UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
A EQUOTERAPIA COMO UM INSTRUMENTO DE REEDUCAÇÃO
PSICOMOTORA
Por: Luciana Carvalho Coelho
Orientador
Prof. Dr. Vilson Sérgio de Carvalho
Rio de Janeiro
2007
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
A EQUOTERAPIA COMO UM INSTRUMENTO DE REEDUCAÇÃO
PSICOMOTORA
Apresentação de monografia à Universidade Candido
Mendes como requisito parcial para obtenção do grau
de especialista em Psicomotricidade.
Por: Luciana Carvalho Coelho
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RESUMO
A equoterapia é um método terapêutico que utiliza o cavalo como instrumento de reabilitação e reeducação psicomotora nos aspectos motores, sensoriais, cognitivos, comportamentais e sociais através de recurso lúdico-desportivo. Sua prática tem ligação com a Fisioterapia, Fonoaudiologia, Psicomotricidade, Pedagogia, Psicologia etc. Este trabalho tem com objetivo principal conhecer e evidenciar as diferentes técnicas de reeducação psicomotora utilizadas na equoterapia buscando o crescimento da qualidade de vida de seus praticantes.
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METODOLOGIA
O presente trabalho de monografia previu um levantamento através de
pesquisas bibliográficas, visando a pesquisa do papel da psicomotricidade no
ambiente lúdico-desportivo da equoterapia.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 06 CAPÌTULO I – Considerações sobre Equoterapia 07
1.1- Equoterapia: Definição 07 1.2- A quem se destina a Equoterapia? 07 1.3- Fundamentos da Equoterapia 07
CAPÍTULO II – Objetivos da Equoterapia 09
2.1- Melhora do equilíbrio 09 2.2- Ajuste Tônico 10 2.3- Alinhamento Corporal 12 2.4- Consciência Corporal 13 2.5- Organização Espacial 13 2.6- Organização Temporal 13 2.7- Coordenação Motora 13 2.8- Força Muscular 14 2.9- Objetivos Psicossociais 14 2.10- Inclusão Social 15
CAPÍTULO III – Metodologia 16
3.1- Estrutura da sessão 16 3.2- Tempo de tratamento 17 3.3- Indicações 18 3.4- Contra-Indicações 19 3.5- Avaliação 20 3.6- Benefícios da Equoterapia 21
CAPÍTULO IV – Trabalho em Equipe 24 4.1- Equoterapia e Psicomotricidade 24
4.2- Equoterapia e Fonoaudiologia 26 4.3- Equoterapia e Psicologia 28 4.4- Equoterapia e Pedagogia 32
CONCLUSÃO 36 BIBLIOGRAFIA 37 FOLHA DE AVALIAÇÃO 38
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INTRODUÇÃO
A Equoterapia é um método terapêutico e educacional que utiliza o cavalo
dentro de uma abordagem interdisciplinar, nas áreas de Saúde, Educação,
Aprendizagem, Psicologia e Equitação. É um trabalho realizado em equipe, a qual
deve ser altamente especializada, requer além dos conhecimentos particulares de
cada profissão, alto grau de conhecimento deste instrumento terapêutico- o
cavalo- a familiaridade com o mesmo, para se obter bons resultados.
A utilização da Equoterapia é coerente com a prática padrão da Fisioterapia,
Fonoaudiologia, Psicologia, Psicomotricidade etc, na medida em que a atividade é
experimental, funcional e exercida em um ambiente natural. A variabilidade do
movimento do cavalo, ritmo, a dimensionalidade, a regularidade e a habilidade do
terapeuta em atuar nestas qualidades de movimento, fazem com que o cavalo,
como uma ferramenta, suplante as demais. Através do movimento tridimensional-
para cima e para baixo, um lado e outro, frente e trás- e multidirecional do cavalo -
considerado o mais semelhante ao da marcha humana- é possível mandar
estímulos ao praticante para a conquista equilíbrio, relaxamento, coordenação e
adequação do tônus muscular, enfim, desenvolvimento global . Emocionalmente, o
praticante é favorecido pelo ambiente natural, trocas afetivas com o animal, além
de se trabalhar a segurança e a auto-confiança através do convívio e possibilidade
de condução de um animal grande e forte . O caráter de diversão, prazer e
descontração, fazem com que o praticante seja um participante ativo em seu
processo de reabilitação conseguindo resultados positivos de maneira rápida e
prazerosa
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CAPÍTULO I
CONSIDERAÇÕES SOBRE EQUOTERAPIA
1.1- Equoterapia: Definição
A equoterapia é um método terapêutico e educacional que utiliza o cavalo
dentro de uma abordagem interdisciplinar, nas áreas de saúde, educação e
equitação, buscando o desenvolvimento biopsicossocial de pessoas portadoras de
deficiência e/ou necessidades especiais.
1.2- A quem se destina a Equoterapia?
A equoterapia proporciona benefícios da primeira até a terceira idade. De
modo geral são pessoas que possuem deficiências neuromotoras, sensoriais,
distúrbios psicológicos, de comportamento, ortopédicos, desenvolvimento de
linguagem, dificuldades no processo de alfabetização, alteração das funções
neuro-vegetativas (mastigação, sucção, deglutição e respiração), alterações nos
órgãos dos sentidos, dentre outros.
1.3- Fundamentos da Equoterapia
A equoterapia é um método terapêutico e educacional que utiliza o cavalo
dentro de uma abordagem interdisciplinar, nas áreas de saúde, educação e
equitação, buscando o desenvolvimento biopsicossocial de pessoas portadoras de
deficiência e/ou necessidades especiais de todas as idades -Crianças,
Adolescentes e Adultos . Como se não bastasse, a equoterapia é excelente ainda
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para quem apresenta dificuldade de aprendizagem escolar. Afinal, montar à cavalo
é um prazeroso processo de aplicação dos melhores exercícios motores e
psicomotores , além de proporcionar sensação de independência,estimulando a
auto-estima e autoconfiança.
É importante salientar que somente pelo alinhamento gravitário homem/cavalo,
observando-se que estes são imóveis um em relação ao outro, porém móveis em
relação ao solo, se consegue acionar o sistema nervoso.
O movimento rítmico, preciso e tridimensional do cavalo, que ao caminhar se
desloca para frente/trás, para os lados e para cima/baixo, pode se comparado com
ação da pelve humana no andar, permitindo ao todo instante entradas sensoriais
em forma de propriocepção profunda, estimulações vestibular, olfativa, visual,
auditiva e cinestésica.
O praticante da equoterapia é levado a acompanhar os movimentos do cavalo
tendo que manter o equilíbrio e a coordenação para movimentar simultaneamente
tronco, braços, ombros cabeça e o restante do corpo, dentro de seus limites. O
movimento tridimensional do cavalo e o restante do corpo, dentro de seus limites.
Este movimento tridimensional do cavalo provoca um deslocamento do centro
gravitacional do paciente, desenvolvendo o equilíbrio, a normalização do tônus, o
controle postural, a coordenação, a redução de espasmos, respiração e
informações proprioceptivas, estimulando não apenas o funcionamento de ângulos
articulares, como o de músculos e circulação sangüínea.
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CAPÍTULO II
OBJETIVOS DA EQUOTERAPIA
O Sistema Nervoso Central é um órgão de reação ao invés de ação e reage
aos estímulos que para ele convergem a partir de fora e de dentro do corpo. A
função mais importante do SNC é sua capacidade de inibir a atividade
incoordenada ou indesejada e facilitar as funções utilitárias simultaneamente, para
assim tornar possível o armazenamento de informação, em outras palavras, a
capacidade de aprender.
2.1-Melhora do equilíbrio
A Equoterapia proporciona ao paciente melhora do equilíbrio, pela estimulação
constante que o movimento tridimensional do cavalo realiza sobre os sistemas
vestibular, cerebelar e reticular do paciente. Para que se possa entender melhor
esses mecanismo, será explicada a seguir a fisiologia desse sistema.
O aparelho vestibular é órgão que detecta as sensações de equilíbrio, e é
composto por sistema de tubos de câmaras. Os canais semicirculares utrículo e
sáculo são partes integrantes do mecanismo do equilíbrio. Localizada sobre a
superfície interior de cada utrículo e sáculo, há uma pequena área sensorial
chamada mácula. A mácula é coberta por uma camada gelatinosa, na qual estão
incluídos muitos pequenos cristais de carbonato de cálcio chamados de
estatocônias. Estas possuem uma gravidade específica duas a três vezes maior
que a do líquido dos tecidos circunjacentes, favorecendo, portanto, a inclinação
dos cílios na direção da força da gravidade. Também na mácula encontram-se
milhares de células pilosas que projetam cílios para dentro da camada gelatinosa,
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onde fazem sinapses com terminações sensoriais do nervo vestibular. As células
pilosas são orientadas em direções diferentes, de modo que algumas delas são
estimuladas quando a cabeça se curva para frente, para trás ou quando se inclina
para o lado e assim por diante. Portanto, um padrão diferente de excitação ocorre
nas fibras nervosas da mácula para cada posição de cabeça informando ao
cérebro sobre a orientação. As máculas operam para manter o equilíbrio durante a
aceleração linear, do mesmo modo que operam no equilíbrio estático. Por sua vez,
os sistemas motores vestibular, cerebelar e reticular excitam os músculos postura
is apropriados para manutenção do equilíbrio adequado.
Os canais semicirculares em cada aparelho vestibular são conhecidos como
anterior, posterior e lateral(horizontal), estando dispostos em ângulos retos um em
relação ao outro, de modo que representam todos os três planos n espaço . Cada
canal semicircular tem uma dilatação em uma de suas extremidades chamada de
ampola e são preenchidos por um líquido viscoso chamado de endolinfa.
Os canais semicirculares e as ampolas detectam iniciar do movimento rotatório
ou a sua finalização. Sua função, portanto não é manter o equilíbrio, mas sim
informar ao sistema nervoso central o desequilíbrio dentro de uma fração de
segundo para que haja uma correção antecipada.
Existem outros fatores que implicam o equilíbrio. O aparelho vestibular detecta
a orientação e os movimentos apenas da cabeça; portanto, é essencial que os
centros nervosos também recebam informações apropriadas sobre a orientação
da cabeça em relação ao corpo. Essas informações são transmitidas a partir dos
proprioceptores do pescoço e do corpo diretamente para os núcleos vestibulares e
reticulares do tronco cerebral e, indiretamente, por meio do cerebelo.
Entre as mais importantes informações proprioceptivas necessárias para a
manutenção do equilíbrio estão as que são transmitidas pelos receptores
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articulares do pescoço , Quando a cabeça é inclinada em uma direção pela
curvatura do pescoço, impulsos dos proprioceptores do pescoço impedem o
aparelho vestibular de dar a pessoas a sensação de desequilíbrio. Fazem isto
transmitindo sinais que se opõem exatamente aos sinais transmitidos a partir dos
aparelhos vestibulares. Informações proprioceptivas de outras partes do corpo
além do pescoço também são importantes para manutenção do equilíbrio, como
por exemplo, as sensações de pressão.
O sistema visual auxilia eficazmente na manutenção do equilíbrio, mesmo os
movimentos discretos lineares ou giratórios do corpo mudam instantaneamente as
imagens na retina e essas informações são retransmitidas para o centro do
equilíbrio.
A via primária das reações do equilíbrio começa nos nervos vestibulares e vai,
em seguida, para os núcleos vestibulares e para o cerebelo. São enviados
posteriormente sinais para dentro dos núcleos reticulares do tronco cerebral, bem
como para medula espinhal baixo, por meio dos feixes vestibuloespinhal e reticulo
espinhal. Por sua vez, os sinais para medula controlam a inter-relação entre
facilitação e inibição dos músculos antigravitários, controlando assim
automaticamente o equilíbrio. Sinais provenientes tanto dos núcleos vestibulares
como do cerebelo são também transmitidos para cima pelo tronco cerebral e para
os centros cerebrais superiores. Esses sinais alertam a psique sobre o estado de
equilíbrio do corpo.
2.2-Ajuste Tônico
O ato motor basei-se em duas atividades: a de sentir e perceber e a de realizar
o movimento. Partindo desse conceito, o dinamismo da equoterapia facilitará o
aprendizado motor estimulando os três sistemas sensoriais responsáveis pelo
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mesmo sistema vestibular, sistema visual e proprioceptivo, levando às mudanças
na organização e número das conexões neurais (plasticidade neural).
Pode-se obter, com a escolha adequada do animal (freqüência do passo),
melhor reposta no tônus muscular do paciente. O animal que representar um
número maior de passadas por minuto irá ativar os receptores proprioceptivos
intrafusais, que só respondem aos estímulos rápidos, como também os receptores
articulares que respondem à pressão, gerando aumento do tônus muscular, sendo
mais indicado para pacientes hipotônicos. Portanto o cavalo que apresenta uma
freqüência baixa diminuirá os estímulos proprioceptivos, mantendo o movimento
rítmico e cadenciado, estimulando o sistema vestibular de forma lenta contribuindo
para diminuição do tônus muscular de todo o corpo, sendo indicado para os
pacientes hipertônicos.
2.3-Alinhamento Corporal
O alinhamento corporal está associado ao ajuste tônico e a organização
biomecânica. A partir desses, com o deslocamento do centro gravitário
(movimento tridimensional), estimular-se-a o sistema vestibular ativando a
musculatura de sustentação da cabeça e tronco, fibras estas (vermelhas)
responsáveis por uma atividade muscular prolongada e contínua. Os estímulos
proprioceptivos articular de pressão, somatossensorial e visual também
contribuirão para o ajuste postural adequado, estabilizando os membros
superiores e cintura escapular para que possam existir movimentos seletivos e
controlados, assim como ligar a pelve e os membros inferiores, promovendo
alinhamento, estabilidade, movimentos harmônicos, facilitando a execução da
função
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2.4-Consciência Corporal
A construção da consciência corporal dá-se a partir da interligação de
processos neurais complexos que envolvem sensações proprioceptivas e
exteroceptivas, ligadas aos sistemas visual e cognitivo, distinguindo o “Eu” dos
objetos que se encontram no mundo exterior.
Na Equoterapia a movimentação do cavalo associada ao ambiente será
determinante na construção da unificação dos diferentes seguimentos do corpo,
possibilitando uma nova concepção do movimento.
2.5-Organização Espacial
Habilidade de manter relação entre os diversos segmentos do corpo e o corpo
com o ambiente. A riqueza de estímulos no ambiente da equoterapia
proporcionará ao indivíduo o desenvolvimento de novas percepções.
2.6-Organização Temporal
É proporcionada pela cadência do passo do cavalo (ritmo), associada às
atividades de vida diária do praticante e estruturação de cada sessão, tendo este
início, meio e fim.
2.7-Coordenação Motora
Além do controle da atividade muscular exercido pelas áreas cerebrais
corticais, duas outras estruturas cerebrais são também essenciais para a função
motora normal: o cerebelo e os gânglios basais. No entanto, nenhuma dessas
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estruturas é capaz de iniciar por si mesma a função muscular. Em vez disso, elas
funcionam sempre em associação com outros sistemas de controle motor.
Basicamente, o cérebro desempenha os principais papéis no seqüenciamento
das atividades motoras e na rápida progressão de um movimento para o seguinte;
ele também auxilia a controlar as interações instantâneas entre os grupos
musculares agonistas e antagonistas.
Os gânglios basais, por outro lado, ajudam a controlar os padrões complexos
do movimento muscular, controlando as intensidades relativas dos movimentos
sucessivos e paralelos necessários para que sejam alcançados objetivos motores
específicos.
2.8-Força Muscular
Esta força é adquirida por meio dos reajustes corporais constantes
proporcionados pelos deslocamentos do centro gravitário e pelas atividades
propostas pelo terapeuta de acordo com as necessidades observadas no
momento terapêutico.
2.9-Objetivos Psicossociais
Os objetivos psicossociais proporcionados pela equoterapia, são adquiridos
por motivação que impulsiona o indivíduo pelo desejo e prazer, conseguindo atrair
a atenção e com isso aumentar o grau de concentração, de iniciativa, auto-estima,
autocontrole, autoconfiança, gerando liberdade e independência para maior
interação social.
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2.10-Inclusão Social
A pessoa portadora de necessidades especiais, como o termo deixa claro, tem
a necessidade de atendimento especial em uma ou outra área. A inclusão tem
como um dos objetivos, uma sociedade em que todos tenham respeitados seus
direitos e também suas diferenças.
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CAPÍTULO III
METODOLOGIA
FASES DA EQUOTERAPIA
O trabalho da equoterapia desenvolve-se em etapas relacionadas tanto à
estrutura de sessão, quanto ao tempo de tratamento. O paciente é enquadrado de
acordo com suas capacidades físicas e/ou mentais a partir de uma anamnese feita
inicialmente. Então é traçado um plano terapêutico individualizado, o qual será
constantemente reavaliado.
2.1- Estrutura da Sessão:
- Primeira Fase (Aproximação):
O poder, a força, a coragem e o espírito selvagem dos eqüinos, fascina e
inquieta em distância. Seu poder altivo, desperta um misto de curiosidade e
apreensão, especialmente nos que travam um primeiro contato com o animal. A
origem do medo p ara muitos está, a princípio, na impossibilidade de prever e
controlar ações específicas de cada categoria. Acredita-se que a aproximação
com objetivo que representa o temor, pela construção de um ambiente favorável,
permite a rápida transposição do problema. Assim propomos sempre, inicialmente,
atividades em que o paciente participe , seja observando ou colaborando
ativamente. Cria-se assim um enlace afetivo, diminuindo gradativamente a
distância. Essas atividades incluem desde o alimentar agradar com uma cenoura
até a limpeza.
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-Segunda Fase (Montaria):
Representa a fase central da sessão, em que o paciente irá realizar a
atividades proposta sobre o dorso do cavalo.
- Terceira Fase (Separação):
Significa o término da atividade sobre o dorso do cavalo, em que são
propostas atividades conclusivas no solo que desencilhar, dar banho, manejo das
baias, etc.
Essa estruturação favorece a organização temporal de início, meio e fim da
sessão. Podendo durar de 30 à 45 minutos.
3.2-Tempo de Tratamento
Os trabalhos equoterápicos são agrupados nos seguintes programas básicos,
hipoterapia, educação eqüestre, pré-esportiva e esportiva.
-Primeira Fase (Hipoterapia):
O paciente não tem condições físicas e/ou mentais para se manter sozinho
sobre o animal necessitando de um auxiliar-guia, para conduzir o cavalo, e do
terapeuta montado, para a execução de condutas específicas. O cavalo atua
principalmente como agente cinésioterapeutico.
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-Segunda Fase (execução/reeducação eqüestre):
O paciente possui condições de executar alguma atuação sobre o cavalo e
conduzi-lo, dependendo em menor grau do auxiliar-guia, necessitando do auxiliar
lateral (terapeuta).
O cavalo propicia benefícios não só pelo movimento tridimensional, mas
também como facilitador do processo ensino-aprendizagem.
-Terceira Fase (pré-esportiva):
O paciente possui domínio sobre o animal. A ação do profissional de equitação
é mais efetiva, porém a orientação e acompanhamento de profissionais da área de
saúde continuam necessários.
-Quarta Fase ( esportiva):
Traduz-se como o momento da alta, sendo o paciente inserido na escola de
equitação.
A Equoterapia deve ser desenvolvida como tratamento de suporte, não
substituindo o convencional, sendo elegível somente uma vez por semana, a não
ser em casos específicos de saturação aos tratamentos realizados, observando-se
de acordo com a necessidade, qual o número de sessões a serem indicados.
3.3- Indicações
O campo de ação da equoterapia é bastante amplo e se endereça às pessoas
portadoras de deficiências sensoriomotoras , tais como:
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• Tipos clínicos de paralisia cerebral;
• Déficits sensoriais;
• Atraso maturativo;
• Síndromes neurológicas(Down, West, Soto e Outras);
• Acidente Vascular Cranioencefálico;
• Seqüelas de processos inflamatórios do sistema nervoso central9meningo-
encefalite e encefalite);
• Lesão raquimedular, entre outras.
Nos distúrbios psicossociais mais comuns encontramos:
• Austismo;
• Síndrome hipercinética (hiperatividade);
• Deficiência Mental;
• Dificuldade de Aprendizado;
• Alterações do comportamento;
• Psicoses infantis.
3.4-Contra-Indicações
Existem algumas contra-indicações relativas para prática da equoterapia.
Dentre as contra-indicações relativas estão:
• Alergia ao pêlo do cavalo por haver intolerância pela rinite;
• Hiperlordose, na qual mesmo com uso de coxins de adaptação não se
consegue o alinhamento pélvico;
• Subluxação de quadril por apresentar dor e/ou dificuldade na postura;
• Hipertensão quando esta não for controlada;
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• Medo excessivo, após tentativas de aproximação sem sucesso;
• Atividade reflexa intensa, dificultando o posicionamento correto sobre o
animal.
As contra-indicações absolutas são:
• Instabilidade atlantoxial presente em crianças portadoras de Síndrome de
Down, podendo ocasionar lesão medular pela lassidão ligamentar.
• Escoliose estrutural acima 40 graus, por acentuar, com a movimentação
do cavalo, o grau da deformidade;
• Osteoporose, pelo risco de microfraturas;
• Osteogênese imperfeita, pelo mesmo motivo da osteoporose ;
• Hemofilia, pelos microtraumas vasculares;
• Hérnia de disco, pela compressão discal;
• Doença de Shuerman, pela deformidade vertebral, acarretando acentuação
da patologia;
• Cardiopatia grave, pela sobrecarga ao coração.
3.5 Avaliação
É de fundamental importância a avaliação global do paciente, para que se
possam traçar objetivos de tratamentos e condutas específicas adequadas para
cada tipo de patologia.
Na avaliação serão colhidos os seguintes dados:
• Identificação do paciente;
• Nome;
• Data de Nascimento;
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• Data da Avaliação;
• Sexo;
• Endereço;
• Telefone;
• Filiação e diagnóstico fisioterápico.
Na anamnese, será colhida a história atual e, quando criança, a história
gestacional, do parto e do desenvolvimento neuropsicomotor nos primeiros anos
de vida. Deve-se investigar a presença de distúrbios associados, como alterações
da fala, visão e audição, se há presença de esteriotipias, retardo mental e
epilepsia. Observar se faz ou questionar se fez uso de aparelhos ortopédicos,
como por exemplo, calha, colete, etc.
3.6-Benefícios da Equoterapia
Equoterapia é o nome genérico adotado para todos os métodos terapêuticos
que se utilizam do cavalo para sua execução. Também é conhecida como
Equinoterapia, Hipoterapia, Equitação terapêutica.
Este método, mais que comprovado, possui benefícios tais como:
• FÍSICOS - Desenvolvimento do equilíbrio, da noção de espaço e postura.
Tonificação da musculatura e melhorias na voz e na pronúncia de palavras
em função da respiração correta.
• -PSICOLÓGICOS - Desenvolvimento do equilíbrio, da noção de espaço e
postura. Tonificação da musculatura e melhorias na voz e na pronúncia de
palavras em função da respiração correta.
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• COGNITIVOS - Aumento da auto-estima, da confiança e da autonomia.
Desenvolvimento da sociabilidade e diminuição da agressividade e da
intolerância à frustração. Aumento do vocabulário nas crianças e melhora
no desempenho em sala de aula. Estimulação da atenção seletiva e da
concentração.
• PORQUE O CAVALO?
O principal meio de trabalho da equoterapia é o cavalo, que tem os
movimentos tridimensionais causados pelo seu dorso. Ao se deslocar ao passo,
realiza um movimento semelhante à bacia pélvica humana durante sua marcha.
Neste tipo de terapia , o terapeuta apenas atua como um mediador , tendo o
paciente , juntamente com o seu cavalo, uma relação física e psicológica
fundamental para o resultado esperado.
• BENEFÍCIOS DO CAVALO:
- Movimento tridimensional do dorso do cavalo - Ajuda a fornecer imagens
cerebrais seqüenciais e impulsos importantes para se aprender ou reaprender a
andar;
- Movimento rítmico- balançante – Estimulam o metabolismo, regulam o tônus e
melhoram os sistemas cardiovascular e respiratório.
- O movimento e a mudança de equilíbrio constante - Estimulam o sistema
vestibular e solicitam uma adaptação incessante do próprio equilíbrio, fortalecendo
a musculatura e a coordenação.
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- Imponência e altura do cavalo - Desenvolve a coragem, a autoconfiança, a
concentração, sentimento de independência.
- Docilidade e o contato do cavalo - Desenvolve a calma, a capacidade social e na
comunicação.
• CAVALO USADO NA EQUOTERAPIA:
Dócil, altura média de 1,50m, bem aprumado, inexistência de manqueiras,
andamento bem cadenciado e com boa amplitude de passadas.
OBS: os cavalos velhos são os mais indicados, pois são menos ariscos e mais
seguros.
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CAPÍTULO IV
TRABALHO EM EQUIPE
A equoterapia é aplicada por uma equipe técnica multiprofissional e
interdisciplinar composta por Fisioterapeuta, Instrutor de Equitação, Auxiliar guia,
Auxiliar lateral e Veterinário, incluindo ainda, Pedagogo, Psicólogo, Fonoaudiólogo
e psicomotricista
Todo trabalho com o ser humano é melhor realizado quando diferentes
profissionais trabalham cada um em sua disciplina, mas com objetivo geral
semelhante, buscando a coesão, a complementação e o enriquecimento do
tratamento.
4.1-Equoterapia e Psicomotricidade
Outro aspecto trabalhado na equoterapia é a Psicomotricidade. O
deslocamento do cavalo impõe ao praticante um movimento doce, ritmado,
repetitivo e simétrico. Para manter o equilíbrio, o tônus muscular deve adaptar-se
alternadamente ao tempo de repouso e de atividade. Significa reconhecer uma
atitude corporal pelo senso postural, depois reajustar sua posição. Com isso, ele é
conduzido a uma melhor compreensão de seu esquema corporal. Os exercícios
psicomotores não são um fim, mas um meio para atingir a integração do sujeito
no meio físico e social, trabalhando a relação que se estabelece entre a
consciência do sujeito e o mundo que o cerca.
Diversos exercícios psicomotores podem ser utilizados na Equoterapia para
ajudar na reabilitação.
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A coordenação motora engloba os movimentos amplos, finos, e a dissociação
de movimentos. Já de início, ao montar o cavalo, estamos trabalhando movimento
amplo e dissociação, pois o praticante tem que lançar a perna direita por cima do
dorso do animal. Jogar bola, abraçar, pegar na orelha ou no rabo do cavalo, assim
como dar banho e escovar são alguns exemplos para movimentos amplos e
dissociação de movimentos. Estes últimos são também importantes na relação
afetiva que a criança começa estabelecer com o animal, proporcionando melhora
na auto-estima e auto-confiança, independência e senso de responsabilidade. O
segurar a rédia com as mãos já estimula os movimentos finos, como fazer trança e
pegar pequenos objetos presos na crina do cavalo ou então pegar folhinhas das
árvores, visto que o trabalho é feito ao ar livre, o que ajuda na moticidade fina. A
estimulação do esquema corporal é feita na mesma forma do consultório com
suas devidas adaptações, através de nomeação, função e comparação das partes
do corpo do animal com o da criança. Posteriormente, consegue-se verificar a
imagem com desenhos, que são feitos sobre a garupa do cavalo.
A lateralidade também já começa a ser estimulada quando o praticante monta,
pois normalmente subimos pelo lado esquerdo do animal. Adaptamos
basicamente os mesmos exercícios na Equoterapia. Guiar o cavalo sozinho, por
exemplo, já requer uma noção de lateralidade para que não se erre o caminho
estabelecido pelos terapeutas.
Por ser um trabalho ao ar livre, as percepções olfativa e auditiva são
estimuladas junto a natureza. O relinchar do cavalo, a buzina do carro e o som da
ferradura do animal, assim como o cheiro do estrume, da comida, do remédio são
mostrados ao praticante. Todas as funções intelectivas, como memória, atenção,
análise e síntese, organização do pensamento, orientação e organização espacial
e temporal, figura-fundo, percepção visual, relação espacial, coordenação viso-
motora, ritmo, estão sendo estimuladas durante qualquer tipo de exercício..
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Na Equoterapia se faz necessária a integração de uma equipe interdisciplinar
onde é fundamental o conhecimento sobre a patologia, como também sobre os
efeitos da estimulação advindas do movimento tridimensional do animal no
praticante. É preciso também ter habilidade suficiente para entender as
necessidades deste, facilitando o processo da terapia.
4.2- Equoterapia e Fonoaudiologia
O fonoaudiólogo é um profissional da área da saúde responsável pela
reabilitação ou habilitação de problemas da fala; mastigação e deglutição;
audição; aprendizagem; etc. Por este motivo, ele também não poderia fica de fora
da Equoterapia , que é um método terapêutico e educacional que utiliza o cavalo
dentro de uma abordagem interdisciplinar, nas áreas da Saúde ,educação e
equitação, buscando o desenvolvimento biopsicossocial de pessoas portadores de
deficiência, de necessidades especiais,e de pacientes com transtornos
fonológicos.
A Equoterapia , no Brasil ainda não foi estabelecida como uma área de
trabalho da Fonoaudiologia, devido a pouca divulgação do trabalho . Atualmente
existem poucos fonoaudiólogos utilizando-se dessa técnica.
A função do fonoaudiólogo na Equoterapia é adaptar os conhecimentos de sua
área juntamente com os conhecimentos da Equoterapia, proporcionando ao
paciente uma terapia lúdica e prazerosa , em um ambiente aberto e rodeado de
natureza.
O ritmo está presente no nosso dia-a-dia, quando falamos, mastigamos, nas
batidas do nosso coração, ao andar, ao respirar, ao aprender. O fonoaudiólogo
aproveita-se do andar ritmado do cavalo para trabalhar estes aspectos quando se
apresentam alterados ambiente equoterápico.Utiliza-se também, do estímulo que
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o cavalo e o ambiente proporcionam ao paciente trabalhando a linguagem e os
aspectos cognitivos .
O fonoaudiólogo trabalha com indivíduos que apresentam os seguintes
quadros:
• Atraso no desenvolvimento Neuropsicomotor;
• Atraso de Linguagem;
• Retardo de aquisição de Linguagem;
• Disfagia;
• Alterações musculares, estruturais e funcionais do sistema
estomatognático (língua, lábios, bochechas...);
• Deficiências auditivas;
• Disartria;
• Afasia;
• Distúrbios Articulatórios
• Dificuldades de Aprendizagem, etc.
O trabalho não engloba apenas a patologia ,mas sim uma visão globalizada do
indivíduo, isto é, o indivíduo considerado como um ser maior, entendido em sua
dimensão bio-psico-social e não uma simples "boca".
A equoterapia é desenvolvida ao ar livre, em ambiente no qual o praticante vai
estar intimamente ligado à natureza e, ainda, montado em um animal que é
superior em porte e altura; podendo comandá-lo (quando possível), é dócil e ajuda
a quem necessita dele.
Como esta forma de terapia é realizada ao ar livre, torna-se importante
salientar que os pais participam de forma efetiva, pois estão vendo como é
realizado o tratamento e podem avaliar o desempenho de seus filhos a cada
encontro, com isto, consequentemente, há um crescimento dos pais também, que
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observando os avanços de seus filhos elaboram melhor a aceitação das
dificuldades deles; pois percebem que o animal os aceita sem distinção.
A equoterapia proporciona, portanto, que pais, praticantes e terapeutas tenham
uma relação mais próxima.
Para que ocorra a produção da fala também é necessário a adequação do
tônus postural do ritmo, do posicionamento correto de cabeça e corpo, sem
esquecer a importância da coordenação fono-respiratória. E é o movimento
tridimensional que o cavalo produz que influenciará diretamente nestes músculos,
controlando a postura, os músculos da cavidade oral, os músculos da laringe e a
respiração.
4.3- Equoterapia e Psicologia
O cavalo hoje é grande destaque como instrumento de reabilitação e
educação. Este se transforma em um personagem na vida da criança, do
praticante, passando então a ser um ponto de contato sedutor com o mundo que o
rodeia. A equoterapia não consiste apenas em exercícios de estimulação
neuromuscular, visto tratar-se de um método terapêutico que envolve o ser
humano por completo. Paciente e cavalo participam ativos dos exercícios. E a
equipe formada por fisioterapeutas, fonoaudiólogos, psicomotricistas, psicólogos,
pedagogos, instrutores de equitação, são fundamentais para conduzir a terapia ao
longo do tempo.
Cabe ao psicólogo conhecer todos esses profissionais que estarão
trabalhando juntos de forma interdisciplinar, como o cavalo, o praticante, e todo o
material empregado nas técnicas e exercícios utilizados na equoterapia. Cabe a
ele conhecer também o praticante, assim identificando suas limitações e
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potencialidades, além de conhecer muito bem o cavalo, suas características, para
obter uma visão precisa das coisas possíveis dentro do tratamento. A interação de
toda a equipe permite que cada um entenda a abordagem de seu colega,
possibilitando assim um trabalho associado.
Toda a harmonia em equipe é muito importante, principal objetivo da atuação
interdisciplinar. O psicólogo ajuda na desenvoltura da equipe, com reuniões
também, para haver essa harmonia entre todos e obter um ótimo resultado no
trabalho.
O cavalo, como objeto intermediador, é a ligação entre o praticante e o
terapeuta, entre o praticante e o adulto, etc. Aquilo que o praticante não pode
vivenciar, no contato com o cavalo ele irá aprender integrar-se e utilizar na sua
estrutura, na sua evolução psicossomática, melhorando a sua autonomia,
independência, auto-estima, auto-confiança, objetivos dos terapeutas para com
seus praticantes. O cavalo é o ser da confiança e da troca afetiva e corporal; ele
dá matéria à nossa busca de identidade. Ele permanece um ser que deve ser
cativado e cuja dominação passa, através dele, pela auto- estima de si mesmo.
Toda a evocação do cavalo, animal-símbolo, remete a noções culturais
profundamente interiorizadas. Ele se torna o nosso outro eu, objeto de nossas
projeções, uma resposta viva a nossos comportamentos. Vimos o cavalo como
algo que gostaríamos que ele desse para nós ou depositamos nele nossas
vontades.
A intensidade das sensações e das emoções provocadas pela abordagem do
cavalo, conduzem o indivíduo a um confronto consigo mesmo, que é corporal e
psico-afetivo ao mesmo tempo.
Do ponto de vista psicológico, o cavalo, fonte de emoções, é a própria
essência do expressivo é através das vibrações corporais que o corpo registra, o
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cavaleiro vive uma experiência que remete diretamente à sua vivência interior,
assim, desabrochando, criando e realizando seu próprio bem-estar, pelo viés do
cavalo, este seu outro eu.
O psicólogo, trabalha o aqui-agora, o presente, sem ficar muito preocupado
em achar um culpado para tal situação, claro que o passado e toda a história de
vida do praticante não são ignorados, como também todo o histórico familiar.
Não só o psicólogo mas como toda a equipe deve sempre estar atentos
quanto aos comportamentos que o praticante irá apresentar, pois este nos dá
valiosas informações para podermos dar seqüência e andamento no tratamento,
como também o que esperamos dele no futuro(estratégia).
O próprio ambiente da equoterapia irá propiciar ao praticante uma profunda
comunhão entre praticante-ambiente, isto é, a natureza.
Na equoterapia, não se consegue separar as funções de cada terapeuta, pois
todos trabalham em equipe e claro que todos precisam obter o conhecimento de
todas as áreas, para se obter uma terapia adequada em todos os programas de
equoterapia (hipoterapia, educação/reeducação, pré-esportivo). E dentro da
equoterapia, esta facilita a organização do esquema corporal, a aquisição do
esquema espacial; desenvolve a estrutura temporal; aguça o raciocínio e o sentido
de realidade; desperta uma profunda comunhão criança-realidade; proporciona e
facilita a aprendizagem da leitura, da escrita, e do raciocínio matemático; aumenta
a cooperação e a solidariedade; minimiza os distúrbios comportamentais; promove
a auto-estima, a auto-imagem e a segurança, também facilita e acelera os
processos de aprendizagem.
Todo o vínculo cavalo-cavaleiro, estabelecido desde as primeiras sessões
desenvolve a afetividade, com isso obtendo-se um ganho geral de auto-confiança
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e auto-estima, sendo assim há um melhoramento nos outros aspectos como o
senso de limite e responsabilidade, o relacionamento interpessoal e casos de
timidez, retração, hoperatividade, doenças de humor e depressão, entre outras
deficiências apresentam sensível progresso.
Os resultados obtidos na psicologia através da equoterapia se deve ao
diferencial de utilizar o animal, o que permite trabalhar mais o afeto, autonomia do
ir e vir. Toda a sensação de liberdade, de se locomover é fundamental, além
disso, há o ganho físico proporcionado pelo movimento do cavalo e além do ganho
emocional.
A confiança obtida na equoterapia permite acelerar o processo de
desenvolvimento de potencialidades, responsável pela integração social e pessoal
do portador de deficiências ou dificuldades.
Toda a prática eqüestre favorece ainda uma sadia sociabilidade, uma vez que
integra o praticante, o cavalo e os profissionais envolvidos.
O psicólogo poderá fazer orientações aos pais ou responsáveis pelo
praticante, como reuniões, já que estes apresentam muitas dúvidas e expectativas
sobre o trabalho.
A equoterapia contribui de forma prazerosa para a aplicação de exercícios de
coordenação motora, agilidade, flexibilidade, ritmo, concentração e lateralidade,
desenvolve a sensibilidade física e psíquica, na medida em que exige a constante
percepção e reação frente a diversos estímulos. Assim, resultando em maior
harmonia e equilíbrio físico e psíquico.
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4.4- Equoterapia e Pedagogia
A educação, vista sob uma perspectiva global, não acontece apenas no meio
acadêmico, onde é transmitida de maneira formal e organizada, porém acontece
constantemente na vida do ser humano, independente do ensino ser formal ou
não ela acontece. Entretanto, é na escola que adquirimos novas diretrizes para
situarmos o que já sabemos, o que ainda iremos aprender e sistematizar a
aprendizagem vivida.
A equoterapia tem como pressuposto básico, o desenvolvimento das
potencialidades do sujeito que pratica tal atividade. O trabalho em equipe é um
dos pontos que favorecem o sucesso alcançado pela equoterapia. O profissional
da educação faz parte dessa equipe e tem, assim como os outros, um papel muito
importante.
A educação estuda as diferentes teorias que discutem o desenvolvimento
cognitivo; a visão de sujeito que embasa o trabalho de uma equipe pode e deve
ser discutida, pois é em função desse sujeito que serão organizados e planejados
os atendimentos interdisciplinares.
Em um centro de Equoterapia podemos contar com a visão sócio histórica
para apoiar nossas atividades. Acredita-se que a vida em família, na escola, seja
esta especial ou regular, em consultórios, hospitais, enfim em sociedade, é que
contribui para desenvolver no sujeito sua capacidade cognitiva, emocional enfim, é
a história desse sujeito que nos indicará sua maneira de aprender e relacionar-se.
A área da saúde utiliza-se desse referencial teórico para elaborar e mediar
suas atividades, juntamente com a educação e a equitação.
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Cada praticante, ainda que as sessões sejam desenvolvidas em grupo,
constitui um estudo de caso que é efetivado pela equipe mensalmente. Durante
esse estudo, são analisados os aspectos que mais se destacaram, tanto aspectos
positivos como negativos. Em contato com os demais terapeutas, com a escola
que o praticante freqüenta, e junto à família, são observados os dados que nos
orientam na elaboração dos próximos planos de trabalho.
A partir da atividade pedagógica, as demais áreas desenvolvem os seus
objetivos específicos. Utilizando material adaptado, jogos, aproveitando o lúdico
para envolver e desenvolver o praticante, a sessão de equoterapia utiliza o cavalo
como elemento chave, mas a diversidade de materiais possibilita criar outros
recursos, outros caminhos para o desenvolvimento global do praticante.
Para Vigotski, "o desenvolvimento humano e a educação são dois fenômenos
inseparáveis....um ser humano é a incorporação dos componentes da cultura do
meio social em que está inserido".(Angel Pino, 2000, p.09)
A aproximação com o cavalo, permite ao praticante observar uma maneira
curiosa e diferente de atitudes por parte deste. O cavalo assusta-se com facilidade
pois foi um animal caçado durante milhares de anos. Em contato com a história do
cavalo, o praticante compreende melhor as atitudes desse animal, que apesar do
tamanho é dócil e companheiro.
"Função primeiro constrói-se no coletivo em forma de relação entre as crianças, -
depois constitui-se como função psicológica da personalidade". (Angel Pino, 2000,
p. 29)
O cavalo relaciona-se com o praticante de uma maneira específica. Cada
praticante é único e as relações entre praticante-cavalo-profissional, são únicas
também. A sensação de domínio, de liberdade, enfim, situações de bem estar
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diferentes, proporcionam novas experiências e despertam novas oportunidades de
aprendizagem.
Para convivermos em sociedade, necessitamos de educação
postural(fisioterapia), de educação da fala(fonoaudiologia), de educação alimentar,
de educação da mente, de educação dos hábitos sociais, de EDUCAÇÃO.
O "aprender" envolve diferentes formas e acontece em diferentes dimensões:
• Aprende-se a sentar;
• Caminhar;
• Comer;
• Falar;
• Relacionar-se com o grupo, seja ele familiar ou escolar.
Aprender a relacionar-se envolve o conhecimento de regras sociais, exige
observação, análise e síntese. A partir da sua vivência anterior o sujeito elabora
suas conclusões e formula a atitude a ser tomada em determinada situação.
Com o cavalo, geralmente não há, na história de vida do praticante, situação
semelhante; então o sujeito irá buscar referências do seu convívio familiar e/ou
social, para interagir com o cavalo. Situação que nos permite conhecê - lo melhor,
e momento em que este irá elaborar novas formas de comunicação para com o
cavalo, seja ela verbal, sonora, gestual, facial entre outras.
Enfim, o grande número de estímulos, recursos e possibilidades que o trabalho
equoterápico oferece, tanto aos praticantes, quanto aos terapeutas (professores) é
um dos principais aspectos que fazem da Equoterapia, um momento agradável e
de desenvolvimento tanto para um como para outro.
A repercussão de tal atividade pode ser observada, entre outras, no âmbito
escolar, através do desempenho acadêmico do praticante.
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A equoterapia utiliza-se da pedagogia para efetivar sua prática e proporciona
maior desenvolvimento do praticante em seu desempenho escolar e/ou
pedagógico.
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CONCLUSÃO
A equoterapia mostra que o tratamento realizado através desta intervenção
terapêutica é benéfico em vários aspectos sensoriais, cognitivos,
comportamentais, sociais e motores, para seus praticantes, pois se trata de um
tipo inusitado de terapia, a qual o praticante é visto holisticamente por uma equipe
integrada e interdisciplinar, além de ser realizada ao ar livre e em cima de ser vivo
e dócil que o aceito como é.
A equoterapia, tem seu trabalho intimamente ligado a Psicomotricidade, pois
além do desenvolvimento da consciência do esquema corporal, estão sendo
trabalhados também a adequação das funções motoras, funções intelectivas,
como memória, atenção, organização do pensamento, orientação e organização
espacial e temporal.
Há ainda o fato da terapia ser realizada em ambiente a céu aberto e em
contato com a natureza, proporcionando uma atividade voltada para o lúdico, que
ao mesmo tempo delega responsabilidade, aumenta a auto-estima, dá a sensação
de liberdade e independência , para que passo a passo , os objetivos sejam
alcançados.
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BIBLIOGRAFIA
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1990.
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LERMONTOV,Tatiana. A psicomotricidade na Equoterapia . Rio de Janeiro: Idéias
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MEDEIROS, Mylena e DIAS,Emília.Equoterapia -Bases e Fundamentos. Rio de
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MEDEIROS, Mylena e DIAS, Emília. Distúrbios da Aprendizagem- A equoterapia
na Otimização do ambiente Terapêutico. Rio de Janeiro: Revinter, 2003.
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FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da instituição: INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
Título da Monografia: A Equoterapia como um instrumento de reeducação
psicomotora
Autor: Luciana Carvalho Coelho
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