UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO Departamento de Engenharia Mecânica
DEM/POLI/UFRJ
SISTEMAS ESPECIALISTAS - PROJETO DE PARAFUSOS DE UNIÃO
Carlos Felipe Espiúca Monteiro
PROJETO FINAL SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO DEPARTAMENTO
DE ENGENHARIA MECÂNICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS
REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE
ENGENHEIRO MECÂNICO.
Aprovado por:
________________________________________________
Flávio de Marco Filho
________________________________________________
Sylvio José Ribeiro de Oliveira
________________________________________________
Vitor Ferreira Romano
RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL
JANEIRO DE 2014
Índice do texto
1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS ....................................................................................................... 1
2. SISTEMAS ESPECIALISTAS .......................................................................................................... 2
2.1 Estrutura de um Sistema Especialista ................................................................................. 2
2.2 Etapas de construção de um Sistema Especialista .............................................................. 3
2.3 Tipos de problemas solucionados por Sistemas Especialistas ............................................ 5
2.4 Vantagens da utilização de Sistemas Especialistas ............................................................. 8
3. PARAFUSOS DE UNIÃO .............................................................................................................. 9
3.1 Fixadores na engenharia ..................................................................................................... 9
3.2 Aplicações de parafusos .................................................................................................... 10
3.3 Classificação dos parafusos ............................................................................................... 10
3.4 Arruelas ............................................................................................................................. 13
3.5 Padrões de roscas e definições ......................................................................................... 13
3.6 Fabricação de parafusos .................................................................................................... 18
4. FALHAS POR FADIGA ............................................................................................................... 18
4.1 Introdução à fadiga em metais ......................................................................................... 18
4.2 Determinação da resistência à fadiga ............................................................................... 21
4.3 Estimativa da vida do equipamento .................................................................................. 22
4.4 Limite de resistência à fadiga ............................................................................................ 23
4.5 Fatores modificadores do limite de resistência à fadiga................................................... 25
4.5.1 Fator de acabamento superficial (ka) ......................................................................... 26
4.5.2 Fator de tamanho (kb) ................................................................................................ 27
4.5.3 Fator de confiabilidade (kc) ........................................................................................ 27
4.5.4 Fator de temperatura (kd) .......................................................................................... 28
4.5.5 Fator de concentração de tensões (ke) ...................................................................... 29
4.5.6 Fator de efeitos variados (kf) ...................................................................................... 31
4.6 Critérios de falha por fadiga .............................................................................................. 31
5. DIMENSIONAMENTO DAS UNIÕES POR PARAFUSO ............................................................... 35
5.1 Cargas na união por parafuso ........................................................................................... 35
5.2 Critérios para o dimensionamento ................................................................................... 36
5.3 Rigidez da união por parafusos ......................................................................................... 38
5.4 Resistência dos parafusos ................................................................................................. 41
ii
5.5 Fadiga em uniões por parafusos ....................................................................................... 44
5.6 Especificação da união por parafuso ................................................................................. 45
5.6.1 Carregamento estático ............................................................................................... 46
5.6.2 Carregamento dinâmico ............................................................................................. 46
6. DESENHO TÉCNICO .................................................................................................................. 47
6.1 Criando um desenho técnico ............................................................................................ 47
6.2 Normas .............................................................................................................................. 47
7. PROGRAMA DESENVOLVIDO ................................................................................................... 52
7.1 Janela principal .................................................................................................................. 52
7.2 Janela de gráficos .............................................................................................................. 55
7.3 Janela de juntas ................................................................................................................. 57
7.4 Configuração dos gráficos ................................................................................................. 58
7.5 Janela de desenho ............................................................................................................. 59
7.6 Fixação de chapa circular .................................................................................................. 62
7.7 Visão geral do programa e conclusões .............................................................................. 65
REFERÊNCIAS ............................................................................................................................... 66
FIGURAS E TABELAS ..................................................................................................................... 67
Índice de figuras
1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS ....................................................................................................... 1
2. SISTEMAS ESPECIALISTAS .......................................................................................................... 2
Figura 2.1: Arquitetura típica de um Sistema Especialista ........................................................ 3
3. PARAFUSOS DE UNIÃO .............................................................................................................. 9
Figura 3.1: Exemplos de aplicações de fixação por parafuso .................................................. 10
Figura 3.2: Diversas formas e geometrias de cabeças de parafuso ........................................ 11
Figura 3.3: Exemplos de cabeças especiais de parafuso ......................................................... 12
Figura 3.4: Exemplos de alguns dos tipos de rosca e suas aplicações .................................... 12
Figura 3.5: Perfil básico para roscas métricas M e MJ ............................................................ 15
4. FALHAS POR FADIGA ............................................................................................................... 18
Figura 4.1: Falha por fadiga de uma peça submetida a cargas cíclicas ................................... 20
Figura 4.2: Corpo de prova típico para o ensaio de viga rotativa ........................................... 21
Figura 4.3: Diagrama S-N do ensaio de fadiga típico de aços ................................................. 22
iii
Figura 4.4: Dados de diversos ensaios de fadiga para diferentes materiais ........................... 24
Figura 4.5: Carta de sensibilidade ao entalhe de aços e ligas de alumínio submetidas à flexão
reversa ou cargas axiais reversas ............................................................................................ 30
Figura 4.6: Carta de concentração de tensões em uma peça cilíndrica com redução de
diâmetro submetida à flexão .................................................................................................. 30
Figura 4.7: Carta de concentração de tensões em uma peça cilíndrica sulcada submetida à
flexão ....................................................................................................................................... 31
Figura 4.8: Diagrama de fadiga para vários critérios de falha ................................................. 33
5. DIMENSIONAMENTO DAS UNIÕES POR PARAFUSO ............................................................... 35
Figura 5.1: Análise de esforços em uma união por parafusos ................................................ 35
Figura 5.2: Compressão da junta representada por um tronco de cone ................................ 39
6. DESENHO TÉCNICO .................................................................................................................. 47
7. PROGRAMA DESENVOLVIDO ................................................................................................... 52
Figura 7.1: Janela inicial do programa com os dados propostos no exemplo 1 ..................... 53
Figura 7.2: Janela de avaliação do parafuso mostrando a avaliação feita a partir dos dados do
exemplo 1 ................................................................................................................................ 54
Figura 7.3: Gráficos do coeficiente de segurança e da força na junta para os dados do
exemplo 1 ................................................................................................................................ 56
Figura 7.4: Gráfico de número de ciclos em função da força de aperto do parafuso para os
dados do exemplo 1 ................................................................................................................ 57
Figura 7.5: Janela de juntas com as configurações apresentadas no exemplo 2 ................... 58
Figura 7.6: Janela de configuração dos gráficos com os dados do exemplo 3 ........................ 59
Figura 7.7: Janela de desenho do programa apresentando o desenho gerado pelos dados do
exemplo 1 ................................................................................................................................ 60
Figura 7.8: Parafuso especificado com a cabeça sextavada externa ...................................... 61
Figura 7.9: Parafuso especificado com a cabeça sextavada interna ....................................... 61
Figura 7.10: Exemplo da janela “Fixação de chapa circular” em execução ............................ 64
Figura 7.11: Modelo 3D em AutoCAD da chapa representada na figura 7.10 ........................ 65
Índice de tabelas
1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS ....................................................................................................... 1
2. SISTEMAS ESPECIALISTAS .......................................................................................................... 2
3. PARAFUSOS DE UNIÃO .............................................................................................................. 9
Tabela 3.1: Diâmetros e áreas de roscas métricas de passo grosso e fino ............................. 16
Tabela 3.2: Diâmetros e áreas de roscas de parafusos unificados UNC e UNF....................... 17
iv
4. FALHAS POR FADIGA ............................................................................................................... 18
Tabela 4.1: Valores do fator ka para diferentes acabamentos superficiais ............................. 26
Tabela 4.2: Valores do fator kc para diferentes níveis de confiabilidade ................................ 28
5. DIMENSIONAMENTO DAS UNIÕES POR PARAFUSO ............................................................... 35
Tabela 5.1: Resistências de parafusos segundo a especificação SAE ...................................... 42
Tabela 5.2: Resistências de parafusos segundo a especificação ASTM .................................. 43
Tabela 5.3: Resistências de parafusos segundo a especificação métrica ............................... 44
Tabela 5.4: Valores do fator para diferentes tipos de parafuso ........................................ 45
6. DESENHO TÉCNICO .................................................................................................................. 47
Tabela 6.1: Dimensões métricas de parafusos sextavados externos ...................................... 48
Tabela 6.2: Dimensões unificadas de parafusos sextavados externos ................................... 49
Tabela 6.3: Dimensões métricas de parafusos sextavados internos ...................................... 50
Tabela 6.4: Dimensões unificadas de parafusos sextavados internos .................................... 51
7. PROGRAMA DESENVOLVIDO ................................................................................................... 52
1
1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
Com o avanço das tecnologias nas diversas áreas da engenharia, é cada vez mais
importante que se chegue às soluções de novos problemas o mais rápido e
eficientemente possível. Mas para atacar os novos desafios de engenharia, e desenvolver
projetos complexos é necessário que algumas questões sejam resolvidas sem exigir
muito tempo do projetista.
O resultado disso é que, desde o advento do computador digital, existe uma forte
tendência em criar programas que possam facilitar o trabalho do engenheiro na hora de
realizar algumas etapas do projeto. Com isso em mente, o objetivo deste projeto é
desenvolver uma ferramenta que possa desempenhar esse papel no projeto de um
determinado elemento de máquina. Este tipo de programa é chamado de sistema
especialista, e será analisado com mais detalhes posteriormente.
O elemento de máquina escolhido para ser o alvo desse programa foi o parafuso
de união. Este elemento é utilizado largamente em quase toda máquina, desde parafusos
que trabalham em uniões com poucas cargas até parafusos submetidos a grandes tensões
e características complexas de operação.
É muito difícil encontrar um equipamento mecânico que não necessite do uso de
parafusos de união. Sendo assim, é razoável imaginar que se o engenheiro for dedicar o
seu precioso tempo recordando os fundamentos básicos de elementos de máquinas e
mecânica dos sólidos para poder dimensionar adequadamente o parafuso necessário à
sua aplicação, o projeto será consideravelmente atrasado, e num mercado competitivo
isso não é uma ideia nem um pouco atraente.
O objetivo deste projeto é, portanto, desenvolver um sistema especialista que seja
capaz de informar ao engenheiro o parafuso mais adequado para as condições
operacionais indicadas. Basicamente o que o programa fará é analisar todas as
condições sobre as quais o parafuso deve operar, e com base em critérios de
dimensionamento e o conhecimento de elementos de máquinas embutido na sua base
conhecimento, o programa retornará ou usuário as dimensões adequadas ao parafuso
que deve ser especificado, fornecendo também o desenho técnico do parafuso bem
como o seu modelo 3D.
Fica claro que esse tipo de sistema pode facilitar muito o trabalho de um
projetista, mas é claro que o programa serve apenas como um guia para a decisão em
2
um projeto. Nenhum programa de computador, por mais conhecido e robusto que seja,
deve ser utilizado cegamente, no final das contas o que garante um resultado satisfatório
ao final de um projeto é a experiência e o senso crítico do engenheiro.
Para entender um pouco melhor como é pensado esse tipo de programa que será
desenvolvido, é interessante estudar um pouco mais a fundo o que é um sistema
especialista, isso será apresentado no próximo capítulo.
2. SISTEMAS ESPECIALISTAS
2.1 Estrutura de um Sistema Especialista
Sistemas Especialistas são programas de computador projetados para similar a
tomada de decisões e o raciocínio de um profissional “expert” em uma área de
conhecimento bem específica.
Todo o conhecimento que o Sistemas Especialistas contém, é adquirido através de
pessoas especialistas, que transferem o seu conhecimento (acumulado durante toda sua
vida profissional) para o sistema.
Em resumo podemos afirmar que os Sistemas Especialistas são uma técnica de
Inteligência Artificial desenvolvida para resolver problemas em um determinado
domínio cujo conhecimento utilizado é obtido de pessoas que são especialistas naquele
domínio.
Um sistema especialista tem uma estrutura única, diferente dos programas de
computador tradicionais. Este tipo de sistema é tipicamente dividido em três partes:
base de conhecimento
memória de trabalho
mecanismo de inferências
A base de conhecimento é o elemento que armazena o conhecimento abstrato.
Normalmente, a base de conhecimento é vista como a base de regras onde o
conhecimento abstrato é armazenado em um conjunto de regras de produção do tipo:
Se (situação) Então (conclusão ou ação)
A memória de trabalho é o elemento que armazena o conhecimento concreto, ou
seja, alguns parâmetros que são armazenados na memória para serem analisados no
3
processo de inferência. Essa memória é de caráter transitório, pois novos parâmetros
podem estar sendo continuamente acrescentados ou apagados.
O mecanismo de inferências é o processador ou interpretador de conhecimento,
sendo considerado o coração do Sistema Especialista. Esta parte do sistema é
responsável por buscar, selecionar e avaliar as regras que foram pegas na base de
conhecimento. A sua principal função é combinar o conhecimento abstrato contido na
base de regras, com o conhecimento concreto armazenado na memória de trabalho,
inferindo conclusões e gerando novos parâmetros para a memória de trabalho.
A figura 2.1 apresenta um esquema que mostra a arquitetura típica de um Sistema
Especialista.
Figura 2.1: Arquitetura típica de um Sistema Especialista
2.2 Etapas de construção de um Sistema Especialista
O processo de coleta e estruturação do conhecimento é chamado de aquisição de
conhecimento. O engenheiro de conhecimento é a pessoa encarregada de construir o
Sistema Especialista, enquanto que a pessoa que possui o conhecimento necessário para
o desenvolvimento do Sistema Especialista é chamada de especialista. As etapas da
criação de um Sistema Especialista são apresentadas a seguir:
4
a) Estabelecer o problema a ser resolvido;
Primeiramente, é necessário verificar se o problema de interesse pode ser
resolvido de forma declarativa, ou seja, através de um Sistema Especialista, ou
se um programa procedimental é mais adequado para representar e resolver
este problema.
b) Buscar um especialista ou uma fonte de conhecimento equivalente;
Esta é uma etapa importantíssima na concepção de um Sistema
Especialista e deve ser feita com muito cuidado, pois a eficiência e utilidade do
sistema dependem diretamente do conhecimento nele contido, e este
conhecimento é obtido do especialista.
c) Projetar o Sistema Especialista;
Depois do engenheiro de conhecimento ter escolhido o especialista, e ter
definido com ele os recursos necessários para o desenvolvimento deste projeto
(tempo, facilidades computacionais, etc), bem como as metas e objetivos a
serem alcançados, inicia-se o projeto propriamente dito do Sistema
Especialista.
d) Determinar o grau de participação do usuário;
Neste ponto deve ser definido o tipo de interface que deverá ser feita com
o usuário, definindo assim o grau de interação que existirá entre o usuário e o
Sistema Especialista.
e) Definir o tipo de programação a ser utilizada;
Nesta etapa o engenheiro de conhecimento deverá optar entre a utilização
de um ambiente computacional pronto para a construção do Sistema
Especialista (“shell”) e a utilização de uma linguagem de programação de alto
nível.
f) Desenvolver um protótipo;
A etapa de desenvolvimento do protótipo é muito importante para a
criação de um Sistema Especialista, e é interessante que seja realizada o quanto
5
antes, mesmo que o protótipo seja simples, pois assim é possível avaliar, em
conjunto com o especialista, a viabilidade e o aperfeiçoamento do projeto.
g) Validar o protótipo;
A validação do protótipo deve ser feita inicialmente com sistemas de
dados acadêmicos e de pequeno porte, pois com esses dados os resultados já
são bem definidos. Quando o Sistema Especialista estiver trabalhando
adequadamente com estes dados acadêmicos, deve-se então procurar testar o
protótipo com casos mais reais.
h) Refinar e generalizar o protótipo;
Esta etapa depende diretamente do feedback que o especialista dará ao
engenheiro de conhecimento, no que diz respeito ao desempenho do protótipo.
i) Manutenção;
A manutenção da base de conhecimento e da memória de trabalho do
Sistema Especialista envolve a incorporação de novas regras, ou mesmo a
modificação de regras existentes. Esta tarefa fica amplamente facilitada no
Sistema Especialista, em função de que as suas partes componentes ficam
fisicamente separadas uma das outras.
j) Atualização.
O Sistema Especialista deve ser constantemente atualizado, ou seja, a sua
base de conhecimento deve sempre conter as regras de produção que
representem o pensamento técnico e científico do momento.
2.3 Tipos de problemas solucionados por Sistemas
Especialistas
Tipicamente, os problemas que podem ser solucionados por um Sistema
Especialista são do tipo que seriam atendidos por um especialista humano. Especialistas
reais no domínio do problema (que normalmente é bem específico, como por exemplo,
dimensionar um elemento de máquina) fornecem regras gerais indicando como
6
analisariam o problema, tanto explicitamente com a ajuda de um analista de
sistema experiente, como implicitamente, fazendo com que estes especialistas analisem
casos de teste e usando programas de computador para analisar os dados de teste e, de
forma limitada, derivar regras dessa análise.
Os Sistemas Especialistas trabalham com problemas cada vez mais difíceis, sendo
assim eles precisam usar todas as técnicas disponíveis de Inteligência Artificial. A fim
de escolher o método mais apropriado (ou uma combinação de métodos) para resolver
um determinado problema, é necessário analisá-lo em várias dimensões-chaves. Abaixo
são apresentados os critérios que dão origem as classes de problemas e as classes
propriamente ditas:
O problema pode ser decomposto em um conjunto (ou quase isto) de
subproblemas independentes, menores e mais fáceis?
- Decomponíveis;
- Não decomponíveis.
Certos passos em direção à solução podem ser ignorados ou pelo menos
desfeitos caso fique provado que são imprudentes?
- Ignoráveis: as etapas para a solução podem ser ignoradas. Exemplo:
demonstração de teoremas;
- Recuperáveis: as etapas para a solução podem ser desfeitas. Exemplo:
quebra-cabeça;
- Irrecuperáveis: as etapas para a solução não podem ser desfeitas.
Exemplo: xadrez.
A recuperabilidade de um problema tem papel importante na determinação da
complexidade da estrutura de controle necessária para a solução do problema?
- Ignoráveis: estrutura de controle simples que nunca retrocede;
- Recuperáveis: estrutura de controle ligeiramente mais complicada
(utilizará o retrocesso com uma estrutura de pilha na qual as decisões de pilha
na qual as decisões são gravadas se precisarem ser desfeitas mais tarde), que às
vezes comete erros;
7
- Irrecuperáveis: sistema que depende muito esforço para tomar decisões
(sistema de planejamento no qual toda uma sequência de passos é analisada de
antemão, para descobrir onde levará, antes do primeiro passo ser realmente
tomado), já que são definitivas.
O universo do problema é previsível?
- Com resultado certo: podemos usar planejamento para gerar uma
sequência de operadores que certamente levará a uma solução. Exemplo:
quebra-cabeça;
- Com resultado incerto: podemos usar planejamento para, na melhor das
hipóteses, gerar uma sequência de operadores com boas chances de levar a uma
solução. Exemplo: bridge, truco, canastra. Para solucionar problemas desse
tipo precisamos permitir que um processo de revisão de planos ocorra durante a
execução do plano e que seja fornecida a realimentação necessária.
Uma boa solução para o problema pode ser considerada óbvia sem haver
comparação com todas as soluções possíveis?
- Aceitam qualquer caminho: podem ser solucionados em tempo
razoável através do uso de heurísticas que sugerem bons caminhos a serem
explorados;
- Só aceitam o melhor caminho: não existe a possibilidade de usarmos
qualquer heurística que possa prever a melhor solução, portanto, será realizada
uma busca mais exaustiva.
Existe a necessidade absoluta de grande quantidade de conhecimento para
resolver o problema, ou o conhecimento é importante apenas para limitar a
busca?
Um computador que simplesmente receba o problema tem condições de
retornar a solução, ou esta exige a interação entre o computador e a pessoa?
- Solitário: o computador recebe a descrição de um problema e produz
uma resposta sem nenhuma comunicação imediata e sem pedir nenhuma
explicação sobre o processo de raciocínio. Exemplo: demonstrar um teorema;
8
- Conversacional: existe comunicação intermediária entre uma pessoa e
o computador, para proporcionar assistência adicional ao computador ou para
proporcionar informações adicionais ao usuário, ou ambos. Exemplo: produzir
um diagnóstico médico.
Não existe uma única maneira de resolver todos os problemas. Ao contrário, se
analisarmos nossos problemas cuidadosamente e classificarmos nossos métodos de
solução de acordo com o tipo de problema aos quais se adaptam, seremos capazes de
trazer para cada novo problema, muito do que aprendemos na solução de outros
problemas semelhantes.
O fato é que Sistemas Especialistas são muito úteis para resolver uma infinidade
de problemas práticos, e como foi mostrado neste tópico, as aplicações deste tipo de
sistema vão muito além dos problemas de engenharia, podendo ser utilizado para as
mais diversas finalidades.
2.4 Vantagens da utilização de Sistemas Especialistas
Os benefícios obtidos com a utilização de Sistemas Especialistas são diferentes
daqueles obtidos pelos sistemas tradicionais, isso se deve ao fato de se tratarem de
sistemas dotados de inteligência e conhecimento. Dentre outras vantagens, podemos
destacar:
Um Sistema Especialista é capaz de estender as facilidades de tomada de
decisão para muitas pessoas. O conhecimento dos especialistas pode ser
distribuído, de forma que possa ser utilizado por um grande número de
pessoas;
Um Sistema Especialista pode melhorar a produtividade e desempenho de seus
usuários, considerando que o provê com um vasto conhecimento, que,
certamente, em condições normais, demandaria mais tempo para assimilá-lo e,
consequentemente, utilizá-lo em suas tomadas de decisão;
Sistemas Especialistas reduzem o grau de dependência que as organizações
mantêm quando se vêm em situações críticas, inevitáveis, como, por exemplo,
a falta de um especialista. As pessoas morrem, ficam doentes, tiram férias e até
9
optam por melhores ofertas de trabalhos; ao assim proceder, tornam as
organizações em que trabalham vulneráveis e extremamente dependentes de
suas decisões. Ao registrar o conhecimento de empregados nos Sistemas
Especialistas, promove-se uma significativa redução no grau de dependência
entre empresa e presença física do empregado;
Sistemas Especialistas são ferramentas adequadas para serem utilizadas em
treinamentos de grupos de pessoas, de forma rápida e agradável, podendo
servir, após o treinamento, como instrumento para coleta de informações sobre
o desempenho daqueles que foram treinados, obtendo subsídios para
reformulação das lições para a obtenção de melhor desempenho, além de
prestar suporte imediato para os treinamentos durante a utilização dos
conhecimentos na realização de suas tarefas diárias.
3. PARAFUSOS DE UNIÃO
3.1 Fixadores na engenharia
Estudos dos projetos de engenharia e dos processos do metal frequentemente
incluem instruções de vários métodos de união, e a curiosidade de qualquer pessoa
interessada em engenharia mecânica naturalmente resulta na aquisição de um bom
conhecimento básico de métodos de fixação. Contrário às primeiras impressões, o
assunto é um dos mais interessantes em todo o campo de projeto mecânico.
Para a manufatura, um dos objetivos chave do projeto é reduzir o número de
fixadores. Contudo, sempre haverá necessidade de fixadores para facilitar a
desmontagem por quaisquer propósitos. Por exemplo, jatos gigantes tais como o Boeing
747 requerem 2.5 milhões de fixadores, alguns dos quais custam várias centenas de
dólares cada um. Para manter os baixos custos, fabricantes de aeronaves e seus
subcontratantes constantemente revêm projetos de novos fixadores, técnicas de
instalação e ferramental.
O número de inovações no campo de fixadores para qualquer período de tempo
nos últimos anos tem sido tremendo. Uma variedade espantosa de fixadores está
disponível para a seleção do projetista. Projetistas sérios geralmente mantêm cadernos
de apontamentos específicos para fixadores. Métodos de união de peças são
10
extremamente importantes na engenharia de um projeto de qualidade, e é necessário ter
um entendimento completo do desempenho de fixadores e junções sob todas as
condições de uso e projeto.
3.2 Aplicações de parafusos
O parafuso foi sem dúvida uma invenção mecânica extremamente importante. Ele
é a base dos parafusos de potência, que transformam o movimento angular em
movimento linear para transmitir potência ou desenvolver grandes esforços (prensas,
macacos, etc.), e os fixadores rosqueados, um elemento importante em junções não
permanentes. A aplicação de parafusos como elemento de união é largamente difundida
e conhecida por essa característica de promover uma estrutura ou junta desmontável. A
figura 3.1 apresenta alguns exemplos destas aplicações.
Figura 3.1: Exemplos de aplicações de fixação por parafuso
Comparando com outros tipos de juntas, a união por parafusos apresenta algumas
desvantagens. Uma delas é não garantir que o aperto inicial se mantenha, devido a
movimentos e vibrações, havendo frequentemente a necessidade do uso de dispositivos
de segurança contra o afrouxamento do parafuso.
3.3 Classificação dos parafusos
Para ser considerado parafuso, dois requisitos básicos são necessários. O primeiro
é a rosca e o segundo é o dispositivo de atarraxar, que não muito raramente é
confundido com o tipo de cabeça. Os parafusos se classificam quanto as suas partes, que
são: cabeça, pescoço, corpo e extremidade ou ponta. Em alguns casos a cabeça, o
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pescoço ou a ponta podem se confundir com o corpo ou simplesmente não existir.
Assim, pode-se classificar parafusos segundo:
a) forma da cabeça: sextavada, quadrada, oval, borboleta, etc.
b) forma do pescoço: quadrado, cilíndrico, estriado, cavado, etc.
c) forma do corpo: totalmente ou parcialmente roscado, com diâmetro igual,
maior ou menor do que o da parte não roscada.
d) forma da extremidade ou ponta: em taça, oval, cilíndrica, cônica, etc.
e) dispositivo de atarraxar: cabeça ou pescoço sextavado, fenda, sextavado
interno, furo transversal na cabeça, etc.
f) tipo de rosca: métrica ISO, unificada ou americana, whitworth, quadrada, etc.
Nas figuras a seguir podem ser observadas algumas imagens contendo essa grande
variedade de formatos que os parafusos podem apresentar, mostrando diversos formatos
de rosca, cabeça e dispositivo de atarraxar.
Figura 3.2: Diversas formas e geometrias de cabeças de parafuso
12
Figura 3.3: Exemplos de cabeças especiais de parafuso
Figura 3.4: Exemplos de alguns dos tipos de rosca e suas aplicações
Pode-se observar que existe uma infinidade de geometrias utilizadas para fabricar
parafusos, cada tipo com propriedades mecânicas e aplicações específicas. Neste
trabalho serão estudados apenas os parafusos aço, com rosca métrica ou unificada.
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3.4 Arruelas
Um componente muito importante em qualquer união por parafuso são as
arruelas. Uma arruela é um disco fino com um furo, geralmente no meio. Ela é utilizada
normalmente para suportar a carga de um parafuso. Outras utilizações são como
espaçadores, mola (arruelas onduladas), almofada de desgaste, e dispositivo de bloqueio
(i.e. arruela de pressão: utilizada para que evite que a porca escape do parafuso com a
trepidação).
Arruelas são geralmente metálicas ou de plástico. Parafusos de alta qualidade
necessitam de arruelas temperadas para evitar a perda da pré-carga após a aplicação
do torque. As gaxetas de borracha ou fibra que são utilizadas em torneiras para bloquear
o fluxo (evitar vazamento) de água são algumas vezes coloquialmente referidas
como arruelas; elas podem ser similares, contudo, arruelas e gaxetas são feitas de
maneira diferente, e projetadas para funções diferentes. Arruelas também são
importantes pare evitar a corrosão galvânica, particularmente isolando parafusos
de aço de superfícies de alumínio.
No programa desenvolvido as arruelas fazem parte de todo o possível conjunto de
elementos de junta, no qual são considerados apenas quatro materiais, aço, alumínio,
cobre e ferro fundido. Esses foram os materiais escolhidos porque representam a grande
maioria das aplicações estudadas.
3.5 Padrões de roscas e definições
A seguir serão definidas algumas dimensões importantes para o trabalho com
parafusos, as definições em questão valem para qualquer tipo de parafuso:
Passo: é a distância entre filetes adjacentes de rosca medida paralelamente ao
eixo da rosca. O passo em unidades inglesas é o recíproco do número de filetes
de rosca por polegada;
Diâmetro nominal: é o maior diâmetro da rosca do parafuso;
Diâmetro menor (ou de raiz): é o menor diâmetro da rosca do parafuso;
Diâmetro primitivo (ou diâmetro efetivo): também conhecido como diâmetro
pitch e diâmetro de flanco, é o diâmetro de um cilindro imaginário, coaxial ao
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parafuso ou à porca, que corta os filetes de rosca em um ponto tal que a
espessura do filete é igual ao vão entre os filetes em tal ponto e é igual a
metade do passo;
Avanço: é a distância que a porca avança paralelamente ao eixo do parafuso
quando a porca dá uma volta. Para uma rosca de uma entrada (ou rosca
simples), o avanço é igual ao passo;
Além das dimensões típicas dos parafusos, também é interessante apresentar
algumas características importantes dos diferentes tipos de parafuso que podem ser
encontrados na indústria mecânica.
Um parafuso com rosca de múltiplas entradas contém dois ou mais cortes de
rosca, um ao lado do outro (imagine doas ou mais cordas enroladas ao redor de um
lápis). Produtos padronizados como parafusos e porcas têm uma única rosca: parafusos
com rosca de dupla entrada têm um avanço igual a duas vezes o passo, um parafuso
com rosca de tripla entrada tem um avanço igual a três vezes o passo e assim
sucessivamente.
Todas as roscas são feitas de acordo com a regra da mão direita (a rosca é
apertada girando a mão direita no sentido anti-horário, e é afrouxada girando a mão
direita no sentido horário) a menos que o contrário seja dito.
A norma de roscas American National Thread (Unificada) foi aprovada nos
Estados Unidos e na Grã-Bretanha para o uso de produtos rosqueados padronizados. O
ângulo de rosca é de 60° e as cristas das roscas podem ser planas ou arredondadas.
A figura 3.2 mostra a geometria de rosca de perfis métricos M e MJ. O perfil M
substitui a classe polegada e é o perfil básico da ISO 68 com roscas simétricas de 60°. O
perfil MJ tem um filete arredondado na raiz da rosca externa e um diâmetro menor
aumentado tanto da rosca externa quanto da interna. Esse perfil é especialmente
indicado para casos em que uma alta resistência à fadiga é necessária.
15
Figura 3.5: Perfil básico para roscas métricas M e MJ
Na figura 3.5, p representa o passo, H a altura do triângulo fundamental, d o
diâmetro nominal (diâmetro maior), dm o diâmetro primitivo e dr o diâmetro menor da
rosca do parafuso. Essas dimensões apresentadas podem ser calculadas a partir das
seguintes relações matemáticas:
(3.1)
(3.2)
(3.3)
As tabelas 3.1 e 3.2 serão úteis ao especificar e projetar peças rosqueadas. Note
que o tamanho da rosca é especificado ao informar o passo p para tamanhos métricos e
ao informar o número de roscas N por polegada para tamanhos unificados. Os tamanhos
de parafusos na tabela 3.2 com diâmetro abaixo de in são tamanhos numerados ou
de bitola. A segunda coluna na tabela 3.2 mostra que um parafuso nº 8 tem um diâmetro
maior nominal de 0.1640 in por exemplo.
Determinar a resistência à tração de um parafuso pode ser complicado, devido à
sua geometria particular, por este motivo os ensaios de tração dos parafusos são feitos
de um jeito bastante particular. Um grande número de ensaios de tração de barras
rosqueadas mostrou que um eixo não rosqueado com diâmetro igual à média entre o
diâmetro efetivo e o diâmetro de raiz terá a mesma resistência à tração que a barra
rosqueada. A área dessa barra não rosqueada é chamada área de resistência à tração At
do eixo rosqueado; valores de At estão listados em ambas as tabelas.
16
Duas séries principais de roscas unificadas estão em uso comum, a UN e a UNR.
A diferença entre elas é simplesmente que para a série UNR, o raio de raiz deve ser
usado. Isso é feito por causa dos fatores de concentração de tensão reduzidos em roscas,
pois as roscas da série UNR têm resistências de fadiga melhoradas. Roscas unificadas
são especificadas ao se declarar o diâmetro maior nominal, o número de roscas por
polegada e as séries de roscas, por exemplo, in-18 UNRF ou 0.625 in-18 UNRF.
Para especificar as roscas métricas escreve-se o diâmetro e o passo em milímetros,
nessa ordem. Por exemplo, M12 x 1.75 é uma rosca métrica com diâmetro maior
nominal de 12 mm e um passo de 1.75 mm. Note que a letra M, que precede o diâmetro,
é o indicativo para a designação métrica.
Tabela 3.1: Diâmetros e áreas de roscas métricas de passo grosso e fino
17
Vale observar que para desenvolver a tabela 3.1, o diâmetro menor dr foi
encontrado através da equação (3.3) e o diâmetro primitivo dm através da equação (3.2).
E a média entre esses diâmetros foi usada para calcular a área de tensão de tração At,
que é de vital importância para o dimensionamento de parafusos de união, procedimento
que será discutido detalhadamente no capítulo 5.
Tabela 3.2: Diâmetros e áreas de roscas de parafusos unificados UNC e UNF
Assim como na tabela anterior, a tabela 3.2 faz uso das equações (3.2) e (3.3) para
encontrar os diâmetros dm e dr e então calcular a área de tensão de tração At, da mesma
forma descrita anteriormente.
18
3.6 Fabricação de parafusos
Como para qualquer elemento mecânico, existem diversas de se fabricar
parafusos. E o método de fabricação de um parafuso de alto desempenho, para uma
aplicação crítica, pode significar o sucesso ou fracasso de uma operação. Isso acontece
porque o método de fabricação utilizado na confecção do parafuso interfere diretamente
nas suas propriedades mecânicas. Ou seja, ao projetar um parafuso, deve-se escolher
com cuidado a forma de fabricá-lo.
Nesta seção serão abordadas as formas mais comuns de se fabricar parafusos, da
escolha do material, até os métodos mais usados para formar a rosca e a cabeça do
parafuso.
Parafusos de união são normalmente fabricados por conformação plástica ou
usinagem, utilizando uma grande diversidade de materiais, como aço, bronze, níquel,
ligas te titânio, alumínio, etc.
Quando o formato do parafuso é obtido por usinagem, parte-se de vergalhões
laminados no formato do tipo de parafuso (hexagonal, redondo, quadrado, etc.). Quando
conformado plasticamente, parte-se de uma peça primária, que pode ser forjada ou
usinada. Diversos estágios de conformação a quente e a frio se seguirão até que a forma
final desejada seja obtida.
Mas uma das informações mais importantes para determinar as propriedades de
resistência de um parafuso é o método de fabricação da sua rosca, que algumas vezes é
a usinagem (fresamento, torneamento, retificação), mas na maioria dos casos, a rosca é
fabricada por rolagem. Após o processo de geração da rosca, muitas vezes o parafuso
passa por um tratamento superficial, como cadmiagem, zincagem, cromagem,
niquelação, fosfatização, etc.
4. FALHAS POR FADIGA
4.1 Introdução à fadiga em metais
Antes de começas a estudar detalhadamente os processos específicos para o
dimensionamento de parafusos, é importante entender bem o fenômeno da fadiga em
19
metais, uma vez que em muitas das aplicações de parafusos de união, o carregamento é
dinâmico, o que pode resultar em uma falha por fadiga.
Na maioria dos ensaios das propriedades dos materiais que se relacionam ao
diagrama tensão-deformação, a carga é aplicada gradativamente, para dar tempo o
suficiente para que a deformação se desenvolva plenamente. Além disso, o corpo de
prova é testado até a falha, e assim as tensões são aplicadas apenas uma vez. Ensaios
desse tipo são aplicáveis a condições estáticas de carregamento.
Frequentemente, contudo, é possível encontrar condições em que as tensões
variam com o tempo ou flutuam entre diferentes níveis. Um exemplo desse tipo de
carregamento é uma fibra na superfície de um eixo que gira sujeito à ação de cargas de
flexão, esta fibra passa por ambos, tração e compressão, em cada revolução do eixo. Se
o eixo é parte de um motor elétrico rodando a 1725 rpm, a fibra é tensionada em tração
e compressão 1725 vezes a cada minuto. Se, além disso, o eixo também é carregado
axialmente, uma componente axial de tensão é superposta à componente de flexão.
Nesse caso, alguma tensão sempre está presente em qualquer fibra desse eixo, mas
agora o nível de tensão é flutuante. Esses e outros gêneros de carregamento ocorrendo
em membros de máquinas produzem tensões que são chamadas tensões variáveis,
repetidas, flutuantes ou alternantes.
Frequentemente se descobre que membros de máquinas falharam sob a ação de
tensões repetidas ou flutuantes, todavia a análise mais cuidadosa revela que as tensões
submetidas a esses membros estavam bem abaixo da resistência máxima do material, e
até mesmo abaixo da resistência ao escoamento. A característica mais distinguível
dessas falhas é que as tensões foram repetidas um número muito grande de vezes. Por
este motivo, este tipo de falha é chamado de falha por fadiga.
Quando peças de uma máquina falham sob um carregamento estático, de maneira
geral elas desenvolvem grandes deflexões, porque a tensão excedeu o limite de
escoamento do material, e dessa maneira, a peça é trocada antes que a fratura ocorra. Ou
seja, as falhas estáticas dão um aviso visível antecipadamente. Já as falhas por fadiga
não dão qualquer tipo de aviso, elas ocorrem de forma súbita e total e é, portanto,
potencialmente muito perigosa. É relativamente fácil prever uma falha estática, pois o
conhecimento desse tipo de falha é bastante amplo. A falha por fadiga, por outro lado, é
um fenômeno bem mais complicado, não totalmente entendido. Por este motivo é
importante estudar com muita calma este fenômeno.
20
Uma falha por fadiga tem uma aparência semelhante a de uma fratura frágil, uma
vez que as superfícies são planas e perpendiculares ao eixo de tensão, com a ausência de
estricção. As características de fratura de uma falha por fadiga, contudo, são bem
diferentes de uma fratura frágil estática, surgindo em três estágios de desenvolvimento:
Estágio 1: iniciação de uma ou mais microtrincas, devido à deformação
plástica cíclica seguida de propagação cristalográfica que se estende dois a
cinco grãos em relação à origem da trinca. Nesse estágio as trincas geralmente
não são discerníveis a olho nu.
Estágio 2: propagação de microtrinca à microtrinca, formando superfícies de
fratura paralelas, separadas por sulcos paralelos. Essas superfícies geralmente
são lisas, normais na direção de máxima tensão de tração e podem ter marcas
onduladas escuras e claras, conhecidas como marcas de praia ou marcas de
concha de ostra, como se observa na figura 4.1.
Estágio 3: ocorre no ciclo de tensão final, quando o material não consegue
mais suportar as cargas, resultando em uma fratura rápida e repentina. Nesse
estágio, a falha pode ser frágil, dúctil ou uma combinação de ambas.
Figura 4.1: Falha por fadiga de uma peça submetida a cargas cíclicas
21
4.2 Determinação da resistência à fadiga
Como já foi dito, a fadiga é um problema sério ao trabalhar com equipamentos
mecânicos que trabalham de forma cíclica. Portanto, algum método de determinação da
resistência à fadiga deve ser utilizado de forma a prever uma possível falha. Um dos
métodos mais comuns é o Método tensão-vida, para determinar a resistência de
materiais sob a ação de cargas de fadiga, corpos de prova são sujeitos a forças repetidas
ou variáveis de magnitudes especificas, enquanto os ciclos ou reversões de tensão são
contados, esse procedimento é repetido até a falha. O dispositivo de ensaio de fadiga
mais utilizado é a máquina de viga rotativa de alta velocidade de R. R. Moore. Essa
máquina submete o corpo de prova à flexão pura (sem cisalhamento transversal) por
meio de pesos. O corpo de prova, mostrado na figura 4.2, é cuidadosamente polido e
usinado, com um polimento final em uma direção axial para evitar riscos
circunferenciais. Outras máquinas de ensaio de fadiga estão disponíveis para aplicação
de tensões axiais flutuantes ou reversas, tensões torcionais ou tensões combinadas aos
corpos de prova de ensaio.
Figura 4.2: Corpo de prova típico para o ensaio de viga rotativa
Para estabelecer a resistência à fadiga de um material, devido à natureza estática
da fadiga, um número grande de testes é necessário. O primeiro ensaio é feito com uma
tensão inferior à resistência máxima do material, o segundo com uma tensão menor que
a utilizada no primeiro teste. O processo é repetido, e os resultados são traçados em um
diagrama S-N, como o da figura 4.3. No caso de metais ferrosos e ligas, o gráfico torna-
se horizontal depois que o material tiver sido tensionado por um certo número de ciclos.
22
Traçando esse gráfico em escala logarítmica de ciclos, a curva é enfatizada, o que
poderia não acontecer caso fossem utilizadas coordenadas cartesianas.
Figura 4.3: Diagrama S-N do ensaio de fadiga típico de aços
Em breve, será apresentado que os diagramas S-N podem ser determinados para
um corpo de prova de ensaio ou para um elemento mecânico real. Mesmo quando o
material do corpo de prova de ensaio e o do elemento mecânico forem idênticos, haverá
diferenças significativas entre os diagramas de ambos, o motivo dessas diferenças serão
apresentadas na próxima seção.
No caso dos aços, ocorre um joelho no gráfico, e além desse joelho não ocorrerá
falha, não importa quão grande seja o número de ciclos. A resistência correspondente ao
joelho é chamada de limite de resistência à fadiga.
No gráfico da figura 4.3, Sut é o limite de resistência à tração, Sf o limite de
resistência à fadiga para vida finita do corpo de prova e Se o limite de resistência à
fadiga para vida infinita.
4.3 Estimativa da vida do equipamento
23
Em alguns casos não é do interesse do projetista que um elemento mecânico em
particular seja capaz de resistir a um número grande de ciclos, armamentos são um bom
exemplo de aplicação desse tipo. Com isso em mente, é interessante desenvolver um
modelo que possa estimar com certa segurança a quantidade de ciclos que um
determinado equipamento pode suportar. Como mostra a figura 4.3, existe um intervalo
aproximadamente linear em que, diminuindo a tensão aplicada (σ), o número de ciclos
que o equipamento pode suportar aumenta. Com base nesse intervalo, é possível
desenvolver o modelo procurado, como será demonstrado a seguir. Nesse intervalo
pode-se escrever o número de ciclos da vida do equipamento segundo a equação (4.1).
(4.1)
Para encontrar os valores dos coeficientes a e b, basta utilizar o gráfico da figura
4.3, assim temos que e . Dessa forma obtém-se as
equações (4.2) e (4.3).
(4.2)
(4.3)
4.4 Limite de resistência à fadiga
Atualmente, a determinação dos limites de resistência por ensaios de resistência à
fadiga é rotina, embora seja um processo longo. Contudo, de uma forma geral, o ensaio
de tensão é preferido ao de deformação para limites de resistência à fadiga.
Por outro lado, para o projeto preliminar e de protótipo, bem como para alguma
análise de falha, é necessário um método rápido de estimativa dos limites de resistência
à fadiga. Existe uma grande quantidade de dados na literatura sobre os resultados de
ensaios de vigas rotativas e ensaios de tração simples de corpos de prova tomados da
mesma barra ou lingote. Traçando-se esses dados, é possível notar que existe alguma
correlação entre esses dois conjuntos de resultados. O que se percebeu é que o limite de
resistência à fadiga varia entre 60% e 40% da resistência à tração para aços até cerca de
24
1450 MPa. A partir de Sut = 1450 MPa, o espalhamento parece aumentar, mas o
tendência parece nivelar-se, para valores em torno de Se’ = 724 MPa. Esse
comportamento é apresentado na figura 4.4.
Figura 4.4: Dados de diversos ensaios de fadiga para diferentes materiais
É interessante, portanto, introduzir um método para estimar limites de resistência
à fadiga. Contudo, estimativas obtidas a partir de quantidades de dados conseguidos de
diversas fontes provavelmente têm um grande espalhamento e podem desviar-se
significativamente dos resultados de testes reais em laboratório. Uma vez que a área de
incertezas é maior, uma compensação deve ser feita empregando-se fatores de projeto
maiores que aqueles que seriam utilizados para o projeto estático. Para aços, é comum
calcular os limites de resistência à fadiga através da equação (4.4):
(4.4)
Onde Sut é o limite de resistência a tração mínima, e o símbolo de apóstrofo em Se’
nessa equação refere-se ao corpo de prova de viga rotativa. O símbolo Se é reservado
para o limite de resistência à fadiga de qualquer elemento de máquina particular
25
submetido a qualquer tipo de carregamento. Na próxima seção será mostrado que essas
resistências podem ser bastante distintas.
4.5 Fatores modificadores do limite de resistência à
fadiga
Foi visto anteriormente que o corpo de prova de viga rotativa usado em
laboratório para determinar os limites de resistência à fadiga é preparado muito
cuidadosamente e ensaiado sob condições controladas. É, portanto, esperado que o
limite de resistência à fadiga de um elemento mecânico ou estrutural não se iguale aos
valores obtidos no laboratório. Isso se deve ao fato de existirem algumas diferenças
entre corpo de prova e elemento mecânico, essas diferenças são:
Material: composição, base de falha, variabilidade.
Manufatura: método, tratamento térmico, corrosão de piezo-ciclofricção,
condição de superfície, concentração de tensão.
Ambiente: corrosão, temperatura, estado de tensão, tempo de relaxação.
Projeto: tamanho, forma, vida, estado de tensão, concentração de tensão,
velocidade, piezo-ciclofricção, desgaste.
Com base nessas diferenças foram propostos fatores que sejam capazes de
quantificar os efeitos da condição de superfície, do tamanho, do carregamento, da
temperatura e de itens variados. E o cálculo do verdadeiro limite de resistência à fadiga
é dado pela equação (4.5).
(4.5)
onde:
ka = fator de modificação de condição de superfície
kb = fator de modificação do tamanho
kc = fator de confiabilidade
kd = fator de modificação de temperatura
26
ke = fator de concentração de tensões
kf = fator de modificação por efeitos variados
Quando ensaios de fadiga de peças não estão disponíveis, são feitas estimativas
aplicando-se esses fatores ao limite de resistência à fadiga.
4.5.1 Fator de acabamento superficial (ka)
A superfície de um corpo de prova de viga rotativa é altamente polida, com um
polimento final na direção axial para alisar completamente quaisquer riscos
circunferenciais. O fator de modificação de superfície depende da qualidade do
acabamento da superfície do elemento mecânico e da resistência à tração do seu
material. Para encontrar expressões quantitativas para acabamentos comuns de
elementos de máquina (retificado, usinado ou estriado a frio, laminado a quente e bruto
de forjamento), as coordenadas dos pontos de dados foram recapturadas de um gráfico
de limite de resistência à fadiga versus resistência máxima à tração. Esses dados podem
ser representados pela equação (4.6).
(4.6)
Nessa equação, Sut é o limite de resistência de tração mínima, e os coeficientes a e
b são tirados da tabela 4.1.
Tabela 4.1: Valores do fator ka para diferentes acabamentos superficiais
ACABAMENTO
SUPERFICIAL
FATOR a
EXPOENTE b
[KPSI] [MPa]
Retificado 1.34 1.58 -0.085
Usinado ou Laminado a frio 2.70 4.51 -0.265
Laminado a quente 14.4 57.7 -0.718
Forjado 39.9 272 -0.995
27
Novamente é importante lembrar que isso é uma aproximação, visto que os dados
são tipicamente espalhados. Além disso, essa correção deve ser feita com bastante
cuidado, visto que o coeficiente tomado para o caso retificado é mais que 170 vezes
menor que o tomado para o forjado. Ou seja, a informação quanto ao acabamento pode
ter uma influência bastante grande no fator calculado.
4.5.2 Fator de tamanho (kb)
O fator de tamanho foi avaliado também colhendo uma grande quantidade de
dados de diversos ensaios. Os resultados para flexão e tração podem ser expressos pela
equação (4.7). Contudo, é importante lembrar que para carregamentos axiais não há
efeito de tamanho, desta forma kb = 1.
(4.7)
Na equação (4.7) d é uma dimensão característica, para o caso de uma seção
circular, d é o diâmetro da seção e se a seção for retangular .
4.5.3 Fator de confiabilidade (kc)
Esse fator indica a probabilidade de um elemento ou equipamento apresentar um
comportamento adequado, sem falhas, durante o período de tempo estabelecido pelo
projetista, sob condições específicas.
As teorias apresentadas levam em conta o espalhamento de dados como mostrado
na figura 4.4. A maior parte dos dados de resistência à fadiga é relacionada como
valores médios. Sendo assim, torna-se importante determinar um fator que possa avaliar
essa probabilidade do equipamento funcionar de forma adequada.
Pode-se mostrar que os desvios padrão da resistência à fadiga são inferiores a 8%.
Assim o fator modificador de confiabilidade para levar em conta esse fato pode ser
escrito pela equação (4.8).
28
(4.8)
Nesta equação, Z é a variante de transformação, expressa em unidades de desvio
padrão, para cada valor de confiabilidade desejado. Esses valores vêm da teoria de
distribuição normal de uma variável aleatória. E os valores de Z e os seus
correspondentes valores de kc são apresentados na tabela 4.2.
Tabela 4.2: Valores do fator kc para diferentes níveis de confiabilidade
Confiabilidade
[%]
Variante de
transformação Z
Fator de
confiabilidade
(kc)
50 0 1.000
90 1.288 0.897
95 1.645 0.868
99 2.326 0.814
99.9 3.091 0.753
99.99 3.719 0.702
99.999 4.265 0.659
99.9999 4.473 0.62
4.5.4 Fator de temperatura (kd)
Quando as temperaturas operacionais estão abaixo da temperatura ambiente, a
fratura frágil é uma possibilidade forte e deve ser a primeira a ser investigada. Já quando
essas temperaturas são mais altas que a ambiente, o escoamento deve ser investigado
primeiro, porque a resistência ao escoamento cai muito rapidamente com a temperatura.
Nessas circunstâncias, qualquer tensão pode induzir fluência em um material que opere
a altas temperaturas, assim, esse fator também deve ser considerado.
Apesar de existir uma quantidade limitada de dados disponíveis, eles mostram que
o limite de resistência à fadiga para aços aumenta ligeiramente à medida que a
temperatura sobe e, então, começa a cair rapidamente no intervalo de 205 °C a 370 °C.
Esse comportamento é semelhante ao comportamento do limite de resistência à tração e
do limite de escoamento de aços. Por este motivo, assim como foi feito para as outras
propriedades mecânicas, um polinômio foi ajustado para uma série de resultados
experimentais. O resultado deste ajuste é a equação (4.9).
29
(4.9)
Nesta equação, T corresponde à temperatura de operação da peça, e vale ressaltar
que essa equação tem resultados bons no intervalo de 37 °C a 540 °C. Para temperaturas
menores que 37 °C, para efeitos de cálculo, será considerado , e para
temperaturas superiores a 540 °C o valor adotado será . Isso é feito porque o
polinômio foi interpolado para esse intervalo, e uma extrapolação desses resultados leva
a resultados bastante incoerentes. Mas o valor de 0.5 parece aceitável nessas condições,
contudo, este método deve apresentar erros elevados para temperaturas muito acima de
540 °C.
4.5.5 Fator de concentração de tensões (ke)
A influência das concentrações de tensão sobre o comportamento mecânico de
materiais é um fenômeno bastante conhecido. Sabe-se que a existência de
irregularidades como orifícios, sulcos ou entalhes, em uma peça, aumentam
significativamente as tensões nas proximidades dessa irregularidade. O objetivo do fator
de concentração de tensão é, então, avaliar a influência desse aumento de tensões no
limite de resistência à fadiga da peça. Mas para encontrar esse fator, primeiro é
necessário conhecer o fator kt, que é usado com a tensão nominal para obter a tensão
resultante máxima por irregularidade. Além do fator kt, para encontrar o fator de
concentração de tensão, é necessário conhecer a sensibilidade ao entalhe q da peça, que
é um valor entre um e zero. Sabendo os valores de q e kt, é possível, então, encontrar o
fator ke através da equação (4.10).
(4.10)
Os valores de q e kt foram obtidos por meio de uma série de experimentos cujos
resultados são apresentados em diversas cartas, dependendo do tipo de irregularidade
testada e do tipo de peça, as figuras 4.5, 4.6 e 4.7 apresentam alguns exemplos típicos
das cartas que são usadas para encontrar valores para q e kt.
30
Figura 4.5: Carta de sensibilidade ao entalhe de aços e ligas de alumínio submetidas à
flexão reversa ou cargas axiais reversas
Figura 4.6: Carta de concentração de tensões em uma peça cilíndrica com redução de
diâmetro submetida à flexão
31
Figura 4.7: Carta de concentração de tensões em uma peça cilíndrica sulcada
submetida à flexão
4.5.6 Fator de efeitos variados (kf)
Embora este fator tenha como objetivo levar em conta a redução do limite de
resistência à fadiga causada por todos os outros efeitos, ele é realmente proposto mais
como um lembrete de que eles devem ser levados em consideração, porque os valores
reais de kf geralmente não estão disponíveis.
O fato é que existem muitos motivos distintos para considerar este fator em
particular, e o seu valor dependerá da aplicação específica na qual o projetista estiver
trabalhando. Entre os efeitos mais comuns que devem ser considerados no fator kf estão:
tensões residuais, corrosão, ambiente químico e etc. Sendo assim, não existe uma regra
para determinar esse fator, é de se esperar que cada projeto de peça deva chegar a um
valor diferente para o fator kf , por isso deve-se tomar cuidado ao avaliá-lo.
4.6 Critérios de falha por fadiga
Agora que já foram estabelecidos os métodos para calcular o limite de resistência
à fadiga de uma peça, é interessante propor critérios que sejam capazes de avaliar o grau
32
de segurança que esta peça vai apresentar ao ser utilizada em uma determinada
aplicação.
Mas antes de apresentar os critérios de falha, é interessante definir dois
parâmetros de grande importância para a análise do comportamento de uma peça
submetida a um carregamento dinâmico. Esses parâmetros são a tensão média (σm) e a
tensão de amplitude (σa), a tensão média é, naturalmente, a média da tensão flutuante
imposta à peça e a tensão de amplitude é a amplitude dessa tensão flutuante, essas
tensões podem ser representadas pelas equações (4.11) e (4.12).
(4.11)
(4.12)
Nas equações anteriores σmax e σmin são, respectivamente, a tensão máxima e a
tensão mínima aplicadas na peça e questão. Fica evidente que esta abordagem pressupõe
um padrão senoidal para a tensão flutuante, o que pode não ser o caso para outros
padrões, bastante irregulares, que podem ocorrer. Contudo, descobriu-se que em
padrões periódicos que exibem um único máximo e um único mínimo de força, a forma
da onda não é muito importante, o que importa mesmo são os picos. Assim, σm e σa,
descritos da forma apresentada anteriormente, podem ser usadas para caracterizar o
padrão de tensão imposto à peça.
Uma vez definidas as componentes de tensão associadas a uma peça sujeita à
tensão flutuante, é possível, finalmente, apresentar os principais critérios de falha por
fadiga. Esses critérios foram propostos através do ajuste de curvas para um grande
conjunto de dados experimentais, obtidos de testes nos quais foram variadas as tensões
média e de amplitude com o intuito de estudar o comportamento da resistência à fadiga
das peças quando sujeitas a tais situações. Os resultados experimentais, bem como os
ajustes propostos por cada um dos critérios de falha são apresentados na figura (4.8).
33
Figura 4.8: Diagrama de fadiga para vários critérios de falha
Critério de Soderberg: O critério de Soderberg é representado pela linha 2 da
figura 4.8, a sua vantagem é que é de aplicação bastante simples e é
relativamente conservador e, consequentemente, seguro. Por levar em conta a
tensão de escoamento do material, é um critério indicado principalmente para
materiais dúcteis. Este critério é representado pela equação (4.13).
(4.13)
Critério de Goodman modificado: Este é o critério representado pela linha 4
da figura 4.8, este critério é um aperfeiçoamento do critério de Goodman
original, o objetivo deste aperfeiçoamento é tornar o método mais seguro, este
é um critério, assim como o de Soderberg, conservador. Mas ao contrário do
outro método é mais usado para materiais frágeis. Este critério é representado
pela equação (4.14).
(4.14)
34
Critério de Gerber: Este critério utiliza uma parábola, como forma de melhor
descrever os pontos experimentais obtidos, seu objetivo é ser um método mais
econômico, fazendo frente ao conservadorismo dos métodos anteriormente
apresentados. Este critério é representado pela equação (4.15).
(4.15)
Critério ASME-elíptica: Este critério utiliza uma elipse para aproximar os
pontos experimentais, assim como o critério de Gerber, o objetivo é descrever
melhor os resultados obtidos empiricamente. Esses dois critérios são mais
indicados para aplicações nas quais as incertezas não sejam muito grandes, de
forma a justificar uma abordagem menos conservadora. Este critério é
representado pela equação (4.16).
(4.16)
Em todos esses critérios o parâmetro CS representa o coeficiente de segurança do
critério utilizado. A escolha do critério para o projeto de uma peça é de extrema
importância, por isso é essencial entender bem como funcionam esses critérios e para
quais situações operacionais cada um deles é mais apropriado. Entender melhor o
fenômeno da fadiga, e encará-lo com a devida seriedade e perícia certamente é um
passo importante para um projeto mecânico bem sucedido.
35
5. DIMENSIONAMENTO DAS UNIÕES POR PARAFUSO
5.1 Cargas na união por parafuso
Apesar de ser um tipo de união relativamente simples e, muitas vezes, de fácil
desmontagem, a união por parafusos apresenta certa complexidade no que diz respeito
ao estado de tensões. Isso ocorre pela geometria peculiar da união por parafusos.
Primeiramente, deve-se levar em conta a quantidade e a composição dos elementos de
junta, também é preciso considerar os dispositivos de travamento, o estado particular de
tensões na rosca do parafuso, a quantidade de parafusos utilizados na união, etc. Fica
claro que especificar com precisão uma união por parafusos pode não ser uma tarefa das
mais fáceis.
O primeiro passo na direção de um bom projeto de união por parafusos é realizar
uma análise dos esforços atuantes nesta união, e das partes da mesma que são
submetidas a estes esforços. A figura 5.1 apresenta uma representação esquemática de
uma união típica por parafusos e a análise dos seus esforços.
Nesta figura as forças apresentadas representam as seguintes grandezas físicas:
P: Carga total aplicada no parafuso;
Pp: Parcela da carga que é aplicada no parafuso;
Fi: Força de aperto inicial aplicada ao parafuso;
Fat: Força de atrito entre os elementos de junta.
Figura 5.1: Análise de esforços em uma união por parafusos
36
5.2 Critérios para o dimensionamento
O processo de determinação das dimensões corretas de uma união por parafusos
passa por um passo primordial: o parafuso precisa resistir, sem fratura e sem permitir
que os elementos de junta fiquem frouxos, à força externa P, nos elementos de junta e à
carga inicial de aperto Fi, resultado da reação da junta ao aperto promovido pelos
parafusos. Para que isso ocorra, duas condições devem ser satisfeitas. A primeira é a
condição de compressão, i.e, a condição de não separação dos elementos de junta,
garantida pela equação (5.1). A segunda condição que deve ser satisfeita é a mais óbvia,
é a condição de que o parafuso não pode quebrar, esta condição é garantida pela
equação (5.2). Caso o parafuso seja submetido a cargas dinâmicas, existe ainda uma
terceira condição que deve ser satisfeita, apresentada pela equação (5.3), que representa
o critério de Goodman para a falha por fadiga.
Neste caso o critério de Goodman é utilizado, em detrimento do critério de
Soderberg, porque apesar dos parafusos estudados serem feitos de aço (material dúctil),
o que indicaria a utilização do critério de Soderberg, a experiência mostra que quando
parafusos falham por fadiga, a fratura tem características de fraturas frágeis, justificando
assim a utilização do critério de Goodman para analisar os parafusos sujeitos a cargas
dinâmicas.
(5.1)
(5.2)
(5.3)
onde: Fm = carga nos elementos de junta
Fp = carga no parafuso
At = área sob tensão do parafuso
Sy = limite de resistência ao escoamento do parafuso
Sut = limite de resistência à tração do parafuso
Se = limite de resistência à fadiga do parafuso
σm = tensão média
37
σa = tensão de amplitude
CS = coeficiente de segurança
Como sugere a nomenclatura apresentada, a carga aplicada no parafuso não é a
mesma carga que é sustentada por ele, isso ocorre porque essa carga é distribuída entre
o parafuso e cada um dos elementos de junta presentes na união em questão e porque
além da carga aplicada, existe a carga inicial de aperto, que também faz parte da
composição da carga total aplicada no parafuso. Para calcular esta carga total, é feita a
combinação de duas porções: a carga inicial de aperto Fi, e a parte da carga externa
aplicada que é absorvida pelo parafuso, Pb .
Na junta, a carga total é calculada de forma análoga, também é feita a combinação
de duas porções de força: a carga inicial de aperto Fi, e a parte da carga externa aplicada
que é absorvida pela junta, Pm . As equações (5.4) e (5.5) definem esse método para
calcular as cargas.
(5.4)
(5.5)
onde: Pb = carga externa absorvida pelo parafuso
Pm = carga externa absorvida pela junta
Fica claro, portanto, que para aplicar o critério de dimensionamento proposto,
primeiro é necessário determinar essas porções da força aplicada que vão para cada
parte da união por parafusos. Para realizar essa determinação, é necessário considerar a
rigidez desses elementos e utilizar o fato de que a deformação do parafuso e das juntas
deve ter o mesmo valor.
(5.6)
(5.7)
onde: δ = deformação no parafuso e na junta
38
Kb = rigidez do parafuso
Km = rigidez da junta
Combinando as equações (5.6) e (5.7) temos:
(5.8a)
(5.8b)
5.3 Rigidez da união por parafusos
Como foi visto na seção anterior, para determinar as forças totais exercidas no
parafuso e na junta, é necessário primeiro conhecer a rigidez do parafuso e a rigidez da
junta. A rigidez do parafuso é facilmente determinada, uma vez que o parafuso é uma
peça homogênea e com um material determinado (aço no caso). Existem métodos para
estimar a rigidez do parafuso dividindo-o em duas partes com rigidezes distintas, uma
para a parte rosqueada do parafuso e uma para a parte não rosqueada, mas uma simples
e boa aproximação dessa rigidez é dada pela equação (5.9).
(5.9)
Onde d é o diâmetro nominal do parafuso, E o módulo de elasticidade do seu
material (geralmente aço) e L o seu comprimento.
Já a rigidez da junta é um pouco mais difícil de determinar, uma vez que a junta
pode ser composta por diversos elementos de geometrias e materiais diferentes, o que
dificulta bastante a sua representação. Nesta seção será apresentado o método mais
comum para se representar a junta de uma união por parafusos e calcular a sua rigidez.
O primeiro passo do método em questão consiste em tratar a junta como um conjunto de
n molas compressivas em série, daí o coeficiente total da mola dos elementos é
representado como:
39
(5.10)
(5.11)
Caso um desses elementos seja uma gaxeta flexível, a sua rigidez é tão pequena
em relação aos demais elementos que, para efeitos práticos, a rigidez dos elementos
pode ser desprezada e apenas a rigidez da gaxeta é utilizada.
Se não houver uma gaxeta entre os elementos, fica bem mais difícil obter a rigidez
da junta, exceto por experimentação, isso ocorre porque a compressão é distribuída
entre a cabeça do parafuso e da porca, de modo que a área não fica uniforme.
Na literatura são apresentadas técnicas de ultrassom para determinar a distribuição
de pressão na interface dos elementos. Os resultados mostram que a pressão se mantém
alta até 1.5 vezes o raio do parafuso. Contudo, ao se distanciar do parafuso, a pressão
diminui. Seguindo esses resultados, foi proposto o método do cone de pressão de
Rotscher para calcular a rigidez com um ângulo variável de cone. Esse método é
complicado, por este motivo Shigley propõe um método mais simples, utilizando um
ângulo fixo para o cone. A figura 5.2 mostra o esquema que representa o método
descrito acima.
Figura 5.2: Compressão da junta representada por um tronco de cone
A partir desta figura chega-se à equação da contração do elemento do cone de
espessura dx sujeito a uma força compressiva P.
40
(5.12a)
Desta forma, a área sob tensão é dada pela equação (5.12).
(5.12b)
Substituindo a equação (5.11) na equação (5.12) e integrando, temos:
(5.12c)
Resolvendo a integral a deflexão de cada elemento é determinada:
(5.12d)
Logo, usando as equações (5.11) e (5.12d) a rigidez de cada elemento de junta é
dada por:
(5.13)
Esta teoria foi originalmente desenvolvida para um tronco de cone com um ângulo
α igual a 45°, mas a experiência mostra que este valor superestima a rigidez da junta, o
valor típico utilizado pertence ao intervalo 25° < α < 33°. Na aplicação deste trabalho o
valor utilizado para α será de 30°. Fazendo essa hipótese, é finalmente possível obter a
equação (5.14), que será utilizada para avaliar a rigidez de cada elemento da junta, que
será então aplicada na equação (5.10), de forma a encontrar a rigidez equivalente da
junta, Km.
41
(5.14)
Uma vez que ambas as rigidezes (Kb e Km) são conhecidas, as equações (5.4) e
(5.5) podem ser reescritas pelas equações (5.15) e (5.16).
(5.15)
(5.16)
onde:
5.4 Resistência dos parafusos
Nas normas de especificação de parafusos, a resistência mecânica é especificada
em relação às quantidades mínimas ASTM, a resistência mínima de prova ou a carga
mínima de prova e a resistência mínima à tração.
A carga de prova é a carga máxima que um parafuso pode aguentar sem se
deformar plasticamente. A resistência de prova é o quociente entre a carga de prova e a
área sob tensão de tração. Os valores da resistência média de prova, da resistência média
de tração e os seus desvios padrão correspondentes não fazem parte dos códigos de
especificação, assim é responsabilidade do projetista obter esses valores, através de
ensaios de laboratório, por exemplo, antes de realizar o projeto.
Através de uma grande quantidade de ensaios de laboratório, e observando a
distribuição estatística desses resultados, é possível levantar dados quanto essas
resistências tão importantes para o projeto de fixadores. Esses dados são apresentados
nas tabelas 5.1, 5.2 e 5.3.
As especificações SAE são encontradas na tabela 5.1. Os graus dos parafusos são
numerados de acordo com as resistências de tração, com decimais usados para variação
no mesmo nível de resistência. Parafusos parcialmente e totalmente rosqueados estão
42
disponíveis em todos os graus relacionados. Parafusos prisioneiros estão disponíveis em
graus 1, 2, 4, 5, 8 e 8.1.
Tabela 5.1: Resistências de parafusos segundo a especificação SAE
As especificações ASTM estão listadas na tabela 5.2. As roscas ASTM são mais
curtas, porque a ASTM lida principalmente com estruturas. Conexões estruturais são,
em geral, carregadas em cisalhamento, e o comprimento reduzido de rosca proporciona
uma maior área de haste.
Especificações para parafusos métricos são relacionadas na tabela 5.3. Vale a pena
notar (na coluna “Head Marking” de todas as tabelas de resistência) que todos os
parafusos com especificação de grau feita nos Estados Unidos levam uma marca ou
emblema do fabricante, além da marca de grau, na cabeça do parafuso. Tais marcas
confirmam que o parafuso satisfaz ou excede essas especificações. Se essas marcas
43
estiverem ausentes, o parafuso pode ser importado, os parafusos importados podem não
satisfazer as especificações, exigindo um maior cuidado do projetista.
Tabela 5.2: Resistências de parafusos segundo a especificação ASTM
44
Tabela 5.3: Resistências de parafusos segundo a especificação métrica
5.5 Fadiga em uniões por parafusos
Junções parafusadas carregadas em tração sujeitas à ação de fadiga podem ser
analisadas diretamente pelos métodos apresentados no capítulo 4. Ou seja, todos os
passos descritos devem ser seguidos, estimativa de Se’, cálculo dos fatores
modificadores e o cálculo das tensões, média e de amplitude. Mas existem algumas
diferenças nesses cálculos específicos para os parafusos.
Estimativa de Se’: para fazer essa estimativa não é utilizada a equação (4.4),
isso se deve a um fato já comentado anteriormente, fraturas em parafusos têm
características de fraturas frágeis, por isso mesmo sendo de aço, o cálculo de
Se’ é feito através da equação (5.17).
(5.17)
45
Cálculo dos fatores modificadores: quatro desses fatores são calculados da
mesma forma, o fator de acabamento superficial, o fator de confiabilidade, o
fator de temperatura e o fator de efeitos diversos.
O fator de tamanho é sempre igual a um (kb = 1) para parafusos, uma vez que o
corpo de prova nos ensaios de fadiga têm as mesmas dimensões que o próprio
parafuso.
E finalmente o fator de concentração de tensões também é calculado de forma
diferente, já que a geometria do parafuso é bastante particular. O fator ke é
calculado em função do fator através da equação (5.18) onde os valores de
são tirados da tabela 5.4.
(5.18)
Tabela 5.4: Valores do fator para diferentes tipos de parafuso
Roscas
laminadas
Roscas
cortadas Filete
Grau SAE Grau métrico Valores de
0 a 2 3.6 a 5.8 2.2 2.8 2.1
4 a 8 6.6 a 10.9 3.0 3.8 2.3
Cálculo das tensões: as tensões são calculadas da mesma forma apresentada no
capítulo 4, através das equações (4.11) e (4.12).
5.6 Especificação da união por parafuso
Agora que todos os parâmetros necessários para a especificação da união por
parafuso foram apresentados, basta aplicá-los aos critérios de dimensionamento
apresentados no item 5.2. Esses critérios são dados pelas equações (5.1) (5.2) e (5.3).
Mas antes de unir todos estes parâmetros e organizar as equações finais que serão
capazes de determinar o nível de segurança de uma união por parafusos em uma
determinada aplicação, é importante fazer uma distinção entre o carregamento dinâmico
46
e o carregamento estático, de forma a separar as equações de forma clara para cada um
desses regimes de carga.
5.6.1 Carregamento estático
Se a união por parafusos é submetida a um carregamento estático, as equações de
(5.1) até (5.16) são suficientes para analisá-la. Desta forma as equações finais para uma
união por parafusos submetida a um carregamento estático podem ser escritas da
seguinte forma:
(5.19a)
(5.19b)
5.6.2 Carregamento dinâmico
Se a união por parafusos é submetida a um carregamento dinâmico, além das
equações de (5.1) até (5.16), é necessário calcular o limite de resistência à fadiga, Se, a
tensão média, σm, e a tensão de amplitude, σa. Esses parâmetros serão calculados através
das equações apresentadas no item 5.5. Desta forma as equações finais para uma união
por parafusos submetida a um carregamento dinâmico podem ser escritas da seguinte
forma:
(5.20a)
(5.20b)
Isso conclui o equacionamento do processo de especificação de uma junção
parafusada, seguindo essas regras um passo importante é dado no sentido da segurança.
47
6. DESENHO TÉCNICO
6.1 Criando um desenho técnico
Desenho técnico é usado pelos projetistas para transmitir a ideia básica do
produto, isso deve ser feita da maneira mais clara possível.
Mesmo preso por procedimentos e regras, um desenho técnico necessita que o
projetista use sua criatividade para mostrar, com facilidade, todos os aspectos da sua
ideia, sem deixar dúvidas. Do outro lado do negócio, o cliente que esteja lendo um
desenho técnico deve compreender seus símbolos básicos, que são usados para
simplificar a linguagem gráfica, permitindo que haja o maior número de detalhes
possível.
No caso deste trabalho o desenho técnico tem este mesmo propósito, mostrar ao
usuário do programa as dimensões exatas do parafuso especificado por ele, fornecendo
desenhos detalhados em 2D, com todas as dimensões, e até modelos 3D se for do
interesse do usuário. Isso é importante porque dá um ar mais concreto a todo esse
sistema de especialista, mostrando o resultado físico de todos os seus cálculos.
6.2 Normas
São guias para a padronização de procedimentos. Dependendo do âmbito de seu
projeto, você pode encontrar normas internacionais, nacionais e internas de sua
empresa, que buscam padronizar os desenhos.
Antes de qualquer coisa, normas não são leis, o profissional pode não se prender a
todos os aspectos da norma, desde que justifique e se responsabilize por isso. No caso
do desenho técnico, não existem normas que comprometam diretamente a segurança
pessoal, porém procura-se sempre manter um padrão, uma vez que isso é importante
para proporcionar uma melhor compreensão, do desenho de uma máquina, por exemplo,
que pode ser bastante complexo.
No caso do desenho técnico de parafusos, tão importante quanto conhecer as
normas de desenho, é conhecer as normas para escolher as dimensões exatas de um
determinado tipo de parafuso. As tabelas a seguir apresentam as dimensões tanto de
parafusos de rosca métrica quanto de parafusos unificados, além disso, dois tipos de
48
cabeça serão contemplados pelas tabelas, a sextavada interna e a sextavada externa.
Esses tipos de parafusos foram escolhidos porque são os que o Sistema Especialista
desenvolvido foi programado para desenhar.
Tabela 6.1: Dimensões métricas de parafusos sextavados externos
Diâmetro nominal
[mm]
H W
Altura da cabeça
[mm]
Largura da cabeça
[mm]
1.6 1.12 3.06
2 1.4 3.83
2.5 1.75 4.79
3 2.1 5.75
3.5 2.45 6.7
4 2.8 7.66
5 3.5 8.79
6 4 11.05
8 5.3 14.38
10 6.4 18.9
12 7.5 21.1
14 8.8 24.49
16 10 26.75
20 12.5 33.53
24 15 39.98
30 18.7 50.85
36 22.5 60.79
49
Tabela 6.2: Dimensões unificadas de parafusos sextavados externos
Diâmetro nominal
[in]
H W
Altura da cabeça
[in]
Largura da cabeça
[in]
0.06 0.105 0.045
0.073 0.128 0.054
0.086 0.151 0.064
0.099 0.173 0.074
0.112 0.196 0.084
0.125 0.219 0.094
0.138 0.242 0.104
0.164 0.287 0.123
0.19 0.333 0.143
0.216 0.378 0.162
0.25 0.438 0.188
0.3125 0.5 0.235
0.375 0.562 0.268
0.4375 0.625 0.316
0.5 0.75 0.364
0.5625 0.844 0.404
0.625 0.938 0.444
0.75 1.125 0.524
0.875 1.312 0.604
1 1.5 0.7
1.25 1.875 0.876
1.5 2.25 1.036
50
Tabela 6.3: Dimensões métricas de parafusos sextavados internos
Diâmetro
nominal
[mm]
D H W E
Diâmetro da
cabeça [mm]
Altura da
cabeça
[mm]
Largura do
encaixe
[mm]
Profundidade
do encaixe
[mm]
1.6 2.9 1.6 1.3 0.7
2 3.7 2 1.7 0.9
2.5 4.6 2.5 2.1 1.1
3 5.5 3 2.5 1.3
3.5 6.4 3.5 0.83 1.5
4 7 4 3 2
5 8.5 5 4 2.5
6 10 6 5 3
8 13 8 6 3.5
10 16 10 8 4
12 18 12 10 5
14 21 14 12 6
16 24 16 14 7
20 30 20 17 8
24 36 24 19 10
30 45 30 22 13.5
36 54 36 26 16
51
Tabela 6.4: Dimensões unificadas de parafusos sextavados internos
Diâmetro
nominal
[in]
D H W E
Diâmetro
da cabeça
[in]
Altura da
cabeça
[in]
Largura do
encaixe [in]
Profundidade do
encaixe [in]
0.06 0.096 0.06 0.05 0.025
0.073 0.118 0.073 0.062 0.031
0.086 0.14 0.086 0.078 0.038
0.099 0.161 0.099 0.078 0.044
0.112 0.183 0.112 0.094 0.051
0.125 0.205 0.125 0.094 0.057
0.138 0.226 0.138 0.109 0.064
0.164 0.27 0.164 0.141 0.077
0.19 0.312 0.19 0.156 0.09
0.216 0.35 0.22 0.17 0.1
0.25 0.375 0.25 0.188 0.12
0.3125 0.469 0.312 0.25 0.151
0.375 0.562 0.375 0.312 0.182
0.4375 0.656 0.438 0 375
0.5 0.75 0.5 0.375 0.245
0.5625 0.844 0.563 0.438 0.276
0.625 0.938 0.625 0.5 0.307
0.75 1.125 0.75 0.625 0.37
0.875 1.312 0.875 0.75 0.432
1 1.5 1 0.75 0.495
1.25 1.875 1.25 0.875 0.557
1.5 2.25 1.5 1 0.62
É claro que essas tabelas apresentam apenas um dos vários conjuntos normas para
a fabricação de parafusos, existe uma grande variedade de dimensões para o mesmo tipo
de parafuso, essas foram as dimensões implementadas no Sistema Especialista
desenvolvido, e por isso são as apresentadas.
52
7. PROGRAMA DESENVOLVIDO
O Sistema Especialista desenvolvido é um programa que tem como objetivo facilitar e
orientar o projetista na tarefa de especificar parafusos de união para aplicações diversas,
a ideia é analisar cada parafuso individualmente, de forma a se aplicar para qualquer
tipo de aplicação em que o parafuso seja carregado axialmente. É importante ressaltar
que o programa é destinado apenas para parafusos submetidos a cargas de tração e que o
método de cálculo utilizado é todo aquele apresentado no capítulo 5.
Neste capítulo será feita uma breve apresentação do Sistema Especialista desenvolvido.
Essa apresentação contém os mesmos exemplos de utilização exibidos na janela de
ajuda do programa, são exemplos práticos que mostram todas as funções mais
importantes do programa em execução. O programa tem uma interface bastante
amigável e de fácil utilização, como será visto a seguir.
7.1 Janela principal
Esta é a janela que contém as informações básicas para iniciar a especificação de
uma junção parafusada. Nela o usuário escolhe as características básicas de trabalho que
serão impostas ao parafuso e às juntas. Essas características são divididas em dois
grupos fundamentais, características geométricas e características operacionais.
Características geométricas: As características geométricas compreendem
categoria, classe, diâmetro e passo (ou número de roscas por polegada se o
parafuso não for da categoria métrica). Essas são, provavelmente, as
características mais básicas ao especificar uma junção parafusada.
Características operacionais: Essas são as características que descrevem o
ambiente no qual a junção parafusada especificada deverá trabalhar. Pertencem
às características operacionais o tipo de carregamento (estático ou dinâmico), a
carga máxima aplicada na junção, a carga mínima aplicada na junção, a
temperatura de operação e a força inicial de aperto no parafuso. Essas são
características muito importantes, e devem ser avaliadas com cuidado.
53
Uma vez escolhidos todos esses parâmetros o programa calcula três resultados
importantes para a especificação do parafuso, o coeficiente de segurança desta
montagem, a força nas juntas (que deve ser negativa para que haja compressão) e a vida
estimada, isto é, o número de ciclos que o parafuso deve aguentar antes da falha,
naturalmente este parâmetro é avaliado apenas para os casos em que o carregamento
seja dinâmico. A seguir será apresentado um exemplo prático da especificação de cada
uma das características comentadas.
Exemplo 1: Na imagem abaixo o parafuso escolhido é o M20x1.5 classe 8.8, e
está carregado dinamicamente com uma carga que varia de 1500N até 78000N a uma
temperatura de 450°C, a força de aperto utilizada foi de 60000N. Com essa
configuração de trabalho os resultados obtidos foram:
Coeficiente de segurança = 1.169
Força nas juntas = -7471.252N
Vida estimada = 21483 ciclos
Figura 7.1: Janela inicial do programa com os dados propostos no exemplo 1
54
É importante lembrar que todos os resultados obtidos na janela principal são
calculados para apenas um parafuso, ou seja, se a montagem for feita com mais de um
parafuso a carga máxima informada deve ser dividida pelo número de parafusos
utilizados.
Além da parte de entrada de dados, é na janela principal que o usuário inicia todas
as funções do programa, essas funções podem ser encontradas na forma de botões ou de
abas da barra de menus. Para começar a apresentar essas funções, será feita uma
caracterização de cada um desses botões.
Calcular: Este botão é usado para avaliar os dados passados pelo usuário para
fornecer os resultados comentados anteriormente (pressionar a tecla Enter
também aciona a mesma função deste botão).
Plotar: Com esse botão é aberta a janela que apresenta os gráficos calculados
pelo programa, mais detalhes sobre esta janela na seção 7.2.
Avaliar: O botão Avaliar analisa os parâmetros especificados pelo usuário, e
verifica se é possível executar esta operação com segurança. Caso seja
possível, também é informado o intervalo de forças de aperto dentro do qual a
operação pode ser executada sem risco de falhas. Apertando este botão essas
informações serão passadas através da janela “Avaliação do parafuso”, como
está exemplificado abaixo.
Figura 7.2: Janela de avaliação do parafuso mostrando a avaliação feita a partir dos
dados do exemplo 1
Emitir Relatório: Este botão gera um documento de texto no formato docx que
contém todas as informações dadas pelo usuário sobre o parafuso e a operação.
Neste documento também são informados os resultados dos cálculos efetuados
pelo programa e os gráficos gerados.
55
O restante das funções são acessadas através da barra de menus do programa. A
seguir será feita uma descrição detalhada de cada um dos menus presentes nesta barra.
Menu Arquivo: Este menu possui três botões, o botão Salvar Operação, que
salva todas as informações contidas no programa para um arquivo txt, o botão
Carregar Operação, que carrega as informações guardadas no arquivo
previamente salvo, e o botão Emitir Relatório, que executa a mesma função do
botão presente na janela que foi discutido anteriormente.
Menu Editar: No menu Editar o usuário encontra as variáveis restantes a
serem definidas para a especificação do parafuso. Essas variáveis são a
confiabilidade desejada, o método de fabricação utilizado para fabricar a rosca
e a configuração de juntas da montagem. Além de determinar as variáveis
restantes, neste menu o usuário encontrará o botão para abrir a janela
Configuração dos gráficos, que será apresentada na seção 7.4.
Menu Funções: O menu Funções possui dois botões, o botão Desenhar
Parafuso, que abre a janela que apresenta o desenho técnico do parafuso, e o
botão Múltiplos Parafusos, que abre a janela que faz a análise de uma chapa
circular fixada por parafusos. Essas janelas são explicadas nas seções 7.5 e 7.6
respectivamente.
Menu Ajuda: No menu Ajuda o usuário encontra informações técnicas e de
utilização nos botões Sobre BoltSpec e Ajuda BoltSpec. Neste menu também
estão presentes as tabelas de propriedades dos parafusos convencionais
(Dimensões e Propriedades) e alguns coeficientes de fadiga (Coeficientes de
Fadiga), bem como toda a teoria de elementos de máquinas utilizada na
implementação das funções que efetuam todos os cálculos do programa (Base
Teórica).
7.2 Janela de gráficos
Nesta janela o usuário pode visualizar os gráficos de coeficiente de segurança e
força na junta versus força de aperto do parafuso. Esses gráficos são de grande
importância para a especificação do parafuso, pois dão uma ideia de como o a
56
montagem e o parafuso especificado se comportam à medida que a força de aperto no
parafuso é aumentada. A figura abaixo mostra os gráficos obtidos do exemplo 1.
Figura 7.3: Gráficos do coeficiente de segurança e da força na junta para os dados do
exemplo 1
Note que ao movimentar o cursor o usuário pode encontrar os valores exatos do
coeficiente de segurança e da força nas juntas.
Essa janela possui diversos botões destinados a mudar o formato do gráfico, como
dar zoom, arrastar e mudar os eixos de lugar na janela. Mas os dois botões mais
importantes, no que diz respeito à possibilidade de passar mais informações para o
usuário, são o botão Cursor de dados e o botão Estimativa da durabilidade. O primeiro
é o botão representado por um cursor, que serve para ligar e desligar o cursor de dados.
O segundo é o botão representado por um parafuso, com esse botão abre-se a janela com
o gráfico que plota o número de ciclos suportados pelo parafuso em função da força
inicial de aperto. Esse gráfico está exemplificado na figura 7.4.
57
Figura 7.4: Gráfico de número de ciclos em função da força de aperto do parafuso
para os dados do exemplo 1
7.3 Janela de juntas
Na janela de juntas o usuário pode especificar a configuração dos elementos de
junta usados na montagem, ou seja, é nesta janela que são definidos o número de
elementos de junta, bem como o material e o comprimento de cada elemento.
Como já foi dito no capítulo 3, o programa coloca na mesma categoria de
elementos de junta qualquer componente que esteja sendo comprimido pelo parafuso,
isso engloba o próprio equipamento que se deseja prender, arruelas, gaxetas e qualquer
outro material selante que seja utilizado.
Exemplo 2: Na imagem abaixo foram utilizados três elementos de junta.
(1) Junta de aço com 10mm de comprimento;
(2) Junta de alumínio com 5mm de comprimento;
58
(3) Junta de ferro fundido com 7mm de comprimento;
Figura 7.5: Janela de juntas com as configurações apresentadas no exemplo 2
Para confirmar essa configuração de junta de modo que ela seja considerada na
hora dos cálculos basta que se pressione o botão Enviar.
OBS: se esta janela for fechada sem que o botão Enviar seja acionado a
configuração de juntas será mantida em sua condição inicial.
7.4 Configuração dos gráficos
Na janela de configuração dos gráficos é possível alterar os intervalos nos quais
os gráficos apresentados na janela de gráficos, discutida na seção 7.2, serão exibidos.
Nesta janela também é feita a escolha da precisão na tomada de dados para traçar esses
gráficos. Existem três opções de precisão que podem ser escolhidas pelo usuário:
(1) Baixa: O eixo de Fi é dividido em passos de 0.05N;
(2) Média: O eixo de Fi é dividido em passos de 0.01N;
(3) Alta: O eixo de Fi é dividido em passos de 0.005N;
59
Exemplo 3: Na imagem abaixo a força de aperto (Fi) varia de 0 a 100kN, o
coeficiente de segurança (CS) varia de 0 a 10, a força nas juntas (Fm) varia de -40kN a
40kN e a qualidade escolhida é média.
Figura 7.6: Janela de configuração dos gráficos com os dados do exemplo 3
Para confirmar essa configuração de gráficos, de modo que ela seja considerada
na hora dos cálculos basta que se pressione o botão Enviar.
OBS: se esta janela for fechada sem que o botão Enviar seja acionado a
configuração de gráficos será mantida em sua condição inicial.
7.5 Janela de desenho
Na janela de desenho é apresentado o desenho técnico do parafuso e o usuário tem
a opção de variar o comprimento do parafuso e o comprimento da rosca do parafuso.
Esta é uma janela bastante importante para o programa, pois como foi discutido nos
capítulos anteriores, o desenho técnico do parafuso é praticamente o produto final
oferecido pelo programa. Após toda a análise teórica de resistência que o programa
executa, é interessante apresentar ao usuário o parafuso resultante dessa especificação,
isso dá um ar mais concreto ao programa.
60
Figura 7.7: Janela de desenho do programa apresentando o desenho gerado pelos
dados do exemplo 1
Como o objetivo desta janela é apresentar o desenho técnico do parafuso
especificado, a ideia básica foi não contaminar muito a interface com botões, para dar
mais ênfase no desenho em si. Por este motivo, com exceção do botão Desenhar que só
serve para redesenhar o parafuso caso alguma alteração seja feita, quase todas as
funções dessa janela são executadas a partir da barra de menus. Como se vê na figura
7.7, essa barra possui dois menus, o menu Editar e o menu Arquivo.
Menu Editar: No menu editar o usuário pode escolher se as cotas serão ou não
exibidas no desenho com o botão Cotas, pode escolher o tipo de representação
de rosca que será exibido com o botão Rosca e pode escolher o tipo de cabeça
do parafuso no menu Cabeça do Parafuso. Como já foi mencionado no
capítulo 6, o programa desenha dois tipos de cabeça, a sextavada externa e a
interna.
Menu Arquivo: Neste menu o usuário pode salvar o desenho em formato jpg
usando o botão Salvar ou então envia os dados do parafuso para que o desenho
seja feito no AutoCAD. Isso é feito através dos botões Enviar para AutoCAD e
61
Modelo 3D em AutoCAD. O primeiro botão faz o mesmo desenho que é visto
na janela em um arquivo dwg do AutoCAD. O segundo faz um modelo 3D em
AutoCAD do parafuso especificado. As figuras 7.8 e 7.9 mostram os modelos
3D obtidos para o parafuso especificado.
Figura 7.8: Parafuso especificado com a cabeça sextavada externa
Figura 7.9: Parafuso especificado com a cabeça sextavada interna
62
OBS: antes que o AutoCAD seja aberto o usuário terá que informar ao programa o
diretório em que está o AutoCAD, isso é feito através da caixa de dialogo que é aberta
ao acionar os botões Enviar para AutoCAD ou Modelo 3D em AutoCAD.
7.6 Fixação de chapa circular
Nesta janela o programa utiliza os dados especificados para um parafuso na janela
principal, e propõe soluções para a fixação de uma chapa circular, utilizando múltiplos
parafusos com as características pedidas. Para fazer esse cálculo, o usuário precisa
informar o diâmetro da chapa a como será o carregamento sobre ela, ou seja, carga
mínima e carga máxima.
Ao efetuar o cálculo o programa informa ao usuário quantos parafusos de cada
classe serão necessários para resistir a esse carregamento e também informa o intervalo
seguro para a força de aperto com a qual esses parafusos devem ser apertados. Ou seja,
os únicos dados que não são utilizados pelo programa nesta função são a classe do
parafuso, a força de aperto e o regime de cargas.
Outra função interessante presente nesta janela é a possibilidade de escolher entre
dois critérios ao efetuar esse cálculo, Para resistência à tração e Para garantir
vedação. O primeiro apenas faz a conta de quantos parafusos são necessários para
resistir ao carregamento, enquanto o segundo além de verificar a resistência à tração,
exige que os parafusos não excedam um valor máximo de separação escolhido pelo
usuário, garantindo assim a vedação com segurança.
Nesta parte do programa também é possível escolher a sua própria montagem para
uma chapa circular, informando número de parafusos utilizados, classe desses parafusos
e a força de aperto em cada um deles. Esses dados serão então processados através do
botão Montar.
É importante salientar que para efeitos de montagem o número de furos em uma
chapa circular deve ser tal que seja possível executar a furação de forma adequada, ou
seja, deve ser um número que ao dividir 360° o resultado seja um número inteiro ou
com no máximo uma casa decimal de precisão. A informação fornecida pelo programa
já leva isso em conta. O que é feito é calcular normalmente quantos parafusos são
necessários e depois esse número é modificado de forma a ser o primeiro que divida
adequadamente 360°.
63
Essa janela possui três botões, Calcular, Montar e Modelo 3D, esses botões têm
funções bastante claras e serão apresentadas a seguir.
Calcular: Com esse botão o usuário calcula quantos parafusos de cada tipo são
necessários para fixar uma chapa nas condições especificadas, utilizando o
método apresentado no começo desta seção.
Montar: Com esse botão é possível escolher um tipo de montagem para fixar
essa chapa circular. Isso é feito especificando-se o número de parafusos
utilizados na montagem, a classe desses parafusos e a força inicial de aperto em
cada um deles. Ao pressionar esse botão a montagem escolhida será desenhada
no painel à direita e serão calculados o coeficiente de segurança (CS) e a força
na junta (Fm) da montagem.
Modelo 3D: Utilizando este botão, é possível representar a montagem proposta
em um arquivo dwg do AutoCAD.
Exemplo 4: Na figura 7.10 a chapa tem 500mm de diâmetro e é carregada de 25 a
850kN. Utilizando o critério de resistência a tração calcula-se que seriam necessários
quatorze parafusos classe 4.6, onze classe 5.8, nove classe 8.8, oito classe 10.9 ou sete
classe 12.9 (caso o outro critério fosse adotado seriam necessários quinze parafusos de
qualquer classe). Nesta figura também é proposta uma montagem com nove parafusos
classe 8.8, apertados com uma força (Fi) de 64kN. Essa montagem é apresentada no
painel à direita e resulta em um coeficiente de segurança (CS) de 1.01 e uma força na
junta (Fm) de -0.40kN, resultado coerente com os cálculos anteriores.
64
Figura 7.10: Exemplo da janela “Fixação de chapa circular” em execução
Outro detalhe importante é que em função do comprimento do furo por onde
passa o parafuso, a distância mínima do seu centro até a borda da chapa deve ser
alterada, de forma que a hipótese do cone de pressão de Rotscher seja válida. Isso
influencia no número máximo de parafusos que a chapa pode aceitar, pois diminui o
diâmetro sobre o qual os parafusos podem ser distribuídos. Uma consequência disso é
que o número de graus de parafusos que poderão atender às especificações da
montagem.
Utilizando o botão Modelo 3D, é possível representar a configuração especificada
no exemplo 4 em um arquivo dwg do AutoCAD. O desenho obtido é apresentado na
figura 7.11.
65
Figura 7.11: Modelo 3D em AutoCAD da chapa representada na figura 7.10
7.7 Visão geral do programa e conclusões
Basicamente, esse programa se destina àqueles que desejam uma forma fácil em
um ambiente amigável para escolher o parafuso adequado para uma determinada
aplicação. No BoltSpec o usuário pode simular dezenas de configurações de montagem
em questão de minutos, de forma eficiente e precisa nos cálculos.
Em um mundo em que os prazos e as tolerâncias estão cada vez menores, é
importantíssimo que o projetista tenha ferramentas para auxiliá-lo na execução do seu
trabalho o mais rápido e precisamente possível. E esse é o objetivo por trás desse
programa, de ser uma poderosa ferramenta nas mãos de um engenheiro mecânico,
facilitando e agilizando o seu trabalho e ao mesmo tempo tornando-o um pouco menos
cansativo. É importante, contudo, lembrar que o usuário do programa tem total controle
sobre o projeto e que apesar de o programa oferecer uma série de sugestões a respeito
do projeto de uma montagem com parafusos, um SISTEMA especialista não pode em
hipótese alguma substituir um especialista HUMANO, apenas auxiliá-lo.
66
REFERÊNCIAS
WATERMAN D.A., A Guide to Expert Systems., Boston, Addison-Wesley, 1986.
RUSSEL, STUART J., Inteligência Artificial. 3 ed. Rio de Janeiro, CAMPUS, 2013.
RICHARD G. BUDYNAS & J. KEITH NISBETT., Elementos de Máquinas do Shigley
, 8 ed. Porto Alegre, McGraw Hill Inc. & Bookman, 2011.
NORTON, R.L., Machine Design – An Integrated Approach, 1 ed. New Jersey, Prentice
Hall Inc, 1996.
SHACKELFORD, J.F., Introduction to Materials Science for Engineers, 3 ed., New
York, Macmillan Publising Co., 1992.
DOBROVOLSKY, V., and others, Machine Elements – A textbook, 1 ed., Moscow,
Mir Publishers, 1965.
JUVINALL. R.C., Fundamentals of Machine Components Design, 1 ed, Singapore,
Jonh Wiley and Sons, 1983.
Orlov, P., Fundamentals of Machine Design, Vol V, 2 ed., Moscow, Mir Publishers,
1980.
RESHETOV, D.N., Machine Design, 1 ed., Moscow, Mir Publishers , 1978.
SPOTTS, M.F., Design of Machine Elements, 6 ed., New Jersey, Prentice Hall Inc.,
1985.
DE MARCO, F.F. e MONTEIRO, C.F.E., “Expert Systems – Fasteners Threaded
Design”, COBEM/13, Ribeirão Preto, SP, 2013.
DE MARCO, F.F. e ASCOLESI, A., “Expert System – Bolted Joints Specification”,
COBEM/99, Águas de Lindóia, SP, 1999.
MARK SUMMERFIELD, Programming in Python 3 - A Complete Introduction to the
Python Language, 2 ed., Boston, Addison-Wesley ed., 2009.
67
FIGURAS E TABELAS
Figura 2.1: Arquitetura típica de um Sistema Especialista
Figura 3.1: Exemplos de aplicações de fixação por parafuso
68
Figura 3.2: Diversas formas e geometrias de cabeças de parafuso
Figura 3.3: Exemplos de cabeças especiais de parafuso
69
Figura 3.4: Exemplos de alguns dos tipos de rosca e suas aplicações
Figura 3.5: Perfil básico para roscas métricas M e MJ
70
Tabela 3.1: Diâmetros e áreas de roscas métricas de passo grosso e fino
71
Tabela 3.2: Diâmetros e áreas de roscas de parafusos unificados UNC e UNF
Figura 4.1: Falha por fadiga de uma peça submetida a cargas cíclicas
72
Figura 4.2: Corpo de prova típico para o ensaio de viga rotativa
Figura 4.3: Diagrama S-N do ensaio de fadiga típico de aços
73
Figura 4.4: Dados de diversos ensaios de fadiga para diferentes materiais
Tabela 4.1: Valores do fator ka para diferentes acabamentos superficiais
ACABAMENTO
SUPERFICIAL
FATOR a
EXPOENTE b
[KPSI] [MPa]
Retificado 1.34 1.58 -0.085
Usinado ou Laminado a frio 2.70 4.51 -0.265
Laminado a quente 14.4 57.7 -0.718
Forjado 39.9 272 -0.995
74
Tabela 4.2: Valores do fator kc para diferentes níveis de confiabilidade
Confiabilidade
[%]
Variante de
transformação Z
Fator de
confiabilidade
(kc)
50 0 1.000
90 1.288 0.897
95 1.645 0.868
99 2.326 0.814
99.9 3.091 0.753
99.99 3.719 0.702
99.999 4.265 0.659
99.9999 4.473 0.62
Figura 4.5: Carta de sensibilidade ao entalhe de aços e ligas de alumínio submetidas à
flexão reversa ou cargas axiais reversas
75
Figura 4.6: Carta de concentração de tensões em uma peça cilíndrica com redução de
diâmetro submetida à flexão
Figura 4.7: Carta de concentração de tensões em uma peça cilíndrica sulcada
submetida à flexão
76
Figura 4.8: Diagrama de fadiga para vários critérios de falha
Figura 5.1: Análise de esforços em uma união por parafusos
77
Figura 5.2: Compressão da junta representada por um tronco de cone
Tabela 5.1: Resistências de parafusos segundo a especificação SAE
78
Tabela 5.2: Resistências de parafusos segundo a especificação ASTM
79
Tabela 5.3: Resistências de parafusos segundo a especificação métrica
Tabela 5.4: Valores do fator para diferentes tipos de parafuso
Roscas
laminadas
Roscas
cortadas Filete
Grau SAE Grau métrico Valores de
0 a 2 3.6 a 5.8 2.2 2.8 2.1
4 a 8 6.6 a 10.9 3.0 3.8 2.3
80
Tabela 6.1: Dimensões métricas de parafusos sextavados externos
Diâmetro nominal
[mm]
H W
Altura da cabeça
[mm]
Largura da cabeça
[mm]
1.6 1.12 3.06
2 1.4 3.83
2.5 1.75 4.79
3 2.1 5.75
3.5 2.45 6.7
4 2.8 7.66
5 3.5 8.79
6 4 11.05
8 5.3 14.38
10 6.4 18.9
12 7.5 21.1
14 8.8 24.49
16 10 26.75
20 12.5 33.53
24 15 39.98
30 18.7 50.85
36 22.5 60.79
81
Tabela 6.2: Dimensões unificadas de parafusos sextavados externos
Diâmetro nominal
[in]
H W
Altura da cabeça
[in]
Largura da cabeça
[in]
0.06 0.105 0.045
0.073 0.128 0.054
0.086 0.151 0.064
0.099 0.173 0.074
0.112 0.196 0.084
0.125 0.219 0.094
0.138 0.242 0.104
0.164 0.287 0.123
0.19 0.333 0.143
0.216 0.378 0.162
0.25 0.438 0.188
0.3125 0.5 0.235
0.375 0.562 0.268
0.4375 0.625 0.316
0.5 0.75 0.364
0.5625 0.844 0.404
0.625 0.938 0.444
0.75 1.125 0.524
0.875 1.312 0.604
1 1.5 0.7
1.25 1.875 0.876
1.5 2.25 1.036
82
Tabela 6.3: Dimensões métricas de parafusos sextavados internos
Diâmetro
nominal
[mm]
D H W E
Diâmetro da
cabeça [mm]
Altura da
cabeça
[mm]
Largura do
encaixe
[mm]
Profundidade
do encaixe
[mm]
1.6 2.9 1.6 1.3 0.7
2 3.7 2 1.7 0.9
2.5 4.6 2.5 2.1 1.1
3 5.5 3 2.5 1.3
3.5 6.4 3.5 0.83 1.5
4 7 4 3 2
5 8.5 5 4 2.5
6 10 6 5 3
8 13 8 6 3.5
10 16 10 8 4
12 18 12 10 5
14 21 14 12 6
16 24 16 14 7
20 30 20 17 8
24 36 24 19 10
30 45 30 22 13.5
36 54 36 26 16
83
Tabela 6.4: Dimensões unificadas de parafusos sextavados internos
Diâmetro
nominal
[in]
D H W E
Diâmetro
da cabeça
[in]
Altura da
cabeça
[in]
Largura do
encaixe [in]
Profundidade do
encaixe [in]
0.06 0.096 0.06 0.05 0.025
0.073 0.118 0.073 0.062 0.031
0.086 0.14 0.086 0.078 0.038
0.099 0.161 0.099 0.078 0.044
0.112 0.183 0.112 0.094 0.051
0.125 0.205 0.125 0.094 0.057
0.138 0.226 0.138 0.109 0.064
0.164 0.27 0.164 0.141 0.077
0.19 0.312 0.19 0.156 0.09
0.216 0.35 0.22 0.17 0.1
0.25 0.375 0.25 0.188 0.12
0.3125 0.469 0.312 0.25 0.151
0.375 0.562 0.375 0.312 0.182
0.4375 0.656 0.438 0 375
0.5 0.75 0.5 0.375 0.245
0.5625 0.844 0.563 0.438 0.276
0.625 0.938 0.625 0.5 0.307
0.75 1.125 0.75 0.625 0.37
0.875 1.312 0.875 0.75 0.432
1 1.5 1 0.75 0.495
1.25 1.875 1.25 0.875 0.557
1.5 2.25 1.5 1 0.62
84
Figura 7.1: Janela inicial do programa com os dados propostos no exemplo 1
Figura 7.2: Janela de avaliação do parafuso mostrando a avaliação feita a partir dos
dados do exemplo 1
85
Figura 7.3: Gráficos do coeficiente de segurança e da força na junta para os dados do
exemplo 1
86
Figura 7.4: Gráfico de número de ciclos em função da força de aperto do parafuso
para os dados do exemplo 1
Figura 7.5: Janela de juntas com as configurações apresentadas no exemplo 2
87
Figura 7.6: Janela de configuração dos gráficos com os dados do exemplo 3
Figura 7.7: Janela de desenho do programa apresentando o desenho gerado pelos
dados do exemplo 1
88
Figura 7.8: Parafuso especificado com a cabeça sextavada externa
Figura 7.9: Parafuso especificado com a cabeça sextavada interna
89
Figura 7.10: Exemplo da janela “Fixação de chapa circular” em execução
90
Figura 7.11: Modelo 3D em AutoCAD da chapa representada na figura 7.10
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