UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS, AMBIENTAIS E BIOLÓGICAS
ASSESSORIA ESPECIAL PARA PROGRAMAS ESTRATÉGICOS
NÚCLEO DE APOIO AOS ESTÁGIOS
Curso de Agronomia
RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO
1. INTRODUÇÃO
A tendência à descentralização das políticas de desenvolvimento rural
acelerada no Brasil a partir de 2003, com a criação da Secretaria de
Desenvolvimento Territorial - SDT, coloca como prioridade a consolidação dos
atores territoriais enquanto promotores do desenvolvimento. No entanto, como
concluem Nelson Giordano Delgado e Sérgio Pereira Leite na sua síntese
recente sobre gestão social na política de desenvolvimento territorial:
(...) em nossa análise observamos que para a existência de protagonismo social é indispensável: (1) a presença de atores com capacidade (com ‘habilidade social’, diriam Fligstein/Abramovay) de construção de coalizões ou de hegemonia que, embora defendendo interesses próprios, consigam a cooperação (ou a aliança) de outros atores, de modo a liderar a difusão coletiva da abordagem territorial e a implantação de sua institucionalidade; e (2) que esses atores sejam portadores de “ideias” e de propostas de desenvolvimento rural para o território que possam tanto “unificar”, por assim dizer, a linguagem comum dos atores territoriais, facilitando a capacidade de comunicação e de cooperação entre eles, como orientar, progressivamente, a formulação e a aprovação de projetos estratégicos coerentes com essas propostas de desenvolvimento. Como não há garantia de que um território possua atores com capacidade de viabilizar os requisitos necessários ao protagonismo social, esta é uma dimensão à qual os programas governamentais, em especial o Territórios da Cidadania, deveriam dedicar mais atenção, o que requer maior interação do programa com os atores e a institucionalidade territoriais (Miranda, al., 2011, p. 126-7).
O principal limite à descentralização das políticas se encontra então na
capacidade dos atores locais em defender de forma qualificada os seus interesses
próprios, em elaborar propostas abrangentes de desenvolvimento local, compondo
as parcerias necessárias para viabilizar a sua implementação.
Entre as organizações de agricultores familiares e os empreendimentos de
economia solidária, é geral a reivindicação de dispor de competências de nível
médio ou superior para ajudar na profissionalização das entidades: qualificação
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técnica, apoio em gestão e administração, organização interna para
comercialização, redação de projetos, etc.
Os poderes públicos, as universidades procuraram recentemente atender esta
demanda através de iniciativas originais, como por exemplo:
A implantação dos CESOLs pela SESOL-SETRE do Governo do Estado da
Bahia, que visa disponibilizar infraestruturas comuns para comercialização
dos empreendimentos solidários, e prestação de serviços técnicos gratuitos e
adequados à realidade dos empreendimentos,
A UFRB implementa os seus cursos de graduação voltados para o público da
agricultura familiar e do associativismo (cursos de graduação em Tecnólogo
em Agroecologia e Tecnólogo em gestão de cooperativas, cursos de
Educação do Campo). Um ponto ainda não suficientemente discutido é a
identificação do conjunto de atores de apoio às entidades da agricultura
familiar e dos empreendimentos solidários, suscetível de oferecer estas
competências de nível médio e superior, de forma satisfatória (em quantidade
e qualidade).
Assim sendo, se focamos no curso de Tecnólogo em Gestão de
Cooperativas, continua se verificando certa dificuldade em equacionar o tripé:
(a) demanda social das entidades para competências de nível médio e
superior, (b) mercado de trabalho suscetível de empregar estas
competências, (c) parâmetros institucionais da Universidade (modo de
seleção dos discentes, períodos letivos, estrutura pedagógica e conteúdo dos
cursos). O objetivo do estágio é caracterizar as necessidades de assistência
técnica necessárias para superar os principais gargalos no desenvolvimento
dos empreendimentos da economia solidária e levantar a demanda de
formação profissional para atender a este público em todo território do
Recôncavo.
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2. REVISÃO DE LITERATURA
Dados comprovam que a temática do desenvolvimento territorial contempla os
setores públicos e privados. No estado da Bahia cresce uma forte vertente atenta
para trabalhar com esse tipo de política descentralizada. E assim, fortalecer os
aspectos sociais econômicos e culturais da região (ORTEGA, 2007). Contudo, as
organizações de empreendimentos solidários possuem limitações fundamentais e
necessitam da intervenção do poder público e de profissionais capacitados para
superar.
A Bahia possui grande extensão territorial, cerca de de 564 mil km², 417
municípios, população de 14,6 milhões de habitantes (IBGE, 2009). O Recôncavo é
um território da Bahia conhecido principalmente pela sua história e a forte cultura
influente em todo estado. A estrutura política e socioeconômica teve forte influência
de elementos exógenos (ARAÚJO, 2010). Primeiro baseado nos interesses de
Portugal e depois atendendo aos interesses do mercado internacional.
Para Araújo (2010), o Recôncavo baiano foi um dos espaços mais antigos no
processo de ocupação do território brasileiro, representado no período colonial pela
atividade açucareira o que configurava um Nordeste economicamente rico.
Desde 2007, a Bahia tem sido beneficiada pelas políticas de integração e
desenvolvimento territorial, bem como as ações para o fortalecimento de uma
sociedade mais justa e igualitária. Diversas ações e programas voltados para as
áreas sociais, como saúde, educação, segurança pública e infraestrutura social vêm
sendo executados, tanto na cidade de Salvador como nos municípios que integram
os territórios urbanos e rurais. Deste modo, o processo de regionalização implantado
pela estrutura governamental tende a impulsionar políticas públicas que auxiliem na
concretização de uma realidade menos desigual no território baiano (SEPLAN,
2010).
A participação do Estado no desenvolvimento da Economia Solidária é de
extrema importância, no que tange às ações articuladas das diversas áreas do
governo de modo a promover mudanças no sentido do investimento social, da
legislação ou do reconhecimento da Economia Solidária e suas formas associativas,
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porém, sem esquecer que o protagonismo deve ser sempre dos empreendimentos
econômicos solidários, principais atores dessa economia.
O Ministério do Desenvolvimento Agrário - MDA por meio da Secretaria de
Desenvolvimento Territorial – SDT inicia, em 2003, o processo de conformação de
territórios rurais. Para tanto, materializa órgãos colegiados como a Comissão de
Instalação das Ações Territoriais – CIAT e o Colegiado de Desenvolvimento
Territorial – CODETER, fortalecendo o Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural
Sustentável, incorporando comunidades quilombolas, indígenas e pescadores
artesanais como membros participantes, com voz e voto nas Comissões Temáticas
que têm como foco de planejamento e gestão o território rural e território de
identidade.
São conhecidas as tensões fundamentais vivenciadas pelas organizações, entre
de um lado os serviços que procuram oferecer aos seus sócios e a maximização dos
critérios de eficácia e efetividade, e do outro o foco principal no humano, na
reciprocidade, na solidariedade, na transparência e legitimação democrática que
compõem o projeto associativo. Num texto recente, Frantz (2012) expõem
claramente essas contradições para o cooperativismo, analisando a cooperativa
como uma entidade reunindo uma associação e uma empresa. A noção de reforço
institucional ás organizações camponesas e empreendimentos da economia
solidária sustenta uma ampla literatura metodológica. Uma síntese recente se
encontra em Dugué, al., 2012. Estes elementos serão úteis para construir o nosso
próprio método de diagnóstico aprofundado da situação das organizações e das
suas necessidades.
A análise do conjunto existente de atores posicionados para oferecer as
competências de nível médio e superior apontada como necessárias nos
diagnósticos, deverá se basear numa leitura atual do social em escala local,
sociedade formada de rede de relações e de comunicação, representada na noção
de capital social, como desenvolvida por exemplo em Abramovay (1998) e mais
recentemente por Van der Ploeg (2008).
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3. MATERIAL E MÉTODOS
Para a identificação das necessidades de competência de nível médio e
superior das organizações (objetivo específico a), será analisada e diagnosticada a
situação de 10 organizações representativas da agricultura familiar e 10
empreendimentos solidários do Recôncavo da Bahia.
A amostra destas 20 organizações, será estabelecida com as entidades
parceiras da atividade (CESOL, INCUBA, CODETER, EBDA). Serão utilizados os
critérios de nível de consolidação e experiência das entidades, de abrangência
(número de associados e abrangência geográfica), e das principais funções
assumidas pelas organizações, entre outras:
― Funções coletivas da produção (máquinas e infraestruturas, beneficiamento
comuns);
― Gestão dos Recursos Naturais comuns (definição e controle de regras de
acesso);
― Evolução técnica (conselho técnico e de gestão, extensão, experimentação);
― Gestão das infraestruturas sociais (postos de saúde, lazer, locais de reunião);
― Fornecimento de crédito, intermediação de financiamento;
― Melhoramento das condições de comercialização (feiras, cooperativas,
mercados);
― Formulação e implementação de projeto territorial (participação em instâncias);
― Co-gestão e implementação das políticas territoriais, ambientais, das políticas
públicas;
― Representação política, negociações e informação aos sócios.
Para cada uma delas será realizado um diagnóstico aprofundado, visando
relacionar as demandas de competências identificadas à problemática específica de
cada organização. O diagnóstico deverá abranger os temas seguintes (a partir de
Mercoiret, 1994):
1. Analisar/explicar o histórico da organização : fundadores, evolução da
extensão
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geográfica, e das atividades, eventuais conflitos internos e externos.
2. Inventariar as atividades atuais: ver lista anterior.
3. Análise financeira dos resultados global e por atividade. Origem dos recursos
financeiros. Projetos e tipos de prestação. Análise de tendência. Avaliação do peso
econômico da organização à nível local.
4. Organização interna. Definição e número de membros, forma de adesão.
Estatuto
jurídico. Organograma e instâncias de tomada de decisão. Grau de transparência na
gestão financeira. Origem e renovação das lideranças. Remuneração dos cargos.
Empregados (quem são eles, de quem dependem).
5. Projeto da organização. Análise que faz do histórico, do contexto, do futuro.
Projeto político. Projeto territorial. Discussão interna e externa do projeto.
6. Alianças e parcerias. Por atividade. Na parte financeira. Nos momentos de crise,
conflitos, evolução. Formalização dos acordos (convênios, contratos). Com outras
entidades, com Estado (análise detalhada).
Os diagnósticos serão restituídos às respectivas entidades, em reuniões de
trabalho organizadas para identificar as demandas de competência de nível médio e
superior.
Nessas reuniões de restituições serão também discutidos a melhor forma
institucional de oferecer essas competências (contratação pela própria entidade,
pelo poder público, pela extensão rural, o fomento, a sociedade civil e as ONGs, o
sindicalismo e os movimentos sociais).
O trabalho de diagnóstico e identificação de demanda à nível de organização
será realizado pela equipe de professores e os estudantes graduando.
Para a segundo objetivo específico, o da identificação de demandas de competência
de nível superior das entidades de fomento / apoio do Território do Recôncavo, será
analisada a situação de 10 entidades de apoio/fomento. A amostra será constituída
à partir das entidades com maior experiência no Território do Recôncavo, levando
em conta a discussão das formas institucionais anteriormente realizada com as
organizações.
A metodologia completa do estágio de graduação da Universidade Federal do
Recôncavo da Bahia em parceria com o Centro Público de Economia Solidária -
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Cesol está apresentada acima e será realizada pelo conjunto de professores,
estudantes e parceiros envolvidos. Cabendo neste relatório de estágio
supervisionado e com tempo determinado entre os meses de Janeiro a Maio de
2015, apenas Analisar/explicar o histórico de uma organização (COOPEMARFS)
que é composta por três grupos de base: Associação Comunitária da Tapera e KM
07, Comunidade Quiamba I e Lagoinha e o Grupo de Mulheres de Macaúbas.
4. CRONOGRAMA DE ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
Metas Atividades Período (mês/ano)
Conhecer as
organizações
Reunião com os
empreendimentos
Janeiro
Inventariar todas as
organizações e fazer um
diagnóstico
Diagnóstico Fevereiro
Buscar apoio aos órgãos
do estado
Planejamento e
elaboração de um plano
de ação com as
organizações
Março
Levantamento das
demandas
Visitas semanais aos
empreendimentos
Março
Identificação dos
principais problemas
Visitas semanais aos
empreendimentos
Abril
Elaborar um relatório de
diagnóstico da
COOPERMAFS
Construção de relatório Maio
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5. RELATÓRIO DE DIAGNÓSTICO DOS EMPREENDIMENTOS LIGADOS A
COOPERMAFS NO MUNICÍPIO DE SAPEAÇU, BAHIA.
Este relatório apresenta um breve histórico e os resultados obtidos na
assessoria do Cesol em três empreendimentos ligados a COOPERATIVA DAS
MULHERES AGRICULTORAS FAMILIARES DE SAPEAÇU - COOPERMAFS:
Associação comunitária da Tapera e Km 07, Grupo de mulheres de Macaúbas e
Grupo união faz a força – Associação Quaimba I e Lagoinha. Todos estão
localizados no município de Sapeaçu distante 163 Km da capital Salvador, Bahia.
No ultimo censo IBGE, (2010) o município se estende por 117,2 km² e contava
com 16 597 habitantes no último censo. A densidade demográfica é de 141,6
habitantes por km² no território do município. As coordenadas geográficas
segundo a classificação de Köppen são: latitude: 12° 43' 34'' Sul Longitude: 39°
10' 45'' Oeste. A temperatura média é 23.0 °C. A média anual de pluviosidade é
de 1066 mm.
O Cesol inicialmente constrói um Diagnóstico Organizacional Participativo
para levantar informações necessárias para um Estudo de Viabilidade
Econômica do Empreendimento. O DOP é uma ferramenta que permite
diagnosticar, intervir e propor mudanças. Este é um processo de compreensão
das potencialidades e limites de uma organização. Para garantia da
compreensão mais realista, dar-se ao DOP um enfoque metodológico
participativo. A análise organizacional tem-se tornado, segundo Jeffcutt (1994), o
gerenciamento da incerteza na busca de restabelecer ordem na desordem, que
os especialistas têm sido incapazes de resolver.
Para realização da Assessoria, em qualquer empreendimento, a equipe
técnica do Cesol emprega os seguintes procedimentos:
o Realização do Seminário Municipal de Economia Solidária/Oficina de
Sensibilização e priorização dos grupos para acompanhamento direto;
o Oficinas de trabalho com os membros da associação comunitária
objetivando: i) sistematizar o conhecimento da história do
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empreendimento solidário; ii) aprofundar questões que surgiram a partir
da vista ao local de produção; iii) identificar como o empreendimento
econômico solidário se organiza para adiquirir matérias-primas,
produzir, pagar custos, comercializar e remunerar os associados;
o Redação sistemática e processual de relatório para ser apresentado e
discutido com o grupo.
Contudo, este relatório consolida as informações, os resultados dos
diagnósticos e registra as demandas solicitadas pelo grupo. No levantamento
histórico foi levado em consideração à trajetória do grupo e os acontecimentos
importantes para firmação da identidade do grupo, parceiros envolvidos no
processo e outras informações que foram disponibilizadas em memória coletiva
do grupo.
5.1 ASSOCIAÇÂO COMUNITÁRIA DE TAPERA E KM 07
A história deste empreendimento esta arraigada da vivencia das pessoas que
integram o grupo, o aprendizado do fabrico e da comercialização do beiju, atividade
que perpassa as relações de gênero e de geração, pois homens e mulheres naquele
espaço reportam práticas daquela atividade. No texto que segue os nomes foram
mantidos apenas os nomes que sustentam a história do empreendimento, mantendo
em sugilo os demais.
Os relatos apontam que dona Nenzinha fazia beiju de coco há mais de sessenta
anos e ensinava a todos, passando de geração em geração. Seu Bartolomeu que é
um dos mais antigos da comunidade diz que foi aprendiz de dona Nenzinha, pois
trabalhou para ela por 27 anos. Além da colaboração de outras pessoas, pois
utilizou a casa de farinha delas por empréstimo, aonde chegava a colocar quinze
carros de mão de raiz de mandioca para a fabricação de beijus. Enfatiza que foi ele
quem trouxe para sapeaçu a fama do município dos beijus de coco.
Já em 2002, seu Bartolomeu ensinou ao Sr. Zé do Beiju que repassou para
Edson, até então garoto, que vendia nos municípios e que ficava pensando que
poderia vender para prefeitura e expandir seus negócios. Em meados de 2008
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participaram de um edital do Ministério da Cultura onde contam a história do beiju de
coco e acabam ganhando um curso de cinema, para alguns integrantes da
comunidade. Com toda a divulgação acabaram recebendo uma homenagem a
artistas de Cruz das Almas com a criação da Banda Beiju de Coco. Sendo assim,
em 2009, realizaram um vídeo com o nome “A força de um Grito” que teve
lançamento em todo o Brasil, com a participação dos doze componentes do grupo.
Diante dessas atividades o município viu a importância do grupo e com o intuito
de valorizar, os convidou a participar do Programa Nacional de Alimentação Escolar
– PNAE, tudo isso tinha uma importância social muito grande para eles, pois são
irmãos de igreja, e faziam uma troca de saberes a tal ponto que a igreja ficou
conhecida como Igreja do Beiju. Nesse momento Edmilson relata que naquele
tempo ao se dirigir a casa do pai de uma pretendente, foi questionado sobre a
atividade que exercia, e ao dizer que vendia beiju o pai da moça o questionou, se
sua filha só irá comer beiju? Ficou evidente a discriminação pelo trabalho exercido.
Edmilson relata com emoção que aos 15 anos já carregava caldeirão nas costas
com 30 a 40 Kg de beiju, para vender no comercio e nas outras cidades pegando
carona com caminhoneiros. Em um momento conseguiu vender bem e ao pagar o
material de uso ao Sr. Bartolomeu restou-lhe R$ 35,00, que com felicidade comprou
uma quarta de farinha e levou pra casa.
Em 2011 entraram de no Programa de Aquisição de Alimentos – PAA através da
Cooperativa de Mulheres Familiares de Sapeaçu – COOPERMAFS. A formalização
com ata, estatuto, diretoria e CNPJ se deu em 2013, atualmente estão buscando
reconhecimento da comunidade como Quilombola, além de estarem desenvolvendo
na comunidade Educação de Jovens e Adulto –EJA, pois acreditam que é
importante inserir os jovens no trabalho e incentivá-los a estudar.
Sr. Bartolomeu diz que a aceitação por parte dos clientes de fora do município é
grande e valorosa, relata que uma cliente dele, morador de Santo Antônio de Jesus
o recebe dentro de casa para tomar café junto com ela. Edson também relata que há
uma, maior valorização por parte da comunidade. Contam que alguns deles saem
para vender beiju ate na Ilha de Itaparica e que foram os primeiros a fazer esse tipo
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de coisa, pois saem em comboio de seis a sete pessoas. Sr. Bartolomeu diz que a
produção é individual. Edson lembra que antes eram todos juntos na casa de farinha
de Dona Nenzinha, mas atualmente os membros possuem fogão industrial e outros
ainda em forno a lenha.
5.2 GRUPO DE MULHERES DE MACAÚBAS
Este grupo é composto por 13 mulheres que trabalham coletivamente na
produção de bolos de Puba e Aipim, doces e cocadas de goiaba, caju e maracujá.
Realiza venda à domicílio e entrega direta, além disso, utiliza o mercado
institucional, ou seja, comercializa sua produção para o poder público através do
Programa de Aquisição de Alimentos – PAA.
O que motivou a criação deste grupo de mulheres foi a falta de trabalho, em 2011
proporcionou um contesto favorável à cooperação. Na ocasião, houve uma palestra
da Secretaria Municipal de Agricultura, no prédio escolar da comunidade, sobre
Assistência Técnica para Mulheres, que convidou as mulheres para organização do
grupo.
Inicialmente foram convidadas 40 pessoas, mas no dia da reunião, por motivos
diversos, compareceram 18. Destes começaram a trabalhar 16 pessoas que foram
acompanhadas pela secretaria de agricultura e a Empresa Baiana de
Desenvolvimento Agrícola-EBDA que procederam com as capacitações (produção
de sequilhos, polpas, cocadas, bolos e bolachinhas) para a comunidade de
Macaúbas.
De acordo depoimentos o primeiro pedido para a comunidade solicitou 200 quilos
de bolo, que por parte da comunidade foi absorvido com espanto e só conseguiram
atender a 150 quilos por falta de material para produção. Esta solicitação foi para
entrega à Companhia Nacional de Abastecimento – CONAB. A produção era feita
coletivamente na sede doada por um morador da comunidade. Estrategicamente
dividiu-se a produção na hora de ir ao forno, pois a grande demanda levou a
necessidade de otimização do espaço.
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Em abril de 2012 no aniversário da cidade o grupo fez a primeira exposição
pública dos seus produtos (bolos e doces) na feira. Parte do grupo relatou q a feira
foi cansativa e a outra parte disse que foi divertido e diferente.
Em seguida o grupo necessitou realizar um empréstimo junto ao Banco do
Nordeste – BNB através do Agroamigo no valor de R$ 5 mil que foram investidos na
compra dos materiais para a produção. Em sequência conseguiram através do
projeto da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional – CAR, um
liquidificador, uma mesa, um fogão, um freezer, uma despolpadora, um compressor
e uma empacotadora.
No final de 2012 e início de 2013 a seca que afetou vários municípios do
recôncavo paralisou as atividades do grupo. Durante este período o município de
Sapeaçu declarou Estado de Emergência por conta da Seca e conseguiram pegar
empréstimos com desconto de 80%. Em abril de 2013 o grupo participou novamente
da feira no aniversário de Sapeaçu e desta vez todas relataram que foi bem tranquilo
e que já dominavam a dinâmica.
5.3 GRUPO UNIÃO FAZ A FORÇA – ASSOCIAÇÃO QUIAMBA I E LAGOINHA
O início das discussões para formação deste grupo foi em 2009 e durou um ano.
Nesse período a Secretaria de Agricultura de Sapeaçu em parceria com a EBDA
realizou diversos cursos para motivação associativista, onde foram capacitadas 15
pessoas da comunidade de Quiamba I e Lagoinha para a produção de sequilhos.
Em 2010 foi realizado um intercambio de saberes com o grupo do município de
Ichu-BA. Esta troca de experiência motivou o grupo que relataram que as mulheres
de Ichu possuem muito mais dificuldades e mesmo assim possuem produção
satisfatória.
Seguido deste acontecimento o grupo fez um empréstimo um junto ao Banco do
Nordeste – BNB através do Agroamigo no valor de R$ 5 mil que foram investidos na
compra de equipamentos (liquidificador, balança, forno, mesa, formas e bacias).
Tambem receberam doação de equipamentos (freezer, geladeira e fogão) através
da União de Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária - UNICAFES.
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Este grupo foi convidado a participar da feira no aniversário de Sapeaçu a partir
deste momento.
Em 2011 o grupo começou a comercializar para o poder público através do
Programa de Aquisição de Alimentos – PAA, neste momento o grupo contava com
12 pessoas.
Em 2012 o grupo contava com apenas 8 pessoas devido a seca que atingiu o
município e dificultou a produção e paralisação das atividades.
Entre 2013 a 2014 houve o cancelamento do convênio com a CONAB, pois o
valor de venda estava defasadp (sendo R$ 6,50 por quilo de sequilho) enquanto que
o preço comercial estava em R$ 10,00.
Foram contemplados no Projeto de Autonomia da Secretaria de Políticas para
Mulheres da Bahia – SPM, mas que até agora os recursos não saíram, o que
dificulta a reforma programas para o local onde elas estão instaladas. Na
continuidade do PAA, é feito uma lista de presença e todas recebem no final da
produção.
Hoje o grupo atua no município em parceria com a Associação Comunitária da
Tapera e KM 07 e o Grupo de Mulheres de Macúbas que juntos formam a
Cooperativa de Mulheres Agricultoras Familiares de Sapeaçu – COOPERMAFS. O
grupo relata que o problema central hoje esta relacionado ao produto que a
cooperativa produz, pois não possuem marca e isso dificulta a identificação
necessária e a venda para os estabelecimentos comerciais. Para sanar esta
dificuldade o grupo tomou uma iniciativa de se reunir e criar uma logomarca
chamada “sabor de fruta”, além disso, para organizar o grupo elas fizeram também
um recibo (de compra e venda), de entrega dos produtos.
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6. CONCLUSÃO
Os grupos se formaram para superar determinadas dificuldades específicas, se
fortaleceram e atualmente as dificuldades principais são:
1. O baixo acesso às políticas públicas;
2. O numero reduzido de associados;
3. A falta de assistência técnica qualificada;
4. A descapitalização dos associados;
5. A comercialização.
A cooperativa é dependente do poder público e deverá desenvolver-se no
sentido que possa garantir o acesso a esses direitos, mas também a autogestão da
cooperativa.
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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
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MIRANDA, Carlos; TIBURCIO, Breno; LEITE, Sérgio; et al. Políticas Públicas,
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Curso de Agronomia
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