SOBREVIVÊNCIA DE OVOS E DE LARVAS INFECTANTES DE NEMATÓIDES
(NEMATODA, STRONGYLIDAE), EM EQUINOS,
NAS FEZES E NA PASTAGEM
MARIA DE LURDES DE AZEVEDO RODRIGUES
1989
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE BIOLOGIA
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA
PARASITOLOGIA VETERINÁRIA
SOBREVIVÊNCIA DE OVOS E DE LARVAS INFECTANTES DE NEMATÓIDES
(NEMATODA, STRONGYLIDAE), EM EQUINOS,
NAS FEZES E NA PASTAGEM
MARIA DE LURDES DE AZEVEDO RODRIGUES
SOB ORIENTAÇÃO DO PROFESSOR
LAERTE GRISI
Tese apresentada à Universidade Federal
Rural do Rio de Janeiro, como requisito
parcial para a obtenção do grau de Dou-
tor em Medicina Veterinária - Parasito-
logia Veterinária.
ITAGUAÍ, RIO DE JANEIRO
DEZEMBRO - 1989
TÍTULO DA TESE
SOBREVIVÊNCIA DE OVOS E DE LARVAS INFECTANTES DE NEMATÓIDES
(NEMATODA, STRONGYLIDAE), EM EQUINOS,
NAS FEZES E NA PASTAGEM
AUTOR
MARIA DE LURDES DE AZEVEDO RODRIGUES
TESE APROVADA EM: 21/12/1989
iv.
Às crianças
Camila e Talita, minhas filhas
Paulo Cesar, meu marido
Arminda, minha mãe
Perdoem a cara amarrada
Perdoem a falta de abraço
Perdoem a falta de espaço
Perdoem por tantos perigos
Perdoem a falta de tempo
Perdoem a falta das brincadeiras
Os dias eram assim
Perdoem a falta de paciência
Perdoem a falta do parque
Perdoem a falta de escolha,
Os dias eram assim
(Vitor Martins)
AGRADECIMENTOS
Sou grata a todos que de alguma forma contribuiram para
a realização deste trabalho em especial:
Ao Professor LAERTE GRISI pela orientação deste traba-
lho.
Ao Professor NICOLAU MAUÉS DA SERRA FREIRE pelo estímu-
fias.
Ao Professor MICHAEL ROBIN HONER pelo estímulo para que
esta linha de Pesquisa continuasse e pelas sugestões no decorrer
do trabalho.
Ao Professor PAULO CESAR AUGUSTO DE SOUZA pelas fotogra-
lo constante, pela incansável colaboração, sugestões e amizade
no decorrer deste trabalho.
A Professora ELIANE MARIA MILWARD DE AZEVEDO pelo estí-
mulo e sugestões neste período.
Ao Professor CARLOS WILSON GOMES LOPES pela amizade e
colaboração na carga didática na graduação durante o período de
elaboração do trabalho escrito.
vi.
Ao Professor WALDOMIRO N. DE LIMA do Instituto de Ma-
temática pela elaboração dos gráficos.
À Médica Veterinária CLAUDIA MARIA LEAL BEVILAQUA pela
amizade, pelo estímulo e colaboração no trabalho prático duran-
te a realização deste estudo.
A estudante de Doutoramento KÁTIA MARIA FAMADAS pela a-
juda nos gráficos.
Ao CNPq pelo apoio financeiro ao Projeto nº 404.322/
87.3-VT/DF, do qual se originou este trabalho.
Aos bolsistas de Iniciação Científica NILBEA REGINA
SILVA, MARCELO SCHETTINI e GORDIO C. MARINHO, pela colaboração
nos trabalhos práticos neste período.
A todos os Professores e colegas da Área de Parasitolo-
gia pelo espírito de estímulo, colaboração e amizade para que
este trabalho pudesse ser realizado.
A todos os funcionários da EPPWO Neitz que contribui-
ram para a realização deste estudo.
BIOGIOGRAFIA
MARIA DE LURDES DE AZEVEDO RODRIGUES, nascida a 28 de
março de 1955 em Ponte de Lima, Portugal.
Graduou-se em 1977 na UFRRJ no Curso de Ciências Bioló-
gicas, em 1978 ingressou no Curso de Pós-Graduação em Medicina
Veterinária - Parasitologia Veterinária, da UFRRJ, onde obteve o
Título de Mestre em novembro de 1980.
Iniciou sua carreira no Magistério em 1979, contratada
como professor Colaborador na Área de Parasitologia do Institu-
to de Biologia da UFRRJ; em 1981 passou a Professor Assistente
após concurso de Títulos.
Ingressou em 1981 no Curso de Pós-Graduação em Parasito-
logia Veterinária da UFRRJ, a nível de Doutorado.
A partir de 1987 participou como Orientador de bolsista
a nível de Iniciação Científica e em 1988 orientou a Tese de Mes-
trado intitulada "Estudo morfológico e biométrico de larvas in-
fectantes dos Nematóides (Nematoda: Strongylidae) Intestinais de
equinos", defendida e aprovada em 28/12/1988.
viii.
Atualmente é Professor Adjunto III da Área de Parasito-
logia da UFRRJ.
ÍNDICE
Páginas
1
3
3
18
26
26
27
27
27
35
37
38
38
38
53
1. INTRODUÇÃO
2. REVISÃO DE LITERATURA
a. Clima Temperado
b. Clima Tropical
3. MATERIAL E MÉTODOS
a. Material
b. Métodos
1. Depósito das massas fecais
2. Coleta das amostras de fezes e da pastagem
3. Processamento das amostras de fezes
4. Processamento das amostras de pastagem
4. RESULTADOS
Ovos
Larvas nas fezes
Larvas na pastagem
X.
Páginas
65
65
67
68
71
73
5. DISCUSSÃO
Ovos
Larvas nas fezes
Larvas na pastagem
6. CONCLUSÕES
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Páginas
39
64
ÍNDICE DE TABELAS
Data da marcação de cada massa fecal e resul-
tados da contagem de ovos (OPG)
Data da deposição de cada massa, mesoclima,
OPG inicial, número de larvas de Cyathosto-
minae, S. vulgaris, S. equinus e S. edenta-
tas nas fezes e na pastagem e período de so-
brevivência
TABELA 1.
TABELA 2.
Páginas
28
29
30
31
32
ÍNDICE DE FIGURAS
FIGURA 1.
FIGURA 2.
FIGURA 3.
FIGURA 4.
FIGURA 5.
Umidade relativa e precipitação pluviométrica
nos meses de janeiro, fevereiro e março de
1988
Umidade relativa e precipitação pluviométrica
nos meses de abril, maio e junho de 1988
Umidade relativa e precipitação pluviométrica
nos meses de julho, agosto e setembro de 1988
Umidade relativa e precipitação pluviométrica
nos meses de outubro, novembro e dezembro de
1988
Umidade relativa e precipitação pluviométrica
nos meses de janeiro, fevereiro e março de
1989
xiii.
Páginas
33
34
41
42
43
FIGURA 6.
FIGURA 7.
FIGURA 8.
FIGURA 9.
FIGURA 10.
FIGURA 11.
Temperaturas máxima e mínima nos meses de ja-
neiro a julho de 1988
Temperaturas máxima e mínima nos meses de a-
gosto a dezembro de 1988 e janeiro a março de
1989
Período de sobrevivência e número de larvas
infectantes de Cyathostominae e S. vulgaris
nas fezes e na pastagem da amostra A (12.01.
88) e mesoclima para o período
Período de sobrevivência e número de larvas
infectantes de Cyathostominae e S. vulgaris
nas fezes e na pastagem da amostra B (18.02.
88) e mesoclima para o período
Período de sobrevivência e número de larvas
infectantes de Cyathostominae e S. vulgares
nas fezes e na pastagem da amostra C (22.03.
88) e mesoclima para o período
Período de sobrevivência e número de larvas
infectantes de Cyathostominae e S. vulgaris
nas fezes e na pastagem da amostra D (26.04.
xiv.
Páginas
44
45
46
47
48
FIGURA 12.
FIGURA 13.
FIGURA 14.
FIGURA 15.
FIGURA 16.
88) e mesoclima para o período
Período de sobrevivência e número de larvas
infectantes de Cyathostominae e S. vulgaris
nas fezes e na pastagem da amostra E (12.05.
88) e mesoclima para o período
Período de sobrevivência e número de larvas
infectantes de Cyathostominae e S. vulgaris
nas fezes e na pastagem da amostra F (03.06.
88) e mesoclima para o período
Período de sobrevivência e número de larvas
infectantes de Cyathostominae e S. vulgaris
nas fezes e na pastagem da amostra G (12.07.
88) e mesoclima para o período
Período de sobrevivência e número de larvas
infectantes de Cyathostominae e S. vulgaris
nas fezes e na pastagem da amostra H (11.08.
88) e mesoclima para o período
Período de sobrevivência e número de larvas
infectantes de Cyathostominae e S. vulgaris
nas fezes e na pastagem da amostra I (21.09.
XV.
Páginas
49
50
51
52
54
88) e mesoclima para o período
Período de sobrevivência e número de larvas
infectantes de Cyathostominae nas fezes e na
pastagem da amostra J (13.10.88) e mesocli-
na para o período
Período de sobrevivência e número de larvas
infectantes de Cyathostominae, S. vulgaris e
S. equinus nas fezes e na pastagem da amos-
tra L (17.11.88) e mesoclima para o período
Período de sobrevivência e número de larvas
infectantes de Cyathostominae, S. vulgaris e
S. equinus nas fezes e na pastagem da amos-
tra M (15.12.88) e mesoclima para o período
Modelo das fichas em que foram registrados
os dados obtidos para cada massa fecal
Número de larvas de Cyathostominae por grama
de fezes e de pastagem. Dados meteorológicos
de precipitação pluviométrica, umidade rela-
tiva e temperatura máxima e mínima respecti-
vamente, no período de janeiro a dezembro de 1988 56
FIGURA 17.
FIGURA 18.
FIGURA 19.
FIGURA 20.
FIGURA 21.
xvi.
Páginas
57
58
59
Número de larvas de S. vulgaris por grama
de fezes e de pastagem. Dados meteorológi-
cos de precipitação pluviométrica, umidade
relativa e temperatura máxima e mínima res-
pectivamente, no período de janeiro a de-
zembro de 1988
Valores percentuais para as larvas de Cya-
thostominae nas fezes. Dados meteorológi-
cos de precipitação pluviométrica, umidade
relativa e temperatura máxima e mínima res-
pectivamente, no período de janeiro a de-
zembro de 1988
Valores percentuais para as larvas de Cya-
thostominae na pastagem. Dados meteorológi-
cos de precipitação pluviométrica, umidade
relativa e temperatura máxima e mínima res-
pectivamente, no período de janeiro a de-
zembro de 1988
Valores percentuais para larvas infectan-
tes de S. vulgaris nas fezes e na pastagem
FIGURA 22.
FIGURA 23.
FIGURA 24.
FIGURA 25.
xvii.
Páginas
60
61
62
63
Dados meteorológicos de precipitação pluvio-
métrica, umidade relativa e temperatura má-
xima e mínima respectivamente, no período
de janeiro a dezembro de 1988
Período de sobrevivência média de ovos e
larvas infectantes de Cyathostominae e S.
vulgaris, nas fezes e na pastagem durante
os 12 meses de 1988
Período de sobrevivência de larvas infectan-
tes de Cyathostominae nas fezes e na pasta-
gem
Período de sobrevivência de larvas infectan-
tes de S. vulgaris nas fezes e na pastagem
FIGURA 26.
FIGURA 27.
FIGURA 28.
R E S U M O
O desenvolvimento e sobrevivência dos estádios pré-pa-
rasíticos de nematóides intestinais de equídeos pertencentes às
subfamílias Cyathostominae e Strongylinae (Strongylus vulgaris)
foram estudados em pastagem natural em uma área da UFRRJ, Muni-
cípio de Itaguaí, RJ, situado a 22°45'S e 43°41'W à altitude de
33 m, de janeiro a dezembro de 1988.
A marcação das massas fecais foi feita mensalmente to-
talizando 12 massas.
Das massas fecais e da pastagem ao redor destas foram
amostradas semanalmente, fezes para OPG e larvas infectantes pa-
ra verificação de sua viabilidade em diferentes épocas do ano.
A persistência de ovos nas fezes foi de uma semana no
(período chuvoso) verão e duas semanas no inverno (período se-
co). As larvas infectantes de Cyathostominae e Strongylus vulga-
ris, persistiram por um máximo de 17 semanas nas fezes.
A sobrevivência das larvas infectantes na pastagem pa-
ra Cyathostominae e Strongylus vulgaris foi de no máximo de 17
XlX.
semanas.
A análise dos resultados mostra que condições de meso-
climas favoráveis para a sobrevivência das larvas foram observa-
das no ambiente todos os meses do ano, período da realização do
estudo.
S U M M A R Y
Studies were made of the development and survival of
the pre-parasitic stages of the intestinal nematodes of equines
belonging to the subfamily Cyathostominae and Strongylinae
(Strongylus vulgaris) on natural pastures at the municipality
of Itaguaí, in the State of Rio de Janeiro, Brazil, situated
at 22°C 45'S e 43°C 41'W at an altitude of 33 meters. The
study was carried out from january to december, 1988 in a total
of 12 masses.
The identification of the experimental masses, samples
were taken weekly to establish the number of eggs per gram of
faeces (epg) and of infective larvae, as well as the number of
larvae on the pasture around the faecal mass, in order to
establish the degree of infectivity at different times of the
year.
The persistence of eggs in the faeces was one week in
the summer and two weeks in the winter; in the case of the
infective larvae of Cyathostominae and S. vulgaris the values
xxi.
observed were 17 weeks.
The survival of infective larvae on pasture, for the
same nematodes was 17 weeks as maximum period.
An analysis of the results shows that favorable con-
ditions for the survival of infective larvae were observed in
every month of the experiment.
1. INTRODUÇÃO
No ambiente, o ciclo evolutivo dos nematóides parasitos
intestinais de animais é influenciado pela temperatura, precipi-
tação pluviométrica, umidade relativa do ar, luz solar, evapora-
ção, concentração de oxigênio, tipo de pastagem e de solo (REI-
NECKE, 1970).
A pastagem funciona como veículo e reservatório de trans-
missão das larvas infectantes para os animais. O período de in-
cubação dos ovos e o desenvolvimento das larvas até larva infec-
tante, assim como o tempo de sobrevivência desses ovos e larvas,
nas fezes e na pastagem, são variáveis muito importantes para
estabelecer um esquema de tratamento eficiente.
Devido à grande variedade de espécies na família Stron-
gylidae e às dificuldades na sua identificação esses nematóides fo-
ram pouco estudados até 1975. A revisão taxonômica de LITCHTEN-
FELS (1975) ordenou e simplificou a sistemática desses nematói-
des. A partir desta data vários estudos vem sendo realizados nes-
te grupo.
.
No Brasil o desenvolvimento dos estádios de vida livre
dos estrongilídeos de equídeos não vem sendo estudado com deta-
lhes à semelhança do que ocorre em países de clima temperado,
particularmente União Soviética (PUKHOV, 1941; SHAGAHIN, 1960;
SHUMAKOVICH, 1940, 1968) e Checoslovaquia (BARUS, 1963a,b) ape-
sar de condições climáticas bastante diferentes das nossas.
Nematóides estrongilídeos apresentam distribuição cosmo-
polita e são causadores de diversos quadros clínicos em equinos.
Porém no Brasil não existem dados disponíveis sobre estes nema-
tóides. Para o Estado do Rio de Janeiro estão assinaladas 24 es-
pécies de ciatostomíneos (LANFREDI & HONER, 1985), parasitando
100% dos equinos.
O presente trabalho tem como objetivo estudar a sobrevi-
vência de ovos e larvas infectantes de nematóides estrongilideos
em condições de clima tropical. Visando obter parâmetros preli-
minares que subsidiem um controle eficiente das parasitoses equi-
nas em regiões de clima tropical.
2. REVISÃO DA LITERATURA
a. Clima Temperado
BRUNS (1937) estudando a capacidade de movimentação das
larvas infectantes dos estrongilídeos verificou que a migração
destas era tanto menor ou maior quanto o menor ou maior tamanho
dos grãos de areia e a largura dos poros; constatando que o ta-
manho dos grãos de areia fina era a mais conveniente para a mi-
gração, concluiu que a estrutura do solo influencia decisivamen-
te na movimentação das larvas. O autor também caracterizou que a
mobilidade das larvas era influenciada pelo grau de umidade do
solo e pela concentração de oxigênio. Segundo ele, qualquer so-
lo saturado de água determina pequena capacidade de migração, e
a maior velocidade de migração acontece quando as partículas do
solo estão apenas envolvidas por uma fina película de água. A
velocidade média de migração das L3 foi estimada em 1,5 cm/hora
em areia grossa; 1 cm/hora em areia fina, e 0,5 cm/hora em solo
argiloso. Finalmente o autor afirmou que sob influência de luz
.
solar, a migração com geotropismo positivo depende da estrutura
do solo.
TAYLOR (1938) observou uma alta taxa de mortalidade rá-
pida das L3 que alcançarem a folha da vegetação em experimento
ao ar livre. O autor sugeriu que na estação quente do ano os fa-
tores ambientais diminuem a vitalidade da larva, esgotando suas
reservas energéticas em poucos meses. Esse mesmo autor (1939),
citou que o parasito adulto ovipõe grande número de ovos que,
eliminados nas fezes do animal hospedeiro, passam através dos
estádios de vida livre com desenvolvimento no solo alcançando
finalmente o estádio infectante. TAYLOR (1939) enfatizou que em-
bora existisse diferença inquestionável entre as pastagens ári-
das de outros países durante a estação seca do ano e a pastagem
verde da Inglaterra, não existia qualquer diferença significati-
va entre o que poderia ser chamado de "pasto seco" naqueles paí-
ses e "pasto úmido", e que os "pastos secos" não deveriam ser
considerados como livres dos nematóides. O autor destacou que
um dos efeitos do frio era o retardamento da taxa de desenvolvi-
mento das larvas infectantes, a qual podia chegar a ser comple-
tamente inibida no inverno rigoroso.
BAKER, SALISBURY & BRITTON (1939) em seu trabalho so-
bre o efeito dos fatores naturais no desenvolvimento de estron-
gilose em potros concluiram que: a ingestão média de larvas po-
tencialmente infectantes por potros era de 1:32.000.000; a taxa
média para potros Belgo e Percheron era de 1:52.600.000 e
1:17.000.000 de larvas potencialmente infectantes, respectiva-
5.
mente. Outra conclusão dos autores foi a de que as condições do
inverno foram aparentemente letais para 60% dos ovos na pasta-
gem a partir das fezes eliminadas naturalmente e de 100% para
os ovos que foram espalhados sobre a pastagem em fina camada.
Utilizando pastagens infectadas de Weybridge, TAYLOR
(1957) demonstrou que as larvas infectantes desapareciam rapida-
mente durante as primeiras semanas mas que esse fenômeno era
apenas uma pequena proporção do grande número inicial de larvas
que conseguia sobreviver em torno de 12 meses. O autor disse
que a causa da queda do número de ovos eliminados nas fezes do
hospedeiro é constatada a partir de agosto ou setembro, o que
podia ser devido à diminuição na taxa da produção de ovos, a mor-
te de alguns helmintos adultos ou pela associação dos dois fa-
tores, e citou como exemplo a existência de flutuação sazonal
do número de ovos de Trichonema spp., Strongylus edentatus e S.
vulgaris eliminados nas fezes.
Pesquisando a sobrevivência das larvas infectantes de
nematóides estrongilídeos de cavalos, em condições laborato-
riais com temperatura controlada, LUCKER (1941) observou que as
L3 permaneciam viáveis por mais tempo em temperaturas de 3°C a
-5°C do que a 31°C. De um experimento realizado no verão, quan-
do fezes de cavalos foram enterradas a diferentes profundidades
em solo arenoso de areia grossa, o autor concluiu que a sobre-
vivência nas fezes foi de pequena fração de L3, e expressou o
raciocínio de que, possivelmente como conseqüência da perda de
energia para migrar através do solo, as larvas que chegaram a
.
superfície, tornaram-se mais susceptível às influências do am-
biente.
OGBOURNE (1971a,b) analisando as variações na fecundida-
de de nematóides estrongilídeos de eqüinos, constatou durante o
inverno que um grande número de fêmeas de S. vulgaris, S. edenta-
tus e Trichonema nassatum coletadas no intestino de cavalos sa-
crificados, não continha ovos. Nessa estação do ano, a percen-
tagem de T. catinatum sem ovos diminuiu sensivelmente, aumentan-
do significativamente durante o verão. O autor concluiu que os
nematóides sem ovos eram adultos imaturos e que variações sazo-
nais na fecundidade refletiam flutuações similares na distribui-
ção cronológica das populações de adultos. Estas flutuações es-
tavam relacionadas a diferenças sazonais do número de larvas in-
fectantes ingeridas e do período de desenvolvimento parasitá-
rio. Muitos espécimens de S. vulgaris, S. edentatus e T. nassa-
tum alcançaram o estádio adulto durante o inverno, o que deu ba-
se ao autor sugerir que o aumento da carga de nematóides neste
período, era responsável pelo aumento na contagem de ovos nas
fezes durante a primavera. Também as observações sobre T. catina-
tum foram interpretadas como indicativo de que o nível de parasi-
tismo era mantido pela chegada de novos indivíduos durante o ve-
rão.
OGBOURNE (1972), estudando o desenvolvimento e sobrevi-
vência de estádios de vida livre de nematóides estrongilídeos
de eqüinos, demonstrou que o desenvolvimento das larvas era ini-
bido pela dessecação salientando que quando voltava a chover, o-
.
corria um grande estímulo para reativação das mesmas que, assim
atingiam rapidamente o estádio infectante. O autor enfatizou que
assim como a falta de umidade inibia o desenvolvimento larval,
as fezes secas impediam que as larvas migrassem para a pasta-
gem. OGBOURNE (1972) concluiu que a taxa de migração das L3 das
fezes para pastagem parecia depender da quantidade e frequência
de chuvas. No ano seguinte esse autor ratificou tais observações
depositando larvas infectantes de nematóides estrongilídeos em
canteiros com pastagem mantidas em condições naturais. Também
foi comentado que larvas na pastagem morriam rapidamente duran-
te o verão mas que elas tinham uma taxa de mortalidade muito
baixa durante os meses de inverno. Tal acertiva baseou-se na
constatação de que uma proporção apreciável de larvas deposita-
das no fim do verão e no outono sobreviveram até a primavera,
mas, neste período, houve um desaparecimento rápido das larvas o
que coincidiu com a elevação da temperatura. Esse autor concluiu
que o período de ovo a larva infectante na pastagem era encurta-
do quando o tempo permanecia quente e úmido, e que as larvas in-
fectantes não migravam das fezes sincronicamente. Assim OGBOUR-
NE (1973) afirmou que fezes de cavalos atuavam como reservató-
rio de infecção, uma vez que as larvas eram liberadas intermi-
tentemente.
DUNCAN (1974) em estudos durante 2 anos a campo sobre
epidemiologia das infecções mistas por estrongilídeos em cava-
los, na Escócia, mostrou que potros na primavera podem estar
infectados por larvas, que sobreviveram no inverno, e por ovos
.
passados nas fezes de suas mães e esta foi a mais importante fon-
te de infecção, e que embora altos níveis de L3 tenham ocorrido
no pasto usado para infectar animais durante o verão e outono es-
tes níveis caíram durante o inverno e em maio do ano seguinte,
não podendo recuperar L3 destas pastagens.
Éguas apresentaram um aumento relativo no número de o-
vos de S. vulgaris nas fezes na primavera e verão resultando sub-
sequentemente no aumento do número de L3 de S. vulgaris na pas-
tagem. Potros ingeriram estas larvas durante o verão e após a-
proximadamente 6 meses, período pré-patende de S. vulgaris, uma
população de nematóides adultos jovens estava estabelecida no in-
testino grosso dos potros.
DUNCAN & PIRIE (1974) trabalhando com epidemiologia de
estrongilídeos concluíram que uma infecção patente está clara
quando as águas não foram tratadas e altos níveis de larvas na
pastagem foram recuperados durante o verão. Consequentemente al-
tas contagens de ovos se desenvolveram nos potros.
Idealmente éguas e potros deveriam ir para um pasto com
um descanso de um ano, mas isto é impraticável. Alternadamente,
como se tem notado que no inverno rigoroso as larvas quase desa-
parecem da pastagem, anteriormente pastejadas por cavalos no maio
seguinte, por isto é recomendável retardar a introdução de éguas
e potros nesta pastagem até esse período.
Correlacionando as infecções por S. vulgaris e espécies
da família Trichonematidae em equinos com estações do ano, OG-
BOURNE (1975a,b) analisou epidemiologicamente essas parasitoses
.
na Inglaterra. Sobre a infecção na artéria mesentérica anterior
e suas principais ramificações por S. vulgaris, ele reportou
baixos índices parasitários durante a primavera e verso, e abun-
dante ocorrência de L4 no inverno. Para C. nassatus a proporção
de espécimes que maturavam no período verão-outono era maior do
que a do inverno-primavera, sendo o fenômeno consequente as di-
ferenças de proporção no número de larvas infectantes ingeridas
da pastagem. Em contraposição larvas de T. longibursatum, T. ca-
tinatum e T. goldi ingeridas durante o verão ficavam acumuladas
na parede do intestino antes de retornarem ao lume e ficarem a-
dultos; o desenvolvimento permaneceu inibido até a primavera se-
guinte quando as larvas de quarto estádio emergiram em massa e
rapidamente alcançaram o estádio adulto.
Na Suécia LINDBERG (1976) estudou a sobrevivência de L3
de nematóides estrongilídeos de cavalos na pastagem, e demons-
trou que larvas oriundas de ovos depositados em maio e junho fo-
ram abundantes no verão e outono e foram apreciavelmente baixos
na primavera. O declínio durante o inverno foi muito menor para
as larvas oriundas de ovos depositados em agosto e setembro. Nas
duas verificações, o número de larvas na pastagem foi reduzi-
dos durante o verão seguinte e não houve mais recuperação larvar
após setembro. Larvas de ovos depositados de janeiro a março a-
pareceram na pastagem ao fim de maio mas foram poucas em número
e virtualmente ausentes em setembro.
GRELCK et al. (1977) estudaram a capacidade de desenvol-
vimento e tempo de sobrevida das L3 de estrongilídeos de cavalos
10.
na Alemanha. O desenvolvimento das L3 para pequenos e grandes es-
trongilídeos e a sobrevivência dos estádios exógenos foram ob-
servados sob condições naturais durante um ano (maio 75 a abril
76), tendo sido registrado que, dependendo da temperatura, o de-
senvolvimento estendia-se por mais de 7 dias nos meses de verão
e em julho/agosto, por cinco a seis dias. Sob temperaturas diur-
nas abaixo de 12°C, o desenvolvimento para L3 caía; com alternân-
cia de temperaturas frias variando em torno de -10ºC e com eleva-
ção de temperatura das culturas com variações de temperaturas
mais frias e mais quentes, os ovos e as L1 e L2 não morreram. A
sobrevida mínima da L3 foi de 11 meses apesar do longo período
seco de verão e correspondentes períodos de frio no inverno com
4°C positivos ou negativos.
Ainda na Alemanha em trabalho com amostras de pastagem
pertencentes na região a Bavaria e estado de Schwaiganger, HASS-
LINGER (1981) a verificou aumento na ocorrência de larvas durante
a nona e 16ª semana no período de pastejo, o qual foi correlacio-
nado com a nova geração de pequenos estrongilídeos durante a es-
tação. Durante o estudo, o período de pastejo dos potros apresen-
tou um máximo de 95 larvas/kg pasto, mas nas amostras de pasta-
gem no intervalo da nona a 16ª semana o autor comprovou 1.604 e
4.705 larvas, respectivamente. Com base nesses resultados e para
reduzir o risco de infecção, o autor sugeriu que os cavalos não
deveriam ser colocados no pasto no início do novo período de pas-
tejo, e concluiu dizendo que uma pastagem com manejo planejado
pode definitivamente dispensar a quimioterapia nos animais, aju-
11.
dando a reduzir os custos para erradicação da infecção por hel-
mintos. Sobre o desenvolvimento dos estádios exógenos dos prin-
cipais pequenos estrongilídeos de equinos, mantidos em labora-
tório à temperaturas de 22°C, de 4°C (sala fria) e de -10°C a
-25°C, HASSLINGER (1981b) demonstrou que: amostras dos ovos dos
parasitos encontrados em líquido sobreviveram cerca de dois
anos, mas houve os que só atingiram sete, oito ou dez meses; e
alguns nematóides isolados sobreviveram na água, sem alterações
morfológicas, durante 31 e 39 semanas a 4°C. Os resultados rela-
tivos à influência das diferentes temperaturas mostraram o com-
portamento da infecção natural no ambiente. A fase exógena de
ovo a larva do 3º estádio necessitou de um período de cinco a
10 dias, considerando-se a temperatura ambiente, enquanto a fa-
se endógena ocorreu entre sete a oito semanas e meia. Como con-
clusão o autor frisou que medidas de higiene deveriam ser toma-e
das imediatamente, antes de começar a época de pastejo durante
o verso, para evitar que três gerações de pequenos estrongilí-
deos fossem produzidas.
Estudos epizootiológicos práticos sobre os estádios e-
xógenos dos estrongilídeos de cavalos, realizados por HASSLIN-
GER & BITNER (1984), resultaram em conclusões essenciais em re-
lação ao manejo de pastagens. Tais conclusões advieram de obser-
vações como a de que durante o outono ameno com temperaturas e-
levadas, amostras da pastagem de áreas pastejadas permanente-
mente por cavalos bávaros, apresentavam um número elevado de
larvas entre as 9ª, 16ª e 24ª semanas; e que em uma área de pas-
12.
to no pé dos Alpes onde houve interrupções no pastejo, essa si-
tuação não aconteceu. Das amostras de pastagem úmida recolhida
ao nascer do sol e para as amostras secas pelos raios solares
ao meio dia, havia uma redução de 85% no número de larvas. Tal
redução acontecia exatamente antes dos animais serem retirados
do pasto e prolongava-se até o fim do dia. A alta concentração
de larvas era um aumento de risco de infecção para os cavalos
pouco antes de serem transferidos para baias. Entretanto, o pas-
to não utilizado a partir de agosto ou setembro até a primavera
seguinte estava livre de larvas e poderia ser usado de novo se-
guramente. Na área pastejada até o final da temporada se podia
contar com a garantia de que os estádios exógenos hibernavam;
essas áreas só deveriam tornar-se acessíveis aos cavalos mais
tarde.
HOUSTON et al. (1984) enterraram fezes de equinos com
2325 ovos por grama de fezes e estudaram a migração das larvas
infectantes de estrongilídeos em solo arenoso, a profundidade
de 2,5; 5,0; 7,5; 10,0; 12,5; 15,0; 20,0 e 30,0 cm. Estes auto-
res observaram que as larvas migravam a distância máxima de 20
cm, 31 dias após a fezes terem sido enterradas. Entretanto, par-
tindo dessa profundidade, o percentual de larvas que alcançou a
pastagem representou somente 4 x 10-4
% do total de ovos inicial-
mente enterrados.
HERD & WILLARDSON (1985) em Ohio (USA), trabalharam
com pastagem normalmente pastejada por cavalos e outra onde
eles defecam e que normalmente tem aversão, verificando que
13.
a contagem de larvas nas áreas de pastejo era mais baixa do
que na não pastejada. No início da primavera declinava a infec-
tividade total das pastagens e ao final dessa estação a infecti-
vidade da pastagem aumentava em todas as categorias. Esse resul-
tado foi justificado pela morte das larvas durante o inverno,
assim como foi correlacionado a temperaturas altas na primave-
ra, ao verão seco que evitou migração das L3 recém eclodidas,
das fezes para a pastagem, e ao outono úmido que permitiu a mi-
gração das L3 do reservatório fecal para a pastagem. A baixa con-
centração das L3 na pastagem que os animais ingeriram foi atri-
buida à grande distância das fezes. Para os autores, a massa fe-
cal com alto conteúdo de água agia como um importante reservató-
rio de infecção e funcionava como um porto seguro para as L3
durante períodos de seca. A migração das L3 da massa fecal para
a pastagem podia ocorrer somente sob condições favoráveis de
umidade e era provável que ocorresse em oscilações coincidentes
com as quedas de chuva, mesmo tão baixas quanto 2,5 cm. A dis-
tância de ativa migração larvar deva ser somente de 30 cm, mas
as L3 podiam ser distribuidas em grandes áreas por inundações, tem-
porais, cascos de cavalos, equipamento de fazenda, etc. A con-
centração de larvas na área pastejada ocorreu de junho a novem-
bro ajudada pela chuva que ocorreu em outubro e novembro. Duran-
te esses estudos o verão seco e a infectividade de pastagem con-
sumida pelos animais não aumentou dramaticamente até outubro,
mas no verão úmido, a concentração de larvas na pastagem podia
aumentar a níveis perigosos, no mês de junho. Para esses auto-
14.
res a contagem de larvas na pastagem era de maior valor do que
a de ovos nas fezes, para determinação do potencial de contami-
nação de pastagem para cavalos. Isso porque era possível que a
pastagem tivesse um alto nível de contaminação mas um baixo ní-
vel de infectividade. Quando ocorresse condições climáticas ade-
quadas para o desenvolvimento e migração das L3 (verão úmido) a
pastagem poderia rapidamente mudar de uma alta concentração pa-
ra uma alta infectividade tornando-se imediatamente perigosa pa-
ra os cavalos.
HERD et al. (1985) em uma investigação conduzida em
duas fazendas de criações comerciais de cavalos ao norte dos EUA
no período de 1981 a 82, encontraram dois picos distintos na con-
tagem de ovos nas fezes, um na primavera com pico em maio e ou-
tro no verão, com pico em agosto e setembro. Marcada elevação
na concentração de larvas infectantes na pastagem ocorreu duas
a quatro semanas após o pico de ovos, quando os cavalos estive-
ram pastando, submetidos a sério risco. Em uma das fazendas, a
contagem de larvas na pastagem permaneceu alta até junho do ano
seguinte. As elevações nas contagens de ovos, na primavera e no
verão, pareceram ser de natureza estacional e não estar relacio-
nado com a parição.
OGBOURNE & DUNCAN (1985) estudaram o desenvolvimento e
a sobrevivência na pastagem das L3 de nematóides estrongilí-
deos, e concluíram que ambos eram profundamente afetados pela
temperatura e umidade. Essas condições meteorológicas exerce-
ram efeitos Sobre:
15.
a) produtividade larvas (proporção entre o número de
ovos e o número de L3);
b) taxa de desenvolvimento do ovo até L3;
c) longevidade das L3.
Comentando esses ítens os autores disseram que:
a) em países de clima tropical onde raramente se tem
temperaturas abaixo de 8°C as larvas são capazes de se desenvol-
ver para L3 durante todo o ano. Nas regiões frias do mundo a
produção de larvas é interrompida durante o inverno, por cin-
co a seis meses em alguns países no Hemisfério Norte, de novem-
bro a março ou abril (PUKHOV, 1941; VELICHKIN, 1952; BARUS,
1963b; OGBOURNE, 1972; GRELCK et al., 1977) ou mais longo (KADY-
ROV, 1979, 1981). Em outras regiões onde temperaturas de inver-
no não são continuamente capazes de matar os embriões, por exem-
plo Inglaterra, parece que somente pequeno número de ovos mor-
rem antes de iniciar a eclosão (OGBOURNE, 1972). Observações a
campo sobre a mortalidade dos ovos, induzida pelas baixas tem-
peraturas, foram coincidente com os achados em laboratório.
Para a larva pré-infectante completar seu desenvolvi-
mento elas necessitam de ambiente úmido. Embora fezes deposita-
das recentemente tenham sempre bastante umidade para iniciar o
desenvolvimento, o estádio alcançado antes da seca depende da
interferência da taxa de desidratação, especialmente quantidade
de chuva e da temperatura. Quando a perda de umidade é muito
rápida, por exemplo quando o tempo está muito quente e seco as
fezes são quebradas e dispersadas, e o desenvolvimento pode
16.
ser interrompido um pouco antes da eclosão (NOLLER & SCHMID,
1930). Se isto ocorre antes da eclosão, os ovos provavelmente
sobrevivem por poucos dias (PUKHOV, 1941) ou por muito tempo,
se eles estiverem já embrionados (MIKACIC, 1953; KADIROV, 1975).
Larvas recém eclodidas também são destruídas rapidamente pela
dessecação, porém aquelas que alcançaram o 2º estádio larval
são notadamente mais resistentes e capazes de sobreviver no mí-
nimo 25 dias (BAZANOVA, 1948; SHUMAKOVICH, 1968; OGBOURNE,
1972). O desenvolvimento recomeça quando as fezes são umedeci-
das pela chuva (OGBOURNE, 1972; ENGLISH, 1979b).
O efeito prejudicial do tempo seco, na migração de
L3, é elevado em países com clima quente e seco. Em Turknemian,
União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), SHAGALIN
(1960) achou que a causa da morte nos estádios iniciais de de-
senvolvimento de todas as larvas depositadas em maio e junho
era a alta temperatura e o tempo seco. Sob condições menos ári-
das, uma cíbala compacta de fezes de cavalo provavelmente demo-
ra bastante tempo para ficar completamente seca (SHUMAKOVICH,
1968). L3 podem ser encontradas em grande número emergindo das
fezes úmidas pela chuva (PUKHOV, 1941; SHUMAKOVICH, 1940, 1968;
OGBOURNE, 1972; ENGLISH, 1979b; CRAIG et al., 1983; HERD & WI-
LLARDSON, 1985) e a umidade também facilita seu movimento pa-
ra as folhas de pastagem (OGBOURNE, 1973; HASSLINGER & BITT-
NER, 1984). Notou-se, entretanto, que mesmo durante tempo úmido
nem todas as larvas migram das fezes imediatamente. Na verdade
as fezes funcionam como um reservatório, do qual a população
17.
de larvas da pastagem, é periodicamente suprida.
POLLEY (1986) estudou a ecologia dos estádios de vida
livre, de nematóides estrongilídeos de cavalos, em Saskatche-
wan, Canadá. Coletando, por um período de 2 anos, fezes e pas-
tagem, observou que o desenvolvimento de ovos para larvas in-
festantes ocorreu em todos os experimentos, exceto naqueles i-
niciados em outubro, dezembro e janeiro. Larvas infectantes
dos experimentos colocados em abril até setembro sobreviveram
ao inverno. No verão houve um aumento gradual de L3 nas massas
fecais, alcançando um pico em agosto e setembro e então decres-
cendo durante o inverno.
SLOCOMBE et al. (1987) estudando a epidemiologia de
estrongilídeos em potros em Ontario (Canadá), examinaram a
transmissão de estrongilídeos entre 54 adultos da raça She-
tland de maio a setembro de 1983, quando os animais foram colo-
cados na pastagem e, em seguida ao inverno, quando eles foram
soltos dos estábulos. Amostras fecais e de pastagem foram fei-
tas de 15 em 15 dias durante a estação de pastejo e periodica-
mente depois disso. A contagem de ovos nas fezes foi alta na
primavera e início do verão e baixa por todo o inverno. Poucas
larvas foram encontradas na pastagem no fim de maio; o número
foi próximo a zero já na terceira semana de junho e foi alto
de agosto a meados de outubro quando declinou ficando baixo no
inverno.
18.
b. Clima Tropical
PARNELL (1936) opinou que em regimes tropicais e sub-
tropicais, apenas espalhar as fezes seria suficiente para eli-
minar as formas de vida livre dos estrongilídeos.
FREITAS et al. (1955) estudando a variação estacional
do número de ovos de estrongilídeos em fezes de equinos obser-
varam que a maior frequência de ovos era verificada na estação
seca com pico em meados de julho e que não havia diferença es-
tatisticamente significativa na contagem de ovos entre as duas
estações (chuvosa - outubro a março; seca - abril a setembro).
LAVERS (1964) observou no interior da Austrália que pa-
rasitos internos tinham um sério efeito sobre cavalos usados pa-
ra trabalho, destacando os estrongilídeos que causavam retarda-
mento do crescimento. Para o autor as medidas de controle deve-
riam ser simples, econômicas e práticas para o criador. Dois
tratamentos por ano foram recomendados antes do período das pas-
tagens secas, um para nematóides e outro para cestóides.
LANGENEGER et al. (1967) examinaram a incidência e a
intensidade de infecção por estrongilídeos em 149 cavalos no Es-
tado do Rio de Janeiro, tendo diagnosticado a infestação por S.
vulgaris em 73,83%, por S. edentatus em 78,5% e Cyathostominae
em 100% de animais.
CHAPLIN (1976) desenvolvendo trabalho de tese de mes-
trado em Porto Alegre, Estado do Rio Grande do Sul, sobre "A a-
ção de uma formulação de 2-(4'tiazolil) benzimidazol "in vitro"
19.
e no solo sobre as fases de vida livre do gênero Strongylus Goe-
ze, 1782", recuperou maior número de larvas durante o mês de
julho, e que foi diminuindo com o passar dos dias, quando mé-
dias mais altas da temperatura ocorreram.
GORDON (1977) comentou em seu trabalho, sobre nematói-
des parasitos do cavalo: o ambiente era contaminado continuamen-
te até mesmo quando a contaminação era evitada; o resíduo dos
estádios infectantes podia persistir por meses ou mesmo anos.
Revezamento da pastagem de cavalos por no mínimo dois meses, ob-
tido pelo pastejo alternado com bovinos, era um componente es-
sencial de controle. Pastagem pisoteada era usada para quebrar
fezes em pilhas, amontoadas, e expor os ovos e larvas à desse-
cação. Para muitos pequenos estábulos, a retirada em carrinho
de mão com pá, semanalmente, era útil e usualmente praticado.
Estábulos deviam ser limpos inteiramente pois as camas apósI
uma semana de uso podiam se tornar perigosas.
ENGLISH (1979a) em Queensland, Austrália estudou a
variação sazonal de S. vulgaris nas artérias e encontrou, em
grande número, no período de abril a novembro. Durante os me-
ses mais quentes do ano, dezembro e março, pequeno número de
larvas foi recuperado nos animais, e um grande número de cava-
los não tinha larvas na artéria mesentérica anterior. O autor
concluiu que mais larvas infectantes estiveram disponíveis na
pastagem durante os meses mais quentes.
Estudos bionômicos dos estádios de vida livre nas fe-
zes e na pastagem foram conduzidos por ENGLISH (1979b) em Bris-
20.
bane, Austrália, região de clima subtropical. O autor concluiu
que o desenvolvimento dos estádios de vida livre, dos nematói-
des estrongilídeos dos cavalos, para larvas infectantes ocor-
reu nas fezes durante todos os meses do ano e que a taxa de de-
senvolvimento variou com a estação do ano. Desenvolvimento mais
rápido para o estádio infectante ocorreu nos meses mais quen-
tes. Os ovos eclodiram todos em dois dias, no verão e, no in-
verno estendeu-se por duas semanas ou mais.
As larvas mudaram rapidamente no verão e todas as lar-
vas estavam infectantes em sete dias; no inverno este período
foi para cinco semanas. No entanto mesmo com o desenvolvimen-
to mais rápido no verso, a taxa de sobrevivência variou de um
a 10% em contraste com a da primavera e outono, quando mais de
80% das larvas alcançaram o estádio infectante; 1% das larvas
nas fezes sobreviveu acima de 20 semanas no outono e inverno,
mas somente quatro semanas no verão. Esses resultados realça-
ram a inadequação do descanso curto das pastagens para todos
os meses e não só nos mais quentes. Larvas infectantes foram
encontradas na pastagem em todos os meses do ano, mas o maior
número foi recuperado sequencialmente na primavera, início do
verão, no outono e no início do inverno. A relação entre a in-
festação da pastagem e a migração de larvas das fezes como re-
servatório em resposta à chuva foi claramente mostrada. Neste
estudo, 89% de todas as larvas recuperadas, foram encontradas
a 15 cm das fezes. Migração de larvas das fezes para pastagem
ocorreu com um mínimo de 25 mm de precipitação pluviométrica.
21.
As massas fecais de cavalos secavam completamente em seis a oi-
to dias no verão e 14 a 16 dias no inverno. Larvas de estrongi-
lídeos desenvolveram-se para o estádio infectante nas fezes,
com ausência de chuva, embora muitas permaneceram no estádio
pré-infectante e só completaram o desenvolvimento quando a chu-
va caiu. Este estudo mostrou que a contaminação maciça da pas-
tagem com ovos de estrongilídeos deve ser evitada na primavera
e outono.
As mudanças sazonais na longevidade das larvas infec-
tantes de nematóides estrongilídeos sobre a pastagem foram es-
tudadas por ENGLISH (1979c) que verificou que nos meses de ve-
rão 1% das larvas sobreviviam na pastagem por duas a três se-
manas, com 0,2% ainda viáveis para duas a três semanas poste-
riormente. No inverno o período equivalente de sobrevivência
foi de sete a 11 semanas. Durante a primavera e outono as lar-
vas sobreviveram por períodos que variaram de três a oito sema-
nas. Na pastagem Rhodes (Chloris gayana) de crescimento vigoro-
so no verão de 1976, a maioria das larvas permaneceu nas cama-
das mais baixas da pastagem, próximo ao solo a limite de 10 cm
da superfície. Poucas larvas alcançaram a fração mais alta da
gramínea amostrada, acima de 40 cm do solo. Maior número de
larvas foi recuperado na fração mais alta da grama em período
sem chuvas torrenciais; tais resultados permitiram concluir
que os benefícios parasitológicos ganhos com cavalos e bovinos
pastando juntos era mínimo em vista da tendência dos bovinos
ingerirem somente a ponta inicial da gramínea, com um conse-
22.
quente aumento no número de larvas infectantes por unidade de
peso do restante.
COURTNEY & ASQUITH (1985) trabalhando na Flórida com
mudanças sazonais na infectividade da pastagem por L3 de cia-
tostomíneos, concluíram que sob estas condições de verão chuvo-
so e inverno frio com geadas à noite, primavera de dias quen-
tes e noites frias, a transmissão máxima dos ciatostomíneos o-
corria durante os meses frios do ano e era mínima durante o ve-
rão. Provavelmente a alta população de larvas, observadas na
Flórida, durante os meses frios era resultado da prolongada
sobrevivência das L3. Altas contagens de ovos ocorreram na me-
tade do verão quando a população de larvas na pastagem era bai-
xa, e baixas contagens aconteceram em dezembro quando a popula-
ção de larvas na pastagem era alta. O autor especulou que al-
tas contagens de ovos no verão resultavam da maturação de gran-
de número de larvas adquiridas durante o fim do inverno e iní-
cio da primavera. Por outro lado a contagem de ovos podia es-
tar baixa em dezembro por causa das poucas larvas adquiridas
durante o fim do verão e início do outono. Para a Flórida, ou-
tono e inverno devem ser os períodos mais importantes para tra-
tamento, porque os ovos depositados na pastagem, durante o fim
da primavera e verão, não eram os que aumentavam a população
das L3.
MFITILODZE & HUTCHINSON (1985) concluíram que cava-
los no norte de Queensland, Austrália, infectavam-se com es-
trongilídeos somente durante a estação chuvosa (abril). Essa
23.
conclusão foi confirmada em um outro trabalho sobre ecologia
de estrongilídeos na mesma área, quando a transmissão das lar-
vas foi observada ocorrendo somente entre dezembro e julho. Du-
rante o restante do ano, as larvas foram recuperadas da pasta-
gem intermitentemente e em números insignificantes. A possibi-
lidade de diferenças no comportamento das espécies de estron-
gilídeos foi indicada desde que algumas mostravam localização
monofásicas e outras difásicas e isto podia ter implicações na
epidemiologia. Esse fenômeno deve ser esperado, sendo os es-
trongilídeos um grande diverso grupo de parasitos, dos quais
somente umas poucas espécies vem sendo estudadas adequadamen-
te. Infelizmente até hoje muito poucas espécies podem ser to-
talmente identificadas no estádio larvar, e isto limita severa-
mente o conhecimento sobre epidemiologia e patologia de numero-
sas espécies de estrongilídeos. Distribuição e comportamento das
espécies de estrongilídeos que ocorrem nos trópicos não é subs-
tancialmente diferente daquele dos seus contrapartes encontra-
dos nas áreas temperadas, isto indica a bem estabelecida natu-
reza da relação hospedeiro parasito entre os estrongilídeos de
cavalos.
BRAGA (1986) estudando a sobrevivência de larvas in-
fectantes de nematóides gastrintestinais de bovinos na Baixada
Fluminense, sob condições naturais, concluiu que a sobrevivên-
cia média das L3 na pastagem para Cooperia, Haemonchus, Oeso-
phagostomum e Trichostrongylus eta de 15,2; 9,8; 9,8 e 10,4 se-
manas respectivamente, e máxima de 34, 18, 19 e 26 semanas pa-
24.
ra a mesma sequência. O autor também salientou que existem con-
dições favoráveis para a sobrevivência das L3 durante todos os
meses do experimento.
CATTO (1987) para verificar o desenvolvimento e longe-
vidade de larvas infectantes de nematóides parasitos de bovinos
no Pantanal Matogrossense, depositou mensalmente massas fecais
durante 2 anos. Observou que durante e, principalmente, no meio
da estação seca, as massas fecais e a pastagem ao redor perma-
neciam positivas à presença de L3 por seis meses. Na estação
chuvosa durante os meses de máxima precipitação, as L3 se man-
tiveram no máximo por dois meses. Dessa forma o autor concluiu
que na região do Pantanal, durante todo o ano, as formas de vi-
da livre encontram condições para se desenvolver e sobreviver
na massa fecal. A migração das L3 da massa fecal para a pastagem
era fracionada, principalmente durante a seca. Na estação chuvo-
sa a liberação para pastagem acontecia mais rapidamente.
MFITILODZE & HUTCHINSON (1988) estudando o desenvolvi-
mento dos estádios de vida livre e o fornecimento de L3 de nema-
tóides estrongilídeos de cavalos, com infecções naturais mistas
depositadas na pastagem, por um período de dois anos numa área
da costa do norte tropical na Austrália, observaram que eclosão
e desenvolvimento dos estádios de vida livre ocorriam nas fezes
e na pastagem durante todo o ano. O desenvolvimento foi rápido
e os estádios infectantes foram alcançados em uma semana, em to-
dos os meses, nas massas depositadas. O fornecimento de larvas
infectantes foi afetado pela estação e ação dos coleópteros nas
25.
massas fecais. Grande número de larvas foi obtido de massas ex-
postas ao coleóptero e de fezes protegidas durante o inverno (ju-
nho e agosto) e foi baixo na primavera (setembro e novembro). Al-
tas temperaturas, na primavera e verão, resultaram em baixo for-
necimento de larvas, entretanto, as condições secas da primavera
fizeram desta estação o período menos favorável. No outono e in-
verno a temperatura não diminuiu acentuadamente a taxa de desen-
volvimento e permitiu o desenvolvimento de grandes números de
L3. Atividade dos coleópteros foi observada durante todo ano e
fezes expostas estavam espalhadas em 24 horas de deposição. Ape-
sar desse resultado o uso dos coleópteros nos trópicos secos pa-
ra o controle biológico da estrongilose eqüina ainda deixa dúvi-
das.
3. MATERIAL E MÉTODOS
a. Material
O estudo foi realizado no Campus da Universidade Fede-
ral Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Km 47 da antiga Rio - São
Paulo no município de Itaguaí, Estado do Rio de Janeiro, situado
a 22º45' de latitude Sul e 43º41' de longitude Oeste, à altitu-
de de 33 metros. Clima é do tipo subtropical úmido, segundo a
classificação de Koppen.
Em uma área com 72 m2, formada com cobertura de Paspa-
lum notatus (grama batatais), Cynodon dactylon (grama rabo de
burro) e Panicum maximum (colonião), nunca utilizada para paste-
jo e cercada com arame farpado para evitar a entrada de animais,
o presente estudo foi iniciado em janeiro de 1988. Durante todo
o período do experimento, esta área permaneceu livre de animais
domésticos. Os eqüinos utilizados para obtenção das massas fe-
cais, pertenciam ao Curso de Pós-Graduação em Parasitologia Vete-
rinária. Os dados meteorológicos foram extraídos de registros diá-
27.
rios fornecidos pelo posto Agrometeorológico da Estação Experimen-
tal de Itaguaí - PESAGRO Rio, localizado a 3 km do local do expe-
rimento (Fig. 1 a 7).
b. Métodos
1. Depósito das massas fecais
Massas fecais com 1000 g a 1500 g foram coletadas de ca-
valos com infecção natural mista, por nematóides estrongilídeos
intestinais e depositadas mensalmente sobre a pastagem com dis-
tância mínima de 50 cm entre massas.
De cada massa fecal retirou-se previamente uma pequena
amostra para conhecimento do número de ovos por grama (OPG). Uti-
lizando-se a câmara MacMaster (GORDON & WHITLOCK, 1939) e técnica
de larvacultura, preconizada por ROBERT'S & O'SULLIVAN (1950), as
larvas foram identificadas de acordo com a chave proposta por SE-
LLA (1956).
2. Coleta das amostras de fezes e da pastagem
Sete dias após cada marcação de massa fecal, fezes e pas-
tagem ao redor desta foram coletadas.
Cerca de 2 g de fezes por amostra foram retiradas, cor-
tando-se a massa fecal, procurando atingir todas as camadas da
mesma; 1 g foi destinada para avaliação do OPG pela técnica de
28.
Jan.
100
66
40
30
10
A
Fev.
100
• 60
50'
30
10
C Dias
100
60
30
• 10
Mar.
FIGURA 1. UMIDADE RELATIVA E PRECIPITAÇÃO PLUVIO-
MÉTRICA NOS MESES DE JANEIRO, FEVEREIRO
E MARÇO DE 1988.
A, B, C = DIA DA DEPOSIÇÃO DA MASSA FECAL.
29.
Jun.
Mai.
Abr.
FIGURA 2. UMIDADE RELATIVA E PRECIPITAÇÄO PLUVIO-MÉTRICA NOS MESES DE ABRIL, MAIO E JUNHODE 1988.
D, E, F = DIA DA DEPOSIÇÃO DA MASSA FECAL.
30.
Jul.
Ago.
Set.
FIGURA 3. UMIDADE RELATIVA E PRECIPITAÇÃO PLUVIO-
MÉTRICA NOS MESES DE JULHO, AGOSTO E SE-TEMBRO DE 1988.
G, H, I = DIA DA DEPOSIÇÃO DA MASSA FECAL.
31.
Out.
Nov.
Dez.
FIGURA 4. UMIDADE RELATIVA E PRECIPITAÇÃO PLUVIOMÉ-
TRICA NOS MESES DE OUTUBRO, NOVEMBRO E DE
ZEMBRO DE 1988.
J, L, M = DIA DA DEPOSIÇÃO DA MASSA FECAL.
32.
Jan.
Fev.
Mar.
FIGURA 5 . UMIDADE RELATIVA E PRECIPITAÇÃO PLUVIO-
MÉTRICA NOS MESES DE JANEIRO, FEVEREIRO E MARCO DE 1989.
33.
FIGURA 6. TEMPERATURAS MÁXIMA E MÍNIMA
NOS MESES DE JANEIRO A JULHO DE 1988.
34.
FIGURA 7. TEMPERATURAS MÁXIMA E MÍNIMA NOS
MESES DE AGO. A DEZ./1988 E JAN. A MAR./1989.
35.
centrifugação e flotação (STOLL, 1930) e outra grama foi pro-
cessada pela técnica de Baermann (BAERMANN, 1917). As amostra-
gens de fezes encerraram-se quando os resultados para larvas
infectantes foram negativos por duas vezes consecutivas.
A cada coleta de amostra de fezes, coletava-se também
a vegetação presente em área com 10 x 5 cm ao redor da massa,
bem rente ao solo com auxílio de uma tesoura (ROSE, 1960). Pa-
ra melhor delimitação da área de corte da vegetação, utilizou-
se uma matriz de madeira com a área (janela de 10 x 5 cm) re-
cortada (BRAGA, 1986).
Quando os resultados para larvas infectantes foram ne-
gativos, por duas vezes consecutivas a massa foi considerada
negativa e não foi mais utilizada.
O fluxograma esquematiza todo o procedimento, desde a
marcação de massa fecal até a separação das larvas das amos-
tras de fezes e pastagem.
3. Processamento das amostras de fezes
A separação das larvas infectantes foi feita pela téc-
nica de Baerman, em funil de plástico com 10 cm de diâmetro,
por um período de no mínimo 24 horas. Aproximadamente 50 ml fo-
ram recolhidos em cálide de sedimentação e levada à geladeira
(± 5°C) pelo tempo mínimo de 3 horas antes de ser analisada. O
sedimento obtido após a retirada do sobrenadante foi centrifu-
gado a 1300 rpm durante 3 minutos, montado entre lâmina e lamí-
FLUXOGRAMA
PROCEDIMENTO DESDE A MARCAÇÃO DE MASSA FECAL
ATÉ A SEPARAÇÃO DAS LARVAS DAS AMOSTRAS DE FEZES E PASTAGEM
37.
nula, aquecido com calor suave sob a lâmina e examinado ao mi-
croscópio. As larvas foram contadas e identificadas com base na
chave de SELLA (1956).
4. Processamento das amostras de pastagem
Cada amostra de vegetação era pesada, cortada em peda-
ços (± 2 a 4 cm) e processada pela técnica de Baermann, em fu-
nil de vidro com 19,5 cm de diâmetro. Após 24 hs de repouso na
água, seguia-se basicamente a descrição de DONALD (1967), com
exceção do uso do detergente não iônico e do iodeto de potás-
sio.
Aproximadamente 300 ml de água do funil eram recolhi-
das diretamente para cálice de sedimentação de 500 ml e levados
para geladeira.
Após um tempo mínimo de 3 horas, o sedimento obtido
era levado à centrifugação a 1300 rpm por 3 minutos. Todo o se-
dimento era examinado e as larvas encontradas contadas e identi-
ficadas.
4. RESULTADOS
Ovos
Foi constatada a presença de ovos viáveis nas massas fe-
cais por um período de 7 dias nos meses mais quentes (outubro a
março) e por 14 dias nos meses mais frios (abril e dezembro).
Na Tabela 1, foram apresentados a contagem de ovos ini-
cial (OPG) para cada massa fecal aos 7 e 14 dias pós-deposição.
Larvas nas fezes
- As larvas infectantes da subfamília Cyathostominae es-
tiveram nas fezes por um período mínimo de 28 dias durante o mês
de janeiro (massa A) cujas condições climáticas foram as seguin-
tes: temperatura média de 29,6°C; umidade relativa mediade 66,7%
e precipitação pluviométrica de 8 mm. O período máximo de sobre-
vivência foi observado na massa depositada no mês de junho (mas-
sa F) com condições climáticas de 22,4°C; 60,7% UR e 0,8 mm de
39.
TABELA 1.
DATA DA MARCAÇÃO DE CADA MASSA
FECAL E RESULTADOS DA CONTAGEM DE OVOS (OPG)
40.
precipitação pluviométrica. Aos sete dias pós-deposição da mas-
sa fecal, as L3 estavam presentes em número variável (Figuras de
8 a 19).
- As larvas infectantes de Strongylus vulgaris foram en-
contradas por um período mínimo de sete dias nas fezes (massa I)
durante o mês de setembro com 23,8°C; 64,6% UR e 3,3 mm de pre-
cipitação e por um período máximo de 119 dias (massa F) durante
o mês de junho com 22,4°C; 60,7% UR e 0,8 mm de precipitação. Nos
meses de janeiro a abril só foram encontradas nas fezes aos 14
dias, de maio a setembro, aos 7 dias, e de novembro a dezembro,
aos 21 dias.
- As larvas infectantes de Strongylus equinus foram en-
contradas aos 35 dias (massa F) durante o mês de junho com 22,4°
C; 60,7% UR e 0,8 mm de precipitação e estavam presentes até
aos 84 dias embora fossem detectadas com interrupções. No mês de
novembro apareceram nas fezes aos 21 dias sendo os valores mé-
dios de temperatura, umidade relativa e precipitação 25,3°C; 63,5%
e 3,6 mm respectivamente; no mês de dezembro apareceram aos 7
dias.
- As larvas infectantes de Strongylus edentatus apare-
ceram aos 35 dias (massa F) durante o mês de junho e depois aos
77 dias (massa F).
Obs.: Valores de temperatura, umidade relativa e índice pluviomé-
trico são valores médios para o período que a massa foi analisa-
da.
41.
FIGURA 8. PERÍODO DE SOBREVIVÊNCIA E NÚMERO DE LARVAS INFEC-TANTES DE CYATHOSTOMINAE E S. vulgaris NAS FEZES E
NA PASTAGEM DA AMOSTRA A (12.01.88) E MESOCLIMA PA-
RA O PERÍODO.
42.
FIGURA 9. PERÍODO DE-SOBREVIVÊNCIA E NÚMERO DE LARVAS INFEC-
TANTES DE CYATHOSTOMINAE E S. vulgaris NAS FEZES E
NA PASTAGEM DA AMOSTRA B (18.02.88) E MESOCLIMA PA-
RA O PERÍODO.
43.
FIGURA 10. PERÍODO DE SOBREVIVÊNCIA E NÚMERO DE LARVAS INFEC-TANTES DE CYATHOSTOMINAE E S. vulgaris NAS FEZES E
NA PASTAGEM DA AMOSTRA C (22.03.88) E MESOCLIMA PA-
RA O PERÍODO.
4 4 .
FIGURA 11. PERÍODO DE SOBREVIVÊNCIA E NÚMERO DE LARVAS INFEC-
TANTES DE CYATHOSTOMINAE E S. vulgares NAS FEZES E
NA PASTAGEM DA AMOSTRA D (26.04.88) E MESOCLIMA PA-
RA O PERÍODO.
45.
FIGURA 12. PERÍODO DE SOBREVIVÊNCIA E NÚMERO DE LARVAS INFEC-
TANTES DE CYATHOSTOMINAE E S. vulgares NAS FEZES E
NA PASTAGEM DA AMOSTRA E (12.05.88) E MESOCLINA PA-
RA O PERÍODO.
46.
FIGURA 13. PERÍODO DE SOBREVIVÊNCIA E NÚMERO DE LARVAS INFEC-
TANTES DE CYATHOSTOMINAE, S. vulgaris, S. edenta-
tus E S. equinus NAS FEZES E NA PASTAGEM DA AMOS-
TRA F (03.06.88) E MESOCLIMA PARA O PERÍODO.
47.
FIGURA 14. PERÍODO DE SOBREVIVÊNCIA E NÚMERO DE LARVAS INFEC-
TANTES DE CYATHOSTOMINAE E S. vulgaris NAS FEZES E
NA PASTAGEM DA AMOSTRA G (12.07.88) E MESOCLIMA PA-
RA O PERÍODO.
48.
FIGURA 15. PERÍODO DE SOBREVIVÊNCIA E NÚMERO DE LARVAS INFEC-
TANTES DE CYATHOSTOMINAE NAS FEZES E NA PASTAGEM
DA AMOSTRA H (11.08.88) E MESOCLIMA PARA O PERÍODO.
49.
FIGURA 16. PERÍODO DE SOBREVIVÊNCIA E NÚMERO DE LARVAS INFEC-
TANTES DE CYATHOSTOMINAE E S. vulgaris NAS FEZES E
NA PASTAGEM DA AMOSTRA I (21.09.88) E MESOCLIMA PA-
RA O PERÍODO.
50.
FIGURA 17. PERÍODO DE SOBREVIVÊNCIA E NÚMERO DE LARVAS INFEC-
TANTES DE CYATHOSTOMINAE NAS FEZES E NA PASTAGEM
DA AMOSTRA J (13.10.88) E MESOCLIMA PARA O PERÍODO.
51.
FIGURA 18. PERÍODO DE SOBREVIVÊNCIA E NÚMERO DE LARVAS INFEC-
TANTES DE CYATHOSTOMINAE, S. vulgaris E S. Equinus
NAS FEZES E NA PASTAGEM DA AMOSTRA L (17.11.88) E
MESOCLIMA PARA O PERÍODO.
52.
FIGURA 19. PERÍODO DE SOBREVIVÊNCIA E NÚMERO DE LARVAS INFEC-
TANTES DE CYATHOSTOMINAE, S. vulgaris E S. equinus
NAS FEZES E NA PASTAGEM DA AMOSTRA M (15.12.88) E
MESOCLIMA PARA O PERÍODO.
Larvas na pastagem
53.
As larvas infectantes dos nematóides da subfamília Cya-
thostominae iniciaram nas pastagens aos 14 dias nos meses de ja-
neiro (massa A), maio (massa E), junho (massa F) e setembro (mas-
sa I), outubro e novembro aos 21 dias e sobrevivendo por um pe-
ríodo máximo de 119 dias em junho (massa F).
- As larvas de S. vulgaris apareceram na pastagem aos
14 dias (massa A) durante o mês de janeiro, fevereiro (massa B),
março (massa C) e junho (massa F), aos 28 dias (nas massas L e
M) durante o mês de novembro e dezembro. Na massa I apareceram
aos 35 dias durante o mês de setembro e na massa B aos 56 dias.
Sobreviveram um mínimo de 7 dias durante o mês de janei-
ro e um máximo de 112 dias no mês de maio (massa E).
- As larvas de S. equinus apareceram na pastagem aos
7 dias (massa M) no mês de dezembro e aos 21 dias em outubro
(massa L). Sobreviveram um mínimo de 7 dias (massa M) e um má-
ximo de 21 dias nos meses de outubro e dezembro respectivamen-
te.
- As larvas de S. edentatus apareceram aos 14 dias no
mês de junho sobrevivendo aí 14 dias.
O número de larvas, por grama, nas fezes e na pasta-
gem por amostra e para as espécies estudadas assim como os da-
dos meteorológicos estão apresentados nas Figuras de 8 a 19.
Os resultados obtidos para cada amostra foram registra-
dos em fichas padronizadas, Figura 20, processados e estão a-
54.
FIGURA 20. MODELO DAS FICHAS EM QUE FORAM REGISTRADOS OS DADOS
OBTIDOS PARA CADA MASSA FECAL.
55.
presentados com detalhes na Tabela 2 e nas Figuras 21 a 28.
Obs.: Strongylus equinus e Strongylus edentatus apresentaram bai-
xa intensidade de infecção nos animais utilizados para o expe-
rimento. Quando o animal estava parasitado, comprovado através
da coprocultura inicial (as larvas foram identificadas) apesar
do pequeno número e como são poucos os dados para estas espécies
achamos conveniente assinalar quando estas estiveram presentes.
Nos meses de agosto, setembro e outubro não encontramos
larvas de S. vulgaris nas fezes e na pastagem.
56 .
FIGURA 21. NÚMERO DE LARVAS DE CYATHOSTOMINAE POR GRAMA DE FEZES
E DEPASTAGEM . DADOS METEOROLÓGICOS DE
PRECIPITAÇÃO PLUVIOMÉTRICA , UMIDADE RELATIVA
E TEMPERATURA MÁXIMA E MÍNIMA RES-
PECTIVAMENTE, NO PERÍODO DE JANEIRO A DEZEMBRO DE 1988.
57.
FIGURA 22. NÚMERO DE LARVAS DE S. vulgaris POR GRAMA DE FEZES
E DE PASTAGEM . DADOS METEOROLÓGICOS
DE PRECIPITAÇÃO PLUVIOMÉTRICA , UMIDADE RELATI-
VA E TEMPERATURA MÁXIMA E MÍNIMA
RESPECTIVAMENTE, NO PERÍODO DE JANEIRO A DEZEMBRO DE 1988.
58.
FIGURA 23. VALORES PERCENTUAIS (%) PARA AS LARVAS DE CYATHOSTOMI-
NAE NAS FEZES , DADOS METEOROLÓGICOS DE PRECIPI-
TAÇÃO PLUVIOMÉTRICA , UMIDADE RELATIVA E TEM-
PERATURA MÁXIMA E MÍNIMA RESPECTIVAMEN-
TE, NO PERÍODO DE JANEIRO A DEZEMBRO DE 1988.
59.
FIGURA 24. VALORES PERCENTUAIS (%) PARA AS LARVAS DE CYATHOSTOMINAE
NA PASTAGEM , DADOS METEOROLÓGICOS DE PRECIPITAÇÃO
PLUVIOMÉTRICA , UMIDADE RELATIVA E TEMPERATU-
RA MÁXIMA E MÍNIMA RESPECTIVAMENTE, NO PE-RÍODO DE JANEIRO A DEZEMBRO DE 1988.
60.
FIGURA 25. VALORES PERCENTUAIS (%) PARA LARVAS INFECTAMTES DE S.
vulgaris NAS FEZES E NA PASTAGEM , DA-
DOS METEOROLÓGICOS DE PRECIPITAÇÃO PLUVIOMÉTRICA ,
UMIDADE RELATIVA E TEMPERATURA MÁXIMA E
MÍNIMA RESPECTIVAHENTE, NO PERÍODO DE JANEIRO
A DEZEMBRO DE 1988.
61.
APÊNDICE 4.
Ovos nas fezes
Larvas nas fezes
Larvas na pastagem
FIGURA 26. PERÍODO DE SOBREVIVÊNCIA MÉDIA DE OVOS E LAR-
VAS INFECTANTES DE CYATHOSTOMINAE E S. vulga-
ris, NAS FEZES E NA PASTAGEM DURANTE OS 12 ME-
SES DE 1988.
62.
FIGURA 27. PERÍODO DE SOBREVIVÊNCIA DE LARVAS INFECTANTES DE
CYATHOSTOMIAE NAS FEZES E NA PASTAGEM
63.
FIGURA 28. PERÍODO DE SOBREVIVÊNCIA DE LARVAS INFECTANTES DE
S. vulgaris NAS FEZES E NA PASTAGEM
TABELA 2.DATA DA DEPOSIÇÃO DE CADA MASSA, MESOCLIMA,
OPG INICIAL, NÚMERO DE LARVAS DE CYATHOSTOMINAE, S. vulgaris,
S. equinus E S. edentatus NAS FEZES E NA PASTAGEM E PERÍODO DE SOBREVIVÊNCIA
5. DISCUSSÃO
Ovos
A presença de ovos viáveis, de nematóides Strongylidae,
nas fezes de cavalos por períodos de sete a quatorze dias expli-
ca bem a rapidez com que essa parasitose se dispersa no plantel
equino. É problemática na criação de cavalos para as mais diver-
sas finalidades, onde aconteça alta prevalência, principalmente
das espécies mais patogênicas dos estrongilídeos. Embora essa a-
certiva seja lugar comum, este enfoque foi, no Brasil, o primei-
ro estudo do gênero sobre o desenvolvimento de ovos e larvas de
nematóides estrongilídeos parasitos intestinais de equinos. A
investigação sobre a relação entre o desenvolvimento de larvas e
a bionomia dos estádios de vida livre forneceu informações sobre
a variação estacional e a disponibilidade de larvas infectantes
na pastagem e nas fezes. Esses resultados foram considerados vá-
lidos para a Baixada Fluminense no Estado do Rio de Janeiro.
Considerando apenas a estação do ano, não se observa se-
66.
monstraram que a alta temperatura limita o tempo de vida das L3
nos dois substratos considerados. Para Strongylus vulgaris o fe-
nômeno não se passou da mesma maneira pois, nos meses de abril
a setembro que corresponde ao período seco do inverno a sobre-
vivência das L3 variou entre uma e 17 semanas na pastagem en-
quanto na estação chuvosa foi de duas a seis semanas nas fezes.
A comparação desses resultados com os de ENGLISH (1979a), que
relatou 1% de larvas sobrevivendo por duas a três semanas no ve-
rão e por sete a 11 semanas no inverno, destaca a grande resis-
tência das L3 dos estrongilídeos. Reforçando esses resultados
encontrou-se a observação de MFITILODZE & HUTCHINSON (1985) so-
bre um número maior de larvas infectantes recuperado entre ju-
nho e dezembro em comparação com a recuperação pequena e inter-
mitente dos demais meses para a região de Queensland na Austrá-
lia. Em face a estes resultados e tendo em conta a etologia dos
equinos em relação a alimentação pode-se dizer que o sistema de
rodízio de pastagem, a intervalos de um ou dois meses (GORDON,
1977), para controlar o parasitismo por estrongilídeos é uma
prática pouco eficaz.
Não é apenas o fator umidade que influencia no desen-
voldimento e comportamento das L3 dos estrongilídeos, pois LU-
CKER (1941) demonstrou em laboratório com temperatura controla-
da que a viabilidade das larvas era maior entre -5°C e +3°C do
que à temperatura de 31°C. Também HASSLINGER (1981b) investigou
os estrongilídeos em relação a temperatura e concluiu que a +4°C
as larvas podem resistir sem alterações por 31 a 39 semanas, e
67.
ROV (1979, 1981). A proporcionalidade entre o desenvolvimento
e atividade das larvas infectantes já foram previamente analisa-
dos por BAKER e cols. (1939) e LUCKER (1941) que afirmaram ha-
ver menor valocidade e maior longevidade de larvas infectan-
tes dos estrongilídeos em temperaturas próximas à do congelamen-
to. Assim sendo pode-se admitir existir consenso sobre essa
questão.
Ainda merece destaque a divergência entre ENGLISH
(1979b) e os resultados ora obtidos. Esse autor, trabalhando na
Austrália, também região de clima tropical, observou que duran-
te o inverno as larvas perfaziam um período de até três semanas
para atingir o estádio infectante o que não aconteceu, no pre-
sente trabalho, quer para ciatostomíneos, quer para os estrongi-
líneos cujo maior período foi de 14 dias.
Larvas na pastagem
Considerando a dinâmica do fenômeno larvas infectan-
tes nas fezes e na pastagem constatou-se que o período de sobre-
vivência das L3 foi muito semelhante nos dois substratos (Figu-
ras 21 a 25). Embora o desenvolvimento das larvas de ciatostomí-
neos tenha sido mais rápido no verão, o período de sobrevivência
nos meses de outubro a março, estação chuvosa, foi de quatro a
17 semanas para o substrato fezes e de cinco a 15 semanas na
pastagem, enquanto na estação seca foi de 10 a 17 semanas nas
fezes e de nove a 17 semanas na pastagem. Tais observações de-
68.
melhança coma afirmação de BAKER e cols. (1939) e as observa-
ções aqui registradas. Enquanto esses autores relataram que ha-
via morte dos embriões em 60% dos ovos que permaneciam nas fe-
zes dos equinos durante o inverno, no presente trabalho consta-
tou-se um aumento no período de viabilidade dos ovos durante o
outono e inverno. Tal constatação coincide com a de OGBOURNE
(1972) quando observou que o encurtamento do período de ovo a
larva infectante ocorreu durante período quente e úmido. Contu-
do, FREITAS et al. (1955) citaram que não havia variação esta-
cional quanto ao número de ovos de estrongilídeos nas fezes de
equinos. Recentemente MFITILODZE & HUTCHINSON (1988) não encon-
traram alterações na velocidade de desenvolvimento dos em-
briões nos ovos de estrongilídeos, durante os doze meses do
ano.
Larvas nas fezes
(Figuras 8 a 19), onde foi registrada a variação na taxa
de desenvolvimento das larvas em função da estação do
ano.
Em todos os meses do ano foram recuperadas larvas de
ciatostomíneos e S. vulgaris das massas fecais de equinos
A maior rapidez para atingir o estádio de larva in-
fectante aconteceu nos meses mais quentes. Registros semelhan-
tes foram apresentados por PUKHOV (1941), VELICHKIN (1952),
BARUS (1963), GRELCK e cols. (1977), ENGLISH (1979b) e KADY-
69.
COURTNEY & ASQUITH (1985) relataram para a Flórida, que a trans-
missão máxima dos ciatostomíneos ocorria durante os meses mais
frios como resultados da prolongada sobrevivência das larvas nas
temperaturas mais baixas.
Outro fator mesoclimático importante nessa dinâmica
foi a pluviosidade, como assinalou BRUNS (1937) sobre a possibi-
lidade da migração horizontal das larvas em solo argiloso, quan-
do acontecia chuva forte; e OGBOURNE (1972) quando referiu que
a taxa de migração das L3 das fezes para a pastagem dependia da
quantidade e frequência de chuva, e que a migração vertical das
L3 na pastagem também era dependente de chuva. Durante o presen-
te trabalho, embora o índice pluviométrico do período do expe-
rimento tenha chegado a valores médios inferiores a 25 mm, a re-
cuperação de larvas infectantes da pastagem foi pequena. Essa
constatação mantém identidade aos resultados publicados por
HERD & WILLARDSON (1985) quando comentou que a migração das L3
da massa fecal para a pastagem ocorria somente com umidade sen-
do provável que ocorresse oscilação coincidentes com a pluvio-
sidade, mesmo tão baixa quanto 25 mm; e com os de ENGLISH
(1979a) que discutiu a relação entre a contaminação da pastagem
e a migração de larvas das fezes, e mostrou que 89% de todas as
larvas recuperadas foram encontradas com até 15 cm de raio de
migração a partir das fezes, migração essa que ocorreu com um
mínimo de 25 mm de precipitação pluviométrica.
Os resultados independentes para as espécies de ciatos-
tomíneos, S. vulgaris, S. equinus e S. edentatus revelaram que
70.
o primeiro encontro das L3 de S. equinus na pastagem aconteceu
com sete dias de deposição das massa fecais sobre a vegetação,
enquanto as demais só foram encontradas a partir dos 14 dias.
Quanto ao tempo máximo de presença na pastagem a partir da mas-
sa fecal, as espécies S. edentatus e S. equinus com, 14 a 21
respectivamente, foram as que menos resistiram já que S. vulga-
ris sobreviveu 112 dias.
Nos países de clima temperado, observou-se uma grande
recuperação de larvas infectantes no período de verão confor-
me relatos de DUNCAN (1974), DUCAN & PIRIE (1974), OGBOURNE
(1975a,b), LINDBERG (1976), COURTNEY & ASQUITH (1985) e HERD &
WILLARDSON (1985); enquanto no período de inverno o frio retar-
dou o desenvolvimento das larvas, o que chegou a ser letal para
68% (BAKER & SALLISBURY, 1939) e completamente inibido no inver-
no rigoroso (TAYLOR, 1939 e POLLEY, 1986). Estas observações pa-
ra clima temperado não são válidas para clima tropical onde as
larvas são recuperadas das fezes e da pastagem durante todos os
meses do ano conforme os presentes resultados que confirmam os
de ENGLISH (1979) e MFITILODZE & HUTCHINSON (1985).
O conhecimento do período de contaminação da pastagem
e a taxa de desaparecimento das larvas são fatores importantes
para que se possa controlar com mais eficiência esses nematói-
des. Novos estudos deverão ser realizados nesta e em outras re-
giões do Brasil visando contribuir para controle das parasito-
ses causadas por estrongilídeos intestinais dos equídeos.
6. CONCLUSÕES
Através dos resultados obtidos neste estudo pode-se
chegar às seguintes conclusões:
1. Os ovos viáveis dos nematóides das espécies da
subfamília Cyathostominae e da espécie Strongylus vulgaris,
estiveram presentes nas massas fecais por um período de sete
dias, no verão e 14 dias no inverno.
2. A temperatura, a umidade relativa e a precipita-
ção pluviométrica são fatores chaves para a sobrevivência e
migração das L3 nas fezes e na pastagem.
3. Condições favoráveis para a sobrevivência de lar-
vas infectantes ocorreram durante todos os meses do ano.
72.
4. Mais estudos precisam ser realizados nesta e em ou-
tras regiões brasileiras, para esclarecer e complementar vários
pontos na epidemiologia dos parasitos estrongilídeos intesti-
nais dos equídeos.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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