UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
O SUPERVISOR FACE AO ADMINISTRATIVO E O
PEDAGÓGICO NA ESCOLA PÚBLICA
Por: Raquel Garcia Braga Cardoso
Orientador
Profª Maria Esther de Araújo Oliveira
Rio de Janeiro
2010
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
O SUPERVISOR FACE AO ADMINISTRATIVO E O
PEDAGÓGICO NA ESCOLA PÚBLICA
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em Supervisão e
Administração Escolar.
Por: Raquel Garcia Braga Cardoso
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AGRADECIMENTOS
A Deus o autor da minha vida e fé, a
minha mãe Celina e irmão Getúlio
Junior, amigos de todas as horas, aos
meus avós: Antônio e Olga, aos meus
tios, a minha tia Laizi pela carinho de
sempre, ao Fernando, meu grande
companheiro, pela compreensão
durante os momentos de minha
ausência e pelo respeito a minhas
escolhas e o incentivo a viver movida
pelos meus ideais. A Marciana, por
sua tão dedicada amizade. A direção
da escola que trabalho, na pessoa das
professoras: Vanise Santana, Denise
Barbosa, Valéria Diniz e Heloísa
Rodrigues por todo apoio de sempre.
Aos professores do projeto a vez do
mestre, a professora Maria Esther de
Araújo Oliveira pela brilhante
orientação e aos amigos especiais do
projeto A Vez do Mestre: Gilberto,
Edmilda, Marlene, Silvania, Tatiana e
Wilson, conquistados durante esse
novo momento em minha jornada
pedagógica.
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DEDICATÓRIA
A minha mãe Celina, aos meus irmãos
Getúlio Junior e Letícia e ao meu marido
Fernando, amo vocês.
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RESUMO
Este estudo tratou da questão da atuação do supervisor educacional de uma
determinada instituição pública frente às dificuldades em se conjugar o trabalho
pedagógico e o trabalho administrativo. Tendo em vista que essa instituição
está imersa em uma sociedade capitalista necessitando apresentar resultados
dentro de prazos estabelecidos por essa sociedade. Nesse contexto a figura do
supervisor não tem seu papel claramente definido. Algumas vezes esse
profissional se vê obrigado a declinar de suas obrigações junto à sua equipe
pedagógica para atender as demandas administrativas que são solicitadas à
instituição pelas instâncias superiores à unidade escolar. O atender ou não a
essas solicitações implicam na captação de recursos para manter a instituição.
A partir dessa constatação a presente pesquisa buscou investigar quais os
caminhos percorridos por essa instituição para trabalhar com essa dualidade,
sobretudo na pessoa do supervisor educacional. Tendo em vista que essa
instituição deve trabalhar com essa dualidade entre administrativo e
pedagógico sem que um esteja em detrimento do outro, sempre primando por
uma educação de qualidade. Nesse sentido, o trabalho em equipe visando o
desenvolvimento de seus alunos é uma prioridade estabelecida com a qual
todos os agentes estão comprometidos, cientes de suas responsabilidades
como fruto de uma gestão participativa.
Palavras-chave: trabalho pedagógico-administrativo, papel do supervisor,
escola pública.
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METODOLOGIA
Para percorrer os caminhos metodológicos foi utilizada a pesquisa de
estudo de caso etnográfico, visto que o foco da pesquisa é a descrição das
práticas de um determinado grupo social, ou seja, esse trabalho de pesquisa
será desenvolvido em um determinado grupo de uma unidade escolar, de
horário integral, localizada na baixada fluminense do estado do Rio de Janeiro,
com os limites bem definidos (André, 2001).
Partindo do princípio de que o pesquisador tem sempre um grau de
interação com a situação e os sujeitos nela envolvidos (André, 2001), será
utilizado o método da observação participante para coleta de dados. No início
da pesquisa, as entrevistas não estruturadas serão utilizadas como técnica de
coleta de dados, posteriormente as entrevistas semi-estruturadas passarão a
ser adotadas. A análise de documentos também será mais uma das técnicas
de coleta de dados.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - A Ambivalência do Trabalho Pedagógico 11
CAPÍTULO II - O Papel do Supervisor 18
CAPÍTULO III – O Supervisor na Escola Pública 25
CONCLUSÃO 39
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 41
ANEXOS 45
ÍNDICE 49
FOLHA DE AVALIAÇÃO 51
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INTRODUÇÃO
É na escola que ocorrem as relações interpessoais, não só dos sujeitos
mais diretamente ligados à ação educativa, como alunos e professores, mas
também as relações ligadas à administração, ao político, ao técnico, ao sistema
educacional, ao Estado e a sociedade. Na escola todas essas questões
ganham contornos mais expressivos, interagindo entre si tornam o universo
escolar em um espaço onde os interesses e necessidades dos grupos que nele
convivem se estabelece.
O presente trabalho é fruto da reflexão sobre os desafios que se
constituem face ao trabalho pedagógico do supervisor escolar pertencente a
uma instituição de ensino pública que prima por uma educação comprometida
com a qualidade em ensino. Tendo em vista que, o trabalho administrativo
perpassa todas as esferas da instituição, desde o gestor ao professor regente,
aquele que está em sala de aula e por diversas vezes tem formulários
relatórios a serem preenchidos e entregues em datas pré-estabelecidas.
Sendo assim, a organização escolar vai se estabelecendo, os prazos,
os formulários, os relatórios, os resultados, enfim o trabalho burocrático que a
escola tem que exercer em seu cotidiano interfere consideravelmente no
trabalho pedagógico voltado para a formação do aluno estimulando e
cooperando para o desenvolvimento global das habilidades desse aluno. Em
algum momento de nossas vidas nós educadores nos deparamos com
supervisores e gestores que parecem distantes do trabalho que se efetiva no
cotidiano da escola. Essas instituições por mais que tenha em seu corpo
profissionais comprometidos pode estar fadada a um cotidiano enfadonho, sem
proporcionar aos alunos uma educação de qualidade.
Também podemos perceber em outros momentos escolas que
conseguem em seu cotidiano articular o administrativo e o pedagógico,
sabendo que ambos são fundamentais para o bom funcionamento da
instituição. Desse modo, podemos entender que a relevância desse estudo se
dá através da investigação de um determinado cotidiano escolar verificando em
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que medida uma instituição que prima por uma qualidade educacional
consegue conjugar os compromissos administrativos e pedagógicos.
Constatando através da vivência no cotidiano escolar que há uma
interferência do trabalho administrativo no trabalho pedagógico, sobretudo em
instituições públicas, onde há meios de regulação do trabalho dos gestores
dessas, através de políticas públicas que destinam as unidades escolares
papéis de executores de programas que são decididos de fora para dentro das
escolas sem sequer conhecer o cotidiano, a realidade, a cultura dessas
instituições. Nesse horizonte de preocupações, a presente pesquisa tem por
objetivo problematizar a questão do administrativo e pedagógico sob a
perspectiva do trabalho do supervisor, bem como estimular a reflexão sobre a
questão e contribuir ainda mais para o desenvolvimento do trabalho
pedagógico da instituição em análise.
Quando o trabalho pedagógico sucumbe ao administrativo, sobretudo
na instituição pública as atividades pedagógicas realizadas junto aos alunos
não acontecem com a devida eficácia que de fato deveria acontecer. Tendo
em vista que o trabalho pedagógico acontece de maneira solta sem uma
elaboração em conjunto com gestores que nessa instituição não são meros
agentes administrativos. Contudo, uma equipe de professores comprometida
minimiza os efeitos de uma gestão que não administra o tempo reservado ao
pedagógico e não está atenta ao trabalho elaborado e realizado pela equipe
pedagógica junto aos professores da instituição.
Apesar de resultados, formulários, projetos a serem entregues às
instâncias superiores por parte instituições escolares e conseqüentemente por
essa razão o trabalho pedagógico acontece em alguns casos de maneira
inadequada, há como se realizar um trabalho de maneira satisfatória, resultante
de um trabalho consciente das dificuldades que se enfrentam no cotidiano da
escola e na busca incessante de uma educação de qualidade, prevista na
Carta Magna.
A temática do presente trabalho pesquisa será abordada em três capítulos.
No primeiro será discutida a ambivalência do trabalho pedagógico e
10
administrativo, nos quais o supervisor pedagógico é um agente constantemente
atuante e um breve histórico sobre o aparecimento da figura do supervisor, a
sua função e atribuições serão explicitadas. No segundo capítulo a prática
desse profissional será explicitada. No terceiro e último capítulo será exposto o
papel desse supervisor em uma instituição pública estadual do Rio de Janeiro,
localizada na baixada fluminense que funciona em três turnos e em horário
integral, onde se efetivou a pesquisa prática desse trabalho, um estudo de caso
etnográfico, tendo em vista que o foco do trabalho é a descrição das práticas
sociais de um determinado grupo social.
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CAPÍTULO I
A AMBIVALÊNCIA DO TRABALHO PEDAGÓGICO
“Na verdade, nenhuma sociedade se organiza a partir da
existência prévia de um sistema educativo, o que
implicaria na tarefa de concretizar um certo perfil ou tipo
de ser humano que, na seqüência, poria a sociedade em
marcha. Pelo contrário, o sistema educativo se faz e se
refaz no seio mesmo da experiência prática de uma
sociedade”. (Paulo Freire, 1988, p.47)
1.1 - Um olhar histórico sobre a supervisão
Segundo Saviani (1999), a função supervisora acompanha a ação educativa
desde suas origens, posteriormente a questão dessa ação de supervisão é
colocada como profissão e para ser vista como profissão precisa ter seu campo
de atuação definido.
Em 1920 são instituídos os técnicos em escolarização, consistindo em
uma nova categoria de profissionais, sobre os quais podemos fazer uma
analogia com os supervisores que atuam nas instituições escolares atualmente.
Reconstruindo a história da educação básica no Brasil há que se fazer a
menção ao Programa de Assistência Brasileiro-Americana ao Ensino
Elementar, conhecido pela sigla Pabaee desenvolvido no Brasil na década de
60. O Programa consistiu em uma cooperação técnica Norte-Americana,
enfatizando metodologias de ensino para sanar problemas de evasão e
repetência, institucionalizando a supervisão escolar. Nesse contexto a ação do
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supervisor é tecnicista, visando à garantia da eficácia do trabalho didático-
pedagógico da e na escola.
Apesar da relevante contribuição do Programa, segundo Silva Junior
(1986) o início das atividades de supervisão escolar em São Paulo no final da
década de 50. Garcia (1988) verifica que, em Minas Gerais a supervisão
escolar inicia suas atividades em 1906, no governo de João Pinheiro que
estabelece a figura do inspetor técnico.
Na década de 60 que há uma descentralização administrativa em nível
de execução e inspeção, o supervisor tem como atribuições: o controle da
qualidade do ensino e a promoção da melhoria do ensino. A partir de 1971 com
a Lei 5692 o supervisor educacional tem como ações a assistência técnica-
pedagógica e inspeção administrativa. Nesse contexto a escola é concebida
de modo passivo e qualquer mudança é vista como um desequilíbrio. Na
década de 80 há uma severa crítica ao supervisor, esse sendo visto como
alguém que desagrega e desarticula os serviços e as atividades escolares.
Nos anos 90, o supervisor educacional tem sua função contextualizada dentro
da escola, auxiliando e a promovendo a coordenação de atividades. A partir de
2000 o supervisor educacional e o professor são parceiros, o supervisor é uma
figura que participa, coopera e integra a equipe de professores da unidade
escolar.
1.2 - As atribuições do supervisor
Dentro desse contexto histórico se configura a figura do supervisor
escolar na sociedade brasileira. A construção da identidade desse profissional
se deu em meio a embates histórico-sociais e as relações de poder que se
estabelecem no interior de nossas instituições. Pensar nas atribuições do
supervisor, ou mesmo do professor regente, aquele que atua em sala de aula
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com a turma é identificar que o trabalho do profissional não tem como ser
dimensionado, pois esses têm atuações que vão além das suas atribuições.
Desse modo, refletir na ambivalência do trabalho administrativo e
pedagógico do supervisor dentro da instituição aponta para as exigências que
se debruçam sobre esse profissional. Hoje o supervisor é responsável por
assegurar uma educação de qualidade prevista na constituição e em
contrapartida também é responsável muitas vezes pelo trabalho administrativo
da instituição escolar, tornando ainda mais desafiadora à atividade desse
profissional que deve primar por uma educação de qualidade.
Antes mesmo de pensar sobre essas atribuições do supervisor há que
se refletir sobre o que se concebe por educação de qualidade, essa é
entendida como uma educação que torne o sujeito capaz de se mover de uma
forma restrita de viver seu cotidiano, até uma participação ativa na
transformação de seu ambiente, Moreira e Kramer (2007).
Entendendo que a qualidade do ensino não se esgota, mas também
perpassa pelo saber-fazer do professor/supervisor, que segundo Pimenta
(1999) é fruto da experiência do docente enquanto discente, do conhecimento
adquirido pelo professor/supervisor na universidade, esse contextualizado com
a vida e os saberes pedagógicos que vão além da didática buscando inserção
na pesquisa e no diálogo. A partir dessa perspectiva se constitui como um
desafio rediscutir questões ligadas à supervisão, com base na prática dos
supervisores e equacionar questões relativas à ação supervisora do ponto de
vista da escola.
Para que a educação de qualidade seja promovida espera-se que o
supervisor educacional seja um investigador da realidade educacional, planeje
e organize o trabalho a realizar, oriente o professor capacitando-os quanto à
construção do conhecimento, a organização e as práticas e promova
sistematicamente o aperfeiçoamento do docente.
Há quatro funções básicas do supervisor educacional: função preventiva,
função construtiva, função criativa e função corretiva. Como função básica do
supervisor pode destacar à função preventiva que procura destacar possíveis
14
falhas no funcionamento pedagógico da escola, antes de produzirem situações
que não se aproximam a filosofia da escola. Na função construtiva, auxilia o
professor a superar suas dificuldades de maneira positiva e cooperativa,
proporcionando ao mesmo um ambiente propício ao seu crescimento. Na
função criativa, estimula a iniciativa do professor, sua constante melhoria
através da conscientização do papel de pesquisador que o professor tem.
Quanto à função corretiva, o supervisor educacional busca detectar falhas no
processo de ensino-aprendizagem, a fim de sanar os possíveis problemas
enfrentados por professores e/ou alunos.
Sendo assim, o professor deve ter na pessoa do supervisor educacional
um profissional qualificado para auxiliá-lo em seu trabalho e, sobretudo um
amigo, pois se para o aprendizado as relações afetivas que se estabelecem
são fundamentais para o desenvolvimento do profissional também.
1.3 - O trabalho pedagógico e administrativo
A questão que motivou a pesquisa foi a ambivalência do trabalho do
supervisor educacional, como foi citado anteriormente deve primar por uma
educação de qualidade, todavia há que se realizar o trabalho administrativo da
instituição que de fato caberia a direção da escola, mas no cotidiano da escola
não é o que se observa. Apenas um trabalho comprometido com a educação
do aluno da instituição escolar pode contribuir para o sucesso do trabalho
pedagógico da instituição.
No cotidiano escolar o trabalho administrativo tende a uma burocratização
do ensino, a escola precisa dar resultados, cumprir metas, participar de
programas que são formulados de fora para dentro da escola, destinando aos
educadores um papel de meros executores.
Esse cumprir de metas e de resultados em nada coaduna com a
perspectiva da educação que contempla as diferenças que respeita o tempo do
aluno, as individualidades, porque por muitas vezes a escola é acometida de
avaliações em larga escala que não dão conta das especificidades dos alunos
15
de um determinado contexto escolar. Contudo, não se pretende fazer uma
critica ao sistema de avaliações educacionais nacional, tendo em vista que são
necessários à construção de um currículo base, contudo sem deixar que esse
que contemple a pluralidade cultural do país. A crítica é sim as políticas
públicas que sistematicamente vem tirando a autonomia da gestão escolar que
não pode decidir sobre suas ações em razão de haver um comprometimento
do Estado com interesses do capital externo.
A questão da burocratização do ensino é muito mais ampla, pois os
programas educacionais e os meios de avaliação são frutos das políticas
públicas educacionais que são regidas pelos financiadores internacionais da
educação que têm como objetivo promover o ajuste sobre o grande capital
internacional com relação ao Estado brasileiro.
Diante desse quadro educacional o gestor, o supervisor, o docente se vê
em xeque, tendo que exercer diversas funções e por outro lado se vê com
limitações que antes não eram fatores presentes na escola.
Refletindo sobre esse cotidiano na escola a dinâmica do processo
educacional assume novas configurações, onde todos atores desse cenário
assumem novos papéis. Dentro desse contexto a gestão participativa que zela
por proporcionar um espaço de interação social entre os sujeitos dos diferentes
segmentos sociais, onde os papéis desses são construídos no cotidiano,
segundo as necessidades que se constituem, contribui para que nessa escola
seja um espaço que proporcione esse desenvolvimento da equipe e alunos.
Pode-se afirmar que as especialidades técnicas em educação, dentre elas
a figura do supervisor foi criada na intenção de cientificizar a prática
pedagógica o que resultou na separação entre teoria e prática e
conseqüentemente do trabalho pedagógico.
Desse modo a administração escolar fica sob a responsabilidade maior do
diretor, quem deve fazer cumprir as políticas educacionais do sistema. De um
lado as atividades de gerenciamento, que tem a ver com o controle das
relações de trabalho entre pessoas. É através da organização e coordenação
da rotina escolar que o diretor controla as questões administrativas,
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burocráticas e financeiras, além de acompanhar a execução do Projeto Político
Pedagógico da unidade escolar em que atua.
A função supervisora teve sempre o caráter de ação educativa. Do ponto
de vista da Educação Progressista, a função primeira do supervisor, como de
todo especialista, é a de educador em que todo o trabalho no interior da escola,
nada é feito de maneira aleatória. Desse modo, o supervisor estará
comprometido com a construção de uma sociedade democrática, visando à
superação do trabalho fragmentado dentro da escola. Urge a questão de
compromisso pessoal e também uma formação em instituições de ensino
superior que estejam dispostas a formarem profissionais capacitados para
estarem rompendo com reformulação da ação fragmentada do trabalho
escolar, e buscando o trabalho coletivo na execução das diversas funções
dentro da escola.
Na prática não é essa organização de trabalho na instituição que podemos
observar. Há um volume muito grande de atividades que partem das instâncias
superiores exigindo o envolvimento da equipe administrativa e pedagógica na
apresentação de projetos, resultados e no preenchimento de formulários em
curto espaço de tempo a serem retornados a essas instâncias.
Em muitos momentos esses projetos não se aproximam da realidade das
instituições educacionais. Sendo assim, perdem o seu sentido, contudo eles
têm que ser realizados porque de alguns deles dependem as verbas a serem
liberadas para as instituições públicas. Hoje podemos observar uma cultura
empresarial dentro das escolas, àquelas que produzem são premiadas, o que
pode incorrer em uma promoção de alunos que ainda não estão amadurecidos
para serem promovidos.
A partir do que foi explicitado o trabalho pedagógico fica em detrimento do
trabalho administrativo. Nesse contexto o supervisor, bem como o gestor
necessitam estarem conscientes do objetivo do seu trabalho na escola que é
assegurar a qualidade da educação na instituição da qual fazem parte.
No capítulo seguinte será tratada a questão do papel do supervisor na
instituição que se configura na atualidade, o que se tem por ideal, o que se
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espera e o que é tangível a partir das posturas profissionais que se adotam e
as escolhas que se fazem decorrentes dessas posturas.
18
CAPÍTULO II
O PAPEL DO SUPERVISOR
“Para expressar o que entende por supervisão cada autor
adota certamente a definição que corresponde a uma
prática e, logicamente, a uma crença no papel do
professor. Esta variação de conceitos leva-nos a concluir
que as teorias sobre supervisão deixam transparecer, de
forma subjacente ou não, uma função da escola, quase
sempre contraditória em relação à realidade brasileira,
embora sejam essas teorias correntes em nossos cursos
de magistério e de pedagogia”. (Mendes, 1985, p.6)
2.1 - O supervisor, agente político, e as políticas educacionais
Pensar o cotidiano da escola sem a presença da figura de um sujeito que
desempenhe a função de supervisor educacional, seja qual for a nomenclatura
que esse sujeito receba, é impraticável, uma vez que já se pode constatar a
importância desse profissional no contexto escolar. Contudo, apesar do papel
desse profissional ter em teoria delimitações específicas não é o que
constatamos na prática, sobretudo diante das profundas mudanças que vem
ocorrendo na sociedade em tempo de globalização e a partir daí com a nova
configuração geopolítica que se estabelece no mundo.
Novas culturas vão se estruturando, pondo diante da escola novos desafios,
dentre eles o questionamento da identidade dos sujeitos da instituição e até
mesmo da própria instituição escolar. Se os agentes da escola não estiverem
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conscientes dessas transformações pelas quais a sociedade vem passando no
mundo pós-moderno e que as mesmas refletem diretamente no sistema
educacional e consequentemente no cotidiano escolar, sobre o qual se
debruçam novas demandas, pode incorrer em um distanciamento da escola e
da sociedade, de acordo com Mendes (1985). Nesse contexto, segundo
Machado (2006), a escola vive uma grande crise de paradigmas que vem
sendo discutida na academia e é sentida no cotidiano de cada pessoa, o fim
das certezas se estabelece, cabendo a escola viver os desafios e criar
possibilidades de discussão coletiva das novas estruturas que se estabelecem
apreciando a concepção de uma gestão participativa, consciente de que as
mudanças sociais se manifestam a partir de ações que se processam no
cotidiano.
“Pela educação, queremos mudar o mundo, a começar
pela sala de aula, pois as grandes transformações não se
dão apenas como resultantes dos grandes gestos, mas de
iniciativas cotidianas, simples e persistentes. Portanto,
não há excludência entre o projeto pessoal e o coletivo:
ambos se completam dialeticamente”. (Gadotti e Romão,
2002, p.65)
A partir desse horizonte de preocupações, o profissional da supervisão
escolar, na prática, abarca em suas atribuições tudo o que pertinente a
instituição escolar em termos de atividades pedagógicas, como elaboração de
projetos e o desenvolvimento dos mesmos, o andamento e o apoio à prática
pedagógica no cotidiano escolar, a busca de subsídios que aprimorem a prática
dos professores regentes, assegurar que o projeto político pedagógico seja
efetivado na prática da instituição escolar. Contudo, essas não podem
acontecer sem que as atividades administrativas sejam realizadas. É nesse
sentido que o trabalho do supervisor educacional não tem especificações
claras no cotidiano escolar, contribuindo para que a sua função esteja para
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além das atividades pedagógicas da instituição. Nessa dualidade entre
pedagógico e administrativo se situa a ação do supervisor, já que uma
atividade não está dissociada da outra, esse consciente de que lhe cabe não
permitir que as atividades administrativas sucumbam às atividades
pedagógicas. A situação se agrava ainda mais nas instituições públicas, onde
esses agentes lidam com a falta de profissionais em todas as instâncias da
escola.
Quanto ao trabalho dentro da instituição escolar o que se deve ter clareza é
que nenhuma instituição educacional tem como fins atividades econômicas e
comerciais que necessitam cumprir metas que componham quadros
estatísticos assemelhando-se a quadros de desempenho de funcionários de
uma determinada empresa. Atualmente assistirmos gradativamente a
instauração de políticas educacionais que legitimam tais práticas, fato que
podemos evidenciar por meios de bonificações e gratificações oferecidos as
escolas que demonstram bons resultados. Podendo propiciar assim, uma
manipulação de resultados por parte das escolas que não conseguem cumprir
de maneira satisfatória essas metas que muitas das vezes lhe são impostas.
Desse modo, as mesmas buscam se enquadrar nos padrões estabelecidos
para receberem bonificações.
Tendo em vista que, algumas verbas são insuficientes para que as escolas
realizem um trabalho de excelência, as mesmas algumas vezes podem lançar
mão dessa manipulação dos resultados para receber essas bonificações.
Certamente, manipular resultados não é a melhor maneira de se captar
recursos e, sobretudo não auxilia no trabalho pedagógico. Contudo, tais
políticas de premiação para as escolas que se saem bem nos resultados e o
não acompanhamento de escolas que não apresentam bons resultados não
respeitam as individualidades dos alunos e dos profissionais da educação das
instituições, alimentando a competitividade sustentada pela sociedade
capitalista. Um fato que precisa ser questionado pelas instituições educacionais
as instâncias superiores.
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As escolas que não apresentam um bom resultado não recebem nenhum
incentivo ou qualquer tipo de acompanhamento que seja sofrendo assim, com
uma marginalização por parte das secretarias e outro aspecto negativo e
extremamente nocivo por parte das políticas públicas é o fato dessa realidade
ser apenas de responsabilidade das instituições, havendo assim um paulatino
descomprometimento do Estado com a educação, uma vez que esse não
desenvolve efetivos programas de assistências as instituições que não
apresentam bons desempenhos.
Essas políticas reforçam a exclusão, àquele que não consegue um bom
desempenho fica à margem do processo educacional. Já é de conhecimento
que em nosso contexto educacional há quase uma universalização do acesso
ao ensino fundamental, por outro lado, a permanência e o sucesso desses
alunos apontam para estatísticas alarmantes como demonstram os resultados
da pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística de 2007. Ou seja,
o índice de alunos que ingressam no ensino fundamental aumentou em
contrapartida o índice de alunos que permanecem com sucesso e concluem o
ensino fundamental também aumentou. Não baste garantir o ingresso do aluno
na escola, assegurar a permanência e o sucesso desse aluno ainda é de
responsabilidade do governo, das instituições e dos profissionais que nelas
atuam.
Diante dessa realidade, examinar o papel do supervisor e a sua relevância
no contexto educacional torna-se imprescindível, visto que muitos
questionamentos se debruçam sobre a escola e as políticas públicas em nada
favorecem a efetiva garantia do ensino de qualidade. Por outro lado, em
tempos de globalização novas demandas se configuram na sociedade
contemporânea que repercutem no espaço escolar, trazendo consigo novas
exigências sobre os cidadãos que compete à escola formar.
A discussão sobre globalização e o neoliberalismo está cheia de
ambigüidades e ainda suscita dúvidas, contudo o que se pode afirmar
categoricamente é que essas transformações incidem tanto sobre a cultura
como sobre a educação. Essa nova realidade coloca desafios para o trabalho
22
educativo, dentre eles o da exclusão, porque com a globalização há o
estreitamento de fronteiras e de culturas, porem uma se sobrepõe a outra, o
que em nada coaduna com uma postura democrática.
Em face dessa nova configuração a escola é pressionada a atendê-la,
porém não se pode deixar de conceber a instituição educacional como um
espaço de grande potencial de reflexão crítica da sociedade Moreira (1994).
Consciente dessa realidade; das relações de poder que perpassam o cotidiano
da escola; Apple (1995); da trincheira de guerras que é o espaço escolar e do
território de litígio que compõe a discussão sobre currículo, Moreira (1995), o
supervisor escolar tem um papel político muito relevante dentro do contexto
educacional.
Em termos políticos, ideológicos o supervisor educacional tem como dever
levar toda a equipe, bem como discentes a refletirem criticamente sobre essa
realidade, podendo contribuir ricamente para se opor a essa política mundial a
qual estão nos sujeitando. Segundo Saviani (1997), a escola tem uma função
específica, ligada a questão do conhecimento. Sabe-se que a educação é
responsabilidade do governo, mas é também dos seus protagonistas o
comprometimento desses profissionais críticos e reflexivos, produtores de
conhecimento, conscientes de sua atuação e responsabilidade diante dessa
configuração social da pós-modernidade podem transformar a sociedade.
Diante disso, destacam-se os gestores e os supervisores educacionais, em
função dos cargos que ocupam dentro das instituições, esses têm forte
influência sobre o grupo pelos quais são responsáveis e se tiverem vontade
política podem transformar a realidade a qual fazem parte.
2.2 - O supervisor numa perspectiva de trabalho coletivo
“O educador é sujeito de sua prática, cumprindo a ele
criá-la e recriá-la”. (Paulo Freire, 2000, p.80).
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É de conhecimento geral de que quanto maior a escolarização do sujeito
mais oportunidades ele tem e de que a educação tem um grande potencial de
refletir sobre o contexto social no qual está inserida e interferindo no mesmo a
ponto de modificá-lo. Essa interferência é fruto de pequenas atitudes
cotidianas, contudo não são ações isoladas que podem proporcionar essas
modificações sociais. As ações em educação são frutos de um trabalho em
equipe, na organização escolar diante da dicotomia entre teoria e prática, das
relações de poder que se estabelecem no interior das instituições escolares.
De acordo com uma visão progressista da educação mesmo com as
especificidades das funções que cada profissional da escola tem e com a
burocracia invadindo o espaço escolar o trabalho pedagógico tem que ser
contemplado em sua totalidade, visando à produção do conhecimento. Cury
(1992), afirma que a divisão do trabalho dentro da escola proporciona em si e
até mesmo dentro de si vai além da divisão social do trabalho, a partir daí é
legítimo considerar que as especificidades técnicas em Educação foram
criadas com o intuito de assimilar a instituição educacional com uma empresa.
Nesse sentido, compete ao supervisor entender que especificidade não
tem nenhuma correlação com fragmentação do trabalho pedagógico e
administrativo de modo a resistir à organização da sociedade capitalista na
qual estamos inseridos de maneira a não reproduzi-la. Assim sendo, a
organização do trabalho sob uma perspectiva da construção coletiva é
fundamental para os profissionais comprometidos com a transformação social.
Numa perspectiva de trabalho coletivo todos pensam, todos questionam e
todos discutem o destino da escola. Quando se faz referência a todos é levado
em conta juntamente com a equipe pedagógica, os professores, os alunos, os
pais dos alunos que discutem a elaboração e execução do projeto político
pedagógico, bem como os problemas enfrentados no cotidiano da escola.
Cabe ao supervisor educacional o empenho em desenvolver um trabalho
que esteja voltado para as questões sóciopolíticas da educação, desafiando
preconceitos, modelos sociais excludentes, refletindo sobre teoria e prática,
fazendo uso do constante ato de pesquisar o cotidiano escolar de modo a
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aprimorar as práticas pedagógicas de sua instituição, buscando superar o
senso comum através do conhecimento cientifico, desenvolvendo o bom senso,
tendo como objetivo o processo de produção do conhecimento.
Em face de isso, todos são co-responsáveis e participantes da gestão da
instituição na qual estão inseridos, baseados em valores como os princípios
éticos que norteiam a ação participativa. Tendo em vista, que não há uma
fragmentação do trabalho pedagógico e administrativo cabe a cada profissional
suas especificidades e não a divisão do trabalho.
No próximo capítulo será considerada a atuação do supervisor educacional
em uma instituição pública da rede estadual do Rio de Janeiro, considerando o
seu cotidiano, seu trabalho, suas especificidades e desafios inerentes a sua
função, tratando-se de um estudo de caso de cunho etnográfico por se tratar de
uma descrição das práticas desse profissional e demais agentes de um
determinado grupo social.
25
CAPÍTULO III
O SUPERVISOR NA ESCOLA PÚBLICA
“Não se deve esquecer que o Estado ofereceu a
promessa educacional aos setores populares por tantos
anos, que os setores aceitaram esta imagem de que a
educação é um grande mecanismo de mobilidade social e
oferece uma grande perspectiva para sair da pobreza,
para avançar na luta social, para avançar na vida. Se
alguém como membro de uma família pobre, em uma
favela, sente que sua vida já se gastou, já a apostou e
perdeu, tem a esperança de que não se passe o mesmo
com seus filhos. Apostam que vão ganhar e ganhar quer
dizer que apostam que vão ter uma educação de
qualidade, apostam que, através da educação, eles vão
ter acesso a melhores possibilidades. Apostam que a
educação vai ajudar de uma ou outra maneira para que a
vida de seus filhos seja melhor. Então a Secretaria de
Educação pública nos municípios, como no nível federa,
tem um espaço muito especial na vida popular”. (Gadotti e
Romão, 2002, p.25)
Nesse sentido o compromisso com a educação de qualidade torna-se ainda
maior, quando essa está sob a responsabilidade do poder público, através das
instituições educacionais públicas. Dentro desses espaços públicos de
educação a responsabilidade dos agentes educacionais é ainda maior, pois a
administração é do bem comum e não de algo particular, se uma gestão, uma
26
supervisão de alguma instituição pública não é executada de maneira
apropriada há que se responder diante da sociedade, de cada cidadão que
contribui através dos impostos para o bom funcionamento dessas instituições.
Ainda que esse cidadão não tenha consciência de que ele é maior contribuinte
para que a educação pública se efetive é dever ético, moral e de
responsabilidade de cada sujeito das escolas públicas responder sobre o que
acontece no interior delas, sendo co-responsáveis e participantes da gestão
dessas unidades escolares.
Consciente desse compromisso da instituição pública com a educação de
qualidade, o capítulo três dessa pesquisa pretendeu aprofundar as reflexões
sobre a supervisão escolar diante do trabalho pedagógico e administrativo
investigando a realidade de uma instituição pública do estado do Rio de
Janeiro, cujo nome não foi mencionado por questões éticas. Os caminhos
metodológicos percorridos se deram através da utilização de entrevista e
observações do cotidiano dessa determinada unidade escolar, tal procedimento
se deu à luz das questões apresentadas na introdução do presente trabalho.
A principal categoria de análise procurou verificar em que medida o trabalho
administrativo interfere na qualidade do trabalho pedagógico e de que maneira
o supervisor escolar lida com essas interferências na ambigüidade do seu
trabalho.
3.1 - A crise da educação pública
“Tudo se puder fazer com competência, lealdade, clareza,
persistência, somando forças para enfraquecer s forças
do desamor, do egoísmo, da malvadez, é importante”.
(Freire, 1997, p.71)
27
Antes mesmo de descrever sobre o espaço escolar em questão salienta-se a
questão da crise da educação pública no país e como já descrito anteriormente
é fruto de uma política neoliberal. A realidade sob a qual a escola pública é
submetida a partir desse processo de sucateamento da educação reflete de
maneira muito negativa nos profissionais e nos alunos. Contudo, se não
houver uma resistência diante desse quadro o fracasso da escola é eminente.
Diante do exposto constitui-se em um grande desafio a sobrevivência da
escola e, sobretudo a garantia de uma educação de qualidade. Porém, há
instituições que constroem uma biografia de resistência dentro do contexto no
qual está inserido, através de um trabalho comprometido dentre elas a
instituição onde se desenvolveu a presente pesquisa.
“É vivendo, não importa se com deslizes, com
incoerências, mas disposto a superá-los, a humildade, a
amorosidade, a competência, a coragem, a tolerância, a
competência, a capacidade de decidir, a segurança, a
eticidade e impaciência, que contribuo para criar a escola
que é aventura, que marcha, que não tem medo do risco,
p risco que recusa o imobilismo. A escola em que se
pensa, em que se atua, em que se cria, em que se ama,
se advinha, a escola que apaixonadamente diz sim à
vida”. (Freire, 1997, p.42)
Observações em campo acerca das questões levantadas serão descritas no
item a seguir.
28
3.2 - As observações
Na abertura desse item, optou-se por um maior detalhamento da descrição
do ambiente e agentes, bem como o cotidiano da instituição.
A unidade escolar em questão está localizada na baixada fluminense do
estado do Rio de Janeiro, atendendo em torno de mil e seiscentos alunos
oriundos de famílias de baixa renda. Esta unidade é uma das escolas
integrantes do projeto organizado pelo então secretário de educação Darcy
Ribeiro durante o governo de Leonel Brizola na década de 80 quando. Cuja
proposta era a unificação do projeto pedagógico dessas unidades e a carga
horária de 8 horas diárias, sendo pela manhã as disciplinas regulares e à tarde
as atividades extraclasse e aulas de reforço. O projeto inicial não perdurou por
causa de falta de profissionais para suprirem essa carga horária bem como a
falta de materiais e infra-estrutura, tendo em vista que os mesmos não
passaram ao longo dos anos por qualquer espécie de manutenção.
Desse modo, a gestão e a equipe pedagógica e que fazem a diferença a
frente dessas unidades. A instituição onde se desenvolveu a pesquisa
funciona em horário integral com turmas de 3º ao 5º ano do ensino
fundamental, porém há uma previsão de terminar gradativamente as turmas do
primeiro segmento do ensino fundamental, por se tratar de uma unidade
escolar estadual e segundo as diretrizes do Banco Mundial orientam a
educação fundamental, sobretudo o primeiro segmento ficarão sob a
responsabilidade dos municípios. A escola atende também alunos do segundo
segmento do ensino fundamental regular no horário da manhã e da tarde, bem
como do ensino médio no horário da manhã e da noite. A instituição também
contempla os alunos da Educação Jovens e Adultos na modalidade de ensino
fundamental primeiro e segundo segmento, bem como ensino médio no horário
noturno, ou seja, trate-se de uma escola de horário integral e de turno da
manhã tarde e noite.
Administrar e exercer a função de supervisor nesse universo escolar não é
uma tarefa fácil. Constituindo-se em um grande desafio primar pelo
29
pedagógico, nesse caso entendido como assegurar uma educação de
qualidade, sem deixar que o administrativo prejudique o trabalho pedagógico
da instituição.
Pelas questões já colocadas anteriormente e pelo fato da escola em questão
funcionar do horário das 7h30m às 22h a integração de toda a equipe
pedagógica que conta com quatro diretoras, uma diretora geral e três diretoras
adjuntas que se dividem entre os horários para que sempre tenha alguém da
direção dentro da unidade escolar para acompanharem o cotidiano da escola,
comunicam-se constantemente por telefone quanto às questões relativas a
escola. Há também uma supervisora educacional, uma orientadora
pedagógica e uma professora orientadora que assistem aos professores,
resolvem questões administrativas, bem como outras questões relativas à
instituição. Toda essa equipe trabalha em conjunto para o bem estar dos
profissionais que atuam nessa escola, bem como para o bem estar dos
discentes e para que as questões burocráticas sejam atendidas.
Na prática, todos os envolvidos na educação que verdadeiramente lutam por
uma escola democrática, com uma gestão participativa se esforçam acima de
todas as dificuldades apresentadas durante todo o processo educacional, fato
que não ocorre de maneira diferente nessa instituição. No dia-a-dia dessa
instituição durante as observações constatou-se que as situações vivenciadas
são compartilhadas pela equipe pedagógica juntamente com o corpo docente.
Em alguns momentos pode-se observar que situações de maior conflitos,
mais delicadas eram trazidas ao supervisor pedagógico que levava ao diretor
para ser discutida pelas partes envolvidas junto com a direção e supervisão
pedagógica, situações mais amenas eram solucionadas pela supervisão.
Também se pode observar que a cada projeto desenvolvido dentro da escola o
supervisor oferecia aos professores o devido suporte pedagógico para o
enriquecimento de suas atividades, esse também buscava promover a troca
entre os professores.
No cotidiano dessa instituição observou-se a concepção do trabalho coletivo,
apesar de algumas vezes o supervisor estar à frente de algumas ações da
30
instituição e em outros momentos o professor orientador se colocava à frente
de outras ações, quanto a esse fato a equipe pedagógica relata que não há
uma divisão de tarefas todos estão aptos a desempenharem qualquer papel
dentro da instituição. Segundo a equipe pedagógica uma divisão do trabalho
acontece em função dos horários que os agentes da equipe estão presentes na
unidade escolar e em relação à elaboração e realização de projetos que
acontece em coletivamente e a divisão se dá em função de agilizar a execução
dos projetos.
Quanto ao trabalho administrativo pode-se observar que a equipe foi
acometida diversas vezes por exigências que deveriam ser cumpridas que um
curto espaço de tempo, sendo assim, a equipe se via obrigada a parar
temporariamente com as atividades em que estavam extremamente envolvida
para dar conta de serviços burocráticos que demandavam da secretaria de
educação e até mesmo de esferas superiores. Dividir-se entre esses dois
trabalhos constituía-se em um grande desafio, mas conscientes de que o
trabalho pedagógico é de responsabilidade única da instituição a equipe não
deixava de assistir aos professores em suas atividades. Quando solicitada em
meio a alguma atividade administrativa, esclareciam que no momento estavam
atendendo a demandas burocráticas de instâncias superiores e caso não fosse
uma questão muito urgente o professor, aluno, ou seja, quem quer que fosse
seria atendido assim que possível, esse fato que pode ser constatado na
prática.
No próximo item discorreremos sobre as entrevistas com os diferentes
agentes, objetivando captar diferentes olhares sobre a maneira de como os
sujeitos se vêem enquanto agentes educadores e co-participantes da
instituição, como vêem a instituição e como vêem o desenvolvimento do
trabalho da instituição.
31
3.3 - As Entrevistas
As entrevistas foram realizadas de forma semi-estruturada, embora nesse
tipo de entrevista o entrevistador faça perguntas específicas o entrevistado fica
livre para elaborar e expandir suas respostas. As entrevistas foram realizadas
com uma das diretoras adjuntas, com a supervisora pedagógica e com alguns
professores regentes da instituição.No próximo item será descrita a entrevista
com a diretora da instituição.
3.3.1 - Entrevista com a diretora
A diretora entrevistada tem formação em séries iniciais em nível médio, em
letras em nível superior e em gestão pública em Latu-Sensu, está na
administração dessa instituição desde 2004.
Quando perguntada sobre a postura que adota enquanto gestora a diretora
colocou que se baseia no exercício de se colocar no lugar do outro para tentar
entender os problemas pelos quais as pessoas que estão sob sua
responsabilidade estão passando. Afirmou acreditar na gestão participativa e
que quando se é democrático e muito mais difícil do que quando se é
autoritário. Segundo a diretora procurar manter boas relações no trabalho
colabora para a satisfação dos profissionais e se torna mais fácil contar com a
colaboração do grupo. A diretora afirmou também encontrar dificuldades com
determinadas pessoas, mas o próprio grupo reconhece esses agentes como
pessoas difíceis e acabam tentando dissuadir essas pessoas a colaborarem
com o trabalho da instituição, uma vez que um bom trabalho auxiliará em muito
o desenvolvimento do aluno, a mesma ressaltou que essa tarefa não é fácil e
que algumas vezes ocorrem alguns embates, reiterando que esses também
fazem parte da democracia e é nesses embates que se pode crescer.
32
A diretora afirmou que até mesmo na direção não há um mesmo
pensamento a respeito das coisas, visto que ninguém é igual, porém procura-
se chegar a um consenso. Desse modo, a diretora acredita que a direção da
escola é predominantemente formada por uma gestão participativa, onde todos
são co-responsáveis pela escola.
Segundo a diretora os critérios de escolha da equipe pedagógica foram
três: primeiro a credibilidade profissional das pessoas que fariam parte da
equipe, uma vez que essas pessoas exerceriam cargos de confiança; outro
critério utilizado foi da competência profissional e o terceiro foi das relações
afetivas que as pessoas escolhidas mantinham com as pessoas da direção e
demais pessoas da escola objetivando manter através dessas pessoas o grupo
cada vez mais coeso.
Quanto à satisfação sobre o trabalho pedagógico e administrativo realizado
na escola, a diretora afirma fazer o melhor possível dentro das circunstâncias
que se apresentam, contudo a mesma afirma que toda vez que retoma uma
questão acredita que poderia fazer mais.
As maiores dificuldades enfrentados no cotidiano da escola realmente está
na burocratização do ensino em que as instituições muitas vezes encontram
tendo seus pedidos, projetos sendo negados, outro problema que a diretora
destacou foi a resistência de alguns profissionais que não são muito dedicados
no trabalho, considerando que por serem servidores públicos não necessitam
fazer o seu melhor para manterem seus empregos, colocando como desculpa
os baixos salários, os baixos rendimentos dos alunos. Segundo a diretora esse
último fato a deixa bastante aborrecida por não conseguir conscientizar tais
profissionais que essa questão de fazer o seu melhor é uma questão de
valores.
A seguir será descrita a entrevista com a supervisora pedagógica onde
será feita uma análise crítica da mesma verificando até que medida há uma
coerência entre as falas da direção e supervisão pedagógica da escola.
33
3.3.2 - Entrevista com a supervisora
A supervisora entrevistada tem formação em séries iniciais em nível médio,
em pedagogia em nível superior e em supervisão e administração escolar em
Latu-Sensu, está na supervisão dessa instituição desde 2005.
Quando inquirida sobre sua postura profissional a supervisora disse procurar
manter uma postura que coadunasse com a gestão da escola e que procura
manter uma boa relação com os colegas mantendo-se o mais profissional e
solícita com todos dentro da instituição de modo que os colegas encontrem
nela um apoio para desenvolver um bom trabalho.
Em relação à gestão da escola acredita verdadeiramente estar fazendo
parte de uma instituição em que a administração é participativa, onde todos
possuem vez e voz, afirmando ser esse um fator primordial para o
desenvolvimento do trabalho na escola.
Quanto a sua satisfação em relação ao trabalho pedagógico e
administrativo a supervisora disse não se envolver muito com as questões
administrativas de maior vulto, mas ainda assim tem questões administrativas
sob sua responsabilidade em alguns momentos e acredita que a direção faz
um excelente trabalho administrativo. Em relação ao trabalho pedagógico a
supervisora acredita que o exercício de auto-análise e reflexão são
fundamentais para o crescimento do trabalho pedagógico e afirmou que o seu
trabalho é realizado na medida do possível de maneira satisfatórias.
A supervisora disse enfrentar dificuldades em relação a alguns colegas que
são muitos queixosos quanto a realização de projetos, outro problema
apontado pela supervisora foi de encontrar problemas burocráticos para
realizar alguns projetos, aulas-passeios que são difíceis de serem realizados
por questões de fora da instituição. Desse moldo temos que algumas vezes
abrir mão de alguns projetos por conta das dificuldades externas que
enfrentamos. Algumas vezes temos que organizar projetos, atividades com as
quais não estamos trabalhando no momento, apenas para atender demandas
34
de instância superiores, que resultam na promoção e popularidade de figuras
públicas, fato que não tem relação com o respeito às diferenças entre os
alunos e a autonomia da escola. Segundo a supervisora diante dessas
situações ela coloca que a direção e equipe pedagógica cumprem ordens.
A diretora e supervisora demonstraram através de seus relatos possuírem
uma coerência e uma coesão muito grande no cotidiano da escola, o que
parece ser um dos fatores de sucesso da instituição.
No item seguinte serão descritas as entrevistas realizadas com um
professor do primeiro segmento do ensino fundamental, um professor do
segundo segmento do ensino fundamental, um professor do ensino médio do
turno da manhã e outro do turno da noite e um professor do programa Ensino
de Jovens e Adultos. Objetivando registrar e dialogar com as distintas
impressões que os diferentes professores tem, cada qual em seu segmento e
modalidade, tem do trabalho pedagógico e administrativo que a instituição
realiza, verificando em que medida há a participação desses professores, seu
envolvimento no trabalho que a instituição realiza, seu comprometimento com
as ações pedagógicas.
3.3.3 - Entrevista com os professores regentes
As entrevistas com os professores regentes foram divididas em subitem de
forma que facilitassem a compreensão quanto às falas dos entrevistados.
3.3.3.1- Entrevista com a professora do primeiro segmento
A professora do primeiro segmento do ensino fundamental e formada em
nível médio na modalidade normal trabalha na instituição desde a gestão
anterior.
35
Quando questionada quanto à postura que adota enquanto professora a
mesma coloca que procura manter uma boa relação o com os alunos e é
adepta do sistema tradicional por encontrar dificuldades em trabalhar de outra
maneira, apesar de gostar das idéias da supervisora da escola e algumas delas
ela até aplica em sala de aula com os alunos e eles gostam bastante.
A professora considera ter um bom relacionamento com a direção da
escola, mas em alguns momentos não considera a gestão muito democrática,
porque às vezes não tem suas solicitações atendidas. Foi pedido a professora
que relatasse alguma solicitação da professora que não foi atendida, a mesma
falou de um passeio que pediu para fazer com a turma e não conseguiu sair da
escola com os alunos. Nesse caso a professora parece desconhecer algumas
limitações da escola, onde não pode atender algumas solicitações feitas pela
professora; no caso de um passeio como a escola é pública não há como
contar com auxilio de ninguém para conseguir o transporte, sendo assim
algumas vezes não é possível realizar esse tipo de atividades com os alunos, o
que é lamentável.
Quanto a sua satisfação em relação ao trabalho pedagógico a professora
afirmou trabalhar na escola desde a gestão anterior e pode perceber profundas
melhorias tanto no trabalho administrativo quanto no pedagógico, mas as
exigências por parte dessa direção junto aos professores também é maior, em
relação a horário, programas dos conteúdos, projetos entre outras coisas.
Em relação às dificuldades enfrentadas no cotidiano a professora colocou
falta de interesse e agressividade dos alunos que a mesma tenta junto a
supervisão pedagógica resolver o problema. A supervisora se propôs a
trabalhar essa questão da agressividade junto com o professor de educação
física um projeto envolvendo os esportes para tentar resolver esse problema.
Apesar de não considerar a gestão muito democrática, como supracitado a
professora relatou que tem uma boa abertura para colocar suas questões junto
à direção, que ouve com atenção e procura resolver os conflitos da melhor
forma. A partir daí pode-se dizer que a professora não tem muita clareza do
conceito de gestão democrática.
36
3.3.3.2 - Entrevista com o professor do segundo segmento
O professor tem formação em licenciatura em matemática e leciona na
escola desde 2005, quando era contratado, depois de concursado o professor
pediu para ser lotado nessa intuição.
Diante do questionamento sobre sua postura profissional o professor
colocou que procura ter um bom relacionamento com os alunos, mas é
bastante exigente porque pretende prepará-los para a vida.
Em relação ao tipo de gestão que predomina na escola o professor disse
acreditar que vive em uma democracia na instituição.
Quanto a sua satisfação em relação ao trabalho administrativo e pedagógico
o professor disse que nenhum lugar é perfeito, mas que gosta do trabalho da
gestão e que recomenda a instituição a demais professores quando estão
procurando por alguma escola por muitos aspectos, dentre eles a gestão que
procura sempre apoiar o professor e se preocupa com a formação dos seus
alunos e para o mesmo isso é fundamental.
A maior dificuldade que enfrentou e hoje já não considera mais um problema
foi a indisciplina de alguns alunos.
O professor considera que tem abertura para fazer questionamentos e
mantém uma boa relação com direção e supervisão da instituição.
3.3.3.3 - Entrevista com a professora do ensino médio diurno
A professora é formada em educação física e está atuando na escola desde
o ano passado.
37
Quanto a sua postura a professora procura fazer todo o seu trabalho com
bastante comprometimento para que possa requerer a mesma postura dos
alunos.
Em relação à postura da direção a professora considera a gestão
democrática e muito solícita. Quanto ao trabalho administrativo e pedagógico a
professora diz não ter do que se queixar, pois a gestão é bastante
comprometida.
A professora colocou que tem dificuldades com a falta de respeito de alguns
alunos, a mesma considera que é por sua pouca experiência e por ser nova,
mas colocou que tem tido muito apoio da direção e supervisão o que tem
facilitado seu trabalho.
Quanto à abertura da professora junto à direção a mesma disse que diante
do que já tinha exposto anteriormente não poderia negar que tem bom
relacionamento com a direção e tem abertura para fazer respeitosamente
qualquer colocação que considere relevante ao seu trabalho e ao trabalho da
supervisão e direção.
3.3.3.4- Entrevista com o professor do ensino médio noturno
O professor é formado em história e trabalha na instituição ha três anos.
Quanto a sua postura enquanto profissional procura fazer seu trabalho com
bastante seriedade. Considera a direção participativa atenta aos problemas e
as questões que interferem na escola.
Quanto ao trabalho pedagógico e administrativo da escola o professor
considera ser muito bom e acredita essa ser a opinião dos colegas, pois o
ambiente de trabalho é bastante agradável, profissional e eficiente.
38
Segundo o professor entrevistado seu relacionamento com supervisão e
direção da escola é muito bom, todos estão sempre se colocando a disposição
para discutir qualquer questão que o professor considere relevante.
3.3.3.5- Entrevista com a professora da EJA
A professora é formada em pedagogia, trabalha nessa escola desde 2006 e
afirmou que já trabalhou em outra instituição como supervisora pedagógica e
teve a oportunidade de voltar para essa instituição, mas não quis por ter se
identificado muito com a filosofia da escola. A mesma declarou que enquanto
professora faz tudo o que é possível por seus alunos, que realmente faz o que
gosta.
Quando questionada sobre o tipo de gestão que predomina na escola a
professora respondeu que a direção é muito democrática, conta com a opinião
de todos quanto a tomada de algumas decisões para o grupo e segundo a
mesma é o que faz a instituição ser tão boa e a escola ser considerada uma
referência para outras. A professora declarou também que o trabalho
administrativo e pedagógico da escola é excelente e que ela se orgulha de
trabalhar nessa escola.
Segundo a professora seu relacionamento com a direção e supervisão é
muito bom e que a mesma se sente muito à vontade com equipe pedagógica e
administrativa, pois a mesma vê transparência e profissionalismo
características fundamentais à gestão de uma escola.
Diante de todo o exposto nas entrevistas pode-se considerar que predomina
na instituição uma satisfação com o trabalho que é realizado e que esse
trabalho tem repercutido além dos muros da escola, que é conhecida pelo bom
trabalho administrativo e pedagógico que realiza.
39
CONCLUSÃO
A presente pesquisa buscou a partir de uma perspectiva crítica, através de
um estudo de caso fundamentado em autores especializados nessa área de
conhecimento, verificar as possíveis dificuldades enfrentadas no cotidiano de
uma instituição pública pelo supervisor pedagógico. A pesquisa investigou o
cotidiano de uma instituição pública, considerando que esse profissional muitas
vezes necessita realizar o trabalho administrativo juntamente com o
pedagógico, uma vez que a literatura faz alusão a esse fato e o mesmo pode
ser comprovado dentro da instituição em análise.
Pretendeu-se com a pesquisa focar o dia-a-dia do supervisor pedagógico da
instituição, analisando de que modo o mesmo se conduz diante dessa
ambigüidade entre trabalho pedagógico e administrativo em sua prática
cotidiana, considerando que alguns cursos de formação não abordarem de
forma sistemática essa questão não fornecendo ao supervisor em formação
essa visão de que muitas vezes essa crescente burocratização da educação o
mesmo também atende a demandas administrativas das instituições das quais
farão parte.
Após análise do material coletado em campo, constatou-se que dentro da
instituição predomina uma gestão participativa que procura atender as
solicitações de sua equipe, visando à qualidade da educação. Muito embora a
instituição conceba a relevância das questões administrativas e que as
mesmas podem interferir de maneira negativa no trabalho pedagógico observa-
se um esforço por parte da gestão e supervisão para que essa situação não
seja uma constante.
Através das observações feitas e das entrevistas realizadas com uma das
diretoras, com a supervisora pedagógica e cinco professores da instituição,
percebeu-se uma constante preocupação por parte da supervisora e da
diretora em promover a participação de todos os professores no planejamento
e realização de atividades e projetos no processo educacional.
40
Desse modo, a supervisão e direção demonstram estar conscientes da
importância de se trabalhar na perspectiva do trabalho coletivo. Após a
realização das entrevistas pode-se perceber que o corpo docente compartilha
da mesma opinião por considerarem que têm abertura junto à direção e que
mantêm um bom relacionamento com a mesma adotando assim uma postura
de contribuintes para a educação de qualidade, através dessa valorosa troca
entre a equipe.
Constatou-se que a supervisora tem a concepção de que deve embasar seu
trabalho em uma fundamentação teórica em constante aperfeiçoamento e deve
também ser aquele que sabe ir além das evidências, sendo sensível ao que
não está explicito, mas ocorre e é dito dentro da instituição estando sempre
atento a sua equipe de professores, diretores e alunos, consciente de sua
responsabilidade junto a escola, não permitindo que as questões
administrativas se sobreponham as questões pedagógicas.
Não se acredita que haja uma regra, ou mesmo uma fórmula do sucesso do
trabalho administrativo e pedagógico e administrativo da instituição e
consequentemente dos alunos. Porém, o trabalho coeso, e a crença de que
estamos em um processo, de que os erros e os acertos fazem parte da
caminhada em educação e constroem a identidade da escola.
Obviamente, em educação não há caminhos tranqüilos a se percorrer, há
sim muito trabalho e dificuldades pelo percurso. Todavia, neste caso, cabe um
esforço cada vez maior para que se aproxime de uma gestão participativa
visando a educação de qualidade, formando cidadãos críticos e conscientes,
voltados ao desafio de estruturas sociais que marginalizam aqueles que não
correspondem aos padrões sócias pré-estabelecidos.
Espera-se, com esta pesquisa, que atuais e futuros educadores adotem, em
suas práticas, uma perspectiva crítica, respeitando as diferenças e assumindo
posturas de trabalho coletivo, desafiando estereótipos. Não se desejou com
esse estudo, ter a pretensão de generalizar os dados ou de esgotar um tema
tão complexo que está envolto em grandes tensões, no campo da educação.
Contudo, outros desdobramentos, partido dessas vertentes, são possíveis.
41
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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AGUIAR, Márcia Ângela da Silva (orgs.). Gestão da Educação: impasses,
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GADOTTI, Moacyr. Paulo Freire: uma biografia. São Paulo: Cortez, 2002.
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42
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__________. Pedagogia histórico-crítica: primeiras aproximações. 6ªed.
Campinas: Autores Associados, 1997.
__________. A supervisão educacional em perspectiva histórica: da função a
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Cortez, 2000.
43
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2 FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. 22ed. São Paulo: Cortez, 1988.
3 SAVIANI, Dermeval. A nova Lei da educação: trajetória, limites e perspectivas. 5. ed.Campinas, SP: Autores associados, 1999.
4 SILVIA JÚNIOR, Celestino A Supervisão da Educação: do autoritarismo ingênuo à vontade coletivo. São Paulo: Loyola, 1986.
5 GARCIA, Dayse Freire. A Construção da Ação Supervisora em Minas Gerais - Universidade Federal de Minas Gerais, 1988. (Dissertação de Mestrado em Educação).
6 MOREIRA, Antonio Flavio Barbosa e KRAMER, Sonia. Contemporaneidade, educação e tecnologia. Disponível em http://74.125.45.132/search?q=cache:Jh7y8j2fz5YJ:www.scielo.br/.
7 PIMENTA, Selma Garrido. Formação de professores: identidade e saberes da docência. In: _____. (Org.). Saberes pedagógicos e atividade docente. São Paulo: Cortez, 1999.
8 MENDES, Rosa Emília de Araújo. Supervisão pedagógica: do modelo burocrático ao processo participativo. Revista de Educação AEC, Brasília, n.57, p.6-16, jul./set. 1995.
9 MACHADO, Juremir; SCHULER, Fernando (org). Metamorfoses da Cultura Contemporânea. Porto Alegre: Sulina, 2006.
10 GADOTTI, Moacyr. e ROMÃO, José. Eustáquio. (orgs.). Autonomia da Escola: Princípios e Propostas. São Paulo: Cortez, 2002.
11 MOREIRA, Antônio. Flavio. e SILVA, Tadeu. Tomaz. Sociologia e teoria crítica do currículo: uma introdução. In: MOREIRA, Antônio. Flavo. e SILVA, Tadeu. Tomaz (orgs.). Currículo, cultura e sociedade. São Paulo: Cortez, 1994.
44
12 APPLE, Michael W. Trabalho docente e textos: economia política das relações de classe e de gênero em educação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.
13 MOREIRA, Antonio Flávio, SILVA, Tomaz Tadeu. Currículo, cultura e sociedade. São Paulo: Cortez, 1995.
14 SAVIANI, Dermeval. A nova lei da educação: Trajetória, limites e perspectivas. São Paulo: Autores Associados, 1997.
15 CURY, Carlos Roberto Jamil. Educação e Contradição. 5.ed. São Paulo: Cortez, Autores Associados, 1992.
16 FREIRE, Paulo. Professora sim, tia não. São Paulo: Olho d’água, 1997.
17__________. 2000. A Educação na Cidade. 4.ed. São Paulo: Cortez.
45
ANEXOS
46
ANEXO
Roteiro de entrevista com a diretora
Dados Pessoais: Formação Acadêmica: Ano de Conclusão da Graduação: Perguntas elaboradas: Qual a postura que você adota enquanto gestora? Que tipo de gestão predomina na escola? Quais os seus critérios de escolha da equipe pedagógica que trabalha com você? Você está satisfeito com o modo como o trabalho pedagógico e administrativo são executados dentro da escola? Quais os maiores problemas que você enfrenta em suas atividades cotidianas?
47
Roteiro de entrevista com a supervisora
Dados Pessoais: Formação Acadêmica: Ano de Conclusão da Graduação: Perguntas elaboradas: Qual a postura que você adota enquanto supervisora? Que tipo de gestão predomina na escola? Você está satisfeito com o modo como o trabalho pedagógico e administrativo são executados dentro da escola? Quais os maiores problemas que você enfrenta em suas atividades cotidianas?
48
Roteiro de entrevista com os professores regentes
Dados Pessoais: Formação Acadêmica: Ano de Conclusão da Graduação: Perguntas elaboradas: Qual a postura que você adota enquanto professor? Que tipo de gestão predomina na escola? Você está satisfeito com o modo como o trabalho pedagógico e administrativo são executados dentro da escola? Quais os maiores problemas que você enfrenta em suas atividades cotidianas? Você tem abertura para discutir suas questões com supervisor e diretor? Como se dá essa relação?
49
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
A AMBIVALÊNCIA DO TRABALHO PEDAGÓGICO 11
1.1 – Um olhar histórico sobre a supervisão 11
1.2 – As atribuições do supervisor 12
1.3 – O trabalho pedagógico e administrativo 14
CAPÍTULO II
O PAPEL DO SUPERVISOR 18
2.1 – O supervisor, agente político, e as políticas educacionais 18
2.2 – O supervisor numa perspectiva de trabalho coletivo 22
CAPÍTULO III
O SUPERVISOR NA ESCOLA PÚBLICA 25
3.1 – A crise da educação pública 26
3.2 – As observações 28
3.3 – As entrevistas 31
3.3.1 – Entrevista com o diretor 31
3.3.2 – Entrevista com o supervisor 33
3.3.3 – Entrevista com professores regentes 34
3.3.3.1 – Entrevista com a professora do primeiro segmento 34
3.3.3.2 – Entrevista com o professor do segundo segmento 36
3.3.3.3 – Entrevista com a professora do ensino médio diurno 37
50
3.3.3.4 – Entrevista com o professor do ensino médio noturno 37
3.3.3.5 – Entrevista com a professora da EJA 38
CONCLUSÃO 39
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 41
BIBLIOGRAFIA CITADA 43
ANEXOS 45
Roteiro da entrevista com a diretora 46
Roteiro da entrevista com a supervisora 47
Roteiro da entrevistas com os professores regentes 48
ÍNDICE 49
51
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição: Universidade Cândido Mendes
Projeto Instituto A Vez do Mestre
Título da Monografia: O supervisor face ao administrativo e pedagógico
na escola pública
Autor: Raquel Garcia Braga Cardoso
Data da entrega:
Avaliado por: Maria Esther de Araújo Oliveira Conceito:
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