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SUMARÉ MUDANÇA DE ATITUDE: LIXO ZERO
Ana Maria Solinski 1Vanda Maria Silva Kramer 2
Resumo
Este trabalho apresenta os resultados da implementação do projeto “Sumaré mudança de atitude: lixo zero”, desenvolvido junto aos alunos do 7º ano, do Colégio Estadual Adélia Rossi Arnaldi – EFM, localizado no distrito de Sumaré, na cidade de Paranavaí. Teve como objetivo tratar das questões críticas relacionadas ao rápido processo de urbanização, pela qual passou o distrito, com enfoque na produção do lixo urbano e o destino final dos mesmos. Viabilizar também, ações que promovam a Educação Ambiental e venham minimizar seus efeitos. Para tanto, recorreu-se a uma literatura produzida nesta área, na perspectiva de aprofundar o conhecimento dos alunos, sobre como o município vem gerindo a coleta e o destino final do lixo coletado. Após o resultado da investigação foram realizadas visitas técnicas ao aterro sanitário e cooperativa de Paranavaí. Desenvolveram-se ainda ações comunitárias de conscientização sobre as vantagens da coleta seletiva e reciclagem. Promovendo um minicurso com a questão da compostagem. Todas as ações realizadas veem possibilidades dos participantes atribuirem maiores significados que acabam por refletir na mudança de atitude.
Palavras-chave: lixo urbano domiciliar; coleta seletiva; educação ambiental.
1 INTRODUÇÃO
O Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE possibilita aos
professores da rede pública estadual de educação do Estado do Paraná, subsídios
teóricos e metodológicos para o desenvolvimento de ações educacionais que
1 Professora da rede pública de educação do Estado do Paraná. Licenciatura em Geografia pela UNESPAR e com especialização em Metodologia e didática da educação.
2 Orientadora Professora Drª da coordenação do curso de geografia, da UNESPAR-Campus de Paranavaí.
2
resultem em revisão da própria prática pedagógica e, consequentemente mudanças
qualitativas no cotidiano da escola pública paranaense.
Desta forma, o artigo contempla as atividades previstas no transcorrer do
PDE: o aprofundamento teórico, a reflexão sobre a prática pedagógica, as
discussões virtuais em torno do projeto político pedagógico via Grupo de Trabalho
em Rede (GTR) e a implementação, desenvolvida junto aos alunos do 7º ano,
matriculados no Colégio Estadual Adélia Rossi Arnaldi – EFM.
Partindo do pressuposto de que é papel da escola ajudar os alunos a
construírem uma consciência global das questões relativas ao meio em que vivem,
para que possam assumir uma postura ativa em relação à melhoria da qualidade de
vida no ambiente em que está inserido. Traçou-se enquanto objetivo geral tratar
das questões críticas relacionadas ao desenvolvimento do meio ambiente,
sociedade e espaço urbano viabilizando ações educativas articulando o conjunto de
saberes, atitudes e sensibilidades ambientais, destacando a produção do lixo.
Em síntese, procurou-se mostrar que o rápido processo de urbanização pela
qual passou o Distrito de Sumaré, no município de Paranavaí, e a consequência que
este processo provocou no meio ambiente, enfocando a produção do lixo urbano e o
destino final dos mesmos, através de diferentes ações que promovam a educação
ambiental e venham minimizar seus efeitos.
Alertar para os problemas ambientais, causados em decorrência da disputa
por espaço e o crescimento desordenado do bairro Sumaré; Identificar os principais
impactos resultantes da urbanização, quanto à produção do lixo urbano e a saúde;
Conhecer o destino final do lixo produzido no bairro e como é tratado pelos orgãos
competentes; Inserir um debate a respeito da educação ambiental como estratégia
de mudança de comportamento; Definir o que é lixo e o que é resíduo e como são
classificados os diferentes tipos de lixos urbanos e debater o tema reciclagem, suas
vantagens e desvantagens, constituíram os objetivos específicos.
Para atingir estes objetivos, a busca de um referencial teórico em Bezerra
(2002), Carvalho (2008), Ferreira (1998), Kiehl (2002), Oliveira (1973), Prado
Filho(1991), Silva et al (2002) e Sousa (2009) que discutem a educação ambiental, o
desenvolvimento urbano, a gestão de resíduos sólidos urbanos, a compostagem, o
aterro sanitário e a coleta seletiva, foram imprescindíveis.
3
Alguns Pressupostos Teóricos Abordados
A urbanização quando não planejada, afeta diretamente o meio ambiente,
logo a incorporação da questão ambiental no cotidiano das pessoas pode propiciar
uma nova percepção nas relações entre o Ser Humano, Sociedade e Natureza
(ABÍLIO, 2008). Com isso, promover uma reavaliação de valores e atitudes na
convivência coletiva e individual, assim como, reforçar a necessidade de ser e agir
como cidadão na busca de soluções para problemas ambientais locais e nacionais
que prejudiquem a qualidade de vida (DIAS, 1998). Analisando os diversos
problemas ambientais mundiais, a questão do lixo é das mais preocupantes e diz
respeito a cada um de nós. Abordar a problemática da produção e destinação do lixo
no processo de educação é um desafio, cuja solução passa pela compreensão do
indivíduo como parte atuante no meio em que vive (LEMOS, et al.,1999).
Atualmente a luta pela preservação do meio ambiente e a própria
sobrevivência do homem no planeta, está diretamente relacionada com a questão do
lixo urbano. A sociedade de consumo em que vivemos tem como hábito extrair da
natureza a matéria-prima e, depois de utilizada, descartá-la em lixões,
caracterizando uma relação depredatória com o seu habitat. Assim, grande
quantidade de produtos recicláveis que poderiam ser reaproveitados a partir dos
resíduos, é inutilizada na sua forma de destino final. Isso implica em uma grande
perda ambiental, devido ao potencial altamente poluidor do mau gerenciamento dos
resíduos gerados, comprometendo a qualidade do ar, solo e, principalmente as
águas superficiais e subterrâneas (AZEVEDO, 1996), além do desperdício de
recursos, especialmente os não recicláveis, inviabilizando sua obtenção no futuro.
A problemática do lixo vem sendo agravada, entre outros fatores, pelo
acentuado crescimento demográfico, especialmente os centros urbanos, resultantes
do êxodo rural e da falta de um planejamento familiar.
O conhecimento do problema passou a incluir no seu universo de análise
preocupações, por exemplo, com a velocidade do processo de produção de resíduos
sólidos nas cidades, e com os fatores que influenciam esse processo, que é superior
à velocidade natural dos processos de degradação. A questão dos resíduos sólidos,
no meio urbano, representa impactos ambientais relevantes que afetam e degradam
4
a qualidade de vida urbana (OLIVEIRA, 1973).
Sabe-se que quaisquer atividades humanas produzem resíduos sólidos, e
esses resíduos sejam doméstico, industrial, hospitalares ou escolares, precisam ter
um destino. Sendo público ou privado, o material descartado deve ter um fim que
não prejudique o meio ambiente. A maneira que é realizada a coleta, o tratamento, o
descarte e deposição final dos resíduos urbano interferem na vida de toda
população e, a preocupação com essa questão torna-se pública e de todos.
De acordo com o IBGE (2000) dados recentes mostraram que no Brasil a
disposição dos resíduos sólidos ainda se dá, na maior parte das cidades, em lixões,
ocasionando sérios problemas sociais, econômicos e sanitários, além da poluição e
da contaminação do ambiente.
Deve-se ressaltar o direito fundamental à vida, à habitação, à saúde, ao
meio ambiente equilibrado ecologicamente, são aspectos presentes na Constituição
Brasileira e requerem ações eficazes por parte dos governantes para que sejam
cumpridas. E dentre esses aspectos encontra-se o resíduo.
Para fins didáticos esse estudo será dividido em tópicos: Iniciando com as
políticas ambientais que tratam dos resíduos sólidos urbanos; passando para o
conceito, os tipos, a classificação, o tratamento e a disposição dos resíduos sólidos
urbanos, concluindo com a Educação Ambiental.
1.2 Políticas Ambientais
Em 1972, na cidade de Estocolmo houve a primeira Conferência das
Nações Unidas para o meio ambiente. As questões ambientais em foco foram às
poluições da água, do ar e do solo, provocadas pela industrialização desordenada.
A posição do Brasil, nessa conferência foi ficar ao lado do crescimento econômico,
mesmo tendo que sacrificar o meio ambiente (FERREIRA, 1998).
De acordo com a Constituição Federal:
Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para presentes e futuras gerações (BRASIL, 1988).
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Em 1992 aconteceu no Rio de Janeiro a Conferência das Nações Unidas,
conhecida como Conferência da Terra, foi convocada para participar todos os Chefes
de Estado do Planeta, onde se elaborou e aprovou um programa global denominado
“Agenda 21”, com o objetivo de regulamentar o processo de desenvolvimento com
bases nos princípios da sustentabilidade.
A Agenda 21 propôs que cada País criasse Conselhos e Comissões
Nacionais de Desenvolvimento Sustentável, e ainda promovessem Fóruns de
discussão envolvendo as comunidades e o poder local, os trabalhadores e
associações de classe, os empresários as ONGs, a comunidade científica, a mídia e
as lideranças sociais e políticas regionais e locais (BEZERRA, 2002).
Para Sousa (2009), a política ambiental ideal é a que incorpora as diversas
dimensões da vida humana e da sociedade. A adoção de perspectivas ambiental
significa reconhecer que todos os processos de ajuste setorial e de crescimento
estão condicionados pelo entorno biofísico local, nacional e global, com autonomia
nacional respeitando a identidade cultural dos povos que se referem.
Ou seja, cada município deve elaborar sua própria política ambiental,
levando em consideração a realidade local, e no que se refere aos resíduos sólidos
urbanos, a administração municipal deve encontrar formas de evitar e reduzir a
geração de resíduos que sejam prejudiciais ao meio ambiente e a saúde pública.
Para tanto são importantes ações coletivas junto à população que deve ter
consciência da problemática ambiental causada pelo excesso de resíduos sólidos
produzidos no município.
Para Bonilla (1993), o Brasil foi o primeiro País que dedicou um capítulo
inteiro a questão ambiental. Com a constituição o sistema de competência ambiental
passou a ter três níveis de governo: federal, estadual e municipal.
Os resíduos sólidos urbanos de cada município possuem características
próprias de acordo com a população, hábitos, costumes e atividades econômicas
desenvolvidas pelos municípios (JARDIM et al. 1995). Portanto se faz necessário
que cada município componha seu perfil de gestão. Conforme consta no artigo 30,
incisos I e V, da Constituição Brasileira de 1988:
“Art. 30. Compete aos municípios: I – legislar sobre o assunto de interesse local (...); V – organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local (...)” (BRASIL, 1998).
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Foi aprovada pelo Congresso Nacional em julho de 2010 a Lei nº
12.305/2010, denominada Política Nacional de Resíduos Sólidos, que tratará de
problemas ambientais resultantes do excesso de lixo, destinação final e do
tratamento adequado dos mesmos. Essa lei é de fundamental importância para a
aplicação do gerenciamento de resíduos sólidos dentro de um município.
No Paraná, a Lei 12.493/99, estabeleceu princípios, procedimentos, normas
e critérios referentes à geração, acondicionamento, armazenamento, coleta,
transporte, tratamento e destinação final dos resíduos sólidos, visando controlar a
poluição e contaminação ambiental.
Quanto aos resíduos sólidos urbanos provenientes de residências,
estabelecimentos comerciais, limpeza pública urbana, deverão ter um destino final
adequado em áreas municipais atendendo as normas do Instituto Ambiental do
Paraná (IAP) e as normas da associação brasileira de normas técnicas (PARANÁ,
1999).
No que se refere à proibição, a Lei 12.493/99 em seu artigo 14 diz: Ficam
proibidas, em todo o Estado do Paraná, as seguintes formas de destinação final de
resíduos sólidos, inclusive pneus usados:
I – lançamento in natura a céu aberto, tanto em áreas urbanas como rurais;
II- Queima a céu aberto;
III – Lançamento em corpos d’água, manguezais, terrenos baldios, redes
públicas, poços, cacimbas, mesmo que abandonados;
Inciso 1º - O solo e o subsolo somente poderão ser utilizados para
armazenamento, acumulação ou disposição final de resíduos sólidos de qualquer
natureza, desde sigam as normas do IAP (PARANÁ, 1999).
No ano de 2003 o Estado do Paraná lançou o Programa Desperdício Zero
promovido pela Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, cujo principal
objetivo é a eliminação de 100% dos lixões do Estado e a redução de 30% dos
resíduos sólidos produzidos no Paraná, no prazo de 10 anos (SEMA, 2003).
Essas metas podem ser alcançadas se houver a colaboração de toda
sociedade, através de mudanças de atitudes, hábitos de consumo, combate ao
desperdício e reaproveitamento de materiais que possam ser recicláveis.
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Para garantir as condições de existência de futuras gerações o ideal seria: reduzir, através de uma mudança de atitude, evitando principalmente o desperdício, reutilizar o máximo possível e recuperar os materiais potencialmente recicláveis através da reciclagem, recuperando parte das matérias-primas nobres usadas nas embalagens e que são colocadas no lixo indiscriminadamente (PARANÁ, 2003).
Dentre as ações do programa, destacam-se:
•Destinação final adequada dos resíduos sólidos urbanos de forma compatível com
a saúde pública e a conservação do meio ambiente;
•Programas de educação ambiental, em especial os relativos a padrões sustentáveis
de consumo;
•Soluções regionais no encaminhamento de alternativas ao acondicionamento,
armazenamento, coleta, transporte, tratamento e disposição final dos resíduos
sólidos.
Quanto aos municípios de acordo com D’ Almeida (2000) devem possuir a
competência para organizar e prestar os serviços públicos de interesse local, entre
eles as tarefas de limpeza pública como coleta, transporte, tratamento e disposição
do lixo municipal. Para tanto, os municípios utilizam como sistema de planejamento
quatro leis municipais: plano diretor, plano plurianual, diretrizes orçamentárias e
orçamentos anuais.
2 METODOLOGIA
Visando a implementação do projeto, elaborou-se um material didático na
forma de unidade didática, com propostas de atividades que foram desenvolvidas
em encontros semanais divididos da seguinte forma: No primeiro encontro foi
realizada a entrevista semi estruturada junto aos alunos para coleta de dados, e
construção de gráficos para interpretação dos dados coletados; Em seguida foi
trabalhado o Manual do Agente da Reciclagem elaborado pela Secretaria de Meio
Ambiente do município; a leitura do gibi “Coleta Seletiva” ocorreu no terceiro
encontro; No quarto encontro foi exibido o filme “Ilha das flores”, após exibição,
discussão e debate sobre o tema central do filme; No quinto encontro foi realizado
8
uma reflexão dos textos “A gente produz lixo desde que nasce”, “É hora de repensar
nosso consumo”, “Os princípios do consumos consciente”; No sexto e sétimo
encontros houve a exibição do filme “Compostagem dentro de casa” e um mini curso
sobre a compostagem de material orgânico; No oitavo e nono encontro foram feitas
visitas técnicas no aterro sanitário e cooperativa. E por fim, no último e conclusivo
encontro para fechar a unidade, foi realizado um mutirão para limpeza e
embelezamento da praça pública que fica em frente ao colégio onde foi realizada a
implementação.
3 RESULTADOS DE DISCUSSÃO
Tratar das questões críticas relacionadas ao desenvolvimento do meio
ambiente, sociedade e espaço urbano viabilizando ações educativas articulando o
conjunto de saberes, atitudes e sensibilidades ambientais, destacando a produção e
destino do lixo urbano, foi o objetivo traçado para o projeto de intervenção
pedagógica.
A intervenção pedagógica transcorreu em forma de aulas uma vez que a
professora/pesquisadora trabalha com a disciplina de geografia, porém em contra
turno e foi estruturada em sete encontros semanais, envolvendo os sujeitos da
intervenção, no caso, discentes do 7º ano do Colégio Estadual Adélia Rossi,
localizado no distrito de Sumaré no município de Paranavaí, num total de trinta (30)
participantes. O material pesquisado deu origem a uma Unidade Didática, das quais
apresentamos os resultados.
3.1 Caracterização do Município de Paranavaí
O município de Paranavaí foi criado com o desmembramento de Mandaguari,
pela Lei Estadual nº 790 de 14 de dezembro de 1951, seu nome foi veio da junção
9
de dois topônimos indígenas: Paraná (Grande Rio) e Ivaí (Rio de água suja e
barrenta). (Figura 1)
Figura 1. Mapa de localização Geográfica de Paranavaí com destaque para a área de estudo.
Fonte. Kramer, 2011.
Hoje a cidade é centro de um município de 1.202,4 km² de área, onde vivem
81.595 mil habitantes (IBGE, 2010) e uma densidade demográfica de 67,88 h/km².
São distritos: Sumaré, Graciosa, Deputado José Afonso (conhecido como
Quatro Marcos), Piracema e Mandiocaba.
Paranavaí está localizado geograficamente na região noroeste do estado do
Paraná e drenada por pequenos cursos d'água e um grande rio, Paranapanema,
que separa o município do estado de São Paulo.
Limitam-se com Paranavaí: Amaporã, Guairaçá e Terra Rica a oeste, Santo
Antônio do Caiuá, São João do Caiuá e Alto Paraná a leste, Tamboará, Nova Aliança
do Ivaí, Amaporã e Mirador, ao sul (Figura 2).
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Figura 2. Mapa de localização dos limites geográficos do município de Paranavaí
Fonte: autor
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3.2 Caracterização do Distrito de Sumaré
Sumaré é um distrito que se localiza na região leste do Município de
Paranavaí (Figura 3). Segundo a Secretaria Municipal da Educação/Fundação
Cultural o distritou iniciou com a chegada das famílias Dal Ponte e Rodrigues
Carvalho, ao longo dos anos foram chegando outras famílias e o povoado cresceu.
Hoje, de acordo com prefeitura municipal, Sumaré possui 4600 habitantes e
nele está situado a Área Industrial de Paranavaí.
O Colégio Estadual Adélia Rossi Arnaldi, onde foi desenvolvida essa
Intervenção Pedagógica, foi à primeira escola do distrito, recebeu esse nome em
homenagem a uma das primeiras professoras que ali atuou.
Com a municipalização das escolas de 1ª a 4ª série foi criada a Escola
Municipal de Sumaré, que em dezembro de 2003 recebeu prédio novo e passou a
ser chamada Escola Municipal Dr José Vaz de Carvalho.
Figura 3. Planta do Distrito SumaréFonte: Prefeitura Municipal de Paranavaí
3.4 Programa de Coleta Seletica em Paranavaí
Paranavaí implantou a coleta seletiva e fez ampla divulgação, inclusive nas
escolas municipais, lançando o “Manual do Agente de Reciclagem”. A prefeitura
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ainda contratou uma empresa especializada para fazer a coleta do lixo, a
manutenção do aterro sanitário e a contratação de funcionários.
O aterro sanitário de Paranavaí é considerado modelo dentro do Estado do
Paraná, recebe cerca de um mil e oitocentas (1.800) toneladas de lixo por mês.
O Município conta ainda com uma cooperativa, que iniciou com oito (8)
funcionários e atualmente contando com funcionários do escritório, catadores de rua
e da separação, há sessenta e quatro (64) funcionários, todos cooperados.
O material reciclado é vendido para empresas de Maringá, Mandaguari e
Londrina, o lucro é dividido em partes iguais entre os cooperados. A cooperativa
recebe em média 30 tipos de materiais diferentes, sendo o maior volume composto
de papelão e garrafas pet.
3.5 Ações na Escola
Seguindo as estratégias das ações propostas procedemos a aplicação de um
questionário composto por sete questões com o objetivo de verificarmos qual o
destino que as famílias dos alunos alvos da pesquisa, dão ao lixo domiciliar.
Na questão o que é lixo, foi possível verificar que a maioria dos entrevistados
entende por lixo, todo material que não tem utilidade. Convém registrar que no ato
da pergunta, nada havia sido falado a respeito de reciclagem (Figura 4).
28%
16%
21%
10%
10%
2%14%
tudo o que não usoapenas restos de alimentospapéis e outras emba-lagensplásticoslatasmáquinas velhas outros
Figura 4. Gráfico que ilustra o resultado da pergunta 1, o que é lixo.
13
Vale ressaltar que os resíduos sólidos domiciliares, segundo Cempre (2000)
são os originados na vida diária das residências, constituídos por restos de
alimentos, produtos deteriorados, jornais, revistas, garrafas, embalagens em geral,
papel higiênico, fraldas descartáveis e uma grande diversidade de outros itens.
Contém, ainda, alguns resíduos que podem ser tóxicos.
Quando questionamos o que é feito o que é feito com os resíduos de sua
casa (figura 5). 56% responderam coloca em saco de lixo, para o coletor recolher.
Sendo que 36% separam os resíduos recicláveis e 20% somente ensaca, sem
separar. A questão que aborda enterrar os resíduos justifica-se tendo em vista que
alguns alunos moram na zona rural.
4%
56%4%
36% enterra no quintal joga em terreno baldioensaca e coloca na rua, para o caminhão de lixo recolher
leva no lixão
separa e coloca em frente de casa para a coleta seletiva
Figura 5. Gráfico que ilustra o resultado da pergunta 2, o que você faz com os resíduos de sua casa.
Torna-se oportuno esclarecer que resíduos sólidos de acordo com a
Secretaria de Meio Ambiente do Paraná, são os restos das atividades humanas
consideradas pelos geradores como inúteis, indesejáveis ou descartáveis. Até pouco
tempo atrás lixo e resíduo tinham basicamente o mesmo conceito, atualmente são
diferenciados da seguinte forma:
Lixo: Tudo o que não pode ser reaproveitado ou reciclado e resíduos: Tudo o
que ainda pode ser parcialmente ou totalmente utilizado (SEMA, 2003).
Para tornar mais clara a questão sobre o resíduo de sua casa, questionamos
ainda onde são colocados os lixos recicláveis produzidos na casa. As respostas
foram: ensacadas sem a devida separação, mas dos que separam o lixo, 10%
entregam para catadores que residem no bairro e 7% entrega para o coletor de lixo
reciclado. A 10% dos entrevistados ainda enterram os lixos recicláveis (Figura 6).
14
30%
53%
7%10%
entregue a catadoreslevado junto com os outros lixos pelo coletorlevado pelo coletor do lixo recicladoenterrado
Figura 6. Gráfico que ilustra o resultado da pergunta 3, o que é feito com o resíduo reciclável quando não encaminhado para coleta seletiva.
Convém esclarecer que a grande quantidade de matéria orgânica junto ao
resíduo sólido domiciliar lançado nos lixões ou enterrada entra em decomposição
gerando chorume e gases poluentes que causam impacto ao meio ambiente, fato
que torna a coleta seletiva ainda mais importante.
Outro questionamento que merece destaque foi sobre o local onde o coletor
de lixos descarrega o lixo coletado (figura 7), sendo que, as opções incineração e
compostagem não foram citadas por nenhum dos entrevistados, e as opções entre
lixão e aterro sanitário tiveram respostas equilibradas. No entanto, quando foram
questionados sobre o destino do lixo coletado no distrito de Sumaré (figura 8), 70%
cento dos entrevistados não souberam responder. Fato que nos faz deduzir que não
houve muita reflexão ao responderem sobre o local de destino do lixo de Paranavaí,
pode ser que anotaram a opção mais conhecida entre eles.
38%
31%
19%
13%
lixãoaterro sanitárioreciclagem Não sei
Figura 7. Gráfico que ilustra o resultado da pergunta 4, qual o destino do lixo que a prefeitura coleta.
15
30%
70%
Sim, eu seiNão sei
Figura 8. Gráfico que ilustra o resultado da pergunta 5, onde o caminhão leva o lixo coletado no distrito do Sumaré.
Deve-se analisar que grande parte da população não tem consciência e não
separam o lixo entre lixo seco, que são os pápeis, latas, vidros; dos lixos molhados,
conhecidos como orgânicos, que são recolhidos pelo caminhão do lixo, e que é
levado até o aterro sanitário (STECKEL, 2009).
Diante dos fatos, podemos dizer que nossos alunos tem algum
conhecimento teórico a respeito da reciclagem, no entanto, não conseguem se
inserir no contexto, ou seja, sabem o que é lixo, sabem que devem reciclar, sabem
que o municípío possui a coleta seletiva, no entanto nunca pararam para pensar
sobre o tratamento e destino dos mesmos. Questões que serão abordadas durante a
intervenção.
Partindo para fase das ações educativas, distribuímos aos partipantes o
“Manual do Agente da Reciclagem”, elaborado pela Secretaria Municipal de Meio
Ambiente de Paranavaí, quando implantou a coleta seletiva no município.
O manual apresentou textos pequenos e de fácil entendimento sobre os
temas em debate, em formato de um gibi, onde foram apresentadas questões como:
O que fazer para reciclar; como separar o lixo para a coleta seletiva; como enviar
para coleta comum e se a gente não ajudar o lixo vem para ficar. Após a leitura do
manual, foram realizados os passatempos propostos no manual.
Torna-se indispensável acrescentar que o Governo do Estado do Paraná por
meio da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos – SEMA –
Coordenadoria de Resíduos Sólidos-CRES, apresenta como as duas principais
metas na área de resíduos sólidos: A eliminação de 100% dos lixões do Estado do
16
Paraná e a redução de 30% dos resíduos gerados, através da convocação de toda
sociedade.
Na sequência de ações com a proposta de despertar o interesse dos
alunos pelo tema Resíduos Sólidos Urbanos, foi feita a apresentação do
documentário "Ilha das Flores" de Jorge Furtado produzido em 1989. Trata-se de um
retrato da realidade da sociedade brasileira, onde seres humanos lutam pela sua
sobrevivência. Os habitantes da ilha buscam alimentos num lixão, onde eles só
podem entrar depois que são retirados os alimentos para os porcos.
O documentário inicia de um modo cômico e irônico, explorando o significado
formal de termos como "seres humanos", "lixo", "porcos", "judeus", "liberdade" entre outros.
Acompanha toda a trajetória de um tomate, desde a plantação até ser jogado fora,
mostrando o processo de geração de riqueza e as desigualdades sociais.
O principal objetivo do filme é mostrar a desigualdade social gerada pela soci-
edade de consumo, colocando em pauta a discussão acerca da pobreza, da fome e
da exclusão social. Portanto, antes de iniciar a exibição do filme, foi sugerido que os
alunos anotassem a trama central do filme e pensassem em sugestões para ameni-
zar a problemática exposta na apresentação. Observações dos alunos:
Quis demonstrar que não são todas as pessoas que tem a condição de vida que nós temos que elas comem alimentos do lixo, que são jogados fora, e que por não ter dinheiro, não tem uma boa condição de vida (aluno C.H.S).
É para dizer que é a realidade. Que tem muitas pessoas não só em Porto Alegre, mas em outras cidades que estão nessas condições, inclusive aqui em Paranavaí, tem gente passando por isso (aluno, A.C.S).
Muitas pessoas não tem o que comer, enquanto outras têm tanto que joga no lixo. E as pessoas nem liga, mas é assim, tem gente que tem que pegar comida no lixo (aluno M.H.R).
Temos que consumir menos, comprar menos, não gastar tanto dinheiro com coisas sem utilidade. Por que por dia o Brasil produz toneladas de lixo. E assim, pessoas têm o que comer e outras não. É muito injusto (aluno T.F).
Para aprofundar as reflexões a respeito da conscientização ambiental degrada-
ção e a necessidade humana de transformar o ambiente para utilizar os recursos na-
17
turais foi realizada uma atividade sobre a ação do ser humano no ambiente. Os textos
de leitura foram retirados de uma Cartilha elaborada pelo Instituto Ambiental do Brasil,
disponível no endereço eletrônico http://www.institutoambientalbrasil.org. Foram três
textos: A gente produz lixo desde que nasce; É hora de repensar nosso consumo e
Para onde vai o seu lixo.
O primeiro texto abordou a produção do lixo, mostrando somos responsáveis,
tendo em vista que também produzimos o lixo, independente de nossa vontade. O se-
gundo texto, mostrou os princípios do consumo consciente, que são Reduzir, Raciona-
lizar, Rejeitar, Reciclar e Responsabilizar-se. E o último apresentou o destino dos lixos
fabricados por nós como os lixões, aterros sanitários e incineradores.
Para concluir esta atividade, os estudantes foram divididos em grupos, onde
fizeram cartazes mostrando imagens de degradação ambiental das cidades e elen-
caram vantagens e desvantagens que o uso dos recursos naturais pelos seres hu-
manos trouxe para o ambiente e para a vida humana. Foi uma experiência única, ten-
do em vista a pouca idade dos participantes e o material que produziram. Conforme
relato abaixo:
Contribuindo com a natureza: Cada 50 quilos de papel usado, transformado em papel novo, evita que uma árvore seja cortada. Pensem nisso (Grupo 1).
Mil quilos de alumínio reciclado é igual a cinco mil quilos de minérios extraídos poupados (Grupo 2).
Você separa diariamente o lixo? E sabia que é mais que um dever? É quase uma obrigação. Pois se separarmos o nosso lixo corretamente estaremos ajudando não só o meio ambiente, mas a nós mesmos (Grupo 3).
A reciclagem além de preservar o meio ambiente também gera rique-zas. Os materiais mais reciclados são: o vidro, o alumínio, o papel e o plástico. Você sabia que a separação evita a contaminação dos ma-teriais reaproveitáveis? Então... o que está esperando? Vamos sepa-rar o lixo? (Grupo 4).
Continuando com nossas metas aproveitamos o momento para falar sobre
os vários métodos que há para o tratamento e a disposição dos resíduos sólidos. Os
mais conhecidos são os aterros sanitários, utilizados na disposição de resíduos do-
miciliares; a incineração; a compostagem e a reciclagem. No entanto, aqui vamos
nos aprofundar somente nos métodos presentes no município, que é a composta-
18
gem, o aterro sanitário e a reciclagem.
O primeiro método abordado foi a compostagem. Os alunos receberam a vi-
sita de acadêmicos do curso de geografia da Universidade Estadual do Paraná,
campus de Paranavaí, que ministraram um minicurso a respeito de como fazer a
compostagem.
Cabe nesse momento relembrar que a compostagem é uma prática datada
de longos anos, utilizada por agricultores de diversos países, pelos benefícios que
traz para as plantas e para o solo. Consiste na decomposição controlada de restos
de vegetais e estercos obtendo matéria orgânica bioestilizada ou humificada.
Para Brito (2008), compostagem é uma intervenção humana no processo
natural de decomposição. Com uma combinação ambiental propícia e tempo
adequado, os microrganismos transformam a matéria orgânica putrescível em um
produto estabilizado.
É também uma das formas mais sustentáveis do ponto de vista social,
econômico e ambiental (PEIXOTO, 1988; KIEHL, 1985; HOWARD, 1947). Cabe
ressaltar que o processo de compostagem ainda apresenta as seguintes vantagens:
Redução de cerca de 50% do lixo destinado ao aterro; Redução dos impactos
ambientais associados à degradação dos resíduos orgânicos em locais
inadequados; economia de aterro; reciclagem de nutrientes para o solo; economia
na aquisição de fertilizantes minerais; liminação de patógeneos e economia na
coleta e transporte dos resíduos sólidos (IPT, 2000).
Nesse contexto o minicurso teve como objetivos específicos diminuir o
volume de lixo orgânico recolhido nas residências e ensinar técnicas de reutilização
do lixo orgânico doméstico na produção de adubo orgânico para a utilização em
jardins e hortas.
Para o sucesso desta atividade providenciamos com antecedências uma
caixa plástica que chamamos de organizadora para cada grupo de alunos
envolvidos na implementação. E solicitado aos mesmos que juntassem, durante uma
semana em suas casas, restos de frutas legumes, cascas, folhas e talos. O mesmo
pedido foi feito a merendeira da escola.
Após a coleta desse material, os acadêmicos foram explicando o passo a
passo do processo da compostagem, os grupos foram montando a caixa
organizadora. Para sintetizar, foram utilizados cascas de frutos, vegetais e borra de
café. Os grupos foram orientados sobre os furos feitos nas caixas organizadoras,
necessários para oxigenar o material que ali seria distribuído. Na sequência
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colocaram no fundo uma camada de folhas secas, depois as cascas dos alimentos,
terra comum, borra de café e folhas novamente.
Depois de prontas as caixas, os alunos receberam a tarefa de mexer o
material da caixa de três em três dias, num prazo de três meses. E assim, ao
término, cada grupo teria o seu próprio adubo orgânico. Nesse ponto, convém
ressaltar, os alunos entenderam porque os pais e avós enterram as folhas que caem
das árvores nos quintais de suas casas.
A próxima ação desenvolvida foi à visita ao aterro sanitário de Paranavaí
(Figura 9), para uma melhor compreensão sobre o destino possível dos resíduos
sólidos urbanos. O aterro sanitário é a forma mais adequada de disposição final dos
resíduos sólidos domiciliares, tendo em vista que o lixo fica confinado. O processo
utilizado para a disposição de lixo domiciliar, que fundamentado em critérios de
engenharia e normas operacionais específicas, permite o confinamento seguro em
termos de controle de poluição ambiental e proteção à saúde pública (PARANÁ,
2003).
Figura 9. Gráfico que ilustra o aterro sanitário
Os alunos conheceram alguns conceitos básicos da reciclagem e
entenderam que a forma mais racional de eliminação de resíduos, pois o material
usado volta para o ciclo de produção, solucionando o problema de superlotação nos
aterros sanitários, além de combater o desperdício. Os alunos conheceram ainda, as
três lagoas de chorume, e o gás metano, que serve para retirar o chorume do lixo.
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Uma das técnicas de tratamento dos aterros sanitários é a biorremediação,
esse processo acelera a decomposição dos resíduos sólidos, através da inserção de
bactérias no chorume, prolongando a vida útil do aterro (PARANÁ, 2003).
Outra informação importante repassada pelo secretário do Meio Ambiente de
Paranavaí foi que a vida útil do aterro sanitário pode chegar a até dez anos. Após o
período de uso, o terreno fica impróprio por pelo menos 400 anos. E atualmente, apenas
oito por cento dos municípios brasileiros possuem um aterro sanitário como o de
Paranavaí.
Vale ressaltar que as visitas foram registradas pelo Jornal Diário do Noroeste de
Paranavaí, que as acompanhou e registrou. Para grata satisfação e sensação de dever
cumprido, no dia seguinte estava estampada na página da educação uma reportagem
intitulada, “Estudantes da rede pública estadual, visitam o Aterro Sanitário de Paranavaí”.
“Sob a orientação da professora (PDE, 2010) Ana Maria Solinski, do secretário do Meio Ambiente, João Marques e do diretor de Gestão Ambiental, Edson Hedler, os alunos tiveram a oportunidade de conhecer de perto as etapas e procedimento do tratamento destinado aos resíduos sólidos na cidade. Compreenderam também a importância do município contar com um espaço apropriado para acomodar o lixo orgânico” (Diário do Noroeste, p.6,2011).
Para encerrar esta fase da implementação visitamos ainda a cooperativa de
Paranavaí “Coopervaí”, onde observamos o funcionamento da mesma. Um dos
associados foi explicando como se formou a cooperativa, que atualmente há 60
associados, onde trinta trabalham na rua recolhendo o material e trinta ficam no
barracão separando o lixo coletado. Dentre os materiais coletados destacam-se o papel,
o metal e o vidro, único material 100% reciclável. Os trabalhadores separam o lixo
adequadamente e depois vendem para cooperativas de outros municípios, já que em
Paranavaí não há indústria de reaproveitamento do material coletado.
As duas visitas técnicas realizadas no aterro e na cooperativa, tiveram como
objetivo mostrar que:
“O sistema de aterro sanitário precisa ser associado à coleta seletiva de lixo e à reciclagem, o que permitirá que sua vida útil seja bastante prolongada, além do aspecto altamente positivo de se implantar uma educação ambiental com resultados promissores na comunidade, desenvolvendo coletivamente uma consciência ecológica, cujo resultado é sempre uma maior participação da população na defesa e preservação do meio ambiente” (EcolNews, 1999).
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A finalização prática do PDE encerrou com um mutirão de limpeza na praça
pública que fica em frente ao Colégio Adélia Rossi, o local foi escolhido, por ser
diariamente frequentado pelos alunos. E nada mais justo, do que encerrar as atividades,
utilizando os conhecimentos prévios adquiridos no período da implementação (Figura
10).
Figura 10. Gráfico que ilustra a praça
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), do Estado do Para-
ná, destinado à qualificação e formação dos professores da rede estadual de ensi-
no, desenvolvido pela SEED em parceria com as IES, certamente proporcionou aos
professores um grande crescimento pessoal e profissional.
As atividades desenvolvidas foram ferramentas no processo exploratório,
nos fez verificar que embora os alunos tivessem noções básicas de coleta seletiva
e reciclagem, não tinham incorporado a prática domiciliar. Ou seja, tinham a teoria,
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mas, infelizmente não a executavam na própria residência.
Esses resultados apontam que, apesar das informações relacionadas à pro-
blemática dos resíduos sólidos terem sido adquiridas na escola, as concepções
sobre os mesmos são ainda fundamentadas no pensamento reducionista, não sa-
bendo o aluno diferenciar lixo orgânico de inorgânico. Nem como separá-lo, higieni-
zá-lo até o dia da coleta seletiva. Por outro lado, alguns disseram que fazer a sepa-
ração de lixo em suas residências é função da mãe.
Essas análises indicaram a necessidade de se conceituar melhor a questão
dos resíduos sólidos urbanos no ensino fundamental, visto que surgem muitos
erros conceituais, ausência de contextualização e a presença da formação lógica
consumista. Quanto às atividades realizadas, essas contribuíram para que os
conceitos sobre o tema fossem aos poucos sendo compreendidos e o processo de
sensibilização fosse ocorrendo.
As visitas técnicas mostraram aos alunos que o lixo produzido em excesso e
descartado na comunidade é uma das ações que tem provocado consequências
indesejáveis ao meio ambiente. Esse lixo necessita de um destino final ao sair de
nossas casas. E as visitas proporcionaram conhecer o destino destes lixos.
Diante dos fatos, podemos dizer que nossos alunos tem algum
conhecimento teórico a respeito da reciclagem, no entanto, não conseguem se
inserir no contexto, ou seja, sabem o que é lixo, sabem que devem reciclar, sabem
que o municípíuo possui a coleta seletiva, no entanto nunca pararam para pensar
sobre o tratamento e destino dos mesmos.
Por fim, podemos dizer que o objetivo de tratar das questões críticas
relacionadas ao desenvolvimento do meio ambiente, viabilizando ações educativas,
articulando o conjunto de saberes, atitudes e sensibilidades ambientais, destacando
a produção e destino do lixo urbano. Foi plenamente alcançado.
Um dos resultados positivos foi à cobrança que os próprios envolvidos na
implementação fizeram a direção da escola, na questão da separação dos lixos a
começar pela posição dos alunos e a atitude da escola. O Sumaré “lixo zero” ainda
não ocorre, mas, a começar pela posição dos alunos e a atitude da escola,
chegaremos lá.
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