ESCOLA SUPERIOR DE PROPAGANDA E MARKETING
PROGRAMA DE MESTRADO E DOUTORADO EM GESTÃO INTERNACIONAL
RICARDO JIMENEZ MAYKOT
UPGRADING SOCIAL E CADEIAS GLOBAS DE VALOR: OS AGLOMERADOS
PRODUTIVOS LOCAIS CAPIXABAS DE GRANITO
SÃO PAULO
2019
RICARDO JIMENEZ MAYKOT
UPGRADING SOCIAL E CADEIAS GLOBAIS DE VALOR: OS AGLOMERADOS
PRODUTIVOS LOCAIS CAPIXABAS DE GRANITO
Dissertação apresentada como requisito para ob-tenção do título de Mestre em Administração de Empresas com ênfase em Gestão Internacional pela Escola Superior de Propaganda e Marketing – ESPM. Orientador: Prof. Dr. Ilan Avrichir SÃO PAULO
2019
RICARDO JIMENEZ MAYKOT
UPGRADING SOCIAL E CADEIAS GLOBAIS DE VALOR OS AGLOMERADOS
PRODUTIVOS LOCAIS CAPIXABAS DE GRANITO
Dissertação apresentada como requisito para ob-tenção do título de Mestre em Administração de Empresas com ênfase em Gestão Internacional pela Escola Superior de Propaganda e Marketing – ESPM.
Aprovado em _____ de ___________________ de 2019.
Banca Examinadora
________________________________________________________ Presidente: Prof. Dr. Ilan Avrichir, Orientador, ESPM
_________________________________________________________ Membro Interno: Prof. Dr. Mario Henrique Ogasavara, ESPM
_________________________________________________________ Membro Externo: Profa. Luciana Vieira, FGV
São Paulo
2019
RESUMO
Grande parte da pesquisa sobre gestão internacional, notadamente sobre cadeias glo-
bais de valor (GVCs), analisa a relação entre a integração de empresas e aglomera-
dos produtivos locais (APLs) nessas cadeias e o desenvolvimento econômico. Menos
análise é encontrada relacionando essa integração e a melhoria (upgrading) do bem-
estar social1, entendido como melhoras na remuneração, nas condições de vida, di-
reitos trabalhistas, equidade de gênero e seguridade econômica dos trabalhadores; o
que faz com que o tema continue inconcluso. Este estudo tem como objetivo analisar
se houveram e quais foram os benefícios para a economia e upgrading social das
comunidades pertencentes aos APLs do granito do Estado do Espírito Santo em um
período de aumento sensível da integração desses APLs nas GVCs. A análise se
justifica porque, embora os benefícios econômicos tratados como upgrading de pro-
duto, processo, funcionais e de cadeias já tenham sido bastante estudados, sobre os
impactos da integração no upgrading social ainda persistem dúvidas básicas. Para
alcançar o objetivo, o estudo efetua análise quantitativa de dados secundários – volu-
mes de exportação do mineral, indicadores de renda, saúde e educação dos municí-
pios da região. Contribui para o conhecimento sobre esse tema verificando a existên-
cia ou não da relação positiva entre integração nas GVCs e upgrading social, uma
relação que tem sido estudada até agora, sem resultados conclusivos, quase que ex-
clusivamente através de estudos exploratórios qualitativos.
Palavras-chave: Gestão Internacional, exportação, cadeias globais de valor, upgra-
ding social, internacionalização.
1 O termo upgrading social será usado ao longo do texto como sinônimo para melhoria do bem-es-tar.
ABSTRACT
Much of the research on international management, notably on global value chains
(GVCs), analyzes the relationship between firm integration and local productive clus-
ters (APLs) in these chains and economic development. Less analysis is found relating
this integration and the improvement of social well-being, understood as improvements
in remuneration, living conditions, labor rights, gender equality and economic security
of workers; which causes the theme to remain unfinished. This study aims to analyze
if there were and what were the benefits to the economy and social welfare of commu-
nities belonging to the granite APLs of Espírito Santo state in a period of appreciable
increase of the integration of these APLs in the GVCs. The analysis is justified because
although the economic benefits treated as product, process, functional, and chain up-
grading have already been well studied, on the impacts of integration on social upgrad-
ing there still remain basic doubts. To reach the objective, the study makes quantitative
analysis of secondary data - export volumes of the mineral, indicators of income, health
and education of the municipalities of the region. It contributes to the knowledge about
this subject by verifying the existence or not of the positive relation between integration
in the GVCs and social upgrading, a relation that has been studied until now, without
conclusive results, almost exclusively through qualitative exploratory studies.
Keywords: International Management, export, global value chains, social upgrading,
internationalization.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1- Municípios do Espírito Santo pertencentes ao APL de Rochas Ornamentais ...................... 37
Figura 2 - Modelo Teórico ..................................................................................................................... 45
Figura 3 - Características Metodológicas da Pesquisa ......................................................................... 46
Figura 4 -Exportações das cidades pertencentes aos APLs em valores ............................................. 51
Figura 5 - Crescimento das exportações das cidades pertencentes aos APLs ................................... 51
Figura 6 - Cobertura Planos Saúde ...................................................................................................... 56
Figura 7 – Residência em alvenaria ...................................................................................................... 56
Figura 8 – Domicílios com coleta de lixo ............................................................................................... 57
Figura 9 - Domicílios com energia elétrica ............................................................................................ 57
Figura 10 – Taxa de mortalidade infantil ............................................................................................... 57
Figura 11 - Taxa de mortalidade por causas externas.......................................................................... 58
Figura 12 – Domicílios com água da rede ............................................................................................ 58
Figura 13 – Domicílios com ligação de esgoto ..................................................................................... 58
Figura 14 – Gestantes com pré-natal .................................................................................................... 59
Figura 15 - Alunos matriculados no Ensino Fundamental .................................................................... 59
Figura 16 – Alunos matriculados no Ensino Médio ............................................................................... 59
Figura 17 – Alunos matriculados na rede particular .............................................................................. 60
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Definições de Upgrading Social ........................................................................................... 32
Tabela 2 - Grupo de cidades objeto de estudo (T) e suas pares-controle (C) ..................................... 41
Tabela 3 - Pressuposto de Pesquisa .................................................................................................... 50
Tabela 4 - Variáveis de Pesquisa.......................................................................................................... 50
Tabela 5 - Modelo de Regressão para a soma dos Clusters (APLs) .................................................... 52
Tabela 6 - Modelos de regressão para cada dupla de cidades ............................................................ 54
Tabela 7 - Modelos de regressão para cada dupla de cidades ............................................................ 55
Tabela 8 - Cálculo da participação do granito no PIB, por inferência ................................................... 67
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ALICE Análise das Informações de Comércio Exterior
ANOVA Análise de Variância
APL Aglomerado Produtivo Local
CBO Classificação Brasileira de Ocupações
CFEM Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais
CNAE Classificação Nacional de Atividades Econômicas
DataSUS Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde
DATAPREV Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social
FUNASA Fundação Nacional de Saúde
GCC Global Commodities Chain ou Cadeia Global de Commodities
GPN Global Production Network ou Redes Globais de Produção
GVC Global Value Chain ou Cadeia Global de Valor
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IDH Índice de Desenvolvimento Humano
IDH-M Índice de Desenvolvimento Humano por Município
INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira
MEC Ministério da Educação
PIB Produto Interno Bruto
PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
P&D Pesquisa e Desenvolvimento
QoL Quality of Life ou Qualidade de Vida
RAIS Relação Anual de Informações Sociais
SIAB Sistema de Informação de Atenção Básica
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 10
1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO ....................................................................................................... 10 1.2. PROBLEMA DE PESQUISA ................................................................................................ 13 1.3. OBJETIVO DE PESQUISA .................................................................................................. 14 1.4. JUSTIFICATIVA E CONTRIBUIÇÃO DO ESTUDO ............................................................. 16 1.5. ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO ....................................................................................... 17
2. REVISÃO DE LITERATURA........................................................................................................ 18
2.1. AS CADEIAS GLOBAIS DE VALOR .................................................................................... 18 2.2. O PAPEL DAS GVCS NO DESENVOLVIMENTO DAS COMUNIDADES NELAS
INSERIDAS ....................................................................................................................................... 24 2.3. CONCEITOS SOBRE UPGRADING SOCIAL ..................................................................... 29 2.4. A FIGURA DOS CLUSTERS OU APLS ............................................................................... 33 2.5. OS APLS DO GRANITO NO ESPÍRITO SANTO ................................................................. 35 2.6. HIPÓTESES DE ESTUDO ................................................................................................... 38
3. METODOLOGIA DE PESQUISA ................................................................................................. 46
4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ......................................................................... 51
INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS.......................................................................................... 52
5. CONCLUSÃO ............................................................................................................................... 64
5.1. LIMITAÇÕES DO ESTUDO ................................................................................................. 66 5.2. SUGESTÕES PARA ESTUDOS FUTUROS ....................................................................... 68
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................................... 69
APÊNDICE………………………………………....................................……………………………………75
10
1. INTRODUÇÃO
1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO
Com a fragmentação da produção entre países, a importância da abordagem siste-
mática da produção e do intercâmbio cresceu na década de 1980. (PEREZ, 1985).
Um dos conceitos surgidos é o da cadeia de valor. Ela descreve a gama completa de
atividades que são necessárias para trazer um produto desde sua concepção, dese-
nho, matérias-primas e insumos intermediários, passando pelo marketing, distribuição
e pós-venda. Em outras palavras, a cadeia pode ser vista como incorporadora da pro-
dução, intercâmbio, distribuição e consumo do berço ao túmulo de um dado produto
ou serviço (KAPLINSKY, 1998).
Onde essas atividades conseguem gerar melhoria nos direitos e proteção aos traba-
lhadores, elas podem promover melhoria social. Mas frequentemente esse emprego
é inseguro e desprotegido, e há importantes desafios para se assegurar o trabalho
digno para os trabalhadores mais vulneráveis. A melhoria econômica é definida pelos
autores como o processo pelo qual os diferentes agentes econômicos, notadamente
as empregadoras e seus empregados deixam de efetivar atividades de baixo valor
para entregar atividades mais valorizadas nas redes de produção globais. A melhoria
econômica está relacionada com a melhoria social, mas os dois têm dimensões dife-
rentes (BARRIENTOS; GEREFFI; ROSSI, 2010).
Já o upgrade social é o processo de aprimoramento dos direitos dos trabalhadores
como atores sociais e melhora também a qualidade do emprego. Isso inclui acesso a
melhor trabalho, que pode resultar da atualização econômica toda vez que novas ha-
bilidades possam movê-lo a um lugar melhor na cadeia, mas também envolve o apri-
moramento das condições de trabalho, proteção e direitos. Melhorar o bem-estar dos
trabalhadores também pode ajudar a seus dependentes e comunidades (BARRIEN-
TOS; GEREFFI; ROSSI, 2010).
11
Apesar da importância da melhoria do bem-estar social, não há evidências claras que
demonstrem correlação entre a melhoria econômica e o upgrading social (BROWN,
2007; LOCKE et al., 2007), citados por Barrientos, Gereffi e Rossi (2010). Pesquisa-
dores destacaram também alguns dos efeitos negativos do envolvimento em cadeias
globais de produção. No entanto, isso ainda precisa ser descompactado, explorando
a possível relação entre melhoria econômica e social e, especificamente, entendendo
em que condições a melhora econômica é acompanhada de melhora social (BARRI-
ENTOS; GEREFFI; ROSSI, 2010).
Segundo Milberg e Winkler (2011), a presunção na literatura é que a atualização eco-
nômica traz melhoria do desempenho das exportações, inserção internacional e me-
lhora no bem-estar. A análise dos autores a partir de amostra de países em desenvol-
vimento mostra que, embora os desempenhos comercial e econômico estejam forte-
mente correlacionados de maneira positiva, o vínculo entre a melhora econômica e o
upgrading social são menos observadas. Este é um ponto importante que indica a
necessidade de um melhor entendimento dessa conexão. A visão de ambos, a partir
de um corpo eclético de pesquisas, leva a identificar uma série de formas em que a
pesquisa atual poderia ser estendida para melhorar a compreensão da relação entre
crescimento econômico e upgrading social em Cadeias Globais de Valor (GVCs) (MIL-
BERG; WINKLER, 2011).
Em dado momento, Milberg e Winkler (2011) conectam seu trabalho a um contingente
crescente de estudos que examinam a relação entre a exportação e os salários, sendo
que a concorrência internacional tem sido citada como uma fonte de aumento da de-
sigualdade salarial: Bernard e Jensen (1997) argumentam que grande parte do au-
mento da desigualdade salarial no segmento manufatureiro dos Estados Unidos na
década de 1980 pode ser explicada por um aumento relativo na procura de mão-de-
obra pelas empresas exportadoras que, em comparação às empresas não exportado-
ras, empregam relativamente mais trabalhadores qualificados (ou seja, não alocados
em linhas de produção) que trabalhadores menos qualificados (alocados nessas li-
nhas). O efeito da exportação na desigualdade salarial pode ser reforçado caso, além
12
disso, as empresas exportadoras compensarem grupos de habilidades de forma dife-
rente das empresas domésticas. Se os trabalhadores altamente qualificados recebem
um maior salário na exportação do que os trabalhadores pouco qualificados, a expor-
tação pode contribuir para a desigualdade salarial não só entre diferentes grupos de
habilidades, mas também no grupo com a mesma habilidade (MILBERG; WINKLER,
2011).
Desse modo, o presente trabalho analisa a correlação entre o upgrade social e a in-
tegração na GVC dos aglomerados produtivos locais (APLs) do granito no Estado do
Espírito Santo, por tratar-se de uma área geográfica delimitada, com prevalência (e
dependência) significativa da exploração do mineral por parte de percentual impor-
tante das comunidades locais. A extração e a exportação de rochas no país estão
fortemente concentradas na região sudeste, em particular no Estado do Espírito
Santo. Mais de 50% da produção nacional de rochas é originária desse Estado, apesar
de sua área representar tão somente 0,54% do território nacional e menos de 2% da
população do país. No Espírito Santo, existem aproximadamente 1.140 empresas no
setor (83% micros e 16% pequenas), empregando mais de 19.500 pessoas direta-
mente e outras 100 mil indiretamente (FINDES, 2016). O Estado responde por 70%
da capacidade brasileira de serragem e polimento de granito, mármores e de outras
rochas. A região já apresentava, à época, características inerentes aos distritos indus-
triais marshallianos (equivalentes aos APLs) (FERNANDES, 2006).
Entre 2002 e 2007 a exportação nacional do granito, fortemente concentrada no Es-
pírito Santo e no APL de Cachoeiro de Itapemirim passa de 200 milhões de dólares
para cerca de 700 milhões. Entre 1996 e 2003, a participação das rochas processadas
passa de menos de 40% para cerca de 70%, enquanto a de rochas brutas cai de 65%
para 30% (CHIODI FILHO, 2004), caracterizando que o APL realizou forte upgrade
funcional e passou a apropriar bem mais valor ao produto granito, dado que o preço
médio da tonelada de chapas é de 3,5 vezes o da tonelada de rocha bruta. Entre
2002 e 2007, o setor passa a exportar chapas polidas (acabadas), de maior valor
agregado, provocando o upgrade funcional entre os trabalhadores dessa indústria.
Ocorre, portanto, de forma intensiva nos APLs de granito de ES, essencialmente entre
13
2002 e 2007 duas condições teoricamente favoráveis ao aumento do upgrading social:
O aumento da integração dos APLs na GVC do granito e o upgrading funcional. Essas
condições tornam os APLs um caso extremo (YIN, 1984) para o estudo da relação
entre integração nas GVCs e upgrading funcional. Se esse estudo constatar que não
ocorreu upgrading social na região no período, contribuirá com argumentos importan-
tes para a rejeição da hipótese de que a integração nas GVCs contribui para esse
upgrading.
No Brasil, em 2016, as exportações de rochas ornamentais atingiram o valor de 1.1
bilhões de dólares de saldo na balança comercial, o que corresponde a um volume
exportado de 2,49 milhões de toneladas, para 120 países. Com isso, o Brasil situa-se
como o 4º maior produtor mundial de rochas ornamentais, com participação de apro-
ximadamente 6% do volume. 80,6% dessas exportações foram adquiridas pelos Es-
tados Unidos, China e Itália. Em 2016, as rochas processadas representaram 55,9%
do volume e 80,2% do valor faturado pelo setor (FINDES, 2016).
1.2. PROBLEMA DE PESQUISA
O potencial de promoção de upgrading social nas comunidades inseridas nas GVCs,
além dos benefícios econômicos dessa inserção tem sido objeto de questionamentos
(LEE; GEREFFI, 2015). Ao analisar dados secundários - a evolução de um conjunto
de indicadores sociais nas cidades envolvidas na exploração do granito no Estado do
Espírito Santo (Brasil) e a correlação com o aumento da exportação - este estudo
coloca a seguinte questão de pesquisa: A integração de APLs em GVCs promove
o upgrading social nas comunidades onde estão inseridas?
Já em 1971, Rawls(1971) desenvolveu o conceito de qualidade de vida associado a
"bens primários", que incluiria os direitos básicos, liberdades, oportunidades, renda e
riqueza, poder conferido pela profissão e autorrespeito. Ele confirma que, uma vez
que estas coisas são vitais para todos, devem ser distribuídas igualmente entre todas
as pessoas.
14
O primeiro princípio de Rawls(1971) sobre a justiça define que "cada pessoa deve ter
um direito igual ao sistema mais extenso de liberdades básicas compatíveis com um
sistema de liberdade semelhante para todos" e o segundo princípio de que "as desi-
gualdades sociais e econômicas devem ser organizadas para que elas sejam: (i) para
o maior benefício dos menos favorecidos, consistente com o princípio da poupança
justa, e (ii) anexo a escritórios e cargos abertos a todos em condições de igualdade
equitativa de oportunidade '' (RAWLS, 1971). De acordo com isso, o upgrading de
cada pessoa é baseado em igualdade de cooperação e certos grupos na sociedade
não podem ser privados de bem-estar para que outros possam prosperar (RAWLS,
1971).
Os resultados empíricos de Binelli, Loveless e Whitefield (2015), são consistentes com
a extensa literatura sobre a conceitualização e a medição de capacidades individuais,
que estabeleceu que o bem-estar é intrinsecamente multidimensional; portanto, desi-
gualdade deve também ser consistentemente medida ao longo de uma série de di-
mensões. A principal inovação do trabalho de Binelli, Loveless e Whitefield (2015) foi
argumentar que:
O bem-estar dos indivíduos depende não apenas do que uma pessoa tenha realmente alcançado, mas também, e, tão importante, sobre o que uma pes-soa espera ser capaz de alcançar no futuro. Portanto, uma medida da desi-gualdade deve explicar as disparidades nas habilidades das pessoas para alcançar seus objetivos desejados - mesmo que apenas potenciais - tendo em conta a situação atual dos indivíduos e expectativas sobre o futuro deles. (BINELLI; LOVELESS; WHITEFIELD, 2015, p. 239).
1.3. OBJETIVO DE PESQUISA
Segundo Eisenhardt (1989), a construção da teoria tem uma característica vital, qual
seja a comparação de conceitos, teorias e hipóteses aflorantes com a literatura dispo-
nível. Se trata de questionar no que isso se assemelha, no que difere e porquê. Para
uma execução de excelência desse processo é crucial que se utilize de uma vasta
literatura. Essa literatura é importante para discutir as semelhanças nos resultados e
15
liga as similaridades inexplícitas em fenômenos não associados entre si em situações
normais. Com grande frequência, disso resulta uma teoria de validade interna expan-
dida, com maior generalização e mais alto nível conceitual. Quando a literatura con-
flita, abre-se uma oportunidade: essa justaposição de resultados heterogêneos força
pesquisadores em uma atmosfera mais criativa e um modo de pensar muito mais es-
truturante do que pensariam ser capazes de atingir. Como resultante, pode-se chegar
a uma visão mais aprofundada tanto na teoria emergente como no conflito encontrado
na literatura, bem como maior nitidez quanto às limitações que se impõem sobre a
generalização da pesquisa focada.
Em trabalhos seminais, Yin (1981; 1984) descreveu o desenho da pesquisa de estudo
de caso. O autor estabelece estudo de caso como uma estratégia de pesquisa, de-
senvolve uma tipologia de projetos de estudo de casos e descreve a lógica para repli-
cação que é fundamental para a análise de casos múltiplos. A abordagem de Yin tam-
bém reforça a preocupação com a validação e a confiabilidade inerentes à projetos de
investigação experimental no desenho de pesquisas de estudo de caso (YIN, 1981,
1984).
Consequentemente, o recorte desta pesquisa quantitativa incide sobre a possível re-
lação entre o upgrading social e a integração na cadeia global de granito dos APLs do
Estado do Espírito Santo; com base na literatura publicada disponível elencada no
seu referencial teórico e amparada por pesquisa de dados secundários, executada
através da análise crítica da evolução do bem-estar social – no caso, um conjunto de
doze indicadores sociais das cidades da região exploradora e exportadora de granito
do Estado do Espírito Santo.
Como objetivos específicos pretende-se, (i) verificar se a inserção na GVC das em-
presas mineradoras é capaz de influenciar socialmente nas comunidades onde as
mesmas estão situadas, gerando ganhos além do econômico, (ii) verificar se esse
16
upgrading persiste (ou evolui) ao longo do período estudado nos municípios que com-
põem os APLs e (iii) verificar quais aspectos da qualidade do trabalho e de vida foram
mais impactados pela integração na cadeia global de valor.
1.4. JUSTIFICATIVA E CONTRIBUIÇÃO DO ESTUDO
A relação entre a integração em cadeias globais e as melhorias nas condições de
trabalho é tratada de maneira não concordante pelos diversos autores: ainda na dé-
cada passada, trabalhos começavam a chamar a atenção para a relação entre GVC
e questões de trabalho (KNORRINGA; PEGLER, 2006). Segundo Milberg e Winkler
(2011), o desenvolvimento econômico estaria virando sinônimo de upgrading econô-
mico nas redes de produção globais (GPNs). Contudo, ao passo em que várias pes-
quisas conectam a atualização econômica com o crescimento econômico e comércio
internacional, somente uma menor parcela de trabalhos focam na análise da relação
entre upgrading econômico e social; ou seja, as melhorias nos salários, condições,
direitos, gênero, igualdade e segurança econômica dos trabalhadores em GPNs.
O foco da maioria dos estudos sobre upgrading econômico é sobre o grau de sofisti-
cação tecnológica da produção e especialmente sobre valor adicionado. Na termino-
logia das GVCs, a atualização é definida como "a possibilidade dos produtores (de
países em desenvolvimento) subirem na cadeia de valor, seja através de mudanças
para posições funcionais mais gratificantes ou fazendo produtos que têm maior valor
agregado investido e que podem fornecer melhor retorno aos produtores" (GIBBON;
PONTE, 2005). Ainda de acordo com os autores, o upgrading econômico pode vir
associado a um upgrading ou downgrading (rebaixamento) social. Pode acontecer
também do upgrading social ocorrer mesmo na inexistência de melhoria econômica,
e ainda que um país vivencie simultaneamente pioras econômicas e sociais.
A presunção na literatura é que a atualização econômica traz melhoria do desempe-
nho das exportações e upgrading social. O trabalho de Milberg e Winkler (2011) traz
uma amostra de países em desenvolvimento e postula que, embora o desempenho
17
comercial e o upgrading econômico estejam fortemente correlacionados positiva-
mente, o vínculo entre o upgrading econômico e o social é bem menos evidente. Este
é um ponto importante uma vez que indica necessidade de uma melhor compreensão
dessa conexão (MILBERG; WINKLER, 2011). Os autores já destacavam nesse mo-
mento, a inexistência de trabalhos que utilizassem abordagem quantitativa. Vários
compunham-se de ensaios teóricos, revisões de literatura e uma parcela substancial
da pesquisa sobre upgrading era de estudos de casos sobre países, regiões ou seto-
res.
Nesse contexto e a partir de pesquisa com abordagem quantitativa – amparada em
bases de dados secundários de fonte governamental, a proposta desta dissertação se
justifica para agregar e enriquecer a atual discussão acadêmica em torno do papel
efetivo das GVCs na melhora da atividade econômica possivelmente associada a um
impacto social.
1.5. ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO
A presente dissertação está composta por 05 sessões. A primeira sessão compreende
a Introdução, a qual tem como objetivo apresentar a Contextualização, Problema de
pesquisa, Objetivo de pesquisa, Justificativa e Contribuição do Estudo e Estrutura da
Dissertação. Na segunda sessão, a Revisão de Literatura apresenta conceitos como
As Cadeias Globais de Valor, O Papel das GVCs no Desenvolvimento das Comuni-
dades nelas Inseridas, Conceitos sobre Upgrading Social, A Figura dos Clusters ou
APLs, Os APLs do Granito no Espírito Santo e, juntamente com estes tópicos, apre-
sentam-se as Hipóteses de Estudo e o Modelo Teórico. A terceira sessão é constituída
pela Metodologia de Pesquisa utilizando estudo quantitativo. Na quarta sessão, será
apresentada a Análise e Discussão dos Resultados, com base na análise dos da-
dos obtidos. A Conclusão, juntamente com as Limitações do Estudo e as Sugestões
para Estudos Futuros serão discorridos na quinta sessão.
18
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1. AS CADEIAS GLOBAIS DE VALOR
Desde a década de 1960, indústrias multinacionais têm dividido suas cadeias de su-
primentos em busca de fornecedores habilitados e de baixo custo além-mar. A litera-
tura sobre "a nova divisão internacional do trabalho" detectou o crescimento das ex-
portações de manufaturados dos países em desenvolvimento, estabelecendo plata-
formas de exportação intensivas em mão-de-obra criadas por empresas estrangeiras
em áreas com salários baixos (FROBEL; HEINRICHS; KREYE, 1981). Nas décadas
de 1990 e 2000, as indústrias e atividades abrangidas pelas cadeias de suprimentos
globais aumentaram de forma exponencial, englobando não só os produtos acabados,
mas também componentes e subconjuntos, e que afetam não apenas a indústria ma-
nufatureira, mas os setores de energia, produção de alimentos e vários tipos de ser-
viços, como call centers, contabilidade, até atividades de pesquisa e desenvolvimento
(P&D) das principais empresas multinacionais (ENGARDIO; BERNSTEIN; KRIPA-
LANI, 2003).
Gereffi e Korzeniewicz (1994) abordam a questão da governança em uma GVC a par-
tir da relação de autoridade e de poder que vai determinar a maneira como os recursos
de várias naturezas (financeiros, materiais e humanos) serão mobilizados e fluirão
dentro de uma cadeia produtiva. O entendimento de como uma GVC é controlada e
governada pode tornar a inserção e o crescimento da empresa como indústria mundial
mais fácil. Analisar a governança requer, na prática, identificar quais empresas lideram
o setor, suas localizações, como as mesmas interagem com a estrutura supridora
além de, principalmente, as fontes de influência e o poder detido sobre os provedores
ao longo da cadeia (GEREFFI; FERNANDEZ-STARK, 2016).
Considerando-se um fenômeno, o termo GVC conecta-se ao fato que com a globali-
zação e a flexibilização de barreiras alfandegárias e tarifárias, acrescido da diminuição
dos custos de comunicação e de transporte, as empresas, com o objetivo de redução
de seus custos operacionais, passam a distribuir suas atividades e adquirir bens e
19
insumos dos quais necessita em diferentes regiões do globo. Também uma metodo-
logia de análise, sob lente desenvolvimentista, que busca entender as formas e moti-
vos pelos quais essa distribuição de tarefas possibilita (ou não) às empresas localiza-
das em economias emergentes de se apropriarem de parcelas maiores do valor ge-
rado ao longo da cadeia. Também busca compreender como, através do processo, as
empresas podem influenciar o desenvolvimento das regiões onde se localizam (AVRI-
CHIR; ARAUJO; RAMIRO, 2016).
Uma vez que a gestão da produção deixa de ser feita por uma coordenação intra-
firma, passando a ocorrer de forma fragmentada em diferentes locais no mundo, surge
a questão da governança das cadeias. Questões como a definição de preços de trans-
ferência entre os elos produtivos, padrões técnicos de produção, aperfeiçoamento e
desenvolvimento de novos produtos envolvendo integração entre os diferentes elos,
anteriormente respondidas de forma coordenada e hierárquica, passam a se-lo atra-
vés de outras formas, basicamente de acordo com a relação entre os determinantes,
o tipo de governança e o grau de assimetria de poder entre o coordenador da cadeia
e os demais elos da mesma (AVRICHIR; ARAUJO; RAMIRO, 2016).
Nesse sentido, o padrão de envolvimento dos fornecedores é explicado por Johanson
e Vahlne (1990), em trabalho seminal sobre o processo de internacionalização. Os
autores afirmam que o relacionamento (ou compromisso) da empresa com um mer-
cado se desenvolve em cadeia, onde no início não há nenhuma atividade regular para
esse mercado, passando-se à exportação por meio de representantes, posteriormente
via uma subsidiária, podendo chegar até ao estabelecimento de operações próprias
no exterior. Essa sequência de estágios simbolizaria o compromisso crescente de re-
cursos para o novo mercado (JOHANSON; VAHLNE, 1990).
Segundo Cavusgil (1984), a maioria dos estudiosos concorda que as empresas apre-
sentam um processo evolucionário na maneira como atuam em negócios com outros
países e se internacionalizam. O autor identifica vários estágios ao longo desse pro-
20
cesso: o envolvimento experimental, o envolvimento ativo e o envolvimento compro-
missado. O envolvimento experimental inicia-se normalmente com uma exportação
fruto de uma consulta não provocada, onde a empresa responde de maneira reativa
e trata os negócios internacionais como marginais ao seu negócio principal, local. Com
recursos gerenciais, de capital e de produção alocados com relutância, os objetivos
de longo prazo não prevalecem sobre os de curto prazo (CAVUSGIL, 1984).
As discussões sobre os benefícios da participação nas GVC giram em torno da par-
cela do valor agregado que os países individualmente adicionam, e se isso aumentou
ou diminuiu ao longo do tempo. Evidências econométricas, sugerem que o cresci-
mento das exportações beneficia todos os participantes de uma GVC, aumentando
seu valor agregado. Estar mais integrado em uma GVC está associado ao maior valor
agregado interno (upgrading) e a maiores exportações (SANTONI; TAGLIONI, 2015).
Além do conceito-chave de governança, o de upgrading é tão fundamental quanto,
uma vez que trata da aquisição de capacidades que habilitam as firmas participantes
da cadeia a executarem tarefas que oferecem maiores margens e são mais difíceis
de serem copiadas (NAVAS-ALEMÁN, 2011). O upgrading pode ser (i) de processo,
quando diz respeito à melhorias no sistema de produção – formas mais eficientes de
transformar entradas e saídas, (ii) de produtos, quando envolve mudança de dese-
nhos para saídas mais sofisticadas, (iii) funcional, quando move-se para estágios di-
ferentes da produção, acessando também atividades de branding e marketing, e (iv)
de cadeia, quando a experiência adquirida habilita a firma a fabricar novos produtos e
serviços. A literatura parece caminhar para um consenso que, diante da possibilidade
de upgrading, as empresas inseridas em uma GVC fortemente coordenada conse-
guem realizar upgrade de processos e de produto, mas menos frequentemente o fun-
cional e de cadeia (AVRICHIR; ARAUJO; RAMIRO, 2016).
Desde o início dos anos 2000, os conceitos de GVC e a GPN ganharam popularidade
como formas de analisar a expansão internacional e fragmentação geográfica das ca-
21
deias contemporâneas de fornecimento (GEREFFI et al., 2001). Existem inúmeras re-
visões sobre as características distintivas das cadeias globais de commodities (GCC),
as GVCs e as GPN para se analisar as cadeias de fornecimento globais. Em geral,
todas caracterizam a economia global como constituída por redes econômicas com-
plexas e dinâmicas compostas de relações inter-firmas e intra-firmas (GEREFFI,
2014).
Segundo Fung (2011), a organização da economia global estaria iniciando uma nova
fase (o que alguns chamaram de grande ponto de inflexão), que poderia ter implica-
ções significativas para o upgrading ou downgrading econômico entre países, empre-
sas e trabalhadores. O papel do Consenso de Washington como paradigma para os
países em desenvolvimento foi severamente enfraquecido (GORE, 2000) e nenhuma
estratégia de desenvolvimento alternativa tomou seu lugar (GEREFFI, 2014).
Em seu artigo, Neilson (2014) sugere a necessidade de um foco revigorado dentro
das aplicações de desenvolvimento das estruturas das GVCs sobre o que eram ante-
riormente os princípios fundamentais da estrutura: as configurações institucionais da
cadeia e o papel de desenvolvimento do Estado; processos de estabelecer e exercer
poder ao longo da cadeia; e uma preocupação com a escala global de processos que
moldam processos de inclusão e exclusão para nações, comunidades e indivíduos.
O debate sobre o papel das GVCs e a sua influência na melhoria da atividade econô-
mica local está dividido entre duas linhas de pensamento: a que acredita que as rela-
ções locais entre empresas e instituições são fundamentais para essa melhoria e
aquela que argumenta que os espaços de aprimoramento são definidos pelas estra-
tégias de abastecimento dos compradores globais. Várias questões importantes sur-
gem a partir desse debate: quão viável é desenvolver estratégias de melhoria local?
As instituições (como governos e agências de fomento) locais podem fazer a dife-
rença, ou as forças globais podem neutralizá-las? A qualidade global e os padrões
trabalhistas marginalizam os produtores dos países em desenvolvimento ou eles os
ajudam a atualizarem-se? Humphrey (2001) propôs uma nova compreensão de como
22
a governança global e local interagem, destacando o poder e a desigualdade nas ca-
deias globais.
A importância da territorialidade para as cadeias de valor foi reconhecida pela teoria
das cadeias globais de produção, que também dá mais ênfase aos atores e relacio-
namentos em redes globais. A teoria das GPNs propõe a evolução do conceito de
melhoria para o de criação e captura de valor e reconhece a possibilidade de usar
redes como unidades de análise, mas permanece utilizando empresas para fazê-lo.
No entanto, a conexão entre a melhoria da empresa (ou criação de valor) e o desen-
volvimento local, tanto na teoria das GPNs quanto na das GVCs foi desafiado (FI-
GUEIREDO et al., 2017).
Um complemento significativo ao conceito de cadeia de valor é a ideia de que muitas
cadeias são caracterizadas por uma parte dominante (ou às vezes partes) que se
torna responsável por atualizar atividades dentro de links individuais e coordenar a
interação entre os links. Este é o papel de governança da cadeia (HOPKINS E WAL-
LERSTEIN, 1986), (GEREFFI; KORZENIEWICZ, 1994); citados por Kaplinsky (1998).
Vários estudos indicam que compradores de países desenvolvidos são a principal
fonte para uma modernização industrial para os países em desenvolvimento. No en-
tanto, em pesquisas recentes, verificou-se que as indústrias desses países são força-
das a se atualizarem quando enfrentam choques ou condições de vulnerabilidade e
riscos. Tais choques acontecem por três principais razões: processo (mudanças na
produção), produto (novas categorias) e sociedade civil (relação capital-trabalho).
Pesquisas revelam que empresas que tiveram maior sucesso em suas atualizações
foram as que enfrentaram um número maior de choques, e por consequência, foram
obrigadas a realizar reformas amplas em seus modelos de negócio, e assim se dire-
cionaram em frente em suas cadeias de valor (PINPKIN; FUENTES, 2017).
23
Pesquisas indicam que a atualização de países em desenvolvimento quanto a cadeias
de valor, se concentra na governança como uma questão de como os compradores
globais organizam a divisão do trabalho na produção internacionalizada. Ao privilegiar
arranjos centrados no comprador, deixa-se de lado os (GIBBON et. al, 2008). Também
há dúvidas se compradores locais ajudam tais países em seu desenvolvimento para
se atualizarem em direção a inovações e maior valor agregado. E, permanecem ques-
tões sobre atualizações bem-sucedidas da cadeia de valor e impactos positivos para
os trabalhadores (PINPKIN; FUENTES, 2017).
Uma característica inovadora das cadeias conduzidas por compradores onde empre-
sas líderes são grandes varejistas (como WalMart e Tesco) ou marcas globais (como
Nike e Gap) é que elas não possuem propriedade direta sobre fábricas, mas sim
grande controle sobre a produção, através da capacidade de estabelecer preços, es-
pecificações de produtos, padrões de processos e condições de entrega em suas ca-
deias de suprimentos (BARRIENTOS; GEREFFI; ROSSI, 2010).
Exemplos, sobretudo nos países emergentes, têm mostrado que a apropriação de
valor pelas empresas é desigual, uma vez que há uma clara assimetria de poder em
benefício dos compradores na relação. No caso citado por Navas-Alemán (2011) so-
bre a indústria de calçados no Brasil, a orientação estratégica inequivocadamente ex-
portadora, amparada e apoiada por instituições locais de fomento, fizeram com que
se perdesse o foco no mercado local e, com o surgimento de concorrentes mais habi-
litados a suprir a demanda dos países compradores, várias empresas correram o risco
de desaparecer.
A assimetria de poder em redes cativas obriga os fornecedores a se relacionarem com
seu comprador em condições estabelecidas por, e muitas vezes específicas desse
comprador, levando a vínculos não-regulados e altos custos de mudança para ambas
as partes. Uma vez que a competência central das empresas líderes tende a estar em
áreas fora da produção, ajudar seus fornecedores a atualizar suas capacidades de
24
produção não invade essa competência básica, mas beneficia a empresa líder, au-
mentando a eficiência de sua cadeia de suprimentos. Concluindo, a liderança ética é
vital para garantir que os fornecedores recebam um tratamento justo e uma participa-
ção equitativa no preço do mercado (GEREFFI; FERNANDEZ-STARK, 2016).
2.2. O PAPEL DAS GVCS NO DESENVOLVIMENTO DAS COMUNIDADES NE-
LAS INSERIDAS
O termo desenvolvimento, ou mais especificamente a melhoria, é tratada como um
movimento na direção de atividades de maior valor agregado na produção, para me-
lhorar tecnologia, conhecimento e habilidades, e para aumentar os benefícios ou lu-
cros decorrentes da participação em cadeias globais de produção. O conceito analítico
de melhoria foi abraçado quase unanimemente por atores de agências de desenvol-
vimento que estabelecem fundações conceituais para a abordagem e tem sido instru-
mental no acompanhamento da teoria da cadeia de valor ao longo de sua transforma-
ção de uma ciência social crítica para um quadro de ação para intervenções de de-
senvolvimento. Gereffi et al. (2001) e Neilson (2014) abordam a inserção das empre-
sas nas cadeias locais e globais de valor como forma maximização de valor e apren-
dizado, provocando melhoria nos agentes envolvidos. Os formuladores de políticas
adotaram a ideia de que a participação nas cadeias globais de valor e nas redes de
produção como sendo a chave para o crescimento econômico. Entretanto, à luz do
considerável interesse político nas cadeias de valor para o desenvolvimento social,
surpreendentemente foram realizadas poucas pesquisas sobre como essas políticas
foram implementadas na prática e se elas foram efetivas no campo (NEILSON, 2014).
Barrientos, Gereffi e Rossi (2010), citando Barrientos e Smith (2007), sustentam que
a melhoria social pode ser subdividida em dois componentes: padrões mensuráveis e
direitos habilitantes. Os padrões mensuráveis são aqueles aspectos de bem-estar dos
trabalhadores que são possíveis de serem observáveis e quantificáveis, como cate-
goria de emprego, nível salarial, proteção social e horas de trabalho. Por outro lado,
direitos habilitantes são aspectos menos facilmente quantificados, como a liberdade
25
de associação e o direito à negociação coletiva, a não discriminação, o direito à ex-
pressão e a capacitação (BARRIENTOS; GEREFFI; ROSSI, 2010).
Como exemplo de padrões mensuráveis, Klein, em seu estudo de 2013 com trabalha-
dores alemães, mostrou que operários pouco qualificados na manufatura exportadora
alemã recebem salários menores enquanto os trabalhadores mais qualificados têm
um salário maior. Isto é consistente com predições importantes de modelos teóricos
recentes na área do comércio internacional. As estimativas de Klein indicam que a
atividade de exportação pode ser uma fonte considerável de desigualdade salarial (até
30% para grupos específicos) dentro e entre os grupos de habilidades.
Em artigo, Araújo e Paz (2014) exploram a depreciação da taxa de câmbio do Brasil
em 1999 para identificar os efeitos de um aumento nas exportações sobre os salários.
Seus achados mostram que esse choque de exportação aumentou o salário médio no
âmbito das empresas de acordo com o nível de produtividade inicial das mesmas, ou
seja, aproximadamente dois terços desse aumento de salário assumiu a forma de um
prêmio salarial maior, enquanto a atualização da habilidade do trabalho (aprimora-
mento técnico profissional) representou a parte restante.
Examinando ainda mais esses efeitos sobre os salários no nível de ocupação-em-
presa, descobriu-se que nem todas as ocupações foram afetadas igualmente através
desses dois canais de melhoria salarial. Dos três tipos de ocupações de colarinho
branco investigados, apenas profissionais de nível gerencial se beneficiaram do cho-
que da taxa de câmbio através de aumentos salariais. Trabalhadores qualificados de
colarinho azul receberam os referidos aumentos em partes iguais (prêmio salarial e
aprimoramento técnico).
Assim, o benefício em termos salariais da atualização de habilidades induzidas pelo
comércio internacional, na hipótese de vários modelos, estaria ocorrendo de fato ape-
nas para ocupações qualificadas de colarinho azul. Trabalhadores não treinados de
26
colarinho azul e as restantes ocupações de colarinho branco foram incapazes de co-
lher quaisquer ganhos do choque de exportação (ARAUJO; PAZ, 2014).
Ainda segundo os autores, existe ambiguidade teórica no efeito da internacionalização
nas desigualdades de salários. Tendo em vista o acesso recentemente ampliado dos
países periféricos aos mercados de países desenvolvidos fica evidente a preocupação
dos formuladores de políticas no entendimento dos mecanismos subjacentes aos efei-
tos nos rendimentos dos trabalhadores de um aumento da exportação, como forma
de preverem esse impacto nas desigualdades salariais e endereçarem políticas públi-
cas adequadas. (ARAUJO; PAZ, 2014).
Stringer et al. (2014) analisa a operação de navios charter estrangeiros em águas
neozelandesas, conectados a cadeias de valor orientadas a commodities e dominadas
por grandes varejistas em modelos de negócios tipicamente voltados a minimização
de custos – e questiona como um abuso de poder e supressão de direitos de minorias
pode acontecer em um ambiente institucional que supostamente oferece proteção aos
trabalhadores contra tal tratamento. Os autores concluem que a eliminação das práti-
cas desleais que foram objeto da pesquisa somente ocorrerá via transparência ao
longo de toda a cadeia, sobretudo daqueles setores invisíveis ao olhar público e tam-
bém graças a instituições públicas que levem a fim e a cabo suas atribuições legais
exigindo a prestação cabível de contas de todos os agentes envolvidos. (STRINGER
et al., 2014).
Barrientos (2014) aborda um aspecto ainda mais peculiar e que diz respeito às ine-
qualidades de gênero na interação das GVCs e normas sociais nas quais os padrões
de consumo e produção diferenciando homens e mulheres estão enraizados nas di-
ferentes sociedades. A autora analisa a cadeia de valor do cacau e do chocolate, li-
gando a Europa e as regiões de cultivo em Gana e na Índia: as mulheres consumido-
ras dos países desenvolvidos atribuem superior qualidade a esse chocolate, enquanto
a contribuição das mulheres para a produção do alimento é mal remunerada, aumen-
tando a captura de valor pelas empresas fabricantes de chocolate; fazendo com que
27
a cadeia de valor não seja isenta quanto ao gênero, mas utiliza-o como argumento
que influencia seu funcionamento comercial e vice-versa. O trabalho deixa claro que
o upgrading econômico e social só poderá ser atingido se as mulheres receberem
maior reconhecimento e remuneração em ambas as esferas comercial e social. (BAR-
RIENTOS, 2014).
Ao longo da última década, o modelo para governança de CGVs de Locke (2009),
baseado em conformidade a padrões destinados a melhorar a qualidade e os resulta-
dos sociais e ambientais mostraram-se inadequados para lidar com essas preocupa-
ções. No que diz respeito às condições de trabalho, a ineficácia do modelo de gover-
nança tem estado sob intenso escrutínio após uma série de eventos trágicos alta-
mente divulgados: dezenas de suicídios de trabalhadores nas fábricas da Foxconn na
China desde 2010 lançam luz sobre condições horríveis que confrontam aqueles que
montaram produtos de alta tecnologia como o iPhone (LEE; GEREFFI, 2015).
Sobre esse exemplo, Clarke e Boersma (2015): citam que a Apple teria reafirmado
prontamente sua legitimidade com consumidores, enquanto a sua fornecedora
Foxconn a convencia de que o processo de transformação estaria em marcha. De
fato, as dificuldades que ambas empresas enfrentam na autorregulação consolidam
um sistema de produção essencialmente falho, onde a atuação ocorre na forma de
remendos que continuamente são expostos pela sociedade civil sem qualquer atua-
ção dos governos na formulação proposição de legislação trabalhista mais rígida. Isso
permite a continuidade de práticas de exploração de trabalhadores, encobertas por
um imenso esforço de marketing focado no produto que contrapõe o trabalho de cons-
cientização implementado pela sociedade civil organizada (CLARKE; BOERSMA,
2015).
Está havendo uma mudança de paradigma no sentido das cooperações socialmente
responsáveis. Desde os anos 90, quando grandes cadeias de varejo passaram a ser
avaliados pela sociedade por suas práticas de compras e de tratamento a fornecedo-
res, surge o conceito de modelos de conformidade. Dessa forma, que preveem, entre
28
outras coisas: (i) que as empresas têm responsabilidade por seu impacto na socie-
dade e no ambiente natural, por vezes além do cumprimento legal e da responsabili-
dade de indivíduos; (ii) que as empresas têm responsabilidade pelo comportamento
de outras pessoas com quem fazem negócios (por exemplo, nas cadeias de supri-
mentos); e (iii) que as empresas precisam administrar seu relacionamento com a so-
ciedade em geral, seja por razões de viabilidade comercial ou para agregar valor à
sociedade (LUND-THOMSEN; LINDGREEN, 2014).
Os autores argumentam, entretanto, que as medidas propostas no novo paradigma
têm baixa probabilidade de alterar as relações de poder nas CGVs e de trazer melho-
rias sustentadas nas condições dos trabalhadores nas indústrias de exportação dos
países em desenvolvimento. A partir de uma avaliação crítica do potencial e das limi-
tações do modelo, ainda segundo os autores, seria improvável uma alteração nas re-
lações de poder de compradores, fornecedores e trabalhadores em cadeias globais
de valor em particular na capacidade de garantir significativamente maior renda ou
melhores condições para os trabalhadores, considerando as restrições impostas pela
concorrência mundial entre fornecedores (LUND-THOMSEN; LINDGREEN, 2014).
O espaço para debate existe, uma vez que é dada como certa a complexidade e difi-
culdade de se relacionar o aprimoramento econômico e o social. Enquanto o estudo
dos efeitos econômicos da inserção das empresas nas CGVs apresenta um viés po-
sitivo, menos certeza parece haver quanto aos efeitos benéficos nas condições soci-
ais, como citado por Lee (2011): apesar de mais transações serem realizadas por
meio de uma coordenação estreita entre compradores e fornecedores, a mudança
para atividades de maior valor agregado é definido de maneira crítica pelos líderes na
cadeia, e evidências crescentes mostram que a modernização econômica dos produ-
tores não gera por definição uma melhoria social entre seus trabalhadores (LEE; GE-
REFFI; BARRIENTOS, 2011).
29
2.3. CONCEITOS SOBRE UPGRADING SOCIAL
O conceito de upgrading social trata da captura de ganhos no padrão de vida e nas
condições de emprego ao longo do tempo. Suas expressões mais recorrentes são o
emprego e salários (MILBERG; WINKLER, 2011). Depois, há os fatores envolvidos
nas condições de trabalho. Existem teorias econômicas concorrentes para explicar o
processo de fixação de salários e entender as diferenças é importante para a compre-
ensão da relação entre atualização econômica e social. Para a teoria neoclássica, é a
tecnologia que determina a demanda por trabalhadores e a compensação financeira
(salários). Isso conectaria a atualização econômica e social, segundo os autores. Na
teoria institucionalista, os salários são resultado de um processo de barganha deter-
minado por forças dos dois lados, com instituições do mercado de trabalho (salários
mínimos, convenções coletivas, benefícios adicionados) como determinantes signifi-
cativos do resultado obtido. Nesse contexto, a melhoria social é desvinculada da mu-
dança tecnológica, mas estaria associada à força das instituições sociais presentes
(MILBERG; WINKLER, 2011).
Segundo Machado et al. (2017), o conceito de qualidade de vida (QoL) relaciona-se à
provisão, pela economia, sistemas sociais ou ambientais organizados para apoiar uma
comunidade produtora, de serviços saudáveis e que tenham significância para os re-
sidentes. A qualidade de vida teria natureza multidimensional, englobando vários as-
pectos da vida humana. Matarrita-Cascante (2010) define qualidade de vida como um
estado de situação da vida humana com os vários termos a ela associados, como
bem-estar, utilidade, satisfação com a vida.
Diferentes estudos tratam da definição geral de qualidade de vida com abordagens
diferentes, embora a maioria siga as mesmas medidas objetivas ou subjetivas. Aspec-
tos físicos ou materiais da qualidade de vida são as medidas ditas objetivas, já aqueles
ligados às percepções de satisfação, sentimentos pessoais, atitudes, preferências,
opiniões, julgamentos e crenças são tratados como indicadores subjetivos. (MA-
CHADO et al., 2017).
30
Citando Sirgy et al. (2009), Machado et al. (2017) segue argumentando que as medi-
das subjetivas de QoL são as relacionadas com os sentimentos dos residentes em
relação à comunidade, podendo ser divididas em dimensões que incluem (mas não
limitam) aspectos como preocupação com o crime (que impactam a longevidade), a
disponibilidade de empregos, o acesso aos cuidados de saúde, à habitação, à educa-
ção e o senso de comunidade. Já os indicadores sociais objetivos são medidas soci-
ais que refletem os objetivos pessoais em determinada unidade cultural, geográfica
ou econômica. São várias as medidas envolvidas nos indicadores sociais, como direi-
tos humanos, bem-estar e educação. (MACHADO et al, 2017).
Segundo o relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
(PNUD) de 2014, “o conceito de desenvolvimento humano nasceu definido como um
processo de ampliação das escolhas das pessoas para que elas tenham capacidades
e oportunidades para serem aquilo que desejam ser.” Adotando uma visão distinta da
perspectiva do crescimento econômico, onde o bem-estar de uma sociedade é medido
apenas pelos recursos ou pela renda que ela pode gerar, o conceito de desenvolvi-
mento humano procura olhar diretamente para as pessoas, suas oportunidades e ca-
pacidades.
Nesse conceito, a renda continua sendo marcador importante como um dos meios do
desenvolvimento e não como seu fim. Muda-se assim a perspectiva: o foco é deslo-
cado do crescimento econômico, ou da renda, para o ser humano. O conceito de De-
senvolvimento Humano acredita que para se medir o avanço de qualidade de vida de
um povo é preciso ir além da perspectiva puramente econômica, considerando outros
indicadores sociais, culturais e políticos que influenciam a qualidade da vida humana
(PNUD, 2014).
O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) foi concebido como um contraponto ao
Produto Interno Bruto (PIB) per capita, até então o indicador mais utilizado, mas que
considera apenas a dimensão econômica do desenvolvimento. Três pilares consti-
tuem o IDH: saúde, educação e renda (PNUD, 2014).
31
Diversos autores sugerem que o IDH não é um indicador ideal de bem-estar. No en-
tanto, a avaliação da qualidade de vida é complexa, abstrata e difícil de sintetizar.
Independentemente de suas limitações, o IDH poderia ser uma alternativa adequada
para realizar análises de bem-estar a nível transversal, uma vez que tem uma dispo-
nibilidade homogênea de dados por um período de tempo mais longo e para mais
países do que outros índices relacionados. (JORDÁ; TRUEBA; SARABIA, 2014).
Entretanto, por se tratar de um dado censitário, com medições a cada década, para
efeito deste trabalho buscamos mimetizar os indicadores sociais do IDH, respeitando
os três pilares que o constituem, mas utilizando dados anuais da base do Departa-
mento de Informática do Sistema Único de Saúde (DataSUS) e do Instituto Nacional
de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP). Dessa forma, foram
montados grupos de indicadores para cada pilar, considerando:
a) para renda: (i) # de pessoas com cobertura de plano de saúde, (ii) # de famílias
residindo em casas de alvenaria, (iii) # de domicílios com coleta de lixo, (iv) #
de domicílios servidos por energia elétrica.
b) para longevidade: (i) taxa de mortalidade infantil, (ii) # de óbitos por causas
evitáveis dos 05 aos 74 anos, (iii) # de domicílios abastecidos com água da
rede pública, (iv) # de domicílios com ligação de esgoto domiciliar, (v) taxa de
gestantes com acompanhamento pré-natal.
c) para escolaridade: # de matrículas totais, aberto por: (i) # de alunos matricula-
dos no ensino fundamental, (ii) # de alunos matriculados no ensino médio, (iii)
% do total de alunos matriculados em escolas privadas.
Um resumo com os principais referenciais teóricos para os conceitos de upgrading
social encontram-se na tabela a seguir.
32
Tabela 1 - Definições de Upgrading Social
Referência Definição
Barrientos, Gereffi e Rossi (2010)
Destacam que a melhoria social é o processo de aprimo-ramento dos direitos dos trabalhadores como atores so-ciais e melhora também a qualidade do emprego. Isso incluiria acesso a melhor trabalho, que pode resultar da atualização econômica toda vez que novas habilidades possam movê-lo a um lugar melhor na cadeia, mas tam-bém envolve o aprimoramento das condições de traba-lho, proteção e direitos.
Milberg e Winkler (2011) O conceito upgrading social trata da captura de ganhos no padrão de vida e nas condições de emprego ao longo do tempo. Suas expressões mais recorrentes são em-prego e salários. Depois, há os fatores envolvidos nas condições de trabalho. Existem teorias econômicas con-correntes para explicar o processo de fixação de salários e entender as diferenças é importante para a compreen-são da relação entre atualização econômica e social. Isso conectaria a atualização econômica e social.
Binelli, Loveless e Whitefield (2015)
A principal inovação foi argumentar que “o bem-estar dos indivíduos depende não apenas do que uma pessoa te-nha realmente alcançado, mas também, e, tão impor-tante, sobre o que uma pessoa espera ser capaz de al-cançar no futuro. Portanto, uma medida da desigualdade deve explicar as disparidades nas habilidades das pes-soas para alcançar seus objetivos desejados - mesmo que apenas potenciais - tendo em conta a situação atual dos indivíduos e expectativas sobre o futuro deles.
Machado et al. (2017) Define que indicadores sociais objetivos são medidas so-ciais que refletem os objetivos pessoais em determinada unidade cultural, geográfica ou econômica. São várias as medidas envolvidas nos indicadores sociais, como direi-tos humanos, bem-estar e educação. Já as medidas sub-jetivas de QoL seriam as relacionadas com os sentimen-tos dos residentes em relação à comunidade, podendo ser divididas em dimensões que incluem (mas não limi-tam) aspectos como preocupação com o crime (que im-pactam a longevidade), a disponibilidade de empregos, o acesso aos cuidados de saúde, à habitação, à educação e o senso de comunidade.
Fonte: Os autores (2019).
33
2.4. A FIGURA DOS CLUSTERS OU APLS
Segundo Porter (2000), na era da competição mundial, a geografia da economia está
envolvida em um paradoxo. Mudanças em tecnologia e na competição diminuíram
muito o papel original da localização, como largamente reconhecido. Os mercados
globais proporcionam oportunidade para que recursos, capital, tecnologia e vários ou-
tros insumos possam ser obtidos de maneira eficiente onde quer que seja. As redes
corporativas permitem às empresas acessarem os insumos imóveis que necessitam
e, portanto, não é mais preciso estar perto dos principais mercados para atendê-los.
Isso faz inclusive com que os governos percam influência sobre a competição para as
forças globais. Daí conclui-se, portanto, que a importância da localização diminuiu.
Ainda em seu trabalho de 1990, Porter já apresentava uma teoria que se baseava na
microeconomia de competitividade nacional, estadual e local na economia global.
Os Clusters tiveram, nessa teoria, papel de destaque: tratam-se de agrupamentos ou
concentrações geográficas de firmas interligadas, de fornecedores especializados,
prestadores de serviço, empresas que pertencem a indústrias relacionadas e ainda as
instituições associadas (como universidades, agências de padronização e regulação,
associações comerciais) em uma área específica onde competem, mas também coo-
peram.
Os clusters provocaram uma mudança na forma de se pensar sobre economias locais,
estaduais, nacionais e exigem um novo protagonismo para as empresas, os governos
e os outros agentes envolvidos no aumento da competitividade. Apesar do surgimento
dos clusters ter sido abordado em vários trabalhos, eles não devem ser analisados
sem uma teoria mais abrangente da competitividade e estratégia concorrencial numa
economia de escala global. A existência dos clusters traz importantes dados acerca
da microeconomia da concorrência e o papel da localização na vantagem competitiva.
Mesmo que as antigas razões para os agrupamentos tenham diminuído em importân-
cia com a globalização, a influência dos clusters sobre a competitividade adquiriram
um maior protagonismo, e de forma ainda mais complexa, numa economia dinâmica
e baseada no conhecimento (PORTER, 2000).
34
Os clusters, enquanto concentrações geográficas de empresas de um setor especí-
fico, englobam arranjos de empresas relacionadas e outras entidades decisivas para
a competitividade do grupo, como fornecedores de matérias primas especializadas e
de infraestrutura. Já as aglomerações de empresas são fenômeno mais antigo, com
registros datando da Idade Média. Cassiolato e Lastres (2003) definem APLs como
aglomerações territoriais de agentes econômicos, políticos e sociais que incluem ati-
vidades produtivas, de comércio ou serviço focadas em um conjunto de atividades
econômicas, além de instituições públicas e de ensino, pesquisa, política, promoção
e financiamento. Quanto às diferenças entre clusters e APLs, Figueiredo e Di Serio
(2007), afirmam que nos clusters os vínculos entre as firmas são mais intensos e há
maior participação das empresas privadas que estão aglomeradas para o desenvolvi-
mento do próprio agrupamento, com menor dependência de agentes governamentais,
enquanto nos clusters o papel do Estado e dos seus organismos de fomento se faz
mais presente. Para efeitos deste trabalho, trataremos eventualmente cluster como
sinônimo de APL, apesar das diferenças sabidas e apontadas.
A modernização é importante tanto para os clusters (APLs) como para cadeias de
valor, para que possam enfrentar a enorme competição nos mercados globais. O pa-
pel da governança é igualmente importante para ambas, na coordenação de ativida-
des econômicas, através de relacionamentos não mercadológicos, trazendo também
transferência e difusão de conhecimento e inovação. No entanto, os APLs enfatizam
a importância da governança em nível local, e a interação de empresas e instituições
locais, bem como políticas de networking locais. Análises de cadeias globais de valor
enfatizam que produtores locais aprendem muito com compradores globais quanto ao
aprimoramento de processos produtivos, obtenção de alta qualidade e aumento da
velocidade de resposta (HUMPHREY; SCHMITZ, 2002).
A cadeia global de valor envolve transações de diversas empresas, que buscam eco-
nomia de custos, através da coordenação das etapas de produção. Quando um pro-
duto é customizado para um comprador, os custos de transação aumentam. Em seto-
res intensivos de mão-de-obra, por exemplo, compradores estão sempre em busca
35
de novas fontes para reduzir custos. Citando Keesing e Lall (1992), os autores con-
cluem que novos fornecedores podem atender a requisitos não encontrados em mer-
cados locais, podendo gerar um “gap” entre a capacidade local e os requeridos pelo
mercado global. Nesse sentido, compradores necessitarão fazer investimentos em al-
guns fornecedores selecionados, e assim ajudá-los no processo de melhoria (HUM-
PHREY; SCHMITZ, 2002).
2.5. OS APLS DO GRANITO NO ESPÍRITO SANTO
A rocha, como recurso natural, é da maior relevância e possui valor significativo para
a construção civil. Além de poder ser aplicado diretamente, o mineral é usado como
matéria prima para a confecção de móveis, pias, vasos e outros elementos decorati-
vos. À altura da colonização portuguesa, usava-se no Brasil as rochas graníticas e
gnáissicas entalhadas, não polidas, para colunas de prédios, molduras de portas e
janelas, escadas externas e internas, etc. Somente após o período colonial é que o
uso de rochas polidas importadas da Europa, sobretudo a Itália, começou a ser visto
por aqui. Depois da independência, acentua-se ainda mais o uso do mineral em pisos,
escadas e pias. Já a produção nacional de mármores teve seu início no século XX,
mais precisamente em 1908, no sul de Minas Gerais. Em 1938, a produção do muni-
cípio de Mar de Espanha e região atendia a 73% do consumo do país. Na primeira
metade do século XX os mármores tinham grande aplicação ornamental e decorativa
e o material continua representando grande parte do comércio das marmorarias, que,
apesar do nome, também comercializam outros tipos de rochas, como o granito. Na
década de 1950, juntamente com a importação da tecnologia de corte das rochas por
meio de serras diamantadas motorizadas em maiores escalas industriais, o uso do
granito ganhou maior relevância (VARGAS; 2001).
O setor de rochas ornamentais, do qual o cluster faz parte, tem na Itália um dos mai-
ores produtores e importadores de pedras brutas. Além disso, o país europeu tem o
maior consumo per capita e é grande exportador de tecnologia. O Brasil, juntamente
com a Itália, Turquia, Índia, Espanha, Egito e a China somavam mais de 75% da ex-
portação mundial em 2011 (CHIODI, 2012). Duas particularidades chamam atenção
36
nesse mercado: a grande diversidade geológica do Brasil, com vários estados produ-
tores sobretudo no sudeste do país, e a China, outro grande produtor mundial, que
vem ganhando espaço também com a transformação de rochas brutas locais e impor-
tadas em rochas ornamentais, fazendo com que o país seja importante importador de
máquinas e equipamentos, além dos blocos brutos sobretudo do Brasil (considerados
insumo de baixíssimo nível de industrialização) e tenha se transformado no maior ex-
portador de rochas acabadas, representando quase 30% do volume no setor (CHIODI,
2012).
Estados Unidos e o Japão são os maiores consumidores dos produtos acabados em
volume, juntamente com a China, Coréia do Sul, Alemanha, França, Bélgica, Reino
Unido e a Itália. A China é responsável pelo atendimento majoritário da demanda de
Japão e Coréia, além da Europa. A Índia e a Itália complementam o atendimento ao
mercado do continente europeu (CHIODI, 2012). As exportações brasileiras têm como
principal destino os Estados Unidos. A pauta exportadora nacional se concentra em
dois grupos majoritários: chapas polidas sem processamento adicional (principal-
mente para os EUA) e blocos de granito para a China. Os blocos representavam, em
2011, 55% do volume vendido e 25% do faturamento em dólares. O Brasil torna-se,
naquele ano, o maior fornecedor do mineral para os Estados Unidos, sendo 98% do
volume composto por chapas (CHIODI, 2012).
A agenda de exportações do Brasil para a China no que tange o mineral é controversa.
Ela reforça o posicionamento brasileiro como provedor quase que exclusivo de maté-
rias primas de baixíssimo valor agregado – brutas, para aquele país. Muitas vezes,
inclusive, esse produto vai para a China como bloco e volta para o Brasil como chapa
processada, muito mais cara. Diferentemente do que ocorre com os governos ameri-
cano e canadense, o governo chinês desestimula a importação de chapas processa-
das e outros materiais acabados e produtos industrializados por meio de alta carga
tributária incidente sobre produtos industrializados. Existem casos reportados onde a
China consegue industrializar e transportar blocos importados do Brasil a custos tão
baixos que eles chegam a competir, no mercado americano, com o produto extraído
aqui (MEDEIROS, 2006).
37
Não existe número significativo de aglomerados produtivos no setor de rochas, sendo
que a área extrativa do ES é a de maior representatividade no Brasil. O Espirito Santo
é inclusive o maior produtor e exportador de rochas ornamentais do país (AVRICHIR;
CHUEKE, 2014). Paula (2008), dividiu os APLs em dois grupos, o do Norte e o do Sul,
seguindo critérios geográficos e apurou que 47% do volume de granito extraído no
Espírito Santo são provenientes da região Norte, 43% provêm da região Sul e o res-
tante da região da Grande Vitória. Os municípios componentes de cada grupo são
apresentados na figura a seguir.
Figura 1- Municípios do Espírito Santo pertencentes ao APL de Rochas Ornamentais
Fonte: Paula, T. H. P. d. (2008).
No mapa, podemos ver a conformação dos aglomerados produtivos do granito do Sul
e do Norte do Espírito Santo em sua conformação original, segundo critério definido
38
por Paula (2008). Para efeitos deste trabalho, foram considerados apenas alguns mu-
nicípios, aqueles que registraram exportações no período considerado (2000-2015),
como será detalhado na próxima seção.
A escolha desses APLs como caso para este estudo dá-se pelo fato dos clusters terem
passado – entre as décadas de 1990 e 2010 por um processo que tirou as comunida-
des da extração primária do recurso natural para beneficiá-la e processá-la, desenvol-
vendo na região uma indústria que adiciona valor ao produto de exportação e também
promove aumento de renda ao Estado do ES (VARGAS; MOTOKI; NEVES, 2001). No
período de 2002 a 2007, as exportações de rochas tiveram expansão significativa,
alcançando mais de 1,1 bilhão de dólares ao ano. Há uma relação aparente entre essa
expansão e a bolha americana no mercado imobiliário, onde o granito brasileiro é
muito usado na confecção de fachadas, tampos, pisos e pias. A crise da construção
civil e do mercado imobiliário daquele país e a desvalorização do Real entre 2008 e
2009 provocaram importante retração na exportação de rochas brasileiras (CHIODI,
2011), embora estudo indica que, dado o modelo de governança encontrado na cadeia
de valor da indústria de granito, esta foi capaz de diversificar os seus mercados de
atuação em ambiente globalizado, tendo o setor voltado a crescer em 2010 e 2012,
atingindo, de acordo com Chiodi (2012), o mesmo patamar pré-crise.
2.6. HIPÓTESES DE ESTUDO
A questão central a ser estudada é a forma com que as cadeias globais de valor im-
pactam no upgrade social nas comunidades em que atuam e os indicadores que este
estudo observará são oriundos de relatórios públicos disponíveis no portal AliceWeb,
do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, no Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE), na Relação Anual de Informações Sociais (RAIS)
do Ministério do Trabalho, no DataSUS do Ministério da Saúde e INEP, ligado ao Mi-
nistério da Educação.
39
Em primeiro lugar serão levantados os dados sobre o comportamento das exporta-
ções – um pressuposto da pesquisa-, entre o período inicial (2000) e o período final
(2015) do estudo. Os indicadores de exportação disponíveis via portal governamental
AliceWeb serão usados nessa análise: a base de dados oferece registros sobre as
exportações por município, anualizados, divididos entre tipo de produto (rocha em
bloco ou chapas manufaturadas) e permite mensuração por tonelagem ou por valor
expressos em reais e dólares.
Fica claro que a exportação é o primeiro passo no sentido da internacionalização e
que não representa aumento de importância no cenário internacional nem integração
em GVCs. Segundo Beltramello, Backer e Moussiegt (2012), o pacote de exportação
de um país habitualmente incorpora importações de produtos intermediários repre-
sentando uma grande parcela (ou mesmo a maioria) do seu valor. Assim sendo, olhar
para a evolução das exportações na indústria ou até mesmo no nível do produto po-
dem deturpar a posição competitiva internacional de uma nação. Para se ter uma ima-
gem mais precisa da competitividade, faz-se também imperativo analisar a especiali-
zação dos países em termos de atividades, por ex. atividades upstream na produção
de componentes e insumos ou mais atividades a jusante na montagem final de pro-
dutos (BELTRAMELLO; BACKER; MOUSSIEGT, 2012)
De acordo com Barrientos, Gereffi e Rossi, (2010), o surgimento da terceirização atra-
vés de redes globais e regionais de produção requer uma mudança na abordagem de
análise. Atualmente, locais até então remotos da África, Ásia e América Latina estão
conectados com a rede global de produção e de trabalho através de grandes conglo-
merados varejistas que contratam desde pequenos produtores rurais até costureiras
autônomas que trabalham em casa. A produção global conta com cada vez mais tra-
balhadores em países em desenvolvimento recrutados por empresas de clara orien-
tação exportadora, como vestuário, calçados e agronegócio (BARRIENTOS; GERE-
FFI; ROSSI, 2010).
40
Segundo Gibbon e Ponte (2005), o foco de muitos dos estudos de upgrading concen-
tra-se no nível de sofisticação tecnológica da produção e especialmente no valor agre-
gado. Na terminologia das GVCs, upgrading é definido como a oportunidade de agen-
tes lotados em países em desenvolvimento ascenderem na cadeia de valor assumindo
posições funcionais de relevância superior ou fornecendo itens com maior valor agre-
gado, que possam garantir retorno melhor aos produtores. (GIBBON; PONTE, 2005).
O estudo das estruturas das GVCs contempla uma sequência de valor que é agregado
no processo industrial desde sua concepção e produção até o consumo final. Examina
as descrições de cargos, as tecnologias envolvidas, os padrões e regulações, os pro-
dutos e os mercados em específicas indústrias e locais; proporcionando uma visão
holística das indústrias globais de baixo para cima e de cima para baixo da cadeia
(GEREFFI; FERNANDEZ-STARK, 2016).
Nesse sentido, um importante objetivo no estudo das cadeias de valor é entender
melhor como a melhora econômica e social se desenrola em multi-nível, para as em-
presas e os trabalhadores, os clusters onde estão inseridos e seus países e como
aprimorar as estratégias de atualização que beneficiam a todos; ajudando assim os
agentes locais e internacionais com uma base de informação que permita o desenho
e a promoção de intervenções que irão promover um cenário ganha-ganha (BARRI-
ENTOS; GEREFFI; ROSSI, 2010).
O upgrading social é mensurado com o acompanhamento de indicadores que mime-
tizam aqueles constantes do Índice de Desenvolvimento Humano por Município (IDH-
M), composto por renda familiar (ou renda per capita), longevidade e escolaridade da
população. Porém, analisar essas variáveis isoladamente não remete à questão prin-
cipal a ser estudada que é o impacto, pois seria errôneo assumir que toda alteração
dos indicadores com o passar do tempo se deve a apenas ao impacto das cadeias
globais de valor.
41
Para distinguirmos o impacto da inserção nas cadeias globais de valor e o que seria
a evolução natural dos indicadores caso não houvesse essa inserção, verifica-se a
necessidade da criação de grupos-controle como forma de relativização da evolução
dos índices a serem estudados. Dessa forma, cada cidade estudada tem um espelho/
controle definido por meio do conjunto de cidades de mesmo porte, todas do Estado
do Espírito Santo, cujos IDHs estejam classificados na mesma faixa do município em
questão no período inicial do estudo (T0).
Tabela 2 - Grupo de cidades objeto de estudo (T) e suas pares-controle (C)
Município População IDH 2000 par tipo APL
Água Doce do Norte (ES) 12.094 0,527 2 T N
Mantenópolis (ES) 14.966 0,528 2 C
Ecoporanga (ES) 24.299 0,542 4 T N
Ibatiba (ES) 24.913 0,542 4 C
Boa Esperança (ES) 15.244 0,564 6 C
Barra de São Francisco (ES) 44.244 0,565 6 T N
Anchieta (ES) 27.145 0,627 11 C
Nova Venécia (ES) 49.932 0,627 11 T N
Linhares (ES) 160.765 0,621 10 C
Cachoeiro de Itapemirim (ES) 206.973 0,631 10 T S
Fonte: Os autores (2019).
Legenda:
T= cidade do APL exportadora de granito, denominada Tratamento.
C= cidade com IDH semelhante no início do período de estudo, denominada Controle.
N= cidade pertencente ao APL/ Cluster do norte do Estado do ES
S= cidade pertencente ao APL/ Cluster do sul do Estado do ES
As hipóteses são formuladas como a seguir, considerando-se H0 a hipótese de que
não há relação entre a inserção dos APLs na GVC do granito e a melhora nos
indicadores sociais das comunidades nele inserido.
42
Como indicador principal do estudo, será observado um conjunto de 12 (doze) índices
que representam aspectos distintos do desenvolvimento humano. Nesta etapa, para
cada cidade, será testado se há melhora significativa nos indicadores sociais: H1: O
aumento da integração dos APLs exportadores na GVC provoca melhora no con-
junto dos indicadores sociais medido ao longo do período estudado.
Com a inserção na cadeia global de valor de cada cidade, espera-se que tenha havido
impacto positivo nos indicadores sociais. O surgimento do IDH responde a uma tradi-
ção de longa data do uso exclusivo do PIB per capita como indicador de bem-estar.
Nesse contexto, o IDH aparece como um indicador concebido para fornecer informa-
ções mais abrangentes do que a renda per se (JORDÁ; TRUEBA; SARABIA, 2014).
Os indicadores selecionados, apesar de tão diversos, não cobrem a totalidade dos
aspectos de desenvolvimento, como democracia, participação, equidade, sustentabi-
lidade; nem pretendem representar um termômetro da felicidade das pessoas ou dos
melhores lugares para se viver. Mas são usados pelo governo federal e para subsi-
diar análises objetivas da situação sanitária, tomadas de decisão baseadas em evi-
dências e elaboração de programas de ações de saúde.
A mensuração do estado de saúde da população é uma tradição em saúde pública.
Teve seu início com o registro sistemático de dados de mortalidade e de sobrevivên-
cia. Com os avanços no controle das doenças infecciosas e com a melhor compreen-
são do conceito de saúde e de seus determinantes populacionais, a análise da situa-
ção sanitária passou a incorporar outras dimensões do estado de saúde. Dados de
morbidade, incapacidade, acesso a serviços, qualidade da atenção, condições de vida
e fatores ambientais passaram a ser métricas utilizadas na construção dos Indicado-
res de Saúde, que se traduzem em informação relevante para a quantificação e a
avaliação das informações em saúde.
Segundo Gereffi e Fernandez-Stark (2016), a partir do momento em que as GVCs
conectam as empresas, os trabalhadores e os mercados consumidores, elas dão por
vezes a falsa perspectiva a firmas e seus empregados de estarem participando da
43
economia mundial. A habilidade de se inserir de forma efetiva na GVC é vital para
desatar os nós do desenvolvimento, especialmente para países de baixa renda. Isso
compreende a habilidade de acessar as cadeias, de competir com êxito e principal-
mente capturar os ganhos para o desenvolvimento econômico local, construir capaci-
dades internamente e também gerar mais e melhores oportunidades de emprego; re-
duzindo o desemprego e a pobreza. Dessa forma, não estamos falando somente do
desafio de participar da economia global, mas, de como fazer isso de forma lucrativa
(GEREFFI; FERNANDEZ-STARK, 2016).
Uma vez que o IDH-M é um índice calculado por uma combinação de indicadores
sociais e econômicos, houve a necessidade de se testar os equivalentes a seus três
sub-indicadores, visando a verificação da situação econômica (por meio da renda), da
situação da saúde (por meio da longevidade média da população) e da situação da
educação (por meio da escolaridade).
Assim, a próxima hipótese que este estudo testa é com relação à renda. Nesta etapa,
para cada cidade, averiguar-se-á se há melhora significativa no conjunto do indicador:
H2: o aumento da integração dos APLs na GVC provoca melhora na Renda Fa-
miliar medida ao longo do período estudado.
Com a inserção na cadeia global de valor de cada cidade, espera-se que haja impacto
positivo na Renda Familiar. O principal desafio para se garantir a promoção de um
trabalho decente em GPNs é o de como aprimorar a condição das empresas e da mão
de obra. Isso se faz ainda mais relevante no ambiente de países emergentes ou em
desenvolvimento, onde as empresas líderes têm papel dominante e onde produtores
e trabalhadores estão mais e mais integrados em redes de valor (BARRIENTOS; GE-
REFFI; ROSSI, 2010). No contexto da globalização, todos os países enfrentam a
perspectiva de crescimento imersivo. O crescimento sustentável da renda só pode ser
assegurado ao desenvolver a capacidade de identificar- e depois apropriar-se- de
áreas de acúmulo de valor que são protegidas até certo ponto da concorrência (KA-
PLINSKY, 1998).
44
Como complemento da análise, a terceira hipótese que este estudo testa é com rela-
ção à longevidade. Nesta terceira etapa, para cada cidade, averiguar-se-á se há me-
lhora significativa no conjunto do indicador: H3: o aumento da integração dos APLs
na GVC provoca melhora na Longevidade medida ao longo do período estudado.
Com a inserção na cadeia global de valor de cada cidade, espera-se que haja impacto
positivo na Longevidade. Segundo as Nações Unidas, uma parcela majoritária da po-
pulação mundial é vulnerável a choques (catástrofes naturais, crises financeiras, con-
flitos armados), bem como a transformações sociais, econômicas e ambientais a longo
prazo. As mazelas econômicas põem em xeque o Contrato Social mesmo em socie-
dades organizadas e não haverá nação livre dos efeitos ao longo prazo das alterações
climáticas, produzidas em grande parte pela exploração descoordenada dos recursos
naturais do planeta. Entretanto, o nível de vulnerabilidade das pessoas varia: normas
sociais discriminatórias e insuficiências de ordem institucionais expõe ainda mais essa
questão, privando grupos do apoio familiar, comunitário ou estatal de que necessitam
para liberar sua capacidade face às adversidades. Numa escala global, 46 por cento
das pessoas com mais de 60 anos sofrem de alguma deficiência e, por causa disso,
enfrentam sérios obstáculos a uma participação plena na sociedade, o que ainda pode
ser agravado por atitudes sociais discriminatórias (PNUD, 2014).
Ainda de acordo com o relatório das Nações Unidas, somente duas em cada dez pes-
soas do mundo dispõem de algum tipo de cobertura ou segurança social e mais de
50% não possuem qualquer tipo de segurança social. Há uma relação clara entre o
investimento social e as perspectivas futuras ao longo da vida: quanto mais cedo se
realizam esses investimentos- entenda-se na infância – maiores as perspectivas de
vida e capacidade do indivíduo de atingir o seu pleno potencial de desenvolvimento
humano (PNUD, 2014).
45
Por fim, a quarta hipótese que este estudo testa tem relação com a educação. Nesta
última etapa, para cada cidade, averiguar-se-á se há melhora significativa no conjunto
do indicador: H4: o aumento da integração dos APLs na GVC provoca melhora na
Escolaridade medida ao longo do período estudado.
Com a inserção na cadeia global de valor de cada cidade, espera-se que haja impacto
positivo na Escolaridade. A redução da vulnerabilidade estrutural e um crescimento
nas competências sociais do indivíduo podem ser gerados pelo acesso universal a
serviços sociais básicos. Uma educação pública universalizada e de alta qualidade
estreita a lacuna que existe entre as crianças originárias de famílias ricas e pobres e
pode constituir elemento de igualização das oportunidades e resultados. A transmis-
são das capacidades entre as gerações, principalmente via educação no seio das
unidades familiares pode garantir a perpetuação dos benefícios a longo prazo (PNUD,
2014).
Expostas as hipóteses consideradas para esta pesquisa, na sequência apresenta-se
o modelo conceitual proposto.
Figura 2 - Modelo Teórico
Fonte: Os autores (2019).
Evolução das vendas internas
Integração na cadeia
global de valor (GVC)
benefício
esperado
Up
gra
de
Socia
l
Renda
Longevidade
Escolaridade
46
3. METODOLOGIA DE PESQUISA
Figura 3 - Características Metodológicas da Pesquisa
Fonte: Os autores (2019).
As hipóteses apresentadas neste estudo são analisadas por meio de técnicas estatís-
ticas e uso de dados de quatro fontes secundárias, conforme descrito no tópico rela-
tivo às Hipóteses.
A regressão linear é uma técnica estatística para examinar a relação entre uma vari-
ável dependente, denotada como y, e uma ou mais variáveis independentes, denota-
das como x. As variáveis independentes podem ser de qualquer tipo. Embora a re-
gressão linear não possa mostrar a causação por si só, a variável dependente é ge-
ralmente afetada pelas variáveis independentes (NETER et al., 1996). Essa técnica
foi escolhida por oferecer a possibilidade de verificação de impacto causado pelo
grupo tratamento em relação ao grupo controle nos indicadores sociais. Esse impacto
é observado por meio da análise de significância do coeficiente da variável que indica
a qual grupo a observação pertence (tratamento ou controle).
Para estimar o impacto da exportação no mercado de trabalho relacionado ao granito
e diante da impossibilidade de se obter informações sobre as ocupações no mercado
Tipo de Pesquisa: Exploratória
Abordagem Metodológica: Quantitativa
Técnica de Coleta: dados estruturados de fontes secundárias
Período de Observação: 2000 a 2015
População do Estudo: dos municípios em questão.
47
de trabalho informal em nível municipal para todos os anos do período de interesse, é
considerada como fonte de informações a RAIS, elaborada e disponibilizada pelo Mi-
nistério do Trabalho. Essa fonte de dados disponibiliza informações sobre todos os
vínculos empregatícios formais do país em um determinado ano. Dentre os vínculos
formais encontram-se os vínculos empregatícios regidos pela CLT e àqueles com re-
gime estatutário.
Inicialmente, a delimitação do mercado de trabalho relacionado à exportação de gra-
nito foi realizada por meio da seleção dos vínculos empregatícios cuja ocupação, se-
gundo a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), dissessem respeito direta-
mente com atividades ligadas ao granito. Entretanto, devido ao baixo contingente de
ocupações com essas características e ao fato de que outras ocupações, mesmo que
indiretamente, podem estar conectadas à produção de granito por estarem alocadas
em empresas cuja atividade esteja ligada à sua exploração, optamos por delimitar o
mercado de trabalho referente ao granito em função das atividades econômicas vin-
culadas à exploração de granito segundo a Classificação Nacional de Atividades Eco-
nômicas (CNAE).
Por fim, os benefícios do upgrading social para os municípios integrantes do APLs
exportadores de granito no ES serão medidos por meio da base de dados do DataSUS
do Ministério da Saúde e do INEP, ligado ao Ministério da Educação. O DataSUS
surgiu em 1991 com a criação da Fundação Nacional de Saúde (FUNASA). Na época,
a Fundação passou a exercer a função de controle e processamento das contas refe-
rentes à saúde que antes era da Empresa de Tecnologia e Informações da Previdên-
cia Social (DATAPREV). Foi então formalizada a criação e as competências do Data-
SUS, que tem como responsabilidade prover os órgãos do SUS de sistemas de infor-
mação e suporte de informática, necessários ao processo de planejamento, operação
e controle. Em quase 25 anos de atuação, o Departamento já desenvolveu mais de
200 sistemas que auxiliam diretamente o Ministério da Saúde no processo de cons-
trução e fortalecimento do SUS. Atualmente, é um grande provedor de soluções de
software para as secretarias estaduais e municipais de saúde, sempre adaptando
seus sistemas às necessidades dos gestores e incorporando novas tecnologias, na
48
medida em que a descentralização da gestão se torna mais concreta. Os dados da
Atenção Básica - Saúde da Família (SIAB) são disponíveis de 1998 a 2015.
O INEP é uma autarquia federal vinculada ao Ministério da Educação (MEC). Sua
missão é subsidiar a formulação de políticas educacionais dos diferentes níveis de
governo com intuito de contribuir para o desenvolvimento econômico e social do país.
A partir de sua transformação em autarquia federal vinculada ao Ministério da Educa-
ção, foram estabelecidas as finalidades para o INEP, entre as quais destacamos: or-
ganizar e manter o sistema de informações e estatísticas educacionais; planejar, ori-
entar e coordenar o desenvolvimento de sistemas e projetos de avaliação educacional
para o estabelecimento de indicadores de desempenho das atividades de ensino;
apoiar o Distrito Federal, os estados e os municípios no desenvolvimento de sistemas
e projetos de avaliação educacional; desenvolver e implementar sistemas de informa-
ção e documentação com estatísticas, avaliações educacionais, práticas pedagógicas
e gestão das políticas educacionais; promover a disseminação de informações sobre
a qualidade da Educação Básica e Superior.
Para a realização de um diagnóstico inicial - além da completa análise de estatísticas
descritivas - análises inferenciais são realizadas. Após o cumprimento da primeira
etapa, as hipóteses são submetidas a testes (o teste t para amostras pareadas – para
determinar o impacto das exportações no IDH-M e análise de variância – ANOVA,
para garantir que as diferenças tenham sido geradas por causas reais), além de testes
de regressão múltipla. Os indicadores utilizados para a realização das regressões são:
(i) Indicadores de Renda, (ii) Indicadores de Longevidade, (iii) Indicadores de Escola-
ridade.
Para calcular a intensidade da exportação do município, ano a ano, seria necessário
obter o valor da produção de rochas dos municípios, ano a ano. Não identificamos
uma maneira satisfatória de obter a informação de produção de rochas por município,
necessária para o cálculo da intensidade da exportação. Entre as alternativas consi-
deradas, a melhor parecia ser o uso da Compensação Financeira pela Exploração de
49
Recursos Minerais (CFEM), contribuição devida pelas empresas à União através da
Agência Nacional de Mineração – Departamento Nacional de Produção Mineral, que
retorna aos municípios onde ocorreu a extração/ lavra na proporção de 65%. A conta-
bilidade dos municípios expõe, para todo período de interesse, o valor recebido, mês a
mês. Dessa forma, como a alíquota do CFEM sobre o granito é conhecida, ficaria pos-
sível - através de um cálculo reverso- chegar-se à estimativa do valor declarado pelo
conjunto das empresas mineradoras do município.
Essa estimativa apresenta algumas limitações: a contabilidade dos municípios não
separa o repasse do CFEM recebido em função da incidência dessa contribuição so-
bre extração de rochas brutas e sobre a produção de rochas processadas (chapas).
Não nos permitiu, portanto, apurar como variou a intensidade de exportação dessas
duas categorias. Também não permitiu saber se, no repasse, estão incluídos valores
advindos do recolhimento do CFEM sobre outros minerais (como por exemplo a areia),
o que é também uma realidade para os municípios dos APLs de rochas do ES.
O mais grave, entretanto, é a grande informalidade do setor. É comum no segmento
o uso de notas fiscais que não traduzem a grandeza das operações e também, ainda
mais grave, que empresas usem a estrutura umas das outras, como para exportação
por exemplo: municípios cuja produção é originada em empresas com menor estrutura
acabam direcionando esse material a outros municípios onde as empresas instaladas
possuam maior capacidade. Existem municípios cuja exportação registrada é maior
que a produção de suas lavras. Dessa forma, tivemos que optar por considerar a ex-
portação como sinônimo de integração na GVC, mesmo sabendo tratar-se de um
passo inicial nesse processo, o que significa uma limitação da presente pesquisa.
Os pressupostos e as variáveis de pesquisa são descritos nas tabelas 3 e 4, a seguir.
50
Tabela 3 - Pressuposto de Pesquisa
Pressuposto Descrição Fonte teórica Base de Dados
Exportação
Crescimento nas exporta-ções de granito (utilizando-se o Sistema de Análise das In-formações de Comércio Exte-rior - AliceWeb) (vide nota na página anterior)
Gereffi e Fernandez-Stark, 2016
Gibbon e Ponte, 2015 Barrientos, Gereffi e
Rossi, 2010.
Ministério da Econo-mia - Base de Dados do Comércio Exterior
Brasileiro (Comex Stat)
Fonte: Os autores (2019).
Tabela 4 - Variáveis de Pesquisa
Variáveis Descrição Fonte teórica Base de Dados
Renda Familiar
Evolução da Renda medida por: (i) # de pessoas com co-bertura de plano de saúde, (ii) # de famílias residindo em ca-sas de alvenaria, (iii) # de do-micílios com coleta de lixo, (iv) # de domicílios servidos por energia elétrica.
Gereffi e Fernandez-Stark, 2016.
Kaplinsky, 1998. DataSUS - SIAB
Longevidade
Evolução da Saúde (Longevi-dade) medida por: (i) taxa de mortalidade infan-til, (ii) # de óbitos por causas evitáveis dos 05 aos 74 anos, (iii) # de domicílios abasteci-dos com água da rede pú-blica, (iv) # de domicílios com ligação de esgoto domiciliar, (v) gestantes com acompa-nhamento pré-natal
PNUD, 2014 DataSUS -SIAB
Escolaridade
Evolução da Escolaridade medida por: (i) # de matrícu-las totais aberta por (ii) # de alunos matriculados no en-sino fundamental, (iii) # de alunos matriculados no en-sino médio, (iv) % do total de alunos matriculados em esco-las privadas.
PNUD, 2014 INEP - Censo da Edu-
cação Básica
Fonte: Os autores (2019).
51
4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Assim, antes de se testarem as hipóteses da pesquisa, foram levantados os dados
sobre o comportamento das exportações – um pressuposto da pesquisa-, entre o pe-
ríodo inicial (2000) e o período final (2015) do estudo. Os indicadores de exportação
disponíveis via portal governamental AliceWeb foram usados nessa análise. Os dados
indicam que, apesar da inconstância da taxa de crescimento da produção do material,
registrou-se um aumento da exportação do granito em todas as cinco cidades estuda-
das, como mostram os gráficos a seguir, nas figuras 4 e 5.
Figura 4 -Exportações das cidades pertencentes aos APLs em valores
Fonte: Os autores (2019).
Figura 5 - Crescimento das exportações das cidades pertencentes aos APLs
Fonte: Os autores (2019).
0
50000000
100000000
150000000
200000000
250000000
300000000
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Exportação em Valores Absolutos (USD)
Água Doce do Norte Barra de São Francisco Ecoporanga Nova Venécia Cachoeiro de Itapemirim
52
INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS
Após a interpretação das estatísticas descritivas, analisamos o impacto do aumento
das exportações nos indicadores sociais, divididos em três grupos, renda, longevidade
e escolaridade, realizando a modelagem estatística por meio de regressão linear para
cada variável selecionada pelo estudo.
O modelo em questão pode ser genericamente descrito como a fórmula 1, abaixo,
onde Y é um indicador social, X1 é uma variável fictícia que assume o valor 0 (zero)
quando se trata do grupo controle e o valor 1 (um) quando se trata do grupo de trata-
mento e X2 é o ano em que a observação foi realizada. b0 ('beta zero') é a constante
do modelo, b1 ('beta um') é o coeficiente da variável X1 e, no caso específico deste
modelo, significa quanto o grupo de referência (cidades exportadoras de granito), de-
nominado tratamento, evoluiu ao longo do tempo em relação ao grupo controle devido
à variação das observações de Y, ou seja: se positivo, o grupo de tratamento evoluiu
mais no tempo que o controle; pelo contrário, se negativo, evoluiu menos. Finalmente,
b2 ('beta dois') é o impacto dos anos em Y, conforme os resultados do modelo de
regressão para a soma dos clusters, exibidos nas tabelas 5.1 e 5.2.
Y = b0 + b1X1 + b2X2 (1)
Tabela 5.1 - Modelo de Regressão para a soma dos Clusters (APLs)
A B C D E F G H I J K
Var. De-pend.
R2 F p-value b0 p-value
b0 b1
p-value b1
b2 p-value
b2 Modelo
Renda
tx_Lixo 0,485 72,550 0,000 17,010 0,000 -3,982 0,000 0,506 0,000 tx_Lixo = 17,009 + -3,982 * trat + 0,506 *
(ano - 2000)
tx_Ener-gia
0,179 16,829 0,000 25,166 0,000 -2,101 0,010 0,451 0,000 tx_Energia = 25,165 + -
2,101 * trat + 0,451 * (ano - 2000)
tx_Tijolo 0,121 10,645 0,000 25,664 0,000 -1,533 0,072 0,390 0,000 tx_Tijolo = 25,663 + -1,533 * trat + 0,39 *
(ano - 2000)
tx_Cob_pl
0,088 7,473 0,001 6,336 0,000 -2,294 0,000 0,096 0,177 tx_Cob_pl = 6,335 + -2,293 * trat + 0,095 *
(ano - 2000)
Fonte: Os autores (2019).
53
Tabela 6.2 - Modelo de Regressão para a soma dos Clusters (APLs)
A B C D E F G H I J K
Var. De-
pend. R2 F p-value b0
p-value b0
b1 p-value
b1 b2
p-value b2
Modelo
Longevid
ade
tx_mort_inf
0,212 21,082 0,000 18,664 0,000 3,398 0,001 -0,637 0,000 tx_mort_inf = 18,664 + 3,397 * trat + -0,637 *
(ano - 2000)
tx_mort_cs_ext
0,166 15,633 0,000 0,726 0,000 -0,007 0,868 0,025 0,000 tx_mort_cs_ext = 0,726 + -0,006 * trat + 0,024 *
(ano - 2000)
tx_agua 0,217 21,315 0,000 18,105 0,000 -1,894 0,001 0,334 0,000 tx_agua = 18,105 + -1,893 * trat + 0,333 *
(ano - 2000)
tx_Es-goto
0,073 6,087 0,003 11,395 0,000 1,361 0,066 0,244 0,003 tx_Esgoto = 11,394 + 1,361 * trat + 0,243 *
(ano - 2000)
tx_Ges-tantes
0,258 26,809 0,000 7,715 0,000 -1,822 0,000 -0,066 0,022 tx_Gestantes = 7,714 + -1,821 * trat + -0,066 *
(ano - 2000)
Escola
rid
ade
Perc_fund
0,078 6,599 0,002 61,770 0,000 -1,415 0,151 -0,355 0,001 Perc_fund = 61,769 + -1,415 * trat + -0,354 *
(ano - 2000)
Perc_medio
0,224 22,635 0,000 11,390 0,000 2,414 0,000 0,095 0,023 Perc_medio = 11,39 + 2,413 * trat + 0,095 *
(ano - 2000)
Perc_priv
0,016 1,278 0,282 6,791 0,000 0,261 0,707 -0,117 0,122 Perc_priv = 6,791 + 0,26 * trat + -0,116 *
(ano - 2000)
Fonte: Os autores (2019).
Deste modo, nas colunas de B para J temos a tabela para interpretação da significân-
cia do modelo e seus parâmetros: o primeiro indicador que analisamos foi o valor-p
do modelo (coluna D); que, nos casos estudados, foi significativa (<0,05). O segundo
passo foi observar o valor p de cada 'beta' (colunas H e J), principalmente o valor de
b1, que dá exatamente o propósito do estudo (se há um impacto positivo nos indica-
dores sociais). Nesse caso, apenas algumas variáveis apresentaram significância
(<0,05). O terceiro passo foi observar R2, que varia de 0 a 1. Quanto maior o R2,
maior o poder de explicação do modelo. Para um modelo ser considerado um bom
preditor, o R2 precisa ser pelo menos = 0,7. Não encontramos nenhum modelo com
esse poder de explicação.
A análise por duplas confirma a inexistência de achados. As tabelas 6.1, 6.2 e 7 re-
presentam os modelos de regressão para cada dupla de cidades e para cada um dos
12 indicadores sociais testados. Uma célula R2 verde indica existência de regressão
54
(significância alta) e, quando o valor for superior a 60% sinaliza um coeficiente de
determinação forte.
Uma célula R2 amarela indica existência de regressão (significância alta), porém
quando o valor se situa entre os 30 e os 59% sinaliza um coeficiente de determinação
apenas médio. Já uma célula R2 branca indica inexistência de regressão (sem signifi-
cância estatística) e, quando o valor for inferior a 30% sinaliza coeficiente de determi-
nação fraco.
Para as três colunas beta -b (0,1,2), o fundo verde significa coeficiente de regressão
diferente de zero. Quando a célula se apresenta vermelha, o coeficiente é diferente
de zero e negativo. Para efeito de interpretação, apenas considera-se um resultado
de regressão quando as quatro células Estatística forem verdes (valor-p <0,05). Não
se recomenda a utilização dos resultados quando as células forem amarelas (valor-p
>=0,05).
Tabela 7.1 - Modelos de regressão para cada dupla de cidades
y = b0 + b1.Trat + b2.ano (Trat = 1, Crtl =0)
Municípios
Água Doce do Norte Barra do São Francisco Cachoeiro de Itapemirim
R2 b0 b1 b2 R2 b0 b1 b2 R2 b0 b1 b2
ren
da
tx_cob_pl Estatística 0,840
15,291
-5,930 0,606 0,62 16,58
8 -2,593 0,379 0,61
17,176
-5,189 0,596
Sig. (Pvalor) 0,000 1,28 0,000 0,000 ,000 0,000 0,000 0,000 ,000 0,000 0,000 0,000
tx_tijolo Estatística 0,250 7,545 -1,310 -0,060 0,40 7,564 -2,093 -0,040 0,78 7,370 -3,956 -0,049
Sig. (Pvalor) 0,014 1,44 0,007 0,233 ,001 0,000 0,000 0,451 ,000 0,000 0,000 0,292
tx_lixo Estatística 0,620 0,922 -0,879 0,060 0,84
11,660
-6,914 -0,054 0,56 7,534 -3,058 0,385
Sig. (Pvalor) 0,000 0,000 0,000 0,001 ,000 0,000 0,000 0,371 ,000 0,000 0,001 0,000
tx_energia Estatística 0,630
27,765
-5,783 0,598 0,36 25,58
9 -0,525 0,334 0,66
19,056
-6,749 0,679
Sig. (Pvalor) 0,000 3,01 0,000 0,000 ,001 0,000 0,497 0,000 ,000 0,000 0,000 0,000
55
Tabela 8.2 - Modelos de regressão para cada dupla de cidades lo
ng
evid
ad
e
tx_mort_inf Estatística 0,460
26,326
8,056 -1,348 0,12 17,05
0 1,465 -0,355 0,62
16,283
3,386 -0,525
Sig. (Pvalor) 0,000 3,91 0,011 0,000 ,138 0,000 0,407 0,070 ,000 0,000 0,000 0,000
tx_mort_cs_ext
Estatística 0,540 30,20
6 -4,671 0,421 0,33
25,596
0,132 0,287 0,65 17,76
7 -5,641 0,704
Sig. (Pvalor) 0,000 4,00 0,000 0,001 ,003 0,000 0,851 0,001 ,000 0,000 0,000 0,000
tx_agua Estatística 0,680
18,655
-4,643 0,378 0,36 18,73
2 -1,787 0,220 0,60
17,509
-5,461 0,536
Sig. (Pvalor) 0,000 0,000 0,000 0,000 ,002 1,22 0,012 0,005 ,000 0,000 0,000 0,000
tx_esgoto Estatística 0,800
17,785
-7,659 0,225 0,52 10,06
0 2,711 0,129 0,41
11,281
0,570 0,496
Sig. (Pvalor) 0,000 4,00 0,000 0,007 ,000 0,000 0,000 0,031 ,001 0,000 0,571 0,000
tx_gestante Estatística 0,310 0,516 0,042 0,036 0,25 0,621 0,134 0,037 0,50 1,069 -0,253 0,010
Sig. (Pvalor) 0,005 1,61 0,651 0,001 ,014 0,000 0,262 0,007 ,000 0,000 0,000 0,079
esc
ola
rid
ad
e
Perc_priv Estatística 0,666
69,433
0,895 -0,660 0,455 62,56
9 -0,138 -0,281 0,582
53,165
-2,841 -0,376
Sig. (Pvalor) 0,000 0,000 0,278 0,000 ,000 1,32 0,795 0,000 ,000 0,000 0,000 0,000
Perc_fund Estatística 0,640
12,346
3,838 0,236 0,16 13,02
9 0,693 0,079 8,49
11,580
-0,290 -0,053
Sig. (Pvalor) 0,000 0,000 0,000 0,001 ,069 5,17 0,106 0,090 ,276 0,000 0,409 0,169
Perc_medio Estatística 0,550 5,442 -3,130 -0,264 0,75 5,293 3,762 -0,223 0,91 9,737 4,049 0,105
Sig. (Pvalor) 0,000 0,000 0,000 0,001 ,000 8,61 0,000 0,000 ,000 0,000 0,000 0,000
Fonte: Os autores (2019).
Tabela 9 - Modelos de regressão para cada dupla de cidades
y = b0 + b1.Trat + b2.ano (Trat = 1, Crtl =0)
Municípios
Ecoporanga Nova Venécia
R2 b0 b1 b2 R2 b0 b1 b2
ren
da
tx_cob_pl Estatística 0,45 14,286 0,599 0,471 0,74 21,526 -6,639 0,504
Sig. (Pvalor) ,000 1,38 0,500 0,000 ,000 0,000 0,000 0,000
tx_tijolo Estatística 0,18 7,907 -0,465 -0,175 0,35 8,101 -1,247 -0,001
Sig. (Pvalor) ,054 4,23 0,469 0,020 ,002 0,000 0,000 0,971
tx_lixo Estatística 0,58 1,596 -0,932 0,261 0,19 10,291 0,116 -0,208
Sig. (Pvalor) ,000 1,73 0,035 0,000 ,044 0,000 0,874 0,013
tx_energia Estatística 0,41 23,759 4,254 0,603 0,21 27,670 -0,428 0,257
Sig. (Pvalor) ,001 1,86 0,008 0,001 ,028 0,000 0,617 0,009
lon
gevid
ad
e
tx_mort_inf Estatística 0,14 19,647 0,468 -0,572 0,18 14,013 3,614 -0,386
Sig. (Pvalor) ,109 2,69 0,848 0,038 ,048 0,000 0,074 0,079
tx_mort_cs_ext Estatística 0,48 24,335 5,623 0,518 0,29 28,082 -1,655 0,268
Sig. (Pvalor) ,000 1,30 0,000 0,002 ,007 0,000 0,065 0,008
tx_agua Estatística 0,61 13,902 6,599 0,265 0,54 21,134 -3,727 0,344
Sig. (Pvalor) ,000 1,40 0,000 0,033 ,000 0,000 0,000 0,001
tx_esgoto Estatística 0,22 16,229 -1,823 0,102 0,98 1,664 12,966 0,260
Sig. (Pvalor) ,029 1,39 0,022 0,243 ,000 0,000 0,000 0,000
tx_gestante Estatística 0,26 0,829 -0,128 0,022 0,29 0,596 0,171 0,020
Sig. (Pvalor) ,013 3,17 0,096 0,012 ,006 0,000 0,024 0,015
esc
ola
rid
ad
e Perc_priv
Estatística 0,559 66,231 -6,604 -0,177 0,389 57,450 1,612 -0,281
Sig. (Pvalor) ,000 7,84 0,000 0,157 ,001 0,000 0,031 0,001
Perc_fund Estatística 0,56 9,785 2,937 0,127 0,74 10,210 4,891 0,085
Sig. (Pvalor) ,000 3,97 0,000 0,029 ,000 0,000 0,000 0,149
Perc_medio Estatística 0,37 5,266 -1,610 -0,209 0,34 8,219 -1,767 0,006
Sig. (Pvalor) ,001 5,66 0,012 0,003 ,002 0,000 0,001 0,900
Fonte: Os autores (2019).
56
Consequentemente, os gráficos mostrados nas figuras de 06 a 17 fornecem os mode-
los para cada parâmetro e para os dois grupos (conjunto de cidades exportadoras -
ou tratamento e grupo de cidades controle). Quanto mais paralelas as linhas retas,
menor o impacto ou menor a diferença comportamental dos grupos ao longo do tempo.
Figura 6 - Cobertura Planos Saúde
Fonte: Os autores (2019)
Figura 7 – Residência em alvenaria
Fonte: Os autores (2019)
57
Figura 8 – Domicílios com coleta de lixo
Fonte: Os autores (2019)
Figura 9 - Domicílios com energia elétrica
Fonte: Os autores (2019)
Figura 10 – Taxa de mortalidade infantil
Fonte: Os autores (2019)
58
Figura 11 - Taxa de mortalidade por causas externas
Fonte: Os autores (2019)
Figura 12 – Domicílios com água da rede
Fonte: Os autores (2019)
Figura 13 – Domicílios com ligação de esgoto
Fonte: Os autores (2019)
59
Figura 14 – Gestantes com pré-natal
Fonte: Os autores (2019)
Figura 15 - Alunos matriculados no Ensino Fundamental
Fonte: Os autores (2019)
Figura 16 – Alunos matriculados no Ensino Médio
Fonte: Os autores (2019)
60
Figura 17 – Alunos matriculados na rede particular
Fonte: Os autores (2019)
Como se pode perceber nos gráficos exibidos nas figuras 06 a 17, não há comporta-
mento diferente entre as cidades participantes do grupo Tratamento (exportadoras de
granito) e aquelas do grupo controle para os 12 indicadores sociais selecionados para
medir o upgrading social. As linhas crescentes e decrescentes ao longo do período
estudado apresentam-se paralelas para todos os itens observados e durante todo o
horizonte temporal. Essa análise é feita, sob a perspectiva de que se a linha do grupo
tratamento tivesse uma inclinação maior e favorável em relação à linha do grupo con-
trole, poderíamos obter subsídios para provar a hipótese de que há impacto da expor-
tação do granito no upgrade social. De maneira geral, esta análise também mostrou
que não temos indicativos que confirmem a afirmação acima.
Na sequência, com o objetivo de tentar relativizar a evolução dos indicadores no
tempo em relação à primeira observação, procedeu-se uma análise descritiva, o que
na prática significa que dividimos todas as observações ao longo dos anos pela pri-
meira observação para cada dupla de cidades e para cada indicador social. Sendo
assim, a primeira observação assume valor 1 e as demais observações assumem os
valores percentuais relativos à primeira observação.
61
Isso posto, os testes de hipóteses mostram que: a hipótese principal do estudo (H1)
foi de observar se a integração dos APLs exportadores na GVC do granito provocou
melhora no conjunto de 12 (doze) índices que representam aspectos distintos do de-
senvolvimento humano, medido ao longo do período estudado. Nessa etapa, para
cada par de cidades, testamos se houve melhora significativa nos indicadores sociais
considerados:
a) para renda: (i) # de pessoas com cobertura de plano de saúde, (ii) # de famí-
lias residindo em casas de alvenaria, (iii) # de domicílios com coleta de lixo, (iv)
# de domicílios servidos por energia elétrica;
b) para longevidade: (i) taxa de mortalidade infantil, (ii) # de óbitos por causas
evitáveis dos 05 aos 74 anos, (iii) # de domicílios abastecidos com água da rede
pública, (iv) # de domicílios com ligação de esgoto domiciliar, (v) taxa de gestan-
tes com acompanhamento pré-natal;
c) para escolaridade: # de matrículas totais, aberto por: (i) # de alunos matricu-
lados no ensino fundamental, (ii) # de alunos matriculados no ensino médio, (iii)
% do total de alunos matriculados em escolas privadas. Não foi encontrada ne-
nhuma relação estatística consistente entre os fatos estudados, logo H1 não é
suportada.
Uma vez que as cidades foram analisadas em pares, e considerando-se que existe
uma divisão geográfica entre os clusters, apesar de não exatamente idêntica, citada
por Chiodi (2012), que separa os APLs produtores de granito do ES em dois: o APL
do norte (formado por várias cidades– nem todas exportadoras, que inclui Água Doce
do Norte, Barra de São Francisco, Ecoporanga e Nova Venécia) e do sul (formado por
outras cidades não exportadoras e capitaneado por Cachoeiro do Itapemirim, que con-
centra a função exportadora de todas elas); tentamos verificar se pelo menos um dos
dois subgrupos de cidades poderia ter verificado a possível melhoria no conjunto dos
indicadores sociais, mas não encontramos dados que comprovassem relação estatís-
tica entre a exportação de granito e uma melhoria nos indicadores sociais das cidades
componentes de cada grupo.
62
A próxima hipótese (H2) que este estudo testou foi com relação à renda. Nessa etapa,
para cada par de cidades, averiguamos se a integração dos APLs na GVC do granito
provocou melhora significativa na renda familiar medida ao longo do período estu-
dado. Foram observados o conjunto dos indicadores de renda: (i) # de pessoas com
cobertura de plano de saúde, (ii) # de famílias residindo em casas de alvenaria, (iii) #
de domicílios com coleta de lixo, (iv) # de domicílios servidos por energia elétrica. Não
foi encontrada nenhuma relação estatística consistente entre os fatos estudados. No-
vamente, nenhum comportamento destoante no subgrupo do norte ou do sul foi veri-
ficado, assim H2 não é suportada.
Como complemento da análise, a terceira hipótese (H3) que este estudo testou foi
com relação à longevidade. Nessa terceira etapa, para cada par de cidades, averigua-
mos se a integração dos APLs na GVC do granito provocou melhora significativa na
longevidade (também tratada como sinônimo de saúde) medida ao longo do período
estudado. Foram observados o conjunto dos indicadores de longevidade: (i) taxa de
mortalidade infantil, (ii) # de óbitos por causas evitáveis dos 05 aos 74 anos, (iii) # de
domicílios abastecidos com água da rede pública, (iv) # de domicílios com ligação de
esgoto domiciliar, (v) taxa de gestantes com acompanhamento pré-natal. Não foi en-
contrada nenhuma relação estatística consistente entre os fatos estudados. Da
mesma forma, nenhum comportamento destoante no subgrupo do norte ou do sul foi
verificado, portanto H3 não é suportada.
Por fim, a quarta hipótese (H4) que este estudo testou tem relação com a educação.
Nesta última etapa, para cada cidade, averiguamos se a integração dos APLs na GVC
do granito provocou melhora significativa na longevidade (também tratada como sinô-
nimo de saúde) medida ao longo do período estudado. Foram observados o conjunto
dos indicadores de escolaridade: # de matrículas totais, aberto por: (i) # de alunos
matriculados no ensino fundamental, (ii) # de alunos matriculados no ensino médio,
(iii) % do total de alunos matriculados em escolas privadas. Não foi encontrada ne-
nhuma relação estatística consistente entre os fatos estudados. Consoante com as
hipóteses anteriores, nenhum comportamento destoante no subgrupo do norte ou do
sul foi verificado, outrossim H4 não é suportada.
63
Em resumo, os resultados dos testes de hipóteses H1, H2, H3 e H4 indicaram que
não existem indícios estatísticos para afirmar que o fato de as comunidades verifica-
rem uma inserção na GVC do granito por meio da exportação de blocos e chapas
acabados impacte na melhoria dos indicadores sociais de suas populações. Todo o
conjunto de indicadores selecionados para detectar um possível impacto na renda,
saúde (longevidade) e escolaridade mostrou um comportamento semelhante ao das
cidades controle, não relacionadas à exploração mineral, e que possuíam IDHs com-
patíveis com as cidades referência no momento do início da observação. Apesar da
robustez dos dados secundários analisados, da confiabilidade das fontes consultadas
e do cuidado com as condições para que houvesse a manifestação do fenômeno de
estudo, não foi possível comprovar com significância e validade estatística que a in-
serção de comunidades na GVC do granito está diretamente relacionada à melhoria
dos indicadores sociais dessas cidades.
Por fim, o fato de não termos conseguido comprovar a relação sugerida faz com que
este trabalho contribua com o debate vigente e reforce os achados de Milberg e Win-
kler (2011): a análise dos autores a partir de amostra de países em desenvolvimento
mostra que, embora os desempenhos comercial e econômico estejam fortemente cor-
relacionados de maneira positiva, o vínculo entre o a melhora econômica e o upgra-
ding social são menos observadas. Este é um ponto importante que indica a necessi-
dade de um melhor entendimento dessa conexão. A visão de ambos, a partir de um
corpo eclético de pesquisas, leva a identificar uma série de formas em que a pesquisa
atual poderia ser estendida para melhorar a compreensão da relação entre cresci-
mento econômico e upgrading social em GVCs (MILBERG; WINKLER, 2011).
64
5. CONCLUSÃO
Grande parte da pesquisa sobre gestão internacional, notadamente sobre cadeias glo-
bais de valor (GVCs), analisa a relação entre integração de negócios e clusters pro-
dutivos locais (APLs) nessas cadeias e o desenvolvimento econômico. Menos análise
é encontrada relacionando esta integração e o upgrading social. Segundo Milberg e
Winkler (2011), a presunção na literatura é de que a atualização econômica traz me-
lhoria do desempenho das exportações, inserção internacional e melhora no bem-
estar, porém a análise dos autores a partir de amostra de países em desenvolvimento
mostrou que, embora os desempenhos comercial e econômico estejam fortemente
correlacionados de maneira positiva, o vínculo entre o a melhora econômica e o upgra-
ding social são menos observadas. Este era um ponto importante que indicava a ne-
cessidade de um melhor entendimento dessa conexão (MILBERG; WINKLER, 2011).
Apesar do presente trabalho também investigar um país em desenvolvimento, o re-
corte da pesquisa incide sobre a possível relação entre o upgrading social e a integra-
ção na cadeia global de granito dos APLs do Estado do Espírito Santo, por tratar-se
de uma área geográfica delimitada, com prevalência (e dependência) significativa da
exploração do mineral por parte de percentual importante das comunidades locais.
Desse modo, a questão de pesquisa formulada visa responder: A integração de
APLs em GVCs promove o upgrading social nas comunidades onde estão inse-
ridas? Não. Os resultados dos testes de hipóteses mostraram que H1, H2, H3 e H4
não foram suportadas, não se verificando indícios estatísticos para afirmar que o fato
de as comunidades estarem inseridas na GVC do granito por meio da exportação de
blocos e chapas acabados cause impactos na melhoria dos indicadores sociais de
suas populações.
Por conseguinte, os objetivos da pesquisa foram atingidos. O primeiro objetivo con-
sistia em (i) verificar se a inserção na GVC das empresas mineradoras é capaz de
influenciar socialmente nas comunidades onde as mesmas estão situadas, gerando
65
ganhos além do econômico. Embora existissem todas as condições para que o fenô-
meno ocorresse, não se observou impacto no conjunto dos indicadores selecionados
para medir upgrading social. O segundo objetivo pretendia (ii) constatar se esse upgra-
ding persistiria (ou evoluiria) ao longo do período estudado nos municípios que com-
põem os APLs. Apesar do cuidado da segmentação em três blocos de indicadores
(renda, saúde, escolaridade), em nenhum desses parâmetros foi verificado comporta-
mento destoante entre as cidades tratamento e o grupo controle. O terceiro objetivo
visava (iii) analisar quais aspectos da qualidade do trabalho e de vida teriam sido mais
impactados pela integração na cadeia global de valor. Nenhum dos indicadores em
quaisquer dos pares indicou melhoria em termos de upgrading social que possa estar
relacionada à inserção na GVC.
Nesse contexto e a partir do estudo do impacto social da inserção dos APLs de granito
do ES na GVC com abordagem quantitativa – amparada em bases de dados secun-
dários de fonte governamental, a proposta desta dissertação se justifica para agregar
e enriquecer a atual discussão acadêmica em torno do papel efetivo das GVCs na
melhora da atividade econômica possivelmente associada a um impacto social.
Os achados de Milberg e Winkler (2011) a partir da amostra de países em desenvol-
vimento, que indicou que embora haja forte correlação positiva entre os desempenhos
comercial e econômico, o vínculo entre a melhora econômica e o upgrading social é
menos observado ficam reforçados pelo presente. O fato de não termos conseguido
comprovar a relação sugerida faz com que este trabalho contribua com o debate vi-
gente, valoriza os achados dos autores e indica a necessidade de um melhor enten-
dimento dessa conexão. A visão de ambos, a partir de um corpo eclético de pesquisas,
leva a identificar uma série de formas em que a pesquisa atual poderia ser estendida
para melhorar a compreensão da relação entre crescimento econômico e upgrading
social em GVCs (MILBERG; WINKLER, 2011).
66
5.1. LIMITAÇÕES DO ESTUDO
A ideia de se utilizar a exportação como proxi de integração – uma limitante reconhe-
cida, não mascara o fato de que os APLs aumentaram sua participação no cenário
global do granito, com crescimento expressivo não só dos volumes exportados mas
também do tipo de material enviado ao exterior. Como consequência, entendemos
que existia um cenário de upgrade de produto, de processo e funcional que poderia
ter repercutido também em um upgrade social nas comunidades onde as empresas
estavam inseridas.
Apesar dos esforços deste trabalho para contribuir com o enriquecimento da pesquisa
sobre a internacionalização, a impossibilidade em se apurar a produção do granito por
município comprometeu a apuração da importância dessa indústria na economia das
cidades pertencentes ao cluster e também a detecção se houve um aumento signifi-
cativo da parcela de granito exportada sobre o total produzido (em suas duas formas,
blocos e chapas acabadas) para atender a uma demanda crescente na cadeia global
em detrimento do abastecimento do mercado local.
Na ausência dessa informação, ficamos sujeitos à pergunta: a relação não apareceu
porque não existe ou a participação do granito na economia desses municípios não é
grande o suficiente para que a influência da integração na cadeia sobre os indicado-
res sociais fosse perceptível?
A partir dessa dúvida, executamos uma sequência de inferências que tenta determinar
o tamanho dessa atividade na composição das economias dos municípios: segundo
Santos e Bianco (2012), a representatividade da exploração do mineral no PIB do
Estado do Espírito Santo é de 7%. Sabendo que a soma dos PIBs dos 5 municípios
alcança 6,21% do produto interno estadual - de acordo com dados da tabela abaixo,
extrapolamos em uma estimativa lógica porém rudimentar, de que o granito deve sig-
nificar um impacto aproximado de 43,5% (6,21% X 7%) na economia do cluster; o que
67
indicaria em tese uma participação suficiente para que o fenômeno estudado fosse
verificado.
Tabela 10 - Cálculo da participação do granito no PIB, por inferência
Cidade
PIB total (ano
2000) em mi-
lhões
% participa-
ção PIB Es-
tado
Água Doce do Norte 28.073 0,13%
Barra de São Francisco 118.687 0,55%
Cachoeiro do Itapemirim 909.244 4,22%
Ecoporanga 77.490 0,36%
Nova Venécia 203.663 0,95%
Espirito Santo 21.530.247 6,21%
Fonte: IBGE Cidades
Outrossim, não se teve a pretensão neste trabalho de esgotar todos os parâmetros de
medição da melhora na condição social, lembrando que essa pode ser subdividida em
dois componentes: padrões mensuráveis e direitos habilitantes. Os padrões mensu-
ráveis são aqueles aspectos de bem-estar dos trabalhadores que são possíveis de
serem observáveis e quantificáveis, como categoria de emprego, nível salarial, prote-
ção social e horas de trabalho. Por outro lado, direitos habilitantes são aspectos me-
nos facilmente quantificados, como a liberdade de associação e o direito à negociação
coletiva, a não discriminação, o direito à expressão e a capacitação (BARRIENTOS;
GEREFFI; ROSSI, 2010).
Mesmo sobre o IDH, indicador que buscamos mimetizar, diversos autores sugerem
não se tratar de um indicador ideal de bem-estar. Entretanto, uma vez que a avaliação
da qualidade de vida é complexa, abstrata e difícil de sintetizar, há concordância que
independentemente de suas limitações, o IDH seja uma alternativa adequada para
realizar análises de bem-estar a nível transversal, uma vez que tem uma disponibili-
dade homogênea de dados por um período de tempo mais longo e para mais países
do que outros índices relacionados. (JORDÁ; TRUEBA; SARABIA, 2014).
68
5.2. SUGESTÕES PARA ESTUDOS FUTUROS
Com a mesma abordagem metodológica e somando-se dados colhidos in loco, a partir
de entrevistas com empregadores e empregados na indústria do granito, instituições
locais (como agências de fomento e prefeituras) e moradores em geral se poderia
angariar um referencial diferente e interessante do impacto da inserção das cidades
participantes dos APLs na GVC do granito na melhoria das suas condições de vida de
suas populações. Da mesma fora, a apuração de dados por amostragem de empresas
dos totais produzidos de cada material, dos volumes exportados e sua evolução ao
longo do tempo poderiam reforçar as evidências do upgrade de produto, processo e
funcional tão caras ao presente material.
Para estudos futuros, sugere-se a comparação de outros clusters ou arranjos produti-
vos, de diferentes tipos e regiões geográficas diferentes, como forma de isolar even-
tuais efeitos localizados que afetam toda a região estudada; garantindo uma isenção
ainda maior para a ocorrência do fenômeno de forma inequívoca. Deve-se garantir
que os dados secundários estejam disponíveis e de forma confiável, abundante, aci-
onável e mensurável para o estabelecimento de correlação consistente; que contribua
para o conhecimento sobre esse tema, verificando a existência ou não da relação
positiva entre integração nas GVCs e upgrading social, uma relação que tem sido
estudada até agora quase que exclusivamente através de estudos exploratórios qua-
litativos.
69
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75
APÊNDICE:
Tabela com Regressões
Fonte: Os Autores (2019).
Var. Dependente R2 F Sig b0 Sig b0 b1 Sig b1 b2 Sig b2 Modelo
par = 2 - Perc_fund 0,666 28,928 ,000c 69,433 0,000 0,895 0,278 -0,660 0,000 par = 2 - Perc_fund = 69,433 + 0,894 * trat + -0,66 * (ano - 2000)
par = 2 - Perc_medio 0,645 26,358 ,000c 12,346 0,000 3,838 0,000 0,236 0,001 par = 2 - Perc_medio = 12,346 + 3,837 * trat + 0,236 * (ano - 2000)
par = 2 - Perc_priv 0,559 18,383 ,000c 5,442 0,000 -3,130 0,000 -0,264 0,001 par = 2 - Perc_priv = 5,442 + -3,13 * trat + -0,264 * (ano - 2000)
par = 2 - tx_agua 0,681 31,004 ,000c 18,655 0,000 -4,643 0,000 0,378 0,000 par = 2 - tx_agua = 18,654 + -4,642 * trat + 0,378 * (ano - 2000)
par = 2 - tx_Cob_pl 0,622 23,830 ,000c 0,922 0,000 -0,879 0,000 0,060 0,001 par = 2 - tx_Cob_pl = 0,922 + -0,879 * trat + 0,06 * (ano - 2000)
par = 2 - tx_Energia 0,640 25,760 ,000c 27,765 0,000 -5,783 0,000 0,598 0,000 par = 2 - tx_Energia = 27,765 + -5,782 * trat + 0,597 * (ano - 2000)
par = 2 - tx_Esgoto 0,807 60,692 ,000c 17,785 0,000 -7,659 0,000 0,225 0,007 par = 2 - tx_Esgoto = 17,784 + -7,658 * trat + 0,224 * (ano - 2000)
par = 2 - tx_Gestantes 0,254 4,947 ,014c 7,545 0,000 -1,310 0,007 -0,060 0,233 par = 2 - tx_Gestantes = 7,544 + -1,31 * trat + -0,059 * (ano - 2000)
par = 2 - tx_Lixo 0,846 79,550 ,000c 15,291 0,000 -5,930 0,000 0,606 0,000 par = 2 - tx_Lixo = 15,29 + -5,93 * trat + 0,606 * (ano - 2000)
par = 2 - tx_mort_cs_ext 0,310 6,528 ,005c 0,516 0,000 0,042 0,651 0,036 0,001 par = 2 - tx_mort_cs_ext = 0,516 + 0,042 * trat + 0,036 * (ano - 2000)
par = 2 - tx_mort_inf 0,465 12,619 ,000c 26,326 0,000 8,056 0,011 -1,348 0,000 par = 2 - tx_mort_inf = 26,326 + 8,056 * trat + -1,348 * (ano - 2000)
par = 2 - tx_Tijolo 0,542 17,169 ,000c 30,206 0,000 -4,671 0,000 0,421 0,001 par = 2 - tx_Tijolo = 30,206 + -4,671 * trat + 0,42 * (ano - 2000)
par = 4 - Perc_fund 0,559 18,383 ,000c 66,231 0,000 -6,604 0,000 -0,177 0,157 par = 4 - Perc_fund = 66,23 + -6,604 * trat + -0,176 * (ano - 2000)
par = 4 - Perc_medio 0,569 19,152 ,000c 9,785 0,000 2,937 0,000 0,127 0,029 par = 4 - Perc_medio = 9,785 + 2,936 * trat + 0,127 * (ano - 2000)
par = 4 - Perc_priv 0,376 8,728 ,001c 5,266 0,000 -1,610 0,012 -0,209 0,003 par = 4 - Perc_priv = 5,265 + -1,609 * trat + -0,208 * (ano - 2000)
par = 4 - tx_agua 0,614 21,482 ,000c 13,902 0,000 6,599 0,000 0,265 0,033 par = 4 - tx_agua = 13,902 + 6,599 * trat + 0,265 * (ano - 2000)
par = 4 - tx_Cob_pl 0,584 18,921 ,000c 1,596 0,002 -0,932 0,035 0,261 0,000 par = 4 - tx_Cob_pl = 1,595 + -0,932 * trat + 0,261 * (ano - 2000)
par = 4 - tx_Energia 0,414 9,543 ,001c 23,759 0,000 4,254 0,008 0,603 0,001 par = 4 - tx_Energia = 23,759 + 4,253 * trat + 0,602 * (ano - 2000)
par = 4 - tx_Esgoto 0,230 4,027 ,029c 16,229 0,000 -1,823 0,022 0,102 0,243 par = 4 - tx_Esgoto = 16,228 + -1,823 * trat + 0,102 * (ano - 2000)
par = 4 - tx_Gestantes 0,188 3,241 ,054c 7,907 0,000 -0,465 0,469 -0,175 0,020 par = 4 - tx_Gestantes = 7,907 + -0,464 * trat + -0,174 * (ano - 2000)
par = 4 - tx_Lixo 0,452 11,136 ,000c 14,286 0,000 0,599 0,500 0,471 0,000 par = 4 - tx_Lixo = 14,286 + 0,598 * trat + 0,47 * (ano - 2000)
par = 4 - tx_mort_cs_ext 0,260 5,099 ,013c 0,829 0,000 -0,128 0,096 0,022 0,012 par = 4 - tx_mort_cs_ext = 0,828 + -0,128 * trat + 0,021 * (ano - 2000)
par = 4 - tx_mort_inf 0,142 2,391 ,109c 19,647 0,000 0,468 0,848 -0,572 0,038 par = 4 - tx_mort_inf = 19,647 + 0,467 * trat + -0,572 * (ano - 2000)
par = 4 - tx_Tijolo 0,487 12,839 ,000c 24,335 0,000 5,623 0,000 0,518 0,002 par = 4 - tx_Tijolo = 24,335 + 5,622 * trat + 0,517 * (ano - 2000)
par = 6 - Perc_fund 0,455 12,128 ,000c 62,569 0,000 -0,138 0,795 -0,281 0,000 par = 6 - Perc_fund = 62,569 + -0,138 * trat + -0,28 * (ano - 2000)
par = 6 - Perc_medio 0,168 2,930 ,069c 13,029 0,000 0,693 0,106 0,079 0,090 par = 6 - Perc_medio = 13,028 + 0,693 * trat + 0,079 * (ano - 2000)
par = 6 - Perc_priv 0,758 45,415 ,000c 5,293 0,000 3,762 0,000 -0,223 0,000 par = 6 - Perc_priv = 5,293 + 3,761 * trat + -0,222 * (ano - 2000)
par = 6 - tx_agua 0,361 8,178 ,002c 18,732 0,000 -1,787 0,012 0,220 0,005 par = 6 - tx_agua = 18,731 + -1,787 * trat + 0,22 * (ano - 2000)
par = 6 - tx_Cob_pl 0,848 81,180 ,000c 11,660 0,000 -6,914 0,000 -0,054 0,371 par = 6 - tx_Cob_pl = 11,66 + -6,913 * trat + -0,053 * (ano - 2000)
par = 6 - tx_Energia 0,366 8,371 ,001c 25,589 0,000 -0,525 0,497 0,334 0,000 par = 6 - tx_Energia = 25,588 + -0,524 * trat + 0,333 * (ano - 2000)
par = 6 - tx_Esgoto 0,523 15,922 ,000c 10,060 0,000 2,711 0,000 0,129 0,031 par = 6 - tx_Esgoto = 10,06 + 2,71 * trat + 0,128 * (ano - 2000)
par = 6 - tx_Gestantes 0,402 9,739 ,001c 7,564 0,000 -2,093 0,000 -0,040 0,451 par = 6 - tx_Gestantes = 7,564 + -2,093 * trat + -0,039 * (ano - 2000)
par = 6 - tx_Lixo 0,621 23,737 ,000c 16,588 0,000 -2,593 0,000 0,379 0,000 par = 6 - tx_Lixo = 16,587 + -2,593 * trat + 0,379 * (ano - 2000)
par = 6 - tx_mort_cs_ext 0,254 4,926 ,014c 0,621 0,000 0,134 0,262 0,037 0,007 par = 6 - tx_mort_cs_ext = 0,62 + 0,134 * trat + 0,037 * (ano - 2000)
par = 6 - tx_mort_inf 0,127 2,118 ,138c 17,050 0,000 1,465 0,407 -0,355 0,070 par = 6 - tx_mort_inf = 17,05 + 1,464 * trat + -0,355 * (ano - 2000)
par = 6 - tx_Tijolo 0,331 7,190 ,003c 25,596 0,000 0,132 0,851 0,287 0,001 par = 6 - tx_Tijolo = 25,596 + 0,131 * trat + 0,286 * (ano - 2000)
par = 10 - Perc_fund 0,582 20,172 ,000c 53,165 0,000 -2,841 0,000 -0,376 0,000 par = 10 - Perc_fund = 53,164 + -2,841 * trat + -0,375 * (ano - 2000)
par = 10 - Perc_medio 0,085 1,346 ,276c 11,580 0,000 -0,290 0,409 -0,053 0,169 par = 10 - Perc_medio = 11,58 + -0,29 * trat + -0,052 * (ano - 2000)
par = 10 - Perc_priv 0,917 160,828 ,000c 9,737 0,000 4,049 0,000 0,105 0,000 par = 10 - Perc_priv = 9,736 + 4,049 * trat + 0,105 * (ano - 2000)
par = 10 - tx_agua 0,603 21,265 ,000c 17,509 0,000 -5,461 0,000 0,536 0,000 par = 10 - tx_agua = 17,508 + -5,461 * trat + 0,536 * (ano - 2000)
par = 10 - tx_Cob_pl 0,561 17,889 ,000c 7,534 0,000 -3,058 0,001 0,385 0,000 par = 10 - tx_Cob_pl = 7,533 + -3,057 * trat + 0,384 * (ano - 2000)
par = 10 - tx_Energia 0,670 28,399 ,000c 19,056 0,000 -6,749 0,000 0,679 0,000 par = 10 - tx_Energia = 19,055 + -6,749 * trat + 0,678 * (ano - 2000)
par = 10 - tx_Esgoto 0,418 10,073 ,001c 11,281 0,000 0,570 0,571 0,496 0,000 par = 10 - tx_Esgoto = 11,28 + 0,569 * trat + 0,496 * (ano - 2000)
par = 10 - tx_Gestantes 0,781 48,191 ,000c 7,370 0,000 -3,956 0,000 -0,049 0,292 par = 10 - tx_Gestantes = 7,37 + -3,955 * trat + -0,049 * (ano - 2000)
par = 10 - tx_Lixo 0,613 22,146 ,000c 17,176 0,000 -5,189 0,000 0,596 0,000 par = 10 - tx_Lixo = 17,176 + -5,188 * trat + 0,596 * (ano - 2000)
par = 10 - tx_mort_cs_ext 0,506 14,852 ,000c 1,069 0,000 -0,253 0,000 0,010 0,079 par = 10 - tx_mort_cs_ext = 1,069 + -0,253 * trat + 0,009 * (ano - 2000)
par = 10 - tx_mort_inf 0,628 24,503 ,000c 16,283 0,000 3,386 0,000 -0,525 0,000 par = 10 - tx_mort_inf = 16,283 + 3,385 * trat + -0,524 * (ano - 2000)
par = 10 - tx_Tijolo 0,654 26,439 ,000c 17,767 0,000 -5,641 0,000 0,704 0,000 par = 10 - tx_Tijolo = 17,767 + -5,641 * trat + 0,704 * (ano - 2000)
par = 11 - Perc_fund 0,389 9,236 ,001c 57,450 0,000 1,612 0,031 -0,281 0,001 par = 11 - Perc_fund = 57,45 + 1,612 * trat + -0,281 * (ano - 2000)
par = 11 - Perc_medio 0,750 43,454 ,000c 10,210 0,000 4,891 0,000 0,085 0,149 par = 11 - Perc_medio = 10,21 + 4,891 * trat + 0,085 * (ano - 2000)
par = 11 - Perc_priv 0,343 7,561 ,002c 8,219 0,000 -1,767 0,001 0,006 0,900 par = 11 - Perc_priv = 8,219 + -1,767 * trat + 0,006 * (ano - 2000)
par = 11 - tx_agua 0,547 17,526 ,000c 21,134 0,000 -3,727 0,000 0,344 0,001 par = 11 - tx_agua = 21,133 + -3,727 * trat + 0,343 * (ano - 2000)
par = 11 - tx_Cob_pl 0,194 3,492 ,044c 10,291 0,000 0,116 0,874 -0,208 0,013 par = 11 - tx_Cob_pl = 10,29 + 0,116 * trat + -0,208 * (ano - 2000)
par = 11 - tx_Energia 0,218 4,044 ,028c 27,670 0,000 -0,428 0,617 0,257 0,009 par = 11 - tx_Energia = 27,669 + -0,428 * trat + 0,257 * (ano - 2000)
par = 11 - tx_Esgoto 0,988 1204,018 ,000c 1,664 0,000 12,966 0,000 0,260 0,000 par = 11 - tx_Esgoto = 1,664 + 12,965 * trat + 0,259 * (ano - 2000)
par = 11 - tx_Gestantes 0,356 8,020 ,002c 8,101 0,000 -1,247 0,000 -0,001 0,971 par = 11 - tx_Gestantes = 8,101 + -1,246 * trat + -0,001 * (ano - 2000)
par = 11 - tx_Lixo 0,742 41,666 ,000c 21,526 0,000 -6,639 0,000 0,504 0,000 par = 11 - tx_Lixo = 21,525 + -6,639 * trat + 0,504 * (ano - 2000)
par = 11 - tx_mort_cs_ext 0,297 6,138 ,006c 0,596 0,000 0,171 0,024 0,020 0,015 par = 11 - tx_mort_cs_ext = 0,596 + 0,17 * trat + 0,02 * (ano - 2000)
par = 11 - tx_mort_inf 0,189 3,375 ,048c 14,013 0,000 3,614 0,074 -0,386 0,079 par = 11 - tx_mort_inf = 14,013 + 3,613 * trat + -0,386 * (ano - 2000)
par = 11 - tx_Tijolo 0,291 5,963 ,007c 28,082 0,000 -1,655 0,065 0,268 0,008 par = 11 - tx_Tijolo = 28,082 + -1,654 * trat + 0,268 * (ano - 2000)
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