Estrutura, fisiologia e bioquímica da pele aplicadas à ciência cosmética.
Alexandre Ferreira
Pele Sensível
Considerações Iniciais
• Possível através de teste dizer que um produto está livre de potencial irritante
• Não é incomum a cosmetovigilânciareceber relatos de percepções sensoriais não preditas
• Apesar de transitórias e sem resposta dermatologia visual, influencia fortemente a preferência do consumidor
Considerações Iniciais
• 78% dos que se dizem com pele sensível evitam o uso de algum produto devido seu efeito sensorial desagradável
• Alta prevalência no mundo industrializado
– Maioria das mulheres nos EUA, Europa e Japão
– Aumento significativo com passar dos anos
– Aumentando prevalência entre Homens
Considerações Iniciais
• Afeta negativamente a qualidade de vida das pessoas que sofrem de pele sensível
• Pessoas com histórico de dermatite atópica são predispostas.
Tema pouco conhecido
Pele Sensível
É um fenômeno
Fisiológico Real???
Culturalmente elegante
dizer que se tem pele
sensível
Desordens
psicológica com os
mesmos sintomas
• Síndrome da intolerância a cosméticos
• não-doença dermatológica
Alguns Interpretam:“Efeito a princesa e a Ervilha”
Falta de sinais
dermatológicos e
dificuldades de mensurar
end-points subjetivos
Falta de
bibliografia
acessível
Fatores que prejudicam a
investigação sobre o tema:
Resposta exagerada a estímulos
considerados como inofensivos
Status Atual
• Hoje considerado um fenômeno fisiológico original
• Ainda um fenômeno de manifestação subjetiva
• Etiologia pouco clara
• Sem teste de diagnóstico aprovado
Características
• Sem sinais previsíveis ou clássicos de irritação
• Sem resposta imunológica detectável
• Fácil identificar pessoas com pele sensível
• Difícil fazer associação, correlações e generalizações consistentes
– (Causa x Efeito)
• Apresentam hiper-reatividade dos vasos sanguíneos da pele
Características
• Pode não ser uma condição única
– Diversas categorias de sensibilidade
– Diferentes mecanismos
– Pode ser um fenômeno heterogêneo
• Sistema nervoso não trabalha isolado
– Interação íntima com o sistema imunológico e estrutura da pele (muitos contatos celulares)
– Se comunicam por via de citocinas e neurotransmissores
Associação com alergias
• Pessoas com histórico de dermatite atópica são predispostas.
• Apresentam resposta alérgicas
– Respondem 10x mais a substâncias alergênicas
– 3x mais suscetíveis a substâncias cosméticas alergênicas
– Sensível a detergentes: mostram maior reatividade ao produto que pessoas insensíveis
• Apresentam ↓ produção de sebo & pele seca
Associação com alergias
• Reportam 5x mais terem alergias na pele
• Incidência de atopia maior em sujeitos com pele sensível
• Indivíduos com atopia reportam significativamente mais sensibilidade genital
CONTUDONão é considerado um fenômeno de origem alérgica
Relação com outras desordens
PELE SENSÍVEL
Dermatite Atópica Rosácea
Dermatite seborreica
Como
Testar??
IRR
ITA
ÇÃ
O C
UT
ÂN
EA
(Manifestação subclínica)
(Manifestação clínica)
Percepção Sensorial
Eritema
Alterações físicas
Costumam ser confundidos
com pele sensível
•Link entre as duas
(prevalência)
•Indução por citocinas similar
• Fluxo sanguíneo
• Hidratação
• pH
• etc…
Processo fisiológico
complexo multifatorial
Produtos Higiene
UVFatores Ambientais
Cosméticos
SabõesÁgua Estresse
Hormônios
Roupas
Manifestação
Pele Sensível
(Muitas x não acompanhado sinal visual)
Percepção Sensorial
Manifestação Clínica
Eritema
Agulhadas
Queimação Ardência
Coceira
Dor Formigamento
Desordem Neurológica
Uso Contínuo
Fatores Ambientais
Respostas Sensoriais
desconfortáveis
Ar condicionado
Vento
Frio
Sol
Poluição
Calor
Tipos
• Tipo I
– Grupo com função barreira comprometida
• Tipo II
– Grupo com função barreira normal, mas com mudanças imunológicas
• Tipo III
– Grupo pseudo-saudável, sem mudanças imunológicas e na função barreira
Sítio Anatômico
Couro cabeludo
Pés
MãosPescoço
Torso
Costas
Face
• Liminar de sensitividade ≠ áreas
• ≠ densidades de nervos
Face
• Uso mais frequente de produtos
• Epiderme mais fina / Barreira menos eficiente
• ↑ Quantidade de terminações nervosas
Dobra naso-labial
Região malar
QueixoLábio Superior
Testa
Genitálias
• Pele mais fina
• Barreira lipídica menos estruturada
• Mais permeável que pele
• Poucas evidências de relação de uso de produtos de higiene feminina e pele sensível
• Reatividade a produtos de uso tópico (maioria das vezes)
Fatores que Afetam
• Sexo Feminino
• Status Hormonal
• Suscetibilidade à queimadura solar
• Aspectos culturais
• Suscetibilidade a rubor
• Pigmentação da pele
• Epiderme fina
• ↓ função barreira
• ↑ inervação epidermal
• ↑ glândulas sudoríparas
• ↓ lipídeos neutros / ↑esfingolipídios
• ↓ Lipídeos
• ↑ TEWL
• Atopia
Sexo
• > incidência
• Epiderme mais fina
• Hormônios que podem produzir sensibilidade inflamatória
• Ciclo menstrual
• < incidência
• Aumentando
• Tornando culturalmente aceitável se declarar com pele sensível
Teste clínico
Teste Subjetivo
(recentes)
Não foram capazes de mostrar diferenças entre os sexos
Idade
↓ Sensibilidade
Percepção Sensorial Determinação Clínica
Idade
↑ Sensibilidade 50 anos
Raça
Asiáticos > Caucasianos > Afrodescendentes
Sensibilidade Inversamente proporcional à cor da pele
*Dados tem dificuldade de comprovação estatística
Cultura
• Devido a hábitos mais do que por diferenças fisiológicas
• Práticas que implica exposição a diferentes irritantes
– Uso de duchas, perfumes, medicações, produtos antimicrobianos, anticoncepcionais, etc
Tipo de pele
• Pele seca
• Pele oleosa
• Pele clara
• Pele sujeita a rubor
• Pele com telangiectasias
• Pele menos elástica
Mecanismo Fisiológico
Disfunção na Barreira Cutânea
Alteração na Resposta Neuronal
Resposta Imunológica
Substância Potencialmente irritantes
• ↓ limiar de estímulo
• aceleração da resposta do nervo
Exposição das terminações
Nervosas
CNS
↑ Permeabilidade
Acesso facilitado à células apresentadoras de antígeno
Condições Atópicas
Disfunção na Barreira
• ↓ do conteúdo de ceramidas
• Desorganização dos lipídeos da barreira
• ↑ TEWL
Terminações nervosas da pele
Fibras nervosas dérmicas se
espalham pela derme e epiderme
Rede pouco caracterizada
Densidade varia no
sítio anatômico
Pode explicar diferenças de sensibilidade
Envolve:• Fibras nervosas• Receptores
−Calor
−Coceira
−Queimadura
−de Endotelina
• Fatores de crescimento
Responsáveis pela
percepção pele sensível
Inflamação neurogênica
ESTIMULO
Neurotransmissores:• Substância-P, • Pep. Relacionado ao gene da
calcitonina• Pep. Intestinal Vasoativo
Vasos Sanguíneos
Vasodilatação
Degranulação
Interleucinas:• IL-1 • IL-8 • prostaglandina E2 • Prostaglandina F2 • TNF-
Inflamação não específica
Mastócitos
Alteração Neurológica
• Aumento da atividade neural
• Estimulo de áreas cerebrais adicionais às normais quando sob estimulação química da pele (Foto-documentação por ressonância
magnética funcional)
• Percepção sensorial facilmente perturbada por estímulos fracos
Mecanismo Molecular
ESTIMULO
Sensação de Dor Coceira
Terminações Nervosas
Queratinócitos
Fibroblastos
Mastócitos
Cels. Endoteliaisprostaglandina E2
leucotrieno B4
(Loop de Amplificação)
Receptores TRPV1
Identificação
• Falta de parâmetro acurado para classificar pele em sensível ou não sensível
• Falta de sinais visíveis (físicos/histológicos)
• Testes baseados em relatos de efeitos sensoriais
• Uso de questionários como forma de avaliação
Método de Diagnósticos
• Não existe manifestação física para ser detectada
• Grande variação interpessoal e entre diferentes sítios anatômicos / mesmo sítio anatômico mas membros distintos
• Visão tradicional atrapalha abordagem moderna
– Busca por testes objetivos (efeitos físicos) em detrimento dos sensoriais
• Modelos experimentais usados até o momento são incompletos e ineficientes
Métodos de diagnóstico
• Não existe correlação entre testes de irritabilidade com os sintomas de pele sensível
– Testes tradicionais de irritabilidade não são bons para predizer pele sensível
• Testes com diversos irritantes não mostraram boa correlação
– Teste com um irritante não prediz sensibilidade a outro
• Ótima correlação entre TEWL e pele sensível
Métodos de diagnóstico
• Necessário metodologias com capacidade de identificar pele sensível com precisão
• Identificação de irritação subclínica pode ser a chave para entender a pele sensível
• Desenvolvimento de novas técnicas não invasivas tem o potencial de aumentar a compreensão da pele sensível
Teste BTK
• Boa correlação percepção sensorial com irritabilidade
• Produz mais irritação que Patch test (mais sensível)
• Reprodutível
❶ ❷ ❸ ❹
Luz Polarizada
• Permite observar até 1mm de profundidade
• Possível ver alterações em doses subclínicas
Luz Normal Luz Polarizada
Scanner termográfico IR
• Reações imunológicas / ↑ temperatura
• Alta precisão da medida
• Correlação com escalas visuais
Determinação Molecular
• Remoção de lipídeos da superfície da pele
• Análise de diferentes citocinas
– ↑ IL-1RA / ↑ IL-8
• Ainda não foi aplicado a pele sensível
Métodos Usados
MétodoEfeito
SensorialEfeito Físico
Vantagens Desvantagens
Ácido Lático Ferroada - Sensível e específicoNão prediz efeito de
outros irritantes
Capsaicina Ferroada -Sensível / limiar de
detecçãoNão prediz efeito de
outros irritantes
Lauril Sufatode Sódio
Queimação Eritema Barato, rápido, confiávelNão prediz efeito de
outros irritantes/ Relação questionada
Luz Polarizadacruzada
-Eritema
sub-clínico
Permite detecção de mudanças físicas não
aparentes / Não invasivo
equipamento especializado
Scanner termográfico
-Aumento de temperatura
Objetivo, quantitativo, não invasivo
equipamento especializado
Sebutape -Citocinas
produzidas na pele
Objetivo, quantitativo, não invasivo,
potenciamento muito sensível
Treinamento / equipamento
especializado / Não validado
Tratando pele sensível
• Não existe tratamento clínicos específicos reconhecidos
• Apenas:
– Reconhecimento de agente indutor e evitar contato
Oportunidades no Tratamento
PELE SENSÍVEL
+
UV
Pele Seca
Fotoproteção
Hidratação
Barreira Cutânea
Promotores de Barreira
+
+
Anti-inflamatórios
Prostaglandinas
TRPV1
+
Inibidores
Desafios Futuro
• Compreender a etiologia dessa desordem que ainda é pouco conhecida
• Entender a relação entre os efeitos subjetivos e suas manifestações físicas
• Criar critérios de diagnósticos para pele sensível
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Alexandre HP Ferreira, Ph.D.
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