INSTITUTO SUPERIOR DE ENSINO SUMARÉ ISES
LICENCIATURA EM HISTÓRIA
ADEMAR RODRIGUES
MARLUCE CARLOS DE OLIVEIRA SILVA
VERA LÚCIA GOMES
O Museu como extensão da sala de aula
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO II
São Paulo
2015
INSTITUTO SUPERIOR DE ENSINO SUMARÉ ISES
LICENCIATURA EM HISTÓRIA
ADEMAR RODRIGUES
MARLUCE CARLOS DE OLIVEIRA SILVA
VERA LÚCIA GOMES
O Museu como extensão da sala de aula
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO II
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Instituto
Superior de Ensino Sumaré - ISES, como requisito parcial
para a conclusão do Curso de Licenciatura em História.
Orientador: Prof.ª. Silene Ferreira Claro.
São Paulo
2015
ADEMAR RODRIGUES
MARLUCE CARLOS DE OLIVEIRA SILVA
VERA LÚCIA GOMES
O Museu como extensão da sala de aula
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Instituto
Superior de Ensino Sumaré - ISES, como requisito parcial
para a conclusão do Curso de Licenciatura em História.
Orientador: Prof.ª. Silene Ferreira Claro.
São Paulo, 09 de dezembro de 2015.
BANCA EXAMINADORA
________________________________________
Prof. Me. Moroni Tartalioni Barbosa
________________________________________
Prof.ª Mª. Raquel Gomes
________________________________________
Prof.ª. Mª Silene Ferreira Claro
DEDICATÓRIA
Dedicamos a Deus, e a nossas famílias pela fé e
confiança demonstrada durante os momentos mais
difíceis.
AGRADECIMENTOS
Foi um grande desafio escrever esse TCC, passamos por diversas dificuldades, mas
graças a muitas pessoas conseguimos superar obstáculos e enfim alcançar mais uma etapa
em nossas vidas.
Iniciamos nossos agradecimentos pelo nosso Pai Celestial, pois nele concentramos
nossos pensamentos para a execução de todos os acontecimentos de nossas vidas.
Foi com a graça de Deus que tivemos saúde e sabedoria para caminhar numa
extensa trilha do saber, absorvendo todo o conhecimento possível, através de grandes
mestres que com certeza também foram influenciados pela força suprema do universo.
Foi através dos obstáculos que passamos durante esses três anos que alcançamos
um nível de empatia, simpatia e controle das nossas atividades intelectuais.
Agradecemos ao ISES, com sua primorosa direção e administração por abrirem
suas portas e janelas pela qual vislumbramos este futuro que nos aguarda.
Agradecemos ao nosso orientador Me. Thiago Figueira Boim, pela paciência e
orientação.
Ao professor Moroni Tartalione por nos inspirar na escolha do tema.
Nossa querida coordenadora do curso Silene Ferreira Claro com certeza foi mais
uma mestra fundamental durante todo o nosso curso apoiando, orientando no estágio
supervisionado e tantas outras questões acadêmicas.
Aos nossos mestres que sempre estiveram dispostos a nos ajudar na transposição
das dificuldades e barreiras e foram fontes inspiradoras em especial ao professor Felipe
Henrique Gonçalves da Silva, que nos proporcionou aulas inesquecíveis.
Agradecemos também aos nossos coordenadores do estágio supervisionado que
também deram informações preciosas na execução do nosso TCC.
Muito obrigada aos nossos amigos professores e bibliotecários fora da nossa
instituição de ensino, queridas Ana Maria Machado Tonon, Rosilene Barbosa, Vilma Lúcia
de Oliveira e queridos Marcel José Araújo, Jefferson de Andrade, Reginaldo Assis Batista,
que contribuíram com fornecimento de materiais didáticos que foram utilizados para leitura
e orientação.
Aos nossos familiares, Talita Gomes e José Silvano da Silva que sempre estiveram
ao nosso lado nesta caminhada, naquelas noites mal dormidas e fins de semana de estudo
exaustivos. Nestes momentos difíceis, estiveram nos oferecendo à força e estímulos para
necessários para continuarmos.
Agradecimentos indispensáveis aos colaboradores do Museu de Arqueologia e
Etnologia da Universidade de São Paulo – MAE/USP, que acompanharam nossas visitas em
suas unidades durante nossas pesquisas.
Agradecimentos especiais a Doutora Francisca Aida Barboza Frigols do
Departamento de Documentação do MAE/USP, Profa. Dra. Maria Cristina Oliveira Bruno,
diretora do MAE/USP, Ader Gotardo, fotógrafo do MAE/USP e Maria Aparecida Gomes de
Andrade e Alexandra Pedroso Simões.
Agradecemos aos nossos amigos pelas palavras necessárias nos momentos difíceis,
pelos auxílios nos trabalhos e dificuldades e principalmente por estarem ao nosso lado nesta
caminhada tornando-a mais fácil e agradável.
Agradecemos aos nossos empregos que financiaram essa jornada e ao FIES, que
tornou um sonho de graduação possível.
Enfim, oferecemos para todos que direta ou indiretamente contribuíram para nossa
formação, os mais sinceros e profundos agradecimentos.
“Enquanto os rios correrem para o mar, os
montes fizerem sombra aos vales e as estrelas fulgirem no
firmamento, deve durar a recordação do beneficio
recebido na mente do homem reconhecido.”
Virgílio
RESUMO
Este trabalho tem o intuito de realizar uma análise da utilização do espaço
museológico como espaço de aprendizagem, introduzindo as visitas museológicas a fim de
estender o assunto estudado em sala de aula.
Desta forma a utilização do museu como uma extensão da sala de aula, se
transforma numa ferramenta a mais para que o professor amplie seu campo de atuação, e
obtendo resultados no Ensino de História, diminuindo a distância entre o objeto de estudo,
em sala de aula do universo do aluno, tornando a aula mais atraente.
Na trilha de perguntas e respostas ao longo deste trabalho, para melhor analisar a
funcionalidade de utilizar o museu como extensão da sala de aula, foi necessário pesquisar o
projeto Lugares de Aprender, pesquisar o MAE e buscar uma relação de como utilizar o
intercambio da escola o museu e aplicar as propostas deste projeto.
Para este estudo, usamos como referência o MAE/USP como espaço de mediação e
aprendizado com o aluno.
Tudo isto apoiado em pesquisas de estudiosos no assunto como nosso orientador
Moroni Tartalione, Circe Bittencourt e Marlene Suano.
Os museus são um fator relevante para potencializar o conhecimento escolar e
promove uma educação informal, isso torna a visita ao museu desde que orientada, a ser um
evento prazeroso e agradável e os alunos tem liberdade para conhecer e explorar elementos
até então desconhecidos.
Com esta proposta pesquisamos a Proposta Curricular do Estado de São Paulo
(2008) a fim de encontrarmos uma direção para guiar os nossos passos rumo ao objetivo de
criar uma aula agradável e produtiva.
Palavras Chaves: professor, museu, ensino de História, sala de aula, alunos.
INDÍCE DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 - Exposição Cidade de Pedra.................................................................................... 35
Figura 2 - Arqueologia Brasileira ........................................................................................... 36
Figura 3 - tanga marajoara ...................................................................................................... 36
Figura 4 - Arqueologia Médio Oriental .................................................................................. 36
Figura 5 - Arqueologia Pré-colombiana ................................................................................. 37
Figura 6 - Arqueologia Africana e Afro-brasileira ................................................................. 37
Figura 7 - Arqueologia Brasileira ........................................................................................... 38
Figura 8 - Ensino no MAE ..................................................................................................... 39
Figura 9 - Encontros de Formação ......................................................................................... 40
Figura 10 – Kit de Objetos Arqueológicos e Iconográficos ................................................... 40
Figura 11 – Maleta de Objetos Arqueológicos e Iconográficos ............................................. 40
Figura 12 - Kit infantil Indigena ............................................................................................. 41
Figura 13 - Kit Multisensorial ................................................................................................ 42
Figura 14 - Valise Objetos do Homem ................................................................................... 42
Figura 15 - Visita na Reserva Técnica ................................................................................... 43
Figura 16 - Visita á reserva técnica ........................................................................................ 44
Figura 17 - Terceira Idade ...................................................................................................... 45
Figura 18 - Atividades férias .................................................................................................. 45
Figura 19 - Pesquisa ............................................................................................................... 46
Figura 20 - Pesquisa ............................................................................................................... 47
Figura 21 - Biblioteca ............................................................................................................. 48
Figura 22 - Biblioteca ............................................................................................................. 49
Figura 23 - Projeto LABECA ................................................................................................. 50
Figura 24 - novos talentos ...................................................................................................... 50
Figura 25 - Nossa visita no MAE/USP ................................................................................... 53
Figura 26 - CARTAZ DE EXPOSIÇÃO ................................................................................ 53
Figura 27 - URNA MORTUÁRIA INDIGENA .................................................................... 54
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 11
CAPITULO I ........................................................................................................... 14
1 O ENSINO DE HISTÓRIA E O MUSEU .......................................................... 14
1.1 O Museu e o currículo escolar ........................... Erro! Indicador não definido.
1.2 Museu e exposições ...................................................................................... 16
1.3 Mudanças a partir do século XV ........................ Erro! Indicador não definido.
1.4 Museu e Memória ......................................................................................... 21
1.5 Preservação do Patrimônio ............................................................................. 24
CAPITULO II .......................................................................................................... 26
2 A INTEGRAÇÃO DA SALA DE AULA E O MUSEU ....................................... 26
2.1 Museu e cultura escolar ................................................................................. 26
2.2 Espaço de aprendizagem. ............................................................................... 27
2.3 O Museu como ferramenta para aprendizagem ................................................. 28
2.4 Uma extensão da sala de aula ......................................................................... 30
CAPITULO III ........................................................................................................ 33
3 MAE – MUSEU DE ARQUEOLOGIA E ETNOLOGIA .................................... 33
3.1 MAE – Museu de Arqueologia e Etnologia da USP e seu Acervo ...................... 34
3.2 O MAE e o ensino ........................................................................................ 38
3.3 Encontros de Formação ................................................................................. 39
3.3.1 Kits de objetos infantis indígenas ............................................................. 41
3.4 Kit multissensorial ........................................................................................ 41
3.5 Valise Origens do Homem ............................................................................. 42
3.6 Visitas ......................................................................................................... 43
3.7 Trabalhos com a terceira idade ....................................................................... 44
3.8 Atividades de férias....................................................................................... 45
3.9 Pesquisa ....................................................................................................... 46
3.10 Revista ..................................................................................................... 46
3.11 Biblioteca ................................................................................................. 47
3.12 Parcerias ................................................................................................... 49
3.12.1 Novos talentos ....................................................................................... 50
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 51
5 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 55
11
INTRODUÇÃO
O presente trabalho se propõe a contribuir com a compreensão da relação museu-
escola ao analisar estas expectativas e como elas são correspondidas após a visita a um
museu de ciências.
Quando crianças, estudávamos na escola e gostávamos dos passeios que a escola
oferecia, muitos deles eram para exposições e museus, lembramos que em muitos casos os
professores faziam destas saídas um passeio sem muitas vezes preparar os alunos para tal
momento, quando os alunos chegavam se dispersavam em alguns grupos, cada um ia para
um lado sem seguir um roteiro em muitos casos, quando retornava para a escola, no máximo
era realizado um bate papo, destacando algumas coisas do dia que os alunos queriam, sem
promover a potencialização desta visita para o a proposta curricular da escola, previsto no
plano pedagógico.
Pensando neste fato é que o problema levantado na nossa proposta ao fazer este
TCC, foi procurar conhecer mais profundamente os museus e colocar na nossa vida diária
como futuros professores de história o hábito e prática de usar o museu como uma extensão
da sala de aula, com mais uma ferramenta para auxiliar e tornar o ensino de história mais
agradável para os alunos.
Em nossa formação para professores, entendemos que existe a necessidade e
oportunidade de utilizar técnicas diversas para potencializar o assunto estudado.
Na pesquisa de campo podemos levantar as expectativas e maneiras como o aluno
se comporta diante dos objetos encontrados no museu e analisar a contribuição do museu
para o ensino médio e fundamental.
Durante a confecção deste trabalho, procuramos vários documentos, como livros,
revistas, artigos e teses de autores que pudessem orientar nossa pesquisa para irmos à busca
da analise da funcionalidade de utilizar o museu como extensão da sala de aula e para isso
também foi necessário pesquisar o projeto Lugares de Aprender, pesquisar o MAE e buscar
uma relação de como utilizar o intercambio da escola o museu e aplicar as propostas deste
projeto.
Entre a bibliografia escolhida, escolhemos o trabalho do professor Moroni
Tartalione Barbosa que foi uma grande inspiração e norte para o desenvolvimento deste
trabalho.
12
De acordo com a Proposta curricular do Estado de São Paulo (2008) um dos
conceitos abordados no ensino de história, são tempo e sociedade, história e memória,
história e trabalho e cultura e sociedade, onde são propostos utilização de meios como
estudar diversas fontes escritas, mapas, imagens e através deles conhecer os mitos e
memória dos momentos históricos envolvidos no currículo escolar.
Dentre os vários museus localizados em São Paulo, vislumbramos uma opção
sugerida pelo nosso orientador Thiago Figueira Boim, muito interessante para os professores
intermediarem as visitas dos alunos, que são o MAE1 – Museu de Arqueologia e Etnologia
da Universidade de São Paulo, localizado na Cidade Universitária.
No MAE conhecemos as possibilidades de pesquisa e o trabalho que eles
fazem com os professores, apoiando a programação de visita monitorada e auxilio aos
professores que queiram fazer o curso de extensão. Neste curso de duração de quatro horas é
possível conhecer diversos kits que o museu disponibiliza para os professores fazerem uma
prévia com os alunos na sala.
Escolhemos o MAE por apresentar características que favorecem o envolvimento
com os alunos do ensino fundamental e médio e ter fácil localização.
O MAE possui diversos ambientes tornando possível desenvolver objetivos ligados
ao currículo escolar e assim complementar o que o aluno aprende na escola.
Durante o ano este museu apresenta diversas exposições e atividades onde os
visitantes podem interagir com os objetos, assim adquirindo maior afinidade com os
acontecimentos de onde esses objetos são provenientes.
Segundo a Proposta Curricular do Estado de São Paulo, pra que serve a história, é
uma pergunta que está sempre sendo reformulada e que tem várias respostas.
“O problema é que, enquanto a função do compositor, que extrai sua
música do coração do silêncio, parece ser a de despertar nossos
sentidos, o problema do (a) professor (a) de História, que deve
extrair conhecimento dos distantes tempos passados, é bem
diferente. Inicialmente, os programas atribuem ao (à) docente a
responsabilidade de conduzir os alunos por caminhos que levem ao
exercício pleno da cidadania. Cabe-lhe acompanhar, sem dirigir, os
momentos iniciais da formação da consciência crítica de crianças e
adolescentes, a partir de sua experiência cotidiana. Para isso,
esperasse que ele superasse as sempre lembradas formas tradicionais
de ensino, que parecem valorizar, sobretudo, o sentimento de
1 MAE – Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo, abriga acervos oriundos do Museu
Paulista, conhecido como Museu do Ipiranga.
13
pertencer – para servir – a uma grande nação, assim como fizeram os
heróis responsáveis por sua construção.” (PCSP 2008, p.41)
O ensino da história traz o conhecimento dos acontecimentos, porém sem
julgamentos, apenas narrações dos documentos e objetos encontrados e a partir dessa
descoberta procurar criar um mundo melhor a partir desses conhecimentos.
“Quem trabalha com História sabe – ou deveria saber – que seus
julgamentos são inócuos, não produzindo quaisquer efeitos sobre os
tempos passados. Em outras palavras, é claro que é importante
denunciar a violência genocida da conquista da América, da
escravização de negros e índios, das fogueiras da Inquisição, das
guerras e bombardeios, das práticas de racismo, mas nenhum desses
temas irá devolver a vida e a dignidade usurpadas de milhões e
milhões de pessoas, ao longo dos séculos” (PCSP, 2008, pp.42.).
De modo geral há um senso comum predominante sobre o pensamento que a
disciplina de História é uma matéria muito fácil, que qualquer um pode lecionar, apenas
ensinando datas, nomes importantes e acontecimentos políticos.
A abordagem do ensino de História possibilitando ao aluno a oportunidade
encontrar algo mais do que datas e nomes, tornando uma disciplina atraente e fascinante é a
hipótese a ser estudada nos capítulos que seguem.
Primeiramente estudamos alguns conceitos históricos do museu, também um pouco
dos lugares de memórias, para seguindo adiante procurar possíveis propostas oferecidas para
adequar os recursos oferecidos dentro e fora da escola.
As ferramentas pedagógicas oferecidas pelo material didático baseado no currículo
escolar, de acordo com os autores escolhidos para trabalharmos o tema museu como
extensão da sala de aula seria capaz de possibilitar uma aliança de recursos capaz de
aprofundar o potencial de aprendizagem do aluno.
No segundo capitulo procuramos situar a sala de aula como um local propicio para
o aprendizado e a extensão para potencializar esse ensino seria o museu. Através de
atividades lúdicas e praticas a exploração do museu é a hipótese de melhor aproveitamento
escolar onde o professor vai agir na mediação.
Já no terceiro e último capitulo fazemos a descrição do museu visitado e suas
características físicas e pedagógicas, procurando desvendar no conteúdo do museu as
perspectivas favoráveis para entender o ensino da sala de aula e vice-versa.
Concluindo nosso objetivo de aliar o conhecimento adquirido no museu para
potencializar o tema projetado no currículo escolar dentro da escola.
14
CAPITULO I
1 O ENSINO DE HISTÓRIA E O MUSEU
Neste capitulo a proposta é apresentar os significados e um breve relato do início do
museu, suas propostas de educação para as escolas. Fazer também sua relação e algumas
possibilidades de se usar a aula-visita ao museu na educação histórica. Por fim, mostra-se a
perspectiva e proposta do museu na área de Educação.
Há muito tempo tem se perpetuado este mito da disciplina de História ser fácil de
lecionar e os alunos não terem o interesse nesta aula. Porém, cabe ao professor mudar este
paradigma, e buscar uma alternativa para que a história alcance outros horizontes, embora a
aula expositiva seja importante, é tanto quanto, fugir da mesmice que predomina a escola
nos dias de hoje, deixando os alunos apenas como meros expectadores e leitores dos livros
didáticos.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) sugerem que o professor e o aluno
utilizem de métodos de leitura e análise de documentos, sendo de grande benefício a todos,
pois os resultados são aulas mais atraentes com a participação dos alunos, pois estes recursos
fazem parte dos saberes, “Dar aula é uma ação complexa que exige o domínio de vários
saberes característicos e heterogêneos” (BITTENCOURT, 2008, p.51).
Para conseguir trabalhar em sala de aula, o bom professor deve se utilizar de
criatividade e aguçar a curiosidade dos os alunos, são elementos que não podem faltar em
sala de aula, assim a utilização destes saberes poderá alcançar os resultados imaginados.
Encontramos o conceito de historicidade e memória estudando Le Goff, que aponta
que as origens históricas passaram a desempenhar o historicismo e primeiro plano na
renovação epistemológica a partir da segunda metade do século XX.
“O conceito de historicidade desligou-se das suas origens
"históricas", ligadas ao historicismo do século XIX, para
desempenhar um papel de primeiro plano na renovação
epistemológica da segunda metade do século XX. A 'historicidade'
permite, por exemplo, refutar no plano teórico a noção de "sociedade
sem história", refutada por outro lado pelo estudo empírico das
sociedades estudadas pela etnologia”. (Lefort, 1952)
A necessidade e importância da preservação da memória carecem de organização
dos objetos encontrados e transformação dos objetos em documentos históricos para tornar
15
possível essa preservação conforme Le Goff aponta para estudos de Changeux.
“O processo da memória no homem faz intervir não só a ordenação
de vestígios, mas também a releitura desses vestígios” e "os
processos de releitura podem fazer intervir centros nervosos muito
complexos e uma grande parte do córtex”, mas existe certo número
de centros cerebrais especializados na fixação do percurso mnésico".
(CHANGEUX, 1972, p. 356)
Ainda existe um processo mais complexo nesta tentativa de se fazer do museu uma
extensão da sala de aula e da própria sala uma extensão do museu, onde alguns fatores
podem e devem ser levados em consideração, pois contribuem o desenvolvimento deste
procedimento.
Kátia Abud nos mostra a necessidade de haver uma preparação quando se planeja
uma saída com os alunos e não apenas encarando como um passeio recreativo. Como
professores devemos ter este cuidado para não cairmos neste mesmo erro e extrairmos o
melhor desta oportunidade que os alunos terão.
Na perspectiva de Kátia Abud encontramos o seguinte conselho:
“A visita deve, preferencialmente, estar inserida no contexto de um
projeto de ensino em desenvolvimento na escola. [...] outra ação
importante é planejar o que será feito com as informações adquiridas
no museu, bem como as possibilidades de aprofundamento desse
conhecimento (por meio de pesquisa posterior) e a divulgação dos
saberes construídos para os demais alunos da escola.”
(ABUD, 2010: p.140).
Circe Bittencourt que corrobora também com o pensamento de uma melhor
proposta pedagógica para explorar os benefícios da utilização da visita ao museu, benefício
esse de tornar a história menos teórica e mais pratica aos alunos, entrarem em contatos com
tais fatos ou objetos ao universo do aluno, deixando assim a aula ou visitação em um
ambiente atrativo e mais interessante com maiores resultados, fazendo de uma visitação uma
extensão da sala de aula, aproveitando de forma positiva com os alunos os momentos que ali
estão:
“O Potencial educativo dos museus tem sido preocupação dos
especialistas, Elaine Hirata, do MAE - Museu de Arqueologia e
Etnologia da USP constatou que para” boa parte dos professores, o
museu assume uma função especifica: o seu acervo ilustra, de
maneira concreta, as aulas de História, os artefatos se restringem,
deste ponto de vista, ao complemento ideal para o documento
16
histórico por excelência, isto é o texto [...] Ainda na palavra da
autora, as visitas “tradicionais”, com monitoração exercida pelo
professor ou então por intermédios de um roteiro escrito,
acarretavam não “só uma visão parcial do acervo, como também
incentivava as crianças a uma cópia frenética das legendas e
painéis sem uma compreensão do real significado dos objetos
expostos” (Hirata, 1985, p12-13). “Essa forma de visitar os museus
faz que os objetos permaneçam inacessíveis, conclui, sendo preciso
desencadear uma ação educativa que estimule à sensibilidade a
linguagem plástica”. (BITTENCOURT 2008, p 354-355).
1.1 Museu e exposições
As exposições museológicas têm o objetivo de instruir comunicar ideias e conceitos
ao seu público visitante na história etimológica da palavra 'museu', encontram-se as
seguintes explicações: a palavra vem de "musa”, e as musas eram as divindades da antiga
mitologia grega. A palavra museion designava os templos das musas que existiam no
Helecion, em Atenas, onde eram depositados objetos preciosos oferecidos às divindades em
sinal de agradecimento. (SANTOS, 1990).
As coleções eram custodiadas pelo Clero, que pregava “o despojamento pessoal, o
desprendimento dos bens materiais supérfluos” (SUANO, 1986, p. 14), e assim, formalizava
pactos políticos, financiando as guerras do Estado Papal. No entanto, essa situação se alterou
ao final desse período quando príncipes das cidades italianas começam a formar suas
coleções particulares. Neste momento o museu tinha função de “Gabinetes de Curiosidade”
e as coleções passam a ser divididas em categorias do tipo “reserva e prestigio social”, de
“valor mágico”, de “lealdade de grupos”, de “curiosidade” e de “pesquisa”. Sendo assim, “a
coleção tem o objetivo de retratar, ao mesmo tempo, a realidade e a história de uma parte do
mundo, onde foi formada, e, também, a daquele homem ou sociedade que a coletou e
transformou em „coleção‟.” (SUANO, 1986, p. 12).
Segundo Suano (1986, p. 22). As coleções se tornaram abertas ao público a partir
do final do século XV. Com o movimento da reforma religiosa, a cultura passou a ser
compreendida como agente de defesa e preservação da sociedade cristã, sendo criado neste
período, bibliotecas e museus, que funcionavam como centro didático. Nesse período os
museus eram compostos de materiais clássicos (obras de arte aceitas pela Igreja) e, peças
advindas de missões jesuítas que impulsionaram o museu a se tornar uma máquina
pedagógica.
Ao “final do século XVII e começo do século XVIII viram a cristalização da
17
instituição museu em sua função social de expor objetos que documentassem o passado e o
presente e celebrassem a ciência e a historiografia oficiais.” (SUANO, 1986, p. 23).
Considera-se que o primeiro museu aberto ao público foi em 1683, o Ashmole Museum,
ligado à Universidade de Oxford, Inglaterra. (GROSSMANN; RAFFAINI; TEIXEIRA
COELHO, 2004). Mas tanto este museu como os da Igreja tinham visitação bastante restrita
à cúpula da Igreja, aos artistas, à elite governante, e aos especialistas, estudiosos e estudantes
universitários.
A política econômica dos séculos XVI – XVIII que gerou uma política educacional
e cultural responsável, em parte, pela ampliação do acesso às grandes coleções. [...] Assim,
pouco a pouco, a permissão para visitas a galerias dos palácios, aos „gabinetes‟,
“guardarobas” e mesmo “museus”, como eram chamados os lugares onde se guardavam as
coleções, começam a surgir em toda a Europa. (SUANO, 1986, p. 25-26).
No fim do século XVIII, também conhecido como “Século das Luzes” 2a Europa
vivia tensões sociais, o autoritarismo da realeza perdia espaço para as reações populares.
Através desse movimento revolucionário do final do século XVIII3 que se abriu
definitivamente o acesso às grandes coleções, tornando-se efetivamente públicas. A
revolução burguesa, os enciclopedistas, a revolução francesa, entre outros acontecimentos,
culminou na insistência da necessidade de educação como grande arma dos países
modernos. E o museu correspondia bem a essa necessidade da burguesia de se estabelecer
como classe dirigente.
São as ideologias dos pensadores liberais, que vão fomentar movimentos de
emancipação no Novo Mundo – como a independência Norte Americana, em 1776, e a
Inconfidência Mineira, em 1789, em Minas Gerais, Brasil, a exemplo da Revolução
Francesa, desse mesmo ano, considerada o grande acontecimento europeu do período. Na
Europa, a política educacional pós-revolução vai trazer importantes mudanças conceituais ao
transformar o súdito em cidadão e prepara- ló para participar do governo do país. De estatal,
a educação passa a nacional. (MATTOS, 2010, p. 31).
As autoras defendem a tese que o desenvolvimento das “ideias museológicas” em
paralelo às “ideias pedagógicas” desde a Renascença até o Iluminismo, se encaixa nos
princípios da “pedagogia humanista” e “a qual valorizava os métodos indutivos e
2 Século das Luzes: em francês a referencia ao iluminismo é Lumières, a palavra em inglês é Enlightment e na
língua alemã é Aufklärung.
3 Iluminismo: foi o movimento intelectual no século XVIII, no qual a centralização da ciência e racionalidade
crítica.
18
experimentais, e reconhecia a importância da observação dos fatos e da ação como meio de
aprendizagem.” (MATTOS, 2010, p. 29). Corroborando com este contexto, Lara Filho
(2006, p. 47), defende que o museu foi um instrumento para afirmar os princípios do
Iluminismo, transformando-se num laboratório de ideias ousadas e inovadoras. Neste
momento, surge o conceito de curadoria, que era a organização e disposição dos objetos em
exposição, de modo a criar um discurso.
Com o objetivo de “ensinar” a nação, difundir o civismo e a história, surge os
vários museus nacionais com interesse em educar do povo. Na França, a Convenção
Nacional, em 1792, aprovou a criação de quatro novos museus a serviço da nova ordem: o
Museu do Louvre4, - a partir do modelo enciclopédico criado por Diderot e d‟Alembert, em
1793 -, com o objetivo de educar a nação nos valores clássicos da Grécia e Roma e naquilo
que representava sua herança contemporânea o Museu dos Monumentos, destinado a
reconstruir o passado, privilegiando o neoclassicismo em detrimento da herança do período
medieval; o Museu de História Natural e o Museu de Artes e Ofícios, sendo todos estes
voltados ao pensamento científico. (SUANO, 1986, pp.28-29). Em Viena, o Belvedere foi
inaugurado em 1783 e o Museu Real dos Países Baixos em Amsterdam (1808). Seguiram-se
o Altes Museum, de Berlim (1810), o Museu do Prado (1819) e o Museu Hermitage, de
Leningrado (1852).
Após este fato na história, traçaram-se os contornos da acepção moderna de
museus, que se consolidou no século XIX com a criação de diversos museus importantes na
Europa,
[...] concebidos dentro do „espírito nacional‟, esses museus nasciam
imbuídos de uma ambição pedagógica – formar o cidadão, através
do conhecimento do passado – participando de maneira decisiva do
processo de construção das nacionalidades. (JULIÃO, 2006, p. 21)
Nos EUA a criação dos museus deu-se de forma diferente dos europeus. Neste país,
a instituição nasceu aberta ao público em sua maioria, mediante a um prévio pagamento na
entrada. Importantes inovações na educação e forma de exposição dos objetos se deram em
solo americano. Também vale lembrar que nos EUA a forte ligação entre interesses privados
e interesse público permitiu a criação e manutenção de diversas instituições sociais,
4 Museu do Louvre – criado em 1793, o Musée Du Louvre, está no palácio do Louvre, em Paris, Mona Lisa e
Vênus de Milo estão expostas lá e também coleções egípcias, greco-romanas.
19
educacionais e culturais e, dentro deste panorama está o museu, - que tem laços fortes com a
comunidade; tendo as Sociedades de Amigos do Museu, organizações poderosas e ricas,
com poder de autoridade nos conselhos diretores destas instituições. (SUANO, 1986, p. 32).
Na América do Sul, os museus passam a existir a partir do século XIX, sendo que
os seus primeiros passos na criação destas instituições aconteceram após suas respectivas
conquistas de independência. Estes museus, modestamente, foram criados aos moldes
europeus, que perduraram até o século XX. (SUANO, 1986).
“... é possível dizer que no século XIX firmaram-se dois
modelos de museus no mundo: aqueles alicerçados na história
e cultura nacional, de caráter celebrativo, como o Louvre, e os
que surgiram como resultado do movimento científico,
voltados para a pré-história, à arqueologia e a etnologia, a
exemplo do Museu Britânico”.
(JULIÃO 2006, p. 22)
No Brasil, os primeiros museus datam-se das iniciativas de D. João VI que cria em
1815 o Museu Real, posteriormente em 1818 se torna Museu Nacional. “No final do século
XIX surgem o Museu do Exército (1864), o Museu Emílio Goeldi, no Pará (1866), o Museu
da Marinha (1868) e o Museu Paulista (1892).” (GROSSMANN; RAFFAINI; TEIXEIRA
COELHO, 2004, p. 270). Os museus iniciaram com características de coleções de história
natural, etnografia, e científico, que se alinhavam ao modelo etnográfico, que se difundiu em
todo o mundo. Entre os anos 1870 e 1930, eram caracterizados pela pretensão enciclopédica,
dedicados à pesquisa em ciências naturais, voltados para a coleta, o estudo e a exibição de
coleções naturais, de etnografia, paleontologia e arqueologia.
O primeiro museu com finalidade pedagógica surge no Brasil em 1883 segundo
Moroni Barbosa, o Museu Pedagógico Nacional ou Museu Escolar Nacional, localizado na
Província do Rio de Janeiro. Este museu teve como objetivo “revelar o estado atual do
ensino primário em todos os graus por meio de uma exposição permanente, a história e
dados e estatísticos do ensino no Brasil seriam mostrados ao público”. (Misan, 2005, p98.)
[...] “ser um centro de aperfeiçoamento constantes de professores com exposições de novos
recursos didáticos, materiais de ensino, biblioteca com acervo sobre as publicações
internacionais pedagógicas”. (BITTENCOURT, 1991. p. 251)
Na linha de pensamento de Mattos e Mattos (2010), neste período, sob a influência
20
de ideias iluministas e cientificistas portuguesas, é que se inicia o interesse pelo estudo de
acervos museológicos brasileiros, que nasce relacionado com uma instituição escolar e com
a Academia, obedecendo às orientações da Universidade de Coimbra. As autoras reforçam
que, apesar de o Museu no Brasil ter surgido com finalidades educativas, podemos verificar
que, por herança.
“Nossos primeiros museus nasceram como obrigação copiada de
museus europeus, sem o menor equacionamento aos nossos anseios.
Durante todo o século XIX, vão surgir em várias capitais de
províncias os Museus enciclopédicos, muito mais preocupados na
acumulação de coleções e nas pesquisas realizadas por “homens
sábios”, do que na comunicação e no diálogo com a população”.
(MATTOS, 2010, p. 38).
Diante do exposto, pode-se afirmar que embora o museu público seja datado a
partir da abertura do Museu Britânico, a instituição demorou a ser de fato “a serviço do
público” como já mencionado anteriormente. Isso se deu pelo fato de o público não se ver
representado por estas instituições. De acordo com Suano (1986), até meados do século
XIX, o museu público não foi feliz e fecundo. Isso se explica pelo fato de muitos museus
não terem uma política de definição e orientação do acervo, bem como de suas atividades
voltadas ao público, simplesmente se acumulava e se exibia, se sucedendo diante dos salões,
o tédio e o desinteresse do público.
É na segunda metade do século XIX que o público faz suas primeiras críticas
reivindicatórias quanto à exposição, ao atendimento e o museu passa a ser reconhecido como
um espaço educativo. Também se data neste período o museu como objeto de estudo e a sua
especialização – Museológica, como área do conhecimento. Com isso intensificam-se os
debates em torno de planos de ação, remanejamento de coleções, distribuição de
responsabilidades, arquitetura e ambientação, serviços oferecidos. Pode-se considerar que
nestes debates surge a figura do mediador, como mostra a revista Gazette des Beaux Arts, de
roteiros preestabelecidos, com “guias permanentes” para escolares e crianças e implantação
de um departamento especialmente voltado para o público. (SUANO, 1986, p. 45). Nota-se
que iniciava a apontar a necessidade de “pessoal especializado” para o trabalho nos museus
Deste modo, o museu que conhecemos hoje foi “inventado” no século XIX. Após
as mudanças mencionadas e a virada para o século XX vai se acentuar o que começara neste
século, “os museus crescem em número e diversidade e as reflexões sobre seu estatuto e
papel social, aos poucos, ganham importância”. (LARA FILHO, 2006, p. 76).
21
1.2 Museu e Memória
Maria Margaret Lopes, (BREFE-1999, pp.33), sobre as origens dos museus no
Brasil, principalmente o Museu Paulista onde guarda grande parte do acervo sobre a
independência do Brasil.
Acontece a partir do século XIX pela via de historia natural com bases
antropológicas, quando a vinda da família real veio para o Brasil, com a Missão Artística
Francesa de 18165, e a partir de 1870, inicia-se um novo ciclo onde o interesse pela criação
de uma identidade cultural começa a germinar através dos intelectuais, onde a História
Natural é a principal característica dos museus, entre 1818 e 1922, segundo Maria Margareth
Lopes.
Quatro destaques importantes e pioneiros de museus no Brasil foram Museu Real,
que se transformou em Museu Nacional, Museu Paraense Emilio Goeldi (1871), Museu
Paranaense (1876), Museu Botânico do Amazonas (1883) e Museu Paulista (1890).
Brefe destaca a afirmação de Lopes na citação abaixo:
“Em compasso, portanto com os interesses das elites locais, mas
também acompanhando, com certo atraso, o desenrolar das ciências
no contexto internacional, os museus se transformam, como é o caso
do Museu Paulista, a partir de meados da década de dez deste
século. È justamente este momento de clara inflexão que me
interessa abordar aqui, pois é ai que começa a se delinear
claramente o perfil de um museu histórico, dentro dos quadros de
um museu ainda enciclopédico. A partir de então a convivência, que
nunca fora especifica, entre o acervo de objetos históricos e as
coleções de História Natural, começa a ficar insustentável.”
(BREFE, 1999)
Um destaque para outros museus criados no século XIX, por Mário Barata (1986) é
o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, em 1850.
A partir do século XX o museu assume suas características de arquivo e de templo
histórico da nação na visão de José Marianno6, não importando apenas seus valores
estéticos, mas sim sua importância na preservação do passado da nação.
O Museu Paulista, com a entrada de Taunay na sua organização, passa a ter um
caráter historiográfico muito importante apesar de Taunay não ter um trabalho de
museologia.
5 Missão artística: Movimento artístico proveniente da França, com a chegada da coroa portuguesa ao Brasil,
essa missão artística foi um marco no ensino das artes no Brasil. 6 Marianno, José. “As margens do museu histórico” Revista do Brasil, nº 82, 1922.
22
Ele faz criticas ao tamanho e organização as obras no Museu Paulista, localizadas
na sala B8, onde as aquisições de obras eram feitas na sua maioria através de doações, não
havia investimentos para enriquecer o local, o que dificultava o caráter histórico do local.
Faltava espaço para disposição de telas e a disposição das mesmas era desfavorável, segundo
Ihering. As obras estavam como que entulhadas de qualquer jeito, não valorizava sua
visualização.
Muitos dos objetos apresentados não faziam parte da historiografia brasileira como
uma cópia da coleção do Thesouro de Boscoreale, a original se encontra no Louvre em
Páris. Os visitantes cultos caçoavam do museu pela má organização e falta de foco.
“A má impressão que essas salas pareciam causar no visitante,
segundo conta Taunay, devia-se sem dúvida, ao contraste existente
entre as coleções de História Natural, rigorosamente classificada e
exposta segundo os critérios vigentes na disciplina cientifica e as
coleções de historia, que mais pareciam um depósito de coisas
antigas e disparatadas, um velho gabinete de curiosidades, bem ao
gosto dos colecionares dos séculos anteriores. Os objetos pareciam
aleatoriamente expostos, sem qualquer tipo de classificação,
temática, tipologia, cronológica, ou outra que fosse. Era esse aspecto
que, certamente, incomodou Taunay ao chegar á direção do Museu,
e o levou como será visto, a transforma-lo por completo,
concedendo valor e, sobretudo, nova organização ás coleções
históricas. “(BREFE, 1999)
Taunay promove mudanças significativas no Museu Paulista e em 1922, inaugura
oficialmente a Seção de História. Desde 1917 ele começa a receber várias doações de várias
cidades do interior paulista, ele consegue expor objetos dos bandeirantes, tropeiros,
produtores de café. Em 1919, iniciam-se os preparativos para comemorações centenárias de
1922, começam a construir o Monumento do Ipiranga. Encomenda quadros e estátuas para
adornar o Monumento. Washington Luís passa a administrar o orçamento da construção do
Museu.
Grandes nomes da nossa história são representados em estatuas como, Fernão dias
Paes Leme, Bartolomeu Bueno da Silva, Paschoal Moreira Cabral, Antônio Raposo Tavares,
Francisco de Brito Peixoto, Gaspar de Godoy Collaço nas escadarias sobre consolos
deixados por Bezzi.
O Museu Paulista é incorporado a Universidade de São Paulo em 1934, pois as
condições financeiras e orçamentarias do Museu Paulista não tem como manter-se sozinho,
e Taunay foi eleito para o Conselho Universitário e para atuar como professor de História da
Civilização Brasileira, essa incorporação também aumentaria o ensino e a ação da
23
Universidade.
As coleções de Ciências Naturais foram transferidas para o (MAE-USP) Museu de
História e Etnologia em 1942.
A direção do Museu passa para Sergio Buarque de Holanda após aposentadoria de
Taunay em 1946.
“Mais depressa que se supusera conseguimos reabrir ao publico, em
condições incomparavelmente melhores, os cômodos da antiga
seção de Zoologia. Quatorze salas novas pudemos oferecer aos
nossos visitantes cheios de vida de antanho regional e nacional,
agora muito melhor distribuídas. A antiga sala única de Etnografia
brasileira pode desdobrar-se em três outras que contamos dentro em
breve, abrir a visitação pública...” (BREFE-1999, pp.269).
Taunay foi muito importante na criação do museu histórico como memória nacional,
com o museu paulista essa ação foi legitimada.
Em 1989 parte do acervo do Museu Paulista passa a compor o Museu de
Arqueologia e Etnologia da USP, o MAE. Neste ano acontece a transferência do pessoal
técnico e materiais históricos, levando ao profissionalismo sonhado no ramo dos museus por
Taunay.
“É a noção de lugar de memória que vem a tona aqui para
compreender o Museu Paulista, lugar de exaltação da memória, de
veneração do passado, mas, sobretudo, lugar de apropriação e de
exercício de História em incessante processo de (re) elaboração.”
(BREFE-1999, pp.281).
Ulpiano de Meneses7 é o organizador do Museu Paulista de 1963à 1968 e passa a
ser o diretor do Museu Paulista de 1989 até 1994 que conduz um novo plano de gestão para
redimensionar a visão do museu.
A crise da memória segundo por Ulpiano de Meneses apresenta alguns tópicos de
extrema importância a serem elucidados, e tem como fatores relevantes aspectos
epistemológicos, socioeconômicos, políticos, técnicos e existenciais que não podem deixar
de ser tratados.
7 Ulpiano de Menezes – Professor Emérito da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da USP dirigiu o
Museu Paulista /USP de 1989 até 1994. Foi o responsável pela organização do MAE de 1963 até 1968 e
passou a ser o diretor do MAE de 1968 até 1978. Desde 2005 passou a integrar o IPHAN a partir de 2005.
24
"A memória, pois, tanto como prática, como representação, está
viva e atuante entre nós. Isso, porém, não significa estabilidade e nem
mesmo situação de equilíbrio e tranquilidade. Pelo contrário, seu status é
extremamente problemático, a ponto de muitos especialistas, como Richard
Terdiman (1993), diagnosticarem, no mesmo quadro acima delineado, uma
verdadeira crise da memória na sociedade ocidental. Para esboçarmos
rapidamente o perfil deste caráter problemático no quadro geral da
memória, conviria apontar suas marcas mais salientes. foram selecionadas
apenas dimensões que pareceram de maior relevância: a epistemológica, a
técnica, a existencial, a politica e a socioeconômica." (MENESES, 1999)
Em entrevista na revista do SESC SP (2011), Ulpiano declara que: “Como o museu
é inventado, sempre acreditei que sua primeira obrigação educacional seria dar a conhecer o
que é um museu e como funciona” e respondendo a questão de qual seria a função do museu
hoje em dia é que não convém um modelo único de museu já que o museu é capaz de
articular múltiplas funções inclusive na educação.
“O mais importante que posso dizer é que não convém reduzir as
funções do museu a um modelo único. É uma tendência forte entre
nós e convém combatê-la. Os museus, ontem como hoje, têm
potencial de exercer várias funções: fruição estética, conhecimento
crítico, informação, educação, desenvolvimento de vínculos de
subjetividade, sonho, devaneio etc. No meu entendimento, o grande
privilégio do museu é poder articular – de preferência solidariamente
– essa multiplicidade de funções, científico-documentais, culturais e
educacionais. Tal privilégio continua em nossos dias.” 8
1.3 Preservação do Patrimônio
Ao analisarmos a bibliografia de Riegl, encontramos na Revista n. 21 do MAE9,
publicada em 2011 uma resenha de Pedro Luís Machado Sanches que versa sobre o culto
dos monumentos10
, Sanches menciona as edições de Riegl (1981; 1982; 1983; 1987; 2003)
com provável criação a partir de influencia da Convenção para Proteção do Patrimônio
Mundial Cultural e Humano da UNESCO11
.
A tradução brasileira nos chegou com a criação do Instituto Brasileiro de Museus
8 Disponível em: https://www.sescsp.org.br/online/revistas último acesso em 05/01/2016.
9 MAE – Museu de Arqueologia e Etinologia da USP
10 RIEGL, A. o Culto dos monumentos na sua essência e sua gênese. Goiânia, Editora da Universidade
Católica de Goiás, 2006. 120 pp. 11
UNESCO – União das Nações Unidas para Educação e Cultura
25
IBRAM12
e Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), pelas
mãos de Elane Ribeiro Peixoto e Albertina Vicentini.
Riegl navega a partir do século XVIII analisando a forma que as sociedades
utilizavam para preservar seus monumentos e patrimônios históricos. (RIEGL 2006, pp. 57)
Foram os greco-romanos que deram inicio aos movimentos de preservação do
patrimônio histórico com suas obras de arte que representavam figuras de reis e heróis
gregos e romanos. (RIEGL 2006, pp. 52).
Os três capítulos que representam o trabalho de Riegl nos trazem seus estudos sobre
a progressão do culto preservacionista dos monumentos e sua importância que a partir do
século XX passa a ter um novo contorno, igualando-se tanto para monumentos antigos
quanto modernos de acordo com a visão atual da cultura germânica.
“só as obras impróprias a todo uso prático atual podem ser olhadas e
apreciadas somente do ponto de vista do valor de antiguidade e sem
consideração do valor de uso; se as obras são ainda utilizáveis, nosso
prazer encontra-se satisfeito quando não apresentam o valor de
contemporaneidade que habitualmente temos.” (REIGL, 2006)
12
IBRAM – Instituto Brasileiro de Museus – Criado no governo Lula, Lei nº 11906, autarquia vinculada ao
Ministério da Cultura. A responsabilidade do IBRAM é cuidar da Politica Nacional de Museus (PNM) e de
melhorias neste setor, aumento das visitas aos museus brasileiros, responsável pela administração de 29
museus.
26
CAPITULO II
2 A INTEGRAÇÃO DA SALA DE AULA E O MUSEU
Neste capitulo temos o objetivo de apresentar a sala de aula como local para
aprendizagem, e o museu como extensão para melhor aproveitamento junto aos alunos.
Utilizamos bibliografia de livros e revistas que exploraram o assunto em busca de
informações que nos levassem ao encontro de como podemos explorar os museus para
melhor aproveitamento e resultados com os alunos, na busca deste resultado em que o
professor pode ser um agente entre o desconhecido e aluno.
2.1 Museu e cultura escolar
Julia em seu artigo “A cultura escolar como objeto histórico” nos diz que a cultura
é como um conjunto de regras definindo o que será ensinado e as práticas necessárias para a
conclusão desta tarefa.
“A cultura escolar é descrita como um conjunto de normas que
definem conhecimentos a ensinar e condutas a inculcar, e um
conjunto de práticas que permitem a transmissão desses
conhecimentos e a incorporação desses comportamentos”. O
trabalho é circunscrito ao período moderno e contemporâneo,
período compreendido entre os séculos XVI e XIX. (JULIA, 2001)
Julia, também aponta as características básicas das encontradas no decorrer dos
séculos XVI e XIX e divide em três etapas, a primeira no século XVI, mostra a escola
chamada hoje de secundária, como um edifício com mobília e materiais específicos, na
segunda etapa definido como moderna ou contemporânea os cursos são em salas separadas e
progressão de nível.
Já na terceira etapa surgem os profissionais especializados em ensinar e
normalmente eram religiosos, surgindo assim às escolas normais. (JULIA, 2001, pp.7)
A escola é um espaço de educação formal onde o conhecimento científico é
repassado, aprendido e valores são disseminados, embora existam outros espaços
educativos, como são as instituições culturais, consideradas como espaços de educação não
formal, tais como os museus com as suas diversas especificações, que podem ser
fundamentais para que possamos nos conectar com nossa própria identidade, estabelecendo
27
um paralelo entre o presente, o passado e o futuro.
A obra de Forquin intitulada “Escola e cultura: as bases sociais e epistemológicas
do conhecimento escolar” (1993) apresentam questões importantes para a cultura escolar,
como o que ensinar, qual a relação para se ensinar um ou outro tema e também relações
entre a erudição, currículo e desigualdades sociais.
Forquin revisa autores importantes no assunto como Raymond Willians, Geoffrey
Bantock na década de 60 e na década de 70 as revisões sobre Young, Vulliamy e Geoff
Whitty, que tinham uma visão sociológica do currículo.
O autor Forquin discute essas relações de cultura e educação com ênfase na
dificuldade que os professores sentem no que vão ensinar, sendo que a cultura é fundamental
e a escola é que tem o dever de programar fazer um script do conteúdo a ser transmitido.
Uma contribuição importantíssima vem de R. Willians sustentando a hipótese de
que as culturas passadas podem sobreviver e ser à base de construção da memória cultural.
A educação vai socializar as pessoas através do patrimônio comum. Também
caracteriza que existe a desigualdade social que priva algumas classes de ter conhecimento e
acesso a muitas oportunidades de conhecimento e cultura conforme revisa os conceitos de
Bantok.
2.2 Espaço de aprendizagem.
Pensando nos conteúdos e disciplinas que são ensinadas na escola, o museu é uma
linguagem experimental e cheia de singularidade, muitas vezes desvalorizada pelas
instituições de ensino, até mesmo pelos profissionais de educação, em muitos casos por falta
de informação, formação e até mesmo comodismo pedagógico, embora também saibamos
que em alguns casos há impedimentos técnicos que dificultam as realizações dessas
atividades, seja pela logística, estrutura, ou a própria mentalidade da instituição. Não nos
cabe apontar um culpado, queremos apenas utilizar os espaços de aprendizagem para
colhermos melhores resultados.
O professor desempenha um papel fundamental, porque este é formador de opinião,
neste sentido, acreditamos que este ensaio em forma de TCC, possa nos servir como
instrumento pedagógico, e melhores mediadores da extensão do ensino de museu em sala de
aula, e aula em espaços museológicos.
O professor não é um mero “reprodutor do saber, o aluno precisa aprender
28
pesquisar, analisar e ter seu senso de crítico para que tenha a capacidade de construir uma
história”. Circe Bittencourt afirma que a História escolar tem um perfil próprio, e de acordo
com Rüsen, em 1986, quando publicado o seu artigo, estavam presentes quatro pontos
principais nas discussões sobre a Didática da História na Alemanha.
O primeiro está relacionado à metodologia de instrução na sala de aula, este não se
limita a sala de aula ele precisa ser pensado de acordo com os alunos eles precisam
participar aprender a fazer, e desenvolver o seu próprio raciocínio, podemos ajuda-lo por
começar pelo cotidiano do aluno, ou seja, o que está a sua volta, quando ele entender sua
identidade estará em condições de entender outras culturas.
O segundo elemento diz respeito à investigação da consciência histórica produzida
pela vida pública. Nesse caso ajudamos os alunos a trabalhar as fontes, museus, arquivos,
documentos diversos.
O terceiro elemento retoma as questões dos objetivos da educação histórica e de
como estes seriam alcançados. “História como uma matéria a ser ensinada e aprendida tem
de passar por um exame didático referente à sua aplicabilidade de orientar para a vida. Ajuda
o aluno na compreensão humana”.
Já o quarto elemento colocou em debate a análise da natureza, função e
importância da consciência histórica, que Rüsen define como “uma combinação complexa
que contém a apreensão do passado regulada pela necessidade de entender o presente e de
presumir o futuro”.
A pesquisa do autor nos dá a entender que dentro dos princípios em sala de aula
precisamos ensinar o aluno a ter uma consciência histórica, e podemos começar pelo
cotidiano do aluno, ensinar a questão da temporalidade, quando temos a memória o fato
histórico precisa ser construído e cada tempo traz seus valores e formas de organização
social entender a temporalidade pode ajudá-lo a situar a história ou o seu objeto de estudo de
acordo com o tempo mesa pesquisa do que seja estudado no presente.
2.3 O Museu como ferramenta para aprendizagem
Quando falamos em museus, pensamos em diversidade, relacionada a uma dada
comunidade, composta por sujeitos que se expressam a partir do contato com o “outro”, e é
por meio do outro que aprendemos a reproduzir pensamentos, conceitos, ideias, etc.
A diversidade a qual nos referimos é composta por um conjunto de valores, metas,
29
costumes, dentre outros prejuízos por um ou mais sujeitos que fazem parte de uma
determinada comunidade. Nesse aspecto é essa diversidade de valores e experiências que irá
compor a nossa identidade pessoal e social, porém, para que isso se concretize é necessário
que entendamos a nossa própria cultura, para que desta maneira, possamos olhar o
“outro” de maneira significativa e humana.
Para o professor Moroni Tartalioni Barbosa é justamente a disciplina de História,
que busca esta diversidade este diferencial e complemento na busca deste aprendizado:
“... as possibilidades de ensino recaem sobre as evidências materiais,
são oferecidas metodologias de ensino que partam da observação do
cotidiano para que os alunos possam empreender uma investigação
histórica comparativa, buscando refletir sobre as transformações e
continuidades dos processos culturais.” (BARBOSA, 2010, p.32.).
Sendo assim, o ensino de história em espaços museológicos tem um papel
fundamental, quando estamos nestes espaços conseguimos ir a lugares nunca imaginados,
podemos conhecer apreciar e ter um olhar crítico e contextualizado sobre temas do cotidiano
e da nossa realidade.
Segundo Bordieau o conceito de “habitus” que é uma forma aberta de utilização de
ações e percepções que as pessoas adquirem com as experiências sociais, as atividades
culturais vão além de sua percepção e tem o poder de aumentar a compreensão de novas
relações com ambientes e culturas diferentes. É uma possibilidade de obter julgamentos e
criticas de diferentes contextos sociais, culturais e estéticos.
“Enquanto força formadora de hábitos, a escola propicia aos que se
encontram direta ou indiretamente submetidos à sua influência, não
tanto esquemas de pensamento particulares e particularizados, mas
uma disposição geral geradora de esquemas particulares capazes de
serem aplicados em campos diferentes do pensamento e da ação aos
quais se pode dar o nome de habitus cultivado.” (BOURDIEU, 2001,
p.211)
Julia em seu artigo “A cultura escolar como objeto histórico” nos diz que a cultura
é como um conjunto de regras definindo o que será ensinado e as práticas necessárias para a
conclusão desta tarefa.
“A cultura escolar é descrita como um conjunto de normas que
definem conhecimentos a ensinar e condutas a inculcar, e um
conjunto de práticas que permitem a transmissão desses
30
conhecimentos e a incorporação desses comportamentos”. O
trabalho é circunscrito ao período moderno e contemporâneo,
período compreendido entre os séculos XVI e XIX. (JULIA, 2001)
2.4 Uma extensão da sala de aula
Com base nas considerações dos autores, os espaços museológicos são uma grande
possibilidade e ferramenta para entrarmos em contato com o patrimônio cultural de nossa
sociedade e com objetos artísticos, culturais os quais podem aumentar o nosso
conhecimento, estabelecendo um paralelo entre presente, passado e futuro, além desses
documentos escritos, Circe Bittencourt também traz o conceito de documentos não escritos
que podem ser trabalhados em sala de aula para potencializar este aprendizado.
O professor deve estar sempre se capacitando, ele não deve jamais “paralisar” as
ações educativas, mas deve procurar aumentá-las, alguns espaços museológicos oferecem
um repertório cultural ao educador, propiciando que o mesmo se torne um multiplicador de
ações significativas no campo da arte, e assim aproveitando melhor as ferramentas e
oportunidades, quando melhor preparado ele poderá oferecer mais ao aluno que, por sua vez,
conseguirá assim extrair o melhor deste momento.
Como educadores mesmo não sendo especialista em museu, temos essa grande
possibilidade de trabalhar com esta linguagem em sala de aula, utilizando o museu; levando
nossos alunos em exposições e oficinas nos institutos culturais e museus, podendo dialogar e
fazer intervenções pertinentes, também com os espaços museológicos. O espaço
museológico pode ser usado como extensão do ensino na sala e o professor tem a
possibilidade de ser um excelente mediador dessa ferramenta de extensão de aprendizado
nos espaços museológicos e sala de aula.
Além dos recursos tradicionais que os professores se utilizam, Circe Bittencourt nos
traz a concepção de documentos não escritos, objetos que trazem informações sobre o
passado do homem e sua cultura;
“Os objetos de museu fazem parte desses documentos, esses
compõem a cultura material são portadores de informações sobre
costumes, técnicas, condições econômicas, ritos e crenças de nossos
antepassados. Essas informações são obtidas através da leitura dos
objetos transformados em documentos. [...] A potencialidade de um
trabalho para transformar objetos em documentos depende da
inversão do olhar de curiosidade a respeito das peças de um museu,
mudar o seu olhar e o seu pensamento sobre o museu de um passado
ultrapassado e atrasado para um olhar de indignação, informação
que pode aumentar o conhecimento sobre os homens e sua história”.
31
(BITTENCOURT 2008, p 355-358)
De acordo com a autora quando mudamos nosso pensamento sobre o museu ser um
lugar apenas de passado, coisas velhas, é que vamos conseguir obter as informações
necessárias dos objetos expostos, e analisados, assim fazendo uso deste objeto aprendizagem
dos alunos, desta maneira o professor não será apenas reprodutor de ideias ali expostas, mas
sim agente entre seu aluno e o complemento implícito nos objetos analisados.
Ainda segundo a autora os especialistas em educação afirmam dois critérios para o
descobrimento de um objeto, sendo estético e cientifico:
“Estéticos: para o desenvolvimento estético é fundamental a
aproximação do aluno com o objeto, o contato físico com a peça, a
compreensão global proveniente de seu conhecimento intuitivo”.
“Científicos: no cientifico o aluno entende o objeto como integrante
da organização social, da vida cotidiana dos rituais da arte ou ofícios
de determinados grupos sociais.” (BITTENCOURT, 2008, p 355-
358).
Desta maneira o fator estético serve para chamar atenção do aluno para que ele possa
entrar em contato físico com a peça assim iniciar uma compreensão maior e entrar no
cientifico saindo da superficialidade, e começar a entender como objeto que carrega cultura.
Seja este trabalho, análise do aluno em um momento individual ou em grupo para
compreender as questões que envolvam e carregam o objeto.
Neste momento os objetos se transformam em documentos não escrito, que
carregam cultura, hábitos e costumes, trazendo a informação sociais e econômicas dos
indivíduos e sociedades, através da leitura desses documentos, sendo esta leitura princípios
básico para a construção do conhecimento e assim fazendo com que tais locais sejam
espaços de aprendizagem para os alunos. A autora ainda ressalta a importância do diálogo
entre o educador e o aluno nesse processo de aprendizagem, seja em sala de aula, museu ou
outro local para ser usado como local de aprendizagem. (BITTENCOURT 2008).
Como professores e educadores, temos que buscar todas as possibilidades de
utilizar os locais como espaços de aprendizagem, para este desafio de darmos algo a mais e
buscarmos o diferente, encontramos algumas palavras de Paulo Freire que nos chama ao
desafio de surpreender com os desafios:
“... o bom professor é o que consegue, enquanto fala trazer o aluno
até a intimidade do movimento de seu pensamento. Sua aula é assim
um desafio e não uma “cantiga de ninar”. Seus alunos cansam, não
32
dormem. Cansam porque acompanham as idas e vindas de seu
pensamento, surpreendem suas pausas, suas dúvidas, suas
incertezas.” (FREIRE, 2002, p. 33).
Como professores devemos iniciar uma viagem com os alunos em busca do saber,
cativando os alunos a buscar o desconhecido através destas ferramentas que dispomos, o
ensino de História tem sido engessado com apenas números, datas e pessoas que marcaram
seu nome na história, devemos ir além destas barreiras, o aluno deve ser levado a um novo
universo para complementar o conteúdo dos livros didáticos, fazendo assim com que este
universo seja mais atraente aos alunos e assim o professor consiga conquistar maiores
resultados com os alunos, e uma dessas possibilidades além do museu tradicional13
é o
museu aberto14
, que possui características que facilitam seu acesso.
O professor deve explicar que atualmente a pratica artística expandiu de tal forma
que pode estar em espaços fora dos museus tradicionais virtuais, nas ruas, na natureza etc.
Isso acontece por causa da mudança do parâmetro artístico em nosso processo desde a
metade do século XX, que abre espaço com a aproximação da arte com a vida e até o uso de
materiais que antes não eram utilizados em obras de arte. Exemplificando com algumas
obras, monumentos, grafites, esculturas, painéis, em fachadas de prédios, instalações,
desempenho. Principalmente as obras contemporâneas que são muitas efêmeras, que
transmitem mensagens sofisticadas (reciclagem e preservação do meio ambiente).
13 O Museu tradicional comporta coleções de objetos de arte, ciências naturais, etnologia, e história, é um lugar
destinado a estudos desses objetos e documentos históricos.
14 O Museu aberto tem ilustrações a céu aberto, tornando espaços urbanos agradáveis e disponíveis para todos
desfrutarem da arte ali exposta, como muros e viadutos da cidade, também esculturas e monumentos
espalhados pelas praças.
33
CAPITULO III
3 MAE – MUSEU DE ARQUEOLOGIA E ETNOLOGIA
Neste capitulo apresentamos o que pudemos conhecer em nossa visita ao MAE-
USP. Analisamos a perspectiva abordada pelo mestre Moroni Tartalioni Barbosa, em sua
tese apresentada para a PUC – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, sobre o
museu, neste documento ele aborda detalhes do Projeto Lugares de Aprender. Na pesquisa
são abordados materiais que serão usados por professores do Ensino Fundamental II.
A fim de basear e encontrar indícios da funcionalidade desta proposta Moroni
Tartalioni pesquisou teses, periódicos e programas curriculares procurando evidenciar a
aproximação da proposta de integração escola e museu. Nosso querido mestre Barbosa nos
leva a acompanhar sua jornada no ensino fundamental, onde reavaliou as visitas aos museus
como um complemento das aulas.
Projeto composto por cinco capítulos destinado aos professores do ensino básico,
esse projeto também conta com DVDs e programa da TV Cultura. O projeto Lugares de
Aprender compreende um currículo direcionado para o ensino fundamental com eixos
temáticos que compreendem dois anos escolares por eixo, por exemplo: espaços, tempos e
obras para a 5ª e 6ª série fundamental, 7ª e 8ª – patrimônio, expressões e produções, para o
ensino médio o eixo é século, contexto e transformações.
São três publicações de “Horizontes Culturais – Lugares de Aprender”, com textos
para reflexões sobre as visitas e informações sobre museus, centros culturais, parques e
outros lugares de conhecimento cultural em São Paulo e o material é disponibilizado para as
diretorias de ensino.
Ao falar do MAE, é conhecer um lugar que possui muitas atrações principalmente
para o publico escolar. A pergunta que buscamos responder junto com os alunos é se o que
pudemos ver no museu tem a ver com a aula dada em sala e se o museu serviu como meio de
exploração do potencial educativo das exposições.
O roteiro que seguimos de acordo com as atividades oferecidas pelo museu e após
consultas ao PCNs, inicia-se com o professor escolhendo o museu a ser visitado,
consultando as atividades oferecidas, calendários de agendamento e preparar o material
didático da aula que será abordada em conjunto com a visita ao museu.
34
Os alunos puderam responder a pergunta apresentando redações sobre o que viram
e relacionando com o conteúdo didático. Em posse do conteúdo da matéria apresentada em
sala de aula, o aluno poderá aproveitar o potencial educativo do museu e conhecer peças
originais ou mesmo réplicas que darão noção de tempo e memória e a importância de
preservação do patrimônio.
É a oportunidade que o professor tem de mostrar para o aluno que museu é um
lugar de memória e não um lugar de coisas velhas e sem graça. As regras de permanência do
museu também devem ser alertadas para os visitantes, como não tocar nas obras, manter
silêncio e outras regras do local a ser visitado, evitando assim contratempos na visita.
A visita ao museu tem o objetivo de ser prazerosa e criar no visitante o desejo de
retornar, trazer outras pessoas, familiares para conhecer um lugar de memória, valorizar os
momentos passados e trazer conhecimento e cultura para todos de todas as classes.
Os registros do passeio devem ser feitos depois da visita, com calma, refletindo
sobre os objetos observados.
3.1 MAE – Museu de Arqueologia e Etnologia da USP e seu Acervo
O MAE foi criado em 1989.e teve como administrador Ulpiano de Menezes, que
inicialmente participou da organização do museu e depois como administrador.
O MAE nasceu da fusão do Instituto de Pré-História e dos setores de arqueologia e
etnologia do Museu Paulista e do Acervo Plinio Ayrosa do Departamento de antropologia da
Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas da USP.
O Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo tem a
Etnologia, Arqueologia e Museologia em sua constituição museológica universitária
disponibilizam a pratica do ensino e pesquisa em suas instalações.
A Etnologia se baseia nos estudos de cultura material e compreensão de produções
artísticas dos povos ameríndios, facilita o acesso dos indígenas aos acervos.
A Museologia é valorizada através de pesquisas que abrangem historicidade e
analise das construções do Museu.
O acervo do MAE conta com objetos representativos dos indígenas brasileiros da
época colonial até a idade contemporânea, objetos das Américas pré-conquista e influencias
africanas. Também tem materiais referentes à antiguidade clássica mediterrânea e do oriente
médio e suas coleções arqueológicas e etnológicas nos proporcionam o estudo de questões
35
sobre as condições humanas.
Fica possível o estudo dos costumes, modo de falar, vestir, costume sobre os
casamentos, ritual como sepultamentos e outros. As exposições são temporárias com temas
relevantes aos seus objetos de estudo, e com elas acontecem programas educativos para
incentivar o conhecimento destas pesquisas para grupos de diferentes faixas etárias.
Figura 1 - Exposição Cidade de Pedra
Fonte: site do Mae15
O acervo documental do MAE é composto de documentação textual, iconográfica e
audiovisual referente às suas coleções Arqueológicas e Etnográficas. Integra, além da
documentação produzida no âmbito das atuais pesquisas realizadas pelo MAE/USP, os
fundos documentais do antigo Instituto de Pré-História e Museu de Arqueologia e Etnologia,
do Museu Paulista e do Acervo Plínio Ayrosa da FFLCH/USP.
15 Fonte: disponível em: http://www.nptbr.mae.usp.br/wp-ontent/uploads/2012/10/exposicao-cidade-de-
pedra.jpg: acesso em dez.2015
36
Figura 2 - Arqueologia Brasileira
Fonte: site MAE16
Figura 3 - tanga marajoara
Fonte: site do MAE17
Figura 4 - Arqueologia Médio Oriental
Fonte: site do MAE18
16
Fonte: disponível
em:http://www.nptbr.mae.usp.br/wpcontent/uploads/2012/10/acervo_arqueologia_brasileira.jpg: acesso em
dez.2015 17
Fonte: disponível em: http://www.nptbr.mae.usp.br/wp-content/gallery/arqueologia-
brasileira/thumbs/thumbs_marajoara_tanga.jpg: acesso em dez.2015 18
Fonte: disponível em: http://www.nptbr.mae.usp.br/wp-
content/uploads/2012/10/acervo_arqueologia_classica_meido_oriental.jpg: acesso em dez.2015
37
Figura 5 - Arqueologia Pré-colombiana
Fonte: site do MAE19
Figura 6 - Arqueologia Africana e Afro-brasileira
Fonte: site do MAE20
19
Fonte: disponível em: http://www.nptbr.mae.usp.br/wp-content/gallery/arqueologia-pre-
colombiana/preco006.jpg: acesso em dez.2015 20
Fonte: disponível em: http://www.nptbr.mae.usp.br/wp-content/gallery/etnologia-africana-e-afro-
brasileira/thumbs/thumbs_mascara-baule-costa-do-marfim.jpg: acesso em dez.2015
38
Figura 7 - Etnologia Brasileira – leque karajá
Fonte: site do MAE21
3.2 O MAE e o ensino
Os cursos de para graduação e pós-graduação ministrados pelo MAE podem ser
frequentados por alunos e professores de outras instituições. Os cursos de extensão
universitária também podem ser frequentados pelos alunos da USP e de outras faculdades.
A programação do MAE é bem diversificada e tem programas de ações educativas
que proporcionam aos professores utilizar o potencial de seus acervos arqueológicos e
etnográficos.
21
Disponível em: http://www.nptbr.mae.usp.br/wp-content/gallery/etnologia-
brasileira/thumbs/thumbs_05.jpg: acesso em dez.2015
39
Figura 8 - Ensino no MAE
Fonte: site do Mae22
3.3 Encontros de Formação
O objetivo dos encontros de formação é dar orientações para os professores
prepararem os alunos para as visitas ao museu e melhor aproveitamento pedagógico, que é
um dos principais diferenciais do MAE em relação aos outros museus.
No Curso de Formação para as visitas às exposições os professores participantes
desta formação de duração de quatro horas terão acesso às orientações para preparação dos
alunos as visitas e são tratados assuntos e conceitos pertinentes à exposição.
No Curso de Formação para a utilização dos recursos pedagógicos existe a
possibilidade de empréstimo de materiais com recursos pedagógicos e orientação de como
utilizar esses objetos para preparação dos alunos para a visita. São diversos Kits com
aplicações que ilustram as pesquisas feitas pelo MAE.
22 Fonte: Disponível em: http://www.nptbr.mae.usp.br/wp-content/uploads/2012/10/ensino.960x398.jpg:
acesso em dez.2015.
40
Figura 9 - Encontros de Formação
Fonte: site do MAE23
O MAE disponibiliza o empréstimo de kits diversos para integração professor,
escola e alunos.
Com esse recurso as crianças podem analisar os objetos e trabalhar as temáticas da
arqueologia, etnologia e museologia.
O setor que cuida do cadastramento do professor para emprestar o kit é a Seção Técnica de
Educação para o Patrimônio.
Figura 10 – Kit de Objetos Arqueológicos e Iconográficos
Fonte: site do MAE24
Figura 11 – Maleta de Objetos Arqueológicos e Iconográficos
23
Fonte: Disponível em: http://www.intranet.mae.usp.br/media/enc/Thumb001.jpg: acesso em dez.2015
24
Fonte: Disponivel em http://www.intranet.mae.usp.br/media/kit-aet/Thumb002.jpg: acesso em dez.2015
41
Fonte: site do MAE25
3.3.1 Kits de objetos infantis indígenas O publico escolar através da utilização dos kits indígenas infantis podem praticar o
manuseio, observar e questionar certas características da cultura dos povos indígenas que ali
estão sendo apresentados.
Figura 12 - Kit infantil Indígena
Fonte: site do MAE
26
3.4 Kit multissensorial
25
Fonte: Disponível em http://www.intranet.mae.usp.br/media/kit-aet/Thumb003.jpg: acesso em dez.2015 26
Fonte: Disponivel em: http://www.intranet.mae.usp.br/media/kit-ind/Thumb001.jpg: acesso em dez.2015
42
O kit multissensorial proporciona facilidade de manuseio para pessoas com deficiência
visual.
È oferecido também um caderno de apoio em braile com textos científicos a respeito do
assunto que fala nos kits.
Figura 13 - Kit Multissensorial
Fonte: site do MAE27
3.5 Valise Origens do Homem
O recurso pedagógico das valises, é representado por gavetas onde o usuário pode
interagir e discutir sobre o desenvolvimento das pesquisas e processo de hominização,
também há slides e textos que acompanham o recurso.
Figura 14 - Valise Objetos do Homem
Fonte: site do MAE28
27
Fonte: disponível em: http://www.intranet.mae.usp.br/media/kit/Thumb005.jpg: acesso em dez.2015 28
Fonte: disponível em: http://www.intranet.mae.usp.br/media/kit-valis/Thumb007.jpg: acesso em dez.2015
43
3.6 Visitas
No ano 2005 o MAE recebeu a guarda provisória de coleções amazônicas que eram
guardadas pelo extinto Instituto Cultural Banco Santos através de ordem judicial.
Nesta coleção podemos encontrar artefatos de varias regiões amazônicas e evidencias
de populações indígenas.
Esta coleção é constituída por artefatos provenientes de diferentes regiões da
Amazônia e evidencia importantes formas de ocupação deste território pelas populações
indígenas de largo período histórico, como marajoaras, tapajônicas e guaritas.
Na reserva técnica visitável são apresentadas as responsabilidades que o museu tem
com este acervo importantíssimo e o setor Educativo é quem coordena as marcações de
visitas.
Figura 15 - Visita na Reserva Técnica
Fonte: site do MAE29
29
Fonte: disponível em: http://www.intranet.mae.usp.br/uploads/img5187a9a098643.jpg: acesso em dez.2015
44
Figura 16 - Visita á reserva técnica
Fonte: site do MAE30
3.7 Trabalhos com a terceira idade A partir de 2005 o MAE oferece no primeiro semestre de cada ano, Oficinas para a
Terceira Idade direcionadas para Memória e Arqueologia, às quartas-feiras, das 14h00min às
16h30min.
É o programa “Universidade Aberta à Terceira Idade” da PRCEU/USP31
, que
permite aos participantes atividades arqueológicas, museológicas, cultura material e outros.
É possível participar de simulações de escavações e contextualizar objetos pessoais
e biográficos e produzir registros orais, textuais e figurativos.
Também são realizadas visitas a Instituições museológicas.
Os participantes conseguem se socializar e elaborar um projeto expositivo das suas
atividades, que é exposta ao publico.
30
Fonte: disponível em: http://www.intranet.mae.usp.br/media/rtv/Thumb008.jpg: acesso em dez.2015 31
PRCEU/USP – Pró Reitoria de Cultura e Educação – “Além disso, é ela quem planeja, coordena e executa
eventos das áreas de cultura e extensão dentro da Universidade de São Paulo, através de seus onze órgãos, de
seus programas e de seus projetos. Para as atividades realizadas nas Unidades de Ensino, Institutos
Especializados e Museus, a Pró Reitoria atua como Órgão indutor, normativo e de fomento. A missão da
PRCEU volta-se, igualmente, à disseminação, em seu âmbito, dos valores essenciais à vida acadêmica, entre os
quais ressalta o zelo constante pela excelência das relações com a sociedade.”(disponível em:
http://prceu.usp.br/institucional/ ultimo acesso em: 06/12/2015)
45
Figura 17 - Terceira Idade
Fonte: site do MAE32
3.8 Atividades de férias
São realizadas atividades de férias para o publico infanto-juvenil nos meses de
janeiro e julho, onde de forma lúdica são abordadas áreas museológicas, arqueológicas e
etnológicas.
São apresentados para esse publico artes rupestres com temas afro e indígena,
também simulação de escavações, visitas orientadas e outras atividades pertinentes.
Figura 18 - Atividades férias
Fonte: site do MAE33
32
Fonte: Disponível em: http://www.intranet.mae.usp.br/uploads/img51a4b7c8931c3.jpg: acesso em dez.2015
33
Fonte: disponível em: http://www.intranet.mae.usp.br/uploads/img5187808fe6b8f.jpg: acesso em dez.2015
46
3.9 Pesquisa
A pesquisa no Museu de Arqueologia e Etnologia são realizadas em torno de seus
acervos de Arqueologia e de Etnologia. Docentes e alunos participam do trabalho com essas
coleções, provenientes de vários locais no mundo e também de vários períodos da história
humana. O MAE também desenvolve pesquisas vinculadas aos vários aspectos da
Museologia aplicada à Arqueologia e à Etnologia.
Figura 19 - Pesquisa
Fonte: site do MAE34
3.10 Revista
Em 1991 aconteceu a fusão das revistas Dédalo, Revista de Pré-História e Revista
do Museu Paulista que eram ligadas as pesquisas arqueológicas e etnológicas e por esse
motivo foi criada a Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, substituindo os
periódicos antigos do MAE, Instituto de Pré-História e Revista do Museu Paulista.
A Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, nascida em 1991 substituiu os
periódicos do antigo Museu de Arqueologia e Etnologia, Instituto de Pré-História e Museu
34Fonte: disponível em: http://www.nptbr.mae.usp.br/wp-content/uploads/2012/10/pesquisa_dor.jpg:
acesso em dez.2015
47
Paulista (Dédalo, Revista de Pré-História e Revista do Museu Paulista), em decorrência da
fusão dessas instituições ligadas à pesquisa em Arqueologia e Etnologia. Trata-se de revista
acadêmica destinada à publicação de trabalhos sobre Arqueologia, Etnologia e Museologia,
com ênfase na África, América, Mediterrâneo e Médio-Oriente.
Figura 20 - Pesquisa
Fonte: site do MAE35
3.11 Biblioteca
Visitamos a biblioteca do Mae/USP, que possui mais de 75.000 volumes que
incluem teses, folhetos, catálogos, periódicos que abrangem os temas trabalhados em sua
linha de pesquisa.
A Biblioteca serve de apoio para os estudantes acessarem normas técnicas ABNT
para teses e dissertações e catalogo das obras cadastradas.
Para utilizar a Biblioteca tento online quanto para empréstimos é preciso fazer o cadastro no
site que contém todas as informações sobre as condições para sua utilização.
É possível acessar o site da biblioteca se logando no Facebook ou Twiter no
endereço: http://heracles.mae.usp.br/sistema
35
Fonte: Disponível em: http://www.nptbr.mae.usp.br/wp-content/uploads/2012/10/publicacoes.960x398.jpg:
acesso em dez.2015
48
Figura 21 - Biblioteca
Fonte: site do MAE36
36
Fonte: disponível: http://heracles.mae.usp.br/sistema/admin/images/xihajurizuxebevuruyebacikiInicialFoto1.jpg:
acesso em dez.2015
49
Figura 22 - Biblioteca
Fonte: site do MAE37
3.12 Parcerias O MAE/USP conta com algumas parcerias que favorecem o conhecimento de
técnicas arqueológicas e simulações que permitem potencializar o uso do espaço do museu
na área de atuação de museologia, arqueologia e etnologia.
São programas como LABECA, Giro Cultural, Visitas á Reserva Técnica e Novos
Talentos.Com a participação no Programa Ciro Cultural que é mantido pela Pró-Reitoria de
Cultura e Extensão Universitária da Universidade de São Paulo o publico vai se aproximar
do patrimônio histórico.
Já o Laboratório de Estudos sobre a Cidade Antiga, Labeca, tem como objetivo
aprofundar e difundir estudos da sociedade grega ficam reunidos alunos e professores que
desenvolvem trabalhos em várias linhas de pesquisa com orientação do projeto.
Divulgar esse trabalho para os professores de ensino básico é um dos seus objetivos,
através de mapas, imagens e material bibliográfico sobre a cidade antiga.
37
Fonte: Disponível em: http://www.nptbr.mae.usp.br/wp-content/uploads/2012/10/biblioteca-01.960x398.jpg:
acesso em dez.2015
50
Figura 23 - Projeto LABECA
Fonte: site do MAE38
3.12.1 Novos talentos
A CAPES e Pró-Reitoria de Cultura e Extensão financiam o Projeto Novos
Talentos, projeto institucional da USP que insere estudantes e professores do ensino
fundamental e médio da rede publica no ambiente universitário.
As visitações no Museu de Arqueologia e Etnologia da USP é um dos espaços a ser
visitados por esse publico conhecendo valores do patrimônio histórico.
Figura 24 - novos talentos
Fonte: site do MAE
39
38
Fonte: disponível em: http://www.intranet.mae.usp.br/media/flabeca/Thumb005.jpg: acesso em dez.2015 39
Fonte: disponível em: http://www.intranet.mae.usp.br/media/novost/Thumb002.jpg: acesso em dez.2015
51
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Realizamos uma pesquisa dos espaços museológicos e sua extensão na sala de aula,
procurando entender se é possível o museu além de ser um espaço guardião da memória, ser
também um local de educação e relação com o conhecimento e a cultura, um espaço de
extensão.
Visitamos o MAE/USP, que possui uma variedade de projetos e programas
educativos e integradores de pautas pertinentes com o universo pedagógico.
Buscamos compreender como deve ser a mediação entre museu e escola, para
realizar essa pesquisa procuramos o entendimento referencial de alguns teóricos e ao
aprofundarmos no estudo destes materiais, encontramos citações da mediação do museu com
a cultura escolar já acontece ao longo da sociedade, investigou-se a respeito dos objetos de
estudo da Museológica.
A importância da transformação do objeto em documento é um fato que também
pesquisamos e que tem muita relevância quando se estuda os museus como lugar de
memória.
A autora Circe Bittencourt com sua experiência fala da preparação da mente do
aluno, para o sucesso da mediação educativa, cultural e da informação, sendo estas
categorias também base para a extensão.
As ações educativas, e culturais podem ser realizadas tanto da análise nos objetos e
que existe em uma informação importante para uma descoberta do passado mesmo no tempo
presente.
O autor Tardif citado no livro de BITTENCOURT-2008 pag. 355- 358, diz que “o
passado é lugar de memória e de história e que quando estamos nos espaços museológicos
ou investigando um objeto podemos ir a lugares nunca imaginados”.
O “Museu” exerce um papel educativo e de mediação além de ser uma instituição
cultural, por esse motivo também se mostra importante na extensão da sala de aula.
Realizamos esta pesquisa com o intuito de analisar o espaço museológico como
extensão da sala de aula, observamos que esta proposta pode trazer grandes benefícios para a
educação pedagógica e aprendizado dos alunos, acreditamos que o museu possa cumprir seu
papel de extensão para a educação e auxilio na formação dos alunos, citamos em nossa
pesquisa as características do museu, desde um local restrito a um local aberto para visitação
52
e de cultura, apoiados em referencias didáticas provenientes de materiais de autores
renomados.
Não devemos ensinar que os alunos sejam meros copistas e não podemos cair na
velha pratica de serem apenas reprodutores didáticos, devemos como a autora cita sair do
tradicional, e tentar não extrair parcialmente o que o acervo oferece, e beneficiar como um
todo daquele local, com uma preparação prévia do que será explorado, usando o museu
como apoio dos temas explorados em sala de aula e também do que será explorado
posteriormente, devemos incentivar o aluno a ter uma visão real dos objetos ali expostos,
com seus significados e representações culturais que podem trazem uma nova visão ao aluno
do significado dos objetos analisados.
Encontramos algumas dificuldades para realização de nossa pesquisa de campo
para implantação das ideias teóricas, a burocracia impõe algumas limitações para a
implantação dos projetos que buscam informações internas destas instituições, porém
encontramos informações importantes nos sítios eletrônicos dos museus visitados e em
nossas visitas pudemos comprovar o que é oferecido no site, e pudemos assim ter a vivência
prática possível no ambiente em estudo.
Em nossas visitas também tivemos a orientação dos funcionários do museu, porém
para acompanhar todas as atividades que o museu oferece o tempo que tivemos entre fazer o
TCC e a agenda do museu não coincidiram, mas como professores teremos muito tempo
para levar nossos futuros alunos e aprofundar nossos conhecimentos e fazer diversas
atividades em breve.
De acordo com os autores que dissertam sobre o assunto podemos compreender que
há um campo vasto a ser explorado e assim oferecer um novo horizonte e nova perspectiva
ao aluno e também ao professor, tanto no ensino fundamental quanto no ensino médio.
53
Figura 25 - Nossa visita no MAE/USP
Fonte: Elaborada pela autora em 18/09/2015
Figura 26 – Cartaz de exposição
Fonte: Elaborada pela autora em 18/09/2015
54
Figura 27 – urna mortuária indígena
Fonte: Elaborada pela autora em 18/09/2015
55
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABUD, Kátia Maria. Ensino de História. São Paulo: Cengage Learning, 2010. p. 140.
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da educação. São Paulo: Editora Moderna,
1994.
BARBOSA, Moroni Tartalioni, O Ensino de História nos Museus Paulistas: uma proposta
pedagógica a partir do Projeto Lugares de Aprender da Fundação para o Desenvolvimento
da Educação (FDE) 2010. PUC – SP.
BITTENCOURT Circe Maria Fernandes. Ensino de História: Fundamentos e métodos,
Cortez Editora, São Paulo, 2008. p.354-355.
BLOCH, Marc, Apologia da História ou Ofício do Historiador. Editora Zahar, Rio de
Janeiro 2002. p.103.
BOURDIEU, P. e PASSERON, J. C. 1975. A reprodução – elementos para uma teoria do
sistema. Rio de Janeiro: Francisco Alves (Prefácio, Livro 1 e Livro 2 – Cap. 1, p. 11-117)
BREFE, Ana Claudia Fonseca. Um lugar de memoria para a nação: O Museu Paulista
reinventado por Affonso d´Escragnolle Taunay (1917-1945), Campinas, SP, 1999.
Dissertação de pós-graduação PAULA, Thais Regina Franciscon de. A mediação em
museus: um estudo do projeto “Veja com as mãos” Universidade Estadual Paulista –
Marília, 2012. Consulta 20\11\ 2015
FORQUIN, Jean-Claude. Escola e cultura: as bases sociais e epistemológica do
conhecimento escolar. Trad. Guacira Lopes Louro, Porto Alegre: Artes Médicas, 1993.
205p.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. Editora Paz e Terra, São Paulo, 2002. p.33.
GROSSMANN, Martin; RAFFAINI, Patrícia T.; TEIXEIRA COELHO. Museu. In:
TEIXEIRA COELHO. Dicionário crítico de política cultural. 3. ed. São Paulo:
Fapesp/Iluminuras, 2004. p. 269-274.
JULIA, Dominique. Revista Brasileira de História da Educação, São Paulo, n.1, p. 9-44,
2001. Janeiro/Junho-2011. Disponível na internet:
http://moodle.fct.unl.pt/pluginfile.php/122509/mod_resource/content/0/Leituras/Dominique
_Julia.pdf
JULIÃO, Letícia. Apontamentos sobre a história dos museus. In: Cadernos de Diretrizes
Museológicas I. 2.ed. Brasília: Ministério da Cultura/Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional/Departamento de Museus e Centro Culturais, Belo Horizonte: Secretaria
do Estado da Cultura/Superintendência de Museus, 2006.
LARA FILHO, Durval de. Museu: de espelho do mundo a espaço relacional. 2006. 139 f.
56
Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação). Escola de Comunicação e Artes da
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006
MATTOS, Yára; MATTOS, Ione. Abracaldabra: uma relação afetivo-cognitiva na relação
museu-educação. Ouro Preto: UFOP, 2010. 168p.
MENEZES, Ulpiano Bezerra de. A Crise da Memória, História e documentos reflexões para
um tempo de transformações. In: SILVA, Zélia Lopes (org.). Arquivos, patrimônio e
memória: trajetórias e perspectivas. São Paulo: UNESP, 1999.
PEREIRA, Vanessa Souza. Como referenciar figuras e imagens. 2012. Disponível
em: http://www.contornospesquisa.org/2012/08/como-referenciar-figuras-imagens-e.html.
Acesso em: 06/01/2016
Proposta Curricular do Estado de São Paulo: História /Coord. Maria Inês Fini. – São Paulo:
SEE, 2008.
Revista Museu Arqueologia e Etnologia, São Paulo, n. 21, p. 385-391, 2011.
SANCHES, Pedro Luís. RIEGL, A. O Culto dos monumentos: sua essência e sua gênese.
Revista Museu Arqueologia e Etnologia, São Paulo, n. 21, p. 385-391, 2011. Março, 2011.
Disponível na internet: http://www.nptbr.mae.usp.br/wp-content/uploads/2013/07/385-391-
Sanches.pdf
SCHAER, Roland. L‟Invention des Musées. Evreux: Gallimard/Reunion des Musées
Nationaus, 1993.
SUANO, Marlene. O que é museu. São Paulo: Brasilense, 1986.
Sítios eletrônicos:
Disponível em: http://www.culturaecurriculo.fde.sp.gov.br, ultimo acesso: 06/12/2015.
Disponível em: http://www.educacao.sp.gov.br/lugares-aprender, ultimo acesso: 06/12/2015.
Disponível em: http://www.museus.gov.br/ ultimo acesso 06/12/2015.
http://www.sescsp.org.br/online/artigo/5774_ULPIANO+BEZERRA#/tagcloud=lista último
acesso em 05/01/2016 revista 164 21/01/2011
Disponível em: http://heracles.mae.usp.br/sistema/ ultimo acesso em 18-10-14
Disponível em: http://www.nptbr.mae.usp.br/institucional/ ultimo acesso em 06/01/2016
Disponível em:http://www.contornospesquisa.org/2012/08/como-referenciar-figuras-
imagens-e.html – ultimo acesso em 06/01/2016
Top Related