FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE DO RIO GRANDE DEPARTAMENTO DE OCEANOGRAFIA
LABORATÓRIO DE ECOLOGIA
NÚCLEO DE EDUCAÇÃO E MONITORAMENTO AMBIENTAL - NEMA
“RESÍDUOS SÓLIDOS E ESFÉRULAS PLÁSTICAS NAS PRAIAS DO RIO GRANDE DO SUL - BRASIL.”
Fabiane Pianowski
Monografia apresentada à Universidade do Rio Grande, como parte
dos requisitos necessários para a obtenção do título de graduado em Oceanologia
Orientador: Msc. Gilberto Fillmann Co-Orientador: Msc. Kleber Grübel da Silva
Rio Grande
Rio Grande do Sul - Brasil 1997
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AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, Ricardo e Araci, pelo constante
pa(i)trocínio e amor. Aos meus irmãos, Rick e Nane, pela super força. Ao
Gilberto Filmann pela orientação. Ao professor Cachimbo pelas fotos cedidas.
À lealdade dos grandes amigos e em especial, ao amigo e conhecedor da
natureza Kleber, pelo imenso apoio e incentivo, sem os quais este trabalho não se
realizaria.
Aos motoristas, à Biblioteca Setorial, à Ipiranga
Petroquímica e, principalmente, ao Técnico Egídio Zardo Jr. pela enorme
colaboração, aos colegas do Laboratório de Hidroquímica e a todo pessoal do
NEMA.
Ao Rudi, com todo sentimento.
Fabi
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 4 2. OBJETIVOS 7 3. ANTECEDENTES E JUSTIFICATIVA 8 4. ÁREAS DE ESTUDO 14 4.1 PRAIA DO CASSINO 15 4.2 ESTAÇÃO ECOLÓGICA DO TAIM 16 4.3 PRAIA GRANDE 17 4.4 PARQUE ESTADUAL DA GUARITA 18 5.METODOLOGIA 19 6. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 21 6.1 PRAIA DO CASSINO 22 6.2 PRAIA GRANDE 33 6.3 PRAIA DA GUARITA 42 6.4 PRAIA DO TAIM 50 6.5 AMOSTRAS PONTUAIS 57 6.6 COMPARAÇÃO ENTRE AS ÁREAS DE ESTUDO E COM OUTRAS
REGIÕES 58 7. CONCLUSÕES 69 8. RECOMENDAÇÕES 71 9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 73 10. ANEXOS 78
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RESUMO O aumento de materiais sintéticos persistentes, principalmente plástico, nos últimos cinqüenta anos, tem gerado impactos nos ambientes costeiro e marinho em vários níveis, causando danos sobre a biota; sobre o valor cênico e o potencial recreativo dos locais contaminados; sobre a navegação e sobre a saúde humana. Segundo a classificação proposta pela IOC/FAO/UNEP (1989), resíduos sólidos são materiais que podem ser subdivididos em categorias. Além das categorias comumente estudadas como plástico, papel, vidro, entre outras, o presente estudo analisou também as esférulas de plástico virgem. Estas esférulas servem de matéria prima para o fabrico dos mais diversos objetos de plástico e, ao serem perdidas para o meio ambiente, podem não só trazer riscos à biota, como também perda financeira. Por meio de perfis transversais, foram coletados amostras bimensais de resíduos sólidos e esférulas plásticas nas Praia Grande (Torres) e Praia do Cassino (Rio Grande) e em duas praias de Unidades de Conservação Costeiras: Praia da Guarita (Parque Estadual da Guarita - Torres) e Praia do Taim (Estação Ecológica do Taim - Rio Grande e Santa Vitória do Palmar), no período de outubro de 1996 a setembro de 1997. A área dos perfis estava compreendida entre a zona de estirâncio e a região inicial das dunas embrionárias. Embora as praias estudadas tenham apresentado menores concentrações em número de itens de resíduos sólidos, quando comparadas a outros locais - Israel, Califórnia, Sicília, Espanha - as mesmas se mostraram contaminadas ao longo de todo o ano, em função da dinâmica praial ou do aporte turístico. A concentrações médias de resíduos sólidos encontradas foram: 8,89 itens/m e 67,5 g/m na Praia do Cassino; 6,65 itens/m e 56,47g/m na Praia Grande; 3,81 itens/m e 11,04 g/m na Praia da Guarita e 2,84 itens/m e 53,3 g/m na Praia do Taim. Os resíduos sólidos apresentaram origens distintas nas diferentes épocas do ano, sendo predominantemente turística no verão e marinha do outono à primavera, possivelmente a partir de embarcações e aportes continentais, para as Praias do Cassino, Praia Grande e Praia da Guarita; sendo que na Praia do Taim, por não apresentar atividade turística, a origem dos resíduos é predominantemente marinha. Quanto à composição, para itens/m plástico foi o principal contaminante encontrado em todas as áreas estudadas, representando um percentual de 40-80% do total amostrado; para gramas/m plástico foi predominante nas Praia do Cassino (28%) e da Guarita (37%), material de construção nas Praia do Cassino (28%) e Grande (35%), e madeira na Praia do Taim (49%). As esférulas plásticas apresentaram baixas concentrações. A maioria das esférulas encontradas foram brancas. A praia que apresentou a maior concentração de esférulas plásticas foi a Praia do Taim, sendo a média anual de 112,3 itens/m. Atividades de Educação Ambiental, redução da geração de lixo, reutilização dos bens de consumo e reciclagem, são atitudes essenciais para que haja uma mudança na questão dos resíduos sólidos. Para as esférulas plásticas a solução está em mudanças no empacotamento, manuseio e transporte das mesmas, bem como o cumprimento da MARPOL pelos portos e embarcações.
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1. INTRODUÇÃO
Os ambientes costeiros e marinhos têm sofrido uma crescente
ameaça nos últimos cinqüenta anos, devido ao aumento da utilização de
materiais não degradáveis, principalmente de material plástico (Golik &
Gartner, 1992). Thor Heyerdahl (em Gomes,1973) provavelmente tenha sido o
primeiro a levantar o problema relativo a resíduos sólidos no ambiente marinho,
pela simples observação durante a “Expedição RA II” (travessia oceânica em
um barco de papiro, visando testar a hipótese de que já os egípcios pudessem
ter chegado a América na Antigüidade). Chegando a declarar em 1970, que em
cinqüenta e sete dias navegando, de Safi (Marrocos) a Bridgetown (Barbados),
somente observou mar limpo (sem detritos de atividades humanas) em três
dias. Desde então, começaram a ser feitos estudos - em diferentes partes do
mundo - relacionados com resíduos sólidos no ambiente marinho e região
costeira, abordando o problema de diversas formas, como avaliação quali-
quantitativa, efeito sobre a biota e fontes e destinos dos contaminantes.
Segundo a classificação proposta pela IOC/FAO/UNEP (1989),
resíduos sólidos são materiais que podem ser subdivididos em categorias
como plástico, material de construção, material de pesca, papel, vidro,
borracha, espuma, metal, tecido, isopor e madeira antropogênica. Esta
classificação é maleável, podendo variar de autor para autor e de local para
local, em função das características dos resíduos sólidos e do objetivos do
estudo. Como por exemplo, usando como base esta classificação, dentro da
categoria plástico, pode ser criada uma subcategoria para as esférulas de
plástico virgem, comumente chamadas de “nibs” (Gregory, 1978) ou “pellets”.
Estas esférulas servem de matéria prima para o fabrico dos mais diversos
objetos de plástico e, ao serem perdidas para o meio ambiente, podem não só
trazer perda material, como também riscos à biota, e em alguns locais
apresentam significativa importância.
Dentre os ambientes que são afetados pelos resíduos sólidos e
esférulas plásticas, destacam-se os oceanos abertos (Gregory et al., 1984;
Kubota, 1994) e as regiões costeiras (Gregory, 1983; Golik & Gartner, 1992;
Wetzel, 1995), onde podem ser afetadas as regiões de praias.
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Com referências ao estado do Rio Grande do Sul, que possui um
litoral de aproximadamente 600 Km de extensão, a contaminação por resíduos
sólidos é um problema concreto (Wetzel, 1995), sendo também verificada a
contaminação por esférulas plásticas (Gomes, 1973; Zarzur, 1995). Cabe
ressaltar que ao longo deste litoral estão localizadas quatro Unidades de
Conservação, onde a preservação da biota e, em especial, de algumas
espécies, é conflitante com respeito a contaminação.
As quatro Unidades de Conservação costeiras do estado do Rio
Grande do Sul correspondem a Estação Ecológica do Taim (Rio Grande e
Santa Vitória do Palmar), Refúgio da Vida Silvestre do Molhe Leste da Barra de
Rio Grande (São José do Norte), Parque Nacional da Lagoa do Peixe (Tavares,
Mostardas e São José do Norte) e Parque Estadual da Guarita (Torres).
Tratando-se das Unidades de Conservação costeiras do estado
do Rio Grande do Sul, existe a necessidade do conhecimento da concentração
de contaminantes como os resíduos sólidos, nas suas áreas litorâneas, a fim
de se verificar o nível de contaminação desses ambientes, suas principais
fontes de aporte e danos que podem vir a causar à fauna e flora e, a partir
disto, criar alternativas para ações de manejo. Por questões de logística, foram
escolhidas para estudo no presente trabalho as seguintes Unidades de
Conservação: Estação Ecológica do Taim e Parque Estadual da Guarita.
Dentro das áreas a serem estudadas, foram incluídas a Praia do
Cassino e a Praia Grande, que apesar de não serem Unidades de
Conservação, apresentam várias características que justificam o estudo da
concentração de resíduos sólidos nestas áreas. A Praia Grande, em Torres, foi
escolhida por ser um balneário bastante importante no estado, devido ao
grande fluxo de turistas, principalmente, no período de verão e também por se
localizar próxima a duas Unidades de Conservação: a Reserva Ecológica da
Ilha dos Lobos e o Parque Estadual da Guarita. A Praia do Cassino foi eleita
por ser um dos maiores balneários do estado, possuindo um grande porto nas
suas proximidades e sendo uma área ecologicamente bastante rica. Durante os
anos de 1994 e 1995, esta praia foi avaliada por Wetzel, quanto a
contaminação para resíduos, servindo de referencial para o estudo proposto,
além de propiciar o monitoramento deste ambiente pelo terceiro ano
consecutivo.
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2. OBJETIVOS
- avaliar quali-quantitativamente os resíduos sólidos nas áreas de
estudo, determinando os padrões de distribuição espaço-temporal e a origem
do material;
- registrar a ocorrência de esférulas plásticas, avaliando sua
concentração, variação espaço-temporal, bem como determinar as principais
fontes de aporte;
- gerar dados que possam vir a subsidiar e incentivar programas
de monitoramento de resíduos sólidos em áreas ecologicamente importantes e
propor alternativas para solucionar ou amenizar o problema.
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3. ANTECEDENTES E JUSTIFICATIVAS
Os resíduos sólidos e as esférulas plásticas ocorrem
simultaneamente no ambiente, aparecendo na mesma faixa de praia,
permitindo que sejam coletados por metodologias muito semelhantes. Os
resíduos sólidos podem ter origem marinha (a partir de despejos de navios e,
por deriva, de outras praias) ou continental (por drenagem superficial, restos
deixados por usuários na praia e pela presença de sítios de despejo próximos)
(foto 01).
Foto 01 - Resíduos sólidos depositados no ambiente praial (Praia
do Cassino - RS).
A proveniência dos resíduos depende da localização da praia
estudada e da sua utilização. Tomando como exemplo a costa leste Européia,
que possui um período de veraneio curto, mas um intenso tráfego de navios e
pesqueiros, a origem dos resíduos é predominantemente marinha. Já para as
praias de Israel, onde o tráfego de navios no Mediterrâneo é bem menor e a
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temporada de verão é bastante longa, os resíduos provêm, na sua maior parte,
dos usuários da praia (Golik & Gartner, 1992). A Espanha, além de participar
do mesmo tipo de fonte identificada para Israel, soma a incidência por deriva
de restos urbanos de cidades próximas (IOC/FAO/UNEP, 1989).
Estudo feito para a Praia do Cassino (RS) por Wetzel (1995),
demonstrou que esta origem pode ainda, variar sazonalmente. Durante os
meses de verão os materiais da categoria plástico, por exemplo, aumentaram
devido ao aporte turístico, já nos meses de inverno e primavera o acréscimo se
deu provavelmente pelo aporte marinho ou por retrabalhamento de material
anteriormente depositado. Há, ainda, registros de estudos de concentrações de
resíduos sólidos no fundo do mar, como os conduzidos na Turquia e Chipre
(IOC/FAO/UNEP, 1989).
A presença dos resíduos sólidos pode trazer danos aos
ambientes costeiro e marinho em vários níveis. Segundo Laist (1987), os riscos
sobre os organismos são imediatos e preferencialmente mecânicos, como
enredamento e afogamento, diminuição na capacidade de procurar alimento
e/ou evitar a predação, bloqueio do trato digestivo e ferimentos oriundos da
associação de componentes abrasivos ou cortantes. Considerando difícil
estimar o impacto populacional, Pruter (1987) sumariza os principais efeitos
físicos a nível individual, sobre aves, mamíferos marinhos, tartarugas, peixes e
crustáceos, como sendo decorrentes da ingestão de plásticos e enredamentos
em artefatos pesqueiros e cordas. Segundo High (1981), alguns tipos de
artefatos continuam apanhando peixes, crustáceos e aves marinhas por vários
anos após a sua perda. Conforme NAS (1975) desde o final da década de
quarenta, ocorre esta interação tanto na pesca comercial como da recreativa,
principalmente, devido à substituição das fibras naturais pelas sintéticas nos
artefatos pesqueiros. Vários efeitos dos resíduos sólidos são, ainda, citados em
relação aos seres humanos. A indústria do turismo pode sofrer restrições pelo
impacto sobre o valor cênico e o potencial recreativo dos locais contaminados,
enquanto que o uso das águas para a navegação pode ser prejudicado, por
exemplo, pelo enredamento do lixo em hélices de embarcações
(IOC/FAO/UNEP, 1989). Cortes por vidro e metais em usuários das praias,
além de enredamento de mergulhadores em plásticos, são citados como os
principais efeitos diretos à saúde humana, já que ainda se desconhecem outros
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efeitos dos resíduos sólidos, como o de restos de remédios, presentes no
ambiente costeiro (UNESCO, 1994).
Dentro da classificação para resíduos sólidos, mencionada
anteriormente, estão as esférulas plásticas, que por apresentarem
características específicas, são normalmente avaliadas em separado dos
plásticos já manufaturados e dos demais resíduos sólidos. Estas esférulas são
identificadas através de espectrofotometria de infra-vermelho como polietileno
virgem e polipropileno (poliolefinas), e mais raramente como poliestireno ou
cloreto de polivinil (Gregory, 1978, 1983). Encontram-se mais comumentes em
formas ovoídes, esferulóides ou cilíndricas, podendo ser opacas ou
translúcidas, em cores como branco, preto, azul , amarelo e menos
freqüentemente em vermelho ou verde, tendo tamanho geralmente em torno de
5mm de diâmetro e peso médio de 0.026g, possuindo densidade menor que
1,00g.cm-3, o que permite que flutuem (Gregory,1978).
As esférulas plásticas aparecem no meio ambiente devido a
derramamentos acidentais durante o manuseio, transporte marítimo ou
terrestre e pelas perdas ocasionadas pelas indústrias de produção de plástico
(Gregory, 1978; Shiber, 1987). Estas esférulas derivam para as águas costeiras
através de rios, correntes e por drenagem de água de chuva, sendo
depositadas em praias arenosas, pois muito raramente são encontradas em
praias rochosas, cascalhosas ou de matacões (Gregory, 1978) (foto 02).
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Foto 02 - Esférulas plásticas depositadas no ambiente praial.
As esférulas plásticas podem ocorrer em associação com piche
(Gregory, 1978, 1983; Shiber, 1987) e são mais facilmente visualizadas em
praias com pequeno aporte turístico e que não são freqüentemente limpas, pois
estas duas atividades camuflam as esférulas, soterrando-as na areia (Shiber,
1987).
Shiber (1987) ao estudar a costa da Espanha, no Mediterrâneo,
constatou que existe correlação entre a abundância de esférulas plásticas e a
localização das fábricas de plástico na região, o mesmo podendo ocorrer com
praias que se localizem próximas a portos e pólos petroquímicos. Nesta
categoria podem ser enquadradadas algumas praias do Rio Grande do Sul,
uma vez que existe um pólo petroquímico que se localiza na cidade de Triunfo,
junto à porção norte da Lagoa dos Patos, a qual é drenada através da Barra
do Rio Grande, acabando por influenciar a costa do estado. A diminuição da
abundância de esférulas plásticas na medida que a distância das áreas de
indústrias plásticas aumentava, também foi verificada na costa da Nova
Zelândia por Gregory (1978). O mesmo estudo constatou, ainda, que a
distribuição destas esférulas refletia a dispersão dessas zonas de produção
concordando com a dinâmica das correntes costeiras locais. Já, a ocorrência
das esférulas plásticas em algumas praias do Rio Grande do Sul,
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provavelmente seja oriunda da limpeza de porões de navios em curso de
navegação (Gomes, 1973).
As esférulas plásticas podem, ainda, por apresentarem baixa
densidade, ser encontradas flutuando, ficando passíveis de serem capturadas
por redes de neuston, permitindo que sejam feitos estudos de abundância
deste material nos oceanos. Foram encontradas esférulas plásticas na
convergência Antártica, no Mar Mediterrâneo, no Atlântico Sul (Gregory et al.,
1984).
O derramamento destas esférulas não causa somente
desperdício financeiro, por representar uma perda de matéria prima, mas
também tem efeitos deletérios sobre a biota. Carpenter e Smith (1972)
comentam a possibilidade das esférulas plásticas e seus derivados, serem
responsáveis pelo aumento dos níveis de PCBs nos oceanos. Somado a isto,
há também o problema de ingestão destes materiais por animais marinhos, em
especial, larvas e juvenis de peixes, causando bloqueio no trato intestinal
(Carpenter et al., 1972; Kartar et al., 1973; Colton, et al., 1974) e aves marinhas
e costeiras (Azzarello & Van Vleet, 1987; Ryan & Jackson, 1987). No caso
específico dos Procellariiformes, principalmente os petréis, que não possuem
capacidade de regurgitar devido a sua morfologia estomacal (Zarzur, 1995), o
plástico ingerido tende a sofrer acúmulo na moela, permanecendo neste orgão
até ser degradado e, possivelmente interferindo na digestão. Não se sabe
porém, se isto pode ou não causar a morte dos organismos (Bourne & Imber,
1982).
Na costa do Rio Grande do Sul, principalmente na praia do
Cassino, já foi verificado o problema de ingestão de esférulas plásticas por
aves marinhas e costeiras, sendo evidenciada a sua presença em estômagos
de petréis (Zarzur, 1995) e em regurgitados de gaivotas encontrados na região
(Naves, com. pes.1).
Como resíduos sólidos causam efeitos deletérios sobre grupos de
organismos, como aves e mamíferos e, ciente de que o problema da
contaminação por resíduos sólidos existe ao longo da costa do Rio Grande do
Sul, foi dado início a um estudo junto a Praia do Cassino, a Praia Grande e as
1 Naves, L.C. Mestranda em oceanografia biológica, FURG.
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zonas de praia de duas das Unidades de Conservação costeiras do estado, o
Parque Estadual da Guarita e a Estação Ecológica do Taim.
As Unidades de Conservação compreendem áreas de grande
importância ecológica e são criadas objetivando a preservação desses
ecossistemas. Os principais aspectos que envolvem a manutenção de um
sistema de Unidades de Conservação são: (1) perpetuação das espécies raras
ou em perigo de extinção; (2) preservação de toda diversidade biológica em
seus respectivos ecossistemas; (3) a manutenção das características naturais
inalteradas; servindo estas como fonte de informação para a administração de
sistemas adjacentes com base nas práticas de conservação; (4) incentivo às
atividades de pesquisa e monitoramento ambiental e (5) conservação de
paisagens naturais ou não, potencialmente utilizáveis para as práticas de
recreação e turismo (IBDF/FBCN, 1982b, em Azevedo, 1995).
A avaliação da presença de resíduos sólidos, dentro das áreas
de estudo, pode servir como indicadora da qualidade destes ecossistemas.
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4. ÁREAS DE ESTUDO
As áreas a serem estudadas são praias arenosas, localizadas
dentro da planície costeira do Rio Grande do Sul (mapa 01). Estas áreas
incluem a Praia do Cassino (município de Rio Grande), a Praia Grande
(município de Torres) e as praias pertencentes a Estação Ecológica do Taim
(município de Sta Vitória do Palmar e Rio Grande)e ao Parque Estadual da
Guarita (município de Torres).
MAPA 01 - Localização das áreas de estudo.
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4.1. PRAIA DO CASSINO
A Praia do Cassino, pertencente ao município de Rio Grande,
situa-se imediatamente ao sul da desembocadura do canal de Rio Grande,
conforme descrição de Delaney (1965, em Vilwock & Martins, 1972), e
apresenta aproximadamente 9 Km de extensão. Com respeito a região costeira
e de plataforma, verifica-se a influência de diferentes massas de água. Esta
complexidade oceanográfica promove grandes aportes de nutrientes,
favoráveis a uma alta produtividade (Fillmann, 1990; Ciotti, 1990; Ciotti et al.,
1995), fazendo da plataforma continental uma das mais importantes zonas de
pesca do Brasil (Haimovici et al., 1989; Castello et al., 1990). Os aportes
continentais apresentam uma grande importância para a região costeira do sul
do Brasil, principalmente a Lagoa dos Patos e Rio da Prata (Fillmann, 1990;
Möller et al., 1991). Cabe ressaltar que nas áreas compreendidas na referidas
bacias de drenagem, localizam-se diversos centros urbanos que são
aportadores em potencial de resíduos sólidos à região costeira do sul do Brasil
(Wetzel, 1995).
A região de Rio Grande encerra grande importância ecológica,
especialmente quanto ao ecossistema estuarino da Lagoa dos Patos e à região
praial, servindo de área para alimentação e descanso de aves migratórias
(Vooren & Chiaradia, 1990), registrando, ainda, em suas proximidades,
reprodução, alimentação e criação de grande diversidade de peixes (Chao et
al., 1982). Quanto a utilização humana da região, esta cidade tem uma
economia voltada para o mar devido a sua localização privilegiada, nas
margens da região estuarial da Lagoa dos Patos, e seu porto marítimo
(Almeida et al., 1993). O porto de Rio Grande, em atividade desde 1872, é o
único porto marítimo do Rio Grande do Sul, ligando o interior do estado ao
Oceano Atlântico (Ministério dos Transportes, 1992). Recebe navios de
diversas procedências, para fins comerciais e de pesca. Este porto, de grande
fluxo de embarcações, não possui instalações adequadas para receber os
resíduos gerados a bordo (Duarte, 1997). Em relação ao uso da praia, observa-
se intenso fluxo de turistas ao balneário do Cassino, durante o período de
verão, provenientes da cidade de Rio Grande, de outras cidades do interior do
estado do RS, como Bagé e Pelotas e dos países vizinhos, Argentina e
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Uruguai. Desta forma a população chega a ser no verão, quinze vezes maior
que no período de inverno (NEMA,1991), fazendo com que a faixa de praia
fique fortemente ocupada (foto 03).
Foto 03 - Praia do Cassino no período de verão
4.2. ESTAÇÃO ECOLÓGICA DO TAIM
A Estação Ecológica do Taim (ESEC/TAIM), criada pelo decreto
número 92.963, em 21 de julho de 1986, possui uma área de 33.995 ha.
Localiza-se nos municípios de Rio Grande e Santa Vitória do Palmar,
englobando terras do Banhado do Taim e da Ilha do Taquari, situada entre as
coordenadas 32º32’ e 32º50’ de latitude sul e 52º23’ e 52º32’ de longitude
oeste. A Estação abrange as Lagoas Mangueira, Jacaré e Nicola. Tais lagoas
fazem parte do sub-sistema Banhado do Taim-Lagoa Mangueira incluído no
”Sistema Lagunar da Planície Costeira do Rio Grande do Sul” (Freire et al.,
1993, em Azevedo, 1995). A ESEC/TAIM apresenta-se como um ecossistema
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predominantemente de banhados, incluindo ambientes de dunas, campos,
matas, lagoas e praia. Destaca-se como uma das zonas mais ricas em aves
aquáticas da América do Sul, contando com uma grande diversidade de
espécies residentes nidificantes, invernantes de zonas mais meridionais e
limícolas do neártico (Scott et al., 1986, em Azevedo, 1995). A praia da região
tem importância ecológica por abrigar várias espécies, principalmente aves
migratórias e residentes. A área a ser estudada dentro da ESEC Taim é a
zona de praia, que apresenta aproximadamente, 15 Km de extensão.
4.3. PRAIA GRANDE
A Praia Grande pertence ao município de Torres, localizado no
extremo norte da região costeira do Rio Grande do Sul (29º20’S; 52º06’W).
Caracteriza-se como uma praia arenosa de 1,7Km de extensão, situada ao sul
da desembocadura do Rio Mampituba, que apesar de ser um rio de pequeno
porte, tem grande influência sobre a Praia Grande, principalmente quanto a
presença de resíduos sólidos. O Rio Mampituba, por estar inserido no contexto
urbano da sede municipal é amplamente utilizado para o turismo e recreação,
realizando-se em suas águas esportes náuticos, passeios, pesca esportiva e
artesanal (subsistência), possuindo uma alta ocupação de suas margens
(Soares, 1995).
Esta praia qualifica-se como a praia de maior importância para o
município de Torres, no que diz respeito ao turismo, recebendo um grande
número de turistas durante o ano todo, principalmente no verão, devido ao
clima ameno da região. Possui também grande importância ecológica por
situar-se na frente da RESEC da Ilha dos Lobos, onde suas condições
ambientais se refletem na reserva e vice-versa.
4.4. PARQUE ESTADUAL DA GUARITA
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O Parque Estadual da Guarita se encontra dentro do município de
Torres, localizado no extremo norte da região costeira do Rio Grande do Sul
(29º20’S; 52º06’W). O Parque encerra uma ampla diversidade de espécies,
devido aos diferentes tipos de ambientes que possui, principalmente por
compreender uma área de derramamento basáltico somada a uma praia
arenosa, esta praia é protegida por falésias abruptas de cerca de 70m de
altura. Por ser de fácil acesso devido a sua boa localização, possui um intenso
fluxo de turistas, principalmente no período de verão. A praia estudada
pertencente ao Parque, chama-se Praia da Guarita, e possui aproximadamente
200 m de extensão (foto 04).
Foto 04 - Praia da Guarita (Torres - RS).
23
5. METODOLOGIA
Foram realizadas saídas de campo nas duas Unidades de
Conservação e nas praias Grande e do Cassino durante um ano (outubro-96 à
setembro-97), com periodicidade bimensal, a fim de se avaliar as alterações
sazonais da deposição dos resíduos sólidos e esférulas plásticas nas praias. A
periodicidade bimensal das amostragens se adequa ao uso da praia,
compreendendo períodos bastante característicos, verão e inverno,
principalmente para a praia do Cassino e Grande, que são voltadas para o
turismo. As demais áreas estudadas foram escolhidas devido a importância
ambiental que apresentam dentro da costa do Rio Grande do Sul, pois são
caracterizadas como Unidades de Conservação.
Cada amostragem consistia em 3 perfis de 5 metros de largura
(foto 05), em pontos aleatoriamente determinados dentro das mesmas,
segundo método de Wetzel (1995) adaptado de IOC/FAO/UNEP (1989). A área
dos perfis estava compreendida entre a zona de estirâncio (ou de varrido) e a
região inicial das dunas embrionárias. O processamento das amostras se deu
em laboratório, onde foi feita a contagem e pesagem dos resíduos sólidos
coletados maiores que 1 cm, discriminados em planilha, segundo a categoria a
qual pertencerem: plástico, isopor, material de pesca, vidro, metal, borracha,
madeira antropogênica, panos e outros.
Para os resíduos sólidos de tamanho menor que 1 cm foi dada
atenção especial às esférulas plásticas que apresentam diâmetro variando
entre 3-5 mm. Este material foi coletado em 5 perfis de 1 metro de largura (foto
05), delimitados como os perfis acima descritos, em pontos aleatoriamente
determinados dentro das áreas de estudo, sendo que foram aproveitados os 3
perfis para resíduos sólidos com tamanho maior que 1 cm, descritos
anteriormente. As esférulas plásticas eventualmente encontradas foram
levadas em sacos plásticos ao laboratório para quantificação e pesagem. A
metodologia descrita para as esférulas plásticas foi adaptada da metodologia
empregada por Gregory (1978).
25
6. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Os resultados obtidos no presente trabalho foram analisados de
forma a facilitar a visualização dos padrões existentes para cada área de
estudo. Para tanto os dados estão apresentados em forma de gráficos. Os
gráficos tipo colunas apresentam os valores médios do número de itens e peso
para cada categoria de resíduo sólido e para as esférulas plásticas por metro
linear de praia (itens/metro e gramas/metro) e os desvios padrão, ao longo do
período de coleta. O desvio padrão não apareceu plotado em alguns gráficos
quando este foi muito grande, sendo maior que a escala utilizada, indicando a
aleatoriedade de distribuição do material amostrado. Cabe ressaltar que as
escalas utilizadas foram adequadas a cada tipo de categoria, sendo portanto
diferentes para cada caso. Os gráficos tipo “torta” bidimensionais apresentam a
freqüência das cores das esférulas plásticas, em porcentagem, para cada local.
Os gráficos tipo “torta” tridimensionais apresentam a composição dos resíduos
sólidos amostrados de cada local, em porcentagem. Para todas as áreas
estudadas, as categorias que tiveram abundância inferior a 1% não foram
plotadas nestes gráficos.
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6.1 PRAIA DO CASSINO
COMPORTAMENTO DAS CATEGORIAS PRINCIPAIS
PLÁSTICO As maiores concentrações de plástico, tanto em número de itens
como em peso (figura 01), foram observadas nos períodos de abril/maio (31,80
itens/m e 158,46 g/m) e agosto/setembro (9,73 itens/m e 68 g/m), ou seja,
outono e inverno, onde a atividade turística é praticamente inexistente. Estes
altos níveis estão relacionados ao retrabalhamento do sedimento pelas marés
de tempestades, comuns nestes períodos e que antecederam aos respectivos
dias de coleta, acarretando na remobilização dos resíduos sólidos depositados
durante o verão. Isto pode ser afirmado pela grande ocorrência de fragmentos
plásticos típicos de sacolas e embalagens de comida ou cosméticos,
comumente levadas para a beira mar pelos turistas. O desvio padrão para esta
categoria se apresentou relativamente baixo, representando a homogeneidade
de distribuição do plástico ao longo da praia. Com exceção do período de
abril/maio onde o desvio padrão (180,11) excedeu a média, provavelmente,
devido ao fato de um dos pontos amostrais ter sido feito sobre um banco de
resíduos remobilizados pela maré de tempestade em um local aonde a
atividade turística é bastante grande no verão. Os resíduos típicos do aporte
marinho, para esta categoria, apresentaram pouca significância ao longo de
todo o ano. Os valores encontrados para os meses de verão se apresentaram
baixos, ao contrário do descrito por Wetzel (1995), possivelmente pela
regularidade da limpeza pública, as quais foram feitas quase que diariamente
e antes das coletas.
27
ITENS/METRO
GRAMAS/METRO
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
OUT/NOVDEZ/JAN
FEV/MARABR/MAI
JUN/JULAGO/SET
Figura 01 - Distribuição da categoria plástico ao longo do período
amostral para a Praia do Cassino, média e desvio padrão em número de itens
(itens/metro) e em peso (gramas/metro).
METAL
Esta categoria apresentou, ao longo de todo o período amostral,
uma distribuição bastante homogênea das suas concentrações (figura 02),
entre 1 a 5 para itens/metro e entre 6,5 a 12,5 para gramas/metro, com
exceção do período junho/julho (0,66itens/m e 1,37g/m), onde os valores foram
muito baixos quando comparados com os demais períodos.
Wetzel (1995), no seu estudo para a Praia do Cassino, colocou a
categoria metal como uma categoria secundária, considerando-a uma categoria
de menor importância. No presente estudo, esta categoria passa a fazer parte
do grupo das categorias principais, devido não só à sua constante presença
nas amostragens, mas também por ser um material de alta residência no
ambiente, principalmente as latas de alumínio, que apresentam alto valor
comercial. Os valores dos dois estudos foram bastante semelhantes quanto ao
número de itens, estando a média em torno de 1 item/metro; já quanto ao peso,
os valores divergiram um pouco, sendo maiores para o presente estudo,
possivelmente pela maior ocorrência de latas de alumínio ao invés de tampas
de bebidas, como o observado no estudo em comparação.
28
ITENS/METRO
GRAMAS/METRO
0
5
10
15
20
OUT/NOVDEZ/JAN
FEV/MARABR/MAI
JUN/JULAGO/SET
Figura 02 - Distribuição da categoria metais ao longo do período
amostral para a Praia do Cassino, média e desvio padrão em número de itens
(itens/metro) e em peso (gramas/metro).
MATÉRIA ORGÂNICA
Embora apresentando uma degradação mais rápida, a matéria
orgânica é acumulada pelo seu alto e contínuo aporte durante o verão,
reduzindo a atratividade da praia e expondo a saúde dos usuários locais a
agentes patogênicos associados aos resíduos (Wetzel, 1995). O número de
itens e o peso para esta categoria tem os maiores valores de concentração
para os meses de verão (figura 03), principalmente no período de
dezembro/janeiro (3 itens/m e 27,77 g/m), o ápice do verão. Apesar de sofrer
um decréscimo nos meses de outono e primavera, a matéria orgânica persiste
nestas estações, pois são períodos de clima mais ameno, onde ocorre
esporadicamente o aparecimento de transeuntes, turistas ou residentes, que
acabam por deixar este resíduo na beira da praia, evidenciando a sua
passagem pelo local. Nos meses de inverno esta categoria não foi observada.
29
ITENS/METRO
GRAMAS/METRO
0
5
10
15
20
25
30
OUT/NOVDEZ/JAN
FEV/MARABR/MAI
JUN/JULAGO/SET
Figura 03 - Distribuição da categoria matéria orgânica ao longo do
período amostral para a Praia do Cassino, média e desvio padrão em número
de itens (itens/metro) e em peso (gramas/metro).
PONTAS DE CIGARRO No estudo feito por Wetzel (1995), esta categoria foi amostrada
dentro da categoria outros e devido a constante ocorrência, a autora sugere
que seja criada uma categoria específica para este tipo de material. Isto foi feito
no presente estudo e constatou-se que realmente esta categoria é bastante
freqüente, assumindo importância no que se refere a resíduos sólidos, pois
possui um tempo razoável de permanência no ambiente, podendo ter efeitos
deletérios sobre a biota.
As maiores concentrações para número de itens e peso, foram
observadas nos meses de verão (figura 04), principalmente dezembro/janeiro
(17,46 itens/m e 6,46 g/m). Apesar de haver um decréscimo para os demais
períodos, observa-se a ocorrência deste material ao longo de todo o ano,
indicando sua origem marinha, de retrabalhamento, ou ainda dos
freqüentadores da praia durante estes períodos como pescadores ou motorista
fumantes que possuem o mau hábito de se desfazer da sujeira pela janela do
carro.
30
ITENS/METROGRAMAS/METRO
0
5
10
15
20
OUT/NOVDEZ/JAN
FEV/MARABR/MAI
JUN/JULAGO/SET
Figura 04 - Distribuição da categoria ponta de cigarro ao longo do
período amostral para a Praia do Cassino, média e desvio padrão em número
de itens (itens/metro) e em peso (gramas/metro).
MADEIRA Ao contrário do verificado por Wetzel (1995), esta categoria
apresentou valores baixíssimos para o número de itens e peso (figura 05),
tendo como valores máximos 1,86 itens/m e 17,03 g/m. Os valores de peso se
mostraram bastante homogêneos, quando da ocorrência deste material.
Portanto, não se pode afirmar nada no presente estudo quanto a sazonalidade
observada por Wetzel, pois foram observados poucos palitos de picolé nos
meses de verão, possivelmente pelo efeito da limpeza pública, como
constatado para a categoria plástico. Os baixos valores de números de itens
em relação ao peso demonstram que o material que estava na praia tinha um
maior volume, indicando a sua provável origem marinha. Além disso, pode-se
concluir que esta categoria não apresentou distribuição homogênea ao longo
da praia, pelo altos desvios padrão encontrados.
31
ITENS/METRO
GRAMAS/METRO
0
5
10
15
20
OUT/NOVDEZ/JAN
FEV/MARABR/MAI
JUN/JULAGO/SET
Figura 05 - Distribuição da categoria madeira ao longo do período
amostral para a Praia do Cassino, média e desvio padrão em número de itens
(itens/metro) e em peso (gramas/metro).
REDES DE PESCA Confirmando as expectativas, os fragmentos das redes de pesca
tiveram suas maiores concentrações (figura 06), principalmente em peso, nos
meses de outono e inverno (abril/maio - 45,47 g/m; junho/julho - 22,74 g/m e
agosto/setembro - 58,56 g/m), pela maior atividade pesqueira neste período e
também pela ocorrência das marés de tempestades serem mais evidentes
nesta época, trazendo estes materiais para a costa.
Seguindo as recomendações de Wetzel (1995), todo “nylon”
encontrado foi considerado como proveniente de redes de pesca, sendo
portanto incluído nesta categoria, causando um acréscimo no número de itens,
sendo mais significativo para os meses de verão quando comparado ao peso,
pela menor ocorrência de pedaços grandes neste período.
Ao compararmos os valores aqui encontrados com os de Wetzel
(1995), verificam-se números menores para o presente estudo, provavelmente
porque esta categoria está distribuída de uma forma pouco homogênea, como
já citado por Wetzel (op.cit.).
32
ITENS/METRO
GRAMAS/METRO
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
OUT/NOVDEZ/JAN
FEV/MARABR/MAI
JUN/JULAGO/SET
Figura 06 - Distribuição da categoria redes de pesca ao longo do
período amostral para a Praia do Cassino, média e desvio padrão em número
de itens (itens/metro) e em peso (gramas/metro).
PAPEL Não foi verificada a ocorrência de papéis de grande porte
(papelão). Confirma-se pelos baixos valores de peso, sendo 20,11 g/m o
máximo valor encontrado para o período de junho/julho, indicando que a
maioria dos resíduos encontrados para esta categoria eram representados por
embalagens, principalmente nos meses de verão, dezembro/janeiro - 2,33
itens/m e 8,24 g/m, onde os itens se tornam mais significativos em relação ao
peso (figura 07). Nos meses de outono e inverno, quando não há limpeza de
praia, já ocorreram papéis mais pesados como papelão, porém não de grande
tamanho como os encontrados por Wetzel (1995), mas evidenciando a origem
marinha.
ITENS/METRO
GRAMAS/METRO
0
5
10
15
20
25
OUT/NOVDEZ/JAN
FEV/MARABR/MAI
JUN/JULAGO/SET
33
Figura 07 - Distribuição da categoria papel ao longo do período
amostral para a Praia do Cassino, média e desvio padrão em número de itens
(itens/metro) e em peso (gramas/metro).
ESFÉRULAS PLÁSTICAS Esta categoria ocorreu praticamente em todo período amostral,
não se verificando a ocorrência somente em abril/maio (figura 08). O período
em que ela ocorreu em maior abundância foi em outubro/novembro (18
itens/metro). Verificou-se que há a predominância das esférulas de cor branca
(90%) com relação as demais cores que apareceram nas amostragens, ou
seja, amarelo (5%) e preto (5%) (figura 09).
BRANCOPRETOAMARELO
itens
/met
ro
-10
-5
0
5
10
15
20
25
30
35
OUT/NOVDEZ/JAN
FEV/MARABR/MAI
JUN/JULAGO/SET
Figura 08 - Distribuição da categoria esférulas plásticas ao longo
de todo período amostral para a Praia do Cassino, média e desvio padrão em
número de itens (itens/metro).
Amarelo5%Preto
5%
Branco90%
34
FIGURA 09 - Freqüência de ocorrência das 3 principais cores das
esférulas plásticas encontradas na Praia do Cassino.
COMPORTAMENTO DAS CATEGORIAS SECUNDÁRIAS As categorias secundárias são aquelas que apresentaram menor
importância ao longo do estudo, por não apresentarem ocorrência freqüente ou
valores significativos no número de itens e/ou peso. Entre elas está o material
de construção que foi observado exclusivamente no período de primavera,
indicando exatamente a época em que são feitas as obras de engenharia civil
nos balneários, para a temporada de verão (figura 10 - A). Este material
apresenta baixa quantidade de itens em relação ao peso. Para a categoria
vidro, o número de itens teve pouca importância quando comparado ao peso
(figura 10 - B), não apresenta sazonalidade definida, podendo ter tanto origem
marinha como turística. A sua procedência só é confirmada quando da
presença de indicadores dos locais de origem, como cracas (origem marinha)
ou rótulos de papel preservados (origem terrestre). A maioria dos objetos
encontrados foram garrafas e pode-se afirmar que houve uma certa
equitatividade dos dois locais de possível procedência. A categoria tecido não
apresentou uma distribuição homogênea ao longo do ano, sua maior
concentração em peso foi de 21,75 g/m, no período outubro/novembro (figura
10 - C). Esse material se apresentou principalmente sob a forma de luvas e
pedaços de roupas, sendo procedentes, provavelmente, dos trabalhadores do
mar. O material religioso se mostrou bastante freqüente ao longo de todo o ano
(figura 10 - D). Seus valores de número de itens e peso se mostraram bastante
baixos, por serem encontrados basicamente pedaços de velas.
35
ITENS/METROGRAMAS/METRO
A - MATERIAL DE CONSTRUÇÃO
0
50
100
150
200
250
300
OUT/NOVDEZ/JAN
FEV/MARABR/MAI
JUN/JULAGO/SET
ITENS/METROGRAMAS/METRO
D - MATERIAL RELIGIOSO
0
2
4
6
8
10
OUT/NOVDEZ/JAN
FEV/MARABR/MAI
JUN/JULAGO/SET
ITENS/METROGRAMAS/METRO
B - VIDRO
02468
101214161820
OUT/NOVDEZ/JAN
FEV/MARABR/MAI
JUN/JULAGO/SET
ITENS/METROGRAMAS/METRO
C - TECIDO
05
101520253035404550
OUT/NOVDEZ/JAN
FEV/MARABR/MAI
JUN/JULAGO/SET
Figura 10 (A, B, C, D) - Distribuição das categorias secundárias
(material de construção, vidro, tecido, material religioso) ao longo do período
amostral para a Praia do Cassino, média e desvio padrão em número de itens
(itens/metro) e em peso (gramas/metro).
Para a categoria isopor os valores se apresentaram bastante
baixos tanto para o número de itens como para o peso (sempre inferiores a 1),
com exceção do período de dezembro/janeiro aonde os valores de números de
itens chegou a 1 item/m, mas o peso se manteve baixo, devido a uma maior
ocorrência de fragmentos de isopor que elevaram o número de itens mantendo
o peso baixo. Outra exceção ocorreu no período de agosto/setembro, onde o
peso conseguiu atingir o valor de 2 g/m, porém mantendo o valor do número de
itens inferior a 1 item/m, como nos demais períodos (figura 10 - E). A
procedência desta categoria se torna quase impossível de definir pelo pequeno
tamanho dos fragmentos encontrados, podendo afirmar a origem marinha
somente para o período de agosto/setembro pela ocorrência de fragmentos
identificáveis de bóias de rede, que elevaram os índices de peso. A categoria
borracha, só ocorreu em um período significativamente, aparecendo em
abril/maio com 0,33 itens/m e 60,46 g/m (figura 10 - F). O seu aparecimento se
deu pelo retrabalhamento do sedimento por uma maré de tempestade,
aparecendo principalmente sob a forma de mangueira, não podendo se afirmar
nada quanto a origem deste material. A categoria espuma praticamente não
36
apareceu, com exceção do período junho/julho (0,2 itens/m e 0,10 g/m), em
que se apresentou sob valores baixos, podendo considerar insignificante a
contaminação por este material neste local (figura 10 - G). A categoria outros,
que também apresentou níveis baixíssimos, apresentando como valores
máximos 0,13 itens/m e 1,06 g/m (figura 10 - H), assim como a categoria
espuma. Esta categoria é constituída principalmente por materiais que não
necessitam de uma categoria específica porque ocorrem muito
esporadicamente (couro, chiclete, material não identificável, etc). O chiclete foi
material dominante para categoria outros nas amostragens.
ITENS/METRO
GRAMAS/METRO
F - BORRACHA
0
10
20
30
40
50
60
70
OUT/NOVDEZ/JAN
FEV/MARABR/MAI
JUN/JULAGO/SET
ITENS/METRO
GRAMAS/METRO
C - ESPUMA
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
OUT/NOVDEZ/JAN
FEV/MARABR/MAI
JUN/JULAGO/SET
ITENS/METRO
GRAMAS/METRO
E - ISOPOR
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
OUT/NOVDEZ/JAN
FEV/MARABR/MAI
JUN/JULAGO/SET
ITENS/METRO
GRAMAS/METRO
H - OUTROS
0,0
0,5
1,0
1,5
OUT/NOVDEZ/JAN
FEV/MARABR/MAI
JUN/JULAGO/SET
Figura 10 (E,F,G,H) - Distribuição das categorias secundárias (isopor,
borracha, espuma, outros) ao longo do período amostral para a Praia do
Cassino, média e desvio padrão em número de itens (itens/metro) e em peso
(gramas/metro).
37
6.2. PRAIA GRANDE
COMPORTAMENTO DAS CATEGORIAS PRINCIPAIS
PLÁSTICO Os meses de verão foram os que apresentaram os menores
valores para essa categoria, sendo 4,13 itens/m e 8,73 g/m para
dezembro/janeiro e 5,20 itens/m e 10,30 g/m para fevereiro/março (figura 11),
isso se deve ao fato não só da limpeza pública, mas também pela existência de
cestos de lixo ao longo de toda a faixa de praia. Esta alternativa é bastante
funcional, pois cria o hábito nos banhistas de concentrar o lixo, facilitando o
trabalho da limpeza pública e diminuindo as chances dos materiais se
espalharem com o vento. Os maiores valores apareceram no restante do ano,
com exceção do período junho/julho. As concentrações altas encontradas para
os períodos abril/maio e agosto/setembro, provavelmente tenham a mesma
causa que as encontradas para a Praia do Cassino, ou seja, sejam
procedentes do retrabalhamento do sedimento pelas marés de tempestade,
que remobilizam os resíduos sólidos depositados no verão. Aqui também os
materiais típicos da origem marinha tiveram pouca significância. O período de
outubro/novembro foi o que apresentou os valores mais altos (9 itens/m e 75,06
g/m). Estes valores, possivelmente, sejam devidos à uma “pré-temporada” pois
neste período o clima é mais ameno atraindo turistas, porém sem o preparo
operacional (limpeza de praia, principalmente) para recebê-los, como no verão.
ITENS/METRO
GRAMAS/METRO
0
20
40
60
80
100
120
140
OUT/NOVDEZ/JAN
FEV/MARABR/MAI
JUN/JULAGO/SET
38
Figura 11 - Distribuição da categoria plástico ao longo do período
amostral para a Praia Grande, média e desvio padrão em número de itens
(itens/metro) e peso (gramas/metro).
METAL A distribuição dos valores encontrados para esta categoria (figura
12), se mostrou bastante homogênea ao longo do ano, com exceção do
período abril/maio, em que ela não ocorreu. Pela composição ter se dado
principalmente por latas de alumínio e por esta praia apresentar transeuntes
durante todo o ano, provavelmente a origem deste material seja continental. Os
valores encontrados se mostraram inferiores aos encontrados para a Praia do
Cassino, seguindo a mesma tendência observada para os plásticos.
ITENS/METRO
GRAMAS/METRO
0
2
4
6
8
10
OUT/NOVDEZ/JAN
FEV/MARABR/MAI
JUN/JULAGO/SET
Figura 12 - Distribuição da categoria metal ao longo do período
amostral para a Praia Grande, média e desvio padrão em número de itens
(itens/metro) e peso (gramas/metro).
MATÉRIA ORGÂNICA Esta categoria se apresentou ao longo de todo o período amostral
(figura 13), tendo os valores mais significativos nos períodos de primavera e
verão, ou seja, 0,73 itens/m e 9,09 g/m em outubro/novembro; 0,66 itens/m e
6,84 g/m em dezembro/janeiro e; 0,66 itens/m e 17,06 g/m em fevereiro/março.
Este material apresenta uma degradação bastante rápida, logo a sua presença
constante, indica que esta praia possui freqüentadores ao longo de todo o ano.
39
ITENS/METRO
GRAMAS/METRO
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
OUT/NOVDEZ/JAN
FEV/MARABR/MAI
JUN/JULAGO/SET
Figura 13 - Distribuição da categoria matéria orgânica ao longo do
período amostral para a Praia Grande, média e desvio padrão em número de
itens (itens/metro) e peso (gramas/metro).
PONTA DE CIGARRO Esta categoria também apareceu ao longo de todo o período
amostral (figura 14), não aparecendo apenas no período de junho/julho. As
maiores concentrações correspondem aos meses de verão, ou seja, 3,26
itens/m e 1,23 g/m em dezembro/janeiro e 9,66 itens/m e 5,89 g/m em
fevereiro/março, isto indica que não há a preocupação por parte dos turistas
em jogar este material nos cestos de lixo colocados ao longo da praia.
ITENS/METRO
GRAMAS/METRO
0
3
6
9
12
15
OUT/NOVDEZ/JAN
FEV/MARABR/MAI
JUN/JULAGO/SET
Figura 14 - Distribuição da categoria ponta de cigarro ao longo do
período amostral para a Praia Grande, média e desvio padrão em número de
itens (itens/metro) e peso (gramas/metro).
MADEIRA
40
A sua distribuição se deu de maneira esparsa, não indicando
nenhuma sazonalidade para este material (figura 15). Na Praia Grande os
valores se mostraram bem mais altos do que os encontrados na Praia do
Cassino, porém o alto desvio padrão indica a amostragem de 1 ou 2 itens de
grande porte. A maior concentração ocorreu no período de outubro/novembro
(1 item/m e 134,62 g/m) coincidindo com a categoria material de construção,
podendo relacionar a sua presença com as obras que são feitas no balneário
durante este período.
ITENS/METRO
GRAMAS/METRO
0
15
30
45
60
75
90
105
120
135
150
OUT/NOVDEZ/JAN
FEV/MARABR/MAI
JUN/JULAGO/SET
Figura 15 - Distribuição da categoria madeira ao longo do período
amostral para a Praia Grande, média e desvio padrão em número de itens
(itens/metro) e peso (gramas/metro).
REDES DE PESCA Os valores para esta categoria apareceram de maneira bastante
difícil de serem analisadas. Os valores de peso maiores em relação aos valores
de itens para os períodos de outubro/novembro (0,6 itens/m e 3,63 g/m) e
fevereiro/março (0,2 itens/m e 9,74 g/m) indicam o aparecimento de materiais
desta categoria de maior porte, como pedaços de rede e corda. Já o maior
número de itens para o valor muito baixo em peso no período de abril/maio
(27,66 itens/m e 0,042 g/m), indica uma maior ocorrência de fragmentos de
redes e cordas, ou seja, fios de “nylon”. Demonstra-se, então, a dificuldade em
se avaliar esta categoria pelas diferentes formas em que ela pode ocorrer.
Além disso, esta região é muito procurada para a pesca esportiva e artesanal e
pouco pela industrial, aumentando a probabilidade do aporte de material de
pesca de pequeno porte.
41
ITENS/METRO
GRAMAS/METRO
0
5
10
15
20
25
30
OUT/NOVDEZ/JAN
FEV/MARABR/MAI
JUN/JULAGO/SET
Figura 16 - Distribuição da categoria redes de pesca ao longo do
período amostral para a Praia Grande, média e desvio padrão em número de
itens (itens/metro) e peso (gramas/metro).
PAPEL Os valores se mantiveram baixos para a maioria dos períodos
(figura 17). Somente nos meses de outubro/novembro e abril/maio que
sofreram um aumento. Em outubro/novembro o aumento se deu tanto em peso
quanto em número de itens (1,26 itens/m e 5, 73 g/m), indicando a presença de
material de pequeno porte como nos demais meses apenas com uma maior
concentração. Porém, em abril/maio (0,4 itens/m e 13,4 g/m) o aumento se
percebe apenas no peso, o que reflete a ocorrência de material de maior porte
como pedaços de papelão, ao invés de pedaços de papéis de embalagens de
alimento ou cigarro, como para os outros períodos.
42
ITENS/METRO
GRAMAS/METRO
0
3
6
9
12
15
OUT/NOVDEZ/JAN
FEV/MARABR/MAI
JUN/JULAGO/SET
Figura 17 - Distribuição da categoria papel ao longo do período
amostral para a Praia Grande, média e desvio padrão em número de itens
(itens/metro) e peso (gramas/metro).
ESFÉRULAS PLÁSTICAS Esta categoria apareceu praticamente em todas as amostragens,
não sendo observada somente em abril/maio e junho/julho (figura 18). Os
valores encontrados foram bastante baixos, sendo os valores máximos
aproximadamente de 2,5 itens/metro para dezembro/janeiro e agosto/setembro.
Aqui também houve a predominância da cor branca (91%), em relação as
demais cores, onde o amarelo representou 9% e a cor preta não apareceu
(figura 19).
BRANCOPRETOAMARELO
ITE
NS
/ME
TRO
-4
-2
0
2
4
6
8
OUT/NOVDEZ/JAN
FEV/MARABR/MAI
JUN/JULAGO/SET
Figura 18 - Distribuição da categoria esférulas plásticas ao longo
do período amostral para a Praia Grande, média e desvio padrão em número
de itens (itens/metro).
43
Branco91%
Preto0%
Amarelo9%
Figura 19 - Freqüência de ocorrência das 3 principais cores das
esférulas plásticas encontradas na Praia Grande.
COMPORTAMENTO DAS CATEGORIAS SECUNDÁRIAS A categoria material de construção ocorreu com maior
significância no período de outubro/novembro, sendo os valores encontrados
de 0,4 itens/m e 268,33 g/m (figura 20 - A), assim como para a Praia do
Cassino, tendo provavelmente a mesma causa; a execução de obras de
construção para o período de verão. Para a categoria vidro houve apenas duas
ocorrências (figura 20 - B), uma em outubro/novembro (0,6 itens/m e 1,41
g/m), onde por um número de itens relativamente significante em relação ao
peso, correspondeu ao aparecimento de fragmentos deste material. Já em
agosto/setembro (0,13 itens/m e 3,71 g/m), a insignificância do número de itens
em relação ao peso, evidenciou a presença de objetos inteiros, principalmente
garrafas. A categoria tecido ocorreu apenas em abril/maio, apresentando os
valores de 0,066 itens/m e 11,66 g/metro (figura 20 - C), não sendo possível
afirmar nada a respeito da sua origem, pois apareceu sob a forma de um
pedaço de pano. A categoria material religioso apareceu somente em
outubro/novembro (0,066 itens/m e 0,72 g/m) e junho/julho (0,066 itens/m e
0,21 g/m), apresentando concentrações bastante insignificantes (figura 20 - D),
se comparada às concentrações encontradas para a Praia do Cassino, isso
porque as oferendas religiosas são atividades típicas na Praia do Cassino ao
longo de todo o ano.
44
ITENS/METRO
GRAMAS/METRO
A - MATERIAL DE CONSTRUÇÃO
0
50
100
150
200
250
300
OUT/NOVDEZ/JAN
FEV/MARABR/MAI
JUN/JULAGO/SET
ITENS/METRO
GRAMAS/METRO
D - MATERIAL RELIGIOSO
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
OUT/NOVDEZ/JAN
FEV/MARABR/MAI
JUN/JULAGO/SET
ITENS/METROGRAMAS/METRO
C -TECIDO
0
5
10
15
20
OUT/NOVDEZ/JAN
FEV/MARABR/MAI
JUN/JULAGO/SET
ITENS/METRO
GRAMAS/METRO
B - VIDRO
0
2
4
6
8
OUT/NOVDEZ/JAN
FEV/MARABR/MAI
JUN/JULAGO/SET
Figura 20 (A, B, C, D) - Distribuição das categorias secundárias
(material de construção, vidro, tecido, material religioso) ao longo do período
amostral para a Praia Grande, média e desvio padrão em número de itens
(itens/metro) e em peso (gramas/metro).
Os valores para a categoria isopor foram constantes, porém
bastante baixos (figura 20 - E), não sendo verificada a ocorrência em
abril/maio. Para esta categoria o número de itens superou o peso, na maioria
das vezes, devido ao baixo peso que este material apresenta. A categoria
espuma apareceu significativamente apenas em abril/maio, apresentando os
valores de 0,13 itens/m e 6,69 g/m (figura 20 - F), provavelmente pela
remobilização de material ou aporte marinho, devido as ressacas da época. A
categoria outros ocorreu somente em outubro/novembro (0,2 itens/m e 1,65
g/m) e fevereiro/março (0,06 itens/m e 0,13 g/m) (figura 20 - G), principalmente
sob a forma de chicletes, evidenciando a atividade do turismo com uma origem
continental, ou seja, por freqüentadores da praia. A categoria borracha não
apareceu.
45
ITENS/METRO
GRAMAS/METRO
F - ESPUMA
0
2
4
6
8
10
OUT/NOVDEZ/JAN
FEV/MARABR/MAI
JUN/JULAGO/SET
ITENS/METRO
GRAMAS/METRO
E - ISOPOR
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
OUT/NOVDEZ/JAN
FEV/MARABR/MAI
JUN/JULAGO/SET
ITENS/METRO
GRAMAS/METRO
G - OUTROS
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
OUT/NOVDEZ/JAN
FEV/MARABR/MAI
JUN/JULAGO/SET
Figura 20 (E,F,G) - Distribuição das categorias secundárias
(isopor, espuma, outros) ao longo do período amostral para a Praia Grande,
média e desvio padrão em número de itens (itens/metro) e em peso
(gramas/metro).
46
6.3. PRAIA DA GUARITA
COMPORTAMENTO DAS CATEGORIAS PRINCIPAIS
PLÁSTICO Esta categoria apresentou níveis bastante baixos se comparada
com a Praia do Cassino ou Praia Grande, tendo seus valores máximos em
torno de 20, tanto para peso quanto para número de itens (figura 21). Esses
valores apareceram nos meses de outubro/novembro (21,33 g/m) para peso e
agosto/setembro (24,73 itens/m e 26,04 g/m) para ambos, isto se deve
provavelmente pelo retrabalhamento do material depositado no período de
verão ou aporte marinho, pela ocorrência das marés de tempestade. Cabe
ressaltar que por pertencer ao mesmo município da Praia Grande, a Praia da
Guarita também possui cestos de lixo ao longo da praia nos meses de verão,
diminuindo com isso a incidência de lixo na faixa de praia e consequentemente
nas coletas.
ITENS/METRO
GRAMAS/METRO
0
5
10
15
20
25
30
OUT/NOVDEZ/JAN
FEV/MARABR/MAI
JUN/JULAGO/SET
Figura 21 - Distribuição da categoria plástico ao longo do período
amostral para a Praia da Guarita, média e desvio padrão em número de itens
(itens/metro) e peso (gramas/metro).
METAL A maior concentração ocorreu no período de agosto/setembro,
apresentando os valores de 0,73 itens/m e 4,66 g/m (figura 22), sendo
proveniente da remobilização por uma maré de tempestade dos resíduos
sólidos enterrados. Os demais valores encontrados foram para os meses de
47
dezembro/janeiro (0,46 itens/m e 1,53 g/m) e fevereiro/março (0,53 itens/m e
1,74 g/m), evidenciando a possível presença turística. Fica evidente a menor
ocorrência de metal, em decorrência talvez, de uma menor ocupação em
comparação a Praia Grande, mais próxima do centro.
ITENS/METROGRAMAS/METRO
0
1
2
3
4
5
OUT/NOVDEZ/JAN
FEV/MARABR/MAI
JUN/JULAGO/SET
Figura 22 - Distribuição da categoria metal ao longo do período
amostral para a Praia da Guarita, média e desvio padrão em número de itens
(itens/metro) e peso (gramas/metro).
MATÉRIA ORGÂNICA Ocorreu somente no período de fevereiro/março, apresentando os
valores de 2,4 itens/m e 8,47 g/m (figura 23), esta única ocorrência
provavelmente seja devido a uma falha amostral em relação a hora da limpeza
pública ou pela distribuição heterogênea dos resíduos sólidos. As demais
amostras relativas ao verão, principalmente, devem ter ocorrido após a
limpeza.
ITENS/METRO
GRAMAS/METRO
0
4
8
12
16
20
OUT/NOVDEZ/JAN
FEV/MARABR/MAI
JUN/JULAGO/SET
48
Figura 23 - Distribuição da categoria matéria orgânica ao longo do
período amostral para a Praia da Guarita, média e desvio padrão em número
de itens (itens/metro) e peso (gramas/metro).
PONTAS DE CIGARRO Assim como nas áreas anteriormente descritas, esta categoria foi
bastante constante, não aparecendo somente nos meses de abril/maio e
junho/julho (figura 24). Os níveis encontrados foram bastante semelhantes aos
encontrados para Praia Grande, estando os maiores valores no período de
veraneio, ou seja, dezembro/janeiro (3,46 itens/m e 2,18 g/m) e fevereiro/março
(7,46 itens/m e 3,78 g/m). A sua ocorrência, principalmente no verão,
evidencia que os turistas não tem o hábito de colocar este material nos cestos
de lixo, como já foi verificado para a Praia Grande.
ITENS/METRO
GRAMAS/METRO
0
3
6
9
12
15
OUT_NOVDEZ_JAN
FEV_MARABR_MAI
JUN_JULAGO_SET
Figura 24 - Distribuição da categoria ponta de cigarro ao longo do
período amostral para a Praia da Guarita, média e desvio padrão em número
de itens (itens/metro) e peso (gramas/metro).
MADEIRA Esta categoria se mostrou bastante insignificante para a área,
apresentando os maiores valores em agosto/setembro, qual sejam, 0,33
itens/m e 50,33 g/m (figura 25), sendo provavelmente de origem marinha.
Como esta praia pertence a um Parque Estadual, não há casas imediatamente
ao seu redor, não havendo então relação do aparecimento deste material com
restos de construções.
49
ITENS/METRO
GRAMAS/METRO
0
10
20
30
40
50
60
OUT/NOVDEZ/JAN
FEV/MARABR/MAI
JUN/JULAGO/SET
Figura 25 - Distribuição da categoria madeira ao longo do período
amostral para a Praia da Guarita, média e desvio padrão em número de itens
(itens/metro) e peso (gramas/metro).
REDES DE PESCA A categoria material de pesca teve a ocorrência praticamente nula
(figura 26), a não ser pelos baixíssimos valores encontrados em
agosto/setembro (1,33 itens/m e 2,26 g/m), provavelmente decorrente de uma
ressaca na época de coleta. Aqui os valores são bastante inferiores aos
encontrados para a Praia Grande, provavelmente, por se tratar de um local
mais protegido, recebendo menos do aporte marinho e também por não ter a
pesca esportiva como atividade, o que diminui ainda mais a probabilidade da
ocorrência deste material.
ITENS/METRO
GRAMAS/METRO
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
OUT/NOVDEZ/JAN
FEV/MARABR/MAI
JUN/JULAGO/SET
50
Figura 26 - Distribuição da categoria redes de pesca ao longo do
período amostral para a Praia da Guarita, média e desvio padrão em número
de itens (itens/metro) e peso (gramas/metro).
PAPEL Esta categoria apresentou-se de forma esparsa e com valores
baixíssimos se comparada com as áreas anteriormente descritas, seu
aparecimento se deu, principalmente, nos meses de outubro/novembro (0,13
itens/m e 1,61 g/m) e agosto/setembro (0,2 itens/m e 1,17 g/m) (figura 27).
ITENS/METRO
GRAMAS/METRO
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
OUT/NOVDEZ/JAN
FEV/MARABR/MAI
JUN/JULAGO/SET
Figura 27 - Distribuição da categoria papel ao longo do período
amostral para a Praia da Guarita, média e desvio padrão em número de itens
(itens/metro) e peso (gramas/metro).
ESFÉRULAS PLÁSTICAS Esta categoria apareceu somente em agosto/setembro, sendo
43,8 itens/m o valor encontrado (figura 28), provavelmente em virtude de uma
maré de tempestade, que aportou resíduos sólidos do mar para a costa, isto foi
verificado também para as demais categorias. Aqui a maior ocorrência também
foi das esférulas plásticas de cor branca (98%), tendo abundância de 1% as
cores amarelo e preto (figura 29).
51
BRANCOPRETOAMARELO
ÍTE
NS
/ME
TRO
-10
10
30
50
70
90
110
OUT/NOVDEZ/JAN
FEV/MARABR/MAI
JUN/JULAGO/SET
Figura 28 - Distribuição da categoria esférulas plásticas ao longo
do período amostral para a Praia da Guarita, média e desvio padrão em
número de itens (itens/metro).
Amarelo1%
Preto1%
Branco98%
Figura 29 - Freqüência de ocorrência das 3 principais cores
encontradas na Praia da Guarita.
COMPORTAMENTO DAS CATEGORIAS SECUNDÁRIAS
As categorias borracha e material de construção foram nulas
para o local. A categoria vidro apareceu unicamente no período de
agosto/setembro, apresentando os valores de 0,06 itens/m e 1,38 g/m (figura
30 - A). Seu pequeno valor corresponde a fragmentos deste material, indicando
a procedência por remobilização do material anteriormente depositado. Tecido,
apareceu exclusivamente em fevereiro/março, sob os valores de 0,33 itens/m e
6,23 g/m (figura 30 - B) não sendo possível também definir sua origem.
52
ITENS/METRO
GRAMAS/METRO
B - TECIDO
0
2
4
6
8
10
OUT/NOVDEZ/JAN
FEV/MARABR/MAI
JUN/JULAGO/SET
ITENS/METRO
GRAMAS/METRO
A - VIDRO
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
OUT/NOVDEZ/JAN
FEV/MARABR/MAI
JUN/JULAGO/SET
FIigura 30 (A, B) - Distribuição das categorias secundárias (vidro,
tecido) ao longo do período amostral para a Praia da Guarita, média e desvio
padrão em número de itens (itens/metro) e em peso (gramas/metro).
A categoria material religioso apareceu em níveis praticamente
insignificantes em outubro/novembro (0,06 itens/m e 0,46 g/m) e em
fevereiro/março (0,06 itens/m e 0,47 g/m) (figura 30 - E). A categoria isopor
apresentou os maiores valores em agosto/setembro, apresentando os valores
de 0,06 itens/m e 0,138 g/m (figuras 30 - F), ou seja, valores bem insignificante
como o já verificado para os demais locais. A categoria espuma apareceu
somente em agosto/setembro, tendo como valores 0,53 itens/m e 1,65 g/m
(figura 30 - G). Estas duas categorias, isopor e espuma, provavelmente,
tenham suas ocorrências também relacionadas à remobilização de material
anteriormente depositado. A categoria outros apareceu em outubro/novembro
(0,2 itens/m e 1,12 g/m), dezembro/janeiro (0,06 itens/m e 0,16 g/m) e
fevereiro/março (0,33 itens/m e 0,63 g/m), com valores baixos (figura 30 - H),
sendo composta principalmente de chiclete, semelhante aos observados para a
Praia do Cassino e Praia Grande, tendo como origem a atividade humana na
faixa de praia.
53
ITENS/METRO
GRAMAS/METRO
G - ESPUMA
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
OUT/NOVDEZ/JAN
FEV/MARABR/MAI
JUN/JULAGO/SET
ITENS/METRO
GRAMAS/METRO
F - ISOPOR
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
OUT/NOVDEZ/JAN
FEV/MARABR/MAI
JUN/JULAGO/SET
ITENS/METRO
GRAMAS/METRO
E - MATERIAL RELIGIOSO
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
OUT/NOVDEZ/JAN
FEV/MARABR/MAI
JUN/JULAGO/SET
ITENS/METRO
GRAMAS/METRO
H - OUTROS
0,0
0,5
1,0
1,5
OUT/NOVDEZ/JAN
FEV/MARABR/MAI
JUN/JULAGO/SET
Figura 30 (E,F,G,H) - Distribuição das categorias secundárias
(material religioso, isopor, espuma, outros) ao longo do período amostral para a
Praia da Guarita, média e desvio padrão em número de itens (itens/metro) e
em peso (gramas/metro).
54
6.4. PRAIA DO TAIM
COMPORTAMENTO DAS CATEGORIAS PRINCIPAIS
PLÁSTICO Esta categoria apareceu ao longo de todo o ano (figura 31), como
nos demais locais. O valor máximo encontrado para número de itens foi no
período de agosto/setembro (0,8 itens/m e 45,70 g/m). Por ser um local
bastante isolado presume-se que a origem deste material seja quase que
exclusivamente marinha, isto pode ser constatado pela menor quantidade de
itens em relação ao peso, indicando materiais de maior porte com embalagens
de produtos de limpeza ao invés de sacos ou sacolas, com exceção de
dezembro/janeiro, em que o valor para número de itens se assemelhou ao
peso. Cabe ressaltar que esta região não apresenta turismo em larga escala,
não possuindo cestos de lixo nem limpeza pública na faixa de praia.
ITENS/METRO
GRAMAS/METRO
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
OUT/NOVDEZ/JAN
FEV/MARABR/MAI
JUN/JULAGO/SET
Figura 31 - Distribuição da categoria plástico ao longo do período
amostral para a Praia do Taim, média e desvio padrão em número de itens
(itens/metro) e peso (gramas/metro).
METAL A principal ocorrência em peso deste material se deu em
fevereiro/março (0,13 itens/m e 10,0 g/m), este apareceu também em
dezembro/janeiro (0,06 itens/m e 0,49 g/m) mas com pouca significância, não
apresentando portanto, padrões de sazonalidade (figura 32). A composição
aqui não é de latas de alumínio ou tampas de garrafas, mas sim de materiais
55
como aerossóis ou pesos para redes de pesca, o que indica a origem marinha
deste material para o local. O elevado desvio padrão em peso
(fevereiro/março), indica a aleatoriedade da ocorrência do material amostrado.
ITENS/METRO
GRAMAS/METRO
0
3
6
9
12
15
OUT/NOVDEZ/JAN
FEV/MARABR/MAI
JUN/JULAGO/SET
Figura 32 - Distribuição da categoria metal ao longo do período
amostral para a Praia do Taim, média e desvio padrão em número de itens
(itens/metro) e peso (gramas/metro).
MATÉRIA ORGÂNICA Esta categoria apareceu somente em dezembro/janeiro,
apresentando valores de 0,73 itens/m e 3,84 g/m (figura 33). Por este ser um
local onde não há o desenvolvimento do turismo, o seu aparecimento deve-se
provavelmente a transeuntes, sendo estes principalmente, pescadores, que ao
trabalharem todo o dia com as redes de arrasto tem o hábito de se alimentar na
beira da praia. O alto desvio padrão indica que a categoria foi coletada em uma
única estação, destinando a aleatoriedade da distribuição deste material.
ITENS/METRO
GRAMAS/METRO
0
1
2
3
4
5
OUT//NOVDEZ/JAN
FEV/MARABR/MAI
JUN/JULAGO/SET
56
Figura 33 - Distribuição da categoria matéria orgânica ao longo do
período amostral para a Praia do Taim, média e desvio padrão em número de
itens (itens/metro) e peso (gramas/metro).
PONTA DE CIGARRO Esta categoria não foi observada nas amostras coletadas na Praia
do Taim. Isso não significa que não existam, pois podem ser visualizadas, mas
esta categoria não foi coletada nos perfis amostrais.
MADEIRA
A categoria madeira ocorreu em três períodos (figura 34):
outubro/novembro (0,06 itens/m e 14,33 g/m), dezembro/janeiro (0,4 itens/m e
159,0 g/m) e fevereiro/março (0,13 itens/m e 213,66 g/m), sendo que os dois
últimos apresentaram os maiores valores, sendo estes inclusive, mais altos do
que os apresentados para a Praia do Cassino, Praia Grande e Praia da
Guarita. Pelo seu grande porte e por ter ocorrido nesta região, este material
tem certamente origem marinha. Os altos desvios padrão encontrados se
devem a aleatoriedade do aparecimento deste material na costa, ou seja, foram
encontrados em 1 dos 3 perfis realizados.
ITENS/METRO
GRAMAS/METRO
0
25
50
75
100
125
150
175
200
225
250
OUT/NOVDEZ/JAN
FEV/MARABR/MAI
JUN/JULAGO/SET
Figura 34 - Distribuição da categoria madeira ao longo do período
amostral para a Praia do Taim, média e desvio padrão em número de itens
(itens/metro) e peso (gramas/metro).
57
REDES DE PESCA Esta categoria apresentou valores bastante significativos, porém
não ocorreu ao longo de todo o período amostral, aparecendo somente em três
das seis amostragens (figura 35). É um local onde não ocorre o turismo e seus
freqüentadores são quase que exclusivamente pescadores, podendo então,
este material ter tanto origem marinha quanto terrestre, pois podem proceder
de consertos ou o manuseio do material em terra.
ITENS/METRO
GRAMAS/METRO
0
10
20
30
40
50
60
OUT/NOVDEZ/JAN
FEV/MARABR/MAI
JUN/JULAGO/SET
Figura 35 - Distribuição da categoria redes de pesca ao longo do
período amostral para a Praia do Taim, média e desvio padrão em número de
itens (itens/metro) e peso (gramas/metro).
PAPEL Assim como para a Praia da Guarita, esta categoria não foi muito
significante, tendo sua principal ocorrência em dezembro/janeiro (0,33 itens/m
e 3,54 g/m), mesmo assim com valores bastante baixos de peso e número de
itens (figura 36). Não apresentou sazonalidade e possivelmente seu
aparecimento tenha alguma relação com a categoria de material orgânico, pois
se tratava de embalagens de alimentos.
58
ITENS/METRO
GRAMAS/METRO
0
1
2
3
4
5
OUT/NOVDEZ/JAN
FEV/MARABR/MAI
JUN/JULAGO/SET
Figura 36 - Distribuição da categoria papel ao longo do período
amostral para a Praia do Taim, média e desvio padrão em número de itens
(itens/metro) e peso (gramas/metro).
ESFÉRULAS PLÁSTICAS Esta categoria não foi observada somente em fevereiro/março
(figura 37), isto se deve provavelmente ao pisoteio feito por uma tropa de
cavalos em toda a área, evento este que antecedeu a amostragem, soterrando
as esférulas na areia. Nos demais períodos este material ocorreu em grande
número, chegando a alcançar aproximadamente o valor de 200 itens/metro em
abril/maio. Aqui a predominância também foi de esférulas da cor branca (97%),
seguida de amarelo (2%) e preto (1%) (figura 38).
BRANCOPRETOAMARELO
ÏTEN
S/M
ETR
O
-400
-200
0
200
400
600
800
OUT/NOVDEZ/JAN
FEV/MARABR/MAI
JUN/JULAGO/SET
59
Figura 37 - Distribuição da categoria esférulas plásticas ao longo
do período amostral para a Praia do Taim, média e desvio padrão em número
de itens (itens/metro).
Preto1%
Amarelo2%
Branco97%
Figura 38 - Freqüência de ocorrência das 3 principais cores
encontradas na Praia do Taim.
COMPORTAMENTO DAS CATEGORIAS SECUNDÁRIAS As categorias espuma, material de construção, material religioso e
outros não ocorreram na região. A categoria vidro ocorreu em dezembro/janeiro
(0,06 itens/m e 13,0 g/m) e fevereiro/março (0,06 itens/m e 33,66 g/m) (figura
39 - A) apresentando altos valores comparado ao locais anteriormente
apresentados. Isso se deve a uma maior ocorrência de garrafas, estas
predominantemente de origem marinha, pois apresentavam em sua maioria
incrustações por cracas ou briozoários. A categoria tecido apareceu
esparsamente, em outubro/novembro (0,13 itens/m e 30,14 g/m) e
agosto/setembro (0,06 itens/m e 6,66 g/m) (figura 39 - B). Também teve origem
marinha por ter se apresentado majoritariamente sob a forma de pedaços de
luvas, acessório bastante usado em barcos pesqueiros. A categoria isopor não
se apresentou de forma constante, aparecendo somente em outubro/novembro
(0,26 itens/m e 2,43 g/m) e dezembro/janeiro (0,4 itens/m e 7,39 g/m) (figura 39
- C), porém foram valores bem mais altos do que os encontrados para as
demais praias do presente estudo. O material desta categoria se compunha
principalmente de bóias ou pedaços bem evidentes das mesmas, devido a alta
60
atividade pesqueira no local, ficando sua origem bem definida como marinha.
Borracha apareceu somente em um período de coleta (figura 39 - D), sendo
este dezembro/janeiro com valores de 0,46 itens/m e 26,14 g/m, não
apresentando nenhuma sazonalidade. É bastante provável que sua origem seja
marinha levando em consideração a origem dos demais materiais para esta
região.
ITENS/METRO
GRAMAS/METRO
D - BORRACHA
0
5
10
15
20
25
30
OUT/NOVDEZ/JAN
FEV/MARABR/MAI
JUN/JULAGO/SET
ITENS/METRO
GRAMAS/METRO
C - ISOPOR
0
2
4
6
8
OUT/NOVDEZ/JAN
FEV/MARABR/MAI
JUN/JULAGO/SET
ITENS/METRO
GRAMAS/METRO
B - TECIDO
0
5
10
15
20
25
30
35
OUT/NOVDEZ/JAN
FEV/MARABR/MAI
JUN/JULAGO/SET
ITENS/METRO
GRAMAS/METRO
A - VIDRO
0
10
20
30
40
50
OUT/NOVDEZ/JAN
FEV/MARABR/MAI
JUN/JULAGO/SET
Figura 39 (A, B, C, D) - Distribuição das categorias secundárias
(vidro, tecido, isopor, borracha) ao longo do período amostral para a Praia do
Taim, média e desvio padrão em número de itens (itens/metro) e em peso
(gramas/metro).
61
6.5.AMOSTRAS PONTUAIS
Foram também realizada uma amostragem isolada no período de
outubro/novembro na Praia do Mar Grosso (município de São José do Norte) e
no Parque Nacional da Lagoa do Peixe (municípios de Tavares e Mostardas).
Para a Praia do Mar Grosso encontrou-se 0,22 itens/m e 5,79 g/m
para resíduos sólidos, sendo que o plástico representou 43% dos itens totais,
seguido por redes de pesca (21%) e metal (13%). Para o peso total os
principais percentuais encontrados foram 49% para metal, 20 % para plástico e
14% para orgânico. Para as esférulas plásticas a média encontrada foi de 3,8
itens/m.
Na Praia pertencente ao PARNA da Lagoa do Peixe de 35 Km de
extensão, foram encontrados os valores de 0,24 itens/m e 5,53 g/m para
resíduos sólidos. Quanto ao número de itens, os principais percentuais foram
de 67% para plástico, 9% para redes de pesca e metal e, 5% para isopor. Já
com relação ao peso os principais percentuais encontrados foram 51% para
madeira, 19% para plástico e 15% para metal. Possivelmente a origem dos
materiais para esse local seja predominantemente marinha. Foi verificada uma
grande concentração de esférulas plásticas neste local, sendo a média
encontrada de 163,4 itens/m.
Estes resultados demonstram que existe a contaminação por
resíduos sólidos e esférulas plásticas em todo litoral do Rio Grande do Sul e,
confirmam a dominância da categoria plástica como principal contaminante do
ambiente praial.
62
6.6. COMPARAÇÃO ENTRE AS ÁREAS DE ESTUDO E COM OUTRAS REGIÕES
Na composição dos resíduos sólidos, em relação ao número total
de itens (figura 40), houve o predomínio da categoria plástico para todas as
regiões estudadas, ficando em torno de 52% na Praia do Cassino e 59% na
Praia da Guarita, 81% na Praia do Taim e 37% na Praia Grande. Se
considerarmos que a maioria dos artefatos de pesca encontrados na praia,
como as redes, são feitos de plástico, este número passa a ter um aumento
significativo. O plástico é o produto dos anos 90. Sua ampla utilização em todas
as áreas do consumo, inicialmente como embalagens e atualmente na indústria
de construção civil, eletroeletrônica e automobilística, acarretam numa maior
probabilidade de contaminação dos diferentes tipos de ambientes. O
predomínio de plástico é verificado em todos os estudos feitos em relação à
contaminação por resíduos sólidos, representando 90% dos materiais
encontrados em oito parques nacionais dos Estados Unidos (Cole, et al., 1990),
71% dos materiais encontrados na costa de Israel (Golik & Gertner, 1992) e
75% em Helgoland (Vauk & Scherey, 1987).
As demais categorias que apresentaram abundância significativa
em relação ao número total de itens, foram as pontas de cigarro e o material de
pesca, sendo que pontas de cigarro não ocorreram no Taim. A Praia da Guarita
que apresentou os níveis mais baixos de contaminação teve uma abundância
bastante equitativa entre as categorias (3 à 5%), com exceção de plástico
(59%) e ponta de cigarro (27%).
63
PRAIA DO CASSINO
mat
con
str.
1%
isop
or1%
met
al3%
tecido5%
papel4%
madeira3%
redes de pesca
8%
ponta de cigarro20%
mat
. org
.3%
plástico52%
PRAIA GRANDE
plástico37%
metal3%
material construção
1%
mat. org.3%
vidro2%
pape
l3%
redes de pesca29%
madeira3%
ponta de cigarro19%
PRAIA DO TAIM
plástico81%
borracha1%
isopor2%papel
1%
redes pesca12%
madeira1%
mat
org
2%
PRAIA DA GUARITA
plástico59%
ponta de cigarro27%
mat. org. 5% metal
3%
madeira3%
redes pesca3%
Figura 40 - Composição dos resíduos sólidos para as áreas de
estudo, em percentual de número de itens totais.
A respeito da abundância em relação ao peso total (figura 41), o
material de construção teve maior representatividade na Praia do Cassino
(28%) e Praia Grande (35%), ou seja, nas praias localizadas bem próximas as
construções, o que permite que esse material seja despejado na zona de praia
ou dunas, quando da temporada de obras para o turismo no verão. Isto foi
verificado também em estudo feito para a Sicília (IOC/FAO/UNEP, 1989),
aonde o material de construção (36,7%) foi mais abundante, em peso, que o
plástico (21,8%), tendo entretanto apresentado valores baixos em relação ao
número de itens. Isto se deve ao elevado peso específico deste material
(IOC/FAO/UNEP, 1989). Para essas duas regiões as demais categorias de
importância foram o plástico (28%) e o material de pesca (14%) para a Praia do
Cassino e o plástico (21%) e a madeira (27%) para a Praia Grande. Já para a
64
Praia da Guarita as maiores representações ficaram com plástico (35%) e
madeira (32%), estando as demais categorias distribuídas de forma bastante
eqüitativa, assim como o descrito para o número total de itens. No Taim, a
categoria de maior importância foi madeira (49%), esta de origem claramente
marinha, seguida por plástico e material de pesca, ambas com 16% de
abundância. Percebe-se através dos dados, que o plástico também teve
abundância significativa em relação ao peso total, ficando atrás somente dos
materiais que mesmo em menor número são de fato mais pesados, mostrando
aqui também a importância deste material como potencialmente contaminante,
apesar da sua baixa densidade. Em outras regiões o plástico, também se
apresentou mais abundante em relação ao peso, como no estudo feito para a
costa do Mediterrâneo (Espanha - 71,3%, Makronissos - 63,5% e Lara -
69,5%)( IOC/FAO/UNEP ,1989).
PRAIA DO CASSINO
plástico28%
metal4%
material construção
28%
vidro2%
matl religioso2% tecido
3%borracha
6% orgânico4%
papel4%
material pesca14%
madeira4%
ponta de cigarro
1%
PRAIA GRANDE
plástico21%
metal3%
material construção
35%
madeira27%
ponta de cigarro
1%
espuma1% tecido
1%
vidro1%papel
3%
redes pesca2%
orgânico5%
PRAIA DA GUARITA
plástico35%
metal5%
material construção
8%
madeira32%
ponta de cigarro
4%
orgânico6%
tecido4%espuma
1%
outros1%
vidro1%
papel2%
material pesca1%
PRAIA DO TAIM
tecido5%
vidro6%
madeira49%
borracha3%isopor
1%
papel1%
outros2%
metal1%
plástico16%
redes pesca16%
Figura 41 - Composição dos resíduos sólidos para as áreas de
estudo, em percentual do peso total.
65
Com relação as médias anuais totais (tabela 01), a praias que
apresentaram os maiores índices de contaminação em valor médio anual de
itens foram a Praia do Cassino (8,89 itens/m) e a Praia Grande (6,65 itens/m).
O valor encontrado para a Praia do Cassino no presente estudo foi maior que o
encontrado por Wetzel (1995) para a mesma área (6,95 itens/m) e que o
encontrado por Golik, 1992, para Israel (7,35 itens/m). Mesmo assim estiveram
bastante próximos dos menores valores encontrados nas publicações
(IOC/FAO/UNEP, 1989; Golik & Gartner, 1992; Pearce, 1992). As demais áreas
estudadas apresentaram valores bastantes baixos em relação ao valor médio
anual de itens, sendo 3,81 itens/m para a Praia da Guarita e 2,84 itens/m para
a Praia do Taim. O fato da Praia do Cassino e a Praia Grande apresentarem os
maiores valores médios anuais se deve, principalmente, ao comportamento do
turista que não tem o hábito de colocar o seu lixo nos latões ou levá-lo para a
casa e também pela limpeza pública deficitária. A Praia da Guarita também
deveria apresentar índices parecidos, por sofrer da mesma atividade, mas a
ausência de resíduos sólidos nos meses de abril/maio e junho/julho
provavelmente tenham abaixado a média anual para esta área. Este fato se
deve à ausência de turistas nesta época ou à limpeza do parque, cabe salientar
que esta praia é bastante curta e protegida, sofrendo menos influência da
deriva litorânea, que traz os resíduos provenientes das desembocaduras das
vias, e das marés de tempestade.
Com respeito ao valor médio de peso total, os maiores valores
encontrados foram 67,50 g/m para a Praia do Cassino; 56,47g/m para a praia
Grande e 53,30 g/m para a Praia do Taim. O valor encontrado para a Praia do
Cassino foi bem mais baixo do que o encontrado por Wetzel (1995), qual seja,
240g/m. O alto valor de itens e o baixo valor em peso encontrado para a Praia
do Cassino, ao contrário do encontrado no estudo de Wetzel (1995) para a
mesma área, indica que a predominância do material encontrado foram
pedaços ou fragmentos das categoria analisadas, salientando-se novamente a
predominância da origem dos resíduos sólidos através do retrabalhamento de
material anteriormente depositado, ou seja, da predominância da origem
continental, principalmente turística. Verifica-se o mesmo padrão para a Praia
Grande. Essa diferença de peso encontrado para a mesma área nos diferentes
estudos pode ter ocorrido pelas metodologias utilizadas, no estudo de Wetzel
66
as amostras eram pesadas tão logo chegassem do campo, enquanto que no
presente estudo as amostras eram secas, tirando-se a umidade e areia
impregnada nos materiais, o que possivelmente abaixou os índices de peso
para a área.
Na Praia do Taim os materiais encontrados tinham um maior peso
em relação a quantidade, indicando materiais de maior porte, como madeira,
redes, etc; ou seja, indicando novamente a predominância da origem marinha
dos resíduos sólidos neste local.
A Praia da Guarita apresentou o menor valor de peso médio
anual, ficando a relação entre peso e itens bastante equivalente, ou seja, a
contaminação neste local se deu por poucos materiais e de pequeno volume. A
Praia da Guarita apresentou o valor de peso médio total anual bastante inferior
ao menor valor encontrado nas publicações, qual sejam, 18,6 g/m para
Delawere (Pearce,1992).
Comparando os valores médios de peso anuais encontrados para
a Praia do Cassino, Praia Grande e Praia do Taim com as demais partes do
mundo, verifica-se que estas apresentaram valores bastante baixos em relação
aos valores encontrados nas publicações. Os valores encontrados no presente
estudo foram maiores, porém bastante próximos aos menores valores
encontrados, qual seja, 49,7 g/m para a Flórida e 46,6 g/m para a Califórnia
(Pearce, 1992)(tabela 01).
Todas as praias estudadas apresentaram valores próximos aos
menores valores encontrados na bibliografia (IOC/FAO/UNEP, 1989; Golik,
1992; Pearce, 1992)., mostrando-se contaminadas por resíduos sólidos ao
longo de todo o ano, com exceção da Praia da Guarita onde não foi verificada a
ocorrência de resíduos sólidos em abril/maio e junho/julho.
TABELA 1 - COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS DE ABUNDÂNCIA (itens/metro) E PESO (gramas/metro) DE RESÍDUOS SÓLIDOS NAS ÁOUTRAS REGIÕES
LOCAL ANO PESQUISA itens/m grama/m COMPOSIÇÃO (ITENS) COMPOSIÇÃO (PESO)
MÉDIA MÉDIA 1a comp 2a comp 3a comp 1a comp 2a comp 3a comPRAIAS: ISRAEL 1988/1989 7,35 pl 70,9% out 9,6% mad 8,4%
ESPANHA 1988/1989 33,2 159,3 pl 65,5% out 14% iso 9,3% pl 71% mo 7% met 5SICÍLIA 1988/1989 102 1595,1 pl 49,3% mad 29,4% iso 6% mc 36,7% pl 24,7% mad 21CHIPRE 1988/1989 10,4 87,1 pl 69,5% out 20,8% iso 5,7% pl 45,6% out 23,7% vid 16,
TRUQUIA 1988/1989 pl 68,6% tec 8,7% iso 5% CALIFÓRNIA 1987 46,6
NOVA IORQUE 1987 466,1 FLÓRIDA 1987 49,7
DELAWERE 1987 18,6 TEXAS 1987 1236,5
CASSINO 1994/1995 6,95 240 pl 46% out 17% mo e pp 9% pl 28% mp 21% mad 12CASSINO 1996/1997 8,89 67,5 pl 52 % pc 20% rp 8% pl e mc
28% rp 14% bor 6
GRANDE 1996/1997 6,65 56,47 pl 37% rp 29% pc 19% mc 35% mad 27% pl 21GUARITA 1996/1997 3,81 11,04 pl 59% pc 27% mo 5% pl 37% mad 35% mo 7
TAIM 1996/1997 2,84 53,3 pl 81% rp 12% iso e mo 2% mad 49% rp e pl 16%
vid 6%
Legenda: pl (plástico), mad (madeira), met (metal), out (outros), rp (redes de pesca), mc (material de construção), tec (tecido), iso (isopor), vid (vpp (papel), mo (matéria orgânica), bor (borracha) e pc (pontas de cigarro)
A Praia do Cassino, apresentou-se como a praia mais
contaminada por resíduos sólidos, tanto em número de itens como em peso.
Tendo duas épocas bem distintas: dezembro/janeiro, sendo os resíduos sólidos
provenientes, na sua maioria, da atividade turística; e abril/maio, provenientes,
principalmente, da remobilização do material depositado no período de verão,
pelas marés de tempestade. Nesta praia foi verificado visualmente grande
quantidade de resíduos sólidos na região das dunas, principalmente material
de construção e madeira (foto 06).
FOTO 06 - Resíduos sólidos na região da dunas - Praia do
Cassino.
A Praia Grande, foi a segunda em contaminação por resíduos
sólidos, em número de itens e peso. Os resíduos se apresentaram de forma
bem homogênea ao longo do ano, havendo um aumento na quantidade de
resíduos sólidos totais somente em abril/maio, isso se deve, provavelmente, ao
efeito de remobilização do material depositado no período de verão, pela marés
de tempestade, como verificado para a Praia do Cassino. A Praia Grande não
apresentou pico de resíduos sólidos no verão, possivelmente, por ser uma
praia de pequeno tamanho se comparada com a Praia do Cassino, facilitando
69
desta forma a limpeza pública, tanto no que diz respeito ao trabalho dos garis,
como na colocação de cestos ao longo de toda extensão de praia (foto 07).
Essa segunda forma tem grande efeito pois induz o freqüentador da praia a
acumular o lixo por ele produzido nos cestos, o que consequentemente facilita
a limpeza posterior feita pelos garis, diminuindo assim o índice de
contaminação por resíduos sólidos na praia.
FOTO 07 - Cestos de lixo colocados na Praia Grande no verão.
A Praia da Guarita , apesar de sofrer o impacto da atividade
turística como as Praias do Cassino e Grande, apresentou valores baixíssimos
de contaminação por resíduos sólidos, tanto em número de itens como em
peso. Ficando o valor em número de itens, bastante próximos dos encontrados
para a Praia do Taim, onde praticamente não há turismo. Isso se deve pelos
mesmos motivos encontrados para a Praia Grande, só que aqui de forma mais
acentuada, pois a Praia da Guarita é extremamente pequena, facilitando mais
ainda a limpeza pública, sendo ainda feita mais intensamente por se tratar de
uma Unidade de Conservação. Além disso, esta praia não possui moradias no
seu entorno, o que evita o depósito de lixo por moradores e turistas, como
restos de construções ou objetos domésticos, tanto na praia como nas dunas.
70
Este tipo de impacto é verificado para as Praias do Cassino e Grande, estando
as dunas visivelmente contaminadas por estes tipos de resíduos sólidos.
A Praia do Taim, teve o menor valor em número de itens, porém o
valor encontrado para o peso foi bastante semelhante ao encontrado para a
Praia Grande, a segunda em contaminação no presente estudo. Fica desta
forma, bem evidente a diferença entre a origem dos resíduos sólidos para este
local em relação aos demais. A relação entre número de itens e peso é
bastante baixa, indicando que os materiais encontrados foram poucos em
número, porém de grande porte, isto indica a predominância da origem marinha
para os resíduos sólidos nesta região.
A categoria das esférulas plásticas é tratada aqui de maneira
especial, ou seja, separadas dos demais resíduos sólidos, apesar de também
se tratar de um tipo de resíduo sólido. As esférulas encontradas para todas as
áreas de estudo foram na sua maioria da cor branca opaca, com formato
cilíndrico, tendo aparecido também, com bastante freqüência, esférulas
amarelas e pretas. Além destas três cores, houve esporádicas ocorrências de
esférulas nas cores azul, laranja e vermelho, que por apresentarem valores
baixíssimos não foram analisadas. Apesar de não ter ocorrido amostragens nas
região das dunas primárias, foi possível detectar visualmente grandes
concentrações deste material depositado nessas áreas, principalmente nas
Praias do Cassino e Taim.
Uma subamostra das amostras coletadas na Praia do Taim, foi
enviada a Ipiranga Petroquímica para ser analisada quanto a composição das
esférulas plásticas encontradas. O Departamento de Laboratório da empresa
concluiu que das 14 esférulas enviadas, 14 eram de Poliestireno de alta
densidade, 6 de Poliestireno de baixa densidade, 3 de Polipropileno e uma não
sendo possível de ser identificada (anexo 01). Concluiu também não ser
possível identificar a origem ou o fabricante das esférulas plásticas.
Para a categoria das esférulas plásticas a praia que apresentou
os maiores valores foi a Praia do Taim, onde a média anual em número de
itens foi de 112,3 itens/metro. Ao compararmos esta praia com as praias da
costa da Nova Zelândia estudadas por Gregory (1978), vemos que algumas
71
praias apresentaram valores bem semelhantes ao encontrado para a Praia do
Taim, porém a maioria apresentou valores bastante superiores, em torno de
1000-4000 itens/metro. Gregory, ao comparar seu estudo com estudos feitos
para a costa do Atlântico Norte verificou que a costa da Nova Zelândia
apresentava valores bem inferiores. Os demais locais apresentaram níveis
bastante baixos, em relação as publicações. A Praia da Guarita teve uma
média anual de 7,36 itens/metro, com alto desvio padrão, pois esta categoria
só apareceu, e de forma relativamente abundante, em agosto/setembro. A
Praia do Cassino teve uma média anual de 6,66 itens/metro e a praia Grande
1,06 itens/metro, tendo ambas apresentado este material em mais de um
período amostral.
Os maiores valores para esférulas plásticas foram encontrados na
Praia do Taim, praia esta onde o efeito do pisoteio pela atividade turística ou de
circulação de automóveis foi mínimo, o que evitou o soterramento das esférulas
e conseqüentes erros amostrais. Estes altos valores se devem possivelmente a
circulação oceânica, vindos pelas massas de água costeiras que se misturam
com a águas da Lagoa dos Patos, Rio da Prata e também a massa de água
Subantártica. Os resíduos sólidos por flutuarem tendem a se acumular na
Convergência Antártica (Gregory,1984). Podem ser provenientes do Porto de
Rio Grande ou do Porto localizado nas imediações da Bacia do Rio da Prata,
trazidas por deriva litorânea, ou então, pela limpeza de “containers” em alto
mar. O fato é que a perda deste material pode causar danos a biota através do
acúmulo do mesmo na região litorânea, além de representar prejuízos
econômicos. Para que o espalhamento destas esférulas no oceano e costa
seja minimizado, deve haver mudanças na estocagem, manuseio e transporte
deste material.
Para obtermos uma aproximação da quantidade de resíduos
sólidos e esférulas plásticas disponíveis num determinado momento, utilizamos
as médias de deposição destes resíduos encontrados em 06 pontos amostrais
no período de outubro/novembro (Praia Grande e Praia da Guarita - Torres,
PARNA da Lagoa do Peixe - Tavares e Mostardas, Praia do Mar Grosso - São
José do Norte, Praia do Cassino - Rio Grande e ESEC Taim - Sta Vitória do
Palmar e Rio Grande) e calculamos para os 610Km de litoral do Rio Grande do
72
Sul. Este cálculo permite estimar que num determinado período
(outubro/novembro) estão disponíveis na praia 3.717.950 itens correspondendo
à 111,738 ton para resíduos sólidos e 25.132.000 itens correspondendo à
664,90 kg para as esférulas plásticas.
73
7. CONCLUSÕES
♦ Toda a costa do Rio Grande do Sul encontra-se contaminada por resíduos
sólidos, principalmente nas áreas onde há a influência da atividade turística
como a Praia do Cassino, Praia Grande e Praia da Guarita, enquanto que a
contaminação por esférulas plásticas não se mostrou significativa para esses
locais.
♦ A colocação de lixeiras ao longo da praia somada a limpeza pública
freqüente, se mostrou um método eficiente para a diminuição de resíduos
sólidos.
♦ A Praia do Cassino é a mais contaminada por resíduos sólidos e possui
duas fontes principais de resíduos sólidos: o aporte marinho e o turismo,
como já verificado por Wetzel (1995).
♦ A Praia Grande e a Praia da Guarita possuem como fonte principal de
resíduos sólidos o turismo.
♦ A Praia do Taim possui como fonte principal de resíduos sólidos o aporte
marinho.
♦ A possibilidade de impacto por esférulas plásticas não deve ser desprezada,
apesar dos baixos valores encontrados, é sugerido um estudo mais
detalhado, visando principalmente, a região das dunas primárias aonde este
material tende a se acumular de forma significativa.
♦ As praias do Parque Nacional da Lagoa do Peixe e do Mar Grosso, devem
ser estudadas quanto a contaminação por esférulas plásticas, principalmente
no PN da Lagoa do Peixe , área de grande importância ambiental, por já ter
sido constatado uma grande concentração deste material no local.
♦ A contaminação por esférulas plásticas mostrou-se mais acentuada na Praia
do Taim.
♦ A Praia do Cassino deveria apresentar o índice de contaminação por
esférulas plásticas semelhante ao encontrado na Praia do Taim, mas o
pisoteio tanto por transeuntes, como por automóveis, soterram este material,
camuflando-o na areia.
74
♦ A presença das esférulas plásticas na costa está relacionada,
principalmente, a problemas no empacotamento, manuseio e transporte,
havendo a necessidade de mudanças imediatas nestas atividades.
♦ O plástico representa o maior problema dentre os contaminantes
encontrados, em função do seu contínuo aporte e importância em todas as
áreas estudadas, e principalmente, pelo seu alto tempo de residência no
ambiente. É importante lembrar que as esférulas plásticas também
pertencem a esta categoria, e que estas juntamente com os fragmentos de
plástico, além de permanecerem por longo tempo no ambiente, causam
danos a biota, principalmente pela ingestão dos mesmos pelos animais
marinhos e costeiros.
♦ A principal condição para o desenvolvimento da sociedade contemporânea é
o estímulo ao consumo exacerbado, onde uma das conseqüências está na
crescente geração de resíduos sólidos. Isto indica um possível aumento nos
problemas associados a este grupo de contaminantes, caso não sejam
tomadas medidas preventivas eficientes. Medidas estas que envolvam a
sociedade como um todo, unindo interesses econômicos a interesses
ambientais, através, por exemplo, da reciclagem dos materiais. A atitude
ideal, seria a volta de bens mais duráveis, como embalagens reutilizáveis e
biodegradáveis, produtos com refil.
75
8. RECOMENDAÇÕES
⇒ Atividade de Educação Ambiental são essenciais para que haja uma
mudança de atitude da população em relação aos resíduos sólidos.
⇒ Limpeza pública freqüente e colocação de lixeiras ao longo de todas as
praias que apresentem a atividade turística, principalmente nos períodos
onde a mesma for mais acentuada.
⇒ Segundo Borba, et. al. (1994), a alternativa mais indicada para o correto
gerenciamento dos resíduos consiste em aplicar a fórmula dos 5 REs:
1- Reduzir a geração de lixo - é o primeiro passo e a medida racional,
que traduz a essência da luta contra o desperdício.
2- Reutilizar os bens de consumo - significa dar uma vida mais longa aos
objetos, seja aumentando a sua durabilidade e reparabilidade, seja dando-lhes
uma nova personalidade de uso, muito comum entre as embalagens
retornáveis, “refills”, rascunhos, roupas, e nas oficinas educativas de Arte com
sucatas.
3- Recuperar os materiais - consiste na separação de matérias primas
secundárias (sucatas) para a indústria recicladora. É uma atividade geradora
de inúmeros empregos, desde o catador até o industrial e exige tecnologias
simples para o pré-processamento das sucatas.
4- Reciclar é devolver o material usado ao ciclo da produção, poupando
todo o percurso dos insumos virgens, com enormes vantagens econômicas e
ambientais.
5- Repensar os hábitos de consumo e de descarte, pois para a maior
parte das pessoas estes atos são compulsivos e muitas vezes poluentes. É
preciso também DESMISTIFICAR A AÇÃO DE JOGAR FORA, porque na
maioria dos casos o “fora” não existe; o lixo não desaparece depois da coleta e
acaba sendo destinado a aterros, incineradores ou usinas localizados, às
vezes, próximos à nossa residência. A educação ambiental é básica para que
os esforços em prol de qualquer um dos 4 REs anteriores sejam vistos com
seriedade pela população.
76
⇒ Incentivar os estudos científicos relacionados aos resíduos sólidos e
esférulas plásticas, para o constante monitoramento desses materiais no
ambiente e seus efeitos sobre a biota.
⇒ Tornar a MARPOL (normas internacionais para o gerenciamento de resíduos
sólidos em portos) vigente e efetiva, ou seja, implementando instalações
adequadas para receber os resíduos das embarcações nos Portos e
integrando essa instalações com o sistema de limpeza pública municipal.
⇒ Mudanças no empacotamento, manuseio e transporte das esférulas
plásticas.
⇒ Comunicar as autoridades públicas e empresariais sobre a contaminação
pelas esférulas plásticas, para que sejam tomadas medidas imediatas para a
solução do problema.
“... Nas calçadas, envoltos em límpidos sacos plásticos, os
restos da Leônia de ontem aguardam a carroça do lixeiro. Não só
tubos retorcidos de pasta de dente, lâmpadas queimadas, jornais,
recipientes, materiais de embalagem, mas também aquecedores,
enciclopédias, pianos, aparelhos de jantar de porcelana: mais do
que pelas coisas que todos os dias são fabricadas vendidas
compradas, a opulência de Leônia se mede pelas coisas que todo
o dia são jogadas fora para dar lugar às novas. Tanto que se
pergunta se a verdadeira paixão de Leônia é o fato, como dizem,
o prazer das coisas novas e diferentes, e não o ato de expelir, de
afastar de si, expurgar uma impureza recorrente. O certo é que os
lixeiros são acolhidos como anjos e a sua tarefa de remover os
restos da existência do dia anterior é circundada de um respeito
silencioso, como um rito que inspira devoção, ou talvez apenas
porque, uma vez que as coisas são jogadas fora, ninguém mais
quer pensar nelas....”
(As Cidades Invisíveis p. 105 - Italo Calvino )
77
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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