UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Curso de Serviço Social
A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL FRENTE À IMPORTANCIA DA
PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NO PROCESSO DE RECUPERAÇÃO DA PESSOA
COM TRANSTORNO MENTAL NO CAPS II DE TIANGUÁ- CEARÁ.
Nome do autor: Rosa Liduína Portela
Nome do professor
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Nome do Tutor Presencial
RESUMO: Este artigo científico tem por objetivo refletir sobre a prática o assistente
social mediante a inclusão da família no processo de recuperação da pessoa com
transtorno mental. Para tanto o processo descrito do artigo, pauta-se voltado para o
Centro de Assistência Psicossocial da cidade de Tianguá- Ceará, pois dentro da
unidade de referência existe a necessidade de uma maior aproximação entre família,
equipe de saúde e paciente. Vale ressaltar que a intervenção do assistente social
nesse campo deve esta em conjunto as necessidade do usuário, para proporcionar à
democracia a luta pela a efetivação dos direitos do cidadão assim como reaproximar
o paciente com transtorno mental da sociedade de forma a inseri-lo neste contexto
social.
Palavras-chave: Família, paciente com transtorno mental, serviço social.
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INTRODUÇÃO
O presente artigo de TCC II (Trabalho de Conclusão de Curso) tem como foco
central a atuação do assistente social na inserção da família junto ao tratamento
realizado pelo CAPS de Tianguá- Ceará, com pacientes que sofrem de algum tipo
de transtorno mental e que utilizam os serviços oferecidos dentro da unidade de
saúde.
Na sociedade atual ainda se encontra grandes barreiras na aceitação de que
a pessoa que sofre de transtorno mental é responsabilidade não só das unidades
que o acolhem para fazer o tratamento, mas como também da família, estas por sua
vez estão pouco preparadas e amparadas para acolher o seu ente doente.
Antes da reforma psiquiátrica, a pessoa que sofria de transtorno mental era
tratada exclusivamente em hospitais psiquiátricos. Com a reforma psiquiátrica no
Brasil e com o surgimento dos serviços substitutivos ao método usado por hospitais
da época, o CAPS surgi como uma alternativa aos serviços prestados as pessoas
com transtornos mentais. O Assistente Social entra nestes serviços substitutivos
como peça chave para auxiliar no desenvolvimento de atividades interativas e
interventivas.
A instituição do CAPS é um lugar de referência para tratamento de pessoas
que sofrem tanto de transtornos mentais, como psicoses, neuroses entre outros que
ali se justifique a permanência de um paciente dentro da unidade para sua
reabilitação psicossocial. A instituição por sua vez está inserida na política de saúde
mental do Ministério da Saúde, pois são considerados dispositivos estratégicos para
uma organização da rede de atenção em saúde mental.
O artigo científico também aborda a questão da família no processo de
recuperação e ressocialização do paciente com transtorno mental, estas por muitas
vezes são vítimas de descriminação juntamente com seu ente doente, o que de
certa forma inibe a participação ativa destas nas atividades voltadas a reinserção do
doente na sociedade. É importante ressaltar que a participação do assistente social
é fundamental para desenvolver ações interventivas, para que só assim chegue-se
ao sucesso ao objetivo maior que é trazer a família para o processo ativo de
recuperação de pacientes que frequentam o CAPS II de Tianguá- CE.
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CONTEXTUALIZAÇÃO DA PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NO PROCESSO
DE RECUPERAÇÃO DO PACIENTE COM TRANSTORNO MENTAL.
Para dar-se início ao embasamento deste capítulo, antes de tudo é preciso
entender a família como um todo. Buscar uma definição específica para o termo
família é algo que ao longo da história se tenta fazer, porém conceituar esta é algo
bastante complexo, impossibilitando assim ter apenas uma definição para descrever
a família de forma geral. Assim como a história vive em constante transformação, a
definição do termo família acompanha as transformações, e a cada período novos
autores elaboram conceitos que estes julgam ser a definição mais apropriada para o
termo “família”.
No Brasil a Constituição Federal de 1988, representou um marco na evolução
do conceito de família que trouxe no título “Da família da Criança e do Adolescente e
do Idoso”, a ampliação do conceito de família, reconhecendo a união estável entre o
homem e a mulher como entidade familiar, suprimindo a expressão “constituída pelo
casamento”.
A atual Lei Nº 12.435, de 6 de Julho de 2011 é a que mais se aproxima da
realidade atual de um conceito de família, e esta em seu parágrafo 1º descreve:
“Para os efeitos do disposto no caput, a família é composta pelo requerente, o
cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o
padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados,
desde que vivam sob o mesmo teto”.
A família é responsável por seus membros, então a partir do momento em
que um de seus integrantes tem problemas relacionados à saúde mental, parte dela
a responsabilidade de encaminhar e acompanhar a pessoa doente nos serviços
ofertados para a pessoa que sofre de transtorno mental.
Para o autor Fernandes (2003), qualquer grupo social, (um casal, uma
família, etc.), é um sistema humano, caracterizado pela interação que há entre seus
membros. Cada membro tem sua individualidade, mas estas interagem e se
modificam conforme a dinâmica grupal. Dessa forma, a alteração dessa dinâmica
em função do desenvolvimento de um transtorno mental de um membro do grupo
familiar reflete-se em todos os membros do grupo, modificando-os.
A família é a base do indivíduo, é ela que passa segurança para seus
integrantes. Sabe-se a “instituição familiar” é algo que não pode ser substituído, pois
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esta é responsável pela a construção da personalidade de seus membros, quando
algum integrante adoece, não sendo considerada “normal” diante das pessoas, a
família é de suma importância no tratamento, na recuperação e reabilitação
psicossocial. Segundo SOUZA (1997, p.23):
“O sentimento de família engloba todas as emoções inerentes à pessoa:
identidade, pertença, aceitação, amor, carinho, raiva, medo, ódio...
Certamente é esta fusão de opostos que torna a família tão complexa e sua
compreensão em desafio interminável”. (SOUZA, 1997).
Os problemas relacionados aos transtornos mentais, podem se apresentar de
várias formas, com a existência de diversos sintomas, como tanto pode abranger
síndromes de perturbações das funções cognitivas (memória, inteligência e
aprendizagem), como alterações do sistema sensorial, transtornos de consciência e
atenção. Além destas, os transtornos podem apresentar quadro de alucinações,
delírios, depressão, ansiedade, alteração de personalidade e comportamento. De
acordo com a Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento da CID 10
(1993, p.05) o transtorno mental é:
“[...] um conjunto de sintomas ou comportamentos clinicamente reconhecível
associado, na maioria dos casos, a sofrimento e interferência com funções
pessoais. Desvio ou conflito social sozinho, sem disfunção pessoal...”.
Abordar o tema família e a pessoa com transtorno mental exige a
necessidade de compreender principalmente as questões sociais que os cercam.
Como é a vida cotidiana do familiar com o doente? Quais as condições financeiras
da família? Quem é o responsável pelos cuidados da pessoa doente dentro de
casa? É uma série de perguntas, na qual o assistente social deve fazer uma
investigação para obter as respostas para assim dar inicio ao trabalho de inclusão
da família no tratamento.
Reforma Psiquiátrica trouxe bastantes mudanças significativas para o campo
da saúde mental. Uma das mudanças mais significativas que o processo enfatiza, é
a capacidade e disposição do familiar e da comunidade em conviver com a pessoa
que tenha algum sofrimento mental, uma vez que é nestes ambientes que,
efetivamente, deverá ocorrer à principal reforma na vida das pessoas que sofrem de
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transtornos mentais e de sua família. O procedimento que antes a família passava
para os hospitais psiquiátricos a responsabilidade de cuidar do doente mental
retorna para esta. Segundo MELMAN (2002, p.61):
“As famílias se viram estimuladas e pressionadas a voltar a assumir a
responsabilidade pelo cuidado de seus membros doentes. A presença do
usuário na comunidade demandava a criação de dispositivos terapêuticos
mais complexos e abrangentes de existência cotidiana dos pacientes
psiquiátricos no espaço social”. MELMAN (2002).
Na lei Nº 10.216 em seu Cap. X Art. 3°. “É responsabilidade do Estado o
desenvolvimento da política de saúde mental, a assistência e a promoção de ações
de saúde aos portadores de transtornos mentais, com a devida participação da
sociedade e da família, a qual será prestada em estabelecimento de saúde mental,
assim entendidas as instituições ou unidades que ofereçam assistência em saúde
aos portadores de transtornos mentais”.
Para facilitar o processo entre família e instituição de saúde, esta entra na
unidade de assistência em saúde mental, como parceira, parte tão importante como
os profissionais de saúde que ali estão. Estas serão capacitadas a interagir
corretamente com o doente, serão orientadas nos cuidados que elas devem ter
dentro e fora de seu lar com o seu ente.
A família será orientada de sua importância no processo de divisão das
tarefas para uma melhor reabilitação do doente, a família precisa conhecer o porquê
de estas mudanças esta ocorrendo, ela precisa entender qual a verdadeira função
do CAPS.
A família deixa de entrar na instituição como acompanhante e passa a
desempenhar uma função mais direcionada para o tratamento diferenciado com o
doente. A família é a base, o porto seguro da pessoa com transtorno mental, com
esta integrada no processo de reabilitação, sem dúvidas os serviços terão uma
maior eficiência, e o paciente sem dúvidas se sentira mais confiante para seu
tratamento. Segundo MELMAN, (apud, Horta 2008, p.193):
“A família é um elemento central no tratamento ao portador de transtorno
mental, através do suporte familiar obtêm-se resultados mais satisfatórios.
Um ambiente familiar permeado de conflitos e de negação ao portador de
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transtorno mental é desfavorável ao tratamento, desta forma, é necessário
resgatar o vínculo entre familiares e portador de transtorno mental para a
efetivação do cuidado”. (MELMAN, 2008).
O papel da família dentro do contexto que envolve a recuperação do paciente
com transtorno mental, vem sendo reconhecido no decorrer dos anos, pois a família
traz consigo uma valiosa colaboração no tratamento e principalmente na reabilitação
dos doentes, sem ela presente no cotidiano do doente é quase impossível ter
sucesso na integração deste de volta ao convívio na sociedade. Vale ressaltar que é
comprovado que a participação direta da família no tratamento de pacientes com
transtornos mentais traz grande evolução no quadro da doença, é importante
destacar também que se reconhece a grande sobrecarga que a família carrega
quando se tem um doente crônico em casa, a família enfrenta situações de
dificuldades, de preconceito o que torna difícil a situação desta.
Muitas vezes a família se sente culpada por existir um caso de doença mental
dentro de seu lar, o que em muitos casos há uma recusa de alguns familiares
entrarem no processo de recuperação do doente. Segundo Koga (1997), se
identificou três tipos de sobrecarga nos familiares que convivem com o portador de
transtorno mental: sobrecarga financeira, sobrecarga nas rotinas familiares e
sobrecarga em forma de doença física e emocional. Estas pessoas encontram
ainda, como repercussão da doença do familiar, a dificuldade em ter atividades de
lazer e manter relações sociais extrafamiliares.
Ainda se tem paradigmas para ser quebrado, e com as transformações que
estão cada vez mais centralizadas em um modelo terapêutico voltado também para
a família, se pressupõe que é possível sim conviver e trazer a sociedade o a pessoa
com problemas mentais, para que estas sejam tratadas como todo e qualquer
cidadão.
A CONTRIBUIÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL DENTRO DO CONTEXTO DE
ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NO CAPS II DE TIANGUÁ- CE.
SAÚDE MENTAL E REFORMA PSIQUIÁTRICA
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Para uma melhor compreensão sobre a contribuição do Assistente Social
inserido no Centro de Atenção Psicossocial de Tianguá- CE é preciso fazer antes de
tudo uma reflexão sobre as políticas que envolvem essa unidade de tratamento para
pessoas com neuroses, transtornos psíquicos e mentais.
No Brasil a partir de meados do século XIX, a forma mais utilizada da época
de dar atenção aos portadores de transtornos mentais, era a internação destes em
hospitais psiquiátricos. FOUCAULT, 1978, afirma que apenas quando surgiu a
Ciência Moderna que os “loucos” passaram a integrar os hospitais psiquiátricos.
“Com o processo de secularização e o surgimento da chamada Ciência
Moderna, a loucura passa a ser sinônimo de alienação. Surgem os asilos ou
hospitais psiquiátricos nos quais os loucos são tratados como “doentes”
mentais”. (FOUCAULT, 1978)
Em nosso país este modelo de tratamento oferecido aos usuários durou até a
década de 70, quando nessa época surgiu um das primeiras experiências voltadas
para a transformação da assistência prestada pelas instituições psiquiátricas até
então. A década de 70 é vista como o início das grandes transformações de atenção
a saúde, de um lado o “movimento sanitário”, que tinha como uns dos objetivos a
defesa da saúde coletiva e a modificação no modelo de atenção e gestão nas
práticas de saúde, de outro lado a Reforma Psiquiátrica, onde esta por sua vez
buscava modificar a assistência prestada nos hospitais psiquiátricos, a fim de acabar
com a violência asilar tão comum nos hospitais que prestavam assistência aos
pacientes com transtornos mentais.
Em resposta a Reforma Sanitária, surgi o Sistema Único de Saúde- SUS,
onde em seu Art. 196 impõe “A saúde é direito de todos e dever do Estado,
garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de
doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços
para sua promoção, proteção e recuperação”. Além do que descreve a Constituição
de 1988; Volpato relada ainda:
“A rede de serviços do SUS deve ser organizada e hierarquizada,
permitindo um conhecimento maior dos problemas de saúde da população
de uma área delimitada, favorecendo ações de vigilância epidemiológica,
sanitária, controle de vetores, educação em saúde, além das ações de
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atenção ambulatorial e hospitalar em todos os níveis de complexidade”.
Volpato (2009).
As exigências postas tanto pela Reforma Psiquiátrica como pelo processo de
implantação do SUS impõem uma reorientação em todo processo de formação
profissional. A política de saúde mental no Brasil, ao adotar como eixos principais a
desmanicomialização, a organização de rede de serviços de saúde mental
substitutivos e o reconhecimento dos direitos de cidadania das pessoas com
transtorno mental, exige transformações profundas nos modos de conceber o
cuidado e organizar os serviços em confronto com as concepções e estratégias
tradicionais, o que implica a definição de novos perfis profissionais (MANGIA;
MURAMOTO, 2006).
Vale ressaltar que os direitos conseguidos através da Reforma, esta luta que
durou 12 anos, estão assegurados na lei N° 10.216/2001. Dispõe sobre a proteção e
os direitos das pessoas com transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial
em saúde mental. Em seu “Art. 1° Os direitos e a proteção das pessoas acometidas
de transtorno mental, de que trata esta Lei, são assegurados sem qualquer forma de
discriminação quanto à raça, cor, sexo, orientação sexual, religião, opção política,
nacionalidade, idade, família, recursos econômicos e ao grau de gravidade ou tempo
de evolução de seu transtorno, ou qualquer outra”.
Com a política de saúde mental proposta pelo Ministério da Saúde na tem
como estratégia a implantação de uma rede de apoio extra-hospitalar, no qual estas
já são uma realidade em nosso país, as quais visam à redução progressiva dos
leitos psiquiátricos, expansão dos CAPS, Inclusão das ações de saúde mental na
atenção básica, consolidação do Programa “De Volta Para Casa”, expansão das
Residências Terapêuticas, formação e qualificação de Recursos Humanos,
promoção dos direitos de usuários e familiares e incentivo à participação no cuidado,
qualificação do atendimento hospitalar e ambulatorial existente, consolidação da
política para atenção integral a usuários de álcool e outras drogas. Todas essas
estratégias da Política de Saúde Mental traz sem dúvidas uma série de avanços em
termos de atenção às pessoas com transtornos mentais e sua família, no quais
foram conquistados através do movimento de reforma psiquiátrica.
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SERVIÇO SOCIAL E O CAPS
O serviço social no campo de saúde mental não é nenhuma novidade.
Segundo Soares (2006), as primeiras intervenções do chamado Serviço Social
Psiquiátrico surgiram nos EUA, aproximadamente por volta de 1905, mesmo antes
do reconhecimento da profissão na sociedade.
No Brasil data se desde a década de 40, desta essa época o profissional
social já atuava na área da saúde, estes prestava serviço de forma assistencialista e
burocrático, depois desde período o assistente social trabalhava na higienização,
mas foi só a partir da década de 70 que o Assistente Social viu grandes
transformações que marcaram de vez sua profissão. A partir da década de 1980, e,
principalmente, na década de 1990, houve uma polarização na área da saúde
mental por métodos mais teóricos, onde a perspectiva da desinstitucionalização de
hospitais psiquiátricos abriu novas possibilidades de aproximação com o processo
de renovação crítica da profissão.
Uma das primeiras estratégias dessa rede de serviços extra-hospitalar da
atual política de saúde mental foi à implantação dos CAPS, estes representam a
consolidação da principal estratégia de substituição do hospital psiquiátrico. Os
CAPS têm a missão institucional de substituir a rede manicomial de assistência
colocando-se como responsabilidade institucional de garantir a redução dos leitos
manicomiais em seu território, sem provocar a desassistência dos portadores de
transtorno mental, assim como de sua família.
Os CAPS com o objetivo de substituir os hospitais psiquiátricos assim como
reduzir a princípio os leitos ofertados para pacientes com transtornos mentais.
Nesses serviços substitutivos, o assistente social entra como mediador das relações
entre instituição, pacientes, família e comunidade. Nos serviços substitutivos, cujas
ações visam estimular a integração social e familiar dos usuários pelo acesso ao
trabalho, lazer e exercício dos direitos civis, o assistente social encontra importante
espaço sócio ocupacional. Conforme visto, o serviço social vem acompanhando as
transformações do campo da saúde mental e, em determinado momento,
prevalecendo o trabalho na lógica curativo-hospitalar com abordagens
psicologizantes, mas cabendo o registro de que sempre houve ações progressistas
da profissão neste campo (MACHADO, 2009).
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O Serviço Social no campo da saúde desenvolve atividades sócias educativas
e culturais, visando à inclusão social dos pacientes e familiares, que vão desde
orientações sociais, consultas e pareceres que possam contribuir com a inserção do
paciente em programas e projetos sociais voltados para o desenvolvimento da
cidadania. No CAPS o profissional de Serviço Social deve se articular com os
demais profissionais, desenvolvendo atividades onde juntos possam fortalecer a
estratégia de consolidação dos direitos a saúde.
O ASSISTENTE SOCIAL NO CAPS II DE TIANGUÁ- CE
Na cidade de Tianguá, o assistente social contribui em diversos serviços para
frequentadores da instituição. Ele é o profissional responsável por prestar serviços
em âmbito social, analisa onde há desajustes sociais, promove atividades
educativas, assiste os usuários em suas necessidades básicas, desenvolve
programas e atividades para a reabilitação de pacientes, são uma série de
atividades que o profissional desenvolve tanto aos que utilizam o serviço de forma
direta (pacientes), como os que usam os serviços de forma indireta, no caso os
acompanhantes de pacientes.
A ideia é fazer a desinstitucionalização e reabilitação social do individuo que
usa os serviços do CAPS II. O que antes era de toda responsabilidade da instituição,
passa a ter agora um parceiro mais ativo, a família. É importante ressaltar que a
família já tem um fardo pesado dentro de casa com seu ente, sabe-se que lhe
agregar mais uma tarefa não é algo simples, e aceitável da mesma forma entre as
famílias que precisam dos serviços do Caps. Por isso é tão importante o assistente
social avaliar cada família, cada caso, para que se possa se chegar um objetivo
mesmo que seja trabalhando de forma diferenciada com cada um dos
colaboradores.
O PROCESSO DE TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL COM A PESSOA
QUE SOFRE DE TRANSTORNO MENTAL E SUA RESPECTIVA FAMÍLIA
A ampliação da rede de atenção psicossocial no país vem proporcionando
ampla presença dos assistentes sociais nos serviços substitutivos, alguns
profissionais, inclusive, coordenando CAPS. O assistente social é um dos
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profissionais que pode fazer parte da equipe multiprofissional dos CAPS, conforme
Portaria 336, de 19 de fevereiro de 2002 (BRASIL, 2004).
Os Centros de Atenção Psicossocial trouxe um novo modelo a política de
saúde mental no Brasil, para o autor BISNETO, (2007, p. 37):
“Esses serviços necessitam da participação do Serviço Social em proporção
maior do que na internação [...] o Movimento de Reforma Psiquiátrica vem
trazer uma abertura muito grande para a atuação do Serviço Social em
saúde mental devido à formação social e política dos assistentes sociais”.
BISNETO, 2007.
Mesmo com o surgimento de entidades de apoio a pessoa com transtornos
mentais, não foi possível ainda arrancar a raiz da discriminação voltada para essas
pessoas. Por a sociedade trazer ao longo da história um isolamento do doente
mental, não será uma tarefa fácil e em curto prazo reinseri-los no meio social.
Ninguém espera ter uma pessoa com problemas mentais dentro de seu lar,
por isso muitas vezes a família não esta preparada adequadamente para lhe dar
com possíveis conflitos que possam surgir nesse contexto. Ter algum ente com
deficiência mental pode acarretar em diversas problemáticas, entre estas a família
em muitos casos acaba evitando a exposição do doente com a sociedade.
A família é responsável por promover o contato entre o doente e os serviços
de saúde existentes. Além disso, cabe a esta elaborar e redimensionar valores e
expectativas relacionadas ao cotidiano e ao futuro de seu familiar com sofrimento
psíquico. No entanto, existe a necessidade dos profissionais da área de saúde
mental em não se centrar apenas na pessoa doente, mas em toda a estrutura da
sociedade na qual esta se insere. Destaca-se neste contexto, especialmente a
família, pois esta constitui o sistema social dentro do qual evoluem as fases de
crescimento e de desenvolvimento do ser humano. DURMAN (2004).
Trabalhar tanto com a pessoa que sofre de transtorno mental como sua
família, requer do profissional antes de tudo uma investigação do meio social em
que as famílias vivem. Esta investigação pode ser feita tanto através de visitas
domiciliares como por um questionário. Assim podemos identificar as necessidades
de cada família em especial, para depois podermos promover a família como um
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grupo social capaz de ajudar no desenvolvimento da personalidade do paciente com
transtornos psíquicos.
BISNETO (2007); ressalva que precisamos pesquisar e teorizar em saúde
mental relacionando tal questão a sociedade contemporânea, atentando para as
novas configurações da política de saúde mental e nesse processo entendemos ser
primordial conhecer os sujeitos envolvidos nesse processo.
Ter um doente com transtornos mentais dentro do lar é algo que sobrecarrega
uma família. Cuidar de um doente é algo sofrido e dificultoso e em muitos casos a
família não tem os cuidados necessários para proceder corretamente com o doente
dentro de casa, em alguns casos chegam a usar a violência para tentar conter o
doente em crises.
O Assistente Social vai fazer com que a família desempenhe de forma mais
complexa o a estimulação e integração social dos portadores de transtornos
mentais. Assim através de ações pautadas com o objetivo de reabilitar o usuário
com transtorno mental com o apoio da família, serão assegurados os seus direitos
de cidadão, é importante ressaltar que o assistente social terá que acompanhar os
problemas vivenciados pelos usuários não só dentro da instituição, mas também fora
dele, pois só será possível se intervir se o profissional estiver engajado no contexto
social em que a família vivencia. Para PEREIRA, (2000, p. 254):
“É importante que os profissionais da área de saúde mental, de modo
especial os assistentes sociais em sua intervenção junto à família, atentem
para esta realidade, para quer propiciem àquelas possibilidades de superar
as dificuldades vividas no convívio com o membro portador de transtorno
mental, dividindo com eles o tempo de cuidar, através da oferta de serviços
de atenção psicossocial diário, oferecendo-lhe o apoio necessário dos
serviços para lidar com o estresse do cuidado e convidando-o a participar
da elaboração dos serviços e de sua avaliação”. PEREIRA, 2000.
Os usuários e familiares destes que frequentam o CAPS II, nem sempre
necessitam apenas das políticas sociais voltadas para a saúde, em muitos casos
existe a necessidade de se trabalhar de forma a inseri-los em outras políticas
sociais. Para obter-se um acesso digno a uma política social de qualidade, é preciso
investigar caso a caso o que se passa com as famílias dentro do seu meio social,
para só ai tentar inserir a família junto ao tratamento de pacientes com transtornos
mentais nos Centros de Referências.
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Dentro do campo de estágio realizado dentro do Centro de Assistência
Psicossocial, está inserido diretamente na política social que cerca a instituição,
requer do assistente social um trabalho que ultrapasse as barreiras da unidade.
Trabalhar com pacientes que sofrem de transtornos mentais requer do profissional,
aptidão para lhe dar com os problemas que cercam o paciente dentro e fora do
Centro de Atenção Psicossocial.
Assim como em qualquer área de trabalho do assistente social, dentro do
Centro de atenção Psicossocial, a atuação do profissional não deve se limitar a
apenas ao atendimento isolado, no caso usuário ou um integrante de sua família,
mas deve existir a compreensão das relações sociais que o sujeito está inserido,
sendo o espaço familiar e a comunidade a serem priorizados para que haja
continuidade e sucesso nas ações realizadas.
O trabalho do assistente social voltado para a família de pessoas com
transtornos mentais requer do profissional a disposição de escutá-las antes de tudo,
demonstrando assim atenção e importância para os diversos problemas
apresentados pela a família. Muitas vezes o problema da família nem sempre esta
relacionado diretamente ao doente, mas sim é preciso averiguar a situação social de
cada um. Afinal como podemos propor mudanças na recuperação de pacientes se
estes não tem a força de vontade necessária, que muitas vezes é usurpada por
outros problemas sociais? Se quisermos mudança, é preciso intervir também nos
processo que envolvem a família dentro de sua comunidade. É importante destacar,
que nem todos os frequentadores do CAPS são família que estejam incluídas em
casos de vulnerabilidades sociais.
Mesmo que nem todas as famílias que frequentam a instituição de tratamento
estejam em situações de vulnerabilidades, estas tem algo em comum, sem dúvidas
todas sofrem de discriminação com seus entes doentes. Cabe ao profissional social
buscar por algo maior, cuja diferencial no tratamento será também modificar a visão
da comunidade com as pessoas que estão sendo excluídas por terem algumas
limitações.
Existem muitos desafios a serem superados, ou então propor mudanças na
realidade dessa família. Para BISNETO, (2007, p. 145) expressa o que cabe ao
profissional diante as fragilidades existente na área da saúde mental:
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É necessário ao assistente social reconhecer seu próprio valor, saber o que
está fazendo, criar um discurso profissional, publicar ideias, lutar por seus
princípios, fazer alianças, se expor profissionalmente em Saúde Mental.
Claro que o profissional de campo precisa contar com a colaboração de
seus colegas de academia: a universidade também deve desenvolver esse
discurso profissional com pesquisas, aulas, extensão, publicações,
conferências entre outros recursos. (BISNETO, 2007).
Desenvolver também atividades de conscientização dentro da comunidade
que o doente vive, faz parte do processo de reabilitação social, pois infelizmente
existe uma barreira muitas vezes criada pela sociedade em reclusão a pessoa com
transtorno mental. O assistente social deve trabalhar tanto com a família como com
as pessoas que cercam o meio social do indivíduo doente, pois estas pessoas tem
que se conscientizar que as pessoas com sofrimento psíquico são seres humanos
em potencial e com habilidades e capacidades que podem ser explorada para um
melhor convívio social.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com a reflexão realizada no decorrer de desenvolvimento deste artigo,
percebe-se as grandes mudanças no decorrer da história no que diz respeito não só
na saúde mental, mas também como a saúde em geral. A criação de programas
voltados diretamente a um público alvo específico, os movimentos de reformas, a
transformação do trabalho do assistente social, trouxe para o Brasil atual um avanço
perceptível nas políticas públicas.
A Reforma Psiquiátrica no Brasil possibilitou através das lutas sociais, várias
mudanças do atendimento público em Saúde Mental, e foram através da reforma
que surgiram os modelos substitutivos aos hospitais psiquiátricos, os CAPS.
Infelizmente a pessoa com doença mental é tratada na sociedade de forma
excludente, onde tanto o mercado capitalista como as pessoas de forma geral, cria
um receio de integrar essas pessoas no seu meio. A sociedade de forma majoritária
não acredita que é possível a convivência passiva de pessoas com problemas
mentais no seu meio que estas estão inseridas, gerando assim um preconceito,
onde tanto a pessoa doente sofre, mas como também sua família. No imaginário
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popular essas pessoas não são capazes de conviver em harmonia, porém estas
esquecem que o doente mental também é cidadão e eles estão sendo privado de
seus direitos.
Com todas as transformações vivenciadas através da história e com todas
outras que estarão por vim, o que se espera é que os profissionais sociais estejam
sempre compromissados em participar das mudanças. Somos nós juntamente com
cada pessoa que necessite de nossa intervenção que faremos sem dúvidas, um
trabalho cada vez mais voltado para se reduzir ou até mesmo erradicar os
problemas sociais que tanto afligem as famílias de pessoas com transtornos
mentais.
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