Download - Saiba mais nº 108 20 de abril a 05 de maio 2013

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Ano 10 - Nº 108 - Faculdade de Jornalismo - PUC-Campinas - 20 de abril a 05 de maio de 2013

Doméstica de Campinas ganha prêmio nacional

Pág. 3

FOTO: VINICÍUS PURGATO

Jornada terá palestras de

correspondentes internacionais

A Faculdade de Jornalismo da PUC-Campinas realizará, nos próximos dias 7 e 8 de maio, a Jornada de Jornalismo, com o tema “Correspondentes Inter-nacionais: a reportagem sem fronteiras”. O evento terá quatro palestrantes, dentre eles Kléster Cavalcanti, preso na Síria, quan-do foi cobrir a guerra em 2012, e a chilena Luciana Xavier Vascon-cellos. Pág. 3

Wakeboardganha adeptos e região é polo do

esporte

FOTO: RAFAEL ZAGATTI

O wakeboard está cada vez mais presente no Brasil, prin-cipalmente, entre os jovens. A modalidade é uma espécie de esquiaquático, na qual os praticantes sobem em uma prancha e são puxados por uma lancha preso a um cabo, enquanto realizam manobras. A região de Campinas já tem dois lugares destinados à prá-tica do esporte. Pág. 8

Sandra Sahd explica trabalho

de ONG que previne drogas

Da falta de diálogo ao caos na Rodovia d. Pedro

Congestionamento na rodovia prejudica alunos da PUC-Campinas e da Unicamp, além de atrapalhar funcionários e pacientes do Hospital Madre Theodora

Em entrevista ao Saiba+, a idealizadora da ONG “Embai-xadores da Prevenção”, San-dra Maria Sahd, explica que o objetivo é formar uma nova geração de pessoas que, por meio de escolhas e hábitos sau-dáveis, transformem o mundo em um lugar melhor. A ONG atua voluntariamente em es-colas na formação de jovens e crianças. Pág. 7 Jaguariúna tem um dos polos de wake

O fechamento da Rua Sérgio Carnielli, até então o principal acesso ao Parque das Universi-dades pela Rodovia D. Pedro I, trouxe difi culdades para alunos da PUC-Campinas e da Unicamp. Além disso, pacientes do Hospi-

tal Madre Theodora também so-frem com o fechamento.

A concessionária Rota das Bandeiras, responsável pelas obras, alegou que, antes das al-terações, foram feitas discussões envolvendo representantes da

empresa, do Poder Público mu-nicipal, das universidades e do hospital. Entretando, as universi-dades afi rmaram que não houve discussão e sim um comunicado sobre a decisão da concessioná-ria. Segundo a Rota das Bandei-

ras, a readequação do acesso é uma questão de segurança viária.

A PUC-Campinas está em contato com a Prefeitura para o início das obras de uma rota al-ternativa, mas não há prazo para início das obras. Págs. 4 e 5

20 de abril a 05 de maio de 2013 2

Jornal laboratório produzido por alunos da Faculdade de Jornalismo da PUC--Campinas. Centro de Comunicação e Linguagem (CLC): Diretor: Rogério E. R. Bazi; Diretora-Adjunta: Profa. Maura Padula; Diretor da Faculdade: Prof. Lindol-fo Alexandre de Souza. Tiragem: 2.000. Impressão: RAC.

Editor-chefe e professor responsável: Prof. Fabiano Ormaneze (Mtb 48.375)Capa: Mayra BissoDiagramação: Armando Sagula Neto, Vinícius PurgatoEndereço: CLC - Campus I - Rod. D. Pedro, Km 136 Cep: 13086-900

Jornal laboratório produzido por alunos da Faculdade de Jornalismo da PUC-

CARTA AO LEITOR

CRÔNICA

Defi na-se ou te devoro

Maioridade penal é tema de debate na PUC

NotasTHATYANE PEREIRA

LabJor abre inscrições paraespecialização

Bienal itinerante expõe no Sesc-Campinas

Documentário é exibido no Museu do FutebolNo dia 27 de abril foi exibido no Museu do Futebol, em São Paulo, ins-

tituição da Secretaria de Estado da Cultura, o documentário “Pacaembu: O Gigante Sem Dono”. O curta-metragem foi produzido por três ex-alunos da PUC-Campinas, formados no ano passado no curso de Jornalismo. A exibi-ção do documentário fez parte da comemoração do 73º aniversário do Está-dio. O vídeo produzido por Pedro Maués, Vinícius Conde e Plácido Berci foi um projeto experimental, orientado pelo professor Amarildo Carnicel.

O Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (LabJor) da Universidade Estadual de Cam-pinas está com inscrições abertas, até o dia 31 de maio, para a edição 2013 do curso de especialização em Jornalismo Científi co. A seleção se dirige a pessoas que já tenham um curso de graduação concluído. O curso começa em agosto. Na sele-ção, são avaliados o currículo, um texto do candidato sobre “o papel da comunicação cientifi ca numa so-ciedade democrática” e profi ciência em inglês. O curso é oferecido des-de 1999 e já formou quase 300 es-pecialistas. O LabJor mantém tam-bém um programa de mestrado em Divulgação Científi ca e Cultural.

Professora do CLC assume cadeira na

AclaA professora Cleuza Gime-

nez Cesca, docente do curso de Relações Públicas, do Centro de Linguagem e Comunicação da PUC-Campinas, tomou posse na Academia Campineira de Letras e Artes (Acla), que reúne escritores, artistas e intelectuais.

Cleuza assumiu a cadeira núme-ro 20, cujo patrono é o poeta Au-gusto dos Anjos. A professora da PUC-Campinas é uma das princi-pais referências na áera de Relações Públicas no Brasil, com livros que já estão na décima edição e abor-dam temas como a organização de eventos e a comunicação escrita nas empresas. Cleuza obteve a una-nimidade de votos.

A Faculdade de Serviço Social da PUC-Campinas realiza no dia 6 de maio, das 19h20 às 22h35, na Sala 702 do CCHSA, mesa-redonda sobre a redu-ção da maioridade penal. Participarão do evento o procurador da República no Município de Campinas Edilson Vitorelli Diniz Lima; a representante do Conselho Tutelar da cidade e especialista em Direito Constitucional Lucia Helena Octaviano; a advogada e professora na Faculdade de Serviço Social Maria Conceição Amgarten e a assistente social e professora na Faculdade de Serviço Social Edna Maria Goulart Joazeiro. A participação é aberta a todos os interessados.

Uma parte da 30ª edição da Bienal de São Paulo vai estar em exposição gratuitamente do dia 19 de abril até 30 de junho no Sesc-Campinas. De segunda a sexta, a exposição pode ser visitada das 7h às 22h. Aos sábados, domingos e feriados, das 9h30 às 18h. O tema Iminência Poética terá 270 trabalhos, de 36 artistas selecionados pelo curador da Bienal, Luis Pérez--Oramas, pelos curadores associados, André Severo e Tobi Maier, e pela curadora assistente Isabela Villanue-va. Destaques para as os artistas bra-sileiros Thiago Rocha Pitta (Brasil), que realizou sua criação a partir de terra e cimento especialmente para a

GABRIELA SALCEDO

Ela fumava um cigarro, devagari-nho. Ele não fuma, mas sempre que ela estava lá, acompanhava-a no hábito. Fumava qualquer coisa, qualquer cigar-ro que aparecia, menos os dela, porque não gostava dos cigarros industrializa-dos. Naquele dia, não tinha nenhum em sua casa, de palha, charuto, ou coisa que o valha. Pegou o que achou, o dela: Marlboro Light.

Acendeu, botou na boca e, antes mesmo da primeira tragada, falou:

- O que eu não gosto é de falta de coerência.

É claro que essa não foi a única frase pronunciada por ele naquele mo-mento. Havia um contexto, um antes e um depois, mas isso foi o que fi cou gravado. Ela nunca mais voltou lá.

De vez em quando uma ou outra pessoa perguntava: E você e ele?

E ela ouvia: Ser ou não ser?Não respondia, estava cansada.

Cansou-se sem saber exatamente o motivo de sua exaustão. Um cansaço que doía o estômago e invadia a mente. O percurso de seu cansaço foi traçado pouco a pouco.

Ela lia Marx, Althusser, Chomsky, Dostoiévski e Leminski. Fora de casa, a leitura era feita pelo seu Ipad. Logo acusaram incoerência:

-Mas se diz tão de esquerda, diziam.

Foi quando lhe doeu o estômago.Um tempo depois, a dor migrou

para o esôfago. Ela namora meninos, mas de vez em quando gosta de sair com qualquer uma. E diziam:

- Que sexo tem?Uns dias atrás, a dor atingiu seu li-

mite, não adiantaria tomar analgésicos. Ela, que sempre puxava Nelson Cava-quinho, Noel Rosa e Cartola na roda de samba, cantarolou um Molejão. E diziam:

- Que subcultura!A frase ecoou no seu ouvido, tiro

certo na cabeça, doeu sua mente e já de saco-cheio se deu conta do porquê dei-xou de se encontrar com o fumante es-porádico. Foi assim, ressoando: ser ou não ser, ser ou não ser, ser ou não ser...

Mas que merda de Shakespeare! Questionamento popular descombina-do do processo de indagação e, desde então, tudo tem que ser classifi cado en-tre o sim e o não. Sua dor, então, saiu da mente e explodiu pela boca:

- E quem foi que disse que quan-do você é uma coisa deixa automatica-mente de ser o seu oposto!

Parou de frequentar as rodas de samba. Agora tocava seu violão desa-fi nado e cantava errado em qualquer rodinha que aparecia, ironizando com um quase Cazuza:

- Dicotomia, eu quero uma pra vi-ver!

FOTO: DIVULGAÇÃO

Jornalismo e serviço públicoMAYRA BISSO

Bienal. Na parte externa do edifício, estarão fi xados os cartazes de Apó-crifo, de Alexandre Navarro Moreira (Brasil), e a instalação hidráulica de Nydia Negromonte (Brasil). Mais informações: 3737-1515 ou no site www.sescsp.org.br/campinas/

ERRAMOS: na edição 106 do Saiba+, os nomes de duas entrevistadas foram grafados incorretamente na reportagem “Recém-formados vi-ram empreendedores” (p. 6). As entrevistadas foram a professora Ciça Toledo e assessora de imprensa Luciana Barros.

O jornalista deve sempre se preocu-par em produzir reportagens pensando no seu público. Pensando nisso, a re-portagem de capa desta edição aborda os transtornos que o fechamento do principal acesso ao Parque das Univer-sidades, para quem vem da Rodovia D. Pedro I, causou. Isso traz à tona o questionamento sobre as prioridades do governo estadual que, por meio da Secretaria de Transportes, precisa au-torizar obras desse tipo. Ele está mais preocupado em melhorar a vida da po-pulação, principalmente a mais desfa-vorecida, ou apenas em fazer reformas para “mostrar trabalho”?

O fechamento da Rua Sérgio Carnielli afetou a rotina da classe privilegiada, daquelas pessoas que tem seu próprio carro, e que ago-ra precisam sair de casa um pouco mais cedo. Entretanto, os mais pre-judicados foram aqueles que depen-dem do transporte público. Além do congestionamento, os ônibus foram obrigados a mudar seus itinerários e, consequentemente, não param mais nos mesmos pontos que cos-tumavam parar. Isso faz com que os usuários tenham que caminhar muito mais para chegar ao destino desejado, e passar por ruas desertas e mal ilumi-nadas. Como se não bastasse, os mo-radores da região também sentem os prejuízos da mudança, pois para sair

e chegar em casa demoram muito mais por conta do trânsito.

Leia também nesta edição a história de Claudenir de Souza, uma domésti-ca que ganhou o primeiro lugar na categoria ensaio do Prêmio “Mulhe-res Negras Contam Sua História”, do Governo Federal. Uma guerreira formada em Filosofia e estudante de Letras da PUC-Campinas. Apesar de estar na segunda faculdade, continua trabalhando como doméstica, pois, segundo ela, não estudou para enri-quecer e deixar trabalhar no ramo, em que está há 30 anos. Estudou por-que acredita que o conhecimento liberta. Além disso, o assunto está alinhado com a PEC das domésti-cas e ela toma a voz da categoria, tanto por ser uma delas, quanto por ser sindicalista.

A reportagem sobre a alfabetização dos idosos aborda como pessoas da 3ª idade têm força de vontade para apren-der a ler e escrever.

Mesmo atingindo uma idade avançada e com menos tempo de le-tramento do que de analfabetismo, fi nalmente conseguirão se aponderar de sua própria história. Devem ser considerados vitoriosos pela sede de aprender, assim como os professores que não só ensinam a ler e escrever, mas também equalizam a possibilidade do saber.

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Jornalismo e serviço públicoDoméstica vence concurso nacional de ensaios

Claudenir de Souza levou o prêmio “Mulheres negras contam sua história”

GABRIELA SLACEDO

A bacharel em Filosofi a e estudante de Letras da Ponti-fícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas) Claudenir de Souza gosta de escrever pelos cafés e pada-rias da região central da cida-de. Chega por volta das 6h da manhã, toma uns quatro, cinco cafés, até a hora de ir trabalhar, às 7h30, como empregada do-méstica numa casa no bairro Nova Campinas. Se está preci-sando entregar um de seus tex-tos, nem sono sente, escreve até de noite.

“Não gosto de escrever muito em casa. Quando o café do [supermercado] Pão de Açúcar era 24h, eu virava a noite lá.” Foi em três viradas,

sentada em uma das mesinhas do supermercado, que Claude-nir corrigiu o texto vencedor do Prêmio “Mulheres Negras Contam Sua História.” No concurso, promovido pela Secretaria de Políticas para as Mulheres, do Governo Fe-deral, seriam premiados dois trabalhos, um na categoria re-dação, outro em ensaio, e os vencedores devem ir a Brasília para receber o prêmio de R$ 10 mil.

Claudinha, como é chama-da pelos amigos, ganhou em primeiro lugar na categoria en-saio. Ela escreveu 37 páginas, divididas em três capítulos, sobre o trabalho doméstico no País. “Eu achava que não ia passar, é muito crítico”, conta.

No texto, por meio de uma

análise histórica, há uma co-nexão do trabalho doméstico com a servidão escravocrata e a mulher. Ela conta que, de 8 milhões de trabalhadores domésticos no Brasil, 70% são negros e apenas 6% são homens e eles ainda são mais bem remunerados.

“Se alguém falar do traba-lho doméstico no Brasil e não falar da escravidão, não beber dessa fonte, está cometendo um crime histórico”, afi rma.

Segundo Claudenir, há 468 anos começou o trabalho do-méstico no País, com a chegada dos negros. Destes, 343 anos foram de trabalho escravo e 48 anos de trabalho por comida, sem direito algum, já que, de-pois da abolição, as escravas voltaram às casas de suas se-

nhoras para fugir da fome. E, por fi m, 77 anos de luta por direito e respeito à vida, con-quistados com a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 478, que fi cou conhecida como a PEC das domésticas. Pela nova legislação, os traba-lhadores domésticos passam a ter todos os direitos de outros profi ssionais contratados pelo regime da Consolidação das Leis de Trabalho (CLT), como o direito ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).

Claudinha tem 44 anos de idade, 30 de doméstica e nove de luta pelos seus direi-tos, quando se sindicalizou. Considera a PEC uma espécie de libertação, um desvínculo do trabalho doméstico com o trabalho servil. “Só quem está vivendo essa realidade sente como é. Dentro do ônibus, eu e outras domésticas rimos, olhamos uma para outra e ri-mos. Agora a gente é gente!”

Aos 14 anos, Claudenir perdeu a mãe e ela foi traba-lhar em uma fazenda na sua cidade natal, Santa Fé do Sul, onde aprendeu a fazer o traba-lho doméstico. Aos 17, um ir-mão a chamou para Campinas. “Todo mundo acha que na ci-dade grande vai ter emprego, vai melhorar.”

Mas, na cidade grande, ela continuou trabalhando como doméstica, fi cou 17 anos em uma casa que tinha um trato, a pedido dela, com os patrões: eles deviam corrigi-la quando cometesse erros de gramática durante a fala. Também vol-tou a estudar. “Eu era muito curiosa, queria saber de tudo e queria falar certo. Tinha muito

vício de linguagem, nós vai, nós fi ca...”

Ela já estava formada no Ensino Fundamental quando o patrão morreu. A patroa, para manter a renda, começou a alugar quartos da casa para estudantes universitários de “todo que é canto do mundo”. “Foi quando eu entrei em con-tato com esse pessoal e pensei: quer saber, vou prestar vesti-bular!”.

Claudinha entrou em Fi-losofi a em 1994 e se formou em 1999. Em 2006, prestou vestibular de novo, com um objetivo certo: continuar es-crevendo. “Não estudei para enriquecer e deixar de ser do-méstica. Estudei porque sou faminta de conhecimento. O conhecimento liberta!”, conta, meio gritando, num dos tantos cafés que se tornaram escritó-rio para ela.

Não estudei para enriquecer e

deixar de ser doméstica.

Estudei porque sou faminta de conhecimento.

O conhecimento liberta!

-Claudenir de Souzaempregada doméstica

Jornada de Jornalismo discute cobertura internacionalAlunos e comunidade poderão assistir a palestras de jornalistas brasileiros e estrangeiros

MAYRA BISSO

A Faculdade de Jornalis-mo da PUC-Campinas realiza a Jornada de Jornalismo nos próximos dias 7 e 8 de maio. O tema deste ano é “Corres-pondentes internacionais: a re-portagem sem fronteiras”.

Segundo o diretor do cur-so, Lindolfo Alexandre de Souza, as palestras estão aber-tas não só para os alunos, mas também para qualquer pessoa da comunidade, basta compa-recer ao Auditório Dom Gil-berto ou à sala 800, conforme a programação.

Souza considera muito importante os alunos parti-ciparem. “Primeiro porque é possível entrar em contato com profi ssionais que estão no mercado de trabalho e que têm experiências que podem complementar a formação do

aluno. O segundo aspecto é o fato de que o aluno tem opor-tunidade de estabelecer rela-ções e entrevistar alguém que tem uma história importante. A partir da experiência dessas pessoas, o aluno pode rever e reconstruir sua história”, ex-plica.

A jornada, para o diretor,

é uma oportunidade para que o aluno tenha uma formação mais completa. Para Souza, “não é só a sala de aula que forma um bom jornalista”.

A programação da jornada foi organizada pelos professo-res que fazem parte do Conse-lho da Faculdade: Arlindo Fer-reira Gonçalves Júnior, Ciça

Toledo, Fabiano Ormaneze e Luiz Roberto Saviani Rey. No dia 7, para abrir a programa-ção, os alunos vão assistir à palestra de Luiz Carlos Aze-nha, das 8h30 às 11h30, no Auditório Dom Gilberto. Aze-nha foi correspondente da TV Globo em Nova York. No mes-mo dia, à noite, das 19h30 às

22h30, no Auditório Dom Gil-berto, Kléster Cavalcanti, pre-so na Síria quando foi cobrir a guerra em 2012. A palestra de Kléster completa também um trabalho que está sendo desenvolvido na disciplina de Jornalismo Literário, cujos alu-nos estão lendo o livro “Dias de Inferno na Síria” (Editora Benvirá).

Na manhã do dia 8, Lucia-na Xavier-Vasconcellos, que foi correspondente em Nova York pela Agência Estado, con-versa com os alunos. A jorna-da se encerra na noite do dia 8 com a palestra de Natália Ramos Miranda, na sala 800. A chilena Natália foi contra-tada pela agência de notícias francesa France Press, como correspondente internacional. Há um ano mora no Brasil e continua trabalhando como correspondente.

Claudenir de Souza, de 44 anos, costuma escrever em cafés pelo centro de Campinas

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Obras prometem melhorias, mas...

Emdec e universidades negam debate e consulta prévia

CAMILA GODOYRODRIGO OLIVEIRA

Um casal, com a mulher prestes a dar à luz, teve de atra-vessar o bloqueio das ruas para chegar a tempo no Hospital Madre Theodora, como relata a assessoria de imprensa. Tha-tyane Pereira tinha de apresen-tar um trabalho no primeiro horário de aula na Pontifícia Universidade Católica de Cam-pinas (PUC-Campinas) e, mes-mo saindo de casa meia hora antes, para conseguir estar na sala de aula no horário, trafe-gou pelo acostamento. Acabou chegando a tempo, mas levou para casa uma multa de R$ 584,00, além de sete pontos na carteira de motorista.

Essas duas histórias são exemplos do transtorno e dos problemas causados pelo fe-chamento da Rua Sérgio Car-nielli, até então o principal acesso ao Parque das Univer-sidades. O acesso à via foi fe-chado pela primeira vez no dia 18 de fevereiro, uma segunda--feira, e permaneceu fechado durante o resto daquela sema-na. Na segunda-feira seguinte, no dia 25, data que também iniciou o semestre letivo na PUC-Campinas, o acesso foi reaberto por meio de um man-dado do Tribunal de Justiça de São Paulo. Mas estava errado quem pensava que essa histó-ria havia acabado, pois a pró-pria Justiça, na mesma semana, permitiu o fechamento da rua, sendo executado no dia 4 de março.

O transtorno foi aumen-tando conforme precisaram ser feitas alterações nos itine-rários de ônibus e também de acordo com o retorno às aulas. Nas primeiras semanas, o mo-vimento ainda era pequeno, pois nem todos os alunos ha-viam retornado. O transporte público fi cou mais difícil. Além do congestionamento, quem vai de ônibus para o Hospital agora precisa andar pelo bair-ro. Antes, o ponto fi cava em frente ao Madre Theodora. Hoje, fi ca na Avenida paralela.

Até chegar ao hospital, os usuários do transporte público precisam passar por ruas com pouca iluminação e com terre-nos baldios, o que faz aumen-tar a insegurança.

O fechamento da Rua Sér-gio Carnielli levou milhares de pessoas a terem que usar, diariamente, a tumultuada Rua Hermantino Coelho, no Man-sões Santo Antônio.

Os moradores dessa região também se sentem prejudica-dos. Marina Benatti, moradora da via e estudante da PUC--Campinas, diz que o fecha-

FOTO: THATYANA PEREIRA

Obras para a criação de marginal na D. Pedro, próximo ao km 136: sem previsão para acabar

mento do acesso a prejudicou, pois é obrigada a utilizar, tanto na ida quando na volta, as ruas próximas a Hermantino Coe-lho e Adelino Martins. “Essas ruas já eram de difícil tráfego, porém, após o fechamento, fi cou ainda pior, pois quem utilizava a rodovia Dom Pedro I passou a se direcionar justa-mente a esse bairro, interditan-do o acesso e tornando o ca-minho quase impossível”, frisa. Marina diz ainda que a alterna-tiva é a ponte que liga a saída da Dom Pedro I, próxima ao shopping, sentido Universida-de Estadual de Campinas (Uni-

camp), para só então desviar para a PUC. Os moradores reclamam também da falta de reparos na rua. Buracos, por exemplo, são uma constante

para quem circula pela Her-mantino.

SOLUÇÕES

De acordo com a Empresa Municipal de Desenvolvimen-to de Campinas (Emdec), não há projetos para melhoria no tráfego no Mansões Santo An-tônio em curto prazo. “Os se-máforos só são instalados num local em último caso. Como a região tem picos de fl uxo entre 7h e 8h30 e no fi nal da tarde, ela não atende os requisitos para que seja instalado um se-máforo ali”, afi rma em nota a

assessoria do órgão. Os moradores da Rua Her-

mantino Coelho protocolaram pedidos na Emdec solicitando a proibição do estacionamento de carros na rua. Atualmente, só é permitido parar do lado esquerdo, mas, mesmo com a proibição, é comum ver carros estacionados dos dois lados.

A Emdec informou que faz fi scalização no local e que, nos últimos três meses, foram apli-cadas 38 multas na rua. No ano de 2012 foram 182 multas.

Em 2009, foi feito um pro-longamento da Guilherme Campos, ligando o Shopping D. Pedro à Unicamp, para ajudar a desafogar o trânsito na chegada às universidades. Com a decisão da Rota das Bandeiras, o que era alternati-va até pouco tempo, tornou-se uma das poucas vias de acesso. “Esse trânsito está absur-do. Infelizmente, eu preciso sair sempre nos horários de pico, ao meio-dia e às seis da tarde. Está um infer-no. Tenho que sair meia hora mais cedo de casa para poder chegar no horário pontual à faculdade”, disse Itayana Ci-pro, estudante de Medicina da Unicamp.

O universitário de Educa-ção Física Guilherme Santos também precisa sair pelo me-nos meia hora antes para che-gar no horário, enfrenta muito trânsito, e reclama, principal-mente, da forma como as de-cisões foram tomadas. “Estou sendo muito prejudicado. Isso não poderia ter acontecido. Esse bloqueio está me compli-

Essas ruas já eram de difícil tráfego, porém após o fechamento

fi cou ainda pior.

- Hospital Madre Theodora

Estamos tendo muito atraso de funcionários, que não tinham

esse histórico antes.

- Marina Benatti, estudante

Esse bloqueio está me complicando, faltou ouvir a opinião das pessoas e não só das empresas.

- Guilherme Santos, estudante

Rota das Bandeiras afi rma que houve discussão

20 de abril a 05 de maio de 20135

Emdec e universidades negam debate e consulta préviaFOTOS: RODRIGO OLIVEIRA

Nos horários de pico, de manhã e à noite, o trânsito atrasa o trajeto em pelo menos 30 minutos

cando, faltou ouvir a opinião das pessoas e não só das em-presas”, diz.

DISCUSSÃO JUDICIAL

A Prefeitura Municipal de Campinas também entrou na discussão sobre o fechamento da via e entrou com mais um pedido de reabertura, em mea-dos de março, mas ele também foi negado pela Justiça, no en-tanto não se trata de uma deci-são fi nal.

A PUC-Campinas entrou com recurso para recorrer da decisão do Tribunal de Justiça e aguarda o julgamento. De acordo com a assessoria de imprensa da universidade, o campus 1, localizado no Par-que das Universidade, recebe, diariamente, cerca de 4 mil veí-culos e 18 mil estudantes, além de professores e funcionários. Além disso, a universidade está em contato com a Prefeitura para o início das obras de uma rota alternativa, prolongando a Avenida Guilherme Campos. Mas não há prazo estabelecido para início das obras. Isso por-que a infraestrutura que será custeada pela PUC-Campinas depende da doação da área pertencente à Unicamp e da desapropriação de trechos, que deverá ser realizada pela Pre-feitura de Campinas, além dos trâmites administrativos.

A rota alternativa permitirá o acesso dos motoristas à Uni-versidade pelo portão 3 (loca-lizado ao lado do auditório D. Gilberto), dividindo o fl uxo de veículos e reduzindo a possi-bilidade de congestionamento. A assessoria de imprensa Uni-camp não quis se pronunciar sobre os procedimentos.

ATRASOS

Já a assessoria do Hospi-tal Madre Theodora afi rma que houve comunicação com os pacientes, assim que o Hospi-tal recebeu a confi rmação sobre o fechamento do acesso, dispo-nibilizando informativos com as alterações de trajeto e também tomando medidas em conjun-to com a PUC e com a Uni-camp. “Estamos tendo muito atraso de funcionários, que não tinham esse histórico an-tes. Por consequência disso, alguns setores podem ter so-brecarga de atendimento. As ambulâncias têm difi culdade de chegar até o hospital”, de-clarou a assessora de imprensa do Hospital, Laila Damasceno.

A Rota das Bandeiras es-clareceu que a readequação do acesso da rodovia D. Pedro I ao bairro Parque das Univer-sidades é, prioritariamente, uma questão de segurança vi-ária identifi cada antes mesmo da assinatura do contrato de concessão do Corredor Dom Pedro, que resultou em um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) fi rmado com o

...por enquanto só caos na D. Pedro

Ministério Público do Estado de São Paulo. Em nota enviada à redação do Saiba+, a conces-sionária afi rma que o “fecha-mento do acesso, portanto, cumpre uma determinação da Justiça, além de ser necessário para a execução das obras das marginais da rodovia”.

A concessionária informa ainda que, antes das altera-ções, foram feitas discussões

sobre o fechamento do aces-so, envolvendo representantes da própria empresa, do Poder Público municipal, da PUC--Campinas, da Unicamp e do Hospital Madre Theodora. Em nota, no entanto, as uni-versidades afi rmam que não houve discussão, mas apenas que, dias antes do fechamento, foram comunicadas da decisão da concessionária.

Área da D. Pedro com alterações é local de entrocamento de rodovias e saídas importantes

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FRANCELA PINHEIRO

Apesar da universalização do ensino para crianças e jo-vens, na outra ponta, o País tem 37,98% de idosos, pessoas com mais de 65 anos, que nun-ca entraram em contato com as letras. Entre as mulheres, a estatística é ainda pior: 40,28% delas, nessa faixa etária, são analfabetas. Esses números são maiores do que a média nacional, que envolve todas as idades, já que, atualmente, no Brasil, ¼ da população é anal-fabeta.

A aposentada Adélia Ru-fi no, de 88 anos, frequenta aulas de alfabetização no Lar dos Velhinhos, em Campinas. Nunca tinha frequentado uma escola. O pouco que sabe, que se restringe a escrever o nome, aprendeu sozinha, juntando as letras. Agora, considera que está dando um grande passo. “O estudo é uma coisa muito boa no mundo. Eu comparo que, para muita coisa no mun-do, eu sou cega. Eu não sabia ler, não sabia nada. Quem não sabe ler é cego”, considera.

Adélia frequenta as aulas da professora voluntária Lu-cia Barella. Para ela, alfabetizar adultos da terceira idade é ensi-nar pessoas que têm muitas ex-periências, muitas histórias de vida e não conhecem o prazer que o saber ler e escrever po-dem proporcionar ao ser hu-mano. “Procuro mostrar a eles o que ainda não sabem, levar a esses idosos o que ainda não conhecem. São pessoas que poderiam não querer aprender e estão aqui, são admiráveis”, afi rma.

Para a psicopedagoga e mestre em educação Anna Paula Praxedes, o desafi o maior da alfabetização de ido-

FOTOS: FRANCELA PINHERO

José Willian aprende a ler: “sem isso, eu era uma pessoa nula”

sos é estimulá-los a procurar as aulas. “O desenvolvimen-to do cérebro de um adulto é outro, se comparado ao de uma criança. Por isso, apesar do processo continuar, a mo-tivação e o estímulo são muito importantes”, enfatiza. Para a pedagoga, o apoio da família e do educador são primordiais no processo. “O idoso carrega uma história de vida. Por isso, é importante trabalhar esse lado emocional. Ele vai ter que aprender a ir para escola, entre outras difi culdades e, por isso, o idoso precisa de apoio”.

De acordo com a pedagoga e doutora em educação da Pon-tifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas) Dora Megid, aprender não tem limite, mas o desafi o é o méto-do com que se aprende. “Uma pessoa com 60 anos ou mais tem vivências com letras que são levadas para a sala de aula. Voltado para essas experiên-cias, o professor vai alfabetizar. Então, a intenção é diferente”, ressalta. De acordo com Dora, a maior difi culdade enfrentada pelos idosos analfabetos até chegar às salas de aulas talvez sejam as experiências amar-gas que a maioria carrega pela ausência da alfabetização. “O autopreconceito desestimula. A maioria considera que não é capaz, mas, mostrando essas experiências, o professor leva a eles evidências de que podem conseguir”, destaca.

Outra idosa que está co-nhecendo as letras é Maria Pe-rez, de 79 anos, também mo-radora do Lar dos Velhinhos. “Já li todos os exemplares emprestados pela biblioteca. Estou relendo, é muito bom, a gente viaja”. Já para o aposen-tado José Willian, de 81 anos, vítima de uma dislexia na ter-

Alfabetização de idosos é desafi o para o BrasilPaís tem 37,98% de pessoas com mais de 65 anos que são analfabetas;

mulheres são as mais atingidasceira idade, sem a leitura e sem a oportunidade do saber, ele seria uma “pessoa nula”. Os planos de aprendizado para esse idoso que já aprendeu a usar o computador e a inter-net são muitos. “Já que eu não posso viajar, quero montar um site para falar de educação li-gada ao conhecimento geral”, afi rma.

Para Dora, como todo de-safi o exige determinação, a redução do analfabetismo no Brasil requer investimento não só em programas de educação para jovens e adultos, como também em ações sociais de mudanças para que essa parte da população tenha o acesso a oportunidades de aprender ler e escrever. “A educação no Brasil, nesse aspecto, tem mui-to a caminhar, apesar dos pro-gramas já existentes”, explica a professora Dora.

A importância em investir em programas de educação para idosos também se expli-ca pela pirâmide demográfi -ca brasileira. Durante muito tempo, o Brasil foi um país de jovens. Num contexto de 16 idosos para 100 crianças em 1980, dados do Instituto Bra-sileiro de Geografi a e Estatís-tica (IBGE), as preocupações sociais estavam voltadas mais para os jovens e crianças, do que para os adultos, principal-mente, da terceira idade. No entanto, essa realidade sofre mudanças e a população mais velha aumenta num ritmo in-tenso. Hoje, vive-se mais e a taxa de fecundidade diminuiu, o que pode levar o País a ul-trapassar os 30 milhões de ido-sos nos próximos 20 anos, de acordo com levantamentos de especialistas da Universidade Estadual de Campinas (Uni-camp).

Método Paulo Freire completa 50 anosA maioria dos programas

de alfabetização de idosos uti-liza um método que está com-pletando, em 2013, 50 anos de criação. Em 1963, o educador Paulo Freire alfabetizou um grande número de trabalha-dores rurais, em Pernambuco, a partir das vivências que cada um trazia para a sala de aula.

Divididos em três etapas, o método Paulo Freire, pri-meiramente, busca palavras e temas da vivência do adulto que constituem seu vocabu-

lário. Em seguida, as palavras são codifi cadas e decodifi cadas para traçar o signifi cado social que elas têm para o adulto e, por fi m, trazer até ele a cons-ciência do mundo vivido por meio da leitura e da escrita.

Natural de Recife, Freire ganhou 41 títulos de doutor honoris causa de universidades como Harvard, Cambridge e Oxford. Ele morreu em maio de 1997 e, no ano passado, foi declarado patrono da educação brasileira.

A corrida pela saúde na terceira idadePreparador físico e atletas dão dicas de como manter a forma após os 60 anos

CAMILA LOPES

Correr quase todos os dias já virou rotina para José Ribei-ro de Souza, de 61 anos. Prati-cante de corridas de rua há cer-ca de 15 anos, o atleta amador afi rma que praticar exercício físico só trouxe melhorias para seu corpo e aumentou sua qua-lidade de vida.

“Até meus 49 anos, eu fu-mava e bebia, não tinha uma vida saudável. Aí, um dia, eu estava trabalhando e precisava levar uma chave para um colega do trabalho, mas resolvi que não ia de ônibus e fui correndo até lá, cerca de cinco quilômetros. Daí em diante, não parei mais de correr”, afi rma. O atleta

amador diz que correr é mais um incentivo para cuidar me-lhor da saúde.

O preparador físico Edu-ardo Caldeira afi rma que os benefícios de praticar corridas são muitos: melhora no cardior-respiratório, na articulação dos músculos e diminui o risco de algumas doenças como o infar-to. Além dos benefícios no cor-po, praticar exercício aumenta a autoestima, o que leva a pessoa a treinar com maior frequência, se dedicando mais ao esporte e apresentando uma melhora na saúde e na qualidade de vida.

As corridas de rua são de-fi nidas como provas de pe-destrianismo pela Federação Internacional das Associações

de Atletismo (IAAF) e são disputadas em circuitos de rua (ruas, avenidas e estradas) com distâncias ofi ciais que variam de 5 km a 100 km.

Já o casal de aposentados Alayde e Orlando Olsen afi rma caminhar todos os dias, logo de manhã. “Saímos de casa bem cedo e caminhamos por volta de 30 minutos. Andamos dia-riamente cerca de dois quilôme-tros”, diz ela, de 70 anos.

O hábito de caminhar já dura dois anos. O que motivou o casal a caminhar foi a vonta-de e a necessidade de se manter saudável. “Como já estamos na terceira idade, começamos a caminhar porque faz bem para a saúde e para o corpo. Além

disso, dá mais disposição para fazer as coisas do dia depois”, diz ele.

Além de manter a rotina de treino de quatro vezes por semana, Ribeiro de Souza asse-gura que o alongamento antes e depois do fi m dos exercícios é importantíssimo. “No dia em que corro, meia hora antes do início da corrida, já inicio o alon-gamento e o aquecimento dos músculos para melhor aprovei-tamento durante a prova. De-pois da chegada, o atleta deve se alongar novamente para os músculos do corpo relaxarem, para não dar câimbra e dores. Além disso, é fundamental be-ber água e comer frutas para se hidratar”, afi rma.

Para quem deseja começar a prática de corridas de rua, Caldeira diz que é necessário, primeiramente, procurar um médico e realizar alguns exa-mes, como eletrocardiograma e teste de esforço físico e, após o aval do médico, um profi ssio-nal da área de educação física é quem deve ser procurado.

Ainda de acordo com o pre-parador, a prática de exercícios físicos, como a corrida de rua ou a caminhada, deve ser feita de forma contínua. “Tudo no esporte vem em longo prazo. À medida que se praticam os exercícios, tudo vai melhoran-do aos poucos”, diz. “A cami-nhada faz bem. Ficar parado não dá”, fi naliza Olsen.

20 de abril a 05 de maio de 20137

Sandra Maria Sahd, de 38 anos, é formada em Educação Física e tem pós-graduação em fi nanças. Apesar dessa formação universitária, ela seguiu outro caminho, bem diferente. Hoje, ela apresenta um programa na Rede Século 21 e está à frente de uma organização não governamental (ONG), a “Embaixadores da Prevenção”, cujo objetivo é difundir virtudes e valores e, com isso, diminuir o envolvimento de crianças e adolescentes com

drogas. “A dependência química é um problema multifatorial que envolve o emocional, cognitivo, espiritual e biológico do ser humano”, diz. Inspirada pelo trabalho do padre Haroldo Rahm, um dos principais nomes do País no combate a drogas, ela desenvolveu uma metodologia de trabalho para escolas e comunidades. Confi ra a entrevista ao Saiba+:

Saiba+: Como surgiu a ideia de fundar a ONG Embaixadores da Preven-ção?

Sandra Sahd: Brinco que “estou nas drogas” há 38 anos. Não porque tenha experimentado, mas porque, desde quando nasci, vivo ao lado de padre Haroldo Rahm, o maior especialista no Brasil em relação a dro-gas e recuperação de depen-dentes. Foi a convivência com ele nesses anos, uma década trabalhando com de-pendentes de drogas e anos apresentando um programa de TV (In-dependente, na Rede Século 21) que me fez ter a certeza de que preci-sava fazer algo antes de o problema se instalar no ser humano. Quando meus dois fi lhos nasceram, o Lucas e a Gabriela, com 7 e 3 anos, essa ideia de fazer algo de maneira preventiva apenas aumentou. Em 2011, decidi que não dava mais pra espe-rar e, dai então, surge o Em-baixadores da Prevenção.

Como você conheceu o padre Haroldo?

Minha mãe foi a primei-ra pessoa que ele conheceu quando chegou no Brasil, em 1964. Os dois e mais um grupo de amigos fundaram a instituição Padre Harol-do e todos os projetos que lá se desenvolvem até hoje. Conheço o padre Haroldo desde pequena e, confesso, foi um grande presente que a vida preparou para mim. Ele é o máximo! Imagina uma pessoa que te inspi-ra a todo momento, aque-la que quer e consegue transformar a sociedade. Aquela pessoa que, a tro-co de nada, te faz enten-der os mistérios da vida e perceber que viver para ajudar o próximo é a gran-de virtude da humanidade.

Qual é o principal ob-jetivo da ONG?

O objetivo do Embaixa-dores da Prevenção é for-mar uma nova geração de pessoas que, por meio de escolhas e hábitos saudáveis, transforme o mundo em um lugar melhor. E, para for-

marmos essa nova geração, estimulamos as virtudes das pessoas, que é o contrário da palavra vício, no sentido mais amplo dessa palavra e não apenas vício das drogas.

Na sua opinião, quais as principais razões que levam à dependência quí-mica e às drogas?

A dependência química é um problema multifatorial que envolve o emocional, cognitivo, espiritual e bio-lógico do ser humano. São vários os fatores que levam o ser humano a fazer uso de drogas e dizer apenas alguns motivos, aqui, seria simplista. Nossa educação, o modelo familiar e socieda-de mudaram muito e, com isso, muitos problemas se alastraram. A dependência química foi um deles.

O Ministério da Saúde diz que, por dia, chegam a ser internados no Brasil 21 jovens com menos de 21 anos e que são depen-dentes. Por que o uso de drogas é tão frequente en-tre os jovens?

Muitos problemas têm dominado nossa socieda-de: o consumismo exage-rado, a violência, o con-sumo e o abuso de álcool e outras drogas etc. Se-gundo padre Haroldo, a dependência química é o problema número dois de nossa sociedade. Perdendo, apenas, para o armamento e as guerras. Os jovens estão nesse meio todo e, muitas vezes, totalmente deso-rientados. O uso e o abuso de drogas acabam fazendo parte da vida deles por es-tarem imersos num mundo de vícios, violência, arma-mentos, guerras, drogas etc.

O que você acha das políticas governamentais de combate ao uso de drogas?

Por trabalhar com virtu-des, parto do princípio de que todos nós somos seres virtuosos. Muitos, infeliz-mente, não sabem disso. Nascemos potencialmente bons e prontinhos para a

prática do bem. Muitas ve-zes, os políticos e as políti-cas governamentais estão alinhados nessa minha cren-ça. Outras vezes, não. Em vez de críticas, decidi pelo Embaixadores da Prevenção por acreditar, realmente, que a solução do mundo está em cada um de nós, não apenas nas políticas do governo. Se elas são adequadas? O que você entende por isso? Dar resultado? Se fossem efi ca-zes, teríamos menos usuá-rios e dependentes de dro-gas na sociedade. Junto-me às pessoas que, em vez de criticarem o que está sendo feito, vão lá e fazem.

Na prática, como a ONG atua para formar os jovens a partir desses va-lores humanos?

Ensinamos as crianças a partir de 2 anos, seus pais e educadores a entender virtudes por meio de ativi-dades corporais. Uma de nossas dinâmicas se cha-ma “Caverna de Platão”, para explicarmos a virtude da sabedoria. Colocamos a cabeça dos jovens e de seus pais dentro de uma

atualmente, nosso traba-lho constante é na Escola Salesiana São José. Já tive-mos atividades parecidas em outras duas escolas.

Como funciona o tra-balho na Escola São José? É voluntário?

Sim. Estamos fazendo um projeto-piloto para que possamos partilhar com a sociedade que, estimulan-do as virtudes de nossas crianças, elas crescerão fortes o sufi ciente para fi -carem longe dos vícios.

Quem custeia o traba-lho da ONG?

Temos doadores men-sais. Nossos gastos variam de mês a mês, de acordo com as ações que desenvol-vemos a partir do que rece-bemos.

Quantos voluntários têm a ONG? O que eles fazem?

São dez voluntários. Eles fazem reuniões men-sais, ajudam na elaboração do conteúdo pedagógico, envio de e-mails e participa-ção nas atividades.

caixa. É a caverna deles. Eles aprendem, na ativida-de, a olhar as sombras de suas vidas como se fosse uma caverna e entender que, se querem, podem sair dessa realidade. Essa caverna só mostra as sombras, não a vida como é. Outra ativida-de é a “Canaleta das Virtu-des” e fazemos uma analo-gia de que, quando andamos no caminho das virtudes, os vícios não conseguem fazer parte das nossas vidas. Tam-bém ensinamos as virtudes por meio de livros infantis. Não apenas lemos os livros, mas, por meio de jogos sim-bólicos, fazemos com que elas vivenciem a virtude da determinação por meio de dois livros de minha auto-ria, “A escola do moço no portão” e “10 olhos e muito amor” (ambos pelas Edi-ções Loyola).

Como vocês divulgam os Embaixadores?

Em escolas estaduais e municipais do nosso estado, como Campinas, Valinhos e Caieiras. Além disso, temos atuado em ONGs de nos-sa cidade e região. Porém,

Uma nova geração em busca de valoresSandra Sahd, idealizadora do Embaixadores da Prevenção, acredita

em uma sociedade transformada por hábitos saudáveis

FOTO: THATYANA PEREIRA

Sandra Sahd é autora de dois livros infantis utilizados em atividades da ONG sobre ética

20 de abril a 05 de maio de 2013 8

RAFAEL ZAGATTI

Um campeonato de wake-board só para universitários, or-ganizado por uma empresa de energéticos, foi realizado no mês de março no Naga Cable Park, em Jaguariúna, principal centro voltado para a prática do esporte na região de Cam-pinas. Essa é uma das provas de que o esporte chama cada vez mais a atenção de jovens no País. Na ocasião, apenas es-tudantes universitários podiam se inscrever para o torneio, e o juiz era um garoto de apenas 13 anos.

O prodígio Pedro Caldas começou a praticar o esporte em 2009, com 9 anos de ida-de, e já foi campeão paulista nas categorias mirim (para iniciantes) e avançado, além de já ter contrato de patrocí-nio da empresa que organi-zou o evento. Ele começou a praticar o wakeboard por infl u-ência do pai, que conheceu o esporte nos Estados Unidos e se encantou. Ao voltar ao Bra-sil, o pai de Pedrinho, como o garoto é conhecido, trouxe na mala o sonho de ter um cen-tro próprio para a prática do wakeboard e, em 2009, criou o Naga Cable Park. Treinando diariamente em Jaguariúna, o menino percebe o aumento na procura pelo esporte, prin-c ipa lmente pelos jo-vens.

“Quando eu comecei, em 2009, o parque geralmente es-tava vazio. Hoje enche direto, às vezes tem até fi la para an-dar”, afi rmou. A Naga Cable Park é composto por um lago com 5 torres e 12 obstáculos nos quais os atletas podem re-alizar suas manobras. Mensal-mente, o local recebe em tor-no de mil pessoas.

MANOBRAS

O wakeboard é uma espécie de esquiaquático no qual os competidores sobem em uma prancha e são puxados por um cabo. Enquanto são puxados, devem realizar manobras para que se somem pontos. No fi -nal, quem tiver mais pontos vence.

Um dos competidores participantes da prova realizada em março foi o estudante uni-versitário Vitor Pi-res, de 18 anos. Ele também acha níti-do esse aumento no número de interessados pela modalidade. “Eu come-cei a andar (de wakeboard) em 2010 e, a cada ano que passa, eu vejo mais gente vindo trei-nar. Do verão de 2011 para o verão de 2012, praticamente, dobrou. Eu mesmo incentivo meus amigos a participarem, é um esporte que está crescendo

muito no Brasil. Acho que todo mundo deveria

experimentar”.O aumento

do interesse dos jovens

pelo es-

porte teve como consequência um aumento também no nível das competições. Para Marce-lo Giardi, o “Marreco”, de 31 anos, considerado o melhor atleta brasileiro no esporte, o último circuito paulista de wakeboard, em 2012, foi o me-lhor de todos os tempos no País. “Isso se deve ao aumen-to da prática do esporte pelos mais jovens e, consequente-mente, o aumento do nível das competições amadoras, o que obriga os profi ssionais a man-terem seu nível elevado”, ex-plicou. “Marreco” é, inclusive, exemplo de atleta profi ssional em wakeboard.

COMPETIÇÕES

O crescimento do esporte também tem sido acompanha-do do surgimento de compe-tições estaduais e nacionais. As principais são o Circuito Brasileiro de Wake e o Circui-to Paulista de Wake, ambos divididos em três etapas nas quais os competidores somam pontos em um ranking. Ao fi -nal do ano, o campeão é o que for melhor na média das três etapas.

Existem também compe-tições internacionais, como o Latino Americano de Wakebo-ard, a ser realizado na Colôm-

bia em 2013,

e o Campeonato Mundial de Wakeboard WWA (World Wake-board Association), realizado esse ano no Brasil, em maio (veja texto ao lado).

HISTÓRIA

Se, hoje, o esporte, inventa-do nos Estados Unidos no fi -nal da década de 1970, é prati-cado em lagos, no início da sua história era usado como recur-so para os surfi stas em dias em que o mar não tinha ondas.

Em 1984, um surfi sta de San Diego (EUA), Tonny

Finn, desenvolveu o Skurfer - híbrido de esquiaquáti-

co e prancha de surfe. Esse foi o primeiro shape (formato, no

vocabulário da área) de prancha desenvolvi-

do especifi camente para a hidrodinâmica de ser puxado por um barco, em vez de em-purrado por uma onda.

A prancha possuía as ca-racterísticas de uma prancha de surfe, porém menor e mais estreita e com fundo côncavo e grande fl utuação.

O wakeboard chegou ao Brasil no fi nal da década de 1980, mas só se consolidou no País em 1998, com a cria-ção da Associação Brasileira de Wakeboard (ABW).

A instituição estima que, no Brasil, cerca de 65 mil pessoas são adeptas do es-porte. Na região, os princi-pais locais para a prática da modalidade são o Naga Ca-ble Park, em Jaguariúna, e o parque aquático Wet’n Wild, em Itupeva.

CAMPEONATO MUNDIALDE WAKEBOARD

WWA

De 3 a 5 de maio será realizado no Clube Serra da Moeda, em Nova Lima (MG), o WWA, Campeo-nato Mundial de Wakebo-ard, promovido pela revis-ta Ragga, especilizada na modalidade, e a Associa-ção Brasileira de Wakebo-ard (ABW).

O evento começa no dia 2 de maio com os trei-nos livres para categoria profi ssional.

No segundo dia serão realizadas as semifi nais das categorias intermedi-ário, avançado, feminino, além da classifi catória para categoria profi ssional (oito se classifi cam).

No dia 4, serão realiza-das as semifi nais das cate-gorias open, intermediá-rio, anvançado, feminino além das quartas-de-fi nal da categoria profi ssional (oito atletas brasileiros mais todos atletas estran-geiros).

No último dia, será relizada a semifi nal da ca-tegoria profi ssional (oito atletas), fi nal da categoria open, fi nal da categoria profi ssional (quatro atle-tas) e a festa de encerra-mento. O primeiro colo-cado receberá US$6 mil.

Wakeboard, a nova ondaEsporte ganha adeptos de todas as idades e já tem espaços para

sua prática na região