SÉRIEREALIDADE RURAL – VOLUME 46
MED. VET. JORGE JOÃO LUNARDI
EXT. DE BEM-ESTAR SOCIAL GLOTILDE BAO
Porto Alegre, 2006.
© 2006 EMATER/RS-ASCARNenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio, sem a prévia autorização deste órgão.
(Catalogação na publicação – Biblioteca da EMATER/RS-ASCAR)
REFERÊNCIA:LUNARDI, Jorge João; BAO, Glotilde. Jogos de Sol a Sol: o lazer e a recreação no desenvolvimento do meio rural.Santa Rosa: EMATER/RS-ASCAR, 2006. 59 p. (Realidade Rural, 46)
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L961J Lunardi, Jorge JoãoJogos Rurais de Sol a Sol : o lazer e a recreação no
desenvolvimento do meio rural / por Jorge João Lunardi e Glotilde Bao– Santa Rosa : EMATER/RS-ASCAR, 2006.
59 p. : il. (Realidade Rural; v. 46)
1. Recreação. 2. Meio Rural. 3. Lazer. 4. Desenvolvimento Rural.5. Jogos Rurais. 6. Santa Rosa. I. Bao, Glotilde. II. Título.
379.8.093(816.5Santa Rosa)
APRESENTAÇÃO
No entendimento da EMATER/RS-ASCAR, o lazer é considerado um espaço
privilegiado para o desenvolvimento das relações de sociabilidade entre os jovens e as
famílias rurais. De uma maneira geral, observa-se que a valorização da dimensão do
lazer e do uso do tempo livre das famílias ganha espaço de discussão na sociedade,
quando se percebe a associação entre a ociosidade, o vício e a criminalidade.
A ação extensionista, neste contexto, se apresenta de fundamental
importância, pois as famílias rurais e, principalmente, os jovens devem ser motivados
e apoiados a desenvolver atividades de lazer, tais como: práticas esportivas,
organização de festas comunitárias, eventos artísticos e culturais juvenis, encontros,
seminários, bailes, entre outros.
A equipe regional de Santa Rosa organiza os Jogos Rurais Sol a Sol, desde o
início da década de oitenta, momento em que a equipe de extensionistas rurais
passou a dedicar mais atenção para o lazer e recreação no meio rural, a partir das
demandas levantadas junto ao público beneficiário, especialmente o público feminino e
juvenil, que sempre reivindicavam mais qualidade neste tipo de ação.
Assim, em 1982, foi organizado um torneio padronizado chamado de “Jogos
Rurais Sol a Sol”, em alusão à característica do trabalho das famílias rurais, que se
inicia ao nascer do sol, transcorre ao longo do dia e termina com o seu poente.
Apesar de ser o maior e mais tradicional evento da região e se posicionar como
uma referência positiva de trabalho de ATER no Rio Grande do Sul, os “Jogos Rurais
Sol a Sol” não são os únicos eventos de lazer e recreação na região Noroeste do
Estado. Além desse, estão presentes na lista de principais eventos nessa área, os
bailes, as festas de São João, Natal, aniversário dos grupos comunitários, os jantares,
os almoços, os chás, as comemorações, os encontros, e muitos outros.
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Os extensionistas entendem que o tempo livre disponível das famílias rurais da
região precisa ser preenchido com atividades que gerem bem-estar social, com o
objetivo de facilitar o convívio familiar, comunitário e combater mazelas sociais graves,
como vícios e desestímulo na busca de um futuro melhor.
Na descrição do trabalho executado em lazer e recreação no noroeste do RS,
os extensionistas Jorge Lunardi e Glotilde Bao defendem que a importância desse
trabalho reflete-se, além dos resultados positivos em convívio comunitário e combate
às malezas sociais, perpassando também aspectos econômicos, com aumento dos
ingressos de recursos nas comunidades; nos aspectos de infra-estrutura, com
potencialização da capacidade de reivindicação comunitária para acesso a bens e
políticas públicas; nos aspectos histórico-culturais, com fortalecimento dos hábitos e
costumes, e, além de tudo isso, ocorre um aprofundamento do conhecimento da
realidade rural.
A consistência do trabalho, prestes a completar três décadas de vida, tem
proporcionado resultados positivos num ponto considerado fundamental para a
valorização do meio rural, a criação de atrativos para fixar a família no campo, e atua
intensamente num dos segmentos mais críticos no processo de êxodo rural: a
juventude.
Tendo em vista a relevância da experiência, é com satisfação que a Gerência
de Planejamento publica este número 46 da Série Realidade Rural, intitulado Jogos
Rurais Sol a Sol – O lazer e a recreação no desenvolvimento do meio rural.
Gerência de Planejamento.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Atividades de Lazer e Recreação Realizadas pelas Comunidades RuraisTrabalhadas pela Extensão Rural – Ano 1997. .....................................................53
Tabela 2 - Resultados dos Jogos rurais Sol a Sol – 2005. .....................................................54
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO...........................................................................................................9
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA............................................................................132.1 Lazer.................................................................................................................................... 132.2 Recreação ...................................................................................................................142.3 Comunidade Rural........................................................................................................152.4 Trabalho e Desenvolvimento Comunitário ......................................................................16
3 DIFICULDADES NA PROMOÇÃO DO LAZER E RECREAÇÃO NO MEIORURAL......................................................................................................................19
4 LAZER E RECREAÇÃO NO DESENVOLVIMENTO RURAL DA REGIÃONOROESTE DO RS ...............................................................................................21
4.1 Aspectos Físicos, Econômicos e Sócio-Culturais da Região Santa Rosa .........................214.2 Características das Atividades de Lazer e Recreação.....................................................22
5 EVENTOS DE LAZER E RECREAÇÃO NA REGIÃO NOROESTE DO RS31
6 JOGOS RURAIS SOL A SOL ...............................................................................336.1 O Início dos Eventos Sol a Sol na Região Noroeste do RS..............................................336.2 A Evolução do Evento Sol a Sol até os Dias de Hoje ......................................................36
7 REGULAMENTO DOS JOGOS RURAIS SOL A SOL-2006 ..........................417.1 Municípios Participantes ...............................................................................................417.2 Objetivos .....................................................................................................................427.3 Participantes ................................................................................................................427.4 Modalidades/Categorias ...............................................................................................437.4.1 Modalidades Coletivas ...............................................................................................437.4.2 Modalidades Individuais - Atletismo ............................................................................447.4.3 Apresentações Artísticas dos Talentos Locais .............................................................467.4.4 Outras Modalidades...................................................................................................467.5 Inscrições e Prêmios ....................................................................................................477.6 Pontuação ...................................................................................................................477.7 Regras e Orientações Gerais ........................................................................................487.8 Fase Regional..............................................................................................................507.8.1 Participantes .............................................................................................................507.8.2 Premiação: de Responsabilidade do Município Sede ...................................................50
8 RESULTADOS PRÁTICOS DOS JOGOS RURAIS SOL A SOL...................518.1 Resultados dos Jogos Rurais Sol a Sol – 1996 e 1997 ...................................................528.1.1 Reivindicações Acontecidas .......................................................................................52
8
9 CONCLUSÕES....................................................................................................... 57
REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 59
1 INTRODUÇÃO
O lazer e a recreação são necessidades sentidas cada vez maisintensamente no meio rural, já que, com o advento da modernização, o tempo livre
tem aumentado sensivelmente. No entanto, esse tempo livre disponível precisa ser
preenchido com atividades prazerosas e que gerem bem-estar social. Caso contrário,isso torna-se altamente problemático no convívio familiar e comunitário, podendo
surgir ou aumentar o uso de drogas, vícios, desencontros e acomodações.
O lazer e a recreação, realizados e organizados pelos próprios agricultores de
forma comunitária, proporcionam a melhoria do convívio e uma maior aproximação
entre as pessoas e as comunidades. Isso também provoca a aproximação junto ascomunidades das lideranças, autoridades e entidades que passam a ficar
sensibilizadas para as necessidades existentes e reivindicadas.
Através da viabilização de lazer e recreação, as comunidades rurais angariam
recursos financeiros nos dias dos eventos para, posteriormente, destiná-los a
melhoramentos e atendimento de necessidades, o que alavanca o desenvolvimentocomunitário. Através do desembolso prazeroso e voluntário das pessoas que
participam dos eventos, as comunidades fazem seus fundos de caixa e os utilizam
conforme as necessidades mais sentidas e identificadas.
As comunidades que brincam unidas descobrem mais facilmente seus
problemas e conseguem com mais facilidade o atendimento a suas reivindicaçõesbásicas de saúde, educação, estradas, tecnologias, infra-estrutura geral e outras
questões diagnosticadas no momento de preparação das comunidades rurais, sedes
dos eventos esportivos.
A respeito do trabalho com jovens rurais, é consenso que o grande atrativo é
a atividade lúdica. A grande característica desse público é trabalhar brincando. Porisso, o lazer e a recreação tornam-se importantes para a conscientização e
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organização do jovem rural em qualquer área de ação, assim como na realização de
projetos coletivos e/ou comunitários, contribuintes decisivos do desenvolvimento rural.
Através do lazer e da recreação, as comunidades rurais trocam experiências
entre si, adquirem novos conhecimentos e promovem ajuda mútua. Qualquer eventoprazeroso e comunitário que se faça, como, por exemplo, um baile, uma festa, são
precedidos de um período de planejamento e organização. Isso leva a comunidade a
se reunir, dialogar, organizar-se em comissões, assumir tarefas, enfim, fazer pais efilhos, vizinhos, lideranças e entidades aí existentes ajudarem-se mutuamente visando
ao sucesso do evento. Nesses momentos em que se recebe muitos visitantes, há
necessidade de se melhorar a infra-estrutura da comunidade e, por conseqüência, hácrescimento na atividade e na ação dos diferentes segmentos da comunidade,
inclusive de entidades e lideranças de fora do município, para viabilizar o evento
programado.
A realização de atividades de lazer e recreação nas comunidades tem a
capacidade de desencadear um processo de fortalecimento dos hábitos, dastradições, das atitudes, dos costumes locais, da história da raça, bem como da sua
manifestação através da música, canto, causo, etc. Muitos municípios aproveitam seus
encontros lúdicos para promover ações conjuntas de trocas de sementes crioulasentre os participantes, ou, ainda, organizar museus, contando a história dos
desbravadores e da agricultura da região.
Assim, o lazer e a recreação proporcionam momentos de satisfação e bem
estar, constituindo-se, desse modo, importantes fatores de aproximação e cooperação
entre pessoas, comunidades e instituições. Além disso, os desdobramentos dasatividades em lazer e recreação contribuem para a melhoria estrutural do meio rural.
Tanto a aproximação e cooperação quanto as melhorias estruturais são considerados
itens muito necessários ao desenvolvimento.
De acordo com diversos autores, entre as principais causas que levam o
homem do campo a sair do seu meio estão: a falta de atrativos, a falta de estruturacomunitária adequada e poucas condições de lazer e recreação, principalmente para
as crianças e jovens que se sentem desmotivados. Infelizmente, o êxodo rural é uma
realidade contundente e incontestável, com perspectivas crescentes. O movimentomigratório que parte do campo em direção aos centros urbanos regionais e,
posteriormente, destes para os grandes centros urbanos, cria problemas de ordem
política, econômica, ambiental e social.
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Há uma grande dificuldade em se identificar trabalhos publicados que tratem
do lazer e da recreação no meio rural, havendo, portanto, uma enorme carência dematerial escrito sobre esse tema.
O investimento em lazer e recreação é uma grande estratégia disponível aosextensionistas para mobilizar e organizar as comunidades rurais em busca de seu
desenvolvimento. Isso precisa ser, permanentemente, demonstrado internamente na
EMATER/RS-ASCAR e para a sociedade.
Através de experiências acontecidas na Região Noroeste – RS, este trabalho
visa demonstrar a importância que o lazer e a recreação ocupam na busca dodesenvolvimento rural. Pretende-se responder aos seguintes questionamentos:
§ De que forma o lazer e a recreação auxiliam na resolução de problemas
comunitários, no crescimento pessoal e no desenvolvimento rural?
§ Quais as atividades de lazer e recreação que auxiliam na resolução de
problemas comunitários e no desenvolvimento rural?
§ Com que freqüência o lazer e a recreação auxiliam na resolução de
problemas comunitários e desenvolvimento rural?
§ Pode a extensão rural contribuir para o desenvolvimento rural usando
estratégias que envolvam atividades de lazer e recreação?
§ Está o lazer e a recreação incluído como um trabalho efetivo dentro da
missão institucional: “Promover e desenvolver ações de Assistência
Técnica e Extensão Rural, mediante processos educativos, em parceriacom as famílias rurais e suas organizações, priorizando a agricultura
familiar, visando o desenvolvimento rural sustentável, através da melhoria
da qualidade de vida, da segurança e soberania alimentar, da geração deemprego e renda e da preservação ambiental”?
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Para responder as indagações citadas anteriormente, é necessárioapresentar uma fundamentação teórica sobre as variáveis: lazer, recreação,
comunidade rural, trabalho e desenvolvimento comunitário.
2.1 LAZER
“Todo o homem tem direito ao lazer como criador, autor, animador das
relações, tem sobretudo, direito às atividades de lazer de sua própria escolha, nãoimportando a idade, sexo, nível de educação ou condição social”.
Carta do Lazer, Bruxelas, 1973.
Conforme Camargo (1986, p.71), “O lazer é um modelo cultural de práticasocial que interfere no desenvolvimento pessoal e social dos indivíduos”.
Conforme Dumazedier (1976, p.34), “O lazer é um conjunto de ocupações, as
quais o indivíduo pode entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para
divertir-se, recrear-se, entreter-se ou ainda, para desenvolver sua informaçãodesinteressada, sua participação social voluntária ou sua livre capacidade criadora,
após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações profissionais, familiares e sociais”.
O mesmo autor (p.42), diz que “O lazer não é somente tempo de distração, recreaçãoe entretenimento, mas também aquele no qual se obtém uma informação
desinteressada”.
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Segundo Dumazedier (1976, p.107), “O lazer pode oferecer aos membros da
sociedade industrial, possibilidade de informação, formação desinteressada eparticipação social de boa vontade. O lazer poderá ser um fator de real
desenvolvimento individual e social do trabalhador”.
Para Dumazedier (1976, p. 32-35), “O lazer, qualquer que seja sua função, é
inicialmente liberação e prazer”. Em seguida, cita três funções mais importantes do
lazer: a função de descanso, a função de divertimento e a função de desenvolvimento.
Gaelzer (1979, p.44), diz que “Por ser o lazer assunto de permanente
envolvimento humano, em todas as idades, merece revestir-se de sérias e profundasreflexões”. A autora, consultando bibliografias, diz que o estudo leva a crer que a
grande maioria de autores foi
condicionada a admitir os conceitosde lazer como tempo, atividade e,
mais recentemente, atitude.
Conforme Didonet (1980,
p.3), “A palavra lazer, no linguajar
comum, contrapõe-se a trabalho,obrigação e lembra prazer,
liberdade, desocupação, conversa-
mole, divertimento, rede, praia,férias, esportes, brinquedos. Mas na boca dos estudiosos e planejadores sociais,
adquire uma série de sugestões: ocupar utilmente o tempo, centro comunitários,
solidariedade, participação, criatividade popular, libertação das tensões da vidamoderna, melhorar a qualidade de vida”.
2.2 RECREAÇÃO
Conforme Corbin (apud Gaelzer, 1979, p.57), a recreação significa restaurar,
vivificar, recriar, rejuvenescer, investir com vigor e recuperar-se física, mental e
espiritualmente.
Segundo Gaelzer (1979, p.70), para melhor esclarecer as finalidades dos
programas de recreação, ficam relacionados os seguintes objetivos da recreação:preparar o cidadão para viver a liberdade, manter saúde integral, educar para o tempo
livre, formar personalidade e adaptação social, promover a liderança. A autoria (p.60,
Atividades de lazer – Jogos Rurais Sol a Sol.
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61) ainda diz que “...a recreação como atividade criadora e prazerosa, realizada com
um fim imediato em si mesma, poderá auxiliar na qualidade de vida da comunidade”.
Segundo Gaelzer (1979, p.59), “A recreação apresenta valores específicos
para todas as fases da vida humana. Assim, na idade infantil e na adolescência, afinalidade é essencialmente pedagógica. Na juventude, ela é formativa e leva o
recreando a reafirmar os bons hábitos adquiridos nas fazes anteriores, canaliza as
tendência anti-sociais, favorece o equilíbrio emocional, alivia as tensões individuaisapresentadas pela sobrecarga de problemas sociais, age como elemento integrador e
unificador e amplia oportunidades de desenvolvimento cultural. Na idade madura, a
recreação deve ser compensadora; leva o indivíduo à prática correspondente as suasnecessidades; oportuniza e revigora os sentimentos de participação social; cria
estímulos novos às atividades criadoras que conduzem o ser humano a novas
conquistas, no terreno da beleza, da arte e da cultura, além de favorecer acontinuidade dos exercícios físicos de conservação, para aqueles que encontram na
prática regular, as motivações para sua saúde e bem-estar geral”.
2.3 COMUNIDADE RURAL
Conforme Bertone e Cunha (1980, p.7-9), existem vários conceitos de
comunidade. No seu conjunto, estes conceitos possuem elementos comuns.Comunidade é um fato social e humano e, como tal, sua conceituação é funcional e
dinâmica. Os autores dizem que toda definição de comunidade tem como elementos
básicos: interação entre pessoas; existência de um grupo humano convivendo em umaárea geográfica um lugar comum, identificado pelo grupo como seu lugar; uma rede de
relações e contatos íntimos e duradouros em função de suas atividades, interesses,
problemas comuns; certa consciência de pertencer e participar; comungando idéias evalores.
Para os autores, a comunidade rural é caracterizada por um centro deinteresses, onde se localizam as agências, os serviços básicos, o comércio, a escola,
a igreja, campo de futebol, que compreende a vila, o povoado, a rua, a sede urbana do
distrito e a vizinhança, sítios e fazendas que, funcionalmente, giram em torno dessecentro. Os mesmos autores escrevem que o grau de integração de uma comunidade
varia de acordo com a participação de seus grupos básicos na vida da comunidade.
Depende dos vínculos que as famílias mantêm nas comunidades, como e ondebuscam satisfação para as suas necessidades. No meio rural, no entanto, a maioria
das famílias dependem de um centro, onde fazem suas compras, enviam os filhos
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para a escola, freqüentam festas e cultos religiosos, os quais podem estar situados em
um povoado ou não. Isso irá depender da formação histórica da comunidade e dosprocessos de mudanças nela ocorridos. A comunidade rural é uma área sociológica e
suas fronteiras não são facilmente reconhecidas. O raio da interação só é elástico e
não coincide, necessariamente, com a divisão administrativa do município. Seuslimites estão na mente e na memória das pessoas. São determinadas pela área de
participação social, de interesse e de identificação mútua e das atividades comuns,
pelos habitantes locais nas suas relações de convivência. É um mundo do qual julgamfazer parte.
2.4 TRABALHO E DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO
Conforme Reis (1973, p.27), considera-se trabalho comunitário toda a
atividade organizada, desenvolvida pelos habitantes do lugar ou com sua participação,
tendo por objetivo um bem-estar geral e específico de interesse da comunidade todaou de interesse particular de uma parcela da população local. Logo, o trabalho
comunitário tanto pode envolver toda a comunidade, visando um bem coletivo, como
pode envolver um grupo de vizinhança, visando um bem mais restrito. Podemempenhar-se no trabalho comunitário tanto os cidadãos individualmente, como grupos
de moradores, associações, instituições privadas e públicas. O trabalho comunitário é
sempre a expressão do esforço consciente dos cidadãos, pessoalmente ou através desuas instituições locais, preocupados em dotar sua comunidade das condições que
respondam às exigências de um relativo bem-estar e de progresso econômico, social,
cultural, espiritual de todos os habitantes locais.
O mesmo autor afirma que, através do trabalho comunitário podem ser
introduzidas muitas melhorias na comunidade e mudanças na vida local. Em geral, otrabalho comunitário se desenvolve no sentido de: procurar a solução para um ou mais
problemas locais, melhorar este ou aquele aspecto da vida da comunidade, atender a
esta ou aquela necessidade sentida pelos habitantes em geral ou por um grupo demoradores, satisfazer tal ou qual aspiração local. Deste trabalho podem resultar, na
prática: melhorias materiais para toda a comunidade ou para certos grupos (por
exemplo, saneamento da área, abertura de estradas, construção de escola,construção de casas populares); mudanças de atitudes ou de comportamento social;
introdução de novas técnicas de trabalho, seja na agricultura, na indústria ou na
atividade doméstica; melhora dos padrões culturais da população, sejam eleseducacional, cívicos, artísticos ou sanitários; elevação do nível econômico, do nível
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político-administrativo, ou mesmo religioso da população; medidas que proporcionem
mais bem-estar e segurança para a população; fortalecimento do governo local.
Dessa forma, essa missão insere a extensão em todas as atividades que
possam promover o desenvolvimento, sejam agrícolas ou outras. A ação extensionistaextrapola os limites da difusão do conhecimento técnico de produção, tornando-o um
agente que atue como mobilizador, organizador, orientador, planejador e executor de
atividades que busquem o desenvolvimento rural.
3 DIFICULDADES NA PROMOÇÃO DO LAZER E RECREAÇÃO
NO MEIO RURAL
Embora existam inúmeras causas que impeçam um melhor divertimento no
meio rural, identificam-se algumas que, isoladamente ou em associação, influem,
destacando-se:
a) conflitos de ordem familiar, comunitária, política ou religiosa, que gerambrigas, desencontros, conflitos e impedem os agricultores de realizarem
eventos com maior freqüência;
b) ainda existe o preconceito de que mulheres, adultos e casados não
podem praticar ativamente certas atividades recreativas, como, por
exemplo, mulher não pode jogar futebol ou bocha e homem não podedesfilar ou jogar bolãozinho;
c) a falta de integração das entidades, lideranças das sedes dos municípiose dos agricultores impedem um processo mais rápido de melhorias
comunitárias, as quais podem criar condições de lazer para o agricultor
permanecer em seu meio;
d) a falta de um trabalho educativo que proporcione que o agricultor volte às
origens, cultivando sua história, costumes, hábitos e tradições, através damúsica, cantos e causo;
e) a pouca percepção de que o lazer e a recreação são uma necessidadevital também para o agricultor, a fim de que ele possa ter um
desenvolvimento integral;
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f) pouco conhecimento das lideranças no meio rural para despertar e
oportunizar a participação com a intenção de socializar o indivíduo aogrupo e à comunidade, evitando o isolamento;
g) a pouca infra-estrutura comunitária, assim como a pouca criatividade egrande comodismo e apatia, que entravam as condições próprias para as
práticas da recreação;
h) os meios de comunicação preparam suas programações de uma forma
atrativa, superando as reais condições que existem nas comunidades
rurais, diminuindo esse convívio salutar;
i) a crítica destrutiva no processo histórico das famílias e entidades,
associando às dificuldades financeiras do momento atual, gera a crençade que o importante é “trabalhar e trabalhar”, portanto, a recreação é
vadiagem e perda de tempo;
j) a competição não é entendida adequadamente e pouca educação se faz
no sentido de que o aspecto positivo se sobreponha ao negativo;
k) baixa renda rural, com empobrecimento crescente, dificultando cada vez
mais o acesso ao divertimento, pois também exige gastos.
4 LAZER E RECREAÇÃO NO DESENVOLVIMENTO RURAL DA
REGIÃO NOROESTE DO RS
4.1 ASPECTOS FÍSICOS, ECONÔMICOS E SÓCIO-CULTURAIS DA REGIÃO
SANTA ROSA
O Escritório Regional de Santa Rosa está localizado no noroeste do Rio
Grande do Sul. Abrange 45 municípios nas microrregiões do Grande Santa Rosa e
das Missões, fazendo parte dos Coredes Missões e Fronteira Noroeste.
O Escritório Regional da Emater/RS é formado por quatro microrregiões, com
área total de 17.616 km². O maior município é Bossoroca, com 1.528 km², e o menor éo município de São José Inhacorá, com 77 km². O município mais antigo é Santo
Ângelo, emancipado em 1873, seguida de São Luiz Gonzaga, em 1880. As últimas
emancipações datam de 1992.
Sob o ponto de vista econômico, a região está alicerçada na exploração
agropecuária. O setor industrial reflete essa característica básica, pois as principaisindústrias estão relacionadas ao setor primário, destacando-se frigoríficos de suínos,
fábricas de rações e laticínios, indústrias de máquinas, implementos agrícolas, óleos
vegetais e cooperativas de produção.
Em torno de 41% da população da região está no meio rural, com 76% das
propriedades rurais incluídas na agricultura familiar.
Colonizada, essencialmente por imigrantes europeus, esta região foi o berço
da modernização rural implantada entre 1950 e 1960, mas apresenta umempobrecimento contínuo e crescente, com sérios problemas de sustentabilidade.
A região faz divisa com a Argentina, estando no centro geográfico doMercosul e apresenta uma matriz produtiva diversificada com base nas culturas da
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soja, milho, trigo, hortigranjeiros, fruticultura, alfafa, mandioca, cana-de-açúcar,
girassol, canola, linhaça, fumo, além de bovinocultura de leite, suinocultura,piscicultura, apicultura, avicultura colonial. Apresenta também a ampliação no número
das agroindústrias de pequeno porte, e um campo aberto para o turismo rural e
produção de bioenergia.
4.2 CARACTERÍSTICAS DAS ATIVIDADES DE LAZER E RECREAÇÃO
Os eventos de lazer e recreação sempre são constituídos por um período dereflexão-ação muito maior do que normalmente é visualizado. Não se restringe
unicamente àquele dia em que a comunidade se reúne e se diverte. É claro que esse
dia especial é muito esperado, pois a comunidade está toda reunida, desfrutando demomentos de prazer e satisfação. Mas esse dia não é um momento apenas de
divertimento, uma vez que envolve também pessoas que trabalham, que elaboram e
vendem comidas e bebidas, que se preocupam em satisfazer e bem-servir osparticipantes. Assim funciona num baile, num jogo, numa festa, num piquenique, num
jantar festivo, num dia especial e comemorativo ou em qualquer evento recreativo. Em
todos esse eventos, a comunidade mobiliza-se dentro da sua realidade, em comissõesdos mais diferentes aspectos, tanto para bem-servir como para todos os outros
serviços e atividades que permitem que o evento se realize com sucesso. Isso tudo
mostra que a comunidade serve, vibra, participa, preocupa-se e mesmo assim, passamomentos alegres.
O dia de festa é sempre antecedido por outros encontros, que, às vezes,ocupam semanas e até meses, em que as pessoas da comunidade, organizadoras do
evento, se reúnem, discutem, programam, avaliam, buscam alternativas para que tudo
saia o mais perfeito possível.
Nesse período, muitas coisas acontecem na comunidade, desde atividades
de mobilização, organização e estruturação das comissões, como de identificação delíderes para essa ou aquela função.
Se a comunidade está programando uma festa, automaticamente ela passa aconversar sobre o assunto. São identificadas as pessoas que sabem lidar com comida,
bebida, dinheiro, jogos, divulgação, patrocínios, ligação e contatos com entidades,
lideranças, autoridades, embelezamento da comunidade, resolução do problemaexistente no que se refere ao som, luz, água, estradas, sinalização e assim por diante.
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Se o evento programado é uma festa de São João, a comunidade está, por
certo, criando papéis a serem preenchidos no casamento caipira, na discussão dequem vai ser isto ou aquilo, onde vão ser buscados subsídios culturais para cada um
desempenhar o seu papel de noivo, noiva, padrinho, padre, convidado, pai, ou outros
a serem interpretados. Nestes momentos, decide-se quais as lideranças, autoridades,entidades que devem ser convidadas e o que vai ser reivindicado.
Já, se a comunidade estiver programando jogos, está, por certo,preocupando-se com o material esportivo necessário, com o esquema de jogos, com
os juízes, com as quadras, com as mesas esportivas, com o policiamento. Cada
evento, por mais diferente, simples ou complicado que seja, exige uma programaçãocom variáveis adaptáveis a cada caso, gerando com isso: conversas, reuniões,
mutirões, estudos, seqüências de ações e busca de soluções. Tudo isso mexe não só
com as mãos, braços e pernas das pessoas, mas também com a mente e asemoções. As pessoas que irão para o evento programado, já discutem em casa com a
família o que irão gastar, fazer, como se comportar, o modo de vestir, agir, com quem
conversar, quando chegar e como se deslocar.
Após o evento ter acontecido, o processo continua, já que é difícil pensar
numa comunidade programadora, sem pensar em lucro, em dinheiro arrecadado. Eisso continua após o evento, na forma de discussão entre os elementos da diretoria da
escola, do grupo, do clube, da igreja, da sociedade, no sentido da aplicação dos
recursos arrecadados. Nesta etapa são discutidos, se antes do evento já não haviasido, para quem será destinado e como será aplicado o lucro. É muito comum que o
dinheiro imediatamente vá para determinada obra que já está sendo realizada, tal
como, na construção de um salão. Neste aspecto, muitas vezes, a comunidadecontinua com a obra, comprando material, pagando mão-de-obra ou mesmo
participando com a própria mão-de-obra em sistema de mutirão.
A comunidade e lideranças também discutem após o evento os aspectos
positivos ou negativo, as causas e conseqüências de fatos acontecidos. Tudo isso leva
à reflexão e ação para a continuidade de novas programações.
Sempre que existe um evento de lazer e recreação, a experiência tem
provado que, na totalidade dos casos, a comunidade sede do acontecimento pensa nasatisfação, no prazer, no aspecto gostoso, mas também pensa com muita intensidade
no aspecto do lucro que se arrecada do mesmo, a fim de solucionar problemas
sentidos por uma parcela ou por toda a comunidade.
Isso não só fica evidente nas discussões de promoções que acontecem nos
eventos, como também quando se lê, por exemplo, o Estatuto dos Grupos do Lar. No
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capítulo que trata dos deveres das sócias, reza que: “São deveres das sócias,
participar e auxiliar nas promoções que visam arrecadar recursos em prol dacomunidade”. Também no estatuto das Associações Municipais de Juventude Rural
consta no capítulo do patrimônio e sua utilização que, “Constituirão o patrimônio, as
incorporações que resultem de trabalhos ou promoções realizadas pela mesma”.Estas associações também têm como uma das principais finalidades promover
integrações de caráter recreativo, cultural e de lazer entre as comunidades rurais.
Portanto, o lazer e a recreação não são usados somente como atividade a fim
de busca de prazer e satisfação, mas também é usado com intensidade cada vez
maior e visível, na intenção de arrecadar dinheiro.
Normalmente, quando existem problemas dentro das comunidades rurais e
que sejam comuns a todos, torna-se difícil a resolução se depender da contribuiçãovoluntária de cada família. A resolução do problema, automaticamente, será adiada,
esquecida, enfim, ficará como está. No entanto, quando a comunidade organiza um
determinado evento que gera satisfação, associada à intenção de juntar dinheiro pararesolver esses problemas, as famílias participam, gastam seu dinheiro, o que em outra
situação não dariam, e passam a contribuir com uma parcela para a sua resolução.
Nota-se que as comunidades que vão bem num evento passam a fazê-lo
periodicamente, com mais assiduidade, envolvimento e aprimoramento. Passam cada
vez mais a melhorar sua comunidade, com uma parcela de recursos próprios geradosnos eventos, como, por exemplo, em infra-estrutura comunitária (salão, igreja, escola,
estradas, telefonia, eletrificação, saneamento básico), em lazer e recreação (canchas,
quadras, materiais esportivos, uniformes, mesas especiais para jogos), em cultura(bibliotecas, palestras, excursões, cursos), utensílios e equipamentos (materiais de
cozinha, som, cadeiras, mesas, etc.).
Exemplos disso, acham-se ligados à história da grande maioria das
comunidades que, para terminar a construção de um salão, realizam muitos bailes e
jogos, angariando dinheiro para a viabilização do mesmo.
O lazer e a recreação induzem a melhorias das comunidades. Outras vezes,
as melhorias advindas das atividades prazerosas passam a ser uma maneiramultiplicadora de novos eventos, que rendem mais recursos, que poderão ser
novamente aplicados.
Todos os anos, a EMATER/RS-ASCAR realiza centenas de cursos de
artesanato rural, com o envolvimento de milhares de pessoas. Esses cursos são
pagos, na sua maioria, com dinheiro arrecadado em eventos promocionais, realizados
25
pelos próprios grupos das comunidades. Esses cursos, além de servirem como um
passatempo para a mulher rural, servem para diminuir os gastos nas compras deroupas, enxovais, embelezamento da casa e também para ampliar a renda familiar
com a venda dos excedentes, agregando valor e complementando a renda familiar.
É muito importante salientar que, quando se promove um determinado
evento, como, por exemplo, um encontro de famílias rurais, um encontro de mulheres
ou de jovens rurais, com a finalidade de discutir um determinado assunto, sempre osrurícolas esperam participar de uma parte lúdica. Normalmente, nos encontros,
principalmente, os que tem a participação de jovens e mulheres, existe a necessidade
de se acrescentar, além do assunto do encontro que envolve seriedade e discussão,momentos de relaxamento e de prazer. Quando se associam nesses eventos o lazer e
a recreação, as comunidades têm mais facilidade de sair de casa. Isso é muito
evidente no trabalho da EMATER/RS-ASCAR, tornando-se necessário que a mesmaassuma com mais responsabilidade a parte de lazer e recreação, já que também são
fatores de grande motivação para as pessoas se reunirem e discutirem outros
assuntos.
A área social da EMATER/RS-ASCAR, organiza milhares de grupos de
agricultoras, que se reúnem mais facilmente que os homens, por vários motivos.Observa-se que nas reuniões com a presença apenas de homens elas são mais
sisudas, sérias, sem muitas brincadeiras. Em função disso, o público não acha graça,
toma o assunto discutido ou apresentado como algo “chato” e tem mais dificuldade departicipar das reuniões ou encontros. Com as mulheres, parece que acontece o
contrário. Durante as reuniões, que na maioria das vezes, tem a duração de uma
tarde, são discutidos assuntos e problemas da comunidade ou do grupo, na parteadministrativa da reunião. Na parte técnica, são discutidos assuntos relacionados à
saúde, alimentação, habitação e outras áreas que afetam o desenvolvimento das
famílias rurais. Há uma terceira parte, que é a recreativa, em que as mulheres fazembrincadeiras, comemoram aniversários, contam piadas, conversam
descontraidamente, elaboram seus pratos preferidos. Tudo isso leva o grupo a brincar
e a se conhecer melhor.
O lazer e a recreação devem ser levado mais a sério pela classe
extensionista. É muito comum observar que esse assunto é tratado até em tompejorativo. Muitos acham, inclusive, que lazer é perda de tempo, é levar os agricultores
a fugirem de seus problemas. O contrário nos parece mais correto, já que o
extensionista que se dispõe a brincar com os agricultores passa a ser respeitado,conhecido e aceito.
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Isso leva a um estreitamento de relações entre extensionista e agricultor. É
comum observar nas preparações de eventos esportivos, nas comunidades rurais, oumesmo nos dias de eventos, a troca de experiência, os contatos, a procura de
conhecimentos, inclusive na área técnica, por parte dos agricultores, junto aos
extensionistas.
O extensionista que vive momentos de lazer e recreação com as
comunidades trabalhadas tem uma abertura bem maior junto ao público. Ficaconhecendo com mais intensidade os hábitos comunitários, as atitudes, os costumes,
os problemas, as aspirações e os interesses existentes. Nos momentos de
brincadeiras é que as pessoas se encontram com si mesmas e aí mostram realmentea sua verdadeira personalidade. Portanto, esses momentos de lazer e recreação,
antes de ser uma perda de tempo, é uma necessidade, uma forma de interação e de
conhecimento da realidade rural.
Isso gera uma continuidade de ações e eventos nas comunidades,
proporcionando à população satisfação e bem-estar, ao mesmo tempo resolução deproblemas e desenvolvimento das pessoas em todos o sentidos. Isso fica evidente no
relato das reivindicações acontecidas nos Encontros diversos, promovidos pela ATER.
O lazer e a recreação são meios muitos eficazes para dinamizar e organizar a
discussão de assuntos. Isso é muito usado, principalmente no trabalho com juventude
rural. Esse público gosta de se divertir e trabalhar brincando. Por isso, é comum aofazer, por exemplo uma lavoura coletiva de milho, os jovens envolvidos trabalharem e
aprontarem brincadeiras. Ao mesmo tempo, é difícil organizar um trabalho com jovens
rurais sem que haja atividades lúdicas.
Mesmo assuntos mais sérios, do campo social, político, econômico, etc., são
mais assimilados e discutidos com maior participação quando são tratados através dedinâmicas de grupos. Essas dinâmicas de grupos, sob forma de brincadeira, são
extremamente conscientizantes e prazerosas. Isso dá para exemplificar através dos
encontros de lideranças realizados na região, em que assuntos de organização,liderança e outros são discutidos através do envolvimento dos participantes, com
atividades prazerosas, envolvendo peças teatrais e encenações.
Para as crianças em idade escolar foi elaborado em l986, pelo Escritório
Regional de Santa Rosa, 12.000 exemplares de dois jogos de paciência. Através dos
jogos “Leite Limpo e Sadio” e “A Saúde e Você” foram envolvidas as crianças dessafaixa etária em torno dos assuntos de produção e consumo de leite e saneamento
básico. Pôde-se notar uma grande aprendizagem dos assuntos propostos através da
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utilização dos jogos, levando as crianças a brincarem entre si e ao mesmo tempo,
obterem conhecimentos relacionados à saúde e à produção de leite.
O lazer e a recreação, quando bem conduzidos e usados como estratégias
junto aos grupos, funcionam muito bem, inclusive para melhorar a participação, acriatividade e a forma de conduta dos indivíduos. Chegar em um grupo ou em um
encontro e tentar envolver as pessoas nos debates, provocando uma participação
ativa não é coisa fácil para a maioria dos extensionistas e entidades. Mas chegar comtécnicas de brincadeiras, dinâmicas de grupos como forma de deixar as pessoas à
vontade e descontraídas, ajuda muito para que as pessoas passem a participar e a
contribuir de forma mais espontânea.
No próprio “credo da sócia” de centenas de grupos organizados de mulheres,
está escrito: “Creio que participando de um grupo organizado do lar, terei amplaoportunidade de participar de brincadeiras sadias, que servirão de estímulo ao
cumprimento do meu dever cotidiano...”.
Em muitas comunidades rurais ainda existe a divisão e a desunião. Apesar
disso, quando se realizam atividades lúdicas, os agricultores e setores comunitários
aglutinam-se e fazem algo em conjunto. Isso serve para provar na prática do lazer quedesunião não dá certo e que o esporte ajuda a comunidade a se encontrar.
O lazer e a recreação desenvolvem as pessoas de diferentes formas, noaspecto social, moral, ético, psíquico e emocional, promovendo sentimentos de dever,
respeito às leis, igualdade, justiça, honestidade, lealdade, honradez, disciplina,
liderança, calma, otimismo, criatividade, persistência, controle emocional, coragem,alegria, autoconfiança, decisão, humildade, respeito mútuo, integração, confiança em
si e no grupo, interação, responsabilidade em assumir atitudes de reflexão e ação,
camaradagem, tolerância, amizade, senso crítico, capacidade de observação e outrastantas qualidades positivas que a sociedade exige e busca.
Isso é comum nos resultados obtidos junto ao público rural na ocasião dassuas programações festivas. Dentro dos grupos organizados é evidente o
desenvolvimento ocorrido com as pessoas, em parte devido às ações lúdicas
desencadeadas.
A família rural, de forma geral, passa por dificuldades em todos os sentidos. O
lazer e a recreação entram também como uma terapia, uma forma de relaxamento,não para fugir dos problemas, mas sim para renovar a mente e o corpo para enfrentar
os problemas com maior força e energia. A mulher rural usa as reuniões de grupos,
como uma forma de sair da rotina da casa, para se encontrar com as vizinhas e passar
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momentos de descontração, já que os encontros são momentos de máximo prazer,
inclusive com brincadeiras, diversas dinâmicas relaxantes e lúdicas, deixando asagricultoras bem à vontade frente ao grupo.
E com certeza, essa dinamicidade prazerosa é uma das grandes atraçõesdos mais de 800 grupos de agricultoras existentes e trabalhados pela EMATER/RS-
ASCAR da região, envolvendo mais de 15.000 participantes de todas as idades, que
inclusive conseguem se manter atuantes por 10, 20, 30 ou mais anos.
A partir de 1984, os Esportes Para Todos passaram a ser espalhados e
realizados com grande intensidade junto as comunidades rurais, em eventos isoladosou associados aos esportes de competição, já que os rurícolas tem grande gosto pela
competição.
As práticas de EPTs, que acontecem com mais intensidade na Região de
Santa Rosa, são: danças típicas (polonesa, do balão, gauchesca), teatros,
apresentações artísticas e lúdicas,corridas do saco, do ovo, perna de
pau, espirobol, esqui de grama, cabo
de guerra, cavalo mecânico paracrianças, corridas e saltos diversos,
jogos de peteca, de mesa (baralho,
trilha, truco, palitos, dominó),brincadeiras com pneus, torneios,
argolas, bambolê, jogos de sapata,
do osso, pintura com dedos oupincéis em papel, chão e muros.
Também sempre surgem as
brincadeiras surpresas, principalmente nas gincanas educativas e com criançasescolares.
No entanto, nota-se com grande intensidade que, quando existem eventosespontâneos na comunidade, sempre ocorrem momentos de competição em que as
pessoas brincam individualmente ou em grupo para ver quem, ou qual grupo é melhor.
Portanto, nota-se em jogos associados a EPTs e em EPTs associados a
jogos competitivos, que no meio rural o EPT está de acordo com os objetivos
propostos pelo MEC citados no livro Fundamentos do Esporte Para Todos, de 1983,na página 4: lazer e recreação; saúde; desenvolvimento comunitário; integração social;
civismo; humanização; valorização da natureza; adesão à prática esportiva; adesão ao
esporte organizado; valorização do serviço à comunidade.
Jogo de truco.
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Identifica-se claramente que existem milhares de agricultores que praticam
um lazer ativo, isto é, jogam, dançam, enfim, divertem-se, praticando esportes ouatividade que envolvam o corpo e a mente.
No entanto, existem outras milhares de pessoas, que por vontade própria,inibição, incapacidade física ou por outro motivo qualquer, tem opção pelo lazer
passivo.
É importante destacar que, mesmo nessa forma de lazer, existe e identifica-
se facilmente um grande grau de satisfação. Mesmo não realizando ou competindo na
prática esportiva ou lúdica, as pessoas integram-se em parte com a emoção e tambémcom o corpo nas atividades desenvolvidas pelos outros.
Elas acompanham seus filhos, namorados, pais, amigos e integrantes dogrupo, comunidade e município, torcendo, vibrando, olhando, reagindo e identificando-
se com aquilo que está sendo realizado.
Em todos os eventos de lazer e recreação a EMATER/RS-ASCAR sempre
tem tido apoio de outras entidades, tais como: Secretarias Municipais de Educação,
Conselhos Municipais de Desportos,Prefeituras Municipais, Grupos de
Jovens, Clubes de Mães, Igrejas,
CPMs, Cooperativas, Bancos, BrigadaMilitar, Rádios, TV, jornais, Sindicato
dos Trabalhadores Rurais, firmas e
empresas, Faculdades de EducaçãoFísica, Associação de Árbitros,
Comissões Municipais de Jovens,
Câmaras de Vereadores. Elas auxiliamas comunidades rurais em todos os
aspectos. Nos últimos anos, a
participação de estudantes de Faculdades de Educação Física têm facilitado aarbitragem dos jogos, assim como a organização geral dos eventos lúdicos.
Os esportes proporcionam a aproximação das comunidades rurais com asentidades, lideranças e autoridades, promovendo também o aspecto reivindicatório e
de observação da realidade rural. É comum, durante os Jogos Rurais, que as
Prefeituras Municipais promovam, anteriormente ao evento, melhorias consideráveisna infra-estrutura comunitária que, sem a efetivação do referido evento, não
aconteceriam.
Solenidade de abertura dos Jogos Rurais – Sol a Sol(Roque Gonzales).
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Também nesses momentos, muitos municípios descentralizam as diferentes
Secretarias Municipais, lá nas comunidades sedes dos eventos, aproximando,portanto, administradores e rurícolas.
Os resultados dessa estratégia têm sido de importância fundamental para osinteresses dos desenvolvimento rural da Região Noroeste do RS.
5 EVENTOS DE LAZER E RECREAÇÃO NA REGIÃO NOROESTE
DO RS
Os principais eventos de lazer e recreação que são realizados no meio rural e
que proporcionam prazer além de momentos propícios para angariar recursos
financeiros são, conforme levantamento feito pelos extensionistas da EMATER/RS-ASCAR junto ao público trabalhado: Jogos Rurais Sol a Sol, bailes, festas (de São
João, de igreja, natal, aniversário dos grupos), jantares, almoços, chás,
comemorações, fundações e aniversários de grupos e clubes, encontros, diasespeciais (do colono, dos pais, das mães, das crianças), teatros e confraternização,
encerramentos de cursos, EPT’s, promoções, cafés coloniais, piqueniques, futebol de
campo, torneios de bocha e bolãozinho.
O dinheiro arrecadado é geralmente destinado para melhorias de clubes,
igrejas, salões; compra de materialpermanente para as comunidades rurais
como louças, equipamentos de cozinha,
aparelhos de som e outros utensílios;compra de material esportivo e
premiação; reforma e ampliação de
canchas de bocha, quadras deesportes, campos de futebol e outras
infra-estruturas de lazer; organização de
excursões e viagens educativas;melhorias de telefonia, eletrificação, saneamento básico e outras ações.
Entre as reivindicações mais freqüentes levantadas nos eventos estão asmelhorias de estradas; construção de quadras de esportes; premiação aos campeões;
melhores preços para os produtos agrícolas; recursos para melhoria da infra-estrutura
comunitária; sede própria para associações, clubes e grupos; melhoria da água, luz,telefone, saneamento; encascalhamento e terraplanagem; máquinas e mão-de-obra
para melhoria da infra-estrutura comunitária.
Jogo de futebol.
6 JOGOS RURAIS SOL A SOL
No início da década de oitenta, um grupo de extensionistas da EMATER/RS-ASCAR, da Região Noroeste do RS, passou a dedicar mais atenção para o lazer e a
recreação no meio rural. Isso surgiu da necessidade, cada vez mais sentida e
diagnosticada, junto ao público rural trabalhado pela extensão rural, especialmente dopúblico feminino e juvenil que sempre reivindicou mais e melhor qualidade de lazer.
6.1 O INÍCIO DOS EVENTOS SOL A SOL NA REGIÃO NOROESTE DO RS
No ano de 1982, foi organizado um torneio padronizado chamado de “Jogos
Rurais Sol a Sol”, envolvendo membros das famílias rurais, disputando as fases a
nível de município, de microrregião e macrorregião. Para isso, montou-se umregulamento, onde foram fixados objetivos, modalidades, regras, inscrições, prêmios,
fases de disputas e definição de público que poderia participar.
O nome “Sol a Sol” foi efetivado para caracterizar o feito da família rural, que
acorda cedo e trabalha até o fim do dia, isto é, do nascente ao poente do sol.
A partir do regulamento elaborado, foram iniciados trabalhos de sensibilização
junto as equipes de extensionistas municipais a fim de mobilização e conscientização
do público trabalhado. Nesse primeiro ano, embora com a descrença de uma boaparcela da classe extensionista, os jogos tiveram um resultado satisfatório, com a
participação de 10 municípios, totalizando 49% dos municípios estruturados na
macrorregião administrativa da EMATER/RS-ASCAR Regional de Santa Rosa.
No primeiro ano participaram 3.000 agricultores, especialmente o público
juvenil dos municípios de Santa Rosa, Alecrim, Santo Cristo, Tuparendi, Giruá, RoqueGonzales, Porto Xavier, Guarani das Missões, Três de Maio e Horizontina.
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No mês de agosto de 1982, iniciou-se as fases municipais e no dia 12 de
dezembro deste ano foi realizada a faseregional na sede do município de Santo
Cristo, onde participaram 600 atletas
vencedores das fases municipais.
Neste primeiro evento houve
disputa em modalidades como futebol desalão, voleibol, bocha e bolãozinho,
sendo que os atletas vencedores nos
primeiros e segundos lugares, receberamcomo premiação uma viagem de lazer e estudos até o município de Ijuí.
Os municípios, classificados foram:
Bocha: 1º lugar – Três de Maio e 2º lugar – Guarani das Missões.
Futebol de salão: 1º lugar – Horizontina e 2º lugar – Campina das Missões.
Voleibol: 1º lugar – Horizontina e 2º lugar – Três de Maio.
Bolãozinho: 1º lugar – Santo Cristo e 2º lugar – Três de Maio.
No segundo ano, 1983, os resultados também foram bons. Já nessa fasesurgiu a necessidade de fazer uma avaliação mais profunda sobre a validade ou não
dos jogos, já que surgiram muitos conflitos e desencontros entre os participantes.
Grupos de extensionistas não viam com bons olhos a continuação desses jogos emfunção, justamente, dos problemas surgidos. No entanto, graças ao esforço e
persistência de outros extensionistas, os jogos continuaram até com mais intensidade,
maior divulgação, planejamento, conscientização e, consequentemente, comresultados mais positivos.
Ampliou-se a organização dos jogos internamente, a nível de EMATER/RS-ASCAR, como também junto as comunidades rurais e entidades. Decidiu-se pela
participação exclusiva das pessoas do meio rural ou aquelas que tivessem uma
ligação estreita com esse meio.
Disputa de bocha nos Jogos Rurais.
35
Passou-se também a incentivar a disputa dos jogos em nível de comunidade
rural, já que a grande maioria dos municípios participantes utilizavam suas própriassedes para a realização das atividades. As explicações dadas na época eram de que
as comunidades rurais não possuíam infra-estrutura adequada para a realização de
algumas competições esportivas, como por exemplo ginásios e quadras cobertas.
A partir de 1984, 90% dos municípios passaram a realizar os jogos nas
comunidades rurais, adaptando-os àscondições existentes no meio rurícola. Foi
ampliado o número de modalidades,
dando opções não só para os jovens,mas também para agricultores adultos e,
principalmente, para as mulheres. Para
as senhoras e moças foram criadasmodalidades, como: bolãozinho de mesa,
vôlei, bolão, corridas e saltos. Para os
agricultores: bocha, bolão, corridas esaltos. Para os jovens rurais: futebol de salão, corridas e saltos.
Também foi efetivado a escolha da melhor torcida, que durante todos osanos, em todos os municípios, tem tido uma continuidade de participação e
brilhantismo destacados. As comunidades participantes organizam-se com o maior
número possível de torcedores vibrantes, reúnem tambores, buzinas, latas, confetes,apitos, faixas e outros materiais para agitar e motivar os seus atletas, dando incentivo
e apoio.
Nos primeiros anos, as inscrições eram feitas pelos Escritórios Municipais,
onde cobrava-se uma taxa por pessoa participante. As inscrições dos times, por
comunidade e município, eram enviadas ao Escritório Regional de Santa Rosa até umprazo determinado. Do dinheiro arrecadado, uma parcela voltava a cada município
participante, outra ficava na microrregião e uma outra parcela na macrorregião. Esse
dinheiro, somado aos patrocínios das empresas, era usado para a compra de troféus.
Os Jogos Rurais Sol a Sol, no período de 1982 a 1984, foram normalmente
realizados nos municípios em um dia e em uma única comunidade. No entanto, com aprocura cada vez maior por esse tipo de envolvimento, já que vinha ao encontro dos
interesses dos agricultores, alguns municípios passaram a realizar os jogos, na fase
municipal, em duas, três, quatro ou mais etapas. Alguns municípios dividiam ascomunidades por proximidade, outras por regiões homogêneas.
Partida de vôlei disputada por agricultoras da região.
36
As comunidades agrupadas, disputavam entre si as classificações para
poderem chegar na final e disputar em nível municipal, com os vencedores dos outrosgrupos. Os primeiros e segundos colocados em nível municipal, em todas as
modalidades contempladas no regulamento, adquiriam o direito de disputar a fase
microrregional.
As quatro fases microrregionais aconteciam nos municípios de Santa Rosa,
Três de Maio, Ijuí e Cerro Largo. A partir de 1985, foi incorporada a microrregião deSanto Ângelo, passando então, a ser realizado em cinco etapas microrregionais.
Os primeiros e segundos colocados de cada modalidade, por microrregião,adquiriram o direito de disputar a fase macrorregional, saindo daí os campeões e vice-
campeões da macrorregião de Santa Rosa em cada modalidade disputada.
6.2 A EVOLUÇÃO DO EVENTO SOL A SOL ATÉ OS DIAS DE HOJE
A partir de 1986, foram descentralizadas as inscrições, sendo que o dinheiro
arrecadado passou a ficar destinado para a compra de troféus e suprir outrasnecessidades do próprio município.
Também a partir desse ano, através do exemplo ocorrido no município deSanto Ângelo, iniciou-se a premiação
“tipo copa do mundo”, em que foram
criadas as taças rotativas em nível demicro e macrorregião, estendendo-se o
exemplo a inúmeros municípios. O
regulamento dessa taça rotativa, quepermanece em voga até os dias atuais,
registra: “a taça de primeiro e segundo
lugares (em nível de micro emacrorregião), ficará em definitivo para
os municípios que obtiverem a partir de
1986, as três primeiras vezes, consecutivas ou alternadas, tanto a nível micro, comomacrorregional, maior pontuação, no conjunto das modalidades disputadas”.
A contagem de pontos para determinar os municípios vencedores de cadaano foi fixado com a seguinte regra: as competições individuais em cada categoria e
modalidade recebem três pontos para o 1º lugar, dois pontos para o 2º lugar e um
Troféus dos Jogos Rurais Sol a Sol.
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ponto para o 3º colocado. As competições coletivas valem cada categoria e cada
modalidade 5 pontos para o primeiro lugar, 3 pontos para o segundo lugar e 2 pontospara o terceiro colocado.
Os municípios que somarem mais pontos em cada fase recebem, no ano, asua respectiva Taça Rotativa, ficando com ela até o próximo ano, quando deverá
devolvê-la para ser entregue ao próximo ganhador.
Nos municípios vencedores, as comunidades que somarem mais pontos no
conjunto das modalidades é que ficam com as taças rotativas.
Esse sistema serviu para ajudar as comunidades a se organizarem cada vez
mais, envolvendo mais e mais pessoas, pois ganhar ou perder passou a ser um
resultado advindo de sua exclusiva participação.
Em 1986, o Escritório Municipal de Campina das Missões realizou o concurso
da mais Bela Atleta, com participaçãode 13 candidatas. Em 1987, seguindo o
exemplo desse município, o qual deu
um toque todo especial de valorizaçãoà beleza da mulher rural, também foi
realizado, exitosamente, esse tipo de
concurso nas fases microrregionais emacrorregional, com a escolha das
Mais Bela Atletas. Setenta e seis belas
mulheres rurais, participantes dosJogos, desfilaram e produziram intensa
vibração e torcida entre os participantes. A partir daí, todos os municípios passaram a
realizar, com grande destaque, a escolha da “Mais Bela Atleta”, sendo um momentoespecial em que a família rural prepara suas candidatas e organiza torcidas para
acompanhar o concurso.
A partir de 1997, o Escritório Municipal de Porto Mauá também implantou a
escolha do “Mais Belo Garoto”, inovando com enorme sucesso e quebrando o tabu
existente. A partir de 1998, outros municípios copiaram esse exemplo positivo e degrande atrativo, em que o homem desfila sem qualquer preconceito.
Vencedoras do concurso a ”Mais Bela Atleta”.
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A partir de 2005, o Escritório Municipal de Cândido Godói inovou com o
desfile da mais bela agricultora da terceira idade, o que passou a fazer parte doregulamento regional de 2006. A partir
deste desfile que trouxe intensa motivação
comunitária, os homens da terceira idadetambém passaram a demonstrar interesse
em desfilar, o que deverá ser incluído já no
regulamento de 2007.
O momento da escolha através
destes desfiles é um momento ímpar dosjogos, pois as comunidades/municípios
organizam suas torcidas e com seus
entusiasmos dão uma matiz toda especial de valorização da beleza feminina emasculina rural.
Voltando aos anos de 1997 e 1998, salienta-se que através do slogan doGoverno do Estado “Emater em todos os municípios”, a Região Noroeste passou a
contar com 73 municípios, sendo que desse total, 58 municípios já realizaram os
Jogos Rurais em 1998. É interessante citar que na abertura de 18 novos EscritóriosMunicipais, no momento do acerto com os Prefeitos e demais lideranças e
autoridades, uma das perguntas mais freqüentes era: “A partir de agora, nosso
município poderá participar dos Jogos Rurais Sol a Sol?”
Isso evidenciava, já na época, o grau de importância que os jogos tinham nos
municípios, pois, com certeza, na maioria deles, era o evento maior e mais esperado.Por exemplo, em 1997, os 47 Escritórios Municipais da EMATER/RS-ASCAR da
Região Noroeste tiveram mais de 40.000 atletas inscritos em 450 comunidades rurais,
realizando um lazer ativo, isto é, participante das atividades e modalidades propostaspelos Jogos Rurais Sol a Sol.
Além disso, 50.000 pessoas participaram do evento através do lazer passivo,isto é, olhando, torcendo, observando, divertindo-se e estando presente nessa forma
lúdica de viver, além de fazer renascer o espírito e valor comunitário e rural.
Em 1997, tendo em vista o fato de que os campeões de cada modalidade e
cada município adquiriam o direito de participar da fase regional e devido ao número
acentuado de modalidades, foi decidido, pelos extensionistas, a divisão da Região emduas etapas regionais, com a aglutinação de municípios próximos.
Vencedoras do concurso a “Mais Bela Agricultorada terceira idade” (São Luiz Gonzaga).
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Todos os agricultores que são trabalhados pela EMATER/RS-ASCAR
adquiriram o direito de participar do evento. Crianças, adolescentes, jovens,agricultores e agricultoras, inclusive da 3ª idade, têm tido participação efetiva, ou seja,
pessoas dos oito aos oitenta anos.
A participação do jovem é extremamente grande, assim como do agricultor
adulto. No entanto, destaca-se a participação cada vez maior da mulher rural, que
passou a ter nos Jogos Rurais Sol a Sol uma maneira de mostrar suas habilidades,assim como a ter voz e vez e maior oportunidade de buscar sua satisfação pessoal.
Nos primeiros anos dos JogosRurais Sol a Sol, a participação da mulher
era extremamente pequena. Hoje, já
atinge mais de 60% de participação, comtendência a crescer. A mulher joga bocha,
pula, corre, puxa a corda do cabo de
guerra, vibra e torce com a participação dofilho, esposo, namorado e comunidade.
A criança, especialmente a em idade escolar, tem tido uma grandeparticipação, principalmente naqueles municípios em que foram realizadas gincana
escolar, com modalidades amplas e diferenciadas.
Invariavelmente, todos os anos tem havido a amplitude desta participação. A
partir de 2001, a Região Santa Rosa ficou estruturada em 45 municípios, cedendo 28
municípios para a nova Região de Ijuí, a qual continuou também com a realização dosJogos Rurais Sol a Sol, além de espalhar a idéia para outras regiões do RS.
No ano de 2006, está sendo comemorado a 25ª edição ininterrupta dos JogosRurais Sol a Sol, com previsão de continuidade para os anos seguintes, pois o evento
a cada ano tem ganho motivação, novas modalidades, avaliações permanentes dos
extensionistas, das comunidades rurais, das entidades e lideranças envolvidas. Osucesso é tão grande que existem dificuldades para escolher as comunidades que irão
sediar os eventos, já que o número de comunidades interessadas é grande e nesse
sentido, existem muitos municípios que já escalonaram o local de disputa para ospróximos anos. O aspecto de competição ainda existe, mas os participantes já estão
bem mais conscientes e hoje já sabem ganhar e perder normalmente.
Os extensionistas da EMATER/RS-ASCAR conseguiram uma evolução muito
grande, principalmente na questão organizacional e de assessoramento. Nos
primeiros anos, a EMATER/RS-ASCAR assumia quase tudo, inclusive seus
Participação crescente das mulheres nos JogosRurais Sol a Sol.
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empregados apitavam os jogos. Atualmente, preocupa-se mais com a questão de
mobilização, organização, envolvendo outras entidades e as próprias comunidadesque passaram a assumir e decidir com maior intensidade todas as fases. Ano após
ano tem sido o maior encontro esportivo do meio rural, além de mostrar a importância
do lazer e da recreação junto ao meio rural. Por tudo isso é que os Jogos Rurais Sol aSol podem ser considerados o evento de lazer e recreação melhor organizado e que
tem maior amplitude rural no mundo, pois milhares de agricultores de uma mesma
região, em uma mesma época, realizam ininterruptamente por 25 anos tal feito.
Muitos municípios ao realizarem os eventos esportivos, também promoviam
trabalhos educativos, no mesmo palco esportivo, de forma conjunta, na primeira horada manhã antes de iniciarem os jogos, através de palestras conforme o interesse
anteriormente definido e planejado, versando sobre assuntos de família, comunidade,
agricultura, pecuária, relações inter-pessoais, conjuntura agrícola, enfim, uma série detrabalhos voltados aos interesses dos agricultores.
Nas últimas edições dos jogos rurais sol a sol, muitos municípios passaram afazer durante a realização destes eventos, amostras de produtos do meio rural,
exposições de pequenos equipamentos e máquinas, montagem de museus com peças
antigas, num resgate da história e evolução centenária da agricultura da região, alémde troca de sementes crioulas, de uma centena de produtos da agricultura tradicional,
em vias de extinção.
Todos os anos, os extensionistas da EMATER/RS-ASCAR reúnem-se com as
comunidades e lideranças para avaliar os resultados dos jogos do ano anterior e
programar o próximo ano, baseados na realidade vivida. A partir destas avaliaçõesmunicipais, os extensionistas reúnem-se em nível regional, no mês de março ou abril,
para elaborar um regulamento unificado para todos, acrescentando inovações ou
suprimindo questões impróprias detectadas nos jogos anteriores.
7 REGULAMENTO DOS JOGOS RURAIS SOL A SOL-2006
Emblema padrão dos Jogos Rurais Sol a Sol:
7.1 MUNICÍPIOS PARTICIPANTES
Alecrim, Alegria, Cândido Godói, Entre-Ijuis, Horizontina, Novo Machado,
Porto Lucena, Porto Mauá, Porto Vera Cruz, Santa Rosa, Santo Cristo, São José
Inhacorá, Senador Salgado Filho, Tucunduva, Bossoroca, Caibaté, Campina dasMissões, Cerro Largo, Dezesseis de Novembro, Eugênio de Castro, Garruchos,
Guarani das Missões, Mato Queimado, Pirapó, Porto Xavier, Rolador, Roque
Gonzales, Salvador das Missões, Santo Ângelo, Santo Antônio das Missões, São Luiz
42
Gonzaga, São Miguel das Missões, São Paulo das Missões, São Pedro do Butiá, Sete
de Setembro, Ubiretama e Vitória das Missões.
7.2 OBJETIVOS
a) integrar as famílias rurais com ênfase na agricultura familiar e asentidades parceiras que atuam para o desenvolvimento rural no aspecto
físico, lúdico, social, cultural e ambiental, despertando nelas o espírito
participativo e solidário;
b) angariar fundos econômicos para as comunidades usarem em
necessidades e infra-estrutura comunitária;
c) desenvolver nas comunidades o espírito de melhorias na área de lazer;
d) proporcionar oportunidade às comunidades para assumirem
compromissos e tomarem atitudes de ação;
e) envolver as famílias rurais em esporte, lazer e recreação num mesmo
momento.
7.3 PARTICIPANTES
O mesmo atleta pode se inscrever e participar de todas as modalidades, no
entanto, deve saber que mais de uma modalidade em que está inscrito poderáacontecer no mesmo instante, e, nesse caso, deverá optar.
Na ficha de inscrição deve haver uma chamada que informe que os atletassão responsáveis por problemas pessoais que possam advir durante os jogos.
Podem participar todas as pessoas que residem no meio rural, agricultoresque residam na cidade e não tenham outra profissão. Também podem participar os
estudantes que são filhos de agricultores.
43
Não podem participar quem estiver prestando serviço militar e atletas
federados e aquelas pessoas que tiverem emprego fixo e moram na cidade.
Somente as inscrições efetivadas nas Fases Municipais e aprovadas pelas
comissões municipais poderão participar da Fase Regional. As contestações por partedos outros municípios poderão ser encaminhadas somente pelos empregados da
EMATER/RS-ASCAR e decididas pela Comissão Regional específica, formada por
representantes da EMATER/RS-ASCAR. A decisão será anunciada no microfone.
7.4 MODALIDADES/CATEGORIAS
7.4.1 MODALIDADES COLETIVAS
a) futebol cinco masculino;b) futebol cinco feminino;
c) futebol cinco masculino para crianças nascidas de 1992 em diante;
d) futebol cinco feminino para crianças nascidas de 1992 em diante;e) bolãozinho de mesa feminino;
f) bolãozinho de mesa masculino;
g) bocha masculino duplas;h) bocha feminino duplas;
i) voleibol masculino.
j) voleibol feminino;k) canastra para duplas;
l) cabo de guerra masculino;
m) cabo de guerra feminino;n) corrida de casais;
o) corte de lenha para duplas masculino;
p) corte de lenha para duplas feminino;q) cabo de guerra masculino para crianças nascidas de 1992 em diante;
r) cabo de guerra feminino para crianças nascidas de 1992 em diante.
44
Pista para disputa das provas de atletismo.
7.4.2 MODALIDADES INDIVIDUAIS - ATLETISMO
a) Corrida 100 metros rasos:
§ criança masculino até 14 anos, nascidas de 1992 em diante;
§ criança feminino até 14 anos, nascidas de 1992 em diante;§ homens de 15 a 30 anos, nascidos de 1976 até 1991;
§ mulheres de 15 a 30 anos, nascidas de 1976 até 1991;
§ homens de 31 a 50 anos, nascidos de 1956 até 1975;§ mulheres de 31 a 50 anos, nascidos de 1956 até 1975;
§ homens com mais de 50 anos, nascidos até 1955;
§ mulheres com mais de 50 anos, nascidas até 1955.
b) Corrida 1000 metros:
§ criança masculino até 14 anos, nascidas de 1992 em diante;
§ criança feminino até 14 anos, nascidas de 1992 em diante;
§ homens de 15 a 30 anos, nascidos de 1976 até 1991;§ mulheres de 15 a 30 anos, nascidas de 1976 até 1991;
§ homens de 31 a 50 anos, nascidos de 1956 até 1991;
§ mulheres de 31 a 50 anos, nascidos de 1956 até 1975.
45
Corrida no saco.
c) Salto em distância:
§ criança masculino até 14 anos, nascidas de 1992 em diante;
§ criança feminino até 14 anos, nascidas de 1992 em diante;
§ homens de 15 a 30 anos, nascidos de 1976 até 1991;§ mulheres de 15 a 30 anos, nascidas de 1976 até 1991;
§ homens de 31 a 50 anos, nascidos de 1956 até 1975;
§ mulheres de 31 a 50 anos, nascidos de 1956 até 1975;§ homens com mais de 50 anos, nascidos até 1955;
§ mulheres com mais de 50 anos, nascidas até 1955.
d) Corrida no saco:
§ criança masculino até 14 anos, nascidas de 1992 em diante;
§ criança feminino até 14 anos, nascidas de 1992 em diante;§ homens de 15 a 30 anos, nascidos de 1976 até 1991;
§ mulheres de 15 a 30 anos, nascidas de 1976 até 1991;
§ homens de 31 a 50 anos, nascidos de 1956 até 1975;§ mulheres de 31 a 50 anos, nascidos de 1956 até 1975;
§ homens com mais de 50 anos, nascidos até 1955;
§ mulheres com mais de 50 anos, nascidas até 1955.
46
e) Chute de pênalti:
§ criança masculino até 14 anos, nascidas de 1992 em diante;
§ criança feminino até 14 anos, nascidas de 1992 em diante;
§ homens de 15 a 30 anos, nascidos de 1976 até 1991;§ mulheres de 15 a 30 anos, nascidas de 1976 até 1991;
§ homens de 31 a 50 anos, nascidos de 1956 até 1975;
§ mulheres de 31 a 50 anos, nascidos de 1956 até 1975;§ homens com mais de 50 anos, nascidos até 1955;
§ mulheres com mais de 50 anos, nascidas até 1955.
7.4.3 APRESENTAÇÕES ARTÍSTICAS DOS TALENTOS LOCAIS
Poderão ser entregues medalhas para participantes. A participação será de
forma livre, podendo ser canto, declamação, imitação, músicas e outras atividadescriativas. Na contagem global de pontos, contará 2 pontos para cada município,
independentemente do número de participantes.
7.4.4 OUTRAS MODALIDADES
a) Bocha tiro 48 masculino.
b) Bocha tiro 48 feminino.c) Tiro de laço em vaca parada.
d) Debulha de milho masculino.
e) Debulha de milho feminino.f) Garoto Rural Sol a Sol.
g) Garota Rural Sol a Sol.
h) Mulher terceira idade sol a sol com mais de 55 anos.
Apresentação artística de talentos locais.
47
Obs.: Para a escolha deve ser levado em conta os seguintes fatores: desfile, beleza edesenvoltura.
Na ficha de desfile deverão ser apresentadas informações que valorizem
ações rurais. Os(as) escolhido(as) deverão dar continuidade a ações pós-evento,
como participação no município, região e estado, em exposições, feiras, palestras eoutras atividades que acontecerem.
Os jurados escolhidos deverão ser do Escritório Regional e Central daEMATER/RS-ASCAR; Coordenadorias Regionais da Educação, Saúde e Agricultura;
Fetag; AMM e Corede, evitando-se jurados ligados a entidades, lideranças ou políticos
que possam influenciar no resultado. As garotas e os garotos de 2005 não devemparticipar do júri, mas poderão entregar as faixas e fazerem o seu desfile de
despedida. Deve-se prever um isolamento entre os jurados e as torcidas, a fim de
evitar quebra de sigilo das notas. Usar uma faixa de pontuação de 5 a 10 nos itens aserem julgados.
7.5 INSCRIÇÕES E PRÊMIOS
São de responsabilidade dos municípios para 1º e 2º lugares: taça definitiva
para campeão geral e vice-campeão geral.
7.6 PONTUAÇÃO
Modalidades Coletivas:
1º lugar: 5 pontos;
2º lugar: 3 pontos;
3º lugar: 2 pontos.
Modalidades Individuais:
1º lugar: 3 pontos;
2º lugar: 2 pontos;
3º lugar: 1 ponto.
48
7.7 REGRAS E ORIENTAÇÕES GERAIS
As regras a serem obedecidas são as oficiais de cada modalidade ou aquelas
que forem elaboradas pelos colegas que receberam a função de fazê-las.
Orientações gerais:
§ Atletas que participarem de uma modalidade podem participar de outras.
No entanto, orientar que deverão optar por uma quando houver
modalidades diferentes sendo disputadas no mesmo momento.
§ Os jogos devem ser efetivados, preferencialmente, no meio rural, tendo-se
o cuidado de haver sombra em abundância e boa infra-estrutura.
§ Em cada modalidade procurar colocar um coordenador que tenha pleno
conhecimento da modalidade.
§ A partir da meia tarde, procurar realizar um "sarau dançante".
§ Dispensar especial atenção para a adequada colocação e distribuição do
som nos espaços dos eventos.
§ Buscar a inclusão dos jogos rurais nos calendários oficiais de eventos dos
municípios.
§ Procurar envolver agentes de saúde, CMD, Quartel, Brigada Militar e
outros apoios importantes existentes nos municípios e na região, dando
especial atenção para segurança e disponibilizar atendimento médico comambulância e medicamentos específicos para eventos de grande
aglomeração de pessoas. Na medida do possível, fazer trabalho de
prevenção de doenças, antes ou durante os jogos, a exemplo daverificação de pressão, orientando em fases preparatórias dos jogos para
que os atletas busquem fazer seus exames de rotina.
§ Nas modalidades coletivas, evitar que extensionistas sirvam como
árbitros, procurando envolver professores, estudantes de educação
física... Procurar evitar as bebidas alcóolicas durante a arbitragem. Nasindividuais pode haver envolvimento da EMATER/RS-ASCAR na
arbitragem.
49
§ Os jogos municipais podem ser realizados em uma ou mais fases,
conforme interesse local. Incentivar a realização de bailes para escolhados Garotos e Garotas dos Jogos Rurais.
§ Fazer trabalhos educativos junto com grupos e comunidades envolvendoo máximo de entidades parceiras. A EMATER/RS-ASCAR deve ficar na
coordenação do evento. Desenvolver trabalhos com a comissão
municipal.
§ Disponibilizar um arco reserva para cobranças de pênaltis.
§ Fortificar ações que envolvem Esporte para Todos e atividades
culturais/técnicas como: exposições, debates, festivais, concursos de
contos, causo, músicas, resgatando a história cultural e tradição rural,museus...
§ Preparar as comunidades sedes dos eventos com trabalhos educativos,como, por exemplo: controle de lixos, chamadas no alto-falante
conscientizando o povo, gincanas para coleta do lixo... Também promover
ações que façam as comunidades produzir alimentos para os eventos,evitando a terceirização dos serviços.
§ Manter em local visível e com tamanho grande as chaves atualizadas dosjogos. Anexar um croqui dos jogos em local adequado.
§ Procurar envolver todos os públicos do meio rural, “incluindo osexcluídos”, independente de idade, sexo, classe social...
§ Todos os Escritórios Municipais da EMATER/RS-ASCAR devem secomprometer para o bom desenvolvimento do nome da empresa e do
evento, devendo, inclusive, haver mais participação da EMATER Regional
e Central, especialmente na divulgação.
50
7.8 FASE REGIONAL
Data: 03/12/06
Local: Comunidade São Pedro – Distrito União - Santo Ângelo.
7.8.1 PARTICIPANTES
Poderá participar o 1º colocado de cada modalidade individual e coletiva decada município. Nas modalidades de corte de lenha, poderão participar o 1º e 2º lugar.
Podem participar os municípios que fazem parte deste regulamento, ou outrosque vierem a reivindicar participação, desde que tenham feito a fase municipal.
7.8.2 PREMIAÇÃO: DE RESPONSABILIDADE DO MUNICÍPIO SEDE
Este regulamento foi elaborado na reunião realizada em Santo Ângelo, dia 07
de abril de 2006, com a participação de extensionistas dos Escritórios Municipais,
Supervisor, Coordenadora de BES e Gerência Regional.
8 RESULTADOS PRÁTICOS DOS JOGOS RURAIS SOL A SOL
Nos 25 anos contínuos, os eventos produziram mais de 10.000 açõescomunitárias decorrentes da preparação das comunidades rurais através de mutirões
comunitários, reivindicações, além da aplicação dos recursos financeiros advindos dos
jogos que foram em torno de R$ 1 milhão.
Neste sentido, o controle de ações comunitárias detectadas e apontadas
pelos Escritórios Municipais da EMATER/RS-ASCAR mostram milhares de ações, comdestaque para:
a) reformas, construções, pinturas de sedes sociais, salões, igrejas, escolas,
quadras esportivas, canchas, churrasqueiras, hidrossanitários, poços
artesianos, vestiários, arquibancadas, campos de futebol, depósitos deágua comunitária;
b) aquisição de móveis, utensílios para cozinha, aparelhos de som, fogões,pias, mesas e materiais para esporte, equipamentos de saúde;
c) trabalhos de limpeza, ajardinamento, arborização, embelezamentocomunitário, pagamento de excursões educativas e de lazer, auxílio a
famílias carentes e de estudos, pagamento de cursos e viagens;
d) sinalização, patrolamento, encascalhamento, alargamento e melhorias de
milhares de km de estradas rurais, muitas vezes até então intransitáveis;
e) ampliação de redes elétricas e telefonia rural, iluminação de quadras de
esporte, construção de hortas e pomares nas comunidades.
52
8.1 RESULTADOS DOS JOGOS RURAIS SOL A SOL – 1996 E 1997
Os dados controlados por 32 municípios mostram que foram arrecadados
R$94.011,00 e aplicados nos seguintes itens:
a) compra de materiais e utensílios comunitários;
b) divisão dos recursos entre as entidades participantes;c) compra de material para construções comunitárias, construções de
canchas de bocha, campos de futebol;
d) compra de material esportivo e premiações;e) melhoria em geral das comunidades, término, ampliação e reforma de
salões de festas, igrejas;
f) compra de telefones para escolas;g) poços artesianos e hidrossanitários;
h) melhoria de milhares de quilômetros de estradas;
i) excursões de clubes do lar e grupos de jovens;j) conclusão de ginásio de esportes;
k) aquisição de equipamentos de som;
l) pagamento de dívidas comunitárias;m) ampliação de redes de água e de luz.
8.1.1 REIVINDICAÇÕES ACONTECIDAS
Os eventos foram momentos propícios para reivindicar:
a) melhoria de estradas, encascalhamento e transporte;b) construção, reformas, iluminação de quadras de esporte, canchas de
bochas, pistas de atletismo;
c) terraplanagem, estacionamento e melhoramento das sedes dascomunidades;
d) limpeza de caixas d’água comunitárias;
e) construção de fontes drenadas, poços artesianos, com aquisição debomba e encanamentos;
f) instalação de poços artesianos.
53
Com o objetivo de retratar a intensidade e abrangência dos eventos de lazer e
recreação na região apresenta-se a tabela a seguir, na qual aparece os tipos deeventos realizados, a abrangência e o lucro alcançado.
Tabela 1 - Atividades de Lazer e Recreação Realizadas pelas Comunidades RuraisTrabalhadas pela Extensão Rural – Ano 1997.
AtividadesMunicípios que
realizamnº
Realizações noAno
nº de eventos
Comunidades/grupos querealizam ouparticipam
nº
Lucro doseventos
R$
Jogos Rurais Sol a Sol 30 37 231 52.675,00
Bailes 37 832 400 536.100,00
Futebol de campo 26 1.322 270 126.700,00
Bocha 27 2.671 242 102.900,00
Comem. Especiais 19 74 138 32.780,00
Festas Comunitárias 38 617 424 358.650,00
Eventos esportivos 14 62 89 18.420,00
Bolão 19 341 114 14.610,00
Futebol de salão 24 294 168 37.530,00
Torneios 24 221 215 54.600,00
Festivais 21 43 102 26.160,00
Reuniões dançantes 26 361 219 125.600,00
Jantares/almoços 27 375 270 111.500,00
Chás 21 222 221 30.000,00
Encontros 23 108 283 22.900,00
Rodeios 08 22 22 15.100,00
Total - 7.602 - 1.666.225,00
Fonte: EMATER/RS-ASCAR-ASCAR.
Obs.: Diferentes atividades e de formas repetidas, foram realizadas por mesmascomunidades/grupos. Também realizaram muitas atividades em conjunto. Para olevantamento desses dados, foram aplicados questionários em 46 municípios.
Com base na tabela 01, pode-se deduzir que foram realizados, em média, 21
eventos/dia, com lucro de R$ 219,00/evento. No período de um ano, osgrupos/comunidade rurais arrecadaram em cada município a média de R$ 36.222,00,
o que serviu para desenvolver o meio rural. Os mais organizados tiveram um maior
número de eventos e, conseqüentemente, maior arrecadação e mais momentos deprazer e satisfação.
54
Tabela 2 - Resultados dos Jogos rurais Sol a Sol – 2005.
MunicípiosAtletas
inscritos Valor ArrecadaçãoComunidadesparticipantes
Alecrim 784 2.265,00 17
Alegria 430 2.400,00 29
Bossoroca 287 2.500,00 19
Caibaté 486 1.600,00 10
Campina das Missões 432 1.326,00 12
Cândido Godói 416 1.200,00 16
Cerro largo 420 5.800,00 11
Entre-Ijuís 1.067 5.683,40 18
Eugênio de Castro 300 3.000,00 13
Garruchos 360 4.000,00 12
Guarani das Missões 1.197 2.691,75 15
Mato Queimado 290 2.196,00 09
Nova Candelária 600 1.600,00 13
Novo Machado 430 1.000,00 12
Pirapó 316 1.102,00 13
Porto Lucena 347 1.800,00 19
Porto Vera Cruz 280 969,00 15
Porto Xavier 650 5.300,00 17
Rolador 164 600,00 16
Roque Gonzales 605 4.250,00 16
Salvador das Missões 350 600,00 10
Santa Rosa 593 1.900,00 14
Santo Ângelo 1.300 3.500,00 20
Santo Antônio das Missões 250 1.700,00 10
Santo Cristo 1.740 5.700,00 26
São José Inhacorá 240 1.100,00 16
São Luiz Gonzaga 740 3.500,00 12
São Miguel das Missões 240 800,00 13
São Nicolau 231 2.000,00 11
São Paulo das Missões 720 1.935,00 22
São Pedro Butiá 269 1.500,00 09
Senador Salgado Filho 320 1.500,00 10
Sete de Setembro 748 2.000,00 13
Tucunduva 328 2.700,00 09
Vitória das Missões 522 2.800,00 17
Roque Gonzales - Regional 1.200 2.700,00 18
Santo Cristo - Regional 1.100 7.700,00 14
TOTAL 20.752 94.918,15 546
Fonte: EMATER/RS-ASCAR.
55
Todo o dinheiro arrecadado nos dias dos eventos, pelas comunidades rurais
sedes dos eventos, foram aplicados em necessidades das próprias comunidadesrurais, destacando-se:
a) melhorias de obras (construção, reformas e pinturas), banheiros, quadras,
canchas esportivas, salões, escolas, igrejas, cemitérios, cercados de
campos esportivos, ginasião, churrasqueiras, sede social, arquibancadas,murros, bueiro, copas e cozinhas;
b) compra de equipamentos e utensílios, como balcão, geladeira, sons,computadores, impressoras, panelas, fogões, copos, talheres, freezer,
bomba de água, mesas e cadeiras;
c) embelezamento dos locais de eventos, plantio de árvores, compra de
agasalhos para pessoas necessitadas, pagamento de salário para
pessoas religiosas, pagamento de excursões de lazer e educativas.
Na preparação de eventos houve sempre a participação das PrefeiturasMunicipais, que, através dos setores de obras, realizaram melhorias comunitárias e de
estradas reivindicadas pelas comunidades rurais.
9 CONCLUSÕES
As considerações e dados apresentados no presente estudo levam osautores a concluírem que:
a) com assessoramento da extensão rural, os agricultores realizam um
grande número de eventos de lazer e recreação em suas comunidades e
são envolvidos nas promoções de outros municípios e comunidadesrurais;
b) os agricultores sentem cada vez mais necessidade de praticarem açõesprazerosas e lúdicas;
c) os agricultores, independentemente de raça e religião, realizam,basicamente, os mesmos tipos de eventos de lazer e recreação em suas
comunidades, destacando-se festas, bailes e jogos;
d) os agricultores, ao realizarem eventos de lazer e recreação, não utilizam
os mesmos somente para o fim de prazer e satisfação, mas, cada vez
mais, para fins de arrecadação de recursos financeiros;
e) os recursos angariados em eventos de lazer e recreação são utilizados
em obras comunitárias necessárias para a busca do seu bem-estar sociale desenvolvimento rural;
f) os Jogos Rurais Sol a Sol vem ao encontro dos interesses dosagricultores, já que proporcionam prazer, resolução de problemas,
organização e mobilização comunitária;
g) os agricultores usam intensamente os eventos de lazer e recreação para
fazerem suas reivindicações junto as entidades, lideranças e autoridades;
58
h) os agricultores discutem com maior ênfase e conseguem melhor
assimilação nos assuntos sérios apresentados quando são envolvidos pormetodologias que incluem partes de brincadeiras e descontrações, com
dinâmicas de grupos;
i) o lazer leva com maior freqüência, ao meio rural, autoridades e lideranças,
facilitando o diagnóstico dos problemas rurais, aproximando a população
urbana e rural;
j) o lazer e a recreação são meios para mobilizar e organizar as
comunidades rurais em busca de seu bem-estar e das soluçõesnecessárias para o desenvolvimento do meio rural, mesmo que em muitas
oportunidades os extensionistas não percebam a importância que o lazer
e a recreação têm no meio rural, eles estão proporcionando ações quegeram desenvolvimento rural;
k) lazer e recreação devem ser considerados atividades normais dostrabalhos da extensão rural e faz parte da missão institucional;
l) as comunidades rurais que mais freqüentemente realizam eventos delazer e recreação, mais facilmente resolvem seus problemas e mais
intensamente seus membros integram-se entre si;
m) lazer e recreação desenvolvem as comunidades rurais em todos os
sentidos, sejam eles econômicos, sociais, culturais, religiosos, estruturais,
técnicos, éticos, morais e outros.
Portanto, com base na experiência vivida na região, aconselhamos a todoaquele extensionista, educador, comunicador ou qualquer outra função que
desempenhe junto aos grupos e comunidades rurais e que esteja interessado em
ajudar e ir ao encontro dos interesses das comunidades rurais, que use o lazer erecreação com responsabilidade e interesse, fazendo de seu uso uma importante
estratégia educativa disponível.
REFERÊNCIAS
BUSTAMANTE, João Francisco Cortes. A evolução da agricultura familiar e apluriatividade . 2001. 102 f. Monografia de conclusão do curso de graduação CiênciasEconômicas (Bacharel)-Faculdade de Ciências Econômicas, UFRGS, julho 2001.
BERTONE, Adão José; CUNHA, Lourdes de T. Comunidade rural. Belo Horizonte,1980. 28 p.
CAMARGO, Luiz O. de Lima. O que é lazer. São Paulo: Brasiliense, (ColeçãoPrimeiros Passos) 1986. 104 p.
COSTA, Lamartine Pereira; TAKAHASHI, George Messao. Fundamentos de Esportepara Todos. Brasília: MEC, 1983. 98 p.
DIDONET, H. Lazer: ocupação prazerosa do tempo livre. Porto Alegre, 1980. 22 p.
DUMAZEDIER, Joffre. Lazer e cultura popular. Traduzido por Maria de LourdesSantos Machado. São Paulo: Perspectiva, 1976. 334 p.
GAELZER, Lenea. Lazer: benção ou maldição? Porto Alegre: Sulina, 1979. 191 p.
LUNARDI, Jorge J.; BAO, Glotilde. O lazer e recreação são meios para mobilizar eorganizar as comunidades rurais em buscam do seu bem-estar e das soluçõesnecessárias para o desenvolvimento do meio rural. Santa Rosa: EMATER/RS-ASCAR, 1988. 185 p.
LUNARDI, Jorge J.; BAO, Glotilde. O lazer e a recreação no desenvolvimento domeio rural: Sol a Sol EMATER Noroeste. Porto Alegre: EMATER/RS, 1998. 49 p.
Relatórios de 45 Escritórios Municipais da EMATER/RS-ASCAR da região de SantaRosa.
REIS, Aylda Pereira. Você e sua comunidade. 2. ed. Porto Alegre, 1973. 88 p.
PUBLICAÇÕES DA SÉRIE REALIDADE RURAL
Vol. 1 O setor Primário do Rio Grande do Sul - Diagnóstico e Perspectivas Sócio-Econômicas (ResumoGeral). – Publicado em 1991.
Vol. 2 O Setor Primário do Rio Grande do Sul - Diagnóstico e Perspectivas Sócio-Econômicas (AnálisesSetoriais). – Publicado em 1991.
Vol. 3 O Setor Primário do Rio Grande do Sul - Diagnóstico e Perspectivas Sócio-Econômicas (Análisespor Atividades). – Publicado em 1991.
Vol. 4 A Incorporação de Pequenos e Médios Produtores no Processo de Integração do MERCOSUL. –Publicado em 1992.
Vol. 5 Lã e Carne Ovina: O MERCOSUL, Frente aos Maiores Produtores Mundiais. – Publicado em1993.
Vol. 6 Sojicultura Rio-Grandense - Panorama Setorial/MERCOSUL. – Publicado em 1993.
Vol. 7 O Panorama Setorial da Bovinocultura de Corte Gaúcha no Processo de Integração doMERCOSUL. 2ª edição. – Publicado em 1995.
Vol. 8 O Panorama Setorial da Triticultura Gaúcha no Processo de Integração do MERCOSUL. –Publicado em 1993.
Vol. 9 A Suinocultura Rio-Grandense: um Panorama Setorial no MERCOSUL. – Publicado em 1994.Vol. 10 O Panorama Setorial do Feijão no Processo do MERCOSUL. – Publicado em 1994.
Vol. 11 Acompanhamento Técnico das Lavouras de Soja Assistidas pela EMATER/RS - 1992/93. –Publicado em 1994.
Vol. 12 O Panorama Setorial da Cultura da Maçã no Processo de Integração do MERCOSUL. –Publicado em 1994.
Vol. 13 A Cultura do Pêssego no Rio Grande do Sul, no Processo de Integração do MERCOSUL. –Publicado em 1994.
Vol. 14 Diagnóstico Agroeconômico da Cebola no Rio Grande do Sul. – Publicado em 1995.Vol. 15 Diagnóstico do Setor Pesqueiro do Rio Grande do Sul. – Publicado em 1995.
Vol. 16 Acompanhamento Técnico das Lavouras de Soja Assistidas pela EMATER/RS - 1993/94. –Publicado em 1995.
Vol. 17 Diagnóstico do Setor Leiteiro do Rio Grande do Sul no Âmbito do MERCOSUL. – Publicado em1995.
Vol. 18 O Milho no Contexto Mundial, Nacional e do Rio Grande do Sul. – Publicado em 1995.
Vol. 19 Situação da Atividade Ervateira no Rio Grande do Sul. – Publicado em 1995.
Vol. 20 Acompanhamento Técnico das Lavouras de Soja Assistidas pela EMATER/RS - 1994/95. –Publicado em 1996.
Vol. 21 Diagnóstico do Setor Vitivinícola. – Publicado em 1996.
Vol. 22 MERCOSUL em Números (I Parte). – Publicado em 1997.Vol. 23 Panorama do Setor de Grãos no MERCOSUL. – Publicado em 1998.
Vol. 24 Política Agrícola Comum na União Européia. – Publicado em 1998.
Vol. 25 A Produção de Grãos e o Comércio Agrícola na Área de Livre Comércio das Américas – ALCA. –Publicado em 1998.
Vol. 26 Elementos do Comércio Internacional. – Publicado em 1998.
Vol. 27 Uma Discussão sobre a Importância do Planejamento de um Desenvolvimento Sustentável noContexto do Mundo Globalizado. – Publicado em 1999.
Vol. 28 Levantamento da Fruticultura Comercial do Rio Grande do Sul. – Publicado em 2002.
Vol. 29 Estudo da Cadeia Produtiva dos Citros no Vale do Caí/RS. – Publicado em 2002.Vol.29 (30)
Região Administrativa de Porto Alegre: leitura da paisagem regional. – Publicado em 2002.
continua...
PUBLICAÇÕES DA SÉRIE REALIDADE RURAL
... continuação
Vol. 31 Panorama do Conselho de Desenvolvimento da Região do Médio Alto Uruguai. 2ª ediçãoatualizada – Publicado em 2003.
Vol. 32 Trigo. – Publicado em 2003.
Vol. 33 Safras de Verão – 2002/2003. – Publicado em 2003.Vol. 34 Pecuária Familiar. – Publicado em 2003.
Vol. 35 Panorama do Conselho de Desenvolvimento da Região da Produção. – Publicado em 2003.
Vol. 36 Estudos de Casos de Tecnologia e Custos de Produção na Pecuária Leiteira. – Publicado em2004.
Vol. 37 Cultura do Trigo: Panorama da Safra 2003. – Publicado em 2004.
Vol. 38 Turismo Rural – Publicado em 2004.Vol. 39 Ação Extensionista e Formação de Capital Social. – Publicado em 2004.
Vol. 40 Programa de Desenvolvimento da Pecuária Familiar. – Publicado em 2004.Vol. 41 Desenvolvimento Local Sustentável. – Publicado em 2004.
Vol. 42 A Produção de Vinho e Cachaça na Pequena Propriedade – Microrregião de Marau. –Publicado em 2005.
Vol. 43 Ação Coletiva para Viabilização da Agricultura Familiar no Município de São Paulo dasMissões – Noroeste do RS. – Publicado em 2005.
Vol. 44 Economia do setor agropecuário no Rio Grande do Sul: Produção, Comercialização eMercado Externo. – Publicado em 2006.
Vol. 45 A importância da pluriatividade como estratégia de reprodução da agricultura familiar – o casoda comunidade de Aguapés no município de Osório/RS. – Publicado em 2006.
Vol. 46 Jogos Rurais Sol a Sol – O Lazer e a Recreação no Desenvolvimento do Meio Rural –Publicado em 2006.
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