Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Ano 7 • nº1406
Agosto/2013
Os irmãos Santos não são ligados apenas pelos laços fraternais, mas também pela coragem e
carinho como desenvolvem as atividades relacionadas com a terra. Gilberto dos Santos, 35 anos e
seu irmão Juveniano dos Santos, 39 anos, moram na comunidade de Pau Ferro, interior de Curaçá,
na Bahia. Eles sempre trabalharam com plantio de hortaliças, legumes e frutas, porém nos períodos
de estiagem não tinham como manter o quintal produtivo, devido à dificuldade com a água.
Mas em 2012 essa realidade começou a ser modificada. Seu Joveniano pode vê sua cisterna
calçadão armazenando água pela primeira
vez, tecnologia implantada pelo Programa
Uma Terra e Duas Água (P1+2). Com
acesso à água de produção, o quintal
produtivo foi intensificado. Hoje Joveniano
tem plantação de tomate, pimentão, coentro
e pretende aumentar mais a diversidade do
cultivo. Ele fala com orgulho que já vem
comercializando o coentro. “Comercializo na
vizinhança no fim de semana. Todo final de
semana eu abasteço a vizinhança”, diz Seu
Joveniano.
Gilberto mora aproximadamente a 200 metros de sua mãe e do irmão Joveniano. Ele também
desenvolve o cultivo de coentro, beterraba, umbuzeiro. Porém utiliza a água do poço artesiano de
uso coletivo na comunidade para irrigar os plantios. A renda dos irmãos é adquirida através da
criação de cabras, ovelhas e esporadicamente dos trabalhos realizados em outras propriedades.
De acordo com os dois, agora a renda tem um complemento a mais, proveniente das vendas das
hortaliças.
Além de utilizar a água para irrigar o plantio, Gilberto e Juveniano fazem o uso dela para produzir o
adubo orgânico, a partir do esterco curtido, único adubo utilizado na propriedade. “Primeiro junta o
Terra, água, conhecimento e união melhoram a qualidade de vida de família sertaneja
Juazeiro-BA
Canteiro produtivo: fonte de renda para família Santos.
Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Articulação Semiárido Brasileiro – Bahia
esterco, depois molha, deixa descansar por três dias, aí revira, mexendo todo o esterco. Daí por
diante, fica mexendo e molhando o esterco”, diz Juveniano, explicando ser esse o processo de
curtir o esterco. Gilberto ressalta que a adubação orgânica ajuda na conservação do solo e ainda
gera economia na compra de adubos.
Outra alternativa encontrada para diminuir gastos é o cultivo de palmas, leucena e melancia do
mato, vegetais que vão ser utilizados na alimentação das cabras e ovelhas. A prática de produzir e
armazenar forragem, silagem, tem ajudado a diminuir a das criações, por motivos de
desnutrição. Gilberto tem estocado leucena, que dar para auxiliar na alimentação dos animais, no
momento crítico de seca, em um período aproximadamente de três meses.
Para Juveniano, as cisternas e o conhecimento de práticas de Convivência com o Semiárido tem
melhorado a qualidade de vida do povo sertanejo e possibilitado a realização de novas
experiências de trabalho com a terra. “Com o conhecimento a gente cria tudo, tem a criatividade de
desenvolver novas experiências, como a silagem, feno, pois as pessoas mais velhas não tinham
esse conhecimento, antes só alimentavam os animais com ração”, comentou Juveniano.
Todo esse conhecimento também despertou Gilberto a preservar o bioma Caatinga. Na
propriedade, existe uma área cercada, impossibilitando o acesso das cabras e ovelhas,
possibilitando dessa forma que as plantas nativas, como a umburana, angico, aroeira e outras
sejam recuperadas. Desde 2006, esse espaço está isolado. Gilberto diz que já visualiza uma
recuperação da Caatinga, pois “antes a Caatinga estava muito acabada, agora está mais verde e
fechada”. Além de conservar
a Caatinga, as folhas verdes
que caem no chão são
recolhidas e oferecidas às
criações.
perda
A cada dia homens e mulheres encontram novas alternativas de conviver de forma produtiva e sustentável com o Semiárido.
Realização Patrocínio
Plantio irrigado a partir da água da cisterna e do poço artesiano coletivo.
Composto armazenado para adubar as plantações.Preservação do bioma caantiga.
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