SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ SEED
COORDENAÇÃO ESTADUAL DO PDE
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA
LOURDES AGUILERA
A IMPORTÂNCIA DA PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NA ESCOLA
SERTANÓPOLIS /PRAGOSTO/2011
LOURDES AGUILERA
A importância da participação da família na Escola
Produção didática- pedagógica apresentada ao Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), da Secretaria de Estado de Educação do Paraná (SEED). Instituição de ensino superior responsável pelo acompanhamento: Universidade Estadual de Londrina, Departamento da Educação. Orientadora: Ana Lucia Ferreira da Silva.
SERTANÓPOLIS /PRAGOSTO/2011
SUMÁRIO
1 APRESENTAÇÃO........................................................................................ . 03
2 INTRODUÇÃO ….............................................................................................04
3 RECURSOS …............................................................................................. 04
4 AVALIAÇÃO …............................................................................................. 05
5 ESTUDANDO A FAMÍLIA............................................................................. 05
5.1 FAMÍLIA E SOCIEDADE …........................................................................ . 05
5.1.1 A função da família ................................................................................. . 07
5.1.2 A família e a escola ….............................................................................. 09
6 REPENSANDO A PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NA ESCOLA.................. 12
6.1 A GESTÃO E A PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE NA ESCOLA....... 15
6.2 EM BUSCA DA QUALIDADE DO ENSINO …............................................ 18
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS …...................................................................... 20
8 REFERÊNCIAS............................................................................................ 21
ANEXOS........................................................................................................... 23
FICHA PARA CATÁLOGO PRODUÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA
Título: A Importância da Família na EscolaAutor: Lourdes AguileraEscola de Atuação: Escola Estadual “Monteira Lobato”Município da escola: SertanópolisNúcleo Regional de Educação: LondrinaOrientador: Ana Lucia Ferreira SilvaInstituição de Ensino Superior: Universidade Estadual de Londrina ( UEL )Disciplina/Área (entrada no PDE): PedagogiaProdução Didático-pedagógica: Caderno pedagógico
Público Alvo: Professores, pais, comunidade escolar.
Localização: Escola Estadual “Monteiro Lobato”,Rua Doutor Gervásio Morales, 711
Apresentação: O presente caderno pedagógico se justifica pela importância de fazer com que todos os envolvidas no processo ensino-aprendizagem, entre esses, os professores, os gestores, e a direção da escola, possam refletir sobre a participação da família na escola e que a partir dessa reflexão seja possível repensar sobre o processo de participação, bem como pensar e promover diferentes estratégias que envolva a participação da família na escola. Nesse sentido, o trabalho tem por objetivos:
- Integrar pais e escola numa discussão e reflexão acerca das problemáticas do cotidiano escolar. - sensibilizar pais e responsáveis pela escola e também os professores sobre a importância da família na escola.- Articular família e escola a fim de sensibilizar pais, professores, gestores e orientadores responsáveis sobre a importância da participação de todos os envolvidos na vida escolar.- Diagnosticar junto aos pais e professores o que os mesmos entendem por participação e em que circunstâncias participam do processo ensino aprendizagem.
A metodologia utilizada para o desenvolvimento do trabalho se dará através de grupos de estudos, nos quais serão realizadas leituras, debates/discussões, visando a reflexão referente ao tema participação da família na escola, bem como buscando estratégias que viabilizem a efetivação da forma de participação pensada.
Palavras-chave: Educação, relação família/escola, participação.
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1 APRESENTAÇÃO
O desenvolvimento deste trabalho, “A importância da família na escola” visa compreender
as relações entre a família, professores, gestores e orientadores envolvidos na educação
da escola Estadual “Monteiro Lobato,” Ensino Fundamental, situada na Rua Doutor
Gervásio Morales, 771 na cidade de Sertanópolis. Trata-se de uma escola de médio
porte, com um total de 908 alunos distribuídos entre os três períodos. O nível
socioeconômico familiar corresponde à classe média baixa e um dos problemas que
enfrentamos é a pouca participação dos pais na escola e no envolvimento com a vida
escolar dos filhos.
A escola está localizada no centro da cidade e é a única escola pública que atende
os alunos de quinta a oitava série do Ensino Fundamental, por isso a necessidade de se
fazer um bom trabalho.
Segundo o PPP, nossa escola procura oferecer um ensino de qualidade com a
finalidade de dar ao educando pré-requisitos que sirvam de suporte para formar cidadãos
críticos e conscientes de seus direito e deveres perante a sociedade em que vivem.
Mesmo assim, percebe-se que ainda existem conflitos que precisam ser minimizados no
que se refere às relações entre famílias e escola. Problemas estes que surgem da
observação da pouca importância vem sendo dada a essa questão, e consequentemente,
surgem reclamações e queixas dos professores com relação a falta de limites e
desinteresse por parte dos alunos, problemas, segundo estes, que poderiam ser
amenizados com a participação da família na vida escolar desses alunos.
De acordo com Paro (2000,16), “[...] aceitando-se que a gestão democrática deve implicar
necessariamente a participação da comunidade, parece faltar ainda uma maior precisão
do conceito dessa participação.”
Percebe-se que tais problemas estão acontecendo em muitas escolas públicas.
Durante minha carreira de magistério tenho notado que de uns anos para cá estes
problemas têm aumentado muito, deixando professores, pedagogos e a direção sem
saber que atitude tomar. Por isso sentimos a necessidade de aproximar a família da
escola para que juntos possam lutar por uma escola de qualidade, onde os alunos tenham
uma formação que viabilize o pleno exercício da cidadania.
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2 INTRODUÇÃO
O presente Caderno Pedagógico tem por finalidade fazer com que todos os
envolvidos no processo de ensino-aprendizagem família, professores, gestores e
orientadores envolvidos possam refletir sobre os temas apresentados e que a partir
dessas reflexões a comunidade escolar possa repensar sua postura em relação à
participação da família na escola.
Dessa forma, os textos apresentados nesta unidade são fundamentados nos
educadores que realizaram suas pesquisas sobre as relações que se estabelecem entre
família e escola, dando suporte para que possamos refletir sobre os conflitos que se
estabelecem no espaço escolar.
Os textos apresentados servirão como base para o desenvolvimento do grupo de
estudos que faremos nos encontros durante o segundo semestre do ano de dois mil e
onze, com professores e pais, uma vez por semana no período noturno.
O trabalho tem por objetivo integrar pais e escola numa discussão e reflexão
acerca das problemáticas do cotidiano da escola e sensibilizar pais e responsáveis e
também os professores, sobre a importância da participação da família na escola.
Das trinta e duas horas, vinte serão presenciais, com cinco encontros de quatro
horas e o restante das horas, serão cumpridas através de leituras e atividades
programadas junto aos professores.
A discussão deve avançar na procura das melhores oportunidades de promover a
participação entre pais e professores relação família/escola de forma que essa relação
família/escola aconteça de forma agradável e harmoniosa contribuindo assim, para a
melhoria da qualidade do ensino no contexto escolar.
3 RECURSOS
Textos, TV multimídia e filme.
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4 AVALIAÇÃO
Os cursistas serão avaliados com base em sua participação nas discussões em
sala e nas atividades realizadas individuais e em grupos.
O primeiro texto apresentado abaixo tem por objetivos diagnosticar junto aos pais e
professores o que os mesmos entendem por participação e em que circunstâncias
participam do processo ensino aprendizagem.
Texto de apoio: PARO Vitor Henrique. “Qualidade do ensino: A contribuição dos pais”.
Como promover a participação dos pais. 3ª edição Xamã, 2007, páginas 70-76.
5 ESTUDANDO A FAMÍLIA
É de suma importância fazermos uma reflexão para melhor entendermos como as
famílias brasileiras são constituídas, sendo que é nas famílias que os indivíduos se
desenvolvem, criam laços afetivos e materiais e é aí que são construídos os valores
culturais que são muito importantes para a educação dos indivíduos na sociedade.
É na sociedade escolar que a ideologia é produzida, uma vez que é aí que os
indivíduos têm a oportunidade de se relacionar, trocar experiências, formando, dessa
forma, os valores éticos e sociais.
5.1 FAMÍLIA E SOCIEDADE
A família é uma instituição que varia através da história. Segundo Prado
(1981), a família “de origem é aquela de nossos pais; família de reprodução é aquela
formada por um indivíduo com outro adulto e os filhos dela decorrentes”. No entanto,
apesar dos conflitos ela é a única, uma vez que tem como função desenvolver a
sociabilidade, a afetividade e promover o bem estar físico no período da infância e da
adolescência de seus filhos.
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No entanto, o que não pode ser negado é a importância da família tanto ao nível
das relações sociais, nas quais ela se insere, quanto ao nível da vida emocional de seus
membros. É na família, mediadora entre o indivíduo e a sociedade, que aprendemos a
perceber o mundo e a nos situarmos nele. “É a formadora de nossa primeira identidade
social”. Ela é o primeiro “nós” a quem aprendemos a nos referir. (REIS, 1984, p.99) grifo
do autor.
A palavra Família no sentido popular, como também nos dicionários, conforme
Aurélio no Minidicionário da Língua Portuguesa (2004, p. 337), significa: “pessoas
aparentadas que vivem na mesma casa, particularmente o pai, a mãe e os filhos”. Ou
ainda, “pessoas de mesmo sangue, origem e ascendência”. Na realidade, todos nós
sabemos o que é uma família já que somos parte integrante de alguma família. No
entanto, para qualquer pessoa é difícil definir esta palavra e mais exatamente o conceito
que a engloba, que vai além de simples e breves definições. Conforme Prado, (1981,
p.8):
A maioria das pessoas, por isso, quando aborda questões familiares, refere-se espontaneamente a uma realidade bem próxima, partindo do conhecimento da própria família, realidade que creem semelhante para todos, e daí acabam generalizando ao falar das famílias em abstrato.
Outro ponto importante a ressaltar é que a instituição família tem estado em
evidência e justificando essa afirmação, lembramos Reis (1984, p. 99) que afirma:
Se por um lado ela (a família) tem sido o centro de atenção por ser espaço privilegiado para arregimentação e fruição da vida emocional de seus componentes, por outro, tem chamado a atenção dos cientistas, pois ao mesmo tempo em que, sob alguns aspectos, mantém-se inalterada, apresenta uma grande gama de mudanças.
No entanto, o que não pode ser negado é a importância da família tanto ao nível
das relações sociais, nas quais ela se insere, quanto ao nível da vida emocional de seus
membros. É na família, mediadora entre o indivíduo e a sociedade, que aprendemos a
perceber o mundo e a nos situarmos nele. “É a formadora da nossa primeira identidade
social. Ela é o primeiro “nós” a quem aprendemos a nos referir.” (REIS, 1984, p. 99, grifo
do autor).
Neste sentido, qual a realidade familiar atual no Brasil? Não varia muito de uma
camada social para outra o ideal referente à família, aos laços que aí são valorizados
(amor entre casal, compreensão e amizade entre pais e filhos), ao comportamento
esperado entre seus membros (responsabilidade econômica do marido, infraestrutura
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doméstica e afetiva pela mulher, obediência às diretivas paternas) e à expectativa dos
papéis sociais que deverão ser cumpridos por cada um.
De acordo Prado (1981) a família nuclear é a forma mais conhecida e valorizada
em nossos dias e que embora passe por vários momentos de crise e evolução,
apresentam até hoje uma grande capacidade de adaptação.
5.1.1 A função da família
Hobsbawm (1996) afirma que na atualidade, a família assume uma função social voltada
para atender as exigências do mercado de trabalho, pois a política vigente, globalizada,
direciona a ação da família e da escola, porém, mesmo com essa denominação os pais
ainda ocupam grande parcela de poder de decisão sobre filhos menores. Comprovando
essa afirmação, Prado (1981, p. 64) analisa que “A família, é a instituição mais “sólida”
desde os princípios da era cristã” (grifo do autor). É nela que a criança mantém os
contatos mais íntimos, já que é o primeiro grupo social a que ela pertence, devendo a
família juntamente com a escola, desenvolver o processo educacional.
Através da literatura sabemos que há uma variedade de tipos de organização
familiar no Brasil e das diferenças e crises que ali se instalam. Antigamente as famílias
eram numerosas, a educação era rígida, os pais tinham autoridade sobre os filhos. De
acordo com Prado, (1981, p.13-14):
Apesar dos conflitos, a família, no entanto é “única” no seu papel determinante no desenvolvimento da sensibilidade, da afetividade e do bem estar físico dos indivíduos, sobretudo durante o período da infância e da adolescência. Ninguém pode se sentir feliz se lhe faltar completamente a referência familiar.
Para Romanelli (1986) a forma de organização da família é um elemento relevante
no modo como ela conduz o processo da socialização dos filhos, transmitindo-lhes
valores, normas e modelos de conduta e orientando-os no sentido de tornarem-se sujeitos
de direitos e deveres no universo doméstico e no domínio público. De forma geral, a
família continua sendo um espaço valorizado, sobretudo porque, diferenciando-se do
espaço público, ela aparece como um lugar de solidariedade. Conforme Prado, (1981, p.
23):
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Uma família é não só um tecido fundamental de relações, mas também um conjunto de papéis socialmente definidos. A organização da vida familiar depende do que a sociedade através dos seus usos e costumes espera de um pai, de uma mãe, dos filhos, de todos seus membros, enfim. Nem sempre, porém, a opinião geral é unânime, o que resulta em formas diversas de família alem do modelo social preconizado e valorizado.
Na sociedade em que vivemos as relações entre setores, instituições e atores
estão muito imbricados. Nesse sentido:
As consequências materiais do afrouxamento dos laços de família tradicionais foram talvez ainda mais sérias. Pois, a família não era o que sempre fora, um mecanismo para produzir-se, mas também um mecanismo para a corporação social. Como tal, fora essencial para a manutenção tanto da economia agrária quanto das economias industriais, local e global. (HOBSBAWM, 1996, p.331).
Sendo assim, fica cada vez mais difícil entender os problemas educacionais
apontando apenas para as dificuldades originais fora da escola ou somente pelos
processos internos a ela. Se, por um lado, não podemos desconsiderar a influência da
situação econômica, da violência, das mudanças de costumes sobre o comportamento e
desempenho dos alunos, por outro, não podemos admitir que a escola se transforme
numa agência de assistência social e negligencie sua função específica de zelar pela
aprendizagem escolar.
Para compreender a dinâmica de funcionamento do grupo familiar é necessário
considerá-la dentro e como parte da sociedade e sua história. Conforme Reis (1984) três
considerações ajudam nossa compreensão. A primeira delas refere à família como não
tendo uma essência natural e assim como uma instituição criada para atender a
determinadas necessidades sugeridas em épocas e lugares diferentes. A segunda
consideração sustenta que a família se constitui em torno de uma necessidade material: a
reprodução. A terceira consideração salienta a função ideológica da família. Assim,
percebe-se que a escola e a família têm papéis relevantes na construção do sucesso
escolar, porém esse sucesso deve estar relacionado com as formas de interação
existentes nestas instituições.
A instituição escolar deve reconhecer todas as experiências de seus alunos e
utilizá-las em seu trabalho de forma que os conteúdos por ela trabalhados tenham sentido
para os alunos. A família é o primeiro grupo com o qual a criança convive e seus
membros são exemplos para a vida sendo que esta representa um espelho para seus
filhos.
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Para Prado (1981, p. 26) “hoje, os laços entre os membros da família nuclear se
enfraquecem, porque a responsabilidade coletiva da família enquanto núcleo através do
qual se realizam projetos em comum diminui cada vez mais”. No que diz respeito à
escola, se essas demonstrarem curiosidade em relação ao que acontece em sala de aula
e reforçarem a importância do que está sendo aprendido, estarão dando uma enorme
contribuição para o sucesso da aprendizagem.
Portanto a escola deve oferecer ao aluno “a formação necessária para o
enfrentamento com vistas à transformação da realidade social, econômica e política de
seu tempo”. (PARANÁ, DIRETRIZES CURRICULARES ESTADUAIS, 2009, p.20). De
acordo com o documento, o papel da escola é:
[...] formar sujeitos que construam sentidos para o mundo, que compreendam criticamente o contexto social e histórico que são frutos e que, pelo acesso ao conhecimento, sejam capazes de uma inserção cidadã e transformadora na sociedade. (DCE, 2009, p.31).
Entretanto, cabe à escola promover a aprendizagem dos conhecimentos para
todos, sabendo-se que aprendizagem implica em estabelecer um diálogo entre o
conhecimento a ser ensinado e a cultura de origem do aluno e estabelecendo a
integração da família no que diz respeito à valorização da educação.
5.1.2 A família e a escola
Para Silva (2004) a educação e a garantia da escolarização constituem um direito
social e que a escola é o espaço privilegiado de produção e socialização do saber,
contribuindo decisivamente para a formação de sujeitos éticos, participativos, críticos e
criativos. Vista desse modo, a organização escolar tem um papel importante: o de garantir
o acesso ao conhecimento historicamente acumulado. No Brasil, a legislação mais
recente faz referência explícita à organização da escola e aos atores sociais que nela
interagem. Assim, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei n. 9.394/96), no
que concerne à educação básica, explicita, entre outros aspectos, as formas de
organização e gestão, os padrões de financiamento, a estrutura curricular, bem como a
indicação de processos de participação e gestão democrática nas escolas.
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A lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN-9394, de 20/12/96)
afirma o caráter amplo de educação:
Art.1º A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais.
O artigo 2º da LDBEN/9394/96 estabelece que a educação é um direito de todos e
dever da família e do Estado, direito já mencionado na Constituição Federal / CF 88, pelo
artigo 205; deve ser baseada nos princípios da liberdade e nos ideais de solidariedade; e
deve propiciar uma preparação plena para a cidadania e o trabalho.
O artigo 14 da LDBEN/9394/96: A gestão democrática da escola estabelece:
I) Participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico
da escola.
II) Participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou
equivalentes.
Diante disso, é importante destacar a importância da participação de todos na
gestão do processo escolar e principalmente a participação dos pais, não como
expectadores, mas como pessoas que venham colaborar, avaliar e opinar sobre questões
que possam ajudar no desempenho da instituição escolar. Compreender seu
funcionamento, estabelecendo assim compromisso e confiança, que possibilitara a
melhoria na qualidade do ensino-aprendizagem.
Portanto a escola deve oferecer ao aluno “a formação necessária para o enfrentamento
com vistas à transformação da realidade social, econômica e política de seu tempo”.
(PARANÁ, DIRETRIZES CURRICULARES ESTADUAIS, 2009, p.20). De acordo com o
documento, o papel da escola é:
[...] formar sujeitos que construam sentidos para o mundo, que compreendam criticamente o contexto social e histórico que são frutos e que, pelo acesso ao conhecimento, sejam capazes de uma inserção cidadã e transformadora na sociedade. (DCE, 2009, p.31).
Entretanto, cabe a escola promover a aprendizagem dos conhecimentos para
todos, sabendo-se que aprendizagem implica em estabelecer um diálogo entre o
conhecimento a ser ensinado e a cultura de origem do aluno e estabelecendo a
integração da família no que diz respeito à valorização da educação.
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O processo de ensino-aprendizagem contextualizado é importante meio de estimular a curiosidade e fortalecer a confiança do aluno. Por outro lado, sua importância está condicionada a possibilidade de [...] ter consciência sobre seus modelos de explicação e compreensão da realidade, reconhecê-los como equivocados ou limitados a determinados contextos, enfrentar o questionamento, colocá-los em cheque num processo de desconstrução de conceitos e reconstrução/apropriação de outros. (PARANÁ, DIRETRIZES CURRICULARES ESTADUAIS, 2009, p.28).
Dessa forma, quando se parte da realidade vivenciada pelo aluno é preciso estar
atentos ao que se ensina, pois ao mesmo tempo em que construímos determinado
conceito, podemos também desconstruí-lo, sendo que, o conhecimento pode estar ligado
ao senso comum através de situações equivocadas dificultando a compreensão e
explicação da realidade, pois se sabe que é através da abordagem do conteúdo e da
escolha do método de ensino e das formas que o professor atua que são compreendidas
as contradições contidas nas estruturas sociais.
Questões para reflexão e debate:
– Como era a família tradicional?
– Quais são as mudanças da família na atualidade.
– Qual o papel da família hoje para a sociedade?
- “No passado os professores tinham mais autoridade sobre os alunos” essa
afirmação é correta? Quais as causas das mudanças na relação professor aluno?
- Como tem se dado o relacionamento entre professores e alunos atualmente?
- É possível ao professor estabelecer uma relação em que prevaleça sua
autoridade, sem se impor autoritariamente?
− Como deve ser a relação família escola?
O segundo o texto apresentado abaixo tem por objetivo articular família e escola a fim
de sensibilizar pais, professores, gestores e orientadores responsáveis sobre a
importância da participação de todos os envolvidos na vida escolar.
Texto de apoio: PARO, Vitor Henrique. Qualidade do ensino: A contribuição dos pais.
O papel da escola. 3ª edição Xamã, 2007, páginas 51-64.
12
6. REPENSANDO A PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NA ESCOLA
De acordo com Bordenave (1986), nenhum homem pode viver isolado, desde suas
origens ele vive agrupado com seus iguais. Os seres humanos têm necessidade de
participar das decisões e de tudo que acontece a sua volta, dessa forma a participação foi
evoluindo juntamente com a evolução das sociedades humanas. Tendo início nas tribos e
clãs dos ancestrais, a participação chega até hoje através das formas de organização
conhecidas como as associações de classes, de bairros, partidos políticos, empresas,
escolas, clubes esportivos, cooperativas, igrejas e outras.
Ainda para Bordenave (1986) a participação na família, na escola, no trabalho, na
comunidade pode ser vista como uma etapa de aprendizagem para a participação em um
setor de um nível mais elevado, como na política.
Podemos dizer que se aprende a participar somente quando se participa, embora,
sabemos que esta não é a solução, uma vez que nem todos os problemas se resolvem
por meio da participação, tendo em vista que esta não exige que todos participem de tudo
o tempo todo, pois isso poderia provocar anarquia e aumentar os problemas ao invés de
resolvê-los. O próprio grupo tem o poder de resolver quando solicitar a participação de
seus membros e de que forma ela deve ocorrer. A resposta para haver este equilíbrio se
encontra na gestão democrática da escola, sendo que deve permitir a efetiva participação
de todos na gestão do processo escolar.
A participação é conceituada como sendo
[...] a atuação dos usuários da educação e dos usuários (alunos e pais) na gestão da escola. [...] participação como meio de conquista da autonomia da escola, dos professores, dos alunos, constituindo-se como prática formativa, como elemento pedagógico e curricular. [...] por meio de canais de participação da comunidade, a escola deixa de ser uma redoma, um lugar fechado e separado da realidade, para conquistar o status de uma comunidade educativa que interage com a sociedade civil. (LIBÂNEO, 2001, p.139).
Assim, entendemos que a participação dos pais ou responsáveis no processo
educativo é uma ação muito importante que contribui para a melhoria do desempenho
escolar dos filhos. Para que aconteça a construção da formação do indivíduo, a família e
a escola devem estar em consonância. Mas sabemos que essa consonância nem sempre
acontece quando se forma vínculo entre diretores, professores e coordenadores
pedagógicos e a família dos alunos.
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O artigo 14 da LDBEN/9394/96 sugere que em cada escola, a gestão deva
orientar-se por princípios de democracia e participação de todos os envolvidos no
processo educativo: gestores, professores, funcionários, os alunos como autores de seu
próprio crescimento e os pais como responsáveis pela educação de seus filhos, com as
decisões sendo tomadas em grupo, com o aproveitamento de experiências diferenciadas.
A escola é o lugar de compartilhamento de valores e de aprender conhecimentos, desenvolver capacidades intelectuais, sociais, afetivas, éticas, estéticas. Mas é também lugar de formação de competências para a participação na vida social, econômica e cultural. (LIBÂNEO, 2004, p.139-140).
O exercício da gestão democrática é permitir a efetiva participação de todos na
gestão do processo escolar e o aprendizado de todos os envolvidos nos diferentes
seguimentos da comunidade escolar. Compartilhar decisões significa envolver pais,
alunos, professores, funcionários e outras pessoas da comunidade na administração
escolar. Assim, é importante destacar a importância da participação da família na escola,
não como ouvintes, ma, sim, como colaboradores que possam auxiliar no desempenho da
instituição.
A participação é conceituada como sendo
[...] a atuação dos usuários da educação e dos usuários (alunos e pais) na gestão da escola. [...] participação como meio de conquista da autonomia da escola, dos professores, dos alunos, constituindo-se como prática formativa, como elemento pedagógico e curricular. [...] por meio de canais de participação da comunidade, a escola deixa de ser uma redoma, um lugar fechado e separado da realidade, para conquistar o status de uma comunidade educativa que interage com a sociedade civil. (LIBÂNEO, 2001, p.139).
Assim, entendemos que a participação dos pais ou responsáveis no processo
educativo é uma ação muito importante que contribui para a melhoria do desempenho
escolar dos filhos. Para que aconteça a construção da formação do indivíduo, a família e
a escola devem estar em consonância. Mas sabemos que essa consonância nem sempre
acontece quando se forma vínculo entre diretores, professores e coordenadores
pedagógicos e a família dos alunos.
Paro (2007, p. 51), em suas pesquisas, constatou que embora os primeiros
chavões a respeito da importância da escolarização são,
[...] para “ser alguém na vida” e para que os filhos alcancem aquilo que os pais, por falta de escola, não conseguiram, o aprofundamento da discussão vai revelar que, ao lado do desejo de ascensão social, via escola, existe certa consciência dos limites que sua condição de “pobreza”
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impõe e que a formação escolar, por si, não pode vencer. A esse respeito, a obtenção de um bom emprego já não é mais atribuída apenas na escolaridade, mas à sorte, ou a políticas governamentais que diminuam o desemprego. (Grifo do autor).
Ainda segundo o autor “Na avaliação dos professores, as aspirações dos jovens
estão muito pautadas por aquilo que é frequentemente veiculado pela mídia, a respeito do
estrelato como manequim, jogador de futebol, etc.” (PARO, 2007, p.52).
De acordo com as análises de Paro (2007) na escola, os alunos buscam
motivações no relacionamento pessoal: brincar, namorar, encontrar com amigos, fazer
novas amizades, relacionar-se com colegas. O que mais os atraem não é a possibilidade
de uma ascensão social via emprego, mas oportunidade de socialização. Para eles, a
escola é como um clube, é a parte mais feliz da vida.
O que o professor, e muito menos os pais não podem pensar é que a escola é local
para guardar as crianças enquanto os pais trabalham fora de casa. Assim, sabe-se que a
família tem confiança na escola, conforme indica o estudo de Paro (2007) como dizem
alguns: “melhor estar na escola do que na rua”. A escola é o ponto de referência
importante dentro da comunidade,
Essa confiança, na escola como instituição é importante e ao mesmo tempo contraditória para os propósitos de uma participação maior dos pais e mães na escola que inclua a pretensão de \atraí-los para procedimentos que levem seus filhos à valorização do saber e ao maior empenho nos estudos. (PARO, 2007, p.63-64).
Isso pode facilitar, dando legitimidade àquilo que a escola defende e ao mesmo
tempo mata o caráter pedagógico da relação que é a construção de saber do sujeito. Para
Paro (2000), portanto, a escola como instituição, deve atuar no sentido de acabar com a
“carência cultural” e isso deve ser discutido com as famílias a importância de sua
participação no processo ensino-aprendizagem. De acordo com Paro (2000) para que a
participação da família na escola seja viabilizada, é preciso pensar nas condições de
trabalho ou os condicionantes materiais da participação, ou seja,
[...] coloca-se a necessidade de se preverem mecanismos institucionais que não apenas viabilizem, mas também incentivem práticas participativas dentro da escola pública. Isso parece tanto mais necessário quanto mais considerarmos nossa sociedade, com tradição de autoritarismo, de poder altamente centrado e de exclusão da divergência nas discussões e decisões. (PARO, 2000, p. 46).
Considerando essas colocações entende-se que a participação dos pais na escola
é uma importante ação que se traduz em melhoria no desempenho escolar como um
todo. Para que aconteça a formação do indivíduo, a família e a escola devem estar em
15
consonância. Entretanto, nem sempre essa consonância acontece quando se forma
vínculo entre diretores, professores e coordenadores pedagógicos e a família dos alunos.
Segundo Paro (2000) ”a participação democrática na escola sofre também efeitos dos
condicionantes ideológicos aí presentes”.
Questões para debate:
- Comente como está a participação dos pais em nossa escola.
- O que entendemos por participação e como percebemos a participação da família na
escola?
- De que forma a dissociação entre família e escola podem comprometer na formação dos
alunos?
- De que maneira os pais devem participar da escola para esse espaço busque garantir o
direito a uma boa educação?
- Quais são as estratégias que podemos utilizar para melhorar as relações entre família e
escola?
O terceiro texto apresentado abaixo tem por objetivo integrar pais e escola numa
discussão e reflexão acerca das problemáticas do cotidiano escolar.
Texto de apoio: PARO, Vitor Henrique. “Gestão democrática da escola pública”.
Participação da comunidade na gestão democrática da escola pública, 3ª edição São
Paulo: Ática, 2000, páginas 15-27
6.1 A GESTÃO E A PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE NA ESCOLA
A gestão democrática implica a efetivação de novos processos de organização
e gestão, baseados em uma dinâmica que favoreça os processos coletivos e
participativos de decisão.
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[...] A participação pode ser entendida, portanto, como processo complexo que envolve vários cenários e múltiplas possibilidades de organização. Ou seja, não existe apenas uma forma ou lógica de participação: há dinâmicas que se caracteriza por um processo de pequena participação e outras que se caracterizam por efetivar processos em que se busca compartilhar as ações e as tomadas de decisão por meio do trabalho coletivo, envolvendo os diferentes segmentos da comunidade escolar. (MEC/SEB, 2004, p.13-14).
Dessa forma entende-se que a participação é muito abrangente, pois envolve todo
coletivo da escola assim como a sociedade em geral, onde o trabalho em pequenos
grupos se faz necessário, mas também depende das decisões tomadas por meio do
trabalho coletivo.
De acordo com Bordenave (1986), a participação não é a solução, nem todos os
problemas se resolverão por essa via, sendo importante lembrar também que a
participação não exige que todos participem de tudo o tempo todo, pois isso poderia
provocar anarquia e aumentar os problemas ao invés de resolvê-los. O próprio grupo
pode e deve ser solicitada a participação de cada um e de que forma ela deve ocorrer. A
gestão democrática da escola é a responsável para este equilíbrio, visto que deve permitir
a efetiva participação de todos na gestão escolar.
Parafrasendo o discurso de Paro (2000), é possível afirmar que na prática da
gestão escolar deve haver uma preocupação a respeito da política educacional,
principalmente no que se refere ao processo de democratização da prática pedagógica
que contempla a livre participação de todos os setores envolvidos na escola.
Entende-se a participação da comunidade na escola, como sendo a partilha do
poder, a participação na tomada de decisões. De acordo com Vitor Paro (1997) se uma
administração, por mais colegiada que seja não incluir a comunidade, corre-se o risco de
compor apenas mais um arranjo entre os funcionários do Estado.
Ainda segundo Paro, percebe-se que a presença dos pais na escola é pouca ou
quase nenhuma, talvez devido à falta de informação dos mesmos na construção coletiva,
ou ainda por falta de tempo para se dedicarem a visitas, palestras, reuniões para entregas
de boletins ou outros eventos de interesse dos responsáveis pelos alunos na escola, pois
tem que trabalhar para o sustento da família. Paro (2000, p. 48) afirma que “a participação
da comunidade na escola tem mostrado que esta não compartilha da vida da escola,
porque essa também não comunga dos seus problemas e não está preparada, nem
pedagógica, nem estruturalmente, para esse direcionamento”.
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Uma escola em que se prioriza uma gestão escolar democrática deve implicar
necessariamente a presença da comunidade. Nesse sentido a Gestão
Democrática prescinde de uma participação efetiva de toda a comunidade escolar e de
seus atores, afim de que sejam divididas as responsabilidades no interior da escola e não
fique centrada somente na figura do diretor. Paro sugere que:
Na medida em que se conseguir a participação de todos os setores da escola: educadores, alunos, funcionários e pais nas decisões sobre seus objetivos e seu funcionamento, haverá melhores condições para pressionar os escalões superiores a dotar a escola de autonomia e de recursos. (1997, p. 12).
A Gestão Democrática colegiada, participativa ou qualquer nome que se dê a ela,
precisa da participação de todos os envolvidos que atua de maneira direta ou indireta,
caso contrário, jamais será concretizada nessa escola a Gestão Democrática. Paro (1997)
sugere que a participação da comunidade na gestão da escola pública encontra inúmeros
obstáculos para concretizar-se, pois o maior interessado que deveria ser a comunidade
precisa estar convencido da relevância e da necessidade dessa participação para não
desistir diante das primeiras dificuldades. É neste contexto que ganha maior importância a
participação no sentido de partilha do poder por parte daqueles que se supõe serem os
mais diretamente interessados na qualidade de ensino, sem ela não se fará uma escola
verdadeiramente universal e de boa qualidade no Brasil.
Para que a comunidade tenha de fato acesso a participação na escola é necessário
romper os entraves, a começar pelo autoritarismo exacerbado que se evidencia a muitos
anos em nossa sociedade capitalista. Segundo Paro (2000) ainda que os condicionantes
do autoritarismo são os de ordem material; social; cultural; institucional, sendo esse último
sem dúvida nenhuma, entre aqueles que mais dificultam o estabelecimento de relações
democráticas, e e em consequência dificulta também a participação da comunidade na
gestão escolar.
Sobre os condicionantes materiais do autoritarismo na escola, estes vão desde as
péssimas condições de trabalho, precariedade do prédio escolar e dos equipamentos
sucateados, passando pelas salas de aulas com um número excessivo de alunos, falta de
recursos didáticos de toda ordem, baixos salários dos profissionais em educação,
principalmente dos professores, que são obrigados a trabalhar em mais de uma unidade
escolar para complementar sua renda, com prejuízo inclusive da qualidade de seu
trabalho, Tendo a direção da escola que administrar esses problemas de maneira criativa
e responsável devido a natureza de seu cargo. Ainda de acordo com Paro:
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Ter o diretor como responsável último da escola tem servido ao estado como um mecanismo perverso que coloca o diretor como “culpado primeiro” pela ineficiência e mau funcionamento da escola, bem como pela centralização das decisões que aí se dão. Isto leva o diretor escolar a ser alvo dos ódios e acusações de pais, alunos, professores, funcionários e da opinião publica em geral, que se volta contra a figura do diretor e não contra a natureza de seu cargo, que é o que tem levado a agir necessariamente contra os interesses da população. (PARO, 2000, p.24).
Se a escola, no seu dia-a-dia está permeada pelo autoritarismo nas relações que
envolvem direção, professores, demais funcionários e alunos, como se pode esperar que
ela permita, sem maiores problemas, a participação da comunidade para, ao menos,
exercitar relações democráticas? De acordo com Paro, (2000, p. 26)
“A cultura autoritária” presente na comunidade e, mais especificamente, na família, para punir precisamente aquele cuja condição de sujeito autônomo deveria ser construída com a colaboração dos educadores. Isso deveria servir como um importante alerta para que, preocupados com a participação da comunidade, que pertence às classes oprimidas, não nos esqueçamos das crianças e jovens, afinal de contas a razão de ser da escola e que, não importa a que classe social pertençam, continuam, em nossa sociedade, a ter desrespeitados seus direitos fundamentais como seres humanos.
A alegação de muitos diretores de escola e professores parece ter uma visão
distorcida a respeito da comunidade, segundo, Paro (2000) é que a participação da
mesma não se concretiza simplesmente pela falta de interesse em participar, e conclui
que parece equivocada essa afirmação, pois se sabe que pouco estímulo a escola tem
oferecido à participação e do pouco conhecimento que os integrantes da escola possuem
sobre os reais interesses e aspirações da comunidade. Enquanto a comunidade não se
interessar pela escola e entender que ela necessita participar para que haja uma união de
forças em prol da melhoria da qualidade de ensino, a mesma estará à mercê do acaso e
vulnerável aos acontecimentos de ordem estrutural, financeira, social, entre outros, e
assim, não será possível vislumbrar essa melhoria.
6.2 EM BUSCA DA QUALIDADE DE ENSINO
É muito importante para a sociedade que os pais deem prioridade à educação
porque somente com essa iniciativa é que poderá haver probabilidade de atingir um
ensino de qualidade.
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Percebemos um grande desestímulo por parte dos profissionais da escola, os
quais se refletem em equipes sem incentivo, mal remuneradas, além de um discurso de
desinteresse por parte da família em relação ao que acontece com seus filhos no
ambiente escolar. Com isso percebemos os problemas na educação como: baixo nível de
aprendizagem, retenção, exclusão, evasão.
De acordo com Paro (2007) a escola pública tem baixa qualidade, antes de tudo, e
principalmente porque não fornece o mínimo necessário para a criança e o adolescente
se construírem como seres humanos diferenciados dos animais.
Ainda segundo Paro (2007, p.9),
A questão da participação da população usuária na gestão da escola estadual básica tem a ver, em grande medida com as iniciativas necessárias para a superação da atual situação de precariedade do ensino público no país, em particular o de nível fundamental, diante da insuficiência da ação do Estado no provimento de um ensino de quantidade e qualidade compatíveis com as necessidades da população, propugna-se pela iniciativa desta em exigir os serviços a que tem direito.
Ainda em conformidade com o autor acima citado, na atualidade, com a liderança da
globalização não há como sobreviver sem ter o domínio de competência básica, assim o
ideal é que os educadores e demais pessoas engajadas na escola se unam para
compreender o funcionamento da escola procurando atingir o governo no sentido de
conscientizá-lo da importância da educação, investindo mais recursos em escolas e nos
professores estabelecendo uma política em longo prazo.
Assim, quando se refere à educação, a qualidade deve estar diretamente ligada à
forma de vivencia de todos na comunidade, começando pela comunidade escolar. Não se
pode dizer que a qualidade da educação é boa quando vemos tantos problemas na
sociedade e na política do país.
Nessa perspectiva, a escola dando maior abertura de aproximação às famílias,
constitui-se em instituição social na busca de mecanismos que favoreça um trabalho que
mobilize os integrantes tanto da escola, quanto da família, em direção a uma maior
capacidade de dar respostas aos desafios que impõe a essa sociedade. Nesse sentido,
[...] a questão da participação da população na escola, pois dificilmente será conseguida alguma mudança se não se partir de uma postura positiva da instituição com relação aos usuários, em especial pais e responsáveis pelos estudantes, oferecendo ocasiões de diálogo, de convivência verdadeiramente humana, numa palavra, de participação na vida da escola. (PARO, 2007, p.16)
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Dessa forma, a família e a escola devem aproveitar ao máximo as possibilidades
de estreitamento de relações, porque o ajuste entre ambas e a união de esforços para a
educação de qualidade deve transformar, sem dúvida nenhuma, em um elemento
facilitador de aprendizagem e de formação do cidadão.
Questões para debate:
- Na sua escola funciona a Associação de Pais e Mestres?
- Qual o papel da APM?
- Por que os pais devem se envolver com a escola?
- Como acontece a relação família e escola na instituição onde você atua?
- O que compete à família e o que compete à escola na formação das crianças e jovens?
Como proporcionar e organizar espaços de diálogos entre pais e educadores?
7- CONSIDERAÇÕES FINAIS
Espera-se, com esse trabalho que família, professores, gestores e orientadores e
todos os envolvidos na educação se sensibilizem da importância da integração da família
na escola e que cada um desenvolva sua função com respeito e seriedade visando o
desenvolvimento do aluno e a melhoria na qualidade do ensino. Para que isso aconteça é
preciso romper as fronteiras do autoritarismo intenso e transformar a escola que temos
em uma escola mais humana e participativa. Nesse sentido,
Na medida em que se conseguir a participação de todos os setores da escola: educadores, alunos, funcionários e pais nas decisões sobre seus objetivos e seu funcionamento, haverá melhores condições para pressionar os escalões superiores a dotar a escola de autonomia e de recursos. (PARO, 1997, p. 12).
Sendo assim, entende-se que somente através do esforço coletivo é que teremos o
retorno que resultará em benefícios que virá contribuir para melhorar as condições de
trabalho da comunidade escolar.
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8 REFERÊNCIAS
BORDENAVE, Juan E. Diaz. O que é participação. São Paulo: Brasiliense, 1986.
BRASIL, Ministério da Educação, LDB 9394/96. Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 20 de dezembro de 1986. Brasília.
BRASIL, Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica. Programa
Nacional de Fortalecimento dos Conselhos Escolares: conselhos escolares: uma
estratégia de gestão democrática da educação pública. Brasília: MEC, SEB, 2004.
CARVALHO, Maria do Carmo Brant de (org). A Família Contemporânea em Debate. São Paulo: EDUC/Cortez, 1995, p.43.
HOBSBAWM, Eric. Era dos Extremos. 2ª Edição. São Paulo, Companhia das Letras, 1996.
LIBÂNEO, José Carlos. Organização e gestão da Escola: Teoria e Prática. 5ª Ed.
Goiânia: Alternativa, 2004.
PARANÁ, Diretrizes Curriculares Estaduais, DCE. Secretaria do Estado da Educação do Paraná. 2009.
PARO, Vitor Henrique. Gestão Democrática da Escola Pública. 3ª edição. São Paulo: Ática. 2000.
PARO, Vitor Henrique. Qualidade do ensino: a contribuição dos pais. 3ª edição. São
Paulo: Xamã, 2007.
PARO, Vitor Henrique. Participação da comunidade na gestão democrática da escola
pública. In: PARO Vitor Henrique. Gestão democrática da escola pública. São Paulo:
Ática, 1997.
PRADO, Danda. O que é família. 2ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1981. (Coleção Primeiros
Passos).
REIS, J. R. T. Família, emoção e ideologia. In: LANE, S. e CODO, W. Psicologia Social:
o homem em movimento. São Paulo: Brasiliense, 1988.
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ROMANELLI, G. (1986). Famílias de camadas médias: a trajetória da modernidade.
Tese de Doutorado, FFLCH/USP, Departamento de Ciências Sociais (mimeo).
SILVA & M. A. AGUIAR (orgs.) Retrato da escola no Brasil . Brasília: CNTE, 2004.
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Questionário
Escola Estadual Monteiro Lobato – Ensino Fundamental
Pai ou responsável:--------------------------------------------------------------------------------
(Não é necessária a identificação)
1 – Você acha que encontros com pais e professores para esclarecimentos, aprendizado
e discussões sobre a educação e a escola de seu(s) filho(s) é:
( ) Muito importante
( ) Importante
( ) 0 pouco importante
( ) 0 sem nenhuma importância
2 – Estes encontros, em sua opinião, deveriam ser:
( ) Quinzenais
( ) Mensais
( ) Bimestrais
3 - Para você o que é participação?
4 - Você é uma pessoa participante? Como você participa da vida escolar de seu(s)
filho(s)?
5 - Nossa escola incentiva a participação dos pais na vida escolar dos filhos e em todas
as reuniões que acontecem na escola para tomadas de decisões? De que forma?
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6 – Ao procurar a escola você se considera bem recebido (a)?
Questionário
Escola Estadual Monteiro Lobato – Ensino Fundamental
Professores:--------------------------------------------------------------------------------
(Não é necessária a identificação)
1 - Você considera importante a participação da família na escola?
( ) sim ( ) não
2- No caso sim, como você acha que a participação dos pais pode contribuir com a escola e na educação dos filhos?
3- No caso não, em que a presença dos pais pode atrapalhar no processo escolar?
4- Durante seu tempo de atuação, quais os principais resultados trazidos com a participação dos pais?
5- Você acredita que as escolas estão preparadas para uma maior participação dos pais? Comente sua resposta?
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