UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR NA EDUCAÇÃO
INFANTIL
Por Ana Maria Levy
Orientador
Profª. Edla Lucia Trocoli Xavier Da Silva
Niterói
Julho de 2011
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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR NA EDUCAÇÃO
INFANTIL
Projeto apresentado à Disciplina de
Metodologia da Pesquisa e Monografia
do Curso de Educação Infantil da
Universidade Cândido Mendes –
A Vez do Mestre, como parte dos
requisitos para conclusão do curso.
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AGRADECIMENTO
Agradeço primeiramente a Deus, que sem ele não conseguiria
alcançar os meus objetivos, pois se hoje cheguei até aqui, foi por mérito
dele.
À minha mãe Dorzina Ferreira e à minha irmã Hélia, ao qual pude
contar sempre durante a minha ausência em casa.
Ao meu filho Victor pelo apoio que me deu durante todas as horas
difíceis e que é minha fonte de vida.
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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a minha diretora Maria Antônia de Azevedo
Miranda, pessoa muito especial, minha “madrinha” nesta grande etapa de
minha vida, contribuindo com estímulo e apoio total para a realização deste
sonho, e onde tenho como espelho de perseverança, força, luta e vitória
pela construção de seus sonhos e que me levou a crer que todos podem
vencer e alcançar seus objetivos desde que lutem para isso.
Meu eterno agradecimento, e que Deus continue sempre a guiá-la.
Muito Obrigada!
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RESUMO
Observa-se que o brincar vem sofrendo mudanças ao longo do
tempo. Essas transformações ocorrem tanto na redução do espaço físico,
quanto na redução do espaço temporal. Teve-se como objetivo geral neste
trabalho, investigar a importância da atividade lúdica na vida da criança
como meio de comunicação, bem como buscar através de referências
bibliográficas as experiências vividas por diversos profissionais de atuação
junto à infância, que se utilizaram do instrumento lúdico em atividades e que
deixam uma rica e vasta teoria para novas e constantes pesquisas e,
relacionar este procedimento ao brincar natural, objeto em foco deste
estudo, procurando sinalizar ao final da pesquisa, os valores que
representam este mesmo brincar natural.
Buscou-se, ainda como objetivos específicos: compreender de que
forma a brincadeira atua como um instrumento de observação e
compreensão da educação infantil; pesquisar como a criança elabora suas
experiências ao brincar e descrever como a brincadeira contribui na
resolução de conflitos infantis e favorece o aprendizado. É compreensivo
que o brincar é a ação do aprender fazendo e nesta, proporciona à criança
participar ativamente com o objetivo do prazer, do conhecimento e assim
ela vai se desenvolvendo através do partilhar à procura de soluções para
alguns problemas. É necessário que o professor esteja participando, sendo
o mediador deste processo, uma vez que são nas brincadeiras que as
crianças se expressam, desenvolvem sua criatividade, sua imaginação,
exteriorizando suas emoções e a preparando-se para sua vida adulta,eis a
necessidade de enfocar a importância do brincar e do lúdico no interior da
escola da educação infantil como princípio básico do desenvolvimento da
criança, tendo a contribuição de alguns teóricos como Vygotsky, Freud,
Kishimoto e Wajskop. Palavras-chaves: brincar, jogos e instrumentos
lúdicos, desenvolvimento infantil.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 7
1 – A HISTÓRIA DO BRINCAR NA SOCIEDADE 8
2 – O BRINCAR E A BRINCADEIRA NA INFÂNCIA 16
3 – A BRINCADEIRA E O DESENVOLVIMENTO INFANTIL 23
CONCLUSÃO 34
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 35
ÍNDICE 38
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INTRODUÇÃO
O primeiro capítulo deste trabalho mostra a diferença de como as
crianças da antiguidade brincavam e como as de hoje em dia brincam.
Crianças de diversas idades e de ambos os sexos ficavam em locais
abertos, livres e a brincadeira tinha um caráter coletivo e de integração, mas
com o tempo as brincadeiras foram sendo transmitidas e alteradas de
geração para geração. De lá pra cá, muitas coisas foram mudando em
nossa sociedade e a brincadeira não poderia parar no tempo.
Já no segundo capítulo é apresentado como as brincadeiras são
decisivas para as crianças desenvolverem seu raciocínio e criatividade, seu
desenvolvimento psicomotor, além de sua capacidade de conviver em
grupo e respeitar o próximo. Através da brincadeira, a criança libera e
canaliza suas energias, transformando uma realidade, libera suas fantasias,
constrói hipóteses e elabora soluções. Fazendo com que a criança
desenvolva a imaginação, afetos, competências, enfim, que tenham a
oportunidade de vivenciar diferentes papéis no ato de brincar.
No terceiro capítulo, mostra a importância do brincar para o
desenvolvimento da criança, também nas visões de alguns estudiosos onde
mostram claramente que o brincar para a criança é inevitável. Entre estes
estudiosos, os que mais contribuíram para o artigo foram Piaget e Vygotsky,
mostrando que o brincar para a criança é inevitável, mostrando que o
brincar pode funcionar como um espaço através do qual a criança deixa sair
sua angústia, aprende a lidar com a separação, o crescer, a autonomia e
também com os limites.
Enfim, as crianças tendo a oportunidade de brincar, estarão mais
preparadas emocionalmente para controlar suas atitudes e emoções dentro
do contexto social, obtendo assim melhores resultados gerais no desenrolar
da sua vida. O ato de brincar com outras crianças favorece o entendimento
de certos princípios da vida, como o de colaboração, divisão, liderança,
obediência às regras e competição
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1 – A HISTÓRIA DO BRINCAR NA SOCIEDADE
Este capítulo trata sobre a história do brincar na sociedade. Na
antiguidade, as crianças de diversas idades e ambos os sexos ficavam em
locais abertos, livres e a brincadeira tinha um caráter coletivo e de
interação. Subir em árvores, correr pelos campos, colher frutas já era
garantia de diversão. Além disso, ainda existiam brinquedos que eram
construídos nas próprias comunidades.
Alguns pensadores relatam que no século XV, muitos brinquedos
tenham surgido a partir de imitações realizadas pelas crianças. Elas, na
verdade, observavam situações presentes na vida dos adultos e
transportavam-nas para suas realidades. Assim, surgiram cavalos-de-pau,
bonecas e muitos outros.
Com a vinda da família real portuguesa no século XIX, foi que
chegaram os primeiros brinquedos no Brasil produzidos na Europa.
Nas famílias da corte começaram a fazer parte do universo infantil,
diversos brinquedos, como soldadinhos de chumbo, bonecas de porcelana,
bolas de gude e etc, ao mesmo tempo em que foram trazidas diversas
cantigas de roda e adivinhações pelos imigrantes.
A bola e o jogo de futebol chegaram ao Brasil no final do século XIX.
Também surgiram vários brinquedos como os carrinhos, as bonecas de
madeira, os trens e as bicicletas. Mesmo assim as crianças construíam
seus brinquedos, por exemplo, os cavalinhos de pau, as bonecas de pano e
os carrinhos de rolimã.
As primeiras indústrias de brinquedos começaram a funcionar no
Brasil no início do século XX. Começaram então a surgir, as bonecas
mecânicas e os jogos como varetas. O forte apache, o autorama, a boneca
Susi e os carrinhos elétricos surgiram na década de 1960.
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A indústria de brinquedos fez também diversos lançamentos como
jogos de estratégia, caleidoscópio, videogames, jogos de tela líquida. A
tecnologia japonesa também lança os jogos e bichinhos eletrônicos. Tudo
isso no final do século XX.
Na realidade, as brincadeiras das crianças deveriam ser
consideradas suas atividades mais sérias e se queremos entender nossos
filhos, precisamos entender suas brincadeiras. Ao observar uma criança
brincando, o adulto pode compreender como ela vê e constrói o mundo,
como ela gostaria que ele fosse, o que a preocupa e os problemas que a
cercam.
Através do brincar, a criança pode desenvolver sua coordenação
motora, suas habilidades visuais e auditivas, seu raciocínio criativo e sua
inteligência. Está comprovado que a criança que não tem grandes
oportunidades de brincar, e com quem os pais raramente brincam, sofrem
rupturas em seus processos mentais.Conta-se que Einstein, até os três
anos de idade, não conseguia falar e usava blocos de construção e quebra-
cabeças para se comunicar.
Brincando, ela começa a entender como as coisas funcionam, o que
pode e não pode ser feito, aprende que existem regras que devem ser
respeitadas, se quer ter amiguinhos para brincar e, principalmente, aprende
a perder e a ver que o mundo não acaba por causa disso. Descobre que, se
ela perder um jogo hoje, pode ganhar em outro amanhã.
De certo, uma criança é criança porque brinca. Se não consegue
brincar, não está bem; se seus pais não a deixam brincar, eles também não
estão bem. Se o brincar é pobre de imaginação ou fixo em algum objetivo, a
criança não está conseguindo fantasiar a partir de suas necessidades de
elaboração e, ainda nesse caso, não deve estar bem.
Se os pais exigem da criança obrigações de adultos e a enchem de
atividades, é porque estão tentando preencher suas próprias inquietações
com a agenda lotada do filho.
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Por outro lado, como tudo que é extremo não funciona bem, quando
uma criança vive somente no seu mundo de fantasias ou seus pais só se
referem a ela “de brincadeira”, há algo errado com alguns deles.
Finalmente, o brincar pode funcionar como um espaço através do
qual a criança deixa sair sua angústia, aprende a lidar com a separação, o
crescer, a autonomia, os limites.
Pesquisadores arqueólogos que realizaram estudos em busca das
partidas civilizações da Idade da Pedra e do Bronze encontraram piões,
dados e bonecas que, certamente, teriam alegrado os dias das crianças
daquelas remotas eras. Existem registros de brinquedos infantis
provenientes de diversas culturas que remontam as épocas pré-históricas,
demonstrando assim que é próprio do homem brincar, independentemente
de sua origem e do seu tempo. O brinquedo, enquanto objeto concreto,
manipulável, tem acompanhado a evolução do homem, interagindo em seu
espaço físico, em suas funções e em seu próprio aspecto.
Segundo Wajskop (1997), nas civilizações antigas, os brinquedos
estavam relacionados com as crianças e a religiosidade. Entre gregos e
romanos, os brinquedos da criança que se tornaria adulta, eram oferecidos
aos deuses. As bonecas das crianças em idade de casar eram consagradas
à Vênus ou à Diana ou ainda aos deuses da fertilidade, para que,
posteriormente, suas proprietárias pudessem ter muitos filhos. Quando uma
criança morria, seus brinquedos eram oferecidos às divindades do inferno
no Egito, Grécia e Roma, e há até outros brinquedos que foram sepultados
com seus donos. Além disso, entre os egípcios, romanos e maias, os jogos
serviam de meio para a geração mais jovem aprender com a mais velha,
valores e conhecimentos, bem como normas e padrões de vida social.
Na Idade Média, os brinquedos eram bastante simples. Com formas
elementares, muitos feitos em cerâmica e vidro. Arcas de Noé cheias de
animais e miniaturas foram freqüentes nessa época. Surge o bilboquê
(brinquedo que consiste numa bola de madeira com um furo, amarrado por
um cordão a um bastão pontudo, no qual ela deve se encaixar, quando
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impulsionada), que esteve em destaque durante todo o século XVI e os
humanistas começaram a perceber o valor educativo dos jogos, sendo os
colégios jesuítas os primeiros a recolocá-los em prática. Impuseram, pouco
a pouco, as pessoas de bem e aos amantes da ordem, uma opinião menos
radical.
Segundo Kishimoto (1993), em relação a jogos e brinquedos
africanos, é difícil detectá-los pelo desconhecimento de brinquedos dos
negros anteriores ao século XIX. Com centenas de anos de contato com o
europeu, o menino africano sofreu a influência de Paris e Londres. Além do
mais, há brinquedos universais presentes em qualquer cultura e situação
social como as bolas, as pequenas armas para simular caçadas e
pescarias, ossos imitando animais, danças de roda, criação de animais e
aves. A grande questão é se as crianças africanas do século XVI, trazidas
para o Brasil, juntamente com as mães escravizadas, tiveram ambiente
para repetir as brincadeiras do continente negro ou aceitaram as locais,
vividas por outros meninos. Sabe-se que a cultura infantil é veiculada
livremente pela oralidade. As crianças recém chegadas ao Brasil,
provavelmente difundiram entre elas o repertório de suas brincadeiras. A
criança africana aceitava depressa a experiência lúdica que o ambiente lhe
permitia.
Segundo Silva (2002), uma outra característica marcante do século
XVII foi a nova visão do “sentimento de infância”, introduzida pelos
trabalhos de Rousseau (1712) e Pestalozzi (1746). Para os autores, a
infância deveria ser vista como um período especial do desenvolvimento do
ser humano. Esse sentimento da infância trouxe a adoção de práticas
educacionais que são utilizadas até hoje e a valorização da brincadeira
infantil uma vez que o comportamento verdadeiro e natural da criança é o
seu brincar.
Com o fim da Revolução francesa, surgiram inovações pedagógicas
e a utilização das idéias de Rousseau, Pestalozzi e Frobel. O brinquedo
passou a ter novas concepções a ser visto por dois âmbitos: o objeto e a
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ação de brincar. Rousseau valorizou a ação do sujeito, afirmando que o
jogo seria importante, pois colocaria em funcionamento a inteligência,
julgando que esta seria fundamental para o desenvolvimento infantil.
Pestalozzi concordou com as idéias do autor sobre jogos. E é a partir do
criador do jardim de infância, Frobel, que o jogo passa a fazer parte do
currículo da educação Infantil.
De acordo com Silva (2002), Frobel foi o primeiro educador a
enfatizar o brinquedo, a atividade lúdica, a aprender o significado da família
nas relações humanas.
A sua teoria tinha como suporte para o ensino o brincar como
atividade livre e espontânea da criança, porque permite assim uma variação
do brincar ora como atividade livre ora orientada.
Antigamente as brincadeiras das crianças brasileiras eram ligadas à
natureza, como banhos em rios e cachoeiras e passeios na mata. Os pais
das crianças confeccionavam brinquedos de barro cozido. Com a
colonização portuguesa, surgiram as primeiras pipas de papel e dominós.
Muitas brincadeiras de hoje em dia, por exemplo, pique-esconde e
amarelinha, que encantam a criançada, já existem há mais de um século.
As cantigas de ninar e personagens conhecidos do nosso folclore
como o saci-pererê, o lobisomem, a cuca, a mula-sem-cabeça, dentre
outras, vieram com os escravos negros trazidos para o Brasil.
A partir de meados do século XIX, com a Revolução Industrial na
Europa, a fabricação de brinquedos em série desenvolve-se realmente.
Brinquedo tradicional dos meninos dos sertões e do interior do país
trazidos pelos primeiros portugueses é o bodoque: pequena arma utilizada
pelas crianças para caçar borboletas, pássaros, lagartixas e calangos.
Palavra do árabe, bondok, foi utilizada como instrumento bélico na Espanha
e Portugal até a criação da pólvora e das armas curtas em 1498. O bodoc e
a baducca são um pequeno arco confeccionado com madeira “airi”. Possui
duas cordas bem esticadas e separadas por dois pedacinhos de madeira;
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no meio, as cordas são unidas por um traçado chamado “malha”, “rede” ou
“sanga”. É nessa parte que se colocam os projéteis que, em geral, são
pelotas de barro cozido ou pedrinhas redondas.
Hoje a imagem da infância é enriquecida, também, com o auxílio de
concepções psicológicas e pedagógicas que reconhecem o papel de
brinquedos e brincadeiras no desenvolvimento e na construção do
conhecimento infantil.
Os brinquedos sempre representaram as invenções e espalharam os
símbolos do progresso tecnológico da sociedade. Os carros, caminhões,
aviões e espaçonaves de hoje cumprem o mesmo papel nas brincadeiras
de nossas crianças como a carruagem de brinquedo ou a bonequinha de
pano de tempos atrás. Como no passado, a brincadeira ainda ajuda a
desenvolver capacidades cognitivas, sociais e físicas, tais como a
coordenação motora.
Hoje em dia a brincadeira sugere uma ampla variedade de
possibilidades abertas à criança. Com o crescimento das cidades e a
correria do dia-a-dia, reduziu-se o espaço e o tempo de brincar. Os avanços
tecnológicos afetaram as brincadeiras, deixando a interação entre as
crianças, às vezes, em segundo plano. As propagandas passaram a
estimular excessivamente o consumo de brinquedos industrializados. Hoje
os brinquedos são mais fiscalizados para que apresentem boa qualidade e
segurança. As inovações tecnológicas criaram uma infinidade de novos
brinquedos que permitem que a criança se divirta apesar do pouco espaço.
Mas, apesar disso tudo, pais e educadores devem estimular as crianças a
diversificar as brincadeiras, utilizando brinquedos, objetos e situações
variadas.
As brincadeiras iam sendo transmitidas de geração para geração.
Elas eram um patrimônio cultural de uma comunidade, já que transmitiram
indiretamente os valores, costumes e pensamentos de um grupo de
pessoas.
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De lá pra cá, muitas coisas foram mudando em nossa sociedade, e a
brincadeira não poderia parar no tempo.
1.1: O resgate de brinquedos tradicionais na infância
Observamos que na nossa sociedade tecnológica e comunista,
muitas brincadeiras tradicionais foram sendo abandonadas e substituídas
por brinquedos eletrônicos, alguns dos quais fazem tudo sozinhos, exigindo
o mínimo de participação da criança, geralmente para apertar alguns
botões. Esses brinquedos, que não representam um desafio a quem
os manipula, são logo postos de lado e prontamente substituídos por outros
que a mídia se empenha em vender.
O resgate de brinquedos e brincadeiras tradicionais, sua produção e
as possibilidades de exploração por eles favorecidas devem ser objetivos
de toda escola, pois além de fazerem parte da cultura da infância, podem
estimular a criatividade motora, a imaginação, percepção visual, auditiva e
tátil e a concentração.
O conhecimento de brinquedos tradicionais, como pião, carrinho de
rolimã, vai-vem, bilboquê e outros tantos, além de trazer elementos da
cultura, permitem um amplo trabalho de aquisição de vocabulário verbal e
corporal, na medida em que o contato com estes brinquedos e brincadeiras,
a compreensão de suas características, a aquisição de regras e habilidade
de ensinar seu uso permitem às crianças inúmeras oportunidades de se
expressarem.
O apelo contemporâneo é, portanto, para a busca incansável da
satisfação humana, via produção e consumo. O sujeito (seja criança,
adolescente, jovem, adulto, idoso) é responsável para consumir,
valorizando a condição de ter e não de ser. A imagem, o belo, o fetiche é a
garantia de status e prestígios; todavia perde-se a noção do ser, da
educação para a vida, enquanto processo de emancipação, preservando de
forma considerável e educação para a utilidade.No caso da criança, essa só
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se satisfaz se tiver o produto que é anunciado em propagandas. Só se
sente satisfeita se possuir a roupa do super-homem, ou o computador da
Xuxa; ou mais ainda, só brinca se for com brinquedos eletrônicos,
industrializados e, padronizados, ”afinal todos os amigos do grupo tem que
ter o mesmo brinquedo”.
As crianças brasileiras receberam influências de diversas culturas
lúdicas do mundo, particularmente a portuguesa. Jogos e brincadeiras
tradicionais coexistem com novas modalidades de brincar trazidas pela tela
da TV, videogame, computador, ampliando o seu universo lúdico e dando
novas oportunidades àqueles que começam a descobrir o mundo. Assim,
pode-se pensar que as formas do lúdico e das brincadeiras em essência,
referendadas e instrumentalizadas pelas experiências, objetos antigos que,
reutilizados, configuram uma nova perspectiva do brincar, mas – e
infelizmente! – não tanto poética e artesanal. Em última análise, o brincar
transformou-se ao longo do tempo e os instrumentos é que se modificaram
para, provavelmente, atender o dinamismo do mundo globalizado.
Assim, para entender essa complexidade do brincar contemporâneo,
faz-se necessário um olhar penetrante ao passado, procurando ver nas
frestas da história as importantes projeções do brincar e do infante em cada
contexto histórico. A proposta, para tanto, é apresentar esse caminhar do
brincar na busca de respostas e até mesmo, de afirmativas de que o brincar
criativo e inventivo pode contribuir ricamente para o desenvolvimento
integral do ser humano, possibilitando vivências significativas de
aprendizagem.
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2- O BRINCAR E A BRINCADEIRA NA INFÂNCIA
Compreendendo o brincar como um fenômeno universal que está ligado a
qualquer tipo de civilização, pesquisas realizadas ao longo dos anos com
crianças em idade de pré-escolar demonstram que a brincadeira contribui para
o desenvolvimento mental. Através do brincar, se processam a organização do
sujeito e o desenvolvimento mental. Através do brincar se processam a
organização do sujeito, o desenvolvimento a linguagem, o aprendizado, a
exploração e o conhecimento do mundo, mediados pela ação do adulto.
Enquanto brincamos com a criança, seja através de um jogo ou uma
brincadeira que está envolvida no mundo real, estamos aproximando-a aos
poucos na sociedade.
A brincadeira é decisiva para as crianças desenvolverem seu raciocínio e
criatividade, seu desenvolvimento psicomotor, além de sua capacidade de
conviver em grupo e respeitar o próximo. Através da brincadeira a criança
libera e canaliza suas energias, transforma uma realidade, libera suas
fantasias, constrói hipóteses, elabora soluções.
2.1 – A descoberta da infância
Foi a partir das mudanças econômicas e políticas da estrutura social que
a valorização e os sentimentos atribuídos à infância começaram a existir. A
concepção de infância vem sendo construída e conseqüentemente mudada ao
longo dos tempos.
Na época da Idade Média, os senhores de terra tinham o poder absoluto
em suas mãos. Eles construíram suas próprias leis, suas moedas, seus
valores, suas culturas, etc. O Estado e a Igreja serviam para legitimar os
poderes dos senhores feudais.
Na Idade Média as crianças possuíam pequena expectativa de vida,
considerando as péssimas condições que viviam. Elas eram consideradas
pequenos adultos, que exerciam as mesmas atividades desses. Era
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interessante, na época, que a criança crescesse rapidamente para participar o
quanto antes dos trabalhos do mundo adulto.
As crianças, por volta dos sete anos, deixavam de mamar e eram
consideradas capazes de dispensar a ajuda das mães ou amas e se juntavam
aos adultos. Nesta fase, elas eram colocadas em famílias estranhas para
aprenderem os serviços domésticos, que eram considerados uma forma
comum de educação para ricos e pobres. O serviço doméstico era a maneira
única de se educar, não implicando em degradação e nem repugnância.
“Assim, o serviço doméstico se confundia com a aprendizagem... era
através do serviço doméstico que o mestre transmitia a uma criança... a
bagagem de conhecimentos, a experiência prática e o valor humano que
pudesse possuir.” (Áries, 1978, p. 228).
A convivência da criança com uma família diferente da sua, a saída do
controle dos pais, não possibilitava a criação do vínculo afetivo dos mesmos.
Os colégios eram dirigidos pela Igreja, e eram reservados para um grupo
de clérigos (do sexo masculino) de várias idades. Crianças e adultos assistiam
juntos as mesmas aulas. Sendo assim, o ingresso nas escolas era uma
importante forma de entrada das crianças no mundo adulto.
A criança era tratada como um adulto em miniatura e até os trajes infantis
eram os mesmos dos adultos, comprovando assim o quanto a infância era
pouco particularizada na vida real, o que fazia ainda mais aumentar o
anonimato e a indiferença em relação à infância.
Foi no período de transição do feudalismo para o capitalismo, com o
adendo da modernidade, que as mudanças nas relações sociais na Europa
Ocidental refletiram-se na organização familiar, escolar e surgiram novas
concepções sobre a criança e como ela deveria ser educada.
O primeiro estudioso e precursor da educação infantil foi Jean Rousseau
(1712 – 1778). Ele insistia na necessidade de se conhecer com mais
profundidade as características principais da infância. Para ele, a infância não
era apenas infância. Para ele, a infância não era apenas uma via de acesso,
uma preparação para a vida adulta. Para ele, a criança era um ser com
características próprias e tinha valor em si mesma. Não deveria ser vista como
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um ser em miniatura. Foi ele quem descobriu a infância, a partir dele passou-se
a pensar a criança como um ser com idéias diferentes das dos adultos.
Rousseau criou uma proposta educacional que combatia o preconceito e
autoritarismo. Ele também se opunha à pratica familiar que delegava a
educação dos filhos a preceptores e destacava a mãe como sendo a
educadora natural da criança.
Surge também, nesta época, duas correntes contraditórias no que se
refere à concepção de criança: uma considera imperfeita e incompleta e é
traduzida pela necessidade do adulto moralizar a criança através de rigorosa
disciplina, chamada de moralização. Segundo os moralistas, a paparicação era
algo prejudicial, tornando as crianças mimadas e mal educadas.
A outra corrente considerava a criança ingênua, inocente e é traduzida
pela paparicação dos adultos.
Essas duas correntes modificaram a base familiar gerando concepções
que iriam sustentar o ideário da família burguesa.
Na sociedade feudal, a taxa de mortalidade infantil era muito alta e a
criança começava a trabalhar como adulto logo que superasse essa fase.
Já na sociedade burguesa, a criança passa a ser escolarizada e cuidada
para uma atuação futura.
Os colégios que já tinham sido estendidos aos leigos, burgueses e
classes populares se incubiram de educar e moralizar os jovens. Devido as
classes não se misturarem, surgiu a discriminação entre o ensino do senhor e o
do subalterno.
O ensino para as meninas surgiu a partir do século XVIII. Os pais
passaram a cuidar mais dos filhos, surgindo um sentimento inexistente de
família e infância e a criança se torna o centro das atenções.
Os trajes especiais para as crianças também apareceram: cada criança
se vestia conforme a sua idade e condição social. O uso dos castigos corporais
e os trajes infantis representaram os primeiros sentimentos em relação à
infância.
O início da sociedade capitalista foi no início do século XVIII quando
ocorre a Revolução Industrial na Europa.
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A sociedade capitalista via a criança como um sujeito acrítico,
incompetente e fraco, não produtivo economicamente, em que o adulto deveria
cuidar.
O surgimento do ensino primário para as classes populares e secundário
para a burguesia e a aristocracia deveu-se à necessidade de assimilar ciência
e tecnologia. O primário era um curso prático e curto que atendia a mão-de-
obra executora. Já o curso superior foi difundido na burguesia no final do
século XIX. Assim os jovens freqüentavam as universidades, os adolescentes
freqüentavam o curso secundário e a escola passou a ter um papel importante
na sociedade. Essa época marcou o prolongamento da infância, o início da
adolescência, da idade adulta e dos níveis de ensino.
As crianças burguesas representavam um ideal de criança que tinha
condições de serem cuidadas e escolarizadas. E as das classes subalternas
eram consideradas inferiores na medida em que não correspondiam aos
padrões estabelecidos. Foram também criados diversos programas de cunho
compensatório que supriam as deficiências de saúde, educação, nutrição etc.
2.2 – A brincadeira na infância
Neste parágrafo, apontando ainda a importância do brincar na educação
infantil, destaca-se alguns teóricos que vem contribuindo para a ampliação do
presente estudo.
Uma grande importância da brincadeira é a elaboração de conflitos e
ansiedades, a criança demonstra ativamente, enquanto brinca, o que sofre
passivamente. Brincando as crianças constroem seu próprio mundo,
reelaboram os acontecimentos que deram origem a vivências e sentimentos.
Vygotsky (1987) diz que no desenvolvimento da criança, brincar nem
sempre é algo prazeroso. Por exemplo, o ato de perder pode ser desagradável
para a criança. Para ele existem outras coisas que dão satisfação para as
crianças. A criança satisfaz algumas de suas necessidades usando o
brinquedo. As ações que realiza estão diretamente relacionadas com suas
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necessidades, com suas motivações e também de acordo com o seu
desenvolvimento. No brinquedo, a criança transforma as regras de acordo com
os seus desejos e prazeres.
As brincadeiras permitem que a criança desenvolva a imaginação, afetos,
competências cognitivas e interativas, à medida que tem a oportunidade de
vivenciar diferentes papéis. É no ato de brincar que a criança, de forma
privilegiada, se apropria da realidade imediata, atribuindo-lhe significado. É
através das brincadeiras que a criança desenvolve a imaginação. Brincar
favorece a auto-estima da criança e a interação com seus pares,
proporcionando situações de aprendizagem que desafiam suas capacidades
cognitivas.A brincadeira também ajuda no seu desenvolvimento psicomotor,
além de sua capacidade de conviver em grupo e o respeitar ao próximo.
A criança que tem a possibilidade de “brincar” na escola desde o maternal
já começa ater sua referência com o “espaço” em que vive e aprende e vive
dentro do meio social. Devemos conhecer a brincadeira como uma atividade
livre e espontânea, responsável pelo desenvolvimento físico, moral e cognitivo
das crianças, e os brinquedos, objetos que subsidiam atividades infantis.
Portanto, além das atividades lúdicas que tem uma ação pedagógica, é
fundamental que haja espaço livre para brincar. Só assim a brincadeira estará
contribuindo para a construção da autonomia da criança. Para Maranhão
(2001), é através da brincadeira que a criança se apropria de conhecimento
que possibilitarão sua ação sobre o meio em que se encontra. Toda atividade
visa atingir o equilíbrio; suas ações acontecem em função de algumas
necessidades que irá provocar no sujeito um estágio de desequilíbrio. Nesse
momento o sujeito é obrigado a buscar novas formas de se relacionar com o
meio para melhor adaptar-se ao mesmo. Podemos ver aí, os processos de
equilibração. A criança passa de um estado de equilíbrio para outro.
De acordo com Kishimoto (2001), o brinquedo representa certas
realidades. Uma representação é algo presente no lugar de algo. Representar
é corresponder a alguma coisa e permitir sua evocação, mesmo em sua
ausência. O brinquedo coloca a criança na presença de reproduções: tudo o
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que existe no cotidiano, a natureza e as construções humanas, pode-se dizer
que é um dos objetivos reais, para que possa manipulá-los.
Geralmente, numa sala de educação infantil, podemos perceber que
existem mesas, cadeiras, jogos, cantinho de faz-de-conta e nestes espaços as
crianças devem criar, cantar, pintar, dramatizar, trocar vivências. Assim, vão
ajudando uns aos outros a solucionar seus problemas. Ocorre uma integração
intensa entre os aspectos cognitivos, psicomotores, afetivos e sociais. Através
das brincadeiras espontâneas e das dirigidas, brincando e jogando, elas
aprendem o mundo que as cerca, incorporando as competências necessárias
para o seu desenvolvimento.Desta maneira, os professores de educação
infantil trabalham os aspectos cognitivos necessários para que os alunos
prossigam no processo ensino-aprendizagem.
Brincar faz parte da natureza da criança. A criança quando brinca com
coisas, brinquedos, vários objetos, enfim, está tentando compreender a
realidade e dirigir a esta mesma realidade um outro olhar – o seu próprio! Na
brincadeira a criança transforma os objetos em outro e descobre neles a vida.
Quando uma criança está escondida debaixo de escrivaninhas, mesas,
camas ou dentro de armários, está recriando situações do cotidiano na busca
de um outro jeito de viver e de aprender o mundo.A criança que se coloca atrás
de uma cortina, ou de uma porta, por exemplo, pode sentir-se leve e ondulante
como a cortina ou espessa como a porta. A criança crê que ela pode integrar-
se aos objetos e fazer parte deles.
Vemos, então, que a brincadeira se constitui em atividade principal
porque na idade pré-escolar ela provoca estas “revoluções” no
desenvolvimento infantil. Vigotsky (1984) expõe ser incorreto afirmar que a
brincadeira seria um protótipo da atividade cotidiana da criança. Essa
afirmação não está em conflito com a teoria da atividade principal desenvolvida
por Leontiev e Elkonin, pois eles não estão afirmando que a brincadeira, como
atividade principal na idade pré-escolar, levaria a criança, em seu cotidiano, a
agir de maneira fantasiosa, a agir movida pela imaginação e não pela realidade
objetiva. Leontiev afirma claramente que a ruptura entre significado e sentido
estabelecida durante a brincadeira é abandonada imediatamente assim que a
22
criança deixa de brincar. Isso quer dizer que a criança em seu cotidiano age
movida pela realidade objetiva e não se deixa dominar pela fantasia existente
no momento da brincadeira.
A brincadeira, segundo Vygotsky, é a atividade principal porque “cria uma
zona de desenvolvimento proximal da criança”, ou seja, no brinquedo a criança
realiza ações que estão além do que sua idade lhe permite realizar, agindo no
mundo que a rodeia, tentando aprendê-lo. Neste ponto, o papel da imaginação
aparece como emancipatória: a criança utiliza-se da imaginação na brincadeira
como uma forma de realizar operações que lhe são impossíveis em razão de
sua idade. A criança reproduz ao brincar uma situação real do mundo em que
vive, extrapolando suas condições materiais reais com a ajuda do aspecto
imaginativo. Para que a criança possa tornar real uma operação impossível de
ser realizada na sua idade, ela utiliza-se de ações que possuem um caráter
imaginário, o faz-de-conta entra em cena, gerando uma discrepância, segundo
Leontiev (1988), entre a operação que deve ser realizada (por exemplo: selar o
cavalo, montar no cavalo, etc.).
Como a criança não pode usar um cavalo real, ela utiliza-se de um cabo
de vassoura, por exemplo, como se fosse o seu cavalo. Isso ocorre porque a
criança tem como alvo o processo e não a ação. Outro exemplo é a brincadeira
com uma boneca. A criança ao brincar com a boneca repete situações ou
acontecimentos presentes na vida adulta, como por exemplo, cuidar de um
bebê. Ao fazê-lo, ela imita a forma como a mãe cuida do irmão mais novo. Por
isso Vygotsky (1984) afirma que o brinquedo “é muito mais a lembrança de
alguma coisa que realmente aconteceu do que imaginação.” Leontiev (1988)
afirma que na brincadeira todas as operações e ações que a criança realiza
são reais e sociais, por meio deles a criança busca aprender a realidade.
A brincadeira é uma linguagem infantil. No ato de brincar, os sinais, os
gestos, os objetivos e os espaços valem e significam outra coisa daquilo que
apresentam ser. Ao brincar, as crianças recriam e repensam os
acontecimentos que lhes deram origem, sabendo que estão brincando. O
principal indicador da brincadeira, entre as crianças, é o papel que assumem
enquanto brincam.
23
3 – A BRINCADEIRA E O DESENVOLVIMENTO
INFANTIL
Este capítulo trata sobre a função da brincadeira para o desenvolvimento
da criança.
Podemos observar que brincar não significa apenas recrear, é muito
mais, pois é uma das formas mais complexas que a criança tem de comunicar-
se consigo mesma e com o mundo.
A brincadeira inicialmente não tem objetivo educativo ou de
aprendizagem pré-definida. “A brincadeira é uma atividade que a criança
começa desde o seu nascimento e no âmbito familiar” (Kishimoto, 2002).
Com os brinquedos, as crianças conseguem penetrar em suas próprias
vidas.
São nos primeiros anos de vida, mais do que em qualquer outra fase,
que as brincadeiras das crianças evoluem. E se estruturam de forma bem
diferente de como foram compreendidas, interessados na temática.
Através do jogo, a criança pode optar por brincar ou não, ela oportuniza
o desenvolvimento da criatividade, da autonomia e responsabilidade quanto a
as suas ações...
A criança constrói sua experiência de se relacionar com os outros de
forma ativa, vivenciando experiências e tomadas de decisões através das
brincadeiras.
A brincadeira da criança vai se estruturando com base no qual ela é
capaz de fazer em um determinado momento, devido a criança ser um ser em
movimento.. Ela aos seis meses de idade e aos três anos tem diversas
possibilidades de expressão, relacionamento e comunicação com o ambiente
sociocultural em que vive. Com o passar dos anos, elas vão construindo novas
e diferentes competências, que irão permitir-lhe atuarem de forma mais ampla
no mundo.
24
Na medida em que a criança pode transformar e produzir novos
significados, a brincadeira é de fundamental importância para o
desenvolvimento infantil.
Numa perspectiva co-construtiva, em um esforço para compreender a
importância da atividade do brincar, deve-se considerar que a criança se
integra em um mundo de significados construídos historicamente, desde o seu
nascimento. Ela se envolve em processos de negociação, dentre os quais os
de significação e resignificação de si mesma, dos eventos e situações, dos
objetos, construindo e reconstruindo ativamente novos significados, por meio
da interação com os seus pares.
Para analisar o desenvolvimento infantil, Valsiner (1988) acrescenta que
deve-se considerar os ambientes em que ocorre a atividade da brincadeira, que
são segundo os significados culturais das pessoas responsáveis pela criança,
estruturadas fisicamente.
Ele também nota que a criança ocupa um papel ativo na organização de
suas atividades, organizando uma versão pessoal dos acontecimentos sociais
que lhe são transmitidos pelos membros de sua cultura. Esta organização é
construída pelos processos de interação social, trocas e canalização, utilizando
recursos e instrumentos semióticos co-construídos, onde os significados estão
presentes na cultura geral. Finalmente, Valsiner afirma ser necessário
considerar que a criança compreende o mundo através da ação, e que em
cada camada social existe um sistema de significação cultural próprio,
relacionados aos hábitos típicos de seu grupo.
As brincadeiras modificam-se de uma região para outra adquirindo assim
peculiaridades locais ou regionais. As brincadeiras também contribuem para o
desenvolvimento da habilidades cognitivas, psicomotoras, interação social e
para afetividade recíproca, criando assim laços de amizade entre os
companheiros de folguedos.
Através da brincadeira a criança experimenta diversos sentimentos
como solidariedade, amos, união, proteção, confiança etc. Mas pode-se
também sentir frustrações, rejeição e inveja, entre outros.
25
A brincadeira estimula à descoberta, à competição, incentivando a
curiosidade, propondo vivências que traduzem simbolismo do mundo infantil e
do mundo adulto, fazendo com que a criança interaja, manipule problemas,
busque soluções e descubra caminhos para desenvolver-se como ser social.
Uma forma espontânea de iniciação ao ato lúdico deve-se ao fato de os
adultos, por exemplo, estimularem os seus bebês a interagirem com eles
através de cantigas, parlendas que terminam com cócegas no corpo do bebê,
acionando variados jogos coloridos com timbres e luzes. Os adultos que
brincam com suas as crianças fazendo-as montarem “a cavalo” em suas
pernas e avançarem por pequenos saltos de seus tornozelos aos joelhos e
vice-versa, quando a criança fica maior e ganha um cavalinho de pau, ela
simula o impulso de andar a cavalo e a partir daí ela passa a identificar o
animal em livros, revistas, jardim zoológico, televisão, nas ruas, etc. O ato de
brincar evolui, alternando-se de acordo com os interesses próprios da faixa
etária conforme as suas necessidades e também com os valores a que
pertence.
A tradição das brincadeiras em nossa sociedade atesta a sua
importância no processo histórico cultural. A tradução da atividade lúdica para
a criança liga-se a vários aspectos. O primeiro é o prazer de brincar livremente,
seguindo o desenvolvimento físico que exige um consumo de energia diária do
equilíbrio, a experimentação pessoal em papéis diversificados, a incorporação
e compreensão de conceitos, o controle da agressividade, a repetição das
brincadeiras que permitem superar as dificuldades individuais, a realização
simbólica dos desejos, a adaptação e a interação ao grupo social, entre outros.
A função das instituições escolares e dos adultos seria no sentido de dar
um maior espaço e significado para que a brincadeira livre possa acontecer.
Brougére debate a questão da comunicação, uma concordância entre os que
brincam, para que a brincadeira possa se realizar. É constatado que a mesma
tem uma linguagem característica. Presume-se entendimento, interpretação e
uma sequência de decisões. Brincando, as crianças constroem um conjunto de
regras que durará enquanto a brincadeira acontecer. As regras não preexistem,
mas são construídas conforme o seu desenvolvimento.
26
3.1 – As contribuições do brincar na teoria de Jean Piaget e
Vygotsky
Na dinâmica escolar, o horário do recreio muitas das vezes, fica
sendo o único tempo para o brincar. Esse momento fica sendo o único em
que a brincadeira infantil se torna como uma atividade. Mas, na verdade, ela
é muito mais que isso: ela permite a vivência para a aprendizagem,
desenvolve a criatividade e é uma atividade mediadora da criança com o
mundo em que vive e é competente de colocar diversos processos do
desenvolvimento infantil.
Vamos nos referir inicialmente aos estudos de Jean Piaget e no ater
mais especificamente ao processo de aprendizagem. Piaget se dedicou aos
estudos do desenvolvimento infantil. Faz menção também a dois conceitos
básicos na construção do pensamento infantil que são a assimilação e a
acomodação, principalmente no que conduz a adequação da criança a sua
realidade.
Segundo Piaget, a assimilação é o modo porque se realiza a
incorporação de novas informações ou experiências que chegam à criança.
E a acomodação é o processo de transformação de suas estratégias ou
idéias em função de uma vivência.
Podemos considerar a atividade lúdica como instrumento integrador
no desenvolvimento do conhecimento que deixa que a criança compreenda
e expresse o mundo na qual ela terá de se inserir e possivelmente
transformar, no decorrer da assimilação e da acomodação que ocorrem
juntos.
Sendo assim, também podemos considerar que uma forma
importante de intervenção no campo da saúde mental é o brincar, que
contribui de maneira clara para o crescimento da cognição da linguagem da
área social da criança.
Vygotsky também se dedicou à pesquisa e ao estudo das relações
entre a aprendizagem e o desenvolvimento. O psicólogo russo atribuía
27
grande importância ao papel da interação social no desenvolvimento do ser
humano. Para ele, o brinquedo é uma importante fonte de promoção do
desenvolvimento. O termo “brinquedo” se refere ao ato de brincar, à
atividade, mais exclusivamente ao jogo de papéis ou à brincadeira de “faz
de conta”., devido a já termos a atuação do símbolo, do processo de
retirada das idéias.
Para Vygotsky, a criança aprende a agir na esfera cognitiva que
depende de motivações internas, com o brinquedo. Na idade pré-escolar,
diferenciam-se os campos de visão e de significado. O pensamento passa a
ser regido pelas idéias, o que era antes dedicado pelos objetivos do
exterior. A criança brinca pela necessidade de interagir-se com o mundo
amplo dos adultos e não somente com o universo dos objetos a que ela já
tem acesso. É pelo brinquedo que a criança lança-se nos modos de vida
dos adultos, procurando agir com coerência nos papéis assumidos.
Conforme Piaget (1975), ocorreram três forma s de jogos ao longo
do desenvolvimento da criança, que são: os jogos de exercícios, os jogos
simbólicos e os jogos de regras. O primeiro a surgir no desenvolvimento da
criança é o jogo de exercício, que vai até os dezoito primeiros meses de
vida. Esses jogos não requerem qualquer técnica em particular. Eles são
apenas exercícios que trazem como conseqüência o próprio prazer e o
funcionamento dos gestos. O pensamento e nem qualquer estrutura
representativa especificamente lúdica estão supostos no jogo do exercício.
Eles implicam atividades motoras de repetição de movimentos e gestos,
basicamente. Os primeiros contatos da criança com os objetos e com o
mundo a sua volta acontecem através desses jogos.
A partir do segundo ano de vida, junto com o surgimento da
linguagem e da representação, aparece o jogo simbólico. É quando a
criança substitui um objeto ausente por outro. O jogo simbólico, para a
criança, consiste em assimilar a realidade. É através da situação imaginária
que a criança revela conflitos, reproduz diversos papéis, realiza sonhos, se
auto-expressa, imita situações reais.
28
Por volta dos quatro aos sete anos, aparecem as primeiras
demonstrações de jogos com regras, os quais se desenvolverão dos sete
aos doze anos de idade, até a vida futura. A criança vai perdendo
progressivamente o egocentrismo inicial e vai substituindo por um
cooperativismo, tomando sua atividade mais socializadora.
Os jogos intelectuais (cartas, xadrez,etc...) ou os jogos de regras são
jogos de combinações sensório-motoras (corridas com bolas, de bola de
gude,etc...), com disputa entre os indivíduos - sem o que a regra seria inútil
- e regulamentados por um código repassado de geração em geração, quer
por acordos momentâneos.
Vygotsky (1998) destaca que o processo de significação é
estruturado por meio da atividade em contextos sociais específicos, que é
interiorizado, não é a “realidade em si mesma” (conceito já ultrapassado na
perspectiva sócio-construcionista, mas o que esta significa tanto para os
sujeitos em relação quanto para cada um em particular, quando ele discute
em sua teoria a gênese e o desenvolvimento do psiquismo humano. Não se
dá de maneira passiva nem direta, este movimento de interiorização
transformadora das significações, pois o sujeito reestrutura imprimindo
sentidos próprios compartilhados na cultura. Nesse esquema, ele se
apodera do signo em sua função de significação, notando seu duplo
referencial semântico: um formado pela experiência pessoal e social,
chamada em cada ação ou verbalização do sujeito e outro formado pelo
sistema, construído ao longo da história social e cultural dos povos.
A criança, segundo Vygotsky, nasce em um meio cultural cheio de
significações sociais e historicamente criadas, codificadas e definidas, que
são sempre ressignificadas e associadas pelos seres em relação,
constituindo-se então em motores desenvolvimentos. Assim sendo,para
Vygotsky, o desenvolvimento humano se distancia da forma como é
entendido por outras teorias psicológicas, por ser visto como um processo
cultural que surge mediado por um outro social, no contexto da própria
cultura,fazendo-se os processos psicológicos superiores, sendo a psique
humana, essencialmente social, nessa perspectiva.
29
Para Vygotsky (1998),os processos psicológicos superiores são
constituídos pelos os do pensamento: a escrita, o cálculo, o idioma, o
desenho,pelos de domínio dos meios externos do desenvolvimento cultural,
bem como pelas funções psíquicas superiores especiais, aquelas não
determinadas e nem limitadas de nenhuma forma precisa e que tem sido
chamadas pela tradicional psicologia com os nomes de atenção voluntária,
memória lógica e formação de conceitos.
Ele afirma também que o crescimento humano é um processo
incessante, progressivo, movido por oposições violentas e que avança por
rupturas, marcado por etapas diferentes e determinadas pelas atividades
mediadas. O ser humano é capaz de modificar sua hiatória e o da
humanidade, uma vez que por sua intervenção, muda o contexto social em
que está inserido, ao mesmo tempo em que é mudado.
Vygotsky (1998) afirma que não deve-se ignorar que é por meio do
brincar que a criança satisfaz certas necessidades. O intervalo entre o
desejar e o realizar é bem curto, e as crianças tendem a satisfazer seus
anseios imediatamente. As crianças entre dois e seis anos de idade são
capazes de terem muito anseios, e muitos não podem ser realizados
imediatamente, mas posteriormente por meios de brincadeiras.
Vygotsky relata que se os anseios não realizáveis de imediato, não
se desenvolvessem nos anos escolares, os brinquedos não existiriam, uma
vez que esses parecem serem inventados quando as crianças começam a
experimentarem tendências não-realizáveis.
Dessa maneira, na sala de aula a criança esforça-se para suprir seus
anseios irrealizáveis envolvendo-se em um mundo imaginário, onde os que
não são realizáveis podem se concretizar, e é este mundo que o autor
denomina de brincadeira. E ele compreende a ima-ginação como um
processo psicológico recente para a criança em crescimento, representa
uma forma exclusivamente humana de atividade consciente, não faz parte
da consciência de crianças muito pequenas e não está presente nos
animais. Ela surge através da ação e na interação com o outro, como todas
as funções da consciência.
30
3.2- A criança e o faz de conta
O faz de conta é uma atividade lúdica que gera o uso da imaginação
criadora pela não possibilidade de realização dos desejos imediatamente
por parte da criança. Ela é uma atividade muito complexa.
A atividade do faz de conta amplia suas concepções sobre as
pessoas e as coisas, enriquece a identidade da criança porque ela
experimenta outras formas de ser e pensar e faz com que a criança
desempenhe diversos papéis sociais representando vários personagens.
Quando a criança brinca, ela cria hipóteses para resolver os seus
problemas e toma atitudes além do seu habitual comportamento relativo a
sua idade. Brincando, ela procura meios para modificar a realidade. Na
brincadeira, os seus sonhos e anseios podem ser concretizados facilmente,
por várias vezes, criando e recriando diversas situações que satisfazem
certa necessidade no seu íntimo.
Na faixa etária dos três aos sete anos, dentre as brincadeiras das
crianças, o faz de conta é a que mais tem sido estudada em minúcias e a
que mais desperta interesse. Certos pesquisadores que ocupam-se com as
teorias do desenvolvimento cognitivo, ressaltam o seu valor como
comunicação integrada, sendo assim, o faz de conta é uma atividade
observável sob diferentes aspectos e constituinte do sujeito que difere do
cotidiano da realidade, que já surge nos jogos de esconde-esconde que ela
tem com os adultos, quando observa que desaparecer no jogo não é algo
real, mas criado para poder brincar. Piaget (1978), declara que a
brincadeira de faz de conta, em vista do desenvolvimento do pensamento
infantil “está intimamente ligada ao símbolo, uma vez que por meio dele, a
criança representa ações, pessoas ou objetos, pois estes trazem como
temática para essa brincadeira o seu cotidiano (contexto familiar e escolar)
de uma forma diferente de brincar com assuntos fictícios, contos de fadas
ou personagens de televisão”.
31
Desse modo, ele afirma que o personagem da criança pequena não
é bastante maleável e preciso para transmitir um conjunto de idéias, então o
símbolo assume a função de expressar o que está pensando.
Já para Vygotsky (1998), a brincadeira de faz de conta dá origem a
uma zona de desenvolvimento proximal, pois no instante em que a criança
representa um objeto por outro, ela começa a se relacionar com o sentido a
ele atribuído, e não mais com ele em si. Sendo assim, a atividade do brincar
ajuda a transpor de ações concretas com objeto para ações com outros
significados, permitindo seguir em direção ao pensamento abstrato.
Piaget e Vygitsky entendem o faz de conta como atividade muito
relevante para o desenvolvimento.
Conti e Sperb (1998) debatem a categorização, que admitem três
como indispensáveis: a primeira, quando a criança usa representações
primárias, elas vêem o mundo de forma imediata e direta. Trocando o
objeto, por exemplo, a mãe pelo pai. A segunda é mais complicada.
Manifesta-se quando ela é utiliza representações secundárias, que se
entende como representações de representações ou metarepresentações,
imputando propriedades imaginárias aos eventos ou objetos, o que
acontece quando ela, agindo reciprocamente com um parceiro, lhe sugere
que faça de conta que o tempo está bom quando está ruim ou que torne
limpo o rosto de uma boneca que está sujo sem que esteja. Nesse instante,
ela ultrapassa o significado comum dos eventos ou objetos sem misturar
realidade com não realidade. Para finalizar, em uma das formas mais
avançadas do faz de conta, o objeto é imaginário, por exemplo:faz de conta
que neste prato tem comida e neste copo tem água.
Nota-se que na categorização de Conti e Sperb (1998), que o faz de
conta é uma brincaeira que além de abranger a operações de processos
mentais, exige também a metarepresentação, pois a opacidade interrompe
o compromisso com relação à “verdade”. Assim sendo, ele proporciona as
primeiras pistas de que a criança tem aptidão de compreender sua própria
mente e a dos outros, como demonstram os resultados do estudo
mencionado.
32
3.3- A brinquedoteca: um espaço para brincar
A brinquedoteca proporciona espaço para as crianças brincarem livre
e espontaneamente, valorizando o prazer que a ludicidade ocasiona. A
democratização do acesso ao brinquedo, satisfazendo as necessidades
básicas da criança é, também, uma proposta da brinquedoteca. Sendo
assim, a brinquedoteca é um espaço de construir e de brincar com os
próprios brinquedos, não só de material reciclado ou de sucata, mas
também com brinquedos modernos, frutos da tecnologia e sociedade atuais.
As brinquedotecas também se classificam em razão de diversos
fatores, entre eles as culturas e tradições de cada povo, o sistema
educacional, a situação geográfica, os valores, os materiais e espaços
disponíveis, os serviços prestados, as crenças, no entanto, independente de
cada tipo, o aspecto lúdico como fator principal, que garante o direito da
criança de brincar, é sempre preservado.
Geralmente em instituições de educação infantil é que as
brinquedotecas são implantadas. Porém, na maior parte das vezes, o
atendimento é limitado à clientela institucionalizada para atender as
necessidades de material pedagógico, na própria sala de aula, geralmente,
e montado um acervo como espaço para as crianças brincarem. Quando é
localizado fora da sala de aula, o material é levado para a sala de aula, e no
final retorna ao acervo. Já nas clínicas e hospitais, as brinquedotecas
existem para ajudar o tratamento medicamentoso, fazendo com que a
brincadeira torne menos árduos os traumas da internação ou como terapia.
Nas universidades, existem também as brinquedotecas montadas
pelos profissionais de educação com a finalidade principal de formação de
brinquedotecas e pesquisas. Nessas brinquedotecas, o brinquedo é
considerado coisa séria tanto para os adultos, que vê no brinquedo um valor
inesgotável, como para a criança, que explora, joga, manipula, aprende e se
sente feliz. Tanto a criança como o adulto se beneficiam com as
brinquedotecas. O adulto debate o valor do brinquedo, analisa sua relação
33
com a criança para poder entender o seu desenvolvimento, pesquisa, cria
brinquedos e jogos, enquanto a criança brinca.
Dessa maneira, a brinquedoteca exerce a função de um laboratório
para alunos e professores dos cursos de graduação e pós-graduação, para
apoio à comunidade no desenvolvimento de cursos, para pesquisas,
palestras e estágios.
Ainda que o brinquedo seja considerado a essência da infância, para
Santos (2002), o lúdico necessita ser compreendido na atual sociedade com
uma conotação que ultrapassa a infância, pois brinquedos e jogos não são
privilégios somente das crianças. É importante cogitar a brinquedoteca
como um espaço que abranja todas as fases do desenvolvimento humano,
independente das idades das pessoas, pois ela atinge tanto as crianças
como os jovens, os adultos e os idosos e, assim, a vida, a educação e o
trabalho.
Para ele, a função mais importante da brinquedoteca não é ser
apenas um laboratório feito para a criança, onde ela possa brincar
livremente e para o profissional debater, analisar, pesquisar, pensar a
importância do brinquedo no seu desenvolvimento. É também um erro
avhar que o objetivo principal da brinquedoteca atualmente é proporcionar
espaços lúdicos, quando a criança não tem mais tempo e espaços para
brincar e os adultos não exercem sua ludicidade.
A brinquedoteca tem a possibilidade de ser um espaço onde se
aprende a fazer os brinquedos recicláveis ou artesanais, de sucata, pelas
crianças. Ambos os brinquedos são portadores de cultura: os de sucata
acompanham uma tendência na educação infantil, pois eles ajudam nos
projetos voltados para a preservação do meio ambiente e ao resgate
cultural das brincadeiras e brinquedos. Na construção de jogos e
brinquedos com sucata, a importância não é pelo objeto em si, mas no que
ele pode proporcionar, contribuindo para o contexto do jogo.
Já os brinquedos artesanais, são influenciados pelo meio
sociocultural em que a criança vive. Uma de suas características é que eles
possibilitam ludicidade para os adultos que os criam.
34
CONCLUSÃO
As constatações mais importantes neste estudo foram as de que os
educadores devem ter consciência de que a Educação Infantil deve se dar num
ambiente agradável, de prazer tanto para as crianças como para os
profissionais da educação, proporcionando um ambiente saudável e alegre,
onde a brincadeira e o lúdico devem estar sempre presentes, facilitando o
processo de aprendizagem podendo ser utilizadas atividades em que as
crianças se interessem mais com as brincadeiras.
Uma das contribuições que Froebel deixou para a educação infantil,
quando enfatiza a importância do brinquedo, da atividade lúdica, das canções e
da liberdade, como forma de estimulação para a criança. As brincadeiras
deixam livres para que desenvolvam sua imaginação, afetos, competências
cognitivas no momento que vivenciam diferentes papéis. Brincar favorece a
interação da criança com os sujeitos que a rodeiam.
Outra contribuição para este estudo foi a de Piaget, que deixou para a
educação infantil descobertas de grande valor que nos faz entender como se
dá a construção do conhecimento. Tendo em vista que a educação infantil tem
possibilidade de oferecer condições de desenvolvimento pleno à criança
proporcionando um ambiente estimulador e criador, a constatação de que os
educadores tem como objetivo da educação infantil o desenvolvimento dos
aspectos cognitivo, afetivo e físico.
Em geral, este estudo ratifica alguns dos dilemas vividos pelos
profissionais da educação infantil, mas também observa-se que há
possibilidade de melhoria na educação, fazendo um ambiente de educação
infantil adequado tanto para os discentes quanto para os docentes.
35
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38
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
SUMÁRIO 6
INTRODUÇÃO 7
CAPÍTULO I - A HISTÓRIA DO BRINCAR NA SOCIEDADE 8
1.1 - O resgate de brinquedos tradicionais na infância 14
CAPÍTULO II - BRINCAR E A BRINCADEIRA NA INFÂNCIA 16
2.1 - A descoberta da infância 16
2,2 - A brincadeira na infância 19
CAPÍTULO III - A BRINCADEIRA E O DESENVOLVIMENTO INFANTIL 23
3.1 - As contribuições do brincar na teoria de Jean Piaget e Vygotsky 26
3.2 - A criança e o faz de conta 30
3.3 - A brinquedoteca: um espaço para brincar 32
CONCLUSÃO 34
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 35
ÍNDICE 38
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