumo é uma sociedade que possui um tipo
especifico de cultura material, ou seja, tem uma forma particular de lidar com
os objetos onde o consumo de massa representa mudanças fulcrais nos
modos de produção mas também no imaginário e nas lógicas de significação
dos objetos. Se a cultura material de cada sociedade lhe é própria, os
conceitos que lhe subjazem são também culturalmente construídos, assim com
a própria noção de consumidor, construção esta em constante mutação,
negociação e afirmação e que traduz dinâmicas de poder na sociedade.
Na sociedade de consumo a busca por novos produtos é crescente e
cada vez mais se exige valores agregados. O individuo busca ”afogar” todos os
anseios ao consumir um produto ou serviço hoje; como isto nem sempre é fato,
nasce a expectativa de satisfação já para amanhã. (AGUIAIS, 2007).
2.2 A Diferença entre Consumismo e Consumerismo
22
2.2.1 Consumismo
Consumismo é a expansão da cultura do “ter” em detrimento da cultura
do “ser”. O consumo invade diversas esferas da vida social, econômica,
cultural e política. Neste processo,os serviços públicos, as relações sociais, a
natureza, o tempo e o próprio corpo humano se transformam em mercadorias.
O consumismo designa um tipo de atitude e comportamento
caracterizado por um consumo impulsivo, descontrolado, irresponsável e
muitas vezes irracional. Numa sociedade consumista, o consumidor é
permanentemente atraído para a renovação e para novos produtos, os
fabricantes adotam estratégias de obsolescência programada, existe uma
condescendência generaliza e um aceite para o desperdício e, acima de tudo,
não existem preocupações com as consequências do consumo ao nível social,
económico, cultural ou ambiental. A principal característica do consumismo é
o ato de consumir produtos e ou serviços sem necessidade
Guterman (2007, p.9) define o consumismo como: “[...] uma compulsão
para consumir”. Essa obsessão é uma das principais causas de ansiedade na
sociedade atual, uma vez que, a busca por bens novos acaba por criar uma
nova mentalidade, o que leva as pessoas a quererem desesperadamente
ganhar mais dinheiro na ânsia de poder comprar mais um produto ou serviço.
Conforme a ideologia consumista o principal propósito da vida dos
indivíduos é comprar. Este comportamento foi adotado nas sociedades
contemporâneas, levando as pessoas a acreditarem que a vida poderia se
resumir ao consumo. Trata-se de uma ideologia incorporada pela maciça
população urbana, que é fortemente influenciada pelas mídias.
O consumismo tem origens no emocional, social, financeiro e
psicológico das pessoas, que levam-nas a gastar o que podem e o que não
podem na ânsia de suprir diferença social, baixa auto-estima ou distúrbio
emocional. Neste cenário surge o consumista, que se diferencia do
23consumidor, pois este compra na medida de sua necessidade, enquanto
aquele o faz, inconscientemente, muito além do que precisa.
O consumo não deve ser visto como um vilão da sociedade
contemporânea, uma vez que é a eterna necessidade de todo ser humano.
Mas, o consumismo desenfreado, preocupante, que tende a observar o mundo
como um enorme recipiente dos potenciais objetos de consumo e de moldar
todas as reações humanas conforme o padrão de consumo, este sim.
(BAUMAN, 2007).
Em estagio avançado o excesso de consumo pode se caracterizar como
uma doença. A oneomania,catalogada entre os transtornos do impulso, é
considerada uma dependência. As pessoas com a síndrome de oneomania
sentem necessidade de comprar assim como um dependente químico precisa
de drogas.
Para Jaqueline Góes (2009, p.17):
O mundo hoje gira em torno do consumismo. O maior
desejo das pessoas, influenciadas pelos veículos de
comunicação de massa, está em obter bens [...]. A moda
agora é ter o Maximo que conseguir. Dessa forma, será
bem visto pela sociedade e não será excluído jamais,
desde que continue seguindo as regras de consumo.
O capitalismo contribuiu muito para o acumulo de riquezas, e o dinheiro
leva ao consumismo. A riqueza é considerada sinônimo de superioridade social
e de respeitabilidade que resultou no moderno hábito do desperdício e da
obtenção de status a qualquer preço.
2.2.2 Consumerismo
24 O consumerismo – movimento social organizado, próprio da Sociedade
de Consumo – surge como reação à situação de desigualdade entre
produtores e consumidores. Considerando as imperfeições do mercado e sua
incapacidade de solucionar, de maneira adequada, uma série de situações
como práticas abusivas, acidentes de consumo, injustiças nos contratos de
adesão, publicidade e informação enganosa, degradação ambiental,
exploração de mão-de-obra etc.. O consumerismo deu origem ao Direito do
Consumidor, uma disciplina jurídica que visa estudar as relações de consumo,
corrigindo as desigualdades existentes entre fornecedores e consumidores.
(Manual de Educação para o Consumo Sustentável, 2010, p. 23)
A Constituição Brasileira de 1988 estabelece que “o Estado
promoverá,na forma da lei, a defesa do consumidor”. Isto abriu importante
caminho para a criação do Código de Defesa do Consumidor, em 11 de
setembro de 1990. Elaborada pelo poder legislativo e sancionada pelo
Presidente da República, a lei 8.078/90 entrou em vigor a partir de 11 de
março de 1991.
O consumerismo designa um tipo de atitude oposta ao consumismo e
que se caracteriza por um consumo racional, controlado e responsável e que
tem em contas as consequências económicas, sociais, culturais e ambientais
do próprio ato de consumir. Este tipo de atitude tem vindo a ganhar forma
através da intervenção social de diversos indivíduos, movimentos, associações
e outros tipos de organizações, que entre outras atividades, defendem os
interesses dos consumidores e promovem o desenvolvimento sustentável do
ponto de vista social, económico e ambiental. Desde meados do séc. XX têm
vindo a surgir um pouco por todo o mundo diversos movimentos e
organizações de defesa do consumidor que procuram legitimar os seus direitos
e contribuir para maior qualidade dos produtos e serviços e, em simultâneo,
promover o desenvolvimento sustentável.
O consumerismo desenvolveu-se acompanhando a produção em escala
e a expansão do mercado. Este movimento visa aumentar os direitos e
25poderes do comprador em relação aos vendedores, estimulando a consciência
de consumo das pessoas e a exigência por qualidade. Levando a reflexão do
consumo desenfreado de produtos e sobre o meio ambiente. No Brasil conta
com o apoio de entidades do governo e não-governamentais, e ainda com
respaldo jurídico legal, como: PROCON (PROGRAMA DE DEFESA DO
CONSUMIDOR); SAC (SERVICO DE ATENDIMENTO AO CONSUMIDOR) e
CDC (CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR).
Considerando o exposto neste capítulo é possível afirmar que as
relações entre meio ambiente e desenvolvimento estão diretamente
relacionadas aos padrões de produção e consumo de uma determinada
sociedade, ficando evidente que as atuais práticas de consumo são
imcompatíveis com a garantia de equilíbrio e a estabilidade dos sistemas
naturais do nosso planeta.
CAPÍTULO III
O CONSUMO CONSCIENTE EM PROL DO MEIO
AMBIENTE
26Neste capitulo tem-se como objetivo evidenciar, refletir, discutir sobre as
varias dimensões do consumo e também incentivar a práticas que contribuam
para tornar o meio ambiente sustentável.
3.1 Consumo Consciente
A expressão consumo consciente surgiu como forma de incluir a
preocupação com aspectos sociais, e não só ecológicos, nas atividades de
consumo. Com este tipo de postura comportamental o consumidor avalia
quanto a aquisição de um serviço ou produto pode afetar ecossistemas e
outros grupos sociais, até mesmo em espaços geográficos distantes e em
tempos futuros próximos ou distantes.
Para Jaqueline B. Ramos (2007, p. 11): “[...] a boa noticia é que a
contribuição individual está relacionada ao nosso dia-a-dia: o consumo”. Fica
evidente a importância de se começar a pensar sobre esta questão, adotando
praticas de consumo consciente.
O consumo consciente é a preocupação por parte do consumidor em
não adquirir produtos que possam causar danos aos seres humanos ou ao
meio ambiente. Ë resistir aos impulsos consumistas e tornar a reciclagem e a
reutilização um estilo de vida. Ë selecionar organizações com consciência e
responsabilidade social e ambiental.
De acordo com o Instituto AKATU (2010):
A humanidade já consome 25% mais recursos naturais do
que a capacidade de renovação da Terra. Se os padrões
de consumo e produção se mantiverem no atual patamar,
em menos de 50 anos serão necessários dois planetas
Terra para atender nossas necessidades de água, energia
e alimentos. Esta situação já é refletida, por exemplo, no
acesso irregular à água de boa qualidade em varias partes
do mundo, na poluição dos grandes centros urbanos e no
aquecimento global.
27 A melhor maneira de mudar isso é a partir das escolhas de consumo.
Todo consumo causa impacto (positivo ou negativo), na economia, nas
relações sociais, na natureza e ao próprio consumidor, mesmo que não direta
e instantaneamente. Ao ter consciência desses impactos na hora de escolher o
que comprar , de quem comprar e definir a maneira de usar e como descartar
o que não serve mais, o consumidor pode buscar maximizar os impactos
positivos e minimizar os negativos, desta forma contribuindo para construir um
mundo melhor. Isso é consumo consciente. Em poucas palavras, É um
consumo com consciência de seu impacto e voltado à sustentabilidade.
(INSTITUTO AKATU, 2010).
O consumo consciente é fundamentado no ato de consumir e obter
produtos que possuam real necessidade e utilidade. Nota-se com clareza, que
a pratica desta nova maneira de consumo torna-se imprescindível na atual
sociedade, em que a cultura do “ter”” se estabelece como fator determinante
para a valorização do individuo nos âmbitos sociais.
O consumo consciente pode ser praticado no dia-a-dia, por meio de
gestos simples que levem em conta impactos da compra, uso ou descarte de
produtos e serviços, ou pela escolha das empresas da qual comprar, em
função de seu compromisso com o desenvolvimento sócio-ambiental. Assim o
consumo consciente é uma contribuição voluntária, cotidiana e solidária para
garantir sustentabilidade da vida no planeta.
Logo, o consumidor consciente busca o equilíbrio entre a sua satisfação
pessoal e a sustentabilidade, maximizando as conseqüências positivas deste
ato não só para si mesmo, mas também para as relações sociais, a economia
e ao meio ambiente. Ele também busca disseminar o conceito e a prática do
consumo consciente, fazendo com que pequenos gestos realizados por um
numero muito grande de pessoas promovam grandes transformações.
3.2 Consumo Responsável
28Por definição consumo responsável significa adquirir produtos
eticamente corretos, ou seja, cuja elaboração não envolva a exploração de
seres humanos, animais e não provoque danos ao meio ambiente. Isto pode
ser feito através de duas maneiras a seguir: compras corretas — favorecendo
produtos eticamente corretos e realizar negociações baseadas em princípios
no bem comum, e não só na satisfação de interesses individuais, permitindo a
negociação para o interesse próprio apenas para perpetuar algum bem comum
além deste interesse; e boicotes morais — a compras e negociações que vão
de encontro à proposta anterior.
De acordo com Vicente de Aguiar (2008, p 2):
O consumo responsável é uma prática econômica
que visa assegurar a construção de uma nova
sociedade, mais justa e ecologicamente equilibrada.
Uma prática que gera, ao mesmo tempo, trabalho
dígno, distribuição de renda e preservação do meio
ambiente.
Nossa cultura é a de consumir sem saber de onde vêm os produtos,
como foram produzidos e os destinos dados aos resíduos (lixo) produzidos, e
quais os impactos sociais e ambientais de nosso simples ato de consumir.
O mundo passa por transformações bruscas, com impactos sociais e
ambientais severos, agora trazidos a tona com a discussão sobre as mudanças
climáticas e o uso irresponsável de nossos recursos naturais. Diante disto vem
ganhando força no mundo um movimento pelo consumo responsável, também
conhecido como consumo consciente ou sustentável.
O consumo responsável é o simples ato de começarmos a escolher o
que consumir baseados na avaliação de qual impacto nosso consumo poderá
gerar na sociedade e no meio ambiente. O poder que temos nas mãos é
imenso, pois, desde o nosso ato de usar a água em casa até a compra de um
produto ou contratação de um serviço, poderemos influenciar e diminuir os
impactos socioambientais gerados pelo uso e consumo irracional de nossos
29recursos naturais.
Portanto, antes das compras, é importante perguntar: necessito,
mesmo, desse produto ou serviço? Ele é econômico? Não-poluente? É
reciclável? Seus ingredientes ou componentes são obtidos respeitando-se a
preservação do meio ambiente e da saúde humana? Ele é seguro? A empresa
respeita os direitos dos trabalhadores? A empresa respeita os direitos do
consumidor?
3.3 Consumo Sustentável
O conceito de consumo sustentável teve origem nos fundamentos de
desenvolvimento sustentável, divulgado com a Agenda 21. A agenda 21 foi
sem dúvida um dos mais importantes resultados da ECO-92 (Segunda
Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento,
realizada na cidade do Rio de Janeiro, em 1992). Ë um documento que reúne
um grupo de ações para viabilizar o desenvolvimento sustentável e
ambientalmente racional em todos os países. Estabelece a importância de
cada nação refletir, local e globalmente, o seu comprometimento – seja pelas
empresas, pelas organizações não-governamentais ou pelo governo – e de
cooperar no estudo e introdução de soluções para os problemas sócio-
ambientais. Cada país fica responsável pela implementação da sua Agenda 21
e portanto pelos seus programas de sustentabilidade.
A Agenda 21 pode ser definida como um instrumento de planejamento
para a construção de sociedades sustentáveis, em diferentes bases
geográficas, que concilia métodos de proteção ambiental, justiça social e
eficiência econômica. (Ministério do Meio Ambiente).
De acordo com Jose Carlos Barbieri (1997, p. 13):
A Agenda 21 é uma espécie de receituário abrangente
para guiar a humanidade em direção a um
desenvolvimento que seja ao mesmo tempo socialmente
30justo e ambientalmente sustentável, nos últimos anos do
século XX e pelo século XXI adentro.
Em 1987, a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente definiu que “Consumo
Sustentável é o desenvolvimento que atende as necessidades do presente,
sem comprometer a capacidade das futuras gerações em atender às suas
próprias necessidades”.
Consumir sustentavelmente é adquirir, utilizar e descartar produtos e
serviços com respeito ao meio ambiente e à dignidade humana, e de usar os
recursos naturais para satisfazer as necessidade humanas sem comprometer
as necessidades aspirações das gerações futuras. Então, pode-se entender
consumo sustentável como mais do que um estilo ou filosofia de vida; é
também uma questão de sobrevivência da espécie humana e da natureza
como um todo
Nos últimos 40 anos duplicou tanto o consumo por pessoa quanto a
população. Portanto o consumo quadruplicou. Na atual conjuntura com metade
da humanidade abaixo da linha da pobreza, já se consome de 20% a 30% do
que a Terra consegue renovar. Se todos consumissem hoje como fazem as
populações mais ricas do mundo seriam necessários mais quatro planetas
para satisfazer a todas as necessidades. (INSTITUTO AKATU, 2010)
Portanto é imprescindível que haja uma mudança de postura no
relacionamento com o meio ambiente.
3.3.1 Consumo sustentável depende da participação de todos
O consumidor deve cobrar permanentemente uma postura ética e
responsável de empresas, governos e de outros consumidores. Deve, ainda,
buscar informações sobre os impactos dos seus hábitos de consumo e agir
como cidadão consciente de sua responsabilidade em relação às outras
pessoas e aos seres do planeta.
31As empresas devem agir de forma socialmente e ambientalmente
responsáveis em todas as suas atividades produtivas. Nesse sentido,
responsabilidade social empresarial significa adotar princípios e assumir
práticas que vão além da legislação, contribuindo para a construção de
sociedades sustentáveis.
Os governos devem garantir os direitos civis, sociais e políticos de todos
os cidadãos; elaborar e fazer cumprir a Agenda 21, por meio de políticas
públicas, de programas de educação ambiental e de incentivo ao consumo
sustentável. Além disso, devem incentivar a pesquisa científica voltada para a
mudança dos níveis e padrões de consumo e fiscalizar o cumprimento das leis
ambientais.
Vivemos em um país onde a eliminação da pobreza, a diminuição da
desigualdade social e a preservação do nosso ambiente devem ser prioridades
para consumidores, empresas e governos, pois todos são co-responsáveis
pela construção de sociedades sustentáveis e mais justas. (Manual de
Educação para o Consumo Sustentável, 2005, p. 24).
Portanto, é imprescindível a participação de todos; a sociedade, as
empresas, e o governo de forma integrada para garantir um planeta
sustentável hoje e sem ameaças para as futuras gerações.
3.4 Consumo Verde
A proposta do “consumo verde””,envolve a valorização, por parte do
consumidor, de produtos e serviços produzidos e oferecidos de forma limpa.
Consumo verde é aquele em que o consumidor, além de buscar melhor
qualidade e preço, inclui em seu poder de escolha, a variável ambiental, dando
preferência a produtos e serviços que não agridam o meio ambiente tanto na
produção, quanto na distribuição, no consumo e no descarte final.
32O consumidor verde ou ecológico é o individuo que busca para consumo
apenas produtos que causam menor ou nenhum prejuízo ao meio ambiente; a
aquisição ou a utilização de um bem vincula diretamente com ajuda à
natureza; o consumidor verde não adquire produto que provoca risco à saúde,
que contém excesso de embalagens; faz separação do lixo, não desperdiça a
água nem o papel, passa a exigir das empresas não somente a criação e
venda de produtos, mas profícua integração com o meio social, ultrapassando
o simples relacionamento comercial.
Portanto, os consumidores e cidadãos “verdes” não são mais uma
simples tendência. Eles são o presente e o futuro das sociedades civilizadas.
3.5 Consumo Ético
Pode-se definir ética como um conjunto de valores baseado na atenção
e responsabilidade para consigo, o outro e o meio ambiente, que permeia as
ações e reações comprometidas com a vida.
Consumidores éticos são todos aqueles que efetuam suas compras
guiados por considerações éticas. Fazem um juízo positivo ou negativo, em
termos morais, de alguma empresa ou produto. O consumidor ético pensa e se
preocupa com os efeitos que uma escolha de compra gera ao outro e ao
mundo externo.
Consumo ético implica preocupações no ato de comprar com impactos
que isso possa causar não só ao ambiente econômico quanto ao social ou
cultural.
Pela mídia toma-se conhecimento de muitos escândalos, como produtos
adulterados em sua fórmula, utilização de matéria-prima de baixa qualidade,
empresas que utilizam mão de obra escrava ou infantil e outras que sonegam
milhões de reais em impostos.
33 Nesse cenário, o consumo ético desempenha um papel fundamental
combatendo empresas que se desviam do caminho socialmente responsável
ou quando estão relacionadas a padrões fora do conceito da ética.
3.6 O que se Pode Fazer para Consumir Conscientemente
Contribuindo para o Equilíbrio do Meio Ambiente. Dicas:
(INSTITUTO AKATU, 2010).
3.5.1 Água
• Economize no banheiro
• Elimine os vazamentos
• Não deixe uma torneira pingando
• Use a vassoura, e não a mangueira, para varrer a calçada
• Use os dois lados de uma folha de papel
• Instale torneiras com sensores automáticos
• Use uma bacia para lavar a louça
• Escove os dentes com a torneira fechada
• Diminua o tempo do banho
3.5.2 Alimentos
• Faça o alimento durar mais
• Produtos regionais são muito gostosos
34• Prefira produtos da estação
• Aproveite as partes boas de verduras e legumes
• Não jogue fora as sobras
• Cuidado ao manipular os alimentos
• Faça o cardápio da semana
• Não se preocupe com a aparência dos alimentos
3.5.3 Reciclagem
• Evite mercadorias com muitas embalagens
• Compre produtos ambientalmente corretos
• Compre somente o necessário
• Exerça sua cidadania e cobre providências dos governantes
• Separe corretamente o lixo para reciclagem
• Economize papel
• Não jogue no lixo o que você pode doar
• Compacte o lixo, antes de jogá-lo fora
• Evite o desperdício de alimentos
• Leve sua própria sacola ao fazer compras
3.5.4 Energia
• Faça economia com a geladeira
35• Economize energia ao lavar e passar a roupa
• Ilumine sua casa sem desperdício
• Use o ar-condicionado com moderação
• Evite usar aparelhos elétricos ou eletrônicos no horário de pico
• Diminua o tempo do banho
• Gaste menos combustível com o carro
• Deixe o carro na garagem um dia por semana
• Prefira equipamentos com selo Procel
Logo, fica evidenciado que com pequenas atitudes no dia a dia que
começam dentro de casa podemos fazer grandes mudanças para as
nossas vidas, e se disseminarmos cada vez mais essas idéias e atitudes
faremos mudanças importantes para o nosso bairro, estado, país e para o
mundo.
36
CONCLUSÃO
O consumo consciente tem relação com a palavra conhecimento (“com
ciência”). Sendo assim, essa palavra associada ao consumo dá a entender que
se consome conscientemente quando se sabe de todas as implicações sobre o
ato de consumir. Evidentemente que ninguém possui todo o conhecimento, e
por isso, ninguém é plenamente consciente o tempo todo.
O termo sustentável perpassa por muito mais do que somente o
consumo. Permite uma maior abrangência não só para pensar no próprio
consumo, mas também como na produção, redução de resíduos, consumo
verde, consumo ético, consumo responsável, consumo consciente, e
desenvolvimento e sociedade sustentável.
O crescimento vertiginoso da população mundial e o consumo
desenfreado há muito tempo vem causando grandes problemas que se tornam
cada vez mais críticos, a ponto de ameaçar a viabilidade de toda espécie de
vida no planeta. Esse contexto iminente faz parte de uma lógica de
funcionamento que precisa ser repensada para uma mudança urgente e
37global. O consumo consciente será imperativo no futuro próximo, e sua
importância incidirá sobre cada individuo em cada canto do planeta.
O consumo consciente é um importante instrumento para as
transformações essenciais na sociedade.
A educação é parte fundamental para toda e qualquer transformação
positiva do ser humano. Assim, também é preciso educar para o consumo
consciente e sustentável. Educar ou reeducar a grande massa de
consumidores é um dos maiores desafios do século XXI.
Uma compreensão geral é que o consumo seja lá consciente ou
sustentável nunca será perfeito. Porém, deve-se sempre buscar esse ideal.
A proposta é compartilhar, por meio da palavra e do pensamento, a
construção de um mundo melhor, ambientalmente sustentável e justo. Um
compartilhar que leve à mudança da consciência individual sobre a situação do
mundo atual e sobre o poder de transformação contido no individual quando
levado ao coletivo, com enorme capacidade de criar sustentabilidade
econômica, ambiental e social de longo prazo.
38
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TOURAINE, Alain. Crítica da Modernidade. Petrópolis: Ed. Vozes, 1994.
42
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO
2
AGRADECIMENTO
3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 9
CAPÍTULO I - Meio Ambiente 11
1.1 - Meio Ambiente e Sociedade 12
1.2 - Crise Ambiental 15
CAPÍTULO II - Consumo 18
2.1 - Sociedade de Consumo 19
2.2 - A Diferença entre Consumismo e Consumerismo 22
2.2.1 - Consumismo 22
2.2.2 - Consumerismo 24
CAPÍTULO III - O Consumo Consciente em Prol do Meio Ambiente 26
3.1 - Consumo Consciente 26
3.2 - Consumo Responsável 28
433.3 - Consumo Sustentável 29
3.3.1 - Consumo Sustentável Depende da Participação de todos 31
3.4 - Consumo Verde 32
3.5 - Consumo Ético 32
3.6 - O que se pode fazer para consumir conscientemente contribuindo
para o equilíbrio do meio ambiente. Dicas 33
3.6.1 - Água 33
3.6.2 - Alimentos 34
3.6.3 - Reciclagem 34
3.6.4 - Energia 35
CONCLUSÃO 35
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 37
ÍNDICE 41
FOLHA DE AVALIAÇÃO 43
44
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição:
Título da Monografia:
Autor:
Data da entrega:
Avaliado por: Conceito:
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