UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO-SENSO”
DOCÊNCIA DO ENSINO SUPERIOR
MODA – PROFISSÃO DO SÉCULO XXI
Monografia apresentada para
obtenção do certificado do curso de
docência do ensino superior
prof. José Palmiro Ferreira da Costa
RIO DE JANEIRO
2002
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO-SENSO”
DOCÊNCIA DO ENSINO SUPERIOR
MODA – PROFISSÃO DO SÉCULO XXI
CLAUDIA MARIA G. S. GOULATH
RIO DE JANEIRO
2002
DEDICATÓRIA
Dedico esta monografia à meusprofessores da Univ. CândidoMendes do Curso de docênciasuperior e aos meus alunos da Univ.Estácio de Sá
AGRADECIMENTOS
Agradeço à amiga Aline Rodrigues, por ter me incentivado a fazer o
curso de pós-graduação de docência do ensino superior.
A meu irmão Marcelo Guimarães dos Santos pelas dicas de
informática tão necessárias para a confecção dos trabalhos, como também na
dedicação de tempo e paciência dispensadas.
A Gilda Amorim, por ter sido a primeira pessoa que me deu
oportunidade de ingressar no Centro de Moda da UNESA, como professora
dos cursos livres de Moda.
E à Regina Moura que me proporcionou a oportunidade de lecionar
modelagem industrial na Universidade Estácio de Sá.
A meu marido e meus filhos, que me acompanham na vida
profissional e juntos compomos uma família.
SUMÁRIO
FOLHA DE ROSTO.......................................................................... i
DEDICATÓRIA................................................................................. ii
AGRADECIMENTO.......................................................................... iii
RESUMO.......................................................................................... iv
INTRODUÇÃO.................................................................................. v
CAPÍTULO I – O que nos conta a história....................................... 8
CAPÍTULO II – Os reflexos de um prisma......................................... 12
2.1 – O crescimento da indústria Têxtil............................. 12
2.2 – Política e economia.................................................. 15
2.3 – Marketing e mídia..................................................... 18
CAPÍTULO III – Os arquétipos psicológicos..................................... 20
3.1. – Psicoterapia através da roupa................................ 22
CAPÍTULO IV- Fontes inspiradoras – os grandes nomes da moda.. 26
4.1 – Moda se aprende na Universidade.......................... 28
4.2 – Profissionais de moda – novas revelações.............. 30
CONCLUSÃO....................................................................................
31
ANEXO.............................................................................................. 32
BIBLIOGRAFIA..................................................................................
33
RESUMO
A moda estigmatizada que causou tanta polemica, chamada de fútil.
Foi criticada, censurara por preconceituosos. Passaram-se três séculos de
história da humanidade até nossos dias.
Atualmente a moda investe em tecnologia de ponta e incrementa a
industria. Contribui para intercâmbios culturais. Formas profissionais de nível
superior qualificado para atender a veloz necessidade do seguimento moda.
A moda está abrindo as portas para vários setores profissionais
criando empregos diretos e indiretos acompanhando o crescimento da indústria
têxtil e conferindo ao Brasil um lugar de destaque internacional.
A moda também vem sendo utilizada como terapia alternativa,
ajudando muitas pessoas a se desvencilharem de frustrações e reestruturar a
auto-estima.
INTRODUÇÃO
A moda foi estigmatizada, polemizada, vista como fútil. Passou por
críticas, censuras, preconceito, atravessou três séculos acompanhando a
história da humanidade até nossos dias, e graças a ela, o Brasil desenvolve
hoje, as mais diversificadas atividades profissionais, investe em tecnologia de
ponta, incrementa industrias, contribui com intercâmbios culturais, e acaba de
inserir no mercado a formação superior qualificada para atender a veloz
necessidade do seguimento moda.
Hoje no Brasil, a moda está a caminho de reconhecimento como
fenômeno cultural e social, detentora de considerável fatia do mercado
financeiro mundial, está abrindo as portas para vários setores profissionais, a
que mais criou empregos diretos e indiretos e com o crescimento da indústria
têxtil em parceria com a indústria química, vem conferindo ao Brasil um lugar
de destaque internacional.
A moda também vem sendo utilizada como terapia alternativa,
ajudando muitas pessoas a se desvencilharem de frustrações e reestruturar a
auto-estima, usando a roupa como instrumento terapêutico, está sendo
possível mudar comportamentos reprimidos.
Esta pesquisa, descritiva e histórica, visa mostrar que moda não é
frivolidade feminina. É hoje, fonte geradora de recursos financeiros e
conseqüentemente, formador de profissionais competentes para atender as
exigências tecnológicas do mercado globalizado. Atualmente, apenas no Rio de
Janeiro, temos seis Universidades especializadas em moda, cada qual oferece
uma especialidade exclusiva, tais como: designer de jóias e de assessórios,
cujo mercado carece de profissionais competentes nestas áreas e ao contrário
de alguns preconceituosos, moda também é profissão de homem.
8
CAPÍTULO I
A MODA CONTA SUA HISTÓRIA
A revolução burguesa do século XVIII, contribuiu para desbancar a
nobreza em cadência, surgindo então a nova elite burguesa. Enriquecidos as
custas de trabalho, tinham algumas referencias de bom-gosto e grande desejo
de disputar status e privilégios sociais.
A nobreza, empobrecida, despediu-se do luxo e dos requintes. A
ostentação das cortes absolutista esvaziou-se. Surge espaço para a criação
individual, nessa época começou a se desenvolver um mercado consumidor
mais amplo, dando início à cultura burguesa, assumindo um trajar sóbrio sem
abrir mão da elegância, conquistam um público ansioso por novidades, que os
elegem ditadores da moda. Com a volta da família real para Portugal, em 25 de
abril de 1821,saia de cena os nobres portugueses, sem antes de partir,
"rasparem" o Banco de Brasil, que foi à beira da falência. Deixaram como
herança, a influência européia, nos trajes dos brasileiros, inadequadas ao calor
dos trópicos, como as luvas, os insensatos casacos de peles das vestes
femininas, e as lãs usadas nos ternos masculinos.
O primeiro grande paço na moda, acontece em (1825-1894), início
do século XIX, por Charles Frederick Worth, reconhecido com o primeiro
estilista de moda no Brasil recebeu merecidos méritos, por desenvolver
modelos pedidos por suas clientes, não se limitava na criação de modelagens
exclusivas, e promovendo desfiles para clientela seleta, arrecadando
encomendas. Ele foi sem dúvida o precursor da alta-costura no Brasil.
9
No início do século XX, seguia-se fielmente a moda ditada pela
França. O Rio de Janeiro era o "celeiro da moda", a Rua do Ouvidor, exalava
as fragrâncias parisienses, eram floristas, perfumistas, cabeleireiros,
confeitarias, boutique, todas montadas pelos franceses, as madames e
mademoiselles ricas vestiam-se nas tais casas de prestígio, enquanto as da
classe média, recorriam a costureiras, que copiavam fielmente os últimos
lançamentos dos figurinos estrangeiros. As classes privilegiadas, usavam
roupas importadas, o que não era encontrado nas lojas Francesas
especializadas, tais como enxoval completo para casamento, era
encomendado direto de Paris, que desembarcavam no Cais do Pharoux, a
atual praça XV.
Os anos 30, são marcados pela crise do café, pelo desemprego e
redução de salários, que enxuga não só os bolsos da classe média, mas,
também o estilo dos trajes. As mulheres adotaram o tailleur de tweed em cores
discretas por serem práticas e duráveis, pois, com a crise financeira, já não era
possível comprar roupas importadas, nem tão pouco mandar confecciona-las.
Com as sucessivas crises; política; econômica; social; e os bloqueios às
importações provocadas pela Segunda Guerra, levaram as casas de moda do
Rio de Janeiro a confeccionar em roupas nacionais em escala industrial.
A industria têxtil nacional, é recuperada dos prejuízos causados por
D. Maria I, ("A Louca"), de mandar quebrar a martelo todo o maquinário em
1781. Por ordem da coroa portuguesa, foram também confiscados e
queimados, pequenos teares e máquinas domésticas usadas na fabricação do
vestuário, Lisboa queria manter o monopólio absoluto da produção de têxteis.
10
Só permitiram os teares de fabricação de fazendas grossas usadas para as
vestes dos negros, até os sapateiros dependiam do couro importado para ser
confeccionado.
A cada década, a moda viveu e sobreviveu a vários fatos que
marcaram a história do Brasil. Da invenção do sutiã, substituto do espartilho,
lançado por Paul Poiret, suas melindrosas que despertaram a beleza
longuilínea e a feminilidade no vestir, o estilo de Chanel, transformou o terno
masculino no tailleur feminino, um marco na moda, pois, o traje incorporou-se
ao dia a dia da mulher, que passou a trabalhar fora para complementar à renda
familiar. Em 1947. É lançado em Paris por Christian Dior, o New Look,
composto de saias amplas com muitas anáguas e casaquinho acinturado que
arredondava os quadris, a indústria de tecidos francesa nunca havia lucrado
tanto, com compradores do mundo inteiro.
Anos 50, conhecidos como "anos dourados", os americanos
venceram a guerra e o mundo voltava a ter paz. O território americano não fora
atingido pelo bombardeio e nem sofrera invasão, enquanto o resto da Europa,
passava por dificuldades com a situação econômica destruída. Como era a
América quem garantia o mercado da França e Inglaterra, as administrações
econômicas desses dois países passaram para as mãos dos empresários
americanos.
Nascia no Brasil, a TV Tupi pertencente a um grupo associado dos
Estados Unidos e pela iniciativa de Assis Chatteaubriand que abriu as portas
do mundo para os Brasileiros. surgia no ocidente, um sentimento de gratidão e
admiração, pela América, pois, seus exércitos haviam "salvo" a humanidade do
11
nazismo. As influências americanas, infiltraram-se na nossa cultura, nos
nossos hábitos e costumes, expressos nas roupas, na alimentação, no
comportamento e na língua, já não se falava tanto o francês. O Brasil,
apaixonou-se por Hollywood, surgiram às salas de projeção cinematográficas e
com elas, os musicais, as musas como Grace Kelly, Doris Day, Marylin
Monroe. Os filmes, geralmente eram voltados para o público feminino, e
através deles, a indústria americana apresentava sua moda. A atriz de cinema
Audrey Hepburn, tornou-se referência de moda no Brasil, os modelos usados
por suas protagonistas nos filmes, foram copiados pelas mulheres da classe
média que iam ao cinema, munidas de lápis e papel e capturavam todo o
figurino.
Até aqui, a trajetória histórica da moda registra todas as influências
recebidas da Europa, que começou com a colonização e permanece ainda viva
em nossos dias. A partir da segunda metade do século XX, o Brasil despertava
para um estilo próprio de vestir e empregaram originalidade em criações
exclusivas para quem vive nos trópicos. O Rio de Janeiro, a "Cidade
Maravilhosa", passava a ser uma grande passarela da moda e despertou nos
Brasileiros o interesse em investimentos tecnológicos.
12
CAPÍTULO II
OS REFLEXOS DE UM PRISMA
O grande marco da época, o Brasil debutava no mundo da moda, e
com certa desenvoltura. O Rio de Janeiro era a sede dos eventos sociais
freqüentados pela a elite. Em dezembro de 1951, a TV Tupi lança a primeira
telenovela em rede nacional e o comportamento dos brasileiros não seria mais
o mesmo. Em 1954, surge o concurso de miss, sonho de todas as moças de
classe média da época. Os desfiles eram um grande espetáculo que mobilizava
toda a população, vendiam revistas, divulgavam personalidades, lucravam com
anúncios, tiveram destaque grande numero de profissionais, como fotógrafos,
repórteres, estilistas, cabeleireiros, maquiladores e tantos outros, responsáveis
pela produção do evento. Percebemos como os reflexos do prisma, chamado
de moda, refletiu a luz da sabedoria para a crise do desemprego.
2.1. O crescimento da indústria têxtil
A industria têxtil nacional, alcançou grande desenvolvimento, e
passou a divulgar seus tecidos com padronagens e cores exclusivas, em
eventos de moda, nasceu em 1958, a Feira Nacional da Indústria Têxtil, a
Fenit, e tornaram-se célebres os concursos de miss Bangu, patrocinados pela
Tecelagem Bangu.
Atualmente a indústria têxtil brasileira, investe em tecnologia de
ponta, incorporaram novos fios sintéticos como a microfibra e o elastano, que
misturados com os fios naturais de algodão e linho, conferiu maciez e caimento
13
no corte das peças confeccionadas com o novo tecido. A indústria química,
desenvolve pesquisas tecnologias, em beneficiamento das fibras naturais,
como a do cânhamo, uma espécie de linho pesado rústico, que submetido a
um processo químico, foi possível suavizar as fibras, retirando apenas o seu
núcleo, eliminando a aspereza e atribuindo um toque macio.
No Brasil existe uma grande diversidade de plantas nativas, usadas
na fabricação têxtil, são misturadas na composição das fibras naturais para
criar novas texturas, e empregadas também como corantes naturais, utilizando-
se como matéria-prima, algumas madeiras e raízes na extração de
resinas para estes corantes, As maiorias das plantas são utilizadas na
culinária, por populações tradicionais, onde temperos, frutas, verduras e
plantas medicinais se transformam em corantes, tais como: o açafrão da terra,
espinafre, acácia, anileira, açaí, entre outras, formam uma gama variada de
cores. As populações indígenas brasileiras, foram os primeiros a utilizarem
estas substâncias para adornar o corpo com seus desenhos, extraindo as
cores, negro azulado do jenipapo, o vermelho do urucum, o ocre do crajiru e o
branco da argila, que serviram de base para a fabricação desses corantes.
A indústria têxtil recupera o elo com a cultura popular, através da
Etno Brasil, empresa especializada na fabricação de corantes naturais, vem se
reintegrando ao mercado têxtil, após longo tempo fora de linha, substituídos
pelos corantes sintéticos, voltam ao mercado, e despertam os interesses das
indústrias têxteis, por serem ecologicamente corretos, com grande poder de
fixação, são empregados no tingimento de fibras naturais e em artesanato
popular. Essa tecnologia, tem proporcionado melhoria da qualidade de vida e
14
renda para pequenos agricultores, e contribuído com a arte popular dos
artesãos indígenas brasileiros, que utilizam os corantes na arte marajoara,
Tapajônica e Carajás. A utilização dos corantes trouxe um novo tom à moda
brasileira contribuindo para sua autenticidade junto ao universo da moda
internacional.
A Fiação e tecelagem São José, uma das indústrias têxteis que
utilizam esses corantes no tingimento de fios naturais, na fabricação do jeans
índigo blue e colors, oferecendo produtos compatíveis com as necessidades
das industrias de confecções e dos estilistas que vão dar vida aos projetos
criativos. Para isso são feitos investimentos de recursos tecnológicos no
desenvolvimento de tecidos e artigos exclusivos que serão lançados
simultaneamente à coleção do estilista, para depois, serem apresentados em
grande escala no mercado.
Empresas como a Twiltex, uma indústria têxtil especializada na
fabricação de couro sintético e outros materiais, desenvolvidos para atender as
exigências do mercado consumidor. Fundada em 1959, investem em pesquisas
e novas tecnologias na produção de laminados plásticos, chamado de couro
sintético, batizada de Lineapelle com a importação de tecnologia Italiana de
última geração. Produzem tecidos industriais, (plastificados), nubuk camurçado,
nubuk verniz, revestimento camurçado, papel de parede plastificado, tecidos
com fio elastano para maiôs e acabamentos especiais. Lideram o mercado
nacional e abastecem o setor de calçados, vestuário, decoração, estofamento,
setor gráfico, e fornecem a vários núcleos internacionais. A indústria dispõe de
40.000 m2 de área construída, na cidade Embú, interior São Paulo, e contribui
15
com a criação de outros empregos através das pequenas empresas que
manufaturam suas matérias-primas.
2.2 Política e economia
Segundo o minidicionário Soares Amora da língua portuguesa,
política, significa "ciência dos fenômenos que se referem ao Estado" e Estado,
significa "sociedade organizada". Podemos então atribuir que moda está para a
política assim como a política está para moda. Apesar desse casamento
perfeito, os nossos políticos, pouco fazem pelo setor. Não temos uma política
de moda e nenhum representante disposto a levantar essa bandeira.
Ruth Joffily em seu livro "O Brasil tem Estilo?", editora Senac-RJ,
nos fala sobre a maneira displicente que nossos políticos que tratam do
assunto, como se moda não fizesse parte de seu dia a dia. Mas, sabem serem
seletivos, na hora de cumprimentar alguém mal vestido, tal façanha só
acontece em época de campanha eleitoral, no entanto, eles se preocupam com
a própria aparência, a TV Senado, um canal fechado, transmite os discursos e
a imagem, sempre impecáveis de nossos políticos. Em 1988, em entrevista
para a revista Desfile Coleções, o economista Celso Furtado, enquanto ministro
da cultura, cogitou a idéia de criar um setor ligado a moda e às artes plásticas
que promovesse eventos culturais, conferisse prêmios e incentivasse novos
talentos, mas nada foi realizado, nem pelo próprio ministro, nem pelos seus
sucessores. A moda, está ligada a aparência, a imagem que nós transmitimos
aos outros, e nem sempre ela corresponde com a verdadeira personalidade do
individuo.
16
Em sociedades capitalistas, e comum julgar as outras pessoas pela
aparência, basta entrar nas lojas dos grandes shoppings, os vendedores tratam
o cliente conforme os trajes. No filme "Uma Linda Mulher", estrelado por
Richard Gere e Julia Roberts, aparece esta cena num trecho do filme, em que
sua personagem é discriminada e humilhada pelas vendedoras de uma
requintada loja, que a julgando pela aparência de suas roupas explicitamente
sensuais e seu comportamento pouco convencional, trataram de despacha-la
rapidamente. A falta de tática e o preconceito delas, as fizeram perder uma
venda milionária.
Para termos uma idéia de como as "aparências enganam", basta
lermos as manchetes dos jornais, os crimes hediondos e seqüestros, assaltos a
bancos, invasões a prédios em bairros chiques do Rio, são cometidos por
pessoas impecavelmente bem trajadas que inspiram idoneidade e boa situação
financeira. Enquanto isso, nossos Três Poderes fazem de conta que moda não
tem importância, não enxergam a moda como forma de comunicação. Todas
essas desatenções levaram o pessoal do governo de FHC a ganharem a fama
de só comprarem roupas importadas.
O Jornalista Elio Gaspari, disse para o jornal O Globo em 13/7/98,
que FHC, usava sapatos importados da marca Church que custavam numa
faixa de US$ 300, e ainda afirmou que um ministro que usasse gravata
importada de menos de US$ 100 era "molambento", que o professor Pedro
Malan, dificilmente seria encontrado a bordo com menos de US$ 500, valor que
alguns políticos "tucanos" gastavam em peças de reposição ao voltarem das
viagens ao exterior. Até o próprio FHC, antes de sua posse, havia pagado o
17
mesmo valor apenas num sobretudo. Nossos representantes valorizam moda
estrangeira, enquanto a moda brasileira, a que mais incrementa a economia
nacional, é tratada sem a devida atenção.
Os indicadores econômicos informam a expressiva participação da
moda hoje no âmbito financeiro. Dados relacionados apenas no setor do
vestuário, fornecidos pela Associação Brasileira da Industria do Vestuário
(Abravest), apontam para um volume de produção da ordem de 3.819.026.000
de peças confeccionadas em 1996, que movimentaram um valor
aproximadamente de US$ 27,5 bilhões.
Com base no ano de 2000, existe atualmente um numero de 16.869
empresas associadas com 1.112.800 de funcionários diretos, sendo 93% de
mulheres e 7% de homens, responsáveis pela produção de 5.575.279 de peças
e com um faturamento de US$ 20,8 bilhões ao ano.
Tais produções, implicam na existência de 1.400.000 de empregos
diretos, o que equivalem à cerca de 7.000.000 de pessoas com algum grau de
dependência em atividades ligadas a moda. Esses dados, se referem apenas
ao setor de produção industrial, não foram computados nos valores os dados
relativos à indústria têxtil e comercialização no varejo. O mercado cresceu após
a implantação do plano real, possibilitou maior consumo de peças de baixo
valor, destinadas para classe de menor poder aquisitivo.
Com base nesses fatos, deduzimos que nossos políticos, de moda
entendem, gostam e usam, mas, não as marcas nacionais feitas com
criatividade, qualidade e tecnologia pelos nossos talentosos estilistas
18
brasileiros, apenas a iniciativa de empresários conscientes, investem no setor e
viabilizam a realização de grandes projetos.
2.3. Marketing e Mídia
Marketing, segundo nos conta a história, nasceu na Grécia e se
espalhou pelo mundo. Foi na época uma das grandes descoberta do homem,
ao perceber a subjetividade do ser humano. Nas civilizações antigas, os nobres
detentores da lei, exerciam domínio sobre os povos, para aumentar a produção
da indústria, submetiam seus homens ao trabalho forçado, sob penalidade de
restrição alimentar, que os levavam a debilidade física. Os lideres, logo
perceberam não ter eficácia leis duras, e mudaram de tática, aplicando três
fatores: motivação, reconhecimento e recompensa, nascia o conceito de
marketing. Hoje, é impossível a realização de qualquer atividade mercante sem
considerar essa tríade.
A roupa atualmente, além da função de vestir um corpo, é também
um comunicador visual, através dela, somos informados sobre a classe social,
nacionalidade, sexo, religião, faixa etária e perfil psicológico de um indivíduo ou
de grupos. A mídia transformou a televisão em um grande outdoor, atuando
como suporte para o marketing vender ideologia, que vão de alguma forma
interferir no comportamento do telespectador.
Do ponto de vista dos meios de comunicação, a Mídia vem dando
uma especial atenção para o mundo da moda. vários espaços exclusivos foram
abertos no país; programas de tv, cadernos ou colunas em importantes jornais
e uma crescente valorização das revistas especializadas. Existem atualmente
19
11 títulos de revistas impressas direcionadas para o segmento moda. Com a
implantação da TV a cabo no Brasil e o acesso à internet, tornou-se possível
acompanhar o fluxo da moda internacional através de sites e revistas
eletrônicas que centraliza o crescente universo da moda brasileira, divulgando
produtos, fornecedores, profissionais da área e calendário de eventos.
O marketing estimula pesquisas de novos produtos, bens, e serviços
proporcionando ao consumidor o direito de escolha entre as muitas opções, e a
satisfação do público, resulta em aumento produtivo, mais empregos, elevação
do padrão de vida, e maiores arrecadações financeiras. Marketing como forma
de comunicação de massa, exerce seu poder no inconsciente coletivo, tanto
elevando a auto-estima do público-alvo, como alienando sua consciência. A
irresponsabilidade e a falta de ética de alguns profissionais que se utilizam da
propaganda enganosa, motivando o consumidor a adquirir produtos que não
necessitam, ou oferecendo crédito fácil para um público que não podem pagar,
acabam por fim, desencadeando conflitos sociais que levam a desvirtuamento
comportamental e a violência.
Concordamos que o marketing e a mídia possuem uma
característica ambígua, exercendo essas influências no inconsciente da
coletividade. Por esse motivo os trabalhos do marketing necessitam de
profissionais sérios, colaboradores do desenvolvimento cultural e social de um
povo.
20
CAPÍTULO III
Os arquétipos psicológicos
A subjetividade do homem transformou o simples ato de vestir o
corpo com uma linguagem corporal que transcende a necessidade de proteção
física. A psicologia, a sociologia e a antropologia, estudam esse fenômeno do
comportamento humano. Para a psicanálise, a roupa não representa um
símbolo sexual, mas o próprio genital.
Usando a roupa como forma de comunicação, foram desenvolvidos
pela psicologia três fatores sinônimos de poder, o político, o econômico e o
sexual, representados pelos arquétipos: homo politicus, economicus e
aestheticus. A simbologia do homo economicus, descreve o perfil dos homens
de negócios, são empreendedores racionais e práticos em suas relações com a
sociedade onde vive. Trabalham em função da aquisição de bens materiais e
priorizam suas relações comerciais, tendem a absorver influências alienantes,
pela sua incapacidade de mostrarem-se frágeis, manipulam sentimentos de
amor, companheirismo e amizade, todo o que conquistam tornam-se
patrimônio como: a casa, o carro, sua mulher e seus filhos. A ânsia de ganhar
dinheiro para manter status e poder, podem levar o indivíduo a incorporar
esses valores sua psique.
O Homos aestheticus privilegia a comunhão dos sentimentos,
compartilha emoções e esta ligado à sexualidade. Nos estudos antropológicos,
a roupa foi adotada pelo homem por desejar realçar sua sexualidade. Nas
raças primitivas havia ausência de roupas e de pudor, entretanto, esses povos
21
adotavam os enfeites para sentir-se admirado pelo outro numa forma de
exibicionismo. E uma característica desse arquétipo ser ecológico e naturalista,
mas é na sexualidade que esta sua força política. Há pelo menos dois
séculos, entre povos civilizados, as mulheres eram veneradas como deusas
por perpetuarem espécie humana, e a moda feminina desempenhava um papel
sexual e político (símbolo de poder). A exaltação a beleza feminina, por suas
formas e suas vestes, e a supremacia atribuída a ela, fizeram nascer um
sentimento de inveja e despertou no homem, a aspiração pelo mesmo posto.
Nos estudos da trajetória histórica, existem relatos sobre as
civilizações egípcias, cerca de 3200 a.C., os homens obedeciam a suas
mulheres. Na Grécia também foi constatado que as mulheres exerceram o
comando de seus povos, durante o ano de 3000 a.C. até 1254 a.C., com a
queda de Helena de Tróia, instaurou-se a hegemonia masculina. Surge o homo
politicus, suas principais características: negociante, autônomo, independente,
social, idealista, crítico. As distorções dessas qualidades, levaram o homem à
obsessão, a megalomania e a repressão. Os homens criaram posturas políticas
para preservar seu espaço público, por temerem perder a condição
conquistada, adotaram um comportamento tirânico para com as mulheres,
destituíram-nas de seu pedestal e lhes atribuíram novas concepções de
comportamento, utilizando-se de sua fragilidade física, vinculou a imagem
feminina a condição de inferioridade. Até o pensador grego Aristóteles
acreditava nessa teoria. O homem do século XIX, acreditava se ele o
responsável pela fecundação, as mulheres em nada contribuíam, eram apenas
as "emcubadeiras” que geravam os bebes.
22
Todos esses arquétipos adquiriram força no inconsciente coletivo,
dominaram mentes, percorreram séculos e foram incorporados em nossa
cultura, que hora enaltece, hora reprime a auto-estima feminina.
Para Freud, existe no inconsciente feminino uma "inveja" do genital
masculino. Na visão de Mamede de Alcântara, autor do livro "terapia pela
Roupa", (editora mandarim-1996). Freud era um articulador político que atribuiu
todo o poder do macho a psicanálise Ele descorda de suas teorias e afirmou
que o homem teria inveja da mulher por ela possuir seios e dar a luz. Citou
ainda em seu livro que um dos membros do comitê internacional de
psicanálise, Otto Rank, (1884-1939), admitiu seu sentimento de inveja durante
a gravidez de sua mulher (...) "os homens são de quase nenhuma importância ;
a essência da vida é a relação mãe e filho". Esse sentimento de impotência do
homem, o tornou inconscientemente um opressor e notamos que essa
influencia ainda predomina nos dias de hoje em algumas classes sociais.
3.1. A psicoterapia através da roupa
Quando falamos de moda, é sempre a imagem feminina que
aparece associada ao nome, justamente por terem sido reprimidas, sobretudo
na sua sexualidade, (fonte de poder), relegadas a um patamar de inferioridade
no passado longínquo de nossa historia. Segundo a psicologia, o bebe já
recebe desde o útero estímulos que são identificados como aceitação ou
reprovação, que iram interferir na construção de sua personalidade,
considerando também, a primeira educação recebida durante a infância.
23
Até hoje, notamos essas influencias, vemos pais que educam seus
filhos com restrição às meninas e concessões aos meninos. È comum ainda,
ouvir as próprias mães ensinarem a seus filhos homens que ele deve “fisgar
todas as mulheres que passarem pela sua frente”, e para a filha, a velha frase
“não deixe ninguém se aproveitar de você”. Muitos pais, devido à educação
que receberam, submetem seus filhos as mesmas torturas psicológicas que
receberam na infância que os terapeutas chamam de “bruxaria”, fixa no
inconsciente da criança como uma “praga”. Frases do tipo depreciadoras como:
“com esses cambitos não vai arranjar namorado”, “isso são modos de uma
moça sentar, o que vão pensar de você?”, ou, “aonde você pensa que vai com
essa roupa indecente?“, esses conceitos repressores que tem se perpetuado
em nossa cultura, trazem conseqüências desastrosas, como a destruição da
auto-estima paralisando seu desenvolvimento psicológico.
A psicoterapia, quer mostrar a roupa como instrumento terapêutico,
com o propósito de ajudar a inverter as distorções de valores morais,
absorvidos na infância e refletidos na vida adulta, e aparecem representados
na forma de se vestir de uma pessoa. A exemplo disso, casos de mulheres
bonitas que jamais expõem as pernas, alegando não se sentirem bem, que não
gostam das próprias pernas, na verdade guardam no intimo a desaprovação
passada pelos pais “bruxos”, mesmo com os pais já falecidos, muitas carregam
essas censuras vivas dentro de si, os homens também recebem uma educação
deturpada, os pais costumam incutir nas cabeças dos meninos, a arrogância, a
prepotência e o preconceito com relação às mulheres, desencadeando na vida
24
adulta, um sentimento ambíguo difícil de ser administrado, lavando o homem a
desqualificar o que mais admira, a própria mulher.
Romper com padrões pré-estabelecidos, não é tarefa das mais
simples, entretanto, a psicoterapia utiliza a mudança na forma de vestir como
um dos meios de se libertar idolatram ídolos famosos, e incentivam as
mulheres se vestirem iguais, num processo alienante e inconseqüente. A
psique humana tende a somatizar os estímulos recebidos, se positivos, haverá
harmonia e equilíbrio emocional, caso contrario, quem nascer num ambiente de
rejeição e hostilidade, poderá eterniza-lo em suas atitudes pela vida inteira.
Para romper o circulo vicioso, terá de reaprender a auto-aceitar-se.
As técnicas da terapia, concentram atenção na construção de uma
nova forma de pensar, uma nova linguagem, fortalecendo a auto-estima e
rompendo com velhos conceitos repressores. Através da moda, construímos os
mecanismos necessários para o processo de reconstrução da personalidade,
usando a arte, a criatividade e sobretudo a sensualidade no modo de se vestir.
Esses elementos possuem grandes poderes capazes de influenciarem outros
comportamentos. A roupa é a extensão da linguagem do corpo quando
inventada para estimular o enriquecimento da auto-estima, faz renascer a
sexualidade reprimida, e assumir a nova forma de se vestir pode significar e
chave que abrirá a porta para a vida.
Esses dados mostram que a moda pode contribuir para o tratamento
psicanalítico de uma pessoa, a auto-estima pode ser alterada, reinventada,
utilizando-se da roupa como instrumento terapêutico, quebrando barreiras,
derrubando mitos, contribuindo na reestruturação da personalidade, oferecendo
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subsídios que possam melhorar a qualidade de vida de uma pessoa, e acima
de tudo torná-la uma pessoa feliz.
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CAPÍTULO IV
Fontes inspiradoras - grandes nomes da moda
Os grandes nomes da moda internacional, tais como: Charles
Frederick Worth, o primeiro estilista do mundo da moda em (1858), foi o
precursor da alta costura. Paul Poiret, libertou as mulheres do espartilho,
inventou o primeiro sutiã e valorizou as mulheres esguias, valorizando sua
feminilidade. Gabrielle Coco Chanel, introduziu influencias masculina nas
vestes feminina, nasceu o “tailleur”, o terno feminino. Christian Dior, ressuscitou
a moda feminina, lançando o New Look, resgatando a elegância feminina. Mary
Quant, lançou a mini saia nos anos 60. e mais tantos outros nomes importantes
como: Givenchy, Yves Saint Laurent, Pierre Cardin, Gui Larroche, Paco
Rabanne, Valentino, Giorgio Armani, Fiorucci, Giani Versace, Dolce &
Gabbana, Gucci, Kenzo, Calvin Klein.
Todos esses nomes, e tantos outros, contribuíram e que ainda
contribuem com a moda do mundo inteiro, com suas criações, seus talentos,
ampliando o maravilhoso acervo cultural da moda. Temos uma extensa lista de
nomes de talentosos estilistas brasileiros que tanto fizeram pela moda
brasileira, não seria possível citar todos, mas os oito primeiros nomes
importantes da historia da moda, que são: Mena Fiala, primeira estilista
brasileira, diretora da casa Canadá a primeira casa de moda do Brasil. Paulo
Vogue, da Casa Vogue de São Paulo. Alceu Pena, figurinista de grande
prestígio, fez a roupa de Carmem Miranda. Denner, irreverente, foi primeiro
figurinista de Mena Fiala. Clodovil, trilhou os mesmos caminhos de Denner. Gil
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Brandão, figurinista e modelista que difundiu a moda nas paginas do Jornal do
Brasil com seus famosos moldes prontos. E em fim, nosso oitavo nome de
grande repercussão no mundo da moda, Zuleica Angel Jones, nossa Zuzu
Angel.
Não de pode falar de moda brasileira, de espírito de nacionalidade,
sem falar dessa guerreira Zuzu Angel. Mineira, da cidade de Curvelo,
conseguiu o impossível para a época, ver páginas inteiras dos jornais
americanos divulgando sua moda. Zuzu exportou seus modelos para os
Estados Unidos, competindo com a sofisticada moda internacional. Zuzu foi
revolucionaria contra a submissão feminina, numa época que mulher era
propriedade do marido, incomodava a sociedade afirmando que a mulher tinha
que falar, se expressar. Era uma época em que o homem costureiro ditava a
moda feminina, a mulher não tinha voz própria, não podia viajar, votar, ter
conta em banco ou fazer uma cesariana sem a autorização do marido.
indignava-se ao comentar o desprestigio atribuído à mulher com relação ao
trabalho profissional, enquanto o homem costureiro era um artista, a mulher
costureira não passava de uma pobre coitada que fazia modelinhos ao gosto
do freguês.
Nesta época a palavra estilista não era conhecida nem em
dicionário, e Zuzu sempre se orgulhou de ser costureira, e assinava em
documentos oficiais sua profissão. Sua primeira viagem internacional foi nos
anos 60, quando começou a exportar suas roupas, Ela nunca copiou Paris,
Londres ou Nova York, ao contrario, foi inspiração para Féraud, Valentino e
Cacharel, que admiravam seus anjos e copiaram seus patchworks em renda.
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Foi a primeira estilista de moda legitimamente brasileira copiada no exterior.
Ela Recebeu um prêmio, “A mulher do Ano” concedido pelo Conselho
Nacional das Mulheres, juntamente com a atriz Bibi Ferreira, e a escritora
Rachel de Queiroz, às cidadãs que são um exemplo de para seus
semelhantes.
Relatos como esse, sobre a vida de uma mulher que honrou suas
raízes, sua nacionalidade, que vivenciou o preconceito profissional, a
repressão sexual, social e política com a perda de seu único filho, morto pelo
militarismo de seu próprio País, mesmo diante de contra-sensos e catástrofes,
continuou sua luta, sua contribuição com a moda, e acima de tudo, Brasileira.
4.1. Moda se aprende na Universidade
Hoje, para se fazer sucesso no mudo da moda, além de muito
talento e criatividade é preciso uma formação de nível superior. Marie Toscano,
estilista da primeira dama Ruth Cardoso, contou a Danielle Ferraz em uma
reportagem para a revista Manequim de maio de 1999, que o sonho de se
formar estilista, e por não haver na época uma faculdade de moda, a fez
ingressar em dois cursos superiores: o de arquitetura para dominar a técnica
do desenho e administração de empresas para administrar o próprio ateliê.
Temos no Brasil várias faculdades de moda, criadas a partir dos
anos 80 e em quase todos os estados brasileiros, uma delas, incluiu moda
como opção de Curso Superior. No eixo via ponte aérea, São Paulo possue
quatro Universidades de Moda famosas, como : Universidade Anhembi
Morumbi, que oferece o Curso Superior de Negócios da Moda, “Latu-Sensu” de
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360 horas aula mais 20 horas de atividades extra curriculares não obrigatórias.
Na Faculdade Santa Marcelina, o curso de graduação em Desenho de Moda,
forma profissionais aptos para atuar em todas as áreas produtivas dos ramos
têxteis e confecção. A Unip-Universidade Paulista, tem o Curso Superior de
Moda e a USP-Universidade de São Paulo, tem um curso completo de moda
com duração de 4 anos.
No Rio de Janeiro, temos a Uva - Universidade Veiga de Almeida, a
primeira a oferecer formação Superior de Moda em parceria com o Instituto
Zuzu Angel de Moda. Tem formação na área de estilo e técnica e atividades
correlatas como: jornalismo de moda, produção de moda, departamento de
compras, e segmentos ligados a teatro e televisão, A Universidade Estácio de
Sá, tem o curso superior de moda e figurino, a UNIPLI - Universidade Plínio
Leite, fundada em 21 de dezembro de 1998, a Universo-Universidade Salgado
de Oliveira, Universidade Candido Mendes, com o curso de estilismo e
produção de moda, com duração de 2 anos. Faculdade Senai-Cetiqt possue o
Curso Superior de Estilismo em Confecção Industrial com duração de 2 anos,
Superior de Design de Moda 2002, e Superior de Engenharia Têxtil 2002, com
duração de 5 anos. Todas as mantêm parcerias com Universidades ou Escolas
de Moda de Paris, Milão, Londres ou Nova York. Algumas disciplinas são
comuns aos cursos, outras são exclusivas, como o de joalheria da
Universidade Santa Marcelina, e o de Design de Jóias da Universidade Estácio
de Sá.
Surge hoje no cenário da moda um novo perfil de profissionais de
moda provenientes dessas faculdades, como mostra todos esses índices o
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campo da moda esta em plena consolidação em várias dimensões. A moda é
como mostra Lipovetsky, e um fenômeno específico das sociedades modernas,
associados aos valores e as formas de socialização, próprios deste tipo de
organização social.
4.2. Profissionais de moda – novas revelações
A coordenadora da Faculdade Santa Marcelina, Vera Lígia Gibert,
afirma em entrevista para a revista Manequim de junho de 98, que a maioria
dos alunos sai da faculdade com emprego garantido, e a instituição coloca 70
profissionais no mercado por ano. Claudia Romar, estilista da Viva Vida,
formada na Universidade Anhembi Morumbi, disse que o curso, além dos
ensinamentos teóricos, mostrou também a parte prática, que foi de
fundamental importância para seu desempenho profissional. O time de
estilistas da Ellus, Fabiano Grassi, concluiu seu curso em 1994, Ana Paula
Ferrer, em 1993, e Adriana Hernandez, em 1998,. e a gerente de produtos
licenciados da Hering, Patrícia Machado Vieira, formaram-se pela Santa
Marcelina, e todos concordam que o diploma foi requisito essencial para serem
contratados. Patrícia Machado concorda que o mercado esta sentindo
necessidade de contratar profissionais com formação superior de moda,
porque, são preparados para ter uma visão global. A Hering, ainda tem em seu
quadro, Adriana Furuya, Denise Tamanaha, e Valéria Oliveira, que são
analistas de produtos e mercado.
As faculdades formam profissionais de acordo com a necessidade
de cada estado. O Rio de Janeiro, devido à procura, formam-se mais
figurinistas. Em São Paulo, pelo grande numero de tecelagem, formam
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profissionais para industria têxtil, a Universidade Federal de Fortaleza, no curso
de Estilo e Moda, os alunos aprendem todas as disciplinas peculiares ao curso,
e as aplicam em atividades práticas, utilizando-se dos materiais típicos
regionais, plantas e tecidos rústicos que fazem parte de sua realidade.
A cada ano as universidades brasileiras formam vários profissionais
de moda, e com o mundo fashion é muito fechado, para fazer sucesso no
mercado, precisa técnica, prática e determinação. Foi o que fez a estilista Marie
Toscano, que depois de formada, partiu para Paris para aperfeiçoar sua
técnica, e de lá para Milão em busca de estágio, Marie que chegou com a cara
e a coragem acabou discípula de Donna Karan por um ano e meio. Ao voltar
pra o Brasil, Marie montou sua grife, e seu nome esta em peça refinadas de
alta-costura e vestidos de noivas.
Em uma matéria da Revista Manequim de maio de 2000, feito pela
jornalista Mirtes Leal, mostra uma coincidência curiosa, A revelação como
estilista de alta costura, da jornalista Danielle Ferraz, também repórter da
revista Manequim, que se uniu à prima Marisol Ferraz formada em moda, e
lançaram a grife Aluminium. Elas só faziam alta costura para si mesmas, mas,
os pedidos das amigas foram tantos que tornou a grife uma realidade. O estilo
das roupas, é o sensual que valoriza as formas femininas e o diferencial das
peças, são os espartilhos costurados nos próprios vestidos, que estruturam e
modelam, garantindo a elegância.
Outra estilista estreante do mundo fashion, Cândida Conceição, aos
21 anos, começa a fazer o mesmo sucesso que sua mãe, Mônica Conceição
proprietária da grife Civetta. Cândida sempre gostou de moda e desde pequena
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desenhava as próprias roupas. Cândida lançou a grife Civetta per Cândida,
para atender o público jovem da loja de sua mãe, suas peças joviais e
sensuais, agradaram tanto que está conquistando o publico mais maduro
também. Sua marca pessoal esta na assimetria de seus modelos, peças
double-face em crepe, georgett e drapeados, os tecidos com lycra e crepes de
malha.
O estilista Ronaldo Fraga, segue os passos de sua conterrânea
Zuzu Angel, mineiro como ela, e em homenagem a ela, elegeu os tecidos
100% algodão para sua última coleção, como o jeans leve, o linho e a popeline.
Formado pelo curso de estilismo da UFMG – Belo Horizonte, pós-graduado na
Parson’s School de Nova York e Millenery pela San Martins School de Londres,
em 1996.
Quando retornou ao Brasil, foi escolhido para fazer parte do casting
do evento Phytoervas fashion, sua ultima coleção batizada de “Rute -Salomão”
marcou sua estréia no São Paulo Week, foi considerado uma das melhores
coleções da temporada. Sua moda é irreverente, ele busca sua inspiração no
passado, formas amplas confortáveis em estampas ingênuas, valoriza tecidos
tingidos com corante naturais e o artesanal, segundo Fraga, é fundamental o
trabalho feito à mão, como costurar bordar. Por sua moda estar ligada ao
imaginário, posse clientes de todas as idades. Suas roupas são vendidas em
sua loja em Belo Horizonte e vende para multimarcas.
Ronaldo Fraga, deixou um conselho aos que estudam moda ou
sonham em ingressar em uma, que é necessário ter boa cultura geral, ser
capaz de acompanhar os passos velozes da moda, ter postura e conduta, pois
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o estilista vende desejos, e não apenas roupa, e ainda, que exercer essa
atividade, o trabalho físico e mental, estão mais presentes no dia à dia, do que
o glamour.
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CONCLUSÃO
Todos os dados reunidos nesta pesquisa, mostram que nós
brasileiros somos um povo inteligente, criativos, talentosos e capazes de
contribuir para o crescimento de nosso país. Precisamos no entanto,
aprendermos a valorizar mais o que é nosso, e esse exemplo, tem que partir
de nossos políticos, nossos porta-vozes e representantes. Temos espírito de
luta, mas precisamos de maior apoio e autonomia para criar moda com estilo
autenticamente brasileiro, e assim, atingir o alvo do sucesso.
O estudo sobre a moda, é sem duvida uma ciência nova, e mediante
a apresentação de seu currículo, não tarda seu reconhecimento, basta
constatar que nossas Universidades brasileiras, estão incluindo moda como
opção em seus cursos e tem apresentado um crescente numero de alunos
matriculados a cada ano., entretanto, precisa de uma melhor divulgação sobre
seu conteúdo, vencer preconceitos e mostrar as inúmeras atividades
profissionais masculinas que estão inseridas no campo da moda.
A televisão, nosso maior veículo de comunicação de massa, aliada à
mídia em parceria com o marketing, precisam agir com mais responsabilidade
e respeito ao publico, vender sonhos inalcançáveis, gera cada vez mais
frustrações, mentes bloqueadas, que tendem a alienação ou a violência. Se a
TV é de utilidade publica, ela deve desempenhar seu papel como fonte de
informação, valorizando as pessoas pelo que elas realmente são, auxiliando na
formação da personalidade e aumentando a auto-estima de seu publico.
A moda tem contribuído não apenas para enaltecer a beleza, mais
para transformar o comum em algo novo, despertado novas perspectivas no
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campo profissional abrindo um leque de opções, como por exemplo, sua mais
recente atuação no campo da psicoterapia, usando a roupa e os códigos
lingüísticos que ela emite como instrumento terapêutico, ajudando na
reconstrução da personalidade.
A moda, pela sua semelhança com o prisma, pela característica
efêmera, algo de constante mutação, estará sempre desencadeando um
enorme circulo de debates e opiniões a seu redor, e toda essa instigante
maneira de ser marcará a moda como a profissão do século XXI.
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ANEXOS
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