UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS – GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO VEZ DO MESTRE O DESENVOLVIMENTO DA LEITURA E ESCRITA
POR
ADRIANA CASSIANO FREIRE Professora orientadora : Fabiana Muniz
Rio de Janeiro 2004.2
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE PISCOPEDAGOGIA
O DESENVOLVIMENTO DA LEITURA E ESCRITA
Por Adriana Cassiano Freire
Orientadora Fabiana Muniz
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Trabalho monográfico apresentado como requisito para a
conclusão do curso de Pós-graduação em Psicopedagogia.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, por fazer com que eu compreendesse que a
profundidade da inteligência depende da força da sinceridade.
E a todos que contribuíram na conclusão deste trabalho.
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DEDICATÓRIA Dedico este trabalho à todos que Vêem na educação uma
porta aberta para a liberdade, para o amor, para a justiça e para a igualdade.
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RESUMO
O estudo discute o processo da alfabetização dando ênfase à alfabetização na
linha construtivista e aos trabalhos de pesquisa realizados por Emilia Ferreiro nesta área.
A alfabetização é de grande importância para toda pessoa, mas é necessário que a
alfabetização aconteça de forma plena, que seja motivadora e criativa.
A escola e seus profissionais precisam levar em consideração o interesse de seus
alunos neste processo, para que seja agradável e eficiente.
Desde o final da década de 70 e início dos anos 80, vem se difundindo pelo Brasil,
como alternativa ao paradigma tradicional, a abordagem construtivista da alfabetização.
A teoria construtivista fez com que a escola discutisse a alfabetização de forma
consciente e responsável, revendo seus objetivos e fins.
Percebe-se pois, que o construtivismo tem influenciado a redefinição e
reorganização das políticas educacionais no Brasil. Reconhecendo-se, portanto, que a
presença do construtivismo já é notória, pelo menos a nível de discurso, em todo território
nacional.
O ato de ler é muito mais que um ato mecânico, é um processo onde o sujeito pode
interpretar seus mundo, suas idéias, ser criativo e livre.
O mais importante para a alfabetização não é apenas o seu método, mas como será
utilizado, sua teoria e conhecimento, seus verdadeiros objetivos.
A nova perspectiva da alfabetização, deseja que o aluno seja alfabetizado de forma
a construir sua história, tornar-se crítico, exercer de forma plena sua cidadania.
A discussão leva em consideração todas as mudanças ocorridas no processo da
alfabetização na escola, o sentido da leitura e escrita, os obstáculos que poderão surgir
durante o período e como este aluno poderá ser ajudado, avaliado e recuperado.
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ÍNDICE
INTRODUÇÃO
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I – DESENVOLVIMENTO DO ESTUDO. A IMPORTÂNCIA DA ALFABETIZAÇÃO.
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1-–A alfabetização em diferentes perspectiva
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1.1A abordagem construtivista
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II – A PRODUÇÃO DA LEITURA E DA ESCRITA : importância do construtivismo
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III - OBSTÁCULOS À APRENDIZAGEM DA LEITURA
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IV - A DISLEXIA COMO FRACASSO INESPERADO
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V – CONCLUSÃO
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BIBLIOGRAFIA
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INTRODUÇÃO
A presente monografia consiste em um estudo sobre a importância da leitura e
escrita como algo que vai além do reconhecimento e da decodificação de palavras. Mais
que isso, elas enriquecem a experiência da pessoa que lê.
Estuda como se dá a aprendizagem da leitura, expondo os caminhos que o sujeito
percorre para ter uma alfabetização plena, visto que não basta que ele aprenda a ler e
escrever, é preciso muito mais do que isso, é necessário que ele encontre na leitura uma
motivação permanente, pois deste modo, ele terá condições de através da leitura, poder
comparar suas idéias com as dos outros, ampliando e reorganizando sua própria visão de
mundo.
As primeiras experiências que a criança tem com a escola é que vão definir seu
sentimento em relação à aprendizagem, sendo importante o contato com outras pessoas e
com materiais pedagógicos.
A capacidade de ler e escrever são de importância tão singular para a vida de uma
criança, que a sua experiência escolar se constitui em facilidade ou dificuldade no aprender.
Por isso, a maneira como a leitura e escrita são ensinadas e como são experienciadas por ela
determinarão o modo como perceberá a aprendizagem.
Ler vai além de uma simples decifração de códigos, implica na relação que o leitor
estabelece com a própria experiência através do texto.
A leitura tem sido assunto de discussão entre educadores muitos métodos têm sido
utilizados na tentativa de ensinar a ler, apesar disso, pouco se tem conseguido, pois ainda
há um grande número de crianças que não aprende.
Pesquisas realizadas por Emilia Ferreiro mostram que a criança traz consigo
hipóteses que resultam da sua interação com o ambiente que a rodeia. O professor precisa
conhecer como se processa o desenvolvimento cognitivo de uma criança, o que ela faz,
como faz e por que faz, isto é, como se estrutura o pensamento infantil. Assim ele poderá
avaliar as condições da sua classe, identificando as diferenças individuais e as
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características gerais do grupo para a partir daí dar início a programação de situações que
iniciem o aprendizado da leitura.
Abordando sobre os métodos de alfabetização, se questiona a forma mais
competente e interessante para se ter uma qualidade na aprendizagem da leitura e escrita e a
contribuição da teoria construtivista ao processo global de educação do indivíduo,
entendendo-se que a linguagem oral e escrita não são apenas um objeto escolar e sim um
objeto cultural.
Assim, estará definida a leitura como muito mais do que um ato mecânico, pois
saber ler implica na interpretação que o leitor faz do texto, de acordo com a sua cultura,
seus conhecimentos e experiências.
O ato de ler é um desempenho cognitivo difícil. Se a criança não tiver interesse no
material que lhe é apresentado, o aprender a ler pode parecer uma tarefa sem propósito ou
mesmo ofensiva à sus inteligência, podendo ocasionar uma grande variedade de erros e
dificuldades de leitura.
Convencer a criança de que a leitura é agradável e a ajuda a ter uma melhor
compreensão de si mesma, dos outros e do mundo em que vive, constitui a finalidade da
escola desde o seu início. Isto sugere, que ela pode estar justificadamente orgulhosa por ter
se tornado capaz de ler ajuda a tornar a plena alfabetização um aspecto significativo em sua
vida.
Enfim, para aprender a ler é necessário estar mais que tecnicamente alfabetizado.
Não basta ler mecanicamente, é preciso estar envolvido pelo texto lido, mas é possível ser
alfabetizado sem isso, só resta saber para quê. Cabe ao professor resgatar na criança o gosto
pela leitura, e na escola, a compreensão de que a leitura se constitui na alfabetização plena
do indivíduo.
O estudo realizado constatou que o sucesso de uma verdadeira alfabetização, não é
o método a ser escolhido e sim, a realização desta alfabetização, trazendo para a sala de
aula, a realidade do aluno e o conhecimento já adquirido por ele.
A concepção de que todo o conhecimento será transmitido pela escola é utopia, é
necessário que a escola valorize a interação da família e o contexto social, para o sucesso
da aprendizagem do aluno, abandonar a teoria que o aluno é uma folha em branco, que será
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preenchida na escola. Será esta a contribuição da psicopedagogia no estudo, orientar para a
realização de um trabalho de alfabetização plena, eficiente e capaz.
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I – DESENVOLVIMENTO DO ESTUDO.
A IMPORTÂNCIA DA ALFABETIZAÇÃO
Este capítulo aborda a importância da alfabetização de forma prática na vida de
qualquer pessoa, tratando a leitura e escrita como instrumento de libertação social, visto
que a alfabetização possibilita a busca de conhecimentos diversos e, principalmente de uma
evolução intelectual.
Alguns autores embasam o texto como Paulo Freire e Emilia Ferreiro.
Saber ler e escrever é de grande utilidade prática em nossa sociedade e em todo o
mundo. Infelizmente, porém, esta é a principal razão que os professores falam para as
crianças quando lhes dizem que devem aprender a ler e escrever. Ensina-se a leitura e
escrita de maneira tão mecânica que acaba impedindo a criança de imaginar que ela possa
existir. Alguns professores que se “preocupam” com uma vida econômica melhor,
incentivam o aluno a “progredir na vida” se empenhando na leitura, porém a criança não
fica motivada, pois é uma recompensa futura muito distante.
Aprender a ler e escrever é como aprender um jogo. É preciso conhecer as
combinações, as regras, ter vontade e treinar bastante. Aprendendo um jogo, é possível
conhecer histórias, poesias, cartas, bilhetes, tomar o ônibus certo, chegar a um lugar que
estamos precisando, saber para que serve um remédio.
Uma prática de leitura que não desperte nem cultive o desejo de ler não é uma prática pedagógica eficiente.
( Soligo, p.59, 1999 ).
O que precisa para que uma criança fique motivada por aprender a ler e escrever,
não é o conhecimento sobre a utilidade prática da leitura e escrita é a certeza de que, sendo
capaz, lhe abrirá um mundo de experiências maravilhosas, permitindo-lhe compreender o
mundo e tornar-se senhora do seu próprio destino.
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A linguagem escrita é o principal instrumento de aprendizagem, dentre aqueles que
os aluno necessitam se apropriar, para poder aprender o mundo e todo o conhecimento que
nele se produz e se produziu.
Durante muitos anos o ensino da linguagem preocupou-se com os aspectos formais
da língua e muito pouco com sua funcionalidade e sua utilidade como um instrumento de
comunicação, informação e aprendizagem.
Neste sentido, a preocupação com a aprendizagem das letras e sílabas nas séries
iniciais era muito grande, pois acreditava-se que saber as letras soltas, ou se apropriar de
sons, permita ao sujeito, num exercício crescente de aglutinação e combinação destes
elementos isolados, formar frases e textos, para finalmente poder interpretá-los. (Vigostky,
1988 ).
Tratava-se da aprendizagem do alfabeto e por isso até hoje se utiliza o termo
alfabetização para o ensino inicial da escrita.
Além disso acreditou-se também, que a organização do texto deveria ser correta
desde as primeiras séries e por isso, enfatizava-se o ensino da gramática desde o início.
Sabendo ler e escrever, o homem pode exercer de forma plena seus papéis sociais e
políticos. ( Freire. 1987).
O domínio desta forma de comunicação leva à compreensão do mundo e fornece à
criança oportunidade de conhecer coisas, fatos e pessoas no ambiente onde ela se
desenvolve.
As primeiras experiências na escola, são decisivas para a visão que a criança tem de
si mesma. A forma pela qual a leitura for experimentada pelo sujeito interferirá na visão
que ele venha a ter sobre a aprendizagem em geral.
Preparar a criança para o aprendizado da leitura significa oferecer-lhe oportunidade
e experiências que não fizeram parte de sua história de vida sem, entretanto, deixar de
considerar as experiências que ela traz para a sala de aula, valorizando seu próprio
conhecimento.
É necessário que o ensino da leitura e escrita seja feito de forma a estar relacionado
com o interesse do educando, pois dificuldades surgidas com relação à leitura e escrita,
poderão acarretar o fracasso na maior parte das disciplinas curriculares.
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A alfabetização, muito mais que decorrência de um processo de maturação
intelectual que permite sua construção, implica num processo de auto-descoberta e um
exercício de vontade. A alfabetização precisa ser uma via de acesso aos bens culturais
acumulados pela humanidade, possibilitando também o exercício da participação social.
A alfabetização como prática da liberdade instrumentaliza a criança para “ler o seu mundo”, valorizando a leitura no sentido de expressão da realidade social. ( Freire, pág.10,1987 ).
A alfabetização precisa dar à criança, melhores condições para que tenha mais
meios para expressar sua própria cultura e, entendê-la em relação com as demais.
Talvez seja este o sentido mais exato da alfabetização: aprender
a escrever a sua vida, como autor e como testemunha de sua história, isto é, biografar-se, existenciar-se, historizar-se.
( Freire ,1987, pág.02 )
Segundo Paulo Freire, a alfabetização tem por objetivo levar o educando à
ação/reflexão, interpretando e entendendo seu mundo, tornado-se um transformador crítico
da sua realidade social. ( Freire, 1987).
Alfabetizar é fazer uma ampliação dos conhecimentos da criança através da leitura,
é trazer para dentro da sala de aula a vivência do educando e sua prática, levando-o a
descobrir e dominar a leitura e escrita, não apenas pelo seu valor, mas como fator de
crescimento pessoal.
Ler e escrever passam a ser, portanto, os instrumentos de domínio da realidade,
tanto do ponto de vista social quanto do cultural e individual.
A prática da liberdade só encontrará adequada expressão numa pedagogia em que o oprimido tenha condições de, reflexivamente,, descobrir-se e conquistar-se como sujeito de sua própria destinação histórica .
(Freire, 1987, pág.09 )
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A linguagem escrita sendo aprendida através de velhos ou novos instrumentos deve
ser preocupar-se em primeiro plano com a aprendizagem do mundo, da convivência, da
comunicação para depois preocupar-se com a aprendizagem das regras.
No primeiro ciclo do ensino fundamental, o ensino/aprendizagem da linguagem
deve partir da vivência dos alunos, do repertório lingüístico que possuem, da cultura que
carregam em sua experiência de vida e das várias utilidades que podem fazer deste
instrumento, testá-las, confirmá-las, rejeitá-las e aperfeiçoá-las. ( PCN, 1997 ).
No segundo ciclo, o objetivo é o de aumentar o ritmo de leitura e escrita, explorar e
ampliar o uso da linguagem, agilizar a organização das idéias e a interpretação do que é
lido, desenvolver o gosto pela leitura e sentir-se parte do mundo através da informação, da
pesquisa e investigação, da diversão e lazer, da revisão, etc. ( PCN, 1997 ).
Portanto, investigar a linguagem e escrita para que possamos ensiná-las, é um ato
importante do professor e passa pela investigação :
_ dos hábitos de leitura e escrita que fazem parte da vida dos alunos;
_ do nível cultural dos alunos;
_ dos recursos de leitura e escrita na comunidade;
_ do nível de apropriação da língua escrita de seu aluno;
_ das funções de escrita e dos recursos mais utilizados naquela sociedade.
É preciso investigar tanto os aspectos ligados ao conhecimento da escrita alfabética,
quanto à linguagem usada para ler e escrever. ( PCN, 1997 ).
Embora a contribuição de Emilia Ferreiro (2003 ), tenha sido imensa, ao mostrar a
evolução da aquisição da linguagem e escrita nas crianças investigar, isoladamente, apenas
este aspecto, não garante que a alfabetização vá acontecer de forma diferenciada.
A metodologia para a alfabetização deveria ser chamada de leiturização, deveria se
utilizar da leitura e escrita de textos e para tal os textos que circulam na sociedade têm uma
função fundamental. ( Foucambert, p.30, 1997 ).
Aprender a ler lendo coisas de ler e não coisas criadas para aprender a ler, é um dos
principais objetivos do ensino da linguagem escrita. ( Foucambert, 1997 ).
Aprender a ler se aprende lendo, e aprender s escrever se aprende escrevendo.
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Esta ênfase no entanto, não deve deixar de dar importância às características formai
da linguagem, sua característica alfabética, gramatical e ortográfica .
... a ênfase que se está dando ao conhecimento sobre as características discursivas da linguagem – que hoje sabe-se essencial para a participação no mundo letrado – não significa que a aquisição da escrita alfabética deixe de ser importante. A capacidade de decifrar o escrito é não só condição para a leitura independente como – verdadeiro rito de passagem – um saber de grande valor social .
( PCN – Língua Portuguesa, 1997, p. 34 ).
Na investigação realizada no primeiro ciclo do ensino fundamental, além das
características do sistema que fundamenta a escrita das crianças, é importante investigar
sobre a direção da escrita, a diferenciação das várias notações gráficas, o conhecimento
sobre os vários portadores de textos, a leitura de rótulos, o domínio de textos, nomes que a
criança já possui e toda a vivência que já possui com a linguagem escrita. ( PCN, 1997 ).
No segundo ciclo, essas investigações são realizadas em função dos vários tipos de
textos, quais os domínios que as crianças já possuem, como recebem as mensagens, qual a
coerência e coesão de seus textos, quais as características formais da escrita que já utilizam,
como interpretam os textos e como utilizam os conhecimentos aprendido através da
linguagem escrita, capacidade de análise, síntese, generalização e etc. ( PCN, 1997 ).
Essas investigações devem ter como objetivo exclusivo o avanço do ensino /
aprendizagem da linguagem escrita e não ser utilizada com fins autoritários para aprovar ou
desaprovar alunos.
Nesta chamada era da comunicação, a linguagem escrita assume uma importância
ainda maior, pois apesar de perder para a linguagem falada e visual no que se refere à
rapidez e diminuição de esforço para transmitir a informação, ainda continua sendo a única
forma que possibilita um nível maior de reflexão e um exercício de funções cognitivas
especificamente humanas como a organização prévia do pensamento.
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Não se pode conceber o processo de alfabetização, que se caracteriza pelo esforço em ensinar a escrita de uma língua à crianças que são falantes nativos dessa língua, sem desvinculá-lo da noção de texto. Afinal, ensina-se a ler e escrever, na maior parte dos casos, através de textos, e se objetiva, com a alfabetização, que o aluno crie e concretize com segurança seus textos e estabeleça sentidos a textos alheios. Sendo lugar de enunciação e produto de interação verbal, o texto deve constituir-se em objeto privilegiado para o ensino- aprendizagem da língua. É nele que a língua se configura em sua concretude. Nele se estabelece uma área de interesse comum a quem escreve e ao seu interlecutor. Sendo unidade de sentido, o texto a objetivação de um projeto, concebido, executado e avaliado por um sujeito que, a partir de certas necessidades, movido por certos objetivos, sobressaltado pelas contingências e mediado pela linguagem, em determinadas condições históricas e sociais, escolhe dentre as possíveis e conhecidas, as opções de dizer / escrever o que precisa dizer / escrever para outros. ( Magnani, 1997, p.18 ).
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1. ALFABETIZAÇÃO EM DIFERENTES
PERSPECTIVAS
Historicamente, por falta de estudos apropriados e relacionados ao processo acerca
de como se dava o aprendizado da leitura e da escrita, a alfabetização foi explorada como
um problema, composto por uma série de regras que, obedecidas, possibilitariam a uma
criança aprender a escrever e ler com correção, centrado na polêmica sobre os métodos a
serem utilizados. ( Ferreiro, 2001 ).
Em conseqüência dessa concepção (a alfabetização ser um algoritmo e/ou
nomenclatura), criam-se processos de ensino marcados por etapas pré- determinadas,
seqüenciadas e graduadas. Também havia um período anterior à alfabetização, chamado
preparatório que treinava a criança pra enfrentar o processo. ( Ferreiro,2001 ).
Até 1973, a bibliografia sobre a aprendizagem da língua escrita se dividia em dois
grandes grupos: de um lado, os que se preocupavam com o melhor método para ensinar a
ler e escrever, e de outro, os que procuravam desenvolver as habilidades necessárias à
aprendizagem da escrita e leitura. Até então, não aparecia na literatura especializada, a
criança inteligente, ativa, criadora que Piaget havia encontrado em suas investigações e que
é também, a protagonista da aprendizagem da língua escrita.
Na concepção tradicional da alfabetização, o importante são os componentes
perceptivo-motores, ou seja, para aprender a ler e escrever é preciso fazer boas
discriminações perceptivas, visuais e auditivas, controlar bem os movimentos para traçar
linhas retas e curvas e fazer boas associações entre formas gráficas e sonoras, entre letras e
sons.
Fundamentalmente, a aprendizagem é considerada pela visão tradicional, como
técnica: a criança aprende a técnica da cópia e do decifrado. Aprende a sonorizar um texto e
a
copiar formas. ( Ferreiro,2003 ).
O aprendizado da leitura era visto como um processo de decodificação e junção de
grafemas, apresentando uma visão que dá ênfase aos aspectos formais da escrita,
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valorizando-se excessivamente a aprendizagem da ortografia e da sintaxe. ( Ferreiro,
2003 ).
Com as pesquisas de Emilia Ferreiro sobre a psicogênese da língua escrita, mudou-
se a concepção de alfabetização. Agora, esta é realizada como um processo de construção
que atinge diferentes níveis a partir da experiência e da vivência, a saber: pré-silábico,
silábico e silábico alfabético. ( Azenha,1997 ).
Hoje, sabe-se, graças aos trabalhos de Piaget e de Emilia Ferreiro e seus seguidores,
que por trás da mão que pega o lápis, há uma criança que pensa e que conhece o propósito
da língua escrita.
Com a divulgação de estudos e pesquisas sobre o processo de construção da leitura
e escrita, a alfabetização ganhou novo enfoque.
Ler significa reler e compreender, interpretar. Cada um lê com os olhos que tem. E interpreta a partir de onde os pés pisam. Todo ponto de vista é a vista de um ponto. Para entender como alguém lê, é necessário saber como são seus olhos e qual é a sua visão de mundo. Isso faz da leitura sempre uma realidade, (...) Sendo assim, fica evidente que todo autor é co-autor.
( Boff, p. 10, 1997 ).
Sabe-se hoje que a alfabetização é a construção de um objeto conceitual, cuja
apropriação exige processo de longa duração, sendo fruto de abstração. ( Azenha,1997 ).
Ler implica não só apreender o significado, mas também trazer para o texto lido a experiência e a visão de mundo do leitor. Existe, portanto, uma interação dinâmica entre leitor e texto, surgindo da leitura um novo texto.
( Zilbermann, 1988, p. 14 ).
Não se trata de seguir regras, trata-se de aprender a ler pensando, estabelecendo e
descobrindo relações, organizando um sistema. A transferência da aprendizagem se dá com
segurança e facilidade. A aprendizagem se dá num processo natural, de dentro para fora.
A qualidade da aprendizagem da leitura e da escrita é um problema sobre o qual é
preciso muita reflexão, levando-se em conta o tempo que é dedicado à alfabetização.
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Não basta apenas a preocupação ao escolher o melhor método a ser utilizado, é
necessário a dedicação ao trabalho para que seja feito com responsabilidade, respeitando a
aprendizagem da criança e seus processos.
É importante sim, ter conhecimento das mudanças, evoluções e estudos no campo
educacional, valorizando e refletindo sobre o aprender e como aprender infantil.
É lendo que nos tornamos leitores e não aprendendo primeiro para ler depois; não é legítimo instaurar uma defasagem, nem no tempo, nem na natureza da atividade, entre aprender a ler e ler.
( Joliber, 1994, p.14 ).
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1.1 – A abordagem Construtivista
Os estudos sobre a Teoria Construtivista começaram com Piaget ( 1896 – 1980 ),
que foi biólogo com preocupações eminentemente epistemológicas, numa perspectiva
interdisciplinar. ( Becker, 1992 ).
Foi só em 1936, que Piaget chegou ao meio educacional brasileiro, contudo,foi
preciso quase meio século para que essa influência se fizesse sentir mais amplamente no
ensino básico brasileiro. É que as idéias dele vêm entrando nas escolas sob o nome de
construtivismo.
Muita gente associa o termo à psicóloga Argentina Emilia Ferreiro, grande
divulgadora dessa linha educacional no Brasil desde o início dos anos 80, desconsiderando
tavez que Emilia Ferreiro se fundamenta na essência do pensamento piagetiano; por isso,
falar em construtivismo é falar principalmente de Piaget. ( Becker,1992).
Piaget nunca se preocupou em formular uma pedagogia; ele dedicou a vida a
investigar os processos da inteligência. ( Becker, 1992 ).
A psicóloga Emilia Ferreiro, aluna e colaboradora de Piaget, é que de fato,
pesquisou a fundo a teoria do mestre, especificamente sobre o processo intelectual pelo
qual a criança aprende a ler e escrever e nomeou de construtivismo a teoria criada por ela,
após constatar que as crianças não aprendem do jeito que são ensinadas. Baseados nesta
teoria, outros educadores formularam novas propostas pedagógicas de alfabetização para a
lógica infantil. (Ferreiro,2003 ).
Construtivismo, portanto, é o nome pelo qual se tornou conhecida uma nova linha
pedagógica que vem ganhando terreno nas salas de aula. O construtivismo fundamenta-se
na perspectiva de que nada está pronto, acabado, e que, especificamente, o conhecimento
não é dado como algo terminado.
Como teoria, apresenta um “modo de ser” do processo de construção do
conhecimento ou um movimento do pensamento que emerge do avanço da Ciências e da
Filosofia dos últimos séculos. É uma teoria que permite interpretar o mundo. Não se pode
esquecer que, em Piaget, a aprendizagem só tem sentido na medida em que coincide com o
processo de desenvolvimento do conhecimento, com o movimento das estruturas da
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consciência. Nesse sentido parece esquisito dizer que um método é construtivista, mais
esquisito ainda é dizer que um currículo é construtivista.
Entende-se que o construtivismo na educação pode ser a forma teórica ampla que
reúne as várias tendências atuais do pensamento educacional, tendências que têm em
comum a insatisfação com um sistema educacional que teima ideologicamente em
continuar a forma particular de transmissão do saber tão comum na escola, que consiste em
fazer repetir, recitar, aprender, ensinar o que já está pronto, em vez de fazer agir, operar,
criar, construir a partir da realidade vivida por alunos, por professores, pela sociedade em
geral. A educação deve ser uma realidade de construção de conhecimentos para o que
concorrem, em condição de complentaridade, por um lado, os alunos e professores e, por
outro, os problemas sociais atuais e o conhecimento já construído. ( Becker,1992).
O construtivismo adota sempre o ponto de vista do sujeito na busca ou na
construção do seu reconhecimento, com o propósito básico de verificar como a criança
passa de um estado de menor conhecimento para um estado de maior conhecimento.
( Azenha, 1997 ).
O construtivismo, fiel ao princípio interacionista, procura demonstrar, ao contrário
das demais tendências, o papel central do sujeito na produção do saber, procura
desenvolver práticas pedagógicas para cada nível intelectual da criança. Entretanto, é
importante constatar, que as teorias construtivistas se afinam cada vez mais com o ensino
pela consistência e pela eficácia de resultado na aprendizagem, sobretudo se estiverem
envolvidos na interação social.
O construtivismo propõe que o aluno participe ativamente do próprio aprendizado,
mediante a experimentação, a pesquisa em grupo, o estímulo à dúvida e o desenvolvimento
do raciocínio, entre outros procedimentos, rejeitando assim, a apresentação de
conhecimentos prontos ao estudante, levando-o a buscar a forma de construção do
conhecimento que adquire. (Azenha, 1997).
Abandona-se então, a antiga finalidade de aprender a ler, que era apenas para
decodificar sons e letras, fazer interpretações à risca do texto que se lê. Hoje, sabe-se que o
leitor ativo, tem e deve ter a capacidade de fazer sua própria interpretação, tomando como
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base o texto, as informações contidas nele e também todo o conhecimento adquirido pelo
leitor, em suas leituras anteriores e suas experiências da própria vida.
A declaração sobre o “prazer da leitura” leva a privilegiar um único tipo de texto: a narrativa ou a literatura de ficção, esquecendo que uma das funções principais da leitura ao longo de toda a escolaridade é a obtenção de informação a partir de textos escritos. (Ferreiro, 2003; p.18 ).
Através dos estudos da teoria construtivista, o que se quer ter hoje como leitores,
são os chamados “leitores de mundo”, capazes de terem raciocínio lógico e coerência no
que lê e escreve. Antes destes estudos, pouco se valorizava a importância do sujeito-leitor.
Este hoje, é aquele que sabe usar a cultura que adquire para viver melhor e em época tão
competitiva, é o único que sobrevive.
O construtivismo valoriza muito o intercâmbio entre alunos e o trabalho de grupo,
onde o professor tem uma presença motivadora e menos impositiva.
Emilia Ferreiro com seu primeiro livro traduzido no Brasil, Psicogênese da Língua
Escrita, representou uma grande revolução conceitual nas referências teóricas com que se
tratava a alfabetização até então, iniciando a instauração de um novo paradigma para a
interpretação da forma pela qual a criança aprende a ler e escrever.
Ainda pe preciso muita difusão com o tema de leitura e sua importância, pois muitos
educadores poderiam aproveitá-la e utilizá-la de forma mais competente, tendo o objetivo
de uma melhor qualidade de seus alunos como leitores.
É indispensável que os profissionais de educação se apropriem deste conhecimento
para que tenham embasamento para refletir e discutir sobre a própria prática pedagógica e
mudar de postura, assumir novos pressupostos, trabalhando a língua escrita de forma
contextualizada com a realidade da criança. ( Ferreiro, 2002 ).
Quando uma criança escreve tal como acredita que poderia ou deveria escrever certo conjunto de palavras, está nos oferecendo um valiosíssimo documento que necessita ser interpretado para poder ser avaliado (...) Aprender a lê-las, isto é, a interpretá-las, é um longo aprendizado que requer uma atitude teórica definida.
(Ferreiro, 1985,p.16 – 17 ).
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II - A PRODUÇÃO DA LEITURA E DA ESCRITA NA ESCOLA:
A importância do construtivismo
Os anos oitenta assistiram, no Brasil e na América Latina, a um a crescente interesse
pelo tema da alfabetização da criança. A constituição e o aprofundamento dos debates sobre
este tema específico podem ser constatados pelo grande número de seminários, mesas-
redondas, artigos e textos publicados sobre o tema durante o período. A difusão rápida das
idéias de Emilia Ferreiro dirigiu grande parte da reflexão teórica e da discussão sobre
alfabetização, não só entre pesquisadores, mas também entre grande número de professores
atingidos pela divulgação desta pesquisadora. ( Becker, 1992 ).
Emilia Ferreiro em seus estudos, faz uma análise da prática docente em termos
distintos do metodológico onde comenta a respeito da polêmica sobre a introdução de
atividades de ler e escrever, dizendo que na prática pedagógica norte-americana, a leitura
antecede a escrita e na prática da América Latina costuma-se fazer a introdução conjunta
das duas atividades. Daí o termo lecto-escrita que significa leitura e escrita. ( Ferreiro,
2003).
Na visão de leitura e de escrita como código de transcrição, é possível considerar o
seu ensino como duas técnicas diferentes, dissociando uma da outra. Mas na tentativa de
compreender a estrutura dos sistemas de escrita, a criança realiza atividades tanto de
interpretação como de produção, sem fazer separação.
Outro aspecto analisado é a questão da ordem e da forma de se apresentar as letras
ou palavras aos alunos em vista o que é fácil ou mais difícil.
A pedagogia da leitura/escrita dedicou-se insistentemente a uma
polêmica infrutífera sobre os métodos. Todas as metodologias tradicionais constroem seqüências idealizadas de progressão acumulativa, os famosos “passos metodológicos”, que vão do simples ao complexo, do fácil ao difícil, com uma definição desses termos de fora, sem sequer duvidar que essas definições possam não corresponder ao que é difícil ou complexo para a criança.
( Ferreiro, 2003; p. 27-28 ).
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A língua não é um objeto escolar, ela tem uma função social, é um objeto cultural
resultante de esforço coletivo da humanidade. As crianças que vivem no meio urbano têm
contato com esta através de cartazes de propaganda, jornais, letreiros de lojas, rótulos de
embalagens e etc. Nessas aparecem todas as letras do alfabeto em vários tipos gráficos, sem
uma ordem pré determinada e com a freqüência que cada uma delas tem na língua.
(Ferreiro,2004).
Muito antes de serem capazes de ler, no sentido convencional do
termo, as crianças tentam interpretar os diversos textos que encontram a seu redor ( livros, embalagens, cartazes de rua ), títulos, histórias em quadrinhos, etc
( Ferreiro,2004, pág.65 ).
A criança recebe todas essas informações do seu meio, assim como das pessoas com
quem convive.
É inútil a tentativa da escola de determinar o momento em que ela deverá começar a
aprender, limitando suas atividades àquilo que realiza na instituição e justificando para ao
pais que eles não devem antecipar o trabalho de alfabetização para não desmotivar o
aluno.(Ferreiro,2004 ).
Com esta prática reaparece a concepção da escrita como técnica de transcrição de
sons, como objeto escolar e da colocação do professor como único informante autorizado.
As pesquisas de Emilia Ferreiro provocam uma revolução conceitual. Para mudar o
quadro de fracasso pelo qual a área educacional passa, não é possível ignorar os resultados
do seu trabalho.
Na contramão de outros estudos teóricos, o objetivo dessas investigações não é a
prescrição de novos métodos para o ensino da leitura e da escrita e muito menos a proposta
de novas formas de classificar dificuldade do aprendizado. Ao estudar a gênese psicológica
da compreensão da língua escrita da criança, Emilia Ferreiro desvenda a caixa-preta desta
aprendizagem, demonstrando como são os processos existentes nos sujeitos desta
aquisição. Isso porque, até que uma proposta empírica desta natureza fosse feita, o tema da
aprendizagem da escrita era considerado apenas uma técnica dependente dos métodos de
ensino. ( Azenha, 1997 ).
25
Coerente com a filiação epistemológica, Emilia Ferreiro demonstra que a
abordagem da alfabetização como questão meramente fora sustentada por teorias
psicológicas vinculadas ao associacionismo ou empirismo. Isto significa avaliar que a
melhor ou pior aprendizagem da língua escrita, em correspondência com melhores ou
piores métodos de ensino, implica interpretar essa aprendizagem como decorrentes da
apropriação de elementos externos feitos por um sujeito passivo. Ora, isto nada mais é que
aplicar à linguagem escrita os pressupostos mais gerais do associacionismo, que explicam a
constituição da inteligência como resultante da interação entre estímulos e respostas.As
crianças interpretam o ensino que recebem transformando a escrita dos adultos, sendo
assim, produzem escritas diferentes e estranhas. Essa transformação descrita é exemplo dos
esquemas de assimilação piagetiano. O professor ensina, por exemplo, a palavra gato e
alguns de seus alunos escrevem ga ou gt. O que Emilia Ferreiro desvenda é a razão destas
transformações e a lógica empregada pela criança, ou os processos psicológicos que
produzem tais condutas. A escrita produzida é fruto da aplicação de esquemas de
assimilação ao objeto de aprendizagem ( a escrita ), formas utilizadas pelo sujeito para
interpretar e compreender o objeto. ( Ferreiro,2004 ).
A interpretação do acesso ao conhecimento da escrita acentua a existência de um
processo evolutivo ao longo do desenvolvimento infantil, cuja gênese é preciso descrever e
explicar.
Em nota preliminar à primeira edição da Psicogênese da Língua Escrita, os autores
declararam a perspectiva sob qual a investigação se realizará :
Pretendemos demonstrar que a aprendizagem da leitura, entendida como questionamento a respeito e valor desse objeto cultural que é a escrita, inicia-se muito antes do que a escola imagina, transcorrendo por insuspeitados caminhos. Que, além dos métodos, dos manuais,.dos recursos didáticos, existe um sujeito que busca a aquisição do conhecimento, que se propõe problemas e trata de solucioná-los, segundo sua própria metodologia. Insistiremos sobre o que se segue: trata-se de um sujeito que procura adquirir conhecimento, e não simplesmente de um sujeito disposto ou mal disposto a adquirir uma técnica particular. Um sujeito que a psicologia da lecto-escrita esqueceu.
( Ferreiro, 2003 ,pág.26 ).
26
As publicações de Emilia Ferreiro refletem em muitos momentos questões à
natureza do trabalho científico em Psicologia e questões metodológicas que o cercam.
Dessa forma, a pesquisadora procura deixar claro o conjunto de postulados que fundamenta
a leitura dos dados que colhera. Tendo claro que o edifício teórico piagetiano acumulava
poucas pesquisas sobre a linguagem, reservando a esta um papel marginal na constituição
das competências cognitivas, Ferreiro busca na Psicolingüística as ferramentas para
enfrentar seus objetivos.
A partir da década de sessenta, a contribuição desta ciência passa a incorporar
mudanças importantes na forma de compreender a aquisição da língua oral. Os estudos
anteriores a este período focalizavam predominantemente a aquisição do léxico –
classificado segundo as categorias da linguagem adulta ( verbos, substantivos, adjetivos,
etc ) -, sem no entanto, explicar ou descrever a aquisição das regras sintáticas. O modelo
associacionista de interpretação da aquisição da linguagem não dera conta de explicar de
que forma a criança chega a combinar palavras em frases aceitáveis.
O fato, por exemplo, de uma criança não ser capaz de repetir oralmente palavras
conhecidas da língua não pode ser interpretado como uma incapacidade para compreender e
produzir distinções no uso da língua materna. Lembrando que itens desse tipo estão
presentes em grande parte dos testes para verificar a existência dos pré-requisitos para a
alfabetização em qualquer escola.
Ao ingressar na série onde começa a ocorrer o ensino sistemático das letras, a
criança já detém um grande competência lingüística que não é considerada. Essa ação
equivocada da escola tem origem em dois desvios: o primeiro deles é tratar a aquisição da
escrita como se ela fosse idêntica à apropriação da fala; o segundo é que o modelo de
aprendizagem da língua oral, que a maioria dos métodos da alfabetização reproduz,
sustenta-se num conhecimento já ultrapassado. Esse conhecimento é assim sintetizado por
Emilia Ferreiro :
A progressão clássica que consiste em começar pelas vogais,
seguidas da combinação de consoantes labiais com vogais, e a partir daí chegar á formação das primeiras palavras ou por duplicação dessas
27
sílabas, e, quando se trata de orações, começar pelas orações declarativas simples, é uma série que reproduz bastante bem a série de aquisições da língua oral, tal como se apresenta vista “do lado de fora” (isto é, vista desde as condutas observáveis, e não desde o processo que engendra essas condutas observáveis). Implicitamente, julgava-se ser necessário passar por essas mesmas etapas quando se trata de aprender a língua escrita, como se essa aprendizagem fosse uma aprendizagem da fala.
( Ferreiro, 2003 ).
Como conseqüência, quando o modelo de aquisição da língua oral é utilizada para a
escrita, o critério falar bem ou ter boa articulação é considerado importante para aprender a
escrever. Reaprender a produzir sons da fala, como condição necessária para escrever,
baseia-se, assim, em dois falsos pressupostos. O primeiro deles é que uma criança, aos seis
ou sete anos, não é capaz de distinguir fonemas de sua língua, hipótese negada pelo gosto
que as crianças desta idade têm pelos jogos verbais. A segunda é a concepção da escrita
como uma forma precisa de transcrição da fala. Nenhuma escrita, examinada nas relações
que tem como código oral, realiza a transcrição fonética da língua oral.
Na verdade, Emilia Ferreiro, apóia-se na concepção de que a linguagem atua como
uma representação, ao invés de ser apenas a transcrição gráfica dos sons falados.
O mundo verbal, incluindo fala e escrita é ao mesmo tempo um sistema com
relações internas entre ambos os códigos (fala e escrita), onde não há correspondência entre
ambos. Além disso, a escrita é também um sistema que se relaciona com o real. ( Azenha,
1997 ).
Do ponto de vista da relação entre mundo verbal e realidade, a escrita é um sistema
simbólico de representação da realidade. Sendo assim, ela substitui e indica algo,
permitindo que com o seu uso seja possível operar sobre a realidade através da palavra.
( Ferreiro,2004 ).
Um dos primeiros problemas enfrentados pela criança, para desvendar a escrita, é
compreender o que as marcas sobre o papel representam e como se realiza esta
representação.
Os testes e formas tradicionais de medir o conhecimento das crianças, os chamados
testes de prontidão, não poderiam ser utilizados. Seus objetivos são muito diferentes, já que
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pretendem avaliar as capacidades relacionadas à percepção e à motricidade. Algumas
habilidades específicas ligadas à percepção ( como a discriminação visual entre formas, a
discriminação de sons, a coordenação entre visão e os movimentos da mão, etc ) e outras
ligadas à motricidade ( coordenação motora, esquema corporal, orientação espacial, etc. )
medem aspectos não conceituais da escrita. A aplicação destes instrumentos pode indicar a
presença maior ou menor de capacidades importantes para a realização gráfica de traços
sobre o papel. ( Ferreiro,2004).
Reproduzir letras sobre uma folha em branco é também parte da tarefa de escrever,
mas não é este o seu aspecto mais importante. Essa realização relaciona-se com os aspectos
figurativos, externos da escrita, por fazer parte de seu resultado material e indica a maior ou
menor habilidade da criança pra desenhar letras.
Tradicionalmente, a presença dessa habilidade é considerada um indício de que a
criança estaria pronta para iniciar a aprendizagem da escrita. É a famosa maturação ou
prontidão para a alfabetização. Mas o desenho das letras não abrange todos os problemas
cognitivos a serem enfrentados. Resta a questão fundamental: compreender a natureza da
escrita e sua organização. ( Ferreiro,2004).
O resultado da aplicação dos testes de aptidão não traz indicações do grau de
compreensão da criança quanto ao aspecto interior da escrita, isto é, quanto ao seu caráter
simbólico. Se a criança representa parte da linguagem falada, ela o faz através de uma
convenção que é arbitrada socialmente. Nenhuma característica da escrita tem semelhança
com o objeto representado. As letras, que para um iniciante são apenas traços no papel,
simbolizam sons da fala, e compreender este conteúdo implica ser capaz de estabelecer
relações simbólicas com as coisas, isto é, relações que são mediadas por um objeto que as
substitui ou representa.
Uma vez compreendido este aspecto, há um outro obstáculo a superar: compreender
de que forma se dá a organização da escrita.
São necessários, então, criar uma situação experimental nova, que não implicasse
apenas em tarefas de cópia. Isto porque a reprodução de um modelo gráfico, presente ou
memorizado, não coloca problemas a serem resolvidos e não cria oportunidades para que se
observem as concepções infantis sobre a escrita. Para flagrar as eventuais hipóteses da
29
criança elaboradas para compreender as funções e a organização do sistema, seria
necessário observar a conduta espontânea no registro gráfico.
Uma nova suposição prévia, que funciona como hipótese auxiliar da pesquisa de
Emilia Ferreiro, é a de que a exposição da criança a atos de leitura e escrita, existentes no
ambiente social em que vive, cria oportunidades para que ela reflita sobre esse objeto.
Assim, antes mesmo do ensino sistemático e escolar, seria bastante provável que as
crianças já tivessem algum conhecimento sobre este objeto. É evidente que este
conhecimento prévio à escola exige uma condição crucial: a existência de oportunidades de
interação com a escrita em situações informais, próprias dos ambientes com alto
letramento. ( Ferreiro,2003).
Assim, num contexto onde a escrita e a leitura fazem parte das práticas cotidianas, a
criança tem a oportunidade de observar adultos utilizando a leitura dos jornais, bulas,
instruções, guias para consulta e busca de informações específicas ou gerais; o uso da
escrita para confecção de listas, preenchimento de cheques e documentos, pequenas
comunicações e atos de leitura dirigidos a ela (ouvir histórias lidas). A participação nessas
atividades ou a observação de como os adultos interagem com a escrita e a leitura, gera
oportunidades para que a criança reflita sobre o seu significado para os adultos.
Uma conseqüência do uso deste pressuposto é a de que pode prever a existência de
diferenças entre as crianças, relacionadas ao grau de exposição à escrita, presentes nos
ambientes em que vivem. Sabe-se que existem fortes diferenças entre os grupos sociais de
uma determinada população, e a menor presença ou a valorização da escrita e de outros
alfabetizados costuma ser uma das vertentes presentes em grupos sociais marginalizados.
Resultados iniciais de pesquisas sobre a alfabetização, revelaram que mesmo
crianças de classe social baixa não iniciam a escolaridade com nível zero de conhecimento
da escrita. Já aos seis anos, a maioria das crianças possui conhecimentos, cuja gênese
deveria ser procurada em idades mais precoces. ( Ferreiro,2003).
Muitas vezes, aprender a ler equivale a descobrir os significados das palavras do texto, a pronunciar corretamente, a localizar os momentos ( ou idéias ) principais depositados de forma definitiva pela vontade consciente do autor (...) No que diz respeito à prática de sala de aula, (...) raramente são permitidas outras leituras que não as do professora. ( Coracini,1995,pág.19 )
30
III- OBSTÁCULOS À APRENDIZAGEM DA LEITURA
A aprendizagem é concebida como uma construção que depende dos aspectos energéticos e estruturais e que implica em uma tematização.
( Visca, 2003 , p. 49 )
Várias são as causas que impedem o êxito no processo de aprendizagem da leitura,
é necessário portanto, conhecer o funcionamento do sujeito nos diferentes aspectos
envolvidos neste processo, ou seja, o orgânico, o cognitivo, o emocional, o pedagógico e o
social.
No obstáculo orgânico é importante o bom funcionamento dos órgãos do sujeito.
Quaisquer alterações neste funcionamento dificultarão ou impedirão o acesso ao
conhecimento. Nota-se também a importância do bom funcionamento glandular, sabe-se
que muitos estados de falta de concentração, sonolência, hipomnésia explicam-se por
deficiência galndulares.
O que na realidade ocorre, é que crianças que apresentam alterações orgânicas,
recebem de sua família uma educação diferenciada, o que pode levar a formação de
problemas emocionais que repercutirão na aprendizagem escolar. Indivíduos com
deficiência visual terão a construção do espaço prejudicada, uma vez que suas experiências
com o mundo físico ficam diferentes. O aspecto cognitivo diz respeito à aquisição do
conhecimento.
O desenvolvimento mental é uma construção contínua, como nos explica Piaget,
com a existência de estágios.
A passagem de um estágio para o seguinte acarreta uma reorganização essencial da
maneira pela qual o indivíduo constrói e interpreta o mundo. O obstáculo social está
relacionado com a importância do saber para as famílias que fazem parte de uma
determinada sociedade.
Estão inclusos neste âmbito as relações econômicas e tipo de cultura vigente. A
transmissão desta última é ideológica, uma vez que molda e capacita indivíduos a usarem a
linguagem e reforçar valores, normas e crenças típicos dos grupos que a compõem.
31
Devido a todos esses aspectos, as crianças têm diversos modos de inserção e
compreensão do mundo físico e o social que as rodeia, e todos esses contextos tão
diferentes irão produzir formas de compreensão do mundo e acesso a conhecimentos
também bastante diversos.
Como conseqüência dessas formas diferenciadas de ver o mundo que as cerca,
algumas delas são expelidas pela escola após várias reprovações. Este procedimento só
contribui na verdade, para construir no educando, uma baixo auto-estima que vai carregar
consigo ao ingressar em escolas ditas menos exigentes.
No pedagógico estão inclusas questões relacionadas com a metodologia do ensino,
formação de turmas, a avaliação e etc. Estes pontos interferem na qualidade do ensino e
conseqüentemente no processo ensino-aprendizagem.
É através do professor que o educando inicia seu contato com o sistema
educacional, se isto acontecer de forma satisfatória, o indivíduo aprende a lidar com as
exigências escolares, se por outro lado, as coisas não acontecerem de forma desejável para
ele, o sujeito fecha a sua mente e nem mesmo os esforços realizados pelo professor são
capazes de surtir efeito, pois este, poderá vir a combater o sistema isolando-se.
No tocante à aprendizagem da leitura, faz-se necessário o planejamento de
atividades onde devem ser conhecidas as características da criança que se alfabetiza.
As pesquisas realizadas por Emilia Ferreiro deslocaram a investigação do como se
ensina para como se aprende. Estas idéias transportadas para a prática de sala de aula,
influenciaram na relação entre professor e aluno, pois priorizam o conhecimento que o
professor necessita ter sobre cada um de seus alunos atribuindo assim, a ele o papel de
avaliador e organizador de experiências acadêmicas adequadas e adaptadas aos seus alunos.
O professor deve estar atento ao que a criança faz, como faz e por que faz, para
que a partir daí, planeje suas atividades adequando-as ás reais necessidades de seus alunos.
Ele precisa conhecer como se processa o desenvolvimento de uma criança e avaliar as
condições de sua classe, identificando as diferenças individuais e as características gerais
do grupo. É importante ainda, que o educador, conheça a estrutura social do educando
dentro e fora da família, para assim, formar o perfil da criança que por hora inicia a
32
aprendizagem da leitura e com base no perfil formado, planejar situações que dêem início
ao aprendizado da leitura.
Além do aspecto abordado acima, o educador deve entender que o educando tem
necessidade de amor, compreensão e aceitação, cabe então à ele (educador), estimular o
educando, valorizando-o, aumentando assim a sua auto-estima, impulsionando a ir em
frente, pois o vínculo professor-aluno é muito significativo para que o sujeito estabeleça
uma relação positiva com o conhecimento.
33
IV- A DISLEXIA COMO FRACASSO INESPERADO
A dislexia é um defeito de aprendizagem da leitura caracterizado por dificuldades na correspondência entre símbolos gráficos, às vezes mal reconhecidos, e fonemas, muitas vezes, mal identificados.
( Dubois et alli, 1993, pág. 1997 ).
Ao contrário do que muitos pensam, a dislexia não é o resultado de má
alfabetização, desatenção, desmotivação, condição sócio-econômica ou baixa inteligência.
Ela é uma condição hereditária com alterações genéticas, apresentando ainda alterações no
padrão neurológico.
Por esses múltiplos fatores é que a dislexia deve ser diagnosticada por uma equipe
multidisciplinar. Esse tipo de avaliação dá condições de um acompanhamento pós
diagnóstico mais efetivo, direcionando às particularidades de cada indivíduo, ou resultados
concretos.
A dislexia para a lingüística não é uma doença, mas um fracasso inesperado
( defeito ) na aprendizagem da leitura, sendo pois, uma síndrome de origem lingüística.
As causas da síndrome disléxica são de diversas ordens e resultam das
comparações entre pessoas com dificuldades ( disléxicos ) e bons leitores.
São indicadas algumas destas causas : hipótese de déficit perceptivo, hipótese de
déficit fonológico e hipótese de déficit na memória.
Muitos estudiosos na área da Psicolingüística aplicada à educação escolar,
apresentam a hipótese de déficit fonológico como a que justificaria, por exemplo, o
aparecimento de disléxicos com confusão espacial articulatória.
Quando uma criança apresenta alguns freqüentes erros, podemos considerá-los
como sintomas da dislexia, tais como: erros por confusões na proximidade espacial;
confusão de letras simétricas, confusão por rotação e inversão de sílabas.
Há alguns sintomas em que precisamos ficar alertas e que são diferentes em cada
fase da vida da pessoa, e para melhor diagnosticar, é aconselhável pedir ajuda à parte
pedagógica da escola ou procurar uma psicóloga ou psicopegaga clínica.
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Os sintomas que podem indicar a dislexia, antes de um diagnóstico
multidisciplinar, só indicam um distúrbio de aprendizagem, não confirmam a dislexia, e os
mesmos sintomas podem indicar outras situações como síndromes e etc.
A equipe envolvida no diagnóstico da dislexia, deve verificar todas as
possibilidades antes de confirmá-la ou descartá-la.
Também deverão ser descartados déficit intelectual, deficiência auditiva e visual,
desordem afetiva, prejuízos emocionais e outros distúrbios de aprendizagem como déficit
de atenção, hiperatividade e déficit de atenção e aprendizagem.
É de extrema importância que junto com o diagnóstico, seja pedido um parecer da
escola, dos pais levantar o histórico familiar do paciente. Assim, conhecendo o indivíduo, o
profissional poderá trabalhar da forma que mais achar conveniente.
O bom entrosamento entre o paciente e o profissional é muito importante para o
sucesso do tratamento,sendo também fundamental a troca entre profissional, escola e
família.
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CONCLUSÃO
É possível concluir sobre o papel fundamental da escola na vida do educando.São
suas primeiras experiências na escola que levarão este aluno ao sucesso ou ao insucesso em
toda sua vida.
Embora, a alfabetização no Brasil, ou seja, o próprio ensino, tenha sofrido
modificações e melhoras, é evidente que ainda não supre toda a necessidade de
conhecimento da sociedade.
O estudo discute sobre o processo da alfabetização ( leitura e escrita ), sendo este,
a grande oportunidade de todo aluno, de exercer sua cidadania.
A alfabetização na concepção construtivista é muito mais que o ensino da
decodificação de letras e fonemas, é a busca pela interpretação do mundo.
Todo sucesso desta alfabetização, é de responsabilidade da escola, seus educadores
e de todo sistema educacional.
É preciso respeitar a vida deste aluno, suas experiências, deixar de imaginar e
acreditar que toda criança é uma folha vazia, que precisa ser preenchida com verdades, as
quais julgam as melhores.É necessário entender os desejos deste aluno e alcançar suas
necessidades, tendo como objetivo alfabetizá-lo, conscientizá-lo e libertá-lo.
Dentre muitos fatores que podem acarretar o fracasso desta alfabetização, foi
possível estudar alguns. É de valiosa importância que todo educador seja capaz de
identificar as falhas na construção da leitura e escrita e saber como saná-las, entre elas,
destacou-se a dislexia, a qual deve ser acompanhada por profissionais que irão, junto à
família e escola, buscar informações para que possam ajudar o aluno.
Existem muitos obstáculos que impedem ou dificultam o êxito deste processo.
Alguns quanto aos aspectos cognitivo, social, orgânico e emocional, além da formação das
turmas, a metodologia e o sistema de avaliação, poderão interferir na aprendizagem da
leitura.
O relacionamento professor-aluno é de grande valor pois o vínculo formado entre
eles, contribui para o bom andamento da aprendizagem. O ambiente familiar também tem
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sua parcela para que a aprendizagem ocorra com efetividade. As relações da criança com
seu ambiente social e familiar determinam em grande parte, seu desenvolvimento global,
especialmente na área da linguagem e pensamento que são comportamentos complexos e
fundamentais para o aprendizado da leitura e escrita.
O ensino da leitura e escrita deve ser um trabalho muito sério, consciente e eficaz,
pelo qual a escola deve permanecer em discussão e avaliação para que consiga realizá-lo
com responsabilidade e eficiência.
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39
FOLHA DE AVALIAÇÃO
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PROJETO A VEZ DO MESTRE
Pós-Graduação “Lato Sensu”
Curso: Psicopedagogia Turma : 556
Autora : Adriana Cassiano Freire
Título da monografia : O desenvolvimento da leitura e escrita
Data de entrega : _____/ _____/______
Avaliado por _____________________________________
Grau ___________________________________________
Rio de Janeiro, ___ de _________ de 2004.
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