www.sintraturb.com.brO RODÃO
Florianópolis, junho de 2012 >> número 200ANO 15
200>> Greve dos trabalhadores do transporte conquista redução parcial da Jornada de trabalho, rumo às seis horas para toda a categoria. Vitória histórica coincide com outro momento muito importante : as duzentas edições de O Rodão, o jornal que leva até você as informações da nossa luta e da nossa vida. [Pag. 2]
para comemorarMOTIVOS
>> Companheiro Deonísio Linder vai se licenciar do sindicato [PAG. 2]
>> Assembleias lotadas mostraram a força da nossa categoria [PAG. 3]
>> Ministério Público do Trabalho tenta criminalizar a greve [PAG. 4]
O RODÃO é uma publicação do Sindicato dos Trabalhadores em transporte Urbano, Rodovi-ário, Turismo, Fretamento e Es-colar da região metropolitana de Florianópolis (Sintraturb).
ENDEREÇO: Avenida Mauro Ramos, 72, Centro/Florianópolis/SC Fone/Fax: (48) [email protected] www.sintraturb.com.br
TIRAGEM: 3.000 exemplares IMPRESSÃO: Diário Catarinense
Expediente
O RODÃO Florianópolis, junho de 2012
O RODÃO
2 GREVEPÁGINA
Uma grande vitória da categoria e muitas lições
O companheiro Deo-nísio Linder apresentou pedido de licença do car-go no sindicato no último dia 25 de maio, durante a reunião mensal da direto-ria colegiada.
A Diretoria analisou a solicitação e aceitou-a, definindo seu afastamen-to no próximo dia 5 de Ju-
Dirigente do Sintraturb, Deonisio Linder, se licencia do cargo
O que aconteceu em nossas vidas nos últimos quinze dias certamente era inimaginável lá no mês de Janeiro. Toda essa mudança e a PORTA QUE SE ABRIU em nossa luta, vai merecer avaliações mais profundas em vários jornais futuros.
A i n d a p re c i s a re m o s CALCULAR MELHOR os valores da hora de trabalho e, consequentemente, do salário.
Também a NOVA LEI que regulamentou a profissão de motorista terá que ser melhor estudada, para co-locarmos uma orientação mais detalhada.
Nossos erros e acertos precisam ser bem discu-tidos. Isso não se faz ra-pidamente e nem em um só jornal. Mas é inegável que tivemos GRANDES GANHOS e que foi uma de-monstração de muita força da categoria, mostrando que está disposta a lutar por seus direitos.
Ouvimos de muita gente esta frase. Na categoria, os pelegos de sempre tam-bém estão repetindo isso. Vamos esclarecer:
Reduzimos 10 MINUTOS POR DIA em nossa jornada. Isso dá UMA HORA por semana e, no mínimo, 4 HORAS a menos por mês. É tempo menor exposto aos riscos de nosso trabalho e um GANHO NO VALOR da hora trabalhada.
Já ficou acertado, tam-bém, mais uma redução igual em maio do ano que vem. A partir daí serão 8 HORAS a menos por mês, ou seja, mais do que um dia de trabalho. É como se fosse mais uma folga no mês, e ainda sobra hora.
E tem GANHO REAL no valor do vale alimentação e dos salários de todo mun-do. E várias cláusulas no-
vas que melhorarão muito as condições de trabalho. A gente vai explicar bem isso nos próximos jornais do sindicato.
E teve um ganho de nos-sa organização política, uma grande demonstração de força.
A categoria tem também muitas mulheres que vem participando. Os homens se sentem a vontade para trazer suas namoradas e companheiras. Vai se que-brando mais um círculo de machismo e conserva-dorismo.
PARABÉNS AOS HO-MENS E MULHERES DE BEM DESSA CATEGORIA, QUE LUTAM POR SEUS ELEMENTARES DIREI-TOS, ARMADOS APENAS DE IDÉIAS E ATITUDE.
Agora tudo volta ao nor-mal, sem revides, sem co-branças. Somos todos(as) trabalhadores(as). Os(as) covardes serão cobrados pela história e pela sua própria consciência.
MUITA CONFUSÃO PARA POUCO RESULTADO?
nho. Seu retorno ao cargo será no dia 8 de Outubro, um dia após as eleições 2012.
Nesse tempo, o com-panheiro Anderson Ge-raldo estará assumindo a função e as tarefas da Secretaria de Administra-ção, Finanças e Assuntos Jurídicos do sindicato.
>> Categoria vive novo momento e conquista redução parcial da jornada de trabalho
3O RODÃO Florianópolis, junho de 2012 RESULTADOS DA GREVE CATEGORIA
>> Reuniões contaram com mais de três mil companheiros debatendo nosso futuro
Diferentemente de gre-ves do passado, a maio-ria dos companheiros da Biguaçu e da Canasviei-ras pegaram junto nesta greve e participaram na construção dessa nossa grande vitória. O mesmo aconteceu com o pessoal de garagem: depois de anos sem aparecer em nossas assembleias, para-lisações e greves, os com-panheiros começaram a
Assembleias lotadas marcaram campanha salarial
Participação histórica da Biguaçu e Canasvieiras
A companheirada do transporte coletivo da grande Florianópolis deu uma lição de mobilização e unidade durante nossa campanha salarial.
Nos três dias de gre-ve, nossas assembleias contaram com aproxima-damente dois mil traba-lhadores e trabalhadoras, todos os dias.
No último dia de mobi-lização, mais de três mil companheiros e compa-nheiras estavam lá para decidir o futuro da cate-goria.
E s t a t a m b é m fo i a campanha salarial com a maior participação dos
companheiros ao microfo-ne, mostrando que a gale-ra está perdendo o medo de falar em público e ex-por suas ideias. Isso tam-bém é um grande avanço para nossa categoria.
A participação das mu-lheres - sejam elas da ca-tegoria ou companheiras de membros da categoria - também foi bastante ex-pressiva.
Sabemos, é claro, que sempre existem pessoas não comprometidas na categoria. Mas a grande maioria deu o exemplo, participou das atividades, ajudou a organizar as vigílias, a distribuição da comida, e toda a organiza-ção da nossa luta.
A estes companheiros, o nosso mais sincero obri-gado pela consciência e pela disposição de estar-mos juntos na luta!
participar com mais fre-quência este ano e fizeram bonito também durante a greve. Isso representa um grande avanço para a ca-tegoria, pois é nossa união que nos torna mais fortes. Não apenas motoristas e cobradores, mas agentes de terminal, pessoal de garagem e adminsitrativo, enfim, todos e todas da categoria, unidos, é que fazem a diferença.
Membros da antiga “Chapa 2” tentaram furar greve na Estrela
A melhora na partici-pação que houve na Bi-guaçu e nas Canasvieiras infelizmente não ocorreu da mesma proporção na Estrela. Claro que muitos
companheiros e compa-nheiras da Estrela não se venderam e permane-ceram na greve, mas al-guns não comprometidos tentaram furar a greve,
provocando os grevistas, fazendo gestos obscenos para elever os ânimos e criar confusão para crimi-nalizar o movimento.
Foi o caso de alguns membros da antiga Cha-pa 2, que concorreu às eleições do sindicato em 2010 e fez apenas 81 vo-tos, contra 2.631 da chapa vencedora e atual gestão do Sintraturb.
Do lado do patrão, estas pessoas tentaram furar a greve e desrespeitar os demais companheiros da categoria.
Mais de 3 mil pessoas lotaram assembleia que definiu fim da greve, na quarta
Organização dos trabalhadores ajudou a fornecer alimentação durante a greve
4 O RODÃO Florianópolis, junho de 2012CRIMINALIZAÇÃOMOVIMENTO
>> Instituição propôs medidas draconianas para acabar com a greve no transporte
MPT tenta criminalizar movimento dos trabalhadores
Durante os três dias de greve no transporte cole-tivo da Grande Florianó-polis, diversas lideranças políticas, parlamentares, sindicais e partidárias compareceram nas as-sembleias da categoria para prestar seu apoio à luta dos trabalhadores.
Dos 16 vereadores que dizem representar o povo de Florianópolis, ape-nas um compareceu para apoiar a nossa luta: o Dr. Ricardo Vieira (PCdoB). Também estiveram pre-sentes o vereador de São José, Antônio Batistti (PT) e o deputado estadual Sargento Amauri Soares (PDT). Além dos parla-mentares, outras lide-ranças partidárias, como
o presidente do PSOL Es-tadual, Afrânio Boppré e do PSOL Municipal, Cesar Regis, além da presidenta estadual do PSTU, Joani-nha Oliveira, marcaram presença e apoio à greve.
Do movimento sindical e popular, 23 entidades compareceram e apoia-ram nossa luta, entre elas, representantes dos sindi-catos das categorias dos bancários, trabalhadores da UFSC, da Educação estadual, da saúde esta-dual, da educação técnica federal, dos jornalistas, Policiais Militares, Proces-samento de Dados, traba-
Sindicatos, partidos e movimentos apoiam greve
23 ENTIDADES APOIARAM OS TRABALHADORES
lhadores da Casan, Celesc, assessoramento, entre ou-tros. Representantes das centrais sindicais CTB, Intersindical, CUT e CSP-Conlutas também estive-ram conosco nessa luta. Representantes do Movi-mento Estudantil da UFSC e da União Catarinense dos Estudantes também estavam na lista dos nos-sos apoiadores. Tudo isso mostra como nossa luta tem apoio na maioria das categorias de trabalhado-res da cidade, e de como boa parte da sociedade civil de Florianópolis e região não acredita nas ladainhas de “sindicato terrorista” contadas pela RBS e outras emissoras da imprensa comercial.
O descumprimento da decisão judicial que pra-ticamente terminava com a greve dos trabalhadores do transporte gerou a fú-ria de algumas autorida-des. O Ministério Público do Trabalho - que deveria defender o interesse dos trabalhadores - chegou a propor à Justiça violentas medidas contra o Sintra-turb e contra os trabalha-dores do transporte.
Em uma petição, o MPT propôs que, caso não fos-se cumprido a exigência de frota mínima no trans-porte, a Justiça deveria congelar as contas do sin-dicato, convocar os traba-
lhadores para retornarem da greve e demitir 10% da categoria entre aqueles que não retornassem ao trabalho, incluindo aí, os que possuem estabili-dade garantida pela lei, como dirigentes sindicais e cipeiros. Além disso, o pedido triplicava a multa pelo descumprimento da frota mínima de R$ 100 mil para R$ 300 mil reais.
Com a realização do acordo na quarta-feira, o pedido do MPT não che-gou a ser julgado, mas mostra a violência com a qual algumas autoridades do Estado se utilizam para exterminar qualquer pos-sibilidade de organização dos trabalhadores.
Isso só mostra de que lado as instituições do Estado escolhem nos mo-mentos críticos, como uma greve.
Esta truculência gerou solidarieadade em vários sindicatos, que apoiaram a nossa greve.
Outras entidades, como o Sindsaude, chegaram a passar por este drama:
a Justiça aplicou multas altíssimas à entidade e congelou as contas, invia-bilizando a organização dos trabalhadores. Agora, o Sindsaude passa por recuperação e já retorna
a luta. O Sintraturb vai conti-
nuar na luta pela nossa categoria e contra a cri-minalização dos movi-mentos sociais na Grande Florianópolis.
“Sr. Wilson” dá exemplo
O boneco retratado nesta imagem foi o mas-cote da categoria duran-te a nossa greve. Ape-lidado de “Sr. Wilson”, o boneco deu exemplo para muita gente da ca-tegoria que não aderiu a greve. Não precisa se confusão, nem exaltara os ânimos, nem brigar
com ninguém: basta fa-zer, como o Sr. Wilson, um simples ato: cruzar os braços. Teve muita gente de verdade que não compartilhou este gesto.
Faça como o Sr. Wil-son: na hora da mobi-lização, é só não traba-lhar e cruzar os braços.
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