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TÉCNICAS OPERACIONAIS
I – A ABORDAGEM POLICIAL
1. CONCEITO
Na linguagem da segurança, “abordar” é o ato de aproximar-se e interpelar pessoa que apresente conduta suspeita, a fim de identificá-la e/ou proceder à busca,
de cuja ação poderá resultar:
a prisão;
a apreensão de pessoa ou coisa;
simples advertência ou;
orientação.
Constitui-se em uma das principais atividades realizadas pelo policial em seu trabalho diário.
Em qualquer abordagem, fatalmente, o policial terá que se aproximar do
suspeito ou delinquente confirmado, o que nos leva a deduzir que esse deverá, obrigatoriamente, dominar
o uso do bastão, do gás lacrimogêneo, das algemas, possuir treinamento de defesa, de tiro e das técnicas inerentes à busca pessoal.
A abordagem executada pelo policial NECESSITA SER A MAIS TÉCNICA POSSÍVEL, visando propiciar maior segurança, tanto para
quem aborda, quanto para quem é quem é abordado.
Feita essa introdução, é importante também saber que as técnicas de abordagem seguem alguns princípios e fases adotados pela doutrina policial. Nos
próximos dois tópicos, veremos quais são esse princípios e as fases da abordagem.
Importante: você perceberá que sempre utilizarei o termo “policiais” ao citar as técnicas. No entanto, destaco que elas são as mesmas aplicadas por técnicos e
agentes de segurança, desde que, claro, devidamente habilitados e autorizados para tanto. Será o seu caso quando assumir na Câmara!
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2. PRINCÍPIOS DA ABORDAGEM
Segundo a melhor doutrina policial, as técnicas de abordagem devem seguir os
seguintes princípios:
Princípio da SEGURANÇA
Pelo princípio da Segurança, o policial, antes de efetuar uma abordagem, deve certificar-se de que o perímetro está seguro, ou seja, observar a segurança em
um ângulo de 360 graus, e garantir-se que irá agir com supremacia de força.
Princípio da SURPRESA
Segundo o princípio da Surpresa, o fator surpresa deve sempre estar a
favor do policial, sendo ele o responsável pelo êxito da ocorrência.
Princípio da RAPIDEZ
Pelo princípio da Rapidez, quanto mais rápida for executada a abordagem
menor será a chance de reação por parte do abordado ou das pessoas que estiverem dispostas a resgatá-lo(s).
Princípio da AÇÃO VIGOROSA
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Esse princípio por si só se define. No entanto, não deve confundir a ação
vigorosa ou enérgica com falta de educação ou ação truculenta.
Princípio da UNIDADE DE COMANDO
É fundamental que durante uma ação de abordagem as vozes de comando
partam do policial que tem o melhor ângulo de visão, devendo os policiais (ou agentes de segurança) alternarem-se e não ditarem instruções ao mesmo tempo. Isto
deverá ser combinado previamente entre eles.
Simples assim!
Vamos então às fases da abordagem.
3. FASES DA ABORDAGEM
A abordagem, propriamente dita, divide-se em três fases:
O Planejamento Mental
O planejamento mental consiste na coleta de dados e análise dos fatos,
verificando-se o tipo de infração praticada, o local, o horário, o número de suspeitos, criminosos ou delinquentes envolvidos, os meios utilizados, o modus operandi, a possibilidade de reação ou resistência e, ainda, as condições de atuação do efetivo
policial.
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Após a análise desses fatores, deve-se decidir quando e como fazer a
abordagem. Tudo isso deve ocorrer de forma rápida!
O Plano de Ação
O plano de ação consiste na adoção de um plano escrito ou verbal, formulado
para a prática da abordagem. Definição prévia da tarefa ou missão que cada policial desempenhará no desenvolvimento da ação, considerando-se todos os quesitos já
verificados no planejamento mental.
A Execução
A execução é a ação propriamente dita, resultante das fases anteriores, em
que as técnicas adquiridas através dos treinamentos serão aplicados os seguintes passos:
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Pronto! Agora vamos às técnicas de abordagem propriamente ditas. Trataremos da abordagem de pessoas, veículos e edificações, cada uma com suas especificidades.
4. TÉCNICAS DE ABORDAGEM
Tipos de BUSCA PESSOAL
Busca é a diligência destinada a encontrar pessoa ou coisa a que se procura.
Pode ocorrer a qualquer momento, desde que as circunstâncias autorizem o policial a realizar tal procedimento. Para entender as técnicas de abordagem, é preciso saber
que a busca pessoal (a ser realizada nas abordagens) divide-se em busca preliminar e minuciosa.
A busca preliminar é a realizada em situação de rotina em razão do local
e da hora de atuação, aplicada também em pessoas frequentadoras de locais onde o índice de criminalidade é elevado ou quando da visita às unidades prisionais.
IMPORTANTE
Deve ser realizada de forma ligeira e superficial, seguindo esta sequência: braços, axilas, tórax, cintura, dorso, genitais, coxas, pernas e pés.
Deve ser efetuada de CIMA PARA BAIXO, sendo de suma importância que a cintura seja a principal parte do corpo a ser revistada, pois é o local mais provável de ocultar armas.
Já a busca minuciosa é a realizada em pessoas altamente suspeitas ou em presos que acabaram de cometer um crime ou o estão cometendo, bem como, em detentos de estabelecimentos prisionais.
Abordagem de PESSOAS
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Na abordagem a pessoa(s) à pé, ao avistar o abordado, os policiais darão a voz
de comando inicial e posicionar-se-ão na forma de triângulo, apontando a arma para a da fonte de risco.
Nessa hora, o policial dará os seguintes comandos:
1. “Polícia, parado, não se mova!”
Este primeiro comando é importantíssimo por dois motivos: o primeiro é
a identificação do policial e o segundo é a reação do suspeito. Este pode estar com as mãos nos bolsos da jaqueta, da calça ou nas costas.
O hábito, hoje em dia, de levantar os braços e colocar as mãos atrás da cabeça, passa a ter dois riscos: um no momento em que o suspeito tira a
mão do bolso, e o outro, no momento em que coloca as mãos atrás da cabeça, pois pode existir uma arma de fogo ou arma branca (na guerra do Vietnã, os Vietnamitas utilizavam esta técnica de colocar armas atrás
da cabeça). O comando de parado, não se mova, dá ao policial um maior controle das mãos e dos movimentos do abordado;
2. “Levante as mãos devagar acima da cabeça com as palmas das mãos voltadas para mim e com os dedos abertos”
3. “Coloque as mãos na parede, abra as pernas e afaste-se desta!”
Aqui o policial comandará até o abordado ficar em posição de
desequilíbrio.
4. Deve comandar ao abordado para virar o rosto ao contrário do revistador ou determinar que este olhe para baixo.
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Feita a abordagem, existem basicamente quatro posições para a realização da
busca pessoal: de pé com apoio, sem apoio, de joelhos e deitado.
De Pé COM Apoio
No momento em que os policiais estiverem postados para fazer a aproximação do abordado na parede, o que estiver à direita guarda a arma, aproxima-se com a mão esquerda semi-estendida na altura do ombro do suspeito e pressiona contra a
parede. Em movimento conjunto, coloca seu pé pela parte de dentro do pé do suspeito e gira-o para fora, pressionando seu joelho contra o joelho do suspeito na
direção da parede.
Veja a ação na figura a seguir:
O policial que está fazendo a busca, ao terminar o lado direito (dividir o corpo do abordado ao meio para revista), poderá utilizar duas técnicas de conclusão da revista:
Técnica 01: após revistar o lado direito, o policial afasta-se e passa por trás do policial que está responsável pela segurança e efetua a busca no
outro lado.
Técnica 02: após revistar o lado direito, o policial afasta-se, saca a arma, aponta para base do abordado e dá sinal ao seu companheiro, para que
este venha a revistar o lado esquerdo.
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O mais indicado é que o mesmo policial faça os dois lados, pois este sabe onde revistou um lado e não deixará lacunas.
O policial que é o segurança deverá ficar atento, mantendo o olhar expectante e
tentando cobrir o maior ângulo possível ao redor do ambiente, ao mesmo tempo, em que seu parceiro faz a revista.
O policial, quando sozinho, deverá sempre solicitar apoio. No caso de não haver tempo hábil, deverá então, primeiramente, manter o abordado sob controle e após, solicitar apoio.
Além dessa técnica do suspeito afastado da parede, pode utilizar-se outra técnica, em que este ficará com o peito apoiado na parede, os braços abertos na
altura dos ombros, as palmas das mãos voltadas para fora e as pernas abertas e afastadas da parede, na posição de desequilíbrio. Veja:
Além destas, pode-se ainda empregar a técnica em que o abordado fica com o corpo todo encostado na parede, com os pés paralelos ao alinhamento desta, as mãos
na cabeça com dedos entrelaçados ou os braços abertos no alinhamento dos ombros. Confira:
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De Pé SEM Apoio
É o momento da abordagem que ocorre depois que o abordado está com as
mãos para cima e o policial determina que se vire e coloque as mãos entrelaçadas na cabeça (isto é determinado porque o policial está enxergando as mãos do suspeito).
Feito isto, guarda a arma, aproxima-se do abordado e segura a mão por inteiro, fazendo uma chave com o cotovelo, realizando uma alavanca e puxando para trás até que fique na posição de arco. Em seguida, revista o lado direito, troca de mão e
revista o lado esquerdo.
Veja a sequência dos movimentos:
Se a mão do policial for menor que a do revistado ou se for uma policial feminina, deverá ser utilizada a pegada de dois a três dedos.
De Joelhos
É o momento da abordagem que ocorre depois que o abordado está com as mãos para cima e o policial determina que se vire e coloque as mãos entrelaçadas na
cabeça. Isto é determinado porque o policial está enxergando as mãos do suspeito.
Em seguida, determina que ajoelhe e cruze as pernas, então, guarda a arma,
aproxima-se e segura de dois a três dedos do revistado, colocando sua perna direita ou esquerda entre os dois pés do abordado e com o apoio do joelho puxa-o até que fique na posição de arco. Revista todo o lado direito, troca de mão e revista o lado
esquerdo.
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Esta posição somente será utilizada se o revistado for delinquente em fuga, foragido, criminoso conhecido da guarnição ou pego em flagrante delito.
Deitado
Esta posição, basicamente, será empregada quando for ocorrência de alto risco, como delinquente em fuga, criminoso que trocou tiros com a guarnição e na abordagem confirmada de veículo furtado ou roubado.
Devido ao alto risco da ocorrência, o primeiro procedimento do policial é determinar que o indivíduo deite-se ao chão com os braços abertos, o rosto voltado
para o lado contrário do revistador e as palmas das mãos para cima. Em seguida, o policial faz a chave de perna, em uma das duas opções a seguir:
Opção 01: a chave é executada por fora:
Opção 02: a chave é realizada por dentro, ficando o policial sobre o abordado:
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Nas situações acima, após aplicar a técnica da chave de perna, o policial
executa a revista, enquanto o outro deverá fazer a segurança num perímetro de 360°.
Reconhecimento de Tatuagens
Em qualquer dos casos acima citados, a revista deverá ocorrer de forma que as mãos deslizem no revistado, sendo que em alguns pontos do corpo, tais como bolsos
de calça e jaqueta, deve-se utilizar a técnica de apalpar, devido ao risco de se encontrar agulhas, giletes, navalhas ou lâminas.
De igual importância é a observação das tatuagens e marcas de seringas, pois
estas poderão ajudar na identificação do abordado. A seguir, apresentamos algumas das tatuagens mais usadas:
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Em qualquer ocorrência em que for confirmada a participação do elemento no crime ou contravenção, uma das primeiras medidas após o procedimento de revista é, sem dúvida, a algemagem. No entanto, devem ser obviamente observadas
imunidades, as prerrogativas e a legislação, como o Estatuto da Criança e do Adolescente, por exemplo.
E é exatamente sobre a algemagem de detidos que trata o tópico a seguir:
A Algemagem de Detidos
Atualmente a algema se tornou de uso obrigatório para o policial, uma vez que
a liberdade de movimentos das mãos constitui a principal fonte de risco.
Sobre a possibilidade do uso de algemas, podemos utilizar como base legal os importantes dispositivos do Código de Processo Penal Militar, abaixo transcritos:
Código de Processo Penal Militar
Art. 234. O emprego de força só é permitido quando indispensável, no caso
de desobediência, resistência ou tentativa de fuga. Se houver resistência da parte de terceiros, poderão ser usados os meios necessários para vencê-la ou
para defesa do executor e auxiliares seus, inclusive a prisão do ofensor. De tudo se lavrará auto subscrito pelo executor e por duas testemunhas.
Emprego de algemas
1º O emprego de algemas deve ser evitado, desde que não haja perigo de fuga ou de agressão da parte do preso, e de modo algum será permitido, nos presos
a que se refere o art. 242.
STF - Súmula Vinculante nº 11
"Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio
de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena
de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do estado."
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A técnica de algemagem utilizada é a seguinte:
Pegue o braço do detido, posicione o pulso e algema, não deixando espaço
entre os dois, vindo a algemá-lo através de pressão. Em virtude de o uso desta técnica ser praticamente zero o risco de causar lesão nos pulsos do detido, ela é a mais orientada.
No entanto, quando for comprovado que se trata de situação de flagrância ou indivíduo procurado pela justiça, o policial deverá agir das seguintes formas:
Algemagem em Pé com Apoio
Com o detido em pé, apoiado na parede, com os braços abertos na altura dos ombros, o policial que está dando a voz de comando determina que olhe para ele,
momento em que o policial revistador aproxima-se com cuidado, guarda a arma e domina o braço do detido, fazendo pressão nas articulações do ombro, cotovelo,
joelho e agarrando com firmeza o pulso, vindo a algemá-lo.
Algemagem de Joelhos
Esta técnica consiste em mandar que o detido levante os braços acima da cabeça, vire-se e coloque as mãos sobre a cabeça, entrelaçando os dedos.
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Ordena-se que ele fique de joelhos e coloque um pé sobre o outro, momento
em que o policial revistador aproxima e com cuidado, guarda a arma e agarra com firmeza a mão (ou dedos), colocando o pé entre os pés do detido, fazendo uma
alavanca, para neste momento colocar a algema.
Algemagem Deitado
Nessa técnica o policial comandará que o detido coloque as mãos acima da
cabeça, vire-se de costas, em seguida dará a ordem para que o mesmo fique de joelhos e abra os braços e deite-se devagar com os braços abertos, desta forma o policial pode observar os movimentos de suas mãos enquanto deita-se.
O policial que está dando a voz de comando determina que o detido olhe para ele, momento em que o policial revistador aproxima-se com cuidado, guarda a arma e
domina o braço do detido, fazendo pressão na articulação do ombro com o joelho, vindo a segurar com uma mão o pulso e com a outra o cotovelo, fazendo uma alavanca com o braço do detido sobre a sua perna de apoio para algemá-lo.
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Para levantar o detido, parte-se da posição sentado, ordena-se que ele dobre uma das pernas e com uma das mãos no pescoço e a outra no braço, e faz-se com que gire a cabeça em direção à perna dobrada, impulsionando para cima. Confira:
Algemagem de mais de 01 Detido
Para algemar 02 presos com dois pares de algemas, deve-se algemá-los com os braços nas costas, sendo que o braço direito de um ficará cruzado com o do outro, as palmas das mãos são sempre para fora ficando dorso com dorso.
No caso de 03 presos com dois pares de algemas, deve-se algemar a mão esquerda do que está no meio com a mão direita do que está à direita dele. Em
seguida, algemar a mão direita do que está no meio com a mão esquerda do que está à esquerda dele.
E para finalizar, cabe destacar que existem vários tipos de algemas, cada uma
com um sistema diferente de travamento. Algumas através do uso da própria chave e outras manualmente pela pressão do dedo polegar através de um dispositivo do
próprio equipamento.
Independente do tipo de algema utilizada, esta deverá estar sempre travada, a fim de garantir a integridade física do detido e dos condutores.
Considerações Finais sobre a Abordagem de Pessoas
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Lembre-se de que não existe 100% de segurança numa ocorrência, e que o
policial agindo dentro da técnica, apenas diminui o risco de ração do delinquente.
O policial, ao chegar ao local para deslocar-se com o indiciado, mesmo que a
revista já tenha sido realizada, deverá revistá-lo novamente, obrigatoriamente.
A busca em mulheres deverá ser feita por uma policial mulher, caso não implique em retardamento ou prejuízo da diligência (art. 249, CPP). Os
policiais masculinos deverão apenas realizar a revista em bolsas, agasalhos ou outras peças onde possam estar escondidas armas, objetos ou produtos de crimes, lavrando-
se, de tudo, o devido registro, bem como arrolando-se as testemunhas.
Lembre-se: muletas, carrinhos de crianças, cinto de calças com fecho por dentro entre as costuras das roupas, bonés, chapéus, sutiãs, calcinhas, cuecas, tênis
podem esconder objetos ilícitos. Logo, muita atenção na revista!
Abordagem de VEÍCULOS
Caro aluno, para a abordagem em veículos, existem várias técnicas e,
dependendo do país, a que pode ser errada para um, talvez seja certa para outro.
Nesse tópico, trabalharemos de forma sintetizada as técnicas mais utilizadas e
adequadas à realidade de nossas polícias, sem esquecer, é claro, do aspecto da legalidade.
Abordagem de Auto em Movimento (CARRO DE PASSEIO)
Primeiramente o motorista da viatura tenta parar atrás do veículo suspeito, entre 03 a 07 metros, e da metade do veículo do suspeito para a esquerda. É claro
que esta posição é básica, mas com a experiência do dia a dia, sabe-se que poderão ocorrer posições das mais variadas possíveis. Conhecendo-se a posição básica, pode-se fazer a adaptação necessária no momento da abordagem.
Após o posicionamento da viatura, os policiais darão as vozes de comando e ficarão com uma das pernas para dentro da viatura e a outra apoiada no lado de fora
(ver figura abaixo), pois se o abordado fugir poderão adentrar o mais rápido possível e sair no acompanhamento.
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As seguintes vozes de comando devem ser emanadas pelo policial:
1° - “Polícia, parado, desligue o motor do veículo”;
2° (Opcionais)
"Coloque as mãos no para-brisa”;
"Coloque as mãos no teto”;
"Coloque as mãos na cabeça”;
"Coloque as mãos para fora do veículo e olhe para baixo”.
A bem da verdade, a voz de comando que mais se adéqua à nossa realidade é a
de colocar as mãos espalmadas para fora do veículo e olhar para baixo, visto que reduz os comandos, tornando-se assim, mais ágil e objetivo.
Dada a voz de comando, o patrulheiro aproxima-se pela coluna do veículo, vistoria o banco traseiro e uma parte da frente, sem, contudo, ficar na linha de tiro.
Passo seguinte deve-se dar a seguintes vozes de comando:
“Abra a porta do veículo pelo lado fora, desça de costas para mim, vá até o porta-malas e apoie-se nele!”
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Nesse momento, o patrulheiro deve guardar a arma, aproximar-se do condutor e o revistá-lo. Se a guarnição encontrar algum objeto ilícito, deverá fazer o uso da
algema, imediatamente após concluída a revista. Se a guarnição não constatar nada, deve explicar o porquê da abordagem cidadão, despedindo-se do mesmo.
Durante todos esses procedimentos, por tratar-se de um indivíduo suspeito, o motorista e o patrulheiro apontam para a base do suspeito (o pé). Os dois patrulheiros devem formar um triângulo com a posição do abordado, conforme ilustra
a figura abaixo:
Para o cidadão que é abordado, é importantíssimo que os policiais façam
um esclarecimento convincente sobre a abordagem realizada.
Se o veículo estiver em fuga, e for confirmado pelas placas que é furtado ou a guarnição reconhecer o elemento como foragido, procede-se da mesma forma
anterior, até a saída dos elementos do veículo, devendo o policial ordenar que o delinquente ajoelhe-se ou deite-se no chão.
Após a algemagem e a revista, o policial parte para a vistoria do porta-malas.
Vistoria do Automóvel
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Depois da revista pessoal, o um dos policiais (normalmente o comandante da
operação) autoriza um dos demais patrulheiros a iniciar a revista no auto, que se inicia pelo lado em que estão os suspeitos.
O condutor ou proprietário do auto deve ter plena visão da revista, e alertado a acompanhar visualmente todos os procedimentos. O rádio do veículo deve ser sempre desligado, para que os policiais possam ficar atentos ao que ocorre no
exterior e não serem pegos de surpresa numa reação.
Geralmente é utilizada umas das técnicas a seguir:
Técnica 01: os policiais posicionam-se um de cada lado do porta-malas e um
bate e diz: - “Polícia, vou abrir!” - enquanto o outro posiciona-se. Ao abrir, o que está no lado contrário aborda e faz varredura.
Técnica 02: um policial bate no lado oposto que será realizada abordagem e posiciona-se junto com seu parceiro, fazendo a abertura do porta-malas e, a
seguir, toma a posição da abordagem.
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Ato contínuo, o policial revistador verifica a porta (espaço entre a lateral e a lata), e todo o lado interno do auto (porta-luvas, pala de sol, sob tapetes, carpetes
descolados, bancos, laterais soltas, painel, console e teto); ao passar para o outro lado, dá a volta externamente, deixando a porta aberta para que a visão do proprietário continue plena. Terminando o interior e o porta-malas, verifica o motor
com os mesmos cuidados e detalhes.
Um dos policiais, de posse dos documentos dos abordados e do auto, que o
policial revistador lhe entregou antes do início da revista no veículo, anota todo o necessário para o relatório de serviço, faz as devidas pesquisas, se for o caso (falta de documentos do auto, ou em nome de 3ª pessoa, suspeita de indivíduos procurados
pela justiça etc.).
No decorrer da revista, os policiais devem conferir o lacre da placa e o número
do chassi, verificando se confere com a documentação, e se não há irregularidade com os caracteres.
Qualquer objeto ilegal, ou entorpecente encontrado no auto, deve permanecer
onde está. Objetos de valor e dinheiro devem ser imediatamente entregues ao comandante da operação que os repassa ao proprietário, que deve conferi-los. Em
toda situação, a iniciativa e a comunicação com os suspeitos sempre devem partir do comandante da equipe.
Se localizada uma arma, deve esta ser deixada onde está, e prossegue-se na revista com a mesma cautela, e, assim que encerrada, essa arma, com toda a descrição possível, imperceptivelmente a todos, deve ser levada para a viatura, onde
será fiscalizada com sua documentação.
Tal discrição com armamento é essencial por:
Se a arma for ilegal, os suspeitos, que podem ainda ter esperança de “enganar” os policiais, podem tentar alguma reação, ao verem essa esperança ruir;
A arma tem que ser retirada do lugar, pois, os suspeitos, em rápida reação, podem tentar alcançá-la ao se verem acuados por qualquer motivo;
Uma abordagem atrai a atenção de pessoas ao redor, e um delinquente nas proximidades, ao ver essa arma (se tiver regularizada será devolvida ao término a seu proprietário), poderá tentar acompanhar os indivíduos após
sua liberação, para tentar roubá-la, portanto, sua devolução também deve ser feita com toda a discrição.
Em qualquer momento da revista, se constatado indício de crime, todos os suspeitos deitam-se no solo e são algemados para condução à delegacia pública da área.
Nada constatado, estando tudo em ordem, os documentos são devolvidos a seus proprietários que devem conferi-los. Armas legalizadas são recolocadas no auto
com todos os cuidados com que foram retiradas, e os proprietários avisados e devem conferi-las ao embarcar.
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Também se alerta o responsável pelo veículo para verificar se está tudo em
ordem. Não se pede desculpas por estar trabalhando na própria segurança dos indivíduos, mas deve-se agradecer a colaboração prestada, e despedir-se
cordialmente, aguardando o embarque de todos os abordados, e a partida do auto antes de reiniciar as atividades.
Os policiais devem tomar toda precaução para não causar qualquer dano no veículo (portas que não se abrem facilmente devem ser acionadas pelo proprietário, cuidado com estofamento
e pintura do auto em contato com o equipamento do policial etc.).
Tudo deve ser recolocado exatamente no local em que estava, e as
portas fechadas ao término da revista.
Abordagem em BICICLETAS e MOTOCICLETAS
A abordagem a uma bicicleta ou motocicleta suspeita em movimento deve ser iniciada com os seguintes procedimentos básicos:
Motocicleta com 01 elemento
Seleciona-se o melhor local para a parada da motocicleta (ou bicicleta) e em seguida o comandante da viatura determina que o condutor encoste à direita e pare.
Tão logo a moto pare, o motorista da viatura deverá posicioná-la de forma
idêntica a situação de abordagem a autos de passeio.
Com a equipe desembarcada, o líder determina ao motociclista que desligue o motor da moto e fique nas pontas dos pés (sem descer da moto), com os dedos
entrelaçados sobre a cabeça.
Com o mesmo posicionamento em triângulo, o policial revistador irá proceder a
busca pessoal, aproximando-se pelo lado esquerdo do motociclista. Após realizada a primeira etapa da busca, o policial determina que o motociclista desça e posicione-se à direita ou à retaguarda da moto, na posição mais conveniente, para determinar a
busca pessoal.
Motocicleta com 02 elementos
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A abordagem a duas pessoas em uma moto é idêntica à abordagem com um elemento, mudando apenas em alguns aspectos.
O comandante da viatura determina que o motociclista desligue o motor e que os dois, condutor e passageiro, fiquem nas pontas do pé (sem descer da moto), com os dedos entrelaçados sobre a cabeça.
Nesse caso, o policial revistador irá proceder primeiro a busca no passageiro, ao mesmo tempo passará a mão na cintura e nas costas do motociclista. Em seguida, o
comandante determina que o passageiro desça da moto, colocando-o numa posição adequada, à retaguarda da moto, para que possa terminar a busca no mesmo.
Depois de realizada a busca pessoal no passageiro, o comandante determina
que o condutor desça, colocando-o numa posição conveniente do lado direito da moto e o policial revistador procede a busca pessoal no condutor.
Abordagem em ÔNIBUS
Neste tipo de abordagem, devido aos altos índices de assaltos e homicídios, vem tornando-se cada vez mais necessário o correto emprego da técnica policial.
Para abordar um ônibus, é necessário que exista um efetivo mínimo de oito policiais, assim denominados:
Comandante da operação - Responsável pelos policiais e pelo comando da Operação, cabendo-lhe as decisões.
Segurança do Comandante - Responsável pela segurança do Comandante da operação no momento da abordagem, cabendo-lhe
também a função de apontador e de revistador da parte interna do coletivo, com o objetivo de verificar se não foi dispensado nenhum objeto ilícito no interior do coletivo.
Segurança à retaguarda - Sua missão é prestar apoio na parte traseira, interna do coletivo, possibilitando assim, maior segurança, para o
comandante emitir as ordens aos passageiros.
Balizador - Sua missão é fazer a triagem dos veículos a serem abordados, sendo responsável pelo controle do trânsito no local da Operação.
Segurança externo - Sua função é dar segurança para o balizador e demais integrantes da barreira, ficando numa posição avançada, quase
junto ao balizador.
Segurança dos revistadores - Deve colocar sua atenção
prioritariamente na segurança dos policiais que estão realizando a revista nos passageiros, fora do veículo.
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Revistadores - Possuem a tarefa de efetuar a busca pessoal nos
passageiros, com o objetivo de apreender armas e objetos ilícitos que porventura estejam em poder dos passageiros. É importante, nestes
casos, uma policial feminina para realizar a busca pessoal nas mulheres existentes no coletivo.
Motorista da viatura - É responsável pela segurança da viatura, das
mensagens que chegam via rádio e do acompanhamento a possíveis veículos que furem a barreira, dando suporte também para a eventual
condução de presos até o Distrito Policial.
Pois bem, ao abordar o coletivo, comandante da guarnição entra com o
segurança, explica o que será realizado e determina que os homens desçam. No mesmo momento, entra um segurança pela porta de trás, a fim de auxiliar na
segurança interna.
Os homens ao descerem, ficam apoiados no ônibus ou em local próximo onde exista apoio, prontos para a revista.
As mulheres permanecem no interior do coletivo, onde serão revistadas (a policial feminina neste caso é de presença obrigatória nesta operação, pois os
indivíduos utilizam-se das mulheres para esconder as armas e ou objetos ilícitos).
Enquanto os homens são revistados fora do coletivo outra equipe revista dentro
do mesmo.
Conforme ocorrências anteriores, os delinquentes costumam ameaçar e deixar com os cobradores suas armas, ou ainda, os próprios oferecem cobertura a estes. Por
isso, cobradores e motoristas também deverão ser revistados.
Existe uma outra forma de dissimulação do armamento que caracteriza-se por
adaptar na arma um imã e no momento em que o coletivo é abordado o elemento coloca o imã na arma e esta entre o banco de alumínio ou ferro e a parede ou embaixo do banco.
Cabe destacar que não só no ônibus a prevenção deverá atuar, mas também, nas paradas, onde é uma boa alternativa de redução desse tipo de ocorrência, ao
abordar e revistar suspeitos.
Perseguição de veículo EM FUGA
O objetivo deste tópico é discutir algumas manobras para interrupção de veículo em fuga, principalmente numa matéria que quase não existe nas unidades
policiais do Brasil. Os cursos que existem são particulares e estas técnicas não são assim, tão conhecidas ou reconhecidas nas instituições policiais como forma de solucionar determinados problemas.
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Por isso, mesmo, tratarei aqui de uma técnica clássica, já bastante conhecida e
que, se a banca cobrar o assunto, será dela que tirará suas questões: é a técnica de perseguição chamada de PIT.
O acrônimo PIT possui uma série de significados diferentes, dependendo da instituição que a emprega ou escola que a ensina. As mais comuns são: a técnica de imobilização precisa (TIP), técnica de imobilização em perseguição, técnica de
intervenção em perseguição, empurrão, técnica de imobilização paralela (essa é a melhor!), intervenção tática de precisão.
Em cada caso, o significado é claro, não interessa o nome que a técnica recebeu. Outros nomes para a mesma técnica também existem, sob a forma de variantes, e a banca poderá usar qualquer um deles. São eles: intervenção tática em
veículos (TVI – tactical vehicle intervention); tactical ramming (parecido com “martelada em veículo"), legal intervention (intervenção legal) e fishtailing (pescando
pelo rabo).
Pois bem, a manobra PIT é um método onde um carro, perseguindo outro veículo, força este veículo de forma abrupta, obrigando-o a fazer uma volta em torno
de seu eixo, causando no condutor a perda do controle do veículo e por consequência, a sua parada.
A manobra PIT é uma opção intermediária do uso da força para, de forma segura, finalizar uma perseguição. As viaturas possuem um para-choque reforçado
para suportar a aplicação da técnica.
A manobra começa com a o alinhamento paralelo da viatura com o veículo que está em fuga (lado a lado), onde as rodas dianteiras da viatura alinham-se com as
rodas traseiras do outro carro.
O condutor da viatura, gentilmente (não é brincadeira!), encosta a viatura no carro em fuga, sem perder o alinhamento das rodas e continua a girar a direção para o lado em que se encontra o alvo.
Assim que o outro carro perde contato
com o solo, o motorista da viatura deve realizar
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uma frenagem e rapidamente continuar com o giro da direção, na mesma direção do
veículo perseguido, até ficar limpo do alvo.
O alvo irá girar na direção oposta em frente à viatura de forma agressiva,
podendo ainda sair da pista.
Agora, atenção!
A manobra não é aplicável em todas as situações. Basicamente, a regra é não aplicar a manobra numa velocidade maior que 55 km/h. O uso efetivo requer escolha sistemática do local para aplicação da técnica, bem como as considerações
sobre o trânsito e pedestres, devido às consequências e risco à vida para todos. Algumas forças policiais limitam o uso desta técnica somente para os eventos de alto
risco, outras definem que a manobra deverá ser empregada para parar veículos em perseguições que estejam em situações de perigo constante.
Quando possível, a manobra pode ser executada com um mínimo de 03 viaturas: um como o executor da manobra e as outras duas viaturas,
a uma distância razoável, para reagir aos resultados.
Cabe ressaltar que a manobra é extremamente perigosa, quando empregada
em veículos com para-choques de diferentes tamanhos ou contra veículos com um centro de gravidade alto, tais como as vans ou utilitários esportivos (SUV).
Há outras técnicas menos conhecidas e que são um tanto específicas para cada situação. Em sua maioria, saio variações da técnica PIT. Para a sua prova, considero ser de bom tamanho o que aqui estudamos.
Para finalizamos a nossa aula, vamos às principais técnicas de abordagem a edificações.
Abordagem a EDIFICAÇÕES
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Este tipo de abordagem pode ocorrer, em geral, nas seguintes situações:
quando o policial estiver em acompanhamento a um elemento que
cometeu um delito e adentrou em uma edificação;
quando é informado é informado por parte idônea que no local está ocorrendo um crime e que talvez o agente infrator se encontre dentro da
edificação; ou.
com a finalidade de cumprir um mandado judicial.
O policial que faz seu trabalho diuturno se depara muito com ocorrências nas quais, muitas vezes, ele não sabe se realmente o agente infrator está ou não dentro da edificação e terá ele mesmo de verificar a situação, devendo, para isso, dominar as
técnicas básicas de varredura em locais de risco.
Num local onde o elemento adentrou e fez pessoas de reféns o policial deverá,
o mais rápido possível, isolar o local e chamar o grupo especializado nessas situações. Neste caso, os policiais deverão dominar a técnica de abordagem em dupla.
O terceiro olho é o alinhamento da arma com a visão do policial. Esses ditos
referem-se à posição de descanso, em que se continua na situação de tiro. Essa posição será adotada quando o policial cansar a musculatura, visto o tempo de
varredura prolongado. O policial não baixa a arma, e sim, adota uma posição de segurança, sendo que a arma estará sempre direcionada para a base da fonte de risco
num ângulo de 45° graus.
Confira:
Existe, também, a posição de segurança que é denominada de "Posição Sul",
muito útil para situações em que outro policial possa entrar na linha de tiro. Confira:
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Quando os policiais iniciam a busca em uma edificação, devem fazer silêncio total, não portar materiais que façam ruídos ao se deslocarem e possuírem sinais de comunicação combinados para a ação.
Ao quebrar o silêncio, os policiais devem fazer a varredura nos compartimentos da edificação da forma mais rápida possível.
Caminhada ou Progressão
Quando o policial realizar algum tipo de deslocamento, deve fazê-lo com as
pernas semi-flexionadas e os joelhos unidos, o corpo levemente inclinado para frente, colocando primeiro o calcanhar depois a planta do pé no chão. Isso faz como com que
o policial consiga manter o equilíbrio de sua arma possibilitando um maior aproveitamento de seus disparos, em caso de necessidade.
Se o policial precisar recuar deve fazer a ordem inversa. Quando houver
deslocamentos laterais, tanto para a direita como para a esquerda, deverá ter o cuidado de não cruzar as pernas, pois poderá perder equilíbrio.
Progressão em Corredores
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Ao se deparar em um corredor com aberturas, os policiais devem utilizar a
técnica de progressão em corredor. Quando se tratar de corredores largos, um policial vai à frente e o outro um pouco mais atrás, sendo que o homem da direita
mantém sua atenção voltada do centro para a esquerda e o homem da esquerda, do centro para a direita.
Quando se tratar de corredor estreito, o deslocamento é realizado com um
policial à frente com a silhueta reduzida e caminhando conforme a técnica descrita anteriormente com o outro atrás, mais acima.
Técnicas de Pré-entrada
O policial deve ter em mente que o delinquente o espera, logo, a vantagem será dele. Antes de adentrar ao recinto o policial deverá realizar as técnicas de pré-entradas, cujas principais são as seguintes:
Técnica (ou Uso) do Espelho: consiste em colocar um espelho dentro do
ambiente fechado a fim de verificar se há alguém do lado de dentro.
Obs: a técnica do espelho é muito importante em locais onde há sótão ou forro.
Microcâmera: em países do primeiro mundo esta técnica é bastante utilizada, vindo a substituir a técnica do espelho.
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Fatiamento (ou Tomada de Ângulo): técnica para abordagem em
aberturas, portas e janelas, consiste em ir fatiando a abertura até seu ângulo máximo, restando o ângulo zero para a invasão.
Olhada rápida: consiste em olhar rapidamente a abertura até o ângulo
máximo com a parede.
Na abordagem em aberturas, portas, janelas etc, as duas últimas técnicas
acima citadas (a de FATIAR e a de ESPIAR) são as mais usadas.
As duas técnicas são boas e, muitas vezes, poderão ser empregadas em conjunto em uma ocorrência Exemplo: se tivermos um corredor para fazer a
varredura para a esquerda ou direita, poderemos utilizar um homem que irá espiar e o outro que ficará no apoio do fatiamento, no caso do suspeito sair correndo ou vir na
direção do policial que está espiando.
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Caso exista uma escada, o primeiro policial vai subindo e varrendo para cima,
enquanto o segundo observa ao longo da escada, mantendo sempre o contato físico os dois.
Não se deve esquecer que numa edificação existe a parte superior, e que
também se deve olhar para cima durante a varredura. Todo o local deverá ser vistoriado e poderá haver refém.
Depois de vistoriado o local deve avisar através do comando "limpo" os demais policiais.
A retaguarda é um fator determinante numa situação de risco. Logo, deve-se
ter um policial responsável pela segurança dela.
Chegando a um ambiente fechado, deve-se ter em mente que um ambiente é
dividido em seis partes as quais são: os quatro cantos da peça, sendo os dois atrás da porta denominados de; "ângulo morto ou ângulo zero"; a parte de cima e a parte de
baixo.
A parte interna à frente da porta é chamada de “cone da morte”, pois normalmente é ali que o suspeito espera a movimentação do policial. Deverá ser
observado também, para que lado a porta abre, pois isso será fundamental para sua entrada.
Após executada a técnica de pré-entrada, o policial terá um pouco mais de
segurança para entrar no ambiente, lembrando-se que não existe risco zero e que o mesmo deverá se manter atento a todos os movimentos, respeitando,
ainda, a disciplina das sombras e sons, ou seja, evitado o mínimo possível de barulho e do cuidado para não projetar a sua sombra dentro do ambiente, pois assim estará denunciando sua posição.
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Para entrar em definitivo no ambiente fechado, deve-se lançar mão de técnicas
de entrada, principalmente as duas mais famosas delas: as Técnicas de Gancho e Cruzada, a serem estudadas no próximo tópico.
Técnicas de Entrada CRUZADA (Cross Entry)
A Técnica de Entrada Cruzada, ou Cross Entry, consiste na realização de uma entrada em forma de "X", em que cada um buscará o ângulo zero. Isso se dará
obrigatoriamente, ao mesmo tempo, estando um policial por cima e outro por baixo com a silhueta reduzida.
As figuras a seguir mostram como se dá a entrada cruzada:
Técnicas de Entrada GANCHO (Hook)
A Técnica de Entrada Gancho, ou Hook, consiste na execução de uma entrada em forma de gancho, em que cada policial busca o respectivo ângulo zero. Isto se
dará, obrigatoriamente, ao mesmo tempo.
Veja a aplicação da técnica nas figuras a seguir:
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Esta técnica só se aplica se a abertura for LARGA, pois é importante que
ambos entrem no mesmo instante, onde um fará a proteção das costas do outro. Nesses casos, usa-se a entrada Gancho Cruzado.
Técnicas de Entrada GANCHO CRUZADO
A Entrada Gancho Cruzado é utilizada naquelas situações em que o tamanho
da abertura a porta não permitir que fique um policial de cada lado, exigindo, então, que os policiais se posicionem um atrás do outro.
Neste tipo de entrada a velocidade é fundamental e o lado para qual a porta abre é fator determinante.
Técnicas de Entrada LIMITADA (Limited Entry)
A Técnica de Entrada Limitada ocorre quando os policiais realizam ao mesmo
tempo a entrada, e cada policial adentrará, apenas com uma parte do corpo, buscando o ângulo zero do ambiente. Caso o policial se depare com uma situação de risco poderá voltar mais rápido.
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Em uma janela pode-se empregar a técnica de varredura, em que os policiais
ficam postados um em cada lado e utilizam a técnica do espiar, buscando a visualização do ângulo zero, ao mesmo tempo. Outra opção é ir espiando e fatiando
ao mesmo tempo, em espaços pequenos de fatiamento.
Técnicas de Entrada SIMULTÂNEA
A Técnica de Entrada Simultânea é aquela em que os policiais fazem primeiro
o fatiamento do cone da morte, ou seja, a parte interna logo à frente da porta, restando o ângulo zero, o qual passa a ser fatiado simultaneamente pelos policiais que
ao concluí-lo, executam a entrada simultânea, progredindo um para cada lado da peça e finalizando para o centro da peça.
Veja na figura a seguir:
Devemos lembrar que tudo o que se toma não se devolve. Uma complementação dessas técnicas de pré-entrada e entrada é a situação de mudança
de luminosidade, bruscamente, em que o policial antes de concretizar a entrada fechará um dos olhos, aguardará alguns segundos e abrirá o olho quando entrar.
Tal procedimento deve ser adotado, quando o ambiente interno estiver pouco
iluminado e o externo bem iluminado, necessitando, neste momento, da compensação no campo de visão.
Uso da LANTERNA
Durante muito tempo e, ainda hoje, alguns policiais atribuem o uso da lanterna apenas à parte noturna do serviço. Pelas experiências adquiridas, mostra-se
extremamente útil o uso deste equipamento em qualquer hora do dia.
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Faz-se necessário, portanto, que o policial conheça as principais técnicas de uso
da lanterna, ao deparar-se com situações que dela ele necessite. As principais técnicas de varreduras com lanternas são as seguintes:
Técnica 01:
Consiste no policial manter a posição de tiro à frente segurando a arma e na outra mão, com o braço estendido ao lado do corpo em alinhamento com o ombro, a lanterna.
Esta técnica possui uma desvantagem: no momento que se está na posição, pela luminosidade, aparece a silueta do policial.
Técnica 02:
Consiste em o policial realizar a frente à posição de tiro com a mão forte e a outra posicionada ao lado da arma, segurando a lanterna.
Técnica 03:
Consiste em o policial adotar a posição de tiro com a mão forte à frente e a outra posicionada, cruzada ao lado da arma, segurando a lanterna.
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Técnica 04:
Consiste no policial adotar a posição de tiro com a mão forte e a outra
posicionada, abaixo da arma, segurando a lanterna.
Técnica 05:
Se existir uma abertura, os policiais poderão utilizar a técnica de um ficar em
pé de frente para a parede ou de costa com a arma em punho, e o outro deitado segurando o tornozelo do companheiro.
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Na medida em que esse faz movimentos para cima ou para baixo, para direita
ou esquerda, o policial que estiver com a lanterna acompanha o comando e gira a lanterna de acordo com o movimento.
Técnica 06:
Consiste no policial adotar uma das posições descritas nas técnicas 2 ou 3 e, conforme se desloca, acende e apaga a lanterna, devendo dar passos alternados para direita e esquerda.
Em todas as situações acima, quando se está fazendo a varredura à NOITE com a lanterna, ao avistar o suspeito, o policial deverá, de imediato,
FOCAR NOS OLHOS DESSE, pois o cegará momentaneamente, dando tempo, para que o policial realize a abordagem.
Bom, em todas as técnicas anteriormente citadas, o policial deverá usar o intermitente da lanterna, pois deve iluminar o suficiente para progredir e tentar
visualizar o suspeito, devendo não ficar por muito tempo com o flash ligado.
Não se deve dar passadas repetidas, pois se o suspeito estiver na
observação do policial saberá onde efetuar o disparo.
Uma técnica que poderá ajudar é fazer a abordagem com o máximo de policiais possíveis, pois psicologicamente através da supremacia de força inibirá uma possível
reação por parte do suspeito.
Se os policiais estiverem em um número igual ou inferior aos suspeitos e
tiverem que localizá-los dentro de uma edificação ou em mato fechado, podem utilizar a técnica dissimulada, que consiste em falar alto como se estivessem em vários policiais ou dando o comando para que saiam e se entreguem.
5. A CONDUÇÃO DE DETIDOS
Vamos ver então como se dá a condução de detidos nas suas diferentes
modalidades:
Condução A PÉ
Após algemado o detido será conduzido das seguintes formas:
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Opção 01: O policial deverá passar o braço contrário daquele que usa a arma entre os braços do detido, pegando o pulso ou a corrente da algema e
colocando o seu cotovelo de encontro ao cotovelo do detido, puxando para o seu lado e empurrando para frente, fazendo, desta forma, uma alavanca.
Opção 02: Passa o braço contrário daquele que usa a arma, entre os braços do detido encaixando o seu ombro sob a axila deste, pressionando-o para
baixo.
Opção 03: O policial passa o braço contrário daquele que usa a arma por trás e entre os braços e o corpo do detido, pegando no braço e puxando para o
lado contrário da arma, fazendo a técnica da gravata, utilizada na defesa pessoal, e colocando sua mão entre a sua cabeça e a do detido, evitando desse modo que o conduzido possa desferir-lhe uma cabeçada.
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Cabe destacar que a algema poderá ser colocada entre o cinto da calça do detido para evitar que este passe os braços por baixo das pernas para frente do corpo. Confira:
Na condução de 02 detidos, os policiais poderão utilizar a técnica de algemagem com os braços entrelaçados, conforme mostra a figura
abaixo.
Condução EM VIATURA
Para a condução de detidos em viaturas, a primeira e importantíssima
informação.
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O detido JAMAIS deverá ir sentado atrás do banco do motorista e, sim, atrás do banco do patrulheiro. O patrulheiro, por sua vez, irá
sentado atrás, ao lado do conduzido.
O patrulheiro, se for destro, deverá retirar sua arma do coldre e passá-la para a mão esquerda.
É conveniente salientar que qualquer pessoa que for algemada deverá estar
sempre com os braços para trás e com as costas das mãos voltadas uma para outra (conforme figura abaixo). E na condução de viaturas, principalmente, essa deve ser a
regra!
No caso de existirem 02 conduzidos e não houver viatura para prestar apoio na condução dos presos, a guarnição policial poderá proceder da seguinte forma:
Colocar os dois detidos no banco de trás, algemados um no outro,
devendo o patrulheiro sentar-se no banco atrás do motorista e certificar-se de que as portas estejam trancadas.
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II – OCORRÊNCIAS DE ALTO RISCO E O GERENCIAMENTO DA CRISE
1. CONCEITOS IMPORTANTES
Para fins policiais, o melhor conceito de Crise é o trazido pela Academia Nacional do FBI. Segundo a referida instituição:
“Crise é um evento ou situação crucial, que exige uma resposta especial da
Polícia, a fim de assegurar uma solução aceitável".
Uma Crise apresenta normalmente como características essenciais a imprevisibilidade a urgência e ameaça de vida.
O Gerenciamento de Crise é, portanto, o processo de identificar, obter e aplicar os recursos necessários à antecipação, prevenção e resolução de uma Crise. Qualquer tarefa de Gerenciamento de Crises tem duplo objetivo:
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Esses objetivos seguem uma hierarquia rigorosa quanto ao seu grau de importância e prioridade. Isto quer dizer que a preservação de vidas deve estar,
para os responsáveis pelo gerenciamento de uma crise, ACIMA da própria aplicação da lei.
A crônica policial tem demonstrado que, em muitos casos, optando pôr
preservar vidas inocentes, mesmo quando isso contribua para uma momentânea fuga ou vitória dos elementos causadores da crise, os responsáveis pelo gerenciamento da
crise adotaram a linha de conduta mais adequada, em virtude de uma ulterior captura dos meliantes. A aplicação da lei pode esperar pôr alguns meses até que sejam presos os desencadeadores da crise, enquanto que as perdas de vidas são irreversíveis (De
Souza, p. 17, 1995).
O gerenciamento de crises possui esses pilares como escopo, pois assim pode
conduzir suas técnicas para a resolução dos incidentes, com sucesso, com o mínimo de perda de vidas, segurança dos envolvidos e garantia do cumprimento da legislação.
Portanto, o gerente de uma situação de crise deve ter sempre em mente esses objetivos, observando os aspectos que deles se derivam, de acordo com:
E aí você deve estar me perguntando: professor, e como eu devo tomar as decisões numa situação de crise?
Bom, no intuito de balizar o processo decisório na ambiência operacional, doutrina aplicada pelo FBI (modelo mundial) preconiza três critérios para tomada de
decisões.
Necessidade
O critério de necessidade indica que toda e qualquer ação somente deve ser implementada quando for indispensável. Se não houver necessidade de se tomar
determinadas decisões, não se justifica a sua adoção. A equipe deve se perguntar:
“A ação que pretendemos fazer é estritamente necessária?”
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Validade do Risco
O critério da validade do risco estabelece que toda e qualquer ação, tem que levar em conta, se os riscos dela advindos são compensados pelos resultados. A pergunta que deve ser feita é:
“Vale à pena correr esse risco?”
Este critério é muito difícil de ser avaliado, pois envolve fatores de ordem subjetiva (já que o que é arriscado para um não é para outro) e de ordem objetiva (o
que foi proveitoso em uma crise poderá não sê-lo em outra).
Aceitabilidade
O terceiro critério, aceitabilidade, implica em que toda decisão deve ter
respaldo legal, moral e ético.
A aceitabilidade legal significa que toda decisão deve ser tomada com base nos
princípios ditados pelas leis. Uma crise, por mais séria que seja não dá à organização policial a prerrogativa de violar leis.
A aceitabilidade moral implica que toda decisão para ser tomada deve levar em consideração aspectos de moralidade e bons costumes.
A aceitabilidade ética está consubstanciada no princípio de que o responsável pelo gerenciamento da crise, ao tomar uma decisão, deve fazê-lo lembrando que o
resultado da mesma não pode exigir de seus comandados a prática de ações que causem constrangimentos “internas corporis”.
Nesse sentido é clássico o exemplo do policial que se oferece como voluntário
para ser trocado por algum refém. Essa troca, se autorizada, acarreta questionamentos éticos de natureza bastante complicada, que podem provocar sérios
transtornos no gerenciamento da crise.
2. AS CRISES E SEUS GRAUS DE RISCO
Você estudou no tópico anterior quais os critérios de ação na tomada de
decisões numa situação de crise. Neste, estudará a classificação do grau de risco ou ameaça dos eventos críticos. Desta classificação, as equipes policiais poderão
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dimensionar os recursos humanos e materiais a serem empregados na ocorrência de
forma que não fiquem super ou subdimensionados.
A avaliação da classificação do grau de risco deve ser uma das
primeiras ações a serem mentalizadas pelo gerente da crise.
A doutrina do FBI estabelece uma escala de risco ou ameaça que serve de padrão para a classificação da crise, a exemplo do que ocorre com a Escala Richter, em relação aos terremotos.
Essa classificação obedece a um escalonamento de quatro graus:
A classificação do nível de risco da Crise varia de país para país, mas é de suma importância para a resposta que será dada.
Para cada grau de risco, se faz necessário diferentes níveis de resposta. Eles correlacionam-se com o grau de risco do evento crítico, ou seja, o nível de resposta
sobe gradativamente na escala hierárquica da entidade, na medida em que cresce o vulto da crise.
Como você viu anteriormente, é de extrema importância o dimensionamento
dos recursos a serem utilizados. Os níveis de resposta adequados a cada grau de risco ou ameaça são quatro. Podemos visualizá-los melhor no quadro abaixo:
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Uma correta avaliação do grau de risco ou ameaça, representado por uma crise,
concorre favoravelmente, para a solução do evento, possibilitando, desde o início, o oferecimento de um nível de resposta adequado à situação, evitando-se, assim,
perdas de tempo desnecessárias.
O grau de risco de uma crise pode ser mudado no seu decorrer, pois a primeira autoridade policial que chega ao local faz uma avaliação precoce da situação com
bases em informações precárias e de difícil confirmação. Dados de grande importância, como: número de reféns, número de bandidos e números de armas, às
vezes, só vêm a ser confirmados no transcorrer da crise.
Assim, o gerente da crise deve estar atento a qualquer elemento que possa lhe dar informações, como: um refém liberado, atirador de elite, moradores e/ou
funcionários do local tomado e, até mesmo, um dos próprios perpetradores que se entrega, quando no caso forem mais de um.
Convido-o então, caro aluno, a conhecer as principais técnicas policiais
referentes ao gerenciamento de crises de alto risco. Vamos lá!
3. PROCEDIMENTO POLICIAL E ALTERNATIVAS TÁTICAS
O policial, ao chegar ao local e constatar a existência da crise, deverá tomar as
seguintes providências:
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Conter - evitar que a ocorrência mude de lugar e coloque outras pessoas
inocentes em risco. Em alguns casos, o gerenciador poderá, no andamento da resolução do problema, por questões táticas, optar por mudar a Crise
de local.
Isolar - deverá isolar o local, a fim de evitar a presença de pessoas que possam atrapalhar o serviço policial. Consiste também em reduzir o local
da ocorrência, interrompendo todo e qualquer contato dos causadores do evento e dos reféns (se houver) com o exterior, fazendo assim, com que a
polícia assuma o total controle da situação, passando a ser o único veículo de comunicação entre os protagonistas do evento e o mundo exterior. O isolamento do local não se materializa apenas pela implantação dos
perímetros táticos, mas também pela interrupção ou bloqueio das comunicações telefônicas com o mundo exterior, bem como, o
fornecimento de energia elétrica, a fim de evitar que se tenha informação, através dos meios de comunicação, tais como rádio e televisão.
Negociar - tentar convencer o indivíduo em Crise de que existe uma
solução segura para o problema, tentando assim, retomar o equilíbrio. Deve-se ter em mente que os primeiros momentos são cruciais para o
desenvolvimento da negociação, visto que nesses primeiros instantes, tanto a vítima (se houver), quanto o perpetuador, encontra-se em
situação de desequilíbrio psicológico, podendo assim, cometer ações precipitadas. O policial que iniciar a negociação deve ter conhecimento de que necessita ganhar tempo para a chegada da equipe especializada e a
solidificação da “Síndrome de Estocolmo".
São as seguintes as regras de ouro para a negociação:
NEGOCIAÇÃO – REGRAS DE OURO
1) Estabilize e contenha a situação;
2) Escolha a ocasião correta para fazer contato (a crônica policial registra casos de negociadores apressados que foram recebidos a tiro);
3) Procure ganhar tempo;
4) Deixe o causador de o evento falar. É mais importante ser um bom ouvinte, do que um bom conversador;
5) Não ofereça nada ao protagonista do evento;
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6) Evite dirigir a sua atenção às vítimas com muita frequência então as chame
de reféns;
7) Seja tão honesto quanto possível e evite truques;
8) Nunca deixe de atender qualquer exigência, por menor que seja;
9) Nunca diga não;
10) Procure abrandar as exigências (esse é outro objetivo básico da negociação);
11) Nunca estabeleça um prazo fatal e procure não aceitar um prazo fatal (o
negociador nunca deve prometer que a exigência será atendida dentro de determinado limite de tempo);
12) Não faça sugestões alternativas;
13) Não envolva pessoas não policiais no processo de negociar;
14) Não permita qualquer troca de reféns, principalmente não troque um
negociador por um refém;
15) Evite negociar frente a frente (é um risco que deve ser evitado, pois além de
não trazer nenhum benefício prático a negociação expõe o negociador, que durante os contatos com os causadores da crise deve sempre que possível
estar desarmado, podendo ser atacado de surpresa e passar também a condição de refém).
Pode-se inferir o seguinte gráfico de gerenciamento de crises:
Concepção e Técnica de Isolamento
Na doutrina de gerenciamento de crise, a concepção de isolamento é baseada no princípio de que o causador do evento e os reféns devem ser submetidos, até o
desfecho do evento, a uma absoluta e inflexível interrupção de quaisquer contatos ou comunicações com o mundo externo, transformando o negociador no único meio de ligação entre os perpetradores e o mundo exterior.
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O isolamento do ponto crítico executa-se através dos chamados perímetros
táticos, que são dois:
Perímetro tático interno: é um cordão de isolamento que circunda no ponto crítico, formando o que se denomina de zona estéril. No seu interior, somente devem permanecer os causadores do evento, os reféns (se houver)
e os policiais especialmente designados. E ninguém mais! Esse perímetro deve ser patrulhado por policiais uniformizados, que tenham de preferência
um temperamento alerta e vigoroso, para afastar e afugentar possíveis intrusos.
Perímetro tático externo: é destinado a formar uma zona tampão, entre o
perímetro interno e o público. Nele ficam instalados o posto de comando (PC) do gerente da crise e o posto de comando tático (PCT), do comandante do
grupo tático especial. No interior desse perímetro, admite-se o trânsito e a' permanência de policiais que não estejam diretamente envolvidos com o gerenciamento do evento crítico, pessoal médico, apoio operacional (corpo
de bombeiros, peritos criminais, motoristas de ambulâncias,) e a mídia (tão somente quando da realização de briefings ou entrevistas).
4. AMEAÇAS DE BOMBA
Caro aluno, a pessoa que faz uma ameaça de bomba pode ser alguém que quer
causar pânico ou terror psicológico, sabotar algum tipo de evento ou até mesmo ser um terrorista disposto a produzir dor e morte de várias pessoas.
O motivo da ameaça pode ser o mais variado possível, uma brincadeira,
religioso, terrorista, chamar a atenção, político ou causar prejuízo. Esta ameaça poderá ser realizada de várias formas, ou seja, através de uma ligação telefônica,
pelo correio, bilhete deixado onde o alvo possa encontrar com facilidade, via fax, ou uma fita gravada.
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A pessoa que informa o possível atentado pode não ser o autor do mesmo.
Pode ser alguém que, sabendo do perigo, tenta evitar um mal maior, ou até mesmo aproveitar-se da situação para cometer outros tipos de crime.
Enfim, o importante que é muito difícil saber logo de início se a ameaça é real ou falsa.
Quando as características da ameaça forem do tipo trote, não existem
antecedentes de problemas com bombas e nenhum tipo de desavença entre as partes envolvidas, não há clima ou motivação para um atentado, a pessoa ameaçada não é
um alvo em potencial, existe no local uma equipe de segurança eficiente e confiável e não existem provas da ameaça, ou seja, não foi localizado nenhum objeto suspeito.
Quando houver características criminosas ou terroristas, por sua vez,
normalmente já houve outras ameaças anteriores ou até mesmo um atentado! Existe uma motivação ou um clima de desavença entre as partes, a pessoa ou empresa
ameaçada é um alvo em potencial, não existe equipe de segurança ou esta é ineficiente, há testemunhas ou provas materiais no local.
Para uma análise mais segura com relação à veracidade da ameaça, o policial
(ou mesmo funcionário) que primeiro mantiver contato telefônico com o perpetrador, deverá ser devidamente treinado para, com calma, saber retirar algumas informações
dessa denúncia.
Para os Agentes de Segurança, por sua vez, são ensinadas técnicas de
varredura. Ao entrar na equipe de segurança da Câmara, você será treinado para conhecer tais técnicas, não se preocupe. No entanto, no próximo tópico, traremos as mais utilizadas pelas equipes policiais. Conhecendo-as, você será capaz de resolver
qualquer questão de sua prova!
Varreduras em AMBIENTES
A varredura consiste em fazer uma investigação, através de uma procura, por
algum objeto suspeito que não se enquadre dentro do cenário usual do ambiente a ser vistoriado.
A técnica de varredura consiste na divisão do ambiente em três módulos e se inicia sempre de fora para dentro e de baixo para cima, dando prioridade sempre para aqueles locais de uso comum, onde há mais facilidade de ser implantado
um artefato explosivo, tais como, saguão, banheiros, vestiários, floreiras, latas de lixo, escadas, elevadores, refeitórios etc.
Deve-se lembrar que uma bomba poderá ter o formato que seu criador quiser e por esta razão a cautela deve ser redobrada e utilizar apenas o contato visual sem
tocar em nada, e não abrir o que esta fechado. A varredura deve ser dividida em 03 módulos.
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No primeiro módulo, olha-se tudo o que está na altura dos pés até a
cintura, ou abaixo deste no caso de piso falso;
No segundo módulo, olha-se tudo o que está na altura da cintura até a
linha dos olhos;
No terceiro módulo, verifica-se tudo o que está na linha dos olhos até o teto ou acima deste nos casos de teto falso.
Cada ambiente que for verificado deverá ser sinalizado, para evitar que seja
verificado outra vez, devendo entrar no máximo dois policiais por ambiente, sendo sempre assessorados por alguém que conheça as dependências físicas e que possa dirimir dúvidas em relação a objetos deixados ou locais que são mais
frequentados.
São os seguintes os tipos de técnicas de varreduras mais utilizadas em
ambientes, quanto à forma de percorrer um ambiente:
Se for ENCONTRADO objeto suspeito, a equipe responsável pela vistoria do local deve:
Abrir as janelas e portas;
Isolar a área com fitas zebradas e cones;
Proteger os objetos de valor e;
Informar o fato imediatamente às equipes especializadas.
Se for NÃO FOR ENCONTRADO objeto suspeito, a equipe responsável pela
vistoria do local deve:
Retirar-se do local;
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Informar o fato imediatamente às equipes especializadas.
Durante a varredura, NÃO SE DEVE TOCAR EM NADA.
Em NENHUMA CIRCUNSTÂNCIA deve-se tocar nos interruptores, caso
existam, pois o artefato pode estar instalado junto à chave elétrica.
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