UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
QUALIDADE DE VIDA
Estresse no Trabalho X Família
Por: Kelly dos Santos Rangel Sardinha
Orientador
Prof. Fernando Baptista de Lima
Rio de Janeiro
2009
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
Estresse no Trabalho X Família
Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do
Mestre – Universidade Candido Mendes como
requisito parcial para obtenção do grau de
especialista em Gestão de Recursos Humanos
Por: Kelly dos Santos Rangel Sardinha
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DEDICATÓRIA
.....dedica-se ao meu marido por ter tido
paciência e boa vontade em preparar o
almoço nos dias de domingo e a minha
filha por aceitar o almoço preparado pelo
pai.
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RESUMO
O trabalho tem o objetivo de mostrar ao leitor como o estresse se
desenvolveu no Brasil e no Mundo, a manifestação no colaborador, seus
sintomas e conseqüências, e como fazer para evitá-lo ou simplesmente saber
como lidar com o ambiente estressor.
Neste trabalho mostro como algumas empresas estão se adaptando a
nova realidade do século e como estão mudando seu paradigma em relação ao
trabalhador, ao meio ambiente, a sociedade e a família.
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METODOLOGIA
A metodologia adotada para elaboração da monografia, foi pesquisa
bibliográfica como livros, revistas, artigos, entrevistas e sites da Internet.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I -
O ESTRESSE NO AMBIENTE DE TRABALHO AFETA A SUA VIDA
PESSOAL? 09
CAPÍTULO II -
CAUSAS DE ESTRESSE NO AMBIENTE DE TRABALHO 20
CAPÍTULO III –
EMPRESAS QUE FAZEM A DIFERENÇA 30
CONCLUSÃO 37
BIBLIOGRAFIA 38
ÍNDICE 40
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INTRODUÇÃO
Talvez o ambiente do trabalho tenha se modificado e acompanhado o
avanço das tecnologias com mais velocidade do que a capacidade de
adaptação dos trabalhadores. Os profissionais vivem sob contínua tensão, não
só no ambiente de trabalho, como também na vida em geral.
Qualidade de vida e Vida com qualidade, ou seja, ter qualidade de vida
são dois assuntos que têm preocupado as pessoas. Contudo, conciliar trabalho
e a vida pessoal ainda é um dos maiores desafios das pessoas, em face às
muitas exigências do mundo contemporâneo caracterizado aparentemente por
uma maior demanda de trabalho com prazos cada vez mais ínfimos.
O bem estar do funcionário gera satisfação e motivação e pensando
nisso, as empresas estão desenvolvendo programas de conscientização e
apoio, com o objetivo de proporcionar o equilíbrio entre trabalho e melhoria da
qualidade de vida, evitando assim o estresse do trabalhador.
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CAPÍTULO I
O ESTRESSE NO AMBIENTE DE TRABALHO AFETA A
SUA VIDA PESSOAL?
1.1 - CONCEITO DE ESTRESSE
“Qualquer mudança de vida, boa ou ruim, pode ser considerada como
um fator que leva ao estresse.” Bernick (1997)
O conceito de estresse surgiu nos anos 30, graças a Hans Selye,
endocrinólogo canadense de origem austríaca. Segundo ele:
“O estresse é um processo vital e fundamental onde pode ser dividido
em dois tipos, ou seja, quando passamos por mudanças boas, temos o
estresse positivo e quando atravessamos alguma fase negativa, estamos
vivenciando o estresse negativo. Quando é resolvido de forma adequada, as
pessoas superam uma dificuldade, aumentando as suas capacidades,
constituindo assim um fator de desenvolvimento. Se não for solucionado de
forma adequada, a dificuldade permanecerá, o que causa sofrimento ao
indivíduo podendo então provocar a doença. Daí que possa ser considerado
como uma “potência de oportunidade mas também a iminência de risco”. Se o
stress se define na relação do homem com o mundo, ele pode manifestar-se
em todas as áreas da sua vida: na vida pessoal e familiar, no trabalho, etc.
1.2 - A EVOLUÇÃO DO ENTENDIMENTO DO ESTRESSE NO BRASIL E NO
MUNDO
1915
Walter Bradford Cannon, psicólogo e neurologista americano da Escola
de Medicina da Universidade Harvard, cria a expressão "fight or flight" (algo
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como "lutar ou fugir") para definir o comportamento humano em situações de
tensão. Na mesma época, Henry Ford experimenta as primeiras linhas de
produção em suas fábricas. As linhas melhoraram as condições de trabalho,
mas inseriram uma nova variável no ambiente profissional: a produtividade.
1935/1936
Canadense de origem austríaca Hans Selye era um jovem pesquisador
do departamento de bioquímica da Universidade de McGill, em Montreal, no
Canadá. Hans trabalhava em um experimento com ratos de laboratório para
descobrir um novo hormônio. Os resultados de sua pesquisa, no entanto, o
conduziram para um outro caminho: a descoberta do que chamou de Síndrome
Geral da Adaptação. O nome estranho batizava o conjunto de reações do
corpo diante de situações de risco. Em 1936, o jovem endocrinologista publicou
as primeiras conclusões de seus estudos no jornal britânico Nature, uma
espécie de bíblia da área médica. Para definir as reações que observou
primeiro nos ratos de laboratório e, mais tarde, em seres humanos, ele pegou
da física a palavra estresse. O termo significa o desgaste sofrido pelos
materiais expostos a algum tipo de pressão ou força. Naquele momento, Hans
deu a luz a um dos grandes vilões do mundo moderno: o estresse.
1960/1970
O pesquisador Richard Lazarus, da Universidade de Berkeley, na
Califórnia, publica o livro Psychological Stress in the Workplace. Richard traz a
questão do uso da tecnologia como um fator gerador de estresse no ambiente
de trabalho. Com a entrada da tecnologia nas grandes organizações, o mundo
corporativo se torna mais veloz.
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1980
O psicólogo James Quick, da Universidade do Texas, publica em 1984 o
livro Organizational Stress and Preventive Management (ainda não traduzido
para o português) e introduz a discussão sobre o estresse no universo
corporativo. No final da década de 80, o professor Michael Hammer, do
Instituto de Tecnologia de Massachusetts, cria o termo reengenharia. Na
prática, a reengenharia fez com que as empresas reduzissem drasticamente o
número de funcionários.
1990
Um grupo de cientistas da universidade americana Carnegie Mellon,
liderados pelo psicólogo Sheldon Cohen, aponta os efeitos prejudiciais do
estresse para a saúde. Em 1993, a psicóloga Marilda Lipp monta o primeiro
laboratório de pesquisa de estresse no país. Os meados da década de 90
foram frenéticos para o antigo gerente, que fazia carreira em uma única
empresa. O mercado passa a exigir executivos mais jovens, flexíveis e que
pensem em carreiras globais.
2006
Os estudos mais recentes comprovam a importância das técnicas de
relaxamento, respiração, massagem e meditação no combate aos efeitos
nocivos do estresse. Segundo o psicólogo americano James Quick, a
prevenção aos efeitos ruins do estresse foi uma das áreas em que mais se
avançou desde a publicação do artigo de Hans Seley. "Dobramos nossa
expectativa de vida nos últimos 70 anos. E isso considerando que vivemos num
mundo mais complexo", (James Quick a VOCÊ S/A).
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1.3 - O ESTRESSE E O NOSSO ORGANISMO
O "ESTRESSE" é o resultado de uma reação que o nosso organismo
tem quando estimulado por fatores externos desfavoráveis. A primeira coisa
que acontece nestas circunstâncias é uma descarga de adrenalina no nosso
organismo, e os órgãos que mais sentem são o aparelho circulatório e o
respiratório.
No aparelho circulatório a adrenalina promove a aceleração dos
batimentos cardíacos (taquicardia) e uma diminuição do tamanho dos vasos
sangüíneos periféricos. Assim, o sangue circula mais rapidamente para uma
melhor oxigenação, principalmente, dos músculos e do cérebro já que ficou
pouco sangue na periferia, o que também diminui sangramentos em caso de
ferimentos superficiais.
No aparelho respiratório, a adrenalina promove a dilatação dos
brônquios (bronco dilatação) e induz o aumento dos movimentos respiratórios
(taquipnéia) para que haja maior capitação de oxigênio, que vai ser mais
rapidamente transportado pelo sistema circulatório, também devidamente
preparado pela adrenalina.
Quando o perigo passa, o nosso organismo para com a super produção
de adrenalina e tudo volta ao normal. No mundo de hoje as situações não são
tão simples assim e o perigo e a agressão estão sempre nos rodeando. Por
isso a reação do organismo frente ao stress é de taquicardia, palidez, sudorese
e respiração ofegante. Pode haver também um descontrole da pressão arterial
e provocar um aumento da pressão a níveis bem altos, mas não significa que a
pessoa seja hipertensa.
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O estresse não é propriamente uma doença e sim, um estado do
organismo quando submetido ao esforço e à tensão. Numa situação
estressante, o corpo sofre reações químicas normais que preparam o
organismo para enfrentar a situação. O prejuízo, entretanto acontece, quando
as situações estressantes são contínuas e o organismo começa a sofrer com
as constantes reações químicas que se sucedem, sem que haja tempo para a
eliminação dessas substâncias e sem o tempo necessário para o descanso e
recuperação física e emocional, ou seja, é um fenômeno biológico, psicológico
e social que afeta inevitavelmente todas as pessoas.
1.3.1- Sintomas Físicos
Os sintomas físicos do estresse mais comuns são:
Ø Fadiga;
Ø Dores de cabeça;
Ø Insônia;
Ø Dores no corpo;
Ø Palpitações;
Ø Alterações intestinais;
Ø Náusea;
Ø Tremores;
Ø Resfriados constantes.
1.3.2 - Sintomas psicológicos
Ø Agressividade;
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Ø Alterações do sono;
Ø Sonambulismo;
Ø Alterações de memória;
Ø Acidentes de trânsito;
Ø Possibilidade de desencadear episódios de pânico.
1.4 - TRANSTORNOS RELACIONADOS AO ESTRESSE
1.4.1 - Síndrome do Pânico
Uma das manifestações psico-emocionais do Estresse pode ser a
Doença ou Síndrome do Pânico, que é um quadro de Ansiedade Patológica
caracterizado por crises ou ataques recorrentes de pânico e normalmente
indicam a existência de motivos intrapsíquicos importantes geradores de
grande Ansiedade. Os ataques de pânico se caracterizam por crises de medo
agudo e intenso, extremo desconforto, sintomas vegetativos associados e
grande preocupação sobre a possibilidade de morte eminente e/ou de passar
mal, e/ou de perder o controle.
Essas crises de ansiedade da Síndrome do Pânico duram minutos e
costumam ser inesperadas, ou seja, não seguem situações especiais, podendo
surpreender o paciente em ocasiões variadas. Não obstante, existem alguns
pacientes que desenvolvem o episódio de pânico diante de determinadas
situações pré-conhecidas, como por exemplo, dirigindo automóveis, diante de
grande multidão, dentro de bancos, etc. Neste caso dizemos que o quadro é de
Agorafobia com Transtorno do Pânico.
As classificações internacionais enfatizam que, muito freqüentemente,
um Transtorno Depressivo coexiste com o Transtorno do Pânico. Nós, (Rodney
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e Cols, 1997, Kuzel RJ, 1996) particularmente, achamos que a Síndrome do
Pânico é, literalmente, uma forma atípica de doença depressiva. O sentimento
de pânico é, em essência, uma grave sensação de insegurança e temor. Ora,
quem mais, além dos deprimidos, podem sentir-se tão inseguros ao ponto de
sentir a morte (ou o passar mal) eminente?
Depois do primeiro Ataque de Pânico, normalmente a pessoa
experimenta importante ansiedade e medo de vir a apresentar um segundo
episódio. É como se ficasse ansiosa diante da possibilidade de ficar ansiosa.
Por causa disso os pacientes passam a evitar situações facilitadoras da crise,
prejudicando-se socialmente e/ou ocupacionalmente em graus variados. São
pessoas que deixam de dirigir, não entram em supermercados cheios, evitam
aventurar-se pelas ruas desacompanhadas, não conseguem dormir, não
entram em avião, não freqüentam shows, evitam edifícios altos, não utilizam
elevadores e assim por diante.
A Síndrome do Pânico habitualmente se inicia depois dos 20 anos de
idade, é igualmente prevalente entre homens e mulheres quando
desacompanhado da Agorafobia, mas é duplamente mais freqüente em
mulheres quando associado a este estado fóbico.
Segundo as principais classificações psiquiátricas, a característica
essencial de um Ataque de Pânico é um período de intenso medo ou
desconforto acompanhado por pelo menos 4 dos 13 sintomas somáticos ou
cognitivos expostos na lista abaixo.
Ø Palpitações ou ritmo cardíaco acelerado;
Ø Sudorese;
Ø Tremores ou abalos;
Ø Sensações de falta de ar ou sufocamento;
Ø Sensações de asfixia;
Ø Dor ou desconforto torácico;
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Ø Náusea ou desconforto abdominal;
Ø Sensação de tontura, instabilidade, vertigem ou desmaio.;
Ø Desrealização ou despersonalização (sentir-se outro);
Ø Medo de perder o controle ou enlouquecer;
Ø Medo de morrer;
Ø Parestesias (formigamentos) ou anestesia;
Ø Calafrios ou ondas de calor.
Os pacientes com Transtorno do Pânico podem necessitar estarem
sempre acompanhados quando saem de casa e, posteriormente, podem até se
recusar a sair de casa devido ao tamanho medo de passar mal na rua, de
morrer subitamente ou enlouquecer de repente. Normalmente esses pacientes
têm dificuldade em dormir desacompanhado, procuram insistentemente o
cardiologista e recorrem ao auxílio religioso com entusiasmo exagerado.
Os Ataques de Pânico não ocorrem somente no chamado Transtorno do
Pânico típico. Eles podem ocorrer em uma variedade de Transtornos de
Ansiedade, como por exemplo, na Fobia Social, na Fobia Específica, no
Transtorno de Estresse Pós-Traumático e no Transtorno de Estresse Agudo. É
por causa dessa não-especificidade dos sintomas de pânico que somos
inclinados a julgá-lo mais como um sintoma (de depressão atípica) que como
uma doença independente.
1.4.2 - Fobias Sociais
O Estresse pode ter como sintoma psicológico um quadro grave de
ansiedade chamado Fobia Social. As Fobias Sociais estão centradas em torno
de um medo anormal e absurdo de expor-se a outras pessoas e têm como
conseqüência, o afastamento e evitamento social. Podem ser específicas às
situações de comer ou falar em público, mas podem ser mais difusas,
envolvendo quase todas as circunstâncias sociais fora do ambiente familiar.
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Neste caso, entre as situações fóbicas que invariavelmente resultam na
evitação do objeto, atividades ou situação socialmente temidas, destaca-se o
medo de humilhação e embaraço em lugares públicos, o medo de comer em
público, falar em público, urinar em banheiro público e, muito freqüentemente,
de assinar cheques à vista de pessoas estranhas.
A exposição à situação social ou de desempenho provoca, quase que
invariavelmente, uma resposta imediata de ansiedade, a qual pode assumir a
forma de um Ataque de Pânico ligado à situação ou predisposto pela situação.
DIRETRIZES E CRITÉRIOS DE DIAGNÓSTICO PARA TRANSTORNO
FÓBICO SOCIAL
Ø Os sintomas psicológicos, comportamentais e autossômicos devem
provir da ansiedade e não de outros quadros mentais;
Ø A ansiedade deve ser restrita e/ou predominar a situações sociais;
Ø A evitação das situações fóbicas deve ser proeminente;
Ø O comportamento de evitação interfere nas atividades sociais ou no
relacionamento interpessoal;
Ø A pessoa reconhece que seu medo é irracional e excessivo.
O prejuízo na atividade social de pessoas portadoras da Fobia Social
pode chegar ao extremo do isolamento. Nas situações sociais ou de
desempenho temidas, os indivíduos com Fobia Social experimentam
preocupações acerca de embaraço e temem que outros os considerem
ansiosos, débeis, "malucos" ou estúpidos.
O medo de falar em público pode ser em virtude da preocupação de que
os outros percebam o tremor em suas mãos ou voz. Podem ainda experimentar
extrema ansiedade ao conversar com outras pessoas pelo medo de não
saberem se expressar. Os sintomas de ansiedade que surgem nessas
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situações costumam ser palpitações, tremores, sudorese, desconforto
gastrintestinal, diarréia, tensão muscular, rubor facial, etc.
1.4.3 - Transtorno Somatoforme
O Transtorno Somatoforme pode ser mais uma das muitas
manifestações clínicas emocionais do Estresse. Os pacientes com Transtorno
Somatoforme em geral são poli queixosos, com sintomas sugestivos de
problemas funcionais de algum órgão ou sistema ou de alterações nas
sensações corpóreas sobre a funcionalidade do organismo como um todo.
Estas síndromes funcionais podem aparecer como quadros dolorosos
incaracterísticos, transtornos cardiocirculatórios, ou qualquer outro órgão ou
sistema, que não se confirmam por exames especializados. Nota-se sempre,
inclusive com reconhecimento pelo próprio paciente, variação na intensidade
das queixas conforme alterações emocionais, embora a maioria deles insista
em discordar do ponto de vista médico que aponta para a possibilidade
psíquica dos sintomas.
O principal aspecto do Transtorno Somatoforme é a queixa repetida de
sintomas físicos, juntamente com uma tendência persistente para investigações
médicas, apesar dos seguidos resultados negativos nos exames de
diagnóstico. Caso haja algum componente físico associado às queixas
somáticas, aquele não explica as proporções destas. Na maioria das vezes
estes pacientes manifestam um comportamento histriônico (teatral e histérico).
Normalmente esses pacientes somatoformes estão recebendo atenção
médica de mais de um profissional, envolvem mais de uma especialidade
simultaneamente e a sintomatologia se apresenta de maneira dramática, vaga
e exagerada.
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Os pacientes com queixas somáticas normalmente relatam uma história
médica bastante extensa, têm facilidade para memorizar nomes de
medicamentos e de doenças complicadas, conhecem quase tudo acerca de
exames subsidiários e seus relatos costumam ser um tanto dramáticos. São
quase incapazes de referir uma dor simplesmente como, por exemplo, uma
pontada. Normalmente eles dizem que dói como se um ferro em brasa
estivesse entrando, como uma punhalada, como se arrancassem seus órgãos,
etc.
1.4.4 - Sintomas do Esgotamento
O resultado do agravamento e da falta de tratamento para a situação de
Estresse pode resultar no "Esgotamento", um termo leigo, mas de grande valor
descritivo. Diante do Esgotamento o organismo todo pode entrar em
sofrimento. É como se esgotasse não apenas nossa capacidade de adaptação
às mais diversas circunstâncias de vida, mas, sobretudo, a capacidade de nos
adaptarmos à nós mesmos.
Nesses casos de Esgotamento há acentuada perda no limiar de
tolerância aos estímulos externos e acentuada inadequação ambiental. O
quadro clínico emocional apresentado por uma pessoa com Esgotamento é o
mesmo observado nos episódios depressivos.
Entretanto, a Depressão pode aparecer sob duas formas; uma forma
clássica, melhor conhecida por todos e que podemos chamar de Depressão
Típica, com ansiedade, crises de choro imotivadas, angústia, tristeza e
desânimo geral ou, de outra forma, de maneira mascarada, à qual,
didaticamente podemos chamar de Depressão Atípica. Nesse caso a tristeza
pode ser bem menor ou mesmo nem aparecer e o estado de ânimo pode estar
até normal.
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CAPÍTULO II
CAUSAS DE ESTRESSE NO AMBIENTE DE TRABALHO
Acredita-se que o estresse provocado pelo trabalho seja um dos
principais motivos das licenças para tratamento de saúde. As pessoas mais
sujeitas a estresse são aquelas cuja função exige muito, mas que não têm
controle sobre a carga de trabalho, as que não têm muito trabalho a fazer e as
que sentem frustradas por não ter recebido uma promoção. Se essas
dificuldades não puderem ser superadas, talvez o melhor seja procurar outro
emprego. Realizar algo gratificante fora do trabalho também pode ajudar.
Muitos fatores contribuem para o estresse no trabalho, prejudicando a
saúde física e mental. O excesso de trabalho é causa comum de estresse,
freqüentemente devido ao estabelecimento de prazos pouco realistas. Um
trabalho entediante também é prejudicial.
Problemas interpessoais, como hostilidade entre os colegas, assédio
sexual ou conflitos com os clientes também geram estresse. A própria
atmosfera do trabalho pode ser fonte de estresse. Um percurso difícil até o
trabalho pode elevar a pressão arterial e provocar estresse, assim como a
necessidade de dividir o local de trabalho com várias pessoas ou de aceitar
uma transferência forçada. Trabalhar por muitas horas, levar trabalho para
casa, cancelar férias, perder reuniões de família devido à pressão do trabalho
são sinais de excesso de trabalho e estresse.
2.1 - Sobrecarga
A sobrecarga de agentes estressores também pode ser
considerada um fator importante para eclosão do estresse patológico no
trabalho. A sobrecarga de estímulos estressores é um estado no qual, as
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exigências do ambiente excedem nossa capacidade de adaptação. Os quatro
fatores principais que contribuem para a demanda excessiva de agentes
estressores no trabalho são:
Ø Urgência de tempo;
Ø Responsabilidade excessiva;
Ø Falta de apoio;
Ø Expectativas excessivas de nós mesmos e daqueles que nos cercam.
2.2 - Falta de Estímulos
A falta de estímulos também pode resultar em estresse patológico e
doença. O risco de ataques cardíacos, por exemplo, são significativamente
maiores nos dois primeiros anos após a aposentadoria. Nesses casos a
condição associada ao estresse costuma ser o tédio, a sensação de nulidade
e/ou a solidão, portanto, a falta ou escassez de solicitações também
proporciona situações estressoras.
Às vezes, no final do dia, sentimos nosso corpo exausto mas, apesar
disso, experimentamos uma agradável sensação de bem estar. Em geral uma
atividade pode se tornar muito gratificante quando possui um significado
especial ou quando desperta grande interesse em nós.
No trabalho, as atividades medíocres, destituídas de significação ou
aquelas onde não temos noção do por que estamos fazendo isso ou aquilo,
podem ser extremamente estressantes. As tarefas altamente repetitivas ou
desinteressantes também podem produzir estresse. Essas situações de
carência de solicitações ou a sensação de falta de significado para as coisas
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que fazemos costumam também causar estresse em crianças e idosos.
2.3 - Ruído
O ruído excessivo pode causar estresse pela estimulação do Sistema
Nervoso Simpático, provocando irritabilidade e diminuindo o poder de
concentração. Dessa forma, o ruído pode ter um efeito físico e/ou psicológico,
ambos capazes de desencadear a reação de estresse. Este fator estressante
pode produzir alterações em funções fisiológicas essenciais, como é o caso do
sistema cardiovascular.
O ruído também pode influenciar outros hormônios, como a testosterona,
por exemplo, e dessa forma, pode ter efeitos prolongados sobre o organismo,
considerando que as alterações hormonais são sempre de efeito mais longo.
Experiências com pilotos de aeronaves na Argentina demonstraram que, ao
ficarem expostos aos ruídos de alta intensidade das turbinas aéreas, sua
produção de testosterona reduziu-se pela metade. Além disso, foi relatada uma
forte correlação entre a perda de audição devida a ruídos e a concentração
plasmática de magnésio.
2.4 - Alterações do Sono
O contínuo atraso do sono pelos horários de trabalho, viagens e
variações do ritmo das atividades sociais, facilitadas pelo uso da luz elétrica e
atrações noturnas, pode levar à insônia e, conseqüentemente ao estresse. Na
síndrome de fusos horários das viagens internacionais, recomenda-se não
tomar decisão importante ou não competir antes da readaptação fisiológica.
Os operários que fazem turnos ou têm trabalho noturno, geralmente
possuem um sono de má qualidade no período diurno. Isso se dá em
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decorrência dos conflitos sociais (coisas que fazemos de dia e coisas que
fazemos de noite) e do excesso de ruído diurno. Essa má qualidade do sono
acabará provocando aumento da sonolência no período de trabalho (seja
noturno ou diurno), muitas vezes responsável por acidentes, desinteresse,
ansiedade, irritabilidade, perda da eficiência e estresse.
2.5 - Falta de Perspectivas
A esperança, perspectiva ou expectativa otimista é uma das motivações
que mais aliviam as tensões do cotidiano. Saber (ou achar) que amanhã será
melhor que hoje, ou o mês que vem melhor que este, ou ano que vem será
bem melhor, etc., são sentimentos que aliviam e minimizam a ansiedade e a
frustração do cotidiano.
Está claro que na falta das boas perspectivas ou, o que é pior, na
presença de perspectivas pessimistas a pessoa ficará totalmente à mercê dos
efeitos ansiosos do cotidiano, sem esperanças de recompensas agradáveis. Há
ambientes de trabalho onde o futuro se mostra continuamente sombrio. É
completamente falso acreditar que funcionários temerosos produzem mais. O
medo motiva para a ação durante um breve período de tempo, mas logo
sobrevêm o estado de esgotamento com efeitos imprevisíveis.
2.6 - Mudanças Constantes
Esse assunto merece considerações mais amplas. As necessidades de
mudanças podem ser comparadas a um ciclo vicioso; o momento presente está
quase sempre exigindo mudanças, essas mudanças acabam trazendo novos
problemas. Esses problemas despertam novas soluções, as quais passam a
exigir novas mudanças e assim por diante.
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Esse tipo de mudanças pode ser determinada por uma nova chefia ou
devido à nova orientação geral da empresa, seja por causa de alguma fusão ou
aquisição da empresa. Normalmente esse tipo de mudança pode gerar muita
insegurança,inicialmente.
Até agora associamos sempre o estresse à adaptação e, diante das
mudanças, o que mais se solicita das pessoas é a adaptação, portanto, é o
momento onde o estresse está acontecendo. Evidentemente as pessoas
naturalmente possuidoras de dificuldades adaptativas sofrerão mais. Abrir mão
de métodos usuais para aprender ou aceitar novos métodos sempre exige uma
participação emocional importante.
A pessoa que passa por momentos de ansiedade e estresse por causa
de mudanças deve ter em mente que, mesmo que o departamento esteja
sendo "desmontado" ou algum colega estimado esteja perdendo sua posição,
ela continuará sendo o mesmo profissional que é seus conhecimentos
continuarão intactos e a empresa poderá utilizá-los até de forma melhor na
nova situação. Nessa situação o mais importante é não deixar que
considerações emocionais (mágoa, orgulho, inveja, rancor, etc.) dominem o
ladoracional.
2.7 - Mudanças devidas à novas tecnologias
A tecnologia normalmente está em contínua substituição por sistemas
mais modernos. Nessa situação também as pessoas são emocionalmente
solicitadas a se adaptar ao novo. Nesse caso o estresse será variável, de
acordo com as Disposições Pessoais e de acordo com o tipo dessa nova
tecnologia a ser implantada.
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Pela Disposição Pessoal sofrerão mais as pessoas com instabilidade
afetiva, com traços marcantes de ansiedade ou já previamente estressadas.
Em relação às próprias mudanças, sofrerão mais as pessoas confrontadas com
novas tecnologias ideologicamente diferentes das anteriores.
Na Inglaterra, há anos, foi feita uma pesquisa entre trabalhadores de
uma refinaria de petróleo e de uma central telefônica, ambas submetidas às
mudanças tecnológicas radicais. Na refinaria, apesar das mudanças para
automação terem sido profundas, como o sistema de craqueamento do
petróleo é sempre o mesmo, a incidência de estresse foi mínima entre os
funcionários, inclusive entre os mais antigos.
Entretanto, na telefônica a situação foi muito diferente. O novo sistema
não tinha nenhuma analogia com o anterior e os funcionários mais antigos
tiveram que ser transferidos ou demitidos. Isso mostra que as exigências para
adaptação ao novo exercem profundo impacto sobre a ansiedade (e estresse,
conseqüentemente) das pessoas.
2.8 - Mudanças devidas ao mercado
As constantes exigências do mercado sempre são levadas a sério pelas
empresas e, freqüentemente, determinam mudanças de procedimentos no
trabalho. Os ansiosos tende mais para o estresse devido, principalmente, à
ansiedade antecipatória, ou seja, a ansiedade que aparece muito antes de
quaisquer resultados das mudanças.
Embora o bom senso recomende que as pessoas devam estar
continuamente atentas aos resultados dessas mudanças, sofrer
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antecipadamente não resolve problemas, não facilita a adaptação e podem
determinar atitudes precipitadas danosas.
2.9 - Mudanças auto-impostas
São as exigências que fazemos de nós mesmos. Em psiquiatria, o mais
sadio é que estejamos sempre inconformados e sempre adaptados. Isso
significa que, através do inconformismo estamos sempre buscando fazer com
que o amanhã seja melhor que o hoje. Entretanto, é indispensável que a
pessoa se mantenha adaptada às circunstâncias atuais, mesmo que sejam
circunstâncias adversas.
Sadio seria reclamar do trânsito, quando este está ruim, para podermos
buscar opções que melhorem nossa vida em relação a esse trânsito (mudar
itinerários, horários, etc.), outra coisa é estarmos padecendo de hipertensão,
úlcera, ansiedade ou enxaqueca por causa desse trânsito ruim. Essa é a
diferença.
O próprio inconformismo humano exige uma reciclagem constante, ou
seja, exige mudanças continuadas e necessidades de adaptação a essas
mudanças. Encarar a mudança sob uma perspectiva de crescimento e
adequação pode ajudar nossa adaptação, considerá-la uma tarefa tediosa,
inútil e humilhante "para quem já sabe tanto", favorece o descontentamento, a
ansiedade e conseqüentemente o estresse.
Em recente pesquisa realizada pelo International Stress Management
Association (ISMA) que ouviu mil profissionais de diversos países, o Brasil
liderou o ranking de horas trabalhadas por semana: com 54 horas, contra a
média mundial de 41.
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No quesito “exaustão física e emocional”, que avalia o nível de estresse
do trabalhador, o Brasil registrou o segundo por índice, ficando atrás apenas do
Japão e superando países como China, Estados Unidos e Alemanha;
Os números apontados na pesquisa são fortes indicativos das atuais
condições de trabalho no mercado corporativo brasileiro. O medo da demissão
e as pressões de chefes e superiores, podendo gerar no executivo um quadro
de esgotamento físico e mental.
2.1 - INTERFERÊNCIA FAMÍLIA - TRABALHO
Diversos são os modelos apresentados para explicar as formas de
relação entre trabalho e família. Segundo Edward e Rothbard (2000), os
mecanismos de interação entre essas duas dimensões podem ser divididos em
seis categorias: contaminação (trabalho e família são similares, havendo um
impacto de uma dimensão sobre a outra), compensação (a insatisfação num
domínio leva a pessoa a aumentar seu envolvimento ou procurar recompensas
no outro), segmentação (separação do trabalho e da família, de modo que um
domínio não influencia o outro), escoamento de recursos (recursos como
tempo, atenção e energia são limitados e aqueles despendidos num domínio
ficam indisponíveis para outro) e conflito (demandas do trabalho e da família
são mutuamente incompatíveis, de modo que cumprir as demandas em um
domínio dificulta o cumprimento em outro). Com exceção dos modelos de
conflito, que contam com dados mais consistentes, muitos dos modelos ainda
costumam ser tratados em nível teórico e carecem de dados empíricos. Apesar
disso, parece haver consenso entre os autores sobre duas formas básicas de
relação entre as duas esferas. A primeira diz respeito ao impacto do trabalho
sobre a família e a segunda refere-se ao impacto da família sobre o trabalho
(Frone, Russell & Cooper, 1992; Kelloway, Gottlieb & Barham, 1999). Os
determinantes da natureza dos impactos causados pela combinação do
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trabalho doméstico e profissional incluem as demandas em cada esfera, o nível
de apoio com o qual o indivíduo pode contar para atender às responsabilidades
nas duas esferas e os mecanismos de apoio existentes na comunidade.
Um conceito bastante investigado é o de conflito entre papéis
profissionais e familiares (Frone & Cols, 1992; Kelloway & cols, 1999). De
acordo com Polasky e Holahan (1998), a literatura mostra a importância, para a
saúde e bem-estar do indivíduo, de se desempenhar diversos papéis dentro e
fora de casa, pois isso aumenta a auto-estima e oferece maiores oportunidades
de apoio social. No entanto, estudos têm revelado que tentativas de equilibrar
demandas advindas do trabalho e da família podem provocar conseqüências
negativas no âmbito familiar e profissional. Assim, é possível compreender a
preocupação com a investigação de como se dão os impactos negativos de
uma esfera sobre outra e os efeitos sobre o indivíduo, sua família e seu
ambiente de trabalho.
Segundo Perry-Jenkins e Cols. (2000), estudos que se preocuparam em
investigar os impactos da família sobre trabalho sugerem que relações
familiares conturbadas e estresse relacionado à vida conjugal tendem a se
relacionar positivamente com absenteísmo e negativamente com desempenho
no trabalho. Frone e Cols. (1997) e MacEwen e Barling (1994) investigaram a
relação entre conflitos de família com trabalho e comportamentos
organizacionais. Os resultados mostraram que quando acontecimentos e
demandas familiares começam a interferir nas demandas do trabalho e entrar
em conflito com elas, o desempenho no trabalho tende a diminuir e o desgaste
no trabalho a aumentar.
Tamayo e Cols. (2002) investigaram o poder preditivo da interferência do
trabalho na família e da família no trabalho sobre o auto-conceito profissional.
Este construto refere-se à percepção do indivíduo sobre si mesmo em relação
ao trabalho que executa.
29
As dimensões avaliadas do auto-conceito profissional foram:
Ø Segurança profissional (percepção do indivíduo sobre sua
segurança diante de situações diferentes e novas no
trabalho);
Ø Realização profissional (percepção do indivíduo sobre suas
aspirações e ideais realizados por meio do trabalho
executado);
Ø Saúde no trabalho (percepção do indivíduo sobre como o
trabalho ou os fatos que o envolvem podem afetar sua
saúde física e mental) e
Ø Competência no trabalho (percepção do indivíduo sobre
sua competência no trabalho e sua contribuição para a
organização em que trabalha).
Ø A saúde no trabalho foi explicada pela interferência
trabalho-família. A interferência família-trabalho explicou os
fatores segurança profissional e competência no trabalho.
Em todos os casos, observou-se uma relação negativa entre as variáveis
independentes e as dependentes, o que significa que quanto mais os
acontecimentos do trabalho interferem na família, menor a percepção de saúde
no trabalho e quanto mais os acontecimentos na família interferem na
realização do trabalho, menor a percepção de segurança e competência
profissional.
30
CAPÍTULO III
EMPRESAS QUE FAZEM A DIFERENÇA
È cada vez maior o número de empresas brasileiras que desenvolvem
programas buscando a satisfação dos colaboradores.
Empresas como Avon, Cargill, Hewlett Packard, Comet RSVP, Nestlé e
Redecard, entre outras, já colocaram em prática programas voltados para um
único objetivo: melhorar a vida de seus profissionais. Os benefícios vão desde
itens de conforto (disponibilidade de serviços) até melhoria da saúde física e
mental. As empresas estão mais conscientes de que as doenças do seu capital
humano afetam o lucro da empresa. Um exemplo é o sedentarismo, que já se
transformou no mal do século, principalmente nos grandes centros urbanos.
Em São Paulo, estima-se que 70% da população seja sedentária. Um
levantamento realizado pelo Centro de Estudos do Laboratório de Aptidão
Física de São Caetano do Sul, com 7.200 funcionários de diversas empresas,
mostrou que a doença estava presente em 50% deles.
E não é só isso: a preocupação também é com a prevenção. "As
empresas estão buscando maneiras de diminuir o risco de doenças
degenerativas, além de reduzir o custo de assistência médica com pessoas de
alto risco, como fumantes, obesos e sedentários. É um investimento para o
futuro", conforme Flávio Próspero, presidente da Associação Brasileira de
Qualidade de Vida (ABQV).
3.1.1 - Horários Flexíveis
Grandes empresas observaram que abolir a rigidez nos horários de
entrada e saída aumenta a satisfação dos funcionários.
31
As empresas oferecem alternativas ao horário padrão, sem, contudo,
abrir mão do controle sobre a quantidade de horas trabalhadas. Segundo a
pesquisa da Hewitt Associates, apenas 35% dos funcionários das 131
companhias que disseram empregar o horário flexível têm chance de optar pelo
esquema. Boa parte deles ocupa cargos de nível hierárquico superior -
diretores, gerentes e consultores.
Na Redecard, todos os funcionários, do Office - boy ao presidente, deixa
a empresa, impreterivelmente, às 19 horas. O toque de recolher faz parte da
política de qualidade de vida da empresa.
Na Avon já não é novidade o encerramento do expediente às 14 horas
da sexta-feira. "Há mais de dez anos investimos em programas de qualidade,
instituindo o short friday: todos os funcionários têm à tarde da sexta-feira livre
para fazer o que desejarem", conta Elza Maio, assistente social.
Com um universo de 3.500 profissionais, no qual cerca de 60% são
mulheres, a empresa desenvolve diversos tipos de programas, incluindo o
combate ao fumo e ao uso de drogas, bancando parte do tratamento do
funcionário. A Avon também pára, literalmente, durante alguns minutos, todos
os dias, para a realização da ginástica laboral. E não pára por aí! Campeonatos
internos, Academia Avon Vida, Clube da Capoeira, massagem terapêutica,
berçário e caminhadas estão entre tantas outras atividades desenvolvidas pela
empresa com o objetivo de proporcionar momentos de descontração e
confraternização entre todas as equipes de trabalho.
3.1.2 - Muito além da Ginástica Laboral
A Comet RSVP, empresa de tecnologia da informação está instalada em
uma área de mais de 11 mil metros quadrados, com muito verde. O espaço,
32
que conta com churrasqueira, piscina, SPA, sauna, academia aberta no meio
do jardim e até um mini-canil, funciona o dia todo. O funcionário pode dar uma
“paradinha” estratégica (naquela hora em que bate o cansaço) e voltar mais
revigorado. "Investimos em equipamento e espaço físico, pois precisamos
cuidar de nossos talentos. Eles precisam estar bem para que o trabalho seja de
alta qualidade", explica Elza Mônaco, coordenadora de Recursos Humanos.
"Todos os colaboradores devem cumprir sua rotina de oito horas de trabalho.
Como eles as administram não é relevante. O que nos interessa é que sejam
pessoas comprometidas com sua responsabilidade", diz Elza. O resultado não
podia ser mais recompensador: turnover praticamente inexistente e
funcionários satisfeitos. Na Comet RSVP até os dependentes dos
colaboradores podem usufruir os benefícios.
A Cargill, presente no Brasil desde 1965, procura proporcionar aos seus
colaboradores programas internos de prevenção de doenças. Em seu escritório
em São Paulo, a empresa tem implantado, através do Grêmio (mantido pela
empresa), um Programa de Qualidade de Vida que é considerado um best-
practice no mercado, segundo seu gerente, Paulo Terra Cardoso.
"A missão do Grêmio é promover a conscientização e o incremento da
qualidade de vida tanto no ambiente profissional como no pessoal", explica ele.
As principais atividades do programa estão relacionadas à atividade física,
saúde, cultura, família (atividades para filhos de funcionários, festas e viagens
para a família) e serviços, com inúmeras facilidades que poupam tempo,
paciência e dinheiro.
A Cargill é outro pedaço do paraíso dentro de São Paulo. Lá o
funcionário pode contar com banca de jornal, serviços fotográficos, loja de
conveniência, videolocadora, manicure, esteticista e boutique dentro do
escritório. Serviço de lavanderia e costura são outros mimos. "A idéia da
Qualidade Total iniciou sua carreira com a produção, passou para o foco no
cliente e agora, em todo o mundo, se preocupa com o colaborador, o
33
funcionário, que não poderia desenvolver suas atividades com qualidade se
não tivesse, ele mesmo, condições de melhorar sua própria qualidade de vida,
tanto no trabalho como fora dele", avalia Paulo.
3.1.3 - Foco no Indivíduo
A Nestlé criou, há cerca de um ano, um programa focado no
biopsicossocial de cada funcionário. O que significa isso? A companhia já
estava cansada, conta Marlene Capel, gerente de Recursos Humanos, dos
programas voltados para as áreas médica e educacional. "Queríamos ações
que compreendessem o desenvolvimento humano como um todo", diz. O
objetivo da empresa é estabelecer metas de excelência pessoal, porque,
acredita Marlene, a pessoa precisa evoluir primeiro para si mesmo. "A empresa
apenas oferece recursos para ela se melhorar", diz. Massagens, RPG,
fisioterapia e mapeamento sobre o estresse são algumas atividades que estão
sendo colocadas em prática com alto índice de aprovação.
Na linha do não convencional segue também a Hewlett Packard, que
levou para dentro de suas dependências um homeopata. Um massagista vai
periodicamente até a empresa atender os funcionários mais estressados. Além
disso, eles contam com palestras sobre nutrição e condicionamento físico.
"Estamos implantando, em sistema piloto, um projeto de reeducação alimentar,
elaborado por um nutricionista, um médico e um personal trainer", explica
Sandra Freire, analista de RH. Outro benefício oferecido pela empresa é uma
verba extra, que varia de 75 a 800 Reais, dependendo do cargo do funcionário,
que ele usa como quiser. O dinheiro não é depositado em sua conta. A HP
administra a verba conforme as necessidades de cada colaborador.
"Procuramos o desenvolvimento conjunto e contínuo, desde os aspectos de
34
segurança, saúde, meio ambiente, educação e programas de socialização e
integração com a comunidade. A saudável parceria entre capital e trabalho
representa lucro econômico, social e humano", conta Veroni Domhof, diretora
de Recursos Humanos da Terra Viva, empresa produtora de flores e plantas,
localizada em Campinas, interior de São Paulo. A Terra Viva mostra que não
precisa muito para melhorar a qualidade de vida de seus funcionários e
familiares. Além da ginástica laboral para os profissionais da empresa, que
lidam basicamente com a terra, as atividades são marcadas por torneios,
gincanas, formação de grupo folclórico para os filhos dos funcionários e clube
recreativo. As ações passam dos limites das portas da empresa, atingindo toda
a comunidade.
3.2 - EMPRESAS VERDADEIRAMENTE PREOCUPADAS
Custo mínimo e produtividade máxima. Essa é a equação que leva
empresas a acreditar que o investimento no potencial humano é a melhor
receita para fazer crescer os negócios. "No Brasil ainda são poucas, mas a
tendência é de crescimento e conscientização por parte das companhias e dos
funcionários, pois eles também precisam entender que o que está sendo
oferecido se reverte em benefício para ele próprio", analisa Flávio Próspero, da
ABQV (Associação Brasileira de Qualidade de Vida). Segundo ele, empresas
que incentivam constantemente seus profissionais contam com um nível de
adesão aos programas de qualidade de vida na casa dos 60%. "Onde a
diretoria compra a idéia, os programas deslancham", diz. Quando um programa
é bem desenvolvido e aplicado, comprometido com a qualidade de vida do
funcionário, todos ganham. O funcionário tem a possibilidade de melhorar seu
estilo de vida, desenvolver-se como indivíduo, integrar-se melhor ao ambiente
de trabalho e aos colegas. "A sua família convive com uma pessoa menos
estressada, mais feliz e com mais tempo. A empresa passa a contar com um
colaborador mais produtivo, criativo, comprometido e integrado à sua cultura,
35
além da redução do estresse, do absenteísmo e até de custos ligados a saúde
e segurança no trabalho", acredita Paulo Cardoso, da Cargill. Para Helena
Kavaliunas, diretora da Qualis - Qualidade de Vida em Saúde, empresa que
oferece planos de medicina alternativa, o funcionário precisa estar envolvido
com o projeto, senão corre-se o risco de ele adquirir ares paternalistas,
perdendo o sentindo. "Muitas pessoas estão deixando de lado, por exemplo, o
preconceito que tinham em relação à massagem. Já conseguem encarar como
uma ferramenta de combate ao estresse, percebendo que precisam mudar
algumas posturas em suas vidas para que consigam ser mais felizes", conclui
Helena.
3.3 - O QUE FAZER PARA MINIMIZAR AS CHANCES DE ESTRESSE
Aprender a administrar de forma eficaz o tempo no trabalho é uma boa
maneira de diminuir o estresse. Aqui estão algumas dicas:
Ø Faça diariamente uma lista das tarefas a serem realizadas;
Ø Comece pelas tarefas mais complexas;
Ø Execute as tarefas por ordem de prioridade;
Ø Transfira as tarefas não realizadas para a lista do dia seguinte;
Ø Divida os projetos mais extensos de forma viável;
Ø Encare os trabalhos desagradáveis como um desafio;
Ø Recompense a si mesmo pela tarefa cumprida;
Ø Não adie suas tarefas;
Ø Anote tudo que tiver interferido em seu trabalho. Tente evitar
estas interferências.
É inevitável passar por algum estresse no trabalho, algumas orientações
possibilitarão diminuir a sua intensidade:
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Ø Aprenda a delegar;
Ø Estabeleça prioridades e metas possíveis;
Ø Aceite as mudanças de forma otimista;
Ø Saiba auxiliar;
Ø Saiba relaxar;
Ø Recuse exigências absurdas;
Ø Encare problemas como oportunidades, não como ameaças.
Ø Tire férias regularmente.
A insônia e a irritação geralmente estão relacionadas ao estresse no
trabalho. Em vez de receitar pílulas para dormir, muitos médicos vêm
sugerindo a modificação de alguns aspectos difíceis do trabalho nas empresas,
nos escritórios e nas atividades domésticas.
As características negativas do trabalho estão atribuídas ao trabalhador
explosivo, arrogante, encrenqueiro, em cima do muro, super-tímido, espaçoso,
chato, estrategista em derrubar colegas. São requisitos que nenhuma empresa
quer, fazendo-nos concluir que além de estragar o ambiente de trabalho, são
considerados riscos para si e para com os colegas de equipe de trabalho.
Portanto seja dinâmico, empregue a sua capacidade de organizar, tenha
espírito de equipe, demonstre a sua capacidade de liderar, seja planejador e
metodológico, sensível às oportunidades, tenha iniciativas próprias, faça aquilo
que lhe cabe a sua autonomia, comunicativo, responsável e principalmente
motive seus colegas. Ninguém precisa buscar estes requisitos, pois isto está
dentro de cada um de nós, basta querer aplicar no cotidiano de relações de
trabalho, diversões, em casa e nas amizades. Este pequeno mundo pode ser
vivido sem o estresse do trabalho.
37
CONCLUSÃO
Qualidade de vida e vida com qualidade é o que todos esperam, é viver
tranqüilo em seu ambiente profissional e consequentemente no seu ambiente
familiar.
Conciliar trabalho e família passou a ser uma preocupação para as
organizações modernas, e com isso estas passaram a dar mais atenção aos
seus funcionários dando ênfase a melhoria da qualidade de vida, tanto no
ambiente profissional como no pessoal, porque isto é uma via de mão dupla, se
o funcionário não está bem, ocorrem problemas de apatia, irritação e
desinteresse com baixa produção, ocasionando desgaste emocional, desgaste
de relacionamento entre gerentes e subordinados e muito mais; e se ele está
motivado e satisfeito, gera bom rendimento no trabalho, segurança e
autonomia no que se faz, portanto “Cuidar” do funcionário só traz benefícios
para a empresa.
38
BIBLIOGRAFIA
Zimpal, Rogério R. Aprendendo a lidar com o estresse.
R. WHITE, Adrian 2000. Estresse: Métodos práticos para recuperar a saúde,
aplicando a medicina.
PEIFFER, Vera. Estresse? Livre-se Dele.
Ballone G J - Depressão e Relacionamento Pessoal
MASCI, C B. Stress no Trabalho: um desafio a medicina moderna
DAVEL, Eduardo Paes Barreto / MELO, Marlene Catarina de Oliveira Lopes.
Gerência em Ação: Singularidades e Dilemas do Trabalho Gerencial
FRANÇA, Ana Cristina Limongi / RODRIGUES, Avelino Luiz. Stress e trabalho
LAROSA, Marco Antonio / AYRES, Fernando Arduini. Como Produzir uma
monografia passo a passo... siga o mapa da mina.
www.rh.com.br
www.setubalnarede.pt
http://www2.uol.com.br/aprendiz/guiadeempregos/executivos/noticia
39
http://www.badaueonline.com.br/2008/2/18
* Folha de S. Paulo- 07/03/04
* Entrevista com a Psicóloga Ana Maria Rossi para VOCÊ S/A.
40
ÍNDICE
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I 09
O estresse no ambiente de trabalho afeta a sua vida pessoal?
1.1 - Conceito de Estresse 09
1.2 - A Evolução do entendimento do Estresse no Brasil e no mundo 09
1.3 - O Estresse e o nosso organismo 12
1.3.1 - Sintomas Físicos 13
1.3.2 - Sintomas Psicológicos 13
1.4 - Transtornos relacionados ao Estresse 14
1.4.1- Síndrome do Pânico 14
1.4.2 – Fobias Sociais 16
* Diretrizes e critérios de diagnóstico para Transtorno Fóbico Social 17
1.4.3 – Transtorno Somatoforme 18
1.4.4 – Sintomas do Esgotamento 19
CAPÍTULO II 20
Causas de Estresse no Ambiente de Trabalho
2.1 – Sobrecarga 20
2.2 - Falta de estímulos 21 2.3 – Ruído 22 2.4 – Alterações do Sono 22
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2.5 – Falta de Perspectivas 23 2.6 – Mudanças Constantes 23 2.7 – Mudanças devidas à novas tecnologias 24 2.8 – Mudanças devidas ao mercado 25 2.9 – Mudanças auto-impostas 26 INTERFERÊNCIA FAMÍLIA – TRABALHO 27
CAPÍTULO III –
Empresas que fazem à diferença 30
3.1.1 – Horários Flexíveis 30 3.1.2 – Muito além da Ginástica Laboral 31 3.1.3 – Foco no Indivíduo 33
3.2 – Empresas verdadeiramente preocupadas 34
3.3 - O que fazer para minimizar as chances de Estresse 35
CONCLUSÃO 37
BIBLIOGRAFIA 38
ÍNDICE 40
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