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Utilizao de Plataformas Colaborativaspara o Desenvolvimento de
Empreendimentos de Engenharia Civil
Nuno Miguel de Matos Pissarra
Dissertao para obteno do Grau de Mestre emEngenharia Civil
JriPresidente: Prof. Antnio Heleno Domingues Moret RodriguesOrientador: Prof. Jos lvaro Antunes Ferreira
Co-Orientador: Prof. Luis Antnio de Castro Valadares Tavares
Vogais: Prof. Francisco Afonso Severino Regateiro
Outubro de 2010
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Agradecimentos
A presente dissertao tornou-se possvel devido ao apoio de diversas pessoas e entidades a quem
se deixa aqui o mais sincero agradecimento.
Em primeiro lugar ao Prof. Luis Valadares Tavares pela orientao e viso que me transmitiu,
permitindo-me alcanar com maior profundidade os objectivos propostos.
Agradece-se igualmente equipa do CESUR, que disponibilizou a utilizao de algumas ferramentas
informticas para o desenvolvimento do presente trabalho.
Tambm quero agradecer a toda a equipa da empresa ASEP, Associao de Engenheiros, Lda. porter disponibilizado a informao do Empreendimento - Centro de Sade Tipo, com vista modelao
e anlise no mbito do presente trabalho.
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Resumo
Emergiram recentemente, na rea dos sistemas de informao integrados com a modelao de
edifcios, novas tecnologias informticas e tecnologias da Internet, que visam o desenvolvimento e
acompanhamento da realizao dos empreendimentos de Engenharia Civil, ao longo do seu ciclo de
vida completo. As Entidades Executantes tm actualmente o desafio de implementar e adaptarem-se
s novas tecnologias, preparando-se para uma realidade no futuro a mdio/longo prazo.
A presente dissertao procura analisar algumas das ferramentas existentes em termos de Building
Information Modeling e Plataformas Colaborativas, aplicando-as realidade actual da fase de
formao de contrato, no mbito de um procedimento para a execuo de uma empreitada pblica.
Neste sentido, analisaram-se as potencialidades j existentes nas aplicaes informticas das
famlias Revit, Archicad e VICO Software, com vista a realizao de actividades correntemente
executadas pelo concorrente, no mbito de medies automatizadas, deteco de erros e omisses,
calendarizao, oramentao, preparao da empreitada e da gesto da cadeia de fornecimentos e
subcontratao. Foi igualmente testada a plataforma Asite em relao sua interoperacionalidade
com as aplicaes.
Para ensaio das tecnologias utilizou-se um empreendimento denominado por Centro de Sade Tipo,
correspondendo a uma unidade de sade fictcia.
PALAVRAS CHAVE: Modelos de Informao de Edifcios; Plataforma Colaborativa; Gesto de
Empreendimentos; Entidade Executante; Interoperacionalidade; Cdigo dos Contratos Pblicos.
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Abstract
Recently, new technologies and tools on software and Internet have emerged, in the area of
information systems integrated with building design, that focus the Civil Engineering project
management applied throughout its complete lifecycle. Contractor entities have currently the challenge
to implement and adapt themselves to these new technologies, preparing for a future reality in the
medium to long term.
This dissertation seeks to analyze some of the existing tools as regards of Building Information
Modeling and Collaborative Platforms, applying them to the current reality of the contract formation,
within the context of a procedure in order to perform a public contract. In this sense, it was analyzed
the potential of the existing software applications of Revit, Archicad and VICO Software families,carrying out activities currently performed by the Contractor, related to quantities take-off, detection of
errors and omissions, scheduling, budgeting, construction preparation and supply chain management
and outsourcing. It was also tested the Asite portal in relation to its interoperability with applications for
eCollaboration.
To test the technologies it was used a construction project called "Centro de Sade Tipo",
corresponding to a fictitious health care center.
KEYWORDS: Building Information Modeling; eCollaboration Platform; Building Project Management;
Contractor; Interoperability; Public Procurement.
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Abreviaturas e Siglas
2D Representao bidimensional
3D Representao tridimensionalAATAE Associao dos Agentes Tcnicos de Arquitectura e EngenhariaACEPE Associao Industrial do Poliestireno ExpandidoAECOPS Associao de Empresas de Construo e Obras PblicasAGC Associated General ContractorsAIA American Institute of ArchitectsAIA CC American Institute of Architects California CouncilAICCOPN Associao dos Industriais de Construo Civil e Obras PblicasAICE Associao dos Industriais da Construo de EdifciosANEMM Associao Nacional das Empresas Metalurgicas e MetalomecnicasANEOP Associao Nacional de Empreiteiros de Obras PblicasANET Associao Nacional dos Engenheiros TcnicosANIPC Associao Nacional dos Industriais de Produtos de Cimento
APAE Associao Portuguesa dos Avaliadores de EngenhariaAPCMC Associao Portuguesa dos Comerciantes de Materiais de ConstruoAPEB Associao Portuguesa das Empresas de Beto ProntoAPFAC Associao Portuguesa dos Fabricantes de Argamassas de ConstruoAPFTV Associao Portuguesa dos Fabricantes de Tintas e VernizesAPI Application Programming InterfaceAPIEE Associao Portuguesa de Industriais de Engenharia EnergticaAPIRAC Assocao Portuguesa da Indstria de Refrigerao e Ar CondicionadoAPORBET Associao Portuguesa de Fabricantes de Misturas BetuminosasAPPC Associao Portuguesa de Projectistas e ConsultoresASSICOM Associao da Industria e da Construo da MadeiraASTM American Society for Testing and MaterialsB2B Business-to-Business
BCIS Building Cost Information ServiceBIM Building Information ModelingCAD Computer Aided DesignCCP Cdigo dos Contratos PblicosEN European NormHTML HyperText Markup LanguageIAI International Alliance for InteroperabilityIDM Information Delivery ManualIFC Industry Foundation ClassesIFD International Framework for DictionariesINCI Instituto da Construo e do ImobilirioIPD Integrated Project DeliveryISO International Organization for Standardization
ISP Internet Service ProviderLBS Location Breakdown StructureLOD Level Of DetailMDB Microsoft Access DatabaseMPS Model Progression SpecificationNP Norma PortuguesaOE Ordem dos EngenheirosODBC Open Data Base ConnectivityPDF Portable Document FormatProNIC Protocolo para a Normalizao da Informao Tcnica na ConstruoRSS Really Simple SindicationSDK Software Development KitSQL Structured Query LanguageSTEP Standard for the Exchange of Product model dataXML Extensible Markup LanguageWBS Work Breakdown Structure
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NDICE
1. INTRODUO ................................................................................................................10
2. DESENVOLVIMENTO DO EMPREENDIMENTO...........................................................12
2.1. FASES DE DESENVOLVIMENTO DO EMPREENDIMENTO..................................................................... 12
2.2. INTERVENIENTES NO DESENVOLVIMENTO DO EMPREENDIMENTO ..................................................... 13
2.3. DESENVOLVIMENTO INTEGRADO DO EMPREENDIMENTO .................................................................. 15
3. DESENVOLVIMENTO DE PLATAFORMAS COLABORATIVAS .................................18
3.1. ORIGEM DAS PLATAFORMAS ESPECIALIZADAS EM ENGENHARIA CIVIL ............................................ 18
3.2. PLATAFORMAS COLABORATIVAS ................................................................................................... 19
3.3. PLATAFORMAS DE CONTRATAO PBLICA................................................................................... 19
4. BUILDING INFORMATION MODELING (BIM) .............................................................. 22
4.1. O QUE O BIM?........................................................................................................................... 22
4.2. SOFTWARES BIM.......................................................................................................................... 24
4.3. INTEROPERACIONALIDADE............................................................................................................. 25
4.3.1. INDUSTRY FOUNDATION CLASSES (IFC) ...................................................................................... 28
4.3.2. INTERNATIONAL FRAMEWORK FOR DICTIONARIES (IFD)................................................................ 29
4.3.3. INFORMATION DELIVERY MANUAL (IDM)...................................................................................... 30
4.3.4. INTEROPERACIONALIDADE NOS SOFTWARESAUTODESK............................................................... 31
4.3.5. INTEROPERACIONALIDADE NOS SOFTWARESGRAPHISOFT............................................................ 32
4.4. APLICAES VICOSOFTWARE ..................................................................................................... 33
5. DESENVOLVIMENTO DO MODELO .............................................................................35
5.1. FASES DE DESENVOLVIMENTO DO MODELO.................................................................................... 35
5.1.1. METODOLOGIA DO AMERICAN INSTITUTE OF ARCHITECTS (AIA).................................................... 36
5.1.2. METODOLOGIA DA AUTODESK ..................................................................................................... 38
5.2. APRESENTAO DO MODELO ........................................................................................................ 39
5.3. DESENVOLVIMENTO DO MODELO A PARTIR DAS PEAS DO PROCEDIMENTO..................................... 425.3.1. PLANO DE CONTEDO ................................................................................................................ 42
5.3.2. CRIAO DO MODELO A PARTIR DOS DESENHOS 2D..................................................................... 44
6. EXPERIMENTAO ......................................................................................................47
6.1. ERROS E OMISSES DAS PEAS DO PROCEDIMENTO...................................................................... 47
6.1.1. TRMITES DOS ERROS E OMISSES DAS PEAS DE PROCEDIMENTO ............................................ 47
6.1.2. VISUALIZAO 3D E PROCESSOS AUTOMTICOS DE VERIFICAO................................................ 48
6.1.3. LISTAGENS DE ERROS E OMISSES............................................................................................. 52
6.1.4. CONFRONTAO COM AS CONDIES DO LOCAL DE EXECUO................................................... 546.2. MEDIES AUTOMTICAS.............................................................................................................. 56
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6.2.1. CRITRIOS DE MEDIO ............................................................................................................. 56
6.2.2. MEDIO AUTOMTICA ATRAVS DE APLICAES DA VICOSOFTWARE......................................... 58
6.3. ORAMENTAO........................................................................................................................... 63
6.3.1. ORAMENTO E ESTRUTURA DE CUSTOS ...................................................................................... 63
6.3.2. ORAMENTAO ATRAVS DE APLICAES DA VICOSOFTWARE ................................................. 646.4. CALENDARIZAO......................................................................................................................... 67
6.4.1. CALENDARIZAO ATRAVS DE APLICAES DA VICOSOFTWARE................................................ 67
6.5. PREPARAO DA EMPREITADA...................................................................................................... 69
6.5.1. CONSIDERAES GERAIS ........................................................................................................... 69
6.5.2. PLANO DE ESTALEIRO................................................................................................................. 69
6.5.3. PLANO DE COFRAGEM E BETONAGEM.......................................................................................... 72
6.5.4. VERIFICAO DE INTERFERNCIAS DO MODO DE EXECUO DOS TRABALHOS .............................. 73
6.6. CADEIA DE FORNECIMENTOS E SUBCONTRATAO ........................................................................ 76
6.6.1. ANLISE DA CADEIA TRADICIONAL ............................................................................................... 76
6.6.2. BIMSUPPLY CHAIN MANAGEMENT.............................................................................................. 78
6.6.2.1. Catlogos electrnicos.......................................................................................................... 79
6.6.2.2. Controlo de Execuo........................................................................................................... 83
6.6.2.3. Racionalizao dos Processos de Deciso.......................................................................... 83
6.7. INTEROPERACIONALIDADE COM A PLATAFORMA ASITE.................................................................. 85
6.7.1. EXPORTAO DO MODELO EM BIM ............................................................................................. 85
6.7.2. PLATAFORMA ASITE.................................................................................................................... 90
7. CONCLUSES ...............................................................................................................95
8. BIBLIOGRAFIA ..............................................................................................................98
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NDICE DEQUADROS
Quadro 1. - Comparao das tarefas do processo de construo (AGC, 2008)............................... 23
Quadro 2. - Lista no exaustiva de software da gerao BIM........................................................... 25
Quadro 3. - Formatos comuns de troca de informao grfica ......................................................... 26
Quadro 4. - Softwares certificados segundo o protocolo IFC2x3...................................................... 29
Quadro 5. - Nvel de Detalhe Definies (AIA CC, 2008a)............................................................. 36
Quadro 6. - Nvel de Detalhe Exemplo (AIA CC, 2008a)................................................................ 37
Quadro 7. - Equivalncia entre a taxionomia da Portaria n 701-H/2008 e a LOD ........................... 37
Quadro 8. - Propriedades dos objectos para a medio de grandezas genricas e de cofragens
(VICO, 2008b)................................................................................................................. 60
Quadro 9. - Propriedades dos objectos para a medio de volume de beto (VICO, 2008b) .......... 60Quadro 10. - Propriedades dos objectos para a medio de alvenarias, revestimentos, rea de vos
e volumes de movimentos de terras (VICO, 2008b) ...................................................... 61
Quadro 11. - Correlaes entre elementos de estaleiro (Dias, 1996)................................................. 70
NDICE DEFIGURAS
Figura 1 - Ciclo integrado de desenvolvimento do empreendimento (adaptado de Costa, 2010)..... 13
Figura 2 - Evoluo temporal e intervenientes do empreendimento (adaptado de Pereira et al.,
2003).................................................................................................................................. 14
Figura 3 - Organigrama dos principais intervenientes do empreendimento ...................................... 14
Figura 4 - Curva de MacLeamy.......................................................................................................... 16
Figura 5 - Comparao entre o processo de Concepo-Concurso-Construo com o processo
Integrated Project Delivery (AIA CC, 2008b)................................................................... 16
Figura 6 - Comparao entre as fases do processo tradicional as do IPD (AUSLANDBUILDERS,
2010).................................................................................................................................. 17
Figura 7 - BIM Viso da interoperacionalidade............................................................................... 27
Figura 8 - Histrico de verses do formato IFC (IAI, 2010b) ............................................................. 28
Figura 9 - BuildingSMART - Ciclo integrado do BIM (IAI, 2010e)...................................................... 30
Figura 10 - Revit Arch. 2010 - Vista do modo de edio da famlia do objecto................................... 31
Figura 11 - ArchiCAD 13 - Vista do modo de edio do objecto ......................................................... 32
Figura 12 - Fluxo de trabalho do procedimento de construo virtual (VICO, 2008a) ........................ 33
Figura 13 - Representao esquemtica do processo iterativo de desenvolvimento do
empreendimento (VICO, 2008a)........................................................................................ 34
Figura 14 - Processo de construo virtual (VICO, 2008a) ................................................................. 34
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Figura 15 - Processo de colaborao em contrato Concepo-Concurso-Construo (Autodesk,
2010b)................................................................................................................................ 39
Figura 16 - Revit Arch. 2010 - Vista geral do modelo (renderizado) ................................................. 40
Figura 17 - Revit Arch. 2010 Terreno do Centro de Sade Tipo ...................................................... 40
Figura 18 - Revit Arch. 2010 Estrutura do Centro de Sade Tipo .................................................... 41Figura 19 - Revit Arch. 2010 Estrutura do Centro de Sade Tipo .................................................... 41
Figura 20 - Exemplo da estrutura de um Plano de Contedo (VICO, 2008a) ..................................... 42
Figura 21 - ArchiCAD 13 Janela de abertura de itens de biblioteca................................................. 43
Figura 22 - ArchiCAD 13 Janela de exportao de objectos da biblioteca....................................... 43
Figura 23 - Revit Arch. 2010 Janela de abrir famlia........................................................................ 44
Figura 24 - Revit Arch. 2010 Janela de edio da famlia ............................................................... 44
Figura 25 - Revit Arch. 2010 - Imagem do modelo sobreposta com imagem de planta em DWG (azul)
........................................................................................................................................... 45
Figura 26 - Navisworks Vista geral do modelo do Centro de Sade Tipo........................................ 49
Figura 27 - Navisworks Verificao de interferncias entre o terreno escavado e as sapatas ........ 50
Figura 28 - Navisworks Resultado da verificao do tipo hard clash entre pilares e portas ............ 51
Figura 29 - Navisworks Verificao da falta de ligao de um pilar fundao............................... 51
Figura 30 - Navisworks Pesquisa de portas num caminho de evacuao com a propriedade C.F. 52
Figura 31 - Navisworks Relatrio de interferncias .......................................................................... 53
Figura 32 - Revit Arch. 2010 - Fichas de identificao dos erros e omisses..................................... 53
Figura 33 - Acrobat Listagem de erros e omisses .......................................................................... 54
Figura 34 - Sketchup Implantao do modelo com as referncias do Google Earth ....................... 55
Figura 35 - Google Earth Verificao das interferncias no local..................................................... 55
Figura 36 - Capa do livro de Regras de Medio na Construo (Fonseca, 2006) ............................ 57
Figura 37 - Estrutura de dados da Receita .......................................................................................... 58
Figura 38 - Esquema da Receita do elemento pilar (VICO, 2008a) .................................................... 59
Figura 39 - Estimator Janela de definio da estrutura de classificao das Receitas.................... 59
Figura 40 - Estimator Janela de associao das propriedades das Receitas.................................. 61
Figura 41 - Estimator Janela de associao das propriedades dos Mtodos .................................. 62
Figura 42 - Constructor Janela de associao das Receitas aos objectos ...................................... 62
Figura 43 - Constructor Medio automtica da movimentao de terras....................................... 63Figura 44 - Estimator Janela de gesto da base de dados dos Recursos ....................................... 65
Figura 45 - Estimator Janela de gesto da base de dados dos Mtodos......................................... 65
Figura 46 - Estimator Janela de gesto da base de dados das Receitas......................................... 66
Figura 47 - Estimator - Lista de Preos Unitrios ................................................................................ 66
Figura 48 - Constructor Criao da WBS.......................................................................................... 67
Figura 49 - Control Janela do Diagrama de Gantt ............................................................................ 68
Figura 50 - Control Janela do Flowline View..................................................................................... 68
Figura 51 - Constructor Estaleiro do Centro de Sade Tipo............................................................. 71
Figura 52 - Constructor Estaleiro de argamassas do Centro de Sade Tipo................................... 71
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Figura 53 - Planta do Estaleiro do Centro de Sade Tipo ................................................................... 72
Figura 54 - Constructor Modelo da cofragem de uma laje................................................................ 72
Figura 55 - Constructor Simulao da betonagem de pilares........................................................... 73
Figura 56 - Navisworks Simulao 4D da execuo do empreendimento ....................................... 74
Figura 57 - Navisworks Identificao da interferncia entre o edifcio e o estaleiro......................... 74Figura 58 - 5D Presenter Silumao 4D ........................................................................................... 75
Figura 59 - Comparao da produtividade da construo com industrias no agrcolas.................... 77
Figura 60 - Ciclo de Vida dos Objectos Inteligentes (CAT-E, 2010).................................................... 80
Figura 61 - Catlogo Autodesk Seek ................................................................................................... 81
Figura 62 - Estrutura do Catlogo ArchiCAD Talk ............................................................................... 82
Figura 63 - Estrutura arborescente ...................................................................................................... 84
Figura 64 - ArchiCAD - Janelas de opes e gesto de propriedades dos objectos do modelo IFC.. 86
Figura 65 - Revit Arch. 2010 Janelas de gesto de propriedades IFC (exportao e importao,
respectivamente................................................................................................................. 87
Figura 66 - 1 Exemplo ArchiCAD 13 Modelo simplificado exportado para IFC............................ 87
Figura 67 - 1 Exemplo - Revit Arch. 2010 Falha na interpretao da topografia do terreno........... 88
Figura 68 - 1 Exemplo - DDS CAD Viewer Centro de Sade Tipo com a topografia...................... 88
Figura 69 - 2 Exemplo Revit Arch. 2010 - Modelo original exportado para IFC............................. 88
Figura 70 - 2 Exemplo ArchiCAD 13 Importao IFC considera terreno como objecto ............... 89
Figura 71 - 2 Exemplo DDS CAD Viewer - Centro de Sade Tipo com a topografia...................... 89
Figura 72 - DDS CAD Viewer Propridades ifcElementQuantity da laje do piso 1 ............................ 90
Figura 73 - Interoperacionalidade da plataforma Asite (2010)............................................................. 91
Figura 74 - Integrao das ferramentas da plataforma Asite (2010) ................................................... 92
Figura 75 - Asite 3D Viewer Vista geral do Centro de Sade Tipo................................................... 93
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1. Introduo
A presente dissertao tem como objectivo identificar oportunidades para a utilizao de ferramentas
da gerao Building Information Modeling (BIM) e plataformas colaborativas para o estabelecimentode metodologias interdisciplinares e interactivas de realizao de empreendimentos.
Neste trabalho enquadra-se o desenvolvimento do empreendimento no modelo de contratao mais
correntemente utilizado no sector da construo, tanto a nvel nacional como internacional, designado
Concepo-Concurso-Construo (Design-Bid-Construction). Foca-se, essencialmente, a fase de
formao de contrato, numa empreitada publica, de um empreendimento de Engenharia Civil
designado Centro de Sade Tipo, na ptica da Entidade Executante ou de Empreiteiro Geral.
O empreendimento foi modelado em ferramentas informticas da gerao Building Information Model
(BIM), tendo sido simuladas diversas actividades correntemente efectuadas pela Entidade Executante,
atravs de softwaresj disponveis.
Identificaram-se estar disponveis para utilizao profissional algumas solues de plataformas
colaborativas. Para uma anlise da potenciao da utilizao deste modelo em BIM em plataformas
colaborativas, utilizou-se a plataforma Asite.
A presente dissertao procura identificar oportunidades de funcionalidades a desenvolver emplataformas colaborativas para a gesto de empreendimentos, na fase de formao do contrato. A
abordagem foi principalmente focada na ptica da Entidade Executante e nas relaes desta com
outras entidades intervenientes.
Pretendeu-se em primeiro lugar analisar o potencial das ferramentas informticas da gerao BIM,
quando utilizadas pelo concorrente a uma empreitada pblica. Este interveniente inicia as suas
aces na fase de Concurso, com a preparao da proposta, a partir da recepo do projecto de
execuo atravs das plataformas de concursos pblicos, nos formatos digitais que forem
disponibilizados pela Entidade Adjudicante.
Para o efeito foi modelado em BIM um empreendimento denominado Centro de Sade Tipo, com os
seguintes elementos:
1. O terreno de implantao, escavao geral, topografia, arranjos exteriores, arruamentos;
2. A estrutura do edifcio, includo fundaes, muros da cave, lajes, pilares, vigas, escadas;
3. As paredes exteriores e interiores, incluindo vos, portas e janelas;
4. Coberturas e acabamentos de terraos.
Foram tambm modeladas algumas operaes de construo e de apoio obra, nomeadamente:
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1. Estaleiro de apoio, incluindo, vedaes, portaria, equipamentos sociais e equipamentos
principais de apoio obra;
2. Cofragens de pilares e de lajes em beto armado;
3. Estaleiro de fabrico de armaduras;
4. Estaleiros de fabrico de argamassas;5. Operao de betonagem;
6. Zonas de armazenamento de materiais de construo.
No final foi tambm analisada a potencialidade da plataforma colaborativa Asite, no que se refere
interaco com as ferramentas BIM avaliadas.
O presente documento encontra-se dividido em mais seis captulos, cuja breve descrio se
apresenta seguidamente.
No captulo 2 realiza-se a anlise sobre o conceito de empreendimento e ao impacto que o tipo de
tecnologias analisadas esto a gerar, incluindo ao paradigma das fases de desenvolvimento do
empreendimento e identificao dos principais intervenientes do seu desenvolvimento.
No captulo 3 apresenta-se a evoluo do desenvolvimento das plataformas especializadas em
Engenharia Civil, a origem das plataformas colaborativas e o caso portugus das plataformas de
contratao pblica.
No captulo 4 realiza-se a anlise ao conceito do Building Information Modeling, identificando-se as
alteraes que geram ao paradigma da comunicao e interoperacionalidade entre os intervenientes
no desenvolvimento do empreendimento.
No captulo 5 aborda-se o desenvolvimento do modelo em BIM do Centro de Sade Tipo, incluindo
as taxionomias relativas ao seu detalhe de desenvolvimento e analisam-se as principais
condicionantes e aspectos a considerar relativamente ao desenvolvimento do empreendimento a
partir das Peas de Procedimento no mbito do modelo de contratao Concepo-Concurso-
Construo.
No captulo 6 desenvolve-se a anlise da experimentao das tecnologias BIM, utilizadas no modelo
desenvolvido, abordando a fase de apresentao de propostas na ptica da entidade executante, em
termos das suas principais actividades, nomeadamente, medies detalhadas, erros e omisses,
calendarizao, oramentao, preparao da empreitada, cadeia de fornecimentos e subcontratao.
Desenvolve-se ainda a anlise da plataforma Asite, quando utilizada com o presente modelo.
O captulo 7 apresenta as principais concluses sobre todo o trabalho desenvolvido.
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2. Desenvolvimento do Empreendimento
2.1. Fases de Desenvolvimento do Empreendimento
O conceito de empreendimento (Project no termo anglosaxnico) pode ser entendido como um
processo temporrio com o objectivo de criar um produto ou servio nico (PMBOK, 2008). Esta
definio significa que o empreendimento tem um incio e um fim claramente definido, utiliza os
recursos necessrios ao longo do perodo de tempo definido pelos dois momentos referidos e cria um
produto ou servio nico, cujas caractersticas e condies nunca foram anteriormente realizadas.
Na Engenharia Civil, os empreendimentos caracterizam-se pela realizao de bens imveis de
ocupao do solo e de durabilidade geralmente longa. No caso dos edifcios, o perodo de vida til
implcito no Regulamento de Segurana e Aces para Estruturas de Edifcios e Pontes de 50 anos
(RSA, 1983).
No mbito da presente anlise da metodologia de contratao Concepo-Concurso-Construo tem-
se em considerao a viso sistmica do desenvolvimento do empreendimento formando um ciclo
integrado constitudo por trs fases principais:
Concepo, avaliao e projecto
Contratao da execuo Gesto do empreendimento
Na figura seguinte decompem-se as fases de referncia do empreendimento nas respectivas
subfases (ver Figura 1). A decomposio da fase de concepo, avaliao e projecto tem em
considerao a Portaria n 701-H/2008, de 29 de Julho, que aprova o contedo obrigatrio do
programa e do projecto de execuo nos termos do Cdigo dos Contratos Pblicos (CCP), aprovado
pelo Decreto-Lei n 18/2008, de 29 de Janeiro. A fase da contratao da execuo apresenta, de
forma resumida, as fases do procedimento nos termos do Cdigo do Contratos Pblicos, desde a
seleco do procedimento, anncio ou convite, preparao e apresentao das propostas, avaliao
das propostas, contratao da execuo e gesto da execuo do contrato.
Associado a cada uma das fases de desenvolvimento do empreendimento, existem j tecnologias no
campo da informtica, bases de dados e da Internet que, individualmente, permitem facilitar e
desenvolver as entregas respectivas a cada uma.
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Figura 1 - Ciclo integrado de desenvolvimento do empreendimento (adaptado de Costa, 2010)
Esta viso de ciclo integrado do desenvolvimento do empreendimento revela-se orientadora para o
desenvolvimento de novas ferramentas que permitam a integrao completa das vrias fases do ciclo
de vida, dando resposta a um maior nmero de exigncias que tm sido regulamentadas ou
normalizadas, nomeadamente, nas reas das funcionalidades, da qualidade, da segurana, do
ambiente e da responsabilidade social do desenvolvimento dos empreendimentos de Engenharia Civil,
e tambm s exigncias particulares dos intervenientes e da forma como se relacionam com os
mesmos e entre si.
2.2. Intervenientes no Desenvolvimento do Empreendimento
Os intervenientes no desenvolvimento dum empreendimento de Engenharia Civil dependem
essencialmente do tipo de Dono-da-Obra, do tipo de empreendimento e do modelo de contratao
que for definido para a execuo do mesmo.
O Project Management Institute (PMI) alarga o mbito desta definio, atravs do conceito de partes
interessadas (stakeholders). Por partes interessadas define quaisquer indivduos ou organizaes
que sofram influncia devido ao desenvolvimento do empreendimento e possam ter impacto no seu
sucesso (PMBOK, 2008). Nestes termos, a identificao dos intervenientes e partes interessadastrata-se de um processo especfico de cada projecto. Na normalizao relacionada com a qualidade,
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nomeadamente, na NP EN ISO 9004, est definido o conceito de partes interessadas de forma
semelhante.
No modelo de contratao Concepo-Concurso-Construo, os principais intervenientes que
geralmente se identificam so: o Dono da Obra, a Equipa de Projecto, a Coordenao de Seguranae Sade, a Fiscalizao, a Entidade Executante ou Empreiteiro Geral, os Subempreiteiros e os
Utilizadores dos empreendimentos.
Na figura seguinte apresenta-se esquematicamente a evoluo temporal do empreendimento,
identificando o perodo em que cada tipo de interveniente desenvolve a sua aco neste processo:
Figura 2 - Evoluo temporal e intervenientes do empreendimento (adaptado de Pereira et al., 2003)
No mtodo de contratao em anlise, o Dono da Obra constitui a figura central da comunicao
entre os intervenientes, possuindo, para alm da relao contratual com os Projectistas, Fiscalizao,
Coordenao de Segurana, Financiadores, Entidade Executante (Empreiteiro Geral), Fornecedores
e Subempreiteiros um canal directo de troca de informao (ver Figura 3).
Figura 3 - Organigrama dos principais intervenientes do empreendimento
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Segundo Frederick Gould et al. (2003) este modelo de contratao potencia a falta comunicao
entre os responsveis da concepo (Projectistas) com a Entidade Executante (Empreiteiro Geral),
estando essa eficincia dependente da interligao do Dono da Obra, que no raramente chega a
ser o nico interlocutor entre algumas das partes. Este facto, em conjunto com a existncia dedificuldades na interpretao ou falta de qualidade (erros e omisses) dos documentos do
projecto ou ao conflito de interesses entre as partes, so algumas das principais causas para a falta
de qualidade da execuo do empreendimento.
A Portaria n 701-H/2008, de 29 de Julho, de modo a minimizar este vazio de comunicao, define
a responsabilidade do projectista na Assistncia Tcnica, durante a fase de execuo da obra.
Numa empreitada pblica, durante a fase de apresentao das propostas, o Cdigo dos Contratos
Pblicos define o prazo para os interessados efectuarem a apresentao de erros e omisses. Nocaptulo 6.1. Erros e Omisses das Peas de Procedimento ser analisado com maior detalhe este
ltimo aspecto.
2.3. Desenvolvimento Integrado do Empreendimento
O conceito Desenvolvimento Integrado do Empreendimento (Integrated Project Delivery IPD)
corresponde a uma metodologia de contratao e desenvolvimento do empreendimento qual tem
estado associada a concepo segundo o Building Information Modeling. Este mtodo procura
integrar a interveno dos principais intervenientes no desenvolvimento do empreendimento nas
fases mais iniciais possveis, incluindo a Entidade Executante. A relao entre estes intervenientes
dever desenvolver-se num ambiente totalmente colaborativo, partilhando abertamente a informao
e conhecimento, sendo baseada nos princpios de confiana, partilha de risco e partilha de resultados
(AIA et al., 2007).
Este conceito permite antecipar o esforo do desenvolvimento do empreendimento para as fases
iniciais, permitindo uma maior sobreposio destas, traduzindo-se numa clara economia de tempo dedurao total do mesmo. A Figura 4 apresenta a comparao do esforo de desenvolvimento do
empreendimento ao longo do tempo, entre os processos tradicionais e o processo IPD (AIA et al.,
2007). Igualmente apresenta as curvas referentes capacidade das decises influenciarem
oportunamente a definio das funcionalidades e dos custos do empreendimentos e o custo a
suportar por efeito de alteraes ao mbito do projecto, ao longo do seu ciclo de vida.
As curvas referentes ao esforo so obtidas a partir da comparao entre o processo tradicional de
Concepo-Concurso-Construo com o processo IPD. O American Institute of Architects California
Council procedeu anlise dos principais momentos de desenvolvimento do empreendimento,classificando-os por Quem, O Qu, Como, Realizao (Who, What, How, Realize), e identificou
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aqueles em que os principais intervenientes se envolvem no mesmo (AIA CC, 2007). A Figura 5
representa a esquematizao da comparao referida.
Figura 4 - Curva de MacLeamy
Figura 5 - Comparao entre o processo de Concepo-Concurso-Construo com o processo Integrated Project
Delivery (AIA CC, 2008b)
Pode ainda comparar-se a relao entre as fases da metodologia tradicional e da metodologia IPD,
ficando evidente a economia do prazo e custo de desenvolvimento do empreendimento que se
consegue atingir com a segunda metodologia.
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A metodologia tradicional caracteriza-se por cada fase de desenvolvimento do empreendimento
possuir uma relao de fim-incio e desfasamento nulo com a fase sucessora. Relativamente ao IPD,
as relaes entre as fases continuam a ser do tipo fim-incio, mas admite-se que no necessrio a
concluso de todas as componentes do projecto para que se inicie a fase seguinte, o que permite a
existncia da sobreposio entre fases, permitindo um ganho de tempo e valor no desenvolvimentodo empreendimento (ver Figura 6).
Figura 6 - Comparao entre as fases do processo tradicional as do IPD (AUSLANDBUILDERS, 2010)
Deste modo, percebe-se que os princpios da metodologia IPD tm alguma aplicabilidade s
metodologias de contratao de Concepo-Construo ou das Concesses, definida no CCP,
contudo, ultrapassando a metodologia de contratao de Concepo-Concurso-Construo, devido
rigidez dos trmites desta ltima, por imposio legal do procedimento para a realizao do contrato.
Contudo, com o desenvolvimento da tecnologia BIM, prev-se que a integrao dos processos e o
envolvimento dos intervenientes, incluindo a Entidade Executante nas fases de concepo do
empreendimento, venha, no futuro, a tomar uma posio de relevo na metodologia de contratao.
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3. Desenvolvimento de Plataformas Colaborativas
3.1. Origem das Plataformas Especializadas em Engenharia Civil
O desenvolvimento e liberalizao do mercado das telecomunicaes nos Estados Unidos, na
dcada de 70, potenciou o aparecimento de empresas de telecomunicaes e prestadoras de
servios em reas emergentes como a Internet(Lindon, et al., 2004).
Na Europa, as empresas de telecomunicaes foram impulsionadoras da Internet, desde a criao de
ISP (Internet Service Providers), ou seja portais de entrada na Internet, e de motores de busca. A
primeira gerao de portais possua contedos de natureza generalista (Lindon, et al., 2004).
Posteriormente, desenvolveram-se portais especializados, denominados vortais (portais verticais). O
desenvolvimento e amadurecimento deste mercado neste mbito denominou-se por plataformas B2B
(Business-to-Business) (Lindon, et al., 2004). Este conceito de plataformas possibilita o comrcio
electrnico, associado a operaes de compra e venda, de informaes, de produtos e de servios
atravs da Internet ou atravs da utilizao de redes privadas partilhadas entre duas empresas,
substituindo os processos fsicos que envolvem as transaces comerciais (Wikipdia, 2010).
O ano de 1999 marca o incio em Portugal dos grandes grupos de telecomunicaes e de mediana
Internet. Na mesma altura, surgem os primeiros portais especializados no sector da Engenharia Civil,podendo destacar-se o Econstroi.com, especializado na divulgao de um directrio de empresas do
sector e em eProcurement, a Construlink, especializada na divulgao de informao, sistemas e
produtos para a construo (eCatalogue) e na divulgao de um directrio de empresas do sector, e
o Portal da Construo, especializado na divulgao de informao, sistemas e produtos para a
construo e na divulgao de um directrio de empresas do sector.
As associaes profissionais relacionadas com o sector da Engenharia Civil tm tambm criado as
suas plataformas, essencialmente vocacionadas para a divulgao de informao relacionada com o
sector, destacando-se, as associaes de industriais de construo (AECOPS, AICCOPN, AICE,ANEMM, ANEOP, ASSICOM, APIRAC, APIEE), associaes de fabricantes (APFAC, APORBET,
APCMC, ANIPC, ACEPE, APEB, APFTV), e as associaes profissionais (OE, ANET, AATAE, APAE,
APPC).
Reala-se tambm o aparecimento das designadas Plataformas Tecnolgicas. Este tipo de
plataformas envolve entidades pblicas e privadas, desde universidades e centros de investigao a
empresas, e assumem o desafio de definir uma Agenda de Investigao Estratgica, focada nas
necessidades de investigao e de avano tecnolgico da indstria, das quais depende o
crescimento competitivo do sector (INCI, 2010).
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Estas plataformas tecnolgicas no assumem funes de ferramentas tecnolgicas, mas antes,
constituem foruns de discusso no domnio tcnico-cientfico em que se propem (INCI, 2010). Neste
mbito, identificam-se, ttulo exemplificativo, a Plataforma Tecnolgica Portuguesa da Construo, a
Plataforma para a Construo Sustentvel e a Plataforma Tecnolgica da gua e Saneamento.
3.2. Plataformas Colaborativas
As plataformas de colaborao so uma categoria emergente de plataformas electrnicas que
suportam comunicaes sncronas e assncronas de comunicao atravs de uma variedade de
dispositivos e canais (Wikipdia, 2010).
O desenvolvimento de Sistemas Interactivos baseados em Plataformas Colaborativas tem como
principal objectivo o desenvolvimento de aplicaes e tecnologias de informao destinados
monitorizao e controlo em tempo real, usando tecnologias Internete possibilitando a realizao de
aces de campo distncia (telemedida, telecomando e telecontrolo).
Estas plataformas fornecem igualmente uma infra-estrutura que facilita a comunicao e colaborao
entre os vrios intervenientes, num ambiente de trabalho, com vista a atingir objectivos comuns. Os
servios centrais das plataformas colaborativas so o correio electrnico (email, calendarizao,
contactos), colaborao em equipa (partilha de ficheiros, ideias, notas, wiki, gesto de tarefas e
pesquisa de texto), colaborao e comunicao em tempo real (presena, mensagem instantnea,
conferncia Web, partilha de aplicativos e desktop, conferncia de udio e vdeo) e ferramentas de
computao social (blog, wiki, tagging, RSS, partilha de marcas) (Wikipdia, 2010).
Este tipo de plataformas cria um novo conceito de interaco via Internet dentro do tipo B2B
designado por eCollaboration. No sector da Engenharia Civil, internacionalmente, identificam-se
alguns portais desta natureza, a ttulo de exemplo, a BuildOnline, 4Projetcs, BIW, Aconex e Asite.
3.3. Plataformas de Contratao Pblica
O procedimento de contratao de empreitadas pblicas em Portugal teve, recentemente, um
importante desenvolvimento, promovido pela publicao do Cdigo dos Contratos Pblicos (CCP,
2008), aprovado pelo Decreto-Lei n 18/2008, de 29 de Janeiro, e pelas respectivas portarias que o
regulamentaram. Apesar de o referido cdigo se aplicar a todo o tipo de aquisies pblicas,
seguidamente ser apenas abordada a vertente aplicvel ao desenvolvimento de empreendimentos.
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O CCP continua a possibilitar os modelos tradicionais para o estabelecimento de contratos de
desenvolvimento de empreendimentos, nomeadamente, Concepo-Construo, e Concepo-
Concurso-Construo, trazendo algumas novidades no mbito de novos modelos associados,
sobretudo, a contratos de concesso, estando relacionados com tcnicas especiais de financiamento,
designadamente, project finance, acquisition finance e asset finance. Contudo, de prever que ametodologia de Concepo-Concurso-Construo continue a ser a predominante no mbito da
contratao pblica no futuro prximo.
A publicao do CCP promoveu o desenvolvimento em Portugal das plataformas colaborativas para o
apoio contratao pblica. O n 1 do Artigo 4 do Decreto-Lei n 18/2008, de 29 de Janeiro, define a
utilizao dos portais dos contratos pblicos e plataformas electrnicas a serem utilizadas pelas
Entidades Adjudicantes, tendo os requisitos e condies a que devem obedecer a sua utilizao
regulamentados atravs da Portaria n 701-G/2008, de 29 de Julho.
Neste mbito, actualmente encontram-se certificadas pelo Centro de Gesto da Rede Informtica do
Governo oito plataformas de contratao pblica: acinGov, anoGov, comprasgov.forumb2b.com,
Plataforma de Compras Pblicas, Infosistemas DL Compra AP, Tradeforum, bizGov e VortalGov
(Base, 2010).
De modo genrico, estas plataformas so o suporte de gesto dos procedimentos para a formao
dos contratos pblicos, desde a fase do Anncio at Contratao da Execuo. Atravs das
mesmas, a Entidade Adjudicante disponibiliza os documentos respectivos a cada procedimento, que
podem ser obtidos pelos interessados, e recebe as propostas dos candidatos para a execuo das
empreitadas. Outras importantes funcionalidades correspondem gesto cronolgica de todo o
processo, gesto de esclarecimentos, gesto dos erros e omisses identificados em fase de
concurso e notificao oficial dos interessados dos resultados das vrias comunicaes ou das
fases do processo.
No caso da contratao de uma empreitada, partindo no modelo Concepo-Concurso-Construo, a
Entidade Adjudicante dever disponibilizar na plataforma em formato digital o Caderno de Encargos
do Empreendimento, que integra o Programa Preliminar e o Projecto de Execuo, cujos elementosespecficos constituintes esto definidos no Art. 43 do CCP e na Portaria n 701-H/2008, de 29 de
Julho, em funo da natureza da obra a executar.
De modo geral, qualquer empreendimento de Engenharia Civil ter um conjunto extenso de
documentao. As plataformas referidas possibilitam a importao de qualquer tipo de ficheiros
informticos, ficando associados a um determinado procedimento em curso. A criao, edio e
visualizao dos documentos est dependente totalmente dos softwarese formatos digitais utilizados
pelas Entidades Adjudicantes. Os interessados, para poderem ter acesso visualizao ou edio
dos documentos devero ter softwarescompatveis com os formatos disponibilizados. As plataformas
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referidas constituem essencialmente infra-estruturas de gesto de documentos, dado que a
visualizao e edio dos documentos realizada off-line.
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4. Building Information Modeling (BIM)
4.1. O que o BIM?
O Building Information Modeling (BIM) corresponde a uma tecnologia emergente que se prope
revolucionar o modo de projectar e desenvolver os empreendimentos.
Segundo Charles Eastman (1999), BIM is a digital representation of the building process to facilitate
exchange and interoperability of information in digital format. Esta representao digital do
empreendimento composta por um conjunto de objectos que o constituem, de modo geral, em
representao tridimensional (3D), aos quais se agrega um conjunto de informao em base de
dados, sendo designados por objectos inteligentes (Hardin, 2009), integrados num nico ficheiro
fonte.
O BIM surgiu no seguimento do desenvolvimento do Padro para Intercmbio de Dados de Produtos
(STEP Standard for the Exchange of Product model data). Este padro correspondia ao nome
oficial da norma ISO 10303, tendo como finalidade a integrao, apresentao e o intercmbio de
dados de produtos industriais, via computador. O objectivo correspondia fornecer um mecanismo que
fosse capaz de descrever os dados de produtos industriais, sem ambiguidade e independentemente
do sistema que os produziu, utilizando diversos formatos grficos. A essncia desta descrio permite,
alm do arquivamento a longo prazo e do intercmbio neutro de arquivos, a implementao e apartilha de bases de dados. O STEP aplica-se concepo elctrica e mecnica, fabricao e
anlise, contendo informao adicional especfica s seguintes indstrias: aeronutica,
automobilstica, petrolfera, naval, construo civil (Wikipdia, 2010).
Os objectos inteligentes representam componentes reais dos respectivos empreendimentos, tais
como portas, janelas, paredes ou coberturas (Smith et al., 2009). Mas a informao geomtrica
representa apenas uma pequena parte da informao til para o desenvolvimento ou a utilizao do
empreendimento. Com a componente de base de dados associada pretende-se agregar a cada
objecto a informao til a conhecer em qualquer fase do ciclo de vida do empreendimento parautilizao por qualquer interveniente que dela necessite.
Tm surgido novos lxicos, promovidos pela indstria de software, medida que mais informao
integrada nos modelos: modelao 4D, que geralmente se designa modelao 3D +
calendarizao ou 5D, que geralmente se designa 4D + custo. Contudo, existe no mbito de um
empreendimento muito mais informao que importa agregar e que consta geralmente de
documentos que acompanham a sua execuo ou a sua utilizao, nomeadamente, nas Clusulas
Tcnicas dos Cadernos de Encargos, nas Fichas Tcnicas dos materiais e produtos, nos Relatrios
de Ensaios, nos certificados, nas garantias, nas fotografias recolhidas, nos Manuais de Instrues e
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em muitos outros documentos. Assim, segundo Dana K. Smith et al. (2009), o desafio do BIM
corresponde em criar um compndio de toda essa informao, que seja em algum momento
necessria durante o ciclo de vida do empreendimento, sendo muito mais til estar a visualizar um
modelo nD.
Assim, a informao a englobar no modelo permite a comunicao, colaborao e a
interoperacionalidade entre todos os intervenientes que se relacionem com o empreendimento, ao
longo de toda a sua vida til, mesmo que em momentos de tempo desfasados.
Deste modo, o BIM prope-se como uma ferramenta de substituio das tradicionais ferramentas
CAD em 2D. O Quadro I resume as principais diferenas entre os dois mtodos de desenvolvimento
do empreendimento (AGC, 2008). Segundo a AGC (2008) trata-se de uma oportunidade que ao nvel
das Entidades Executantes importa no descurar.
As oportunidades das ferramentas BIM encontram-se, mesmo que realizando a converso a partir
das representaes em 2D, com os recursos prprios da Entidade Executante (in-house). Esta
converso significa o desenvolvimento do modelo abrindo os desenhos 2D no software 3D e
desenhando o modelo de forma sobreposta sobre os primeiros (AGC, 2008).
Quadro 1. - Comparao das tarefas do processo de construo (AGC, 2008)
As vantagens imediatas evidenciam-se na concepo, na representao grfica, na avaliao de
solues alternativas, no planeamento do local da obra, na verificao do cumprimento doregulamento, na avaliao das solues do empreendimento, na qualidade da informao para a
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execuo, na documentao das telas finais, na calendarizao dos trabalho, na sequencializao
das operaes, na coordenao de operaes e no treino e comunicao com os intervenientes
(AGC, 2008).
Para a implementao destas tecnologias, segundo Dana K. Smith et al. (2009), o primeiro passocorresponde avaliao crtica das principais competncias da organizao e dos objectivos do
negcio, seguindo-se o desenvolvimento da estratgia de seleco da tecnologia apropriada de modo
a substituir os tradicionais processos de produo e mecanismos de tomada de deciso, associados
a actividades e servios de baixo valor acrescentado, em direco a actividades e servios de alto
valor acrescentado.
A chave para a utilizao das tecnologias BIM em aumentar o lucro da organizao, no se foca no
aumento das margens sobre os produtos realizados, mas antes centra-se na reduo dos ciclos de
tempo do trabalho e no incremento do valor do produto criado. Isto implica uma mudana de
percepo das Entidades Executantes dos seus servios baseadas no custo de produo para o
valor da produo (Dana et al., 2009).
4.2. Softwares BIM
Na consulta da Internet e da bibliografia relacionada com o BIM encontrou-se um significativo
conjunto de aplicaes que podem ser utilizadas. No existe ainda no mercado uma soluo de
aplicativo que individualmente d resposta completa ao desafio de criar um compndio completo,
conforme atrs referido. Assim, os diversos softwaresencontrados possuem funcionalidades que se
complementam, aplicveis a cada fase do desenvolvimento do empreendimento, cabendo aos
utilizadores escolher quais os mais adequados s suas necessidades.
No Quadro 2 apresenta-se uma listagem no exaustiva de aplicaes da gerao BIM.
No caso da Autodesk, da Graphisoft e da VICO Software, trs empresas cujas aplicaes tm tido
grande implementao em Portugal, foi possvel aceder s aplicaes com licenas educativas, comuma validade limitada, mas com as funcionalidades completas. Durante a presente dissertao sero
apresentadas e analisadas algumas das funcionalidades de vrios softwarespertencentes a estas
trs famlias.
Reala-se ainda que, associados aos principais softwares, existe um nmero significativo de
empresas que desenvolvem componentes (add-ons), que estendem as potencialidades dos
mesmos, ou facilitam a troca de informao com outros softwaresdo mbito da Engenharia Civil,
como por exemplo, com o Microsoft Project, frequentemente utilizado no planeamento.
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Empresa Software UtilizaoTricalc Modelao de EstruturasArktecGest Gesto de ObraRevit Architecture Modelao de ArquitecturaRevit Structure Modelao de EstruturasRevit MEP Modelao de Redes Tcnicas
Autodesk
Navisworks Verificao e SimulaoArchitecture Modelao de ArquitecturaBuilding Electrical Systems Modelao de Sistemas elctricosBuilding Mechanical Systems Modelao de Sistemas mecnicosFacilities Gesto do Edifcio
Bentley
Structural Modeler Modelao de EstruturasArchiCad Modelao de ArquitecturaMEP Modeler Modelao de Redes tcnicasEcoDesigner Anlise de Desempenho Energtico
Graphisoft
ArchiFM Gesto do EdifcioVectorWorks Modelao de ArquitecturaNemetschekAllplan Modelao de Arquitectura
Solibri Solibri Model Checker VerificaoTekla Tekla Structures Modelao de Estruturas
Constructor ModelaoEstimator OramentaoControl CalendarizaoCost Manager Controlo de Custos
Vico Software
5D Presenter Simulao
Quadro 2. - Lista no exaustiva de softwareda gerao BIM
Existe ainda a possibilidade de cada utilizador desenvolver as suas prprias componentes. No caso
da Autodesk, distribui com as suas verses Revit um Kit de Desenvolvimento de Software (SDK),
permitindo criar rotinas ou programar em Visual Basic ou em C++. Tambm foi possvel obter de
forma gratuita da Graphisoft o respectivo Application Programming Interface(API), que funciona com
a linguagem C++, para o desenvolvimento de novas componentes.
No mbito da presente dissertao no se explorou a possibilidade de desenvolver componentes,
mas prev-se que estas ferramentas so importantes para adaptar os softwares aos fluxos de
trabalho que as organizaes tenham estabelecidos, bem como para potenciar a sua utilizao do
BIM.
Refere-se ainda o caso das aplicaes da VICO Software, onde se identificou que o softwarebase do
Constructor 2008 corresponde verso 11 do ArchiCAD. O mesmo contm extenses efuncionalidades associadas gesto da construo, que no se encontram no softwareoriginal. Mas
relativamente s funcionalidades de modelao verificou-se que so, de modo geral, as mesmas.
4.3. Interoperacionalidade
O ciclo de vida do desenvolvimento de qualquer empreendimento de Engenharia Civil composto por
um conjunto de fases. Em cada uma actuam um conjunto de intervenientes que partilham e
desenvolvem informao sobre o mesmo. Embora em cada momento desse ciclo se possa considerar
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que no existe nenhum agente que necessite de toda a informao necessria disponvel sobre o
mesmo, para se proceder a uma interveno sobre o mesmo frequentemente necessrio analisar
vrias especialidades e vrios componentes.
Contudo, na actual situao do sector da Engenharia Civil, cada interveniente possui ferramentasdigitais prprias com as quais cria a sua informao, procurando estabelecer com cada um dos
intervenientes com quem se relaciona e a partilha o necessrio acordo relativamente aos formatos
dos ficheiros que so disponibilizados. De modo geral, os formatos definidos pelos agentes que
intervm mais a montante no ciclo de vida do empreendimento, acabam por ser os predominantes.
O quadro seguinte apresenta alguns formatos mais correntes de troca de informao grfica das
aplicaes informticas utilizadas no sector da Engenharia Civil (Eastman et al., 2008):
Formatos de Imagem
JPG, GIF, TIF, BMP, PIC, PNG, RAW, TGA,
RLE
Formatos rastervariando em termos de compactao,
nmero de possveis cores por pixel, alguma
compresso produz perda de informao.
Formatos 2D Vectoriais
DXF, DWG, AI, CGM, EMF, IGS, WMF, DGN Formatos vectorizados variando em termos de
compactao, espessura de linhas e controlo de
padro, cores, camadas e tipo de curvas suportadas
Formatos 3D de forma e superfcie
3DS, WRL, STL, IGS, SAT, DXF, DWG, OBJ,DGN, PDF (3D), XGL, DWF, U3D, IPT, PTS
Formatos 3D de forma e superfcie variam de acordocom os tipos de superfcies e fronteiras representadas,
em funo de representarem superfcies e/ou slidos,
qualquer propriedades de materiais das formas (cor,
bipmap de imagem, mapa de textura) ou informao
de ponto de visualizao.
Formatos SIG
SHP, SHX, DBF, DEM, NED Formatos de sistemas de informao geogrfica.
Quadro 3. - Formatos comuns de troca de informao grfica
O conceito da interoperacionalidade faz parte integrante do conceito BIM, procurando mudar a viso
tradicional do fluxo de trabalho de 1 x n, em que cada um dos interlocutores se relaciona com n
intervenientes, para a viso do fluxo de trabalho de n x 1, em que cada um dos n interlocutores
incorpora um conjunto de informao num nico modelo partilhado (ver Figura 7).
Pode assim compreender-se que o fenmeno nD j parte integrante do conceito BIM e no algo
que o ultrapassa. Traduz-se como correspondendo completa interoperacionalidade de todos os
intervenientes no desenvolvimento do empreendimento, criando apenas um nico acordo de formatos
de entrega da informao digital qual todos ficam vinculados.
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Figura 7 - BIM Viso da interoperacionalidade
Deste modo, entende-se o conceito de interoperacionalidade como a capacidade de identificar os
dados necessrios para serem passados entre aplicaes informticas (Eastman et al., 2008),
possibilitando a criao de um nico protocolo. Este protocolo corresponde a uma conveno ou
padro que controla e possibilita uma conexo, comunicao ou transferncia de dados entre os
sistemas computacionais dos intervenientes e o sistema computacional central onde reside o modelo
partilhado do empreendimento.
Existem basicamente quatro maneiras diferentes de trocar dados entre dois aplicativos BIM (Eastman
et al., 2008): ligao directa, formato de arquivo de troca de proprietrio, formatos de arquivo de
domnio pblico e formatos de troca baseados em XML. O primeiro acontece quando ocorre uma
ligao directa de aplicativos, utilizando um formato binrio de interface (exemplo: GDL, MDL). O
formato de arquivo de troca proprietrio so formatos desenvolvidos por organizaes comerciais
para estabelecerem interface entre artigos diferentes (exemplos: DXF, 3DS). Os formatos de arquivos
de trocas de domnio pblico envolvem um padro aberto de modelo de construo. Estes carregam
propriedades de objectos, materiais, relaes entre objectos, alm das propriedades geomtricas.
So interfaces essenciais para o uso de aplicativos de anlise e gesto da construo (exemplos:
IFC, CIS/2). Os formatos de troca baseados em eXtensible Markup Language (XLM) so extenses
do formato HTML, que a lngua base da Web. (Andrade et al., 2009). Permitem a criao de
esquemas definidos pelo utilizador (exemplos: gbXML).
De forma simplificada, a buildingSMART resume a interoperacionalidade do BIM atravs da seguinte
expresso:
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Em que IFC representa Industry Foundation Classes, IFD representa International Framework for
Dictionaries e IDM representa Information Delivery Manual. Esta definio tambm tem tambm
servido de referncia para as empresas de desenvolvimento de softwareda gerao BIM criarem as
tecnologias de interoperacionalidade entre os vrios aplicativos da sua famlia. Estas empresas tmprocurado desenvolver as suas prprias componentes de interoperacionalidade, de modo geral,
baseados na lgica de ligao directa de ficheiros.
4.3.1. Industry Foundation Classes (IFC)
Com vista a potenciar esta interoperacionalidade, em 1994 foi criado um protocolo designado Industry
Foundation Classes (IFC). Este formato tem sido promovido pela buildingSMART - International
Alliance of Interoperability (2010a) e encontra-se em processo de se tornar a norma internacionalISO/IS 16739.
Trata-se de um formato digital orientado para objectos associado a um contedo de dados, que se
prope facilitar a interoperacionalidade na industria da construo, nomeadamente, para utilizar em
BIM. A figura seguinte apresenta a evoluo das vrias verses publicadas desde a sua origem at
2010 (IAI, 2010b).
Figura 8 - Histrico de verses do formato IFC (IAI, 2010b)
As principais empresas de softwareda gerao BIM submeteram as suas aplicaes ao processo de
certificao gerido pela buildingSMART. No Quadro 4 apresenta-se a lista divulgada de softwares
certificados segundo o protocolo IFC2x3 (IAI, 2010c).
Pode verificar-se que a maior parte dos softwaresreferidos esto habilitados a criarem, com algumas
excepes, e a editarem modelos em formato IFC.
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Quadro 4. - Softwarescertificados segundo o protocolo IFC2x3
4.3.2. International Framework for Dictionaries (IFD)
Outra componente que est a ser promovida pela buildingSMART corresponde ao International
Framework for Dictionaries (IFD). O IFD pretende ser a biblioteca internacional de referncia para
suporte da interoperacionalidade na industria da construo civil, permitindo a ligao entre o modelo
e diversas bases de dados com a informao do projecto e dos produtos da construo (IAI, 2010d).
Esta componente permitir aos fabricantes de produtos para a construo, divulgar os seus produtos,com a necessria informao para integrar no modelo de um empreendimento em BIM, cabendo aos
restantes intervenientes a seleco ou comparao dos mesmos, em funo dos objectivos que se
pretendem atingir.
O conceito do IFD baseia-se na norma internacional ISO 12006-3:2007 - Building construction --
Organization of information about construction works - Part 3: Framework for object-oriented
information. A buildingSMART divulga toda a informao relacionada com o estado de
desenvolvimento desta componente no stio da Internet: www.ifd-library.org.
Enquanto a norma IFC descreve os objectos, a forma como eles esto conectados e a forma como a
informao deve ser trocada e armazenada, a norma IFD descreve unicamente o que so os objectos,
quais as suas componentes, propriedades, unidades e valores que possuem. O IFD disponibiliza o
dicionrio, a definio de conceitos, que permite a comunicao necessria dentro do BIM (IAI,
2010d).
A ttulo de exemplo, tradicionalmente, o Arquitecto ao prescrever um material ou um componente
descreve-o em texto, integrando nas Clusulas Tcnicas do Caderno de Encargos. Para
automatizao do processo de reconhecimento, verificao e troca de informao importante
Software Verso Empresa 1 Passo 2Passo ComentrioAllplan 2006.2, 2008 Nemetschek Jun 06 Mar 07
ArchiCAD 11 Graphisoft / Nemetschek Jun 06 Mar 07
Bentley Architecture 8.9.3 Bentley Jun 06 Mar 07
Revit Architecture 6.4 Autodesk Jun 06 Mar 07
TEKLA Structures 13.0 TEKLA Jun 06 Mar 07 Sem 2D
Active3D v4.0 Archimen Jun 06 Mar 07 Apenas importao
Solibri Model Checker Solibri Jun 06 Mar 07 Apenas importao, sem 2D
AutoCAD Architecture 2008 Autodesk Nov 07 Mar 07
House Partner 6.4 DDS Mar 07 Mar 07
MagiCAD Progman Mar 07 Mai 07
Facility Online Vizelia Mai 07 Mar 07
SCIA-ESAPT SCIA / Nemetschek Mai 07
VectorWorks Nemetschek NA Mai 07
IFC3DX NorConsult Mai 07 Apenas importao
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4.3.4. Interoperacionalidade nos SoftwaresAutodesk
A empresa Autodesk, comercializa uma ferramenta informtica Buzzsaw que permite a sincronizao
em rede e atravs da Internetde toda a informao relacionada com um projecto, sem a interrupo
do trabalho. O mesmo softwarepermite a centralizao de modelos para futura anlise e a gesto depermisses, relativamente ao acesso ou edio dos ficheiros (Autodesk, 2010a).
Tambm possvel encontrar na Internetuma quantidade significativa de objectos para a utilizao
no Revit. Estes objectos constituem ficheiros de extenso RFA, que podem ser geridos e arquivados
normalmente atravs da estrutura de ficheiros do sistema operativo ou atravs de bibliotecas
centralizadas ou sincronizadas. Seguidamente apresenta-se uma lista no exaustiva de endereos da
Internetde onde podem ser encontrados objectos para a biblioteca do Revit:
- http://www.revitobjects.com- http://www.revitcity.com
- http://www.arcat.com
- http://smartbim.reedconstructiondata.com
- http://seek.autodesk.com/
Uma parte dos objectos disponibilizados tem j agregada informao complementar e
acompanhada por fichas tcnicas do produto em ficheiros externos de formato DOC ou PDF,
fornecida pelos fabricantes. Contudo, muitos dos objectos so tambm desenvolvidos por utilizadores
e disponibilizados livremente, no contendo praticamente informao para alm da geometria do
mesmo.
O Revit Architecture permite a criao de origem ou a edio dos objectos inteligentes j existentes, a
utilizar no modelo do empreendimento. A cada tipo de objecto, a que se designa famlia, podem ser
associados os parmetros de dados que se pretenderem (ver Figura 10).
Figura 10 - Revit Arch. 2010 - Vista do modo de edio da famlia do objecto
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Assim, est aberta a disponibilidade para, de uma forma semelhante ao IFD, poder ser definido e
agregado ao objecto um conjunto parmetros de informao necessrios para a sua caracterizao,
quando utilizado em projecto. Presentemente j existem componentes desenvolvidas e
comercializadas com a funo que permite fazer a gesto das propriedades agregadas aos objectos,
como so os exemplos do RvtMgdDbg e do RevitLookup. Estas extenses utilizam drivers quepermitem a comunicao com bases de dados em formato MDB ou ODBC. Dado que o software
possui a componente de programao, j referida, tambm possvel a utilizadores-programadores
desenvolverem as suas ferramentas de interoperacionalidade dentro do conceito que se definiu.
4.3.5. Interoperacionalidade nos SoftwaresGraphisoft
No caso da empresa Graphisoft, a verso do ArchiCAD 13 possui integrado uma ferramenta de
partilha de ficheiros em rede e atravs da Internet. O modelo de partilha semelhante ao anteriorreferido para o Revit, sendo constitudo por um servidor centralizado que sincroniza os modelos e
gere as permisses de acesso.
Pode, igualmente, encontrar-se na Internet uma quantidade significativa de objectos para utilizao
na modelao, identificando-se igualmente aqueles que so disponibilizados por fornecedores de
produtos de construo e outros disponibilizados livremente por utilizadores. Estes objectos so
disponibilizados em ficheiros de formato GSM e podem, tambm, ser geridos atravs da estrutura de
ficheiros do sistema operativo ou atravs de bibliotecas centralizadas ou sincronizadas.
Seguidamente, apresenta-se uma lista no exaustiva de endereos da Internet onde podem ser
obtidos os referidos objectos:
- http://archicad-talk.graphisoft.com/object_depository.php
- http://www.archicadwiki.com/LinkCollection/GDL%20Object%20Downloads
A Graphisoft disponibiliza, igualmente, a componente que permite criar ou editar os objectos
inteligentes. A adio de novos parmetros de dados tambm deste modo possvel.
Figura 11 - ArchiCAD 13 - Vista do modo de edio do objecto
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Como j se referiu, o ArchiCAD 13 possui um API que permite o desenvolvimento de novos
componentes. Igualmente possui o driverODBC, para comunicao com bases de dados.
4.4. Aplicaes VICO Software
A VICO Software desenvolveu um conjunto de componentes relacionados com a actividade da
Entidade Executante, estendendo as funcionalidades do ArchiCAD 11, comercializando-as na
aplicao que se designa Constructor 2008. Um conjunto de mais quatro aplicaes da verso 2008
(Estimator, Control, Cost Manager e 5D Presenter), complementam e trabalham a informao dos
modelos 3D criados, na rea da construo civil. A VICO Software comeou por definir o Processo de
Construo Virtual (Virtual Construction Process), identificando as etapas do respectivo fluxo de
trabalho:
Figura 12 - Fluxo de trabalho do procedimento de construo virtual (VICO, 2008a)
A VICO Software (2008) descreve este procedimento como sendo iterativo, entre as vrias fases de
desenvolvimento do empreendimento. A figura seguinte esquematiza de forma simplificada o referido,
decompondo-o em trs fases:
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Figura 13 - Representao esquemtica do processo iterativo de desenvolvimento do empreendimento (VICO, 2008a)
Cada uma das aplicaes foi desenvolvida de forma a dar resposta s necessidades de cada fase de
desenvolvimento do empreendimento, bem como aos passos do procedimento de construo virtual
apresentados, complementando-se entre si. A figura seguinte representa a viso completa do
Processo de Construo Virtual:
Figura 14 - Processo de construo virtual (VICO, 2008a)
Cada um dos passos referidos do procedimento pode ser relacionado com os momentos relevantes
da interveno de uma Entidade Executante, no mbito da candidatura a uma empreitada pblica. As
aplicaes em questo mostram-se adequadas para a criao de diversos documentos utilizados na
relao entre a Entidade Executante e o Dono da Obra, nomeadamente: a apresentao da proposta,
os controlo de custos, o planeamento, o controlo de prazos e preparao da empreitada.
Para efeitos internos da Entidade Executante, tambm se identificam diversas utilidades para estas
aplicaes, nomeadamente: a reoramentao, controlo de fornecimentos, controlo de sequncia das
actividades e desempenho financeiro do desenvolvimento da empreitada.
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5. Desenvolvimento do Modelo
5.1. Fases de Desenvolvimento do Modelo
No mbito de um procedimento para a execuo de uma empreitada pblica, a Portaria n 701-
H/2008, de 29 de Julho, define o contedo obrigatrio do programa e do projecto de execuo.
Identifica, igualmente, as fases de desenvolvimento de um projecto de um empreendimento:
a) Programa Preliminar
b) Programa Base
c) Estudo Prvio
d) Anteprojecto
e) Projecto de Execuof) Assistncia Tcnica
Reala-se o facto do conceito de Telas Finais encontrar-se tambm definido na Portaria, estando a
sua elaborao integrada na Assistncia Tcnica, nos termos da alnea c) do n 3 do Art 9.
As fases identificadas de a) a e), no mbito do ciclo integrado de desenvolvimento do projecto (ver
Figura 1), correspondem s fases identificadas no mbito da concepo, avaliao e projecto. A
Assistncia Tcnica, referida na alnea f), enquadra-se no acompanhamento a realizar pelos
projectistas durante a fase de contratao da execuo. Durante a fase de realizao do concurso, anecessidade de responder aos pedidos de esclarecimentos e a anlise de erros ou omisses
apresentados pelos candidatos conduz tambm interveno dos projectistas, no apoio Entidade
Adjudicante. Igualmente, durante a realizao da empreitada, a interveno dos projectistas revela-se
fundamental com vista a garantir a qualidade do empreendimento.
No Artigo 43 do CCP define-se as Peas do Procedimento, correspondendo ao contedo para o
Caderno de Encargos do procedimento de formao de contratos de empreitada de obras pblicas,
devendo ser constitudo pelo Programa Preliminar e pelo Projecto de Execuo.
Para a implementao da modelao BIM adaptando metodologia estabelecida na Portaria
destacam-se duas formas definidas pelo American Institute of Architects (AIA) e pela Autodesk
(2010b), respectivamente. Correspondem a duas propostas para os profissionais no sector da
Engenharia Civil poderem implementar na sua actividade os fluxos de trabalho adequados. No
entanto, pode considerar-se que estas metodologias no so rgidas, devendo os gestores dos
empreendimentos adapt-las da forma que melhor convier ao desenvolvimento dos mesmos.
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5.1.1. Metodologia do American Institute of Architects (AIA)
No que se refere ao desenvolvimento do modelo BIM, o American Institute of Architects (AIA)
desenvolveu o protocolo AIA E202-2008, que serve de base para definir qual o nvel de detalhe (Level
Of Detail LOD) que o modelo deve possuir em cada fase de desenvolvimento do processo (Hardin,2009). Neste sentido, a AIA define cinco nveis de detalhe (AIA CC, 2008a)
- 100. Concepo (Conceptual)
- 200. Geometria Aproximada (Approximate Geometry)
- 300. Geometria Precisa (Precise Geometry)
- 400. Fabricao (Fabrication)
- 500. Telas Finais (As-built)
Os Quadros V e VI, seguintes, apresentam a descrio do nvel de detalhe associado a cada LOD:
Quadro 5. - Nvel de Detalhe Definies (AIA CC, 2008a)
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Quadro 6. - Nvel de Detalhe Exemplo (AIA CC, 2008a)
A AIA divulga abertamente a sua especificao sobre a progresso do modelo (Model Progression
Specification MPS) em www.ipd-ca.net (AIA CC, 2008a). A anlise comparativa da mesma com a
taxionomia da Portaria permite uma associao com as fases do projecto. Seguidamente, apresenta-se a equivalncia que se deduz dessa anlise:
LOD
Fase do Projecto 100 200 300 400 500
Programa Preliminar
Programa Base
Estudo Prvio
Anteprojecto
Projecto de ExecuoAssistncia Tcnica
Quadro 7. - Equivalncia entre a taxionomia da Portaria n 701-H/2008 e a LOD
A equivalncia entre as taxionomias referidas, da anlise efectuada, no se considera directamente
completa, nvel a nvel, admitindo-se que existe alguma sobreposio, no caso do nvel de detalhe
LOD 400.
A ttulo de exemplo, a alnea c) do n 3 do Art. 19 da Portaria 701-H/2008, de 29 de Julho, define
para o caso do projecto de estruturas dos edifcios, a necessidade do Projecto de Execuo conter
pormenores de todos os elementos da estrutura que evidenciem a sua forma e constituio e
permitam a sua execuo sem dvidas ou ambiguidades, nas escalas 1:50, 1:20, 1:10 ou superior.
Pelos quadros acima identifica-se que este tipo de informao faz parte da constituio de um modelo
com o nvel LOD 400, ultrapassando claramente o nvel LOD 300.
Tambm no LOD 400 pode considerar-se existirem elementos que no constam geralmente no
Projecto de Execuo. A ttulo de exemplo referem-se o plano de cofragens, os esquemas de
fabricao de caixilhos, carpintarias, cantarias ou serralharias. Este trabalho geralmente
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desenvolvido pelo Empreiteiro Geral ou pelos subempreiteiros posteriormente contratados, na fase de
execuo.
Outro aspecto importante a realar que a diferena entre as duas taxionomias corresponde ao facto
da Portaria focar principalmente os modelos de contratao Concepo-Concurso-Construo ouConcepo-Construo e a AIA, por outro lado, definir os nveis LOD associados ao conceito de
contratao designado por Desenvolvimento do Projecto Integrado (Integrated Project Delivery
IPD).
No entanto, entende-se que a metodologia proposta pela AIA no rgida, sendo por isso adaptvel
taxionomia da Portaria. Caber aos responsveis pela gesto de cada empreendimento definir os
limites, as responsabilidades e as intervenes de cada actor do processo.
5.1.2. Metodologia da Autodesk
A Autodesk (2010b) publicou recentemente a Autodesk BIM Deployment Plan A Practical
Framework for Implementing BIM, correspondendo a um formulrio tipo para a criao de um plano
de desenvolvimento da modelao BIM, equivalente ao IDM.
Neste guia esto previstos os trs principais tipos de mtodos de contratao: IPD, Concepo-
Construo e Concepo-Concurso-Construo. Na Figura 15 apresenta-se o processo de
colaborao proposto para o mtodo de contratao Concepo-Concurso-Construo.
No mbito deste processo, compete Entidade Executante o desenvolvimento do modelo adaptado
execuo construo, que servir, nomeadamente, para a oramentao, calendarizao,
identificao de erros e omisses, controlo de execuo e subcontratao.
Relativamente ao nvel de detalhe, o referido formulrio define os quatro seguintes nveis (Autodesk,
2010b):
L1 O modelo inclu as formas bsicas que representam aproximadamente o tamanho, aforma e a orientao dos objectos.
L2 O modelo inclu a integrao de objectos com o tamanho, forma, orientao
aproximados e com a informao do objecto.
L3 O modelo inclu a integrao dos objectos com informao enriquecida (data-rich) e
com o tamanho, forma e orientao a correctos.
CD (Construction Documents) - O modelo inclu a integrao detalhada dos objectos com o
tamanho, forma e orientao necessria para a fabricao e construo.
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Figura 15 - Processo de colaborao em contrato Concepo-Concurso-Construo (Autodesk, 2010b)
O formulrio prev ainda a existncia de um modelo de telas-finais (as-built model), que deve ser
criado na fase de encerramento do empreendimento. Assim, entende-se que esta definio de nvel
de detalhe em todo semelhante apresentada pela AIA.
5.2. Apresentao do Modelo
O modelo utilizado para o desenvolvimento da presente dissertao corresponde a um
empreendimento fictcio, denominado por Centro de Sade Tipo, cuja localizao, tambm fictcia, se
situa no concelho do Barreiro.
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Figura 16 - Revit Arch. 2010 - Vista geral do modelo (renderizado)
De forma a possibilitar a utilizao de diversos softwares de diferentes famlias, o Modelo foi
desenvolvido em primeiro lugar no ArchiCAD 13, e transferido, atravs de formato IFC, para o
Constructor 2008 e tambm para o Revit 2010. Entre os trs softwaresno foi possvel realizar uma
partilha de ficheiros por ligao directa. Incluindo a transferncia do ArchiCAD 13 para o Constructor
2008, em que o primeiro s permitia a gravao na verso ArchiCAD 12, verso esta superior do
segundo.
Em cada um dos softwaresindicados foi feito o detalhe do Modelo que se considerou adequado com
vista realizao dos ensaios nos restantes softwaresda famlia experimentados. Relativamente aoscomponentes integrados no Modelo, o seu nvel de detalhe desenvolvido variou entre o LOD 200 e o
LOD 400. Neste Modelo no foram introduzidas as redes tcnicas do edifcio. De forma resumida
apresentam seguidamente as partes constituintes do modelo.
Figura 17 - Revit Arch. 2010 Terreno do Centro de Sade Tipo
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Na modelao do edifcio pode distinguir-se a topografia do terreno, incluindo as infraestruturas
rodovirias, passeios e lagos artificiais e bacias de reteno (ver Figura 17).
Figura 18 - Revit Arch. 2010 Estrutura do Centro de Sade Tipo
O modelo inclui a pormenorizao da estrutura em beto armado, nomeadamente, sapatas, muros de
suporte, vigas de fundao, pilares, lajes, vigas, escadas, juntas de dilatao estruturais (ver Figura
18).
Figura 19 - Revit Arch. 2010 Estrutura do Centro de Sade Tipo
Foram tambm modeladas as paredes exteriores, as paredes interiores, portas interiores, vos de
fachada, fachadas envidraadas, equipamentos de elevadores, pavimentos, entre outros. Estes
elementos correspondem a composies de vrios materiais, definidos atravs das bibliotecas de
objectos (ver Figura 19).
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5.3. Desenvolvimento do Modelo a partir das Peas do Procedimento
5.3.1. Plano de Contedo
O primeiro aspecto a definir relativamente ao desenvolvimento Modelo corresponde ao nvel dedetalhe que ir ser implementado nesta fase. Este ter impacto na seleco dos objectos inteligentes
a integrar no Modelo. Esta definio deve ser elaborada atravs da criao de um Plano de Contedo.
Cada software acompanhado de uma biblioteca de objectos significativamente variada. Como j foi
referido, tambm existem disponveis na Internet um significativo nmero de objectos, tanto
disponibilizados por fabricantes como por outros utilizadores das mesmas ferramentas.
Contudo, a seleco dos objectos a partir das peas do procedimento est condicionada s
caractersticas dos mesmos definidas no Caderno de Encargos e nos Mapas de Quantidades de
Trabalho. Nesta fase de desenvolvimento das ferramentas, identificou-se o facto de muitos dos
produtos da construo a serem utilizados no empreendimento ainda no estarem disponveis como
objectos digitais.
A VICO Software (2008) prope que o incio da modelao seja realizado atravs a preparao do
Plano de Contedo (Content Plan). Nesta fase do empreendimento, o facto das caractersticas dos
materiais de construo estarem j definidos permite, com maior facilidade, a definio e seleco
dos materiais e equipamentos digitais. No entanto, requer um esforo inicial importante, desde oestudo e anlise do Caderno de Encargos, identificao dos objectos, pesquisa de objectos digitais
existentes (na biblioteca prpria ou on-line) e a criao de objectos no modelados.
Figura 20 - Exemplo da estrutura de um Plano de Contedo (VICO, 2008a)
A possibilidade de criao de novos objectos encontra-se devidamente assegurada nas aplicaes.Contudo, procurou-se igualmente simular no ArchiCAD e no Revit a possibilidade de importar um
objecto em formato IFC, no sentido de esclarecer a possibilidade de manusear e editar objectos da
IFD Library. Os resultados obtidos foram os seguintes:
ArchiCAD
1. O ArchiCAD no identifica o objecto como item de biblioteca em formato IFC.
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Figura 21 - ArchiCAD 13 Janela de abertura de itens de biblioteca
2. Importando o objecto como um projecto em formato IFC j permite manusear e editar oobjecto (editar forma, cores, materiais e editar e adicionar parmetros) como fazendo
parte da biblioteca embebida do ficheiro.
3. Tambm foi possvel criar um novo objecto em formato GSM (biblioteca do ArchiCAD)
atravs da exportao do objecto da biblioteca embebida no projecto
Figura 22 - ArchiCAD 13 Janela de exportao de objectos da biblioteca
REVIT
1. Na opo de abrir itens de famlia, no reconhece ficheiros e
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