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12 Jornal do Comércio - Porto Alegre

Economia

Segunda-feira17 de agosto de 2015

Os chamados prédios verdesestão colorindo cada vez mais ascidades e ganhando força comoum setor ativo da construção ci-vil. Isso porque esse tipo de em-preendimento, que inclui umasérie de materiais e práticas me-nos prejudiciais ao meio ambien-te, ainda ajuda o consumidor naeconomia de energia. Um estudorealizado pela consultora Ernst &Young em 2013 revelou que o nú-mero de edificações certificadascom o selo Leed – que atesta o ní-vel de sustentabilidade – já repre-senta 10% do PIB da construção ci-vil no País. A maior feira nacionalde negócios do setor, a Green Buil-ding Expo, recebeu 10 mil visitan-tes e reuniu mais de 100 empresasexpositoras do mercado nacionale internacional na última edição.

Pelo otimismo dos profissio-nais, parece que esse pensamen-to verde não é apenas uma bri-sa passageira. A arquiteta IngridDahm trabalha com projetos debaixo impacto ambiental desde2006, ano em que fundou o es-critório de arquitetura Cubover-

de em Porto Alegre, junto comum sócio. “Quando começamos,as pessoas achavam uma boba-gem. Hoje, nos procuram porquefazemos justamente isso”, asse-gura Ingrid. Na lista de projetos, aempresa tem desde casas residen-ciais e restaurantes até grandesempreendimentos. Um deles é oPartec Green, prédio comercial de11 andares e 21 mil metros quadra-dos que integrará o Tecnosinos. Aconstrução foi projetada visando aeficiência energética, uma exigên-cia dos clientes. “Tem empresashoje que dão preferência por alu-gar uma sala em um prédio comcertificação, então é interessantepara a questão comercial”, avaliaa arquiteta.

Há mais de 10 anos no mer-cado de materiais de construçãosustentáveis, Paulo Guimarãesobserva que o setor, apesar demuito novo, vem ganhando maisadeptos entre os especialistas e apopulação. “No momento em queos profissionais da área e do po-der público se conscientizarem dagrande importância que as cons-truções sustentáveis têm para asociedade e para a natureza, ha-verá uma revolução, principal-

SUSTENTABILIDADE

Economia verde avança nosetor da construção civilArquitetura de baixo impacto ambiental ganha cada vez mais adeptos

Thaís [email protected]

mente nos grandes centros urba-nos”, acredita o engenheiro civile proprietário da Ecotelhado, em-presa porto-alegrense que produzmateriais como telhados verdes,jardins verticais e sistemas inte-grados de esgoto. Por ser uma daspioneiras do ramo no Rio Grandedo Sul, a empresa cresceu rapida-mente e hoje tem clientes em vá-rios estados do Brasil e países daAmérica do Sul e Central.

Não é preciso investir mui-to dinheiro para a construção deuma casa mais sustentável, garan-te Ingrid, apontando que existempráticas simples de integrar às edi-ficações. “Por exemplo, nós anali-samos primeiro onde estamos in-serindo o projeto. Cada região temsuas características, e nós usamoso material local”, explica. Outramedida acessível é o cuidado coma posição das janelas, de formaa diminuir o calor no interior doprédio.

Além de trazer menos danosao meio ambiente, medidas sus-tentáveis, se bem aplicadas, con-tribuem para a economia de ener-gia das construções, diminuindoos valores nas contas de água eluz ao longo do tempo. Materiaiscomo o telhado vegetado reduzema velocidade de escoamento daágua da chuva para rede pública,produzem oxigênio e melhoramo conforto térmico no interior deambientes, gerando menos consu-mo de ar-condicionado, por exem-

ECOTELHADO/DIVULGAÇÃO/JC

Ecotelhado, de Porto Alegre, cresceu e ganhou clientes em todo o País

Um dos medidores que ates-tam o interesse crescente pela ar-quitetuira de baixo impacto am-biental é o aumento no interessepelo selo Leed (Leadership in Ener-gy and Environmental Design),uma das certificações internacio-nais que comprovam que as cons-truções são verdadeiramente sus-tentáveis. No Brasil, a certificaçãoé realizada pela Green BuildingCouncil a qual é uma organiza-ção sem fins lucrativos que ajudaa fomentar o crescimento do ramo,além de promover a maior feira dearquitetura sustentável do País.

Segundo o diretor, Felipe Fa-ria, a organização está perto deanunciar o total de mil empreen-dimentos certificados em quase to-dos os estados do País, o que com-prova o interesse de empresáriosdos mais diversos setores. “Hoje,

esses projetos deixaram de ficarrestritos às edificações corporati-vas de alto padrão e passaram aabranger tipologias diversas, des-de centros de distribuição até esco-las e bibliotecas públicas”, afirma.

Para ser certificada com oLeed, a construção precisa atingirmetas em categorias como eficiên-cia do uso da água, qualidade doar, materiais e recursos. O profis-sional de arquitetura escolhe entreuma série de sugestões de práticassustentáveis que o ajudam a cum-prir o necessário. Assim, na ques-tão da água, por exemplo, o prédiodeve ser ao menos 20% mais efi-ciente que uma edificação conven-cional. À medida que a eficiênciaaumenta, o nível da certificaçãotambém sobe. “Como o Leed é ba-seado em metas de desempenho,ele evita influenciar uma tecnolo-

gia em detrimento de outra”, expli-ca Faria.

Além de economicamente in-teressante para a construção, oselo valoriza comercialmente apropriedade. “Ela muda o patamardo empreendimento e não custamais, se houver planejamento des-de o início. Como todos hoje emdia usam a palavra sustentável, acertificação comprova que de fatoé”, avalia a arquiteta Ingrid Dahm.

A organização vê com otimis-mo o aumento do interesse pelacertificação, inclusive por órgãospúblicos, mas destaca que aindaexistem dificuldades a serem su-peradas para o crescimento dosetor. A falta de diálogo entre osprofissionais envolvidos na cons-trução e o pensamento imediatistado setor são alguns dos obstáculosapontados.

Procura pela certificação Leed vem crescendo no Brasil

Ingrid atende demanda que vai de casas a grandes empreendimentos

JONATHAN HECKLER/JC

plo. Sistemas que reutilizam aprecipitação da chuva para o con-sumo ou integram a água de esgo-to tratada para irrigação são fáceisde instalar e acessíveis economi-camente.

Há ainda tecnologias de maiorinvestimento financeiro que po-tencializam a eficiência energé-tica, como o painel fotovoltáico,usado para produção de energiaelétrica, e o painel solar, voltadoao aquecimento da água. Opções

mais avançadas, como elevado-res inteligentes e iluminação dealta eficiência também começama aparecer no mercado brasilei-ro. “Nesse caso, a proposta é fa-zer uma conta ao inverso. Pagara mais pela tecnologia, mas como tempo começar a render lucro”,explica Ingrid. Para Guimarães,“é necessário um projeto com es-pecialistas em arquitetura susten-tável para que as técnicas sejambem aplicadas.”

Informações:

[email protected] - 51 3214.0200

Realização

19 de agosto de 2015 | 12h

Largo Visconde de Cairu, 17 - 7º andar

Carlos Kawall,

Economista-Chefe do Banco Safra

Cenário econômico

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