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Ricardo Mandolini: Heurística musical
RELATÓRIO
Número do Processo 2008/04361-0
Grupo de Financiamento Auxílio Visitante
Linha de Fomento Programas Regulares / Auxílios a Pesquisa / Vinda de
Pesquisador Visitante / Visitante do Exterior - Fluxo Contínuo
Beneficiário José Augusto Mannis
Responsável José Augusto Mannis
Data Início 31/08/2008
Duração 8 dias
Nome da Instituição Instituto de Artes/IA/UNICAMP
Departamento / Área Departamento de Música
Data de Submissão 21/05/2008
1 Realização
Todas as atividades contaram com a participação e o envolvimento de:
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) : Prof. Dr. Jose Augusto Mannis, Profa.
Dra. Denise H. L. Garcia, Prof. Dr. Silvio Ferraz M. F., Prof. Luiz Henrique Xavier, Prof. Dr.
Esdras Rodrigues, Prof. Dr. Emerson de Biaggi;
Universidade de São Paulo (Usp) : Prof. Dr. Rogério Costa, Prof. Dr. Paulo de Tarso Salles;
Bem como o apoio do Departamento de Música, Coordenação da Sub-CPG Música
(Comissão de Pós-Graduação); Coordenação de Pós-Graduação, Direção do Instituto de
Artes (IA /Unicamp); Departamento de Música da Escola de Comunicação e Artes (ECA)
da Universidade de São Paulo (USP)
A contrapartida francesa foi financiada pelo programa PREMER/PREFALC, pedido de
auxilio submetido e gerido pelo Conservatório Nacional Superior de Música e Dança de
Paris (CNSMDP).
2 Ricardo Mandolini : Heurística musical
Os ateliers, seminários e encontros realizados com Ricardo Mandolini se inscreveram no
âmbito de atividades acadêmicas desenvolvidas na Unicamp na área de processos criativos
em composição musical : gesto, principio e idéia musical; improvisação e escrita musical.
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2.1 Cronograma de atividades
Seg 01/Set
Manhã: Unicamp – Introdução à heurística musical geral: fundamentos teóricos I
Tarde: Unicamp – Introdução à heurística musical geral: fundamentos teóricos II
Ter 02/Set
Manhã : Unicamp – Prática I
Tarde: Unicamp – Prática II
Qua 03/Set
Manhã: Unicamp – Prática III
Tarde: Unicamp – Prática IV
Qui 04/Set
Manhã: Unicamp – Prática V
Tarde: Unicamp – Prática VI
Sex 05/Set
Manhã: Unicamp – Conclusão dos trabalhos
Tarde: Unicamp – Sessão de audição dos trabalhos finais e debate
2.2 Participantes
32 pessoas tiveram presença regular nas atividades desenvolvidas. Foram criados 3
grupos que conduziram os trabalhos durante toda a semana, apresentando o resultado
final no ultimo dia.
3
2.3 Conteúdo das atividades
2.3.1 Introdução teórica
Partindo por um lado da estética de Alexander Gottlieb Baumgarten1 2, e por outro
da Crítica da razão pura bem como da Crítica da faculdade de julgar (Crítica do
julgamento) de Immanuel Kant, Mandolini demonstrou a condição heurística (statut
heuristique) do conhecimento em geral e sua aplicação em arte.
Mandolini referiu-se em seguida à problemática da imaginação (o esquematismo
transcendental da 1a Crítica, edição de 1871, e sua interpretação por Martin
Heidegger) e a criação de ficções heurísticas (Hans Vaihinger3) no campo da ciência,
bem como das ficções lúdicas/artísticas (Roger Caillois4, Jean-Marie Schaeffer5 6 7 8)
no domínio da criação.
Mandolini procedeu a uma ambientação psicológica das condições necessárias para
a criação artística através da teoria do objeto transacional 9/transicional (Donald
Woods Winnicott)
Empregando a terminologia de Platão (A República) foi detectado pelos
participantes a diferença entre ficções artísticas com imersão mimética (a
Wahrheitsgehalt10 de Theodor W. Adorno11) e ficções artísticas sem imersão
mimética (a « música do não querer » de John Cage12). Surgiu assim,
espontaneamente, uma estética de obras versus uma estética de dispositivos;
ultrapassar este diálogo deveria ser tarefa da estética da arte do futuro.
Partindo de uma crítica da semiologia musical de J.-Jacques Nattiez, Mandolini falou
da transição possível entre hermenêutica e heurística, baseando-se ainda em Roman
Ingarden13 (1989). A crítica da semiologia concerne também a concepção binária de
Ferdinand de Saussure do símbolo. Nesse ponto se articula Charles S. Pierce, com
1 Meditações filosóficas sobre algumas questões da obra poética (1735) - (Meditationes philosophicae de
nonnullis ad poema pertinentibus (Méditations philosophiques sur quelques aspects de l'essence du poème), Halae Magdeburgicae, 1735. 2 Æsthetica, Francfort-sur-l'Oder, 1750-1758
3 Em sua Philosophie des Als Ob (Philosophie du « Comme si », 1911), Vaihinger defende a idéia de que
nos limitamos a perceber somente fenômenos, a partir dos quais construímos modelos de pensamento ficcionais aos quais atribuímos um valor de realidade. Comportamo-nos “como se” o mundo correspondesse aos nossos modelos. 4 Roger Caillois entre outras coisas se indagou sobre a simpatia que parece reinar nas formas complexas
do mundo mineral e no mundo do imaginário humano. Escreveu Le Fleuve Alphée (1978) e L'Écriture des pierres (1970), que exploram essa relação. 5 Schaeffer, P.-M. De l’imagination à la fiction. In : Vox poetica. Paris : Agence des Médias Numérique
(AMEN), 10/12/2002. http://www.vox-poetica.org/t/fiction.htm 6 Schaeffer, J.-M. Pourquoi la fiction? col1. Poétique. Paris : Seuil, 1999.
7 Schaeffer, J.-M. L’art de l’âge moderne: l’esthétique et la philosophie de l’art du XVIIIe
siècle à nos jours. Paris: Gallimard, 1992 8 Schaeffer, J.-M. Adieu à l’esthétique. Paris : Presses Universitaires de France, Paris, 2000.
9 Winnicott, D. (1953). Transitional objects and transitional phenomena., Int. J. Psychoanal., 34:89-97.
10 Teor de verdade, Conteúdo de verdade
11 Adorno, Theodor W. Vers une musique informelle. In: Quasi una Fantasia. Paris: Gallimard, 1963;
12 Mandolini, R. L'autre vouloir- contributions critiques pour une meilleure compréhension de l'esthétique
de John Cage. In : Revue d'Analyse Musicale N° 49, décembre 2003, pp. 95 y ss. 13
Ingarden, Roman. Qu'est-ce qu'une oeuvre musicale? Paris : Christian Bourgois, 1989. 215 p.
4
sua semiologia ternária, bem como Ernest Cassirer14 15e Nelson Goodman16 17 18 19,
este com sua teoria dos mundos artísticos. Essa discussão conduz à compreensão da
complementaridade correspondente entre análise musical como identificação de
momentos proeminentes da obra e a heurística musical como um contínuo numa
experiência de extensão infinita, sem secções, nem momentos.
Mandolini ainda colocou a teoria de Ernst Cassirer sobre a criação de símbolos em
oposição a toda tentativa de redução semiológica da realidade artística.
2.3.2 Complemento teórico
2.3.2.1 Sobre o termo
Heurística (do grego antigo εὑρίσκω, eurisko, « je trouve20 »)21
Termo de metodologia (científica) qualificando todos os meios intelectuais,
procedimentos e tudo o que favorece a descoberta ou a invenção (nas ciências). (Jean-
Pierre CHRÉTIEN-GONI22, Universalis)
Termo de didática que significa a arte de inventar, de fazer descobertas (Littré).
Em sociologia, trata-se de uma disciplina se propondo a extrair regras da pesquisa
científica (Larousse).
arte de inventar, de fazer descobertas; ciência que tem por objeto a descoberta dos
fatos (Houaiss).
Geralmente uma heurística é concebida para um problema particular, apoiada na sua estrutura
própria (do problema), porém as abordagens podem conter princípios mais gerais.23
Do ponto de vista artístico poderíamos dizer que seria uma metodologia do “achado”, de
provocar insights, durante a qual o fio da intuição é conduzido pelas próprias forças dos
elementos e da estrutura física e simbólica do suporte sobre o qual estamos trabalhando. A
heurística considera o entendimento e a comunicação do artista com a criação que toma corpo,
compreendendo as reações dos novos estados do sistema (obra em gestação) decifrando uma
linguagem dos materiais e dos objetos produzidos através dos princípios e idéias mobilizados no
processo criativo.
14
Cassirer, E. Philosophy of the Enlightenment (1932), English translation 1951 15
Cassirer, E. Philosophy of Symbolic Forms (1923-29), English translation 1953-1957 16
Goodman, N. Manières de faire des mondes, Folio, 2006. 17
Goodman, N. Langages de l'art : Une approche de la théorie des symboles, Hachette, 2005. 18
Goodman, N. Reconceptions en philosophie dans d'autres arts et dans d'autres sciences, PUF, 1994. 19
Goodman, L'Art en théorie et en action, L'Éclat, 2006. 20
“eu encontro” 21
Définitions lexicographiques [archive] et étymologiques [archive] de heuristique du CNRTL. 22
assistant au Conservatoire national des arts et métiers, membre du Laboratoire sur les sciences de la communication C.N.R.S., secrétaire de rédaction de la revue Agora, éditions du C.N.R.S. 23
http://fr.wikipedia.org/wiki/Heuristique
5
2.3.2.2 Bibliografia relacionada
ARISTOTE, Organon, vol. V : Les Topiques, trad. Tricot, Vrin, Paris, 1974
F. BACON, De Dignitate et Augmentis scientiarum, Londres, 1623 ; Novum Organum, Londres, 1920
R. BARTHES, « L'Ancienne Rhétorique », in Communication, no 16, Seuil, Paris, 1970
Y. BELAVAL, Leibniz critique de Descartes, Gallimard, Paris, 1960
L. COUTURAT, La Logique de Leibniz, O.L.M.S., Paris, 1901
R. DESCARTES, Règles pour la direction de l'Esprit, Vrin, 1970
V. GOLDSCHMIDT, Questions platoniciennes, ibid., Paris, 1970
J. HADAMARD, Psychologie de l'invention en mathématiques, Paris, 1945
N. R. HANSON, Patterns of Discovery, Cambridge, 1958
T. KISIEL, « The Rationality of Scientific Discovery », in Rationality Today, Ottawa, 1979
A. KOESTLER, Le Cri d'Archimède, Calmann-Lévy, Paris, 1964
A. KOYRÉ, Études d'histoire de la pensée scientifique, Paris, 1966
I. LAKATOS, The Methodology of Scientific Research Programs, Cambridge, 1978
L. LAUDAN, La Dynamique de la science, trad. P. Miller, Margada, Liège, 1977
J. M. LE BLOND, Logique et méthode chez Aristote, Vrin, 1939
P. LINDSAY & D. N. NORMAN, Traitement de l'information et comportement humain, Vigot, Saint-Laurent, 1980
C. PATRICK, What is Creative Thinking ?, New York, 1955
H. POINCARÉ, Science et méthode, Flammarion, Paris, 1908
K. POPPER, La Logique de la découverte scientifique, trad. Thyssen-Rutten et Devaux, Payot, Paris, 1978 ; Objective Knowledge, Oxford, 1972
J. SCHLANGER & I. STENGERS, Les Concepts scientifiques, La Découverte, Paris, 1989
H. SIMON, Models of Discovery, Dordrecht, 1977
P. SKAGESTAD, The Road of Inquiry, Peirce's Pragmatic Realism, Columbia Univ. Press, New York, 1981
G. SORTAIS, La Philosophie moderne depuis Bacon jusqu'à Leibniz, Paris, 1920
B. SPINOZA, Traité de la réforme de l'entendement, trad. Koyré, Vrin, 1974
6
2.3.3 Atividades práticas
As atividades práticas consistiram na reconstrução de uma obra eletroacústica executando instrumentos e vozes disponíveis em cada grupo de trabalho, tendo como peça de referência La noche en que los peces flotaron de Ricardo Mandolini. O trabalho de reconstrução comportou:
a. Implantação de uma metodologia de trabalho em equipe, considerando os seguintes aspectos:
a valorização do silêncio;
a «sacralização» da gestualidade;
a pesquisa para construir um universo tímbrico;
a aprendizagem da improvisação com base na economia de
comportamentos, ações, materiais e meios.
b. A realização da reconstrução da obra de referência; c. O registro sonoro da reconstrução realizada; d. A elaboração de um diagrama ou partitura a partir da escuta do registro
sonoro, permitindo conceitualizar e visualizar as diferenças entre a reconstrução e a peça de referência.
7
2.3.4 Excertos de depoimentos de participantes
Felipe Lesage (voz): Penso que o trabalho desenvolvido com o Ricardo Mandolini foi de
uma riqueza enorme, e com ele voltei a entender certas coisas sobre música que
pareciam ter sido deixadas de lado por conta de uma vivência acadêmica cheia de
metodicidade e outros etcéteras que às vezes são um paradoxo tremendo do fazer
artístico. Foi necessário fazer para poder entender, e não o contrário. A isso se soma o
aprendizado do trabalho em grupo ... O jeito como se escutou essa música também me
chamou muito a atenção. O professor conduziu certo tipo de escuta simples e ao mesmo
tempo respeitosa; fazia resgatar um certo milagre em cada som, ao buscar o silêncio
absoluto antes de tocar, um silêncio interior, que não tinha só a ver com a ausência de
som...
Lucas Zewe Uriarte (piano percutido, voz (diversos efeitos)) : O aspecto mais
importante foi vivenciar um tipo de processo criativo onde os próprios sons produzidos
sugerem os próximos, e assim pode-se dizer que a música vai brotando dela mesma.
Nesse processo criativo, as idéias abstratas sobre o som têm uma importância
equivalente ou até menor do que ele próprio e por isso se faz necessário transformá-las
imediatamente em sons, para que estes possam ser ouvidos, interpretados e utilizados
como material da obra. Todo esse material tem uma história que pede ou não para ser
levada adiante e coube a nós decidirmos essas questões para que a música tomasse
forma. O processo heurístico de criação, a meu ver, trata no seu cerne dessas questões.
Rafael Simon Wasem (piano percutido, guitarre elétrica, microfonia24 e voz): Como
musico experimental auto-didata interessado em musica contemporanea, foi uma
oportunidade fantástica, a experiência interpessoal e a abordagem teórico/pratica de
Mandolini...
24
Feed-back na amplificação da guitarra elétrica
8
Pedro Henrique Faria (trombone): Resumidamente, posso concluir que a semana de
trabalhos coordenada pelo professor Ricardo Mandolini trouxe um grande
amadurecimento musical e social. Musical, pois o trabalho da heurística necessita uma
análise e um processo de criação muito concentrado e racional. E este primeiro contato
com ela foi bastante produtivo, me ensinando a aguçar a percepção, me empenhar na
concentração, e trabalhar sempre atentamente no processo de criação. No aspecto
social, foi interessante, pois o trabalho foi feito sempre em grupo, sendo este muito
heterogêneo, com pessoas das mais variadas opiniões... O posicionamento do professor
foi excepcional. Garantiu o bom andamento dos trabalhos abordando questões sempre
relevantes e nos fazendo refletir sobre o que vinha sendo feito.
Francisco Zmekhol Nascimento de Oliveira (piano, violão, voz): Considero que o curso
de Heurística, associado ao curso de Improvisação Generativa, ministrado por
Alexandros Markeas, foi muito importante para estimular uma prática musical coletiva,
bastante rara em nosso curso. ... O trabalho que desenvolvo em música de câmara
(piano e voz) foi bastante enriquecido neste semestre por uma melhora de comunicação
verbal em ensaios entre eu e meu colega, mais econômica, agora, e por estarmos
desenvolvendo uma percepção mais clara da interação sonora e gestual que há entre
nós ― percepção esta fundada em boa parte sobre ferramentas desenvolvidas nesses
dois cursos. Também em meu trabalho composicional a experiência desse curso ecoa de
várias maneiras. Sinto estar desenvolvendo um solfejo mais adequado ... um solfejo de
sonoridades e de gestos que dá suporte ao caminhar da composição e a uma análise
mais sensível dela. Tenho procurado também manter uma relação com intérprete mais
aberta à busca com delicadeza por sonoridades e formas de tocar.
9
Thiago Liguori (voz): O curso foi de grande valia pra mim. A iniciativa foi ótima no
sentido de proporcionar aos alunos da Unicamp uma oportunidade de se renovar, e
poder se informar das novas pesquisas, feitas fora de nosso país. Com o curso pudemos
nos apropriar de novas linguagens e técnicas acerca da música erudita e universal. Foi
também de grande valia poder conhecer os métodos pedagógicos dos professores que
aqui se encontraram...
Denis Rafael Nassar Baptista (piano): Nesse trabalho pude observar somente aspectos
positivos na heurística musical. Ela alarga as fronteiras da criatividade e leva a nossa
mente e imaginação a descobrir novos caminhos que nos surpreendem. Foi realmente
muito interessante a maneira que Ricardo Mandolini apresentou a heurística e mais que
isso, nos fez experimentar esse processo.
Tomaz Vital da Silva Jr (piano): O trabalho com heurística me despertou a audição
consciente e meditativa associada aos mínimos gestos sonoros. Estes quando
produzidos com atenção se tornam ricos elementos musicais dentro de contextos
diversos. Acima de tudo, temos que praticar a escuta. Dessa forma o resultado da
interação atenta de todos tem como resultado a música.
Marília Andreani Paes Leme Giffoni (piano, sinos tubulares)
Fábio Henrique Menezes Evangelista (flauta)
Daniel Coelho Martins (baixo elétrico) : Realizada a experiência de reconstituição da
peça "La noche en que los peces flotaron" (Ricardo Mandolini, Bourges 2001), tomamos
conhecimento da heurística musical, que é um conjunto de regras/métodos que visam à
invenção. Essa peça foi entregue ao grupo em partitura gráfica, um tipo de
representação desconhecida por alguns membros do grupo. ... Essa forma de escrita
reúne diferentes maneiras de abordagem dos instrumentos, facilitando a leitura do
10
intérprete, e assim, sua interpretação mais livre e verdadeira. Desta mesma forma, o
intérprete pode improvisar e criar sobre algo pré-existente, claro, sem mudar o caráter.
Isso pode ser comprovado pela experiência feita por Mandolini, separando os alunos em
três grupos diferentes, foram obtidos resultados similares nas reconstituições das peças.
Os intérpretes puderam variar timbres, utilizar diversas abordagens dos instrumentos
sem comprometer o sentido da peça.
Francisco Woiski Miyasaka (baixo elétrico): ... a heurística musical se refletiu como uma
forma de tentar compreender o processo de criação musical. De entender não tanto
como um estímulo externo ao corpo (seja qual for) é absorvido pelos sentidos, mas
principalmente como ele é interpretado pelo cérebro. E que essa interpretação também
pode servir como objeto para novas interpretações, que resultarão em manifestações
artísticas ainda diferentes. ... o grande diferencial das aulas de heurística musical para
outras aulas de composição não é o objeto final, mas principalmente o processo de
criação...
Carolina Morgado Leão (violoncelo): Achei a matéria muito proveitosa com seus prós e
contras. Contras devido ao pouco tempo que tivemos de trabalhar sobre o assunto,
temo que por mais esforço que empenhamos deva ter sido ainda um conhecimento e
um trabalho superficial, apenas mesmo para conhecer no que consiste Heurística. Os
prós são muitos: uma abertura cada vez maior da concepção de construção e
reconstrução em cima de uma partitura já existente; o trabalho em grupo, que foi muito
bom; e a criatividade explorada para que tal resultado viesse à tona. Enfim, foi uma
ótima experiência que espero poder aprofundar mais no ano que vem com a volta do
Prof. Mandolini.
11
Edson Woiski (piano percutido): A idéia que mais absorvi, foi que a heurística é a
diferente interpretação que se pode fazer uma peça, de uma idéia musical, podendo
conservar ou não a mensagem original. Essa nova interpretação deve seguir alguns
critérios, como por exemplo, seguir a peça ou a partitura como referência. O grande
foco é a liberdade para interpretação de símbolos.
Elias Kopcak (viola caipira): Como um todo eu achei o trabalho muito positivo. A
possibilidade de tocar em grupo e discutir os caminhos musicais que gostaríamos de
seguir na peça foi muito interessante. Também as opiniões do Ricardo Mandolini
auxiliaram muito, principalmente no que foi dito sobre a performance e sobre o som que
estávamos fazendo. O cuidado auditivo para a execução e para a incorporação do
espírito da música foi uma dica muito importante. Muitas vezes não temos esse cuidado
quando estamos tocando, o que faz toda a diferença no final. A discussão sobre quais
sons e timbres utilizar para um determinado momento musical também foi muito rica.
Sobre a parte teórica da heurística, eu achei muito importante. São coisas que, como
músico, percebo na prática (em contraposição a teoria ensinada nos cursos regulares),
mas que até então não tinha um embasamento teórico para me apoiar. Talvez, num
projeto voltado a composição, pudéssemos aplicar ainda mais os conceitos que o
Ricardo apresentou, fica aqui uma dica para um próximo curso. Também acho que
poderíamos ter exercícios coletivos que explorassem mais o assunto. Em resumo,
acredito que a reunião de pessoas tão diferentes nesses grupos musicais foi a melhor
coisa do curso. Idéias e vivencias musicais distintas que interagiram de forma rica e
criativa. Ouvindo a gravação (que foi de fundamental importância para a avaliação do
trabalho) vi que o resultado ficou muito bom.
12
Tadeu Moraes Taffarello (trompete): O trabalho foi realizado com bastante sucesso...
pois o resultado final foi muito interessante... também pelo fato de ter sido um módulo
bastante prático, com todos... tocando. Esses foram, sem dúvida, os dois pontos
positivos. Em relação às críticas, diria que, na maneira como foi trabalhado, o módulo
todo ficou preso apenas à construção de um resultado final. Isso porque, durante a
semana inteira, trabalhamos apenas sobre uma única proposta. ...
Clayton Rosa Mamedes (sintetizador): O trabalho desenvolvido se mostrou muito
frutífero, tendo sido esta uma experiência que privilegiou os trabalhos de criação e de
interpretação por parte dos alunos. O registro musical dos três grupos demonstra a
riqueza de possibilidades oferecida pelo formato proposto.
André Priedols (violão): Achei interessante a maneira como a heurística musical aborda
a relação intérprete/obra musical. Uma única partitura tem o potencial de originar
inúmeros resultados artísticos que dependem diretamente do intérprete ou grupo de
intérpretes, que atuam como instrumentistas, mas têm ao mesmo tempo uma liberdade
de criação com o material sonoro que é muito próxima da que um compositor teria.
Guilherme Antonio Celso Ferreira (violão): Foi muito interessante trabalhar na
reconstrução acústica de uma peça acusmática. O trabalho instrumental fica
naturalmente voltado para as tipologias de sonoridades, ao invés de elementos da
linguagem musical tradicional. No entanto, eu gostaria que tivesse sido desenvolvida
uma maior discussão entre as relações do material discutido na primeira parte (teórica)
do curso com os resultados finais dos trabalhos.
13
Luís Giovelli (percussão múltipla e saxofone de bambu): O uso da partitura gráfica
aliado às diferentes formações instrumentais acabou criando resultados distintos entre
os três grupos, tanto entre si quanto entre a peça eletroacústica original, mostrando
como a interpretação de uma partitura pode variar de intérprete para intérprete, de
grupo para grupo. A verdade musical não é nunca única e absoluta, mas varia com as
pessoas e as situações em que ela está inserida. Mandolini ressaltou muito a
importância da escuta apurada, sempre em busca da sonoridade ideal, e da interação
entre os instrumentistas, que trouxe resultados muito bons, considerando o tempo de
trabalho.
André Rabello Mestre (violoncelo): Achei enriquecedoras e instigantes a oficina
organizada por Mandolini... A carga conceitual, abordada pelo professor, foi muito
interessante e a idéia de heurística musical tanto pela forma como foi apresentada,
como pela sua própria natureza, despertou em mim uma reorganização de conceitos e
uma adição de novas variáveis nas equações poético-filosóficas composicionais. A parte
prática foi formidável e nos possibilitou ver os processos heurísticos agindo sobre o
material musical, naturalmente bastante abstrato. Essa experiência nos direciona a
novas formas de pensar como compositor e/ou instrumentista. Acredito que um
trabalho menos intensivo e mais alongado poderia ter sido mais proveitoso, pois de
certa forma acredito termos ficado aquém do projetado como produto final, entretanto
entendo as dificuldades que nos levaram a correr tanto.
Rodrigo Bussad Cesar (violão): O módulo ministrado por Mandolini foi para mim muito
realizador. Os conceitos de heurística, interpretação e sentimentos musicais
apresentados por Ricardo foram inspiradores e me deram clareza durante o trabalho
prático. Com certeza reunir músicos de diferentes experiências e níveis enriqueceu
14
ainda mais o trabalho, que foi muito desafiador por conta do pouco tempo que
tínhamos e pelas rigorosas exigências de Ricardo para sua peça que exigiu de nós o
máximo de interpretação e criatividade. Mas tudo correu bem e a finalização foi um
sucesso, creio que todos ficaram satisfeitos e gostaria muito de poder repetir a
experiência ano que vem.
Guilherme de Cesaro Copini (piano): Para mim não ficou muito claro o que realmente é
a Heurística Musical. Na primeira aula do curso foi dito que a heurística viria do grego
"encontrei" ("caminho da descoberta"). Minha interpretação do conceito, após a
semana inteira do curso, é que se trataria de reconstruir uma obra já escrita, tentando
"encontrar" os elementos que seriam importantes para tal processo. Fora esta questão
teórica, achei muito interessante a montagem da obra com os outros instrumentos e a
experiência me foi bastante produtiva. Também a intervenção do Mandolini foi bastante
interessante para o resultado final do trabalho.
Ângelo Jacob Hass Carazzai (acordeon): O trabalho realizado foi muito interessante. Foi
ótimo ter a oportunidade de formar um grupo para realização de música
contemporânea, tendo um orientador para coordenar as atividades. Todo o processo foi
bastante prazeroso e recompensador. Porém, a teoria e a prática ficaram um tanto
dissociadas. A relação existente entre elas não ficou muito clara, e não apreendi muito
bem a interferência dos princípios da heurística musical no processo criativo, ao menos
não conscientemente. Fora esse aspecto, a oficina foi excelente.
2.4 Contribuições aos trabalhos, prosseguimento de atividades no
curso de composição, continuidade do projeto
Para propor uma atividade prática com a heurística, Mandolini criou uma situação que
precisava ser resolvida: partir de uma obra eletroacústica, ouvi-la, ler uma representação
gráfica da mesma a partir da qual irão reconstruir o que ouviram com outros meios, seus
próprios instrumentos e vozes. No caminho desse processo é que se encontra a
heurística. Assim como no caminho de muitos outros processos. Recriar
instrumentalmente uma obra acusmática é somente um desafio que ao tentar vencer
acabamos aprendendo ‘a conduzir desafios’.
Pessoalmente tenho ensinado composição criando situações contendo desafios para que
os alunos aprendam a fazer um roteiro de trabalho, andar no terreno, reconhecer o que
está à volta deles, identificar situações e necessidades, implementar procedimentos,
aplicá-los, avaliar os resultados e se necessário retornar a etapas anteriores para
retomada no processo.
A proposta da atividade pratica de Mandolini está totalmente em sintonia com isso.
Se considerarmos o sucesso dos resultados atingidos e a diversidade dos participantes,
dentre os quais havia compositores de diversas tendências, intérpretes de música erudita,
alunos do curso de música popular (alguns profissionais), músicos experimentais,
concluímos que foi realizado um desdobramento do projeto “Confluências composicionais
em estéticas distintas - musica brasileira atual” Coord. Silvio Ferraz.
15
Através das avaliações individuais dos participantes percebe-se que alguns deles podem
ter achado que a heurística se resumiria às especificidades da atividade realizada.
Conhecendo essa informação, sabe-se que nas próximas atividades correlacionadas uma
atenção especial deve ser dada para que haja ainda mais condições e evidências para que
os participantes possam enxergar, por si, que o problema tratado é muito mais amplo. E
eles têm que achar por si. Não há outro modo de chegar a um bom resultado.
Essa experiência contribui significativamente para os próximos processos criativos
composicionais de todos participantes bem como traz novos subsídios para o ensino da
criação musical, tendo impacto direto sobre as disciplinas MU771 Composição VII e
MU871 Composição VIII. Todas as questões levantadas por Mandolini têm impacto direto
na reflexão sobre criação artística e, portanto, estarão compreendidas conforme a
pertinência nos trabalhos que doravante forem desenvolvidos ou orientados nesse
campo.
Ricardo Mandolini apreciou o tratamento dado aos textos que nos foram encaminhados a
ponto de convidar este relator para fazer a tradução do francês e do espanhol para o
português de seu livro sobre heurística musical que está sendo concluído, produto de
muitos anos de pesquisa e reflexão. Dessa forma, a partir destas atividades, há como
desdobramento uma cooperação que se inicia.
Figura 1 - Cartaz da apresentação do Trabalho de Conclusão de Curso de Composição Musical em 2008
As atividades realizadas em Agosto e Setembro de 2008 no Departamento de Música da
Unicamp em cooperação com a Rede RICMA e o CNSMDP através do programa
PREMER/PREFALC se desdobraram durante todo o semestre a ponto de que os alunos da
a última turma de composição (MU 871 – Composição VIII), sob responsabilidade deste
relator, aplicaram conhecimentos adquiridos com os três pesquisadores visitantes em
seus trabalhos de conclusão de curso, realizados sob minha orientação, consistindo em
16
três criações musicais para o filme Um homem com uma câmera de Dziga Vertov, com
músicas compostas, registradas em suporte digital, improvisadas e executadas ao vivo
com live electronics durante a projeção, retomando a tradição do cinema nas primeiras
décadas do Séc. XX e como desdobramento do PROJETO TEMÁTICO FAPESP 03/01253-8
"COMPUTADOR COMO AMBIENTE DE CRIAÇÃO E PERFORMANCE MUSICAL", coord.
Prof.Dr. Silvio Ferraz, iniciado em 03/2004 finalizado em 03/2008.
Esta realização está vinculada às visitas de ALEXANDROS MARKEAS (Proc. FAPESP No.
2008/04187-0) e CLAUDE LEDOUX (Proc. FAPESP No. 2008/04364-9) conta com
contrapartida francesa coordenada pelo CNSMDP, Apoio da Univ. de Lille 3 e
financiamento do programa PREMER(PREFALC) da França.
Conforme informado no pedido de auxilio, a retomada de atividades com estes três
pesquisadores visitantes darem prosseguimento a estas atividades, agora prevista para
julho de 2009, submetidas e aprovadas pelo Comitê Brasileiro do Ano da França no Brasil
tendo, portanto, oficialmente o label deste evento de cooperação cultural franco-
brasileiro, já está aprovada pela contrapartida francesa que financiará as viagens
internacionais entre França (Conserv. Nac. Sup. de Música e Dança de Paris e Univ. de Lille
3), Brasil(Unicamp), Argentina (UNTREF) e Chile (Centro Nacional de la Musica - sede
RICMA: Red de Investigación y Creación Musical de América). O projeto na França
denomina-se "Investigation, création et patrimoine musical musical en Amérique Latine",
sendo coordenado por Gretchen Amussen, Sous-Directrice des Affaires Extérieures et de
la Communication du CNSMDP.
Desta forma, uma novo solicitação de auxílio, nos mesmos termos que esta, será em
breve encaminhada à FAPESP com o objetivo de assegurar a condução dos trabalhos.
Agradeço a esta agência pelo apoio concedido, sem o qual todos os conhecimentos e
avanços adquiridos não teriam ocorrido, mas ainda pela confiança depositada na
proposta e neste executor, pelos pedidos de informação prontamente atendidos e pela
agilidade dos processos e encaminhamentos que ocorreram da melhor forma possível.
17
2.5 Imagens
18
19
2.6 Primeira divulgação prévia à visita
De: ja.mannis uol <[email protected]>
Para: jamannis uol <[email protected]>
Enviadas: Sexta-feira, 16 de Maio de 2008 0:21:40
Assunto: AGOSTO 2008 - UNICAMP Professores CNSMDP e Univ. de Lille 3
Esta sendo planejado para AGOSTO DE 2008 um mês de atividades centradas em professores do
Conservatório Nacional Superior de Musica a e Dança de Paris e da Univ. de Lille 3 da França no
Depto. de Música da Unicamp.
Aguardamos resposta da FAPESP para os AUXILIOS solicitados, complementares aos auxílios já
obtidos e aprovados na França.
Oportunamente mais informações serão fornecidas sobre o detalhamento das atividades e
inscrições.
Esta mensagem tem por objetivo informar os alunos sobre o evento planejado.
A visita dos Profs. Markeas, Ledoux e Mandolini estão associadas à primeira parte de um programa de
cooperação entre a UNICAMP (Brasil), UNTREF (Argentina), Centro Nacional da Musica (Chile) e o
Conservatório Nacional Superior de Música e Dança de Paris (CNSMDP) e Universidade de Lille 3 (França)
no campo da pesquisa, criação e patrimônio musical na América-Latina.
Este projeto se beneficia de financiamento já aprovado pelo governo francês e é um desdobramento do
PROJETO TEMÁTICO FAPESP 03/01253-8 "COMPUTADOR COMO AMBIENTE DE CRIAÇÃO E PERFORMANCE
MUSICAL", coord. Prof.Dr. Silvio Ferraz, iniciado em 03/2004 finalizado em 03/2008, do qual este
proponente participou, juntamente com a Profa. Dra. Denise Garcia, bem como “confluências
composicionais em estéticas distintas - musica brasileira atual” Coord. Silvio Ferraz; “Faces da Música
Eletroacústica Brasileira: o Grupo Música Nova e seu pioneirismo na utilização de recursos
eletroacústicos” Coord. Denise Garcia.
As propostas tem por objetivo estabelecer um intercâmbio de docentes locais com os convidados, bem
como uma aproximação com as cadeiras de Improvisação Generativa e Análise Musical do CNSMDP e o
Departamento de Estudos Musicais da Universidade Charles de Gaulle Lille 3.
Enfoques previstos:
ALEXANDROS MARKEAS
Improvisação e processos criativos em música; Gesto, Principio e Ideia Musical; Improvisação e escritura
musical; Improvisação : disciplina em destaque no design e no desenvolvimento de curriculos de ensino
superior em música na União Européia (Convenção de Bologna).
CLAUDE LEDOUX
Reflexão sobre a Análise Musical relacionada a tradições populares; Impacto do conhecimento de
tradições populares no ato da composição musical; Claude Debussy e as tradições do Sudeste Asiático;
Ligeti e a influência de músicas subsaarianas; Feldmann, tradições do Oriente-Médio e filosofias orientais;
Scelsi, Murail e Harvey: interesse mutuo em músicas tibetanas, mongólicas e outros rituais budistas;
Eotvos e Kurtag em relação às tradições da Europa Central; Claude Ledoux (o próprio convidado) e suas
20
influencias pessoais como compositor pelas músicas da Índia do Norte e Indonésia; Relações com
etnomusicologia e improvisação musical em extensão às reflexões analíticas.
RICARDO MANDOLINI
Heurística musical; Improvisação musical; Música eletroacústica; Adorno e a escritura musical; Gesto
musical e Gesto acusmático.
ATE O MOMENTO estão envolvidos nestas atividades os professores: (Unicamp) Prof. Dr. J.A.Mannis,
Profa. Dra. Denise Garcia, Prof. Dr. Silvio Ferraz, Prof. Dr. Jonatas Manzolli, Prof. Dr. Esdras Rodrigues,
Prof.Dr. Emerson de Biaggi, Prof. Dr. Rafael dos Santos, Prof. Mario Campos, (Usp) Prof. Dr. Rogério Costa.
Esta proposta conta com anuência e apoio do Depto. de Música (IA/Unicamp), Coord. da Sub-CPG Mùsica
(Comissão de Pós-Graduação/IA/Unicamp); Coord. de Pós-Grad. do IA (Unicamp); Direção do Instituto de
Artes da Unicamp.
Contrapartida francesa coordenada pelo CNSMDP, Apoio da Univ. de Lille 3 e financiamento do programa
PREMER(PREFALC) da França já aprovado para viagens internacionais de pesquisadores em 2008 e 2009
entre França (Conserv. Nac. Sup. de Música e Dança de Paris e Univ. de Lille 3), Brasil(Unicamp), Argentina
(UNTREF) e Chile (Centro Nacional de la Musica - sede RICMA: Red de Investigación y Creación Musical de
América). O projeto na França denomina-se "Investigation, création et patrimoine musical musical en
Amérique Latine", sendo coordenado por Gretchen Amussen, Sous-Directrice des Affaires Extérieures et
de la Communication du CNSMDP.
PLANNING GENERAL RICMA PREFALC PREMER – UNICAMP 2008
DOM 3/ago Alexandros Markeas Manhã tarde
SEG 4/ago Alexandros Markeas Encontro pesquisadores (docentes e alunos) 1 Seminário 1
TER 5/ago Alexandros Markeas Encontro pesquisadores (docentes e alunos) 2 Seminário 2
QUA 6/ago Alexandros Markeas Encontro pesquisadores (docentes e alunos) 3 Seminário 3
QUI 7/ago Alexandros Markeas Encontro pesquisadores (docentes e alunos) 4
Workshop Coletivo
Orquestral Unicamp
SEX 8/ago Alexandros Markeas Encontro pesquisadores (docentes e alunos) USP
Worshop Grupo de
Improvisação USP
SAB 9/ago Alexandros Markeas 19:20
DOM 10/ago Claude Ledoux da França 05:30 Sao Paulo - JJ8099
SEG 11/ago Claude Ledoux Encontro pesquisadores (docentes e alunos) 1 Seminário 1
TER 12/ago Claude Ledoux Encontro pesquisadores (docentes e alunos) 2 Seminário 2
QUA 13/ago Claude Ledoux Encontro pesquisadores (docentes e alunos) 3 Seminário 3
QUI 14/ago Claude Ledoux Encontro pesquisadores (docentes e alunos) 4 Seminário 4
SEX 15/ago Claude Ledoux Encontro pesquisadores (docentes e alunos) USP 1 Seminário USP 1
21
SAB 16/ago Claude Ledoux
DOM 17/ago Claude Ledoux
SEG 18/ago Claude Ledoux Encontro pesquisadores (docentes e alunos) 5 Seminário 5
TER 19/ago Claude Ledoux Encontro pesquisadores (docentes e alunos) 6 Seminário 6
QUA 20/ago Claude Ledoux Encontro pesquisadores (docentes e alunos) 7 Seminário 7
QUI 21/ago Claude Ledoux Encontro pesquisadores (docentes e alunos) 8 Seminário 8
SEX 22/ago Claude Ledoux Encontro pesquisadores (docentes e alunos) USP 2 Seminário USP 2
SAB 23/ago Claude Ledoux SP – Rio (por conta própria)
DOM 24/ago
SEG 25/ago
TER 26/ago
QUA 27/ago
QUI 28/ago
SEX 29/ago Claude Ledoux Rio - Paris (por conta própria) JJ8054
SAB 30/ago
DOM 31/ago Ricardo Mandolini do Chile 16:40 JJ8019
SEG 1/set Ricardo Mandolini Encontro pesquisadores (docentes e alunos) 1 Seminário 1
TER 2/set Ricardo Mandolini Encontro pesquisadores (docentes e alunos) 2 Seminário 2
QUA 3/set Ricardo Mandolini Encontro pesquisadores (docentes e alunos) 3 Seminário 3
QUI 4/set Ricardo Mandolini Encontro pesquisadores (docentes e alunos) 4 Seminário 4
SEX 5/set Ricardo Mandolini Encontro pesquisadores (docentes e alunos) 5 Seminário 5
SAB 6/set Ricardo Mandolini Encontro pesquisadores (docentes e alunos) 6 Seminário 6
DOM 7/set Ricardo Mandolini para Paris 19:10 JJ 8098
RICARDO MANDOLINI - CURRICULUM VITAE
Ricardo Mandolini - Né en 1950 à Buenos Aires, Argentine - Double nationalité italienne et argentine Compositeur - Professeur des Universités - Responsable du Studio de Musique Électroacoustique du Nord du Département d'Études Musicales (Université Lille III) Chercheur associé au Centre d'Etude des Arts Contemporains
______
22
Études primaires et secondaires réalisées à Buenos Aires
Premières études de composition musicale auprès de Guillermo Graetzer et de Francisco Kröpfl
à Buenos Aires
1973 - Obtention du titre Profesor de composición , Antiguo Conservatorio Beethoven,
Buenos Aires
1977/83 Études de musique électronique au Studio de la Musikhochschule Köln, Cologne,
Allemagne, auprès de Hans-Ulrich Humpert.
Bourse du Service Allemand d'Échange Académique (DAAD) pour la poursuite des
études à Cologne
1983 - Diplôme künstlerische Reifeprüfung ("Examen de maturité artistique") décerné par la
Musikhochschule Köln
1982/83 Bourse d'échange académique de l'Institut Suédois, pour étudier les techniques
digitales de composition électroacoustique au Studio EMS de Stockholm
1984 - Prix "Comité National de la Musique" décerné par l'UNESCO et la Confédération
Internationale de Musique Électroacoustique pour la pièce De mí huían los pájaros
Résidence permanente en France
1985 - Bourse Berliner Künstlerprogramm du DAAD pour la réalisation de l'œuvre Ceremonia
secreta dans le Studio de l'Université Technique de Berlin, Allemagne
1987 - Doctorat en esthétique et sciences de l'Art, Université Paris VIII. Directeur de
recherches : Daniel Charles
1988 - Maître de conférences du Département d'Études Musicales de l'Université Lille III.
Cours de Composition musicale,Création musicale, Musique électroacoustique,
histoire de la musique du XXème siècle.
1992/93 Chargé de mission par la Direction des Affaires Internationales du Ministère de
l'Éducation Nationale dans le cadre du programme d'échange académique européen
ERASMUS et du Service Allemand d'Échange Académique (DAAD), pour la mise en
place d'une filière de musique contemporaine au Département de Musicologie de
l'Université E. M. Arndt de la ville de Greifswald, Allemagne. Préparation du projet
elektronisches Studio (projet de création d'un Studio de musique électronique) pour
le Département de Musicologie de l'Université de Greifswald.
1993 - Habilitation à diriger de recherches, Université Paris I- Panthéon-Sorbonne. Directeur
de recherches : Costin Miereanu
23
1994/97 Directeur du Département d'Études Musicales de l'Université Lille III
1996 - Co-fondateur avec Jean-Marc Chouvel, du Studio de Musique Électroacoustique du
Nord
1997 - Prix Trinac décerné par le Conseil International de la Musique (CIM), l'UNESCO et le
Conseil Argentin de la Musique pour la pièce Los Enemigos del Conocimiento.
L'oeuvre a été jouée en représentation de l'Argentine dans le Rostrum International
de Compositeurs organisée par le CIM et l'UNESCO à Paris
1998 - Professeur des Universités du Département d'Etudes Musicales, Univ. de Lille III.
1998/00 Responsable du Studio de Musique Electroacoustique du Nord
2000 - Co-responsable de l'organisation du colloque international Autour de la musique
électroacoustique (2 - 3 mai 2000)
2001 - Composition de la pièce La noche en que los peces flotaron au studio de l' IMEB
(Institut de Musique électroacoustique de Bourges)
2002 - . Participation au colloque Manières de production des sons, organisé par le Centre
d'Etude des Arts contemporains de l'Université Lille III
. Prix Trinac décerné par le Conseil International de la Musique pour la pièce
Presentimientos
. Prix Magistère du 29ème Concours International de Musique et d'Art Sonore
Electroacoustiques de Bourges pour les pièces La noche en que los peces flotaron
(2002), La queja del Dios (1999) et El cuaderno del Alquimista (1979)
. Participation aux journées de l'électroacoustique organisés par le Conservatoire
National de Lyon
. Membre fondateur de l'AECME (Association des Enseignants de Musique
Electroacoustique)
. Co-organisateur de la "Journée Cage" à Lille III, avec la participation du DEM, du
Centre d'Etude des Arts Contemporains et d'Action Culture.
2003 - . Commande de l'Université Lille III pour la pièce Las ruinas circulares pour
cornemuse et support électroacoustique multipîstes.
. Mise en place du réseau thématique Le geste acousmatique, avec la participation du
studio IPEM de l'université de Gand, le Conservatoire de Mons et la
Musikhochschule de Cologne.
2004 - . Organisateur des concerts électroacoustiques diffusés par Acousmonium, dans le
cadre des activités prévues par le réseau thématique Le geste acousmatique.
. Organisateur de la première journée d’études du réseau thématique (05. 05.04)
24
. Voyage en mission pour l’établissement d’échanges académiques avec plusieurs
universités de l’Argentine.
. Commande du Studio IMEB pour la pièce Elogio de lo efímero
2005 - . Participation aux journées du réseau thématique Le geste acousmatique
« Zukunftsmodelle für das elektronische Studio » ("Modèles d'avenir pour le studio
de musique électronique"), symposium organisé par la Musikhoschschule de
Cologne, et au Colloque International sur l’analyse perceptive de la musique
électroacoustique organisé par le Conservatoire de Mons.
. Représentant des universités françaises dans la rencontre du RICMA (Réseau des
universités de l’Amérique latine) sous les auspices de la Coopération Régionale
Française pour l’Argentine, le Chili, le Brésil, le Paraguay et l’Uruguay (EGIDE)
. Continuation de la mission en Argentine. Séminaire d’Heuristique musicale à
l’Université 3 de Febrero à Buenos Aires.
. Participation au séminaire international : « Instruments traditionnels – musique
contemporaine » qui a eu lieu à l’Ile du Soleil dans le lac Titicaca, Bolivien, sous les
auspices du Ministère des Affaires Etrangères.
. Conférences aux universités de Unicamp (Campinas, Brésil) et de Loyola (La Paz,
Bolivie).
2007 - . Professeur Invité du Département de Musicologie de l’Université de Cologne
(Collège de chercheurs “Medien und kulturelle Komunikation”).
. Professeur invité de l’Université 3 de Febrero , Buenos Aires, Argentine.
. Commande du Festival International “Coup de Vents” pour la pièce “Les mondes
parallèles” pour orchestre d’harmonies et support électroacoustique.
. Commande du Studio IMEB pour la realization de la pièce “Cristina o el delirio de los
hipopótamos ” pour violon et support électroacoustique.
. Partenaire du CNSMD de Paris pour la réalisation du projet « Investigation, création
et patrimoine musical en Amérique Latine » pour lequel l’aide Préfalc pour 2008 et
2009 a été octroyée25.
Enseignements prévus aux universités Unicamp de Campinas, Brésil, Pontificia
Universidad Católica de Santiago, Chili, et Untref, Buenos Aires, Argentine à partir
d’août 2008.
PUBLICATIONS SCIENTIFIQUES
- Langages en expansion. Réflexions critiques sur le style, sur le compositeur et sur l'œuvre. Analyse de travaux. Thèse de doctorat, Université de Paris VIII, 1987
- Les divers miroirs. Tentatives d'approche de la création musicale. mémoire d'Habilitation, Université de Paris I-Panthéon-Sorbonne, 1993.
- "Sonorización de la Ciudad de Buenos Aires" (Sonorisation de la ville de Buenos Aires), en collaboration avec le compositeur Gabriel Valverde, in Artistas n°1, revue mensuelle d'information culturelle de la ville de Buenos Aires, avril 1985
25 Ce financement est une dotation conjointe du ministère des Affaires étrangères et du ministère de l'Enseignement supérieur et de la
Recherche.
25
- "L'ordinateur et les processus de composition" in Les Cahiers duCREM, Musique et nombre, numéro double 1-2, Rouen,Institut de Musicologie, Faculté de Lettres et Sciences Humaines de Rouen, décembre 1986
- "Une situation limite: la falsification" in Revue d'Esthétique, nouvelle série, n° 13-14-15, publication dédiée à John Cage, Toulouse, Édition Privat, septembre 1987
- "La pedagogía de la creación musical", in Notas, Revista Latinoamericana de Educación Musical, n° 1, Buenos Aires, décembre 1991
- "Sur les manipulations de la série de 12 sons", in Webern, les sources de la modernité , publication en hommage à Anton Webern, Fondation Domaine-Musiques, Lille, 1994
- "Reconstruction de la musique de Webern : une expérience pédagogique dans l'école", in Webern, les sources de la modernité, publication en hommage à Anton Webern, Fondation Domaine-Musiques, Lille, 1994
- "Les premiers héritiers", in Webern, les sources de la modernité, publication en hommage à Anton Webern, Fondation Domaine-Musiques, Lille, 1994
- "Webern ou la résolution des contradictions apparentes", in Webern, les sources de la modernité, publication en hommage à Anton Webern, Fondation Domaine-Musiques, Lille, 1994
- "Système et poétique de la composition musicale", communication du 4ème Congrès International de Signification Musicale, Paris, 1995
- "A la manière d'une introduction", in Préliminaires à une mise en scène : la Main heureuse de Arnold Schönberg, Univ. Lille III, Fondation Domaine-Musiques, 1998
- "la Main heureuse, une analyse de poche", in Préliminaires à une mise en scène : la Main heureuse de Arnold Schönberg, Univ. Lille III, Fondation Domaine-Musiques, 1998
- "la Création musicale et la reconstruction", in Préliminaires à une mise en scène : la Main heureuse de Arnold Schönberg, Univ. LIlle III, Fondation Domaine-Musiques, 1998
- "Boulez - Xenakis : La conjonction des utopies", actes du Colloque Présences de Iannis Xenakis, CDMC/ Radio France, 29-30 janvier 1998, CDMC, Paris, 2001
- "Zusammentreffen der Utopien. Pierre Boulez und Iannis Xenakis" in Musiktexte, Zeitschrift für neue Musik - Cahier 90 - Cologne, 2001
- "Schillinger ou le rêve de la raison", actes du colloque Mélange des Arts, Univ. Lille III, 28-29 mai 1998
- "L'intelligence de l'ouïe - Contributions pour un modèle d'intelligibilité de la perception timbrique en matière d'instrumentation et d'orchestration" - actes du Colloque Penser la vision, penser l'audition - Univ. Lille III, 30. mai/ 01. avril 2000, éd. SEPTENTRION, Lille, 2002
- "Les années 80 : l'esthétique des compositeurs itinérants", Actes du colloque La musique élecroacoustique : un bilan, 2 et 3 mai 2000, Editions du Conseil Scientifique de l'Université Charles-de-Gaulle - Lille III
- "Labyrinthe aux miroirs, ou l'aventure d'un sens détourné : une expérience musicale à partir du premier Tableau de la Main heureuse op. 18 d'Arnold Schönberg" , in La Main heureuse d'arnold Schönberg ou c'est ainsi que l'on crée… éd. SEPTENTRION, Lille, 2003
26
- "L’idéologie numérique", in Musiques, arts, technologies, actes du Colloque du 12/15 décembre 2000, organisé par l’Université Paul Valéry de Montpellier et l’Université de Barcelonne, éd. l’Harmattan, 2004
- "L'autre vouloir- contributions critiques pour une meilleure compréhension de l'esthétique de John Cage" in Revue d'Analyse Musicale N° 49, décembre 2003.
- "Rudolf Arnheim, l’intelligence des sens", in La musique représentative, 1res rencontres Interartistiques de l’Observatoire Musical Français, actes de la journée du 23 mars 2004, Université Paris IV, 2005
- "Musique informelle, musique électroacoustique : une convergence insoupçonnée ? " in Revue d’esthétique musicale Lien, Musiques & Recherches, Mons, 2006
- "Adorno, ou la discussion qui n’a pas eu lieu", in Musique, instruments, machines – autour des musiques électroacoustiques. Texts réunis et édités par B. Bossis, A. Veitl et M. Battier, Actes du séminaire du MINT ? Université Paris IV, 2007.
DISCOGRAPHIE
- ELEKTROAKUSTISCHE MUSIK VON RICARDO MANDOLINI,ERZ 1, Editions Robert Zank, Berlin, 1982
- TOUCH MAGNETIC, revue "Touch", éditée par EMAS, Electronic Music Association of Great Britain, Londres, 1985
- INVENTIONEN, ERZ 2, LC 8864, Editions Robert Zank, Berlin, 1985
- COMPUTER MUSIK, SLPX 12809, Editions Hungaroton, Budapest, Hongrie, 1986
- CULTURES ELECTRONIQUES, LDC 278043, série UNESCO/CIME, Paris, 1986
- CULTURES ELECTRONIQUES, LE CHANT DU MONDE, LDX 78044, série UNESCO/CIME, Paris, 1986
- MUSICA CONTEMPORANEA ARGENTINA, série publiée par le Conseil Argentin de la Musique, Buenos Aires, 1988
- CULTURES ELECTRONIQUES, LDC 278046/47, série GMEB/UNESCO/CIME, Bourges, 1988
- BITS AND PIECES, 30 ans du Studio EMS, Label KCAP 214 70/71,Caprice Records, Stockholm, Suède, 1994
- ELECTROACOUSTIC MUSIC, Academy, LC 1738, Académie des Arts, Berlin, 1995
- IMAGES 1, La musique de Ricardo Mandolini, en co-production DEM/CAVUL, Univ. de LIlle III, 1999
- IMAGES II, La musique de Ricardo Mandolini, en co-production DEM/CAVUL, Univ. de LIlle III, 1999
- STUDIO FÜR ELEKTRONISCHE MUSIK", CD 2, Musikhochschule Kôln, 1999
- LA QUEJA DEL DIOS, Studio du Nord, Univ. Lille III, 2000
27
- CULTURES ELECTRONIQUES, LDC 278072/73, série IMEB/UNESCO/CIME, Bourges, 2001
- CULTURES ELECTRONIQUES, LDC 278076/77, série IMEB/UNESCO/CIME, Bourges, 2002
- GESTES ET ESPACES, Studio du Nord, Université Lille III, 2004
- 50 YEARS STUDIO TU BERLIN, DVD, LC 08864
- MUSIKHOSCHULE KÖLN - STUDIO FÜR ELEKTRONISCHE MUSIK –
- KOMPONISTENPORTRAIT (1) : RICARDO MANDOLINI
- COMPENDIUM INTERNATIONAL BOURGES 2004 – Mnémosine Music Média
Campinas, 06 de fevereiro de 2009
José Augusto Mannis
ANEXOS
Partitura final do Grupo 1
Partitura final do Grupo 2
Partitura final do Grupo 3
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