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UMA ADEQUAÇÃO DA FERRAMENTA DE MAPEAMENTO DO FLUXO DE VALOR EM UM AMBIENTE PRODUTIVO DE UMA CONSTRUTORA CIVIL
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UMA ADEQUAÇÃO DA FERRAMENTA DE MAPEAMENTO DO FLUXO DE VALOR
EM UM AMBIENTE PRODUTIVO DE UMA CONSTRUTORA CIVIL
One adequacy of the tool value stream mapping in a production environment for building civil
ANZILIERO, E.SANTIN, A. J.
KUIAWINSKI, D. L.
Recebimento: 18/05/2011 – Aceite: 01/07/2011
RESUMO: Atualmente, o setor da construção civil pouco se utiliza dos grandes avanços relacionados às técnicas administrativas, gerenciais bem como produtivas, o que não ocorre em outros segmentos de industrialização os quais estão alinhados ao Sistema Toyota de Produção. Porém, uma nova filosofia foi criada, a lean production, ou seja, a Construção Enxuta. A utili-zação deste pensamento busca maximizar o valor do produto, como também minimizar as perdas. Já o Mapeamento do Fluxo de Valor (MFV), também abordado neste artigo, foi criado para identificar as ações que agregam valor ao cliente, sendo uma ferramenta fundamental para ser usada no início de uma aplicação da Mentalidade Enxuta. O objetivo deste trabalho foi a aplicação do MFV, especificamente, nas atividades de montagem de pilares, vigas e lajes na Construtora Gaúcha Ltda. Para tanto, foi descrito o fluxo atual, sendo analisadas as perdas e sugeridas propostas de melhorias para a elaboração do mapa do estado futuro. Dessa forma, com a realização do projeto, obtêm-se os resultados almejados com a realização de entrevistas e visitas in loco num edifício habitacional. Como resultado da aplicação das melhorias propostas foi possível averiguar um ganho potencial no tempo de processamento, na execução das atividades da obra e redução de custos por pavimento. Palavras-chave: Mapeamento de Fluxo de Valor (MFV). Construção Enxuta. Ganho de tempo. Redução de Custos.
ABSTRACT: Nowadays the great advances related to administrative, manage-ment and production techniques are not properly being used by the construction
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industry, which does not occur in other segments of industrialization which are aligned to the Toyota Production System. However, a new philosophy called lean production was created, that is to say, Lean Construction. The use of this thought seeks to maximize the value of the product as well as minimi-ze the losses. But the Value Stream Mapping (VSM), also discussed in this article was created to identify the actions which add value to the customer, which is a fundamental tool to be used at the beginning of a Lean Thought implementation. The aim of this study was the implementation of the VSM, particularly in the column, girder and flagstone assembly activities, at Cons-trutora Gaúcha Ltda. For this, the current flow was described, the losses were analyzed. and proposals for the improvement to prepare the future state map were made. Thus, with the completion of the project expected results were obtained through interviews and visits to an apartment building. As a result of the implementation of the proposed improvements a potential gain in time processing, performance in the workplace activities, and cost reduction per floor could be determined.Keywords: Stream Mapping Value. Dry construction. Time gain. Cost re-duction.
Introdução
O setor da construção civil é preeminente no âmbito nacional, já que em 2009, foi res-ponsável por aproximadamente 18% do PIB brasileiro, conta com 209 mil empresas ativas as quais geraram em 2010, R$ 94 bilhões em obras e serviços e é responsável também por uma vultosa expressão socioeconômica de 2,4 milhões de postos de trabalho, distribuin-do R$ 25,3 bilhões em salários (IBGE, 2004; BARROS, 2005; REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO, 2010).
A construção civil perfaz algumas pecu-liaridades como: a elaboração de produtos únicos e, ao mesmo tempo complexos, devido às constantes alterações de leiaute e ações diretas de intempéries. Dessa forma, o planejamento racional das atividades de produção constitui um fator chave para que essas empresas se mantenham competitivas.
Neste contexto, surgiu uma nova filoso-fia de pensamento cuja aplicação apresenta um grande impacto nas cadeias produtivas,
denominada lean production – Produção Enxuta. Esta vem sendo aplicada no setor da construção civil sob o nome de construção enxuta, onde é vista como uma nova forma de analisar a produção e o negócio da empresa, a qual compreende um estudo para atender a necessidade do cliente, bem como a gestão de pessoas. Nesta linha, existem várias fer-ramentas as quais podem ser utilizadas na consecução dos objetivos onde se destaca o Mapeamento de Fluxo de Valor (MFV).
O MFV foi criado para facilitar a identi-ficação de todas as ações de um determinado processo, de forma a classificá-las naquelas que criam valor. A utilização do mapa permite a análise do fluxo de materiais, informações e a proposição de melhorias, buscando re-duzir perdas e o custo das atividades que não adicionam valor. É uma ferramenta que deve ser usada no início de uma aplicação da Mentalidade Enxuta, por possibilitar a visualização da necessidade de uma melhoria sistêmica do fluxo, bem como da aplicação dos conceitos lean.
Segundo Picchi (2003), com a aplicação dos conceitos de construção enxuta é possível
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identificar os sistemas de produção de cada setor, de maneira individual, como os fluxos de projetos, suprimentos, atividades de pro-dução e padronização de processos.
Diante da necessidade de padronização de processos e da identificação das operações que geram valor para o negócio, a utilização do MFV se justifica, como sendo um gerador de melhorias, o qual proporcionará a maxi-mização do valor do produto, a minimização das perdas, tempos e erros na execução, com vistas a utilizar de forma adequada os recur-sos financeiros e humanos da construtora.
De acordo com o exposto anteriormen-te, este trabalho objetiva verificar sobre a utilização da ferramenta MFV no processo de produção de uma empresa da construção civil, com o objetivo de reduzir as perdas.
Revisão da Literatura
O termo Lean Production (Produção Enxuta) foi uma tradução proposta por pes-quisadores americanos das técnicas utilizadas pela Toyota, introduzidas por Womack; Jo-nes; Roos (2004). Posteriormente Womack, Jones (1998) ampliaram o termo para Lean Thinking (Mentalidade Enxuta), enfatizando que o mesmo se aplica em toda a empresa.
A base da Mentalidade Enxuta é locali-zar e eliminar as perdas, ou seja, tudo o que não agrega valor ao cliente. Assim, segundo Womack; Jones (1998), o conceito enxuto consiste em produzir o necessário em menor tempo, ocupando menos espaço, com menos recursos e produzindo o que o cliente almeja, ou seja, o que o satisfaz.
Os princípios da produção enxuta envol-vem a criação de fluxos contínuos, produção puxada pela demanda real dos clientes, análise e melhoria do fluxo de valor desde a matéria prima até os produtos acabados e o desenvolvimento de produtos, focando o cliente (WOMACK; JONES, 1998).
A produção enxuta está fundamentada em alguns princípios básicos. De acordo com Womack e Jones (2003) existem cinco princípios básicos para a lean production: es-pecificação de valor, identificação da cadeia de valor, fluxo de valor, produção puxada e a perfeição. Estes princípios representam também, um roteiro de aplicação, sendo di-fundidos de forma sintetizada pelas seguintes expressões: valor, fluxo de valor, fluxo, puxar e perfeição, descritas na sequência:
• valor: a especificação de valor é a capacidade de definir precisamente esse em termo de produtos específi-cos. O valor é criado pelo produtor, entretanto, é o cliente que define o seu valor final, o quanto quer pagar por determinado produto;
• fluxo de valor: significa analisar a ca-deia produtiva, separando os proces-sos em três tipos: os que efetivamente geram valor, os que não geram valor, mas são necessários como também os que não agregam valor e devem ser eliminados;
• fluxo contínuo: é produzir o que e no momento certo, baseado em uma de-manda real, utilizando métodos, a fim de que todos os processos e atividades sejam puxados por esta;
• puxar: é a capacidade de desenvolver, produzir e distribuir rapidamente seus produtos, tornando as empresas ca-pazes de atender às necessidades dos clientes, mediante solicitação;
• perfeição: a busca da perfeição é o quinto e último passo da mentali-dade enxuta e é visível graças aos processos de melhoria contínua do sistema lean;
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Mapeamento de Fluxo de Valor (MFV)
O MFV é uma ferramenta desenvolvida pelo Operations Management Consulting Di-vision (OMCD) da Toyota Motor Company, divisão organizada por Ohno, originalmente, para aplicar o STP nos fornecedores da Toyo-ta. É um processo de identificação de todas as atividades específicas as quais ocorrem ao longo do fluxo de valor referente a um produ-to ou à família desses. A ferramenta sintetiza os princípios do Sistema Toyota de Produção, ajudando a visualizar como está o processo em relação a esses e auxilia a sua aplicação (GHINATO, 1996). O principal objetivo do mapeamento do fluxo de valor é identificar a ocorrência de perdas e tentar eliminá-las, por meio de um projeto do sistema de produção (ROTHER; SHOOK, 2003).
O MFV é uma ferramenta de melhoria contínua, onde após realizar as ações do mapa almejado, esse passa ser o atual e as ações de melhoria passam a ser contínuas.
Metodologia
Neste trabalho foi adotada a abordagem do Estudo de Caso. De acordo com Yin (2005), essa é uma das muitas estratégias a serem escolhidas para a realização de pesqui-sas em Ciências Sociais. Essa abordagem é um “estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira a permitir conhe-cimento amplo e detalhado sobre o mesmo” (GIL, 1999, p. 72). Para Yin (2005), um caso pode ser uma organização, pessoas, processos ou um projeto específico.
A aplicação do método ocorreu em uma empresa da construção civil, a qual atua na realização de projetos e execução. Neste caso, foram analisadas as etapas referentes à construção da estrutura de um edifício habi-tacional na cidade de Erechim-RS.
A observação direta é onde o observador deixa de ser um membro passivo e assume vários papeis na situação, podendo participar e influenciar nos eventos em estudo. A coleta de evidências in loco sobre o caso aumenta a fidedignidade das análises sendo de suma importância comparar os resultados dessas a fim de eliminar as diferenças.
Para o alcance dos objetivos específicos, este trabalho foi subdivido em etapas a fim de que ocorra uma maior assimilação de cada fase, conforme ilustra a Figura 1.
Etapa 1: Definição das Unidades de
Análise
Etapa 2: Mapa do Estado Atual
Etapa 3: Identificação das Perdas e Propostas de Melhorias
Etapa 5: Resultados Quantitativos e Qualitativos Obtidos
Etapa 4: Mapa do Estado Futuro
Figura 1- Método de trabalho
Etapa 1: (Definição das Unidades de Aná-lise) Nesta etapa, foram selecionados, entre os setores da Construtora Gaúcha, aqueles com maior incidência de perdas e com pos-sibilidade de trazer melhores resultados à empresa. Além disso, foram verificadas as etapas da obra com o cumprimento do prazo total. Neste trabalho foram selecionadas as unidades de construção de pilares, vigas e lajes.
Etapa 2: (Mapeamento do Estado Atual – Coleta de Informações) Para mapear os processos foi utilizado o formulário de mapeamento de processos (Figura 2), desen-volvido especialmente para esse caso, com vistas a auxiliar na identificação do fluxo de informações e de materiais da empresa.
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Figura 2 - Formulário para mapeamento de processos
A coleta dos dados iniciou através de uma entrevista com o Diretor Técnico da empresa, esta teve como objetivo conhecer, em linhas gerais, a empresa e obter informações espe-cíficas sobre as etapas, as quais seriam anali-sadas. Complementarmente, foi entrevistado o mestre de obras e o mestre de Construção Civil do edifício escolhido.
A coleta dos dados ocorreu entre os me-ses de outubro e novembro de 2010. Nesse período, foram realizadas visitas à obra pelo menos três vezes por semana, com duração de quatro horas.
Etapa 3: (Identificação das Perdas e Propostas de Melhorias): Nesta fase, foram analisados os processos e formas de tornar o fluxo de valor da construtora enxuto.
Etapa 4: (Mapa do Estado Futuro): Nesta fase, foi obtido a direção exata para eliminar perdas desnecessárias e adequá-las a fim de que o mapa do estado futuro fosse realizado de acordo com o projeto de melhorias.
Etapa 5: (Resultados Quantitativos e Qualitativos Obtidos): O objetivo desta fase é descrever os resultados previstos, após a aplicação das melhorias propostas.
A Construtora Gaúcha
Fundada em 23 de dezembro de 1954, a Construtora Gaúcha Ltda, sediada na
cidade de Erechim, Rio Grande do Sul, consolidou-se como empresa de construção civil industrial, comercial e residencial. Em 2011, o quadro funcional é composto por 417 funcionários, sendo que a maioria está nos canteiros de obras, mas existem ainda, profissionais distribuídos entre os departa-mentos: administrativo, financeiro, recursos humanos e o departamento de equipamentos e abastecimento. O horário de trabalho dos funcionários da obra analisada é das 7h e 30 min às 12hs e das 13h e 30min às 18hs.
O prazo para a execução da infra-estrutura e estrutura pela construtora é pré-definido via contrato assinado com o cliente, sendo que da obra em questão, este é de (20) vinte meses para execução.
Para que os prazos sejam cumpridos são utilizados em média dezoito funcionários, entre as profissões de armador, carpinteiro, pedreiro e servente, sendo que cada obra disponibiliza de um mestre de obras, visto que o mesmo é responsável pelas atividades de execução.
O seu portfólio de produtos e serviços é bastante amplo, como: implementação de silos horizontais e verticais herméticos; silos subterrâneos; armazéns graneleiros e para ensacados; pontes viadutos, pontilhões; edifícios para indústrias, administrações, recepções, vestiários, máquinas operatrizes e de movimentação de cereais; fábricas de rações; indústrias de extração e refino de óle-os vegetais; maltarias; abatedouros de aves, bovinos e suínos; frigoríficos e câmaras frias; obras habitacionais, residências e edifícios residenciais; hotéis; clubes e sociedades; hospitais, igrejas, colégios, cinemas, bancos, presídios, laboratórios, correios; agências autorizadas de veículos, postos de séricos e oficinas; instalações comerciais; usinas, estações hidráulicas e reservatórios d’água; pavimentações e estações ferroviárias; pré-dios para prefeituras, moinhos, curtumes, mercados e shoppings centers.
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Definição das Unidades de Análise
A obra analisada é de um prédio resi-dencial, localizado na cidade de Erechim, Rio Grande do Sul. Dispõe de dezesseis pavimentos, com quatro apartamentos por pavimento, sendo dois na parte frontal e dois na parte posterior. Os apartamentos frontais possuem 127,80 m2 e os apartamentos da parte posterior do prédio possuem 91,40 m2. No térreo existem ainda três salas comerciais, sendo 101,15 m2, 106,20 m2 e 85 m2. No penúltimo e último pavimento, serão cons-truídas duas coberturas duplex: uma frontal e outra posterior.
Neste caso, foram analisadas as etapas para a construção de pilares, vigas e laje, cabe salientar que as três atividades se repetem simultaneamente em cada pavimento, visto que qualquer economia obtida na execução poderá ser multiplicada pela quantidade de pavimentos.
Mapa do Estado Atual
A Figura 3 mostra as macroatividades da construção de pilares, vigas e lajes.
Construção de
PilaresConstrução de
VigasConstrução de
Lajes
Arranque do Pilar
Colocação de Armaduras e
Fôrmas
Prumar Pilar
Concretagem
Confecção de Armaduras e
Fôrmas
Tempo de Cura
Desforma
Colocação de Colarinhos
Colocação de Fôrma e Armadura
Nivelar PilaresColocação de Vigotas e
Tavelas
Colocação de Ferragem
Alinhamento das Formas
Confecção de Régua para Nivelamento
Escoramento da Laje
Concretagem
Tempo de Cura
Desforma
Colocar Guarda -Corpo do
Pavimento
Montagem Guarda Corpo dos Pilares
Figura 3 - Macroatividades da construção de pilares
Construção dos Pilaresa) Arranque do pilar: operação de nivelar
o pilar com o piso e montar o arran-que do pilar, que serve de marcação da base para a colocação das formas1 dos pilares;
b) Confecção de formas: realizada pelos carpinteiros que trabalham em uma bancada, no primeiro pavimento, sendo que o transporte delas ocorre via guincho de coluna do pavimento anterior - onde é realizada a desfôrma dos pilares já concretados;
c) Prumar pilares: medição da direção vertical da viga após a colocação das formas;
d) Concretagem do pilar: A concretagem somente pode ser liberada (pelo en-genheiro responsável) para execução depois de verificado se as formas estão consolidadas e limpas, como também se as armaduras estão cor-retamente dispostas e as instalações embutidas devidamente posicionadas;
e) Cura do concreto: o tempo varia entre 24 horas e 48 horas necessário para que o pilar possa ser desformado;
f) Desforma dos pilares: retirada das for-mas dos pilares.
g) Montagem de Guarda-Corpo dos Pi-lares: é composto três taboas de ma-deira colocadas ao redor dos pilares externos do pavimento para restringir a área de atuação dos profissionais e proporcionar segurança na realização das atividades.
Construção das Vigasa) Nivelar pilares: etapa onde é realizada
a nivelação de todos os pilares, no sentido de saber qual a altura certa de cada viga a ser montada.
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b) Colocação de colarinho: estrutura de madeira colocada na borda superior dos pilares desformados que serve de apoio para o fundo da forma das vigas.
c) Colocação de forma e armadura: esta etapa consiste no posicionamento das três faces do pilar, nivelando bem como aprumando cada uma das faces, com o auxílio dos aprumadores (esco-ras inclinadas); passar desmoldante2 nas três faces (quando for utilizado) e posicionamento da armadura segundo o projeto;
d) Montagem do guarda-corpo: conjun-to composto de três tábuas, sendo uma colocada 1,20 metros da laje, a segunda a 70 cm da laje e a terceira no nível da laje com largura da tábua (guia) de 20 centímetros. Serve para a segurança e proteção dos funcionários da obra;
Construção da Lajea) Colocação de vigotas e tavelas: as vi-
gotas pré-fabricadas são constituídas por concreto estrutural e englobam total ou parcialmente a armadura inferior de tração; as tavelas ou blocos de enchimento cerâmico são materiais de argila, propriamente dita ou cerâmica vermelha, são elementos de enchimento modulado com seção transversal em forma de bloco de encaixe invertido, utilizados para execução de lajes.
b) Escoramento da laje: conforme são montadas as formas das vigas, ar-maduras, vigotas e das tavelas, dois carpinteiros montam o escoramento da laje que serve de sustentação para as formas;
c) Colocação de ferragem: montagem da malha de ferro sobre a laje a ser
concretada, com a finalidade de dar maior sustentação ao pavimento;
d) Alinhamento das formas: checagem de todas as formas das vigas e dos escoramentos a fim de que estejam de acordo com o projeto;
e) Confecção de régua para nivelamento: tem a finalidade de nivelar a quantida-de de concreto em cada parte da laje;
f) Concretagem: concretagem da laje e das vigas.
g) Cura do concreto: o período de tempo necessário para que o concreto da laje e das vigas tenha sustentação e possa dar suporte aos próximos pa-vamentos;
h) Desforma: após a cura do concreto é realizada a desforma das vigas e retirados os escoramentos
A Figura 4 ilustra o Mapeamento do Estado Atual da execução da construção dos pilares, das vigas e das lajes.
Identificação das Perdas – Causas e Consequências
Na etapa foram identificadas as supostas causas de perdas nas atividades da constru-tora. Posteriormente, são propostas algumas ações de melhorias, as quais resultaram no mapa do estado futuro.
As principais perdas identificadas estão presentes no Quadro 1.
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Figura 4 - Mapa do estado atual
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Causa da Perda Consequência
Inexistência de planejamento de longo, médio e curto prazo Falta de controle de informações para o fluxo de valor
Interferências na comunicação construtora-cliente Atrasos na realização das atividades e necessidade de alterações, durante a execução do projeto
Deficiências no transporte de materiais Aumento do tempo de produção
Subutilização da mão de obra Diminuição da capacidade de produção
Utilização de formas de madeiras Desperdícios com a mão de obra
Dificuldade de comunicação entre os setores, nos pavimentos Fluxo de informações não confiável
Ausência de identificação dos setores e materiais Atrasos por extravios de materiais, formas e ferramentas
Falta de ordenamento de atividades Aumento do tempo de produção e perdas com mão de obra
Quantidade reduzida de formas para os pilares Necessidade de tempo de espera para desforma dos pilares
Falta de balanceamento de mão de obra Aumento do tempo de produção e desperdícios com mão e obra
Superprodução de ferragens e formas Produção de peças maior que a demanda, por pavimento
Quadro 1 - Identificação das perdas e efeitos identificados
Baseado nas análises preliminares foram executadas propostas de melhorias para o fluxo de valor das atividades executadas pela empresa. No Quadro 2, são identificadas as
melhorias propostas, de acordo com a me-todologia proposta para a consecução deste trabalho.
Melhoria Objetivo Descrição Investimento
Fluxo contínuo Reduzir perdas por espera, deslocamento e movimentação
Verificar as atividades com tempos de produção semelhantes e se são executadas
em um mesmo local
Sem investimentos
Supermercado Produzir apenas a quantidade de peças necessárias
Determinar a quantidade máxima de peças a serem produzidas em um determinado
período
Sem investimentos
KaizenIdentificar atividades onde é
necessária a aplicação de melhoria contínua
Determinar pontos de melhoria contínua, durante as atividades
Sem investimentos
Planejamento de curto, médio e longo, prazo
Aumentar o controle e a organização, na execução das atividades
Determinar metas e objetivos, buscando maior controle dos processos
Sem investimentos
Gerenciar o fluxo de valor
Determinar um responsável pela gerência geral do fluxo
Implementação das melhorias propostas no trabalho
Sem investimentos
Fluxo de informações
Melhorar e formalizar a comunicação entre a construtora e
o cliente
Definir um gestor do projeto e execução, tanto na construtora quanto no cliente
Sem investimentos
Utilização de formas metálicas
Reduzir o tempo de produção e aumentar a utilização da mão de obra
Substituir a utilização de formas de madeira por formas metálicas R$ 45.000,00
138 PERSPECTIVA, Erechim. v.35, n.130, p. 129-143, junho/2011
Altair José Santin - Evaldo Anziliero - Darci Luiz Kuiawinski
Transporte de materiais Diminuir o tempo de transporte
Colocar mais um guincho de coluna (em estoque) no transporte entre os pavimentos
da obra
Sem investimentos
Mini-plantas Controlar as atividades executadas no curto prazo
Controlar as atividades realizadas de forma visual em cada pavimento, com anotações
em uma planta reduzida
Sem investimentos
Comunicação na obra
Permitir uma comunicação mais fácil e clara entre os pavimentos da obra
Utilização de dois rádios de comunicação entre os setores e pavimentos R$ 500,00
Identificação de setores e materiais
Facilitar a visualização e ordem dos materiais
Identificar os setores, materiais, formas para facilitar a utilização do Sistema FIFO3
Sem investimentos
Quadro II- Melhorias propostas
a moldagem dos pilares economiza mais de 40% do tempo comparado com a montagem feita por formas de madeiras. Dessa forma, o investimento necessário para a aquisição das formas metálicas se justificaria pelo ganho obtido na produção;
Transporte de materiais: utilização de mais um guinchos de colunas visto que existe espaço para essa atividade e também pela empresa já possuir esse elevador, apenas não está instalado na obra;
Comunicação na Obra: aquisição de dois rádios de comunicação para a comunicação entre os diversos setores e pavimentos
Identificação de setores e materiais: de-marcação de todos os setores, bem como as áreas de estoques;
Mapa do Estado Futuro
A Figura 4 mostra o mapa do estudo futuro proposto para a construtora se aplicadas todas as melhorias propostas.
Primeiramente, foi identificado em quais atividades é possível introduzir um sistema de fluxo contínuo, ou seja, eliminar tempos parados ou de espera entre atividades.
Foi verificado ainda, após o mapeamento e a cronometragem dos tempos, que algumas atividades dispunham de ociosidade e até de superprodução. Desta forma, baseado no princípio do Gráfico de Balanceamento
Baseado nas análises preliminares, são propostas diversas melhorias para o fluxo de valor das atividades da construtora descritos a seguir:
Fluxo contínuo, supermercado e kaizen: Implantação de fluxo contínuo nas atividades onde o tempo de execução forem próximos e se desenvolverem próximas umas das outras. Nos demais, serão determinados locais para produção em supermercado para abastecer, principalmente, as atividades de montagem de vigas, pilares e lajes. Já as melhorias nos processos (kaizen) serão também descritas sempre que necessário em cada uma das etapas.
Planejamento (de longo, médio e curto prazo), Mini-Plantas, Gerencia do Fluxo de Valor e Fluxo de Informações: o primeiro planejamento será responsável pelas infor-mações gerais e fundamentais para toda a obra; o segundo pelas atividades de cada etapa, que compreendem atividades de um a três meses; e o planejamento de curto prazo que será responsável pelo controle diário de produção, sendo utilizado para isso o sistema de Mini-Plantas. O Gerente de Fluxo de Valor indicado é o Diretor Técnico Flávio Remor que será responsável pelo fluxo de informa-ções interno (entre os departamentos) e exter-no (clientes e fornecedores) da construtora;
Utilização de formas metálicas: a utiliza-ção da tecnologia de formas metálicas para
139
UMA ADEQUAÇÃO DA FERRAMENTA DE MAPEAMENTO DO FLUXO DE VALOR EM UM AMBIENTE PRODUTIVO DE UMA CONSTRUTORA CIVIL
PERSPECTIVA, Erechim. v.35, n.130, p. 129-143, junho/2011
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Figura 5 - Mapa do estado futuro
140 PERSPECTIVA, Erechim. v.35, n.130, p. 129-143, junho/2011
Altair José Santin - Evaldo Anziliero - Darci Luiz Kuiawinski
do Operador4, algumas atividades tiveram acréscimo do número de funcionários ou redução para a realização de determinadas atividades, no entanto, utilizou-se apenas a quantidade de funcionários disponíveis para execução da referida obra.
Nos processos onde não foi possível esta-belecer um fluxo contínuo, procurou-se utili-zar a produção por Supermercado5 – quando necessário – ou se determinou a criação de sistemas FIFO, a fim de evitar perdas.
Construção dos Pilares
Primeiramente, é implementado um fluxo contínuo entre as atividades de arranque do pilar, transporte e colocação da armadura. Logo em seguida, cria-se um supermercado entre esse o fluxo contínuo e as atividades de armação, o fluxo contínuo num total de quarenta e três armaduras por pavimento.
A colocação de mais um guincho de coluna ajudou na redução de 50% no tempo do transporte da armadura, sendo kaizen importante no processo.
Em vista de melhorar o processo contí-nuo referente às atividades de transporte das formas, aplicação de desmoldante, colocação das formas e prumagem do pilar, foi criado um fluxo contínuo entre essas atividades, como também, entre as atividades de concre-tagem, conferência e prumagem pós-concreto dos pilares.
Um supermercado foi criado entre os flu-xos de transporte e a colocação das formas. Após a identificação de cada forma, a primei-ra que era desmontada no pavimento inferior, era a primeira a ser montada no pavimento em construção. Assim, com a criação do supermercado foi possível realizar um fluxo contínuo sem ociosidade.
A colocação dos guarda corpos, onde foi estruturado um kaizen6, orientado para que seja colocado um servente, para ajudar os
carpinteiros, liberando-os para a execução da tarefa de montagem do guarda-corpo, sem se deterem em preparar material ou realizar transportes. Dessa forma, ocorre a redução de custo, visto que o custo hora dos serventes é menor do que o custo hora dos carpinteiros.
Após essas atividades, ocorre a sinaliza-ção por meio do kanban7 para o início das atividades de armação das vigas. A dimi-nuição do tempo de cura do concreto de 48 horas para 24 horas depende da autorização do cliente, mas é tecnicamente possível, pois não compromete a qualidade e a segurança da obra. A substituição das formas de madeira pelas metálicas gera uma economia de até 45% no tempo médio das atividades, visto que a desmontagem dessa é mais rápida que a utilização de formas de madeira.
Construção das Vigas
A etapa de vigamento inicia com o ni-velamento e a colocação de colarinhos nos pilares criam um sistema de fluxo contínuo de mão de obra. Já a desforma e o transporte das formas das vigas do pavimento anterior, aplicou-se outro fluxo contínuo. Foi neces-sário ainda, um supermercado de setenta e seis vigas entre as atividades anteriores do fluxo contínuo anterior e a de montagem do fundo das vigas, escoramento e colocação das laterais das formas.
Após os carpinteiros finalizarem as ati-vidades do fluxo de montagem das formas, dois deles, juntamente com um servente terão a responsabilidade de montar o guarda-corpo do pavimento. Dessa forma, as atividades dos carpinteiros são aproximadas, diminuindo o desperdício e a ociosidade.
Outro supermercado foi instalado entre o fluxo de transporte, a colocação da armadu-ra e a atividade de confecção de armadura, com a quantidade de setenta e seis vigas por pavimento.
141
UMA ADEQUAÇÃO DA FERRAMENTA DE MAPEAMENTO DO FLUXO DE VALOR EM UM AMBIENTE PRODUTIVO DE UMA CONSTRUTORA CIVIL
PERSPECTIVA, Erechim. v.35, n.130, p. 129-143, junho/2011
Construção da Laje
Após as atividades de montagem das for-mas das vigas na etapa anterior, um kanban sinaliza aos carpinteiros e aos serventes que devem iniciar as atividades de colocação das vigotas e tavelas. O transporte e colocação de vigotas e também de tavelas criou dois fluxos contínuos. As demais atividades ocorrem com a utilização do sistema FIFO, sendo que na atividade de construção poupa-se a mão de obra dos armadores e aumenta-se a utilização dos serventes, com a implantação de um kaizen de melhoria.
Resultados Quantitativos e Qualitativos Obtidos
A Tabela 1 mostra a projeção dos possí-veis ganhos se aplicadas todas as melhorias propostas de acordo com a metodologia proposta.
Tabela 1 - Ganhos quantitativos previstos
Atividade
Tempo Processamento
(Horas)
Ganho Obtido por Pavimento
Atual Futuro Tempo Valor R$
Pilares 205,21 80,96 60,55% R$ 8.697,50
Vigas 265,73 215,38 18,95% R$ 3.524,50
Lajes 192,5 174,5 9,35% R$ 1.260,00
TOTAL 663,44 470,84 29,62% R$ 13.482,00
Baseado na análise dos dados apresenta-dos é possível obter-se um ganho de aproxi-madamente 30% por centro em tempo, nas atividades mapeadas, e de até R$ 13.482,00 reais por pavimento. Levando em considera-ção, que a obra atual dispõe dezesseis pavi-mentos, a aplicação das melhorias, apenas nas atividades de construção de pilares, vigas e lajes poderá resultar na diminuição de tempo
de execução de mais de três mil horas e uma redução de custos de mais de duzentos e quinze mil reais, apenas com a eliminação das perdas de tempo nas atividades do processo.
Conclusão
Neste trabalho, buscou-se identificar as principais perdas ocorridas durante a execu-ção das atividades da Construtora Gaúcha, visto que a diminuição do custo de produção e a melhor utilização da mão de obra são vitais para as estratégias de crescimento da construtora.
A escolha da ferramenta de Mapeamento de Fluxo de Valor foi realizada após entrevis-tas com os responsáveis da construtora, sendo identificado que os benefícios propostos pela metodologia atendem às necessidades encon-tradas na execução das obras da construtora.
Após a escolha da obra, foram analisadas as três etapas que se repetem na construção de cada pavimento: a construção de pilares, vigas e da laje. Posteriormente, essas ati-vidades foram descritas e passou-se para a cronometragem da execução de cada uma.
De posse desses dados e utilizando a metodologia do MFV foram identificadas as principais perdas existentes na execução da obra e quais as possíveis melhorias no fluxo de valor das atividades da construtora. Ao final, propõe-se o mapa do estado futuro e os resultados quantitativos e qualitativos obtidos da aplicação das melhorias propostas.
É sugerida a ampliação do estudo, ma-peando-se cada atividade de todas as etapas da obra para avaliar com mais segurança o processo e identificar uma quantidade maior de possíveis melhorias. Como não houve alteração substancial da quantidade de fun-cionários recomenda-se, em estudos futuros, analisar e quantificar o impacto social que po-derá ocorrer. É importante também destacar
142 PERSPECTIVA, Erechim. v.35, n.130, p. 129-143, junho/2011
Altair José Santin - Evaldo Anziliero - Darci Luiz Kuiawinski
a possibilidade da realização de uma análise ambiental se houverem mudanças na mão de obra e inserção ou substituição de máquinas e materiais.
Portanto, com a posse dos resultados ob-tidos, chega-se à conclusão de que o estudo alcançou o seu objetivo, mostrando as pos-sibilidades de ganho com a aplicação da fer-
ramenta. Com isso, realizando as melhorias propostas e, principalmente, fazendo o uso contínuo dessa ferramenta, a construtora se tornará mais competitiva no mercado e criará uma necessária consciência de qualidade e valor para a implantação dos conceitos da construção enxuta.
NOTAS1 Forma é a estrutura que atua no processo de moldagem e sustentação do concreto fresco, até que ele
atinja resistência suficiente para suportar as cargas que lhes são submetidas (Fajersztajn, 1987)2 Desmoldante: produto líquido à base de óleo mineral, cujo objetivo é evitar a aderência do concreto
com as formas, facilitando a desmoldagem e garantindo uma melhor qualidade do acabamento da área concretada.
3 FIFO (First In, First Out): determina que o primeiro produto que entrou em um determinado processo deve ser o primeiro a sair dele, criando fluxo e evitando a criação de estoques intermediários.
4 Gráfico que compara os tempos de execução de atividades, com o objetivo de equilibrar os tempos de execução das atividades e criar um fluxo contínuo entre eles.
5 Os supermercados são estoques intermediários planejados (pulmões) que são aplicados, onde não é possível estabelecer um fluxo contínuo entre as atividades e existe variação considerável de tempo de ciclo entre um processo e outro.
6 Kaizen: melhoria contínua da qualidade em todas as atividades produtivas. Estas melhorias têm caráter incremental e constante, ou seja, ocorrem gradualmente, ao contrário das inovações radicais.
7 O kanban é um instrumento que visa sinalizar ao processo anterior a necessidade de material do pro-cesso cliente, ou seja, informa para o processo anterior o que produzir, quanto, quando.
AUTORES
Altair José Santin - Técnico em Segurança do Trabalho na Construtora Gaúcha LTDA – Ba-charel em Administração pela Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Campus Erechim. E-mail: [email protected]
Evaldo Anziliero - Sócio-Proprietário da Anziliero e Filhos Ltda – Bacharel em Administração pela Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Campus Erechim. E-mail: [email protected]
Darci Luiz Kuiawinski - Professor do curso de Administração da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI Campus de Erechim. Mestre em Engenharia da Produção e Sistemas pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS. E-mail: [email protected].
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UMA ADEQUAÇÃO DA FERRAMENTA DE MAPEAMENTO DO FLUXO DE VALOR EM UM AMBIENTE PRODUTIVO DE UMA CONSTRUTORA CIVIL
PERSPECTIVA, Erechim. v.35, n.130, p. 129-143, junho/2011
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144 PERSPECTIVA, Erechim. v.35, n.130, junho/2011
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