TEXTO PREESCRITIVO OU INSTRUCIONAL NO ENSINO DE LÍNGUA INGLESA
Autor: Samira Mauad Arenas
1
Professora Orientadora: Rosângela Aparecida Basso2
RESUMO:
Este artigo apresenta resultados de um projeto de intervenção pedagógica desenvolvido considerando a proposta de trabalho com Gêneros Textuais como parte do Programa de Desenvolvimento Educacional da Educação, (PDE) do Estado do Paraná. Tal projeto foi implementado numa turma do 7º ano do Ensino Fundamental, no Colégio Estadual Dr. Gastão Vidigal, Maringá, na cidade de Maringá, Pr., tendo como base a abordagem do Interacionismo Sócio Discursivo apresentado por Marcuschi, Cristóvão, Dolz & Schenewly, Bronckart. O material foi elaborado a partir do gênero texto prescritivo ou instrucional e teve como objetivo ensinar inglês através da leitura de textos instrucionais, buscando promover maior compreensão e o desenvolvimento linguístico do idioma. O trabalho contemplou as práticas de leitura, com diferentes estratégias de compreensão, abordando as características peculiares de textos de estruturas reconhecendo a função da linguagem e sua aplicação no contexto do aluno. Para tanto a implementação deu-se em três momentos: Apresentação do gênero trabalhado, estudo linguístico e produção final. Além dos alunos, os professores do grupo de trabalho em rede também foram sujeitos da pesquisa. Com base no resultado final, observou-se que o trabalho com textos instrucionais auxiliou os alunos a desenvolver o papel do leitor crítico. Ademais, durante todo o processo de aplicação deste projeto houve um acréscimo na participação e no interesse pelo idioma, uma vez,que eles tinham que buscar informações para a realização da produção final.
Palavras-chaves: Leitura em Língua Inglesa - Textos Prescritivos ou Instrucionais - Sequência Didática.
1 Professora de Inglês com Especialização em Gestâo e Supervisão Escolar
2 Professora Mestre do Departamento de Letras da UEM
INTRODUÇÃO
O trabalho aqui apresentado é parte integrante do programa de
desenvolvimento educacional (PDE) desenvolvido no estado do Paraná, com o
intuito de melhorar as práticas pedagógicas dos professores da rede pública.
Considerando a dificuldades dos alunos em aprender uma língua estrangeira e
e a falta de interesse pela disciplina trabalhar com gênero textual é a proposta
das diretrizes curriculares para o ensino de Língua Estrangeira Moderna (LEM).
O projeto desenvolvido abordou o gênero prescritivo ou instrucional.que
são os que contém informação de como utilizar um equipamento, como realizar
uma atividade, ou recomendações de como fazer uma tarefa escolar. Há
instruções nas bulas de remédios, instruções nos jogos, instruções de
montagens, aparelhos de eletrodomésticos e nas receitas culinárias, etc. Esse
tipo de texto já faz parte do nosso dia-a-dia e é bastante comum na vida
cotidiana dos nossos alunos.e o que motivou a desenvolver esse tipo de
trabalho com textos prescritivos ou instrucionais foi a grande dificuldade que os
alunos apresentam nas aulas de língua inglesa de entender o idioma. Como
estes textos prescritivos fazem parte do cotidiano dos alunos e que de forma
geral são de linguagem simples e objetiva, o uso deste gênero textual foi a
alternativa para melhorar o processo de ensino e aprendizagem da língua
estrangeira, demonstrando ao aluno que é possível aprender inglês na escola
pública.
Este projeto foi elaborado e o material aplicado em sala de aula na
abordagem do Interacionismo Sócio Discursivo contemplando a leitura e a
escrita em língua inglesa. O projeto foi aplicado no 7º ano do Ensino
Fundamental, numa Escola Publica de Maringá, Pr.. Foram aplicados três
textos: Phone Card, Handwashing e Recipe trabalhados através de
sequências didáticas. Este artigo apresenta cinco partes além da introdução:
fundamentação teórica, Metodologia, Apresentação e Discussão dos dados e
Conclusão.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Segundo as diretrizes o trabalho com Gênero Textual é o foco principal nas
aulas de Língua Inglesa é levar o aluno a compreender a multiplicidade de
linguagens emergentes em nossa sociedade, surgidas pelas diferentes esferas
das atividades sociais.
Para o trabalho com as práticas de leitura, escrita e oralidade e análise lingüística, serão adotados como conteúdos básicos os Gêneros discursivos conforme suas esferas sociais de circulação. Caberá ao professor fazer a seleção de Gênero, nas diferentes esferas (...) em conformidade com as características da escola e com o nível de complexidade adequado a cada uma das series. (DCE, 2008, p. 81).
Levar o aluno compreender a multiplicidade de linguagens emergentes
em nossa sociedade, surgidas pelas diferentes esferas das atividades sociais.
Segundo Cristovão (2001, p. 13, 19), uma das teorias em que se
fundamenta o Interacionismo Sócio Discursivo que é a psicologia de ensino
aprendizagem de Vygotsky, salientando que “é nas atividades sociais em uma
formação social que se desenvolvem as ações de linguagem”, observando
que“o Interacionismo Sócio Discursivo está baseado na concepção de que as
condutas humanas são produto de um processo histórico de socialização”.Isto
significa que através da linguagem, o ser humano interage com o meio em que
vive, com ações de comunicação mediadoras e constitutivas do contexto social
no qual se encontra inserido.
Bronckart (2006, p. 10) afirma que:
A especificidade do ISD é a de postular que o problema da linguagem é absolutamente central ou decisivo para essa ciência do humano. [....] o ISD visa demonstrar que as práticas de linguagens situadas (ou os textos-discurso) são instrumentos principais do desenvolvimento humano, tanto em relação aos conhecimentos e aos saberes quanto
em relação às capacidades do agir e da identidade das pessoas.
O autor destaca a importância da linguagem para as relações humanas,
pois esta representa o elo das relações sociais e se apresenta como um fator
decisivo na interação entre as pessoas. A linguagem se materializa sob forma
de gêneros do discurso e possibilita o acesso aos conhecimentos
historicamente produzidos, que revelam as necessidades e os progressos da
humanidade, promovendo a interação do sujeito com o mundo que o cerca.
Neste sentido, uma das propostas do ISD é o ensino de línguas por
meio da construção de modelos didáticos de gênero, pois estes podem dar
suporte para práticas pedagógicas constituídas na interação. Segundo
Schneuwly & Dolz (1999, p.7) ), “o gênero pode ser considerado um mega-
instrumento que fornece suporte para atividades nas situações de
comunicação, tornando-se uma referência para os aprendizes”.
Desta forma, deve-se observar que os gêneros textuais representam
uma ferramenta importante no ensino de línguas, pois estes estão presentes na
realidade dos alunos e através deles pode-se produzir as transformações
necessárias para a construção do leitor crítico no processo de ensino
aprendizagem tanto na língua materna quanto na língua estrangeira.
Assim, os conhecimentos históricos e socialmente construídos,
oportuniza os alunos a desenvolver não apenas a compreensão superficial de
um texto, mas também adotando uma postura crítica demonstrando uma
compreensão que vai além das palavras ou das imagens em qualquer
produção textual no processo ensino/aprendizagem.
Segundo Marcuschi (2008,p.228), “ler é um ato de produção e
apropriação de sentido que nuca é definitivo e completo”. Nessa perspectiva,
ler é um processo ativo e não mecânico, ou seja, o ato de ler envolve o
conhecimento das relações sociais, formas de conhecimentos veiculadas por
meio de textos em diferentes situações de interação escritor-texto-leitor.
Elementos estes que estão presentes nas Diretrizes Curriculares do Estado do
Paraná (2008).
A abordagem de leitura crítica extrapola a relação entre leitor e as
unidades de sentido na construção dos significados possíveis, priorizando, em
conseqüência, a relação que se estabelece com os outros sujeitos que
atribuem sentidos, porém amplia a percepção do sujeito leitor, que é capaz de
criar significados. (DCE,p. 35 – 36).
Diferentes autores tem apontado a necessidade do ensino através de
gêneros na escola. Dentre eles podemos citar: Bakhtin, Bronckart, Schneuwly,
Dolz, Rojo, Machado Cristóvão e Marcusch.
Os gêneros textuais são as diversidades de textos que encontramos em
diversos ambientes de discurso na sociedade. Segundo Bakhtin (apud
FIORINI, 2006, p. 61):
Os gêneros são, pois, tipos de enunciados relativamente estáveis, caracterizados por um conteúdo temático, uma construção composicional e um estilo. Falamos sempre por meio de gêneros no interior de uma dada esfera.
Os gêneros textuais para Bronckart (2006, p. 143) são:
[...] produtos de configurações de escolhas, que se encontram momentaneamente “cristalizados” ou estabilizados pelo uso, escolhas essas que se originam no trabalho desempenhado pelas formações sociais de linguagem, para que os textos sejam adaptados às atividades que eles comentam, adaptados a um meio comunicativo,
eficazes diante de um desafio social.
De acordo com Marcuschi, (2008, p. 161), “Os gêneros são atividades
discursivas socialmente establilizadas que se prestam aos mais variados tipos
de controle social e até mesmo ao exercício de poder.” Assim, nessa análise, o
olhar do aluno deverá ser orientado para compreender o funcionamento sócio-
programático do texto, observando ainda seu contexto de emergência,
produção e circulação.
No dizer de Coutinho ( 2004 ) o texto é algo que vai se corporificar em
algum gênero textual. Discurso para ele é o que um texto produz ao se
manifestar em alguma instância discursiva. É através dos textos que o discurso
se realiza.
Entre o discurso e o texto está o gênero, que é aqui visto como prática
social e prática textual discursiva. Ele opera com a ponte entre o discurso como
uma atividade mais universal e o texto enquanto a peça empírica
particularizada e configurada numa determinada composição observável.
Gêneros são modelos correspondentes a formas sociais reconhecíveis nas
situações de comunicação em que ocorrem (COUTINHO, 2004, p. 35-37).
O gênero pode ser tratado como uma forma de articulação das práticas
de linguagem. Pois segundo Schneuwly e Dolz, 91999, P. 6) “É através dos
gêneros que as práticas de linguagem encarnam-se nas atividades dos
aprendizes’’.
Na visão de Pinto (2002, p. 51)
O desenvolvimento do conteúdo , o reconhecimento da estrutura dos textos e das características lingüísticas específicas dos vários gêneros textuais seja benéfico para o trabalho em sala de aula, possibilitando a seleção, organização e conexão do conteúdo a ser veiculado na interação contribuindo, assim, para um, a maior planejamento e melhoria de produção textual
A escola precisa trabalhar com a diversidade de gêneros textuais, tanto
orais quanto escritos, de maneira sistemática, ao invés de trabalhar com tipos
de texto que circulam somente no meio escolar, como é o caso de redação.
Assim, o espaço da sala de aula será transformado em um ambiente que
oportunize a apropriação de diferentes gêneros textuais socialmente utilizados,
favorecendo o exercício da interação humana e da participação social dentro
da sociedade. “Portanto, é fundamental que se apresente ao aluno textos em
diferentes gêneros textuais, mas sem categorizá-los. O objetivo será interagir
com a infinita variedade discursiva presente nas diversas práticas sociais.”
(DCE- p. 46).
Com base nos gêneros pode-se desenvolver um trabalho de produção
com materiais que efetivamente circulam em nossa sociedade. Os gêneros
poderiam ser trabalhados na escola de forma que se levasse em conta sua
funcionalidade, sua aplicação útil fora do ambiente escolar, possibilitando,
assim, situações de ensino que refletissem as circunstâncias reais de
comunicação. Segundo Cristóvão (2007, p. 106) “o estudo dos gêneros textuais
na escola como objetos de ensino-aprendizagem pode criar condições para a
construção dos conhecimento lingüísticos-discursivos necessários para as
práticas de linguagem em sala de aula”.
O trabalho com gêneros textuais é uma extraordinária oportunidade de
se lidar com a língua em seus mais diversos usos autênticos do dia-a-dia ,
sendo necessário considerar não apenas os seus aspectos sintáticos, mas
também os comunicativos e interacionais.
Dizer que a análise da língua se limita à sintaxe é reduzir a língua a algo
muito delimitado, pois os aspectos textuais e discursivos, bem como as
questões pragmáticas, sociais e cognitivas são muito relevantes e daí não se
pode evitar considerar o funcionamento da língua em textos realizados em
gêneros (MARCUSCHI, 2008, P. 57 – 58 ).
Para a transposição dos conteúdos Schneuwly e Dolz (2004) sugerem o
desenvolvimento de um modelo didático para o gênero a ser estudado com os
alunos e que sirva como base para a construção do material didático, para
auxiliar e uma melhor aprendizagem de um gênero. Dessa forma, para a
construção do modelo didático de gênero é necessário detectar o
conhecimento dominado pelos alunos, bem como, quais são os novos
conhecimento/capacidades de linguagem que ainda precisam ser apropriados
pelos mesmos em determinada situação.
O desenvolvimento de modelo didático é importante porque a partir dele
podem ser elaborada Seqüências Didáticas adequadas ao nível de
conhecimento dos alunos. As Seqüências Didáticas, de acordo com Schneuwly
e Dolz (2004) são fundamentais por apresentarem de maneira concreta os
procedimentos a serem desenvolvidos em sala de aula.
O objetivo da sequência didática, segundo Dolz et al. É permitir ao
aluno o acesso e o domínio de novas práticas de linguagem que materializam-
se nos mais diversos gêneros textuais, então, o planejamento desta sequência
deve ocorrer a partir das necessidades do aluno, e caracteriza-se pela
flexibilidade ao longo de sua realização. A função da sequência didática é a
apropriação por parte dos alunos de em determinado gênero. O conjunto das
atividades dedáticas elaboradas favorece o desenvolvimento das três
capacidades e também permite contextualizar os objetivos dando sentido à
aprendizagem. Estas atividades estão de, certa forma, interligadas.
De acordo com DOLZ & SCHNEWLY (2004) ao vivenciam, as diversas
situações sociais fazemos uso destas capacidades que englobam deferentes
dimensões:
1) Capacidade de ação de linguagem (referente ao contexto de
produção ou situação de ação da linguagem). Este plano possibilita
o sujeito a adaptar sua produção de linguagem ao contexto de
produção social local, ambiente em que é realizada a interação. O
gênero deve estar adaptado a um destinatário, a um conteúdo e a
um objetivo específico, assim a representação da situação de
comunicação está diretamente relacionada com o mesmo.
2) Capacidade discursiva (referente às características linguístico-
discursiva), este possibilita ao sujeito a realização das operações
contidas na produção textual, as quais estão implícitas os
mecanismos de textualização que envolvem a conexão, a coesão
nominal e verbal, o gerenciamento de vozes e modalização, a
construção de itens lexicais.
3) Capacidade linguístico-discursiva (referente às características
linguístico-discursiva), este possibilita ao sujeito a realização das
operações contidas na produção textual, as quais estão implícitas
os mecanismos de textualização que envolve a conexão, a coesão
nominal e verbal, o gerenciamento de vozes e modalização, a
construção de enunciados, orações e períodos e a escolha dos
itens lexicais.
O autor Machado (2000, p. 7), define Seqüências Didáticas como:
A unidade de trabalho escolar, constituída por um conjunto de atividades que apresentam um número limitado e preciso de objetivos e que são organizadas no quadro de um projeto de apropriação de dimensões constitutivas de um gênero de texto, com objetivo de estruturar as atividades particulares em uma atividade englobante, de tal forma que essas atividades tenham um sentido para os aprendizes.
Cristóvão (2007, p. 262) também colabora com a ideia da construção de
um modelo didático de gênero e para que esse modelo tenha êxito é
necessário que se elabore uma sequência didática, tendo em vista o contexto
em que será trabalhada, isto é, respeitando-se as capacidades dos alunos.
“através do modelo didático de gênero, podemos selecionar elementos que
podem ser ensináveis para melhor compreensão do gênero”.
Segundo a autora, para que esta proposta com gênero se efetive é
necessário instrumentalizar o professor na construção de uma seqüência
didática que contemple as capacidades de linguagem as quais poderão
contribuir para o desenvolvimento do senso crítico do aluno.. Essas
capacidades de linguaghem, segundo Dolz, Schneuwly, Pasquier, e Bronckart
(apud CRISTOVÃO,2007,p. 106) seriam três tipos:
a) As capacidades de ação, isto é, o reconhecimento do gênero e de sua
relação com o contexto de produção e mobilização de conteúdos.
b) As capacidades discursivas, isto é, o reconhecimento do plano textual
geral de cada gênero, os tipos de discurso e de seguência
mobilizados.
c) As capacidades lingüístico-discursivas inerentes a cada gênero para a
construção do significado global do texto.
Espera-se que o trabalho com gêneros textuais levando-se em conta a
capacidade de linguagem do aluno e a realidade do contexto escola, contribua
para uma maior motivação tanto da parte do professor quanto a do aluno
Muitas vezes um texto interessante para os alunos torna-se uma leitura sem
entusiasmo porque o próprio professor não consegue transmitir motivação
suficiente para a leitura. Assim sendo, Taglieber (1998, p. 252) acredita que o
professor que tem sensibilidade, imaginação criadora e entusiasmo pela
disciplina pode transformar qualquer material ou exercícios em valiosas lições,
desde que consiga estabelecer o elo entre o conhecido (na mente dos alunos)
e o desconhecido (no texto).
METODOLOGIA
O presente trabalho trata-se de uma intervenção pedagógica do
programa Plano de Desenvolvimento Educacional PDE realizado pela
Universidade Estadual de Maringá no Estado do Paraná ano 2010 e 2011. O
Projeto foi aplicado na instituição de Ensino Fundamental e Médio Colégio
Estadual Dr. Gastão Vidigal no 2º semestre como objetivo de melhorar a
prática pedagógica na leitura e escrita em textos prescritivos ou instrucionais
devido a grande dificuldade que os alunos tem em ler textos de instruções.
Este projeto foi apresentado durante uma reunião pedagógica com todos
professores e equipe pedagógica do colégio no início do 2º semestre de 2011 e
para os professores do Grupo de Trabalho em Rede (GTR) pela plataforma
MOODLE.
A intervenção foi aplicada numa turma do sétimo ano no período
matutino, a faixa etária dos alunos variou entre 12 a 14 anos na série escolhida
para aplicação. Durante a aplicação da intervenção foram coletados dados
através de perguntas, questionamentos, observações de sala, conversas e
trocas de ideias com professores participantes do GTR.
Nos estudos acerca do processo de ensino de aprendizagem de língua
estrangeira em textos instrucionais discutiu-se a melhoria e o desenvolvimento
das habilidades comunicativas de leitura e escrita do educando através de uma
prática pedagógica em que o aluno desempenhou um papel ativo no processo
de aprender como interagente e como construtor do conhecimento e de
discursos ao participar de interações com professor e colegas. O gênero
escolhido para a intervenção foi textos prescritivos ou instrucionais elaborados
numa sequência didático-pedagógica o material didático, e as atividades
pertinentes foram selecionadas e trabalhadas em sala de aula.
A modalidade didático-pedagógica foi elaborada com atividades e
divididas em três textos instrucionais: Phone Card Instruction, How to wash the
hands, e Recipes.
A implementação foi realizada no segundo semestre junto com o Grupo
de Trabalho em Rede (GTR) no ambiente Moodle de 2011 com professores de
diferentes cidades do Estado do Paraná e diferentes modalidades de ensino:
Ensino Fundamental, Ensino Médio, EJA, ensino de Jovens e Adultos e
Profissionalizantes.
APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS
Considerando a importância do GTR, uma proposta de trabalho on-line
adotada pela SEED, Secretaria Estadual de Educação do Paraná, foi feita uma
apresentação e integração entre o professor do PDE e Professores cursistas.
Essa integração gerou uma discussão sobre a importância do trabalho com
Gêneros textuais, e contribuições para a Implementação do Projeto de
Intervenção e sua prática pedagógica em sala de aula. Houve por parte do
participantes, valiosas contribuições como, trabalhar mais estratégias de leitura
na sequência didática do trabalho com gêneros, atividades lúdicas e também
trabalhar mais os conhecimentos prévios dos alunos na língua mãe. Foi
sugerido também, uma produção textual no final de uma sequência didática de
receitas culinárias. A proposta do projeto teve boa participação do grupo em
rede. Houve sugestões de como trabalhar melhor o plano de ação na língua
mãe e de aplicar mais técnicas de leitura. Foi sugerido também que
trabalhasse o texto Handwashing ilustrado e que fosse colocado em toda a
escola principalmente nos banheiros de instrução em banheiros públicos. No
texto Recipe foi sugerido que o aluno criasse sua própria receita e
apresentasse para a sala em inglês.
No primeiro encontro com os alunos foi apresentada a proposta de
trabalho com texto instrucional. E em seguida foi feita algumas perguntas
como, que tipos de instruções que eles conheciam, qual foi a última leitura que
eles tinham feito com esse tipo de texto, e o que eles sabiam sobre texto
instrucional, e qual foi o último texto que eles tiveram contatos, e onde se
encontra esse tipo de texto. Os alunos ficaram muito interessados e a
participação dos alunos aumentou no decorrer das aula. Durante todo esse
momento os alunos fizeram bastante perguntase foram descobrindo aos
poucos que já conheciam alguns textos de instrução porém apenas alguns
disseram que já tinha trabalhado receitas culinárias em inglês. Quando foi
solicitado para que ilustrassem um texto instrucional, 50% dos textos ilustrados
foi receita culinária, 40% instruções de jogos e 10% não apresentaram. O
objetivo dessa atividade todos queriam falar. Então foi solicitado que eles
ilustrassem no caderno um texto instrucional que eles tinham conhecimento
para saber o que eles sabiam sobre o assunto. Durante o momento eles
fizeram bastante perguntas e foram descobrindo aos poucos que já conheciam
alguns textos de instrução e no final entregaram o texto ilustrado. Em torno de
50% ilustrou textos com receitas culinária, 40% .instruções de jogos e 10% não
apresentaram. O objetivo dessa atividade era perceber o que eles sabiam
sobre esse tipo de leitura, se conheciam algumas características desse tipo de
texto e se sabiam qual era a sua função. Foi importante essa modalidade
porque através dela se percebeu em que nível eles estavam na compreensão
desse tipo de leitura.
O primeiro texto apresentado para a turma foi o English Phone Card,
Os textos foram distribuídos com questões sobre que tipo de texto era aquele e
se eles conheciam um cartão telefônico em inglês. Apenas um aluno disse ter
um card em inglês. Depois foi feita outra questão sobre qual era a diferença
entre um cartão telefônico em português, utlizado no Brasil e um usado nos
USA. A diferença que eles encontraram foi que o em inglês dá instruções de
como usar o telefone público e o Brasileiro apresenta apenas paisagens,
propagandas e o número de unidades. Houve também, um trabalho sobre
questões pertinentes a instruções de chamadas telefônicas. A participação dos
alunos foi satisfatória uma vez que todos participaram respondendo as fichas.
Outra atividade envolvendo cartão com pelo menos quatro instruções em
inglês. Apesar do trabalho ter sido bem simples, apenas 15 alunos
apresentaram de forma correta, 10 alunos apresentaram de forma incorreta e
12 não souberam fazer. A maioria teve dificuldade na escrita, não sabiam como
dizer o que queriam em inglês. Isto reforça a importância de contextualizar e de
preparar os alunos linguisticamente para a realização da atividade. Embora
muitos não apresentaram bem no primeiro momento mesmo assim tiveram
interesse em fazer a produção ao término da tarefa.
O segundo texto o Handwashing step by styep Como lavar as mãos.
Trabalhou-se antes da entrega dos textos questões acerca do assunto, a fim de
buscar o conhecimento prévio dos alunos. A aceitação dos alunos com o tema
foi muito boa. A maioria dos alunos queriam expor seus conhecimentos. Nesse
momento pode-se ver a importância de trabalhar um assunto pertinente e de
interesse aos alunos. O objetivo desta atividade foi mostrar aos alunos como se
escreve um texto que contenha um passo a passo. O uso do imperativo foi bem
trabalhado e o trabalho com o gênero textual foi fundamental para que eles
entendessem o uso do imperativo.
Nas aulas seguintes, foi visto os outros usos do imperativo e explicado
qual era a sua função e onde eles estavam presentes. Nesse momento foi
importante os alunos reconhecerem que a questão linguística da língua inglesa
tem usos diversificados em outras situações. Nesse momento pode-se
perceber que os alunos foram capazes de reconhecer outros usos do
imperativo. E foi nesse contexto que foi introduzido as regras escolares que
não estavam presentes no Material didático e surgiu como uma oportunidade
de rever alguns valores e estabelecer algumas regras de convivência em sala
de aula e conforme eles iam listando as regras de sala, (”Don’t speak so aloud
in classroom”), Stand up your hand to speak, foi incentivado o uso do inglês na
sala. A sala foi dividida em grupo de 4 alunos onde os mesmos tinham que
escrever algumas regras de sala de aula em inglês e ilustrar num pôster para
depois fixar no mural da escola. A participação essa atividade foi de100%, era
nítida o aumento da participação e do interesse pelas aula de língua inglesa.
O terceiro texto apresentado à sala foi a Recipe uma Receita
Culinária – Sugar & Lemon Pancake - primeira parte foi trabalhado o plano de
ação, no qual o eles tiveram que identificar as características textuais de uma
receita. Mais uma vez o problema não foi de identificação do gênero, mas sim
do uso da língua inglesa para tal gênero. Posterior a esta etapa foi as questões
gramaticais apresentadas no texto. Nesta etapa o uso do dicionário fez parte
da estratégia de ensino. Para aumentar a motivação os alunos teriam que
trazer para a próxima aula receitas de alguma coisa que eles gostassem muito
em inglês. Eles tiveram que fazer uma busca na internet para poder executar a
tarefa.
No trabalho final do projeto os alunos elaboraram um texto. Os grupos foram
separados contendo quatro alunos cada grupo. Neste momento houve a
interação com os colegas do grupo para escolha do tipo de texto instrucional,
qual linguagem utilizar foram os pontos fortes da atividade. Durante a
preparação dos textos houve o acompanhamento contínuo da professora da
classe e dos colegas. Nesse trabalho a participação dos alunos foi satisfatória
e os objetivos do projeto foram alcançados.
Conclusôes
Considerando a proposta do Programa de desenvolvimento
Educacional- PDE, a elaboração deste trabalho representou um grande desafio
e uma nova oportunidade de viabilizar o ensino de língua inglesa na rede
publica.
O trabalho desenvolvido teve a finalidade de buscar respostas às
dificuldades encontradas em sala de aula. Propiciou um aperfeiçoamento
profissional através do desenvolvimento do estudo das práticas pedagógicas
que foram desenvolvidas e pertinentes ao trabalho que foi realizado com o
Gênero Prescritivo ou Instrucional para melhoria do ensino de inglês.
Durante todo o processo de implementação, percebeu-se que o
interesse dos alunos às atividades propostas no ensino de inglês foram
melhorando gradativamente, conforme as abordagens iam sendo realizadas
em sala de aula. E concluiu-se também, que o interesse e a participação nas
aulas melhoraram muito no final da aplicação do projeto.
É importante também ressaltar que houve a participação do grupo de
trabalho em rede, (GTR). Os participantes tiveram um papel importante durante
todo o processo de implementação, socializando as experiências e relatos
contribuindo para a reflexão acerca dos conceitos de ensino e aprendizagem.
Ainda, o gênero textual prescritivo ou instrucional é uma leitura pouco
explorada na escola, mas que é interessante porque é um tema que circula no
seu cotidiano e se faz necessário compreendê-la no seu dia-a-dia. A proposta
de trabalho com gênero, não foi apenas trabalhar com o conteúdo mas
também, a formação de sujeitos como cidadãos críticos e formadores de
opiniões capazes de atuarem criticamente na realidade do mundo em que ele
faz parte.
Durante o desenvolvimento do projeto, alguns pontos mereceram
destaque, como o interesse e a participação dos alunos nos assuntos
abordados partindo sempre do seu conhecimento prévio, e que através de suas
reflexões e posicionamento permitiram oportunidades de novos conhecimentos,
cumprindo assim, o objetivo de melhorar e ampliar o conhecimento baseado
numa forma de diálogo, respeito e no compromisso de melhorar a qualidade de
ensino.
No trabalho com o Grupo de Trabalho em Rede, apesar de algumas
divergências de opiniões, houve bastante participação entre professores do
GTR sobre experiências em sala de aula que foram relatadas de acordo com
sua realidade. Esta experiência comprova a importância que o trabalho em
rede tem em melhorar as práticas pedagógicas nas salas de aula.
De acordo com os dados relatados e discutido durante todo o processo
de implementação, conclue-se que o trabalho com Gêneros feito numa
abordagem do Interacionismo Sócio Discursivo e aplicado numa Sequência
didática apresentou melhoria na aprendizagem do aluno e uma mudança
considerável no seu comportamento, isto quer dizer que, através de um
material de ensino pedagógico autêntico e de assunto interessante aplicado de
acordo com as necessidades dos participantes, podemos chegar a um
resultado final positivo.
REFERÊNCIAS Bronckart, J,-P. Atividades de linguagem, discurso e desenvolvimento e humano. Trad. e org. MACHADO, A. R.: MATÊNCIO, M. M. Campinas. Mercado de Letras, 2006.
COUTINHO, A. Schematisation (discursive) et disposition ( textuelle). I: ADAM, J. –M. : GRIZE, J,- B.& BOUACHA. M. A. (Orgs.). Texte et discours: catègories pour L’ analyse. Dijon: Editions Universitaires de Dijon,PP, 29-42.
CRISTOVÃO, VERA L. L. Modelos didáticos de gênero: uma abordagem para o ensino de língua estrangeira. – Londrina: UEL, 2007.
FIORIN, J. L. Introdução ao pensamento de Bakhtin. São Paulo. Ática, 2006.
MACHADO, A. R.; BEZERRA, M. A. (org.) Gêneros Textuais e ensino. Rio de Janeiro: LUCERNA, 2002, P. 73-86.
MACHADO, A. R. Uma experiência de assessoria docente e a elaboração de material didático para o ensino de produção de textos na universidade Delta, São Paulo, v. 16, n. l, 2000.
MARCUSCHI, l. a. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola Editorial, 2008.
PARANÁ, Secretaria de Estado da Eduacação. Diretrizes Curriculares Estaduais de Língua Estrangeira, Curitiba, 2006.
PINTO, A. P. Gêneros discursivos e ensino de língua inglesa. In: DIONÍSIO, A. P.; MACHADO, A. R.; BEZERRA, M. A. (Org.) Gêneros textuais e ensino. Rio de Janeiro Lucerna 2002, p. 47-57.
SCHNEUWLY, B. ; DOLZ, J. Gêneros escolares: das práticas de linguagem aos objetos de ensino. Revista Brasileira de Educação. N. 11, 1999. P. 5 – 16, Maio/Jun/Jul/Ago.
SCHNEUWLY, B. ; DOLZ, J. Gêneros orais e escritos na escola. Tradução e organização Roxane Rojo e Galls Sales Cordeiro, Campinas: Mercado de Letras, 2004. TAGLIEBER, Loni K. A leitura na língua estrangeira. In: BOHN, H. & VANDRESEN , p. Tópicos de lingüísticas Aplicada: o ensino de Língua Estrangeiras. Florianópolis: Editora da UFSC, 1988, P. 237 – 253.
Top Related