UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A IMPORTÂNCIA DO TREINAMENTO VOCAL DO PROFESSOR
Por: Flávia Cristina Barros Neves de Alvarenga
Orientador
Prof. Ms. Mary Sue Pereira
Rio de Janeiro
2004
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A IMPORTÂNCIA DO TREINAMENTO VOCAL DO PROFESSOR
Apresentação de monografia à Universidade Candido
Mendes como condição prévia para a conclusão do
Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Gestão de
Recursos Humanos
Por: Flávia Cristina Barros Neves de Alvarenga.
3
AGRADECIMENTOS
....Primeiramente, a Deus; e a todos que
contribuíram direta ou indiretamente para
a realização deste trabalho, em especial
meus pais, meu marido e minhas tias Lecy
e Dóris......
4
DEDICATÓRIA
.....dedico este trabalho a meus pais e a meu
marido.......
5
RESUMO
Este trabalho tem por objetivos identificar até que ponto o professor tem
conhecimento do uso adequado da voz e dos possíveis desvios decorrentes de
sua má utilização; e formular um programa de treinamento que possibilite ao
professor o uso adequado da voz, permitindo-lhe uma maior qualidade de seu
desempenho profissional. Uma vez que um grande número de professores é
afastado de suas funções, ou permanecem em condições precárias, perdendo
qualidade profissional.
A pesquisa foi realizada na Universidade Candido Mendes – Tijuca – Rio de
Janeiro, com os professores da graduação. O levantamento de dados foi realizado
através de um questionário fechado, com perguntas objetivas.
Na introdução são apresentados os objetivos do trabalho e a importância da voz
para o professor, uma vez que esta influencia a qualidade de seu desempenho
profissional. Em seguida, fazemos um panorama dos aspectos anatomo-
fisiológicos da laringe, relacionando-os com a voz.
No segundo capítulo apresentamos a voz profissional e o professor enquanto um
profissional da voz. Damos prosseguimento falando dos principais distúrbios
vocais e os cuidados que devemos ter com a voz.
A seguir, fazemos um relato do que é treinamento, analisamos os dados coletados
na pesquisa de campo e elaboramos uma proposta de treinamento vocal.
Concluímos demonstrando a necessidade de um treinamento vocal para o
professor.
6
METODOLOGIA No que se refere a natureza do estudo, este foi realizado a partir de um
levantamento de dados através de um questionário fechado, com perguntas
objetivas.
No que se refere à população investigada, a pesquisa foi realizada na
Universidade Cândido Mendes – Tijuca – Rio de Janeiro. Considerando que dos
professores desta Universidade, os da graduação são aqueles que mais utilizam a
voz profissionalmente, decidimos delimitar a população no universo de
professores da graduação.
O objetivo inicial era realizar a pesquisa com a totalidade da população, mas por
motivo de férias, não foi possível a realização da mesma com a todo o corpo
docente. Sendo assim, fizemos uma pesquisa por amostragem aleatória.
A coleta de dados foi realizada através de uma pesquisa de campo, a partir de
um questionário fechado, com perguntas objetivas.Esse questionário foi distribuído
aos professores, com a ajuda do Coordenador do Curso de Administração da
Universidade Cândido Mendes – Tijuca, durante um período aproximado de dois
meses. Procuramos abranger o corpo docente de todos os cursos de graduação
da UCAM – Tijuca, são eles: Administração, Comunicação Social, Contabilidade,
Economia e Direito.
Este instrumento foi construído a partir de sete categorias: perfil do informante,
voz definida pelo informante, sintomas vocais, uso, pratica profissional, hábitos
pessoais e saúde geral. De acordo com essas categorias foram elaboradas trinta
e duas perguntas com o objetivo de levantar o perfil de população pesquisada no
que se refere a utilização da voz.
A organização de dados foi realizada através de uma tabela de dupla entrada
onde os resultados serão apresentados em porcentagem e analisados a partir de
dados teóricos.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................... 08
CAPÍTULO - Voz e aspectos anatomo-fisiológicos da laringe ........................ 09
CAPÍTULO II - Voz profissional: a voz do professor ........................................ 14
CAPÍTULO III - Principais distúrbios vocais ....................................................... 19
CAPÍTULO IV - Cuidados com a voz .............................................................. 22
CAPÍTULO V - Treinamento ............................................................................... 36
CAPÍTULO VI - Organização, leitura e análise dos dados .............................. 43
CAPÍTULO VII - Proposta de treinamento vocal .............................................. 51
CONCLUSÃO ................................................................................................... 55
BIBLIOGRAFIA ................................................................................................ 56
ÍNDICE ............................................................................................................. 57
ATIVIDADES CULTURAIS ............................................................................... 60
FOLHA DE AVALIAÇÃO .................................................................................. 61
8
INTRODUÇÃO
O objetivo deste trabalho consiste em identificar, através de pesquisa, até que
ponto o professor tem conhecimento do uso adequado da voz e dos possíveis
desvios decorrentes de sua má utilização.Além de formular um programa de
treinamento que possibilite ao professor utilizar,de maneira adequada, sua voz,
permitindo-lhe uma melhor qualidade em seu desempenho profissional.
A voz é um instrumento de comunicação, através do qual, podemos passar aos
outros nossos conhecimentos, interesses e desinteresses. Ela modula os
sentimentos, dá cor aos pensamentos e às intenções. Quando falamos é a nossa
personalidade que se expressa, sendo assim, o professor é um modelo para seus
alunos.Entretanto, a maioria deles inicia a carreira sem conhecimentos de técnicas
vocais nem mesmo dos riscos orgânicos provocado pelo uso inadequado da voz.
O professor, enquanto profissional da voz, tem-na como principal instrumento de
trabalho, apesar da maioria não ter esta consciência. As conseqüências da falta
de conhecimentos e cuidados com a voz podem trazer prejuízos para a saúde
vocal, que conseqüentemente irá diminuir o rendimento profissional.
A voz é um dos principais elos da comunicação do professor com seu aluno. A
maneira como a voz é utilizada em sala de aula pode influenciar positivamente ou
negativamente na relação professor-aluno e, conseqüentemente no processo
ensino-aprendizagem, desta forma influenciando na qualidade da organização.
O treinamento é um fator primordial para a melhoria na qualidade do trabalho,
desta forma podemos afirmar que necessitamos de um bom treinamento de
nossos docentes para termos uma melhor qualidade no ensino.
9
CAPÍTULO I
VOZ E ASPECTOS ANATOMO-FISIOLÓGICOS DA
LARINGE
10
1.1. Anatomo-fisiologia da laringe
A laringe é um órgão situado na extremidade superior da traquéia, na região
anterior do pescoço, na altura da V, VI e VII vértebras cervicais, no adulto, mede
aproximadamente 45 mm em sentido vertical. Em seu conjunto, apresenta
relações com a faringe, que se abre em sua parte posterior. As faces ântero-
laterais são parcialmente cobertas pelo corpo da glândula tiróide e pela
musculatura laríngea extrínsecas (músculos infra-hióideos), o tecido subcutâneo e
a pele.
Este órgão é constituído por um conjunto de cartilagens unidas por ligamentos,
membranas e músculos. Sua forma é cilíndrica, especialmente na parte inferior,
formada pela cartilagem cricóidea. A laringe é revestida na face superior da prega
vocal por uma mucosa do tipo estratificada pavimentada.
A disposição das principais cartilagens dá à laringe o formato de uma caixa aérea
cilíndrica. Os músculos, ligamentos e membranas unem estas cartilagens,
movimentam a caixa e ajudam a controlar, através da musculatura cordal, a
pressão aérea do aparelho respiratório.
Assim, a laringe é a principal estrutura para a produção de uma corrente de ar
vibrante, e as pregas vocais, que se localizam em posição horizontal dentro da
laringe, constituem os elementos vibrantes. A abertura e o fechamento rápidos das
pregas vocais interrompem periodicamente a corrente de ar, de modo a produzir
um som glótico no interior das cavidades faríngea, oral e nasal. As modificações
da configuração e, portanto, das propriedades acústicas dessas cavidades, que
são coletivamente conhecidas como trato vocal, transformam o som glótico,
relativamente indiferenciado, em voz com significado.
Quando respiramos silenciosamente, as pregas vocais, ficam abertas, ou seja,
afastadas entre si, para permitir a entrada e saída livres do ar. Assim sendo, no
gesto da respiração a interferência das pregas vocais deve ser mínima para
garantir a entrada de oxigênio e a saída de gás carbônico de nossos pulmões.
11
A produção de uma corrente de ar com a finalidade de fala foi denominada função
“não-respiratória” do mecanismo da respiração; a produção de som pela laringe
pode ser considerada função não-biológica.
Em termos biológicos, a laringe pode ser considerada um componente intrínseco
do sistema respiratório e, como tal, funciona como um dispositivo protetor para as
vias aéreas inferiores.
Como primatas falantes, somos quase obrigados a dizer que a principal função
não-biológica da laringe é produzir som. Como a fala e a voz são partes
integrantes do comportamento humano, com tudo, a noção de que elas são não-
biológicas está sujeita a críticas. É, em grande parte, por meio da voz e da fala
que somos capazes de nos comunicar com as outras pessoas e dar a conhecer de
nossas vontades e necessidades. Na verdade, a voz e a fala têm enorme
participação no comportamento humano, que pode ser considerada uma função
biológica. Independente da opinião que se possa ter não existe discussão sobre o
fato de a laringe funcionar como um gerador de som apenas quando não está
realizando as funções biológicas vitais.
A laringe é uma estrutura capaz de inúmeros ajustes rápidos e sutis de produção
de som em uma ampla gama de tons e intensidades. Do ponto de vista da
mecânica, ela pode ser considerada como uma resistência variável ao fluxo de ar
para dentro e para fora dos pulmões.
Independente do papel destinado a laringe, podemos dizer que ela é
especialmente bem equipada para a produção do som e da voz humana.
12
1.2. Voz
A voz humana já existe desde o nascimento e se manifesta através do choro, riso
e grito. Assim, desde o início da vida, a voz torna-se um dos meios de
comunicação mais poderosos do indivíduo e se constitui no modo básico de
interação humana.
Comunicamo-nos de diversas formas: pelo olhar, pelos gestos, pela expressão
corporal, pela expressão facial e pela fala. A voz, porém, é responsável por uma
porcentagem muito grande de informações contidas nas mensagens que estão
sendo veiculadas e revelando muita coisa sobre nós mesmos. A voz fala mais do
que palavras.
Nossa voz é uma expressão sonora absolutamente individual, semelhante às
impressões digitais, por esta razão é possível identificar um indivíduo por uma
“escuta telefônica”, por exemplo. Por outro lado há uma alteração constante na
voz.
A voz revela uma série de informações inerentes a três dimensões do indivíduo: a
biológica, a psicologia e a sociocultural. As informações contidas na dimensão
biológica dizem respeito aos nossos dados físicos fundamentais, tais como sexo,
idade, condições gerais de saúde. As informações contidas na dimensão
psicológica correspondem às características básicas da personalidade e do estado
emocional do indivíduo, expressa-se no próprio ato da fala. Já, as informações
contidas na dimensão sociocultural oferecem dados referentes aos grupos a que
pertencemos, quer sejam sociais ou profissionais, manifestando-se através do
discurso.
A voz enquanto componente da linguagem oral é um dos principais vínculos do
relacionamento humano. Esse elo de relacionamento é reforçado ou enfraquecido
pela psicodinâmica vocal definida pelo impacto que a voz do falante causa no
ouvinte, apresentando-se como um fator de distanciamento ou aproximação do
interlocutor.
13
Algumas pessoas têm uma boa imagem formada sobre sua voz e sobre o impacto
que ela exerce sobre o ouvinte, outras, nunca pararam para pensar no assunto.
De qualquer forma, conscientes ou não, influenciamos com nossa voz e somos
influenciados pelas vozes das pessoas com as quais fazemos contato.
O padrão de voz que é emitido faz parte da construção de nossa personalidade,
sendo este som que dá suporte a presencialidade do sujeito. Usamos nossa voz
do mesmo modo como nos comportamos no mundo. Uma produção vocal
alterada leva a um desequilíbrio funcional e/ou orgânico do aparelho fonador, o
que pode produzir no ouvinte um impacto negativo, muitas vezes não compatível
com a personalidade do falante.
A voz é portadora da mensagem que o interlocutor quer, ou não, ouvir. A voz, seu
uso adequado pelo persuade e seduz, sendo a sonoridade um fator efetivo para
transformar situações, seja de concordância, seja de conflito.
Quando a voz é alterada, o som não é devidamente projetado, dificultando a
inteligibilidade da mensagem produzida.
14
CAPÍTULO II
Voz profissional: a voz do professor
15
2.1. Profissional da Voz
Costuma-se identificar o profissional da voz como sendo o sujeito que depende da
sua voz para realizar sua atividade profissional e ganhar seu sustento. Destaca-se
o cantor, o ator, o advogado, o político, o jornalista, o radialista, o vendedor, o
professor, entre outros tantos.
A voz humana é fascinante e complexa, e pode ser usada tanto para atrair como
para repelir pessoas. O cantor com um soberbo controle do seu instrumento vocal
proporciona grande prazer ao ouvinte. A voz do ator, ressonante e cheia de
significado, pode, acrescentar significativamente a mensagem e a intensidade da
emoção, podendo se fazer mais atraente para o ouvinte do que as próprias
palavras articuladas. O político e o advogado com sua oratória eloqüente
transmitem credibilidade e segurança, expressando com sua voz a capacidade de
persuasão.
Todo o comunicador sabe que precisa contar com sua voz para ter um bom
desempenho de sua profissão. Entretanto, para alguns profissionais, essa
conscientização somente acontece quando percebem que a voz está com algum
problema. Queixas de cansaço para falar, falhas na voz e rouquidão após o uso
profissional da voz são comumente relatadas. Os cantores apresentam queixas
relacionadas ao canto, não conseguem mais alcançar as notas agudas e referem
que a voz perdeu o vigor. O ator de teatro manifesta que a sua performance está
comprometida. A voz não apresenta a mesma plasticidade para responder a
formação do personagem. O ator empresta a sua voz ao personagem, necessita
ter um grande preparo vocal, pois é um imitador, consequentemente, sua
integridade vocal é essencial. O advogado delata que sua voz não está coerente
com seu discurso, está fraca e instável, não sendo possível sustentar um debate.
Algumas vezes os problemas referidos estão relacionados apenas ao uso
inadequado da voz, a abuso vocal e, principalmente, ao desconhecimento do
profissional de como adequar o seu potencial vocal à sua atividade profissional.
No entanto, queixa de rouquidão por mais de quinze dias pode ser um sinal de
16
uma patologia da laringe e um problema mais sério pode estar acontecendo. O
sujeito que faz uso da voz profissionalmente precisa ter um bom conhecimento da
sua voz e, ficar atento ao perceber que algo não vai bem. A voz muda com o
passar dos anos, e o profissional fazendo o uso demasiado da voz, sofre um
desgaste maior das estruturas relacionadas com a fonação. Necessita estar
informado de como é sua voz e o que é possível fazer para aprimorá-la. Deve
cuidar da estética vocal, prevenir problemas vocais, estar atento para o que faz
mal e o que faz bem para voz e, principalmente manter exercícios vocais, o que
vai lhe propiciar um maior tempo de uso da voz profissional. Pode-se fazer uma
analogia ao atleta que realiza atividade física. O profissional da voz é um atleta
vocal, necessita manter os cuidados com a voz e realizar exercícios vocais
orientados.
Quando ocorre um problema vocal, esses profissionais procuram ajuda e,
recorrem a especialistas na área de voz.
Infelizmente, apesar das campanhas da Semana Nacional da Voz, onde é
vinculado na mídia uma divulgação sobre a importância da saúde vocal, da
prevenção aos problemas vocais e da valorização do uso da voz profissional,
ainda é altíssimo o número de doenças grave de laringe no país. O profissional da
voz está muito suscetível a ter problemas de voz, pois ainda, a grande maioria,
não tem conhecimento de como a voz acontece, quais recursos de ressonância,
respiração, inflexão vocal e plasticidade vocal poderiam ser realizados para
melhorar a performance vocal nas suas atividades profissionais.
O profissional da voz cumpre um dos papeis mais importantes papéis na
sociedade, pois é um comunicador, e pela voz, passa seus sentimentos, sua
emoção, conhecimento, informação. Conjuga e agrega multidões.
17
2.2. Voz do Professor
O sistema educacional, em geral, valoriza a transmissão do conhecimento pelo
professor, que se efetua por diferentes formas de comunicação verbal, sendo a
comunicação oral um dos principais meios. O professor explica uma determinada
matéria, expõe um ponto de vista, conta histórias, lê para os alunos, incentiva-o a
responder perguntas, a cantar, e também coloca o limite aos alunos quando
necessário. Em todas estas situações a voz é um dos principais elos da
comunicação do professor com seu aluno. A maneira como a voz e a fala são
utilizadas em sala de aula, podem influenciar positivamente ou negativamente na
relação professor-aluno e, conseqüentemente, no processo ensino-aprendizagem.
Além disto, se o professor entender o uso que faz da voz em sala de aula, poderá
encontrar um poderoso instrumento de trabalho. O esclarecimento do uso da voz e
fala utilizado em sala de aula, tanto pelo professor como pelo aluno poderá
fortalecer a relação interpessoal entre eles. Da mesma forma, entender como o
aluno percebe a voz do professor e faz julgamentos, poderá direcionar o professor
para melhor utilização da voz e fala na comunicação oral em sala de aula, com
vistas a aprendizagem.
Com a modernização do ensino o professor deixou de ser apenas o divulgador
dos seus conhecimentos para ser um comunicador formador de opinião. Hoje, ele
precisa interagir com os alunos, desenvolvendo neles a análise crítica, a
capacidade de síntese, o poder de argumentação, a formação de conceitos e
idéias. Ele precisa ser mais criativo, mais observador. Essa nova postura exige
mais do profissional. Ao dirigir a atenção para mais de um grupo, ao precisar
aumentar a sua observação para atingir aos objetivos acima, o professor sofre um
desgaste maior da sua voz. Sendo a voz o seu instrumento de trabalho, é
necessário que ele se conscientize de que qualquer problema em suas pregas
vocais pode acarretar o seu afastamento das atividades, e que há técnicas para
evitá-los.
18
O alto índice de aparecimento de nódulos, pólipos e cistos nesses profissionais
mostra o uso inadequado da voz. Além de aprender a usar a voz com maior
cuidado, preservando-a, ele precisa desempenhar as suas funções e transmitir a
sua mensagem, a sua aula, com segurança e objetividade, para que estabeleça
com o aluno uma relação de respeito e admiração. A má dicção, os vícios de
linguagem, a voz insegura, pouco audível ou desagradável, a atitude corporal e o
gestual inadequados, podem comprometer o seu desempenho, assim como a
didática empregada, a forma de lidar com os alunos e o discurso empregado. É
através do treinamento dessas técnicas e da correção individualizada, que o
trinômio voz, imagem e comunicação será aperfeiçoado.
19
CAPÍTULO III
PRINCIPAIS DISTÚBIOS VOCAIS
20
Os distúrbios vocais são resultados de alterações negativas nas estruturas ou no
funcionamento de alguma parte do trato vocal. A essas alterações dá-se o nome
de disfonia. Neste trabalho iremos considerar apenas as alterações de
funcionamento do trato vocal, essas alterações resultam do uso incorreto dos
mecanismos vocais.
3.1. Nódulos Vocais
Nódulo vocal é um espessamento do revestimento epitelial localizada na junção
do terço médio anterior da borda livre das pregas vocais. Pode ter uma forma
arredondada ou triangular e tem uma cor que varia do branco ao vermelho. Eles
são causados pelo uso abusivo e inadequado da voz. Nos estágios iniciais do
desenvolvimento a massa nodular é mole e maleável. Com o uso excessivo da
voz, a lesão torna-se mais fibrótica e pode ser levemente maior ou pode tornar-se
mais focalizada, menor e mais dura. Podemos encontrá-lo em somente uma prega
vocal, ou também nas duas.
As queixas mais freqüentes encontradas nas pessoas portadoras de nódulo são:
sensação de ardor, de constrição, de corpo estranho e dor localizada ao nível do
pescoço, além de necessidade de “limpar” a garganta continuamente. A “limpeza”
da garganta, muitas vezes, torna-se um abuso vocal que pode levar a um aumento
adicional ou a organização e consolidação do nódulo. A voz ao início do dia é
relativamente boa, mas ao decorrer do dia torna-se disfônica pelo uso vocal
contínuo.
3.2. Pólipos Vocais
Pólipo vocal é uma formação gelatinosa, arredondada, benigna localizada no terço
médio anterior das pregas vocais. Pode ser avermelhado ou esbranquiçado,
grande ou pequeno, unilateral ou bilateral, pode ter uma base de implantação
21
alargada ou ser pediculada. A lesão é comumente macia, muitas vezes possui um
fluido em seu interior e ocorre na borda interna da prega vocal; devido a sua
maciez, ela não irrita o tecido da prega vocal oposta.
Os pólipos são causados pelo uso abusivo e excessivo da voz, mas geralmente
resultam de um período de abuso vocal, embora possam ser decorrentes de um
único evento traumático. Por exemplo, uma pessoa pode ser comedida no uso de
sua voz, mas em uma determinada tarde,assistindo a um jogo, berra, o que
produz alguma hemorragia na membrana das pregas vocais. Um pólipo forma-se
a partir desta irritação hemorrágica, uma vez que um pólipo pequeno inicie,
qualquer abuso ou mau uso vocal repetido irritará a área, contribuindo para seu
crescimento continuado.
As vozes dos indivíduos com pólipos unilaterais caracterizam-se por disfonia
severa. A prega vocal sem alteração vibra em uma freqüência, enquanto a lesão
abafa a vibração da prega vocal alterada, resultando no que é percebido como
rouquidão, aspereza ou soprosidade. Além disso, o indivíduo pode ter a sensação
de algo na garganta.
3.3. Laringite Traumática
A laringite traumática é o inchaço das pregas vocais em decorrência de uso
excessivo e inadequado da voz. As pregas vocais tornam-se edematosas e
espessadas. A voz soa rouca e com falta de intensidade, o edema é
acompanhado por irritação e maior acúmulo sangüíneo. O estágio agudo da
laringite traumática está em seu ápice durante o grito ou comportamento vocal
traumático com as pregas vocais muito aumentadas em tamanho e massa.
O edema temporário das pregas vocais altera a qualidade e a intensidade da voz;
a pessoa faz muito esforço para falar, este esforço aumenta a irritação das pregas
vocais, tornando desta forma, o problema mais complexo. Podendo chegar até a
uma hemorragia submucosa.
22
CAPÍTULO IV
CUIDADOS COM A VOZ
23
A voz deve sempre estar relacionada com a saúde geral do indivíduo, com o seu
corpo todo. Podemos afirmar que todo sistema corporal afeta a voz. Portanto,
deve-se analisar não apenas os aspectos prejudiciais as pregas vocais, mais sim
o trato vocal integrado com a saúde geral de cada indivíduo. A seguir
demonstraremos alguns hábitos nocivos a saúde vocal.
4.1. Fumo
O fumo é altamente prejudicial para o trato vocal. A fumaça quente do cigarro
agride todo o sistema respiratório, trato vocal e principalmente as pregas vocais.
Esta agressão pode levar à irritação do trato vocal, edema das pregas vocais e
proporcionar o aparecimento de pigarro e de tosse em decorrência do aumento da
secreção. Todas estas alterações podem aparecer isoladamente, ou associadas,
dependendo da reação de cada organismo.
A mucosa que reveste a laringe e as pregas vocais deve apresentar uma
movimentação ampla e solta para uma boa qualidade vocal. Ela possui cílios em
toda sua extensão, cuja função é deslocar o muco (secreção) para fora do trato
vocal. Apenas as bordas livres das pregas vocais são desprovidas de cílios, em
razão de sua vibração na produção do som.
A fumaça age diretamente sobre a mucosa, provocando duas reações: uma de
defesa, através da descarga intensa de muco; e outra, que envolve uma parada
na movimentação ciliar do epitélio, ocasionando um depósito de secreção que
provoca o pigarro. A toxina do cigarro é diretamente depositada nas pregas
vocais, as quais funcionam como verdadeiros aparadores de impurezas ao longo
do tubo da laringe, favorecendo a instalação de diversas alterações provocadas
pela irritação.
O fumo é considerado um dos principais fatores desencadeantes do câncer de
laringe e pulmão. O indivíduo não- fumante que fica exposto à fumaça do cigarro
pode também apresentar alterações e, portanto, não fumar em ambientes
fechados é uma questão de respeito à saúde do outro.
24
4.2. Álcool
A ingestão de bebidas alcoólicas, especialmente as destiladas, causa irritação no
aparelho fonador semelhante a provocada pelo cigarro, porém com uma ação
principal de imunodepressão, ou seja, redução nas respostas de defesa do
organismo. Aparentemente, uma pequena dose de bebida alcoólica provoca, em
alguns indivíduos, uma sensação de melhora na voz. Isso ocorre devido a dois
fatores principais: há uma inicial liberação do controle cortical, o que faz o
indivíduo sentir-se mais solto; e ocorre uma leve anestesia na faringe e, com a
redução da sensibilidade nessa região, uma série de abusos vocais podem ser
cometidos, sem que se perceba. As conseqüências desses abusos, tais como
ardor, queimação e voz rouca e fraca, só serão percebidas após o efeito da bebida
ter passado.
4.3. Maconha
O consumo da maconha é extremamente lesivo para a mucosa do trato vocal.
Normalmente, a erva é enrolada em papéis que produzem toxinas, sem filtro, e
costuma ser fumada apertando o cigarro com os dedos e entre os dentes. Esta
maneira de fumar provoca uma elevação da temperatura da fumaça, em
decorrência da pressão negativa criada pelo fato da erva estar comprimida. Isto
faz com que a fumaça entre muito aquecida na região laríngea, lesando os tecidos
dessa região.
Esta maneira de fumar, associada às alterações de ordem neurológicas e
cardiovasculares, pode produzir estado de sonolência, hipoglicemia reativa,
imprecisão articulatória, alterações no ritmo e na fluência da fala, extrema secura
no trato vocal, aumento do pigarro e voz agravada e pastosa.
25
4.4. Cocaína
A aspiração da cocaína em pó pode lesar diretamente a mucosa de qualquer
região do trato vocal, através de um efeito de irritação e acentuada
vasoconstrição. São comuns perfurações de septo nasal e ulcerações na mucosa
das pregas vocais. O uso da cocaína pode também provocar alterações na
percepção e o controle sensorial, e desta forma reduzir o controle da voz e induzir
ao abuso vocal. Além disto, provoca taquicardia, enrijecimento da musculatura que
envolve a articulação têmporo-mandibular, imprecisão articulatória, ritmo de fala
acelerado, ataque vocal brusco, voz agudizada e hipernasal.
A cocaína injetável provoca hipotonia muscular (fraqueza) e, especificamente no
que diz respeito à voz, produz-se uma fadiga vocal, gerando dificuldade de manter
uma comunicação adequada e eficiente.
4.5. Hábitos Vocais Inadequados
O ato de pigarrear ou “raspar a garganta” é um vício muito comum entre as
pessoas, havendo ou não necessidade real de “limpar a garganta”, no caso de
alguma secreção presa. Pigarrear, na grande maioria das vezes, acontece
involuntariamente. É muito comum entre fumantes ou em situações em que
estamos nervosos ou constrangidos. Pigarro persistente e muco viscoso são
sinais de hidratação insuficiente, para a qual nada melhor do que fazer uma
hidratação natural, ou seja, beber muita água.
O ato de pigarrear oferece a sensação de que se elimina um corpo estranho da
laringe, aliviando o sintoma de pressão na garganta, com eventual melhora da
voz. Tal gesto, porém, é uma agressão para as pregas vocais, piorando a
condição da laringe. A tosse também é um gesto extremamente agressivo para a
delicada mucosa da laringe. Tais hábitos vocais são inadequados, podendo
contribuir para o aparecimento de alterações nas pregas vocais, através do atrito
26
que provoca irritação e descamação do tecido. Quando houver secreção
persistente e a necessidade de eliminá-la for muito grande, recomenda-se inspirar
profundamente pelo nariz e deglutir logo a seguir, o que auxilia no deslocamento
da secreção da área vibratória das pregas vocais.
A utilização de pastilhas e sprays, sem prescrição médica, pode apresentar efeito
semelhante ao álcool. Estes podem ser irritantes e possuir um efeito anestésico
que irá mascarar a dor na garganta. A quantidade e a viscosidade da saliva
também serão alteradas com a utilização de pastilhas.
A competição sonora é um hábito inadequado em resposta à poluição auditiva.
Situações de freqüente competição vocal fazem parte da vida das grandes
cidades. Deve-se, no entanto, evitar qualquer tipo de competição sonora, seja ela
vocal ou ruído ambiental.
È aconselhável que se mantenha a intensidade vocal em um nível moderado em
todas as situações de comunicação. Falar sussurrado ou cochichado também
deve ser evitado, pois geralmente representa um esforço maior que o necessário
para a produção natural da voz, já que nessa emissão bloqueamos a vibração livre
das pregas vocais e o som é produzido apenas por fricção de ar.
A resistência vocal é uma característica individual, dependente do metabolismo.
Assim, uma alteração de voz em conseqüência das situações de competição
sonora é uma resposta individual.
4.6. Posturas Corporais Inadequadas
A postura corporal global de cada indivíduo é o resultado das características
anatômicas e fisiológicas adquiridas por herança genética e por pressões externas
do meio, que alteram progressivamente a forma física através de contrações
musculares e desvios do esqueleto ósseo.
A postura pode afetar a comunicação humana. Comunicamo-nos utilizando não
somente a voz, mas todo corpo. Um indivíduo que fala sem movimentação
corporal geralmente causa desconforto no ouvinte. Para uma comunicação efetiva,
o corpo e a voz devem expressar a mesma intenção.
27
A integração corpo-voz é um dos parâmetros básicos pelos quais podemos avaliar
o equilíbrio emocional de um indivíduo. Posturas corporais inadequadas
geralmente estão associadas a uma emissão vocal deficiente. Os desvios de
postura que devem ser evitados, principalmente durante a fala, pois limitam a boa
produção da voz, são: cabeça elevada ou inclinada para os lados; tensão de face
com boca travada; olhos excessivamente abertos; elevação ou contração de
sobrancelhas; pescoço com músculos saltados e veias túrgidas; peito comprimido;
ombros erguidos ou rodados para frente; e bloqueio da movimentação corporal,
principalmente da cabeça e dos braços.
Assim sendo, a postura ideal durante a fala pode ser resumida de acordo com as
seguintes direções gerais: o corpo deve estar livre para que acompanhe o
discurso espontaneamente, sem movimentação excessiva, o que cansa o ouvinte
e gera ansiedade, mas também sem rigidez, como se o indivíduo estivesse
paralisado; deve-se manter um eixo vertical único pelo alinhamento da coluna
cervical, e o resto da coluna vertebral, ou seja, o corpo deve ser mantido reto, sem
quebras no sentido lateral ou antero-posterior; e não devem ser observadas zonas
específicas de tensão. Um corpo com movimentos harmônicos favorece a
movimentação livre da laringe e a produção adequada da voz.
4.7. Poluição
O ar passa pela laringe e, conseqüentemente, pelas pregas vocais, a poluição
atmosférica representa um problema para a voz. Cidades grandes sofrem muito
violentamente os efeitos da poluição. Uma das principais fontes de poluentes são
os automóveis, que emitem monóxido de carbono, chumbo, óxido de nitrogênio,
ozônio e uma série de emissões tóxicas. A principal causa da poluição atmosférica
é a queima de combustíveis.
O monóxido de carbono interfere na capacidade do sangue em absorver o
oxigênio, prejudicando a percepção e a atividade mental, retardando os reflexos e
ameaçando o crescimento e o desenvolvimento mental do feto, em mulheres
grávidas. O chumbo afeta os sistemas circulatório, reprodutor, nervoso e renal e
28
também diminui a capacidade de aprendizagem das crianças. O óxido de
nitrogênio pode aumentar a suscetibilidade a infecções virais, irritando os
pulmões, causando bronquite e pneumonia. O ozônio irrita as membranas
mucosas das vias respiratórias, causando tosse, prejudicando a função pulmonar,
reduzindo a resistência a resfriados e à pneumonia, podendo ainda agravar
doenças crônicas do coração. Finalmente, fazem parte dessas substancias tóxicas
diversos compostos suspeitos de causar câncer e deformidades congênitas.
A poluição pode produzir alterações vocais e laríngeas agudas ou crônicas. As
situações mais extremas, evidentemente, envolvem acidentes com fogo, fumaça e
o vazamento de vapores químicos que podem lesar toda a árvore respiratória, das
narinas aos pulmões. Outra situação é a do uso de fumaça artística, o gelo seco,
para efeitos pirotécnicos, como fogos de artifício. Tais artifícios pirotécnicos criam
efeitos de som e luz, mas ao mesmo tempo projetam toxinas químicas no meio
ambiente.
Numa situação diária e crônica, a exposição ao ar poluído pode resultar numa
resposta irritativa da árvore respiratória e, do mesmo modo, do trato vocal.
Os sintomas vocais e laríngeos relacionados à poluição geralmente incluem
rouquidão, sensação de irritação na garganta, tosse, dificuldade na respiração e
irritação dos tecidos da boca, língua, nariz e de toda árvore respiratória.
Vermelhidão na pele e nos olhos são associações freqüentes, assim como
alterações gástricas como náuseas e vômitos podem também acompanham esses
quadros. Essas alterações, geralmente, afetam a voz de modo temporário, mas a
exposição prolongada pode piorar a condição vocal e dificultar o tratamento.
Embora quando falamos em poluição nossa associação mais imediata é a
atmosférica, mas especificamente quanto à voz, não podemos esquecer da
poluição auditiva.
A exposição a ambientes ruidosos coloca em risco não somente a audição, que
pode sofrer perdas irreversíveis, mas também a voz. Quando estamos em um
local barulhento, por um comportamento reflexo, imediatamente elevamos a voz
em um esforço para nos comunicarmos, tentando vencer o ruído de fundo. Essa
29
resposta reflexa faz com que entremos em competição sonora, o que ocorre de
modo automático, sem a nossa consciência. Raramente temos consciência da
intensidade e do esforço vocal utilizado nessas situações.
4.8. Alergias
Alergia é uma resposta de sensibilidade elevada a determinadas substancias. Um
indivíduo alérgico é, portanto, um indivíduo hipersensível. A reação alérgica pode
ocorrer por algo que foi inalado, injetado, ingerido ou absorvido pela pele. O
mecanismo da reação alérgica é extremamente complexo e o grau de resposta
alérgica varia enormemente.
Quanto à voz, particularmente apresentam maior interesse as alergias das vias
respiratórias, tais como bronquite, asma, rinite, faringite e laringite. Indivíduos com
reações alérgicas nessas regiões são mais propícios a desenvolverem problemas
de voz, numa relação direta com o grau da alergia. Observa-se uma tendência ao
edema das mucosas respiratórias, o que dificulta a vibração livre das pregas
vocais. Por outro lado, a presença constante de secreção pode levar a uma
irritação direta da laringe.
Indivíduos alérgicos que usam muito a voz em seu trabalho devem seguir
corretamente as orientações médicas, na tentativa de evitar as crises, ou, pelo
menos, de reduzir a freqüência de suas ocorrências e minimizando as
manifestações nas vias aéreas.
Profissionais da voz alérgicos devem fazer todo o esforço para evitar o contato
com as substancias ou situações que desencadeiam suas crises, particularmente
mofo, umidade, poeira, agasalhos de lã, tintas fresca e animais domésticos.
É importante que a alergia seja controlada e, se possível, que o agente de disparo
da reação seja identificado.
30
4.9. Alimentação Inadequada
O estado nutricional de um indivíduo é um dos fatores mais importantes em sua
sobrevivência e para a definição de seu estado de saúde. No entanto, são raras as
pessoas que observam racionalmente o que comem.
A regularidade e o equilíbrio da alimentação são essenciais para a produção da
voz. As dietas alimentares devem ser basicamente protéicas, auxiliando a força e
a tonicidade muscular. Alimentos muito pesados e condimentados devem ser
preteridos, pois dificultam a digestão e prejudicam a movimentação livre do
diafragma. A produção da voz é um processo de grande gasto de energia, não
devemos falar ou cantar em jejum, como também não devemos nos alimentar
muito próximo das situações de utilização da voz. A refeição antes do uso
profissional da voz deve ser tranqüila, os alimentos bem mastigados irão
proporcionar um relaxamento da musculatura da mandíbula. Os derivados do leite
(chocolate, queijos, iogurtes, etc) devem ser evitados, pois aumentam e
engrossam a secreção do trato vocal. Bebidas e alimentos gelados costumam
provocar um choque térmico, levando a uma descarga de muco associada a um
edema de pregas vocais.
4.10. Falta de Repouso Adequado
A produção da voz é uma função de enorme gasto energético. A energia
necessária para colocar as pregas vocais em vibração e produzir a voz é muito
grande e pode ocorrer fadiga vocal após uso excessivo ou uso da voz em grande
intensidade. Na situação de fadiga vocal, a voz sai mais fraca, mais baixa, com
modulação restrita e com ar na emissão. O aparelho fonador não consegue
mobilizar adequadamente suas estruturas para produzir uma qualidade vocal
plena. A fadiga pode ser tão intensa que inclui também o cansaço corporal global.
O indivíduo pode até parar de falar pelo grande esforço necessário para manter a
emissão.
31
Geralmente, após uma noite bem dormida, os sintomas da fadiga vocal
desaparecem e, no dia seguinte, a voz retorna às condições usuais. Nosso
organismo precisa em média de 8 horas de sono tranqüilo por noite para recuperar
as energias. Uma noite mal dormida pode significar uma voz rouca e fraca pela
manhã.
Além do repouso corporal, devemos também considerar o repouso vocal. Após o
uso intenso da voz, é ideal um período de descanso ou de uso limitado, com o
mesmo número de horas que foi empregado no uso da voz.
A resistência vocal é um aspecto da produção da voz com grandes variações
individuais. Algumas pessoas naturalmente apresentam vozes mais resistentes,
enquanto outras demonstram sinais de fadiga vocal após pouco tempo de uso
contínuo da voz. A resistência vocal básica é definida por fatores genéticos,
neurológicos e comportamentais, podendo ser melhorada com treinamento vocal.
O uso consciente e saudável da voz, alternando a períodos de repouso vocal
relativo, é uma estratégia para aumentar a resistência vocal. A prática de
aquecimento vocal deve ser utilizada por profissionais da voz para reduzir o risco
de lesões nas pregas vocais.
4.11. Refluxo Gastroesofágico
O refluxo gastresofágico é a passagem do suco gástrico para o esôfago, que sobe
em direção à boca. Esse retorno de líquido estomacal pode atingir a boca, o nariz
e até mesmo banhar a laringe e as pregas vocais.
O principal sintoma de refluxo é queimação no esôfago e azia, mas nem todas as
pessoas que tem refluxo apresentam esses sinais. Outros sinais da presença de
refluxo são a regurgitação dos alimentos, presença de pigarro constante,
sensação de corpo estranho ou bolo na garganta, saliva viscosa, mau hálito e
problemas digestivos.
Quando o refluxo atinge a laringe, o suco gástrico, altamente irritativo, produz
lesões na delicada mucosas das pregas vocais e das outras estruturas do órgão.
32
Pessoas com refluxo podem apresentar rouquidão após as refeições e ao
acordar, além dos sintomas acima descritos.
O refluxo gastresofágico é favorecido por uma série de substancias, tais como
alimentos muito gordurosos e condimentados, cafeína, leite e achocolatados,
refrigerantes, bebidas gasosas, álcool, frituras, produtos dietéticos e os citicos.
Além de o controle alimentar, algumas medidas práticas podem ser tomadas para
evitar que o refluxo atinja a laringe. Uma prática muito útil é a elevação da
cabeceira da cama. Outra é nunca se deitar após comer, esperando o processo da
digestão, por pelo menos duas horas.
4.12. Ar Condicionado e Calefação
O limite de resistência ao ar condicionado é individual, mas, de modo geral, ocorre
uma agressão à mucosa das pregas vocais, pois o resfriamento do ambiente é
acompanhado pela redução da umidade do ar. Essa baixa umidade provoca o
ressecamento do trato vocal, o que induz a uma produção vocal com esforço e
tensão.
Medidas como colocar baldes de água ou plantas aquáticas em ambientes com ar
condicionado são ineficazes, uma vez que a evaporação da água é muito baixa e,
portanto, não umedece suficientemente o ar.
Se o uso de ar condicionado for inevitável, aconselha-se a ingestão constante de
água a temperatura ambiente. Convém lembrar que, além do ressecamento do
ambiente, há, também, a questão da competição sonora. Desta forma, em locais
com ar condicionado fala-se mais alto e mais tensamente e com o trato vocal
seco.
Em locais que durante o inverno é utilizado aquecimento por calefação ou estufa,
encontramos o mesmo mecanismo de ressecamento do ar que ocorre em locais
com ar condicionado, sendo também necessária a reposição de líquidos no
organismo.
33
4.13. Hidratação
A vibração das pregas vocais para produzir a voz é muito rápida, exigindo uma
mucosa solta e flexível. Para que essa vibração ocorra de modo livre e com atrito
reduzido é essencial que a laringe esteja bem hidratada. A água é um componente
vital para todas as funções de nosso organismo e a produção vocal também
depende dela.
O ideal é que sejam ingeridos de 8 10 copos de água por dia, para garantir a
reposição das perdas de líquido pela urina e pela transpiração. O líquido não
passa pela laringe, mas sim pelo esôfago, portanto essa hidratação se faz de
forma indireta. Esforços ao falar, pigarro constante e saliva grossa podem ser
sinais de hidratação insuficiente.
Profissionais da voz necessitam ainda mais de hidratação, pois pertencem ao
grupo de alto risco de problemas vocais.Nas situações de uso intensivo da voz, o
indivíduo deve hidratar-se intensivamente, tomando d 4 a 6 copos de água 2 horas
antes do uso da voz.
4.14. Vestuário
O vestuário pode interferir de três modos negativos na produção da voz :
compressão, alergias e postura.
A compressão da região do pescoço e abdômen são as piores para a voz. Por
isso, roupas que apertem essas regiões, assim como roupas muito justas de
maneira geral, devem ser evitadas por causarem dificuldades para o movimento
respiratório e para a liberdade da movimentação muscular.
As alergias são responsáveis por inúmeros problemas vocais. Por isso,é
aconselhável utilizar tecidos de fibras naturais, como o algodão, que possibilita
uma fácil transpiração, ao invés de sintéticos.
As posturas corporais inadequadas também favorecem o aparecimento de
problemas vocais. Desta forma, os sapatos devem ser preferencialmente baixos e
de material natural, como couro. Saltos altos provocam uma postura tensa a fim
34
de manter o corpo ereto e, conseqüentemente, enrijecem a postura corporal,
dificultando a emissão vocal.
4.15. Medicamentos
A automedicação é uma pratica corrente em nossa sociedade. As pessoas tomam
remédios receitados para seus amigos ou familiares, indicados por conhecidos ou
ainda que foram receitados num quadro anterior e passam a ser repetido
indiscriminadamente. Tal situação é extremamente perigosa e pode ser um risco
não somente para saúde vocal, mas também a saúde geral do indivíduo.
Medicamentos são complexos químicos que podem comprometer decisivamente
sua produção vocal e sua vida, quando administrados incorretamente.
Partindo-se do pressuposto que os medicamentos são administrados por médicos
e em circunstancias especiais, iremos agora ressaltar os remédios que devem ser
evitados pelos indivíduos que usam a voz profissionalmente.
Analgésicos, que são os empregados para o alivio da dor, que contêm acido
acetilsalisílico provocam sangramento e podem provocar hemorragia nas pregas
vocais.
“Sprays” nasais, que são usados nas crises alérgicas e em estados gripais, não
devem ser utilizados por mais de cinco dias, a fim de evitar a dependência. O uso
prolongado provoca o chamado efeito rebote, que é nesse caso um edema da
mucosa quando a medicação é interrompida, provocando uma obstrução nasal
ainda mais intensa. Os descongestionantes têm ainda como efeito secundário o
ressecamento da mucosa do nariz e também da laringe, dificultando a vibração
das pregas vocais.
Os antitussígenos são supressores da tosse, mas causam, como efeito
secundário, o ressecamento das pregas vocais.
Anti-histamínicos e corticosteróides, que são empregados nas alergias e
inflamações, provocam uma diminuição das secreções do trato vocal, produzindo
35
ressecamento do nariz, da boca e da laringe, além de reações colaterais como
insônia, irritabilidade, irritação gástrica, e tremor, que pode ser percebido na voz.
Os antidiarréicos também reduzem a produção das secreções e podem provocar
secura na laringe, dificultando a boa emissão vocal.Os diuréticos provocam
redução da saliva, ressecamento da boca e da garganta, produção densa e
viscosa, além de pigarro persistente.A vitamina C se consumida em alta dosagem
pode produzir um efeito secundário de ressecamento do trato vocal.
Os hormônios são medicações que podem causar profundas modificações na
qualidade vocal, tanto por modificações nas estruturas do aparelho fonador, como
por alterações nos conteúdos dos fluidos do corpo. Os andrógenos têm efeito
muito acentuado na voz feminina, podendo deixar sua freqüência muito grave, na
faixa da voz masculina, ocorrendo um processo de virilização vocal. Embora
muitas vezes usados no tratamento de disfunções da menopausa ou em alguns
tipos de câncer, podem ocorrer mudanças vocais profundas, e nem sempre
reversíveis, o que pode limitar o uso da voz profissional
36
CAPÍTULO V
TREINAMENTO
37
5.1 Treinamento Como Processo Educacional
A palavra treinamento possui diversos significados. Abordaremos o treinamento,
enquanto desenvolvimento pessoal. Sendo assim, ele tem um enfoque
educacional, uma vez que, procura capacitar as pessoas para o ambiente interno
ou externo ao trabalho.
Podemos entender educação como toda e qualquer influencia que o indivíduo
recebe do meio social, no sentido de adaptar-se às normas e valores sociais
vigentes. O indivíduo, todavia, recebe essas influencias, internaliza-as de acordo
com seus interesses e predisposições e enriquece ou modifica seu
comportamento dentro dos sues próprios padrões pessoais.
A educação é o preparo do indivíduo para a vida e pela a vida. Existem dois tipos
de educação, a social e a profissional. Nesse trabalho iremos nos deter apenas na
profissional.
Educação profissional visa ao preparo do indivíduo para a vida profissional.
Compreende três etapas interdependentes, mas distintas: formação,
aperfeiçoamento e treinamento. Falaremos apenas sobre o treinamento.
Treinamento, segundo Chiavenato, é o processo educacional de curto prazo
aplicado de maneira sistemática e organizada, através do qual as pessoas
aprendem conhecimentos,atitudes e habilidades em função de objetivos definidos.
O treinamento envolve a transmissão de conhecimentos específicos, atitudes
frente a aspectos pessoais, organizacionais, da tarefa e do ambiente, e
desenvolvimento de habilidades.
O conteúdo do treinamento pode envolver quatro tipos de mudança de
comportamento: transmissão de informações, desenvolvimento de habilidades,
modificação de atitudes e desenvolvimento de conceito.
No treinamento com enfoque de transmissão de informações, o conteúdo é o
elemento essencial do programa. Normalmente, as informações são genéricas, de
preferência sobre o trabalho, sobre a empresa, seus produtos e serviços, sua
38
organização política, regras e regulamentos, podendo envolver também
transmissão de novos conhecimentos.
O treinamento voltado para o desenvolvimento de habilidades trata-se de um
treinamento voltado diretamente para as tarefas e operações a serem executadas.
Ele visa as destrezas e conhecimentos diretamente relacionados com o
desempenho do cargo atual ou de possíveis ocupações futuras.
O treinamento com enfoque de mudanças de atitudes, geralmente lida com
mudanças de atitudes negativas para atitudes mais favoráveis, aumento de
motivação, desenvolvimento da sensibilidade das pessoas em relação a elas
mesmas e aos outros. Pode também envolver aquisição de novos hábitos e
atitudes, principalmente em relação aos outros e a si mesmo.
O treinamento voltado para o desenvolvimento de conceitos pode ser conduzido
no sentido de elevar o nível de abstração de idéias e de filosofias, seja para
facilitar a aplicação de conceitos na prática administrativa, seja para elevar o nível
da generalização desenvolvendo pessoas que possam pensar em termos globais
e amplos.
Os principais objetivos do treinamento são: preparar o pessoal para a execução
imediata das diversas tarefas do cargo, proporcionar oportunidades para o
continuo desenvolvimento pessoal e mudar a atitude das pessoas para criar um
clima mais satisfatório na organização. De acordo com o objetivo será utilizado um
ou mais enfoques de treinamento.
5.2. Treinamento Como Processo De Aprendizagem
Segundo Chiavenato, “treinamento é o ato intencional de fornecer meios para
possibilitar a aprendizagem”. Aprendizagem é a transformação que surge como
resultado dos esforços de cada indivíduo. A aprendizagem é uma mudança no
comportamento no comportamento que se manifesta dia a dia em todos os
indivíduos.
39
O treinamento deve orientar essas experiências de aprendizagem num sentido
positivo e benéfico e reforçá-las com atividade planejada, a fim de que os
indivíduos em todos os níveis da empresa possam desenvolver mais rapidamente
seus conhecimentos, atitudes e habilidades que beneficiarão a eles mesmos e a
organização.
O treinamento obedece a uma seqüência programada de eventos, que fazem
parte de um processo contínuo cujo ciclo se renova a cada vez que se repete. Ele
pode ser comparado a um modelo de sistema aberto, cujos componentes são:
entrada, como treinandos, recursos organizacionais, informações e habilidades;
processamento, como processos de aprendizagem individual e o programa de
treinamento; saídas, como pessoal habilitado, sucesso ou eficácia organizacional
e retroação, como avaliação dos procedimentos e resultados do treinamento
através de meios informais ou pesquisas sistemáticas.
5.3. Etapas do Treinamento
O treinamento é um processo composto por quatro etapas, são elas: diagnóstico,
elaboração, implementação e avaliação. A primeira etapa do é o levantamento
das necessidades de treinamento da organização. A segunda consiste na
programação de treinamento para atender às necessidades. A terceira é a
aplicação dos programas previamente elaborados. A quarta, e última, é o
acompanhamento, verificação e comparação da situação atual com a situação
anterior.
O levantamento de necessidades de treinamento é uma forma de diagnóstico que
deve basear-se em informações relevantes.Os principais meios utilizados para
este levantamento são: avaliação de desempenho, observação, questionários,
solicitação de supervisores, entrevistas com supervisores, reuniões
interdepartamentais, exame de funcionários, modificação do trabalho, entrevista
de saída, análise de cargos e relatórios periódicos.
40
Através da avaliação de desempenho é possível descobrir os funcionários que
executam sua tarefa abaixo de um nível satisfatório. Na observação pode-se
verificar onde há evidencias de trabalho ineficiente, como quebra de
equipamentos, atraso no cronograma, perda de matéria-prima, número acentuado
de problemas disciplinares, alto índice de ausência, dentre outros. Já, o
questionário é uma pesquisa, realizada com os funcionários, ou com a supervisão,
que coloca em evidência as necessidades de treinamento. Nesse trabalho, foi
realizado este meio de levantamento das necessidades.
A solicitação de supervisores ocorre quando a necessidade de treinamento atinge
um nível elevado e os próprios solicitam treinamento para a sua equipe. Enquanto
que a entrevista com supervisores são contatos diretos, com referencia a
problemas solucionáveis através do treinamento.
As reuniões interdepartamentais são discussões, entre departamentos diversos,
acerca de assuntos concernentes aos objetivos da organização, problemas
operacionais, planos para determinados objetivos e outros assuntos
administrativos.
O exame de funcionários é o resultado dos exames de seleção de funcionários
que executam determinadas funções ou tarefas. Já a modificação de trabalho
ocorre sempre que modificações parciais ou totais nas rotinas de trabalho sejam
introduzidas.
A entrevista de saída ocorre quando o empregado está deixando a organização, é
o momento para conhecer as razões que motivaram sua saída. È possível que
diversas deficiências da organização, passíveis de correção, sejam relatadas.
A análise de cargo proporciona um quadro das tarefas e habilidades que o
ocupante deverá possuir, e os relatórios periódicos mostram possíveis deficiências
passíveis de treinamento.
Uma vez realizado o diagnóstico do treinamento, ou seja, efetuado o levantamento
e a determinação das necessidades, passa-se então à sua programação.O
levantamento das necessidades deve fornecer as seguintes informações para que
41
se possa traçar a programação: o que deve ser ensinado, quem deve aprender,
quando deve ser ensinado, como deve ser ensinado e quem deve ensinar.
A elaboração do treinamento requer um planejamento que envolve a abordagem
de uma necessidade de cada vez, a definição clara do objetivo do treinamento, a
divisão do trabalho a ser desenvolvido em módulos, a determinação do conteúdo,
a escolha dos métodos e tecnologia disponível, a definição dos recursos
necessários para implementação, a definição da população alvo, do local e da
época, além de cálculo da relação custo-benefício do programa, e controle e
avaliação dos resultados.
Após terminada a elaboração, passaremos para a implementação, que é a terceira
etapa do processo de treinamento.
A implementação pressupõe o binômio instrutor – aprendiz. Os aprendizes são as
pessoas que necessitam aprender ou melhorar seus conhecimentos. Os
instrutores são as pessoas que transmitem seus conhecimentos aos aprendizes.
Além disso, o treinamento pressupõe uma relação instrução – aprendizagem.
Instrução é o ensino organizado de tarefas, atividades ou atitudes. Aprendizagem
é a incorporação daquilo que foi instruído ao comportamento do
indivíduo.Portanto, aprender é modificar o comportamento em direção ao que foi
ensinado.
A execução do treinamento depende da adequação do programa às necessidades
da organização, da qualidade do material apresentado, da cooperação dos
dirigentes da organização, da qualidade e preparo dos instrutores e da qualidade
dos aprendizes.
A decisão de se estabelecer programas de treinamento depende da necessidade
de melhorar o nível dos funcionários. O treinamento deve ser a solução dos
problemas que deram origem às necessidades diagnosticadas.
O material de ensino deve ser planejado a fim de facilitar a execução do
treinamento. Ele visa concretizar a instrução, objetiva facilitar a compreensão pela
utilização de recursos audiovisuais, aumentar o rendimento do treinando e
racionalizar a tarefa do instrutor.
42
O treinamento deve ser feito com todas as pessoas da organização. Sua
manutenção envolve muito esforço e entusiasmo por parte de todos aqueles que
estejam ligados ao assunto, além de implicar em um custo que deve ser visto
como investimento que capitalizará dividendos, ou evitará o desperdício, a médio
e curto prazos. É necessário contar com o espírito de cooperação das pessoas e
com o apoio dos dirigentes, pois todos devem participar no planejamento e na
execução do programa.
O êxito da execução dependerá do interesse, do interesse, do gabarito e do
treinamento dos instrutores. É importante o critério de seleção dos instrutores.
Estes devem reunir qualidades pessoais como: facilidade no relacionamento
humano, motivação, didática, facilidade de expor idéias, além de conhecimento da
especialidade. Os instrutores devem reconhecer as responsabilidades da função e
estar dispostos a assumi-las.
A qualidade de aprendiz influi nos resultados do programa de treinamento. Os
melhores resultados são obtidos com uma seleção adequada dos aprendizes, em
função da forma e conteúdo do programa e dos objetivos do treinamento para que
se tenha um grupo homogêneo de pessoas.
Após as três etapas do treinamento, iremos chegar na etapa final que é a
avaliação dos resultados obtidos. O programa de treinamento deve ter uma
avaliação de sua eficiência. A avaliação deve verificar se o treinamento produziu
as modificações desejadas no comportamento dos funcionários, e se os
resultados apresentaram relação com o alcance das metas da organização.
Segundo Chiavenato, o treinamento pode ser uma resposta lógica a um quadro
de condições ambientais mutáveis e a novos requisitos para a sobrevivência e
crescimento da organização. Os critérios de eficácia do treinamento tornam-se
significativos quando considerados em conjunto com as mudanças no ambiente
organizacional e nas demandas sobre a organização.
43
CAPÍTULOVI
ORGANIZAÇÃO, LEITURA E ANÁLISE DOS DADOS
44
6.1. Instrumento de Coleta de Dados
AVALIAÇÃO DA PERCEPÇÃO VOCAL Nome: _________________________________________________Idade: ____________ Nº de aulas / semana: _____________ Há quanto tempo é professor?______________ 1. Você gosta de sua voz? ( )SIM ( ) NÃO 2. Você acha sua voz rouca? ( )SIM ( ) NÃO 3. Você fica rouco(a) com freqüência? ( )SIM ( ) NÃO 4. Você já teve ou tem problemas de voz? ( )SIM ( ) NÃO 5. Após as aulas você fica sem voz ou com a voz rouca? ( )SIM ( ) NÃO 6. Durante a aula sua voz some? ( )SIM ( ) NÃO 7. Você acha sua voz forte demais? ( )SIM ( ) NÃO 8. Você acha sua voz fraca demais? ( )SIM ( ) NÃO 9. Sente algum destes sintomas na garganta: ( ) coceira ( ) ardor ( ) dor ( ) secura ( ) queimação ( ) aperto ou bolo ( ) cansaço vocal 10. Você sente que falta ar para terminar as frases? ( )SIM ( ) NÃO 11. Ao final do dia sua voz fica fraca? ( )SIM ( ) NÃO 12. Você fala mais alto que a turma? ( )SIM ( ) NÃO 13. Quando você fala suas veias do pescoço “saltam”? ( )SIM ( ) NÃO 14. Você sente dores na região do pescoço, quando fala? ( )SIM ( ) NÃO 15. Você é um profissional da voz? ( )SIM ( ) NÃO 16. Além da atividade de professor, você usa a voz de modo intenso em outras ocasiões? ( )SIM ( ) NÃO 17. Você fala durante muitas horas seguidas? ( )SIM ( ) NÃO 18. Você pigarreia constantemente? ( )SIM ( ) NÃO 19. Você tem alergia nas vias respiratórias? ( )SIM ( ) NÃO 20. Você costuma beber quantos copos de água por dia? ( ) de 01 a 03 ( ) de 03 a 08 ( ) mais de 08 21. Você tem dificuldades digestivas (azia, refluxo gastroesofágico)? ( )SIM ( )NÃO 22. Você fuma? ( )SIM ( ) NÃO 23. Você costuma beber bebida alcoólica? ( )SIM ( ) NÃO 24. Você se automedica quando tem problemas de garganta? ( )SIM ( ) NÃO 25. Você tem problemas de audição? ( )SIM ( ) NÃO 26. Você gosta de falar? ( )SIM ( ) NÃO 27. Você dá aula ( )sentado ( ) em pé parado ( )andando 28. Você costuma ficar em ambiente com ar condicionado? ( )SIM ( ) NÃO 29. Você costuma beber quantas xícaras de café por dia? ( ) até 01 ( )02 ( )03 ( ) mais de 03 30. Antes ou durante o trabalho você costuma ingerir: ( ) chocolate ( ) café ( ) balas mentalizadas (“geladinhas”) ( )spray 31. Você costuma usar: ( ) calça apertada ( ) salto alto ( ) cinto 32. Você acha que tem conhecimento suficiente sobre o uso da voz para atuar profissionalmente? ( )SIM ( ) NÃO
45
6.2. Organização dos Dados A organização dos dados foi elaborada da seguinte forma: nas linhas verticais estão dispostas as categorias de análise, as quais agrupam um certo número de perguntas, e nas horizontais estão dispostos os informantes. As letras S e N significam sim e não respectivamente. Perguntas I 1 I 2 I 3 I 4 I 5 I 6 I 7 I 8 I 9 I 10 I 11 I 12 I 13 I 14 I 15 I 16 I 17 I 18 I 19 I 20 I 21
Sexo M M M M M F M M M M F M M M F M F M M M F Idade 59 48 41 42 49 58 40 50 44 31 27 26 32 40 48 42 34 52 60 55 33 Nº aulas por semana
12 12 9 14 13 20 20 32 60 30 13 22 3 ---- 30 9 22 25 30 30 20
Per
fil d
o In
form
ante
Tempo que leciona
37 18 5 2 28 6 10 31 20 2 2 1 1 5 20 10 10 2 31 33 6
Gosta da voz S S S S S N S S S N S S S S S S N N N S S Acha voz rouca N N N N N S N N S N S N N S S N N N N S N Fica rouco(a) com freqüência
N N N N N S N N S N N S N N N N N S N N N
Já teve ou tem problemas de voz
S N N N N N N S N N N N S N S S S N N N N
Após as aulas fica sem voz ou com a voz rouca
N N N N N N N N S N N N S N N N N S N N S
Durante a aula a voz some
N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N
Sua voz é forte demais
S N N N S N S N N N N N N N N N N N N S N
Sua voz é fraca demais
N N N N N N N N S N N N N N N N N N N N N
Voz
def
inid
a pe
lo in
form
ante
Tem conhecimento suficiente sobre o uso da voz
S N N S S N N N N N N S N N S N N N N N N
Sente coceira na garganta
S N N N N N N N N N S N N N N N N N N N N
Sente ardor na garganta
N N N N N S N N S N N N N N N N N N N N N
Sin
tom
as
Voc
ais
Sente dor na garganta
N N N N N N N N N N N N N N N N N S N N N
46
Perguntas I 1 I 2 I 3 I 4 I 5 I 6 I 7 I 8 I 9 I 10 I 11 I 12 I 13 I 14 I 15 I 16 I 17 I 18 I 19 I 20 I 21 Sente secura na garganta
N S N N N S S N S N N N S S N N N S N S S
Sente queimação na garganta
N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N
Sente aperto ou bolo na garganta
N N N N N N N N N N N N N N N N N N S N N
Sente cansaço vocal
N N N N N N N N S S N S N N S N S S N N N
Sente que falta ar para terminar as frases
N N N N N N N N S S S S N N N N N S N N S
Ao final do dia a voz fica fraca
N N N N N N N N S N N N N N S N N N N N S
Quando fala as veias do pescoço “saltam”
N N N N N S N N S N N N N N N N N N N N N
Sin
tom
as V
ocai
s
Sente dores na região do pescoço, quando fala.
N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N
Usa muito a voz em outras ocasiões
S S N N S N S N N N N S N S N N N S N N N
US
O
Fala durante muitas horas seguidas
S S N S S S S N S S S S N S S N S S S S S
Pigarreia constantemente
N S N N N S N N N N N N N N N N N S N N N
Fuma N N S N S S N N N N N N N N N N N N N N N Costuma beber bebida alcoólica
N N N S S N N N S S N N N S N N N N N N N
Gosta de falar S S S S S N S S S S S S S S S S S S S S S
Háb
itos
Pes
soia
is
Costuma ficar em ambiente com ar condicionado
S S S S S N S S S S S S N S S S S S S S S
47
Perguntas I 1 I 2 I 3 I 4 I 5 I 6 I 7 I 8 I 9 I 10 I 11 I 12 I 13 I 14 I 15 I 16 I 17 I 18 I 19 I 20 I 21
Costuma beber mais de 08 copos de água por dia
S S N N N S S N S N N S S N N N N N N N N
Costuma beber até 01 xícara de café por dia
N N N N N N N N N N N S N N N S N N N S N
Costuma beber 02 xícaras de café por dia
N N S N N N N N S N S N N N S N N S N N N
Costuma beber 03 xícaras de café por dia
S N N S N S S N N N N N N N N N N N S N N
Háb
itos
Pes
soia
is
Costuma beber mais de 03 xícaras de café por dia
N S N N S N N S N S N N S S N N S N N N S
Tem alergia nas vias respiratórias
N S N N N S N S N N S N S N N N N S S N N
Tem dificuldades digestivas
N N N N --- N N N N N S N N S N S N S N N S
Saú
de G
eral
Tem problemas de audição
N N N N N S N N N N N N N N N N N N S N N
É um profissional da voz
S S N N N N N N N S S N S S S S S N N S S
Fala mais alto que a turma
N S S S S S S N N S S S N S N S S N S S S
Costuma dar aula sentado
N N N N N N N S N N N S N N N N N N N N N
Costuma dar aula em pé parado
N N N N N S N S N N N N N N N N N N N N N
Prá
tica
Pro
fissi
onal
Costuma dar aula andando
S S S S S N S N S S S N S S S S S S S S S
48
6.3. Leitura dos Dados
De acordo com os dados obtidos na categoria perfil do informante podemos
observar que 76% da população pesquisada é do sexo masculino e 24% do
feminino. Observamos também que a idade de 29% dos pesquisados está entre
25 e 35 anos, 36 e 45, e 46 e 55, e 13% está com mais de 55 anos. Em relação ao
número de aulas por semana, observamos que 37% dão até 15 aulas por semana,
29% de 16 a 25, 24% de 26 a 35 e 5% mais de 35 e 5% não responderam a este
item. De acordo com o tempo que leciona observamos que 62% tem menos de 10
anos, 14% de 11 a 20 anos, 5% de 21 a 30 anos e 19% mais de 30.
Em relação à categoria voz definida pelo informante observamos que 76% dos
pesquisados gostam de suas vozes, 29% acham-na rouca, 19% ficam roucos com
freqüência e após as aulas ficam sem voz ou com a voz rouca e acham suas
vozes forte demais, enquanto que 5% acha sua voz fraca demais. Dos
pesquisados, 28% já tiveram ou têm problemas de voz e 24% tem conhecimento
suficiente sobre o uso da voz,
Na categoria sintomas vocais observamos que 10% da população investigada
sente coceira na garganta e outros 10% ardor, e quando falam as veias do
pescoço “saltam”. Constatamos também, que 5% sente dor e aperto ou bolo na
garganta, enquanto que 43% sente secura e nenhum sente queimação. Da
população investigada, 29% sente cansaço vocal e falta de ar par terminar as
frases, 14% fica com a voz fraca ao final do dia e ninguém sente dores na região
do pescoço.
Na categoria uso, constatamos que 33% usa a voz de modo intenso em outras
ocasiões, que não as em sala de aula e 80% fala durante muitas horas seguidas.
Na categoria hábitos vocais percebemos que 14% dos informantes, pigarreia
constantemente, outros 14% fuma, 24% costuma ingerir bebida alcoólica, 48%
automedica-se quando tem problemas na garganta, 95% gosta de falar e 91%
costuma ficar em ambiente com ar condicionado. Além de 29% ingerir balas
mentalizadas durante o trabalho, 52% ingerir café, 5% chocolate e nenhum utilizar
49
“spray”. Percebemos também que ninguém costuma usar calça apertada, 19%
costuma usar salto alto e 57% cinto. Dando continuidade, observamos que 5%
costuma beber de 01 a 03 copos de água por dia, 57% de 03 a 08, e 33% mais de
08. Enquanto que 10% costuma beber até 01 xícara de café por dia, 24% 02,
outros 24% costuma beber 03 xícaras de café e 38% bebe mais de 03 por dia.
Em relação a saúde geral, constatamos que 33% tem alergia nas vias
respiratórias, 24% dificuldades digestivas e 10% problemas de audição.
No que se refere a prática profissional, concluímos que 52% se consideram
profissionais da voz, 71% fala mais alto que a turma, 10% costuma dar aula
sentado, 5% em pé parado e 85% andando. Com isso, finalizamos a leitura dos
dados.
6.4. Análise dos Dados
De acordo com os dados obtidos, analisamos que dentre as pessoas que dizem
gostar da voz, algumas a definem como rouca. Esse fato é interessante, porque
significa que para essas pessoas a voz rouca não é considerada um desvio
vocal. Outro fato interessante a ser observado é a questão de 8% dos
pesquisados que dizem ter conhecimentos suficientes para atuar
profissionalmente, já tiveram ou tem problemas de voz. Com isso, podemos
suspeitar que eles foram ou estão sendo orientados por algum especialista da
área.
Observamos que 71% dos informantes apresentam pelo menos um sintoma vocal,
o que demonstra preocupação, pois enquanto profissionais da voz, deveriam
cuidar muito bem dela. Interessante que a maioria dos que tem algum sintoma
vocal acha que não tem conhecimento suficiente sobre o uso da voz.
Outro fato curioso é o de que 67% dos que pigarreiam dizem sentir mais de um
sintoma vocal, o que pode ser decorrente do esforço realizado ao pigarrear. Outro
fato interessante é que nem todos os que fumam pigarreiam. Além disso, dos que
50
fumam, 33% acham a voz rouca e também costumam ingerir bebidas alcoólicas,
ou seja, são fortes candidatos a terem sérios problemas vocais.
Outro item que chamou atenção foi que a única pessoa, que bebe de um a três
copos de água por dia, sente cansaço vocal, esse cansaço pode ser decorrente de
uma hidratação inadequada. Podemos observar também que as pessoas que
bebem até uma xícara de café, não o fazem durante o trabalho. Por outro lado,
todas as que bebem mais de três xícaras, as bebem no trabalho, e dos que bebem
café no trabalho, 72% bebe mais de três xícaras. Esse hábito pode levá-los a
desenvolver problemas vocais e gastro-esofagicos.
Foi analisado que os que dizem apresentar problemas de audição não gostam da
voz e nem a percebem fraca ou forte demais. Essa falta de percepção pode ser
decorrente da baixa auditiva, por eles mencionada.
Um fato interessante observado foi que dos informantes que lecionam há menos
de dez anos, 54% apresentam pelo menos um sintoma vocal. Dos que
apresentam pelo menos um sintoma vocal, 40% tem idade entre 25 e 35 anos,
13% entre 36 e 45 anos, 27% entre 46 e 55 anos e 20% mais de 55 anos.
Para finalizar, analisamos que dos 52% que se consideram profissionais da voz,
82% afirmam não ter conhecimento suficiente sobre o uso da voz, e dos 48% que
não se consideram profissionais da voz, 70% afirmam não ter conhecimento
suficiente sobre o uso da mesma. Este fato torna-se preocupante, porque
demonstra que mesmo os que se consideram profissionais da voz, não tem a
preocupação de ampliar seus conhecimentos sobre o instrumento de trabalho
mais precioso do professor.
51
CAPÍTULO VII
PROPOSTA DE TREINAMENTO VOCAL
52
O treinamento pode ser considerado um processo de desenvolvimento e
aprendizagem contínuo, que tem por objetivo aumentar a qualidade do bem
produzido e do serviço prestado. No caso deste trabalho, iremos objetivar a
melhoria da qualidade da comunicação verbal e da presencialidade profissional
nas organizações.
Porém o fator de maior relevância deste treinamento constitui-se em seu caráter
preventivo, ou seja, na manutenção da saúde vocal, através de hábitos vocais
adequados. Agindo preventivamente iremos reduzir o número de docentes
impossibilitados de atuar.
A primeira etapa do treinamento, o diagnóstico, é o levantamento das
necessidades de treinamento da organização. Este levantamento foi realizado
através de uma pesquisa com o corpo docente da graduação da Universidade
Cândido Mendes – Tijuca.
Pudemos observar, através dos dados coletados na pesquisa, que há
necessidade de uma maior informação e conscientização, por parte dos
professores, da importância do uso adequado da voz e das conseqüências que o
mau uso traz.
Passando para a segunda etapa, que consiste na programação de treinamento
para atender às necessidades, fundamentamo-la sobre os seguintes aspectos. O
primeiro foi a necessidade do treinamento, neste obtivemos que uma grande
porcentagem dos pesquisados não tem consciência de que é um profissional da
voz, além disso, acha que não tem conhecimento vocal suficiente para atuar
profissionalmente, e apresenta pelo menos um sintoma vocal. Esses fatos podem
levar a um afastamento, por motivos de saúde, do professor, o que,
conseqüentemente, irá prejudicar a organização. O segundo aspecto diz respeito
a causa do problema, que é decorrente de um despreparo e de uma falta de
consciência dos professores, quanto a importância da voz em seu trabalho.
Para traçarmos uma programação de treinamento, definimos que os professores,
principalmente os da graduação, devem participar desse processo de treinamento
vocal, que tem como objetivo desenvolver nos participantes a habilidade de
53
comunicar-se com eficiência e eficácia, expressar-se com clareza e transmitir suas
idéias aos discentes com desembaraço e sem prejuízo da voz. Definimos também,
que o ideal é que os professores passem pelo treinamento antes de iniciarem suas
atividades, ou seja, este treinamento tem um caráter preventivo. Ele pode ser
realizado nas próprias dependências da organização educacional, minimizando,
desta forma, seu custo, havendo necessidade, somente de recursos audiovisuais
e de um profissional habilitado e qualificado para ministrá-lo.
Dando continuidade a programação, iremos definir o conteúdo, que consiste em
noções básicas do aparelho fonador, coordenação entre respiração e fala,
cuidados com a voz, exercícios de relaxamento e de projeção vocal. Devemos
utilizar as técnicas de treinamento mistas, uma vez que essas são utilizadas para
transmitir informações e também para conscientizar e modificar comportamentos
e atitudes dos participantes.
Passaremos, agora para a terceira etapa que é a aplicação dos programas
previamente elaborados. Nela devemos observar que o programa está adequado
a necessidade da organização, uma vez que foi realizada uma pesquisa com esse
objetivo. Devemos observar, também, a qualidade dos instrutores e do material
utilizado, bem como a dos aprendizes. Além disso, é fundamental para a execução
do treinamento que haja uma cooperação por parte da cúpula da instituição.
A quarta, e última etapa é o acompanhamento, verificação e comparação da
situação atual com a anterior. Para tal, será elaborada uma ficha de avaliação
onde teremos os seguintes itens: auto-avaliação, avaliação de conteúdo, avaliação
dos métodos de ensino e avaliação do instrutor. Na auto-avaliação serão
abordados itens como: aquisição de novos conhecimentos, melhoria da qualidade
profissional, mudança de comportamento, possíveis melhorias. Na avaliação de
conteúdo serão abordados os itens: clareza, objetividade e criticas. Na de
métodos de ensino iremos abordar a metodologia utilizada, se foi satisfatória ou
não. E na avaliação do instrutor terá um espaço para críticas e observações.
Para finalizar o treinamento iremos colocar em prática tudo o que foi visto durante
o processo, ou seja, os aprendizes serão instrutores e os instrutores aprendizes.
54
Porque a melhor maneira de verificarmos nossa aprendizagem é através da
prática.
55
CONCLUSÃO
Após o desenvolvimento desta pesquisa, foi observado que a maioria dos
professores não tem conhecimento suficiente sobre seu principal instrumento de
trabalho, e muitos deles, nem se consideram profissionais da voz. O que significa
que não tem consciência de que usa-a profissionalmente.
Ao longo do trabalho foram mencionados alguns problemas que podem ser
provocados pelo abuso e pelo uso inadequado da voz. Além de fatores nocivos ao
trato vocal e a saúde geral do indivíduo. Infelizmente, a maioria deles não é
conhecida pelo professor, segundo observamos na pesquisa.
Percebemos que a falta de treinamento vocal do professor pode provocar danos a
sua saúde, influenciando, desta forma, na qualidade da educação. Uma vez que a
mensagem a ser transmitida sofre interferência, caso o professor esteja utilizando
a voz de maneira inadequada.
Podemos perceber que há uma enorme carência de informações a respeito do uso
profissional da voz, por parte dos professores, o que tem ocasionado desvios
vocais que impossibilitam-no de exercer plenamente sua profissão.
Treinar é a melhor forma de enriquecer e aprimorar os conhecimentos de um
profissional, além de prevenir possíveis acidentes de trabalho. Por esse motivo, foi
desenvolvida neste trabalho uma proposta de treinamento, com o objetivo de
evitar possíveis afastamentos por motivos de saúde.
Concluímos então que os professores necessitam de treinamento específico para
que possam usar adequadamente a voz, evitando, assim, desvios que afetem sua
vida profissional e sua relação com seus alunos. Afinal,os alunos são os clientes
mais importantes de qualquer organização educacional.
56
BIBLIOGRAFIA
BEHLAU, Mara; PONTES, Paulo. Higiene Vocal – Cuidando da voz. Rio de
Janeiro, Revinter, 1999
BOONE, R. Daniel; MCFARLANE, C. Stephen. A Voz e a Terapia Vocal. Porto
Alegre, Artes Médicas, 1994
CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de Pessoas. Rio de Janeiro, Campus, 1999
CHIAVENATO, Idalberto.Recursos Humanos. São Paulo, Atlas, 2002
MARCONI, A. Maria; LAKATOS, M. Eva. Metodologia Científica. São Paulo, Atlas,
1986
MARCONI, A. Maria; LAKATOS, M. Eva. Técnicas de Pesquisa. São Paulo, Atlas,
1982
PINHO, R. M. Sílvia. Fundamentos em Fonoaudiologia – Tratando os Distúrbios
da Voz. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 1998
ROBBINS, P. Stephen. Comportamento Organizacional. São Paulo, Prentice Hall,
2002
ZEMLIN, Willard R. Princípios de Anatomia e Fisiologia em Fonoaudiologia. Porto
Alegre, Artes Médicas, 2000
57
ÍNDICE FOLHA DE ROSTO ........................................................................................... 2
AGRADECIMENTOS ....................................................................................... 3
DEDICATÓRIA .................................................................................................. 4
RESUMO ........................................................................................................... 5
METODOLOGIA ................................................................................................ 6
SUMÁRIO .......................................................................................................... 7
INTRODUÇÃO .................................................................................................. 8
CAPÍTULO I
Conceito de voz e aspectos anatomo-fisiológicos da laringe
1.1 – Anatomo-fisiologia da laringe .................................................................. 10
1.2 – Conceito de voz ........................................................................................ 12
CAPÍTULO II
Voz profissional : a voz do professor
2.1–Voz profissional .......................................................................................... 15
2.2 – Voz do professor ....................................................................................... 17
CAPÍTULO III
Principais distúrbios vocais
3.1 – Nódulos Vocais ......................................................................................... 20
3.2 – Pólipos Vocais .......................................................................................... 20
3.3 – Laringite Traumática ................................................................................ 21
CAPÍTULO IV
Cuidados com a voz
4.1 – Fumo ........................................................................................................ 23
4.2 – Álcool ........................................................................................................ 24
4.3 – Maconha ................................................................................................... 24
58
4.4 – Cocaína .................................................................................................... 25
4.5 – Hábitos vocais inadequados ..................................................................... 25
4.6 – Posturas corporais inadequadas .............................................................. 26
4.7 – Poluição ............................................................................................... 27
4.8 – Alergias ................................................................................................ 29
4.9 – Alimentação inadequada .......................................................................... 30
4.10 – Falta de repouso adequado ............................................................... 30
4.11 – Refluxo gastresofágico ........................................................................... 31
4.12 – Ar condicionado ................................................................................ 32
4.13 – Hidratação .............................................................................................. 33
4.14 – Vestuário ............................................................................................... 33
4.15 – Medicamentos ......................................................................................... 34
CAPÍTULO V
Treinamento
5.1 – Treinamento como processo educacional ........................................... 37
5.2 – Treinamento como processo de aprendizagem ....................................... 38
5.3 - Etapas do processo de treinamento ..................................................... 39
CAPÍTULO VI
Organização, leitura e análise dos dados
6.1 - Instrumento de coleta de dados ............................................................... 44
6.2 – Organização dos dados .......................................................................... 45
6.3 – Leitura dos dados .................................................................................... 48
6.4 – Análise dos dados .................................................................................. 49
CAPÍTULO VII
Proposta de treinamento vocal ..................................................................... 51
CONCLUSÃO ................................................................................................ 55
59
BIBLIOGRAFIA ................................................................................................. 56
ÍNDICE ............................................................................................................. 57
60
ATIVIDADES CULTURAIS
61
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição: Universidade Cândido Mendes
Título da Monografia: A Importância do Treinamento Vocal do Professor
Autor: Flávia Cristina Barros Neves de Alvarenga
Data da entrega: 28 de Janeiro de 2004
Avaliado por: Conceito:
Avaliado por: Conceito:
Avaliado por: Conceito:
Conceito Final:
Top Related